Gil Vicente 1

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GIL VICENTE E O TEATRO PORTUGUÊS (XV-XVI) 1

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Apresentação

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GIL VICENTE

E O TEATRO PORTUGUÊS (XV-XVI)

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NATUREZA DESIGNAÇÃO LOCAL

Representa-ções de carácterreligioso

Mistérios (representações da vida de Cristo) Igrejas

Milagres (representações de milagres operados por umsanto ou pela Virgem)

Mosteiros

Moralidades (representações de carácter educativo, em queas personagens eram alegóricas, isto é, abstracçõespersonificadas de virtudes e vícios)

Igrejas eao ar

livre

Representa- ções de carácterprofano

Momos e Entremezes (pequenas representações de carácter satírico, envolvendo mímica, em que os atores se podiam disfarçar de animais)

CastelosCorte

Palácios

Farsas (representações de carácter crítico e popular, em que se zombava de forma exagerada, através do cómico, osdefeitos, os Vícios e fraquezas de diversas figuras da sociedade.

Palácios, corte

Sotties (farsas breves em que se criticavam tipos e Instituições sociais através de «parvos» simbólicos (bobos)

Palácios, corte

Manifestações teatrais

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Gil Vicente não é o criador do teatro português, uma vez que ele já existia na Idade Média, mas é o primeiro dramaturgo português, ou seja, o primeiro a escrever textos dramáticos para serem representados.

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GIL VICENTENasceu alguns anos antes ou depois de 1465 e faleceu por volta de 1536. Testemunhou:

-as lutas políticas do reinado de D. João II

- a descoberta da costa africana e a chegada de Vasco da Gama à Índia

- as conquistas de Afonso Albuquerque, Francisco de Almeida

- a transformação de Lisboa no cais mundial da pimenta

- o fausto do reinado de D. Manuel (Jerónimos, do convento de Tomar)

- as perseguições sangrentas aos cristãos-novos

- os começos da crise do reinado de D. João III, que trouxe a Inquisição.

O nome de Vicente, que não é fidalgo, sugere uma origem popular ou burguesa.

Era também Ourives e cinzelou a custódia de Belém. Foi protegido da «Rainha Velha», Dona Leonor, irmã de D. Manuel viúva de D. João II. 1513

Foi Mestre da Balança da Casa da Moeda de Lisboa. 3

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Os seus autos nasceram das festividades palacianas, comemorando o primeiro deles, o Monólogo do Vaqueiro, (ou Auto da Visitação) o nascimento do futuro rei D. João III, em 1502. A sua última obra Floresta de Enganos, data de 1536.

Durante cerca de trinta e cinco anos Gil Vicente foi nas cortes de D. Manuel I e de D. João III uma espécie de organizador dos espectáculos palacianos, com o encargo de festejar nascimentos e casamentos, chegadas e partidas de reis e príncipes e os dias solenes na corte, como o Natal e a Páscoa

Foi casado duas vezes. Da primeira mulher (Branca Bezerra) teve dois filhos: Belchior e Gaspar. Da segunda (Melícia Rodrigues) teve três: Paula Vicente, Luís Vicente e Valéria Borges. A partir de 1537 Paula Vicente foi «moça de câmara» da infanta Dona Maria.

Luís e Paula Vicente tiveram um papel importante na publicação em 1562 da Copilação das obras paternas.

O seu teatro é, por conseguinte, um teatro de corte.

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Gil Vicente – Autor de transição (1460/70 -1536)

Gil Vicente viveu numa época de transição de mentalidades:

Mentalidade medieval (teocêntrica) Mentalidade renascentista (antropocêntrica)

Esse conflito faz com que Gil Vicente pense em Deus e ao mesmo tempoexalte o homem livre. Esse conflito interior é visto na sua obra, pois:- critica, de forma impiedosa, toda a sociedade do seu tempo, adotando

assim uma postura moderna;- mas tem ainda o pensamento voltado para Deus, característica do

mundo medieval.

O seu teatro vai ser um teatro de transição, com características dasduas épocas:

É um teatro de inspiração religiosa e de estrutura alegórica (influência das representações religiosas)

É um teatro satírico, dada a atitude crítica que toma face à sociedade do seu tempo (influência da mentalidade renascentista)

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CIRCUNSTÂNCIAS HISTÓRICO-SOCIAIS DO APARECIMENTO DO TEATRO VICENTINO

GENERALIZADO CLIMA DE CORRUPÇÃOGENERALIZADO CLIMA DE CORRUPÇÃO

Para compreendermos o teatro vicentino, é necessário atendermos a um conjunto de circunstâncias históricas que o tornam possível.

• As casas religiosas acusavam um desleixo de costumes devido ao abuso das comendas (benefícios cedidos a eclesiásticos), ao elevado número de mosteiros e ao recrutamento de frades sem vocação

• A administração pública e a Corte estavam repletas de indivíduos corrompidos;

• A pequena nobreza considerava coisa indigna o trabalho, levando uma vida parasitária e cada vez mais empobrecida. A gente do campo ou sofria esmagada pelos impostos ou fugia para o comércio.

• Portugal viu-se invadido por muita gente de língua castelhana, desde rainhas e suas damas e criadas, até aos judeus e ciganos.

• Os Juízes deixavam-se corromper, aceitando subornos.

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A SUA OBRA – ESPELHO DA SOCIEDADE DO SEU TEMPO

A sua obra pode ser dividida em três grupos: AUTOS RELIGIOSOS(MORALIDADES), FARSAS, COMÉDIAS. O seu objectivo foi moralizar edivertir, seguindo o princípio latino:

• “RIDENDO CASTIGAT MORES”(a rir corrigem-se os costumes)

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Gil Vicente soube aproveitar a sua situação na corte para uma crítica atrevidíssima de diversos vícios sociais, especialmente relativos à nobreza e ao clero. E por isso, o seu teatro dá-nos um espelho satírico da sociedade portuguesa, que interessa duplamente como depoimento acerca dessa sociedade e como expressão da ideologia do seu autor.

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PEÇAS MAIS EMBLEMÁTICAS1509 Auto da Índia1512 O Velho da Horta 1515 Quem tem farelos1517 Auto da Barca do Inferno1518 Auto da Barca do Purgatório

Auto da Alma1519 Auto da Barca da Glória1520 Auto da Fama1521 Cortes de Júpiter1523 Farsa de Inês Pereira1524 Comédia do Viúvo1526 O juiz da Beira1526 Templo de Apolo1528 Auto da Feira1529 O Clérigo da Beira1532 Auto da Lusitânia1533 Romagem dos Agravados1536 Floresta de Enganos

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