Fichamento a Mobilidade Social No Brasil Pastore e Silva

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MOBILIDADE SOCIAL NO BRASIL JOSÉ PASTORE E NELSON DO VALLE SILVA

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MOBILIDADE SOCIAL NO BRASILJOS PASTORE E NELSON DO VALLE SILVAO SIGNIFICADO DA MOBILIDADE SOCIALO Significado da Mobilidade SocialO livro o resultado de uma pesquisa que examina a dinmica da mobilidade social no Brasil, comparando dados de 1973 com informaes semelhantes de 1996.Anlise de coortes de idade dos informantes (chefes de famlia, homens entre 20 e 64 anos de idade), para visualizar a evoluo da estrutura social brasileira ao longo de todo o sculo XX.O Significado da Mobilidade SocialOs estudos de mobilidade social no so como flashes de curto prazo, mas como filmes que procuram captar a dinmica e a evoluo das sociedades ao longo das dcadas. Os estudos de mobilidade social tm a capacidade de registrar mudanas de longo prazo e de grande profundidade. A forma da estrutura social e da composio dos estratos sociais em vrios tempos (coortes de idade).A MOBILIDADE DO PASSADOA Mobilidade do Passado1973 Primeiro ano que o IBGE recolhe informaes sobre Mobilidade SocialA dcada de 20 foi marcada por um aumento da capacidade de produo em vrias reas (energia, cimento e ao). A dcada de 40 veio acelerar o processo de expanso comercial , dos meios de transporte e econmico.As dificuldades de importao devido Segunda Guerra acabaram por proteger o pas economicamente e estimular a produo daqueles produtos antes industrializados.Na dcada de 50 no mercado interno j era substituda as importaes de bens de consumo iniciando-se a produo de bens durveis. A Mobilidade do PassadoMovimentos ocorridos na economia e no mercado de trabalho;Variaes de ao entre coortes de idade diferentes.Ex.:Uma pessoa de 64 anos em 1973, entrou no mercado de trabalho em 1923. J a pessoa entre 40 e 50 anos de idade em 1973, comeou a trabalhar em 40 ou 30). A Mobilidade do PassadoBrasil no incio do sculo XX predominantemente rural . A indstria incipiente. Os empregos relacionados rea txtil e agroindustrial. Dcada de 20 aumento da capacidade de produo e da importao dos bens de capital. A Mobilidade do PassadoOs dados coletados em 1973 refletem todas essas mudanas na economia, revelando muita mobilidade social. Em relao aos seus pais, quase 50% dos filhos (47,1%) subiram na escala social; 41,6% ficaram imveis, permanecendo na mesma posio de seus pais; e 11,3% desceram na escala social.9A Mobilidade do PassadoANLISE POR COORTESMobilidade descendente mais jovens (20 a 30 anos)- por ainda estarem no incio das suas carreiras (chance de chegar e at ultrapassar a posio dos seus pais) e os mais velhos, por uma situao consolidada (51 a 64 anos).Mobilidade ascendente coortes intermedirios (31 a 40 anos e 41 a 50 anos).A maior parte da populao passou de um estrato social baixo para outro imediatamente superior. A menor parte saltou vrios degraus na escala social. A maioria subiu pouco a minoria subiu muito.A Mobilidade do PassadoA conjugao desses movimentos provocou um estiramento da estrutura social e, portanto, uma acentuao da desigualdade. O estudo com base nos dados de 1973 esclareceu o aparente paradoxo entre os dois fenmenos aos mostrar que mobilidade e desigualdade convivem h vrias dcadas na estrutura social brasileira.A Mobilidade do PassadoO grosso da mobilidade ascendente foi a base da pirmide social, mesmo porque uma grande parte dos pais de origem rural, desfrutando de um status social muito baixo, a partir do qual toda e qualquer movimentao dos filhos representaria ascenso social.Transformaes mercado de trabalho 50 a 70 as grandes massas que entraram nas ocupaes do baixo tercirio (trabalhos manuais sem qualificao) da zona urbana ascenderam em relao a seus pais. A Mobilidade do PassadoA ascenso social representou melhoria no padro de vida, uma elevao do nvel de consumo, e a abertura de novas oportunidades de acesso escola, ao trabalho e renda para uma parcela significativa das novas geraes.A Mobilidade do Passado

A Mobilidade do PassadoEntre os filhos que nasceram de pais que pertenciam ao estrato baixo-inferior (trabalhadores da zona rural) e que subiram na escala social, cerca de um tero passou para o estrato baixo-superior (trabalhadores no-qualificados da zona urbana), podendo-se dizer terem sado da pobreza rural e entrado para a pobreza urbana.A Mobilidade do Passado

