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FICHA TÉCNICA facebook.com/manuscritoeditora instagram.com/manuscrito_editora © 2019 Todos os direitos relativos à chancela Manuscrito encontram-se reservados para a Editorial Presença, S.A. Estrada das Palmeiras, 59 | Queluz de Baixo 2730-132 Barcarena Título: Eu Sei Como Ser Feliz Autora: Isabel Silva Copyright © Isabel Silva, 2019 Copyright © Editorial Presença, S.A., 2019 Revisão: Caligrama/Editorial Presença Capa e paginação: Catarina Sequeira Gaeiras Fotografia e styling: Joana Lemos Fotografias das páginas 36, 37, 44, 45, 48, 49, 190 e 191: do arquivo pessoal da autora Produção e foodstyling das receitas: Yum Lab Cabelos: Hair Fusion Maquilhagem: Joana Moreira Impressão e acabamento: Multitipo – Artes Gráficas, Lda. ISBN: 978-989-8975-23-2 Depósito legal n.º 459 326/19 1.ª edição, Lisboa, setembro, 2019 Agradecimentos: O livro contou com a colaboração de: Quinta do Arneiro, Maria Granel, Cerâmicas na Linha, El Corte Inglés e Kenwood.

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FICHA TÉCNICA

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© 2019

Todos os direitos relativos à chancela Manuscrito

encontram-se reservados para a Editorial Presença, S.A.

Estrada das Palmeiras, 59 | Queluz de Baixo

2730-132 Barcarena

Título: Eu Sei Como Ser Feliz

Autora: Isabel Silva

Copyright © Isabel Silva, 2019

Copyright © Editorial Presença, S.A., 2019

Revisão: Caligrama/Editorial Presença

Capa e paginação: Catarina Sequeira Gaeiras

Fotografia e styling: Joana Lemos

Fotografias das páginas 36, 37, 44, 45, 48, 49, 190 e 191:

do arquivo pessoal da autora

Produção e foodstyling das receitas: Yum Lab

Cabelos: Hair Fusion

Maquilhagem: Joana Moreira

Impressão e acabamento: Multitipo – Artes Gráficas, Lda.

ISBN: 978-989-8975-23-2

Depósito legal n.º 459 326/19

1.ª edição, Lisboa, setembro, 2019

Agradecimentos:

O livro contou com a colaboração de: Quinta do Arneiro,

Maria Granel, Cerâmicas na Linha, El Corte Inglés e Kenwood.

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11 | INTRODUÇÃO

17 | APRENDI A ESCUTAR O MEU CORPO E A MINHA MENTE

25 | APRENDI A COMER MAIS E MELHOR 27 | A fome emocional

30 | O caminho que eu escolhi

32 | Como olho para um prato

35 | SOU MAIS E MELHOR ATLETA 38 | Ana Duarte (personal trainer)

39 | José Urbano (massagista desportivo)

40 | Luiz Santana (personal trainer)

41 | Ricardo Paulino (fisioterapeuta)

42 | Eu, Isabel Silva

43 | Um treino que quase me impediu de correr

uma maratona

46 | O overtraining na preparação da maratona

de Roma

46 | Correr uma maratona a pensar em trabalho

47 | Os «IncríBeis»

53 | A MINHA CONSCIÊNCIA 56 | As minhas compras

60 | O meu dia a dia

62 | A minha roupa

ÍNDICE

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67 | RECEITAS

69 | OS MEUS UTENSÍLIOS

73 | OS MEUS ELIXIRES 74 | Elixir amarelo 75 | Elixir verde-claro 76 | Elixir verde-escuro

79 | O MEU MUNDO INTERIOR 80 | Sopa de miso branco 83 | Pickles de rabanete e nabo 84 | Chucrute de couve-portuguesa e cenoura 87 | Sandes amiga do intestino 88 | Sumo digestivo 91 | Sorvete de papaia, canela e lima

93 | O MEU (PEQUENO) ALMOÇO 94 | Papas de arroz integral e maçã 97 | Smoothie energia 98 | Smoothie proteico de tigela 100 | Torrada de batata-doce com manteiga de pevides de abóbora 102 | Papas adormecidas 105 | Granola de cenoura 106 | Gofres de banana e cacau 109 | Compota de mirtilos e chia 110 | Muffins salgados

113 | AS MINHAS SOPAS 114 | Creme de abóbora com pera e gengibre 117 | Sopa de lentilhas e beterraba 118 | Caldo doce de legumes 121 | Caldo de arroz selvagem, alho-francês e batata-doce 122 | Sopa de couve-flor, cogumelos e salsa

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125 | AS MINHAS SALADAS 126 | Sarraceno de legumes salteados 128 | Arroz integral com couve kale massajada 130 | Quinoto de abóbora 133 | Salada de espinafres, batata-doce e avelã 134 | Salada mexicana em frasco 136 | Salada do mar com emulsão de laranja138 | Salada de millet, agrião, funcho e romã

