GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE...

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GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE RECURSOS HUMANOS Janaina Vieira Jacobs Marcela Figueiredo de Oliveira Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadora: Maria Alice Ferruccio da Rocha, D. Sc. Rio de Janeiro Fevereiro de 2017

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GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE

RECURSOS HUMANOS

Janaina Vieira Jacobs

Marcela Figueiredo de Oliveira

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia de Produção da

Escola Politécnica, Universidade Federal

do Rio de Janeiro, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientadora: Maria Alice Ferruccio da

Rocha, D. Sc.

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2017

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GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE

RECURSOS HUMANOS

Janaina Vieira Jacobs

Marcela Figueiredo de Oliveira

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO.

Examinado por:

________________________________________________

Profª. Maria Alice Ferruccio da Rocha, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Ricardo Mello

________________________________________________

Thais Vieira

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

Fevereiro de 2017

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Jacobs, Janaina Vieira

Oliveira, Marcela Figueiredo

Gente e Gestão: a Transformação da Área de Recursos Humanos /

Janaina Vieira Jacobs e Marcela Figueiredo de Oliveira – Rio de

Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2017.

xi, 121 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Maria Alice Ferruccio da Rocha

Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI/ Curso de Engenharia de

Produção, 2017.

Referências Bibliográficas: p. 97 - 99

1. Gente e Gestão. 2. Recursos Humanos

I. da Rocha, Maria Alice Ferruccio II. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Curso de Engenharia de Produção.

III. Gente e Gestão: a Transformação do RH.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos os professores da Escola Politécnica que participaram e

contribuíram para o nosso desenvolvimento e formação ao longo de todo o curso,

especialmente os professores de Departamento de Engenharia Industrial (DEI).

Eu, Janaina, agradeço primeiramente à minha família, principalmente aos meus

pais pelo amor e apoio incondicional que sempre me deram, por todo o aprendizado que

me proporcionaram e especialmente, por todos os valores transmitidos. Eles foram

essenciais nessa jornada.

Agradeço também àqueles que são meus amigos desde o colégio por todos os

momentos que compartilhamos juntos durante todos esses anos e por terem sido

fundamentais para meu crescimento e amadurecimento, e aos amigos que conheci na

faculdade, por fazerem do Fundão um lugar mais leve e divertido.

Eu, Marcela, agradeço em primeiro lugar à minha família, principalmente à minha

querida mãe, que sempre me incentivou, apoiou e deu força em todos os momentos que

precisei, tendo sido essencial para meu desenvolvimento pessoal, acadêmico e

profissional.

Agradeço ao meu namorado, Guilherme, que também contribuiu tanto pro meu

crescimento pessoal quanto profissional e que, principalmente no período difícil de fim

do curso onde tive que conciliar estágio com muitas matérias na faculdade, esteve sempre

ao meu lado me dando suporte, me motivando a continuar e me dando motivos para sorrir

mesmo quando estava num alto nível de estresse. Por fim, agradeço aos amigos que

conheci na faculdade e tornaram os momentos de estudo mais agradáveis e também às

minhas amigas do colégio, que acompanharam minha trajetória desde o início do

vestibular até aqui, sempre acreditando em mim, me incentivando e me divertindo, em

especial a Bruna.

Agradecemos também ao Eduardo Saggioro e Agapito Troina, por toda ajuda

prestada durante a realização desse projeto, principalmente disponibilizando materiais e

tempo para conversas sobre o modelo de Gente e Gestão.

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Por fim, agradecemos a nossa querida orientadora Maria Alice Ferruccio, por nos

apoiar durante todo o curso de Engenharia de Produção e pelo suporte oferecido durante

a realização desse projeto.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE RECURSOS

HUMANOS

Janaina Vieira Jacobs

Marcela Figueiredo de Oliveira

Fevereiro/2017

Orientadora: Maria Alice Ferruccio da Rocha, D. Sc.

Curso: Engenharia de Produção

Este trabalho apresenta o modelo de Gente e Gestão, que combina gestão de pessoas

com gestão de resultados. Primeiramente é apresentado histórico da evolução dos

modelos de RH até a origem do modelo de Gente e Gestão. Em seguida, o modelo é

caracterizado através da descrição dos seus cinco principais pilares: Incentivos

Estratégicos, Prontidão de Gente, Modelo de Gestão, Meritocracia e Liderança. Por fim,

são apresentados os resultados da pesquisa realizada pela consultoria Visagio que avaliou

75 empresas quanto as práticas do modelo de Gente e Gestão, revelando os seus

posicionamentos e níveis de maturidade em relação ao modelo.

Palavras-chave: Gente e Gestão, Recursos Humanos

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial

fulfillment of the requirements for the degree of Industrial Engineer.

PEOPLE AND MANAGEMENT: THE HUMAN RESOURCES

TRANSFORMATION

Janaina Vieira Jacobs

Marcela Figueiredo de Oliveira

February/2017

Advisor: Maria Alice Ferruccio da Rocha, D. Sc.

Course: Industrial Engineering

This paper presents the People and Management model, which combines people

management with results management. First, it presents a history of the evolution of

the Human Resources models to the origin of the People and Management model.

Next, the model is characterized by the description of its five main pillars: Strategic

Incentives, People's Readiness, Management Model, Meritocracy and Leadership.

Finally, the results of the research carried out by the consulting firm Visagio, which

evaluated 75 companies about the practices of the People and Management model,

are presented, revealing their positioning and maturity levels in relation to the model.

Keywords: People and Management, Human Resources

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1

1. HISTÓRIA DO MODELO DE GENTE E GESTÃO .......................................... 3

1.1 A EVOLUÇÃO DO RH .................................................................................... 3

1.2 A EVOLUÇÃO DA ESTRATÉGIA ................................................................. 5

1.3 A ORIGEM DE GENTE E GESTÃO ............................................................... 7

1.4 RH CLÁSSICO X MODELO DE GENTE E GESTÃO ................................... 8

2. PRONTIDÃO DE GENTE ................................................................................... 10

2.1 ATRAÇÃO E SELEÇÃO DE TALENTOS .................................................... 11

2.2 EMPLOYER BRANDING E EMPLOYER VALUE PROPOSITION (EVP) .... 12

2.3 TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ................................................. 14

2.4 WORKFORCE PLANNING (DIMENSIONAMENTO) .................................. 17

2.5 RECRUTAMENTO INTERNO – LIDERANÇA ........................................... 17

3. INCENTIVOS ESTRATÉGICOS ....................................................................... 18

3.1 INCENTIVOS FINANCEIROS ...................................................................... 20

3.2 TIPOS DE INCENTIVOS FINANCEIROS .................................................... 21

3.2.1 Bônus ........................................................................................................ 21

3.2.2 Participação nos Lucros e Resultados (PLR) ........................................... 21

3.2.3 Stock Options ............................................................................................ 23

3.3 INCENTIVOS NÃO-FINANCEIROS ............................................................ 24

4. MODELO DE GESTÃO ...................................................................................... 27

4.1 ALINHAMENTO ESTRATÉGICO ................................................................ 28

4.4.1 Identidade Organizacional ........................................................................ 28

4.1.2 Cadeia de Valor ........................................................................................ 31

4.1.3 Descrição do Negócio ............................................................................... 32

4.1.4 Análise SWOT .......................................................................................... 33

4.2 DESDOBRAMENTO DE DIRETRIZES ....................................................... 35

4.2.1 Orçamento ................................................................................................ 35

4.2.2 Definição de metas ................................................................................... 36

4.2.3 Desdobramento de metas .......................................................................... 37

4.3 GERENCIAMENTO DA ROTINA (GERROT) ............................................ 38

4.4 GERENCIAMENTO DE PROJETOS ............................................................ 39

5. MERITOCRACIA ................................................................................................ 42

5.1 PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS E CARREIRAS .................................. 42

5.2 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ............................................................... 44

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5.2.1 Matrix General Eletric (GE) ..................................................................... 44

5.2.2 Matrix 9 Box ............................................................................................. 46

5.2.3 Matrix 6 Box ............................................................................................. 48

5.2.4 Feedback ................................................................................................... 50

5.2.5 Modelo de Remuneração associado à Avaliação ..................................... 51

6. LIDERANÇA ......................................................................................................... 52

6.1 TÉCNICAS DE LIDERANÇA ....................................................................... 53

6.1.1 Liderança Situacional ............................................................................... 53

6.1.2 A importância do Feedback ...................................................................... 55

6.2 HABILIDADES DE UM LÍDER .................................................................... 56

6.3 LIDERANÇA NÍVEL 5 .................................................................................. 57

6.4 LIDERANÇA PELO EXEMPLO ................................................................... 61

6.5 “COMPANHIA DE DONOS” ......................................................................... 61

7. PESQUISA DE GENTE E GESTÃO .................................................................. 62

7.1 MÉTODO DE APLICAÇÃO E DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS ....... 65

7.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................................... 66

7.2.1 Incentivos Estratégicos ............................................................................. 69

7.2.2 Liderança .................................................................................................. 71

7.2.3 Meritocracia .............................................................................................. 73

7.2.4 Modelo de Gestão ..................................................................................... 79

7.2.5 Prontidão de Gente ................................................................................... 84

7.2.6 Cultura e Engajamento ............................................................................. 86

7.2.5 Análise de Maturidade .............................................................................. 90

CONCLUSÃO ............................................................................................................... 92

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 96

ANEXO A – MEMBROS DO COMITÊ DE GENTE E GESTÃO ......................... 99

ANEXO B – PARTICIPANTES DA PESQUISA .................................................... 100

ANEXO C – A PESQUISA ........................................................................................ 101

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: As cinco fases da evolução do RH .................................................................... 4

Figura 2: Ondas de evolução da estratégia empresarial ................................................... 6

Figura 3: Modelo de Gente e Gestão ................................................................................ 9

Figura 4: EVP ................................................................................................................. 14

Figura 5: Etapas de amadurecimento da potencialização do talento de um indivíduo ... 16

Figura 6: Golden Circle .................................................................................................. 26

Figura 7: Modelo de Gestão ........................................................................................... 28

Figura 8: Identidade Organizacional .............................................................................. 29

Figura 9: Abrangência da Cadeia de Valor .................................................................... 32

Figura 10: Descrição do Negócio ................................................................................... 32

Figura 11: Matriz SWOT ................................................................................................ 35

Figura 12: Painel de metas geral de uma empresa.......................................................... 36

Figura 13: Árvore de Valor ............................................................................................ 38

Figura 14: Exemplo de Cargos e Salários de uma área .................................................. 43

Figura 15:Plano de Carreira da área de Gente e Gestão da Casas Pedro........................ 43

Figura 16: Matriz Desempenho - Valores GE ................................................................ 45

Figura 17: Matriz 9 Box ................................................................................................. 46

Figura 18: Matriz 6 Box ................................................................................................. 49

Figura 19: Quadro de Bônus de acordo com Avaliação de Desempenho ...................... 51

Figura 20: Pesos da PLR de acordo com a Avaliação de Desempenho ......................... 52

Figura 21: Liderança situacional .................................................................................... 54

Figura 22: Níveis de Liderança ...................................................................................... 58

Figura 23: Os dois lados da liderança nível 5 ................................................................. 60

Figura 24: Setores do público participante ..................................................................... 63

Figura 25: Porte do público participante por faturamento .............................................. 64

Figura 26: Porte do público participante por número de colaboradores ........................ 65

Figura 27: A quem se reporta o Head de Gestão de Pessoas? ........................................ 67

Figura 28: Proximidade do RH com o Conselho de Administração .............................. 67

Figura 29: Head de RH com sucessor do CEO .............................................................. 68

Figura 30: Relação ente renumeração e retenção ........................................................... 69

Figura 31: Prática de incentivos de longo prazo............................................................. 70

Figura 32: Relação de incentivos com a retenção da liderança ...................................... 71

Figura 33: Cobrança da liderança pelo engajamento da equipe ..................................... 72

Figura 34: Vagas de liderança preenchidas via recrutamento interno ............................ 73

Figura 35: Como a avaliação de desempenho é implantada nas empresas .................... 74

Figura 36: Os valores corporativos estão refletidos nas competências e na avaliação de

desempenho individual? ................................................................................................. 75

Figura 37: A avaliação é utilizada para quais finalidades? ............................................ 76

Figura 38: Qual o percentual de vagas de liderança preenchidas via recrutamento

interno? ........................................................................................................................... 77

Figura 39: Como é a retenção dos programas de porta de entrada no horizonte de 3

anos? ............................................................................................................................... 78

Figura 40: Como a prática de feedbacks formais influencia no encarreiramento? ........ 79

Figura 41: Como é o envolvimento da área de Gestão de Pessoas no planejamento

estratégico ....................................................................................................................... 80

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Figura 42: O que contempla o modelo de gestão em sua empresa e qual é o

envolvimento da área de Gestão de Pessoas nele ........................................................... 81

Figura 43: Em quais etapas do ciclo de metas o RH é ativamente envolvido ................ 81

Figura 44: O desdobramento de metas da empresa em metas individuais atinge qual(is)

nível(is)? ......................................................................................................................... 82

Figura 45: Qual o índice de satisfação/engajamento aferido na última pesquisa? ......... 83

Figura 46: Modelo de gestão baseado em indicadores influencia meu engajamento? ... 84

Figura 47: Envolvimento da liderança com os programas de porta de entrada .............. 85

Figura 48: Relação retenção com programas de treinamento ........................................ 86

Figura 49: Como é percebida a vivência da cultura nas organizações? ......................... 87

Figura 50: Quem são os guardiões da cultura? ............................................................... 88

Figura 51: Qual é o nível de maturidade dos "Valores de Gente e Gestão"? ................. 89

Figura 52: Se a liderança é protagonista da pregação da cultura, meu time é mais

engajado? ........................................................................................................................ 90

Figura 53: Nível de maturidade das empresas por setor ................................................. 91

Figura 54: Nível de maturidade das empresas por categoria .......................................... 92

Figura 55: Resumo do Teste de Hipóteses ..................................................................... 95

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1

INTRODUÇÃO

O modelo de Gente e Gestão que será apresentado nesse trabalho é caracterizado pela

união do alinhamento estratégico, com o modelo de gestão e o processo de gestão de

talentos, posicionando a função Recursos Humanos (RH) num patamar altamente

estratégico.

O objetivo geral desse trabalho é formalizar o modelo de Gente e Gestão, que combina

gestão de pessoas com gestão de resultados, implantado parcialmente ou integralmente

em diversas empresas hoje em dia. O objetivo específico é mostrar a metodologia de

aderência ao modelo de Gente e Gestão e a importância da sua adequação pelas empresas.

Algumas hipóteses foram formuladas sobre o assunto, levando em consideração as

práticas defendidas e aplicadas no modelo, as quais são descritas a seguir:

H1 - Quando a liderança das empresas é cobrada pelo engajamento, a retenção de

funcionários melhora.

H2 - As práticas de feedbacks formais influenciam no encarreiramento dos

funcionários da empresa.

H3 - O modelo de gestão baseado em indicadores aumenta o engajamento no time.

H4 - Remuneração não é a única forma de retenção, as pessoas precisam estar

engajadas e alinhadas com o propósito da empresa.

H5 - Quando a liderança é protagonista da pregação da cultura, o time é mais

engajado.

Para que a elaboração do projeto ocorresse de forma coerente e consistente, foi

adotado um embasamento teórico seguido de um método de pesquisas. Primeiramente,

uma pesquisa bibliográfica foi realizada utilizando livros e artigos sobre a história e as

práticas do modelo de Gente e Gestão. Em seguida, foi feita uma pesquisa exploratória

do tipo estudo de campo, onde foi utilizada uma pesquisa aplicada pela empresa Visagio

em 2016 com 75 empresas do Brasil que possuem mais de 200 funcionários sobre o nível

de implantação do modelo descrito.

Como contribuição científica, o projeto mostrará como se estrutura o estado da técnica

deste modelo de Gente e Gestão baseado em 5 blocos – Incentivos Estratégicos, Prontidão

de Gente, Modelo de Gestão, Meritocracia e Liderança.

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Como limitação da pesquisa, neste trabalho não foram utilizados métodos estatísticos

para a análise de correlação das hipóteses. E também, não serão analisados os sistemas e

tecnologias utilizados na gestão de RH, nem serão descritos os processos operacionais de

Departamento de Pessoal (DP), como gerir folha, gerir benefícios, entre outras atividades

mais burocráticas de RH

Esse trabalho é composto por 7 capítulos, os quais serão descritos nos próximos

parágrafos.

No primeiro capítulo, é apresentada a evolução da área de RH desde o início do século

XX até os dias de hoje e o histórico do modelo de Gente e Gestão. Neste capítulo serão

apresentados os conceitos que servirão de base para os demais capítulos do projeto.

No segundo capítulo, há a descrição do bloco Prontidão de Gente e o seu papel como

base do modelo de Gente e Gestão, discorrendo sobre a atração, seleção e retenção de

talentos, o principal ativo de uma empresa.

No terceiro capítulo, os incentivos estratégicos (Money & Meaning) presentes no

modelo de Gente e Gestão, como o propósito das organizações, oportunidades de carreira,

stock options e políticas de bonificação, são apresentados.

No quarto capítulo, o modelo de gestão de uma empresa é descrito, assim como sua

importância dentro do modelo apresentado neste trabalho e as práticas que o compõem,

como planejamento estratégico, desdobramento de metas, gerenciamento da rotina e de

projetos.

No quinto capítulo, há a descrição da meritocracia, conceito fundamental dentro do

modelo apresentado. Ele é caracterizado em conjunto com as políticas utilizadas, como

avaliação e desempenho, promoção e encarreiramento e bonificação baseada em metas.

O sexto capítulo é sobre o bloco Liderança e seu papel dentro do modelo, discorrendo

sobre os tipos de líderes e de liderança.

No sétimo capítulo, as hipóteses levantadas nesta introdução sobre a efetividade da

implantação do modelo de Gente e Gestão hoje no Brasil são testadas, utilizando os

resultados da pesquisa exploratória do tipo estudo de campo.

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3

Por fim, tem-se a conclusão que consolida todos os aspectos levantados nos capítulos

anteriores, relacionando as hipóteses testadas com os componentes do modelo e

finalizando a sua estruturação, práticas e resultados.

1. HISTÓRIA DO MODELO DE GENTE E GESTÃO

1.1 A EVOLUÇÃO DO RH

Foi a partir do surgimento das escolas de Administração, tanto a Administração

Científica como a Administração Clássica, e, logo em seguida, a escola das Relações

Humanas, que a área de RH passou a ter um significado diferente (FRANCO, 2008).

Na época da Administração Científica e da Administração Clássica, quase não havia

consideração com fator humano, uma vez que os funcionários de uma organização eram

vistos apenas como parte no processo produtivo, ou seja, um instrumento a fim de

proporcionar um melhor resultado à organização, quase como peças de uma máquina.

Segundo Chiavenato (2002a):

No passado, não muito distante, as pessoas eram consideradas recursos

das organizações: os chamados RH. [...] Em geral, recursos representam

algo material, passivo, inerte e sem vida própria que supre os processos

organizacionais em termos de matérias-primas, dinheiro, máquinas,

equipamentos etc. (CHIAVENATO, 2002a, p.1)

No início do século XX, os autores e estudiosos da época somente se preocupavam

com pesquisas e estudos que focavam na racionalização dos tempos e métodos que tinham

contribuições decisivas para redução de custos e desperdícios, visando aumentar a

competitividade das empresas e da formalização de práticas administrativas. Foi somente

a partir da década de 1930, que os estudiosos Chester Barnard, Mary Follet e Elton Mayo

iniciaram as pesquisas relativas às pessoas nas organizações e as interações humanas.

(CHIAVENATO, 2003)

Foi desde então que as atividades de RH mudaram de foco, deixando de ser apenas

treinamentos funcionais de aprendizagem para execução correta das tarefas demandadas

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4

para serem desenvolvidas e aplicadas com foco em treinamento, desenvolvimento e

satisfação das pessoas na organização.

Chiavenato (1999) menciona essa mudança dizendo que:

As pessoas deixaram de ser apenas fornecedoras de mão-de-obra para

serem alcançadas a categoria de fornecedores de conhecimento e

competência [...] hoje atuam como parceiros e colaboradores – e não

como empregados burocratas submetidos a um contrato formal de

trabalho da organização. (CHIAVENATO, 1999, p.2)

Pesquisas realizadas pela professora Tose da faculdade de Administração da

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) em 1997 mostram que o perfil

do profissional de RH e, consequentemente, da área de RH como um todo, passou por

cinco fases de evolução, ilustradas na figura 1. Segundo Tose (1997 apud MARRAS,

2000), as fases se caracterizam conforme a seguir:

Fonte:http://profreinaldoramos.blogspot.com.br/2011/08/as-cinco-fases-

evolutivas-da-gestao-de.html. Acesso em: 25 jan de 2015.

