Exercicio de Isostretching e Estabilizacao Segmentar Na Lombalgia Cronica -Um Estudo Comparativo (1)

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FACULDADE CATÓLICA SALESIANA DO ESPIRITO SANTO GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA GUSTAVO ZANOTTI PIZOL MAXSSUEL RODRIGUES OLIVEIRA EXERCÍCIO DE ISOSTRETCHING E ESTABILIZAÇÃO SEGMENTAR NA LOMBALGIA CRÔNICA: UM ESTUDO COMPARATIVO VITÓRIA 2011

Transcript of Exercicio de Isostretching e Estabilizacao Segmentar Na Lombalgia Cronica -Um Estudo Comparativo (1)

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    FACULDADE CATLICA SALESIANA DO ESPIRITO SANTO GRADUAO EM FISIOTERAPIA

    GUSTAVO ZANOTTI PIZOL MAXSSUEL RODRIGUES OLIVEIRA

    EXERCCIO DE ISOSTRETCHING E ESTABILIZAO

    SEGMENTAR NA LOMBALGIA CRNICA: UM ESTUDO

    COMPARATIVO

    VITRIA

    2011

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    GUSTAVO ZANOTTI PIZOL

    MAXSSUEL RODRIGUES OLIVEIRA

    EXERCCIO DE ISOSTRETCHING E ESTABILIZAO

    SEGMENTARNA LOMBALGIA CRNICA: UM ESTUDO

    COMPARATIVO

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Departamento de Fisioterapia da Faculdade Catlica Salesiana do Esprito Santo, como requisito parcial para obteno do grau de Bacharel em Fisioterapia. Orientador (a): Prof Rodrigo Daros Vieira.

    VITRIA

    2011

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    GUSTAVO ZANOTTI PIZOL

    MAXSSUEL RODRIGUES OLIVEIRA

    EXERCCIO DE ISOSTRETCHING E ESTABILIZAO SEGMENTAR NA LOMBALGIA CRNICA: UM ESTUDO

    COMPARATIVO

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado Faculdade Catlica Salesiana do Esprito Santo, como requisito obrigatrio para obteno de ttulo de Bacharel em Fisioterapia. Aprovada em __ de ____________ de 2011, por: ____________________________________________ Prof Rodrigo Daros Vieira, FCSES Orientador ____________________________________________ Prof Emerson Vescoci Rosa ____________________________________________ Prof Dr Joo Luiz Coelho de Faria

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    DEDICATRIA

    Aos nossos pais, os quais nos apoiaram muito e pelo exemplo de vida e famlia. Aos amigos por terem a pacincia e o companheirismo quando necessrio.

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    AGRADECIMENTOS

    Agradecemos aos nossos familiares e amigos que nos apoiaram e

    incentivaram durante toda a nossa formao acadmica, aos professores que foram

    de fundamental importncia nessa jornada e aos pacientes que tornaram esse

    trabalho uma realidade.

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Efeitos da tcnica de Isostretching sobre a dor e incapacidade funcional

    em pacientes com lombalgia crnica ....................................................................... 50

    Tabela 2Efeitos da tcnica de Estabilizao Segmentar sobre a dor e incapacidade

    funcional em pacientes com lombalgia crnica ........................................................ 51

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    LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1 Comparao dos valores entre os grupos, antes e aps o tratamento,

    relacionado dor ....................................................................................................... 52

    Grfico 2 Comparao dos valores entre os grupos, antes e aps o tratamento,

    relacionado incapacidade funcional ...................................................................... 52

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1Coluna vertebral, vista anterior, lateral esquerda e posterior .................... 19

    Figura 2Distribuio das trabculas vertebrais ....................................................... 21

    Figura 3Ncleo pulposo (N) e Anel fibroso (A) ....................................................... 23

    Figura 4Vrtebra lombar (L2), vista posterior ......................................................... 25

    Figura 5Smbolo do mtodo Isostretching .............................................................. 37

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    LISTA DE ABREVIATURAS

    ADM - Amplitude de Movimento

    AVDs - Atividades de Vida Diria

    CCF - Cadeia Cintica Fechada

    CCA - Cadeia Cintica Aberta

    CDB - Correntes Diadinmicas de Bernard

    CIF - Classificao Internacional de Funcionalidade

    DD - Decbito Dorsal

    DL - Decbito Lateral

    DV - Decbito Ventral

    EVA - Escala Visual Analgica de Dor

    IMC - ndice de Massa Corprea

    IS - Isostretching

    FTL - Fscia Traco-Lombar

    LLA - Ligamentos Longitudinais Anterior

    ML - Multfido Lombar

    MMII - Membros Inferiores

    MMSS - Membros Superiores

    OMS - Organizao Mundial de Sade

    PGs - Proteoglicanos

    PIA - Presso Intra-Abdominal

    SNC - Sistema Nervoso Central

    TrA - Transverso Abdominal

    UBP - Unidade de Biofeedback Pressrica

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    RESUMO

    Introduo: A dor lombar pode ser caracterizada por um quadro de desconforto e fadiga muscular localizada na regio inferior da coluna vertebral, sendo um importante problema de sade pblica presente em todas as naes industrializadas. No Brasil, cerca de 10 milhes de brasileiros ficam incapacitados por causa desta morbidade e pelo menos 70% da populao sofrer um episdio de dor na vida. Entre os mtodos fisioteraputicos, o isostretching (IS) proporciona flexibilidade e fortalecimento musculatura, aprimorando o controle postural atravs de exerccios em contrao antagonista e alongamento isomtrico da musculatura agonista. Outro mtodo fisioteraputico utilizado para tratamento da lombalgia crnica encontra-se o conceito da estabilizao segmentar lombar (ESL), caracterizada pela contrao isomtrica da musculatura estabilizadora profunda do tronco, o transverso abdominal e multfido lombar. Objetivo: Comparar o tratamento composto do mtodo Isostretching e da tcnica de Estabilizao Segmentar executados em grupos distintos em pacientes com lombalgia crnica, atravs de dois questionrios, um para identificao da dor e outro para incapacidade funcional, aplicados antes do incio da primeira sesso e ao final do tratamento para reavaliao. Materiais e mtodos: A pesquisa se caracterizou como um ensaio clnico comparativo, prospectivo e randomizado de carter controlado, desenvolvida com 12 participantes com idades entre 18 a 45 anos que apresentaram diagnstico mdico de dor lombar crnica com mais de trs meses de durao. Os participantes foram divididos em dois grupos, composto de 6 pacientes cada. O tratamento foi aplicado em duas sesses semanais, durante seis semanas, totalizando 12 sesses. Estes foram avaliados quanto dor (Escala Visual Analgica da dor) e incapacidade funcional (ndice de Incapacidade de Oswestry), antes e aps a interveno fisioteraputica. Resultados: Para as variveis dor e incapacidade funcional os dois tratamentos apresentaram melhoras significativas (p

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    SUMRIO

    1.0 INTRODUO ................................................................................................... 12

    2.0 OBJETIVO ......................................................................................................... 17

    2.1 OBJETIVOS GERAIS ...................................................................................... 17

    2.2OBJETIVOS ESPECIFICOS ............................................................................. 17

    3.0 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 18

    4.0 FUNDAMENTAO TERICA ......................................................................... 19

    4.1 COLUNA VERTEBRAL: UMA VISO GERAL ................................................. 19

    4.2COLUNALOMBAR ............................................................................................ 24

    4.3MUSCULATURA LOMBAR ............................................................................... 26

    4.4DOR LOMBAR CRNICA................................................................................. 28

    4.5ETIOLOGIA E FATORES DE RISCO ............................................................... 29

    4.6PREVALNCIA E EPIDEMIOLOGIA ................................................................ 31

    4.7REVISO DA LITERATURA: TRATAMENTOS ................................................ 33

    5.0 ISOSTRETCHING .............................................................................................. 36

    5.1HISTRICO ...................................................................................................... 36

    5.2 PROPOSTA E PRINCPIOS BSICOS ........................................................... 37

    5.3PRTICA ........................................................................................................... 40

    6.0 ESTABILIZAO SEGMENTAR LOMBAR ...................................................... 41

    6.1HISTRICO E PRINCPIOS ............................................................................. 41

    6.2PRTICA ........................................................................................................... 44

    7.0 MATERIAIS E MTODOS ................................................................................. 46

    7.2LOCAL .............................................................................................................. 46

    7.3PARTICIPANTES .............................................................................................. 46

    7.4PROCEDIMENTOS .......................................................................................... 46

  • 11

    7.4.1SELEO DOS PARTICIPANTES ........................................................... 46

    7.4.2AVALIAES ................................................................................................ 46

    7.4.3CRITRIOS DE INCLISO E EXCLUSO ................................................ 47

    7.4.4TERMO DE CONSENTIMENTO ................................................................ 47

    7.4.5RONDOMIZAO DOS PARTICIPANTES ............................................... 47

    7.4.6AVALIAO DA DOR E DA INCAPACIDADE FUNCIONAL ..................... 47

    7.4.7TEMPO DE TRATAMENTO ....................................................................... 48

    7.4.8GRUPOS DE TRATAMENTOS (APNDICE 5) ......................................... 48

    7.5INSTRUMENTOS DE AVALIAO .................................................................. 48

    8.0 RESULTADOS .................................................................................................... 50

    8.1ANLISE ESTATSTICA ................................................................................... 50

    8.2 ANLISE DAS TCNICAS ANTES E APS O TRATAMENTO ...................... 50

    8.3 ANLISE ENTRE OS GRUPOS ...................................................................... 51

    9.0 DISCUSSO ....................................................................................................... 53

    10.0 CONCLUSO ................................................................................................... 56

    11.0 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................. 57

    12.0 APNDICE 1 ..................................................................................................... 69

    13.0 APNDICE 2 .................................................................................................... 71

    14.0 APNDICE 3 .................................................................................................... 72

    15.0 APNDICE 4 .................................................................................................... 73

    16.0 APNDICE 5 .................................................................................................... 76

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    1.0. INTRODUO

    A coluna vertebral constitui o eixo central do corpo humano, sustentando o

    indivduo contra o efeito da gravidade durante toda a sua vida. Este segmento

    corporal est submetido ao suporte de diferentes cargas e mudanas posturais,

    levando com frequncia o desalinhamento dessas peas, caracterizando a grande

    incidncia de dores na coluna da populao (REIS, 2005; CARVALHO, 2006).

    A dor lombar pode ser caracterizada por um quadro de desconforto e fadiga

    muscular localizada na regio inferior da coluna vertebral (IMAMURA, 2001), sendo

    um importante problema de sade pblica presente em todas as naes

    industrializadas (DANNEELS, 2001),afetando, com maior frequncia, a populao

    em seu perodo de vida mais produtivo, resultando em custo econmico substancial

    para a sociedade, entre eles esto: ausncia no trabalho, encargos mdicos e

    legais, pagamento de seguro social por invalidez, indenizao ao trabalhador e

    seguro de incapacidade (BRIGANO, 2005).

