FICHAMENTO_Sobre a essência e a forma do ensaio_uma carta a Leo Popper_Lukács

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1 FICHAMENTO LUKÁCS, Georg. Sobre a essência e a forma do ensaio: uma carta a Leo Popper. Tradução de Mario Luiz Frungillo. Revista UFG. jun. 2008. Disponível em: < http://www.proec.ufg.br/revista_ufg/junho2008/Textos/essenciaF ormaEnsaio.htm >. Acesso em: 25 dez. 2013. Problematiza se haveria no ensaio uma nova forma, peculiar, se há um mesmo principio em todos eles; A possibilidade da unidade de forma entre diversos ensaios; Em que medida esta forma é autônoma; PROXIMIDADE COM A ARTE “em que medida o modo de ver e sua configuração subtraem a obra do campo das ciências e colocam ao lado da arte sem, contudo, apagar as fronteiras entre ambas;” (LUKÁCS, 2008, p. 1). Propõe observar o ensaio enquanto obra de arte; como gênero artístico; Afirma que no estudo do ensaio têm-se concentrado muito apenas no aspecto da “bela escrita”; “que o ensaio possa ter o mesmo valor estilístico de uma obra literária e que, portanto, seria injustificado falar a esse respeito em diferenciação de valores; Problematiza a questão de que aquilo que é escrito é uma obra de arte; Lukács defende que o ensaio “possui uma forma que o distingue com inapelável rigor de lei de todas as outras formas artísticas”, propondo-se a “isolá-lo” e “defini-lo” “como uma forma de arte”. (LUKÁCS, 2008, p. 2).

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FICHAMENTO

LUKÁCS, Georg. Sobre a essência e a forma do ensaio: uma carta a Leo Popper. Tradução de Mario Luiz Frungillo. Revista UFG. jun. 2008. Disponível em: < http://www.proec.ufg.br/revista_ufg/junho2008/Textos/essenciaFormaEnsaio.htm>. Acesso em: 25 dez. 2013.

Problematiza se haveria no ensaio uma nova forma, peculiar, se há um mesmo principio em todos eles;

A possibilidade da unidade de forma entre diversos ensaios; Em que medida esta forma é autônoma;

PROXIMIDADE COM A ARTE“em que medida o modo de ver e sua configuração subtraem a obra do campo das ciências e colocam ao lado da arte sem, contudo, apagar as fronteiras entre ambas;” (LUKÁCS, 2008, p. 1).

Propõe observar o ensaio enquanto obra de arte; como gênero artístico; Afirma que no estudo do ensaio têm-se concentrado muito apenas no aspecto da “bela

escrita”; “que o ensaio possa ter o mesmo valor estilístico de uma obra literária e que, portanto, seria injustificado falar a esse respeito em diferenciação de valores;

Problematiza a questão de que aquilo que é escrito é uma obra de arte;

Lukács defende que o ensaio “possui uma forma que o distingue com inapelável rigor de lei de todas as outras formas artísticas”, propondo-se a “isolá-lo” e “defini-lo” “como uma forma de arte”. (LUKÁCS, 2008, p. 2).

O autor propõe-se a fazê-lo não apontando o que aproximaria o ensaio das formas literárias, mas sim o que o diferencia delas;

Pontua, inicialmente, que a aproximação do ensaio, seja das artes ou das ciências, em nada interfere no que se sabe ou se acredita sobre cada um destes campos.

DIFERENCIAÇÃO ENTRE CIÊNCIA E ARTE“Na ciência são os conteúdos que agem sobre nós, na arte são as formas; a ciência nos oferece fatos e suas conexões, a arte, por sua vez, almas e destinos. Aqui os caminhos se separam; aqui não existe nenhum sucedâneo nem transições. Ainda que nas épocas primitivas, ainda indiferenciadas, ciência e arte (e religião e ética e política) não se distinguissem e formassem uma unidade, assim que a ciência se emancipou e se tornou autônoma, tudo quando fosse preparatório perdeu seu valor. Apenas quando algo dissolveu todo seu conteúdo em forma e se tornou pura arte ele deixa de ser supérfluo; mas, então, sua antiga cientificidade é totalmente esquecida e perde todo seu significado.” (LUKÁCS, 2008, p. 2).

A ESCRITA SOBRE ARTE

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“Existe, portanto, uma ciência da arte, mas existe ainda um modo completamente diferente de manifestação do temperamento humano, cujo meio de expressão, na maioria das vezes, é a escrita sobre a arte. Na maioria das vezes, eu disse, pois há muitos escritos que se originaram de tais sentimentos sem nunca chegar a tocar nem a literatura nem a arte, nos quais as mesmas questões vitais são postas sobre a mesa, como naquelas escritos que se chamam críticas; mas, neste caso, as questões são dirigidas diretamente à vida, sem a necessidade de nenhuma mediação da literatura ou da arte. E justamente os escritos dos maiores ensaístas são desta espécie: os diálogos de Platão e os escritos dos místicos, os ensaios de Montaigne e as páginas de diário imaginárias e as novelas de Kierkgaard. Uma série infinita de quase imperceptíveis transições sutis leva daqui até à literatura.” (LUKÁCS, 2008, p. 2).

