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Administrador José Rocha Diniz • Director Sérgio Terra • Nº 4955 • Terça-feira, 08 de Março de 2016 10 PATACAS PUB Fonte SMG 19 0 C/23 0 C • HOJE O recurso a “junkets” em Macau serve para “encorajar” a fuga de capitais chineses e o sistema de “dinheiro voador”, usado para remessas ilegais, adverte o Departamento de Estado dos EUA no novo relatório anual sobre crimes financeiros, man- tendo o território na lista das jurisdições mais “preocupantes”. Num tom mais crítico do que nos anos anteriores, Washington garante ainda que as seitas estão “activas” no sector do jogo e envolvidas em agiotagem e prostituição. Casinos “libertam” 1.133 “croupiers” num ano e não têm mais vagas Pág. 5 Planeados empréstimos para alunos aprenderem línguas no exterior Pág. 7 Plano para expandir aeroporto de Hong Kong ameaça voos em Macau Pág. 8 “Dinheiro voador” inquieta Washington Pág. 5 P ágs. 2 e 3 Dinossauros “em carne e osso” no Centro de Ciência Entre 23 de Março e 11 de Setembro, o Centro de Ciência de Macau vai apresentar uma exposição especial sobre o mundo dos dinossauros, composta por 14 réplicas mecânicas e 72 modelos em escala reduzida. A iniciativa incluirá ainda uma sé- rie de jogos interactivos, palestras, workshops, peças de teatro e até vi- sitas guiadas dramatizadas. Pág. 9 Nem na construção civil há igualdade salarial FOTO JTM FOTO CENTRO DE CIÊNCIA NO DIA INTERNACIONAL DA MULHER As “frases assassinas” que deixaram quase todo o país contra Cavaco Silva Pág. 15 Centrais Diplomacia económica não substitui influência cultural, avisa Pacheco Pereira

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Administrador José Rocha Diniz • Director Sérgio Terra • Nº 4955 • Terça-feira, 08 de Março de 2016 10 PATACAS

PUB

Fonte SMG

190C/230C• • • HOJE

O recurso a “junkets” em Macau serve para “encorajar” a fuga de capitais chineses e o sistema de “dinheiro voador”, usado para remessas ilegais, adverte o Departamento de Estado dos EUA no novo relatório anual sobre crimes financeiros, man-

tendo o território na lista das jurisdições mais “preocupantes”. Num tom mais crítico do que nos anos anteriores, Washington garante ainda que as seitas estão “activas” no sector do jogo e envolvidas em agiotagem e prostituição.

Casinos “libertam” 1.133 “croupiers” num ano e não têm mais vagas

Pág. 5

Planeados empréstimos para alunos aprenderem línguas no exterior

Pág. 7

Plano para expandir aeroporto de Hong Kong ameaça voos em Macau

Pág. 8

“Dinheiro voador” inquieta Washington

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Págs. 2 e 3

Dinossauros“em carne e osso”no Centro de CiênciaEntre 23 de Março e 11 de Setembro, o Centro de Ciência de Macau vai apresentar uma exposição especial sobre o mundo dos dinossauros, composta por 14 réplicas mecânicas e 72 modelos em escala reduzida. A iniciativa incluirá ainda uma sé-rie de jogos interactivos, palestras, workshops, peças de teatro e até vi-sitas guiadas dramatizadas. Pág. 9

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JORNAL TRIBUNA DE MACAU

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Quando Fong e Si pas-sam pelas portas de segurança de entra-

da e saída dos trabalhadores de uma das grandes obras do COTAI, muitos dos seus colegas já estão a regatear o preço de caixas de arroz com os diferentes vendedores que fazem da beira da estrada um espaço de comércio. Ainda não é meio-dia, mas as rou-pas das duas mulheres estão polvilhadas de pó e lama acu-mulando várias horas de tra-balho.

Há apenas cinco meses que Si optou pela construção civil atraída por um rendi-mento melhor. Embora este também seja um dos terrenos onde o valor do salário varia consoante o género, as mu-lheres acabam por conseguir receber mais do que pode-riam esperar ganhar noutro sector, sobretudo quando não possuem uma carteira de es-tudos.

Si é apenas uma das fa-ces reflectidas nos números. Segundo, os dados oficiais, anotados pela Associação dos Operários (FAOM), registou--se recentemente um aumen-to de mulheres a trabalhar na construção civil. “Em Macau não é muito fácil encontrar emprego, por isso, decidimo--nos por esta área. O trabalho foi-nos apresentado por ami-gos”, explica Si, de 41 anos, ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU, sem parar de abrir e fechar as caixas de arroz até encontrar algo que goste de comer. “Antes trabalhava num restaurante, mas o salá-rio não era suficiente para as nossas despesas. Aqui sempre ganhamos mais”, acrescenta.

Todos os dias chegam à obra por volta das 08:00 para fazer trabalhos diferentes, sem se importarem com o gé-nero. “Sem dúvida que este é um emprego muito cansativo. Às vezes não conseguimos fa-zer algumas coisas, como tra-balhos mais pesados, mas não é isso que me faz desistir des-te emprego”, conta, por sua vez, Fong, de 43 anos.

As entrevistas decorrem à porta do lote em construção sempre em movimento. Algu-mas mulheres aceitam falar de fugida, sem nome, entre as idas ao cacifo onde guardam os pertences - caixas de ferro quadriculado, como se fos-sem feitas de folhas maciças dos cadernos de matemática. Mas comprovam-nos que a construção civil não é apenas uma propensão recente. “Já trabalho há mais de 10 anos nesta área, porque este em-prego me dá mais liberdade”, indica outra trabalhadora.

O seu corpo é tão estreito quanto denso, como se fosse construído por blocos de ci-mento sem rugosidades. À pressa, para aproveitar a hora de almoço, a única pausa do trabalho, diz-nos apenas que “na altura [quando se decidiu pela construção civil] não era fácil encontrar um emprego” que lhe desse rendimentos à escala das necessidades. Por isso, preferiu ajudar a erguer a cidade, parede, a parede. “Acho que ganhamos bem”, concluiu, sem reservar mais tempo para perguntas.

À porta para começar

O trabalho na constru-ção civil é pago ao dia, tanto para homens como mulheres. No final de oito horas de tra-balho uma das destrinças é mais uma vez o numerário.

Enquanto que os homens ganham cerca de 1.000 pata-cas as mulheres recebem 700. Ainda assim, e sem pensar na marca das diferenças, cada vez mais mulheres têm batido à porta deste sector, na espe-rança de assegurar um lugar dentro daqueles reinos de pe-dra e cal.

Nem sempre é fácil encon-trar uma vaga num trabalho bem pago mas dependente do número de construções que vão avançando na RAEM. Por isso, logo de manhã, Lam e Sun deslocam-se a uma das grandes obras do COTAI para procurar emprego. “Viemos pedir que nos deixem traba-lhar aqui”, informam.

Enquanto os trabalhado-res saem para almoçar, as duas mulheres lamentam as últimas semanas sem empre-go. Mãos atrás das costas, olhos brilhantes, a condizer com os brincos, preparam-se para integrar uma acção de formação que lhes poderá dar acesso aos acabamento e de-corações de um dos grandes complexos com abertura mar-cada para breve.

“Procurámos este empre-go pela flexibilidade do ho-rário. Trabalhar num casino é muito complicado em ter-

mos de turnos, para nós que somos mães”, enfatiza Sun de 57 anos, que decidiu abraçar a construção civil ainda no age da economia local. “Há quase cinco anos que trabalho nas obras. Antes disso trabalha-va numa fábrica de têxteis e quando fechou encaminhei--me neste sentido”, disse an-tes de irem colocar o capacete.

Em Macau sempre houve mulheres na construção civil, mas a quebra de outras in-dústrias, como a fabril, puxou pelos algarismos. “De acordo com os dados do Governo, en-tre 2013 e 2015 registou-se um aumento no número de traba-lhadoras residentes nas obras, de mais de 3.000 para mais de 4.000”, indicou ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU Ella Lei Cheng I, deputada e re-presentante da FAOM.

Uma das características co-muns às mulheres que optam por esta profissão é “terem baixa escolaridade”. “Como não têm muitos estudos não podem assegurar outro em-prego que tenha um salário semelhante ao que conse-guem na construção civil”, aponta a deputada, apesar de notar que este é um trabalho instável tanto para mulheres como para homens. “Sabe-

mos que esta é uma profissão exigente em termos físicos, por isso, o nível do salário é mais elevado em comparação com outros trabalhos. Mesmo que haja instabilidade - estão dependentes das construções que existem - continua a ser uma profissão atractiva, pelo que o dinheiro ganho pode compensar os dias em que não conseguem trabalho”, in-dica ainda.

Ao mesmo tempo, na sua maioria, estas mulheres, que têm em média mais de 40 anos, “precisam de cuidar da família e também de con-tribuir financeiramente”. “Já trabalhei num casino e não gostava do horário, porque tenho que cuidar da minha fa-mília”, frisa Lam, de 51 anos, justificando a sua escolha. “O meu marido também traba-lha nas obras. E eu também o faço, porque preciso de cuidar dos meus filhos que são ado-lescentes, e nesta idade preci-sam de mim”, acrescenta.

A ideia é reforçada por Sun: “é que nós somos mães!”.

Ao início, descrevem Lam e Sun, “é difícil” habituarem--se; por vezes chegam às 07:00 e saem às 19:00. Levantam--se mais cedo para preparar o almoço, porque gostam de

Fátima Almeida e Viviana Chan

Trabalham em palcos de pedra e cal para conseguir assegurar os dois papéis principais das suas vidas: responsáveis pela família e profissionais que contribuem para as despesas do lar. Cada vez mais mulheres, na maioria com pouca escolaridade, optam pela construção civil, um terreno onde embora continuem a ganhar menos do que os homens acabam por conseguir salários mais elevados do que noutros sectores. A Associação dos Operários fala num aumento de 30% nos últimos dois anos com a explosão de obras do COTAI. No dia em que se assinala mais um ano da luta pelos direitos das mulheres, comemorado mundialmente, o JORNAL TRIBUNA DE MACAU foi conhecer as histórias das que não baixam os braços contra todas as contrariedades e instabilidades da economia

Antes trabalhava num restaurante, mas o salário não era suficiente para as nossas despesas. Aqui sempre ganhamos mais

Si, 41 anos

Terça-feira, 08 de Março de 201602 JTM | LOCAL

MAIS MULHERES TRABALHAM NA CONSTRUÇÃO CIVIL PELA FAMÍLIA E SALÁRIO

Construir o futuro com castelos de cimento

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Procurámos este emprego [a construção civil] pela flexibilidade do horário. Trabalhar num casino é muito complicado em termos de

turnos, para nós que somos mãesSun, 57 anos (à esq.)

Às vezes não conseguimos fazer algu-mas coisas, como trabalhos mais pesa-dos, mas não é isso que me faz desistir

deste empregoFong, 43 anos

Macau tem um sistema de regaliasque passa por apoiar as mulheres

de outra forma, por exemplo, atravésde subsídios, ou de das associações.

Mas, raramente toma acções para apoiar a formação das mulheres

de modo a elevar a sua competitividade no trabalho

Agnes Lam, docente da UM

Com o declínio da indústriamanufactureira as fábricas têxteis

fecharam e muitas mulheres ficaramdesempregadas. Penso que uma das

razões pela qual o Governo não permitea importação de croupiers e condutores,

é por saber a estrutura da populaçãoactiva do territórioElla Lei Cheng I, deputada

trazer a sua própria comida, mas depois o corpo agarra--se tanto ao trabalho que a dor maior não está nas costas, mas sim no peito.

Iliteracia e família

deixam poucas escolhasSou, de 51 anos, é o reflexo

da instabilidade. Das mulhe-res entrevistadas pelo JOR-NAL TRIBUNA de MACAU foi a única que não encon-trámos à porta de uma obra, mas antes numa associação do sector à procura de indi-cações. Sem saber ler nem es-crever, Sun criou duas filhas sozinha e do emprego como assistente numa creche, onde ganhava 5.000 patacas, voou para a construção civil, traba-lho que, por vezes, lhe garan-te cerca de 30.000, quando é possível fazer tempo extra, já que quatro horas extraordiná-rias são contabilizadas como mais um dia de trabalho.

“Não podia ir trabalhar para um casino porque tam-bém não sei os números”, re-fere, notando que até então acostumou-se apenas a embe-lezar os espaços de jogo onde muitos, depois, tentam multi-plicar os algarismos que não reconhece. “Na construção há muitas mulheres. Há tra-balhos que são apenas reser-vados aos homens. Por exem-plo, não usamos máquinas de soldar. Comecei na cons-trução no ano passado, mas já trabalho há cerca de cinco anos na decoração de interio-res, como pinturas”, refere.

Apesar das tarefas se-rem pesadas, o fardo maior para Sou é o desemprego. Há um mês que não a chamam. “Como não tenho trabalho sinto-me stressada e, às ve-zes, ao ponto de não me vi-rem imediatamente à cabeça os nomes das minhas filhas”, desabafa. “A natureza do tra-balho em si não é stressante, mas a falta dele”.

Acordar cedo, voltar a calçar as botas e colocar o ca-pacete de segurança, o mais brevemente possível, é o so-nho de Sou. Para afugentar a agonia do mês passado sem ordenado, Sou ri-se com as perguntas. “Às vezes, acho que trabalho melhor do que os homens, nem todos têm assim tanta força”, compara. “E as pessoas não acham que seja estranho trabalharmos na construção civil. Apenas nos dizem que é um trabalho bem pago, mas muito can-sativo. Eu gosto de o fazer e esperava que já amanhã en-contrasse uma vaga”, dispa-ra. “Nas obras não há coisas fáceis, mas também se não me cansar como posso ganhar dinheiro? E lá não há proble-mas em relação às mulheres que trabalharem. Às vezes di-zem a alguém para deixar es-tar determinado trabalho que outra pessoa o irá fazer, mas isso acontece mais no caso das pessoas que já têm algu-ma idade”, explica.

Sem escolaridade sufi-ciente, Sou ainda se focou na aprendizagem de vários tra-

balhos mais práticos, como beleza, hotel, empregada de mesa ou cozinheira, esta uma das profissões que na China, ao contrário da construção ci-vil, acolhe poucas mulheres. Contudo, também nenhuma destas áreas consegue servir as suas necessidades como a construção civil.

Elevar a competitividade

Macau tem ficado aquém das metas da UNESCO, que traçou a redução em 50% dos níveis de literacia em adultos, sobretudo no que diz respei-to ao alfabetismo das mulhe-res. Nos últimos 15 anos a RAEM conseguiu reduzir em 25% a iliteracia nos homens enquanto que nas mulheres ficou-se por uma diminuição de 15%, ou seja uma média de um ponto percentual por ano.

Contudo, Ella Lei Cheng I não aponta o dedo ao Gover-no pela falta de incentivo à formação, embora reconheça que nos rescaldos da década de 80 havia uma maior con-sideração sobre o potencial

do sexo feminino nos cargos que então ocupava nas fábri-cas. “Para elevar a capacida-de destas mulheres, por um lado, é necessário disponibili-zar a formação adequada; por outro exige-se uma boa polí-tica laboral. Posso dar como exemplo a indústria têxtil em Macau que conseguiu formar muitos técnicos sobretudo mulheres antes da década de 90, assegurando, na altura, formação às trabalhadoras que não tinham escolaridade, por considerarem que assim poderiam manter o empre-go”, recordou a deputada.

Contudo, nas maratonas do tempo, a RAEM acabou por não conseguir ainda cortar a meta da modernidade. “Com o declínio da indústria manu-factureira as fábricas têxteis fecharam e muitas mulheres ficaram desempregadas. Pen-so que uma das razões pela qual o Governo não permite a importação de croupiers e condutores, é por saber a es-trutura da população activa do território”, indicou.

No âmbito da formação, “penso que não haja falta de cursos nem de apoio do Go-verno. A dificuldade é mes-mo as pessoas terem vontade para voltar a estudar ou ar-ranjar tempo e disponibili-dade para o fazer quando já trabalham há muitos anos”, disse Ella Lei, notando que o esforço deve partir também das empresas, tecendo, por isso, elogios às operadoras de jogo “por encorajarem os seus trabalhadores a apren-der mais”.

Já Agnes Lam, professora da Universidade de Macau, discorda quanto ao trabalho levado a cabo pelo Executivo nesta matéria. “A aposta do Governo é insuficiente, sobre-tudo para com as mulheres de um estrato mais baixo”, vin-cou ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU. “Macau tem um sistema de regalias que passa por apoiar as mulheres de ou-tra forma, por exemplo, atra-vés de subsídios, ou de das associações. Mas, raramente

toma acções para apoiar a for-mação das mulheres de modo a elevar a sua competitivi-dade no trabalho”, indicou a académica.

A coordenadora da Licen-ciatura em Ciências Sociais da Comunicação da UM recorda que “depois da epidemia da SARS, em 2003, quando o ce-nário económico era mau e se verificou o encerramento das fábricas, o Governo or-ganizou formações para as mulheres serem empregadas domésticas, mas tal só durou

cerca de dois ou três anos”. “Depois a economia de Ma-cau começou a desenvolver--se bem e o Governo parou [com esses programas]”, indi-cou Agnes Lam.

A falta de oportunidades de formação é evidente para ambos os sexos da franja mais carenciada da população, sa-lienta a docente, sendo que a única diferença é que, muitas vezes, os homens ganham mais do que as mulheres no mesmo terraço de labora.

Terça-feira, 08 de Março de 2016 JTM | LOCAL 03

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Uma notícia publicada ontem no jornal “Son Pou” relativa ao caso

Ho Chio Meng levou o Tribu-nal de Última Instância (TUI) a emitir um comunicado, para esclarecer que dos três juízes que compõem o TUI apenas Viriato Lima está impedido de participar no julgamento do processo que envolve Ho Chio Meng por suspeitas de corrupção.