Fase contábil (antes de 1930): Concentrou-se principalmente na época da

introdução da teoria de Administração Científica e trouxe uma maior preocupação com

os custos da organização. Apresentava enfoque apenas contábil no tratamento dos

trabalhadores, os vendo apenas como os geradores de mão de obra e executando os

Figura 1: As cinco fases da evolução do RH

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registros contábeis de entradas e saídas resultantes dessa conta para se ter um controle

efetivo dos processos;

Fase legal (de 1930 a 1950): Caracterizou-se pela criação da função de chefe de

pessoal, responsável pela organização da relação entre a empresa e os empregados de

acordo com a legislação trabalhista. Isto se fez necessário na época por conta da criação

da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), concebida pelo então presidente Getúlio

Vargas.

Fase tecnicista (de 1950 a 1965): Inicia-se a o processo de reconhecimento da

área de RH não mais somente como uma área preocupada com registros e controles, mas

como “uma área que tinha como foco funções de treinamento, recrutamento e seleção,

cargos e salários e outros benefícios” (FRANCO, 2008, p.23);

Fase administrativa (de 1965 a 1985): A área de RH ganha uma nova função de

tratar assuntos relacionados ao sindicalismo. Também nessa fase, a ênfase em

procedimentos burocráticos e puramente operacionais é transferida para as

responsabilidades de ordem mais humanísticas, voltadas para os indivíduos e suas

relações coletivas, com sindicatos e a sociedade;

Fase estratégica (de 1985 até atualmente): Marcada, segundo Albuquerque (1988

apud MARRAS, 2000), pelo surgimento dos primeiros programas de planejamento

estratégico nas empresas. Assim, nesta fase, iniciou-se a alavancagem organizacional do

cargo de Gerente de RH, o qual passou de uma posição gerencial, em nível ainda tático,

para uma posição de diretoria, reconhecido em nível estratégico nas organizações;

De acordo com Dessler (2003, p. 15), “A Gestão Estratégica de Pessoas é a união do

RH com metas e objetivos estratégicos, para melhorar o desempenho organizacional e

desenvolver uma cultura voltada à inovação e flexibilidade”.

1.2 A EVOLUÇÃO DA ESTRATÉGIA

Segundo Jones (apud KIECHEL, 2010), pode-se dividir a história da estratégia em 3

fases. A primeira fase da história da estratégia, desde seu início no começo dos anos 60

até aproximadamente metade dos anos 80, foi focada em posicionamento. Preocupava-se

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6

com o posicionamento do negócio em relação ao custo dos competidores ou onde um

negócio se situava no portfólio de negócios de posse da organização em relação ao seu

market share.

Na segunda fase da estratégia, estendendo-se do fim dos anos 80 até os anos 2000, o

foco se tornou os processos - os procedimentos e rotinas através dos quais as empresas

executam suas funções. Começou-se a perceber que a otimização de processos poderia

trazer grande vantagem competitiva aos produtos. Já a terceira fase da estratégia, a qual

ainda se encontra no início, é centrada nas pessoas. Acredita-se que as pessoas são a chave

para a inovação e esta, por sua vez, é o principal requisito para o sucesso competitivo.

Fonte: Visagio (2014)

Atualmente, há renomados acadêmicos que apontam para o conceito de “Estratégia

centrada em Pessoas” como o futuro das organizações. Porém, pode-se dizer que ainda

há muito a mudar em grande parte das organizações nacionais e multinacionais para se

atingir a 3ª onda. Isto pode ser percebido analisando a grande parte de empresas

respondendo negativamente perguntas como:

O Conselho de Administração da sua empresa participa ativamente do processo

de seleção, desenvolvimento e avaliação dos líderes e profissionais de alto

potencial?

Figura 2: Ondas de evolução da estratégia empresarial

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A alta liderança da sua empresa trata as pautas de RH como estratégicas e participa

ativamente dos processos de gestão de talentos?

O RH da sua empresa coordena ativamente o processo de planejamento

estratégico e desdobramento de metas a partir do mesmo?

1.3 A ORIGEM DE GENTE E GESTÃO

O termo Gente e Gestão se originou na Ambev. De acordo com a ex-Ambev e atual

Diretora de Gente e Gestão da rede hoteleira Brazil Hospitality Group (BHG), Carla

Silva, inicialmente, lá existia uma área de Qualidade, voltada à qualidade dos produtos.

Foi então que Vicente Falconi, membro do Conselho de Administração da Ambev desde

1997 introduziu a ideia de qualidade de processo, que acabaria atacando a causa raiz da

qualidade dos produtos finais. Começou-se, então, a criação e mapeamento dos processos

da Ambev, abrangendo diversas áreas da empresa, e sendo tocada pela Diretoria de Gente.

Com isso, no fim da década de 90 fundiu-se a Diretoria de Gente com a Gerência de

Qualidade, formando a área de Gente e Qualidade, que posteriormente virou a área de

Gente e Gestão.

A grande virada da área de Gente e Gestão, veio com o case de sucesso do Projeto

Manufatura. Na década de 90, a Brahma fechou a Fábrica do centro do Rio de Janeiro e

abriu uma nova Fábrica chamada Nova Rio, em Campo Grande. A fábrica havia custado

mais de $300 MM e havia sido projetada para fornecer cerveja para todo mercado do Rio

de Janeiro, que, na época, era abastecido por São Paulo e os custos logísticos acabavam

deixando a cerveja mais cara. Porém, apesar de sua grande capacidade e tecnologia de

ponta, a Nova Rio estava produzindo com menos de 60% de sua capacidade potencial e

os gerentes não entendiam o motivo. Foi então que Carlos Brito, Diretor de Vendas na

época, parou para analisar o problema com a supervisão do Vicente Falconi, resultando

no Projeto Manufatura. O projeto foi desenvolvido para melhorar a eficácia do processo

industrial da empresa e desenvolveu uma série de padrões de produção, boas práticas e

padronização de processos e rotinas que viraram modelo para todas as fábricas da Ambev.

(MELLO, 2014)

Além de aspectos de qualidade e manutenção, o projeto baseou-se muito na parte de

gestão, estabelecendo as diretrizes que deveriam ser seguidas para que a gestão da

produção ocorresse de forma controlada e padronizada em todas as fábricas do grupo; e

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também na parte de gente, estabelecendo uma rotina para obter um ambiente de trabalho

agradável, proporcionar capacitação e promover a motivação dos funcionários. A

combinação de todos esses aspectos fez do projeto um sucesso, aumentando

significativamente a eficiência da linha de produção e, assim, comprovando o valor da

combinação do Modelo de Gestão com a Gestão de Pessoas. Segundo Antonio Salvador

(2013, apud DWECK, 2013), o executivo responsável por comunicar a mudança das

funções e do nome da diretoria de RH para Gente e Qualidade, como foi chamada

inicialmente, “O conceito do RH na empresa é como um negócio, que deve adicionar

valor. E o modelo de gestão é baseado em gente.”.

Justamente por essa cultura de Gente e Gestão que a Ambev tornou-se hoje referência

em profissionais de RH. Ao longo do tempo, pessoas de diversas áreas, como da área

operacional ou de vendas, passaram pela área de Gente e Gestão e vice-versa e este perfil

híbrido dos profissionais da empresa é muito valorizado pelo mercado. Lá, resultado não

é uma preocupação só da área Comercial, ela também é representada na estrutura da área

de Gente e Gestão. Segundo Sandro Bassili (2013, apud DWECK, 2013), vice-presidente

de Gente e Gestão da Ambev, “Entre as atribuições da equipe estão a definição das

políticas de gestão de gente, o desdobramento de metas e o apoio técnico aos gestores de

cada setor para serem eles os gestores de pessoas”.

A líder da área de Gestão de Talentos da consultoria Mercer, Marisabel Ribeiro (2013,

apud DWECK, 2013, p.1), mencionou sobre o profissional de Gente e Gestão formado

na Ambev: “A empresa que contrata percebe que esse RH tem capacidade de engajar os

funcionários e gerar resultados”.

A Visagio, empresa de estudo deste projeto, passou a utilizar o modelo de Gente e

Gestão devido à forte compatibilidade do mesmo com a sua cultura organizacional.

1.4 RH CLÁSSICO X MODELO DE GENTE E GESTÃO

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Seguindo os moldes de sua origem e a fase da estratégia em que o mundo se encontra

atualmente, o modelo de Gente e Gestão e apresentado neste trabalho busca elevar o RH

para um novo patamar estratégico através da conjugação do Modelo de Gestão com as

práticas de Gestão de Talentos, efetivando a “Estratégia centrada em Pessoas” através de

5 blocos: Modelo de Gestão, Meritocracia, Liderança, Prontidão de Gente e Incentivos

Estratégicos.

Figura 3: Modelo de Gente e Gestão

Fonte: Visagio (2015)

Pode-se dizer que uma de suas principais diferenças para os demais modelos de

RH é que, com o Modelo de Gestão fazendo parte de sua estrutura, o planejamento

estratégico da empresa passa a ser liderado pela área de Gente e Gestão e não mais pela

área de estratégia ou de finanças, como de costume no RH clássico.

Assim, a área também passa a fazer parte do desdobramento de metas de toda a

empresa, ao invés de só da definição de suas próprias metas, como geralmente é feito nos

demais modelos. Este desdobramento é feito pelas áreas executoras porém acompanhado

e criticado pela área de Gente e Gestão, pois é atribuição dela garantir o link direto entre

os atingimentos de metas e a avaliação de desempenho, bonificação e encarreiramento de

forma meritocrática aos que agregam mais valor à organização. O que se opõe ao RH

tradicional, o qual geralmente é apenas informado do quanto foi atingido das metas para

pagamento de bônus.

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Em relação aos valores da empresa, o modelo de Gente e Gestão deixa bem claro

o papel dos líderes de dar o exemplo com valores baseados na obstinação por resultados

associada à abnegação e ao mindset de “dono do negócio”, ao contrário do que geralmente

acontece nas empresas com RH Clássico, onde valores genéricos são definidos, sem

cobranças e responsáveis claros pela pregação de tais valores.

Levando em consideração a remuneração dos funcionários, o modelo de Gente e

Gestão foca em modelos de longo prazo, com salário fixo mais baixo e foco maior em

formas de remuneração como bônus, Participação nos Lucros e Resultados (PLR), etc,

garantindo o foco em resultados de longo prazo na empresa por parte dos funcionários.

Já no RH Clássico, o que costuma-se ter é um foco maior em benefícios e até mesmo

exclusividade de alguns benefícios para líderes, como carros, planos de saúde

diferenciados, viagens de primeira classe, entre outros.

Outro ponto de diferença entre o modelo clássico e o de Gente e Gestão é a forma

como é feita o recrutamento. No modelo apresentado, visa-se que a grande maioria dos

cargos de liderança sejam ocupados por recrutamento interno por conta do grande foco

em desenvolvimento e formação de talentos do modelo; ao contrário do modelo clássico,

onde na maioria destas empresas as vagas de liderança são ocupadas pelos melhores

profissionais de mercado, muitas vezes até através de empresas especializadas em

recrutamento.

Este foco diferencial em desenvolver e formar talentos do modelo de Gente e Gestão

é também garantido através da participação da alta liderança junto aos funcionários de

Gente e Gestão na seleção de candidatos e condução do processo seletivo de estagiários

e trainees para a empresa. Opondo-se ao RH clássico, onde tanto a seleção de candidatos

quanto a condução do processo seletivo de estagiários e trainees são feitos pelo RH, sendo

o envolvimento da alta liderança quase nulo.

2. PRONTIDÃO DE GENTE

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Uma empresa para existir, produzir e prosperar, necessita mais do que uma produção

eficiente ou inovação contínua, ela precisa principalmente de pessoas. O principal ativo

de uma empresa é o seu capital humano, ou seja, as pessoas que trabalham nela. São elas

que ajudam na sua construção e estão por trás de todos os seus resultados. Sendo assim,

as empresas que pretendem se tornar cada vez melhores, devem focar seus esforços em

atrair talentos, pois estes garantirão uma vantagem competitiva sustentável sobre os seus

concorrentes.

Segundo Chiavenato (2009), o termo talento é utilizado nas organizações para se

referir as pessoas que pensam, interpretam, avaliam, raciocinam, decidem, agem,

conduzem a organização nesta nova era onde o conhecimento se tornou o recurso mais

valorizado e fundamental para o sucesso. São essas pessoas que são capazes de criar

novos produtos e serviços, identificar a concorrência, melhorar os processos internos e

encantar os clientes. São elas que promovem as ações e dão razão para as organizações.

Tendo em vista importância que as pessoas têm para a sobrevivência das

organizações, a gestão desses talentos precisa garantir as pessoas certas, com as

qualificações certas, disponíveis nos momentos e lugares certos. Conforme Venetianer

(2007), as empresas que buscam reter os talentos precisam criar um ambiente de trabalho

favorável ao crescimento e desenvolvimento pessoal.

2.1 ATRAÇÃO E SELEÇÃO DE TALENTOS

O recrutamento, também chamado de atração, é um processo estratégico e

fundamental para garantir o business da empresa e quando bem realizado facilita o

engajamento do colaborador e gera retenção. A liderança deve participar ativamente do

processo de recrutamento, selecionando pessoas com potencial para serem melhores que

eles, com objetivo de elevar a empresa de patamar, superando as metas de crescimento

estipuladas e garantindo a formação de sucessores. A liderança também é responsável por

desenvolver esses talentos e motivá-los para que futuramente eles sejam capazes de

substituí-los. Os líderes devem buscar facilitar o crescimento deles oferecendo

oportunidades que os elevem a níveis que não eles não pensavam que poderiam atingir,

superando as expectativas e tirando-os da sua zona de conforto.

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Segundo Bichuetti (2015), a arte de atrair reside em mostrar ao candidato de que seu

perfil atende às necessidades da posição, que ele se realizará nela e que a empresa é um

excelente lugar para que ele trabalhe.

Os processos seletivos para estagiários e traines são uma importante forma de

captação de novos talentos. Eles permitem que os jovens bem qualificados interiorizem

os valores e cultura da empresa desde do início da sua trajetória profissional, trazendo

inovação aliada a possibilidade de formação e retenção de desses talentos.

A primeira etapa do para um processo seletivo de estagiários e trainnes eficiente é

trabalhar a comunicação interna e externa, identificando as reais necessidades dos

gestores da empresa, definindo que vagas e espaços podem ser preenchidos pelos jovens

e como eles irão ser inseridos na companhia. Em seguida, é necessário informar

claramente aos candidatos quais são os objetivos do programa e quais são as perspectivas

de carreira oferecidas. Os candidatos devem ser selecionados por Gente e Gestão e pelos

líderes da empresa, para garantir que os profissionais contratados, em todos os níveis,

tenham o perfil necessário para contribuir efetivamente para o atingimento da missão da

empresa.

Bichuetti (2015) afirma que as empresas que estabelecem um processo integrado

desde a atração até a retenção são mais bem-sucedidas, primando por estabelecer suas

necessidades, contratar as pessoas mais adequadas para cada posição, desenvolvê-las e

mantê-las. Todo esse processo deve ter participação intensa dos gestores, integrados com

a área de RH.

2.2 EMPLOYER BRANDING E EMPLOYER VALUE PROPOSITION (EVP)

Um ponto fundamental para a valorização da empresa como empregadora é o

desenvolvimento da sua Employer Branding, ou seja, a gestão da sua marca coorporativa

para o mercado de trabalho e para os seus próprios funcionários. O termo Employer Brand

pode ser definido como sendo:

O pacote de benefícios funcionais, econômicos e psicológicos oferecidos

por um empregador e que guardam identificação com esta empresa

empregadora. A principal regra em Employer Brand é prover um cenário

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coerente de gerenciamento para simplificar e focar prioridades,

aumentando a produtividade e melhorando o recrutamento, a retenção e o

engajamento. (BARROW, 2005, p.161).

A alta liderança deve participar do projeto de criação da Employer Branding e ser

envolvida em reflexões sobre o posicionamento da empresa para atrair, engajar e reter os

talentos no curto e longo prazo. O resultado gerado desse exercício são estratégias de

imagem, o tipo de reputação será transmitida ao mercado e iniciativas que envolvem a

realização de eventos junto às universidades e pools de talentos com participação do

talentos recém formados na empresa para inspirar candidatos.

Aliada ao Employer Branding na gestão de como a empresa é percebida como

empregadora está a definição clara do seu EVP, o que a empresa oferece como valor para

seus colaboradores, de forma a atrair talentos que se motivem a trabalhar dentro de sua

cultura e práticas. Um EVP comunica aos empregados atuais e potenciais as razões pelas

quais os talentos gostariam de iniciar ou continuar a trabalhar para uma empresa,

ajudando a diferenciar a organização das concorrentes empregadoras.

Brett Minchington (2010) define uma proposta de valor como sendo um conjunto de

associações e ofertas fornecido por uma organização, em troca das competências,

capacidades e experiências que um empregado traz para a mesma.

Ele tem como objetivo principal aumentar o valor da marca como empregadora

melhorando a seu posicionamento no mercado de talentos, promovendo eficácia e

eficiência na atração de pessoas e melhorando a retenção e engajamento dos talentos que

já estão na empresa. O EVP deve agir como um imã para atração de talentos da empresa

no mercado.

Não há um formato bem definido para a construção de um EVP, cada empresa tem

liberdade de criar o modelo que mais se adeque a sua realidade, mas é importante que ele

esteja alinhado com os valores da empresa e que os traduza de forma clara.

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Fonte: Visagio (2016)

2.3 TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO

Para alcançarem o sucesso, as organizações necessitam de pessoas com as

competências necessárias, senso empreendedor e dispostas a assumir riscos. São as

pessoas que fazem com os planos estratégicos da empresa venham se tornar realidade na

prática e para que se consiga isso, é imprescindível o treinamento e desenvolvimento das

pessoas.

Para Echer et al. (2010), reter talentos é atrair, investir e recompensar o

colaborador, fazendo com que se sinta uma parte importante dentro do processo e

tornando-o comprometido, hábil a executar as tarefas que lhe são atribuídas de forma

espontânea, engajada e satisfeita

O modelo de Gente e Gestão envolve programas de treinamento e desenvolvimento

estruturados, tendo em mente a estratégia da empresa e as necessidades de pessoal. Esses

programas têm de ser elaborados e conduzidos em conjunto formado pela a área de RH e

Figura 4: EVP

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os gestores; afinal, quem conhece as competências, as qualificações e as necessidades de

desenvolvimento das pessoas que trabalham em uma área são seus gestores.

Segundo Chiavenato (2002b), o treinamento pode ocorrer de diversas formas,

como a troca de conhecimentos, desenvolvimento de habilidades, entre outros.

Treinamento é o processo educacional de curto prazo aplicado de maneira sistemática e

organizado através do qual as pessoas aprendem através da transmissão de conhecimentos

específicos relativos ao trabalho, atitudes frente a aspectos da organização e habilidade

em função de objetivos definidos.

Aquino (1980) ressalta que para que os resultados atinjam os objetivos, a empresa,

em alguns momentos, precisa treinar e desenvolver os seus colaboradores. É necessário

proporcionar ao funcionário oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional e

condições satisfatórias de trabalho em todos os sentidos.

Para Robbins (2005, p. 416) “o treinamento, portanto, é um meio de influenciar

positivamente a alta eficácia, por fazer com que os funcionários se tornem mais dispostos

a enfrentar as tarefas mais e a se esforçarem mais no trabalho”

Um programa de treinamento e desenvolvimento eficiente tem que estar de acordo

com a missão e os valores da empresa, por isso torna-se essencial a atuação efetiva dos

gestores e da alta liderança na elaboração desse programa.

Os programas de treinamento e desenvolvimento precisam ser elaborados com base

nas necessidades da organização e de seus colaboradores e devem garantir que o

empregado tenha o conhecimento necessário para exercer sua função e se desenvolver

dentro da organização.

Algumas práticas de mercado que dão suporte ao programa de treinamento, vêm se

mostrando eficazes, como por exemplo, as universidades corporativas que possuem um

programa de treinamento interno customizado, com a presença de líderes da empresa e

palestrantes externos. Esse programa centraliza as soluções de aprendizado de acordo

com os níveis dos colaboradores dentro da organização, utilizando o treinamento como

instrumento de massa crítica, reduzindo custos pela escala de contratação e definindo

padrões comuns para transmissão de conhecimento. Tem como principal objetivo obter

um maior controle sobre o processo de aprendizagem, vinculando de maneira mais

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estreita os programas de aprendizagem às metas e resultados estratégicos reais da

empresa. Para que seja um sucesso, é necessária a criação de uma área responsável pela

gestão, controle dos treinamentos, seleção dos professores e conteúdo.

