G4vanguardas Sec XX Arquitetura Moderna No Brasil

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1 ARQ 01.012 - Teoria e Estética da Arquitetura II 1º Semestre / 2011 Professor: Roni Anzolch Grupo: 04 Turma: A Componentes do Grupo: Ana Guimarães, Bruna Sanguinetti, Christine Ozio, Daiane Pereira, Fernanda Basso, Lara Smidt, Letícia Mentz, Sara Borelli Redator: Sara Borelli e Daiane Pereira As Vanguardas do Século XX - IV: Arquitetura Moderna no Brasil Escola Carioca A arquitetura brasileira sofreu uma importante revolução na década de 1930, que podemos relacionar com a ocorrência de três períodos da política nacional: com a ascensão de Vargas, com a consolidação do regime e com a implantação do Estado Novo. O primeiro ato durou três anos e introduziu no Rio a arquitetura moderna, antagônica ao nacionalismo tradicionalista do neo-colonial. O segundo, esboça uma apropriação da tradição construtiva racional e nacional da arquitetura moderna. A influência de Le Corbusier cresce, mas as poucas obras concluídas ainda são no Estilo Internacional. O terceiro, se viabiliza pelo apoio do governo federal com grandes capitais e sítios de maior importância, e termina por equilibrar uma arquitetura moderna de características corbusianas com um toque brasileiro. Peça chave de acontecimentos determinantes para a renovação da arquitetura nacional com destaque para a vinda de Le Corbusier ao Brasil, da qual resultou o consagrado projeto do edifício-sede do Ministério da Educação e Saúde (MES), Lúcio Costa é de fundamental importância em todos os capítulos. O impacto que o novo estilo de projetos e obras estava causando aumentou consideravelmente a reflexão escrita e vice-versa. Os textos de Lúcio Costa tornavam-se referenciais para estudantes de todo o país, sendo que alguns deles foram reunidos sem sua autorização em “Sobre Arquitetura” por alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. No Rio de Janeiro os arquitetos, engajados com a produção moderna, criavam alternativas para situações comuns que apresentassem autonomia da edificação ao lote. Para isto, eram utilizados “não somente os volumes puros platônicos repousados diretamente no solo, como também o artifício predominante da suspensão instaurado por Le Corbusier a partir da villa Savoye”. Esta solução, no caso carioca, utilizava-se de outros recursos, como a expansão de elementos rompendo o perímetro do edifício (rampas, passagens, marquises, varandas, espelhos d´agua, etc.), e a criação de porosidades, que propõe uma gradação entre interior e exterior que remete a alveolaridade preconizada por Le Corbusier: “o prédio coloca-se em contato mais efetivo com o meio”. A arquitetura moderna produzida no Rio de Janeiro desenvolveu características próprias ao longo do tempo. Refinadas da tradição que vinha sendo empregada, as formas nativistas foram parcialmente responsáveis pela particularização daquela arquitetura frente às demais produções brasileiras. “O “livre- formismo” introduzido por Niemeyer era outro fator responsável pela “extroversão e sensualidade” próprias daquela escola”. Conforme Luís Haas, “Tanto a extroversão quanto a sensualidade são características próprias do contexto carioca: a sensualidade do ambiente, da paisagem exuberante com suas montanhas verdes e rochedos, suas praias recortadas; o clima favorável à descontração, com chuvas dosadas e temperaturas raramente abaixo dos 20ºC, favorecendo o contato franco com o ambiente exterior, com a paisagem magnífica “terra risonha e franca onde se pode andar despreocupado, pés descalços, peito aberto, braços

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ARQ 01.012 - Teoria e Estética da Arquitetura II 1º Semestre / 2011

Professor: Roni Anzolch

Grupo: 04 Turma: A

Componentes do Grupo: Ana Guimarães, Bruna Sanguinetti, Christine Ozio, Daiane

Pereira, Fernanda Basso, Lara Smidt, Letícia Mentz, Sara Borelli

Redator: Sara Borelli e Daiane Pereira

As Vanguardas do Século XX - IV: Arquitetura Moderna no Brasil

Escola Carioca

A arquitetura brasileira sofreu uma importante revolução na década de 1930, que podemos

relacionar com a ocorrência de três períodos da política nacional: com a ascensão de Vargas, com a

consolidação do regime e com a implantação do Estado Novo. O primeiro ato durou três anos e introduziu

no Rio a arquitetura moderna, antagônica ao nacionalismo tradicionalista do neo-colonial. O segundo,

esboça uma apropriação da tradição construtiva racional e nacional da arquitetura moderna. A influência de

Le Corbusier cresce, mas as poucas obras concluídas ainda são no Estilo Internacional. O terceiro, se

viabiliza pelo apoio do governo federal com grandes capitais e sítios de maior importância, e termina por

equilibrar uma arquitetura moderna de características corbusianas com um toque brasileiro.

Peça chave de acontecimentos determinantes para a renovação da arquitetura nacional – com

destaque para a vinda de Le Corbusier ao Brasil, da qual resultou o consagrado projeto do edifício-sede do

Ministério da Educação e Saúde (MES), Lúcio Costa é de fundamental importância em todos os capítulos. O

impacto que o novo estilo de projetos e obras estava causando aumentou consideravelmente a reflexão

escrita e vice-versa. Os textos de Lúcio Costa tornavam-se referenciais para estudantes de todo o país,

sendo que alguns deles foram reunidos sem sua autorização em “Sobre Arquitetura” por alunos da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

No Rio de Janeiro os arquitetos, engajados com a produção moderna, criavam alternativas para

situações comuns que apresentassem autonomia da edificação ao lote. Para isto, eram utilizados “não

somente os volumes puros platônicos repousados diretamente no solo, como também o artifício

predominante da suspensão instaurado por Le Corbusier a partir da villa Savoye”. Esta solução, no caso

carioca, utilizava-se de outros recursos, como a expansão de elementos rompendo o perímetro do edifício

(rampas, passagens, marquises, varandas, espelhos d´agua, etc.), e a criação de porosidades, que propõe

uma gradação entre interior e exterior que remete a alveolaridade preconizada por Le Corbusier: “o prédio

coloca-se em contato mais efetivo com o meio”.