A Mobilidade do PassadoEntre 60 e 70, a indstria de transformao aumentou de forma extraordinria a sua participao relativa no emprego salto em 8,6 para 11% e depois para 15,7%. A expanso do emprego nas indstrias modernas ocorreu de forma acelerada (automveis, metalurgia, qumica, petroqumica, etc.). Os empregos na indstrias tradicionais (txtil, couro, vesturio, alimentos, bebidas, etc.) aumentou mais lentamente. Porm mais tardiamente, no mesmo ano, houve uma reativao do emprego nas indstrias tradicionais.A construo de habitaes e de obras pblicas incorporou ao mercado de trabalho urbano, em posio social mais alta do que a sua origem, uma grande massa de migrantes de origem rural do sexo masculino.A Mobilidade do PassadoMas, a expanso da indstria e dos servios urbanos passou a demandar, tambm, um nmero crescente de trabalhadores qualificados, particularmente para atividades de controle da produo e da administrao das empresas pblicas e privadas.Nos estgios iniciais de desenvolvimento, predomina a mobilidade estrutural. Neste tipo de mobilidade, as pessoas sobem na estrutura social ao preencher as novas vagas, independentemente de estarem preparadas para o exerccio das funes. No caso, essa mobilidade foi facilitada pela criao de vagas e essas foram preenchidas independente da ocupao das pessoas. Bem diferente da mobilidade circular na qual para um pessoa subir na pirmide social, outra precisa descer (por morte, desemprego ou aposentadoria).A Mobilidade do PassadoEm segundo lugar, a multiplicao de empregos do baixo tercirio, de pouca qualificao, distribuiu pequenas gratificaes e prestgio social para enormes massas de trabalhadores, como o caso de entregadores, office-boys, vendedores ambulantes e toda uma gama de ocupaes do setor informal urbano. A Mobilidade do PassadoDurante os anos 60 e 70 as taxas de crescimento anuais ultrapassaram da marca dos 4% ao ano. O inchao das cidades teve muito a ver com a expanso dos servios e das ocupaes do baixo-tercirio.O Estado como tendo um papel importante na acelerao do crescimento econmico e da prpria mobilidade social - A criao de empresas privadas nos setores de ponta e de empresas estatais no setor de infra-estrutura, associou-se expanso do setor financeiro e de outros servios, criando a referida diversificao de ocupaes nas zonas urbanas, o que constituiu uma fora poderosa promoo da mobilidade estrutural, redundando na ascenso social dos profissionais que vieram ocupar as vagas criadas. A MOBILIDADE DO PRESENTEA Mobilidade do PresenteOs dados mais recentes, de 1996, reproduziram o fenmeno anteriormente observado. A mobilidade social continuou intensa, mas com pequenas variaes, e a estrutura social permaneceu desigual. Repetiu-se novamente a mesma trajetria: muitos subiram pouco e poucos subiram muito.Houve um aumento de 5% dos brasileiros mveis (chefes de famlia, homens, de 20 a 64 anos de idade), quando comparados com os dados de 1973. A Mobilidade do PresenteO incremento de 5% na mobilidade social indica uma sociedade um pouco mais dinmica, sem dvida. Porm, como o verificado em 1973, o grosso da mobilidade ascendente continuou sendo de curta distncia, e decorrente do esvaziamento gradual do estrato social mais baixo e composto dos trabalhadores rurais. A Mobilidade do PresenteOs dados do passado diziam que a mobilidade social era predominantemente estrutural, ou seja, somente porque houveram novas oportunidades de trabalho (indstria, comrcio, bancos, empresas estatais, - anos 50 e 70) que os trabalhadores rurais mudaram de posio social. A Mobilidade do PresenteDe fato, no passado, houve pouca mobilidade por trocas de posies (mobilidade circular), que geralmente ocorre nas sociedades mais desenvolvidas. Mas, o Brasil atual exibe uma leve reduo da mobilidade estrutural e uma razovel elevao da mobilidade circular que aumentou 24% entre 1973-96. Tudo indica que o mercado de trabalho est se tornando mais competitivo. Para algumas pessoas subirem, outras tm de desocupar a posio que ocupam. O peso da qualificao, competncia e educao aumentou, quando se comparam os dados de 1996 com os de 1973.A Mobilidade do PresenteNas dcadas mais recentes, a estrutura ocupacional brasileira abriu-se em reas importantes. No topo da pirmide, por exemplo, o estrato social mais alto a elite passou de 3,5% para quase 5% e o estrato mdio-superior classe mdia alta saltou de 6% para quase 7,5%. No caso da elite, o aumento foi de 43% e no do estrato mdio-superior, 25%.A Mobilidade do PresenteUma marcante reduo da base da pirmide social. Entre os pais chefes de famlia de 1973, 65% pertenciam ao estrato baixo inferior (lavradores, pescadores, braais do meio rural, etc.). J entre seus filhos, esse porcentual caiu para 32%. No caso de 1996, a queda prosseguiu. Os pais dos chefes de famlia eram 55% e os filhos, 24%.A Mobilidade do PresenteNo h estrato social algum que tenha se reproduzido inteiramente. O que mais se aproxima dessa situao o estrato baixo-inferior: 90% dos trabalhadores rurais so filhos de trabalhadores rurais. No outro extremo da pirmide social, o estrato alto, a proporo de auto-reproduo de apenas 18,4%. Ou seja, menos de 20% dos integrantes da classe alta so filhos da prpria classe alta. Mais de 80% chegaram naquela posio, vindas de estratos mais baixos.A Mobilidade do PresenteA mobilidade continuou, mas o facilidade ou dificuldade de continuar de se movimentar da estrutura social no se alterou de modo significativo. A fluidez continua grande nos estratos mais baixos e as chances de mobilidade se mantiveram constantes. Em suma, a sociedade brasileira prosseguiu no seu dinamismo. As pessoas continuam entrando e saindo de diferentes estratos sociais. Isso sugere que os pobres no permanecem pobres a vida inteira. O volume de entrada e sada de pessoas nos estratos sociais mais baixos muito grande, e se faz em alta velocidade. A Mobilidade do PresenteQUAIS AS FORAS QUE OPERARAM POR TRS DESSAS MUDANAS NO PERODO MAIS RECENTE?A Mobilidade do PresenteA reviravolta no crescimento econmico, o aumento do desemprego e a deteriorao do emprego formal tiveram grande responsabilidade no pequeno aumento ocorrido na mobilidade social (5%). A mobilidade social s no foi menor devido compensao trazida pela expanso das oportunidades educacionais. Esse foi um fenmeno marcante dos ltimos 30 anos. Os avanos foram significativos entre os anos 70 e final dos anos 90.A Mobilidade do PresenteO analfabetismo diminuiu entre os grupos de 15 a 19 anos, de 16,5% em 1980 para 6,0% em 1996. No grupo de 20 a 24 anos, a reduo foi de 15,6% para 7,1% no mesmo perodo.As pessoas mais jovens se valeram da educao para ingressar nos postos de trabalho formais (que exigiam maior qualificao) , o que estimulou a ascenso social.A Mobilidade do Presente