De acordo com o comu-nicado, “a prisão preventiva do antigo Procurador não foi determinada pela Dra. Song, mas sim pelo Dr. Viriato Ma-nuel Pinheiro de Lima, juiz estrangeiro que exercia as funções de juiz de instrução, no decurso do primeiro in-terrogatório judicial”. Assim, segundo o Código de Proces-so Penal, “Viriato Lima decla-rou-se impedido, abstendo-se do julgamento do requeri-mento de habeas corpus”.

O TUI frisa ainda que ape-nas se “verificar alguma das hipóteses estabelecidas nos art.ºs 28.º e 29.º do Código de Processo Penal, poderão os três juízes do TUI declarar--se impedidos por sua ini-ciativa ou a requerimento de outrem”. Os artigos em causa dizem respeito por exemplo

ao envolvimento de juízes como arguidos ou assistentes num caso, quando estiverem em causa relações familiares próximas, ou ainda quando forem testemunhas num pro-cesso.

“Nesta conformidade, exceptuando-se o Dr. Viriato Lima, que terá impedimento nos termos legais por ter pre-sidido ao debate instrutório na causa de Ho, os outros dois juízes não precisam de se de-clararem impedidos no futuro julgamento formal do proces-so de Ho Chio Meng”, lê-se no comunicado. Sam Hou Fai e Song Man Lei são os dois juízes não impedidos de par-ticipar no julgamento.

No artigo publicado, o jor-nal “Son Pou” referiu que a prisão preventiva tinha sido determinada por Song Man Lei, que presidiu ao Tribunal Colectivo no julgamento do requerimento de “habeas cor-pus” de Ho Chio Meng. Ques-tionando a justiça da alegada situação, o jornal indagou so-bre a possibilidade do Tribunal Colectivo do julgamento vir a ser composto por juízes do Tribunal de Segunda Instância porque, no seu entendimento, os do TUI estariam impedidos de intervir no processo.

TUI ESCLARECE SITUAÇÃO DE JUÍZES NO CASO

Só Viriato Lima está “impedido” de julgar Ho Chio MengO Tribunal de Última Instância revelou ontem que o juiz Viriato Lima está impedido de participar no futuro julgamento do processo de Ho Chio Meng, por ter determinado a prisão preventiva do antigo Procurador. Já Sam Hou Fai e Song Man Lei não enfrentam qualquer impedimento

A Fundação Macau vai suportar as verbas do contrato de prestação

de serviços para elaboração do projecto e apoio técnico do “centro multifuncional e edifí-cio de escritórios” na Avenida Dr. SunYat-Sen em Macau.

De acordo com um des-pacho do Chefe do Executivo ontem publicado em Boletim Oficial, o projecto foi adjudi-cado à sucursal de Macau da empresa “P & T Architects and Engineers Limited”, para um contrato que envolve o paga-mento de 59,99 milhões de pa-tacas, verba a liquidar em qua-tro anos, até 2019. A maior fatia será paga este ano e correspon-de a 53,99 milhões de patacas.

Os encargos do projecto são suportados tanto pelo orça-mento de investimento da Fun-dação Macau para o corrente ano, como no período de 2017 a 2019.

O JORNAL TRIBUNA DE MACAU contactou o Gabinete do Chefe do Executivo na ten-tativa de apurar mais porme-nores sobre o projecto, tendo as questões sido remetidas para a Fundação Macau, que até ao fe-cho desta edição não forneceu detalhes sobre o contrato.

A “P & T Architects and En-gineers Limited” foi responsá-vel pela elaboração do projecto de embelezamento da Rua da Encosta e acesso pedonal entre ZAPE e Guia (passagem infe-

rior para peões) que custou 2,2 milhões de patacas, bem como do projecto de construção da habitação pública dos Lotes A e F na Avenida Marginal do Lam Mau com um contrato no valor de 8,8 milhões de patacas.

O mesmo atelier faz parte do consórcio PC Consultadoria de Arquitectura Limitada/BLA Consultores de Arquitectura e Engenharia Limitada responsá-veis pela elaboração do projec-to da área fronteiriça de Macau da Ponte Hong Hong-Zhuhai--Macau para construção do edifício do posto fronteiriço e equipamentos de apoio. Este contrato foi adjudicado por 71 milhões de patacas.

L.F.

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INVESTIMENTO SUPORTADO PELA FUNDAÇÃO MACAU

“Centro multifuncional”vai custar 60 milhõesA elaboração do projecto de um centro multifuncional e edifício de escritórios vai obrigar a um investimento de cerca de 60 milhões de patacas, indica um despacho do Chefe do Executivo

Encargos do projecto integram orçamentos de investimento da Fundação Macau até 2019

Terça-feira, 08 de Março de 201604 JTM | LOCAL

1ª Vez “JTM” - 08 de Março de 2016

TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE JUÍZO CÍVEL

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1ª Vez “JTM” - 08 de Março de 2016

Execução Ordinária nº. CV1-14-0077-CEO 1º Juízo Cível

Exequente: GRAND PALACE PROMOÇÃO DE JOGOS SOCIEDADE UNIPESSOAL LIMITADA, com sede sito em Macau na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, n.o 600E, edifício Centro Comercial First Nacional, 12.o andar sala 05.Executado: CHE TAK IO, de sexo masculino, solteiro, maior, de nacionalidade chinesa, titular do B.I.R.M. n.o 1xxx0x4(x), residente em Macau na Avenida Norte do Hipódromo, edifício Kam Hoi, edifício Ngan Hoi, 6.o andar D.

Faz-se saber que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos do executado para, no prazo de quinze (15) dias, que começa a correr depois de finda a dilação de vinte dias (20), contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamar o pagamento dos seus créditos pelo produto do bem penhorado sobre que tenham garantia real e que é o seguinte:

Móvel penhoradoMatrícula do Veículo automóvel: MH-89-06Marca: HONDAModelo: LEGEND A/TNo de apresentação da Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis: 56 14/09/2000

R.A.E.M., aos 2 de Março de 2016.

A Juiz, Cheong Weng Tong

O Escrivão Judicial Adjunto,Carlos Assunção

TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE JUÍZO CÍVEL

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1ª Vez “JTM” - 08 de Março de 2016

TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE JUÍZO CÍVEL

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Terça-feira, 08 de Março de 2016 JTM | LOCAL 05

A RAEM continua a ser vista pelo Departamento de Estado dos EUA como um dos locais no mundo onde a lavagem de dinheiro é um fenómeno mais “preocupante”. No novo relatório anual sobre crimes financeiros, Washington afirma que o recurso a “junkets” no território serve para “encorajar” a fuga de capitais chineses e o sistema de “dinheiro voador”, usado para remessas ilegais. Além disso, garante que as seitas estão “activas” no sector do jogo e envolvidas em agiotagem e prostituição

WASHINGTON REFORÇA CRÍTICAS EM RELATÓRIO SOBRE LAVAGEM DE DINHEIRO

EUA alertam para “dinheiro voador” em Macau

Liane Ferreira

O Departamento de Estado norte--americano lançou o relatório anual para 2016 relativo a cri-

mes financeiros, onde além de manter Macau na lista de países e territórios mais “preocupantes” em termos de la-vagem de dinheiro também reforça as suas preocupações sobre a realidade deste fenómeno no território.

Ao contrário de documentos ante-riores, onde muitas vezes apenas era revisto o valor das receitas do jogo, este ano o relatório vai mais além, abordan-do a “fuga de capitais chineses” e a ac-tividade das seitas.

Considerando que “a indústria de jogo depende de colaboradores e pro-motores de jogo pouco regulamenta-dos”, conhecidos como “junkets” que atraem jogadores ricos aos casinos, principalmente oriundos da China Con-tinental, o organismo americano afirma que esses intermediários são “cada vez mais populares entre os jogadores que procuram o anonimato e alternativas para as restrições à circulação de moeda para fora da China”.

Por outro lado, “são também po-pulares entre os casinos” uma vez que permitem “reduzir o risco de incumpri-mento” no pagamentos dos créditos, referem as autoridades americanas, que insistem na necessidade de Macau implementar uma “supervisão mais ro-busta” para os “junkets”.

“Este conflito de interesses ineren-te, juntamente com o anonimato ganho através do uso de junkets nas transfe-rências e mistura de fundos, bem como a ausência de controlo de trocas e de moedas são vulnerabilidades usadas para lavagem de dinheiro, encorajando a fuga de capitais chineses e fomentan-do sistemas financeiros paralelos como o ‘fei-chien’ ou ‘dinheiro voador’”,

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alerta o Departamento liderado por John Kerry.

Com origens na Dinastia Tang, este sistema alternativo de envio de remes-sas é normalmente utilizado por mi-grantes que enviam dinheiro para as famílias, no entanto, segundo especia-listas da área financeira, também tem sido usado para transferir e lavar di-nheiro ilícito.

“A China apenas permite que saiam do país por ano 50.000 dólares ameri-canos [cerca de 400.000 patacas] por pessoa. Para contornar as restrições, por vezes são utilizados os junkets em Macau”, lê-se no relatório oficial, onde é explicado que os jogadores podem depositar o dinheiro nos “junkets”,

usá-lo na RAEM e depois levantar os “prémios em dólares americanos ou de Hong Kong e investi-los em proprie-dade ou paraísos fiscais offshore”. “A maioria do dinheiro canalizado através de junkets deriva da corrupção, frau-des e outras actividades ilícitas”, asse-vera o Departamento de Estado norte--americano, recordando ainda que os operadores “junkets” ajudam a tratar de vistos, viagens e alojamento.

Uma das novidades deste ano no re-latório é o facto do Governo norte-ame-ricano dedicar especial atenção à activi-dade do crime organizado, sublinhando que “as tríades estão activas nos serviços de jogo e envolvidas em agiotagem, ser-viços de prostituição, etc.”.

Governo sem elogios directosAo contrário do relatório de 2015,

onde reconhecia “esforços conside-ráveis” do Governo da RAEM para ir “ao encontro das recomendações internacionais”, este ano Washington não repete tal elogio. Opta sim por reafirmar que “persistem sérias de-ficiências” no enquadramento legal, nomeadamente legislação que melho-re o controlo da entrada e saída de ca-pitais do território.

O relatório considera que “Macau ainda tem de implementar um sistema transfronteiriço eficaz de declaração de dinheiro”.

Ainda assim, às autoridades ame-ricanas não passou despercebida a assinatura do memorando de entendi-mento entre o Banco da China e a Auto-ridade Monetária de Macau em Agosto de 2015. Sobre esse ponto, o relatório refere que o memorando dá “melhor acesso a informação” às autoridades do Continente, no sentido de “reforçar a luta contra a corrupção, fuga de capi-tais e sistemas bancários paralelos”.

O documento recorda que em 2015 o Gabinete de Informação Financeira da RAEM registou 1.807 participações de transacções suspeitas, efectuadas ao abrigo da lei sobre a prevenção e repressão do crime de branqueamen-to de capitais. Recorde-se que secto-res como o do jogo têm de comunicar às autoridades qualquer transacção de montante igual ou superior a 500 mil patacas, no entanto, o Departa-mento de Estado dos EUA volta a de-fender que os casinos de Macau deve-riam ser obrigados a reportar todas as operações superiores a 24 mil patacas, um valor 20 vezes inferior ao actual limite.

Para além disso, consta ainda no re-latório um caso em tribunal envolven-do lavagem de dinheiro em 2015, em-bora não exista nenhuma condenação.

O número de trabalhado-res recrutados para o sector das lotarias e ou-

tros jogos de aposta em Macau caiu 80% no último trimestre de 2015, em comparação com o mesmo período do ano ante-rior, revelam dados oficiais que excluem os promotores e cola-boradores de jogos.

Segundo os Serviços de Es-tatística e Censos, nos últimos três meses do ano passado, 376 trabalhadores foram re-crutados, um número signifi-cativamente inferior aos 1.968

registados no quarto trimestre de 2014.

No final do trimestre, 56.217 pessoas trabalhavam a tempo inteiro no sector das lotarias e outros jogos de aposta, menos 2,7% em relação ao fim do mes-mo trimestre em 2014 - destes, 24.619 eram “croupiers”, que diminuíram 4,4% em termos anuais, e 92,6% trabalhavam por turnos. No intervalo de um ano, os casinos passaram as-sim a contar com menos 1.133 “croupiers”.

Ainda assim, a remunera-

REMUNERAÇÃO MÉDIA SUBIU PARA 18.780 PATACAS

Casinos “perderam” 1.133 “croupiers” num anoNo final do ano passado, os casinos de Macau contavam com 24.619 “croupiers”, número que traduz uma descida homóloga de 4,4%, sendo que não tinham vagas por preencher para essas funções. Já a remuneração média subiu 4,3%, em linha com a tendência geral do sector das lotarias e outros jogos de aposta

ção média subiu: em geral, os trabalhadores a tempo intei-ro do sector das lotarias e ou-tros jogos de aposta auferiam 21.630 patacas em Dezembro de 2015, mais 4,6% do que no mês homólogo de 2014, refere a DSEC, ressalvando que aquele valor não inclui participações nos lucros e prémios. Os “crou-piers”, em particular, ganha-vam 18.780 patacas mensais, mais 4,3% que em Dezembro de 2014.

Em termos de média men-sal, os directores e quadros di-

rigentes de empresas auferiam 49.950 patacas (mais 4,1%), e os técnicos e profissionais de nível intermédio passaram a receber 26.340 patacas (mais 4,6%). Mais modesta foi a subida das remu-nerações do pessoal dos serviços e vendedores, com o aumento de 2,3% a elevar a média para 14.210 patacas.

No fim do trimestre em questão existiam 462 postos de trabalho vagos no sector das lotarias e outros jogos de apos-ta, menos 379 que no período homólogo de 2014. A maio-

ria das vagas dizia respeito a “empregos administrativos” e “pessoal dos serviços e vende-dores”. Já entre os ‘croupiers’, não foi registada nenhuma vaga, indicam os Serviços de Estatística e Censos.

A maioria destas vagas re-queria habilitações académicas iguais ou superiores ao ensi-no secundário complementar (70,6%), o domínio do manda-rim (88,7%) e do inglês (55,8%). Para 42% dos postos vagos era requerida experiência profis-sional.

Actividade dos “junkets” continua a alimentar as preocupações do Departamento de Estado

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NG Terça-feira, 08 de Março de 201606 JTM | LOCAL

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UIVO• • • BREVES

João Afonso comemora25 de Abril em MacauO músico português João Afonso actuará na RAEM por ocasião das comemorações locais do 25 de Abril, revelou à Rádio Macau a pre-sidente da Casa de Portugal. O artista apre-senta o trabalho “Sangue Bom”. “São poemas de Agualusa e do Mia Couto que foram musi-cados por ele”, disse Amélia António, frisan-do que “é um trabalho com muito interesse, até do ponto de vista literário”. No âmbito das comemorações será também apresenta-do um disco com poemas relacionados com a revolução dos cravos, da autoria de vários poetas portugueses e musicados por artistas que trabalham com a Casa de Portugal.

Três acidentes causaramseis feridos em meia horaNo espaço de 30 minutos registaram-se ontem três colisões entre veículos na Ponte da Amiza-de e na zona do Pac On, originando um total de seis feridos. Um dos acidentes envolveu um autocarro público e outro escolar, causando fe-rimentos a duas crianças e uma idosa.

Seminário na UMassinala Dia da Mulher“Mulheres e a Política de Género: As situa-ções contemporâneas na Europa e em Ma-cau”, é o tema de um seminário que decor-rerá hoje, pelas 18:30, no “Tai Fung Lecture Hall” da Universidade de Macau (UM), no âmbito das comemorações do Dia da Mu-lher. Organizado pelo Programa Académico da União Europeia na RAEM, o evento terá como oradores Agnes Lam, Tony Schirato e Brian Hall, docentes da Faculdade de Ciên-cias Sociais da UM.

Banda venezuelanaestreia-se na TorreA convite da Associação de Macau para a Promoção e Intercâmbio entre a Ásia-Pacífico e a América Latina (MAPEAL, na sigla ingle-sa), a banda venezuelana “Herencia” vai ac-tuar quinta-feira, a partir das 18:00, na Torre de Macau. Segundo a MAPEAL, o concerto vai ao encontro da comemoração do terceiro aniversário da morte de Hugo Chávez, para além da “promoção da cultura da América Latina no território”.

Dia Aberto levou residentesao quartel da políciaUm simulacro de resgate de reféns, com a in-tervenção de agentes da Unidade Táctica de Intervenção da Polícia (UTIP), foi uma das actividades incluídas no “Dia de Abertura ao Público do Corpo de Polícia de Seguran-ça Pública (CPSP)”. O exercício fez parte do programa comemorativo do 325º aniversário do CPSP e atraiu muitos residentes ao aquar-telamento da UTIP. Durante o evento, 23 re-sidentes receberam o prémio de “Bom Cida-dão” e foram entregues cartas de louvor a 539 agentes.

Há cada vez menos conheci-mento sobre o que aconte-ceu no passado. [As autori-

dades] não sabem como lidar com a história, com o passado colonial como o de Ferreira do Amaral. Acho que devíamos recuperar a estátua, pô-la num museu, ou assim”, afir-mou o presidente da Associação de Sociologia de Macau, em entrevista à agência Lusa, referindo-se a um dos mais polémicos governadores da história de Macau, visto pelos chine-ses como símbolo do poder opressor português.

João Maria Ferreira do Amaral li-derou o território entre 1846 e 1849, quando foi assassinado. No início dos anos 1940 foi erguida no centro da cidade uma estátua em sua homena-gem, em que o governador empunha-va um chicote sobre um grupo de chi-neses, que foi retirada em 1992.

