Feromônios humanos

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27 Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo 2006; 51(1):27-31 ARTIGO DE REVISÃO 1 Acadêmica do Curso de Medicina da Faculdade de Ciências Mé- dicas da Santa Casa de São Paulo 2 Professora Adjunta – Departamento de Morfologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Trabalho realizado: Departamento de Morfologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Endereço para correspondência: Mirna Duarte Barros. Departa- mento de Morfologia – FCMSCSP. Rua Dr. Cesário Motta Jr, 61 – 11º andar – Vila Buarque – 01221-020 – São Paulo – SP. Fone/ Fax: 2176.7000 – R. 5509 E-mail: [email protected] Feromônios humanos Human pheromones Mariana Dalacqua 1 , Mirna Duarte Barros 2 Resumo Este artigo apresenta uma revisão sobre os feromônios, substâncias químicas voláteis presentes em secreções glandulares envolvidas na comunica- ção de membros da espécie humana. Estudos em ma- míferos demonstram efeitos comprovados dos feromônios nos comportamentos de coorte, demarca- ção de territórios e outros. Os feromônios agem no controle da secreção neuroendócrina de roedores e primatas, e alguns estudos relatam resultados seme- lhantes em humanos, principalmente relacionados aos mecanismos de reprodução. Descritores: Feromônios, Comunicação, Comporta- mento sexual, Ciclo menstrual, Glândulas apócrinas Abstract This paper aims to present a review about the role of pheromones, volatile chemical compounds present in glandular secretions involved in human intraspecific communication. Studies involving mammals show proven effects of pheromones in courtship behaviors, territory establishment and others. Pheromones act controlling neuroendocrin secretion in rodents and primates and some studies demonstrate similar results regarding human behaviors, especially those related to reproduction mechanisms. Keywords: Pheromones, Communication, Sexual behavior, Menstrual cycle, Apocrine glands Introdução Os estudos sobre o comportamento de animais diante de outros da mesma espécie são direcionados à observação dos modos de comunicação que estes indivíduos empregam, que sinais emitem e como cap- tam e interceptam os sinais emitidos por outros da mesma espécie. Sinais são eventos comportamentais, fisiológicos ou características morfológicas idealiza- das ou mantidas por seleção natural, caraterísticas de uma espécie 1 . A comunicação pode realizar-se por meio de sinais visuais, sonoros ou químicos. As substâncias que fa- zem a ponte de comunicação química são chamadas semioquímicos. Se forem de ação entre indivíduos de espécies diferentes (ação interespecífica), são denomi- nadas aleloquímicos. As de ação intra-específica (entre indivíduos de mesma espécie), por sua vez, são os feromônios, agindo na fisiologia e desenvolvimento dos indivíduos ou diretamente em seu comportamento 2 . Feromônios são substâncias químicas inodoras e invisíveis que modulam a comunicação entre indiví- duos da mesma espécie. O termo foi criado por Peter Karlson e Martin Lüscher em 1959*, citados por Sorensen, 1992, a partir das palavras gregas pherein (transferir) e hormon (excitar). Antes disto, por mais de 50 anos, foram denominados de semioquímicos ou ectohormônios. São substâncias secretadas para o meio externo por um indivíduo e recebidas por um segundo indivíduo da mesma espécie, desencadean- do uma reação específica, como, por exemplo, um comportamento definido ou um processo de desen- volvimento. Pode-se utilizar a palavra feromônio para descrever substâncias odoríferas socialmente ativas, que evoquem reações específicas e aumentem signi- ficativamente as chances de sucesso reprodutivo e de sobrevivência de um organismo 3,4 . * Karlson P, Lucher M. Pheromones: a new term for a class of biologically active substances. Nature. 1959 Jan 3;183(4653):55- 6. APUD Sorensen PW. Hormones, pheromones and chemoreception. In: Hara TJ, editor. Fish chemoreception. London: Chapman and Hall; 1992. p.199-221.

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Este artigo apresenta uma revisão sobre osferomônios, substâncias químicas voláteis presentesem secreções glandulares envolvidas na comunica-ção de membros da espécie humana. Estudos em ma-míferos demonstram efeitos comprovados dosferomônios nos comportamentos de coorte, demarca-ção de territórios e outros. Os feromônios agem nocontrole da secreção neuroendócrina de roedores eprimatas, e alguns estudos relatam resultados seme-lhantes em humanos, principalmente relacionados aosmecanismos de reprodução.