A arquitetura moderna produzida no Rio de Janeiro desenvolveu características próprias ao longo

do tempo. Refinadas da tradição que vinha sendo empregada, as formas nativistas foram parcialmente

responsáveis pela particularização daquela arquitetura frente às demais produções brasileiras. “O “livre-

formismo” introduzido por Niemeyer era outro fator responsável pela “extroversão e sensualidade” próprias

daquela escola”.

Conforme Luís Haas, “Tanto a extroversão quanto a sensualidade são características próprias do

contexto carioca: a sensualidade do ambiente, da paisagem exuberante com suas montanhas verdes e

rochedos, suas praias recortadas; o clima favorável à descontração, com chuvas dosadas e temperaturas

raramente abaixo dos 20ºC, favorecendo o contato franco com o ambiente exterior, com a paisagem

magnífica – “terra risonha e franca onde se pode andar despreocupado, pés descalços, peito aberto, braços

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nus” . Todo um contexto gerando edifícios extrovertidos e sensuais,(...)parece moldar o comportamento

daquela sociedade, refletindo-se no livre-formismo das curvas de sua arquitetura e nos materiais utilizados,

que remetem às experiências afetivas da tradição.”

Características

Modernização estética:A Escola Carioca cria um estilo nacional de arquitetura

moderna: uma espécie de brazilian style. “Ela se destaca pela dinamização e

combinação inventiva dos volumes, pela composição variada e instigante da

concatenação de curvas e diagonais às retas, pela abertura e transparência do

bloco, pelo tratamento desprendido das formas de vedação não só no que diz

respeito aos materiais empregados e à forma dos vãos, mas ao próprio desenho de

superfície, ora dobrado, inclinado ou encurvado".

Adequação tropical, paisagem brasileira: A arquitetura corbusiana é adaptada à

cultura brasileira, com a adição de elementos típicos da Escola Carioca, como

brises e cobogós, que se adéquam com o clima e paisagens locais.

Tradição nacional barroca: influência no âmbito da forma, origem das linhas

sinuosas e conceito orgânico. Pode-se exemplificar apontando a diferença formal

nas obras de Costa e Niemeyer que se dá entre a arquitetura moderna e a

tradicional. Se para Costa trata-se de valorizar a austeridade da arquitetura civil da

tradição construtiva luso-brasileira, na obra de Niemeyer o que se nota é a filiação

ao barroco mineiro, sobretudo o das igrejas, distanciado de um racionalismo mais

estrito, ressaltando plasticamente o caráter próprio de cada edifício. As

adaptações que conectaram o vocabulário barroco ao modernismo arquitetônico

possibilitaram experiências formais com volumes espetaculares, que foram

concretizadas por calculistas famosos, entre eles o brasileiro Joaquim Cardoso e o

italiano Pier Luigi Nervi.

Pilotis colossais: Utilização dos pilotis, sistema de pilares que elevam o prédio do

chão, permitindo o trânsito por debaixo do mesmo e que compõe os 5 pontos da

arquitetura moderna, é explorado de forma colossal, monumental.

Topografia: A Escola é caracterizada pela assimilação e adaptação às condições

brasileiras dos princípios de Le Corbusier. Encontra em seu meio natural as

principais influências, onde o recorte das baías, o mar e as montanhas propiciam

uma linguagem mais sensual e dinâmica.

Planta orgânica, extroversão, linhas curvas

“Eram utilizados não somente os volumes puros platônicos repousados

diretamente no solo, como também o artifício predominante da suspensão

instaurado por Le Corbusier a partir davilla Savoie, o que permitia uma fácil

adaptação às diferentes contingências.” Esta solução, no caso carioca, utilizava-se

de outros recursos, como a expansão de elementos rompendo o perímetro dos

edifícios (rampas, passagens, marquises, varandas, espelhos d‟água, etc.) –

própria extroversão daquela produção, intersecção entre a tradição local e

vanguarda purista, esta característica marcou decisivamente os projetos cariocas

Planta Livre: através de uma estrutura independente permite a livre locação das

paredes, já que estas não mais precisam exercer a função estrutural.

Fachada Livre: resulta igualmente da independência da estrutura. Assim, a

fachada pode ser projetada sem impedimentos.

Repercussão: primeira escola da arquitetura moderna brasileira

A idéia do termo Escola Carioca de arquitetura é esboçada pela primeira vez por ocasião da publicação do

catálogo da exposição Brazil Builds, no Museum of Modern Art (MoMA), de Nova York, em texto escrito em

1944 pelo crítico Mário de Andrade sobre a importância dessa realização. Andrade afirma que "a primeira

escola, o que se pode chamar legitimamente de 'escola' de arquitetura moderna no Brasil, foi a do Rio, com

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Lucio Costa à frente, e ainda inigualada até hoje". No mesmo ano, essa produção nomeada internamente

de Escola Carioca começa a ser conhecida como brazilian style.

Obra Manifesto: Ministério da Educação e Saúde Pública – Lucio Costa, Affonso Eduardo

Reidy, Carlos Leão, Ernani Vasconcellos, Jorge Machado Moreira e Oscar Niemeyer. Rio de Janeiro, 1936.