“Devemos compreender a avaliar o legado colonial, o que foi bom, o que foi problemático. E se houve algo bom, devemos manter esse legado e até expandi-lo”, defendeu o autor do livro “Macau History and Society”, que analisa a história do território, com particular foco no desenvolvi-mento identitário de Macau.

O académico aponta a “tradição religiosa” como um exemplo de um “legado positivo”, tal como a relativa democratização, reflectida na possibi-lidade de eleger uma parte da Assem-bleia Legislativa.

Apesar de salientar o sistema elei-toral como a principal falha dos por-tugueses durante as negociações que antecederam a transição – ao não in-sistirem para que a Lei Básica previsse o sufrágio universal, como aconteceu em Hong Kong –, Hao concede que “a democratização [existente] é um legado português”, que deve ser valo-rizado e desenvolvido, acabando com deputados nomeados pelo Chefe do Executivo ou, pelo menos, reduzindo o seu número.

Segundo o académico, conside-rando “a longa história de totalitaris-mo” da China, é necessário em Macau “algo que contraponha essa tradição”, ou seja, o legado dos portugueses, que transporta a tradição europeia “de li-berdade e direitos humanos”.

Hao não hesita em reconhecer que a relação entre chineses e por-tugueses foi sempre de desencon-tros, mantendo-se assim até hoje. “Os portugueses não tiveram uma

boa prestação no passado porque estiveram sempre separados da co-munidade chinesa. É uma pena, até depois da transferência podia ter ha-vido mais diálogo”, aponta.

Para o sociólogo, Macau precisa de “empreendedores culturais” que esta-beleçam essa ponte. “Aqui não temos essas pessoas, todos estão a tratar das suas coisas, não procuram as outras comunidades”, diz.

Ainda assim, 500 anos de presença portuguesa deixaram marcas no teci-do social, mesmo após o retorno à Chi-na. “Diria que as pessoas têm orgulho em ser de Macau, acreditam que são diferentes dos chineses da China con-tinental. São mais abertas politicamen-te, menos controladas pelo Governo, mais rebeldes. Também há rebeldes na China, mas são muito poucos, pro-porcionalmente. Consideram-se mais progressistas e isso faz parte do legado português”, diagnostica.

No entanto, o desconhecimento da história acaba por criar um distancia-mento entre o conceito e a realidade, de que o património classificado pela UNESCO é símbolo: “As pessoas va-lorizam muito o património e têm orgulho nele. Agora, em que medida o compreendem ou integram na sua forma de viver, isso é outro assunto”.

As pessoas de Macau - a que cha-ma ‘macauans’ (na expressão em in-glês) por oposição ao termo ‘macaen-se’ que reflecte a mistura étnica entre portugueses e chineses - “estão numa crise de identidade”.

A esmagadora maioria identifica--se como chinesa, mas tem em conta que isso acarreta muitas facetas: “As pessoas têm mesmo de pensar em quem são, politicamente. Se respon-dem que são chineses, de que tipo? Identificam-se com o Governo chinês ou com valores universais? São a favor do centralismo, de ditadura ou de de-mocracia? Que tipo de China perspec-tivam?”

O sociólogo defende que há pou-ca identificação com a República Po-pular como entidade política e o que o princípio ‘Um país, dois sistemas’ é acolhido. Ao abrigo deste princípio, as políticas socialistas em vigor no resto da China não se aplicam em Macau e Hong Kong (excepto nas áreas da De-fesa e Relações Externas), permitindo um alto grau de autonomia. “É o único mecanismo que os protege”, sublinha.

Em termos de valores, Hao iden-tifica uma juventude em Macau mais

preocupada com a democracia, em grande parte por influência de Hong Kong e Taiwan, ambos territórios com relações conturbadas com a China. “Isso reflectiu-se num inquérito sobre a mudança de atitudes em relação à China. Identificam-se menos do que antes, menos do que em 1999 e até do que há uns anos”, explica.

O académico acredita que a co-munidade portuguesa poderia ter um papel relevante no esforço de de-mocratização. “Se houvesse diálogo entre grupos, entre os que acreditam na democracia, por exemplo, podia delinear-se uma estratégia para lutar por isso”, afirma o investigador, subli-nhando como seria benéfico que por-tugueses e chineses cooperassem para “fazer um trabalho sério” de “investi-gação sobre Macau”.

Apesar do seu olhar optimista quanto ao futuro, identifica sinais de ‘continentalização’ que considera preocupantes, como o caso dos dois académicos – Éric Sautedé e Bill Chou – que foram afastados dos seus luga-res na Universidade de São José e Uni-versidade de Macau, respectivamente, por motivos políticos.

Além disso, aponta, há “alguns problemas com a comunicação social em termos de liberdade de expressão”.

Estes elementos, juntamente com o falhanço do movimento pró-de-mocracia de Hong Kong de final de 2014, pintam um cenário “pessimis-ta a curto prazo”, mas Hao mantém as boas perspectivas para um futuro mais longínquo.

“Não há fuga à democratização. Não acho que o Governo da China possa manter esta pressão em Hong Kong e, por associação, em Macau”, defende.

Olhando para 2049, data até à qual é garantido o funcionamento do prin-cípio ‘Um país, dois sistemas’, vários cenários se vislumbram: “Se a China se democratizar – política, social e culturalmente –, Macau e Hong Kong também o vão fazer. Esse é o melhor cenário, mas há também a possibili-dade de as coisas se manterem mais ou menos na mesma, até depois de 2049. Há uma terceira possibilidade, pior, em que Macau se torna mais ‘continentalizado’, com menos liber-dade de expressão, de imprensa, mais problemas na indústria do jogo, mais descontentamento popular. Mas acho improvável”.

JTM/Lusa

Dezasseis anos após a transferência de Macau para a China, o território ainda não sabe o que fazer com o seu passado e o desconhecimento da história impede-o de aproveitar e desenvolver o legado português, defende o sociólogo Hao Zhidong

SOCIÓLOGO HAO ZHIDONG EM ENTREVISTA À AGÊNCIA LUSA

“Autoridadesnão sabem como lidarcom a história”

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Terça-feira, 08 de Março de 2016 JTM | LOCAL 07

Jovens incentivados a criar negócios

No âmbito da iniciativa “Uma faixa, uma Rota”, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) realizou uma série de actividades de formação para incentivar os jovens “a aproveitarem os recursos sociais” no sentido de “criarem negócios ou inovarem”. Durante a reunião plenária do Conselho de Juventude de ontem foram também apresentados os trabalhos de avaliação intercalar das Políticas de Juventude 2012-2010, e dos prémios “Actividades Juvenis” e “Educação Cívica” que receberam seis candidaturas cada entre Janeiro e Fevereiro.

Catarina Almeida

PROGRAMA DE UM ANO PARA LICENCIADOS

Empréstimos para aprender línguasPor forma a ajudar os alunos locais a desenvolverem as competências linguísticas, o Governo planeia conceder um empréstimo a jovens licenciados para que possam estudar no exterior durante um ano. O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura mostrou-se também “confiante” no futuro da Universidade de São José, convicto de que com o novo campus “não será um problema admitir estudantes do Interior da China”

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O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura anunciou a intenção de lançar um progra-

ma de empréstimos para licenciados. A medida, indicou Alexis Tam, visa que os estudantes já formados possam desenvolver, durante um ano, novas competências linguísticas no estran-geiro. “Já entrei em contacto com 10 instituições de ensino superior e to-dos concordámos e pretendemos di-vulgar, nos próximos meses, sobre os trabalhos relativos a este programa. Os alunos que saem das universidade de Macau podem ter assim a oportunida-de de continuar a sua formação no es-trangeiro. Seria muito frutífero para se aperfeiçoarem nessas duas áreas”, afir-mou Alexis Tam, no final da reunião plenária do Conselho de Juventude, que decorreu ontem.

“Embora muitos jovens tenham um histórico profissional ou académico mui-to rico, quando saem da Universidade não possuem uma competência linguís-tica suficiente”, explicou.

Para além disso, o novo programa es-

tende-se também aos “alunos que estão a estudar no estrangeiro” proporcionando--lhes um curso de um ano para “forta-lecerem e aprofundarem o Mandarim”, referiu Alexis Tam.

Apesar do programa estar numa fase de discussão e análise, Portugal é um dos destinos a considerar. “Sendo Macau um centro de plataforma entre os países de língua portuguesa e o Interior da China, este programa contribui na medida em que os alunos podem deslocar-se a Por-tugal para aperfeiçoar a língua portugue-sa”, afirmou.

“Pode ser o Português, o Inglês, Man-darim ou mesmo Japonês. Estamos a pensar nisso”, explicou.

O Secretário adiantou que o proces-so de escolha dos estudantes obedece-rá a uma avaliação rigorosa. “Teremos critérios muito rigorosos para garantir que os alunos têm as capacidades ne-cessárias para estarem aptos a devolver o montante do empréstimo, mas ainda não temos um valor concreto de quanto será concedido”. Para além disso, Alexis Tam indicou que o objectivo é imple-mentar o programa já este ano, depois do aval positivo de “muitos reitores, co-legas e associações”.

Secretário confiante no futuro da USJ

É com confiança que o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura olha para o futuro da Universidade de São José (USJ), mais concretamente no que diz respeito à captação de alunos da China Continental. “Quando tiver as instalações a funcionar bem, de certeza absoluta que vai atrair muitos alunos do Interior da China. Tenho muita con-fiança e também vou ajudar”, afirmou Alexis Tam.

Para o mesmo responsável, “a USJ é uma boa universidade, que colabora com a Universidade Católica Portugue-sa e com outras do mundo”. Alexis Tam colocou ainda a tónica para a impor-tância de “mostrar aos encarregados de educação que é uma boa instituição”.

Recorde-se que a construção do

novo campus da USJ, na Ilha Verde, tem sido alvo de sucessivos atrasos, realidade que já obrigou a reitoria da instituição a perspectivar dois cenários para o desfecho do projecto.

O secretário foi questionado pelos jornalistas, depois do Bispo de Macau ter referido que a USJ está a ser “dis-criminada” ao não ser autorizada a acolher alunos da China Continental. D. Stephen Lee admitiu mesmo temer que a instituição feche as portas se não tiver aval para receber alunos da China Continental.

Para além disso, Stephen Lee disse não compreender os motivos que leva-ram o Ministério da Educação da China a negar o pedido de aceitação dos alu-nos, dado que todas as universidade de Macau dependem dos alunos do Conti-nente chinês.

Alexis Tam quer aumentar a “competência linguística” dos estudantes

Apreendido café com “cheirinho” de “ketamina”A Polícia Judiciária (PJ) deteve um alegado trafi-cante de droga que foi interceptado no Aeroporto Internacional de Macau na posse de mais de duas dezenas de pacotes de café contendo estupefacien-tes. De acordo com as informações policiais, o indi-víduo oriundo da China Continental trazia pacotes de café contendo 22 sacos com “ketamina” e outros com marijuana. Segundo a PJ, os estupefacientes va-leriam cerca de 160 mil de patacas nas ruas e, se ti-vessem entrado em circulação, teriam sido vendidos em bares e discotecas no território. As autoridades avançaram que o detido faz parte de um grupo de narcotráfico de Chengdu, capital da província de Si-chuan, e os registos mostram que, num período de dois meses, visitou repetidamente a RAEM. O deti-do admitiu o crime, porém, negou o envolvimento de terceiros. Outro homem do Continente deu mais trabalho às autoridades, já que a polícia foi alerta-da para o roubo frequente de peças de computador, avaliadas em mais de 400 mil patacas. Responsá-veis de um estaleiro de obras no COTAI alertaram a polícia para o furto de peças de 37 computadores, acabando o suspeito por ser detido na posse de uma grande quantidade de peças informáticas. Segundo a PJ, o homem é suspeito em cinco casos de furto de computadores, incluindo no estaleiro. Terá iniciado essa prática em Setembro de 2015.

R.C.

A troca de acusações públicas entre os proprietários e a construtora do Pearl Horizon continua, com os compradores a exigirem que a empresa revele até ao final deste mês as medidas que vão ser tomadas para assegurar os direitos dos proprietários

PROPRIETÁIOS REJEITAM ACUSAÇÕES DA POLYTEC

Troca de “galhardetes”no caso Pearl Horizon

Os proprietários de fracções do Pearl Horizon recorreram a um novo anúncio no jornal “Ou Mun” para condenar as acusações de violên-

cia feitas pelo grupo Polytec, através do mesmo meio. De acordo com o anúncio ontem publicado pela

Associação dos Proprietários do “Pearl Horizon”, a situação em torno do projecto é culpa da Polytec. A empresa “sabia muito bem que a concessão do terre-no do Pearl Horizon expirava no final de 2015, mas mesmo assim, tanto no relatório do balanço anual, como na promessa dita publicamente, assegurou que ia entregar as casas até 2018”, refere o anúncio.

Revelando que o grupo tinha garantido divulgar até 4 de Março medidas para assegurar o direito dos compradores, a associação lamenta que “a promessa não tenha sido cumprida”.

Assim, os compradores asseguraram que deixa-ram de acreditar na companhia e exigiram uma res-posta às suas revindicações até 30 de Março. Além disso, queixam-se de ser obrigados a ir a tribunal

para encontrar uma solução. No anúncio, os pro-prietários referem ainda que “não conseguiram uma resposta satisfatória, após tentarem de todas as ma-neiras, seja com protestos silenciosos ou manifesta-ções”, sendo que nem o dinheiro da casa foi devolvi-do, nem receberam indemnizações.

A Associação dos Proprietários do “Pearl Ho-rizon” salientou ainda que os compradores estão a manifestar a sua opinião de forma pacífica e ra-zoável. “A Polytec além de não mostrar sinceridade para resolver o problema, inventou coisas para incri-minar os proprietários”, acusa.

Na semana passada, a Polytec publicou um anún-cio no mesmo jornal, acusando alguns investidores do edifício Pearl Horizon de terem invadido “mui-tas vezes” projectos e eventos da empresa. O grupo garantiu ainda que vai recorrer aos tribunais para punir os autores dos desacatos e assegura que vai fazer um pedido de “avultadas indemnizações” face aos protestos dos compradores. V.C.

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08 JTM | LOCAL Terça-feira, 08 de Março de 2016

TERCEIRA PISTA EM HONG KONG PODE COLOCAR EM RISCO 90% DAS DESCOLAGENS

Plano da RAEHK “ameaça” voos em MacauCaso venha a ser concretizada, a construção de uma terceira pista no aeroporto de Hong Kong colocará em risco quase todos os voos com partida de Macau e mais de 40% das ligações com destino a Shenzhen, adverte um estudo. Recordando que a gestão do tráfego aéreo no Delta do Rio das Pérolas “é uma das mais complicadas do mundo”, a Autoridade de Aviação Civil de Macau assegura que o projecto está a ser discutido pelas três partes

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UIVOMais de 90% das parti-

das do aeroporto de Macau e quase 43%

das aterragens em Shenzhen podem ser afectadas por proble-mas de espaço aéreo causados pela construção de uma terceira pista em Hong Kong, conclui um estudo citado ontem pelo jornal “South China Morning Post”.

No âmbito deste trabalho, o grupo ambientalista “Green Sense”, juntamente com o “Air-port Development Concern Ne-twork”, recorreu a dados dos portais “FlightAware” e “Fli-ghtradar24” para analisar 1.628 partidas de aviões de Macau em Janeiro, que representam cerca de metade do total dos movi-mentos aéreos.

Foram também analisados mais de 16 mil movimentos aé-reos de um total de 24 mil que chegaram e partiram do aero-porto Bao An de Shenzhen no mesmo mês.

Pelo menos 5.200 chegadas e 304 partidas de e para Shenzhen ficam em risco de se cruzarem com três rotas aéreas de Hong Kong. No caso de Macau, quase todas as partidas do aeroporto

analisadas podem potencial-mente chocar com saídas da pis-ta norte de Hong Kong.

Contactada pela agência Lusa, a Autoridade de Aviação Civil de Macau explica que “a gestão do tráfego aéreo da re-gião do Delta do Rio das Pérolas é uma das mais complicadas do mundo” e que, por esse motivo, as autoridades da China, Macau e Hong Kong recorrem a um “mecanismo tripartido” para operarem.

“Quaisquer alterações de procedimentos de voo ou desen-volvimentos no Delta do Rio das Pérolas têm de ser discutidos e acordados entre as três partes”, indicou o organismo. Nesse sen-tido, a Autoridade de Aviação Civil de Macau, sublinhou que o diálogo tripartido assenta no princípio de que “qualquer de-senvolvimento nos aeroportos da região não pode prejudicar” as restantes infra-estruturas.

Assim, “os procedimentos

de voo da terceira pista do Ae-roporto Internacional de Hong Kong estão a ser estudados e de-senvolvidos e serão discutidos no âmbito do mecanismo referi-do em tempo oportuno”.

O “South China Morning Post” cita o director executi-vo da “Green Sense”, Roy Tam Hoi-pong, que acredita que os problemas de conflito de rotas, se não forem solucionados, po-dem fazer com que Hong Kong tenha de ceder algum espaço

aéreo à China Continental, vio-lando o princípio “Um país, dois sistemas” e gerando uma repetição de uma polémica em torno da ligação ferroviária de alta velocidade para Cantão.

Durante a reunião do con-selho de planeamento da cida-de este ano, o Departamento de Aviação Civil sugeriu que o espaço aéreo fosse dividido em dois, com Hong Kong a gerir a zona inferior e a China a supe-rior. No entanto, Tam acredita que tal iria violar o artigo 130º da Lei Básica de Hong Kong, que estipula que o território é responsável pelas matérias de gestão empresarial e técnica da aviação civil.