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    Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa So Paulo2006; 51(1):27-31

    ARTIGO DE REVISO

    1Acadmica do Curso de Medicina da Faculdade de Cincias M-dicas da Santa Casa de So Paulo2Professora Adjunta Departamento de Morfologia da Faculdadede Cincias Mdicas da Santa Casa de So PauloTrabalho realizado: Departamento de Morfologia da Faculdade deCincias Mdicas da Santa Casa de So PauloEndereo para correspondncia: Mirna Duarte Barros. Departa-mento de Morfologia FCMSCSP. Rua Dr. Cesrio Motta Jr, 61 11 andar Vila Buarque 01221-020 So Paulo SP. Fone/Fax: 2176.7000 R. 5509E-mail: [email protected]

    Feromnios humanosHuman pheromones

    Mariana Dalacqua1, Mirna Duarte Barros2

    Resumo

    Este artigo apresenta uma reviso sobre osferomnios, substncias qumicas volteis presentesem secrees glandulares envolvidas na comunica-o de membros da espcie humana. Estudos em ma-mferos demonstram efeitos comprovados dosferomnios nos comportamentos de coorte, demarca-o de territrios e outros. Os feromnios agem nocontrole da secreo neuroendcrina de roedores eprimatas, e alguns estudos relatam resultados seme-lhantes em humanos, principalmente relacionados aosmecanismos de reproduo.

    Descritores: Feromnios, Comunicao, Comporta-mento sexual, Ciclo menstrual, Glndulas apcrinas

    Abstract

    This paper aims to present a review about the role ofpheromones, volatile chemical compounds present inglandular secretions involved in human intraspecificcommunication. Studies involving mammals showproven effects of pheromones in courtship behaviors,territory establishment and others. Pheromones actcontrolling neuroendocrin secretion in rodents andprimates and some studies demonstrate similarresults regarding human behaviors, especially thoserelated to reproduction mechanisms.

    Keywords: Pheromones, Communication, Sexualbehavior, Menstrual cycle, Apocrine glands

    Introduo

    Os estudos sobre o comportamento de animaisdiante de outros da mesma espcie so direcionados observao dos modos de comunicao que estesindivduos empregam, que sinais emitem e como cap-tam e interceptam os sinais emitidos por outros damesma espcie. Sinais so eventos comportamentais,fisiolgicos ou caractersticas morfolgicas idealiza-das ou mantidas por seleo natural, caratersticasde uma espcie1.

    A comunicao pode realizar-se por meio de sinaisvisuais, sonoros ou qumicos. As substncias que fa-zem a ponte de comunicao qumica so chamadassemioqumicos. Se forem de ao entre indivduos deespcies diferentes (ao interespecfica), so denomi-nadas aleloqumicos. As de ao intra-especfica (entreindivduos de mesma espcie), por sua vez, so osferomnios, agindo na fisiologia e desenvolvimento dosindivduos ou diretamente em seu comportamento2.

    Feromnios so substncias qumicas inodoras einvisveis que modulam a comunicao entre indiv-duos da mesma espcie. O termo foi criado por PeterKarlson e Martin Lscher em 1959*, citados porSorensen, 1992, a partir das palavras gregas pherein(transferir) e hormon (excitar). Antes disto, por maisde 50 anos, foram denominados de semioqumicosou ectohormnios. So substncias secretadas para omeio externo por um indivduo e recebidas por umsegundo indivduo da mesma espcie, desencadean-do uma reao especfica, como, por exemplo, umcomportamento definido ou um processo de desen-volvimento. Pode-se utilizar a palavra feromnio paradescrever substncias odorferas socialmente ativas,que evoquem reaes especficas e aumentem signi-ficativamente as chances de sucesso reprodutivo e desobrevivncia de um organismo3,4.

    * Karlson P, Lucher M. Pheromones: a new term for a class ofbiologically active substances. Nature. 1959 Jan 3;183(4653):55-6. APUD Sorensen PW. Hormones, pheromones andchemoreception. In: Hara TJ, editor. Fish chemoreception.London: Chapman and Hall; 1992. p.199-221.