O Palácio Gustavo Capanema representa o nascimento da arquitetura moderna brasileira. O projeto teve forte influência de Le Corbusier, apresentando diversos pontos corbusianos. É considerado um ícone não só arquitetônico como também cultural, histórico e simbólico. Foi o primeiro edifício de escritórios genuinamente moderno no panorama mundial da década de 40. Foi também a primeira realização mundial da curtain wall e uso em grande escala do brise-soleil.

O Ministério da Educação e da Saúde Pública foi criado no Brasil em 14 de novembro de 1930 e foi um dos primeiros atos do Governo Provisório de Getúlio Vargas como parte do seu projeto de centralização e modernização da máquina pública. O ministro Gustavo Capanema promoveu uma série de reformas administrativas e tinha grande interesse em prover o Ministério de um edifício-sede que representasse o espírito da sua gestão.

Em 1935 é lançado o concurso de anteprojeto para a construção do edifício sede do ministério. O terreno é a quadra F da Esplanada do Castelo, no centro do Rio de Janeiro. O edital do concurso inviabilizava que fosse feita grande ruptura com os modelos construtivos ditos “acadêmicos”, amarrando a implantação do prédio conforme o entorno: uma caixa construída ao redor de um pátio central. O projeto vencedor do concurso é o de Arquimedes Memória, no estilo marajoara, por ser o único a respeitar completamente as condições impostas pelo edital. Capanema, que sonhava com um modelo expressivo do estilo moderno, não ficou satisfeito com o resultado do concurso. Uma lei foi criada para que a escolha do projeto do Ministério não precisasse ser feita através de um concurso.

Lúcio Costa foi indicado a Capanema por organizações de engenheiros e arquitetos, a sua equipe era composta por: Oscar Niemeyer, Afonso Eduardo Reidy, Jorge Moreira, Ernani Vasconcellos, Carlos Leão e Emílio Baumgarten. Em março de 1936 Le Corbusier é convidado a dar cursos e a trabalhar como consultor no projeto do MES.

1º proposta – desenvolvida pela equipe de Lucio Costa para o terreno da Esplanada.

2º proposta – desenvolvida com a colaboração de Le Corbusier para um terreno localizado na praia de Santa Luzia.

3º proposta – desenvolvida com Le Corbusier para o terreno na Esplanada do Castelo.

Proposta final – modificações da 3º proposta feita pela equipe de Lúcio Costa após a partida de Le Corbusier para a Europa. Resultou no projeto executado. A principal modificação feita foi quanto à sua implantação, subvertendo as idéias de horizontalidade e frontalidade. Mais do que se relacionar com o plano, como fazia o projeto de Le Corbusier, a reformulação feita pelos arquitetos brasileiros se relacionava com as ruas e quadras adjacentes, adotando uma postura bem mais permeável, de modo que os pilotis funcionem como pórticos, permitindo a passagem de transeuntes de um lado para o outro, sob o bloco principal. Essa solução mais verticalizada, embora fosse contra a lógica planificadora corbusiana, imunizou o edifício do Ministério contra a profusão de arranha-céus que o centro do Rio viu ocorrer nas décadas seguintes. Os arquitetos precisaram de uma “autorização especial” para que implantação tão especial fosse aceita, já que era muito dissonante das tradicionais caixas construídas ao redor de um pátio central. A planta do pavimento tipo revela claramente a forma retangular simples típica do modernismo. As fachadas simples e sem adornos são próprias do modernismo. Utilizando os cinco pontos Corbusianos, os pilares foram recuados deixando a fachada livre, também apresenta planta livre, outro dos cinco pontos. Os jardins e terraços jardins foram cuidadosamente projetados por Burle Max.

O prédio sede do Ministério de Educação e Saúde Pública não foi bem aceito pela crítica nacional, sendo chamado de palácio de luxo, anarquia arquitetônica e exibicionismo extravagante. Já

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internacionalmente, este foi o prédio que inseriu o Brasil no cenário arquitetônico mundial, sendo considerada uma obra notável da moderna arte brasileira. A exposição “Brazil Builds” realizada no MOMA (Museu de Arte Moderna) em Nova Iorque em 1943 foi o principal veículo de divulgação da arquitetura brasileira no exterior.

Os conceitos arquitetônicos e urbanísticos que surgiram com o MES se desenvolveram ao longo de 30 anos amadurecendo a modernidade brasileira, que irá culminar em Brasília.

Nomes Relacionados

Oscar Niemeyer – Oscar Niemeyer Soares Filho (Rio de Janeiro RJ 1907).

Arquiteto e urbanista formado pela Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro. Em 1934, recém formado, passa a trabalhar no escritório de Lúcio Costa.

1936 – MESP – faz parte da equipe que desenvolveu o projeto do Ministério de Educação e Saúde Pública.

1937 – Obra do Berço – presença dos 5 pontos corbusianos.

1939 – Pavilhão Brasileiro na Feira Internacional de Nova Iorque – projeta junto com Lúcio Costa

1940-44 – Conjunto Arquitetônico da Pampulha - Este projeto é um marco em sua obra, pois rompe com os conceitos rigorosos do funcionalismo e utiliza uma linguagem de formas novas, de superfícies curvas, explorando as possibilidades plásticas do concreto armado.

1946 – Sede das Nações Unidas – Desenvolve junto com Le Corbusier o projeto que é escolhido para a Sede da ONU.

1946 – Banco Boa Vista – Edifício do Banco Boa Vista no Rio de Janeiro, uma das suas obras mais importantes na cidade.

1950 – Parque do Ibirapuera - Parque com pavilhões de exposições em homenagem ao aniversário de 400 anos de São Paulo

1950 – Edifício Copan – maior estrutura de concreto armado do Brasil.

