Gottiniaux Et Al. Cap. II

2
GOTTINIAUX, Pierre et al. Os números da dívida 2015. [s. L.]: CADTM, 2015. Gottiniaux et al. (2015, p. 34) aponta para a distinção entre divida externa pública e privada, sendo a primeira contraída pelo Estado junto aos credores internacionais, e a segunda por particulares (entidades financeiras, empresas e famílias). Os autores apontam para o perigo de a dívida externa tornar “os países devedores vulneráveis às mudanças do contexto financeiro internacional (crise financeira noutros países, subida das taxas de juros internacionais, etc.)”, podendo assim, representar “um sinal do grau de dependência duma economia em relação ao financiamento externo e à captação de recursos internos” ( GOTTINIAUX et al., 2015, p. 34). De acordo com os autores, entre 2000 e 2012 a divida externa do Sul duplicou, de quase dois trilhões de dólares para quase cinco trilhões de dólares. Grande parte desta dívida concentra-se, sobretudo, na Ásia e na América Latina; e sendo predominantemente do setor privado ( GOTTINIAUX et al., 2015, p. 35). Os dados são ainda mais expressivos de comparar os valores de 2012 com 1980, tendo a dívida externa dos países do Sul se multiplicado por nove. Cerca de 30 % dessa dívida foram contraídos pelo setor público. Em se tratando do da dívida pública, os autores dividem entre divida multilateral e bilateral, sendo que

description

Os números da dívida

Transcript of Gottiniaux Et Al. Cap. II

Page 1: Gottiniaux Et Al. Cap. II

GOTTINIAUX, Pierre et al. Os números da dívida 2015. [s. L.]: CADTM, 2015.

Gottiniaux et al. (2015, p. 34) aponta para a distinção entre divida externa

pública e privada, sendo a primeira contraída pelo Estado junto aos credores

internacionais, e a segunda por particulares (entidades financeiras, empresas e famílias).

Os autores apontam para o perigo de a dívida externa tornar “os países

devedores vulneráveis às mudanças do contexto financeiro internacional (crise

financeira noutros países, subida das taxas de juros internacionais, etc.)”, podendo

assim, representar “um sinal do grau de dependência duma economia em relação ao

financiamento externo e à captação de recursos internos” (GOTTINIAUX et al., 2015,

p. 34).

De acordo com os autores, entre 2000 e 2012 a divida externa do Sul duplicou,

de quase dois trilhões de dólares para quase cinco trilhões de dólares. Grande parte

desta dívida concentra-se, sobretudo, na Ásia e na América Latina; e sendo

predominantemente do setor privado (GOTTINIAUX et al., 2015, p. 35). Os dados são

ainda mais expressivos de comparar os valores de 2012 com 1980, tendo a dívida

externa dos países do Sul se multiplicado por nove. Cerca de 30 % dessa dívida foram

contraídos pelo setor público.

Em se tratando do da dívida pública, os autores dividem entre divida multilateral

e bilateral, sendo que

[...] a dívida bilateral e sobretudo a dívida contraída junto de instituições financeiras internacionais (FMI, Banco Mundial, bancos regionais de desenvolvimento, etc.) reflectem [sic] os problemas de financiamento nos mercados privados. Estes créditos oficiais são geralmente acompanhados de condições que impõem ajustamentos brutais, com consequências desastrosas para as classes populares do país submetido a essas exigências. (GOTTINIAUX et al., 2015, p. 36).

Gottiniaux et al. (2015, p. 39) abordam também o chamam de dívida odiosa:

“[e]m muitos casos, o processo de acumulação da dívida foi iniciado por governos não

democráticos. À partida essa dívida deve ser considerada odiosa, o que põe fim à

obrigação de reembolsarem os credores”. Para os autores, em termos gerais, uma dívida

odiosa corresponde aos seguintes critérios: a) ausência de consentimento por parte da

população do Estado devedor; b) ausência de benefícios para a população; c)

conhecimento dos credores acerca dos elementos que acabamos de mencionar.