    No Brasil, cerca de 10 milhes de brasileiros ficam incapacitados por causa

    desta morbidade e pelo menos 70% da populao sofrer um episdio de dor na

    vida (MOTA, 2008).Nos Estados Unidos, um problema de alto custo mdico e

    social, sendo causa de perda de 1400 dias de trabalho por mil habitantes por ano.

    Na Europa a mais freqente causa de limitao em pessoas com menos de 45

    anos e a segunda causa mais frequente de consultas mdicas (CAVANAUGH, 1994).

    A dor crnica classificada por um sintoma que se mantm alm do tempo

    fisiolgico de cicatrizao de determinada leso, ou por permanecer por mais de trs

    meses(IASP, 1986; GUREJE, 1998), sendo que a lombalgia crnica se classifica por

    durao superior a 12 semanas (IMAMURA, 2001).

    Em 85% dos indivduos portadores de lombalgia a causa responsvel pela dor

    no identificada, entretanto, dentro dos fatores de risco, encontram-se os

    individuais como a fraqueza dos msculos abdominais e espinais, m postura, a

    altura, o ganho de peso, a obesidade e a falta de condicionamento fsico. Dentro dos

    ocupacionais, encontramos o levantamento de peso gerando sobrecargas na coluna

    lombar, deslocamento de objetos pesados e permanecer sentado por longos

    perodos (IMAMURA, 2001).

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    A estabilizao da coluna composta por trs subsistemas: o passivo, no

    qual consiste articulaes, ligamentos e vrtebras; o sistema ativo, constitudo de

    msculos e tendes; e o controle neural, formado por nervos e sistema nervoso

    central. Estes trs elementos possuem uma grande integrao, e a reduo da

    funo de um dos subsistemas pode sobrecarregar os outros (PANJABI, 1992).

    Estudos mostram que indivduos portadores de lombalgia crnica possuem

    diminuio da flexibilidade na coluna lombar. Thomas et al. (1998) em seu estudo

    examinou a associao entre restrio do movimento da coluna e a presena de

    lombalgia. Observou que houve uma reduo estatisticamente significativa da

    amplitude de movimento (ADM) em todos os planos em pacientes com dor lombar.

    Esola et al. (1996) atravs de sua pesquisa, avaliaram a quantidade e o

    padro da coluna lombar e quadril durante o movimento de flexo anterior em

    indivduos com e sem histrico de dor lombar. Concluram que portadores de

    lombalgia apresentavam um padro diferente de movimento, ao invs de iniciarem a

    flexo com a articulao do quadril, o avano inicial partia com o movimento da

    coluna lombar, sendo fortemente correlacionado com a reduo da flexibilidade dos

    isquiotibiais. McGregor (1995) demonstrou em sua pesquisa que pessoas portadoras

    de lombalgia crnica apresentavam uma menor ADM comparados a indivduos

    normais no movimento de flexo de tronco, mas no houve diferenas significativas

    na extenso, flexo lateral e rotao. A reduo da flexibilidade pode ocasionar

    fraqueza e retrao da musculatura, alterando a relao comprimento tenso,

    consequentemente diminuindo o seu desempenho nas atividades funcionais e

    recreativas (KISNER, 1998).

    Em um estudo realizado em estudantes, identificou fraqueza dos msculos da

    coluna e do abdome em portadores de lombalgia comparados ao grupo controle.

    Ikedo et al. (1998) avaliaram a associao entre diminuio da fora em alguns

    msculos posturais-chaves e a presena de dor lombar, encontrando fraqueza da

    musculatura abdominal, extensora da regio lombar, poro superior e inferior em

    portadores de lombalgia.

    A fraqueza muscular da regio abdominal e a diminuio da atividade da

    musculatura paravertebral, so uns dos principais responsveis pela

    desestabilizao da coluna vertebral em indivduos com lombalgia (JESUS, 2006).

    Portanto, a musculatura fraca, faz com que o individuo realize maiores esforos para

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    realizar diversas tarefas do seu dia a dia (TOSCANO, 2001). Msculos fortes esto

    menos propcios a atingirem nveis isqumicos e de fadiga comparados aos

    msculos fracos, proporcionando um alinhamento mais adequado, evitando excesso

    de tenso muscular, compensaes posturais e diminuindo as probabilidades de

    leses a coluna (TOSCANO, 2001; KNOPLICH, 2003; MONTE-RASO, 2009). Entre

    os mtodos fisioteraputicos, o isostretching proporciona flexibilidade e

    fortalecimento musculatura, aprimorando o controle postural atravs de exerccios

    em contrao antagonista e alongamento isomtrico da musculatura agonista

    (SOUZA, 2008; REDONDO, 2001).

    Macedo et al. (2010) em seu ensaio clnico, demonstrou que o mtodo

    Isostretching (IS), foi eficiente para diminuir a incapacidade e dor, bem como

    aumentar a resistncia muscular de abdominais, glteo mximo e extensores de

    tronco nos pacientes com lombalgia. Durante et al. (2009) em seu estudo de 5

    semanas, comparando a tcnica de isostretching com cinesioterapia convencional

    em relao a dor e o ndice de incapacidade em portadores de lombalgia, concluiu

    que no houve diferena significativa entre os dois protocolos, porem se mostrou

    eficaz, reduzindo o quadro lgico e de incapacidade. Mann et al. (2009) tambm

    avaliaram o efeito do mtodo IS em indivduos com lombalgia crnica, atravs de um

    tratamento consistido de 10 sesses, duas vezes por semana, demonstrando em

    seus resultados a diminuio da dor, melhoras significativas quanto fora

    muscular,alongamento das cadeias musculares posterior (ngulo coxo-femoral),

    anterior (ngulo coxo- femoral e tbio-femoral) e equilbrio.

    S et al. (2003) em sua pesquisa, teve o objetivo de mostrar os efeitos do

    mtodo isostretching na flexibilidade de pacientes portadores de escoliose idioptica.

    Para a avaliao da flexibilidade pr e ps tratamento fisioteraputico, utilizaram o

    teste de elevao da perna reta, teste sentar e alcanar e o teste de inclinao

    lateral. Ao final da pesquisa, concluram em melhora da flexibilidade e alongamento

    da musculatura isquiotibial de ambos os membros inferiores (MMII), da cadeia

    posterior, apresentando ngulo coxofemoral diminudo e aumento da mobilidade

    articular, flexibilidade e tonicidade da coluna vertebral nos movimentos de flexo

    lateral para direita e esquerda.

    A alta recidiva de lombalgia na populao deve-se ao fato de o Multfido

    Lombar (ML) no se recuperar aps a remisso do quadro doloroso em pacientes

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    em uso de medicamentos, apresentando uma atrofia muscular, comprometendo a

    estabilidade da coluna lombar (HIDES, 2001). O ML em estudos se mostrou

    importante e eficaz no aumento da rigidez da coluna lombar e no controle

    (STEFFEN, 1994; WILKE, 1995) de movimento da zona neutra em decorrncia da

    contrao muscular (WILKE, 1995).

    A zona neutra a regio aonde ocorrem os movimentos intervertebrais contra

    o mnimo de resistncia interna das estruturas passivas, a perda da capacidade do

    ML em manter o controle desta regio dentro dos seus limites fisiolgicos, leva aos

    indivduos a perda da capacidade do seu sistema estabilizador da coluna vertebral

    (PANJABI, 1992; FRITZ, 1998).

    O transverso abdominal (TrA) atravs da sua contrao leva a um aumento

    da presso intra-abdominal (PIA) e uma tenso na fascia tracolombar, gerando

    uma diminuio da circunferncia abdominal(CRESSWELL, 1994)em decorrncia da

    posio horizontal de suas fibras (HODGES, 1999). Por meio deste mecanismo o

    TrA possui a funo de estabilizar o tronco e reduzir a fora de compresso na

    coluna(CRESSWELL, 1994). Por meio de ultra-some ressonncia magntica, Hides

    et al. (2006) em seu estudo demonstrou que a contrao do TrA proporciona uma

    melhora da estabilidade lombar.

    A contrao do transverso abdominal e do multfido ativada antes de

    qualquer movimento, independentemente do sentido e direo (HODGES, 1997),

    porm, ela apresenta um significante retardo em pacientes com lombalgia, indicando

    um dficit de controle motor, neural e uma estabilizao muscular ineficiente da

    coluna vertebral (HODGES, 1996).

    Entre as tcnicas fisioteraputicas utilizadas para tratamento da lombalgia

    crnica, encontra-se o conceito da estabilizao segmentar lombar (ESL),

    caracterizada pela contrao isomtrica da musculatura estabilizadora profunda do

    tronco, o transverso abdominal e multfido lombar. A ativao necessria para

    ocorrer o fortalecimento desses msculos de apenas 25% de sua contrao

    voluntria mxima, com isso interessante que os pacientes treinem em manter a

    co-contrao dessa musculatura em isometria com nveis baixos (RICHARDSON,

    1995).

    Os estudos encontrados nas revises sistemticas mostram a eficcia dos

    exerccios de estabilizao segmentar, promovendo a contrao dos msculos

  • 16

    transversos abdominais e multfido lombar, proporcionando ao individuo a reduo

    da dor e da incapacidade promovida pela lombalgia crnica, e consequentemente

    um retorno as atividades de vida diria (AVDs) (FERREIRA, 2006; PEREIRA, 2010).

    Frana et al. (2010) e Sakamoto et al. (2009) em suas amostras, concluram que os

    exerccios de estabilizao segmentar, reduziram a intensidade da dor e a

    incapacidade funcional em indivduos com lombalgia crnica. Lima (2005) avaliou o

    efeito da estabilizao segmentar com o trabalho isolado do TrA e os exerccios

    globais de estabilizao no nvel de dor, concluindo que ambos se mostraram

    eficazes aps 4 semanas de tratamento.

    Frana et al. (2008) foram responsveis por um estudo de reviso entre 1984

    e 2006, no qual buscaram sobre a estabilidade da coluna, a ativao da musculatura

    profunda, exerccios aplicveis , entre outros. Essa reviso corroborou com diversos

    artigos em dizer que a estabilizao segmentar eficaz nas lombalgias e tambm na

    preveno de suas recidivas, principalmente por atuarem na musculatura

    estabilizadora especifica.

    Devido dor lombar crnica ser uma das principais patologias da sociedade

    moderna, tendo em vista a sua grande prevalncia, a fisioterapia vem com o foco de

    diminuir seu quadro de dor e proporcionar ao indivduo o retorno e melhora a suas

    atividades dirias. O presente estudo tem o objetivo de contribuir para uma melhor

    compreenso sobre o processo de reduo da lombalgia crnica, atravs da

    comparao entre duas terapias utilizadas no tratamento desta patologia:

    Isostretching e a Estabilizao Segmentar Lombar, contribuindo para que tenhamos

    maiores evidncias de cada protocolo teraputico na melhora da dor e da

    incapacidade funcional.

  • 17

    2.0. OBJETIVO

    2.1. OBJETIVO GERAL

    O presente estudo tem por objetivo comparar os possveis efeitos do

    tratamento composto do mtodo Isostretching e da tcnica de Estabilizao

    Segmentar Lombar sobre a dor e incapacidade funcional executados em grupos

    distintos em pacientes com lombalgia crnica, atravs de dois questionrios, um

    para identificao da dor e outro para incapacidade funcional, aplicados antes do

    incio da primeira sesso e ao final do tratamento para reavaliao.