“Se ainda acreditamos no princípio “Um país, dois siste-mas”, então Hong Kong tem de gerir o seu espaço aéreo”, disse, pedindo que o projecto fosse ar-quivado.

A construção de uma tercei-ra pista no aeroporto de Hong Kong, aprovada em 2012, tem sido criticada por organizações ecologistas que alertam para im-pactos no ruído, poluição e bio-diversidade.

JTM com Lusa

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Terça-feira, 08 de Março de 2016 JTM | LOCAL 09

Revista digital quer “aproximar” Macau e LisboaTer Macau como porta para a Ásia e Lisboa como porta para a Europa é ideia de fundo da mART, nova revista digital que aposta na promoção do intercâmbio cultural

Inês Almeida

EXPOSIÇÃO ESTARÁ PATENTE ATÉ SETEMBRO

Dinossauros chegam ao Centro de CiênciaO Centro de Ciência de Macau vai receber pela primeira vez uma exposição especial que tem como objectivo dar a conhecer o mundo dos dinossauros. A mostra é composta por 14 réplicas mecânicas e 72 modelos em escala reduzida e vai incluir ainda uma série de jogos interactivos, palestras, workshops, peças de teatro e até visitas guiadas dramatizadas

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Vai ser inaugurada a 23 de Março a primeira mostra especial apre-sentada pelo Centro de Ciência

de Macau sobre o mundo dos dinossau-ros. A exposição “Dinossauros em Car-ne e Osso” foi idealizada e concebida pelas empresas “Imagine Exhibitions” e “Aurea Exhibitions”.

Entre os conselheiros científicos da exposição estão o paleontólogo norte--americano Gregory M. Erickson, o pa-leontólogo argentino Sebastian Apeste-guia e Adrian Giacchino, presidente da Fundación Azara, organização sem fins lucrativos que promove a investigação no âmbito do património natural e cul-tural argentino.

O Centro de Ciência explicou ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU que a mostra estará patente até 11 de Setem-bro e inclui 14 réplicas mecânicas de dinossauros, sendo que uma encontra-

-se desde ontem instalada na rotunda diante do Centro de Ciência e outra no “lobby”. O organismo escusou-se a re-velar o valor do investimento que esta exposição implicou.

Além de poder apreciar as 14 estru-turas, o público poderá participar numa série de jogos interactivos que incluem um expositor de realidade virtual acti-vado por sensores de movimento, in-titulado “atreva-se a aventurar-se no mundo dos dinossauros”, e uma acti-vidade relacionada com a pintura que terá por base “técnicas de realidade au-mentada”, denominada “bebés dinos-sauros no Centro de Ciência”.

Vai decorrer ainda um jogo de cartas chamado “academia de competições para dinossauros” em que se recorre a técnicas de realidade aumentada e a 72 modelos de dinossauro de escala reduzida. Estarão também disponíveis livros electrónicos sobre dinossauros.

Entre as actividades previstas para toda a família está “Dinossauros ao en-

tardecer”, uma aventura de aprendiza-gem protagonizada por um pai e a sua filha adolescente, Lucy, que partilham o fascínio por todos os seres voadores. A película de 45 minutos, produzida pela Mirage 3D, promete levar os espectado-res numa viagem de regresso ao tempo dos pterossauros e de todos os anteces-sores das aves que temos hoje em dia. Neste filme, Lucy e o pai navegam de continente em continente à procura de pistas sobre a origem do voo. Enquan-to buscam respostas, “o tempo esgota” e testemunham, em primeira mão, o impacto do asteroide que arrasou por completo os dinossauros.

No âmbito da exposição vão de-correr ainda actividades direccionadas para as escolas incluindo palestras cien-tíficas, workshops para famílias, visitas guiadas dramatizadas, peças de teatro e uma noite do Centro de Ciência.

As actividades para as crianças co-meçaram mesmo antes da exposição ser inaugurada. Foi organizado um concur-

so de pintura de dinossauros destinado a estudantes do primeiro e do segundo ciclo de escolaridade, uma competição de desenho e escrita e uma formação com um total de 20 horas, para crianças com idades compreendidas entre os 8 e os 12 anos, que deste modo puderam tornar-se “pequenos comunicadores de ciência”, que agora se ocuparam de algumas visitas guiadas à exposição. No âmbito da exposição vão também ser exibidos os trabalhos vencedores do Concurso Multimédia do Centro de Ciência.

Entre as motivações para a exposi-ção, o Centro de Ciência salienta que o público ainda tem muito para aprender sobre os diferentes tipos de dinossauros incluindo, os seus hábitos, os ecossiste-mas em que viveram e os papéis de-sempenhados pelas diferentes espécies ao longo do processo de evolução da vida na Terra. Persiste, sobretudo, um grande debate sobre o que causou a sua extinção.

Com a ideia de fundo de promover o intercâmbio cultural, a mART, recen-

temente lançada, apresenta-se como uma revista cultural di-gital, em inglês, essencialmente focada em Macau mas com um “cheirinho” de Lisboa.

“Surgiu, no fundo, para aproximar os nossos dois mun-dos, Macau e Lisboa. Claro que é difícil limitar uma revista a conteúdos só de Macau e de Lisboa, especialmente uma re-vista na Internet – que não tem fronteiras -, mas a nossa ideia é, no fundo, ter Macau como por-ta para a Ásia e Lisboa como porta para a Europa”, explicou à agência Lusa Luciana Leitão, fundadora da mART.

O projecto pretende cruzar “diferentes ideias, conceitos,

iniciativas feitas de um lado e do outro”, permitindo que o acesso aos que se interessam pela cultura e pelas artes “es-teja concentrado numa única plataforma”, realçou a jornalis-ta, ressalvando que a ideia não é ser um agência de notícias culturais, mas oferecer “repor-tagens mais alargadas, textos mais profundos e dar até outra roupagem aos assuntos” e “ir à caça de outras coisas que nor-malmente não se vêem”.

Concebida por duas jorna-listas (Luciana Leitão e Sofia Je-sus) e um “webdesigner” (Sér-gio Rola) - todos portugueses a residir em Macau -, a mART conta ainda com uma colabora-dora (Maria João Caetano) em Londres. A autoria do logótipo da mART é do “designer” grá-

fico João Jorge Magalhães.De segunda a sexta-feira

saem, diariamente, duas notí-cias: uma de Macau e uma de Lisboa. Depois, a cada dia da semana corresponde uma cró-nica. À segunda-feira há suges-tões musicais, à terça de litera-tura, na quarta-feira é proposto um local de interesse, enquan-to na quinta as sugestões são de cinema e, por fim, à sexta é deixada uma ideia para o fim--de-semana.

A mART conta ainda com uma galeria virtual: “De três em três meses desafiamos artis-tas de Macau e de Lisboa me-diante um tema escolhido por nós a prepararem um trabalho que depois é exibido na seção do ‘showcase’”, explicou Lu-ciana Leitão.

Nos planos a curto prazo da mART figura, a par de uma “newsletter”, o lançamento de uma agenda de Macau.

“Somos uma empresa de Macau e temos sobretudo con-teúdos de Macau, mas conse-guimos encaixar uns pozinhos de Lisboa. Temos algumas re-portagens de Lisboa, mas [a proporção] não é 50-50. É sobre-tudo Macau com um cheirinho de Lisboa. A agenda vai incluir tudo o que se passa em termos culturais”, afirmou a jornalista.

Criar uma espécie de base de dados com pequenas bio-grafias, indicações, contactos de artistas, actividades e asso-ciações ligadas à cultura tam-bém é uma ideia a pôr em prá-tica em breve.

Sobre a escolha do inglês,

Luciana Leitão reconheceu que os mentores da mART gosta-riam que fosse na sua língua materna, “por questões lógi-cas”, mas a língua de Camões poderia não cumprir a missão de base. “A verdade é que se tens um projecto em que o ob-jetivo é também aproximar dife-rentes comunidades – não só de Macau, mas de Lisboa e até, no futuro, podemos falar de outros sítios no mundo se crescermos – então nunca poderia ser só em português. Tinha de ser em inglês para chegar a um maior número de pessoas”, defendeu.

No arranque, todos os con-teúdos são abertos, até porque “as pessoas têm de conhecer o projecto para gostarem dele”, sublinha Luciana Leitão.

JTM/Lusa

Exposição integra 14 réplicas mecânicas e 72 modelos em escala reduzida

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Terça-feira, 08 de Março de 201610 JTM | LOCAL

Inês Almeida

A actriz do Teatro Cornucópia, em Lisboa, Sofia Marques esteve na Escola Portuguesa de Macau para apresentar o documentário “Ilusão”, no qual relata o processo de encenação de pequenas peças de Frederico Lorca por actores amadores, sob a direcção do seu “mestre”, Luís Miguel Cintra. A realizadora mostrou-se entusiasmada por dar a conhecer este trabalho em Macau, frisando que não tem só a ver com teatro mas também “ com a partilha”, o sonho e a beleza da vida

A trabalhar no Teatro Cornucó-pia, em Lisboa, há 20 anos, a actriz Sofia Marques aventu-

rou-se pelos caminhos da realiza-ção de um documentário para dar a conhecer ao público um projecto de Luís Miguel Cintra, seu mentor no Cornucópia, que encenou pequenas peças de Frederico Lorca trabalhan-do apenas com actores amadores.

“Ilusão” foi criado após ter acompanhado os dois meses de en-saio que precederam a apresentação do espectáculo. Para a realizadora, o produto final é, sobretudo, uma “carta de amor” ao co-fundador do Teatro Cornucópia. “Luís Miguel Cintra ao ver este filme disse-me que ele era uma carta de amor, e é, ao teatro e sobretudo a ele, que é o meu mestre”, afirmou a realizadora ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU.

Apresentar o documentário à Es-cola Portuguesa de Macau no âm-

O escritor Chan Koonchung considera que o entusiasmo vivido na China, no início dos anos 2000, deu lugar à desilusão e descontentamento de liberais e reformistas

PACHECO PEREIRA IMPRESSIONADO COM CRESCIMENTO DE MACAU

Herança portuguesaé “uma relíquia” valiosaJosé Pacheco Pereira defende que a presença portuguesa em Macau é “anacrónica” por estar presa num tempo histórico e que sobrevive “pelo seu valor cultural”. Para o convidado do Festival Literário - Rota das Letras, a presença portuguesa no território tem “toda a utilidade para o Governo” local

Em Macau pela segunda vez, depois de ter estado na inauguração do Centro Cultural em 1999, José Pacheco Pereira

não ficou indiferente às mudanças na cidade, confessando que “é difícil reconhecer Macau, com excepção daquela parte mais histórica”.

“As minhas impressões são completamen-te superficiais. De facto, estive cá uns dias com o Presidente Jorge Sampaio e agora encontro uma cidade muito distinta. Sensação que é cer-tamente favorecida pela circunstância de estar no meio dos casinos, e para quem vem de um país [Portugal] em que não há dinheiro para nada. Subitamente, a sensação de opulência e de que aparentemente há dinheiro para tudo é de facto uma grande diferença”, disse ontem o historiador, num encontro com a comunicação social antes de uma sessão na Universidade de Macau (UM), onde deu uma conferência sobre a Europa.

Questionado sobre a presença portuguesa no território, Pacheco Pereira caracterizou--a de “anacrónica”, por sobreviver graças ao seu “valor cultural e histórico”. “Não há mal nenhum, é anacrónica porque está presa num tempo histórico. É uma relíquia, mas as relí-quias valem”, defendeu. Por isso mesmo, ex-plicou que Portugal peca por uma certa “igno-rância” sobre os países que outrora foram seus. “Ao mesmo tempo temos uma nostalgia do Império que não é agressiva, ninguém pensa que pode voltar a ser português, mas uma cer-ta ideia romântica de que a identidade portu-guesa se manifesta por estas coisas esquisitas, como ir a Malaca e encontrar uma comunidade que acha que fala português”.

“Algumas coisas funcionam mas, no es-sencial, quando um país como Portugal tem os problemas como tem no plano económico, tende-se a virar mais para si próprio, ou então a ter uma relação utilitária com os seus parcei-ros”, disse Pacheco Pereira, que é um dos con-vidados da edição deste ano do Festival Literá-rio de Macau – Rota das Letras.

De acordo com Pacheco Pereira, esta par-ticularidade portuguesa tem todo um valor agregado na RAEM. “Tem toda a utilidade, um Governo consciente gosta da diferença. Claro que há diferenças que dão dinheiro, ser a capi-tal do jogo dá dinheiro. Esta dá mundo, o que é uma coisa com valor”.

Sobre a política externa de Lisboa na defesa dos interesses das co-munidades portuguesas, Pacheco Pereira confessa “não ser especia-lista na matéria”, mas considera que houve um desinvestimento do Português em alguns países. “Desinvestimos no Instituto Camões, nos leitorados das Universidades e

substitui-se isso por uma certa ideia de que a diplomacia económica resolvia os problemas da influência cultural, mas não resolve”.

Um Portugal “paroquial”

No contexto europeu, estes últimos anos tornaram-se “mais paroquiais” para Portugal, entende o historiador e comentador políti-co. “Houve uma altura em que o país olhava para a Europa como um factor de libertação, o padrão de vida europeia, o facto de se poder circular. Era uma grande diferença em relação a pessoas da minha geração, por exemplo”, co-meçou por explicar.

Este facto deve-se, em parte, à crise eco-nómica que, “teve o efeito de atirar para fora muitos jovens qualificados e, ao mesmo tem-po, ter-nos tornado mais paroquiais, mais cos-mopolitas. Para um país como Portugal é um recuo”.

Questionado sobre a forma como a China é vista em Portugal, Pacheco Pereira frisou que continua a haver “ignorância”. “Quando discutimos a globalização estamos sempre a pensar na China, mas mesmo assim há muita ignorância sobre a realidade concreta da políti-ca chinesa a não ser da circunstância que uma grande parte de Portugal foi comprada por empresas, algumas estatais, chinesas”.

Neste âmbito, o professor universitário avalia o sistema político da China como uma “experiência única”. “É uma experiência que não tem nenhum paralelo porque que é um ca-pitalismo com sucesso dirigido por um partido comunista. A China tem um sistema político que na prática depende da burocracia, e dos mecanismos de poder que são típicos de um grande partido comunista, e ao mesmo tempo tem uma economia que necessariamente irá gerar tensões sobre o sistema político”, defen-deu.

Por isso, acredita que essa solução “não é sustentável”, por criar uma “tensão política que não é resolúvel apenas pelo crescimento económico”.

Numa antecipação à conferência de ontem, intitulada “A Liderança Alemã, a Diversifica-ção Europeia e o Futuro da União Europeia”, Pacheco Pereira advertiu que a Europa cami-nha para “uma degradação dos mecanismos democráticos”.

“O que se está a passar na Europa não a faz caminhar para um modelo de democracia musculada. O processo europeu está a ser feito

no sentido de concentrar uma parte impor-tante dos poderes nacionais na burocracia

de Bruxelas, e nos Governos que hoje mandam na União Europeia, especial-mente o alemão”, frisou.

Catarina Almeida

bito do Festival Literário - Rota das Letras faz “todo o sentido” devido à “poesia” de Lorca, que foi a base do espectáculo que pretendeu dar a conhecer no filme. “Ao mesmo tem-po, faz sentido que os alunos tenham acesso a este género de textos, ape-sar de serem um bocadinho compli-cados”.

Além disso, frisou Sofia Marques, o documentário acaba por não ter só a ver com o teatro. “Tem a ver com a partilha, o respeito, o sonho, bele-za e metáforas da vida. No fundo, o teatro em si é a última coisa para que o filme remete. Tem mais a ver com relações, comunhão e partilha”.

A realizadora contou ainda algo que acontece quando mostra o do-cumentário a pessoas que não estão ligadas à representação. “Muitas ve-zes dizem que têm vontade de fazer um curso de teatro porque acho que sentem a vontade de entrar neste ‘Alice no País das Maravilhas’, neste lugar de felicidade e de comunhão, onde não existem idades e em que

À medida que a China ficou mais rica, “pensava-se que o controlo [sobre a liberdade de expressão] ia ser mais

relaxado, mas não aconteceu assim. Uma das razões, penso eu, é que o Partido [Co-munista] não quer realmente que as pessoas comentem ou especulem sobre o que está a acontecer, por isto está a apertar [o cerco] à imprensa para seguir a linha do partido”, disse em entrevista à Lusa o escritor Chan Koonchung, que está em Macau no festival literário Rota das Letras.

“Alguns jovens realmente activos con-seguem contornar o ‘firewall chinês’, mas o mais espantoso é que a maioria das pessoas escolhe não o fazer. Eles já estão satisfeitos com o que está disponível”, sublinhou.

Mas não era assim há 16 anos, diz Chan Koonchung, que nasceu em Xangai mas vi-veu cerca de 40 anos fora, em Hong Kong, Taiwan e nos EUA. Em 2000, quando se fixou em Pequim, encontrou “uma cena cultural vibrante”. “O jornalismo feito pela impren-sa era muito interessante, a Internet estava a começar, e os realizadores de documentá-rios estavam a fazer coisas incríveis, por isso pensei: ‘Uau, as pessoas pensam que um

DOCUMENTÁRIO “ILUSÃO” EXIBIDO NA ESCOLA PORTUGUESA

Uma “carta de amor” ao mestre e ao teatro

Pequim “está a apertar” controlo da imprensa

país comunista é mesmo opressor, mas não é o caso’”, explicou.

Mas este “entusiasmo desapareceu”, se-gundo o autor, que observa um maior con-trolo após a realização dos Jogos Olímpicos de Pequim. “As pessoas mais liberais têm desilusão e raiva. Elas costumavam ter um bom sentido de humor até 2008. Pensavam que todos estes meios repressivos iriam de-saparecer, por isso levavam as coisas com mais ironia, mas acho que já não têm pa-ciência para isso. Os que são pró-Partido [Comunista] nunca tiveram nenhum senti-do de ironia para começar. Eles não gostam de ironias, quanto mais de sátiras. Eles são sempre muito positivos”, afirmou.