A Mobilidade do PresenteNos ltimos 30 anos, registrou-se tambm um vigoroso crescimento das matrculas em todos os nveis de ensino.

A Mobilidade do PresenteEm 1996 as redes de ensino do Brasil foram capazes de atender a todas as crianas de 7 a 14 anos, mas as taxas de abandono continuavam elevadas.Mas os sinais dos anos mais recentes so de melhora. Em 1994, apenas 55% dos alunos matriculados no ensino fundamental tinham expectativa de conclu-lo. Essa proporo subiu para 65% em 1996. Naquele ano cerca de 50% dos estudantes do ensino mdio eram filhos de pais que no completaram o ensino fundamental. 11% dos pais possuam o ensino mdio; e apenas 5% tinham completado o nvel superior. A Mobilidade do Presente

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A Mobilidade do PresenteO avano da educao est muito aqum do que exigido pela revoluo tecnolgica e pela globalizao da economia. Mas o progresso educacional foi expressivo no perodo 1970-98, constituindo-se um elemento importante da manuteno e at da pequena elevao da mobilidade social no Brasil. Os dados apresentados nos prximos captulos indicam ainda uma forte relao entre a melhoria educacional e o aumento da mobilidade circular, que prpria de ambientes mais competitivos.A Mobilidade do PresenteA intensidade da mobilidade social no Brasil mostra que a grande maioria dos brasileiros est em movimento quase permanente. Uma grande partes das pessoas no chega a permanecer no mesmo status socioeconmico o tempo suficiente para gerar uma solidariedade de classe. Mal chegam a um destino, e logo partem para outro. A Mobilidade do Presente

A METODOLOGIA BSICA DA MOBILIDADE SOCIAL