    2.2. OBJETIVOS ESPECFICOS

    Abordar as bases anatmicas e biomecnicas da coluna lombar;

    Definir o conceito, fatores de risco, prevalncia e tratamento da lombalgia

    crnica;

    Abordar os princpios bsicos, histrico, prtica e propostas do mtodo

    Isostretching;

    Abordar os princpios, histrico e prtica da estabilizao segmentar vertebral;

    Comparar os resultados das tcnicas aplicadas entre os grupos na

    intensidade da dor e na incapacidade funcional, antes e aps o tratamento,

    por meio de aplicao de questionrio.

  • 18

    3.0. JUSTIFICATIVA

    Os estudos atuais mostram a grande eficcia dos exerccios de isostretching

    e estabilizao segmentar em indivduos portadores de lombalgia crnica, em

    relao dor e a incapacidade funcional, porm existem poucas pesquisas

    comparando a eficcia das duas tcnicas no tratamento do quadro lgico e na

    incapacidade funcional. Portanto, h grande necessidade de realiz-lo, afim de que

    tenhamos maiores evidncias de cada protocolo teraputico na dor e na

    incapacidade funcional, contribuindo para a melhor compreenso do processo de

    reduo da dor lombar crnica.

  • 19

    4.0. FUNDAMENTAO TERICA

    4.1. COLUNA VERTEBRAL: UMA VISO GERAL

    A coluna vertebral constituda de 33 vrtebras, 23 discos intervertebrais,

    sendo dividida em cinco regies: cervical, torcica, lombar, sacral e coccgea. Sete

    das vrtebras esto localizadas na cervical, doze na torcica, cinco na lombar. Cinco

    das nove vrtebras restantes esto fundidas, formando o sacro, enquanto as quatro

    restantes formam as vrtebras coccgeas (Figura 1). A coluna capaz de

    proporcionar uma base de sustentao para a cabea e rgos internos; uma base

    estvel para a insero de ligamentos, ossos e msculos e mobilidade para o tronco.

    Alm disso, a coluna protege a medula espinhal (NORKIN, 2001).

    Figura 1: Coluna vertebral, vista anterior, lateral esquerda e posterior.

    Fonte: NETTER, 2000.

  • 20

    No plano sagital, podemos observar as curvaturas fisiolgicas da coluna

    vertebral, sendo classificadas em curvas primarias e secundarias. A curvatura

    torcica e sacral convexa em sentido posterior, conhecidas como curvas cifticas e

    primarias. A curvatura cervical e lombar apresenta uma convexidade anterior,

    denominada curvas lordticas e secundarias (NORKIN, 2001; NEUMANN, 2006;

    HALL, 2000).

    As curvas secundarias ou lordticas ocorrem como um

    resultado da acomodao do esqueleto a postura vertical. A

    curva secundaria superior na regio cervical se forma medida

    que o bebe comea a sustentar sua cabea contra gravidade. A

    curva secundaria inferior na regio lombar se forma quando o

    beb comea a andar e mantm seu tronco vertical. (NORKIN,

    2001).

    A curvatura cervical se estende at a segunda vrtebra torcica; a curvatura

    torcica se estende de T2 a T12; a lombar se inicia em T12 at a juno

    lombosacra; por fim, a curvatura sacral se estende da juno lombosacra ao cccix.

    Qualquer alterao nos segmentos vertebrais poder alterar a posio dos

    segmentos superiores ou inferiores adjacentes. (OLIVER, 1998)

    As curvaturas vertebrais proporcionam maior resistncia coluna aos

    esforos de compresso axial, dissipando as foras verticais e absorvendo os

    choques. Desta forma, sua resistncia dez vezes maior do que a da coluna

    retilnea, permitindo que essa fora seja absorvida pelos ligamentos vertebrais e

    pela musculatura localizada ao longo do lado convexo de cada curva, e no s

    apenas pelos os discos intervertebrais (KAPANDJI, 2000).

    Uma vrtebra tpica composta por duas estruturas, uma anterior,

    denominada corpo vertebral e outra posterior, denominada arco vertebral. O corpo

    vertebral composto por um tecido esponjoso ou trabcula, que est coberto por

    uma camada de osso cortical. O revestimento cortical da superfcie superior e

    inferior do corpo vertebral, denominado de plat, mais espesso na sua parte

    central, composta por uma camada de cartilagem hialina, nomeado de placa terminal

    cartilaginosa, e na periferia, aonde se localizam as placas epifisrias. As trabculas

    se distribuem de acordo com as foras aplicadas sobre os corpos, no interior do

  • 21

    corpo de osso esponjoso. As linhas verticais auxiliam na resistncia as foras de

    compresso e na sustentao do peso do corpo, as linhas obliquas e horizontais

    ajudam a resistir as foras de cisalhamento (Figura 2). No cruzamento desses trs

    sistemas trabeculares encontrado a maior rea de resistncia, na poro anterior

    do corpo, onde esto localizadas apenas trabculas verticais, encontramos a rea

    de menor resistncia, local de grande potencial lesivo para fraturas por compresso

    (NORKIN, 2001; KAPANDJI, 2000).

    Figura 2: Distribuio das trabculas vertebrais.

    Fonte: KAPANDJI, 2000.

    Do arco vertebral se originam dois processos transversos e um espinhoso

    (todos no articulares), locais de grande importncia, pois dali se insere ligamentos

    e msculos. Anteriormente aos processos transversos, encontramos os pedculos, e

    posteriormente se constitui a lmina. Quatro processos articulares esto localizados

    na poro posterior das laminas, duas superiores e duas inferiores, um em cada

    lado. A unio do arco vertebral com a parte posterior do corpo vertebral, atravs dos

    pedculos, forma uma passagem protetora para a medula espinhal e vasos

    sanguneos (forame vertebral) (HALL, 2000; KAPANDJI, 2000).

  • 22

    apesar de todas as vrtebras tenham um tema morfolgico

    comum, cada uma tem uma forma especfica que reflete na sua

    funo exclusiva (NEUMANN, 2006).

    As vrtebras lombares so maiores que as vrtebras superiores, seus corpos

    so largos verticalmente na parte anterior em comparao a parte posterior e mais

    alargada lateralmente. Cada vrtebra possui a finalidade de sustentar o peso do

    corpo, e essa caracterstica funcional reduz a quantidade de estresse submetido a

    essas vrtebras (HALL, 2000).

    O disco intervertebral constitudo de um anel fibroso e material gelatinoso,

    conhecido como ncleo pulposo, ambas compostas de gua, colgeno e

    proteoglicana (PGs). Os PGs, atravs da concentrao de condroitina 6-sulfato,

    possuem a capacidade de reter e atrair gua, este alto contedo hdrico no ncleo o

    torna resistente a compresso. Um influxo e efluxo de gua so realizados durante

    as mudanas posturais e na posio do corpo, transportando nutrientes para dentro

    e removendo os produtos de desgaste metablico, desta forma, promovendo um

    bombeamento do disco. Uma sobrecarga de compresso aplicada sobre o disco

    causa uma reduo adicional na sua hidratao, consequentemente ele passa a

    absorver sdio e potssio at que sua concentrao eletroltica interna seja o

    suficiente para prevenir qualquer perda adicional de gua. No disco intervertebral se

    predomina o colgeno tipo I (resistente as foras tensivas) e do tipo II (resistente a

    compresso). Particularmente o ncleo e composto, principalmente, por colgeno

    tipo II, e o anel, contm ambas, com predomnio do colgeno tipo I (NORKIN, 2001;

    HALL, 2000).

  • 23

    Figura 3: Ncleo pulposo (N) e Anel fibroso (A).

    Fonte: KAPANJI, 2000.

    Mecanicamente, os discos intervertebrais possuem um grande poder elstico

    e viscoelstico, se deformando em condies de estresse, com objetivo de suportar

    as cargas, e retornando a sua posio e forma inicial quando a mesma carga

    removida. A funo do ncleo pulposo (absoro de cargas) mais efetivo devido

    seu alto grau de hidratao, e as fibras do anel fibroso, que so elsticas, auxiliam

    na reduo dos estresses mecnicos aplicados sobre a coluna, tornando os discos

    capazes de suportar foras compressivas, rotacionais e de flexo aplicadas sobre a

    coluna (BRICKMANN, 1991).

    A coluna vertebral sustentada por seis ligamentos principais,

    proporcionando estabilidade aos segmentos moveis, so eles: ligamentos

    longitudinais anterior (LLA) e posterior; ligamento amarelo; e os ligamentos

    interespinhoso, intertransverso e supra-espinhoso. Os ligamentos longitudinais

    fazem parte das articulaes intervertebrais, conectando os corpos vertebrais. O

    ligamento longitudinal anterior possui uma grande resistncia a tenso axial,

    principalmente na regio lombar. O ligamento longitudinal posterior proporciona

    pouca estabilidade para regio lombar, sendo o mais fraco que LLA (NORKIN, 2001;

    HALL, 2000; KAPANDJI, 2000).

  • 24

    O ligamento amarelo constitudo de uma alta concentrao de fibras

    elsticas, sendo mais forte na regio torcica inferior e mais fraco na regio cervical

    mdia. Este ligamento est sobre tenso mesmo quando a coluna est na posio

    neutra. Esta tenso cria uma fora de compresso constante sobre os discos

    intervertebrais, tornando presso intradiscal elevada, desta forma, o disco se torna

    mais rgido, aprimorando a estabilidade vertebral (NORKIN, 2001; HALL, 2000;

    KAPANDJI, 2000).

    O ligamento interespinhoso resiste separao dos processos espinhos, se

    estirando durante a flexo, estando bem desenvolvidos na regio lombar. O

    ligamento supra-espinhoso se insere nos processos espinhosos de toda coluna e na

    regio cervical se torna o ligamento nucal, resistindo separao dos processos

    espinhosos durante a flexo. Os ligamentos intertransversos so mais desenvolvidos

    na regio lombar. Os ligamentos do lado direito resistem flexo lateral para

    esquerda e os do lado esquerdo resistem flexo lateral para direita (NORKIN,

    2001; HALL, 2000; KAPANDJI, 2000).

    4.2. COLUNA LOMBAR

    As vrtebras da coluna lombar constituem a rea que sofre com as maiores

    cargas e presso, desta forma, os corpos e os discos vertebrais da regio lombar

    so maiores em seu tamanho, comparadas as vrtebras das outras regies,

    proporcionando uma maior sustentao para o corpo, bem como em situaes

    dinmicas e estticas (Figura 4) (NORKIN, 2001; NETTER, 2000).

  • 25

    Figura 4: Vrtebra lombar (L2), vista posterior.

    Fonte: PELLENZ, 2005.

    As quatro primeiras vrtebras lombares esto estruturadas semelhantemente,

    possuindo corpos com dimetro transverso que maior que o dimetro anterior e a

    altura; Arcos e processos espinhosos longos, grosso, grandes, se estendendo

    horizontalmente; Laminas orientada verticalmente e o pedculo horizontalmente;

    Processo transverso fino e longo; Facetas zigopofisrias superiores so cncavas e

    voltadas medialmente, enquanto as facetas zigopofisrias inferiores so convexas e

    voltadas lateralmente, de forma que o plano desta articulao sagital (NORKIN,

    2001).