1951 – Casa das Canoas – Projeto para a sua residência no Rio de Janeiro.

1956 – Começa a trabalhar na construção de Brasília.

Afonso Reidy - Affonso Eduardo Reidy (Paris, França 1909).

Arquiteto e urbanista formado pela Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1930. Ainda estudante foi estagiário do urbanista francês Donat Alfred Agache na elaboração do Plano Diretor da cidade do Rio de Janeiro. Em 1930 começa a dar aulas na cadeira de Composição de Arquitetura na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro. Em 1931, vence, com Gerson Pompeu Pinheiro, o concurso para a construção do Albergue da Boa Vontade, seu primeiro projeto construído, e uma das obras pioneiras do modernismo no Rio de Janeiro. No ano seguinte ingressa, por concurso, no serviço público, como arquiteto-chefe da Secretaria Geral de Viação, Trabalho e Obras da Prefeitura do Distrito Federal. Lá permanece por 30 anos até aposentar-se no início da década de 1960, alternando os cargos de diretor do Departamento de Habitação Popular e do Departamento de Urbanismo.

Como chefe da seção de Arquitetura e Urbanismo da Prefeitura do Rio de Janeiro, Reidy teve a oportunidade de projetar diversas obras públicas. Duas se destacam: O conjunto residencial do Pedregulho de 1950 que lhe rendeu um prêmio na Bienal Internacional de São Paulo em 1953 e os projetos no aterro do Flamengo, com destaque para o Museu de Arte Moderna.

Conjunto Residencial do Pedregulho – São Cristóvão, Rio de Janeiro (1950)

O Conjunto Habitacional Pedregulho abriga blocos residenciais e áreas de serviços comuns: jardim-de-infância, maternal, berçário, escola primária, mercado, lavanderia, centro sanitário, quadras esportivas, ginásios, piscina, vestiários e centro comercial. O bloco de apartamentos residenciais é um longo edifício de 260 metros de comprimento. O prédio conta com 7 andares sobre pilotis de alturas variadas em função dos desníveis do solo, acompanhando a topografia do morro ao qual se liga por meio de rampas, dispensando o uso de elevadores.

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O conjunto escola-ginásio-vestiários é considerado a obra mais original do complexo. A escola de Pedregulho é concebida como um prisma trapezóide montado sobre pilotis com um pátio coberto no térreo. O fechamento de uma das laterais, onde se encontra o corredor, é feito com blocos cerâmicos vazados. O volume do ginásio é mais fechado e possui cobertura curva, em arcos, que contrasta com o traçado reto da escola.

É notável a influência da arquitetura corbusiana, das curvas utilizadas por Niemeyer no projeto da Pampulha (1940) e das fachadas do Parque Guinle (1948) de Lúcio Costa.

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – Aterro do Flamengo (1953)

O projeto do MAM no Rio de Janeiro ocupa uma área de 130 m de extensão por 26 m de largura. Neste projeto, Reidy lança as bases para o brutalismo no Brasil sendo a primeira obra em concreto aparente do país. A estrutura principal é formada por grandes pórticos trapezoidais de concreto armado e é fechada por panos contínuos de vidro. No interior, a planta do espaço de exposições é livre e conta com uma série de mezaninos formados por lajes suspensas na cobertura através de cabos de aço. O projeto é complementado por jardins de Burle-Marx.

Lúcio Costa - Lucio Marçal Ferreira Ribeiro de Lima e Costa (Toulon, França 1902 - Rio de Janeiro RJ 1998).

Arquiteto, urbanista, estudioso e teórico da arquitetura e conservador do patrimônio. Formou-se em 1924 na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Entre 1922 e 1929, manteve um escritório de arquitetura com Fernando Valentim e realizou inúmeros projetos e obras principalmente no estilo neocolonial nacionalista, e eventualmente no estilo eclético internacional. Em 1930 é nomeado diretor da Escola de Belas Artes, nesse momento já está convertido ao modernismo e deseja reformar a escola. Para tanto, demite os antigos professores e contrata arquitetos de influência moderna como Gregori Warchavchik, Alexander Buddeus e Leo Putz. Em 1931 organiza o Salão Revolucionário, que conta com a presença de vários artistas de cunho moderno. Devido a forte reações conservadoras, Lúcio Costa é demitido do cargo de diretor. Entre 1931 e 1933 trabalha com Warchavchik, para realizar projetos importantes como o Conjunto Residencial da Gamboa e a Residência Alfredo Schwartz. Em Em 1935-1936, é convidado pelo ministro Gustavo Capanema a conceber o projeto da nova sede do Ministério da Educação e Saúde Pública. Em 1937, passa a trabalhar como diretor da Divisão de Estudos e Tombamentos - DET, do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Sphan, criado nesse ano. Deve-se a ele a definição de critérios e normas de classificação, análise e tombamento do patrimônio arquitetônico brasileiro, bem como a definição de critérios para a intervenção em centros históricos. Em 1957 vence o concurso para o plano piloto de Brasília, inicia-se assim uma série de projetos urbanísticos desenvolvidos por ele.

Parque Eduardo Guinle – Rio de Janeiro (1948)

Na época o projeto do Parque Guinle representou um tipo novo de proposta residencial. O Parque deveria compreender 6 edifícios de apartamentos, mas apenas 3 foram construídos. Os blocos possuem térreo com pilotis e garagens no subsolo. O edifício

Nova Cintra, o único voltado para a rua, possui o térreo comercial e a fachada sul toda envidraçada. A fachada norte, assim como as duas fachadas dos outros blocos possui elementos de proteção solar. A implantação dos blocos visa utilizar a menor área possível de parque. Lúcio Costa sempre se esforçou para desenvolver uma arquitetura moderna, atualizada com as tendências internacionais, mas que ainda mantivesse um caráter nacional. No projeto do Parque Guinle o arquitetos usa elementos tradicionais como os cobogós, influência árabe na arquitetura portuguesa, junto com os brises corbusianos, neste caso, verticais e fixos.