Com o foco no desenvolvimento dos colaboradores, os programas de mentoring e

coaching possuem como objetivo o direcionamento da carreira do colaborador e

alinhamento da mesma com objetivos e metas pessoais. O mentoring é uma espécie de

tutoria, onde um profissional mais experiente que possui um forte alinhamento com a

cultura organizacional, geralmente um líder ou gestor, orienta os talentos que estão

começando as suas carreiras, servindo de referência, ajudando-os com as principais

dificuldades e barreiras que possam estar atrapalhando o seu sucesso, trocando

experiências e percepções assertivas e transferindo conhecimentos adquiridos ao longo

da trajetória profissional sólida.

Já coaching é um processo de aceleração de resultados que consiste no

desenvolvimento de competências e habilidades para o alcance de metas definidas dentro

de um prazo determinado. Para que esses resultados sejam alcançados com êxito, é

necessário o empenho, foco e ações efetivas por parte do colaborador. Esse programa visa

que o colaborador, em conjunto da orientação de profissional mais experiente, crie ações

assertivas que validem e realizem seus resultados de forma efetiva e contínua.

Fonte: Visagio (2016)

Figura 5: Etapas de amadurecimento da potencialização do talento de um indivíduo

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Chiavenato (2004) ressalta que atualmente é difícil conseguir distinguir o

comportamento das pessoas e o comportamento das organizações, visto que as pessoas

são na realidade o principal ativo das organizações e suas ações possuem impacto direto,

sendo responsáveis por aumentar ou reduzir as forças e fraquezas. Dessa forma o

treinamento, pode agregar mais valor ao processo de desenvolvimento dessas pessoas,

tornando-as mais capazes, elevando assim seu grau de motivação e contribuindo para

tornar a organização mais forte.

Em suma, um programa de treinamento só pode ser considerado efetivo quando faz

com a organização alcance o nível de desempenho desejado e para que isso ocorra é

necessária uma forte cultura organizacional que esteja comprometida com a

aprendizagem.

2.4 WORKFORCE PLANNING (DIMENSIONAMENTO)

O planejamento das necessidades de pessoas por cargo e função para os próximos

períodos (plano de até 5 anos) deve ter origem nos planos estratégicos e de produção das

unidades de negócio. O princípio básico da metodologia do Workforce Planning está

baseado na identificação de futuros gaps na oferta de mão-de-obra e na sugestão de

iniciativas para cobrir estes gaps. As análises de demanda e oferta podem ser divididas

de acordo com o nível hierárquico e podem ser utilizadas ferramentas específicas de

análise de dados e simulação para criação das curvas oferta versus demanda para cada

cargo. Para níveis mais estratégicos, como os de diretoria, é recomendável fazer análise

nominal para a sucessão. Os sucessores mapeados terão planos de desenvolvimento, que

devem considerar os diferenciadores de carreira, além do aprimoramento de

competências básicas e de liderança.

2.5 RECRUTAMENTO INTERNO – LIDERANÇA

O modelo de Gente e Gestão prevê que maior parte das vagas de liderança sejam

ocupadas em recrutamento interno, aproveitando melhor o potencial humano da

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organização e garantindo pessoas com a cultura e valores organizacionais bem

desenvolvidos. Além de proporcionar uma melhor seleção, pois os candidatos são bem

conhecidos e custar financeiramente menos do que fazer recrutamento externo.

Ram Charan (2013) acredita que é possível desenvolver as lideranças dentro da

companhia. Para uma organização prosperar não basta desenvolver uma estratégia eficaz

de negócios, é necessário focar na atuação de seus líderes. Ele sugere o desenvolvimento

de um pipeline, que seria, basicamente, estabelecer estratégias condutoras de potenciais

líderes. Cada passagem desse pipeline requer que as pessoas adquiram uma nova forma

de gerir e liderar, deixando para trás as formas de exercer suas atribuições anteriores. O

desafio não é apenas disseminar o recrutamento interno, mas criar uma cultura que inspire

as futuras lideranças, acrescentando aprendizados importantes para a organização e, ao

mesmo tempo, tornando-as verdadeiros cúmplices e disseminadores da cultura da

empresa.

Entre os pontos positivos desse tipo de seleção, pode-se citar o estímulo para ascensão

de carreira tanto de quem recebe a oportunidade quanto para os demais profissionais, pois

eles podem ver nessa contratação uma motivação, encorajando o seu desenvolvimento

profissional e elevando os seus níveis engajamento. Uma vez que a empresa valoriza os

seus profissionais, sua imagem no mercado também é valorizada. Isso faz com que outros

talentos sintam-se atraídos para fazer parte dessa equipe

3. INCENTIVOS ESTRATÉGICOS

Como foi salientado no capítulo anterior, o maior capital de uma organização são

as pessoas. E os talentos, por sua vez, são os capitais humanos mais preciosos dentro da

organização. São eles que apresentam o desempenho de mais alto nível, assumem cargos

de liderança e tomam decisões estratégicas que mudam a empresa de patamar. Sendo

assim, a retenção de talentos se configura como uma ação essencial nas organizações e

portanto, são necessárias práticas oriundas da área de Gente e Gestão que tenham como

objetivo a manutenção e aumento de engajamento desses colaboradores.

Uma dessas práticas é a criação de uma política de oferecer incentivos estratégicos

para os colaboradores. Essa política tem que estar alinhadas com o planejamento

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estratégico da empresa e com a sua missão e valores. Uma correta aplicação desses

incentivos possibilitará elevar os níveis de desempenho para o patamar pretendido e,

como consequência, fomentará a produtividade organizacional.

Broderick e Milkovich (1989) afirmam que a recompensa é uma peça fundamental

na estratégia global da área de RH de uma organização, porque a compensação é visível

e importante para os empregados. Um programa de compensação elaborado para

comunicar e recompensar os objetivos estratégicos aumenta a probabilidade de que os

funcionários entendam quais são os objetivos e também como alcançá-los

Segundo Chiavenato (2004), as recompensas organizacionais dever ser oferecidas

para fortificar processos que produzam efeitos, como o aumento da responsabilidade do

colaborador ou da equipe dentro da organização, ou seja, incentiva o espírito de missão

na empresa, assim, também, como amplia constantemente a criação de valores.

Para que a implantação desses incentivos seja um sucesso, eles têm que ser

proporcionais à performance dos colaboradores no atingimento dos objetivos e metas

estipuladas no planejamento estratégico da organização. Os incentivos estratégicos,

ajudam a estabelecer a cultura e o clima organizacional, na medida que ao serem

desenvolvidos, administrados e geridos, estimulem e recompensem o alinhamento à

missão e aos valores da empresa.

E quando fala-se de incentivos estratégicos, não são somente os incentivos

financeiros, mas também aqueles que trazem significado ao trabalho realizado. Mayo,

citado por Chiavenato (2004, p. 116), relaciona esses incentivos à motivação: “o ser

humano é motivado, não por estímulos salariais e econômicos, mas por recompensas

sociais e simbólicas”.

As pessoas desejam fazer parte de algo que tenha um significado maior, que

extrapole suas vidas e tenha impacto num grande número de pessoas. As pessoas quando

realizam o seu trabalho felizes, trabalham melhor e rendem mais. Todas as pessoas

necessitam de reconhecimento pessoal e profissional e mais do que isso, precisam ter

conhecimento de que estão servindo a um propósito maior do que simplesmente realizar

as suas atividades rotineiras.

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3.1 INCENTIVOS FINANCEIROS

A forma mais tradicional, usual e básica de remunerar o empregado consiste no

pagamento do salário: uma quantia fixa, em dinheiro, destinada a retribuir as atividades

desenvolvidas e também todo o tempo em que o colaborador ficou à disposição da

organização. Já a remuneração variável são as demais parcelas decorrentes do contrato

de trabalho e que tenham por finalidade pagar o empregado pelas atividades por ele

realizadas. Esse tipo de renumeração pode ser utilizada como ferramenta de incentivos

financeiros visando manter colaboradores motivados e engajados.

Segundo Camara (2000, p.87), os incentivos financeiros referem-se aos

“componentes variáveis de salário que pretendem recompensar elevados desempenhos,

ou seja, o atingimento ou superação de um conjunto de objetivos previamente fixados,

por acordo entre a Empresa e o empregado”. Esses incentivos possuem 3 objetivos

principais:

Estabelecer uma relação entre o nível de recompensas e nível de desempenho e

entrega do colaborador;

Incentivar comportamentos desejáveis alinhados com os objetivos estratégicos

e a cultura organizacional;

Promover a retenção de colaboradores indispensáveis à organização, através do

reconhecimento do seu trabalho e solidificando o compromisso organizacional.

Camara (2000) complementa esses objetivos, afirmando que qualquer sistema de

recompensas deve ser financeiramente sustentável, no médio prazo, e ser percepcionado

como justo pelos seus colaboradores. Portanto, “os sistemas de recompensa nas

organizações devem ser considerados numa perspectiva de custo – benefício. O custo

pode ser gerido e controlado e os benefícios planeados" (LAWLER, 1982, p. 03).

Atualmente, vem-se observado uma prática no mercado onde as organizações

têm optado por reduzir os salários e aumentar o valor da renumeração variável baseada

na performance, Assim, pode-se recompensar de forma mais imediata os colaboradores

que mais contribuíram para o resultado satisfatório da empresa.

Sibson (1990 apud Camara, 2000, p. 75) afirma que um programa de recompensas

deve ir ao encontro das necessidades da organização, apoiar o atingimento dos seus

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objetivos, resolver problemas, explorar oportunidades e estar de acordo com expetativas

razoáveis dos empregados da empresa.

Sendo assim, uma prática importante é a de atrelar as metas da empresa como

um todo, como lucratividade, produtividade, aumento na participação no mercado entre

outras, ao desempenho do colaborador, no momento de definição dessa compensação.

Desta forma, recompensam-se pessoas e o coletivo ao mesmo tempo. A definição dessas

metas é feita pelas áreas executoras e criticada pela área de Gente e Gestão, que deverá

garantir a relação direta entre o atingimento de metas e a avaliação de desempenho, o

valor da compensação e o encarreiramento do colaborador.

3.2 TIPOS DE INCENTIVOS FINANCEIROS

3.2.1 Bônus

A bonificação é uma política de remuneração variável no meio empresarial. Trata-se

de um sistema de recompensa baseado em metas, ou seja, um pagamento monetário extra-

salarial feito a colaboradores que cumpriram uma ou mais metas estabelecidas. O valor

da bonificação é derivado de uma porcentagem do salário anual ou de múltiplos salários

nominais e geralmente, é concedido somente aos níveis mais altos da sua estrutura

organizacional, embora seja prática comum no mercado oferecer o bônus a todos os

colaboradores, tendo o seu valor variando em função dos resultados e performance

individual. É costume entre as empresas pagar o bônus no final do ano, quando os

resultados financeiros já foram fechados.

Um plano de bonificação não deve ser muito complexo. Os colaboradores devem

ser capazes de entender claramente o que devem fazer para conseguir o bônus e a sua

principal desvantagem é que ele quase sempre vem atrelado a encargos trabalhistas e

previdenciários, além da tributação do Imposto de Renda.

3.2.2 Participação nos Lucros e Resultados (PLR)

Ao instituir a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), a empresa tem como

objetivo criar uma ferramenta de reconhecimento e recompensa aliada com os resultados

que a empresa precisa atingir e estimular um método participativo de administração,

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visando o alinhamento das metas estratégicas da organização, com metas

departamentais e, finalmente, individuais.

A PLR tem origens remotas, provém de antes da Revolução Industrial:

A participação nos lucros tem origem na ideia de que o Estado tinha interesse

em repartir os lucros da empresa, por meio de impostos sobre os lucros, devendo

também haver uma forma de se assegurar a mesma participação a quem ajudou a

empresa a consegui-los, que seria relativa aos empregados. (MARTINS, 2009,

p. 03)

O pagamento da PLR acontecerá quando atingir as metas estipuladas e deverá ser

proporcional à responsabilidade do cargo e ao salário do colaborador. Logo, quanto maior

a responsabilidade e maior a influência no atingimento do resultado, maior será a sua

recompensa.

Segundo Rosa (2010), considerando-se as vantagens fiscais que a lei proporciona

entre elas a isenção de encargos sociais e a dedução com despesas no Imposto de Renda,

pagar a PLR torna-se mais vantajoso do que conceder aumentos salariais. O PLR pode

resultar num aumento de motivação que conduz os colaboradores a um maior

comprometimento, gerado uma melhor produtividade.

O primeiro passo para implantação do programa é desenvolver um modelo

conceitual que seja adequado à realidade da empresa e que apresente alternativas de

remuneração variável estruturadas com o foco de direcionar os esforços de todos os

colaboradores, das mais diversas áreas e níveis organizacionais, rumo aos objetivos

estratégicos da organização.

Depois da elaboração das diretrizes estratégicas da empresa e do desdobramento

dos seus objetivos, as metas gerais vão sendo detalhadas a níveis mais operacionais,

chegando às metas individuais de cada colaborador ou área da empresa. É importante

considerar as condições de mercado e a realização de benchmarking para se apoiar em

referenciais na definição das metas. O PLR deve estar em constante melhoria e tanto as

metas quanto os valores devem ser revisados sempre que necessário.

Uma questão de importante é a comunicação dentro da organização. Os valores e

as metas devem ser informados de forma clara para os colaboradores que devem ser

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capazes de entender exatamente o devem fazer para obter a PLR. É essencial também

explicar aos gestores da organização a lógica da ferramenta para que a mesma seja usada

de forma coerente.

Vale ressaltar que, no caso das metas não serem atingidas, haverá frustração e a

PLR poderá ter efeito reverso para o próximo ano, pois os colaboradores tenderão à estar

desmotivados. Caberá a empresa rever a meta a ser atingida para o próximo ano, para

verificar se o motivo foi a determinação de uma meta muito elevada, considerando os

fatores e as condições do mercado, ou se realmente foi desempenho abaixo de esperado

da equipe. Por isso, é recomendável deixar claro para os colaboradores que a PLR está

vinculada à situação financeira da empresa e que ele não deve esquecer que, se a empresa

não atingir o resultado esperado, isso irá interferir no acordo.

3.2.3 Stock Options

Stock Options é um programa de incentivo de longo prazo que permite ao colaborador,

a compra de ações da companhia onde trabalham por um preço abaixo do mercado, uma

vez por ano. Ao realizar a compra, espera-se que as ações evoluam de forma favorável e

criem uma relação positiva entre o preço de compra e o valor de mercado das mesmas. A

finalidade desse programa passa por “incentivar os gestores a maximizar o preço das

ações, portanto, o valor da empresa” (Amadieu, 1995, p.66). Ou seja, motiva os

colaboradores, principalmente aqueles que pertencem à alta liderança, à entregar o

máximo de resultado possível para que a empresa seja valorizada no mercado e

consequentemente aumente o valor das suas ações.

As stock options são, acima de tudo, como aponta Tomlinson (2001), uma prática

poderosa das organizações para reter profissionais fundamentais para os seus negócios.

Já que, geralmente, há uma carência mínima para o funcionário poder exercer o seu direito

de compra e venda das ações. Esse período é chamado de vesting, ciclos que normalmente

vão de 3 a cinco anos. Se por algum motivo o executivo deixar a empresa nesse período,

ele perde o direito às ações.

Existem algumas variações de planos de stock options no mercado, que são adotadas

pelas empresas de acordo com o seu perfil e o dos funcionários e de acordo com o setor

em que atuam. Segundo (Camara et al., 2010), pode-se citar:

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Stock Grants: comportam-se de maneira semelhante às stock options.

Contudo, nesse caso, as ações não representam qualquer tipo de valor caso a

cotação baixe, ou seja, nas stock grants ainda que baixem de cotação, têm

sempre um valor intrínseco, embora menor.

Phantom Shares: direcionado para empresas de capital fechado que, embora

não cotadas na bolsa, desejam a adoção deste tipo de incentivo. Nesse caso,

são disponibilizadas unidades de participação (cotas) ao invés de ações, com

um determinado valor inicial e a valorização destas é obtida através de

racionais internos, que revelem a situação financeira da empresa. As Phantom

Shares não estão sujeitas a oscilações externas, como nas cotações de ações.

Restricted stocks: Nesse caso, normalmente não há compra de ações pelo

colaborador. A empresa oferece um pacote de ações, mas estabelece algumas

restrições ao uso. A mais comum é a permanência do profissional por um

determinado número de anos na organização. Algumas companhias

estabelecem também uma valorização mínima acumulada no preço da ação.

Se o colaborador se desligar da empresa ou se as ações não alcançarem a

valorização prevista, ele perde o direito à elas.

Como foi mostrado aqui, existem diversas formas de oferecer incentivos

financeiros aos colaboradores que merecem. Portanto, para escolher a melhor opção para

a empresa é preciso considerar as metas exigidas, individuais e coletivas, as pessoas

elegíveis para receber essas recompensas, os valores e os descontos tributários. Uma vez

decidido a forma de incentivo, os próximos passos são o planejamento e implantação dos

mesmos.

3.3 INCENTIVOS NÃO-FINANCEIROS

Uma organização não deve focar apenas em oferecer produtos e serviços para

qualquer pessoa, mas sim a aquelas que acreditam na sua proposta de valor. E o mesmo

vale para contratações. Se os colaboradores acreditam no que a organização tem como

propósito, eles permanecerão fiéis a sua causa. E nesse ponto há um elemento crucial:

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atrair as pessoas certas e compartilhar com elas o significado maior do se é realizado, as

motiva a apoiar esse propósito, ajudando a se obter melhores resultados no futuro.

Bergamini (1997) declarou que à medida que as necessidades do indivíduo são

supridas, a atenção do mesmo volta-se para outros objetivos ou finalidades. As pessoas

já trazem dentro de si expectativas pessoais que ativam determinado tipo de busca de

objetivos.

Sinek (2011) afirmou que para as organizações conseguirem mobilizar um grande

número de pessoas a favor das suas ideias e produtos, elas têm que se comunicar de

maneira diferente, ao contrário de seus concorrentes. Essas diferenças foram organizadas

no que foi chamado de círculo dourado.

Esse círculo é, na verdade, um simples gráfico, em formato de um alvo, que indica,

do centro para fora: por que, como e o quê. Segundo a teoria, as empresas têm bem

definido o que elas oferecem, algumas delas entendem como, mas apenas uma pequena

quantidade sabe bem o porquê. As que realmente alcançam o sucesso, são aquelas que

conhecem bem esse por que, e começam o seu discurso com ele. O círculo dourado é uma

maneira de se comunicar, que funciona tanto dentro da própria empresa para motivar

colaboradores, quanto externamente, para atrair novos consumidores.

Os líderes que pretendem inspirar tanto os seus colaboradores quanto os seus clientes

devem partir do centro para fora do círculo dourado e não de fora para dentro, ou seja,

devem começar pelos seus propósitos. Dizer primeiramente no que acreditam, ou seja, o

que os fazem agir e dessa forma conseguem se comunicar claramente, motivando as

pessoas ao seu redor.

Quando as organizações passam a ser reconhecidas pelos seus porquês deixam de ser

ou de ter simplesmente produto e por isso não precisam, necessariamente, ter preocupação

de se diferenciar da concorrência.

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Fonte: http://startupsorocaba.com/golden-circle-o-que-e-e-como-aplicar-no-seu-

negocio/. Acesso em 20 de jan. 2017.

WHY: explica o porquê uma pessoa ou empresa realiza o que se propõe. Mostra

qual é o significado do seu trabalho, ou seja, os verdadeiros propósitos e qual a

sua motivação para ser bem sucedido.

HOW: diz respeito aos meios que serão utilizados para que os objetivos sejam

atingidos, ou seja, as ações práticas e concretas que serão realizadas para alcançar

o propósito. Inclui os valores e a cultura da organização. Esse também será o

diferencial, aquilo que irá fazer com que a empresa se destaque no mercado.

WHAT: é o produto ou serviço que de fato será oferecido. Essa é pergunta mais

fácil, pois todas as empresas sabem o que produzem ou oferecem.

Quando o propósito da organização é bem definido, facilita a promoção de uma oferta

de valor para o mercado, porque é possível transmitir confiança naquilo que oferece. Se

algum cliente não quiser, não há problema, haverá outros que se identificarão com a

Figura 6: Golden Circle

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proposta. Assim, a prosperidade financeira será mera consequência destes valores

intangíveis que são oferecidos.

O mesmo ocorre com os colaboradores, Drucker (1977, p.314) alerta: “é precisamente

o crescente nível de expectativas materiais que torna a cenoura das recompensas materiais

cada vez menos eficaz como força de motivação e como instrumento administrativo.”

Atualmente, as pessoas procuram mais do que um bom salário, os profissionais mais

qualificados buscam um diferencial na organização que pretendem trabalhar. Oferecer

um propósito maior bem definido para as atividades que serão realizadas é um grande

incentivo estratégico das organizações, pois além de atrair profissionais que acreditam

nas mesmas ideias e estão alinhados com os valores organizacionais, eles estarão

motivados à se dedicar integralmente para que os objetivos finais sejam atingidos.