    A quinta vrtebra lombar se caracteriza por uma estrutura de transio, se

    diferenciando dos outros segmentos lombares. Seu corpo possui uma maior altura

    anteriormente do que na poro posterior. O processo espinhoso pequeno e os

    transversos so grandes, alm das facetas inferiores serem espaas amplamente,

    adaptando-se para se articular com o sacro (NORKIN, 2001; KAPANDJI, 2000).

    Os ligamentos iliolombares se estendem dos processos transversos de L-4 e

    L-5, inserindose nas cristas ilacas, minimizando as fora de torque na juno

    lombossacral e estabilizando L5, prevenindo seu deslocamento anterior (FARFAN,

    1973).

    Fascia toracolombar so originadas lateralmente aos processos espinhosos e

    transversos das vrtebras, com potentes inseres nos msculos da coluna lombar,

  • 26

    possuindo uma relevante funo na estabilizao lomboplvica (DANGELO;

    FATTINI, 2002). Este sistema fascial proporciona aos humanos a capacidade nica

    de levantar pesos pesados acima da cabea e de estabilizar o tronco para lanar

    objetos com altas velocidades (LEHMKUHL, 1997).

    A mobilidade da coluna se d em trs graus de liberdade: flexo e extenso,

    flexo lateral e rotao. Devido orientao das facetas e a coluna lombar no sofre

    restries das costelas, os movimentos de flexo e extenso so maiores que o da

    coluna torcica. A flexo limitada pelo tamanho dos corpos vertebrais, no

    atingindo um grau suficiente para formao de uma cifose. No entanto, a

    combinao coordenada de movimento entre uma flexo lombar e a inclinao

    anterior da pelve, denominado ritmo lomboplvico, permite maior amplitude de

    movimento a regio lombar (NORKIN, 2001; HOPPENFELD, 1998).

    A flexo lateral e a rotao da coluna lombar ocorrem com maior liberdade em

    sua regio superior, diferentemente da flexo (nvel lomboplvico). A flexo lateral

    da coluna lombar no um movimento puro, sendo acompanhada de uma rotao

    das vrtebras lombares. A rotao acompanhada por um movimento do processo

    espinhoso em direo a concavidade da curva. Devemos frisar, que a orientao

    facetaria, limita a rotao e a flexo lateral (NORKIN, 2001; HOPPENFELD, 1998).

    4.3. MUSCULATURA LOMBAR

    O reto abdominal, os oblquos externos e os oblquos internos so os

    principais msculos da parede abdominal, funcionando como importantes

    estabilizadores da coluna lombar. Contraindo bilateralmente, esses msculos, atuam

    realizando a flexo do tronco e reduzindo a inclinao plvica anterior e

    unilateralmente, realizam a flexo ipsilateral (HALL, 2000). Segundo KENDALL

    (1995), o reto abdominal tem sua origem na crista e snfise pbica, se inserindo nas

    cartilagens costais da quinta, sexta e stima costelas e processo xifide do esterno,

    sendo o principal flexor da coluna. Os oblquos externos tm sua origem nas

    superfcies externas da 5 a 8 costela (fibras anteriores) e superfcie externa da

    nona costela (fibras laterais), inserindo-se na linha alba (fibras anteriores) e espinha

    ilaca antero-superior (fibras laterais). Contraindo, atuam realizando uma rotao do

    tronco para o lado oposto e produzindo uma rotao da pelve para o mesmo lado.

  • 27

    Os oblquos internos possuem suas origens na crista ilaca (fibras anteriores

    inferiores e superiores) e fscia toracolombar (fibras laterais), inserindo-se na linha

    alba (fibras anteriores inferiores e superiores) e bordas inferiores da dcima primeira

    a dcima segunda costela (fibras laterais). Quando colocado em tenso, o obliquo

    interno realiza uma rotao da coluna para o mesmo lado e rotao da pelve para o

    lado oposto (HALL, 2000; KAPANDJI, 2000; KENDALL, 1995).

    O msculo quadrado lombar tem sua origem na crista ilaca, ligamento

    iliolombar, inserindo-se na borda inferior da ultima costela e processos transversos

    das quatros vrtebras lombares superiores (KENDALL, 1995). Ao se contrair

    unilateralmente, realiza flexo lateral do tronco, sendo reforado pelos msculos

    oblquos externos e internos, atuando com um estabilizador lateral da coluna lombar

    (KAPANDJI, 2000).

    O psoas est anteriormente ao quadrado lombar, originando-se nos

    processos transversos de todas as vrtebras lombares; nas ultimas vrtebras

    torcicas e todas as vrtebras lombares; inserindo-se no trocanter menor do fmur.

    Bilateralmente, com sua insero fixada, realiza uma flexo de tronco e pode

    aumentar a lordose lombar; atuando unilateralmente, realiza uma flexo ipsilateral

    do tronco (KENDALL, 1995).

    Constituindo o grupo eretor da coluna vertebral, ou msculos sacroespinhal

    (iliocostal, longssimo e espinhal), se estende do sacro at a poro accipital do

    crnio, se inserindo nos processos transversos e espinhos de todas as vrtebras e

    aos ngulos das costelas, por varias divises. Desses trs msculos, apenas dois

    esto envolvidos diretamente com a coluna lombar, estes so: Iliocostal lombar e o

    longo lombar. Bilateralmente todos esses msculos contribuem para a extenso e

    hiperextenso do tronco, e quando se contraem unilateralmente, realizam a flexo

    lateral para o mesmo lado (NORKIN, 2001; HALL, 2000).

    Os multfidos so os maiores e mais medias dos msculos da coluna lombar,

    apresentando uma organizao de ligao de uma vrtebra com relao outra

    (MACINTOSH, 1986). Suas fibras musculares consiste em fascculos que originam-

    se dos processos espinhos de cada vrtebra lombar, arranjados em cinco grupos

    sobrepostos, ou seja, cada vrtebra lombar da origem a um grupo. Cada fascculo

    se inicia de um tendo comum, dividindo-se caudolateralmente, assumindo

    inseres aos processos mamilares, crista ilaca e sacro (NORKIN, 2000).

  • 28

    MacDonald et al.(2006) e Richardson et al, (1999) em seus estudos, mostram

    que as fibras superficiais do ML possuem maior atividade durante a rotao e

    extenso da coluna lombar, entretanto, as fibras profundas se caracterizam

    principalmente pelo controle da estabilizao da coluna lombar(MACDONALD, 2006;

    RICHARDSON, 1999). Em resumo, o ML capaz de propiciar aumento da rigidez do

    segmento (regio lombar) resultante da contrao e fornecer controle de movimento

    na zona neutra (STEFFEN, 1994; WILKE, 1995).

    O msculo transverso do abdome est localizado profundamente e possui

    inseres no processo transverso de cada vrtebra lombar via fscia traco-lombar

    (FTL), na bainha do reto do abdome, no diafragma, na crista ilaca, nas seis

    superfcies costais inferiores e snfise pbica (WILLIAMS, 1989). O TrA possui um

    papel de destaque na manuteno da presso intra-abdominal (PIA), atravs da

    tenso aplicada as vrtebras lombares via FTL, reduzindo a compresso axial e as

    foras de cisalhamento, transmitindo estas para uma rea maior, desta forma,

    contribuindo para uma maior estabilidade a coluna lombar(CHOLEWICKY, 1999;

    NORRIS, 1995).

    Hodges e Richardson (1999), concluram em seus estudos por meio de

    eletromiografia, que o TrA o primeiro msculo a ser ativado durante os movimentos

    dos membros, possuindo um importante papel na antecipao, promovendo uma

    rigidez necessria coluna lombar, evitando qualquer instabilidade a regio

    (HODGES, 1997).

    4.4. DOR LOMBAR CRNICA

    A dor lombar definida como uma molstia aguda, subaguda ou crnica,

    localizada anatomicamente na regio posterior do tronco, caracterizando-se por

    surgimento insidioso ou progressivo. Entretanto, a lombalgia crnica se classifica por

    uma durao que ultrapassa 12 semanas, se mantendo alm do perodo fisiolgico

    de cicatrizao (ANDERSSON, 1999; KAZIYAMA, 2003).

    Segundo Organizao Mundial de Sade (OMS), a lombalgia se caracteriza

    por um comprometimento que ocasiona perda ou anormalidade dos segmentos da

  • 29

    coluna vertebral lombar, de etiologia psicolgica, fisiolgica ou anatmica ou, ainda,

    uma deficincia que proporciona uma desvantagem, limitando ou impedindo o

    desempenho normal das atividades fsicas ou dirias (WHO, 1980).

    Ainda, sobre o mesmo ponto de vista, a OMS criou a Classificao

    Internacional de Funcionalidade (CIF) para facilitar a comunicao entre os

    profissionais, sobre as questes relacionadas sade e os atendimentos as

    diversas formas de acometimentos das doenas. A CIF classifica em trs nveis de

    disfuno uma doena, sendo estas: estrutura e funo do corpo, atividade e

    participao (SAMPAIO, 2002). O lombalgico pode apresentar disfuno no nvel de

    estrutura e funo, como fraqueza muscular, perda da amplitude de movimento,

    alteraes posturais e perda da flexibilidade (GARFIN, 1995; SIMMONDS, 1998). No

    nvel de atividade, os indivduos podem apresentar dificuldade em assentar, andar,

    dirigir e carregar objetos (PENGEL, 2004; WALSH, 2004). No nvel da participao,

    podem ocorrer dificuldades para fazer compras, dificuldade de socializao devido

    dificuldade de se manter assentado e restries para viagens prolongadas (WALSH,

    2004; FRITZ, 2002).

    A lombalgia pode ser definida como primria ou secundria, com ou sem

    comprometimento neurolgico; mecnico-degenerativo; no-mecnica; inflamatria,

    infecciosa, metablica, neoplsica ou secundria a repercusso de doenas

    sistmicas. Ainda h o importante grupo das lombalgias no orgnicas. Entre as

    lombalgias no orgnicas podemos citar as simuladas com o interesse de ganhos

    secundrios, ou seja, financeiros, e as lombalgias psicossomticas, secundrias a

    conflitos psicolgicos de inteno inconscientes (JUNIOR, 2010). Segundo Schilling,

    a lombalgia pode ser considerada uma doena que possui o trabalho como um dos

    fatores contribuintes ou agravante (SHILLING, 1984).

    4.5. ETIOLOGIA E FATORES DE RISCO

    A causa principal e a busca nica geradora da lombalgia, torna-se

    extremamente difcil, se tornando, na maioria das vezes, uma etiologia multifatorial.

    Entre os fatores de risco individuais, podemos citar: o ndice de massa corporal,

    capacidade de fora muscular, o desequilbrio muscular, as condies

    socioeconmicas, idade, sexo e a presena de outras enfermidades. Os fatores de

  • 30

    risco profissionais mais identificados envolvem as movimentaes e as posturas

    incorretas decorrentes das inadequaes do ambiente de trabalho, das condies de

    funcionamento dos equipamentos disponveis, bem como das formas de

    organizao e de execuo do trabalho (HODGES, 1999).