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Vila Operária Monlevade - Minas Gerais (1934)

Projeto para uma vila operária para funcionários da Companhia Siderúrgica Belgo Mineira S/A. Trabalho contemporâneo do texto – manifesto da arquitetura moderna no Brasil “Razões da nova arquitetura”. Propõe construções em concreto armado suspensas sobre pilotis. Mas Lúcio Costa incorpora soluções locais, como o uso de paredes de alvenaria de pedra ou tijolo e barro armado para os vedos. A cobertura é feita com telha de fibrocimento. A implantação dos prédios do conjunto, que conta com igreja, clube, escola, cinema e armazém, é feita de forma dispersa. Lúcio atribui a cada edifício o caráter próprio à sua finalidade, mas busca manter uma unidade.

Jorge Machado Moreira - Jorge Machado Moreira (Paris, França 1904 - Rio de Janeiro RJ 1992).

Arquiteto e urbanista formado em 1932 pela Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, após ter iniciado seus estudos na Escola de Arquitetura de Montevidéu, no Uruguai. Vive a reforma modernizadora promovida por Lucio Costa na Enba, entre 1930 e 1931. Recém-formado, assume a direção de arquitetura na Companhia Construtora Baerlein, projetando e construindo alguns edifícios residenciais no Rio de Janeiro. Junto com Ernani Vasconcellos participa do concurso para a realização do edifício do Ministério da Educação e Saúde. O projeto, claramente modernista, é desclassificado. Quando Lúcio Costa assume a realização do projeto pro MES, convida Jorge Moreira para integrar a equipe. Jorge Moreira também participa do estudo para o campus da Universidade do Brasil, na Quinta da Boa da Vista, ambos com a consultoria de Le Corbusier. Com orientação racionalista e forte influência corbusiana, produz uma série de edifícios modernos no Rio de Janeiro. Entre 1949 e 1962 produz a sua grande obra: o campus da Universidade do Brasil, na Ilha do Fundão. Jorge Moreira lidera uma equipe que faz o planejamento geral do compus e o projeto de 12 edifícios do conjunto, como o Instituto de Puericultura e Pediatria e a Faculdade Nacional de Arquitetura. Jorge Machado Moreira também foi vice-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), por quatro vezes (1953 a 1965). Recebeu o Colar de Ouro em 1967 e o prêmio Personalidade do Ano em 1978. Ainda foi premiado na Exposição Internacional de Arquitetura da Bienal Internacional de São Paulo 3 vezes. Em 1954 com o projeto do Instituto de Puericultura e Pediatria, em 1957 com o projeto da Faculdade Nacional de Arquitetura e em 1961 com o projeto da Residência Antônio Ceppas.

Hospital de Clínicas de Porto Alegre (1942-1952)

Entre 1942 e 52, Jorge Machado Moreira realizou 3 propostas para o Hospital de Clínicas, incluindo um plano urbanístico para o Centro Médico onde o hospital está situado. Na proposta original destacava-se um grande bloco principal sobre pilares de “ordem colossal”. O corpo deste volume, constituído por dez pavimentos-tipo, apresentava grelhas quebra-sol de padrão miúdo em ambas fachadas, como as do Ministério da Educação e Saúde Pública. As duas grandes fachadas estavam orientadas para leste e oeste, com leve inclinação (nordeste e sudoeste). O ático proposto era marcante e havia duas torres de base oval, destinadas às circulações verticais, emoldurando o edifício. O volume principal conectava-se ao auditório trapezoidal e aos dois blocos horizontais paralelos através de uma galeria perpendicular. Um dos blocos horizontais estava sobre os pilotis de estacionamento, e o outro ao nível do solo. Desde o primeiro projeto para o hospital até o projeto que foi realmente executado, muitas coisas mudaram. As principais mudanças se dão no térreo, onde antes era fortemente marcada a separação entre o volume do bloco vertical e o do bloco horizontal, agora, com a inserção de um novo volume na fachada sudoeste e novas ligações entre os blocos, ficou difícil a percepção da separação volumétrica. Após a terceira versão ocorre o afastamento de Moreira do projeto, sendo que posteriormente, uma série de projetos distintos passa a compor o cenário do Centro Médico.

MMM Roberto – irmãos Marcelo, Milton e Maurício Roberto.

O escritório começou com Marcelo em 1930, em 1934 o irmão Milton se junta e em 1941 entra Maurício. Durante a primeira fase do escritório, parceria entre Marcelo e Milton, são desenvolvidos projetos que se enquadram no chamado período áureo da arquitetura moderna no Brasil. Dentre esses projetos podemos destacar o edifício da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e o Aeroporto Santos Dumont. A segunda fase é marcada pelo falecimento de Milton, em 1953, nesse período o escritório estava voltado

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mais para projetos de edifícios residenciais. Porém, quando é lançado o concurso para o plano de Brasília, Marcelo e Maurício resolvem participar, recebendo o terceiro lugar.

Sérgio Bernardes – Sérgio Bernardes (Rio de Janeiro 1919 - Rio de Janeiro 2002).

Arquiteto formado pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil em 1948. Seus projetos chamam atenção pela originalidade e praticidade. Destacaram-se principalmente os seus projetos residenciais. Internacionalmente ganhou destaque com o projeto do Pavilhão do Brasil na Feira Internacional de Bruxelas (1958).