No seu romance “The Fat Years”, publi-cado numa edição brasileira, sob o título “Os Anos de Fartura. China 2013”, Chan Koonchung reflecte sobre a prosperidade económica, censura e opressão. A acção é passada num futuro próximo (2013), en-tretanto passado, permitindo comparações entre a realidade e ficção.

“No meu livro, o governo tornou-se mais eficiente a calar todas as vozes dissidentes. Isso também está a acontecer agora, por-

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Terça-feira, 08 de Março de 2016

A actriz do Teatro Cornucópia, em Lisboa, Sofia Marques esteve na Escola Portuguesa de Macau para apresentar o documentário “Ilusão”, no qual relata o processo de encenação de pequenas peças de Frederico Lorca por actores amadores, sob a direcção do seu “mestre”, Luís Miguel Cintra. A realizadora mostrou-se entusiasmada por dar a conhecer este trabalho em Macau, frisando que não tem só a ver com teatro mas também “ com a partilha”, o sonho e a beleza da vida

O escritor Chan Koonchung considera que o entusiasmo vivido na China, no início dos anos 2000, deu lugar à desilusão e descontentamento de liberais e reformistas

bito do Festival Literário - Rota das Letras faz “todo o sentido” devido à “poesia” de Lorca, que foi a base do espectáculo que pretendeu dar a conhecer no filme. “Ao mesmo tem-po, faz sentido que os alunos tenham acesso a este género de textos, ape-sar de serem um bocadinho compli-cados”.

Além disso, frisou Sofia Marques, o documentário acaba por não ter só a ver com o teatro. “Tem a ver com a partilha, o respeito, o sonho, bele-za e metáforas da vida. No fundo, o teatro em si é a última coisa para que o filme remete. Tem mais a ver com relações, comunhão e partilha”.

A realizadora contou ainda algo que acontece quando mostra o do-cumentário a pessoas que não estão ligadas à representação. “Muitas ve-zes dizem que têm vontade de fazer um curso de teatro porque acho que sentem a vontade de entrar neste ‘Alice no País das Maravilhas’, neste lugar de felicidade e de comunhão, onde não existem idades e em que

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Caso dos livreiros de Hong Kong “fere muita gente”

Chan Koonchung diz que o caso dos livreiros de Hong Kong que estiveram desaparecidos ainda não está explicado. “Um dos livreiros estava em Hong Kong e foi para a China sem documentos. Porquê? Essa é a grande questão. Não acho que tenha sido respondida. Apesar de ter aparecido na televisão chinesa a dizer às pessoas que tinha ido para a China para colaborar numa investigação, ainda não explicou como é que deixou Hong Kong e isso fere muita gente”, disse o escritor em entrevista à Lusa. “As pessoas de Hong Kong vão acalmar-se e esquecer-se do caso, mas nunca vão comprar a história que a China lhes quer vender”, defendeu.

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DOCUMENTÁRIO “ILUSÃO” EXIBIDO NA ESCOLA PORTUGUESA

Uma “carta de amor” ao mestre e ao teatro

Pequim “está a apertar” controlo da imprensa

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todas as pessoas estão a partilha um sonho”.

Nesse sentido, mereceu a atenção da actriz o facto de o espectáculo ser composto por actores amadores

de várias idades já que “há um lado espontâneo e novo de lidar com o texto, que muitas vezes não resulta por falta de ferramentas necessárias para conseguir passar o texto de for-

ma mais eficaz”. Mas, acrescenta, “ao mesmo tempo, aquele primeiro olhar e interpretação sobre o texto é uma coisa que me comove”.

Os actores que integraram o es-

pectáculo “ilusão” têm entre 15 e 82 anos, o que para Luís Miguel Cintra foi algo complicado. “Por um lado foi muito prazeroso porque ele es-tava a ter um desafio diferente do habitual e acabou por ter uma liber-dade enorme nesse aspecto porque podia fazer o que lhe apetecesse. Ali tinha todas as ferramentas e mais algumas de pessoas capazes de se-guir a sua vontade”, explicou.

No entanto, contrapôs, “às ve-zes era muito difícil passar as ideias porque as pessoas não têm interiori-zada a linguagem teatral e eram 59 pessoas. Ele tinha que trocar tudo por miúdos, porque temos ali pro-fessores, reformados, mecânicos de automóvel, psicólogos, advogados, tudo o que se possa imaginar”.

No que respeita às suas dificul-dades, Sofia Marques sublinha que se ocupou de tudo sozinha, tanto imagem como som. “No teatro é complicado o som, porque temos os projectores que fazem uns ruí-dos que não dão jeito nenhum e os telemóveis das pessoas que estão sempre a tocar apesar de pedir para desligarem, porque mesmo no si-lêncio fazer interferência”.

A “ilusão” que deu a designa-ção ao filme não está só relacionada com o título do espectáculo que ele relata mas também porque o que está no documentário é uma ilusão “para quem participa, para quem vê e para quem de repente pega numa câmara e num microfone e resolve fazer tudo isto sozinha”.

Sofia Marques trabalha no Teatro Cornucópia há 20 anos

país comunista é mesmo opressor, mas não é o caso’”, explicou.

Mas este “entusiasmo desapareceu”, se-gundo o autor, que observa um maior con-trolo após a realização dos Jogos Olímpicos de Pequim. “As pessoas mais liberais têm desilusão e raiva. Elas costumavam ter um bom sentido de humor até 2008. Pensavam que todos estes meios repressivos iriam de-saparecer, por isso levavam as coisas com mais ironia, mas acho que já não têm pa-ciência para isso. Os que são pró-Partido [Comunista] nunca tiveram nenhum senti-do de ironia para começar. Eles não gostam de ironias, quanto mais de sátiras. Eles são sempre muito positivos”, afirmou.

No seu romance “The Fat Years”, publi-cado numa edição brasileira, sob o título “Os Anos de Fartura. China 2013”, Chan Koonchung reflecte sobre a prosperidade económica, censura e opressão. A acção é passada num futuro próximo (2013), en-tretanto passado, permitindo comparações entre a realidade e ficção.

“No meu livro, o governo tornou-se mais eficiente a calar todas as vozes dissidentes. Isso também está a acontecer agora, por-

que em 2009, quando foi lançado o Weibo [o “Twitter chinês”], muitos pensaram que já se podiam expressar e que o governo já não os podia controlar em tempo real. Tudo isso acabou. Agora há poucos meios para as vozes dissidentes se fazerem ouvir. Essa é a parte assustadora [da realidade]”, comentou.

Depois de “The Fat Years” e outros títu-los, Chan Koonchung publicou “The Second Year of Jianfeng”, ainda só disponível em língua chinesa. Neste romance, imaginou uma “China não-comunista”, num cenário em que a guerra civil era ganha pelos Nacio-nalistas – a oposição ao Partido Comunista antes de 1949.

Para o autor, “os nacionalistas e os comu-nistas são parecidos em muitos aspectos”. “Ambos modelaram os seus partidos contra o partido de Lenine. Eles têm ideais simila-

res. Os nacionalistas também promovem a igualdade e o nacionalismo, por isso não é assim tão diferente. O nacionalismo não se-ria perfeito, mas também não seria o pior ce-nário [na China]”.

Com os nacionalistas no governo, “ha-veria uma economia mista e provavelmente haveria mais liberdade de imprensa”, acres-centou.

No entanto, na sua versão da “China não comunista” continua a haver opressão. Para o autor é difícil imaginar-se a escrever um livro sobre a China ou sobre qualquer outro país sem essa característica.

“Isso seria um livro mesmo utópico… Não o farei. Todas essas ideias ‘naïves’ já desapareceram no mundo. Sou uma pessoa bastante pessimista”, rematou.

JTM/Lusa

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Terça-feira, 08 de Março de 201612 JTM | PUBLICIDADE

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PREMIER LEAGUE

United volta a perder

Os ‘colchoneros’, que já não defrontam mais esta época FC Barcelona, Real Madrid e

Villareal, terão uma fase final de cam-peonato sem deslocações a clubes de topo, pelo que o avanço de quatro pontos sobre o outro clube da capital começa a ser dificilmente perdível.

Relativamente ao primeiro lugar do ‘Barça’, que goleou nesta 28.ª jor-nada da Liga o Eibar, por 4-0, não há já muito a fazer, já que os catalães co-mandam com oito pontos à melhor.

Os campeões da Europa mantive-ram a sua caminhada impressionante, 11.º jogo a ganhar na Liga, na visita ao Eibar, mesmo sem contar com o ‘tridente’ de luxo, face à ausência de Neymar.

Com o internacional brasileiro a cumprir castigo, o técnico Luís Enri-que surpreendeu ao apostar em Mu-nir ao lado de Lionel Messi e Luís Suaréz, com os golos do ‘Barça’ a per-tencerem na mesma ao trio, desta feita

reformulado.Munir, de 20 anos, espanhol de

ascendência marroquina, do lado pa-terno, é o mesmo que há duas épocas, na final da Youth League Cup, marcou dois dos três golos com que os cata-lães venceram o Benfica na primeira edição da ‘Champions’ dos juniores.

O jogo deu ainda para o uruguaio Luís Suárez somar o seu 26.º golo, si-tuando-se a um de Cristiano Ronaldo (27) na lista dos melhores marcadores na Liga e da Bota de Ouro, troféu que premeia o melhor goleador na Europa.

Nos outros jogos, o Betis (11.º), que até viu Juan Vargas ser expulso aos 53, complicou a vida ao Granada, num jogo em que venceu por 2-0. A vitória da equipa sevilhana mantém o Grana-da na zona de descida (18.º).

Real Sociedad e Levante empata-ram, 1-1, enquanto em Gijón, o Spor-ting local perdeu por 2-0 com o Athle-tic de Bilbau.

JTM com Lusa

LIGA ESPANHOLA

Atlético de Madrid confirma 2º lugar O Atlético de Madrid passou um dos mais difíceis testes que ainda lhe faltavam na Liga espanhola de futebol, ao vencer por 3-1 em Valência, um resultado que lhe permite reforçar o segundo lugar na prova

Com os ‘míticos’ Alex Ferguson e Bobby Charlton lado a lado nas bancadas do estádio The

Hawthorns, em West Bromwich, a equi-pa de Louis van Gaal foi uma vez mais confrangedora, agravando o cenário com a expulsão de Juan Mata, aos 26 minutos.

O médio espanhol, que tinha dado a vitória a meio da semana frente ao Watford (1-0), viu o cartão amarelo no espaço de quatro minutos, aos 23 e 26, deixando os ‘red devils’ com menos uma unidade e muito jogo pela frente.

O golo do West Bromwich surgiria já na segunda metade, com a bola a ‘pin-gar’ na zona de grande penalidade e o venezuelano Salomón Rondón aprovei-tou para bater De Gea, aos 67 minutos, estabelecendo a diferença que se mante-ve até ao final.

Mais cedo e em Londres, na casa do Crystal Palace, um golo do belga Ben-teke, de grande penalidade e no último

O Manchester United sofreu a oitava derrota da época na Liga Inglesa de futebol, em casa do West Bromwich Albion (1-0), e acabou a 29.ª jornada na sexta posição, a última da zona europeia

minuto dos descontos, deu o triunfo ao Liverpool que conseguiu virar o resul-tado inicialmente desfavorável.

Na liderança da Liga Inglesa conti-nua o surpreendente Leicester, que no sábado venceu em Watford (1-0) e re-forçou o comando, face ao empate entre Tottenham e Arsenal (2-2), segundo e terceiro classificados, respectivamente a cinco e oito pontos do líder.

JTM com Lusa

Terça-feira, 08 de Março de 2016 JTM | DESPORTO 13

Costa Santos Sr.Exclusivo para o JTM

Quem nos apanha?, parecem dizer os jogadores do Leicester

LIGA PORTUGUESA

FC Porto viu “Braga por um canudo”Um FC Porto muito abaixo do que precisava nesta altura da Liga foi ver “Braga por um canudo”, aumentando as previsões que será pelo mesmo “canudo” que este ano verá o título

Depois do Sporting-Ben-fica, o Braga-Porto era o segundo jogo mais

importante da jornada, no que à luta pelos lugares cimeiros dizia respeito.

Os minhotos, “espicaça-dos” pelo feito de terem con-quistado um lugar na final do Jamor, prometiam réplica con-digna a um FC Porto que não tinha margem para errar.

Ora foi claramente confir-mado o mau momento por-tista, sem ligação no seu jogo, sem coordenação entre sec-tores e lento, denunciando as transições. A cinco minutos do termo do encontro, conse-guiu o empate só que, nesses mesmos cinco minutos finais, o desnorte defensivo foi com-pleto e até Casillas entrou na onda negra! Com esta derrota e, acima de tudo, com o que ela deixa nos espíritos dos jogado-

res, a luta pelo título está cada vez mais longe.

Na luta pela fuga aos luga-res do fundo da tabela, tudo

mais complicado para o Boa-vista, permitindo que o Na-cional – outro dos aflitos – lo-grasse, ainda que pela margem mínima, uma preciosa vitória, que para já, lhe transmite algu-ma tranquilidade.

Natural a vitória do Arou-ca, na sua visita a Tondela. Al-lás, a equipa de Lito Vidigal, depois de garantir o seu objec-tivo principal – a manutenção – não se deixou prender a esse feito e, agora, tem o quinto lu-gar quase à sua mercê.

As outras equipas insulares

– Maritimo e União da Madei-ra – conseguiram a pontuação mínima, muito embora o maior mérito caiba ao Maritimo que, na sua deslocação a Paços de Ferreira, impôs uma igualdade a dois golos. O União da Ma-deira, recebendo o Belenenses, não conseguiu alterar o pla-card inicial 0-0.

Em Setúbal, duas equipas a mostrarem a irregularida-de da sua produção: Vitória e Moreirense. E para quebrar os maiores desígnios atacantes dos donos da casa, a equipa de Moreira de Cónegos conseguiu vitória muito importante para, no mínimo, “estabilizar” o seu estilo e o seu futebol. Ao con-trário, os sadinos, perderam uma excelente ocasião para dar um pulo grande na tran-quilidade desejada.

Em Coimbra, um Vitória de Guimarães surpreenden-temente “amorfo”, de futebol desligado, nunca chegou a assustar uma Académica que começou com cautelas defensi-vas mas depressa percebeu que poderia ousar subir no terreno e causar calafrios ao extremo reduto defensivo vimaranense. E assim foi. Apesar dos golos só terem surgido no segundo tempo, a vitória foi, claramen-te, justificada pela diferença de produção dentro das quatro linhas.

Como consequência ime-diata, a “fuga” aos lugares da despromoção.

* Jornalista

Sporting só quer ser “campeão em Maio”

Utilizando o “Facebook”, o presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, relembrou aos adeptos do clube que o objectivo é “chegar a Maio e vencer,” ao invés dos ‘leões’ serem “campeões de inverno”. “Faltam nove jornadas e temos de manter a Onda Verde sempre em crescendo”, escreveu, adiantando que “os campeões não são feitos de euforias e depressões, mas de crenças, vontade, trabalho e paixão!”. “Iremos manter a qualidade do nosso trabalho e colocar em cada jogo o Esforço, Dedicação e Devoção que no final nos traga a merecida Glória!”, reforçou. Por isso, espera que os adeptos mantenham o “apoio constante” que, em seu entender, os torna nos “melhores do mundo”, recordando que “a tristeza faz parte da vida e só fica triste quem tem expectativas e crenças”.

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Terça-feira, 08 de Março de 201614 JTM | ACTUAL

Como advertiu na quarta-feira o “The Washington Post”, a “janela” para evitar uma candidatura presidencial de Trump “fechou-se quase com-

pletamente” com as vitórias do magnata em sete dos 11 estados em jogo e, além disso, o partido não conta neste momento com uma estratégia unida para rejeitar o mul-timilionário nova-iorquino.

“Os republicanos parecem vacilar, incapazes ou reticentes em compreender que um turvo e grandilo-quente mentiroso (Trump) está a forjar a imagem de seu partido como símbolo de intolerância e divisão”, afirmou também o “The New York Times” num duro editorial.

O jornal urge, além disso, para que as “infames de-clarações” e “ideias superficiais” de Trump sejam expos-tas através de “análises desapaixonadas e debates inte-ligentes, estratégias que ergueriam” os seus oponentes para a nomeação presidencial republicana.

Até agora, os principais líderes republicanos no Con-gresso falaram “fininho” quando tentaram distanciar-se de Trump e nem sequer o fazem frequentemente, talvez por terem receio da linguagem de Trump.

Na terça-feira, tanto o presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, como o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, denunciaram de ma-neira apenas velada o facto de Trump se ter negado a condenar o apoio à sua campanha, de um antigo líder do Ku Klux Klan.

Ryan já havia criticado no passado a proposta de Trump de proibir a entrada nos EUA de todos os mu-çulmanos, mas o certo é que nem ele nem outros “pesos pesados do partido declararam o seu apoio a nenhum dos rivais de Trump e anteciparam que apoiarão quem finalmente conseguir a candidatura.

