Fichamento 8- Weber

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Universidade de Brasília Instituto de ciências políticas Teoria Política Moderna Professor Leonardo Barreto Camila Cortopassi Buso Matrícula:06/31558 A Ética Protestante e o Capitalismo O problema: por que os homens de negócio e donos de capital, assim como os trabalhadores mais especializados e o pessoal mais habilitado técnica e comercialmente nas modernas empresas são protestantes. É bem verdade que a participação dos protestantes na propriedade do capital pode estar relacionada à circunstâncias históricas oriunda de uma passado distante, nas quais as filiações religiosas poderiam ser até certo ponto resultados da condição econômica. Mas, para Weber a explicação da falta de especialização nas carreiras que é uma característica digna dos católicos é que as peculiaridades mentais e espirituais adquiridas no meio ambiente, em especial do tipo de educação favorecido pela educação religiosa da família e, portanto do lar assim também seria responsável pela escolha da carreira. Weber, para determinar o que é o “Espírito Capitalista” é necessário descrever o que é espírito do capitalismo livre de qualquer relação direta com religião e, portanto, livre de preconceitos. Weber apresenta uma série de ditos populares que apresentam em síntese, uma filosofia da avareza parecendo ser o ideal dos homens honestos, de crédito reconhecido e, acima de tudo a idéia de dever que o indivíduo tem no sentido de aumentar o próprio capital, assumindo como um fim em si mesmo. A infração dessas regras não é tratada como tolice, mas como um esquecimento do dever. O ganhar mais e mais dinheiro, combinado com o afastamento estrito de todo prazer espontâneo de viver é, acima de tudo, completamente isento de qualquer mistura hedonista, é pensado puramente como um fim em si mesmo, que do ponto de vista da felicidade ou da utilidade para o indivíduo parece algo transcendental e completamente irracional. Com essa filosofia o homem é

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De acordo com o livro A Ética Protestante e o Capitalismo a participação dos protestantes na propriedade do capital pode estar relacionada à circunstâncias históricas oriunda de uma passado distante, nas quais as filiações religiosas poderiam ser até certo ponto resultados da condição econômica. Nesta resenha, discute-se uma solução para o problema: por que os homens de negócio e donos de capital, assim como os trabalhadores mais especializados e o pessoal mais habilitado técnica e comercialmente nas modernas empresas são protestantes?

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Universidade de BrasíliaInstituto de ciências políticasTeoria Política ModernaProfessor Leonardo BarretoCamila Cortopassi BusoMatrícula:06/31558

A Ética Protestante e o Capitalismo

O problema: por que os homens de negócio e donos de capital, assim como os trabalhadores mais especializados e o pessoal mais habilitado técnica e comercialmente nas modernas empresas são protestantes.

É bem verdade que a participação dos protestantes na propriedade do capital pode estar relacionada à circunstâncias históricas oriunda de uma passado distante, nas quais as filiações religiosas poderiam ser até certo ponto resultados da condição econômica.

Mas, para Weber a explicação da falta de especialização nas carreiras que é uma característica digna dos católicos é que as peculiaridades mentais e espirituais adquiridas no meio ambiente, em especial do tipo de educação favorecido pela educação religiosa da família e, portanto do lar assim também seria responsável pela escolha da carreira.

Weber, para determinar o que é o “Espírito Capitalista” é necessário descrever o que é espírito do capitalismo livre de qualquer relação direta com religião e, portanto, livre de preconceitos. Weber apresenta uma série de ditos populares que apresentam em síntese, uma filosofia da avareza parecendo ser o ideal dos homens honestos, de crédito reconhecido e, acima de tudo a idéia de dever que o indivíduo tem no sentido de aumentar o próprio capital, assumindo como um fim em si mesmo. A infração dessas regras não é tratada como tolice, mas como um esquecimento do dever. O ganhar mais e mais dinheiro, combinado com o afastamento estrito de todo prazer espontâneo de viver é, acima de tudo, completamente isento de qualquer mistura hedonista, é pensado puramente como um fim em si mesmo, que do ponto de vista da felicidade ou da utilidade para o indivíduo parece algo transcendental e completamente irracional. Com essa filosofia o homem é dominado pela geração de dinheiro, pela aquisição como propósito final de vida e não mais como um meio para a satisfação de suas necessidades materiais. O mais importante imponente com o qual o espírito do capitalismo teve de lutar foi contra o tradicionalismo. Identifica-se por tradicionalismo que o homem não deseja naturalmente ganhar mais e mais dinheiro, mas viver simplesmente como foi acostumado a viver e ganhar o necessário para isso. Nessa filosofia o baixo salário não é sinônimo de trabalho barato, mas de falta de comprometimento com a especialização.

A idéia de religião par o moderno capitalismo se apresenta como um meio para afastar as pessoas do trabalho. O sistema capitalista precisa tanto ser objeto de devoção à vocação para fazer dinheiro que de fato, não é mais necessário suporte de qualquer força religiosa e percebe-se que as tentativas da religião de influenciar a vida econômica parecem ser manifestações de manipulação do Estado.

O conceito mais antigo de vocação pode ser entendido como: a valorização do cumprimento do dever nos afazeres seculares como a mais elevada forma que a atividade ética do indivíduo pudesse assumir. O único modo de vida aceitável por Deus não estava na superação da moralidade mundana pelo ascetismo monástico, mas unicamente no cumprimento das obrigações impostas ao indivíduo pela sua posição no mundo. Essa era a sua vocação, era encarar a renúncia aos deveres deste mundo como

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produto do egoísmo.Sua vocação é algo que o homem deve aceitar como uma ordem divina, à qual deveria se adaptar.