1951 - Residência Lota Macedo Soares, Petrópolis, RJ

1954 – Pavilhão da CSN, São Paulo

1958 - Pavilhão brasileiro na Feira Mundial da Bélgica

1958 -1960 - Pavilhão de São Cristóvão, Rio de Janeiro

1966 - Hotel Tropical Tambaú em João Pessoa, PB

1972 - Centro de Convenções de Brasília

Escola Paulista

No início da década de 1960, surge uma nova geração de arquitetos radicada em São Paulo, dentre os

quais, muitos ligados à intelectualidade de esquerda, destacando-se Vilanova Artigas. Esses arquitetos

acreditavam na participação da arquitetura na resolução dos problemas sociais do país, traduzindo

formalmente seus ideais através dos partidos arquitetônicos adotados.

O “International Style”, fundado nas idéias de Le Corbusier e da Bauhaus, teve uma forte influência na

arquitetura paulista assim como na carioca. Projetos de edifícios visando a funcionalidade e eliminando toda

a ornamentação, característica das antigas construções, eram idéias muito fortes nesse momento. Essa

maneira de pensar a arquitetura podia facilmente se adaptar às necessidades de todos os países.

Há quem afirme que a arquitetura paulista foi uma continuidade à arquitetura carioca, ou seja, uma

arquitetura que utiliza a essência da arquitetura carioca, mas a desenvolve com características regionais

paulistas. Conforme Ruy Ohtake ,“tudo faz parte da Arquitetura Moderna Brasileira, uma das mais

significativas manifestações de toda cultura brasileira. E o ponto de referência é Oscar Niemeyer”. Também

há aqueles, como Marcelo Fragelli, que acreditam que não existiu continuidade entre uma escola e outra:

“Existe uma preocupação estrutural muito grande, que dá um certo caráter à arquitetura de vanguarda

paulista [...] Mas a busca da essência das coisas, o material verdadeiro, eu acho que foi conduzindo a uma

outra linguagem”.

Entretanto, algumas diferenças são perceptíveis entre as duas tendências: Enquanto a arquitetura

carioca utiliza o concreto como uma possibilidade técnica que se amolda ao desenho arquitetônico

(tratamento poético), na arquitetura paulista o concreto é encarado como uma expressão contemporânea da

técnica construtiva (linguagem construtivista). A escola paulista valorizava muito a estrutura, a “verdade

estrutural” de forma bastante técnica e pragmática. Expressada fortemente na utilização de concreto

armado aparente.

O prisma elevado, o grande abrigo, a univolumetria (bloco único), a procura de horizontalidade, o

contraste visual com o entorno são outras características evidentes dessa escola. Mas essas idéias não

são apenas proposições formais: o „prisma elevado‟ e o „grande abrigo‟, por exemplo, eram propostas para

o problema da habitação do país. O prisma elevado tinha uma autonomia em relação ao lote, assim, estava

ligado à idéia de modelo com uma solução a ser repetida indefinidamente (sistematização), uma vez que

independia da topografia e forma do lote. O „grande abrigo‟ com compartimentação mínima necessária

mostra uma tentativa de resolver o problema habitacional de muitas pessoas com poucos elementos e

baixos custos. Há nesta proposta um ideal comunitário, onde sob um mesmo teto poderiam ser abrigadas

várias pessoas, bastava ser coberto. Assim, manifesta-se a tentativa de resolver os problemas sociais do

país nas idéias da escola paulista.

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Marcel Breuer (arquiteto norte-americano de origem húngara que fez parte da primeira geração de

alunos da Bauhaus) também fez reflexões sobre o espaço de habitar buscando um protótipo para a

moradia. Mas Breuer soluciona essa problemática por caminho diferente: baseava-se em cânones do

capitalismo ocidental, cada vez mais pensado no âmbito do individuo.

Essa arquitetura tinha também, como características, a resolução da casa em função de um espaço

interno próprio, um núcleo ordenador, que podia ser o pátio, o jardim interno ou o vazio central. Também, a

presença dos jogos de níveis dentro do bloco único, era muito presente. Observa-se, ainda, a unificação

espacial interna, a continuidade interior-exterior e configuração de espaços por volumes fechados. Nos

memoriais, os autores mostram-se preocupados com a flexibilidade de uso dos espaços para possível

renovação na sua destinação. Segundo eles, isso se percebe no projeto através da modulação, do „grande

abrigo‟ e da concentração de funções de serviço.

Ainda há uma influência que pode ser percebida; é a do arquiteto Mies van der Rohe que pregava em

suas obras o rigor formal, ênfase no volume único e na estrutura, assim como a escola paulista. É evidente

que essa influência é observada muito mais na maneira de pensar o sistema arquitetônico (no método), do

que na forma em si de suas arquiteturas.

Vilanova Artigas – João Batista Vilanova Artigas (Curitiba, 1915 – São Paulo, 1985)

Nascido em 1915, Vilanova Artigas é considerado um dos maiores

expoentes da tendência arquitetônica conhecida como escola paulista (ou

escola paulista brutalista). Artigas graduou-se arquiteto-engenheiro pela Escola

Politécnica de São Paulo e, nessa época, trabalhou no escritório de Oswald

Bratke. No ano de 1940 ingressou como professor da Politécnica de São Paulo,

tornando-se, logo em seguida um dos fundadores da FAU-USP. Em 1946 obteve

uma bolsa da fundação Guggenheim nos EUA e, durante esse período manteve

contato com nomes da Bauhaus que ali lecionavam, fato que influenciou

diretamente sua produção arquitetônica dali em diante.