141 | PRATOS PARA O «CONBÍBIO» 142 | Tagliatelle de pesto 145 | Húmus de cenoura assada 146 | Maionese vegetal 149 | Wraps com maionese vegetal e rúcula 150 | Faláfel de brócolos e coentros 152 | Hambúrgueres de millet e beterraba 153 | Hambúrgueres de feijão azuki e cogumelos157 | Caril de caju e abóbora158 | Lasanha de tofu 161 | Empadão de batata-doce 162 | Almôndegas de tempeh e beringela

165 | OS MEUS (PEQUENOS) PRAZERES 166 | Biscoitos de tahini 169 | Tâmaras recheadas com manteiga de amêndoa170 | Bombons de chocolate e batata-doce 173 | Quadrados de tiramisu

175 | DOCES PARA O «CONBÍBIO» 176 | Tarte crua de coco e frutos vermelhos 179 | Brownies de alfarroba e noz 180 | Gelado cookies & cream de banana 182 | Bolo de pera e canela183 | Pasta de caramelo salgado

187 | CONCLUSÃO

191 | AGRADECIMENTOS

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APRENDI A ESCUTAR O MEU CORPO E A MINHA MENTE

Foi preciso chegar aos 32 anos para perceber que algo não estava bem na minha vida.

Não há nada no mundo que leve mais a sério do que a alegria. De repente, a poucos dias

do meu aniversário, além de não ter vontade de fazer uma festa com a família e os amigos

(algo que sempre gostei de fazer), não me apetecia sair da cama, falar com pessoas e

muito menos trabalhar. Sentia um peso estranho no corpo. Uma inércia e apatia tais que

a única coisa que me trazia algum alívio era chorar. Estava triste.

Mesmo nos meus piores dias, esforço-me por estar bem, até porque dedicar tempo à

apatia e à tristeza é um desperdício de tempo. A vida não é isso. Mesmo quando sei

que não estou bem, levanto a cabeça e sigo em frente. Faço as minhas marmitas, vou

fazer desporto, trabalho e dou o meu melhor, porque tudo vai acabar por passar. Só que

estava numa fase em que as nuvens negras simplesmente não se iam embora. A tristeza

voltava sempre. O desporto não me motivava, nem a comida me dava o brilho de que

tanto preciso. E porquê?

Esta fase começou um mês depois de ter corrido a maratona de Boston. Corri 42,195

quilómetros com uma sensação térmica de quatro graus negativos, com rajadas de vento

de 45 quilómetros por hora e chuva intensa durante todo o percurso, cheio de subidas e

descidas. Foi um dia duríssimo, mas cheguei ao fim, cortei a meta de uma das provas mais

antigas e bonitas do mundo e voltei a Portugal orgulhosa, com mais uma medalha ao peito.

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Apesar de a prova ter sido frustrante, sinto que aquela maratona fez de mim uma pessoa

mais forte, mais experiente e, acima de tudo, mais consciente das minhas capacidades.

Depois disto era natural que seguisse em frente de forma alegre e determinada, afinal

tinha conseguido cumprir mais um objetivo e aconteciam imensas coisas na minha

vida. Só que aconteceu o contrário. Assim que cheguei a casa, senti um vazio e uma

enorme saudade de todos aqueles dias e momentos que vivi com os meus amigos em

Boston. E entrei numa fase negra, muito complicada.

Muitas vezes, quando entramos nestas fases, as outras pessoas, ou até nós mesmos,

pensam: «Mas não tens nenhuma doença, estás empregada, não tiveste um acidente,

não perdeste ninguém… Por que raio estás assim?»

Tinha acabado de sair da agência que me representava e estava a reestruturar a equipa

de conteúdos digitais, ou seja, havia demasiadas pontas soltas na minha vida, o que não

me permitia manter o foco unicamente no meu trabalho em televisão, nas minhas corridas

e na família ou nos amigos. Tinha decisões a tomar. Decisões que iam mudar a minha

vida. Como acontece com todos, também eu não sabia se essas decisões iam melhorar ou

piorá-la, e isso deixou-me, como é natural, com os níveis de ansiedade bastante elevados.

Durante esta fase acreditei que se tivesse tudo equilibrado, se me alimentasse bem,

se mantivesse as minhas emoções em ordem e continuasse a praticar exercício, como

sempre, tudo ficaria bem. Mas não foi isso que aconteceu.