Na manhã de hoje em Macau, Mitt Romney, que foi o candidato presidencial republicano em 2012 e

Os resultados das primárias da Super Tuesday nos Estados Unidos deixaram claro que o problema dos republicanos não é Hillary Clinton, mas a possibilidade, cada vez mais maior, que Donald Trump seja o seu candidato presidencial

Punidos 300 mil altos quadros por corrupçãoCerca de 300 mil altos quadros do Go-verno chinês de diferentes níveis foram punidos por corrupção no ano passa-do, revelou ontem o órgão máximo de inspecção e disciplina do Partido Co-munista da China (PCC). Sem avançar mais detalhes, a Comissão Nacional de Inspecção e Disciplina revelou que em 82 mil dos casos foram aplicadas pu-nições de carácter “grave”, incluindo despromoções. O Governo continuará a punir a corrupção “sem descanso”, disse no sábado o Primeiro-Ministro, Li Keqiang, no relatório apresentado à Assembleia Nacional Popular chinesa. Desde que subiu ao poder, o Presiden-te chinês, Xi Jinping, prometeu “com-bater tanto as moscas como os tigres”, numa alusão aos altos quadros do PCC que durante muito tempo pareciam agir com total impunidade. Trata-se da mais drástica e persistente campanha anticorrupção das últimas décadas na China, com resultados em praticamen-te todos os sectores do Estado, incluin-do o exército, até há pouco tempo con-siderado intocável. O último “tigre” a ser atingido foi o director do Gabinete Nacional de Estatísticas, Wang Baoan, cuja investigação foi revelada uma se-mana após ter anunciado os dados do crescimento económico da China em 2015, no final de Janeiro. No ano pas-sado, a justiça chinesa condenou à pri-são perpétua o ex-chefe da Segurança Zhou Yongkang, o mais alto líder chi-nês a ser condenado por corrupção na história da China comunista.

EUA

O problema republicano é Trump, não Hillary

perdeu para o actual presidente Barack Obama, fará um discurso sobre a esta campanha na Universidade de Utah, embora não esteja previsto mas não está pre-visto que apoie nenhum dos pré-candidatos republi-canos. Romney foi nos últimos dias uma das vozes do partido mais críticas com Trump, a quem acusou de mentir sobre suas finanças pessoais e exigiu que apre-sente as suas declarações de impostos.

Segundo fontes citadas por vários veículos de co-municação, Romney vai expôr as razões por que o Partido Republicano não pode permitir que Trump seja seu candidato à Casa Branca.

O pré-candidato presidencial e senador Marco Rubio também baseou a sua estratégia antes da Su-per Tuesday nos ataques directos a Trump, inclusive pessoais, mas finalmente só ganhou num (Minnesota) dos 11 estados que realizavam caucus (assembleias populares) e primárias.

Assim, com suas três vitórias (Texas, Oklahoma e Alasca), e uma derrota por margem mínima frente a Trump no Arkansas, o senador Ted Cruz é visto agora

O envelhecimento da população chinesa, a mais numerosa do mundo, coloca “sérios” desafios às autoridades do país para as próximas décadas, particularmente no sistema de saúde, segundo uma pesquisa citada ontem pela imprensa estatal

CHINA

Envelhecimento da população coloca “sérios” desafios ao país

O estudo, elaborado pelo Centro Nacional de Pesquisas e Inqué-ritos da Universidade Renmin,

uma das mais prestigiadas instituições de ensino do país, revela que 75% dos idosos sofrem de doenças crónicas. Hi-pertensão, doença cardíaca, diabetes e artrite foram as patologias mais acusa-das.

Pelas contas do Governo chinês, em 2015 a China tinha 222 milhões de ido-sos, entre os quais 4,4 milhões sofriam de incapacidades graves.

A deterioração da saúde mental é outra preocupação, com 25% dos inqui-ridos a dizerem que se sentem sozinhos e metade a viver sem auxílio dos filhos.

Entre 2022 e 2040, a população chi-nesa tornar-se-á “significativamente idosa”, à medida que as pessoas nasci-das durante a “explosão” demográfica registada entre 1960 e 1980 entrarem na terceira idade.

Entretanto, a população em idade activa na China registou, em 2015, a maior contração de sempre na Histó-ria moderna do país - 4,87 milhões de pessoas, para 911 milhões, ou 66,3% da população.

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UIVO

O fenómeno “poderá ser o maior desafio demográfico que a China algu-ma vez enfrentou”, comentou ao jornal China Daily Zhai Zhenwu, professor de sociologia e estudos populacionais da Universidade Renmin.

A China aboliu este ano a política de “um casal, um filho”, pondo fim a um rí-gido controlo da natalidade que durava desde 1980, e que permite aos casais do

país ter, no máximo, duas crianças.A alteração na lei de planeamento fa-

miliar “poderá adiar a tendência [enve-lhecimento da população], mas não será suficiente para causar uma inversão”, explicou Zhai.

A nação mais populosa do mundo, com cerca de 1.375 milhões de habitan-tes, prevê ter mais 45 milhões de pessoas daqui a cinco anos.

como a alternativa mais viável para parar o magnata. Cruz tem postas suas esperanças de curto prazo no Kan-sas, onde está a fazer campanha, Louisiana e Maine, três estados nos quais, junto com Kentucky, os republicanos realizarão votações este sábado.

O senador pelo Texas defende que é o único capaz de bater Trump, a quem venceu também em Iowa em Fevereiro, e pediu a Rubio e aos outros pré-candidatos republicanos, John Kasich e Ben Carson, que se retirem da disputa.

Para os pré-candidatos democratas, Hillary Clinton e Bernie Sanders, a próxima disputa eleitoral também está marcada para este fim de semana no Kansas, Louisiana, Maine e Nebraska. Com suas vitórias da Super Tuesday em sete estados (Alabama, Arkansas, Geórgia, Tennes-see, Texas, Virgínia e Massachusetts) mais o território de Samoa Americana, Hillary já mira um possível duelo com Trump e assim se viu em seu discurso de comemo-ração em Miami.

“Sabemos que temos trabalho a fazer. E não é fazer os Estados Unidos grandiosos, os Estados Unidos nunca deixaram de ser grandiosos. É fazer um só Estados Uni-dos”, declarou Clinton, numa clara alusão ao lema de campanha de Trump.

O senador Sanders, que triunfou em Oklahoma, Minnesota, Colorado e Vermont, diz que não se rende e, segundo os seus estrategistas de campanha, ainda tem hipóteses de obter a nomeação democrata se vencer nos estados industriais do Meio Oeste e noutros que ou-torgam muitos delegados para a convenção do partido como Califórnia e Nova York.

O próximo dia-chave é 15 de Março, quando vo-tam estados como Flórida e Ohio, com muitos dele-gados em jogo e nos quais o vencedor obtém todos os delegados.

JTM com agências

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Terça-feira, 08 de Março de 2016 JTM | ACTUAL 15

Amanhã em Portugal, toma posse Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República Portuguesa. É o momento para fazer um balanço da vida política do Presidente Cavaco Silva que, com umas frases aos jornalistas, colocou quase todo o País contra si, ele que fora campeão das vitórias eleitorais e de maiorias absolutas, Primeiro-Ministro durante 10 anos e dois mandatos em Belém

CHINADoze mineiros morreram e outro ficou ferido na sequência de uma explosão de gás numa mina de carvão na província chinesa de Jilin, avançou ontem a agência Xinhua. Nos traba-lhos de resgate participaram 316 membros de equipas de busca e salvamento e 46 profissio-nais de saúde, detalha a Xinhua, que cita as autoridades locais.

COREIA DO SULA Coreia do Sul e os Estados Unidos iniciaram ontem as suas maiores manobras militares conjuntas até à data num clima de grande tensão, depois de a Coreia do Norte ter amea-çado realizar “ataques preventivos”. Segundo indicaram as autoridades de Seul e Washing-ton, as manobras vão envolver mais de 300 mil militares sul-coreanos.

JAPÃOMilhares de pessoas retiradas de suas casas devido ao tsunami que arrasou o Nordeste do Japão em 2011 continuam em abrigos tem-porários e muitas não regressarão aos locais onde viviam até 2021, informaram as autori-dades. Cerca de 59 mil pessoas de Iwate, Miya-gi e Fukushima continuam a viver em abrigos temporários, o que representa aproximada-mente metade do máximo dos deslocados, registados após o tsunami de há cinco anos.

IRAQUEO Estado Islâmico reivindicou a autoria de um ataque suicida com um caminhão carregado de explosivos num posto de controlo da polícia iraquiana na entrada da cidade de Hilla, ao sul de Bagdad, matando pelo menos 60 pessoas e ferindo mais de 70, disseram autoridades médicas e de segurança. A responsabilidade foi reivindicada no site da agência de notícias Amaq, que apoia o Estado Islâmico.

EUAA ex-atriz Nancy Reagan, que esteve ao lado do marido Ronald Reagan durante a sua carreira em Hollywood, nos oito anos na Casa Branca, uma tentativa de assassinato e o mal de Alzhei-mar, morreu no domingo aos 94 anos. Nancy tornou-se uma das mais influentes primeiras--damas da história dos Estados Unidos durante os mandatos de Ronald Reagan.

UNIÃO EUROPEIAA Alemanha rejeitou os apelos para dar à Grécia mais tempo para atingir as metas orça-mentárias acordadas com os credores interna-cionais no seu terceiro programa de resgate, enquanto o país lida com a crise de migração. “A questão dos refugiados e o programa de ajuda para a Grécia não devem ser mistura-dos”, disse à Reuters um porta-voz do ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble.

SÍRIAAo menos 14 civis foram mortos e dezenas ficaram feridos nO domingo depois que ter-roristas lançaram morteiros e foguetes num centro comercial num quarteirão residencial na cidade de Aleppo, no norte da Síria, afir-mou a imprensa estatal síria. Os morteiros que foram disparados de regiões de Aleppo domi-nadas por rebeldes, acertaram no bairro de Sheikh Maqsoud.

REINO UNIDOO Mayor de Londres negou que as ambições pessoais estejam por trás da decisão de fazer campanha para a saída Grã-Bretanha da UE e disse que seria uma “oportunidade de ouro” para o país forjar os seus próprios acordos co-merciais com o mundo. Boris Johnson, que ex-pôs profundas divisões dentro do Partido Con-servador no que diz respeito à Europa, disse acreditar que opção arriscada seria ficar dentro do bloco de 28 países.

VOLTA AOMUND

As “frases assassinas” ouviram-se em Janeiro de 2012, no Porto. Os jornalistas perguntam-lhe sobre

as suas pensões e Cavaco, com o pouco à vontade com que sempre enfrentou os jornalistas, garante: “Tudo somado, o que irei receber do Fundo de Pensões do Banco de Portugal e da Caixa Geral de Aposentações quase de certeza que não vai chegar para pagar as minhas despe-sas porque, como sabe, eu também não recebo vencimento como Presidente da República.”

E, como se isso não bastasse, acres-centou que “felizmente, durante os meus 48 anos de casado, eu e a minha mulher fomos sempre muito poupados e fazíamos questão de todos, todos os meses colocar alguma coisa de lado e, portanto, agora posso gastar uma parte das minhas poupanças e é por isso que eu não faço questão quanto a isso”.

Os portugueses abriram a boca de espanto. É que, era do conhecimento público que Cavaco tinha prescindido do vencimento de Presidente, optando por receber as reformas como professor catedrático, um total de cerca de 10 mil euros por mês.

Ao espanto sucedeu a revolta dados os baixos salários dos portugueses. Por ocasião de “Guimarães, Capital da Cul-tura” atravessou o Largo de Torel, sob imensa vaia de centenas de manifestan-tes, e dias depois, a caminho de uma visita à Escola António Arroio, o Pre-sidente suspende a visita quando sabe que o espera uma manifestação de es-tudantes, no que foi considerado como uma fuga “por medo”.

As redes sociais enchem-se de crí-ticas. Recorda-se a bronca da notícia que entre 2001 e 2003 a família Cavaco Silva tinha detido acções da Sociedade Lusa de Negócios, proprietária do BPN, e entre outros casos, as eventuais irre-gularidades na aquisição de uma casa no Algarve muito badaladas durante a campanha da sua reeleição.

Cavaco ressabiadoToda a imprensa portuguesa é unâ-

nime em reconhecer que no discurso da reeleição, “é um Cavaco ressabiado, ferido na sua honorabilidade, que dis-cursa na varanda do CCB como Presi-

PORTUGAL

“Frases assassinas”que toldam uma vida política

dente reeleito”. Dias depois, falando no Parlamento corta com o passado de coabitação com José Sócrates, a quem ajudara a aprovar os PEC’s I a III.

A 23 de Março, o PEC IV é chum-bado na Assembleia e Sócrates demi-te-se. Cavaco dissolve a AR e convoca eleições que serão ganhas pelo PSD.

A partir daqui, forma-se um go-verno de maioria e entra a “troika” no País. O primeiro sinal de que regressa à coabitação é dado por não enviar o Orçamento de Estado para o Tribunal Constitucional, embora critique o Go-verno pelo corte das pensões.

A sua “prova de fogo” com a maio-ria surge em Setembro de 2012 quan-do Passos Coelho anuncia que a taxa social única (TSU) das empresas vai baixar 5,75% e aumentar em 7% os descontos dos trabalhadores para a Se-gurança Social. O descontentamento popular vem para as ruas e em 15 de Setembro, regista-se a maior manifes-tação dos últimos 40 anos, com sindi-catos dos trabalhadores e confedera-ções patronais contra a medida.

Para aumentar a crise, o CDS tam-bém se opõe e Paulo Portas assume, pela primeira vez, divergências. Ca-vaco tenta fazer a ponte entre Passos e Portas, convoca o Conselho de Estado e o Primeiro-Ministro e o ministro das Fi-nanças, Vítor Gaspar acabam por ceder.

Numa comunicação ao país a 10 de Julho, anuncia que propôs ao PSD, ao CDS e ao PS negociações para um “pacto de regime”. Na reunião que manteve com Cavaco, Seguro não abriu o jogo, mas recusou-se a assinar o acordo, devido à oposição interna no partido.

Cavaco aceita a remodelação do Governo de Passos, posição que passa a ser vista pela esquerda como de de-fesa do PSD e do PM.

O mesmo sentimento decorreu (pelo menos para a esquerda) quan-do tentou condicionar o cenário polí-tico após as legislativas, insistindo no pacto de regime. A coligação de direita vence, por diferença pequena e Cava-co, contra todos os analistas, pede a Passos para diligenciar um acordo de governação que foi entendido como uma pré-indigitação.

António Costa, pelo PS, anunciara logo no início da sua eleição que que-ria romper a barreira que excluía o

PCP e o BE do poder governativo. Cavaco indigita Passos como PM dá

posse a um novo Governo, e mostra-se contra as conversações à esquerda, che-gando mesmo a pedir que os deputa-dos socialistas votem contra a discipli-na partidária. Quando Passos caiu no Parlamento, porém, Cavaco acaba por ter que dar posse a Costa, ainda com umas hesitações que justificam deixar o cargo como um dos presidentes com menor quota de popularidade.

O PM dos fundos europeusE, no entanto, foi no tempo das

suas maiorias absolutas como Primei-ro-Ministro que Portugal registou um enorme desenvolvimento que trans-formou o País para sempre.

Ao Diário de Notícias, o historia-dor António Costa Pinto afirmou que “a primeira marca” de Cavaco Silva é a de que “ficará para sempre ligado a um círculo virtuoso de mudança social e económica na sociedade portugue-sa”, visível nas “mudança das con-dições de vida” de muitos cidadãos, embora fique “também ligado a uma imagem particularmente negativa do seu círculo político e dos escândalos associados”.

O chefe da Casa Civil de Mário Soares, Alfredo Barroso discorda: “A primeira marca é como Primeiro-Mi-nistro: desaproveitou completamente as ajudas comunitárias decorrentes da entrada na então Comunidade Econó-mica Europeia” – e, a segunda marca negativa é que “foi ele quem criou o chamado monstro das finanças públi-cas”.

Marques Mendes, por seu lado, destacou “a longevidade da carreira política” de Cavaco e chegou mesmo a considerar como a sua marca mais importante “a procura de consensos”.

Ouvidos pelo DN, Alfredo Barroso acha que Cavaco “foi um Presidente de fação e contraditório, porque der-rubou um governo invocando que os portugueses já tinham sofrido dema-siados sacrifícios e acabou a apoiar ou-tro que ainda os aumentou”, enquanto o general Loureiro dos Santos, ex- che-fe do Exército, salientou a “marca de rigor” e a de “uma certa insensibilida-de relativamente aos problemas das pessoas”.*Com imprensa portuguesa e arquivo JTM

José Rocha Diniz

Cavaco Silva recebeu Marcelo Rebelo de Sousa

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Terça-feira, 08 de Março de 201616 JTM | OPINIÃO

O único campeão do Mundo (FISM) oficial de Ilusionismo por-

tuguês, é Hélder Guimarães, em Cartomagia, área onde abundam grandes nomes da Magia mundial, com natu-ral destaque para o espanhol Juan Tamariz aqui já abor-dado e em plena actividade. Depois do Hélder, vencedor em 2006, sucedeu-se o cana-diano Shawn Farquhar num estilo “mais solto” mas, quan-to a nós, tecnicamente menos afirmativo. O mais recente FISM, foi disputado em 2015 na Itália. Aqui a Cartoma-gia distribuiu dois primeiros prémios –Horret Wu de Tay-wan e ShinLim, inscrito pelo Canadá. Ambos alcançaram a pontuação de 83.

O que parece simples – as cartas, não o será na criação de efeitos construídos para proporcionar ao público a oportunidade de, como dis-

• Mário Daniel o Ilusionista de “Minutos Mágicos” apresentará no Teatro Sá da Bandeira, no Porto, o seu espectáculo com magias e fantasias “Fora do Baralho” nos próximos dias 19 e 20 de Março. Será a primeira vez, depois de ter passado por muitos palcos do país, que este espectáculo, um convite á família, vai estar na cidade do Porto.

• No dia da sua recandidatura, 29 de Fevereiro, o presidente e candidato a presidente do PSD, Pedro Passos Coelho (PPC) afirmou não ser “um sempre em pé”. Dúvida de Mágico: PPC terá razão. Não era em Bruxelas que se passeava de cócoras?