    Entre os fatores contribuintes para elevada recidiva da dor lombar, podemos

    citar a idade, a fadiga e a postura. O trabalho pesado, o trabalho sentado por longos

    perodos, o levantamento de peso, a falta de exerccios, representam alguns dos

    principais fatores contribuintes para cronicidade da dor lombar (GOMBATTO, 2007;

    MACEDO, 2006).

    A tenso muscular paravertebral causada pela degenerao precoce dos

    discos intervertebrais pelo excesso de esforo fsico, decorrente de posturas, as

    presses sobre os msculos e ligamentos que suportam a coluna vertebral, o

    transporte de cargas, esforos estticos relacionados sustentao de cargas

    pesadas, posturas incomodas relacionadas restrio de movimento, exposio a

    longas jornadas de trabalho sem pausas, expor-se a estmulos vibratrios

    prolongadamente, isoladamente ou combinadamente, traumas cumulativos, as

    atividades dinmicas relacionadas com movimentos de flexo e rotao do tronco e

    o agachamento, esto entre os principais fatores de risco e queixas freqentes de

    dor na coluna lombar (POPE, 1992; LEE, 1999).

    Um dos principais fatores de risco para a lombalgia o desequilbrio de fora

    ou de recrutamento entre os msculos estabilizadores do tronco. O tronco precisa

    ser estruturalmente capaz de se adaptar a diferentes posturas, com isso sua

    musculatura precisa de estar preparada para realizar a estabilizao esttica e

    dinmica (TSAO, 2008; RICHARDSON, 1992; WAGNER, 2005; JULL, 1993).

    Os dficits de coordenao do ritmo lombo-pelvico e da musculatura

    paravertebral, esto correlacionados a dor lombar crnica e fadiga precoce dos

    msculos, estando atribudas ao desuso secundrio ao quadro lgico, conhecida

    como sndrome do descondicionamento (AROKOSKI, 2001; COHEN, 2002).

    Um estudo realizado atravs de uma tomografia computadorizada, concluiu

    em uma importante hipotrofia das fibras musculares, estando presente em 80% dos

    indivduos com dor crnica. Em geral, o estilo de vida das sociedades

    industrializadas, no submete a coluna vertebral lombar a cargas suficientes, para

  • 31

    que mantenham as fibras do tipo II, desta forma, levando a uma hipotrofia da

    mesma, principalmente em pacientes crnicos (DANNEELS, 2001; ACHOUR, 1995).

    Pessoas com lombalgia geralmente apresentam desequilbrio muscular como

    encurtamento ou fraqueza, caracterizados por regies de hipomobilidade e

    hipermobilidade intra-articular (KAWANO, 2008; MITCHELL, 2008). Cada msculo

    possui determinada capacidade de modificar seu comprimento, o que resulta em

    certo grau de encurtamento ou flexibilidade. E, em caso de fraqueza muscular, os

    padres de movimento se alteram de forma a ocorrerem movimentos

    compensatrios pelo aumento de atividade em outro grupo muscular, que gera maior

    fora para suprir o dficit existente. Do contrrio, quando h um encurtamento

    muscular, outro msculo tem sua flexibilidade aumentada, para que a articulao

    envolvida no sofra reduo de sua mobilidade. Assim, um aumento compensatrio

    na mobilidade articular pode gerar sintomas como a lombalgia (COMERFORD, 2001;

    MACEDO, 2006).

    Alm disso, as disfunes do movimento podem ocorrer local ou globalmente,

    apesar de que rotineiramente esto associadas (COMERFORD, 2001). O sistema

    muscular global tem sua insero ou origem na pelve ou no trax, e por isso, faz a

    transferncia de carga entre a caixa torcica e a pelve, podendo realizar a funo de

    estabilizao e de mobilizao (oblquo interno e externo, por exemplo). J o

    sistema local tem a funo de manter a estabilidade mecnica da coluna,

    controlando o movimento, respondendo s alteraes prvias da postura, e

    independente da direo do movimento ou da carga (transverso abdominal e

    multfido lombar) (COMERFORD, 2001; KOUMANTAKIS, 2005; BERGMARK, 1989).

    4.6. PREVALNCIA E EPIDEMIOLOGIA

    Teixeira et al. (1999), em seu estudo, afirma que cerca de 10 milhes de

    brasileiros podero apresentar algum grau de incapacidade devido dor lombar

    crnica, e 70% da populao no pas sofreram com essa morbidade em algum

    perodo da vida. Segundo Cordeiro et al. (2008), a lombalgia a principal causa de

    dor crnica na ateno primria a sade. Em um estudo realizado com 505

    funcionrios da Universidade Estadual de Londrina (Paran, Brasil), concluiu que a

    dor lombar foi identificada em 56% dos indivduos, perdendo apenas para cefalia

  • 32

    (KRELING, 2006). Nos EUA, a principal causa de limitao das atividades dirias

    entre pessoas com menos de 45 anos, a segunda razo mais freqente de

    atendimentos mdicos, terceira causa de procedimentos cirrgicos e a quinta causa

    internao hospitalar (HART, 1995).

    A faixa etria varia de acordo com as pesquisa, segundo Silva et al. (2004) a

    maior prevalncia foi observada entre os indivduos de 20 a 29 anos. Matos et al.

    (2008) observou maior ndice em indivduos entre 30 a 49 anos. Mas podemos

    afirmar que conforme a um aumento da idade, maiores risco podem ser

    apresentados. Os processos degenerativos podem estar em estado muito avanado,

    desta forma, trazendo consequncias, como o desgaste das estruturas

    osteomusculares e orgnicas. Alm da maioria, apesar de prximos as

    aposentadorias ainda esto trabalhando (DEYOR, 1998).

    O sexo feminino se encontra com maior predominncia, apresentando

    nmeros significamente maiores que os homens. Este fato se justifica pelas

    atividades dirias e caractersticas anato-funcionais das mulheres, que cada vez

    mais combinam suas tarefas domsticas com o trabalho externo, expondo-se as

    cargas intensas e de repetitividade. Alm de possurem uma menor estrutura, menor

    massa muscular, menos massa ssea, articulaes mais frgeis e menos adaptadas

    a os esforos fsicos pesados, desta forma, contribuindo para o aparecimento das

    lombalgias crnicas (GILGIL, 2005; BEIJIA, 2004; PAPAGEORGIOU, 1995; SILVA,

    2004).

    O nvel de escolaridade e socioeconmico est altamente ligado a dor lombar

    crnica, sendo que fatores culturais e demogrficos relacionados s condies de

    trabalho podem ser os responsveis por tais diferenas (VOGT, 2000; VOLINN,

    1997).Outro fator, este at curioso, o fator de ser casado ou morar com um

    companheiro est ligado dor lombar crnica, se justificando, por exemplo, a

    exposio de maiores situaes ergonmicas no trabalho, domicilio ou

    comportamentos de risco. Vale lembrar que a situao civil ou conjugal no est

    correlacionada como fator principal para o desfecho, mas sim, um marcador de risco

    (LEE, 2001; SILVA, 2004).

    O ndice de Massa Corprea (IMC), tambm est correlacionado aos

    indivduos com lombalgia crnica. A obesidade/sobrepeso proporciona uma carga-

    extra as estruturas osteo-musculo-articular, alterando o centro de gravidade e

  • 33

    obrigando a coluna lombar a alterar seu equilbrio biomecnico do corpo(TODA,

    2000; MORTIMER, 2001; ALMEIDA, 2008).

    4.7. REVISO DA LITERATURA: TRATAMENTOS

    O tratamento da disfuno e dor lombar geralmente feito por uma equipe

    multidisciplinar, incluindo fisioterapeutas, mdicos e psiclogos, tendo como

    proposta geral, controlar o quadro lgico e a promoo do bem estar e do retorno s

    atividades funcionais do sujeito. A fisioterapia dispe de diversos recursos

    teraputicos que auxiliam na promoo do alvio sintomtico da dor e na reabilitao

    desses pacientes, dentre os quais se podem citar o ultrassom, a terapia laser,

    terapia por ondas curtas, exerccios de flexibilidade, e fortalecimento muscular

    (BRIGANO, 2005).

    De acordo com Fernandes et al. (2009), a fisioterapia convencional pode

    proporcionar no s um alvio das condies sintomatolgicas do paciente, como

    tambm restabelecer a funo normal do organismo, promovendo a

    desprogramao muscular e reduo de cargas articulares. Em geral a fisioterapia

    consiste de: cinesioterapia, modalidades analgsicas (eletroterapia), massoterapia

    localizada e repouso controlado. Em estudo de reviso Marques et al. (2010),

    verificou que pacientes tiveram melhora significativa com tratamento pela fisioterapia

    convencional com manuteno dos ganhos por 24 meses demonstrando ser

    eficiente.

    Foi comparada a eficcia na remisso das dores lombares utilizando

    Correntes Diadinmicas de Bernard (CDB) junto com a Iontoforeses comparando

    com a aplicao isolada da CDB. Foram 18 voluntrios com diagnstico de

    lombalgia crnica, foram criados dois grupos um com participantes que receberam

    tratamento apenas com CDB e o outro associando as duas tcnicas. A iontoforese

    foi realizada com hidrocortisona 1%. Os parmetros para ambos os grupos foram DF

    e LP por 5 minutos, a intensidade foi regulada individualmente. O resultado foi

    positivo nas duas tcnicas, contudo a CDB pura obteve melhor resultado, sugerindo

    ser mais eficaz (DE CARVALHO, 2005).

    Dentre os recursos fisioteraputicos podemos citar algumas tcnicas, como a

    Escola de Coluna (Back School), ou Escola da Postura, criado por Nachemson,

  • 34

    possui grande eficincia no tratamento e preveno de lombalgias (KNOPLICH,

    2003). Em 1995, um estudo aberto avaliou a eficcia da Escola da Coluna em 15

    pacientes com dor lombar crnica, onde foram realizadas cinco aulas terico-

    prticas e aps oito meses, 93% dos pacientes relatavam ausncia de dor,

    sugerindo os autores que programas educacionais poderiam ser eficazes como

    parte do tratamento para dor lombar em nosso meio (CASAROTTO, 1995).

    Pode-se citar a tcnica de Mackenzie, que utiliza os movimentos do prprio

    paciente no alvio da dor e na recuperao da funo (KODISK, 2001). Em seu

    estudo, Sato utilizou o mtodo Mackenzie em 10 estudantes durante um ms, o

    estudo teve resultado positivo, com diminuio da dor lombar e aumento da

    flexibilidade nos sujeitos (SATO, 2007).