Correr ao ar livre fazia-me bem. Sou uma apaixonada pela natureza e aqueles minu-

tos em que estava sozinha comigo foram importantes, mas não era disso que eu mais

precisava. Isolei-me demasiado quando deveria ter procurado mais os meus amigos e

a minha família. Não encontrei novas distrações, fiquei demasiado fechada nas minhas

coisas de sempre, nas minhas rotinas, e isso não contribuiu para que me afastasse das

preocupações que me estavam a deitar abaixo. Era importante ter vivido mais o pre-

sente e pensado menos no futuro, mas só hoje, à distância, consigo ver isso. Quem não

pratica esquece, quem não alimenta enfraquece. Esta é uma grande verdade.

A instabilidade estava a deixar-me sob pressão, a falta de organização deixava-me triste

e ansiosa. Sentia-me esgotada física e mentalmente porque estava a exigir demasiado

de mim própria. Já não estava a desfrutar a vida, tinha perdido o meu entusiasmo e

a minha energia, o meu brilho.

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Houve momentos em que corria pela Marginal, parava numa praia para dar um mer-

gulho, o que para mim é quase uma terapia, mas não conseguia limpar a cabeça.

Estava sempre a pensar no que tinha para fazer, nos compromissos, nos nós que tinha

de desatar na minha vida. Às refeições, já nem mastigava os alimentos em condições,

simplesmente engolia-os. Deixei de sair para dançar, uma das coisas que mais gosto

de fazer e que, para mim, é uma forma de me exprimir. Ficava impaciente e ansiosa

com decisões tão rotineiras como a de levar o meu Caju a passear antes ou depois do

jantar. E quando ia, claro que levava o telemóvel atrás para continuar a responder

a solicitações. Era este o estado em que eu estava.

Esgotei as minhas forças. Cheguei a essa conclusão a 8 de maio de 2018, o dia em

que completei 32 anos, um dia em que deveria estar alegre, mas em que, na verdade,

me sentia triste de mais para celebrar. Um dos meus amigos do coração, o Rúben,

chegou-se à minha beira e disse-me: «Vamos passar uns dias fora de Lisboa, só os dois.

Vai fazer-te bem.» Foi o que fizemos.

Nesses dias, fui obrigada a parar. Parar para pensar, para refletir sobre a minha vida.

E foi neste momento que descobri o terceiro pilar da minha vida, que tanto me tem

ajudado a manter equilibrada e feliz: a autorreflexão. Durante dois dias, não pensei nas

minhas rotinas nem nas minhas obrigações.

Hoje aprendi a importância de parar e de viver a vida com uma calma que desco-

nhecia. A apreciar os pequenos momentos, os pequenos prazeres. A dar importância

aos momentos de silêncio em que falo comigo própria, abertamente, me questiono,

onde procuro respostas em mim. Só neste silêncio conseguimos verdadeiramente

escutar-nos.

Nem sempre é fácil encontrar este silêncio interior. Não precisamos de nos refugiar

num local longínquo, numa floresta, podemos encontrar estes momentos no nosso dia

a dia, num silêncio interior reconfortante que nos conecta connosco próprios.

Foi o que fiz durante aqueles dias, onde me permiti estar. Como se costuma dizer,

«encostei-me à sombra da bananeira», de «papo para o ar», e fiz uma das coisas que

sei fazer melhor: rir. Ri muito com o meu Rúben. E treinei a mente para aprender a,

dali para a frente, manter o equilíbrio.

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Vivo no mundo agitado da comunicação, mas valorizo cada vez mais o silêncio.

Querem saber o que faço quando chego a casa e sei que não tenho nada de urgente para

responder? Ponho o telefone em modo de avião. E aquela Isabel que ia passear o Caju

de telemóvel em punho agora deixa o telefone em casa, para aproveitar cada momento

daquele passeio, cada brisa na cara, cada árvore por que passa… São pequenos passos

que temos de dar para avançar, para lutar pela nossa felicidade.

Os meus rituais quando chego a casa

• Telefone em modo de avião

• Passear o Caju sem telemóvel

• Preparar o meu jantar a ouvir música

• Preparar as minhas marmitas para o dia seguinte

• Olhar para a agenda e ver o que tenho para o dia seguinte para organizar o meu

dia, da melhor forma, sem stresse.

Há uma prática que agora aplico muito na minha vida: chama-se «deboismo». Já me

estou a rir só de pensar na tua cara a ler isto. Significa estar na boa. Estou «deboismo»

em minha casa, por exemplo, a aproveitar o meu espaço, as minhas coisas, a ler um

livro deitada no sofá ou a ver televisão.

Atualmente, sei escutar o meu corpo e a minha mente. Mais do que alguma vez fui

capaz de o escutar. E é «incríBel» sentir que consigo continuar a ter esta minha energia

contagiante, que tanto me caracteriza e me faz feliz. E, hoje, esta energia anda de braço

dado com o equilíbrio e a tranquilidade que a vida tanto nos pede.

«Como é possível terem existido momentos na tua vida em que te esqueceste do que

realmente importa?» Hoje, pergunto-me muitas vezes isto mesmo.