Dicas

A. CARDINAL *ENTRADA LIVRE

Um viva às Cartas de jogarse o Hélder, em entrevista ao Observador “a magia só existe na cabeça do público” e, na linha do que aqui te-mos, reiteradamente, escrito acrescentou “a magia deve ser usada para criar ilusão (…) mas, também, como um veículo de comunicação…”

Os efeitos de cartas, al-guns a parecerem pedaços de poemas, quando bem casados musicalmente, ficam nas nos-sas memórias pelo encanto e espanto da ilusão mas, sobre-tudo, pela magia oferecida.

Isto vem a propósito do que parece ser uma aptidão dos portugueses, adeptos desta disciplina com as cartas e os variados conteúdos que às cartas se associam, como aconteceu com o livro de José Henrique da Silva com tex-tos do Nobel português Egas Moniz de título “Tratado do Jogo de Boston” datado de 1942, editado pela Ática.

Egas Moniz (1874-1955) um simpatizante das “coisas” da magia, essencialmente, na área da cartomagia, além do prefácio é-lhe atribuída, tam-bém, a colaboração na escrita de outros textos.

No livro, datado de 1942, José Henriques da Silva admi-tia que as cartas teriam chega-

Helder Guimarães o português Campeão que “dá” cartas ao Mundo

do à Europa, primeiro a Itália, em meados de 1370, tendo em conta que as primeiras cartas europeias, registam o seu fa-brico, na Lombardia, seguin-do-se Veneza com baralhos constituídos por quase oito dezenas de cartas, chegando, ao que se diz, à época, a quase uma centena para uso em jo-gos nos aprimorados e requin-tados florentinos salões.

Em Portugal, no período Filipino que decorreu entre 1580 a 1640, de Filipe I (1580-

1598) , Filipe II (1598-1621) a Filipe III (1621-1640) é, por alvará nº 245 (jogar com car-tas e dados) de 17 de Março de 1605 ordenado “o cumpri-mento do contrato, feito para o Reino e Conquistas (…) não procedendo contra as pessoas que jogarem com cartas do dito estanque…”. O contrato de fabrico havia sido celebra-do com João Olmedo de Cam-pos.

Em Espanha, os primeiros registos de fabrico das car-tas de jogar datam de 1429 e apontam para Juan Alvarez residente em Sevilha, sendo que o seu sucesso foi de tal ordem que no Século XVI, aquela cidade de Andaluzia, chegou a contar com cerca de sete dezenas de fábricas.

Portugal, tal como a res-tante Europa, ainda tentou proibir a utilização das cartas

como elemento de jogo. Da-mos como exemplo quando nas Cortes de Évora, no ano de 1490, se solicitou à Coroa que proibisse “a entrada dos alfeloeiros que vêm de Cas-tela (…) ensinarem jogos de cartas e dados a moços, que para os jogos roubam os seus donos (...)”

Curiosamente só em mea-dos de 1860 é que a figura do Joker aparece nos baralhos, fi-gura criada pelos americanos mas, à qual, ainda não está dado um significado concreto daí considerar-se uma “carta de conveniência”.

Não fossem as cartas e Por-tugal não teria, no Hélder, um brilhante Ilusionista, campeão do Mundo, em Cartomagia.

* Ilusionista – coordenadordo Magic Valongo Festival

Internacional de Ilusionismo

2ª Vez “JTM” - 08 de Março de 2016

TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE JUÍZO CÍVEL

ANÚNCIO

2ª Vez “JTM” - 08 de Março de 2016

Proc. Execução Ordinária n.º CV3-15-0071-CEO3º Juízo Cível

Exequente: BANCO COMERCIAL DE MACAU S.A., com sede em Macau, na Ava. da Praia Grande, no 572.Executada: UN KA MAN, solteira, ora ausente em parte incerta, com última residência conhecida em Macau, Avenida do Ouvidor Arriaga No.51, Edf Golden Garden, 16-andar-D, Macau.

FAZ-SE SABER que, pelo Tribunal, Juízo e processo acima referidos, correm ÉDITOS DE TRINTA (30) DIAS, a contar da data da segunda e última publicação dos respectivos anúncios, citando, a executada acima identificada para no prazo de VINTE (20) DIAS, decorridos que sejam os dos éditos, pagar ao exequente a quantia de MOP$51.322,12 (Cinquenta e Uma Mil, Trezentas e Vinte e Duas Patacas e Doze Avos), e demais acréscimos legais, ou no mesmo prazo, deduzir oposição por embargos ou nomear bens à penhora, sob pena de não o fazer ser devolvido ao exequente o direito de nomeação de bens à penhora e seguindo o processo os ulteriores termos até final à sua revelia.

Tudo conforme melhor consta do duplicado da petição inicial que neste 3o Juízo Cível se encontra à sua disposição e que poderá ser levantado nesta Secretaria Judicial nas horas normais de expediente.

Caso a citanda pretenda benefeciar do regime geral de apoio judiciário, deverá dirigir-se ao balcão de atendimento da Comissão de Apoio Judiciário, sito na Rua do Campo, n.o 162, Edifício de Administração Pública, 1.o andar, Macau, para apresentar seu pedido, sendo que poderão pedir esclarecimentos através do telefone n.o 2853 3540 ou correio electrónico [email protected].

Para o efeito, terá de comunicar ao processo a apresentação do pedido àquela Comissão, para beneficiar da interrupção do prazo processual que estiver em curso, nos termos do n.o 1, do art.o 20.o, da Lei 13/2012, de 10 de Setembro.

Macau, 26 de Fevereiro de 2016.

O Juiz, Chan Chi Weng

O Escrivão Judicial Principal,Aníbal Gonçalves

TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE JUÍZO CÍVEL

ANÚNCIO

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Terça-feira, 08 de Março de 2016 JTM | OPINIÃO 17

PANCHÕES NO MARCOOs CTT informam que no dia 22 de Fe-vereiro, alguns engraçadinhos decidi-ram queimar panchões dentro de um marco postal situado na Avenida Almi-rante Lacerda, do que resultou, como se depreende, a destruição de parte da correspondência ali depositada. Embora alheios a este deplorável acto de vanda-lismo e condenando-o, os CTT lamen-tam os inconvenientes causados a qua-tro dos utentes que mais prejudicados saíram desta situação e colocam-se à dis-posição dos interessados no sentido de darem os esclarecimentos que se julga-rem oportunos e necessários, através do telefone 5985723, onde serão atendidos pelo funcionário Fernando Conceição.

MACAU CONTINUANA UCCLA APÓS 99O Grupo de Ligação Conjunto Luso--Chinês (GLC) acordou na continuação da presença de Macau, após a transfe-rência da Administração para a Repú-blica Popular da China, em Dezembro de 1999, na União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA). Jorge Mendes, número dois da parte portu-guesa do GLC, disse que o acordo que possibilitará a Macau continuar a parti-cipar na UCCLA, será assinado na 25a reunião plenária do órgão de consulta luso-chinês, que se realiza a 26 de Março, em Lisboa. Durante a reunião do grupo de trabalho sobre a participação de Ma-cau em organizações internacionais, foi iniciada a análise da presença macaen-se em organizações como a Associação Internacional da Inspecção do Trabalho e nas convenções de combate à droga, contra práticas discriminatórias em rela-ção à mulher, direitos da criança e contra a prática de tortura. Para Jorge Mendes, a participação de Macau nas organiza-ções e convenções internacionais tem como objectivo reforçar a intervenção do território nesses organismos. Tam-bém Han Zhaokang, da parte chinesa do GLC, considerou que a participação de Macau em organizações e convenções internacionais “permitirá desenvolver as relações económicas, culturais, técni-cas e sociais com outros países trazendo aspectos benéficos para o território”. “Até ao momento já chegamos a acor-do sobre a participação de Macau em 30 organizações internacionais devendo al-gumas das actas dessas conversas serem assinadas brevemente” acrescentou Han Zhaokang.

Missãopara um presidente

Amanhã toma posse o nosso novo Presidente da República. Lá estarei, também, para ouvi-lo em São Bento, na mais vasta galeria reservada ao pú-

blico - a televisão.E hoje termina o seu segundo mandato uma persona-

lidade que serviu o nosso País, em vários cargos da maior relevância, em mais de três décadas de acção pública.

Não pôde escapar o presidente cessante à erosão polí-tica de dois mandatos e à conflitualidade ideológica que o colocou, sem alternativa, como o mais alto representan-te de um só sector de opinião.

Admirado por muitos e vilipendiado por não pou-cos, sobretudo neste final da sua presidência, com uma crise política inédita a ter que gerir, o Prof. Cavaco Silva terá agora a oportunidade de se explicar em livro sobre as suas intenções, as suas decisões e sobretudo que con-textos, não conhecidos da opinião pública, determinaram muitas delas.

Se se quiser dar a essa trabalho, de reconstrução de 30 anos do sistema democrático do seu e nosso país, pres-tará um serviço à comunidade nacional, narrando a sua versão da verdade , para memória futura.

Aprendi na vida diplomática a valorizar o que não é perceptível, ou imediatamente compreensível, para os meios de comunicação social. E também acredito que, se a imprensa é fundamental, ela não é o meio exclusivo para escrever a História.

Porque, como diria o Senhor de La Palisse, esta não se confunde com reportar sobre o presente...

Reservo pois para a leitura do seu depoimento a pos-sibilidade de um juízo claro e desapaixonado, tanto do homem, como da sua época. Em análise política, ou de pura cidadania esclarecida, o pecado mortal é retirar do contexto aquilo que o contexto em grande medida pode e deve explicar.

Recordo aqui o único encontro pessoal que tive com o ainda Chefe de Estado. A ele estará para sempre as-sociado o final da minha carreira, pois tive o privilégio de, como embaixador em Jacarta, organizar a primeira e única viagem de Estado á Indonésia, efectuada por um Presidente da República de Portugal, em Maio de 2012.

Foi o reencontro, ao mais alto nível, de dois países re-conciliados, depois de resolvida s questão de Timor.

******Se desce o pano de cena, ele sobe logo a seguir, com

outro actor central porque, quase como no teatro, a vida não admite longos intervalos...

Amanhã toma posse, pois, o nosso novo Presidente da República.

Como vários dos seus colegas de curso que aqui estão em Macau, recordar-me-ei, ao vê-lo discursar como, por brevíssimo tempo, partilhámos a viagem comum do cur-so de Direito, antes de cada qual decidir, como pôde ou soube, o que fazer profissionalmente - e assim construir a sua caminhada na vida.

Por obrigação, curiosidade ou necessidade mediática, muito se escreveu sobre o ainda presidente-eleito, antes e depois da sua recente eleição como Chefe de Estado. Conhecendo-lhe um pouco o percurso, não extraí dessa profusão de informação algo que alterasse a minha apre-ciação da pessoa, do académico, do comentador, do líder partidário, do membro de governo... etc, etc.

Não, minto! Falta dizer que não poucas vezes saí frus-trado, irritado mesmo, das suas conversas televisivas. Melhor, dos seus monólogos inteligentes, mal disfarça-dos em conversas, com a estranha aquiescência dos jor-nalistas de serviço.

Eram as regras de jogo que a sua personalidade im-punha e as estações de televisão aceitaram, sem grande hesitação, se alguma houve...

E, frustrado que estava, ia dizendo para mim mesmo que o homem inteligente e culto, como poucos, que era

• • • HÁ 20 ANOSIn “Jornal de Macau” e “Tribuna de Macau”

08/03/1996

Dito

“O CCAC não tinha oportunidade de mostrar as capacidades e agora tenta exibir-se. É assim tão difícil lidar com Ho Chio Meng? Basta chamá-lo para subir ao CCAC. É mesmo preciso julgar o Senhor na praça pública? Prendê-lo no Porto Exterior? O tratamento do CCAC foi repugnante. O montante é tão pequeno, acham que este senhor é assim tão ganancioso? Ele tem muita escolaridade, é um doutor. Acham que ele é uma pessoa vulgar? Pensem com a cabeça. Ninguém acredita nisto”

Fong Chi Keong, deputado ao jornal “Ou Mun”

CARLOSFROTA*

NOTAS SOLTAS

Marcelo, não podia eternizar-se nesse culto narcisista de parecer muito inteligente e de saber tudo - porque toda a gente o sabia muito acima da média, em todos esses aspectos. Não precisava de provar o que há muito estava provado!

Era preciso dar (devolver) tudo isso ao país. E ele por fim fê-lo. E eu reconciliei-me intimamente com a pessoa e a figura pública, excepcional a muitos títulos que é Mar-celo Rebelo de Sousa.

E também pelo testemunho destemido daquilo em que acredita e dos valores que o orientam.

(A gratuitidade desta afirmação só é proporcional à liberdade que eu igualmente teria, se por acaso me pro-pusesse dizer dele exactamente o oposto...).

Mas este apontamento não tem por objectivo fazer o elogio público do Presidente Marcelo, como certamente passará a ser familiarmente tratado, por uma imprensa algo tocada pela informalidade “brasileira” que o pró-prio não enjeitará, por razões pessoais, culturais, linguís-ticas . E agora, ainda mais, políticas.

Missãopara um Presidente

Que missão está realmente reservada para o presiden-te deste tempo novo e tão cheio de desafios, num regime político-constitucional que o priva da chefia efectiva do executivo, sobre o qual tem todavia uma função fiscali-zadora ?

Marcelo Rebelo de Sousa sabe, melhor que ninguém , quais são os seus poderes e quais são os limites destes. E durante a campanha eleitoral não cessou de se referir à necessidade de um país não crispado; de uma sociedade onde se construam pontes sobre o essencial.

Onde as pessoas falem umas com as outras como em família, e não como quem vai em silêncio, num anónimo autocarro, saindo cada um em diferente paragem.

A missão do novo presidente terá de ser essa mesma: a de coser e recoser os enormes rasgões no nosso teci-do social, usando da sua magistratura da influência para ajudar o governo, os governos (e o poder local) a atenuar as disparidades sociais gritantes e a resolver os conflitos vários que não deixarão de enxamear o seu mandato.

O presidente não é contra-poder, repetiu muitas ve-zes.

Pois não. Mas com essa garantia dada aos sucessivos executivos, terá de ser a mão e o olhar invisíveis para o grande público. Que ajude a cicatrizar feridas abertas por políticas cegas e por um Estado tantas vezes surdo ao cla-mor dos que, dentre nós, mais precisam.

O Palácio de Belém não pode ser transformado na Santa Casa da Misericórdia?

Certamente que não. Mas os portugueses esperam que à “campanha eleitoral dos afectos” se siga uma presidên-cia de rosto humano, solidária, sem a auto-suficiência e arrogância que são uma espécie de segunda pele de tan-tos os que assumem o poder no nosso país.

O presidente citou o Papa Francisco no seu discurso da noite da vitória, no átrio da Faculdade de Direito, dan-do assim ênfase, naquela ocasião tão especial, a uma das referências éticas que o guiam. Pois o Papa recordou há muito poucos dias: poder e a riqueza devem ser postos ao serviço do bem comum.

Se me motivasse por ilusões - que a idade já não con-sente - diria que o novo Presidente é tão inteligente... que não tem direito ao erro. O que seria uma tolice, porque por maior que seja a capacidade intelectual, a imperfei-ção persegue o ser humano, como vírus a que não pode escapar...

E Marcelo não escapará à tensão permanente da sua grande inteligência e do permanente desafio de a adaptar ás pessoas e às circunstâncias.

Saber ouvir, Senhor Presidente, saber ouvir...O homem que, como sugestivamente se vem dizen-

do, fez uma campanha eleitoral low cost e protagonizará amanhã, certamente, uma tomada de posse digna, mas conforme aos momentos que vivemos colectivamente - é bem capaz de assumir essa liderança de rosto humano.

Boa sorte, Senhor Presidente!

* Primeiro Cônsul-Geral de Portugal em Macau.Docente da Universidade de S. José.

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Terça-feira, 08 de Março de 201618 JTM | LAZER

• • • ROTEIRO

• • • SOB OS HOLOFOTES

Liane Ferreira

SOFIA ESTEVES LEMBRA A CIDADE CALMA ONDE OS VIZINHOS SE CONHECIAM

As Forças de Segurança no trilho do destinoSeguindo os passos do avô e do pai, Sofia Esteves personifica a terceira geração da sua família a trabalhar nas Forças de Segurança locais. Porém, não empunha armas, exercendo funções de tradutora e intérprete no Corpo de Polícia de Segurança Pública. Recordando a cidade calma de outros tempos, quando os vizinhos se conheciam, lamenta a confusão que se vive hoje

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JTM

Sofia Esteves tem 34 anos e uma árvore genealógica com sangue português e chinês. Assumindo-

-se como macaense de gema, explica que trabalhar nas Forças de Segurança é algo que tem a ver com os desígnios do destino.

“O meu pai veio de Portugal com a tropa e depois de conhecer a minha mãe ficou cá. Há mais de 40 anos que vive em Macau, mas passa o Verão em Por-tugal”, conta Sofia Esteves ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU, acrescentando que a mãe é macaense, fruto da união do avô também soldado português e da avó de origem chinesa.

O facto da mãe ter aprendido Por-tuguês na Escola Comercial acabou por facilitar a união do casal. Segundo recorda Sofia Esteves, quando o pai chegou ao território com o “pessoal da tropa” era comum os militares aproxi-marem-se de pessoas que sabiam falar Português e “nessa altura não eram muitas”.

Solteira, confessa que talvez por ser “macaense, mestiça”, os homens chine-ses não têm tanta coragem para falarem com ela, que “herdou” uma maior aber-tura em termos de mentalidade.