Weber adota como ponto de partida das investigações das relações entre a velha ética protestante e o capitalismo, o trabalho de Calvino, o calvinismo e outras seitas puritanas.A contribuição para a compreensão de como as idéias se tornam forças efetivas ao longo da história tentando tornar claro o papel que foi desempenhado pelas forças religiosas no desenvolvimento da teia de nossa cultura secular moderna, na complexa interação dos inúmeros e diversos fatores históricos, fatores estes, que não podem ser atribuídos a qualquer lei econômica, nem são suscetíveis de explicação econômica de qualquer espécie, em especial os processos puramente políticos, devem ter contribuído para que as Igrejas recém-criadas pudessem ao menos sobreviver.

Weber não deseja sustentar a tese pela qual o espírito do capitalismo possa ter surgido apenas como resultado de certos efeitos da Reforma, ou mesmo que o capitalismo, como sistema econômico, seja efeito da Reforma, ele quer apenas se certificar se, em que medida, as forças religiosas tomaram parte na formação qualitativa e na expressão quantitativa desse espírito pelo mundo. Além disso, verificar aspectos de nossa cultura capitalista podem apontar para a formação qualitativa do espírito capitalista pelo mundo.

Na história, houve quatro formas principais de protestantismo ascético, ou seja: o calvinismo, na forma que assumiu a principal área de influencia na Europa Ocidental, o pietismo, o metodismo e as seitas batistas.

Calvinismo: para essa religião o Pai do céu do antigo testamento cristão, tão humano e compreensivo, que se regozija com o arrependimento de um pecador, desapareceu. Para o Calvinismo, o lugar que este Deus ocupava foi ocupado por um ser transcendental, além do alcance da compreensão humana, que com Seus decretos incompreensíveis decidiu o destino de cada indivíduo e regulou os mínimos detalhes do Universo para a eternidade. E uma vez que Seus decretos são imutáveis, a Graça seria tão impossível de ser obtida por aqueles a quem ele negou que geraria uma profunda dúvida em relação à quem seriam os negados por este Deus, provocando um profundo sentimento de solidão dentro do indivíduo. A coisa mais importante da vida para o homem do tempo da Reforma, a sua salvação eterna era problematizada de forma diferente para o calvinismo: a completa eliminação da salvação por meio da Igreja e dos sacramentos foi o que definiu a diferença absolutamente decisiva em relação ao catolicismo. Outra característica do Calvinismo foi o desaparecimento quase total da confissão, estímulo psicológico para o desenvolvimento da atitude ética do fiel. O conflito entre o indivíduo e a ética não existia para o Calvinista, apesar do indivíduo se colocar sob a inteira autonomia em matéria de religião. Para o Calvinista era mantido em constante dever considerar a si mesmo como um escolhido e combater qualquer tentação do diabo pois a perda da autoconfiança era resultado de fé insuficiente e, portanto de graça imperfeita. Na prática isso significa que Deus ajuda a quem se ajuda portanto, o Calvinista cria por si a própria salvação, já que o Deus do Calvinismo exige de seus crentes não boas ações isoladas, mas uma vida de boas ações combinadas em um sistema unificado onde a finalidade do ascetismo religioso provocado por ele é capacitar para uma vida alerta e inteligente: a tarefa mais urgente, de anular o contentamento espontâneo e impulsivo, era o meio mais importante para trazer ordem à conduta de seus seguidores.

Pietismo: A doutrina da predestinação é também o ponto de partida deste movimento ascético. Esse movimento lutava para assegurar a salvação na vida diária da vocação laica, o efeito prático dos princípios pietistas foi o controle ascético até mais rigoroso da conduta na vocação. À medida que o elemento ascético e racional do

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pietismo contrabalanceava o emocional, as idéias essenciais para a tese de Weber são: que o desenvolvimento metódico do estado de graça do indivíduo para graus sempre mais altos de certeza e perfeição em termos da lei eram sinais de graça e que a Providência de Deus trabalha por meio daqueles que estão em tal estado de perfeição. Comparando-se o Pietismo com o Calvinismo, este aparece bem mais estritamente relacionado ao rigoroso legalismo e à ativa empresa dos empreendimentos capitalistas- burgueses, a forma de pietismo puramente emocional é um dilema para as classes ociosas.

Metodismo: caracterizado como uma religião emocional entrou em uma aliança peculiar, com dificuldades inerentes de certa forma com as éticas ascéticas que haviam sido marcadas definitivamente com a racionalidade pelo puritanismo, visto que, esta religião mantinha o princípio do puro sentimento do absoluto perdão, derivado imediatamente do testemunho do espírito. O indivíduo poderia obter santificação mesmo nesta vida, a consciência da perfeição no sentido de libertação do pecado, por uma ulterior transformação espiritual, reavivendo as doutrinas segundo as quais as obras não seriam a causa, mas apenas o meio de se conhecer o estado de graça de alguém. A ética metodista repousa sobre uma base de incerteza, parecendo criar um complemento para a pura doutrina das obras.

As seitas batistas: os batistas diferem em princípio da doutrina calvinista onde a instituição não era mais vista como um tipo de fundação confiável com fins sobrenaturais, mas sim uma instituição que deveria incluir justos e injustos tanto para aumentar a glória de Deus como para trazer aos homens os meios da salvação. Tanto que, somente um adulto que tivesse adquirido pessoalmente sua própria fé poderia ser batizado sendo o significado de fé no sentindo do conhecimento das doutrinas da Igreja, e também na busca arrependida da graça divina.