Mas ainda bem que passei por aquele momento menos bom, um desafio que me fez abrir

a minha mente e perceber o que realmente importa, me fez perceber que sou feliz a

trabalhar, a correr, a estar com os meus amigos, a comer bem. Sou feliz quando faço de

mim a minha prioridade. Ser «egoísta» neste sentido é bom. Olhar para ti, enquanto ser

humano. Estabelecer as tuas prioridades, o que te faz feliz.

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Claro que a felicidade não é um estado permanente. Não estamos sempre felizes.

A minha definição de felicidade se calhar é diferente da tua, mas hoje sei que estou

feliz quando estou:

• com a minha família

• com os meus amigos

• a correr e a praticar exercício físico

• a comer bem

• em contacto com a natureza

• a viajar e conhecer novas realidades.

Há muitas pessoas que me enviam mensagens a perguntar se eu medito. Eu acredito

que há muitas formas de meditar, tal como há muitas formas de descansar.

• Descanso ativo: quando descanso a ir correr, a nadar, a caminhar.

• Descanso em que dormimos: já vos contei que adoro fazer uma sesta de 40 mi-

nutos? Fico como nova.

• Descanso «deboismo»: estar com os amigos, rir, ouvir música, não falar de traba-

lho, simplesmente apreciar o momento na boa!

Mas voltando à meditação!

Sou apaixonada pela atividade física, mas é na corrida que consigo fazer um verda-

deiro detox à mente, principalmente quando corro longas distâncias.

Nas fases de preparação para as maratonas de Berlim e de Londres, foram as corridas

com duração superior a 90 minutos que me ajudaram a controlar a minha ansiedade e

me deram capacidade para organizar os meus dias.

Durante os meses de março e abril de 2019, a dias de abrir o meu E-FIT Isabel Silva,

tive de tomar decisões importantes, estar atenta e aprender sobre este novo modelo

de negócio.

Sentia-me ansiosa, achava que não conseguia estar em todas as frentes a 100%, o que é

normal, mas numa fase inicial ainda temos tendência para acreditar que é possível. Mesmo

quando conseguia estar em todo o lado, sentia sempre que podia ter feito mais aqui e ali.

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Tudo sensações que só acalmavam quando calçava as sapatilhas e começava um treino

de 30 quilómetros, sempre junto ao rio. Durante aquelas duas horas e qualquer coisa,

tudo o que realmente importava era a minha preparação. Mesmo que me viessem à

cabeça outras coisas, acabava por conseguir limpar a mente e manter o foco no treino.

Esta meditação faz todo o sentido para mim: durante cerca de duas horas e meia vivo

numa bolha que me faz levitar e viver outra realidade.

Eu continuo a ser a Isabel que coloca a carroça à frente dos bois, como diz a minha mãe.

O problema ainda não existe e já estou a sofrer por antecipação. Chega a ser sufocante.

É nesses momentos que é fundamental fechar-me na minha bolha da corrida, focar-me

no momento e limpar a cabeça. Só assim consigo desfrutar da minha passada, escutar a

minha respiração, entender cada movimento do corpo e sentir na cara o calor do sol ou

a brisa do mar. É uma sensação linda e inspiradora. Rejuvenesço a mente. É também

por isso que depois do treino, e muitas vezes após um belo mergulho no mar, me sinto

mais criativa, proativa e cheia de vontade de abraçar o mundo.

É curioso perceber que os problemas que, antes da corrida, tinham proporções gigan-

tes, no final são apenas um desafio que sei como vou superar.

Não basta dizermos que «agora não vamos pensar mais nos problemas», isso comigo

não resulta. O que funciona é fazer algo que me obrigue a desligar e a desintoxicar,

por isso, corro. Corro durante muito tempo, mas sempre sem vontade de fugir. São tudo

estratégias para conseguir viver a minha vida da melhor forma possível. Todos temos

uma fórmula, só temos de a encontrar. E, para isso, temos de parar.

São estes detalhes que me dão alento e vontade de continuar a dar seguimento aos

meus projetos. Para conseguir fazer o que quero, com qualidade, preciso desta paz, mas

também de uma grande equipa.

Se há coisa de que me orgulho é de estar a fazer as escolhas certas. Hoje, sinto que

estou bem rodeada. Sei o brilho que tenho e sei bem aquilo que me torna única e espe-

cial. Mas também sei que tudo funciona porque todos fazem acontecer. Escrevo livros

e artigos no blogue com alma e coração, abri um ginásio e tenho sócios felizes, apre-

sento programas de televisão e faço reportagens com alegria e entusiasmo, sou a

mãe do Caju e ele gosta de ser meu filho, sou uma maratonista que corre de peito

orgulhoso e vou ser muitas mais coisas. E a minha família está sempre lá.