    Outra tcnica que tem ganhado espao nos ltimos anos o pilates, sendo

    uma eficiente ferramenta para fortalecer a musculatura extensora do tronco, atuando

    no desequilbrio entre a funo dos msculos envolvidos na extenso e flexo de

    tronco, que um forte indcio para desenvolvimento de distrbios da coluna lombar

    (KOLYNIAK, 2004).Foi realizado um estudo randomizado e controlado aplicando o

    mtodo pilates em sujeitos com dor lombar crnica no-especfica. Os sujeitos foram

    avaliados antes, com 3, 6 e 12 meses aps o tratamento com pilates. A dor lombar

    melhorou e permaneceu assim durante os 12 meses (RYDEARD, 2006). Houve uma

    reduo significativa na intensidade da dor lombar em um grupo de pacientes que

    seguiram um protocolo dirio por 10 dias do mtodo pilates. Concluram que os

    resultados obtidos com o mtodo pilates eram comparveis queles conseguidos

    com o mtodo da escola da coluna, sugerindo seu uso como mais uma maneira

    alternativa no tratamento da dor lombar (DONZELLI, 2006).

    Em outro estudo onde foi seguido um protocolo do mtodo pilates, obtiveram

    resultados positivos em relao postura e flexibilidade do corpo (SEGAL, 2004).

    Tambm foi relatado um caso de uma mulher de 39 anos com escoliose, que

    apresentava severa dor lombar crnica e comprometimento de suas atividades de

    vida diria. Aps o tratamento com o mtodo pilates as limitaes e a qualidade de

    vida melhoraram muito (BLUM, 2002).

    Foi verificado que 54 pacientes com dor lombar crnica ao realizaram

    exerccios orientados, como: alongamento, aerbia de baixo impacto, caminhadas,

    bicicleta ergomtrica e natao tiveram um decrscimo das dores lombares

  • 35

    subagudas ou crnicas e melhora da funo fsica e psicolgica (MACEDO, 2005).

    Corrobando com o estudo de Souza et al. (2008), em que foi utilizado o mtodo

    DeepWaterRunning, que consiste em sua traduo, corrida em guas profundas,

    onde uma atividade aerbia de baixo impacto, tendo no estudo, resultado positivo

    na incapacidade funcional e na melhora da dor. Diversos estudos vm analisando os

    efeitos da acupuntura na lombalgia crnica, estes mostram uma resposta rpida,

    conseguindo uma reduo na intensidade e durao da dor, com isso os pacientes

    tem um retorno mais rpido para sua atividade laboral (BRINKHAUS, 2006). Outro

    fator, que possivelmente est relacionado com os bons resultados nos estudos

    sobre acupuntura, a possvel liberao de neurotransmissores, assim inibindo ou

    excitando as sinapses, controlando o quadro lgico (YAMAMURA, 1995).

    A mobilizao e a manipulao das estruturas corporais tm sido usadas h

    muito tempo, para tratar as sndromes de dor musculoesqueltica (HAMMER, 2003).

    Adamczyk et al. (2009)analisou a efetividade de terapias holsticas na lombalgia

    utilizando a osteopatia como meio de tratamento obtendo resultados

    estatisticamente significativos e satisfatrios com reduo de dor em mais de 90%

    dos 60 pacientes tratados. Os resultados confirmaram efetividade da osteopatia no

    tratamento das lombalgias.

    Entre as tcnicas utilizadas, encontra-se o conceito de estabilizao

    segmentar lombar, caracterizado por isometria de baixa intensidade e sincronia dos

    msculos profundos do tronco, com o objetivo de estabilizar a coluna lombar,

    protegendo sua estrutura do desgaste excessivo (RICHARDSON, 1995).Frana et

    al. (2008) no seu estudo de reviso utilizou 47 artigos e livros publicados entre 1984

    e 2006, com isso pode constatar o eficcia da tcnica de estabilizao segmentar

    lombar nas lombalgias e sua capacidade de preveno as recidivas, isso devido a

    atuao no controle motor assim, restabelecendo a funo protetora da musculatura

    profunda.

    O isostretching uma ginstica fiel a sua definio: de fato , em sentido

    literal, um procedimento para ganho de flexibilidade e fortalecimento do corpo,

    atravs de exerccios adequados, uma ginstica postural, global e ereta (S, 2003).

    Macedo et al. (2010) em seu estudo, recrutou 18 mulheres que possussem mais de

    5 de dor na Escala Visual Analgica de Dor (EVA), tambm foram submetidas ao

    questionrio de Rolland Morris, que quantifica a incapacidade funcional. Ao fim das

  • 36

    20 sesses foi percebida eficincia do mtodo isostretching em relao a diminuio

    de dor e incapacidade funcional.

    A tcnica RPG uma indicao no tratamento de lombalgias, com o objetivo

    de alcanar uma boa postura, desse modo protegendo as estruturas musculares,

    articulares, capsulares, ligamentares e esqueltica, assim evitando possveis leses

    e doenas (PITA, 2000). A tcnica realizada atravs de alongamentos, estes em

    vrias posturas, como sentado, em p e em decbito (SOUCHARD, 1990). Com isso

    Canto et al. (2010), realizaram um estudo onde foram comparados dor e

    incapacidade funcional na lombar, antes e aps a interveno da tcnica. No total

    foram aplicadas 10 sesses de RPG, ao fim destas 85,7% dos sujeitos tiveram

    diminuio da dor e 77,1% tiveram melhora na incapacidade funcional.

    5.0. ISOSTRETCHING

    5.1. HISTRICO

    O mtodo Isostretching foi criado por Bernard Redondo, em 1974 na Frana.

    Redondo fisioterapeuta, osteopata, quiropodista e fisioterapeuta da equipe

    francesa de atletismo e vice-presidente da Sociedade Francesa de Fisioterapia.

    (CSBM, 2008)

    O Isostretching uma ginstica fiel a sua definio: de fato , em sentido

    literal, um procedimento para ganho de flexibilidade e fortalecimento do corpo,

    atravs de exerccios adequados, uma ginstica postural, global e ereta (SOUZA,

    2008).

    O nome Isostretching, segundo Redondo (2001), uma justaposio de dois

    termos:

    Iso: Isometria (Contrao muscular antagonista que neutraliza o

    movimento articular).

    Stretching: Termo em ingls, que significa alongamento, ou seja, a

    buscada flexibilidade a fim de favorecer uma melhor mobilidade

    articular.

    Redondo (2001) criou um smbolo com alguns significados:

  • 37

    A letra I vem de iso e representa a coluna vertebral;

    A letra S significa stretching e representa a coluna vertebral e suas

    curvaturas fisiolgicas e patolgicas;

    O crculo azul representa a respirao;

    O fundo amarelo foca o sistema visceral abdominal, a manuteno do

    corpo e no movimento de maneira geral;

    O ponto representa a cabea, assim como a conscincia corporal;

    O tringulo representa o equilbrio;

    Figura 5: Smbolo do mtodo Isostretching

    Fonte: CSBM, 2008.

    5.2. PROPOSTA E PRINCPIOS BSICOS

    O Isostretching se caracteriza por ser um mtodo postural, pois os exerccios

    so realizados em uma posio vertebral correta. Global, porque todo o corpo

    trabalho a cada exerccio, incluindo fortalecimento e alongamento em cada postura.

    Ereto, pois requer um autocrescimento da coluna vertebral, solicitando a

    musculatura paravertebral (REDONDO, 2001).

  • 38

    De acordo com Redondo (2001), as condies de vida evoluram de tal forma,

    que a sociedade passou a realizar suas atividades dirias, na maioria das vezes, na

    posio sentada. Nesta forma, a pelve se dirige em uma leve retroverso, a coluna

    lombar tende a cifosar, saindo da sua linha de base quando est de p. Outra

    postura muito utilizada em varias tarefas a inclinao do tronco para frente,

    levando a uma abertura da parte posterior da coluna, propulso do disco,

    estiramento dos ligamentos e tenso muscular. Somando todas essas alteraes na

    coluna vertebral com a m postura, fadiga, assentos no adequados, tores, micro

    traumas, acaba-se tendo razes suficientes para preocupaes, por isso, a

    importncia de uma ginstica de compensao.

    O mtodo isostretching consiste no fortalecimento da musculatura, melhora

    da flexibilidade muscular e mobilidade articular, controle respiratrio e conscincia

    corporal, solicitando o trabalho de todo o corpo a cada postura (REDONDO, 2001;

    MORIES, 2005).

    O fortalecimento da musculatura profunda executado atravs das

    contraes isomtricas e do autocrescimento do tronco, desenvolvendo o sistema

    muscular de fibras tnicas situadas ao longo da coluna, obtendo-se uma boa

    sustentao da posio ereta. Este trabalho tambm feito de forma proprioceptiva,

    proporcionando um melhor controle postural e consequentemente a melhora da

    percepo corporal. O fortalecimento muscular ser desenvolvido em decorrncia da

    pratica continua, recrutando cada vez mais um numero maior de fibras, em

    decorrncia da contrao esttica (REDONDO, 2001; YOKOHAMA, 2004).

    As posturas adotadas provocam o alongamento das cadeias musculares,

    mediante a forte ao muscular dos antagonistas, bloqueando as rotaes

    compensatrias, desta forma conseguiremos, ao mesmo tempo, tonificar a

    musculatura por uma parte e alongar, por outra (REDONDO, 2001; MACEDO, 2004).

    O trabalho respiratrio realizado atravs da expirao forada, durante

    todas as posturas, recrutando constantemente a musculatura da caixa torcica. Est

    ao atuando tambm sobre o diafragma, proporciona o relaxamento da

    musculatura acessria, que geralmente est em contratura, limitando a dinmica

    respiratria e a expansibilidade toracopulmonar normais (REDONDO, 2001).

  • 39

    O controle respiratrio, o domnio dos sentimentos e da posio

    so a base do Isostretching, acrescentando um intenso trabalho

    muscular. (REDONDO, 2001)

    Com os alongamentos e contraes, a atividade muscular ir se aperfeioar,

    aumentando a fora e mobilidade, o que ir harmonizar as curvas naturais do corpo,

    evitando, ao mesmo tempo, a inclinar-se para frente, como resultado da fraqueza

    muscular e envelhecimento (REDONDO, 2001).

    O isostretching procura melhorar a condio fsica, sem abrir mo dos meios

    teraputicos: mtodo corretivo, educativo, preventivo, flexibilizante, tonificante e no

    traumtico. O mtodo pode ser praticado por quase todos, adaptando-se bem as

    capacidades de cada um em cada momento. A posio mantida durante a

    expirao prolongada, realizando o auto-crescimento do tronco e uma contrao

    isomtrica dos msculos e extremidades (REDONDO, 2001).

    Segundo Redondo (2001), alguns pontos essncias devem ser trabalhos para

    o mtodo se realizado com eficincia:

    O quadril o mestre do equilbrio, do alongamento e do movimento.

    onde inserem-se a maioria dos grupos musculares e em razo de sua

    posio, pode controlar, selecionar e organizar as tenses atravs de

    sua ntero ou retroverso. Alm disso, interfere diretamente nas

    curvaturas da coluna vertebral;

    A caixa abdominal mantm o sistema visceral e interfere no sistema

    locomotor;

    A contrao da musculatura abdominal faz a distribuio da presso

    interna do abdome;

    A respirao faz com que os diafragmas repercutam em nvel de

    assoalho plvico atravs da presso exercida nas vsceras. Alm de

    sua insero nas ltimas vrtebras lombares, essa presso que

    gerada pelo diafragma sobre a pelve auxilia na retificao da lombar e

    tambm em uma trao.

    Redondo (2001) afirma que no existe atividade locomotora sem:

  • 40

    Boa flexibilidade e tnus da musculatura da coluna vertebral;

    Boa mobilidade da pelve e do diafragma;

    Boa dose de fluxos internos;

    Harmonia entre essas trs funes;

    Grau de conscincia da atitude certa da postura.

    O mtodo Isostretching proporciona (REDONDO, 2001):

    Conscincia corporal atravs da correo dos exerccios;

    Mobilidade e flexibilidade muscular;

    Trabalho respiratrio;

    Ganho de tnus e fora muscular, atravs do autocrescimento da

    coluna e das contraes isomtricas;

    Preveno de patologias;

    Desenvolve e mantm a aptido fsica.

    De forma geral, o mtodo capaz de proporcionar:

    O fortalecimento das diferentes estticas que sustentam o

    corpo; flexibilidade e tonicidade da coluna vertebral; preveno e

    tratamento de problemas mecnicos da coluna vertebral;

    correo da postura; melhora da esttica corporal; melhora da

    capacidade e qualidade do movimento; preveno e melhora de

    perturbaes morfolgicas do corpo; melhora da mobilidade da

    pelve e do diafragma; melhora da qualidade respiratria.

    (PRADO, 2004)

    5.3. A PRTICA

    As posturas devem ser realizadas, se simtricas, de 3, 6, ou 9repeties, e se

    assimtricas, 2, 4 ou 8 repeties. A postura dever ser mantida, durante uma

    expirao prolongada de 6 a 10 segundos, ou at mais. Depois de cada expirao,

  • 41

    deve-se relaxar, ou seja, a ereo da coluna a contrao isomtrica, mas sem

    alterar a posio bsica, o relaxamento total ser apenas ao final da serie de

    repeties (REDONDO, 2001).

    O mtodo deve ser aplicado em 3 etapas (REDONDO, 2001):

    Posio: Descrio da posio inicial;

    Correo: a posio em pr-tenso, por colocao da pelve,

    alinhamento da coluna, verificao das compensaes. A colocao

    da pelve depender da postura a qual foi escolhida para trabalhar:

    deitado e em p pelve em retroverso; sentado anteverso, mas

    sempre com o objetivo de retificao das curvaturas.

    Ao: Fixao dos diversos elementos e aumento da tenso, atravs

    da contrao isomtrica e alongamento, acompanhado de uma

    expirao profunda e longa, um abaixamento e aproximao das

    escpulas e um auto-engrandecimento da coluna vertebral.

    Variante: Partir da posio inicial, alterando a posio dos braos ou

    pernas, podendo tambm utilizar-se de basto (1m a 1,20m) e bola

    (13kg) para aumentar a dificuldade.

    necessrio que os exerccios sejam repetidos pelo menos trs vezes,

    primeiro para se habituar, segundo para as correes e terceiro para executar da

    melhor maneira. A finalidade do mtodo reside no s nos nmeros de repeties,

    mas na qualidade postural corretiva. Quanto maior o progresso na correo da

    postura, melhor ser a preciso da tcnica, a intensidade de contrao e o

    alongamento muscular (REDONDO, 2001; S, 2003).

    6.0. ESTABILIZAO SEGMENTAR LOMBAR

    6.1. HISTRICO E PRINCIPIOS

    O mtodo de estabilizao segmentar foi desenvolvido nos anos 90 pelos

    fisioterapeutas da universidade de Queensland na Austrlia, sendo os principais

  • 42

    nomes, Carolyn Richardson, Paul W. Hodges, Julie Hides e Gwendolen Jull (CLARK,

    2003).

    Entre as tcnicas fisioterapeuticas utilizadas para tratamento da lombalgia

    crnica, encontra-se o conceito da estabilizao segmentar lombar, caracterizada

    pela contrao isomtrica da musculatura estabilizadora profunda do tronco, o

    transverso abdominal e multfido lombar (RICHARDSON, 1995).

    De acordo com Richardson et al. (2004) as dores lombares acometem grande

    parte das pessoas e geram altos custos para os servios de sade. Tambm diz

    que, ironicamente, a dor nas costas atinge diversas pessoas atentas com o cuidado

    a sade, indivduos que fazem atividades fsicas pensando em melhorar suas

    condies cardiovasculares e at em atletas que treinam e competem em alto

    rendimento. Com isso, foram iniciados estudos focando no controle motor das

    estruturas responsveis pela proteo e estabilidade da coluna lombar.

    Panjabi (1992) mostrou o modelo responsvel pela estabilizao vertebral,

    este composto por trs subsistemas, estes so o subsistema passivo, ativo e

    neural. O subsistema passivo composto por estruturas sseas, articulares e

    ligamentos das vrtebras. Assim, contribuindo para o controle do movimento e

    estabilidade da coluna. J o subsistema ativo composto pelos msculos que ao

    entrarem em contrao tem a capacidade de estabilizar o segmento da coluna. O

    ltimo subsistema, o neural, o responsvel pela ativao da musculatura, essa

    deve ser ativada na hora e na sequncia correta para ocorrer estabilizao da

    coluna. Com isso, (PANJABI, 1992) uma falha em algum desses subsistemas leva a

    uma desordem, que possivelmente acarreta alguma disfuno de estabilidade na

    coluna, levando o surgimento da dor.

    Mc Gill et al. (1996) compararam a coluna lombar a uma orquestra, onde a

    musculatura profunda seria os instrumentos mais chamativos e a musculatura

    superficial seriam os mais discretos, contudo os que dariam harmonia para a

    orquestra. Com essa frase Mc Gill et al. (1996) referiu os msculos ML e TrA como

    responsveis pelo controle motor na coluna. Para o subsistema neural funcionar

    adequadamente e ocorrer harmonia na coluna, a musculatura ter que ser ativada

    e mantida juntamente com o controle da coluna seguindo a hierarquia

    interdependente do controle intervertebral (translao e rotao), controle postural

    (orientao postural da coluna) e controle do corpo (respeitando o ambiente).

  • 43

    Hodges et al. (1997) comparou a atividade dos msculos deltide, Transverso

    abdominal, Obliquo Interno, Obliquo Externo, Reto Abdominal e Multifido Lombar,

    durante os movimentos de flexo, abduo e extenso de ombro. Atravs dessa

    comparao utilizando eletromiografia, foi vista a ativao precoce do transverso

    abdominal, que foi denominada de feedforward. Com isso, foi sugerido que o

    sistema nervoso central (SNC) estimula a contrao da musculatura profunda

    mesmo no sendo um movimento especfico da coluna e mesmo assim os msculos

    profundos controlam o movimento intervertebral, ocorrendo o feedforward

    (HODGES, 1999).

    Estudos expem que na presena da lombalgia, lombalgia crnica (HIDES,

    1996) e instabilidade lombar (LINDGREN, 1993), os msculos profundos da regio

    lombar, so preferencialmente acometidos. Hides et al (1996) observaram que a

    recuperao do TrA no ocorre ao mesmo tempo da remisso das dores. Em

    conjunto a essa particularidade do TrA o ML no se recupera aps a remisso do

    quadro doloroso em pacientes em uso de medicamentos, apresentando uma atrofia

    muscular, comprometendo a estabilidade da coluna lombar (JULIE, 2001), assim

    mostrando serem importantes no suporte e na proteo da coluna lombar, sendo

    necessrio o devido treinamento para a melhor recuperao segmentar da coluna

    lombar.

    Richardson et al. (2002) em seu estudo mostrou a importncia da ativao

    correta do TrA, com a ativao correta foi visto maior estabilidade na regio sacro

    ilaca, com isso ao avano que os micro movimentos eram reduzidos as dores

    lombares diminuam. O ML em estudos se mostrou importante e eficaz no aumento

    da rigidez da coluna lombar e no controle (STEFFEN, 1994; WILKE, 1995) de

    movimento da zona neutra em decorrncia da contrao muscular (WILKE, 1995).

    A zona neutra a regio aonde ocorrem os movimentos intervertebrais contra

    o mnimo de resistncia interna das estruturas passivas, a perda da capacidade do

    ML em manter o controle desta regio dentro dos seus limites fisiolgicos, leva aos

    indivduos a perda da capacidade do seu sistema estabilizador da coluna vertebral

    (PANJABI, 1992; FRITZ, 1998).

    A ativao necessria para ocorrer o fortalecimento desses msculos de

    apenas 25% de sua contrao voluntria mxima, com isso interessante que os

  • 44

    pacientes treinem em manter a co-contrao dessa musculatura em isometria com

    nveis baixos (RICHARDSON, 1995).

    6.2. A PRTICA

    Para realizar a tcnica necessrio seguir o seu treinamento, este

    treinamento composto por trs estgios evolutivos, sendo o primeiro o controle

    segmentar local, o segundo o controle segmentar local em cadeia cintica fechada

    (CCF) e o terceiro o controle segmentar em cadeia cintica aberta (CCA)

    (RICHARDSON, 2004).

    O controle segmentar local se baseia na contrao simultnea da musculatura

    profunda (ML e TrA) independentemente da contrao da musculatura global e deve

    ser sugerido que durante essa contrao a parte inferior da parede abdominal seja

    encolhida. No primeiro estgio as posturas devem ser mais fceis, fazendo a

    concentrao ser voltada para a habilidade de contrair a musculatura profunda

    tambm mant-la contrada (RICHARDSON, 2004). A contrao deve ser realizada

    no mnimo por 10 segundos em 10 repeties (RICHARDSON, 1995).

    Outro fator para o primeiro estgio a utilizao de instrumentos facilitadores

    para a contrao ser realizada com eficcia, como a palpao, controle lombo-

    plvico, eletromiografia, ultra som dinmico e a utilizao do Stabilizer, que uma

    unidade de biofeedback pressrica (UBP) com trs bolsas inflveis, um cateter e um

    esfigmomanmetro com capacidade de graduao de 0 200mmHg, devemos

    manter a presso de 40 mmHg quando a pessoa estiver em supino e 70 mmHg

    quando em prono. O UBP ir medir a cavidade da parede abdominal durante os

    exerccios, e essa presso dever no mximo ser alterada entre 6-10 mmHg. Com

    isso a contrao da musculatura local ir ser inibida de forma voluntria, evitando

    alteraes posturais nesse estgio (RICHARDSON, 2004).

    A capacidade de manter esse padro atravs do desenvolvimento de controle

    muscular especfico (sem adio de carga) pode servir tambm para ajudar a

    restaurar a conscincia cinestsica e senso de posio lombo-plvica, normalmente

    alterada em indivduos lombalgicos. Neste primeiro estgio construda a base

    para um sistema integrado capaz de proteger as articulaes da regio lombo-

    plvica de foras e cargas elevadas (RICHARDSON, 2004).

  • 45

    O controle segmentar local em CCF segue o objetivo do primeiro estgio,

    porm ir associar com a funo do tronco, cintura e membros, de modo que

    progressivamente e gradualmente sero utilizados exerccios em CCF com carga,

    essa carga se trata do peso corpo. No segundo estgio o principal foco garantir a

    ativao dos msculos profundos enquanto suportam o peso corporal e mantm

    uma postura esttica lombo-plvica (RICHARDSON, 2004).