4. MODELO DE GESTÃO

O modelo de gestão proposto ilustra 3 etapas sequenciais no processo de

amadurecimento da gestão de uma empresa. Primeiramente, diretrizes superiores

orientam o alinhamento estratégico da companhia, através de políticas, objetivos e ações.

Este é seguido do desdobramento das diretrizes em metas anuais – divididas em melhorias

e inovações – a serem controladas pela alta gerência. Muitas vezes, essas metas são o

instrumento principal de medição de desempenho de uma área ou colaborador. Na etapa

inferior ilustrada na figura 7, encontram-se a gestão da rotina e de projetos: ambas

diretamente vinculadas à produção e acompanhamento de resultados.

O modelo de gestão faz uso de ferramentas que foram criadas desde a segunda metade

do século XX até os anos mais recentes, porém, a forma de utilizá-las no modelo, sempre

garantindo a complementaridade entre elas, é um de seus maiores diferenciais.

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Fonte: Visagio (2016)

4.1 ALINHAMENTO ESTRATÉGICO

O Alinhamento Estratégico é a pedra fundamental do Modelo de Gestão,

envolvendo a aplicação de um conjunto de ferramentas que suportam a estruturação

macro do negócio.

4.4.1 Identidade Organizacional

A Identidade Organizacional é a ferramenta que suporta a explicitação do objetivo

estratégico de um negócio. Para isso, como ilustrado na figura 8, ela é dividida em 3 fases:

O Que (What), Onde (Where) e Como (How).

Figura 7: Modelo de Gestão

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Fonte: Visagio (2012)

4.1.1.1 O que (What)

Esta fase representa o que a organização precisa fazer para atingir sua visão.

Primeiramente, deve-se descrever o escopo de atuação da empresa, levando em

consideração à visão de negócio e de mercado. Na visão negócio, são descritas as

fronteiras das atividades que determinam o espaço de atuação do negócio. Já na visão

mercado, há a descrição dos mercados e segmentos de atuação do negócio.

Por último, deve-se definir a missão da empresa, também chamada de propósito.

O propósito da empresa representa a razão de ser da organização. Descreve as principais

atividades ou funções da organização dentro do escopo do negócio definido. Se a empresa

não souber para que ela existe, não conseguirá definir uma estratégia de crescimento,

porque os objetivos da empresa não serão claros. Uma boa definição de propósito deve

esclarecer o benefício gerado pela empresa para o seu público-alvo. Em outras palavras,

uma empresa deve existir não para produzir o produto ou prestar o serviço que consta em

seu contrato (ou estatuto) social, mas sim, para levar o benefício (do produto ou serviço)

ao seu público-alvo. Uma boa definição de propósito também deve ser inspiradora e

desafiadora, para que haja o engajamento de seus colaboradores e parceiros,

comprometidos em levar um benefício cada vez melhor para um (maior) público-alvo. O

Figura 8: Identidade Organizacional

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propósito deve servir como um mantra, uma crença que orienta a existência da

organização.

4.1.1.2 Onde (Where)

Esta fase representa onde o negócio que chegar após implantação da sua

estratégia, por exemplo, em 5 ou 10 anos ou mesmo sem tempo determinado. A Visão ou

“Sonho Grande” funciona como um instrumento de engajamento, dando um senso de

direção e inspirando / engajando as pessoas. Definir o “Sonho Grande” da organização

serve para explicitar o que querem ser, dar um sentido de direção, facilitar a comunicação

e aumentar o comprometimento e a energia das pessoas, além de balizar as estratégias e

demais ações da organização.

4.1.1.3 Como (How)

A última fase da construção da identidade organizacional representa como o

negócio deve atuar nos mercados definidos para atingir seu “Sonho Grande”, através da

definição das vantagens competitivas e valores da organização.

A definição das vantagens competitivas é, basicamente, a identificação das forças

distintivas da empresa associadas ao seu negócio, ou seja, a razão pela qual

os clientes escolhem os produtos ou serviços fornecidos pela empresa e detrimento dos

produtos e serviços oferecidos pelos seus concorrentes.

Os valores/cultura da empresa representam os princípios e crenças que ditam

como a organização pensa, se comporta e age. Representa o que pode e o que não pode

nas ações e decisões do dia a dia. O objetivo da empresa é trabalhar apenas com pessoas

que compartilham de seus valores fundamentais, logo, estes são os que deverão ser

comunicados e reforçados constantemente (como uma pregação) a todos na empresa

desde o recrutamento.

No modelo de Gente e Gestão, percebe-se que algumas práticas, valores e crenças

são essenciais para a sustentabilidade do modelo. São estes valores:

Meritocracia: É o método de avaliação de desempenho e promoção

baseado no atingimento de resultados em competências de liderança,

técnicas e estratégicas estabelecidas previamente pela organização.

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Sentimento de dono: É a atitude de dedicar-se ao trabalho, área ou tarefa

atuando como se fosse dono da companhia.

Foco em resultado: É a capacidade de alcançar os objetivos com eficiência

levando em consideração a ética e os valores.

Comunicação aberta/ baixa hierarquia: É ter um ambiente em que todos

possuem abertura para se comunicar e interagir com todo o time,

independente da posição hierárquica que cada um ocupa

Foco em Gente: É a busca pelo desenvolvimento pessoal dos

colaboradores e dos valores estabelecidos para o fortalecimento da cultura

da empresa.

Transparência: É a atitude de comunicar-se abertamente em relação às

tarefas executadas, colocando as dificuldades e receios para criar um

ambiente saudável e de confiança.

Autonomia: É a capacidade de se auto gerenciar, realizar as tarefas pro-

ativamente sem depender da governança de seus gestores, ter segurança e

conhecimento para tomar a iniciativa nos momentos certos.

4.1.2 Cadeia de Valor

A Cadeia de Valor, segundo Porter (1985), é o conjunto de macroprocessos que

entregam o valor da identidade definida no negócio. A definição desta é o primeiro passo

no desenho de um modelo de gestão por processos. Ela representa os macroprocessos

organizacionais e suas inter-relações, sendo possível enxergar a ação da organização

como um todo. Porter ainda destacava a importância de esquematizar a cadeia de valor

da organização: "A cadeia de valor desagrega uma empresa nas suas atividades de

relevância estratégica para que se possa compreender o comportamento dos custos e as

fontes existentes e potenciais de diferenciação em cada processo do negócio." (PORTER,

1985, p. 33).

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Fonte: Visagio (2012)

4.1.3 Descrição do Negócio

A ferramenta Descrição do Negócio, também conhecida como Supplier, Input,

Process, Output, Client (SIPOC), dá suporte no alinhamento dos objetivos e modelo

estratégico de funcionamento das áreas. Através dela é possível entender todo o processo

produtivo da empresa, o que entra como insumo, quais são as interfaces de entrada para

tal, o que é produzido pelos processos da empresa e as interfaces de saída para tais

produtos (figura 10).

Fonte: Visagio (2012)

Figura 9: Abrangência da Cadeia de Valor

Figura 10: Descrição do Negócio

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É interessante que o SIPOC seja feito para todas as áreas, garantindo o mapeamento

e alinhamento de toda a empresa. Além disso, a partir da definição e mapeamento dos

processos de cada área é possível medir o desempenho de cada uma delas e,

consequentemente, o impacto de cada uma nos resultados da empresa.

4.1.4 Análise SWOT

Uma vez definidos Identidade, Cadeia de Valor e Descrição do Negócio, deve ser

realizada a análise Strenghts, Weaknesses, Opportunities and Threats (SWOT), criada

entre as décadas de 1960 e 1970 por Albert Humphrey que liderou um projeto de pesquisa

na Universidade de Stanford. Analisa-se tanto o ambiente interno quanto externo na

empresa através da identificação de suas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. O

cruzamento dessa análise do ambiente externo com o interno ajuda na elaboração e

priorização das estratégias para atingimento do Sonho Grande da organização.

4.1.4.1 Ambiente Interno

O ambiente interno na Análise SWOT se refere basicamente a própria organização e

conta com as forças e fraquezas que a mesma possui. Estas são avaliadas a partir do

momento atual da organização. Elas serão seus pontos fracos, recursos, experiências,

conhecimentos e habilidades.

Forças: Estão relacionadas às vantagens que a empresa possui em relação aos

concorrentes. Pode-se dizer que são as aptidões mais fortes da empresa. O

principal aspecto é a vantagem competitiva que tais forças podem trazer para o

negócio.

Fraquezas: As fraquezas são as aptidões que interferem ou prejudicam de algum

modo o andamento do negócio. Aspectos como capacitação de funcionários,

lacunas de treinamento, falta de engajamento e perdas para a concorrência devem

ser levados em consideração.

4.1.4.2 Ambiente Externo

O ambiente externo na Análise SWOT refere-se a questões externas, ou seja, questões

de força maior, que estão fora do controle da empresa. As oportunidades e ameaças serão

previsões do futuro que estão ligadas direta ou indiretamente aos fatores externos.

Page 45: GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10020479.pdf · Figura 5: Etapas de amadurecimento da potencialização do talento de

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Oportunidades: São as forças externas que influenciam positivamente o negócio,

os aspectos com potencial de fazer vantagem competitiva da empresa crescer.

Como são fatores externos, não se tem poder de controle sobre essas

oportunidades, pois podem ocorrer de diversas formas, como, por exemplo,

mudanças na política econômica do governo, mudanças no padrão de consumo e

alterações em algum tributo. Contudo, é extremamente importante conhecer cada

um desses fatores para que a empresa possa se planejar e preparar para aproveitar

suas oportunidades.

Ameaças: Em oposição às oportunidades, as ameaças são as forças externas

negativas e com potencial de comprometer a vantagem competitiva da empresa.

Estas devem ser tratadas com muito cuidado, pois não somente podem prejudicar

o planejamento estratégico da empresa como também os seus resultados. Como,

por exemplo, alguma nova política de tributação que afete a margem da empresa,

a variação cambial que pode tornar inviável a importação de algum material ou

algum novo concorrente no mercado.

4.1.4.3 Estratégias

A partir da análise SWOT feita, devem ser traçadas e priorizadas as estratégias (figura

11), são elas:

Estratégias de Crescimento (S-O): São as estratégias que se utilizam dos

pontos fortes para aproveitas as oportunidades.

Estratégias de Manutenção (S-T): São as que utilizam os pontos fortes para

evitar as ameaças.

Estratégias de Desenvolvimento (W-O): São as estratégias que reforçam os

pontos fracos necessários para aproveitar as oportunidades.

Estratégias de Sobrevivência (W-T): São as que reforçam os pontos fracos

necessários para evitar as ameaças.

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Fonte: Adaptado de Tifany e Peterson (2000)

Geralmente, a partir das estratégias resultantes da análise SWOT da empresa, são

definidos os projetos estratégicos que devem ser feitos para atingir tais estratégias.

4.2 DESDOBRAMENTO DE DIRETRIZES

O Desdobramento de Diretrizes consiste na definição de metas para os indicadores

estratégicos e no alinhamento das mesmas com metas para indicadores processuais e de

projetos.

4.2.1 Orçamento

O orçamento detalhado de resultado e fluxo de caixa do ano deve ser alinhado aos

objetivos e iniciativas estratégicas, incluindo também a visão de investimentos (capital

expenditure - CAPEX) e retorno sobre os mesmos. Na validação do orçamento, inicia-se

a definição das metas do negócio e das metas individuais da liderança.

Figura 11: Matriz SWOT

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4.2.2 Definição de metas

Para definição das metas do negócio baseadas nas estratégias e no orçamento, são

utilizadas 3 vertentes consideradas fundamentais para um negócio – Lucratividade, Caixa,

Longevidade, além dos projetos estratégicos (figura 12).

Fonte: Visagio (2012)

Em lucratividade, leva-se em consideração a capacidade do negócio de gerar

lucro, analisa-se se a margem EBITDA (earnings before interest taxes depreciation and

amortization) e o Lucro Líquido da empresa estão dentro do esperado e são crescentes.

Um indicador que geralmente é utilizado nesta vertente é o próprio EBITDA.

Na vertente de caixa, é levado em consideração a geração de caixa da empresa,

analisa-se se a empresa gera dinheiro suficiente para pagar suas dívidas, fazer novos

investimentos e remunerar os acionistas. Um indicador comumente usado nessa vertente

é o Dívida Líquida/EBITDA.

Já em longevidade, é levado em consideração a capacidade da empresa de perdurar

por muito tempo, analisa-se se a satisfação dos clientes e força da marca, o

desenvolvimento e engajamento dos talentos e os processos e controles garantem a

sustentabilidade e evolução do negócio a médio/longo prazo. Geralmente os indicadores

Figura 12: Painel de metas geral de uma empresa

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desta vertente são divididos entre indicadores de “Gente”, como Desligamento Voluntário

de Talentos, e indicadores de “Cliente”, como o Same Store Sales (o quanto foi vendido

a mais em relação à mesma época do ano anterior com a mesma quantidade de lojas), por

exemplo.

Em relação aos projetos estratégicos, devem ser definidas metas que garantam sua

implantação e seus resultados esperados.

Levando em consideração à concepção das metas, vale ressaltar que uma boa meta

deve seguir o conceito SMART:

Specific (Específica): a meta deve ser específica naquilo que almeja alcançar;

Measurable (Mensurável): a meta deve ter um indicador claro passível de ser

medido e acompanhado;

Attainable (Atingível): a meta deve ser desafiadora, porém atingível para não

causar desmotivação e desistência por parte da equipe;

Relevant (Relevante): a meta deve ser relevante, deve estar alinhada com os

objetivos da empresa;

Time-Bound (Temporal): a meta precisa de um prazo definido, do contrário

elas correm o risco de serem despriorizadas na rotina de trabalho.

Além disso, as metas podem ser divididas entre metas de esforço e metas de resultado.

As metas de esforço medem justamente o esforço para a realização de algo, como, por

exemplo, a realização de um projeto ou a participação de um certo números de eventos

de recrutamento e seleção. Já as metas de resultado medem os resultados efetivos de tais

esforços, como, os ganhos reais do projeto ou então a elevação em X% do volume de

currículos de universidades de ponta no processo seletivo.

4.2.3 Desdobramento de metas

Definidas as metas gerais da empresa, estas devem ser desdobradas para a alta direção,

onde, além das próprias metas corporativas, os diretores podem ter metas específicas de

suas áreas. Então, a partir das metas definidas para os diretores, são cascateadas as metas

para as gerências e equipes.

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Uma ferramenta utilizada para suporte ao desdobramento de metas é a árvore de

valor, ilustrada na figura 13. Ela busca correlacionar indicadores fim com indicadores

meio (tanto financeiros quanto operacionais). Ou seja, através dela, pode-se ver quais

indicadores compõem cada indicador que está em um nível acima, como, por exemplo, o

EBITDA que pode ser decomposto nos indicadores de Receita, Custo e Despesa. Já o

indicador de receita, por sua vez, pode ser decomposto nos indicadores de Número de

Atendimentos e Ticket Médio. Assim, é possível enxergar a relação clara entre os

indicadores das lideranças e suas respectivas equipes, garantindo um desdobramento de

metas de forma consistente e eficaz.

Fonte: Visagio (2016)

4.3 GERENCIAMENTO DA ROTINA (GERROT)

A partir da definição, medição e análise dos indicadores é possível dar início ao

gerenciamento da rotina (GERROT).

O GERROT é um componente importante de um modelo de gestão, sendo responsável

pela manutenção periódica e controle de processos em vigor, visando o monitoramento

dos resultados, de forma a prevenir ou atuar quando houver algum desvio ou problema.

Neste contexto, a gestão da rotina possui um escopo amplo de cumprimento de atividades

que pode englobar, entre outros, o acompanhamento do orçamento da área, de metas

estipuladas, dos principais indicadores de resultado e desempenho ou ainda dos contratos

em vigor. Segundo Barata (s.d.), algumas boas práticas para que a gestão da rotina seja

Figura 13: Árvore de Valor

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feita de forma eficaz merecem destaque: “alinhamentos constantes são fundamentais,

canais de comunicação estruturados garantem em parte uma boa organização, além da

busca constante por melhorias.” (BARATA, s.d., p.1). Esta última passa por formas de se

otimizar os processos, aumentar a confiabilidade dos resultados, torná-los mais visuais,

etc. É fundamental que se crie mecanismos eficientes que permitam a transmissão das

práticas envolvidas na rotina para que eventuais reduções de pessoal ou movimentações

internas sejam facilmente absorvidas pela estrutura. Isso pode ser realizado através de

capacitações frequentes, processos flexíveis ou ferramentas colaborativas, por exemplo.

Seja qual for a estratégia definida, é importante que seja uma abordagem que possua uma

visão holística do negócio: “uma visão fragmentada leva a uso fragmentado,

entendimento fragmentado, altos custos, frustração e baixo valor.” (BARATA, s.d.).

É essencial executar o GERROT sempre de acordo com ciclos Plan, Do, Check, Act

(PDCA) e Standardize, Do, Check, Act (SDCA). O primeiro garante que divergências na

maneira de se abordar os processos se transformarão em melhorias na sua execução. O

segundo, que a nova execução estará inserida em padrão pré-determinado e estruturado.

Com relação aos desafios de implantação do GERROT, o exercício de não se

acomodar aos processos e à forma de executá-los, com métricas bem definidas, é vital

para o alcance de resultados consistentes. A utilização de ferramentas que permitam

avaliar a performance contribui para esse esforço, no sentido em que elas diagnosticam

práticas a serem focadas e aperfeiçoadas e pontos que já estão maduros. Uma ferramenta

de gestão da informação, como um painel de indicadores, por exemplo, pode ser utilizada

para suportar tais práticas. Definidos indicadores chave de desempenho e metas

associadas, a gestão da rotina torna-se um apoio para a tomada de decisão bem embasada,

suportando as diretrizes estratégicas da empresa.

4.4 GERENCIAMENTO DE PROJETOS

O conceito de projeto está ligado a um esforço temporário para criar um produto,

serviço ou resultado exclusivo. Ou seja, diferente de um processo, um projeto acontece

apenas uma vez, gerando resultados únicos e tendo características próprias. Um projeto

pode apresentar diferentes níveis de complexidade, indo desde o planejamento de uma

simples viagem até a construção de uma Usina Nuclear.

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De acordo com o Project Management Body of Knowledge (PMBOK, 2013),

literatura referência na área, gerenciar projetos é aplicar conhecimentos, habilidades,

ferramentas e técnicas nas atividades do projeto com o objetivo de atender seus requisitos

e cumprir seus objetivos.

O PMBOK (2013) definiu 5 etapas distintas do ciclo de vida de um projeto: Iniciação,

Planejamento, Execução, Monitoramento/Controle e Encerramento. Tais etapas não

ocorrem de forma totalmente sequenciada, podendo sobrepor-se uma a outra, possuindo

atividades, produtos e ferramentas específicos que serão abordados a seguir.

Na fase da Iniciação, o principal produto a ser entregue é a carta de projeto, que

apresenta o escopo do projeto, definindo claramente quais os limites de atuação e os

produtos esperados, listando o que será e o que não será entregue. É importante que a

carta de projeto seja aprovada por todas as áreas que possuam interface com o projeto de

forma a garantir o alinhamento e gerenciar a expectativa entre as partes. São chamadas

áreas de interface aquelas que têm, de uma forma ou outra, alguma participação durante

a elaboração dos produtos entregues durante o projeto.

Na fase de Planejamento, ocorre um desdobramento do escopo apresentado na carta

de projeto, originando o plano de projeto ou cronograma. Este pode ser o primeiro

produto formal do projeto, ou apenas uma ferramenta para organizar o futuro, pois

formaliza as entregas ao longo do tempo. O Planejamento é uma fase importante, mas

muitas vezes negligenciada na gestão de projetos. O exercício de planejar possibilita

prever as ações que devem ser executadas até o encerramento, identificando atividades

críticas, ou seja, aquelas que podem virar gargalo e atrasar as entregas. Além disso, essa

etapa mapeia necessidades de envolvimento de uma área específica nos próximos meses,

permitindo que outros participantes do projeto se programem adequadamente para

atender uma nova demanda.

A Execução e o Controle são fases que andam em paralelo, porém, diferem entre si,

sendo igualmente significativas para atingir o resultado final. Na Execução, o objetivo é

conduzir as atividades estabelecidas no Planejamento, realizando os alinhamentos

necessários entre as equipes e gerar os produtos definidos na Iniciação. Já na etapa de

Controle, ocorre o acompanhamento do projeto, de forma a identificar se o escopo que

foi proposto está sendo executado de acordo com o tempo, custo e demais recursos

Page 52: GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10020479.pdf · Figura 5: Etapas de amadurecimento da potencialização do talento de

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planejados. Para organizar as informações geradas durante a Execução e monitoradas no

Controle, uma prática utilizada é a elaboração de relatórios de status do projeto, que

descrevem os principais progressos (produtos concluídos até o momento); planos

(próximos produtos a serem entregues); e problemas (situações que podem impactar

negativamente ou já impactam a entrega do projeto). Em casos onde o monitoramento

dos projetos em andamento é necessário, pode-se optar por um Escritório de Projetos (em

inglês Project Management Office (PMO)) para realizar o acompanhamento integrado do

portfólio de projetos de uma área. A rotina de Controle se dá então através de reuniões

periódicas para apresentação dos 3Ps (Progresso, Plano e Problema) e envio

de informes para as áreas envolvidas.