Quando frequentava a Escola Portu-guesa fez uma escolha que determinou a sua vida actual. “Quando acabei o en-sino secundário, se quisesse prosseguir os estudos teria de ir para Portugal ou estudar Direito e Interpretação cá, por-que eram os dois cursos que havia em Português”, refere Sofia Esteves, ao ex-plicar que “tinha poucos conhecimen-tos de Chinês”, facto que lhe limitou as alternativas. Assim, e como não queria ir para Portugal, optou por ficar em Macau.

Como a irmã também era intérprete, Sofia achava que “tinha futuro”. “Co-mecei a estudar no Instituto Politécnico de Macau à noite, porque durante o dia as aulas eram em Mandarim. No final do 2º ano, a minha irmã que trabalhava no Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) disse que estavam a recrutar e não precisava de ser intér-prete licenciada, pelo que comecei a tra-

balhar no IACM durante o dia, enquan-to à noite estudava no Politécnico”.

“Era muito duro, porque só tinha 15 minutos para chegar do IACM ao Politécnico e depois só saía às 11 ou meia-noite. Como o IACM tinha mui-tas actividades, além dos trabalhos de casa, ao fim-de-semana ainda tinha de trabalhar, ou seja, naqueles dois anos não tive amigos, não havia diversão”,

afirma, em tom de brincadeira. Depois terminar o curso, continuou

no IACM até entrar na área da Segu-rança. “Concorri para o quartel das Forças de Segurança onde estive meio ano até que um intérprete do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) se foi embora, porque achava que era muito trabalho. Como era a mais nova, enviaram-me para o CPSP e já lá estou vai fazer 10 anos”, declara, assumindo que não pretende mudar de vida, nem de trabalho. “Gosto de onde trabalho, principalmente dos colegas”, frisa.

Apesar de elogiar o ambiente de tra-balho e a união entre os intérpretes do CPSP, Sofia Esteves admite que apren-deu muito no IACM. “As áreas são muito abrangentes, parecia um centro de formação. Desde licenças de táxi, que agora já não são pedidas no IACM, a sepulturas, licenças de cães, tendas dos mercados, galinhas, tudo passa pelo IACM”, aponta.

Relativamente ao território que a viu crescer ininterruptamente, admite que está “complicado e confuso”. “Antes da transição [de soberania], as pessoas ga-nhavam menos mas eram mais alegres”, afirma, notando que “quando alguém deixava cair dinheiro na rua, as pessoas vinham entregar e as malas podiam es-tar abertas que não havia problema”.

Para além disso, hoje ouve-se Man-darim por todo lado e perdeu-se o “o espírito de vizinhança, a calma”. “Ago-ra, em todo o lado há turistas, mesmo em Coloane. Acabo por ficar em casa ao fim-de-semana porque não quero ir para a confusão”, lamenta, notando que muitos colegas fazem o mesmo ou tentam “descobrir” sítios que não inte-ressam aos visitantes.

Apesar disso, admite que não se mudaria para Portugal, país que ape-nas vê como possibilidade para férias.

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S3 London Has Fallen14:15 • 16:00 • 17:45 • 21:45

TORRE DE MACAUGods of Egypt (3D)14:30 • 16:45 • 19:15 • 21:30

GALAXYGods Of Egypt (3D)12:40 • 15:05 • 17:35 • 19:00 • 20:00 • 22:25

London Has Fallen13:20 • 15:20 • 17:15 • 19:10 • 21:05 • 23:00

Deadpool13:00 • 15:00 • 17:00 • 19:15 • 21:20 • 23:20

Mermaid (3D)13:30 • 15:20 • 21:25

Miss You Already13:10 • 17:10

Room15:15 • 19:40

03:45TDM SPORT / HD

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50 DISCOVERY12:30 Gold Rush 13:25 Railroad Alaska 14:20 Saltwa-ter Heroes 15:15 Taiwan’s Military Elite 16:10 Survive That! 17:05 How Do They Do It? 18:00 Taiwan’s Mi-litary Elite 19:00 Survive That! 20:00 Dual Survival 21:00 Kings Of The Wild:Borneo 22:00 Men, Women, Wild 23:00 Alaskan Bush People 00:00 Dual Survival 00:55 Kings Of The Wild

54 HISTORY13:00 Swamp People 14:00 Daredevils 15:00 Leepu & Pitbull 16:00 Counting Cars 17:00 Pawn Stars 18:00 Sons Of Liberty 19:00 Swamp People 20:00 Kings Of Restoration 21:00 Storage Wars 21:30 Storage Wars: Canada 22:00 The Pickers 23:00 Ghost Planes & Mysteries Of Flight 370

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Terça-feira, 08 de Março de 2016 JTM | LAZER 19

Actriz e modelo portuguesafaz sucesso na AustráliaA actriz e modelo Joana Duarte, que no verão passado, foi eleita a surfista mais “sexy” da Europa tem protagonizado várias sessões fotográficas para marcas de biquínis australianas. Primeiro conquistou Bali, na Indonésia, com produções atrevidas em biquíni e lingerie. Agora, Joana Duarte procura agora repetir esse sucesso em Sidney, onde vive actualmente, e tem sobressaído no mundo da moda. A actriz de 29 anos, que se celebrizou na série juvenil “Morangos com Açúcar”, tem sido contratada para várias campanhas e sessões fotográficas de marcas de biquini australianas.

• • • CULTURA

Sem rosas. O tesouro de Isabelno Museu de Arte Antiga

Um relicário, um bordão, uma cruz processio-nal, um colar e uma virgem de prata. São estes cinco objectos, todos com mais de seis

séculos, que formam o tesouro da rainha Santa Isa-bel, que o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, reúne pela primeira vez para mostrar ao público. Na Sala do Teto Pintado, a completar a exposição, a instituição juntou duas pinturas que representam a rainha: uma da oficina de Quentin Metsys, cedida pela Gemäldegalerie, de Berlim, e outra de Zurbarán, vinda do Museu do Prado, em Madrid.

“Isto é um tesouro medieval, riquíssimo, e só foi preservado até agora por causa da imagem da rai-nha, que foi beatificada [1516] e canonizada [1625], e da associação a esses objectos de poderes de pro-tecção por parte da população. Se não fosse isso, te-ria desaparecido”, defende a curadora Luísa Penal-va, do MNAA. Uma imagem que a própria rainha construiu em vida.

Chegada a Portugal em 1283, com apenas 12 anos, para casar com D. Dinis, deixou vários tes-temunhos disso, como assinala a responsável: “Por um lado, acompanhou de perto a construção do seu próprio túmulo, que é a imagem que deixa para a posteridade; por outro, deixou uma série de objec-tos, referenciados no seu testamento, que entrega ao Convento de Santa Clara, o convento da sua devo-ção.”

Quatro desses objetos estão nesta exposição e, a seu pedido, foi enterrada com o quinto – um bor-

• • • E AINDA

500 anos após a sua canonização, o Museu de Arte Antiga, em Lisboa, reúne e exibe os cinco objetos da rainha Santa Isabel

dão, símbolo da peregrinação a Santiago de Com-postela, que só foi descoberto em 1612 quando o seu

túmulo foi aberto para o corpo, incorrupto, ser tras-ladado de Santa a Clara-a-Velha para Santa a Clara--a-Nova. “É a esses cinco objectos que chamamos o tesouro. Após a extinção das ordens religiosas [em 1834], primeiro foram para o Museu de Pratas da Sé de Coimbra e, depois, foram divididos entre o Museu Machado de Castro e a Confraria da Rainha Santa Isabel. É essa história que estamos a contar. Pela primeira vez estamos a mostrar o tesouro no-vamente reunido”, salienta a curadora.

Para esta exposição, “fizemos uma grande inves-tigação em torno de todos eles”, refere, adiantando que também se focaram “na imagem que a rainha construiu em vida e naquela que foi formada após a sua morte, explica a responsável.

Uma das peças em destaque é uma virgem em prata, “lindíssima, um trabalho extraordinário em termos técnicos e de dimensão, a maior que temos em Portugal, provavelmente”, diz Luísa Penalva. “No testamento, a rainha diz que é para emprestar às mulheres de sua casa, no sentido lato, quando se casassem, porque estava associada a uma questão de fertilidade e também de um bom parto.”

A completar o tesouro, o Museu Nacional de Arte Antiga juntou duas pinturas que ilustram o processo de beatificação e de canonização da po-pularmente conhecida como rainha do Milagre das Rosas. Uma delas encomendada pela rainha D. Leonor, mulher de D. Manuel I, à oficina Quentin Metsys, que “não se sabe como saiu de Portugal no século XIX e acabou na Gemäldegalerie de Berlim”, confessa a curadora.

Esta exposição, pensada pelo Museu de Arte Antiga para assinalar os 500 anos da canonização da rainha, em Junho seguirá para o Museu Macha-do de Castro, em Coimbra, onde está prevista uma grande cerimónia, durante a qual será possível ver uma das mãos da Rainha Santa, através de uma das janelas de cristal do actual túmulo, em prata.

JTM/DN

George Clooney vai deixar de ser actorA estrela diz que a câmara é “implacável” com os actores à medida que envelhecem e pretende dedicar-se ao seu “verdadeiro amor”: a realização. “À medida que se envelhece no ecrã, chegamos a um ponto em que nos apercebemos que não podemos ficar à frente da câmara para sempre. Portanto é muito mais divertido para mim e ser realizador é definitivamente mais criativo”, disse à BBC.

Marina Marques

A perfeitamisturaA miscigenação foi o melhor pecado cometido pelo ser humano. Nesse seguimento de pensamento, damos a conhecer um desses frutos – Levy Tran – uma vietnamita americana. Levy é uma rapariga amante de tatuagens e surge em várias revistas do meio como a Bizarre, Inked e Tattoo Life. No entanto para aguçar a curiosidade, podem ver a nossa beldade, como veio ao mundo, no filme “Fast & Furious 7”.

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Lançado sistema de liquidação imediata em RenminbiCom a participação de 28 instituições financeiras, foi ontem lançado oficialmente o sistema de liquidação imediata em tem-po real em renminbi (RMB RTGS) de Macau, anunciou a Autoridade Monetária (AMCM), acrescentando que o mecanismo conta com o total apoio do Banco de Pagamentos em RMB de Macau e a ajuda do Banco Popular da China, através das sucursais de Shenzhen e Zhuhai. Este sistema presta serviço de liquidação em tempo real aos clientes dos bancos, no âmbito dos câmbios do RMB e de transferências de fundos em moeda chinesa entre os bancos. Segundo a AMCM, entre outras vantagens, o sistema favorece o papel de Macau como plataforma de liquidação do renminbi nas transacções entre a China e os países de língua portuguesa.

20 JTM | ÚLTIMA Terça-feira, 08 de Março de 2016 • Fecho da Edição • 01:20 horas

A situação do ex-Procurador Ho Chio Meng tem sido muito comentada e por diversos ângulos, até pelo anedótico do deputado Fong Chi Keong quando se re-volta pelo facto de ele ter “muita escolari-dade, é um doutor”.

Mas há um ângulo que ainda não vi exposto.

No decurso dos 15 anos em que, na qualidade de Procurador da RAEM, in-terveio nas cerimónias de abertura dos Anos Judiciais, a maioria das críticas às intervenções de Ho Chio Meng concluía pela sua pressa em que o sistema judicial de Macau se aproximasse do da RPC.

Não sei se esta apreciação foi sem-pre justa, mas sem dúvida que assim foi entendida por muitos dos restantes operadores de Direito. Estes apoiavam a melhoria do “segundo sistema”, o Procu-rador propunha medidas que objectiva-mente o fariam aproximar do “primeiro sistema”.

Daí que só os “justicialistas” e algu-mas “figuras” da nossa praça que vivem do oportunismo político ou defendem “o quanto pior, melhor”, apoiassem a sua nunca concretizada entrada na corrida à sucessão de Edmund Ho.

Deu-se a reviravolta e esses dão tudo como provado.

Ironicamente, quem mais tem de-fendido a presunção da sua inocência e chamado a atenção para alegadas irregu-laridades no processo em curso têm sido os que sempre defenderam “o segundo sistema”.

Que inegavelmente defende melhor a população da RAEM.

Até os acusadores...

ENPASSANTJosé Rocha Diniz

Mais do que uma questãode sistema

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GCS

Macau vai ser “marca” turística da China O subdirector do Gabinete da Ligação do Governo Central em Macau, Chen Sixi, avançou ontem que Pequim pretende tornar o território numa “marca” de turismo da China, incluindo a construção do Centro Mundial de Turismo e Lazer no planeamen-to do sector turístico. De acordo com a “Ou Mun Tin Toi”, Chen Sixi defendeu o aprofundamento da cooperação inter-regional, para aproveitar os recursos da Zona do Delta do Rio das Pérolas, por exemplo através de viagens com múltiplas paragens, sendo que o Governo Central prestará o apoio necessário. Chen Sixi disse ainda que Macau deve participar no sistema de gestão do mercado turístico, para combater as excursões a custo zero. Face ao desenvolvimento da plataforma de serviços na cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua Portuguesa, sugeriu também que Macau coopere com empresas estatais nessa vertente. Nas reuniões magnas de Pequim, o subdirector do Gabinete de Ligação tem ocupado o lugar do director, Li Gang, que não marcou presença numa reunião na quinta-feira com altos dirigentes do Governo Central responsáveis pelos assuntos das RAE’s nem na abertura da Assembleia Nacional Popular. A ausência de Li Gang foi notada pela imprensa de Hong Kong, que avançou a possibilidade de mudança de cargo, no entanto, Chen Sixi garantiu que deveu-se apenas ao facto do director se encontrar de baixa médica.

Alexis Tam promete contratação de mais médicos de PortugalReconhecendo que as condições oferecidas aos profissionais da saúde desempenham “um papel essencial” no recruta-mento de médicos, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura garantiu ontem, por um lado, que procurará arran-jar melhorar essa situação e, por outro, que Macau conti-nuará a recrutar mais médicos ao exterior, nomeadamente a Portugal. Segundo uma nota do seu gabinete, a garantia de Alexis Tam foi dada numa reunião com os novos dirigentes da Associação de Médicos de Língua Portuguesa. Na mesma linha, Jorge Sales Marques, presidente da direcção, referiu que a contratação de médicos estrangeiros tem contribuído para a melhoria dos cuidados de saúde, sublinhando ainda que a superação de constrangimentos, em termos de questões salariais e de alojamento, poderia ajudar a atrair profissio-nais de saúde de elevada qualidade. Alexis Tam aproveitou o encontro para reiterar o compromisso do governo em pros-seguir com as reformas no sector, destacando que a decisão de, progressivamente, alargar o horário de funcionamento de determinadas especialidades no hospital abrangerá também os centros de saúde.

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Subida de propinasno Colégio Diocesano gera descontentamento de paisUm grupo de pais de alunos do Colégio Diocesano de São José está a recolher assi-naturas contra o aumento das propinas da escola, tendo já apresentado uma queixa na Direcção dos Serviços da Educação e Juventude (DSEJ). Segundo a publicação “Macau Concealers”, o aumento da propi-na acontece pelo terceiro ano consecutivo. No ano lectivo 2014/2015, os alunos do en-sino infantil pagaram 25.000 patacas, mon-tante que cresceu 12% para 28.000 patacas no ano seguinte. Para 2016/2017, o valor da propina foi fixado em 31.000 patacas. Segundo uma fonte do sector da educação não identificada, algumas escolas particu-lares que estão fora do sistema gratuito au-mentam as propinas quando a DSEJ eleva o financiamento anual atribuído às escolas da rede. Normalmente, as escolas que não integram a rede recebem menos de 75% no subsídio de escolaridade gratuita do Gover-no em comparação com as restantes, mas têm autonomia na definição do valor das propinas.

Morreu o “pai” do email e do “arroba”Raymond Tomlinson, considerado o “pai” do correio electrónico (email) e criador do sím-bolo “arroba” (@) para usar na internet, morreu, no sábado, aos 74 anos, na sequência de um aparente ataque cardíaco, indicou outro pioneiro da “web”. O anúncio foi feito num “tweet”, em que Vinton Gray Cerf não adianta onde Tomlinson morreu nem as causas da morte, indicação que, porém, foi imediatamente confirmada por várias publicações especia-lizadas em tecnologia. Tomlinson, que venceu em 2009 o Prémio Príncipe das Astúrias de Investigação Científica e Técnica e que, em 2012 foi incluído do Salão da Fama na Internet (“Hall of Fame”), é reconhecido também por ter desenhado os elementos fundamentais das mensagens electrónicas, como as categorias de “assunto” (motivo do e-mail) e “para” (destinatários). O engenheiro norte-americano foi o primeiro a usar o símbolo de “arroba” para indicar que uma mensagem deveria passar por um servidor, separando o nome do destinatário da rede. Tomlinsom nasceu em Amsterdam, no Estado de Nova Iorque, em 1941 e, após graduar-se em Engenharia Electrónica no Instituto Politécnico Rensselear (1963), acabou por doutorar-se na mesma área no Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

Aeroporto de Boao pronto para abrir para próximo fórum da ÁsiaUm aeroporto recém-construído em Boao completou um teste de voo na quin-ta-feira, abrindo caminho para o seu funcionamento experimental a partir da próxima semana. O aeroporto facilitará a viagem para Boao, cidade costeira na província insular de Hainão onde anualmente se realiza o Fórum de Boao para a Ásia. Actualmente, o Aeroporto de Boao pode acomodar aeronaves como o Airbus 320 e Boeing 737, havendo já um plano futuro para aumentar a infraes-trutura por forma a permitir a utilização de grandes aeronaves como o Boeing 747. A Hainan Airlines vai operar nove voos entre Boao e principais cidades como Pequim, Xangai, Cantão e Shenzhen. A construção começou em Maio do ano passado, segundo as autoridades locais.