Para compreender melhor a trajetória arquitetônica de Artigas vamos dividi-

la em três fases. A primeira fase, no início de sua carreira, é marcada pela forte

influência da arquitetura de Frank Lloyd Wright, do neoclássico e do ecletismo

(Art Déco) de diversas origens. Nesse período são características marcantes em

suas obras (predominantemente residências), o desenho dos telhados com beirais alongados; a marcação

da horizontalidade através de janelas como rasgos horizontais na fachada; e, um aspecto que caracterizará

a produção arquitetônica do arquiteto nos anos seguintes: a valorização dos aspectos construtivos.

A segunda fase vivida pelo arquiteto compreende um período de transformações ideológicas que

marcaram sua carreira. Sua produção passa a assimilar os padrões do racionalismo arquitetônico, das

obras de Le Corbusier e da Escola Carioca. Nessa fase já aparecem características que serão

determinantes no movimento da escola paulista e, por conseguinte, na formação de toda uma geração de

arquitetos, como, por exemplo: o uso de novos partidos, um novo uso de volume único integrando todos os

ambientes, outro de dois volumes separados entre si por um terceiro onde se encontram as áreas molhadas

da casa; o uso de rampas e o uso dos 5 pontos Le corbusianos.

Na terceira fase de sua produção profissional, a obra de Artigas tem como principal influencia o

brutalismo paulista é nessa fase que se concretizam mais claramente as idéias da escola paulista. Dividido

entre a militância política e seus ideais artísticos, V.Artigas e a arquitetura da “escola paulista” propunham a

participação da arquitetura na resolução dos problemas sociais do país, traduzindo-se na pratica como, por

exemplo, o uso do prisma elevado com sua autonomia em relação ao lote trazendo a idéia de solução que

pode ser repetida indefinidamente.

Outras características determinantes na obra de Artigas nessa época são a rejeição da leveza da

arquitetura moderna brasileira através do uso de concreto bruto e prismas puros; o destaque de elementos

de circulação; a previsão de pátios internos centrais e amplos espaços abertos; o uso de materiais

genéricos e se possível industrializados; a modulação, mostrando a preocupação com a flexibilidade de

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usos dos espaços e a possível renovação de sua destinação e a “verdade” estrutural, ou seja, a ênfase na

técnica construtiva com a valorização do concreto armado.

Uma obra que simboliza de certa forma a arquitetura de Vilanova Artigas é a

Estação Rodoviária de Londrina (1950). Com um programa relativamente

simples, o projeto pode ser dividido em 2 partes: o volume prismático ou corpo

(restaurante, escritórios, lojas) e o espaço público generoso coberto criado para

embarque e desembarque, ambos em concreto aparente. Um lance de rampas

liga o nível superior do bloco à plataforma e a estrutura obedece a uma

rigorosa modulação nos dois corpos (prisma e cobertura abobadada).

Oswaldo Bratke – Oswaldo Arthur Bratke (Botucatu, 1907 – São Paulo, 1997)

Oswald Bratke nasceu em 1907 e graduou-se arquiteto-engenheiro

pela Universidade Mackenzie em 1931, Bratke trabalhou grande parte de

sua vida em parceria com o arquiteto Carlos Botti, com quem viveu um

momento de influencia Eclética, refletido nas residências projetadas, no

início de carreira, assim como Vilanova Artigas,. Com a morte de Botti,a

arquitetura de Bratke passa por uma fase de transição, até no fim da

década de 40, quando a arquitetura de Bratke assume características

mais claramente modernas, sobretudo depois de sua visita aos EUA em

1948.

Em 1951, Oswaldo Bratke, que sempre foi conhecido por seus

projetos residenciais, constrói a própria residência, com um projeto que

foi um marco em sua carreira profissional, pelo o que ela representa no

sentido da consolidação da estética moderna na arquitetura de Bratke. O

projeto consiste em uma laje plana, utilizada pela primeira vez pelo

arquiteto, sustentada por uma estrutura simples e modulada de pilares

esbeltos. Constitui, assim, um volume prismático articulado por cheios e

vazios que se alternam nas fachadas através de fechamentos, elementos

vazados e varandas. A planta, modulada, admite reordenações, já que

as paredes internas são resolvidas com armários e fechamentos leves, e um pátio interno divide as funções

diurnas e noturnas.

Além das residências, Oswaldo Bratke também se destacava pelos projetos urbanísticos que

desenvolveu ao longo de sua carreira.

Outro projeto emblemático na carreira do arquiteto é o da Residência Oscar Americano (1952). A casa

Americano possui partido muito semelhante ao utilizado na Residência pessoal de Bratke, porém em

proporções maiores. A casa levemente erguida do solo, assim como a residência de Oswaldo Bratke,

adapta-se suavemente ao terreno utilizando dois níveis sobrepostos na porção mais baixa do terreno. Além

disso, novamente, Bratke faz uso de características como o jogo de cheios de vazios na fachada, e o pátio

interno como parte integrante do volume.

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Gregori Warchavchik – (Odessa, 1896 – São Paulo, 1972)

Por volta de 1923, vindo de Roma onde se formara em arquitetura, chega a São Paulo, contratado pela

Companhia de Santos, o jovem russo Gregori Warchavchik. Nascido em 02 de abril de 1896, na cidade de Odessa, fez seus estudos de arquitetura na Universidade de sua cidade. Em 1918 parte dali para Roma, onde se matriculou no Instituto Superiore di Belle Arti, completando sua cultura clássica e obtendo diploma de arquiteto em 1920. Em Roma, trabalhando no escritório de Marcello Piacentini, Warchavchik dirigiu a construção do Teatro Savoia em Florença. Por passar a discordar das idéias de seu mestre, Warchavchik embarca para o Brasil em busca de novas terras onde pudesse desenvolver suas idéias.

Em primeiro de novembro de 1925, Warchavchik lança, em um jornal editado em língua italiana, “Il Piccolo”, o manifesto “Futurismo”. Esse mesmo manifesto foi transcrito no “Correio da Manhã” do Rio de Janeiro.

Em 1927 Warchavchik naturaliza-se brasileiro e nesse mesmo ano constrói, para si, a primeira casa modernista em São Paulo, na Rua Santa Cruz. Em 1930, promoveu a “exposição de uma casa modernista”, em São Paulo.

Em 1931, foi chamado por Lúcio Costa para lecionar Composição de Arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio. Mais tarde, ambos se demitem do cargo de professor da Escola Nacional de Belas Artes e associam-se em uma firma de arquitetura e construções, construindo na Rua Toneleiros, em Copacabana, a primeira casa moderna do Rio.

Warchavchik continuou projetando e construindo as casas que projetava, até sua morte, no dia 27 de agosto de 1972. Casa modernista na Rua Santa Cruz – São Paulo, 1927

Em 1927, em função de seu casamento, Warchavchik começa a construir para si, na rua Santa Cruz, bairro de Vila Mariana, em São Paulo, aquela que seria considerada a primeira casa modernista do país, concluída em 1928. O projeto, a construção, a decoração, os interiores, os móveis e as peças de iluminação, são de autoria do arquiteto. Mina Klabin Warchavchik, além de contribuir financeiramente com a construção, inclusive dispondo de terreno de sua família para tal fim, colaborou com o projeto paisagístico para o jardim - eventualmente também considerado o primeiro projeto paisagístico moderno do país, embora tal afirmação também encontre divergências.

O projeto da casa deu origem a uma das mais relevantes polêmicas do movimento moderno, provocado pelo arquiteto Dácio de Morais, que criticou asperamente Warchavchik em artigos do Correio Paulistano. O projeto da casa objetivava a racionalidade, o conforto, a utilidade, uma boa ventilação e iluminação – ideais preconizados por Le Corbusier. Inspirado nas paisagens brasileiras criou uma arquitetura que se adaptou à região, ao clima e às tradições do país.

Casa modernista da Rua Itápolis – São Paulo, 1930

A casa da Rua Itápolis, no Pacaembu, em São Paulo, ficou em exposição de

26 de março a 20 de abril de 1930 e impulsionou a renovação arquitetônica brasileira, tornando-se uma referência e complementando a revolução assinalada pela "Semana de Arte Moderna de 1922".

No projeto, Warchavchik procurou resolver, da maneira mais estética possível, a questão econômica e funcional. Ao contrário do tradicional, eliminou corredores com a finalidade de obter mais espaço.

Rino Levi – (São Paulo, 1901 – Bahia, 1965)

Filho de pais italianos, nascido em 31 de dezembro de 1901 na cidade de São Paulo, Rino Levi fez

seus primeiros estudos na sua cidade natal, indo depois para a Itália, onde fez seus estudos superiores, primeiro em Milão, na Academia de Belas Artes e depois em Roma, na Escola Superior de Arquitetura, onde se formou em 1926.

Em 1925, enquanto ainda estudava, enviou uma carta ao jornal “O Estado de São Paulo” defendendo a renovação da arquitetura e do urbanismo brasileiro. Sua iniciativa, que antecedeu em alguns dias o famoso

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manifesto de Warchavchik, foi a primeira manifestação pública dos novos arquitetos contra o academicismo então predominante nas escolas do país. Rino Levi concorreu a vários concursos, tendo vencido os seguintes: Maternidade Universitária –São Paulo, 1945; Hospital Albert Einstein – São Paulo, 1947; Centro Cívico Santo André – Santo André, 1965.

A produção de Rino Levi no campo da arquitetura é particularmente vasta. Iniciou praticamente com o projeto do Edifício Columbus em 1928; três grandes cinemas em São Paulo em 1936, 37 e 38; Hospital do Câncer; Teatro “Cultura Artística” em 1942; Hospital “Cruzada pró Infância” em 1951; Laboratório Paulista de Biologia em 1956; hospitais para o governo da Venezuela em 1959.

Em 1965, antes de ver concluído seu último projeto, a Sede do Banco Itaú América, na Avenida Paulista, Rino Levi morreu no interior da Bahia, quando colhia flores silvestres, em companhia de seu amigo, o paisagista Burle Marx.

Residência Olívio Gomes – São José dos Campos, 1949-1951

A residência de Olívio Gomes, antigo proprietário da fábrica de Tecelagem

Parahyba, localizada em São José dos Campos, foi o resultado de um projeto minucioso do arquiteto Rino Levi e do paisagista e artista plástico Roberto Burle Marx. A edificação data do início da década de 50 e tornou-se símbolo de preservação do patrimônio e da memória de um dos períodos mais importantes da história da cidade de São José dos Campos.

O enfoque é a relação entre arquitetura e artes plásticas. Os painéis não são simples peças decorativas - e, aliás, como tal, já teriam grande valor artístico. Idealizados e modificados durante o projeto, os murais são fundamentais para a arquitetura, da mesma forma que um pilar, uma viga ou um caixilho.

Residência do arquiteto São Paulo, 1944

O terreno irregular é totalmente fechado pela construção, cede os recuos

legais à rua e os recupera como jardim público, onde as únicas janelas são as da cozinha. Os espaços interiores de uso diurno, dormitórios e serviços se distribuem em torno de três pátios perfeitos, em que as aberturas não são janelas quaisquer, são "constructos" complexos e especiais em cada caso, considerando vistas, orientação e natureza das atividades. Sobre a entrada principal, uma reentrância na esquina, o corte, inclinado em planta, da cobertura alarga as ondas nuas das telhas de fibrocimento, as terças expostas.

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