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    Os feromnios so denominados desencadea-dores ou liberadores (releasers) quando produzem efei-tos relativamente imediatos no comportamento doreceptor, tais como os que promovem atrao sexual,posturas defensivas ou disperso na presena de pre-dadores ou os que orientam a trilha dos insetos soci-ais 5. H tambm os feromnios ditos preparadores(primers), que desencadeiam uma srie de eventos fi-siolgicos e neuroendcrinos que levam a mudanasna fisiologia ou no comportamento, tais como aque-les que resultam na secreo de hormnios, influen-ciando a ovulao ou a maturao de espermato-zides. Alguns ainda podem ter dupla funo, atu-ando como releasers ou primers, dependendo da situ-ao. Alm destes, os feromnios informacionais soos indicadores da identidade ou do territrio de umanimal6,7. Recentemente, Jacob & McClintock intro-duziram o conceito de feromnio modulador, queafetaria o estado comportamental do receptor atra-vs da regulao de inputs multissensoriais e sugeri-ram alguns esterides como candidatos para essacategoria na espcie humana8.

    As relaes com o ambiente ou com outros indi-vduos so direcionadas por estmulos visuais, audi-tivos, gustativos e tteis. A suspeita de que algunscomportamentos, estereotipados ou no, que j fo-ram muito bem estudados e descritos em insetos eem outros mamferos, possam ser determinados porcomunicaes intermediadas por feromnios desper-tou o interesse dos pesquisadores sobre a presena eo papel destas substncias volteis na espcie huma-na difundidas no ar.

    Estrutura qumica de feromnios humanos

    Os componentes dos feromnios so substnciasvolteis e quimicamente semelhantes entre si, perce-bidas por receptores especficos. Entre as diferentesespcies de mamferos, os componentes qumicos queagem como feromnios so semelhantes. A propor-o entre as substncias secretadas pelas glndulasdestes animais e a seletividade da resposta do siste-ma olfatrio do receptor que se modifica entre asespcies5,6,7.

    O androstenol, que sintetizado pelos testculosde porcos e armazenado nas glndulas subman-dibulares do macho, estimulando a fmea ao com-portamento de coito, tambm foi encontrado naurina humana9. Alm disso, o 5-androsten-16-3-ol(androstenol) o androstene com maior concentra-o encontrado na secreo axilar, no plasma, suor,pele e na saliva de humanos10. Ocorre em concentra-es maiores em homens do que em mulheres11. interessante notar que mulheres hirsutas apresenta-ram concentraes elevadas de androstene. Esta subs-

    tncia armazenada e secretada tanto pelas glndu-las sudorparas apcrinas quanto pelas glndulas sa-livares12,13.

    Alm do androstenol, uma mistura de cidosgraxos de cadeia curta (cidos actico, propanico,metilpropanico, butanico, metilbutanico emetilpentanico, nas propores 35:10:0,9:2,4:2,3:0,3)est presente no fluido vaginal de mulheres e infere-se que estas substncias exeram alguma influncia,ainda que pequena, no comportamento sexual mas-culino, funcionando como feromnios sexuais14.

    Recente estudo dos peroxissomos das clulas dasglndulas sudorparas apcrinas revelou a presenade RNAm de duas enzimas associadas viabiossinttica do colesterol, precursor de esterides queatuariam como feromnios , evidenciando um doslocais de sntese e liberao dos feromnios huma-nos15.

    Feromnios em mamferos no-humanos:exemplos de comunicaes

    Na maioria dos mamferos, as fmeas so atra-das pela urina de machos adultos em detrimento dade machos castrados, apesar de se saber que a urinade machos castrados no completamente desprovi-da de substncias andrgeno-dependentes de baixopeso molecular. A urina de machos no perodo ante-rior puberdade no afeta o surgimento da puber-dade em fmeas co-especficas, possivelmente por nopossuir elementos andrgeno-dependentes em quan-tidade suficiente para evocar modificaes metabli-cas nas fmeas16.

    Os feromnios esto envolvidos no aparecimen-to da puberdade precoce em porcos, o que ocorre demodo similar em ratos expostos ao androstenol 14,16.A prolactina tambm apresenta papel no aparecimen-to da puberdade precoce em ratos, tendo aes anta-gnicas algumas vezes17. O efeito de puberdade pre-coce em fmeas de ratos aps a exposio urina demachos pberes comprovado principalmente poraumento do peso uterino16, 17.