Na fase de Encerramento é importante formalizar todas as entregas que foram

executadas, através do termo de encerramento do projeto. Uma boa prática consiste na

condução do workshop de lições aprendidas, que estimula a troca entre os pontos de vista

dos envolvidos. Por exemplo, como foram contornadas as situações difíceis, como

questões culturais não previstas inicialmente foram tratadas, entre outros pontos. Além

disso, o workshop promove a gestão de conhecimento, transformando conhecimento

tácito em explícito. (GANDOUR, NIEMEYER E PANTALEÃO, s.d.)

Segundo Gandour, Niemeyer e Pantaleão (s.d), “gerenciar projetos, em sua essência,

é gerenciar mudanças, em função de todas as novidades e possíveis resistências que são

apresentadas ao longo das fases descritas neste texto.”. Para garantir a qualidade do

produto final e a cooperação e boa aceitação de todas as interfaces envolvidas, a

realização de uma Gestão da Mudança (GM) ao longo de toda a vida do projeto é

essencial. Comunicar de forma clara quais serão os benefícios trazidos pelo projeto,

justificando as alterações, às vezes incômodas, na rotina dos envolvidos faz paetê da

responsabilidade de gerir a mudança. (GANDOUR, NIEMEYER E PANTALEÃO, s.d.)

Sendo assim, pode-se perceber que o gerenciamento de projetos se dá de maneira

estruturada e bem definida, tendo diversas ferramentas e metodologias para sua

realização. Com um gerenciamento eficaz é possível aumentar consideravelmente as

chances de sucesso do projeto atual e alavancar o surgimento de outros novos.

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5. MERITOCRACIA

O termo “Meritocracia” foi usado pela primeira vez pelo sociólogo e economista

britânico Michael Young, em seu livro “The Rise of Meritocracy”, publicado em 1957.

Em sua sátira sociológica, Young (1957) define a meritocracia como a caracterização de

um sistema de governo ou gestão que utiliza o mérito individual para a ascensão social e

política, sendo o mérito definido como a soma do Quociente de Inteligência (QI) com o

esforço. Nesta obra, esta equação seria utilizada como unidade de medida para a Grã-

Bretanha, considerada reacionária, realizar uma nova forma de distribuição de poder.

Na prática, nos dias de hoje, pode-se definir a meritocracia aplicada em empresas

como sendo o modelo de gestão baseado no mérito, no qual promoções e outras

recompensas são conquistadas por quem apresenta bons resultados, visando motivar,

valorizar e reter de forma clara e democrática os colaboradores que fazem a diferença no

negócio e garantem resultados e o crescimento constante da organização.

5.1 PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS E CARREIRAS

Um primeiro passo para a aplicação da meritocracia é ter um plano de cargos e salários

estruturado na empresa. Para Chiavenato (2003), especialista em Gestão de Pessoas, a

Política de Administração de Cargos e Salários de uma empresa tem por objetivo

reconhecer a capacitação profissional e o desempenho dos seus funcionários. O

desenvolvimento técnico-profissional do funcionário e sua contribuição efetiva para os

resultados da empresa serão os indicadores utilizados para esse reconhecimento.

Para estruturar um plano de cargos e salários, primeiramente, deve-se realizar a

descrição dos cargos, elencando e definindo as atribuições de cada cargo que compõe a

estrutura da organização. Em seguida, é preciso definir qual será a remuneração de cada

cargo (figura 14). Para isso, deve-se levar em consideração tanto o perfil quanto as

responsabilidades exigidas em cada cargo, ou seja, um analista sênior de uma área, por

exemplo, deve ser remunerado com um valor maior do que uma analista júnior da mesma

área, dado que o primeiro requer um conhecimento técnico e responsabilidade maior em

suas atribuições. É importante também levar em consideração os salários pagos por

outras empresas do mercado na definição das faixas salariais de cada cargo, evitando

discrepâncias de valor muito grandes e incoerentes e garantindo a competitividade da

empresa no mercado de empregadores (NASCIMENTO, 2001).

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Fonte: Elaboração própria (2016)

Assim, com cargos e faixas salariais bem definidos de acordo com seus níveis e

atribuições, constrói-se o plano de carreira de cada área, que nada mais é do que a trilha

que cada pessoa em cada cargo pode percorrer evoluindo tanto em relação a competências

e responsabilidades quanto em relação a remuneração, ou seja, até onde a empresa pode

dar a oportunidade do funcionário chegar em sua carreira profissional (figura 15).

Fonte: Visagio (2016)

Figura 14: Exemplo de Cargos e Salários de uma área

Figura 15:Plano de Carreira da área de Gente e Gestão da Casas Pedro

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5.2 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

Para garantir a meritocracia, a melhor forma de se estabelecer o critério de promoção

dos funcionários dentro do plano de carreira definido é através da avaliação de

desempenho. Ou seja, funcionários só podem ser promovidos se bem avaliados.

Para se implantar um sistema de avaliação de desempenho na empresa, é preciso

estabelecer de forma clara as metas, objetivos e competências necessárias e esperadas das

pessoas e, então, avaliá-las em tais aspectos. Tanto os funcionários da área de Gente e

Gestão, quanto as lideranças e os demais colaboradores devem se envolver no processo

para entender quais são suas principais entregas e o que é esperado de seus esforços. A

dinâmica de avaliação pode incluir a auto-avaliação, avaliação pelo supervisor direto,

avaliação por pares e equipes (avaliação 360º), etc.

5.2.1 Matrix General Eletric (GE)

Em sua carta aos acionistas em 1996, Jack Welch, então presidente e CEO da

empresa General Electric (GE), articulou um modelo para avaliar os gerentes da GE, os

classificando com base em duas dimensões da prática gerencial. A primeira, a dimensão

Valores, referindo-se à circunstância em que um gerente acreditava e agia de acordo com

os principais valores da GE. A segunda, a dimensão Desempenho, referindo-se à

capacidade que um gerente possuía de executar as responsabilidades de sua posição e

produzir entregas de qualidade e bons resultados para a organização (Welch, 1996). Este

quadro foi conceituado como a Matriz de Valores e Desempenho (Performance-Value

Matrix - PVM) (Blanchard, 2010). O modelo conceitual para o PVM é mostrado na Figura

16.

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No quadro PVM, o desempenho gerencial é distinto do comprometimento com os

valores da empresa. Basicamente, é a diferença entre as disciplinas gerenciais mais

tradicionais de planejamento, organização, direção e controle - e as práticas associadas a

essas disciplinas – e a maneira como essas disciplinas são realizadas dentro da

organização. O desempenho gerencial está associado à capacidade de produzir

entregáveis e resultados claros - segundo Welch (1996), de cumprir seus compromissos.

A combinação de valores está associada ao modo como a prática gerencial funciona, ou

seja, os gerentes devem estar produzindo resultados de maneira consistente com os

valores fundamentais da empresa e demonstrando crença em tais valores.

Fonte: Adaptado de Blanchard (2010)

As diferenças entre essas duas dimensões do modelo PVM podem ser ilustradas

considerando 2 gerentes de vendas em uma organização. Ambos podem alcançar altos

níveis de desempenho de tarefas e de equipe; Ambos são vistos como tendo fortes

habilidades de tomada de decisão, boa capacidade de planejamento, um alto grau de

capacidade analítica, iniciativa e conhecimento técnico, e seus vendedores regularmente

ultrapassando suas metas por um montante significativo. Ambos seriam vistos como

tendo alto desempenho gerencial. No entanto, o primeiro gerente alcança esses resultados

ao conduzir a gerência de uma maneira que demonstra alta integridade, respeito pelas

pessoas e trabalho em equipe; O segundo gerente é visto como interesseiro e antiético,

tem pouca consideração com seu pessoal, e é dominador. Nesse caso, o primeiro gerente

seria do tipo alta performance/alta aderência aos valores e o segundo do tipo alta

Figura 16: Matriz Desempenho - Valores GE

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performance/baixa aderência aos valores (considerando a integridade dos valores da

organização, respeito e trabalho em equipe).

5.2.2 Matrix 9 Box

A matriz de potencial e desempenho, conhecida como matriz 9 Box, é uma

ferramenta utilizada para avaliar os talentos nas organizações e também o planejamento

das sucessões de cargos. Ela avalia os colaboradores em duas dimensões - seu

desempenho passado e seu potencial futuro.

No eixo de desempenho são avaliadas as habilidades técnicas, conhecimentos a

respeito do assunto da área de trabalho, qualidade das entregas e capacidade de gerar

resultados desenvolvendo e mantendo relações de trabalho aderentes aos valores da

empresa.

Já no eixo de potencial, avalia-se a habilidade ou capacidade de crescimento e

desenvolvimento para um cargo de maior responsabilidade.

Cada eixo é dividido em 3 níveis. O eixo de potencial é dividido entre baixo,

moderado e alto, enquanto o eixo de desempenho é dividido entre abaixo do esperado,

bom e acima do esperado. Ou seja, os funcionários são classificados em um dos 3 níveis

de desempenho (eixo X) e de potencial (eixo Y) e, a partir da classificação nestas duas

dimensões, são posicionados em um dos 9 quadrantes da matriz (figura 17):

Figura 17: Matriz 9 Box

Fonte: https://talentstrategist.wordpress.com/2014/02/22/performance-pay-incentives-and-

the-all-mighty-bell-curve-but-whats-the-big-elephant-in-the-room/. Acesso em: 22 de jan.

2017.

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Desempenho abaixo do esperado e baixo potencial: O funcionário não está

atendendo às expectativas de performance e ainda há mais o que aprender na

função atual.

Desempenho abaixo do esperado e potencial moderado: O funcionário geralmente

não se encontra na posição por tempo suficiente para demonstrar adequadamente

suas habilidades técnicas ou então ele pode ter perdido o “ritmo” devido a

mudanças na organização.

Desempenho abaixo do esperado e alto potencial: O funcionário não está

atendendo aos requisitos necessários à sua função atual, porém, é possível que ele

tenha mais sucesso se tiver melhores diretrizes ou em outro cargo ou área da

empresa que se adeque melhor às suas habilidades e/ou ambições profissionais.

Bom desempenho e baixo potencial: O funcionário está atendendo às expectativas

de sua função, porém, não está preparado ainda para absorver escopo e

responsabilidade adicional.

Bom desempenho e potencial moderado: O funcionário está atendendo às

expectativas de sua função, mas talvez não esteja disposto ou preparado ainda para

avançar na carreira. Ele talvez não esteja preparado para absorver escopo e

responsabilidade adicional.

Bom desempenho e alto potencial: O funcionário está atendendo às expectativas

de desempenho de sua função e parece estar pronto para assumir maior

reponsabilidade técnica e/ou de liderança.

Desempenho acima do esperado e baixo potencial: O funcionário tem

demonstrando desempenho acima do esperado em sua atual posição, porém

precisa continuar se desenvolvendo na função; ou então o funcionário pode

possuir grandes habilidades técnicas mas não ter demonstrado potencial de

liderança. Geralmente, este funcionário não demonstra estar disposto a assumir

escopo e responsabilidade muito maiores.

Desempenho acima do esperado e potencial moderado: O funcionário apresenta

ótimo desempenho, agrega valor em sua atual posição e demonstra ter as

competências necessárias. Porém, não há certeza de que ele esteja preparado para

assumir maior escopo e responsabilidade.

Desempenho acima do esperado e alto potencial: O funcionário está se

desenvolvendo mais rápido do que é demandado em sua atual posição e/ou área

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da empresa. Ele tem atendido a demandas adicionais e demonstrado alto nível de

comprometimento e atingimento de bons resultados. É certo de que o funcionário

está pronto para ampliar seus conhecimentos e assumir responsabilidades e escopo

bem maiores.

Assim, esta matriz fornece uma boa base para tomadas de decisão, que vão de

treinamentos e aumentos de salário a promoções e até mesmo demissões. Após realizada

a avaliação e enquadramento do funcionário na matriz 9 Box, de acordo com o quadrante

em que este se encontra posicionado no respectivo ciclo de avaliação, pode ser definida

alguma ação em relação a ele, como por exemplo, se um funcionário se encontra no

quadrante de baixo potencial e desempenho abaixo do esperado deve-se avaliar a

possibilidade de movimentação para uma função menor ou até sua demissão. Por outro

lado, quando um funcionário se encontra no quadrante de alto potencial e performance

acima do esperado, pode lhe ser dado mais atribuições e deve-se prepará-lo para uma

função mais alta, já que se trata de um futuro líder.

5.2.3 Matrix 6 Box

A matriz 6 Box segue a mesma linha das matrizes descritas nos tópicos anteriores,

porém funciona de forma diferente. Assim como a matriz GE, também avalia os

funcionários nas dimensões de desempenho (performance) e aderência à cultura (valores)

da empresa, porém ela apresenta 6 quadrantes.

Os quadrantes da matriz 6 Box são divididos pelas notas dadas de 1 a 5 na

avaliação de cada dimensão da matriz, sendo a nota 3 considerada como “atendendo às

expectativas”, a nota 1 como “muito abaixo das expectativas”; a nota 2 como “abaixo das

expectativas”, a nota como 4 “acima das expectativas” e a nota 5 como “muito acima das

expectativas – uma referência para a empresa”. As notas da dimensão de desempenho

muitas vezes são atreladas às metas de desempenho do funcionário, avaliando

efetivamente seus entregáveis, enquanto as notas da dimensão de aderência à cultura são

dadas na avaliação do funcionário em cada valor da empresa. Feito isso, o funcionário é,

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como nas outras matrizes, posicionado em algum quadrante, de acordo com a sua

avaliação do ciclo em questão.

Contudo, os quadrantes desta matriz apresentam uma divisão um pouco diferente das

outras: ela primeiramente é dividida igualmente em 4 quadrantes e depois são formados

2 quadrantes menores em seus 2 extremos. Dessa forma, a matriz 6 Box apresenta os

seguintes quadrantes (figura 18):

Recuperação: São as pessoas avaliadas com notas menores do que 3 tanto em

desempenho, quanto em aderência à cultura. Essas pessoas além de não

entregarem o esperado no prazo e não baterem meta, apresentam baixa aderência

aos valores da organização.

Missionários: São as pessoas avaliadas com notas menores do que 3 em entrega e

maiores do que 3 em aderência à cultura. Essas são as pessoas que, apesar de não

entregarem o esperado, possuem alta aderência à cultura da organização.

Adequação: São as pessoas avaliadas com notas maiores do que 3 em desempenho

e menor do que 3 em aderência à cultura. Também chamados de “Mercenários”,

essas pessoas são as que entregam muito, ou seja, batem bem as metas, porém não

possuem a cultura da empresa.

Figura 18: Matriz 6 Box

Fonte: Visagio (2016)

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Talentos: São as pessoas avaliadas com notas acima de 3 tanto em desempenho,

quanto em aderência à cultura. Esses são, como o nome do quadrante já diz, os

talentos da empresa, ou seja, aqueles que, além terem bom desempenho e

apresentarem bons resultados para a empresa, possuem alta aderência aos valores

da empresa. São aqueles que a empresa não deve perder.

Saintes: Dentro do quadrante de adequação, fazem parte deste quadrante as

pessoas avaliadas com notas abaixo de 2 tanto em aderência à cultura quanto em

desempenho. Essas são as pessoas muito mal avaliadas, sem expectativa de

melhora que são passíveis a demissão.

Estrelas: Dentro do quadrante de talentos, esse quadrante é composto pelas

pessoas avaliadas com mais de 4 nas duas dimensões. Essas são as pessoas que

apresentam desempenho e aderência à cultura acima das expectativas e não podem

ser deixadas sair da empresa de forma alguma, pelo contrário, devem permanecer

para crescer ainda mais e servir de exemplo e motivação aos demais.

Apesar da matriz 9 Box ser mais completa, levando em consideração o nível de

detalhes da avaliação, a matriz 6 Box é mais simples de ser utilizada e acaba sendo

mais intuitiva em suas dimensões e ações resultantes. Um dos pontos criticados da 9

Box que torna mais difícil sua utilização é a dificuldade de mensurar o potencial das

pessoas, por ser algo extremamente subjetivo (LEME, 2014). Por conta disso, a matriz

6 Box acaba sendo de mais fácil entendimento para todos os funcionários da empresa,

e, consequentemente, mais escalável do que a 9 Box, que, por sua complexidade,

acaba sendo geralmente uma ferramenta utilizada apenas pela área de gestão de

pessoas.

5.2.4 Feedback

O termo feedback é originário da área de ciências e possui o significado de

retroalimentação. No âmbito profissional, feedback pode ser definido como um processo

de alimentação que ocorre através do fornecimento de informações críticas para o ajuste

de desempenho e performance de uma pessoa.

Sendo assim, uma boa prática é que a avaliação seja realizada seguida de um

feedback formal dos líderes (avaliadores) aos seus funcionários (avaliados). Para garantir

o alinhamento de expectativas e o esclarecimento para o funcionário de como este pode

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crescer em seu plano de carreira, é importante que o líder passe o resultado da avaliação

com cada funcionário que avaliou logo após o fechamento do ciclo, mostrando como este

foi em cada critério avaliado. Alinhando os pontos fortes e fracos de forma justa e

impessoal e passando ao avaliado suas expectativas em relação à ele no cargo que ocupa,

se dá a oportunidade a ele de buscar melhorar no que não foi bem e melhorar ainda mais

no que foi bem avaliado para, assim, buscar um resultado melhor na avaliação do próximo

ciclo e, consequentemente, se desenvolver e crescer no plano de carreira oferecido pela

empresa.

5.2.5 Modelo de Remuneração associado à Avaliação

Para reforçar a meritocracia, é interessante que, não só a promoção esteja

associada à Avaliação de Desempenho, mas também o modelo de remuneração dos

funcionários.

Uma forma de fazer isso é atrelando o bônus anual de funcionários às notas de

avaliação, ou seja, dependendo da nota tirada o funcionário irá receber X salários como

bônus, como pode ser visto no quadro da figura 19.

Fonte: Visagio (2016)

Já quando a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) faz parte do modelo de

remuneração, pode-se também atrelá-la à nota da avaliação e desempenho do funcionário.

No caso de a PLR ser paga anualmente, pode-se definir o percentual de PLR ganho de

acordo com a nota do ciclo anual (média das duas notas da avaliação do ano) do

funcionário, como pode ser visto no quadro da figura 20.

Figura 19: Quadro de Bônus de acordo com Avaliação de Desempenho

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Fonte: Visagio (2015)

Assim, é possível garantir que os funcionários mais bem avaliados são também os

mais bem recompensados financeiramente, criando mais uma motivação para que os

demais busquem melhores resultados.

6. LIDERANÇA

O líder tem um papel fundamental em ambientes coorporativos e organizacionais. Seu

foco é alcançar os resultados desejados e os objetivos estratégicos da organização através

do engajamento de sua equipe, incentivando o crescimento dos colaboradores e

disseminando a cultura organizacional.

“Liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente

visando atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum” (HUNTER,

2004, p. 25).

Segundo Neto e Calvosa (2006), liderar é a habilidade de conseguir com que pessoas

busquem resultados por meio de confiança, admiração e vontade própria, motivados por

um ideal ou pelo objetivo maior que as organizações visam alcançar.

Figura 20: Pesos da PLR de acordo com a Avaliação de

Desempenho

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Finalizando a definição de liderança, Ervilha (2008, p. 29) afirma que “liderar é

influenciar e conduzir pessoas nas situações em que é identificado um objetivo claro e

definido, que busca os resultados desejados”.

O modelo de Gente e Gestão que está sendo apresentado acredita em líderes com

valores e atitudes diferenciados, baseados na obstinação por resultados associada à

abnegação, à anti-vaidade, à não aceitação de zonas de conforto tanto para a sua equipe

quanto para si próprio, à liderança pelo exemplo e ao mindset de “dono do negócio”.

6.1 TÉCNICAS DE LIDERANÇA

6.1.1 Liderança Situacional

Paul Hersey e Ken Blanchard (1986) apresentaram a teoria da Liderança Situacional

onde sugeriram que o mais importante era adaptar o estilo de liderança à situação

encontrada. Ou seja, essa teoria afirma que em vez de possuir um estilo de liderança

padrão, os líderes de sucesso devem adaptar os seus estilos de liderança, tendo em conta

a maturidade das pessoas que lideram e os detalhes do trabalho a ser realizado.