    O controle segmentar local em CCA mantm a mesma linha de

    pensamento do primeiro e segundo estgio, contudo os exerccios so realizados

    em CCA com carga externa, nesse ltimo estgio as cargas comeam a aumentar e

    a velocidade de execuo tambm, isso feito de forma formal ou funcional, de

    qualquer modo alveja simular situaes corriqueiras e assim manter um controle

    eficiente entre quadril, coluna e membros (RICHARDSON, 2004).

  • 46

    7.0. MATERIAIS E MTODOS

    7.1. TIPO DE ESTUDO

    A pesquisa se caracteriza como um ensaio clnico comparativo, prospectivo e

    randomizado.

    7.2. LOCAL

    A pesquisa ser realizada no laboratrio de fisioterapia da Faculdade Catlica

    Salesiana do Esprito Santo, aonde sero realizadas as avaliaes e aplicaes do

    tratamento e questionrios.

    7.3. PARTICIPANTES

    A pesquisa ser desenvolvida com 12 participantes (8 mulheres e 4 homens)

    com idades entre 18 a 45 anos que apresentam diagnstico mdico de dor lombar

    crnica com mais de trs meses de durao. Ser solicitado junto ao laboratrio de

    fisioterapia da Faculdade Catlica Salesiana do Esprito Santo, uma lista com nome

    e telefone dos indivduos com diagnstico da patologia, em ordem decrescente

    (primeiro os de 2011, depois os de 2010).

    7.4. PROCEDIMENTOS

    7.4.1. SELEO DOS PARTICIPANTES

    Aps a aprovao pelo Comit de tica e Pesquisa da Faculdade Catlica

    Salesiana do Esprito Santo, ser solicitada junto clnica de fisioterapia do mesmo,

    uma lista com nome e telefone de pacientes que procuraram o servio com queixa

    de dor lombar crnica, em ordem decrescente (primeiro os de 2011, depois os de

    2010).

    7.4.2. AVALIAES

  • 47

    Sero marcadas avaliaes, para coleta dos dados, consistindo de

    questionrio de anamnese para identificar quais dos indivduos se enquadravam no

    ensaio clnico (APNDICE1).

    7.4.3. CRITRIOS DE INCLUSO E EXCLUSO

    Participaro do estudo, 12 sujeitos, com diagnstico mdico de lombalgia

    crnica inespecfica, h mais de trs meses, com idades entre 18 a 45 anos, com

    ausncia de sintomas neurolgicos, deformidades da coluna (escoliose), no ter

    participado de cirurgia prvia, ou tratamento fisioteraputico. Foram excludos os

    sujeitos com diagnstico definido como dor citica, espondillise, artrite,

    osteoporose, fibromialgia, hrnia discal, disfuno do quadril e da articulao

    sacroilaca, mulheres grvidas, com histrico de gravidez ou outras doenas

    degenerativas(PEREIRA, 2010; SAKAMOTO, 2009; DURANTE, 2009; MANN,

    2009).

    7.4.4. TERMO DE CONSENTIMENTO

    Todos os participantes que concordarem com a pesquisa tero que confirmar

    seu consentimento atravs do termo de Consentimento Livre e Esclarecido

    (APNDICE2).

    7.4.5. RANDOMIZAO DOS PARTICIPANTES

    Em seguida, os indivduos sero divididos aleatoriamente, por envelopes, em

    dois grupos, um de isostretching e outro grupo de estabilizao segmentar,

    compostos por 6 participantes cada.

    7.4.6. AVALIAO DA DOR E DA INCAPACIDADE FUNCIONAL

    A avaliao da dor ser realizada atravs da Escala Visual Analgica de Dor

    e a incapacidade funcional, atravs do ndice de Incapacidade de Oswestry, validado

    para lngua portuguesa por VIGATTO et al (2007). Os Indivduos sero submetidos

  • 48

    avaliao, em dois tempos, antes do incio do tratamento e aps as 12 sesses para

    reavaliao.

    7.4.7. TEMPO DE TRATAMENTOS

    O tratamento ser aplicado em duas sesses semanais, com durao mdia

    de 45 minutos durante seis semanas, totalizando 12 sesses, com o terapeuta

    dando estmulos auditivos e tteis para realizao correta dos exerccios.

    7.4.8. GRUPOS DE TRATAMENTOS (APNDICE5)

    O grupo de Isostretching ser composto de seis exerccios, sendo que cada

    um deles ser repetido nove vezes, com intervalo de 1 minuto a cada trs

    repeties. As posturas sero mantidas exercendo uma expirao forada e

    prolongada de 10 segundos a cada trs repeties (REDONDO, 2001; MANN,

    2009).

    O grupo de Estabilizao Segmentar ser constitudo por um protocolo de

    tratamento que consiste em seis etapas progressivas de exerccios, realizando a

    contrao isomtrica do transverso do abdmen e multfido. Cada exerccio ser

    realizado em dez repeties mantendo a contrao por dez segundos e um minuto

    de descanso entre cada exerccio (RICHARDSON, 1995; PEREIRA, 2010).

    7.5. INSTRUMENTOS DE AVALIAO

    Para avaliao mais detalhada da dor e incapacidade funcional dos

    indivduos, sero utilizados questionrios pr e ps-tratamento.

    Ser aplicada a Escala Visual Analgica (EVA) para avaliar a intensidade da

    dor, graduada de zero a dez, aonde ser solicitado que o paciente quantifique o

    nvel de sua dor, nas quais zero significa ausncia de dor e dez sendo o mximo de

    dor (APNDICE3).

    O ndice de Incapacidade de Oswestry, validado para lngua portuguesa por

    VIGATTO et. al 2007 (APNDICE4) ser utilizado para avaliar o grau de

  • 49

    incapacidade lombar. Ele constitudo por 10 sees, cada uma delas vale de zero

    a cinco pontos. O ndice calculado somando-se o escore total e o total de pontos

    equivale soma das 10 sees. A interpretao realizada por meio de

    porcentagem: 0% a 20%: incapacidade mnima; 21% a 40%: incapacidade

    moderada; 41% a 60%: incapacidade severa; 61% a 80%: invalidez; 81% a 100%:

    paciente acamado ou exagera os sintomas. A seo 8 sobre vida sexual no ser

    aplicada, sendo que o questionrio permite excluso de sees sem alterao no

    escore final.

  • 50

    8.0. RESULTADOS

    8.1. ANLISE ESTATSTICA

    Foi utilizado o teste t para dados pareados para comparar os valores das

    variveis antes e aps o tratamento e o teste t para comparao de mdias com

    amostras independentes para comparar as variveis entre os grupos. O programa

    utilizado foi o SPSS 17.0, sendo que toda analise estatstica foi realizada com 5%

    (p

  • 51

    Os resultados obtidos no Grupo de ESL est representados na tabela 2.

    Todas as variveis apresentaram diferenas significantes (p

  • 52

    Grfico 1

    EVA: Escala Visual Analgica de dor.*p

  • 53

    9.0. DISCUSSO

    Os dois tratamentos se mostraram eficazes em relao dor e a

    incapacidade funcional, porem os exerccios de ES apresentou melhores resultados

    no quadro lgico.

    No grupo IS apresentou uma reduo expressiva em relao ao quadro

    doloroso e a incapacidade funcional, mostrando resultados semelhantes aos estudos

    realizados por Macedo et al. (2010), Durante et al. (2009) e Mann et al. (2009),

    aonde avaliaram o efeito do mtodo IS em indivduos com lombalgia crnica.

    Macedo et al. (2010) em sua pesquisa, concluiu que o mtodo IS, foi eficiente para

    diminuir a incapacidade e dor, bem como aumentar a resistncia muscular de

    abdominais, glteos mximos e extensores de troco nos pacientes com lombalgia.

    Durante et al. (2009), comparou a tcnica de isostretching com cinesioterapia

    convencional, em um estudo de 5 semanas, em relao a dor e o ndice de

    incapacidade, mostrando que ambos foram eficazes. Mann et al. (2009) tambm

    avaliaram o efeito do mtodo IS em indivduos com lombalgia crnica, atravs de um

    tratamento consistido de 10 sesses, duas vezes por semana, demonstrando em

    seus resultados a diminuio da dor, melhoras significativas quanto fora

    muscular,alongamento das cadeias musculares posterior (ngulo coxo-femoral),

    anterior (ngulo coxo- femoral e tbio-femoral) e equilbrio.

    Estes estudos talvez expliquem a melhora da dor e da incapacidade funcional,

    partindo do pressuposto que outras pesquisas mostram a associao entre restrio

    do movimento da coluna, fraqueza da musculatura abdominal e a presena de

    lombalgia (Thomas, 1998; Jesus, 2006). McGregor (1995) e Esolaet al. (1996) em

    seus estudos, demonstraram que pessoas portadoras de lombalgia crnica

    apresentavam uma menor ADM comparados a indivduos normais. O aumento da

    flexibilidade reduz as possibilidades de fraqueza e retrao muscular, melhorando a

    relao comprimento tenso, consequentemente aumentando o seu desempenho

    nas atividades recreativas, funcionais e diminuindo o quadro doloroso (MANN, 2009;

    CHEREN, 1992; TAYLOR, 1997).

    A fraqueza muscular da regio abdominal e a diminuio da atividade da

    musculatura paravertebral esto presentes em portadores de lombalgia crnica.

    Msculos fortes esto menos propcios a atingirem nveis isqumicos e de fadiga

  • 54

    comparados aos msculos fracos, proporcionando um alinhamento mais adequado,

    evitando excesso de tenso muscular, compensaes posturais e diminuindo as

    probabilidades de leses a coluna e evitando maiores esforos para realizar diversas

    tarefas do seu dia a dia (TOSCANO, 2001; KNOPLICH, 2003; MONTE-RASO, 2009;

    REDONDO, 2001). O isostretching proporciona flexibilidade e fortalecimento

    musculatura, aprimorando o controle postural atravs de exerccios em contrao

    antagonista e alongamento isomtrico da musculatura agonista (REDONDO, 2001;

    SOUZA, 2008).

    O grupo ES apresentou valores expressivos e significativos em ambas as

    variveis, sendo que a intensidade da dor obteve valores superiores em comparao

    a o grupo de IS. Lima et al. (2005), em seu ensaio clinico, avaliou o efeito da

    estabilizao segmentar com o trabalho isolado do TrA no nvel de dor, concluindo

    que a tcnica foi eficaz aps 4 semanas de tratamento.O Sullivan (1997), mostrou

    que pacientes lomblgicos crnicos, aps tratamento especifico para TrA e o ML,

    apresentaram reduo do quadro doloroso. Frana et al. (2010) e Sakamoto et al.

    (2009) em suas amostras, concluram que os exerccios de estabilizao segmentar,

    reduziram a intensidade da dor e a incapacidade funcional em indivduos com

    lombalgia crnica.

    O TrA o principal msculo gerador da presso intra-abdominal,

    estabilizando o tronco e reduzindo as foras de compresso na coluna. A contrao

    do transverso abdominal ativada antes de qua