    A durao do ciclo estral de ratas alterou-se napresena de odores extrados de ratas que estavamna fase folicular ou ovulatrio do ciclo, evidencian-do a presena de feromnios do tipo primers no con-trole do ciclo estral18, 19.

    Outro efeito bastante estudado dos feromniosem ratas o bloqueio da gravidez nas fmeas expos-tas a machos estranhos a elas, ou seja, aqueles queno as fecundaram ou a seus extratos14,17. O bloqueio causado por estmulo olfatrio, pois a ablao dosbulbos olfatrios destas ratas aboliu tal efeito. De-monstrou-se tambm que a produo do feromniobloqueador da gravidez andrgeno-dependente,

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    uma vez que o bloqueio no ocorre na presena deurina de ratos castrados e pode ser induzido por uri-na de fmeas androgenizadas. Acredita-se que tal blo-queio seja causado por falha ou parada da aosecretora do corpo lteo, em funo do aumento dasecreo de gonadotrofinas14 ou pela supresso daprolactina srica. A falha na funo do corpo lteoproduzida pelo feromnio bloqueador da gravidez fator responsvel por erros na implantao do em-brio, impedindo o prosseguimento da gestao17.

    Ao dos feromnios na espcie humana:comunicao intra-especfica e mudanas depadres comportamentais

    Em humanos h evidncia de que algumas subs-tncias atuam como feromnios dos tipos primers,sinalizadores ou moduladores, no havendo evidn-cias que corroborem a ao de feromnios liberadoresem adultos humanos20. Os mais conhecidos at agorase referem sincronia menstrual entre mulheres queconviveram por alguns meses21, regulao do pero-do de ovulao22, mudanas no ciclo menstrual demulheres que apresentaram atividade sexual freqen-te junto a parceiros do sexo oposto14, capacidade dasmes de reconhecerem seus filhos por roupas previa-mente vestidas por eles, distinguindo-as por meio doolfato de outras vestidas por outras crianas e pre-ferncia de bebs por mamilos de suas prprias mesdurante a amamentao16, 23.

    Os feromnios esto presentes em vrias secre-es corporais dos mamferos, tais como suor e uri-na. Estudos demonstraram que os feromnios podemtambm estar presentes na pele humana, secretadospor glndulas sudorparas24. Admite-se que, na es-pcie humana, as glndulas sudorparas apcrinassejam um local de sntese, armazenamento e libera-o dos feromnios. H sugestiva evidncia da pre-sena de feromnios nas glndulas sudorparasapcrinas axilares, cuja secreo influencia a fisiolo-gia reprodutiva25. Feromnios tambm podem estarpresentes nos queratincitos que descamam daepiderme, sobre forma de metablitos que passamde uma pessoa a outra por disperso area12. Tam-bm se especula que a secreo de glndulas sebce-as da regio da boca e lbios pode conter feromnios14.

    Sabe-se que mulheres normalmente sincronizamseus ciclos menstruais aps convvio constante du-rante alguns meses18, como o ocorrido com estudan-tes que compartilham o mesmo dormitrio. Estudosdemonstraram que mulheres com atividade heteros-sexual freqente tendem a ter ciclos menstruais maisregulares em relao quelas sem atividade freqen-te9, devido maior exposio das primeiras a subs-tncias presentes na secreo das glndulas sudo-

    rparas apcrinas masculinas. Do mesmo modo, mu-lheres expostas a extratos axilares masculinos tam-bm apresentam ciclos menstruais mais regulares26.A exposio de mulheres a extratos axilares de ou-tras mulheres fixados sobre seus lbios superiorestambm levou sincronia de seus ciclos menstruais,respeitando o padro da doadora do extrato26.

    Compostos inodoros extrados das axilas de mu-lheres ao final da fase folicular de seus ciclos mens-truais aceleraram o surgimento pr-ovulatrio dohormnio luteinizante (LH) em mulheres que inala-ram tais compostos, alm de terem encurtado seusciclos menstruais. Compostos axilares das mesmasdoadoras, que foram coletados durante a ovulao,tiveram o efeito oposto, atrasando o surgimento doLH nas mulheres que os receberam e aumentando adurao de seus ciclos menstruais. A constatao deque compostos axilares podem influir no ciclo mens-trual de mulheres que os receberam indica que taiscompostos contm substncias que agem comoferomnios25. Postula-se a existncia de dois diferen-tes feromnios ovrio-dependentes em humanos, as-sim como os que tambm existem em ratos, com efei-tos opostos para o ciclo estral em relao aos efeitosapresentados no ciclo menstrual18,19. Ao que parece,apenas a fase folicular do ciclo menstrual que semodifica, sendo encurtada por compostos extradosde doadoras cujo ciclo menstrual encontrava-se nafase folicular ou aumentada por compostos extra-dos durante o perodo ovulatrio. Isto sugere queestes compostos tenham aes diferentes, alterandoo ndice de maturao folicular ou o limite de con-centrao hormonal para desencadear o surgimentodo LH 25.

    Estudo semelhante ao descrito acima, realizadonas Universidades da Pensilvnia e de Stanford nosEUA, entre 1975 e 1986 14, indicou haver relao en-tre o comportamento sexual da mulher e aspectos deseu ciclo hormonal. Classificou-se a freqncia derelaes sexuais com um parceiro do sexo oposto empadres que variavam entre semanal, espordico oucelibato. Por meio da anlise dos nveis sricos deesterides em amostras de sangue retiradas duas se-manas antes da menstruao e das variaes da tem-peratura corporal basal, chegou-se concluso de queo intercurso sexual ou estimulao genital na presen-a de um homem estavam associados a ciclos mens-truais do tipo frtil. Tendo como base os resultadosdas mulheres com padro sexual semanal, as quepreenchiam os perfis espordico ou celibato, tinhamciclos menstruais anormalmente curtos ou longos.Alm disso, as mulheres que no tinham relaes se-xuais semanalmente tiveram nveis de estrgeno emmdia 50% menores que o grupo de padro semanal.Considera-se que ciclos menstruais anormais tenham

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    maior tendncia a serem subfrteis, de onde se podeinferir uma possvel relao entre a fertilidade e apresena do companheiro do sexo oposto e, possi-velmente, a influncia dos feromnios do parceiro nociclo hormonal feminino, influenciando a fertilidadee a poca de incio da menopausa. Tanto a prticasexual regular quanto idade inicial de contato se-xual na puberdade parecem influenciar de forma se-melhante fisiologia endcrina da mulher14,27.

    Estudos comprovaram que a exposio de mu-lheres a extratos contendo androstenol extrados defluidos masculinos influenciou seu comportamento,aumentando sua interao com os indivduos do sexomasculino. A receptividade feminina aos homens tam-bm se apresentou aumentada aps a exposio dasmesmas ao androstenol14,28.

    O comportamento dos recm-nascidos tambmparece sofrer influncia dos feromnios. Eles so par-ticularmente sensveis a odores produzidos pelasglndulas mamrias de mulheres lactantes. O mami-lo e arola so fontes ricas de substncias que pode-riam servir como sinais olfatrios, no s pela secre-o do colostro e de leite, mas tambm pelas secre-es das glndulas sebceas e sudorparas apcrinaslocalizadas nesta regio. Em uma srie de testes depreferncia de odores com duas opes de escolhapara os bebs, crianas com duas semanas de idadealimentadas com mamadeira direcionaram-se prefe-rencialmente s mamadeiras borrifadas com odoresmamilares de mulheres que estavam amamentando,em detrimento das mamadeiras borrifadas com odo-res mamilares de mulheres com glndulas mamriasno produtivas 23.

    Concluso

    Os feromnios podem ser ferramentas versteisna comunicao humana. Distintamente dos casossupracitados, nos quais os feromnios atuam comomoduladores de comportamentos relacionados re-produo, podem tambm ser importantes na comu-nicao entre seres humanos mais jovens.

    O estudo dos feromnios humanos constitui im-portante ferramenta para a elucidao de comporta-mentos de etiologia no esclarecida e alteraes dafisiologia neuroendcrina. No futuro, pode-se espe-rar que a manipulao de feromnios seja forma au-xiliar em diversos campos, tais como em tcnicas defertilizao em mulheres cujo ciclo menstrual e ovu-lao sejam anormais.

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    Data de recebimento: 24/02/2006Data de Aprovao: 18/04/2006

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