DUPLICIDADE DE VIVÊNCIAS

O autor trata da existência da duplicidade de vivências, no sentido da “vida” enquanto própria vida do sujeito e da “vida” pensada no geral, na vida comum a qualquer sujeito e sobre a qual refletimos.

“Essa duplicidade distingue também os meios de expressão; a oposição aqui é entre a imagem e o “significado”. Um dos princípios é um criador de imagens, o outro um atribuidor de significados; para um existem apenas coisas, para o outro apenas suas relações, apenas conceitos e valores. A literatura em si nada conhece que esteja além das coisas; para ela cada coisa é algo de sério e único e incomparável. Por isso também ela não conhece as perguntas: não se fazem perguntas às coisas, apenas às suas relações; pois – como no conto de fadas – cada pergunta aqui se converte numa coisa, semelhante à que a despertou para a vida.” (LUKÁCS, 2008, p. 4).

PENSAMENTO “a negação de todas as perguntas não é uma formulação de pergunta, e sua recusa consciente uma tomada de posição?” (LUKÁCS, 2008, p. 4).

“todo escrever almeja tanto a unidade quanto a multiplicidade”. (LUKÁCS, 2008, p. 4).

A IMAGEM, A LITERATURA, O ESCRITO DOS CRÍTICOSVÍNCULO ENTRE IMAGEM E VIVÊNCIA - EXPERIÊNCIA“E vou mais longe: a separação entre imagem e significado também é uma abstração, pois o significado sempre está envolto em imagens e o reflexo de um brilho que está além das imagens fulgura através de cada imagem. Toda imagem é de nosso mundo e a alegria desta existência brilha em seu rosto; mas ela se recorda e nos recorda de algo que foi certa vez, de um certo lugar, de sua pátria, do único que no fundo é importante e significativo para a alma. Sim, em sua pureza nua elas são tão-somente abstrações, estes dois extremos da sensibilidade humana, mas só com a ajuda de tal abstração eu poderia designar os dois pólos da possibilidade de expressão escrita. E aqueles que mais decididamente se afastam das imagens,

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que com maior violência agarram o que está por trás das imagens, são os escritos dos críticos, dos platônicos e dos místicos.” (LUKÁCS, 2008, p. 4).

A TRAGÉDIA E O CONTO DE FADAS“Quanto mais profundamente a pergunta penetra – basta comparar a tragédia com o conto de fadas – mais lineares são as imagens, em menos superfícies se comprime tudo, mais pálidas e opacas se tornam as cores, mais simples a riqueza e a multiplicidade do mundo, mais semelhantes a uma máscara a expressão facial das figuras humanas.” (LUKÁCS, 2008, p. 5).

A FORMA E A VIVÊNCIA – A EXPERIÊNCIA“Pois o ensaísta precisa da forma apenas como vivência, e ele precisa apenas de sua vida, apenas da realidade anímica viva nela contida. Essa realidade, porém, pode-se encontrar em qualquer manifestação imediata, sensorial da vida, pode-se ler dela e nela; através de um tal esquema das vivências, pode-se vivenciar a vida mesma e dar-lhe forma.” (LUKÁCS, 2008, p. 6).

“E apenas por que a literatura, a arte e a filosofia correm aberta e diretamente ao encontro da forma, enquanto na vida mesma são somente a exigência ideal de uma certa espécie de homens e vivências, é necessária uma menor intensidade da capacidade de vivência crítica diante de algo a que se deu forma do que diante de algo vivido; por isso – numa primeira e superficial observação – a realidade da visão da forma parece menos problemática neste do que naquele. Mas só numa primeira e superficial observação, pois a forma da vida não é mais abstrata que a forma de um poema. Também nela a forma só se torna sensível por meio de abstração e sua verdade não é mais forte que a intensidade com que ela é vivenciada.” (LUKÁCS, 2008, p. 6).

O LEITOR TOMANDO CONSCIÊNCIA DAS VIVÊNCIAS A PARTIR DA LEITURA“Como em todo contexto verdadeiramente essencial, também aqui o efeito natural da matéria e a utilidade imediata se encontram: as vivências, para cuja expressão surgiram os escritos dos ensaístas, só se tornam conscientes para a maioria dos seres humanos pela contemplação das imagens ou pela leitura dos poemas, e mesmo nesse caso não possuem uma força que pudesse mover a vida mesma.” (LUKÁCS, 2008, p. 7).