O líder com esse perfil delega as tarefas aos colaboradores de acordo com as

competências ou deficiências que eles possuem, por isso, sempre precisam estar atentos

aos pontos fortes e de desenvolvimento dos funcionários. A maturidade de cada

funcionário está relacionada à habilidade e disposição para fazer algo e à necessidade do

direcionamento e do encorajamento dados pelos superiores.

Dessa forma, Paul Hersey e Ken Blanchard (1986) classificaram quatro níveis de

maturidade para os colaboradores ao realizar uma determinada tarefa:

M1 – Os colaboradores com este nível de maturidade estão no nível mais baixo

da escala. São novos na tarefa, faltando-lhes conhecimento, competências ou

confiança para trabalharem sozinhos e não estão preparados nem engajados em tomar

decisões.

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M2 – Os colaboradores já possuem alguma experiência na execução da tarefa,

mas não estão motivados em realizá-la. Mão possuem as competências para a

realizarem com sucesso, necessitando de um suporte.

M3 – Aqui os colaboradores estão preparados, mas ainda não estão engajados a

executar as tarefas. Possuem mais competências que o grupo anterior mas não estão

motivados o suficiente para tomar decisões.

M4 – Os colaboradores estão aptos e engajados a trabalharem sozinhos. Têm

elevada confiança, competências fortes, e estão comprometidos com a tarefa.

Segundo Hersey e Blanchard (1982), o líder deve ter a flexibilidade pessoal e o

conjunto de habilidades necessárias para adaptar seu comportamento, sabendo identificar

a realidade do seu ambiente. Para cada nível de maturidade encontrado, é sugerido um

estilo de liderança mais adequado (figura 21):

Fonte: Visagio (2016)

S1 Orientar - como nesse nível a maturidade dos liderados é considerada baixa

para executar determinada tarefa, uma vez que estes não sentem plena confiança

em suas capacidades ou mesmo vontade para executar as tarefas. Para que estas

sejam cumpridas, o líder deve dizer às pessoas o que exatamente elas têm de fazer

e mostrar como devem fazer, supervisionando-as até seu fim e direcionando o

colaborador para elaborá-las até conquistar confiança.

Figura 21: Liderança situacional

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S2 Treinar - nesse nível, o colaborador tem maturidade de média a moderada, e

suficiente para cumprir a tarefa, porém não as habilidades que a mesma exige.

Neste caso, o líder situacional além de direcionar o trabalho, deve apoiá-lo e

incentivá-lo para que alcance a autoconfiança e motivação necessárias para agir

S3 Apoiar - nesse nível, o colaborador tem a maturidade entre moderada e alta,

e as habilidades para executar a tarefa, porém não tem interesse em ajudar o líder.

Esta situação pode estar relacionada a fatores como desmotivação e falta de

confiança em seu trabalho, portanto cabe ao líder buscar sua participação e

colaboração na tomada de decisões.

S4 Delegar – no último nível encontra-se o colaborador com maturidade alta, com

as competências e a disposição que a tarefa exige. Neste nível o líder não precisa

estruturar e controlar efetivamente seu trabalho, uma vez que o colaborador tem

autonomia e a confiança do líder para criar as melhores soluções e executá-las,

independentemente de seu acompanhamento.

6.1.2 A importância do Feedback

O feedback faz parte de um sistema que suporta a evolução profissional, mas está

dentro de um contexto maior. Segundo Grinberg (2013), uma das maneiras mais efetivas

que um líder tem para demonstrar atenção aos seus colaboradores é através do processo

de feedback. Os líderes devem separar um tempo entre as suas tarefas do dia a dia para

demostrar aos seus colaboradores como as atitudes deles afetam na evolução da sua

carreira, pontuar os seus pontos de desenvolvimento e elogiar o que eles fazem bem. Isso

irá ajudar no desenvolvimento deles, motivá-los a buscar a excelência em tudo que fazem

e a permanecerem engajados.

É importante o líder fomentar a cultura de diálogo aberto, ser flexível para receber

e ter o hábito de dar feedbacks. Isto estimula os demais a agirem da mesma forma e

remove eventual desconforto neste tipo de troca. Reforçar a importância do feedback em

situações complexas também fortalece a cultura. Após entender o feedback, é ideal que

o líder atue para melhorar seu desempenho. Além de se desenvolver, demonstra que o

feedback foi apreciado.

Page 67: GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10020479.pdf · Figura 5: Etapas de amadurecimento da potencialização do talento de

56

6.2 HABILIDADES DE UM LÍDER

Segundo Goldman (1995), as capacidades pessoais que promovem o desempenho

excepcional da liderança em grandes organizações são agrupadas em 3 categorias:

Habilidades puramente técnicas, como planejamento de negócios e contabilidade;

Habilidades cognitivas (raciocínio analítico);

Competências associadas à inteligência emocional (capacidade de trabalhar com

o outro e eficácia ao liderar mudanças).

Dentre essas categorias, a inteligência emocional se destaca como atributo chave que

distingue o desempenho diferenciado daqueles que são meramente adequados. Isso

ocorre, pois os principais diferencias de um grande líder é a habilidade de perceber e

monitorar suas emoções, somadas à capacidade de trabalhar e desenvolver o outro e a

eficácia ao liderar as mudanças.

A inteligência emocional desmembra-se em quatro habilidades:

Autoconhecimento: capacidade de interpretar as próprias emoções e perceber

como afeta o outro, tornando se melhor capacitado para realizar o seu trabalho e

para construir confiança em seus colegas no ambiente de trabalho

Auto-gestão: capacidade de controlar as emoções agindo com ética, estando

constantemente motivado a resolver todos os problemas que vierem a acontecer;

Consciência Social (empatia): ponderadamente considerar os sentimentos dos

profissionais no processo de fazer decisões inteligente;

Gestão de Relacionamentos: cordialidade com o propósito de orientar as pessoas

na direção que deseja, desenvolvendo afinidades, com uma comunicação clara,

desarmando conflitos e desenvolvendo laços pessoais fortes.

Essas habilidades vão ao encontro das qualidades de um líder que, segundo Goffee

(2010) inspiram seus seguidores. Para o autor, os líderes diferenciados:

Expõem suas fraquezas, de forma seletiva. Com isso, ao mostrarem que são

humanos e que têm certas vulnerabilidades, conseguem se aproximar de seus

seguidores com mais facilidade;

Page 68: GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10020479.pdf · Figura 5: Etapas de amadurecimento da potencialização do talento de

57

Confiam na intuição para escolherem o momento certo de decidir. Possuem

habilidade de coletar e interpretar as informações que lhe chegam, de modo a

perceberem quando e como devem agir;

Possuem empatia. Preocupam-se com a situação de seus seguidores e

procuram resolver os problemas que se apresentam;

Revelam suas diferenças, sabem que as pessoas não são iguais e por isso,

destacam aqueles pontos que os tornam únicos.

Para Goleman (1995), o desenvolvimento da inteligência social do líder é responsável

por um aumento exponencial da performance da organização. Para resolver problemas

que surjam na organização, o líder deve primeiro compreender os aspetos do que lhe foi

referido na sua visão e na tomada de decisão, de modo a conseguir motivar e comprometer

a organização, que assim conseguirá rever-se e abraçar a decisão e a mudança.

6.3 LIDERANÇA NÍVEL 5

Collins (2001) classificou os líderes em diferentes níveis numa escala de um a 5,

conforme mostrado na figura 22. Para alcançar o nível 5, um líder de nível 5 necessita ter

as qualidades dos níveis quatro, 3, 2 e um. O líder de nível 1 é um indivíduo altamente

capacitado, aquele que faz contribuições produtivas por meio do conhecimento, das

técnicas e dos bons hábitos de trabalho. O de nível 2 é um membro colaborador da equipe

que contribui, com suas capacidades individuais, para que sejam atingidos os objetivos

do grupo, trabalhando de forma eficaz com outras pessoas, criando uma atmosfera de

equipe. Já o de nível 3 é um gerente competente que organiza as pessoas e os recursos

disponíveis na direção da busca efetiva e eficiente dos objetivos. E o de nível 4 é um líder

eficaz que catalisa o comprometimento com uma visão clara e forte, bem com uma busca

vigorosa dessa visão, estimulando padrões mais elevados de conhecimento. Os líderes de

nível 5, além de possuir todas essas capacidades, ele constrói excelência duradoura por

meio de uma mistura paradoxal de humildade pessoal e força de vontade baseada no

profissionalismo.

Page 69: GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10020479.pdf · Figura 5: Etapas de amadurecimento da potencialização do talento de

58

Fonte: https://www.maestriacis.com.br/single-post/2015/11/21/ Liderança-de-Nível-5. Acesso

em: 30 de jan. 2017.

Os líderes de nível 5 canalizam as necessidades do seu ego para longe de si

mesmos e na direção do objetivo principal, que é construir uma organização que seja

reconhecida pela sua excelência. O sucesso do líder de nível 5 está diretamente ligado ao

sucesso da organização e não ao sucesso pessoal. Não é que os líderes de nível 5 não

tenham interesses próprios, pelo contrário, eles são incrivelmente ambiciosos, mas sua

ambição é voltada fundamentalmente para a instituição e não para si mesmos.

O líder de nível 5 é movido por uma obstinação em gerar resultados contínuos

para organização, logo ele não pode ser avaliado pelos resultados imediatos ou de curto

prazo alcançados pela organização. Apesar dos bons resultados alcançados, esse líder só

se torna de nível 5 se depois de 15 anos, a organização continuar colhendo os frutos das

medidas de gestão implementadas por ele, independentemente de continuar ou não na

gestão da referida organização.

Sendo assim, os líderes nível 5 também estão seriamente engajados em formar

sucessores pois desejam que a organização prospere e continue gerando resultados

excepcionais, mesmo estando sob a liderança de outras pessoas, não necessariamente a

dele. Esses líderes não são egocêntricos e preparam pessoalmente os seus sucessores para

Figura 22: Níveis de Liderança

Page 70: GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10020479.pdf · Figura 5: Etapas de amadurecimento da potencialização do talento de

59

que atinjam um sucesso ainda maior na geração seguinte. Já os líderes de nível 4 preparam

os seus sucessores para o fracasso, pois possuem a vaidade de ter o seu nome associado

ao sucesso da organização e de alimentar o seu ego exibindo de forma clara que são

essenciais para organização e que o sucesso depende deles. Logo após a sua gestão, os

resultados tendem a cair, pois não prepararam os seus sucessores para o sucesso.

Os líderes do nível 5 costumam falar pouco sobre eles mesmos. Não se colocam

em pedestais e rejeitam a fama pessoal (figura 23). São pessoas simples que produzem

resultados extraordinários. Mas é claro que uma liderança excelente não é somente feita

de humildade e modéstia. É também feita de uma imensurável determinação para fazer o

que tem de ser feito, nem que para isso seja preciso se indispor com a família, no caso de

empresas familiares ou com os acionistas, em caso de empresas de capital aberto. Estes

líderes são movidos por uma alta necessidade de entregar resultados e eles poupam

esforços para serem excelentes.

Líderes de nível 5 fazem questão de atribuir o mérito a sua equipe, quando

alcançam o sucesso. E quando algo não sai conforme o planejado, assumem a

responsabilidade pelos erros realizados. Já os líderes nível 4 tendem a fazer justamente o

contrário, ao atingir ótimos resultados atribuem todo o crédito para si mesmo e ao deixar

de atingir bons resultados, culpam a equipe.

Page 71: GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10020479.pdf · Figura 5: Etapas de amadurecimento da potencialização do talento de

60

Fonte: https://www.maestriacis.com.br/single-post/2015/11/21/ Liderança-de-Nível-5.

Acesso em: 30 de jan. 2017.

Collins (2001) acredita que existem duas categorias de pessoas: aquelas que não têm

a semente para ser um líder do nível 5, e aquelas que têm. Na primeira categoria estão

aquelas pessoas que não conseguem submeter as suas necessidades pessoais para criar

algo mais abrangente e mais duradouro do que elas mesmas. Para essas pessoas, trabalho

será sempre ume meio de obter fama, fortuna e poder – e não algo que eles constroem,

criam e contribuem.

A segunda categoria de pessoas é aquela que tem capacidade para evoluir para o nível

5. Eles devem buscar o desenvolvimento pessoal consciente e os melhores resultados para

o sucesso da organização, deixando como legado uma cultura, um sistema e sucessores

capazes.

Figura 23: Os dois lados da liderança nível 5

Page 72: GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10020479.pdf · Figura 5: Etapas de amadurecimento da potencialização do talento de

61

6.4 LIDERANÇA PELO EXEMPLO

A liderança exercida pelo exemplo pessoal é a forma mais democrática e impactante

de se liderar. Ela é o melhor guia da cultura de uma organização. Seu pilar é conquistar a

confiança e o engajamento da equipe, mostrando a todos, como aplicar os valores,

princípios e atitudes que a organização acredita, através de suas próprias atitudes, no

cotidiano do trabalho.

O exemplo deve vir de cima, as pessoas preferem ser inspiradas a ser consertadas ou

corrigidas. Se o líder se interesse em conhecer os detalhes dos processos para melhorar o

todo, a equipe sente-se interessada em fazer o mesmo. Se o líder deseja que sua equipe

seja mais positiva, deve dar o exemplo e ser mais positivo, motivando as pessoas ao seu

redor. Se o líder deseja que equipe seja mais pontual, não deve cometer atrasos e mostrar

para a equipe a importância que dá a isso. Se deseja que os colaboradores se orgulhem

mais de seu trabalho, ele deve dar o exemplo, mostrando como se faz, colocando a “mão-

massa” e não somente dizer o que deve ser feito. Ao ver seu líder à frente de um processo

operacional, por exemplo, o colaborador percebe e reconhece a importância atribuída à

equipe, ao entendimento de sua posição, de seus dilemas e desafios. O líder é percebido

como alguém que está preocupado com cada detalhe e, o mais importante, valoriza o que

é da responsabilidade de cada colaborador. Atitudes e ações são mais poderosas e eficazes

do que palavras.

O colaborador precisa sentir-se parte da organização, precisa saber da importância

do seu trabalho no atingimento dos objetivos estratégicos. E, cabe ao líder, integrá-lo.

Cabe ao líder não só definir os valores e a missão, como também aplica-las no dia-a-dia

para que a sua equipe aja de acordo com a cultura organizacional.

6.5 “COMPANHIA DE DONOS”

Prezando por maximizar a dedicação e o engajamento dos colaborares, uma

organização tem que trabalhar na difusão de uma cultura onde todas as pessoas sintam-se

de alguma forma donos da organização, nos mais diferentes níveis. Pode ser o dono de

uma máquina, ou de uma determinada área, ou de um certo projeto e até mesmo dono da

organização como um todo, através da sociedade. Isso é importante, pois são os donos

Page 73: GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10020479.pdf · Figura 5: Etapas de amadurecimento da potencialização do talento de

62

que assumem os resultados, são os donos que são responsáveis e tem a obrigação de

atingir os objetivos estipulados.

Com essa cabeça de dono, os colaboradores sentem e agem como se a empresa

fosse deles, levando-os a tomar as melhores decisões, afinal terão que conviver com as

consequências de cada uma delas. É importante que uma organização tenha donos para

tudo que é realizado nela, com responsabilidades claras, metas mensuráveis e como tempo

estipulado. Os donos assumem resultados e desafios pessoalmente, ficando chateados

com resultados ruins e chamando a atenção para transgressões, mesmo que estejam fora

de seu departamento.

Os donos devem assumir a responsabilidades dos resultados que estão sob sua

gestão e ter a autoridade para agir da forma que acha melhor para a organização, para isso

precisam estar completamente alinhados com a cultura organizacional.

O mindset de “dono do negócio” prevê uma cultura onde as pessoas tenham que

conquistar o direito de serem donos de uma parte ou de uma tarefa dentro da organização,

ninguém está em uma determinada posição por ter direito à ela e sim por ter tido o mérito

de conquistá-la e permanecer conquistando diariamente. Se por algum motivo, algum

colaborador não estiver entregando conforme o previsto e tiver uma queda em sua

performance, seu lugar deverá ser questionado e entregue à quem a merece.

Esse tipo de mentalidade é difícil de ser colocado em prática nas organizações que

não possuem uma cultura bem definida e divulgada. Os líderes devem atuar de maneira

efetiva na transmissão da cultura, para que todos estejam alinhados e trabalhando para

alcançar os mesmos objetivos e garantir o sucesso.

7. PESQUISA DE GENTE E GESTÃO

A pesquisa desenvolvida pela Visagio Consultoria e pelo Comitê de Gente e Gestão

teve por objetivo avaliar os participantes nas práticas do modelo de Gente e Gestão e,

assim, os auxiliar a descobrirem o posicionamento de suas empresas dentro das melhores

práticas de acordo com o seu nível de maturidade e porte. A lista com o nome dos

membros do Comitê de Gente e Gestão encontra-se no Anexo A.

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O público alvo da pesquisa foi composto preferencialmente por CEOS e Heads de

RH ou Gente e Gestão de empresas com no mínimo 200 funcionários. Foram 75 empresas

participantes na edição de 2016, 50% a mais do que na edição de 2015, mostrando um

maior engajamento e conhecimento do mercado brasileiro pelo tema. A relação das 75

empresas participantes é apresentada no Anexo B.

Dentre o público participante, houveram empresas de 9 setores diferentes, sendo a

maioria (66%) proveniente dos setores Industrial, de Serviços e Varejo, como ilustrado

na figura 24.

Fonte: Visagio (2016)

Com relação ao porte das empresas participantes, 30% foram empresas que tiveram

faturamento igual ou superior a R$ 1 bilhão em 2015, como pode ser visto na figura 25.

Figura 24: Setores do público participante

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64

Fonte: Visagio (2016)

Além disso, levando em conta o número de colaboradores das empresas que

participaram da pesquisa, 35% são compostas por mais de 3.000 colaboradores e 25%

apresentam entre 1.000 e 3.000 colaboradores, totalizando 60%, ou seja, a maioria, dos

participantes como organizações de 1.000 ou mais colaboradores, como mostrado na

figura 26. Isso resultou em uma média de 6.720 colaboradores por empresa participante

na pesquisa de 2016 contra uma média de 5.406 colaboradores por empresa em 2015,

mostrando um crescimento de cerca de 24,31% na média de colaboradores por

participante e, consequentemente, caracterizando um maior envolvimento de grandes

empresas do Brasil com o tema em 2016.

Figura 25: Porte do público participante por faturamento

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65

Fonte: Visagio (2016)

7.1 MÉTODO DE APLICAÇÃO E DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS

O foco da pesquisa foram as empresas que a Visagio possui um contato próximo

através dos projetos realizados. Primeiramente foi realizado um levantamento das

empresas passíveis de participar da pesquisa através de ex-clientes e prospecções da

Visagio. Em seguida, foram incluídos contatos conseguidos através de eventos, webnairs,

Linkedin entre outros. E por fim, foram adicionadas as empresas que se interessaram pela

pesquisa e solicitaram participação através do site do evento. A única restrição para a

participação na pesquisa foi que a empresa deveria ter mais de 200 funcionários.

As perguntas da pesquisa foram elaboradas por um grupo de consultores da Visagio

com uma vasta experiência em projetos de Gente e Gestão, com o objetivo de medir o

nível de maturidade de cada um dessas empresas em relação aos cinco pilares do modelo

de Gente e Gestão apresentado: Incentivos Estratégicos, Prontidão de Gente, Modelo de

Figura 26: Porte do público participante por número de colaboradores

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66

Gestão, Meritocracia e Liderança. As perguntas aplicadas na pesquisa encontram-se no

Anexo C.

Em julho de 2016, foram enviados e-mails para os Chief Executive Officer (CEO) ou

Heads de RH ou Gente e Gestão dessas empresas com o formulário da pesquisa em Excel

para ser respondido até o dia 19 de agosto. Após o preenchimento da pesquisa, os

resultados foram compilados pela Visagio e foi enviado um relatório confidencial

personalizado para cada empresa participante sobre o seu posicionamento frente às

melhores práticas e com uma comparação por setor.

Além disso, no dia 29 de Setembro foi realizado o Fórum Nacional de Gente e Gestão,

em São Paulo. Esse evento se destacou por sua abordagem técnica, onde foram debatidos

os resultados gerais da pesquisa de Gente e Gestão e foram apresentados cases de sucesso.

7.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS

A pesquisa foi dividida em duas partes: a primeira parte continha perguntas sobre

as informações gerais da empresa e da sua área de RH e na segunda parte, as perguntas

eram sobre as boas práticas de Gente e Gestão dividas nos seguintes temas: Incentivos

Estratégicos, Liderança, Meritocracia, Modelo de Gestão, Pipeline de Gente e

Desenvolvimento de Pessoas e Cultura e Engajamento.

A partir da análise dos resultados da primeira parte, foi possível entender como

está posicionada a temática de gestão de pessoas nas organizações. Em 65 % das empresas

participantes da pesquisa, o head de gestão de pessoas está ligado diretamente ao CEO

(figura 27), evidenciando a importância dessa área para essas empresas. Porém em 6%,

ele está ligado diretamente ao conselho, o que mostra que nessas empresas o RH possui

ainda mais força e é visto de maneira extremamente estratégica, possuindo possivelmente

um comitê de pessoas para tratar exclusivamente de assuntos relacionados à área de Gente

e Gestão.

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67

Fonte: Visagio (2016)

Quando uma determinada área possui um grau de proximidade muito elevado com o

conselho de administração, significa que ela é considerada estratégica pela organização,

uma vez que o conselho é responsável pelas a principais deliberações em relação à gestão

do negócio. Em 53% das empresas participantes, o grau de proximidade da área de RH

ou de Gente e Gestão com o conselho de administração é considerado alto ou muito alto

(figura 28), o que revela que para a maior parte dessas empresas o RH é visto de forma

estratégica.

Fonte:Visagio (2016)

Figura 27: A quem se reporta o Head de Gestão de Pessoas?

Figura 28: Proximidade do RH com o Conselho de Administração

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O CEO é o responsável pela criação da cultura empresarial, servindo de modelo

para todos os colaboradores. Para 46% das empresas participantes da pesquisa, o head de

RH é cogitado entre os sucessores do CEO atual (figura 29). Esse resultado mostra que

nessas empresas o head de RH é um profissional extremamente qualificado com visão

estratégica do negócio como um todo, capaz de lidar com metodologias complexas,

meritocráticas e resultados transparentes.

Fonte: Visagio (2016)

Figura 29: Head de RH com sucessor do CEO

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69

7.2.1 Incentivos Estratégicos

A pesquisa apontou que a faixa de remuneração não afeta necessariamente a

retenção dos colaboradores mapeados como talentos (figura 30). Os talentos são menos

sensíveis a estratégias de remuneração agressivas do que os outros colaboradores. Esse

resultado vai ao encontro do que foi apresentado no capítulo 3, confirmando que os

profissionais mais qualificados procuram mais do que um bom salário, eles buscam um

propósito para o trabalho que irão desenvolver.

Fonte: Visagio (2016)

7.2.1.1 Hipótese 4 - Remuneração não é a única forma de retenção, as pessoas

precisam estar engajadas e alinhadas com o propósito da empresa

Além disso, esse resultado também comprova a quarta hipótese levantada na

introdução desse trabalho.

Em relação à prática de incentivos de longo prazo, para a maioria das empresas,

mais precisamente em 59% delas, os incentivos estão concentrados na alta gestão.

Apenas 9% das empresas afirmaram aplicar essa prática para o staff (figura 31). A partir

desses números, pode-se inferir que apesar das empresas perceberem a importância dos

Figura 30: Relação ente renumeração e retenção

Page 81: GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10020479.pdf · Figura 5: Etapas de amadurecimento da potencialização do talento de

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incentivos, a prática ainda é pouco madura, uma vez que nem todos os colaboradores se

beneficiam dela, sendo necessária a sua evolução e aperfeiçoamento.

Fonte: Visagio (2016)

Quanto ao tipo de incentivo de longo prazo praticado, as stock options aparecem

como o modelo mais popular, o que corrobora o resultado anterior, dado que esse tipo de

incentivo, normalmente, é oferecido à alta gestão das empresas.

Analisando as respostas relacionadas ao tempo médio de casa dos líderes das

empresas que afirmaram praticar incentivos de longo prazo para a liderança (25% do total

de empresas participantes na pesquisa), pode-se observar na figura 32 que essas empresas

possuem 44% dos líderes com mais de 10 anos de casa. Já nas que não afirmaram possuir

esse tipo de incentivo, apenas 26% dos líderes possuem mais de 10 anos de casa. Assim

sendo, pode-se concluir que a prática de incentivos de longo prazo impacta diretamente

na retenção da liderança.

Figura 31: Prática de incentivos de longo prazo

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71

Fonte: Visagio (2016)

7.2.2 Liderança

Em 34% das empresas participantes da pesquisa, os líderes são formalmente cobrados

pelo nível de engajamento da equipe, através de uma métrica definida, a liderança precisa

apresentar um plano de ação para evolução dos resultados e a empresa é formalmente

comunicada desses resultados. Nessas empresas o turnover médio dos colaboradores é

por volta de 13% (dado fornecido pelas próprias empresas na parte de informações

gerais).

Já nas empresas onde não existe métrica definida para aferição do engajamento da

equipe, que representam 43% do total de empresas participantes da pesquisa, o turnover

médio dos colaboradores é por volta 24%.

7.2.2.1 Hipótese 1 - Quando a liderança das empresas é cobrada pelo engajamento, a

retenção de funcionários melhora

Figura 32: Relação de incentivos com a retenção da liderança

Page 83: GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10020479.pdf · Figura 5: Etapas de amadurecimento da potencialização do talento de

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Pode-se observar que há um aumento de cerca de 85% no turnover quando a liderança

não é cobrada pelo engajamento da sua equipe, o que leva a confirmar a hipótese 1 (figura

33).

Fonte: Visagio (2016)

Analisando as respostas das empresas que afirmaram possuir uma métrica definida de

cobrança da liderança pelo engajamento da equipe, percebe-se que 60% das vagas de

liderança dessas empresas são preenchidas via recrutamento interno, contra apenas 35%

das vagas de liderança das empresas onde os líderes não são cobrados na meta de

engajamento (figura 34). Isso demonstra que quando a liderança é cobrada pelo

engajamento, o time é melhor formado, sendo possível recrutar internamente

profissionais qualificados para ser os novos líderes da organização. Como foi visto no

capítulo 2, a grande vantagem do recrutamento interno em relação aos programas de porta

de entrada, é os colaboradores selecionados internamente já conhecem e estão alinhados

com a cultura da empresa.

Figura 33: Cobrança da liderança pelo engajamento da equipe

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73

Fonte: Visagio (2016)

7.2.3 Meritocracia

Para análise da aplicação da meritocracia nas empresas, foram feitas 13 perguntas,

localizadas no tópico 3 da segunda parte “Parte II – Boas Práticas em Gente e Gestão”

na pesquisa, como pode ser visto no Anexo C.

Como dito no Capítulo 5, a avaliação de desempenho é uma das principais

ferramentas para implantação da meritocracia nas empresas. Como resultado da pesquisa

de 2016, obteve-se que em 89% das empresas existe um ciclo formal de avaliação de

desempenho, o que mostra que a grande maioria dos participantes acredita e aplica a

meritocracia de alguma forma em sua organização.

Além disso, os resultados ilustrados na figura 35 mostram que 97% das empresas

participantes avaliam a dimensão comportamental e apenas 48% avaliam a dimensão

“potencial” dos colaboradores em suas avaliações, deixando claro o movimento pelo fim

das avaliações mais tradicionais, como a 9 Box, e uma maior adesão aos modelos de

Figura 34: Vagas de liderança preenchidas via recrutamento interno

Page 85: GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10020479.pdf · Figura 5: Etapas de amadurecimento da potencialização do talento de

74

avaliações que avaliam o comportamento do colaborador ao invés de seu potencial de

promoção, como a 6Box, baseada na Matriz GE.

Fonte: Visagio (2016)

Assim, observa-se um foco e importância maior dada em avaliar os valores e a

cultura das empresas aplicadas no dia a dia, ponto forte ressaltado no modelo de Gente e

Gestão.

Os resultados obtidos na pergunta 3d comprovam essa maior importância dada pelas

organizações aos valores: 64% das empresas afirmam que seus valores estão totalmente

refletidos nas competências e avaliação de desempenho individual (figura 36).

Figura 35: Como a avaliação de desempenho é implantada nas empresas

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Fonte: Elaboração própria (2017)

Outro resultado interessante permeia como a avaliação de desempenho é utilizada nas

empresas como instrumento de meritocracia, ou seja, para quais finalidades ela é

utilizada. Reforçando a ideia apresentada no Capítulo 5, fatores como feedback formal

(87%), identificação de talentos (73%), promoções (69%), bônus (58%) e demissões

(57%) realizados com base na avaliação de desempenho representaram uma parcela

significativa das respostas, sendo todos utilizados por mais da metade dos participantes

(figura 37).

Figura 36: Os valores corporativos estão refletidos nas competências e na avaliação de desempenho

individual?

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76

Fonte: Elaboração Própria (2017)

7.2.3.1 Hipótese 2 - As práticas de feedbacks formais influenciam no

encarreiramento dos funcionários da empresa

Para analisar a hipótese 2, foram cruzadas tanto a pergunta 4c quanto a 5b, com

um dos itens de resposta da pergunta 3f, que podem ser vistas no Anexo C.

A pergunta 4c analisa o percentual de vagas de liderança preenchidas via

recrutamento interno. Como pode ser visto na figura 38, empresas que preenchem mais

da metade, ou seja, mais do que 50% de suas vagas de liderança através de recrutamento

interno representam menos da meta das participantes, totalizando 34% das empresas.

Figura 37: A avaliação é utilizada para quais finalidades?

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77

Fonte: Elaboração própria (2017)

A pergunta 5b verifica como é a retenção dos programas de porta de entrada nas

empresas num horizonte de 3 anos. Os resultados, ilustrados na figura 39, mostram que a

maior parte das empresas participantes (44%) não fazem controle de retenção dos

colaboradores, enquanto 42% disseram que retêm mais da metade dos colaboradores que

entram por programas de porta de entrada em um horizonte de 3 anos.

Figura 38: Qual o percentual de vagas de liderança preenchidas via recrutamento interno?

Page 89: GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10020479.pdf · Figura 5: Etapas de amadurecimento da potencialização do talento de

78

Fonte: Elaboração própria (2017)

Já em relação a questão 3c, já falada na introdução do tópico 7.2.3, foi utilizado

para cruzamento as respostas relativas ao feedback formal utilizado como finalidade da

avaliação de desempenho (figura 37).

O primeiro cruzamento para análise da hipótese foi feito entre as questões 4c e 3f,

comparando-se o percentual de vagas de liderança preenchidas via recrutamento interno

de empresas que apontaram ter feedback formal em seus ciclos de avaliação e as que

apontaram não ter. Como resultado, pode-se observar que a maior parte das empresas que

indicaram preencher mais de 50% de suas vagas de liderança via recrutamento interno

aplicam a prática do feedback formal.

Já o segundo cruzamento foi feito entre as questões 5b e 3f, onde, da mesma

forma, foi comparado o percentual de retenção dos programas de porta de entrada no

horizonte de 3 anos entre empresas que apontaram realizar feedback formal após sua

avaliação de desempenho e as que apontaram não fazê-lo. Através deste cruzamento,

pode-se concluir que a maior parte das empresas que apontaram reter mais de 50% dos

colaboradores que entraram através de programas de porta de entrada por 3 anos também

aplicam a prática de feedback formal.

Figura 39: Como é a retenção dos programas de porta de entrada no horizonte de 3 anos?

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Como resultado destes 2 cruzamentos, vistos na figura 40, pode-se concluir que a

prática de feedback formal ajudar a reter pessoas e a desenvolvê-las para que possam um

dia chegar a ocupar uma posição de liderança, comprovando a hipótese 2.

Fonte: Visagio (2016)

7.2.4 Modelo de Gestão

Para análise da aplicação do modelo de gestão nas empresas, foram feitas 4

perguntas, localizadas no tópico 2 da segunda parte “Parte II – Boas Práticas em Gente e

Gestão” na pesquisa, como pode ser visto no Anexo C.

Como citado nas diferenças entre o RH Clássico e o modelo de Gente e Gestão e

descrito no Capítulo 4, o modelo descrito traz a área de Gestão de Pessoas como

protagonista de funções estratégicas, como o próprio o modelo de gestão, planejamento

estratégico, desdobramento de metas e gerenciamento da rotina da empresa. Assim,

através das perguntas da pesquisa é possível avaliar tais pontos nas empresas

participantes.

Figura 40: Como a prática de feedbacks formais influencia no encarreiramento?

Page 91: GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10020479.pdf · Figura 5: Etapas de amadurecimento da potencialização do talento de

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Como resultado da pergunta 2a, pode-se observar que na maior parte das empresas

participantes (56%) o RH apenas participa do planejamento estratégico, mostrando que

ainda não estão maduras o suficiente neste ponto diferencial do modelo de Gente e

Gestão, que coloca a área como o próprio responsável pelo planejamento estratégico.

Nesse caso, apenas a 18% das empresas se mostraram aplicar tal boa prática do modelo,

como visto na figura 41.

Fonte: Visagio (2016)

Analisando os resultados da pergunta 2b, pode-se avaliar o quanto o modelo de

gestão descrito no capítulo 4 é efetivamente aplicado nas empresas participantes e o

quanto a área de Gestão de Pessoas está envolvida em cada. Pode-se concluir que, em

geral, quando contemplado, o modelo de gestão não é de responsabilidade da área, como

pode ser visto na figura 42, onde os participantes que apontaram ter a área de Gestão de

Pessoas como guardiã dos tópicos do modelo de gestão de suas empresas representam a

minoria: 3% da metodologia de melhoria contínua (PDCA e SDCA), 13% das reuniões

periódicas de gestão da rotina, 15% da metodologia de acompanhamento e avaliação de

projetos, 16% dos indicadores de processos das áreas e 13% dos processos mapeados (a

partir do SIPOC das áreas) (figura 42). Isso mostra, mais uma vez, a falta de maturidade

Figura 41: Como é o envolvimento da área de Gestão de Pessoas no planejamento

estratégico

Page 92: GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10020479.pdf · Figura 5: Etapas de amadurecimento da potencialização do talento de

81

das empresas em relação à aplicação do modelo de gestão apresentado no modelo de

Gente e Gestão.

Fonte: Elaboração própria (2017)

Já em relação ao ciclo de metas, foram obtidos alguns resultados mais

interessantes. Na maior parte, ou seja, em mais do que 50% das empresas participantes o

RH é ativamente envolvido em todas as etapas do ciclo de metas, como pode ser visto

nos resultados da pergunta 2c na figura 43.

Figura 42: O que contempla o modelo de gestão em sua empresa e qual é o envolvimento da

área de Gestão de Pessoas nele

Figura 43: Em quais etapas do ciclo de metas o RH é ativamente envolvido

Fonte: Elaboração própria (2017)

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Porém, analisando os resultados da pergunta 2d na figura 44, conclui-se que o

desdobramento de metas das empresas participantes atinge, em sua maior parte, apenas

alta gestão e liderança, não sendo desdobrado para níveis mais baixos (staff) como

pregado no modelo descrito.

Fonte: Elaboração Própria (2017)

7.2.4.1 Hipótese 3 – O modelo de gestão baseado em indicadores aumenta o

engajamento no time

Para analisar a hipótese 3, foram cruzadas as perguntas 2c com a 6f, que podem

ser vistas no Anexo C.

A pergunta 6f avalia o % de engajamento resultante da pesquisa utilizada para

medição de tal índice nas empresas participantes. Dentre as empresas que indicaram

aplicar uma pesquisa de clima (satisfação) ou engajamento (57,4%), mais da metade

(62%) apresenta índice de engajamento maior do que 70%, considerado um índice alto,

ilustrado na figura 45.

Figura 44: O desdobramento de metas da empresa em metas individuais atinge qual(is)

nível(is)?

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83

Fonte: Elaboração própria (2017)

Para análise da hipótese 3, então, comparou-se o índice de engajamento das

empresas que indicaram contemplar indicadores em seu modelo de gestão na pergunta 2c

(já descrita na introdução do tópico 7.2.4) com o índice de engajamento das que indicaram

não aplicar um modelo de gestão baseado em indicadores. Tal resultado mostrou que 85%

das empresas possuem um modelo de gestão baseado em indicadores e todas apresentam

alto índice de engajamento, enquanto nenhuma das empresas que apontaram não aplicar

o uso de indicadores em seu modelo de gestão (15%) possuem um alto índice de

engajamento (figura 46). Isso demonstra como a medição e acompanhamento do

desempenho através de indicadores e metas no modelo de gestão motiva os colaboradores

à se desenvolverem mais e mostrar cada vez mais resultados, aumentando seu

engajamento e, assim, comprovando a hipótese 3.

Figura 45: Qual o índice de satisfação/engajamento aferido na última pesquisa?

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84

Fonte: Visagio (2016)

7.2.5 Prontidão de Gente

No capítulo 2, foi ressaltada a importância da participação da liderança nos programas

de porta de entrada para garantir que os profissionais contratados, em todos os níveis,

tenham o perfil necessário para contribuir efetivamente para o atingimento da missão da

empresa. Entretanto, apenas 15% das empresas participantes da pesquisa possuem um

alto envolvimento da liderança nesses programas, mostrando um baixo nível de

maturidade das empresas nesse ponto em relação ao modelo de Gente e Gestão

apresentado.

Figura 46: Modelo de gestão baseado em indicadores influencia meu engajamento?

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Realizando uma análise da retenção dos programas de porta de entrada após 3 anos

da sua realização, observa-se que em 81% das empresas onde liderança se envolve

diretamente nesses programas, a retenção de colaboradores considerada alta ou média,

contra apenas 37% das empresas onde a liderança não é envolvida (figura 47). Esse

resultado mostra que os líderes que participam do processo de recrutamento e seleção

ativamente, selecionando os melhores candidatos para cada cargo e os que possuem um

maior alinhamento com a cultura organizacional, impactam diretamente na retenção

desses colaboradores.

Fonte: Visagio (2016)

No capítulo 2 também foi destacada a importância dos programas de treinamento e

desenvolvimento na retenção de talentos, uma vez que é essencial que esses talentos se

sintam uma parte importante dentro do processo, desenvolvendo as habilidades

necessárias para executar as tarefas que lhe são atribuídas de forma comprometida e

assim, ajudar a empresa a atingir suas metas.

41% das empresas participantes da pesquisa afirmaram possuir algum tipo de on the

job training, mostrando que esses programas ainda precisam ser desenvolvidos na maior

parte das empresas analisadas. Ao analisar a retenção dos programas de recrutamento e

seleção dessas empresas, observa-se que em 59% das empresas que possuem programas

da capacitação, a retenção é considerada média ou alta, contra apenas 31% nas empresas

Figura 47: Envolvimento da liderança com os programas de porta de entrada

Page 97: GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10020479.pdf · Figura 5: Etapas de amadurecimento da potencialização do talento de

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que não possuem esse tipo de programa, como pode ser visto na figura 48. Esse resultado

confirma que a realização de programas de treinamento e desenvolvimento melhoram a

retenção dos colaboradores nas empresas.

Fonte: Visagio (2016)

7.2.6 Cultura e Engajamento

Além dos tópicos referentes aos 5 blocos do modelo de Gente e Gestão apresentados

neste trabalho, a pesquisa ainda possuía um tópico dedicado à análise da cultura e do

engajamento nas empresas, composto por 8 perguntas, localizadas no tópico 6 da segunda

parte “Parte II – Boas Práticas em Gente e Gestão” na pesquisa, como pode ser visto no

Anexo C.

A partir da questão 6a pode-se avaliar como é percebida a vivência da cultura nas

organizações participantes. Como resultado, obteve-se que apenas 40% dos participantes

apontaram ter cultura aderente aos valores das organizações, ponto pregado no modelo

de Gente e Gestão descrito (figura 49). Ainda que 28% das empresas tenham apontado

ter cultura parcialmente aderente aos seus valores, tais resultados mostram que a maior

Figura 48: Relação retenção com programas de treinamento

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parte das empresas não está madura ainda neste ponto reforçado pelo modelo, já que seus

valores não são totalmente refletidos na cultura do dia a dia.

Fonte: Visagio (2016)

Como descrito no Capítulo 4, no contexto de um modelo de Gente e Gestão, é crucial

que a cultura seja preservada e pregada de forma intensa por todos os colaboradores,

sendo o ideal que a liderança seja a protagonista nesta pregação e sirva de exemplo aos

demais. Dessa forma, através dos resultados da pergunta 6c, avalia-se quem é o principal

pregador e defensor da cultura da organização participante. Apenas 22% das empresas

participantes tem a liderança como principal pregadora da cultura, contra 49% que

apontou o protagonista como sendo a alta gestão (figura 50).

Figura 49: Como é percebida a vivência da cultura nas organizações?

Page 99: GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10020479.pdf · Figura 5: Etapas de amadurecimento da potencialização do talento de

88

Fonte: Visagio (2016)

Em relação aos valores essenciais para a sustentabilidade do modelo de Gente e

Gestão, descritos no Capítulo 4, foi analisado o grau de maturidade de cada empresa em

cada um deles, em uma escala de 1 a 4. Os resultados ilustrados na figura 51 ilustram o

percentual de empresas com maturidade plena (nota 3) ou avançada (nota 4) em cada um

de tais valores. Assim, pode-se observar que mais da metade das empresas estão com uma

maturidade plena ou avançada nos valores “Foco em resultado” e “Transparência”,

porém, nos demais valores, a maior parte das empresas apresenta maturidade baixa

(abaixo de 3) em cada um.