IRONIA ENQUANTO AO CONSTITUTIVO DO ENSAIO“Refiro-me aqui à ironia que há no fato de que o crítico sempre fala das questões últimas da vida, porém sempre no tom de quem falasse apenas de quadros e livros, apenas dos ornamentos belos e não-essenciais da grande vida, e mesmo aqui não do mais íntimo do íntimo, e sim tão-somente de uma bela e inútil superfície. Tem-se, assim, a impressão de que todo ensaio estaria na maior distância possível da vida, e a separação parece tanto maior quanto mais ardente e dolorosamente sensível for a efetiva proximidade da verdadeira essência de ambos.” (LUKÁCS, 2008, p. 7).

“O ensaísta dá um piparote na própria esperança orgulhosa, que se ilude de ter chegado alguma vez próxima das coisas últimas – ora, tudo o que ele tem a oferecer são explicações

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dos poemas de outros ou, no melhor dos casos, de seus próprios conceitos. Mas ele se acomoda com ironia a essa pequenez, à eterna pequenez do mais profundo trabalho mental a respeito da vida, e ainda a sublinha com irônica modéstia. Em Platão, a conceitualidade é emoldurada pela ironia das pequenas realidades da vida.” (LUKÁCS, 2008, p. 7).

COMPROMISSO COM A VERDADE“Portanto, a crítica, o ensaio fala quase sempre de quadros, livros e idéias. Qual é sua relação com o que é representado? Costuma-se dizer: o crítico deveria falar a verdade sobre as coisas, mas o poeta não está comprometido com nenhuma verdade em relação a sua matéria.” (LUKÁCS, 2008, p. 7). 

TEMÁTICA DO ENSAIO – TRATA DE ALGO JÁ FORMADO / NATUREZA DO JORNALISMO LITERÁRIO DA ESCRITO POSTERIOR / PROJETO DO DOC DE JMS / PROCESSO DE MONTAGEM NO CINEMA“o ensaio fala sempre de algo já formado, ou ao menos de algo que já existiu; é, portanto, próprio de sua essência não retirar coisas novas de um nada vazio, e sim apenas reordenar aquelas que já foram vivas alguma vez. E porque ele apenas as reordena, em vez de formar algo novo do informe, ele está também comprometido com elas, tem sempre de dizer “a verdade” sobre elas, encontrar expressões para sua essência. Talvez se possa formular a diferença da maneira mais breve da seguinte maneira: a literatura retira da vida (e da arte) os seus motivos, para o ensaio a arte (e a vida) serve como modelo.” (LUKÁCS, 2008, p. 8).

SEMELHANÇA – COMPARAÇÃO COM O RETRATO - VEROSSIMILHANÇA “Talvez com isso a diferença já esteja definida: o paradoxo do ensaio é quase o mesmo que o do retrato. Você certamente pode ver o motivo? Não é verdade que diante de uma paisagem você nunca se pergunta: será que esta montanha ou este rio são realmente como foram pintados? Diante de qualquer retrato, porém, sempre vem à tona, involuntariamente, a pergunta sobre a semelhança. Examine um pouco este problema da semelhança, cuja tola e superficial menção não pode senão fazer desesperar os verdadeiros artistas. Você se vê diante de um retrato de Velázquez e diz: “Como é parecido”, e com isso sente que disse realmente algo a respeito do quadro. Semelhante? A quem? A ninguém, é claro. Afinal, você não tem a menor idéia de quem ele representa, e talvez nem possa vir a sabê-lo; e, mesmo que assim fosse, isso mal pode interessá-lo. Mas você sente: ele é semelhante. Em outros quadros são tão-somente as cores e as linhas que agem e você não tem a mesma sensação. Os retratos verdadeiramente significativos, portanto, nos dão, ao lado de todas as suas outras sensações artísticas, também esta: a vida de um ser humano que realmente viveu alguma vez, e nos impõem o sentimento de que a vida dele foi como as linhas e cores do quadro nos mostram. Apenas por vermos pintores travarem diante dos homens duras lutas por este ideal de expressão, e porque a aparência e as palavras de ordem desta luta não podem ser senão os de uma luta pela semelhança, é que damos tal nome a esta sugestão de vida, embora não haja ninguém no mundo a quem o retrato possa assemelhar-se. Pois mesmo que conheçamos a pessoa representada, a cujo retrato se possa chamar “semelhante” ou “dessemelhante” – não seria uma abstração afirmar de uma expressão ou de um momento arbitrário qualquer: esta é sua essência?”(LUKÁCS, 2008, p. 8).

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A QUESTÃO DA VERDADE NO ENSAIO‘Pois esta é a grande diferença: a literatura nos dá a ilusão de vida daquele que ela representa, em parte alguma se pode pensar em alguém por quem o representado possa ser medido. O herói do ensaio já viveu em alguma época, sua vida tem de ser representada assim, mas essa vida está justamente tão dentro da obra como tudo na poesia. Todos esses pressupostos da eficácia e da validade daquilo que ele observa, o ensaio os cria por si mesmo. Assim, não é possível que dois ensaios se contradigam um ao outro: pois cada um deles cria um outro mundo e mesmo quando, a fim de alcançar uma maior generalidade, ultrapassa-lhe os limites, ele permanece em tom, cor, ênfase, sempre no mundo criado, e portanto o abandona apenas em um sentido impróprio da palavra.” (LUKÁCS, 2008, p. 8).

A VERDADE DO MITO“Aqui não se trata da verdade comum, da verdade do naturalismo, que seria melhor chamar cotidianidade e trivialidade, e sim da verdade do mito, cuja força mantém vivos antiqüíssimos contos e lendas ao longo de milênios. Os verdadeiros poetas dos mitos buscavam tão-somente o verdadeiro sentido de seus temas, cuja verdade pragmática eles não podiam nem queriam abalar.” (LUKÁCS, 2008, p. 9).

PENSAMENTO – MAIS UM REGISTRO MASSA “Exigimos dos poetas e dos críticos que nos dêem símbolos da vida e imprimam a forma de nossas perguntas nos mitos e lendas que ainda vivem.” (LUKÁCS, 2008, p. 9).

Uma ciência da arte;

ACONTECIMENTOS ENQUANTO OPORTUNIDADE DE SE VER CONCEITOS“Para Sócrates, cada acontecimento era apenas uma oportunidade de ver conceitos com mais clareza, sua defesa diante dos juízes consistiu em conduzir ad absurdum alguns fracos lógicos – e sua morte?” (LUKÁCS, 2008, p. 10).

TRAGÉDIA E COMÉDIA – PONTO DE VISTA“a prioridade do ponto de vista, do conceito em relação ao sentimento”“Mas Sócrates também formulou – no mesmo grande diálogo – o eterno ideal dos homens de sua espécie, algo que jamais será compreendido nem pelos de ininterrupto sentir humano nem pelos profundamente poéticos em sua essência: que o mesmo homem deveria escrever as tragédias e as comédias, que o trágico e o cômico dependem totalmente do ponto de vista adotado. O crítico deu voz aqui ao seu mais profundo sentimento da vida: a prioridade do ponto de vista, do conceito em relação ao sentimento; ele formulou o pensamento mais profundamente anti-grego.” (LUKÁCS, 2008, p. 11).

O ENSAIO QUE PARTE DA OBRA PARA TRATAR DA EXPERIÊNCIA“Agora o ensaísta tem de refletir sobre si mesmo, encontrar-se e construir algo próprio com o que lhe é próprio. O ensaísta fala sobre um quadro ou um livro, mas logo o abandona – por quê? Eu acredito que seja porque a idéia deste quadro e deste livro se tenha tornado

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superpoderosa nele, porque por conta dela ele esqueceu completamente tudo quanto seja secundariamente concreto no quadro ou no livro, e se utiliza dele apenas como começo, como trampolim.” (LUKÁCS, 2008, p. 11).

ENSAIO – CARACTERÍSTICA – SER INCONCLUSIVO“Todo fim de verdade é um verdadeiro fim: o fim de um caminho, e se caminho e fim não são de fato nenhuma unidade e não podem ser ordenados lado a lado como iguais, eles têm, no entanto, uma coexistência: o fim é impensável e irrealizável sem o sempre renovado transcurso do caminho, ele não é uma permanência, e sim uma chegada, não um repouso, e sim uma escalada.” (LUKÁCS, 2008, p. 12-13).

IMPORTANTE NO ENSAIO É O PROCESSO DE JULGAR“O ensaio é um julgamento, mas o essencial nele não é (como no sistema) o veredicto e a distinção de valores, e sim o processo de julgar.” (LUKÁCS, 2008, p. 13).

O ENSAIO ENQUANTO GESTO DE ARTE“o ensaio é um gênero artístico, uma configuração própria e total de uma vida própria, completa. Só agora não soaria contraditório, ambíguo e algo como uma perplexidade chamá-lo obra de arte e, no entanto, sublinhar continuamente aquilo que o distingue da arte: ele se posiciona diante da vida com os mesmos gestos da obra de arte, mas apenas os gestos; a soberania desta tomada de posição pode ser a mesma, mas, para além disso, não há entre eles nenhum contato.” (LUKÁCS, 2008, p. 13).

“Poemas intelectuais”, definição de Schlegel para os ensaios e Hemsterhuis.