Figura 50: Quem são os guardiões da cultura?

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89

Fonte: Visagio (2016)

7.2.4.2 Hipótese 5 - Quando a liderança é protagonista da pregação da cultura, o

time é mais engajado

Para analisar a hipótese 5, foram cruzadas as perguntas 6c com a 6f, que podem ser

vistas no Anexo C.

Assim, comparou-se os índices de engajamento obtidos na pergunta 6f, cujos

resultados foram mostrados no tópico 7.2.4.1, entre as empresas que apontaram na

questão 6c, descrita na introdução do tópico 7.2.6, que o principal pregador e defensor da

cultura era a alta gestão, as que responderam ser a liderança e as que escolheram as demais

opções de resposta. Os índices de engajamento foram divididos em 3 faixas: baixo (abaixo

de 60%), médio (entre 60 e 80%) e alto (acima de 80%). Com isso, pode-se observar que

dentre as empresas que tem a liderança como principal pregadora da cultura, 44% delas

apresentam alto índice de engajamento, contra 31% das que tem a alta gestão como

principal defensora da cultura e 10% das que escolheram as demais opções (figura 52).

Ou seja, é mostrado que, de fato, há uma maior eficiência e efetividade na pregação dos

Figura 51: Qual é o nível de maturidade dos "Valores de Gente e Gestão"?

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90

valores na cultura da organização quando esta é feita pela liderança, aumentando o

engajamento do time e, consequentemente, comprovando a hipótese 5.

Fonte: Visagio (2016)

7.2.5 Análise de Maturidade

Após finalizada a obtenção das respostas da Pesquisa Práticas em Gente e Gestão,

foi calculado o nível de maturidade de cada empresa no modelo de Gente e Gestão.

O nível de maturidade calculado é em uma escala de 1 a 5, que era a quantidade

de opções de resposta que cada pergunta da pesquisa apresentava. Ou seja, para cada

opção de resposta das perguntas era atribuído um nível de maturidade. Assim, para chegar

ao valor do nível de maturidade foram somados todos os níveis de maturidade referente

à resposta de cada questão e, então, dividiu-se este valor pelo número total de questões.

Figura 52: Se a liderança é protagonista da pregação da cultura, meu time é mais

engajado?

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Analisando os resultados da pesquisa por setor, ilustrado na figura 53, tem-se que os

setores com empresas que apresentaram maior nível de maturidade no modelo de Gente

e Gestão foram o de Petróleo e Gás/Energia, com 3,6, e o de Serviços Financeiros, com

3,3.

Fonte: Visagio (2016)

Além disso, analisando o nível de maturidade das empresas participantes por

categoria da pesquisa, ou seja, os cinco blocos mais o tópico de Cultura e Engajamento,

pode-se ver na figura 54 que o Modelo de Gestão foi a categoria que apresentou maior

nível de maturidade das empresas, com nível 4,0, bem à frente do segundo lugar, que foi

a categoria de Incentivos Estratégicos, com 3,3.

Figura 53: Nível de maturidade das empresas por setor

Page 103: GENTE E GESTÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10020479.pdf · Figura 5: Etapas de amadurecimento da potencialização do talento de

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Fonte: Visagio (2016)

CONCLUSÃO

O objetivo desse trabalho era formalizar o modelo de Gente e Gestão, que combina

gestão de pessoas com gestão de resultados, implantado parcialmente ou integralmente

em diversas empresas hoje em dia e mostrar a metodologia de aderência ao modelo de

Gente e Gestão e a importância da sua adequação pelas empresas. Pode-se dizer que tais

objetivos foram alcançados, uma vez que foi feita uma base teórica conceituando todos

os aspectos permeados no modelo de Gente e Gestão e, então, feita uma pesquisa

exploratória do tipo de campo para comprovação de sua efetividade nas empresas.

Primeiramente, no capítulo 1, foi relatada tanto a história da evolução da área de

Recursos Humanos, desde a fase onde a função da área era apenas executar os registros

contábeis dos trabalhadores até sua fase estratégica de hoje em dia, quanto a história da

evolução da estratégia, desde sua fase focada em posicionamento de mercado até os dias

de hoje, em que é centrada em pessoas. Então, foi contada a história da origem da área de

“Gente e Gestão” na Ambev, através, primeiramente, da fusão das áreas de pessoas e de

qualidade com o fim do foco em produtos e início do foco em processos e, posteriormente,

Figura 54: Nível de maturidade das empresas por categoria

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93

evoluindo de Gente e Qualidade para Gente e Gestão, ganhando força com o Projeto

Manufatura que alavancou o modelo de gestão das fábricas da Ambev na época. Por fim,

resumiu-se as principais diferenças do modelo de Gente e Gestão para o modelo de RH

clássico, como o protagonismo do planejamento estratégico e o foco em sistemas de

remuneração de longo prazo.

No Capítulo 2, foi descrito o bloco Prontidão de Gente e a sua relevância como base

do modelo de Gente e Gestão, uma vez que o capital humano é o principal ativo de uma

organização. Primeiramente, foi destacada a importância da participação ativa da

liderança nos processos de atração e seleção dos talentos, garantindo que os profissionais

contratados tenham o perfil necessário para contribuir efetivamente para o atingimento

da missão da empresa e estejam alinhados com a cultura organizacional. Em seguida,

foram apresentados as ferramentas Employer Branding e EVP, que ajudam na valorização

da empresa como marca empregadora para o mercado de trabalho. Também foi ressaltado

o papel fundamental dos programas de treinamento e desenvolvimentos para a retenção

dos talentos na organização. No último tópico, foi incentivada a prática do recrutamento

interno para as vagas de liderança, dado que aproveita-se melhor o potencial humano da

organização e garante pessoas com a cultura e valores organizacionais bem desenvolvidos

No capítulo 3, foi destacada a importância dos incentivos estratégicos para incentivar

e reter os talentos. Os primeiros incentivos a serem apresentados foram os financeiros,

introduzindo o conceito de renumeração variável e destacando a necessidade dos mesmos

serem atrelados às metas individuais e da organização. Logo após, foram descritos os

principais tipos de incentivos financeiros: Bônus, PLR (Participação nos Lucros e

Resultados) e Stock Options. Por fim, através da explicação do círculo dourado, foram

apresentados os incentivos não-financeiros, aqueles que são relacionados ao propósito da

empresa.

No capítulo 4, foi explicada a estrutura do modelo de gestão, primeiramente,

composto pelo alinhamento estratégico da organização, com a definição do sonho grande

e valores e posteriormente análise SWOT para definição das estratégias, seguido do

desdobramento de metas, definidas através do orçamento, dos projetos estratégicos e das

vertentes Lucratividade, Longevidade e Caixa. Após definidas, as metas são desdobradas

desde a alta gestão até as equipes do menor nível hierárquico e, então, acompanhadas

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94

através do gerenciamento da rotina e gerenciamento de projetos, sempre buscando a

melhoria contínua.

No capítulo 5, foi explicado o conceito de meritocracia como sendo o modelo de

gestão baseado no mérito, no qual promoções e outras recompensas são obtidas por

aqueles que apresentam melhores resultados. Então, foi estruturada a forma de se

implantar um sistema meritocrático, primeiramente, estruturando-se um plano de cargos

e salários e um plano de carreiras, onde são definidas as competências e expectativas de

cada cargo, assim como a remuneração de cada nível e a “escadinha” de cargos que cada

cargo pode alcançar. Em seguida, implanta-se um modelo de avaliação de desempenho,

em que foram exemplificadas a matriz GE, que avalia performance e valores em 4

quadrantes, a matriz 9 Box que avalia potencial e desempenho em 9 quadrantes, e a matriz

6 Box que avalia aderência a cultura (valores) e desempenho (entregas) podendo

classificar os colaboradores em 6 quadrantes. Então, após feitas as avaliações, estas

servirão de base para recompensar os colaboradores, seja através de promoções ou outra

forma de recompensa, e dar a eles um feedback formal.

No capítulo 6, foi exposto o papel do líder como responsável por alcançar os

resultados desejados e os objetivos estratégicos da organização através do engajamento

de sua equipe, além de ser incentivador do crescimento dos colaboradores e disseminador

a cultura organizacional. Algumas técnicas de liderança foram descritas como a liderança

situacional, aquela que adapta o estilo de liderança à situação encontrada, e o feedback.

Posteriormente, foram descritas as habilidades de um líder, destacando a inteligência

emocional como diferencial. Também foi caracterizado o “Líder nível 5”, aquele que

constrói excelência duradoura por meio de uma mistura de humildade pessoal e força de

vontade baseada no profissionalismo. E finalmente, foram evidenciados a liderança pelo

exemplo e mindset de dono do negócio.

Por fim, foram analisados os resultados da aplicação da Pesquisa de Gente e

Gestão em 2016, na qual participaram 75 empresas com mais de 200 funcionários,

avaliando a aplicação do modelo de Gente e Gestão nas empresas levando em

consideração os 5 blocos do modelo, ou seja, Incentivos Estratégicos, Prontidão de Gente,

Modelo de Gestão, Meritocracia e Liderança, além de um tópico dedicado à Cultura e

Engajamento. Com isso, pode-se concluir que o modelo descrito neste trabalho de fato é

aplicado em diversas empresas, porém, não integralmente, pois muitas ainda não

apresentam maturidade em aspectos como incentivos financeiros e liderança. Além disso,

com base nos resultados da pesquisa, foram comprovadas as hipóteses levantadas no

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95

trabalho sobre a importância da adequação das empresas ao modelo, de acordo com a

figura 55.

Fonte: Elaboração própria (2017)

Como próximos passos, sugere-se que sejam feitas análises quantitativas e

estatísticas correlacionando as perguntas e respostas da Pesquisa de Gente e Gestão, para

que, assim, estude-se mais a fundo o que foi analisado neste trabalho de forma qualitativa

e, assim, obtenha-se resultados mais acurados sobre tais correlações e efetividade do

modelo de Gente e Gestão.

Hipóteses Descrição Categoria Situação Obs

Hipótese

1

Quando a liderança das empresas é cobrada pelo

engajamento, a retenção de funcionários melhoraLiderança Comprovada

O turnover das empresas onde a liderança é

cobrada pelo engajamento é menor do que nas

demais.

Hipótese

2

As práticas de feedbacks formais influenciam no

encarreiramento dos funcionários da empresa Meritocracia Comprovada

O percentual de vagas de liderança

preenchidas internamente e a retenção de

programas de porta de entrada no horizonte de

3 anos são maiores em empresas que aplicam

feedbacks formais.

Hipótese

3

O modelo de gestão baseado em indicadores

aumenta o engajamento do timeModelo de

GestãoComprovada

35% das empresas com modelo de gestão

baseado em indicadores apresenta alto

engajamento enquanto nenhuma das que não

tem indicadores apresenta alto engajamento.

Hipótese

4

Remuneração não é a única forma de retenção, as

pessoas precisam estar engajadas e alinhadas

com o propósito da empresa

Incentivos

Estratégicos

Parcialmente

comprovada

A hipótese se comprova quando se refere aos

talentos: o desligamento voluntário de talentos

não é diretamente proporcional às faixas de

remuneração.

Hipótese

5

Quando a liderança é protagonista da pregação da

cultura, o time é mais engajadoCultura &

EngajamentoComprovada

O nível de engajamento das empresas onde a

liderança é protagonista da pregação de cultura

é maior do que nas empresas onde a

protagonista é a alta gestão ou outros.

Figura 55: Resumo do Teste de Hipóteses

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ANEXO A – MEMBROS DO COMITÊ DE GENTE E GESTÃO

Fonte: Visagio (2016)

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100

ANEXO B – PARTICIPANTES DA PESQUISA

A Nossa Drograria

Alelo

AMIL

ANATEL

Andrade Gutierrez

BHG

BMC HYUNDAI

Brasil Brokers

Caedu

Casas Pedro

CCR

CELPA

CEMAR

CR Almeida

CR2

Cultura Inglesa

Edições Globo Condé

Nast

Eleva Educação

Embraco

Emerson

Enfil

EPE

Estácio de sá

Gerdau

GlobeNet

Grupo Baumgart

Grupo Caoa

Grupo CBO

Grupo de moda SOMA

Grupo Supricel

Guaracamp

Guarani

Hortifruti

Hoteis Villa Rossa

I&M Embalagens

IABAS

Imaginarium

Inbrands

Indústrias Granfino

INEA

Itaú Unibanco

Le Biscuit

Lee, Brock e Camargo

Advogados

Logum Logística

Mills Engenharia

Movile

Nitro Química

Novelis

Pearson

Petros

PGN

Piraquê

Qualicorp

Queiroz Galvão Óleo e

Gás

Raia Drogasil

Rede D´Or São Luiz

Rich do Brasil

Rock in Rio

Rodobens

Royal Palm Hotels &

Resorts

Rubberbras

SEEL Engenharia

SH Andaimes

Sieve (B2W)

Suzano

TV Globo

União Brasileira de

Vidros

Unidas

Vale

Vinci Partners

VLT Carioca

Vogel Telecom

Wheaton

Whirlpool

Wilson Sons

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101

ANEXO C – A PESQUISA

Parte 1

1. Identificação

Nome da Empresa

Setor

Outro Setor

Respondente

Cargo

Faturamento 2015

Total de colaboladores próprios

2. Indicadores de RH

a. Qual o percentual de turnover da sua empresa nos últimos 12 meses?

b. Qual o percentual de desligamento voluntário nos últimos 12 meses?

c. Existe um processo de mapeamento de talentos (ou high pontentials) em sua

empresa?

d. Qual o percentual de desligamento voluntário de talentos (ou high potentials)

nos últimos 12 meses?

3. Área de Gestão de Pessoas / RH / Gente e Gestão

a. Total de colaboradores próprios (no RH)

b. Total de colaboradores terceiros permanentes (no RH)

c. Qual o total de colaboradores (próprios + terceiros) dedicados aos processos

do Departamento Pessoal (Folha de Pagamentos, Ponto, Férias, Admissão e

Demissão)?

d. Qual o seu EBITDA/empregado referentes a 2015? (excluindo o orçamento

para pagamento da folha de pagamentos)

e. Qual o valor do orçamento de treinamento/ colaboradores referente a 2015?

f. A quem se reporta o Head de RH?

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g. Sobre o modelo de RH adotado na empresa, existem estruturas independentes

para:

h. O processamento da Folha de Pagamentos na sua empresa é:

i. Qual o total de colaboradores (próprios + terceiros) dedicados ao processo de

Folha de Pagamentos (pré-processamento/input e tratamento de dados ,

processamento da folha e pós processamento/conferência)?

4. Incentivos Financeiros

a. Qual percentual do lucro da empresa que é distribuído em forma de

remuneração variável ou bonificação anual?

b. Quantos salários em média compõem a bonificação anual e/ou PLR para a

Alta Gestão?

c. Quantos salários em média compõem a bonificação anual e/ou PLR para a

Liderança?

d. Quantos salários em média compõem a bonificação anual e/ou PLR para não

líderes (staff)?

e. Qual a estratégia de posicionamento de remuneração total da empresa em

relação à mediana de mercado para a Alta Gestão?

f. Qual a estratégia de posicionamento de remuneração total da empresa em

relação à mediana de mercado para Liderança?

g. Qual a estratégia de posicionamento de remuneração total da empresa em

relação à mediana de mercado para Staff?

h. Indique qual o painel de remuneração utilizado para responder as perguntas

acima?

i. A empresa utiliza algum incentivo financeiro de longo prazo para Alta Gestão?

j. A empresa utiliza algum incentivo financeiro de longo prazo para Liderança?

k. A empresa utiliza algum incentivo financeiro de longo prazo para Staff?

l. Quais os motivos que levam a empresa a adotar uma estratégia de

remuneração de longo prazo?

Parte 2

1. Incentivos Estratégicos

a. Avalie numa escala de 1 a 5 o grau de proximidade do Conselho de

Administração (ou do principal grupo de acionistas,

caso não exista conselho) com os processos de gestão de pessoas.

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b. No contexto da sua empresa, é possível o Head de RH ser cogitado entre os

sucessores do CEO, mesmo que a longo prazo.

c. A área de Gestão de Pessoas atua diretamente no desenho e dimensionamento

da estrutura organizacional para suportar o alcance da estratégia e metas da

empresa?

2. Modelo de Gestão

a. Com relação ao processo de planejamento estratégico em sua empresa:

b. Com relação ao modelo de gestão em sua empresa, ele contempla:

c. Em quais etapas do ciclo de metas o RH é ativamente envolvido:

d. O desdobramento de metas da empresa em metas individuais atinge qual(is)

nível(is)?

3. Meritocracia

a. Existe um ciclo formal de avaliação de desempenho? Qual público que está no

escopo?

b. Se sim, qual periodicidade é aplicada?

c. Quais dimensões são avaliadas nos colaboradores?

d. Os valores corporativos estão refletidos nas competências e na avaliação de

desempenho individual?

e. Marque abaixo o(s) tipo(s) de avaliação aplicada(s) no processo:

f. A avaliação é utilizada para quais finalidades?

g. Na sua empresa existe algum programa formal para mapeamento e avaliação

de sucessores?

h. Caso a empresa possua programa formal para mapeamento e avaliação de

sucessores, quais são os indicadores avaliados?

i. É utilizada alguma ferramenta/ metodologia para suporte ao processo de

avaliação de promoção?

j. Caso utilize matriz 9Box, qual o percentual de empregados enquadrados nos

quatro quadrantes superiores?

k. Sua empresa utiliza curva forçada para promoção/aumento de nível?

l. Existe uma comunicação dos talentos para a empresa?

m. Quais tipos de ação de reconhecimento sua empresa prevê em seu modelo

além de remuneração e promoção?

4. Liderança

a. Como os líderes da empresa são responsabilizados pela retenção de talentos?

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b. Como os líderes da empresa são cobrados pelo engajamento da equipe?

c. Qual o percentual estimado de vagas de liderança preenchidas via

recrutamento interno?

d. Qual o percentual estimado de vagas da liderança é recrutado via programas

de porta de entrada?

e. Quanto tempo de casa, em média, possui a liderança?

5. Pipeline de Gente e Desenvolvimento de Pessoas

a. Existem programas de Porta de Entrada?

b. Como é a retenção desses programas no horizonte de 3 anos?

c. O processo de recrutamento e seleção é realizado por empresa terceira?

d. A alta gestão da empresa se envolve diretamente no processo de recrutamento

através dos programas de porta de entradas?

e. A empresa possui um EVP formalmente definido e divulgado?

f. Enumere abaixo, por ordem de relevância, os fatores que você acredita serem

os maiores diferenciais para os colaboradores escolherem trabalhar na sua

empresa.

g. Na sua empresa existem caminhos de carreira claramente definidos e

divulgados para todos os empregados?

h. Na sua empresa existe um Plano de Desenvolvimento Individual (PDI)

formalmente definido?

i. O PDI está diretamente atrelado ao resultado da avaliação de desempenho?

j. A empresa possui Trilhas de Desenvolvimento para quais tipos de público?

l.A empresa possui outros tipos de ações de desenvolvimento além da

capacitação tradicional e do on-the-job training?

m. Quantas horas de treinamento, em média, os membros da Alta Gestão

recebem por ano?

n. Quantas horas de treinamento, em média, as Lideranças recebem por ano?

o. Quantas horas de treinamento, em média, os funcionários não líderes (staff)

recebem por ano?

p. Do total de treinamento oferecido para Alta Gestão, qual o percentual

executado com equipe interna (instrutores internos)?

q. Do total de treinamento oferecido para Liderança, qual o percentual executado

com equipe interna (instrutores internos)?

r. Do total de treinamento oferecido para Staff, qual o percentual executado com

equipe interna (instrutores internos)?

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6. Cultura & Engajamento

a. Em relação à cultura da sua organização, pode-se afirmar que:

b. No modelo de Gente e Gestão, percebe-se que algumas práticas, valores e

crenças são essenciais para a sustentabilidade do modelo. Numa escala de 0 a 4,

qual o grau de maturidade de cada um desses valores na sua organização?

c. No contexto de um modelo de Gente e Gestão, é crucial que a cultura seja

preservada e pregada de forma intensa por todos os colaboradores. Dessa forma,

na sua visão, que é hoje o principal pregrador e defensor da cultura da

organização?

d. A sua empresa possui a prática de aplicação períódica de pesquisa de clima ou

engajamento?

Caso tenha respondido sim à pergunta acima

e. Qual tipo de pesquisa é aplicada: de clima (satisfação) ou engajamento?

f. Qual o índice de satisfação / engajamento aferido na última pesquisa?

g. Para qual finalidade é utilizado os resultados da pesquisa

h. Qual o procedimento praticado pós pesquisa: