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Projeto 914BRZ1006 SEME/UNESCO GUIA DIDÁTICO: ESPORTES AQUÁTICOS - INDIVIDUAIS E COLETIVOS (versão preliminar) Consultora Meico Fugita São Paulo 2013

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Esportes aquáticos

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  • Projeto 914BRZ1006

    SEME/UNESCO

    GUIA DIDTICO:

    ESPORTES AQUTICOS - INDIVIDUAIS E COLETIVOS

    (verso preliminar)

    Consultora Meico Fugita

    So Paulo

    2013

  • Este guia aborda os vrios aspectos da interao da pessoa com o meio aqutico,

    comeando pela compreenso do ambiente, onde ocorrem as aes. Segue com as

    demandas para a adaptao do iniciante ao meio e aborda a aquisio das habilidades

    aquticas, o processo de ensino-aprendizagem e o de avaliao.

    As situaes didticas mostram como se pode aplicar o que foi pensado a partir

    da viso dos autores envolvidos, mas o guia ser sempre reconstrudo medida que os

    educadores do Programa Clube Escola se apropriem de seu contedo, o modifiquem e o

    ressignifiquem, com base em seu conhecimento advindo da prtica pedaggica e dos

    resultados de seu sistema de avaliao. o educador que, na sua prtica reflexiva,

    constantemente atualiza e alinha propostas pedaggicas com sua realidade de trabalho..

    LISTA DE ABREVIATRAS

    CBDA Confederao Brasileira de Desportos Aquticos

    COB Comit Olmpico Brasileiro

    COI Comit Olmpico Internacional

    FINA Fdration Internationale de Natation

    Federao Internacional de Natao

    SEME Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreao

    UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

    Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura

  • SUMRIO

    Captulos

    1. Introduo ...........................................................................................................01

    2. Compreenso e caractersticas comuns da famlia esportiva

    2.1 Propriedades do meio aqutico .....................................................................02

    2.2 Demandas para o praticante ..........................................................................04

    3. Modalidades da famlia dos Esportes Aquticos e Coletivos .............................07

    3.1 Fundamentos, aes funcionais e gestos tcnicos .........................................08

    4. Competncias e habilidades relacionadas aos quatro pilares da educao da

    UNESCO ............................................................................................................14

    4.1 Competncias no contexto esportivo ............................................................15

    5. Processos pedaggicos ........................................................................................19

    5.1 Experincias estimuladoras de aprendizagem ..............................................22

    5.2 Sugestes de atividades comuns a todos esportes aquticos .........................23

    5.3 Avaliao .......................................................................................................47

    5.4 Festivais, eventos e construo de materiais didticos ..................................52

    5.5 Importncia dos materiais didticos ..............................................................52

    6. Para saber mais: links, vdeos e referncias ........................................................53

    7. Referncias ..........................................................................................................54

  • FIGURAS

    pgina

    Figura 1 Esporte para ampliar capacidades e oportunidades 1

    Figura 2 Conceito de densidade 5

    Figura 3 Esportes aquticos 7

    Figura 4 Modelo de classificao contnua 8

    Figura 5 Igualdade e integrao social 14

    Figura 6 Saberes e suas relaes 16

    Figura 7 Fatores de adaptao 22

    Figura 8 Objetos: formas e volumes 24

    Figura 9 Galo como facilitador da flutuao 26

    Figura 10 Processo de mudana 31

    Figura 11 Tina do nado sincronizado 42

    Figura 12 Imagem com apontamento da forma de execuo 49

    Figura 13 Imagem para conhecimento da forma de execuo 50

  • QUADROS

    Pgs.

    Quadro 1 Natao 10

    Quadro 2 Maratonas aquticas 10

    Quadro 3 Saltos ornamentais 11

    Quadro 4 Nado sincronizado 11

    Quadro 5 Polo aqutico 12

    Quadro 6 Modalidades e exigncias 12

    Quadro 7 Questes desencadeadoras do planejamento 13

    Quadro 8 Os quatro pilares da Educao da UNESCO 17

    Quadro 9 Competncias relacionadas aos quatro pilares 18

    Quadro 10 Palmateios 27

    Quadro 11 Eggbeater (pernada alternada) 28

    Quadro 12 Categorias de movimento 30

    Quadro 13 Possibilidades de variao dos movimentos 32

    Quadro 14 Registro da avaliao 48

    Quadro 15 Perguntas para a avaliao do trabalho 51

  • 1

    GUIA DIDTICO:

    ESPORTES AQUTICOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS

    1. Introduo

    Este guia norteado pela proposta de desenvolvimento humano por meio da

    prtica esportiva. Nesse sentido, espera-se que os esportes aquticos tratados neste guia

    abram caminhos, e ampliem as capacidades e as oportunidades de crianas e jovens do

    Clube Escola para concretizarem seus projetos pessoais e assim, construrem uma

    sociedade ativa que respeite a diversidade e a participao.

    Figura 1: esporte para ampliar capacidades e oportunidades.

    Na interao com o meio aqutico, na explorao de suas possibilidades, no

    exerccio de suas escolhas e na construo de suas experincias com as pessoas sua

    volta os aprendizes sero estimulados a percorrer suas trilhas prprias de

    desenvolvimento.

    Inmeras questes costumam se colocar a quem ensina esportes aquticos, entre

    elas:

    Ser que entender o nadar como uma possibilidade de desenvolvimento humano

    muda a compreenso do que saber nadar?

    Que capacidades so importantes para que algum pratique natao, polo aqutico,

    nado sincronizado, saltos ornamentais, mergulho livre, hidroginstica ou corrida

    aqutica?

    Quais oportunidades devem ser oferecidas para que as pessoas se desenvolvam por

    meio das atividades realizadas no meio aqutico?

    Que nvel de afinidade o praticante deve ter com o meio aqutico?

  • 2

    A imitao e a incorporao do modelo tcnico levam naturalmente a um maior

    domnio desse meio?

    As respostas para estas questes aparecero ao longo do texto. Algumas

    perguntas sero inseridas como provocaes que o educador poder fazer aos seus

    alunos e pesquisar junto com eles para que conseguir as respostas.

    O contedo foi dividido nos seguintes tpicos:

    1. Compreenso e caractersticas comuns da famlia esportiva.

    2. Modalidades da famlia esportiva.

    3. Competncias e habilidades comuns relacionadas aos quatro pilares da educao

    que podem ser desenvolvidas nessa famlia esportiva.

    4. Processos pedaggicos: sugestes de atividades e instrumentos de avaliao.

    5. Festivais, eventos e construo de materiais didticos, entre outros.

    6. Para saber mais: links, vdeos e referncias.

    Em relao leitura complementar, ela poder aparecer em quadros de destaque

    como:

    Para saber mais:

    Como o conhecimento sobre o tema no se esgota neste guia, sugerimos links, vdeos e

    referncias que podem interessar a educadores, gestores, alunos e famlia. Exemplo:

    Desenvolvimento humano

    Vide Documento Norteador desta proposta.

    HTTP://www.pnud.org.br/IDH/DesenvolvimentoHumano.aspx?indiceAccordion=0&li=li_DH

    2. Compreenso e caractersticas comuns da famlia esportiva

    2.1 Propriedades do meio aqutico

    Na famlia dos Esportes Aquticos Individuais e Coletivos, a expresso meio

    aqutico designa tanto o local no qual so praticados esportes em guas delimitadas de

    piscinas como tambm aqueles praticados em guas abertas, onde se fazem travessias

    (represa, lago, mar etc.).

    Ao entrar no meio aqutico pela primeira vez, a maioria das pessoas sente, ao

    tentar caminhar, uma forte resistncia da gua contra o avano e, ao mesmo tempo, a

    falta de uma base suficientemente firme para se equilibrar. Para elas, o problema :

    como se apoiar, sustentar-se, avanar, submergir ou emergir? Como sofrer menor

    resistncia e obter maior assistncia1

    para executar essas aes com eficincia?

  • 3

    Vejamos brevemente algumas propriedades do meio aqutico, por serem elas as

    primeiras perturbaes que os novatos enfrentam. Compreend-las pode ajudar o

    professor a relacionar as questes com vivncias que estimulem no aprendiz a

    curiosidade e o envolvimento com a prtica. Seguem-se alguns exemplos:

    A massa do corpo, quantidade de matria que ele compreende, define sua

    densidade pela diviso da massa (kg) pelo volume (m3). Quanto maior a

    massa do corpo e menor o seu volume, maior ser a densidade desse corpo.

    Na prtica: se duas pessoas pesam 70 kg, uma apresentando hipertrofia

    muscular e outra obesidade, qual delas flutuar mais facilmente?

    Essa questo poderia levar o aluno a pensar sobre as diferenas individuais e,

    ao mesmo tempo, em solues para cada caso, sem passar pelo julgamento de

    ser mais ou menos capaz.

    E se aluno perguntar: como se calcula o volume do corpo?

    http://quimica2-marupiara.blogspot.com.br/2009/11/volume-do-corpo.html

    O empuxo a principal fora esttica, vertical e dirigida para cima, associada

    ao volume do corpo total ou parcialmente submerso, sendo oposto fora da

    gravidade (fora peso). Na prtica: o que acontece quando a pessoa tenta se

    sentar no fundo da piscina? O que acontece quando em flutuao ela levanta

    os braos acima da superfcie? Essas experincias podem estimular o aluno a

    outros desafios.

    Empuxo

    http://www.youtube.com/watch?v=84hEFigxBOs

    http://www.youtube.com/watch?v=jdxR8aaFR5E

    http://www.youtube.com/watch?v=QjaBIdSgDcU

    A fora peso atrai o corpo para o centro da Terra, e o ponto de aplicao

    dessa fora representa o centro de massa do corpo. O ponto de aplicao da

    fora empuxo representa o centro volumtrico do corpo. A estabilizao do

    corpo se d pelo equilbrio entre o centro de massa (CM) e o centro de

    empuxo (CE)2. Na prtica, esse equilbrio se mostra em todos os que tentam

    flutuar de costas? Que experincias poderiam dar ao aluno condies para se

    estabilizar na gua?

  • 4

    O corpo parado (parte imersa) sofre presso do lquido (presso hidrosttica)

    por todos os lados, sendo mais perceptvel no trax, pela resistncia sua

    expanso. Ela proporcional densidade do lquido e profundidade. Na

    prtica, que sensaes decorrentes dessa presso podem causar insegurana

    ao iniciante? De que experincias ele precisa para superar essa fase?

    A tenso superficial o efeito na superfcie da gua em forma de camada

    elstica resistente, como consequncia da diferena da fora de atrao das

    molculas que esto na superfcie e das que esto abaixo dela. Na prtica: o

    que acontece quando a pessoa d uma barrigada na gua ao mergulhar?

    Conhecendo esse efeito, o aluno teria condies de propor solues para

    evitar a barrigada?

    Tenso superficial

    http://www.gizmodo.com.br/um-perfeito-e-refrescante-exemplo-de-tensao-superficial

    O corpo em movimento sofre a atuao de foras dinmicas no sentido oposto

    ao do movimento, provocadas pela frico da gua com o corpo, produzindo

    uma fora de arrasto que oferece resistncia diminuindo a velocidade do

    movimento. Sendo esta inevitvel, o que o nadador pode fazer para ser mais

    eficiente? A partir desse conhecimento, ele poderia ser estimulado a propor

    uma soluo hidrodinmica na aula?

    As foras dinmicas tambm podem atuar perpendicularmente direo da

    propagao, produzindo outro tipo de resistncia que favorece a sustentao.

    Pensando nisso, como nadadores, saltadores, jogadores de polo aqutico ou

    praticantes de nado sincronizado se mantm em p na gua? Ser que nosso

    aluno poderia propor vrias situaes de sustentao vertical e classific-las

    da menos para a mais eficaz?

    2.2. Demandas para o praticante

    No raro ouvir um iniciante dizer eu sou um martelo sem cabo, mostrando

    sua dvida quanto a ser capaz de flutuar e nadar, ou tambm eu queria saber boiar... at

    uma pessoa mais gorda do que eu boia. Como ele poderia mudar esse pensamento?

    No seria interessante saber mais sobre as densidades de msculos, ossos e gordura1?

  • 5

    Figura 2: conceito de densidade.

    Pela possibilidade de afogamento, o meio aqutico representa um grande desafio

    para alguns iniciantes, principalmente para aqueles que j tiveram uma experincia

    traumtica, ou que tm alguma deficincia motora ou sensorial, entre outras. No caso

    dos esportes aquticos, muito importante superar o trauma. Em que medida um

    ambiente cooperativo pode garantir a autoestima elevada de todos para que enfrentem

    os desafios e passem a agir com autonomia? Como organizar tal ambiente?

    Responsabilidade e confiana

    http://www.youtube.com/watch?v=b9NAXcqjneM

    O que se sabe de antemo que a prioridade comum a todos os que querem

    praticar esportes aquticos a adaptao do corpo ao meio aqutico, sendo que tal

    adaptao no deve se limitar a condicionar o corpo para responder mecanicamente s

    exigncias e variaes do meio. Sendo essa uma etapa de desconforto desencadeado

    pelas peculiaridades do ambiente (sensao de falta de ar, frio, viso turva quando

    submerso etc.), preciso estar motivado para iniciar o processo e ter curiosidade para

    continuar, portanto, essa adaptao demanda favorecer a sintonia entre o praticante e a

    gua.

    J que a locomoo pode ser mais ou menos eficaz de acordo com o equilbrio

    entre foras propulsivas e resistivas2, importante que os praticantes estejam

    habilitados a maximizar as propulsivas e minimizar as resistivas, manipulando3 a gua

    de modo a control-la e, assim, atingirem o objetivo de modo eficaz, j que em vrios

    momentos sua propriocepo ter que dar conta da variao da resistncia sua volta e

    lidar com as marolas e outras exigncias espaciais ou temporais geradas pelos demais

    participantes, em oposio ou em cooperao.

    Objetos que:

    * flutuam

    * afundam

    Como flutuar?

    Por qu?

  • 6

    Assim como a viso e a audio facilitam o entendimento da informao prvia

    e concomitante sobre a ao a ser executada, a propriocepo um sentido muito

    valioso no meio aqutico, pois permite reconhecer cada parte do prprio corpo em

    relao s outras sem que seja preciso olhar para si mesmo. Permite ainda estabilizar o

    corpo e coordenar as aes dos membros inferiores e superiores pela estabilizao do

    core4,5

    . Core o conjunto de msculos do complexo quadril-plvico-lombar.

    Core

    http://www.efdeportes.com/efd163/core-training-suas-aplicacoes-nos-esportes.htm

    Para pensar: os sentidos remanescentes de pessoas com deficincias sensoriais so

    desenvolvidos naturalmente com a prtica ou devem ser estimulados6 para fornecer

    informao relativa ao movimento?

    Presume-se que, satisfeitas tais demandas, se favorea a aprendizagem do nadar

    no sentido amplo, ou seja, a aplicao de diferentes tcnicas de locomoo em todas as

    posies e planos, direes e sentidos saltar, mergulhar e emergir, conduzir pessoas e

    objetos e estabilizar-se de forma natural e fluente, pois, se a gua deixa de ser uma

    barreira, ela pode ser uma aliada que favorea suas aes7. Portanto, nadar, em sentido

    amplo, deve refletir a conscincia de estar na gua.

    O desenvolvimento de tal competncia aqutica est intimamente ligado ao

    projeto pessoal do aprendiz em relao sua prtica, sendo, por isso, interessante que o

    ambiente pedaggico permita a ele envolver-se com sua aprendizagem, cultivar o

    cuidado e o bom relacionamento com seus pares, obter informao para solucionar

    dvidas e saber avaliar a si e o processo de aprendizagem. Ser competente, entendendo

    competncia como uma somatria de saberes utilizados para resolver situaes-

    problema em diferentes contextos de prtica, ter perspiccia, antecipao e

    versatilidade, entre outras qualidades que podem favorecer o praticante a responder de

    modo eficaz s solicitaes no ambiente. Portanto, esto envolvidas, simultaneamente,

    as dimenses motora, afetiva, social, cognitiva. Sendo assim, no h por que estabelecer

    apenas objetivos exclusivamente motores8

    no planejamento das situaes de

    aprendizagem. O conceito de ao explicitado no Documento Norteador da proposta

    pedaggica do Clube Escola deixa essa integrao das diferentes dimenses do

    comportamento humano bem claras.

  • 7

    3. Modalidades da famlia dos Esportes Aquticos e Coletivos

    So reconhecidos como esportes aquticos aqueles cuja regulamentao

    definida pela Federao Internacional de Natao (FINA), no cenrio internacional, e

    pela Confederao Brasileira de Desportos Aquticos (CBDA), no Brasil. So eles:

    natao (em piscina) e maratonas aquticas (em guas abertas), nado sincronizado, polo

    aqutico e saltos ornamentais. Nestes, estar com o corpo imerso na gua uma condio

    para atuar. Os esportes nuticos (canoagem, remo, vela) so diferentes dos esportes

    aquticos porque, apesar de tambm serem praticados no meio aqutico, de fato a

    embarcao que est na gua, e a pessoa deve permanecer dentro da embarcao, e no

    na gua.

    Figura 3: esportes aquticos

    Quanto classificao individual/coletivo, o polo aqutico a modalidade

    essencialmente coletiva, em que se confrontam duas equipes. Nas demais modalidades,

    h provas individuais e tambm coletivas. Entre as coletivas, h o revezamento, na

    natao, e a coreografia em equipe, no nado sincronizado. No revezamento, cada

    participante, alternadamente, nada em sua maior velocidade para que a equipe some o

    menor tempo; na coreografia em equipe do nado sincronizado, a atuao simultnea,

    havendo a obrigatoriedade de sincronizao entre todas as nadadoras e delas com a

    msica. A natao, os saltos ornamentais e o nado sincronizado tm provas individuais

    (solo e figuras). Nem individuais e nem coletivas, mas provas em duplas, so aquelas do

    nado sincronizado (dueto) e dos saltos ornamentais (salto sincronizado), caracterizadas

  • 8

    pela sincronia entre dois executantes. As provas individuais de figuras do nado

    sincronizado no so to populares como as provas em equipe.

    Assim, se a classificao pudesse ser uma linha contnua, das mais individuais

    para as mais coletivas, as maratonas aquticas estariam na extremidade individual e o

    polo aqutico, na extremidade coletiva. Entre esses extremos, a natao (individual e

    revezamento) e os saltos ornamentais (individual e dupla) estariam mais perto do

    individual, e o nado sincronizado, mais perto do coletivo (individual, dupla, equipe).

    ESPORTE AQUTICO

    coletiva individual

    polo aqutico nado sincronizado natao saltos ornamentais maratonas

    aquticas

    Figura 4: modelo de classificao contnua dos esportes aquticos.

    3.1. Fundamentos, aes funcionais e gestos tcnicos

    A famlia esportiva apresenta uma demanda bsica comum, como visto

    anteriormente, que lidar com o meio aqutico no sentido de nele se

    sustentar/estabilizar e deslocar de modo eficiente. preciso desenvolver uma sintonia

    do corpo com a gua que permita perceber, antecipar e agir de modo a alcanar o

    objetivo, tendo em vista que as modalidades esportivas aquticas se distinguem em

    vrios aspectos. O espao em que ocorrem, pode exemplo, pode ser separado, se os

    contendores estiverem em lugares distintos, ou compartilhado. O modo de participao

    pode ser simultneo, quando todos participam ao mesmo tempo, ou alternado, quando

    cada contendor ou equipe entra no espao da prova separadamente. A previsibilidade da

    ao difere de acordo com o ambiente, mais ou menos estvel, com a presena dos

    contendores no mesmo espao e com os implementos utilizados. Evidentemente, o

    grande diferencial entre as modalidades so as suas regras especficas e os seus

    objetivos, a saber: percorrer a distncia em menor tempo do que o adversrio (natao);

    obter uma nota melhor do que o adversrio (nado sincronizado e saltos ornamentais);

    fazer mais gols do que o adversrio (polo aqutico). Devido a isso as aes funcionais e

    os gestos tcnicos diferem entre as modalidades. Assim, considerando, por exemplo, o

    deslizar na natao imprescindvel adotar a posio o mais hidrodinmica possvel, a

  • 9

    que provoque o menor atrito possvel entre o corpo do nadador e a gua, para favorecer

    o deslocamento, alm de adequar a coordenao entre pernas, braos e respirao e a

    presso exercida pelas diferentes partes do corpo na gua. A posio hidrodinmica

    tambm importante nas demais modalidades aquticas para minimizar a resistncia ao

    avano, mas no constitui um fator de tanta importncia como na natao. No que diz

    respeito aos saltos ornamentais, o contato do praticante com a gua se d na finalizao

    do salto quando o corpo deve estar em perfeito alinhamento e extenso e de acordo com

    o especificado na regra. Como o salto termina aps a completa imerso, o alinhamento

    perfeito e perpendicular superfcie permite vencer a tenso superficial com eficincia e

    mergulhar sem espirrar muita gua. No nado sincronizado, embora uma posio mais

    hidrodinmica favorea o deslocamento de uma formao para outra, a presso exercida

    na gua pelo tronco e membros fundamental para a estabilizao, movimentao

    uniforme e controle da altura do corpo em relao superfcie. A mesma ao funcional

    poderia ser aplicada ao polo aqutico. Sendo este um esporte coletivo, recomendamos

    consultar tambm o Guia Didtico de Esportes Coletivos Terrestres.

    No que se refere s implicaes pedaggicas, interessante observar que h uma

    base comum para compreenso de como lidar com o meio aqutico nas diversas

    situaes que se apresentam. Assim, os contedos voltados para adaptao ao meio

    lquido, controle respiratrio, flutuao e autonomia merecem nfase no incio do

    processo de ensino-aprendizagem. As habilidades fundamentais sero ampliadas com

    vistas ao aprendizado dos diferentes esportes aquticos, porm com foco em suas

    demandas e na funcionalidade. Os gestos tcnicos9, especficos de cada modalidade,

    muitas vezes so vistos como universais, no entanto, no devem ser aprendidos de

    forma mecanizada, uniformizada, e visando somente a eficincia tcnica. No existe

    uma nica forma de executar um movimento. O gesto deve levar ao xito nas aes e,

    para isto, deve ser construdo de acordo com a especificao da regra, funcionalidade e

    caractersticas pessoais de quem o executa.

    De modo resumido, as modalidades poderiam ser caracterizadas de acordo com

    os seguintes quadros:

  • 10

    Quadro 1: Natao

    espao: separado por raias

    participao: simultnea dos contendores

    objetivo: completar o percurso (curto, mdio, longo), no menor tempo, com maior

    rendimento e menor desperdcio de energia

    previsibilidade: grande

    implementos: nenhum

    fundamentos: adaptao ao meio lquido, controle respiratrio, controle do corpo,

    habilidades motoras aquticas

    aes funcionais: adoo de posio hidrodinmica apresentando fluncia na

    coordenao entre membros inferiores, superiores e respirao, exercer presso

    adequada na gua

    gestos tcnicos: sadas, viradas, e movimentos de braos, pernas, tronco e cabea dos

    nados: crawl, costas, peito, borboleta.

    regras e regulamentos

    http://www.fina.org/H2O/index.php?option=com_content&view=category&id=82:swimming-

    rules&Itemid=184&layout=default

    http://www.regrasdenatacao.com.br/arquivos/regras2013.pdf

    Quadro 2: Maratonas aquticas

    espao: compartilhado com os contendores

    participao: simultnea dos contendores

    objetivo: completar o percurso no menor tempo com maior rendimento e menor

    desperdcio de energia.

    previsibilidade: pouca, pois o ambiente instvel

    implemento: nenhum

    fundamentos: adaptao ao meio lquido, controle respiratrio, controle do corpo,

    habilidades motoras aquticas

    aes funcionais: adoo de posio que permita orientao espacial apresentando

    fluncia na coordenao entre membros inferiores, superiores e respirao e tambm

    exercer adequada presso na gua

    gestos tcnicos: movimentos de braos, pernas, tronco e cabea dos nados: crawl,

    costas, peito, borboleta e suas variaes.

    regras e regulamentos http://www.fina.org/H2O/index.php?option=com_content&view=category&id=83:open-water-

    swimming-rules&Itemid=184&layout=default

    http://www.webesportes.com.br/admin/arquivo_notas_oficiais/619-TB_NOTA_BOLETIM-

    arquivo_nota_boletim.pdf

  • 11

    Quadro 3: saltos ornamentais

    espao: separado

    participao: alternada dos contendores

    objetivo: saltar de um trampolim ou plataforma e mergulhar na gua de modo perfeito

    segundo o critrio de julgamento da FINA

    previsibilidade: grande, pois o ambiente estvel

    estrutura: trampolim a 1 m, trampolim a 3 m e plataforma a 10m da superfcie

    fundamentos: adaptao ao meio lquido, controle respiratrio, controle do corpo,

    habilidades motoras aquticas

    aes funcionais: controle de posio do corpo, da fora de impulso, de velocidade do

    movimento e sincronizao.

    gestos tcnicos: sadas, saltos codificados e entrada na gua.

    regras e regulamentos

    http://www.fina.org/H2O/index.php?option=com_content&view=category&id=84:diving-

    rules&Itemid=184&layout=default

    https://www.aquaticapaulista.org.br/regulamentos.php?modalidade=4

    Visitar o guia dos esportes gmnicos acrobticos.

    Quadro 4: nado sincronizado

    espao: separado

    participao: alternada dos contendores

    objetivo: execuo de figuras ou coreografias de modo perfeito segundo o critrio de

    julgamento da FINA

    previsibilidade: grande, pois o ambiente estvel

    implemento: nenhum

    fundamentos: adaptao ao meio lquido, controle respiratrio, controle do corpo,

    habilidades motoras aquticas

    aes funcionais: adequao da presso exercida na gua, da posio hidrodinmica,

    controle do espao, expressividade e sincronizao

    gestos tcnicos: mergulhos, nados modificados, figuras codificadas e hbridas.

    regras e regulamentos

    http://www.fina.org/H2O/index.php?option=com_content&view=category&id=86:synchronised-

    swimming-rules&Itemid=184&layout=default

    https://www.aquaticapaulista.org.br/arquivos/2013/20130307055635.pdf

    A respeito de elaborao de coreografias recomendamos consultar o Guia didtico

    das Atividades Rtmicas e Expressivas.

  • 12

    Quadro 5: polo aqutico

    espao: compartilhado com contendores

    participao: simultnea dos contendores

    objetivo: fazer gols

    previsibilidade: pouca, pois a ao depende da ao dos contendores e dos

    companheiros de equipe, da trajetria da bola e da instabilidade do ambiente

    implemento: traves e bola

    fundamentos: adaptao ao meio lquido, controle respiratrio, controle do corpo,

    habilidades motoras aquticas

    aes funcionais: ocupao do espao, sistema de ataque e defesa

    gestos tcnicos: dos nados modificados, para controle de bola, pegada, passes,

    arremessos.

    regras e regulamentos

    http://www.fina.org/H2O/index.php?option=com_content&view=category&id=85:water-polo-

    rules&Itemid=184&layout=default

    Polo Petiz: https://www.aquaticapaulista.org.br/arquivos/2013/20130327011943.pdf

    Visitar o guia dos esportes coletivos terrestres.

    Pudemos ver que as modalidades podem ser categorizadas em modalidades de

    velocidade/resistncia, de jogo, artstica e acrobtica. Em funo dessas caractersticas,

    as modalidades diferem tambm quanto s seguintes exigncias sociais, cognitivas,

    afetivas e motoras:

    Quadro 6 Modalidades aquticas e suas exigncias aos praticantes:

    graduao da exigncia, sendo a menor exigncia e a maior.

    exigncia natao maratona polo aqutico nado

    sincronizado

    saltos

    ornamentais

    cooperao

    espacialidade

    expressividade

    lidar com o

    imprevisvel

    manipulao

    da gua

    memorizao

    da ao

    ocupao de

    seu espao

    oportunidade

    para criar

  • 13

    propriocepo

    viso da

    dinmica geral

    Tendo identificado os requisitos de cada modalidade, podemos considerar que o

    processo de aprendizagem no se limita ao desenvolvimento de habilidades motoras.

    Esto implcitas as habilidades cognitivas, afetivas e sociais. A somatria e as mais

    diferentes combinaes dessas habilidades e dos saberes adquiridos por meio delas

    que resultam nas diferentes competncias no contexto do esporte. Assim, preciso

    pensar em questes que sirvam para nortear a adequao das metas e dos contedos,

    estruturar os ambientes de aprendizagem e sistematizar a avaliao.

    Quadro 7 - Questes desencadeadoras do planejamento

    O que preciso fazer?

    O que preciso fazer para conhecer os educandos?

    O que eles precisam ver, compreender e sentir nas experincias aquticas?

    O que possvel construir no ambiente para estimular a aprendizagem?

    Embora tenhamos caracterizado apenas as modalidades competitivas, podemos

    aplicar o mesmo raciocnio a atividades como a hidroginstica, a corrida aqutica e o

    snorming - uma espcie de hidroginstica subaqutica, entre outras.

    O que snorming?

    http://www.youtube.com/watch?v=_ecK1zFC8BA

    Partindo dessas questes, preciso organizar e dirigir situaes didticas10

    que

    envolvam e estimulem os alunos a aprender. E a vm mais perguntas:

    Como trabalhar com os diferentes conhecimentos prvios dos alunos?

    Como transformar erros e obstculos em oportunidades?

    Como estimular o protagonismo infanto-juvenil?

    importante envolver a famlia nas atividades de aprendizagem?

  • 14

    4. Competncias e habilidades relacionadas aos quatro pilares da educao da

    UNESCO

    O Comit Olmpico Internacional (COI) e o Comit Olmpico Brasileiro (COB) so

    as organizaes responsveis por promover o movimento olmpico11

    e a filosofia do

    olimpismo12

    . Preconizam, respectivamente, aliar o esporte construo de um mundo

    com conscincia democrtica, humanitria, cultural e ecolgica e promover a integrao

    cultural e a busca da excelncia. Tais bandeiras so levantadas nos grandes eventos

    esportivos. Alm desses grandes eventos, no dia a dia da prtica esportiva tambm h

    oportunidades e podem ser criadas oportunidades para que se promova a paz, a unio, o

    respeito e o direito a todos ao esporte, sem discriminao entre as pessoas. O esporte

    deve influenciar a vida de cada praticante nesse sentido.

    Como educadores, sabemos que a formao do esportista-cidado no se limita

    mera aplicao de cdigos de conduta13

    ou rdua dedicao para a vitria, mas

    consiste nos significados que os praticantes constroem a partir dos contedos e que

    agregam autoestima, confiana e identidade sua vida. Para essa finalidade, o dilogo,

    o respeito mtuo, a curiosidade e o lidar com as diferenas so atitudes indispensveis

    para um ambiente edificador, de integrao social e de expanso pessoal.

    Figura 5: igualdade e integrao social.

    Considerando que crianas e adolescentes passam por um perodo importante para a

    formao da identidade, uma das grandes preocupaes dos educadores encoraj-los a

    enfrentar os desafios do esporte e tambm os desafios do seu tempo na realidade onde

    vivem. Para isso, favorecer o desenvolvimento de competncias para resolver as

    diferenas de modo tico e pacfico e para o exerccio da argumentao e da liderana

    parece ser o melhor caminho para o aprendizado da convivncia. So diversas e

  • 15

    variadas as situaes nas quais crianas e jovens sero expostas durante sua vida e, no

    h processo educativo que d conta de proporcionar um ensaio de todas elas e nem de

    ensinar todas as regras existentes na sociedade, mas possvel oportunizar a prtica

    contextualizada e construda em conjunto - pelo educador e educandos - para que estes

    consigam usar todos os recursos aprendidos de modo novo e criativo em situaes

    inesperadas. Em outras palavras, uma pessoa que consegue agir dessa maneira,

    conseguiu desenvolver competncia para interagir com outras pessoas, em contextos

    distintos, e, para isso, precisa aprender a lidar consigo mesmo, a identificar e a saber

    lidar com suas emoes e sentimentos.

    Diversas competncias podem ser aprendidas no Programa Clube Escola, e delas

    falaremos a seguir.

    Para as atividades do Clube Escola identificamos as seguintes aprendidas e

    aplicadas no contexto esportivo, no entanto, sem esquecer que so intimamente ligadas

    a competncias gerais da pessoa aplicveis em outros contextos da vida.

    4.1 Competncias no contexto esportivo

    Saber executar habilidades motoras

    Todo aprendiz traz consigo experincias anteriores que lhe deram o

    conhecimento acerca de seu corpo e suas possibilidades, construindo assim suas

    expectativas e interesses de aprendizagem. Esta competncia do saber como fazer

    mobiliza tais conhecimentos prvios com base nos quais conseguir avaliar as situaes

    que se apresentaro, similares ou no ao que o aprendiz j conhece, e a organizar-se

    para continuar a aprender. A motivao para fazer algo sempre estar intimamente

    ligada aos seus interesses.

    Conhecer e apreciar manifestaes esportivas

    Ao entrar em contato com as vrias manifestaes esportivas, o aprendiz

    apreende um conhecimento referente ao que viveu e lhe foi significativo, o que lhe

    possibilita opinar sobre as situaes e ideias veiculadas no contexto esportivo como a

    fazer uso criativo de tal conhecimento.

    Estabelecer relaes positivas consigo, com os outros e com o ambiente

    O conhecimento sobre si lhe permite relacionar-se de certa maneira com o outro

    e com o ambiente. Ao se reconhecer, reconhece o outro e adota uma atitude de

    aproximao e acolhimento deste em sua individualidade.

  • 16

    SABER

    Figura 6: saberes e suas relaes

    Tais competncias se apoiam nos quatro pilares da educao14

    , base desta

    proposta, explicitados no Documento Norteador da proposta pedaggica do Clube

    Escola e reproduzidos no quadro 8:

    FAZER CONHECER

    CONVIVER APRECIAR

  • 17

    Quadro 8 - Os quatro pilares da educao da UNESCO

    Aprender a conhecer

    Relacionar aspectos da resoluo de problemas, entre eles: caractersticas pessoais,

    experincias prvias, possibilidades, escolhas e eficincia.

    Para se desenvolver, a pessoa precisa querer conhecer mais e melhor. A aprendizagem

    depende de processos cognitivos como ateno, percepo, identificao do problema,

    raciocnio lgico, compreenso, deduo e memorizao; isso pode ser mais positivo e

    estimulante se esses processos forem desenvolvidos ativamente pelos aprendizes.

    Pensando para fazer, fazendo para sentir e sentindo para conhecer mais, eles podero

    construir seu pensamento crtico, que prprio, mesmo que balizado por seus pares, seu

    contexto e seu ambiente cultural.

    Aprender a fazer

    Aplicar os conhecimentos adquiridos a fatores que interferem na eficincia,

    combinar aes, e aprimorar tanto as aes como o conhecimento.

    a razo para aprender. Aplicar os conhecimentos adquiridos adaptando-os a certos

    interesses e necessidades. Isso precedido por selecionar, interpretar e reter a

    informao relevante analisando-a sob diferentes aspectos. Sabemos que nem todo

    contedo novo, pois ns, educadores, levamos aula nossa experincia de vida e os

    aprendizes levam a deles, promovendo a mixagem de ideias, valores e atitudes. Em

    alguma dimenso, muitos desses conhecimentos so comuns, mas, dependendo de sua

    articulao com o caso, com uma regra, com uma tcnica ou um problema, surgem

    novas formas algumas mais gerais, outras mais especficas de encaminhar antigos e novos problemas, enfrentamentos e solues que acabam compondo um repertrio de

    habilidades, conhecimentos e atitudes.

    Aprender a conviver

    Interagir e cooperar para que todos tenham a oportunidade de vivenciar novos

    desafios sentindo-se acolhidos e estimulados.

    Para viver em sociedade, preciso conhecer o outro, e isso se consegue ao trocar

    histrias, expectativas e dificuldades. Ter a percepo da interdependncia vital, e

    possibilitar a participao em projetos comuns ressalta as afinidades, o que leva gesto

    inteligente para a resoluo de conflitos e a cooperao. Por exemplo: informaes

    podem ser compartilhadas nas conversas ao incio das sesses, criando um ambiente de

    compreenso das diferenas, que devem ser vistas como formas de chegar ao final do

    caminho por diferentes trilhas de desenvolvimento, no propriamente ao mesmo tempo.

    Isto , embora os alunos tenham nveis diferentes, os relatos podem apontar

    caractersticas peculiares a iniciantes e a aprendizes em nvel intermedirio. Em todas as

    situaes, importante a prtica para que ocorra a passagem entre as diferentes etapas.

    Quem de ns no adotou o relato de experincias e encorajamento para potencializar a

    sensao de acolhimento, fortalecer a autoestima e promover o conhecimento de si

    mesmo?

    Aprender a ser

    Protagonizar a prpria aprendizagem com responsabilidade e argumentao.

    Para conviver de modo proativo, preciso querer evoluir constantemente, ser intelectual

    e socialmente ativo, agir com responsabilidade, sensibilidade, senso tico e esttico e

    espiritualidade, formando juzos de valor que permitam pensar e agir com autonomia

    em diferentes circunstncias.

  • 18

    Quadro 9 Competncias desenvolvidas no contexto dos esportes aquticos

    relacionadas aos quatro pilares da educao da UNESCO

    Conhecer Fazer Conviver Ser

    Ob

    jeti

    vos

    do P

    rogra

    ma d

    o C

    lub

    e E

    scola

    Executar habilidades aquticas de acordo com suas caractersticas pessoais e interesses.

    Demonstra

    relacionar suas

    caractersticas

    individuais e seus conhecimentos

    prvios aos novos

    contedos ensinados nos esportes

    aquticos?

    Identifica seus

    limites em relao s

    habilidades executadas no meio

    aqutico e os explora

    visando sua superao?

    Cria possibilidades e

    varia suas aes no meio aqutico?

    Concorre para o enriquecimento do

    ambiente de

    aprendizagem no contexto dos esportes

    aquticos?

    Valoriza a diversidade

    como um conjunto de opes para a resoluo

    de problemas

    enfrentados no aprendizado e na

    prtica dos esportes

    aquticos?

    Identifica as tcnicas de locomoo e

    sustentao no meio

    lquido que melhor se adquam a suas

    caractersticas

    pessoais?

    Executa as aes

    pertinentes aos processos de

    aprendizado e de

    prtica dos esportes aquticos

    compreendendo as

    relaes entre meio e

    fim?

    Troca impresses e

    informaes de aes

    bem-sucedidas, dvidas e insucessos

    relativos ao

    aprendizado e a prtica dos esportes

    aquticos?

    Demonstra atitudes

    positivas frente aos

    desafios presentes no meio lquido e nos

    esportes aquticos e

    participa da construo de mecanismos para

    super-los?

    Conhecer, apreciar e explorar as manifestaes esportivas com criatividade e

    autonomia.

    Distingue o objetivo e as caractersticas

    das diferentes

    modalidades aquticas.

    Aplica os conhecimentos em

    prol de sua

    versatilidade no meio aqutico.

    Participa ativamente das manifestaes

    esportivas de modo

    a relacionar-se com outros grupos. Mostra-se um receptor

    crtico de manifestaes e

    informaes sobre as

    modalidades esportivas aquticas

    Relaciona as vrias

    tcnicas natatrias

    para entender seu princpio de

    coordenao e

    propor novas experincias.

    Experimenta as

    tcnicas das diferentes

    modalidades

    esportivas aquticas para ampliar seu

    acervo motor

    aqutico.

    Dialoga e argumenta

    sobre a veracidade

    das informaes veiculadas

    referentes prtica

    segura nos esportes aquticos.

    Estabelecer relaes positivas consigo mesmo, com os outros e com o ambiente.

    Define metas para o

    aprendizado e para a prtica de esportes

    aquticos com base

    em diferentes

    avaliaes.

    Emprega seu esforo

    no aprendizado e na prtica dos esportes

    aquticos sem

    subestimar ou

    superestimar a

    Coopera para a

    melhora pessoal, do grupo, do ambiente

    da prtica, dos

    esportes aquticos e

    do meio ambiente.

    Valoriza o erro e o

    sucesso como elementos construtores

    de conhecimento sobre

    os esportes aquticos

    que lhe permitem

  • 19

    Estabelece relaes

    entre o apelo

    consumista por meio do esporte e o

    desenvolvimento

    sustentvel.

    prpria capacidade. reelaborar e repensar

    aes.

    O profissional de Educao Fsica e Esporte conhece muitas correntes

    pedaggicas, que ora privilegiam o produto, ora o processo, algumas antagnicas, outras

    complementares. Como tudo muda o tempo todo, a atualizao tcnica tem sido uma

    das principais preocupaes do educador. Muitas de suas intervenes no sentido de

    resolver problemas apresentados pelos alunos no processo de aprendizagem acabam

    ultrapassando as fronteiras da aula e se refletem na famlia e na comunidade. Como

    muitas vezes essa interferncia no aparece no planejamento ou na avaliao, no se

    tem seu feedback. Portanto interessante que os objetivos propostos abarquem as

    dimenses cognitivas, motoras e afetivo-sociais e que estes se relacionem diretamente

    com os indicadores de avaliao, permitindo ao educador uma viso ampla dos fatores

    que interferem, positiva ou negativamente, no processo de ensino-aprendizagem.

    5. Processos pedaggicos

    Se o processo para o desenvolvimento de potenciais habilidades aquticas

    implica a superao do medo do desconhecido - o meio aqutico, necessrio,

    evidentemente, pensarmos de antemo na adaptao do praticante a esse novo ambiente,

    para que seus rgos sensoriais e seu controle respiratrio se acomodem nova

    situao.

    Talvez as perguntas dos iniciantes sejam parecidas com estas:

    1- Como me equilibrar sem me apoiar na borda?

    2- Se eu cair como fao para ficar em p?

    3- E se eu afundar? Como vou respirar?

    4- Como no respirar gua? Como no engasgar?

    5- Como flutuar e no afundar?

    6- E quando no der p? Como atravessar a parte funda?

    7- O que eu fao se estiver no fundo e ficar cansado?

    8- Como pegar um objeto l no fundo?

    9- Como pular sem dar barrigada?

    10- Nadar no rio ou no mar igual a nadar na piscina?

  • 20

    No seria interessante levantar informaes quanto s expectativas dos alunos?

    Que tal elaborar uma lista de checagem para uma boa avaliao diagnstica15

    ?

    Segue aqui um exemplo:

    LISTA DE CHECAGEM

    Legenda

    NO - N Com Auxlio - aux Inseguro - inseg Rudimentar -rud

    Decbito Ventral -

    DV Alternado - alt

    SIM - S Sem Auxlio- s/aux Seguro - seg Transitando - tran

    Decbito Dorsal -

    DD Simultneo - simu

    Fluido - flu

    Decbito Lateral -

    DL

    Nome:

    Data da avaliao:

    N S aux s/aux inseg seg rud tran flu DV DD DL alt simu

    entrada na piscina

    locomoo na parte rasa

    mudana de direo

    molha o rosto

    afunda a cabea

    bloqueia a respirao

    abre os olhos na gua

    expirao submersa

    controle inspirao/expirao

    em p - agacha

    bolinha - em p

    tartaruga

    estrela

    flutua de costas

    mudana de posio

    pega objetos no fundo

    mergulha

    senta no fundo

    lana a bola

    recebe a bola

    arremessa a bola no gol

    arremessa a bola na cesta

    quica a bola na gua

    deita no fundo

    parada de mos

  • 21

    parafuso

    cambalhota

    salta em p

    salta em bomba

    impulso na borda

    combinaes deslize e giros

    ondulaes

    palmateios

    egg beater

    combinaes com bola

    entrada sentado na borda

    entrada atletismo

    entrada em arco

    combina poucos movimentos

    combina vrios movimentos

    pedala

    tesourada

    Feito isso preciso levantar as perguntas que serviro de base para o

    planejamento tendo em mente que a progresso se dar dos movimentos mais simples,

    no entanto que so comuns a todas as modalidades, at chegar aos mais complexos e

    especficos de cada estilo de nado ou de cada modalidade esportiva aqutica.

    Questes tpicas feitas pelo educador no momento de elaborar o plano de ensino so:

    O que preciso fazer para a pessoa iniciante se sentir segura e autnoma?

    O que ela precisa conhecer e fazer?

    O que eles precisam ver, compreender e sentir durante o aprendizado?

    O que possvel construir no ambiente das aulas para que ela queira estar l?

    No incio do aprendizado todos os rgos sensoriais devem ser adaptados ao

    meio lquido de modo a permitir uma nova interpretao dos estmulos, ou seja, a

  • 22

    imerso com abertura dos olhos, a sensao de presso nas orelhas e no corpo devem

    deixar de ser informaes agressivas (Figura 8).

    ORIENTAO

    TATO

    VISO

    AUDIO

    SEGURANA

    AUTONOMIA

    RESPIRAO

    FLUTUAO

    DESLOCAMENTO

    Figura 7: fatores de adaptao.

    Pretendemos que, ao se sentir adaptado e relativamente autnomo, o iniciante

    fique mais confiante, curioso e motivado para aprender outras habilidades fundamentais

    para a sobrevivncia no meio aqutico, e que as vrias formas de estabilizao, com

    seus respectivos nveis de dificuldade, permitam o acesso e a permanncia do aprendiz

    nesse meio. Assim, partindo dessas necessidades fundamentais comuns a todos os

    esportes aquticos, seguimos aumentando gradativamente a diversificao, a

    combinao, a dificuldade e a complexidade dos desafios motores, de modo que elas

    evoluam em funo das tcnicas especficas de cada modalidade aqutica. sempre

    importante frisar que tal mudana, potencializada pelo ambiente que se estabelece e

    que, portanto, deve haver uma mediao entre o educador, o educando e os desafios

    propostos no meio ambiente, sempre atentando para os princpios pedaggicos16

    :

    Rumo autonomia

    Construo coletiva

    Respeito diversidade

    Incluso de todos

    5.1 Experincias estimuladoras de aprendizagem

    Entendendo a competncia como o resultado da mobilizao dos diferentes

    conhecimentos, as sugestes de atividades citadas a seguir mostram a relao existente

    entre as dimenses motoras, cognitivas, afetivas e sociais e que devem ser elencadas

    como objetivos a alcanar.

  • 23

    Tendo em vista o lidar com o meio aqutico, o executar as habilidades

    aquticas de acordo com suas caractersticas pessoais e interesses, as sugestes de

    atividades a seguir foram elaboradas para que os alunos possam:

    Relacionar caractersticas individuais e conhecimentos prvios com os

    comportamentos diferenciados;

    Identificar as tcnicas de locomoo e sustentao que melhor se adequam s

    suas caractersticas pessoais;

    Explorar seus limites, criar possibilidades e variar suas aes;

    Executar as aes compreendendo as relaes entre meio e fim;

    Concorrer para o enriquecimento do ambiente de aprendizagem;

    Compreender que pode haver mais de uma opo para a resoluo de um

    problema;

    Trocar impresses e informaes de aes bem-sucedidas, dvidas e insucessos;

    Demonstrar atitudes positivas frente aos desafios e participar da construo de

    mecanismos para super-los;

    Participar num ambiente com possibilidades para todos, ou seja, em caso de

    limitao ou dificuldade qualquer pessoa ter outra opo desafiadora para promover

    seu desenvolvimento (cor, som, forma, peso, textura, etc).

    5.2. Sugestes de atividades comuns a todos os esportes aquticos

    (1) locomoo autnoma

    A sensao de desequilbrio um fator de insegurana para o iniciante. At que

    ele se ambiente interessante explorar o espao da aula acompanhado de um colega

    experiente. Porm, preciso estimular o desenvolvimento do equilbrio e da autonomia

    e aprender alguns conceitos de hidrodinmica durante essa experincia.

    Procedimento

    Caminhar segurando uma prancha na horizontal sobre a superfcie. Isto dar um

    pequeno apoio e cada executante ser estimulado a expressar suas percepes quanto ao

    apoio e resistncia ao deslocamento. Depois ser solicitado a colocar a prancha em

    diferentes posies variando tambm a profundidade em que ela colocada, tomando

    bastante cuidado para que a prancha no escape e venha a bater no seu rosto ou em

    algum colega. Com isso, eles podero identificar diferentes presses e foras de

    resistncia ao avano, podero discutir e formar um conceito, mediado pelo educador.

  • 24

    Tal conhecimento poder ser transferido para as diferentes formas de locomoo na

    gua, sem prancha, com ao das mos em diferentes posies auxiliando ou freando o

    avano.

    interessante trazer objetos de diferentes formas, pesos e volumes para testar esse

    conhecimento e criar novas formas de deslocamento, variar a direo, o sentido, a

    posio do corpo e a movimentao dos membros.

    Que tal caminhar com 2 cabos de vassoura com calos de borracha como se

    fossem bastes de esqui? Que tal um desafio para quando estiverem mais seguros? Ser

    que possvel caminhar com pernas-de-pau na gua? E com ps-de-lata?

    Figura 8: objetos: formas e volumes

    (2) controle respiratrio

    Na fase de adaptao ao meio aqutico, os alunos devem submergir e controlar a

    respirao, alm de abrir os olhos dentro dgua. Os materiais necessrios podem ser

    mais atrativos se produzidos pelos prprios educandos, coletivamente, em aula e, em

    alguns momentos, com ajuda de seus familiares. Por exemplo:

    garrafas PET decoradas (com diferentes texturas) e com contedo que permita

    diferentes nveis de flutuao e diferentes sons;

    Jogo da Velha no fundo da piscina

    Um material bem interessante produzido por eles para estimular a expirao

    dentro dgua seria uma PET pequena, (aquelas mais macias) vazia e amassada a qual

    se acopla uma mangueira. A PET, por ser menos densa que a gua e estando vazia,

    flutuar, assim como a mangueira. O aluno dever inspirar e colocar a boca na

    extremidade aberta da mangueira como se fosse assoprar. Dever ento afundar e

    assoprar. Um colega que estar na superfcie poder lhe dar o sinal positivo quando a

    PET estiver inflada.

  • 25

    uma variante para aumentar a dificuldade seria unir outra mangueira com outras

    PETs e assoprar at ench-las todas. Essa atividade pode ser individual, em dupla ou em

    pequenos grupos podendo ser criados momentos de cooperao/competio.

    (3) adaptao dos rgos sensoriais

    A incluso de todos um aspecto importante, mas ainda uma cultura a ser

    estabelecida, pois no est totalmente consolidada na sociedade. Ser que as atividades

    escolhidas pelo educador permitem a participao de todos? Vamos supor que h um

    aprendiz cego e um aluno surdo. Sabemos que um no pode ver e outro no pode ouvir.

    A pergunta a ser feita : o que eles podem fazer? A sugesto construir caixas com

    diferentes peas, produzindo diferentes sons e com diferentes pesos.

    Procedimento

    Os alunos devero cada qual, conhecer o som/peso de determinado objeto que

    sero lanados ao fundo da piscina para, em seguida, serem buscados pelos alunos.

    Antes de lanar os objetos ao fundo, o reconhecimento deles dever ocorrer acima da

    superfcie. O educador ou um colega, em seguida, afundar os vrios objetos. Ao sinal,

    todos afundaro e procuraro, pelo som/peso, o objeto que lhe foi destinado.

    importante que todos entendam que, apesar de suas limitaes, a aprendizagem, a

    realizao e a participao so possveis quando no h barreiras estruturais,

    educacionais e sociais. Como no possvel exemplificar todos os casos, importante

    que o educador tenha em mente que ele precisa da ajuda da famlia, dos profissionais

    que tratam do aluno e da literatura referente ao caso para conhecer os cuidados a serem

    tomados. No entanto ainda vale a pergunta otimista: quais e como desafios se tornam

    possveis aos educandos?

    (4) controle da respirao e do corpo em submerso

    A coordenao da inspirao e expirao e o controle da apneia favorecem a

    sensao de segurana, a autonomia e a submerso. Uma atividade que estimula vrias

    competncias a mmica subaqutica com 2 equipes estando os participantes

    submersos. Um tema ser dado ao mmico pelo educador. As equipes disputaro quem

    descobrir em menor tempo o tema proposto.

    Procedimento

  • 26

    Todos afundaro juntamente com o mmico que utilizar diferentes gestos,

    feies e diferentes aes para transmitir o tema. Se houver um participante cego/

    deficiente visual, poder haver um colaborador, cuja funo ser verbalizar o que o

    mmico est fazendo.

    E que tal montar um quebra-cabea no fundo? Ou fazer um desenho combinando

    peas coloridas ou agrupando as diferentes formas e texturas?

    Ser que o educador ousaria propor o reconhecimento das vogais no sistema

    braile?

    (5) flutuao e palmateio

    Geralmente, a grande dificuldade do sexo masculino na flutuao o

    afundamento das pernas. Por qu? Porque a extenso e a densidade do fmur, e a

    densidade dos msculos dos membros inferiores ajudam a desequilibrar o centro de

    gravidade para sua direo. No caso do sexo feminino mais comum haver uma

    concentrao de gordura na regio dos quadris, o que auxilia a flutuao. Sendo assim,

    importante equilibrar o centro de gravidade e executar palmateio para manter a posio.

    O conhecimento do conceito e da tcnica importante para desmitificar a flutuao e

    promover o sentir-se capaz e assim, a autonomia.

    Procedimento

    interessante que seja feito em pares, um executando e o outro fornecendo a

    informao sobre a ao.

    Deitar na gua segurando 2 gales de 5 litros, um em cada mo, prximos

    regio dos quadris. Isso far com que o corpo fique na posio horizontal e o executante

    precisar apenas manter os quadris estendidos, os pulmes cheios e o olhar para o teto.

    O galo exercer uma presso e o executante saber qual o ponto de equilbrio e no qual

    dever executar palmateio. Esses so movimentos em oito com a palma da mo

    voltada para o fundo; ora se pressiona a borda medial da mo, ora a lateral, num

    movimento contnuo em oito, pressionando a gua um pouco abaixo da superfcie.

    Figura 10: galo como facilitador da flutuao.

  • 27

    Quadro 10 - Palmateio

    Embora sejam conhecidos como especficos do nado sincronizado, os palmateios

    so de grande importncia na manuteno da flutuao com a cabea fora da gua (sem

    e com deslocamento) e na sensao, presso e manipulao do fluxo da gua.

    A palma da mo exerce, junto com o antebrao, presso na gua por meio do

    movimento de rotao do cotovelo. Iniciando com a palma voltada para o fundo,

    exercer presso no bordo interno e depois no bordo externo fazendo com que a

    movimentao e a presso sejam contnuas.

    http://www.youtube.com/watch?v=2CHt4J6nJvo

    http://www.youtube.com/watch?v=wfC1BvVvWbs

    (6) palmateio

    Procedimento

    Colocar-se em decbito dorsal segurando um galo em cada mo at que o corpo

    se alinhe na superfcie. O aprendiz dever ser orientado a imaginar duas linhas

    horizontais que seguem das orelhas at o malolo de cada tornozelo, passando pelos

    ombros e quadris.

    O que importante saber? Que quando ele tentar olhar o que est fazendo, ele

    automaticamente sentar, ou seja, ele afundar os quadris e dificultar a flutuao.

    Portanto, ele deve desenvolver a percepo e, obviamente, precisar de feedback, a

    informao sobre a execuo dada pelo professor. Este poder descrever o que foi

    mostrado, como tambm desafiar o executante perguntando: voc consegue elevar

    mais os quadris? Ou sugerir uma imagem: imagine que voc tem um travesseiro

    triangular no qual voc apoia a cabea e os dois ombros para que ele fique na gua.

    Tais estmulos levam-no a conhecer as possibilidades de seu corpo na gua, a

    desenvolver o tato e a percepo, constituindo-se como um dos caminhos de

  • 28

    autoconhecimento. Ao conseguir a estabilizao, largar os gales e buscar apoiar-se

    executando os palmateios.

    Variaes

    Com uma pequena mudana no ngulo da articulao do punho possvel

    deslocar-se na posio horizontal.

    cabea primeiro: executar a hiperextenso do punho fazendo com que a

    palma da mo volte-se para os ps, perpendicular superfcie, ou seja, ela no estar

    voltada para o fundo. Executar o movimento em oito, como se estivesse acenando

    para os ps, pressionando a gua. Como a presso (ao) ser em direo aos ps, a

    reao, que o deslocamento, ser no sentido da cabea.

    ps primeiro: neste caso executar a hiperflexo do punho, com a palma da

    mo perpendicular superfcie e voltada em direo cabea. O movimento contnuo

    em oito far com que o deslocamento seja no sentido dos ps.

    flutuao do jacar: em decbito ventral, segurar os gales prximos s coxas

    e segurar um objeto pequeno (touca, culos de natao) prximo a cada uma das axilas.

    Ao conseguir a estabilizao com alinhamento dos pontos (orelhas, ombros, quadris,

    tornozelos), largar os gales e executar o palmateio, com as mos voltadas para o fundo,

    sem soltar os objetos presos prximos s axilas. Com a prtica, a estabilizao ser

    natural e os objetos no sero necessrios. Por que us-los? Para que o movimento seja

    a partir dos cotovelos.

    lagosta: em decbito ventral, estender os braos frente, usando flutuadores

    ou espaguete nos ps. Realizar palmateio tentando ficar parado, depois deslocar-se no

    sentido da cabea e ento, no sentido dos ps. Desafiar o aprendiz a utilizar os conceitos

    e tcnicas aprendidos anteriormente para solucionar este problema.

    Estas no seriam excelentes vivncias da Lei da Ao e Reao?

    O gesto se tornar mais tcnico e especfico para cada uma das aes funcionais:

    Natao: pegada da gua na braada do nado Crawl;

    Saltos ornamentais: pegada da gua e apoio para emergir;

    Nado sincronizado: estabilizao para execuo de figuras;

    Polo aqutico: apoio na gua para executar um passe.

    Quadro 11 - Eggbeater

    Eggbeater a denominao dada pernada comumente usada no polo aqutico e

    no nado sincronizado para manuteno do corpo perpendicularmente superfcie da

  • 29

    gua. O nome faz aluso ao movimento das ps das antigas batedeiras de ovos, em que

    uma delas gira no sentido horrio e outra no anti-horrio movimentando a massa da

    regio lateral para a central.

    http://www.youtube.com/watch?v=wfC1BvVvWbs

    http://www.youtube.com/watch?v=xQEL1QD-O9g

    (7) eggbeater (pernada alternada)

    Procedimento

    Sentar na borda da piscina com as pernas afastadas. Voltar a superfcie

    plantar (sola) dos ps para o fundo e executar movimentos no sentido horrio com a

    perna esquerda e no sentido anti-horrio com a perna direita. importante que o

    movimento se inicie nos joelhos. No incio, contar 6 crculos para uma perna e 6 para

    outra e ir diminuindo at que a coordenao seja 1 para 1.

    Entrar na piscina e posicionar-se de costas para a parede apoiando os braos

    na borda ou no quebra-ondas; caso seja necessrio usar o espaguete. Executar o

    mesmo exerccio, porm desenhando um semicrculo na parede com os calcanhares,

    antes de pisar na gua.

    Experimentar em decbito ventral e dorsal.

    Experimentar com os braos na gua, com as mos executando o palmateio;

    depois com um brao acima da superfcie e depois com os dois. Criar diferentes

    situaes usando diferentes materiais com diferentes pesos para que os alunos percebam

    as modificaes a serem feitas para manterem o desempenho. Esses exerccios podem

    ser vivenciados numa brincadeira de polo aqutico, pois a defesa utiliza um ou os dois

    braos acima da superfcie visando a intercepo da bola.

    Experimentar em deslocamento para frente, para trs e para os lados

    percebendo as modificaes na pernada e na posio do corpo, e em qual direo ele

    sentiu maior dificuldade.

    Com a melhora pode-se desafiar o aprendiz a conseguir maior altura. O que

    preciso fazer? Aumentar a velocidade? Aplicar mais fora? Alongar o corpo?

    Direcionar a cabea para o alto? Utilizar palmateio como apoio? Metas concretas como

    marcas (de caneta hidrogrfica, fita crepe ou esparadrapo) em vrios pontos desde o

    ombro at o quadril podem ser utilizadas.

    Pega peixe: o educador ou um aluno segura uma vara de pescar em cuja

    ponta estar um chapu. O executante dever alcanar e encaixar a cabea no chapu

  • 30

    executando o eggbeater. Aumentar a altura de acordo com o progresso do executante.

    Como quem pesca quer pegar o peixe, ele dever dar dicas para que o peixe consiga

    alcanar o chapu. Ou seja, os educandos trabalham em conjunto para a resoluo do

    problema.

    Plataforma: que tal todos juntos levantarem um colega acima da superfcie

    sobre uma prancha (surfe ou bodyboard)?

    Ser que executar o movimento de modo contnuo uma boa dica? O que diz a

    Lei da Inrcia?

    O gesto se tornar mais tcnico e especfico para cada uma das aes funcionais:

    Natao: algumas vezes preciso ficar em p para localizar-se e, para isso,

    possvel executar o eggbeater sem exigncia de potncia ou altura;

    Saltos ornamentais: ao emergir preciso transitar para uma posio de nado para

    deslocar-se at a borda;

    Nado sincronizado: executar um movimento expressivo de brao girando o

    corpo na gua, na posio vertical, e mantendo a mxima altura;

    Polo aqutico: sada para arremessar a bola no gol.

    Para que o processo de aquisio de habilidades aquticas contemple o maior

    nmero de situaes possveis e seja ajustado condio dos praticantes ou s etapas de

    aprendizado (adaptao, habilidades motoras fundamentais, nados, jogos, coreografias,

    regras), pode ser interessante preencher, junto com os alunos, os contedos do quadro

    de categorias de movimentos17

    (Quadro 12).

    Quadro 12 Categorias de movimentos

    proposta estabilizao locomoo manipulao de objetos

    1

    2

    3

    eggbeater

    ...............

    ...............

    cachorrinho

    ...............

    ...............

    arremessar a bola

    ...............

    ...............

    Para usar o quadro, preciso iniciar uma discusso sobre o que estabilizao,

    locomoo e manipulao de objetos. Tambm necessrio solicitar exemplos aos

    alunos e perguntar se conhecem outras modalidades aquticas alm da natao,

    como os saltos ornamentais, nado sincronizado e polo aqutico. Propor aos alunos

  • 31

    que conversem sobre o assunto e que completem uma lista semelhante ao Quadro 12

    (pode ser uma tarefa para casa) nomeando os movimentos sua maneira. Feita a

    lista, os grupos demonstraro tais movimentos e convidaro os colegas a

    experiment-los, adequ-los para si e a criar variaes. Esses movimentos podem

    ser ordenados de acordo com o que a turma toda ou cada grupo definir em termos de

    dificuldade de execuo, justificando sua classificao e debatendo com os demais.

    Isso pode estimular vrias repeties e compreenses acerca do que torna um

    movimento mais difcil (apneia, profundidade, obstculos) ou mais complexo (giros,

    mudana de direo, diferentes angulaes). Alm disso, no seria interessante

    estimular a execuo sequencial das diferentes categorias de movimento?

    Dessa maneira eles:

    Relacionaro conhecimentos prvios e comportamentos diferenciados.

    Exploraro seus limites e criaro possibilidades variando as suas aes.

    Contribuiro para o enriquecimento do ambiente de aprendizagem.

    Valorizaro a diversidade de propostas para a resoluo de um problema.

    (8) Variaes de movimento

    Em continuidade ao Quadro 12, pode-se propor a construo conjunta do

    Quadro 13 - possibilidades de variao do movimento, de modo a propiciar experincias

    que demandem a avaliao das possibilidades e dos resultados e a troca de experincias

    e opinies. Ele poder ser ajustado s necessidades locais, com outros aspectos da

    dimenso temporal, relacional, espacial e corporal, entre outros possveis. O importante

    que os conhecimentos prvios dos alunos sejam respeitados, que se estimule o

    envolvimento com a aprendizagem, a criatividade, o desafio e a valorizao da

    diversidade.

    Procedimento

    Depois de vivenciadas as propostas trazidas pelos educandos, formular uma lista

    com as tarefas que eles votarem como as que acham mais estimulantes e numer-las por

    ordem de prioridade. Elaborar uma lista semelhante do Quadro 12 e colocar

    aleatoriamente o nmero das tarefas em cada item. Feito isto, executar as tarefas de

    acordo com o que est escrito, por exemplo: executar a tarefa 1 em velocidade lenta; a

    tarefa 2 em velocidade rpida, e a tarefa 3 em velocidade varivel. Se o educador

  • 32

    realizar discusses sobre o que uma tarefa discreta, contnua e sequencial18

    trar

    outros conhecimentos aos educandos.

    Quadro 13 Possibilidades de variao do movimento

    dimenso temporal (DT)

    velocidade lenta [ 1 ]; rpida [ 2 ]; varivel [ 3 ]...

    organizao alternada [ ]; simultnea [ ]; sincronizada [ ]...

    ao discreta[ ]; contnua [ ]; sequencial [ ]...

    dimenso relacional (DR)

    nmero de participantes 1 [ ]; 2 [ ]; 3 [ ] ....

    colaborao duplas [ ]; grupos [ ]; equipe [ ]...

    competio duplas [ ]; grupos [ ]; equipe [ ]...

    dimenso espacial (DE)

    trajeto reto [ ]; ziguezague [ ]...

    sentido para trs [ ]; para o fundo [ ]...

    formao crculo [ ]; pirmide [ ]...

    profundidade contato com o cho [ ]; sem contato com o cho [ ]

    relao com a superfcie submerso [ ]; ombros acima [ ]...

    dimenso corporal (DC)

    posio decbito ventral [ ]; invertida [ ]; lateral [ ]

    partes do corpo MMSS* [ ]; MMII** [ ]; cabea; quadril

    articulaes cotovelo 45 quadril 90...

    Coordenao (CO)

    respirao frontal [ ]; lateral [ ]

    braos alternados [ ]; simultneos [ ]

    pernas alternadas [ ]; simultneas [ ]

    movimento ondulao [ ]; circunduo [ ]; rotao [ ]...

    outra (D+)

    presso suave [ ]; mdia [ ]; forte [ ]

    material prancha [ ]; PET [ ]...

    estrutura escorregador [ ]...

    ritmo msica [ ]; voz [ ]; palmas [ ]...

    *membros superiores; **membros inferiores

    O Quadro 13 uma sugesto e pode ser modificado segundo o interesse do

    educador, as condies locais, etc. A ideia que os grupos associem uma categoria de

    movimento (p. ex.: cachorrinho) a uma dimenso (p. ex. DT). Assim, o nado

  • 33

    cachorrinho ser executado, primeiro, em velocidade lenta (se assim os alunos optarem),

    depois rpida e ento em velocidade varivel. A essa vivncia, se acrescentam outras

    variaes, de acordo com o contedo que o professor pretende trabalhar. Isso pode ser

    particularmente interessante no polo aqutico e no nado sincronizado em que os nados

    utilizados so hbridos. Por exemplo:

    nado crawl com a cabea acima da superfcie; com pernada do nado peito ou

    tesourada;

    nado de costas com pernada do nado peito; com braada simultnea; com

    braada coreografada;

    nado de peito com braos alternados; com pernada do borboleta.

    Como visto anteriormente ao abordarmos o palmateio e o eggbeater, os gestos se

    tornam diferenciados de acordo com as exigncias da situao ou da regra. Pode-se

    perguntar para o aluno: esse movimento executado dessa nova forma poderia ser usado

    em qual situao? Agora as aes comuns a todos os esportes, passam a ter uma viso

    funcional. , isto os fundamentos passam a ter funes especficas, sofrendo pequenos

    ajustes para atender especificidade da ao que, por sua vez, atende exigncia da

    regra ou da situao.

    (9) Alada de tronco (boneco de mola)

    Uma vez experimentadas as vrias possibilidades, interessante propor um

    problema que englobe os movimentos aprendidos e a relao com velocidade e fora

    (potncia) para o melhor desempenho.

    A alada de tronco uma sada rpida, impulsionando o tronco para o alto.

    uma habilidade utilizada no polo aqutico, principalmente pelo goleiro na interceptao

    da bola, e no nado sincronizado em certos movimentos expressivos numa coreografia.

    Na preparao para a execuo, o tronco se inclina para frente e as mos

    executam o palmateio procurando apoiar o corpo na gua, enquanto as pernas executam

    o eggbeater mantendo os quadris prximos superfcie. Os movimentos de mos e ps

    aceleram gradativamente at que, em um golpe, as mos e os ps, com movimentos

    simultneos e sincronizados, empurram o corpo acima da superfcie, procurando atingir

    a mxima altura. Para que os aprendizes sintam melhor a presso a ser exercida na gua,

    interessante usar a raia como apoio, o espaguete ou o galo. E para que possam

    controlar o aumento da altura a ser atingida, podem-se marcar os pontos do corpo a

  • 34

    serem expostos (manbrio, costelas, umbigo, ilacos) acima da superfcie com fita

    crepe. Fotos e vdeos da execuo, alm da informao verbal e cinestsica, tambm so

    timas fontes de informao sobre a execuo.

    Como as turmas podem ser numerosas e heterogneas quanto a experincias

    anteriores e nveis de habilidade, seria incoerente realizar uma sesso padro ou de

    exerccios individualizados. Pela lente do desenvolvimento humano, a ao educativa

    coerente provocar a mudana a partir do estmulo curiosidade, liberdade de

    pensamento, ao discernimento e criatividade para o conhecimento renovvel e

    significativo. Portanto, seria interessante e produtivo estimular e supervisionar o

    ambiente de ajuda mtua, em que os participantes trocam experincias, dicas,

    demonstraes e sugestes de brincadeiras, jogos e materiais criados por eles.

    (10) Cambalhota

    Vamos supor que o educador queira estimular a vivncia da cambalhota.

    Procedimento

    Anteriormente, os alunos tero experimentado a apneia e as variaes possveis em

    estabilizao, tendo usado seus conhecimentos prvios para construir a lista, nomear e

    classificar as habilidades, e demonstr-las de acordo com suas possibilidades. Vamos

    supor que ningum tenha sugerido ou executado qualquer tipo de giro. O educador

    poder fazer a seguinte pergunta:

    possvel girar na gua?

    quais diferentes maneiras de girar vocs podem apresentar na gua?

    o que um giro no eixo transversal? E longitudinal?

    possvel executar ambas as formas de giro em sequncia?

    a partir de quais posies possvel girar?

    em quais direes e sentidos vocs podem girar?

    em quais posies (corpo e partes) possvel girar?

    em qual possibilidade cada um de vocs teve maior dificuldade?

    Por qu?

    Alguns exemplos:

    Estar em decbito ventral e girar para a posio em decbito dorsal.

    Estar em posio vertical invertida e girar no eixo longitudinal subindo e depois

    descendo.

  • 35

    Tais perguntas, assim como as solicitaes das sugestes anteriores orientam a

    ao do educador e possibilitam registrar (anotaes, gravaes, fotos, filmagens,

    desenhos) a participao dos educandos, tanto para organizar como para avaliar o

    processo de ensino-aprendizagem. No esquecer que cada aprendiz traa suas trilhas de

    aprendizagem. O professor facilita esse processo e ajuda o aluno a tomar conscincia

    dele.

    Cada experincia no meio lquido acaba se tornando um pr-requisito que ajuda

    a construir uma nova experincia. A mediao do educador importante ao no perder

    nenhum detalhe da evoluo do aluno para dar-lhe feed-back e conhecimento de seus

    resultados, como tambm trazer conceitos associados ao que o aluno executa.

    O que mobiliza nosso educando o querer fazer. Nesse sentido ele pode ser

    estimulado a assistir os eventos de esportes aquticos e dar sentido aos fundamentos que

    est aprendendo. Alm disso, promover uma discusso sobre como os mesmos

    fundamentos so usados nas diferentes modalidades, colaboram para que haja avano na

    compreenso das aes funcionais.

    Natao de alto rendimento e valorizao do conhecer para fazer no infogrfico de Mario Cumpitazi

    http://visualoop.com/media/2012/08/Michael-Phelps-750x816.jpg

    O professor pretende que os alunos construam experincias com base no que

    conhecem e apreciam em relao aos esportes aquticos. Voltando ao Quadro 7.

    O que fazer?

    Sugesto: assistir programas televisivos sobre esportes aquticos, aproveitar a

    temporada de eventos mundiais como os jogos olmpicos ou propor que todos

    compaream juntos, e assistam aos eventos promovidos pela Federao ou por outras

    entidades ligadas aos esportes aquticos.

    O que se pode conhecer a partir do relato dos educandos?

    Sugesto: promover uma discusso em que eles falem sobre os esportes com que se

    identificaram, sobre as habilidades que j conheciam, sobre as que gostariam de

    experimentar e praticar, o que entenderam das regras, etc.

    O que eles precisam ver, compreender e sentir?

  • 36

    Sugesto: importante incentiv-los a analisar a relao dos participantes entre si, com

    os contendores, com os juzes e com as regras do esporte.

    Nesse sentido, o educador poderia buscar um rol de atividades e as relacionasse

    aos objetivos voltados ao desenvolvimento do conhecer, apreciar e explorar as

    manifestaes esportivas com criatividade:

    Compreender a importncia da diversificao dos fundamentos nos esportes

    aquticos;

    Aplicar os conhecimentos em prol de sua versatilidade no meio aqutico;

    Participar ativamente das manifestaes esportivas de modo a relacionar-se com

    outros grupos;

    Mostrar-se um receptor crtico de manifestaes e informaes sobre o esporte;

    Relacionar as vrias tcnicas natatrias para entender suas aes funcionais e

    propor novas experincias;

    Experimentar as tcnicas das diferentes modalidades para ampliar seu acervo

    motor aqutico;

    Dialogar e argumentar sobre a veracidade das informaes veiculadas referentes

    prtica segura.

    (11) Gesto tcnico: virada olmpica

    Em continuidade aprendizagem dos giros, o educador pretende que o educando

    entenda o que a virada olmpica da natao e quais so as suas vantagens.

    Compreendendo a relao entre meio e fim, ele ter condies de propor experincias

    possveis para seu nvel de habilidade e condizentes com sua curiosidade.

    Evidentemente, a melhora se dar pela prtica e pelo feedback intrnseco, a informao

    percebida pelo prprio educando aps a ao, pelo feedback extrnseco, que se refere

    informao fornecida pelo educador ou pelo colega, e tambm por meio de uma imagem

    de sua execuo. O importante que a informao seja exatamente a de que ele precisa,

    e no redundante ou imprecisa, ou alm de sua compreenso e capacidade de

    execuo19

    .

  • 37

    O educador o incentivar a ver vdeos, assistir eventos de natao e acessar as

    informaes que necessitam na internet ou nos livros tcnicos. Durante a prtica, o

    que mais eles precisam saber?

    acertar o ponto de entrada da virada;

    o melhor ngulo dos joelhos para favorecer a impulso na parede;

    o ponto de contato com a parede;

    o momento de executar o parafuso;

    colocar o corpo em posio hidrodinmica;

    o momento de executar a respirao.

    Procedimento

    Com a mediao do educador, os alunos podem desenvolver um projeto para atingir

    tais objetivos. As tentativas podem ser registradas em vdeo, fotos, ou mesmo

    desenhadas. Todos os resultados devem ser anotados e, alm disso, devem ser relatados

    os acertos, as falhas e as providncias a tomar. Desta forma o educador envolver os

    alunos em sua aprendizagem.

    Sugesto de tarefas

    Nadar executando uma cambalhota a cada 6 braadas;

    Testar as vrias distncias da borda para realizar a entrada na virada olmpica, com

    superviso de um ou mais colegas, at conseguir que ambos os ps toquem na parede;

    Impulsionar-se e adotar uma posio hidrodinmica para deslizar o mximo possvel.

    Nesse momento, o grupo pode criar uma forma de medida que servir de feedback

    quanto eficincia resultante da impulso e da posio;

    Executar as golfinhadas (ondulaes do nado borboleta) para progredir de modo

    submerso, de acordo com o que a regra permite, e executar o giro no eixo longitudinal

    para voltar posio do nado.

    interessante registrar todas as tarefas e aproveitar as situaes para analisar, em

    grupo, a adequao delas para todos os alunos e para as demandas da modalidade.

    Qual o melhor momento para discusso em grupo? No incio ou no final da aula?

    Depende da extenso do assunto, levando em conta a temperatura ambiente e tambm a

    importncia do tema para o que vai ser feito na aula.

  • 38

    Variao

    Atualmente o conceito de incluso no se refere apenas presena da pessoa

    com deficincia no ambiente pedaggico. A incluso se refere construo de um

    ambiente pedaggico que atenda s diferentes necessidades e aos diferentes interesses e

    expectativas de todos os educandos.

    Ao assistirem um evento de natao para deficientes visuais, os educandos

    conhecero a tcnica do tapper, basto com bola de espuma na ponta, utilizado para

    avisar o nadador sobre o momento da entrada na virada, que foi ensaiado pela dupla

    (nadador e seu assistente).

    Procedimento

    Ler a regra referente virada na competio de natao para cegos e elaborar

    com os alunos uma sequncia de etapas para que os executantes consigam acertar o

    ponto de entrada. Um dos colegas pode ser o assistente que usar o tapper e ajudar o

    nadador a achar o melhor ponto de entrada para a cambalhota. O nadador usar um

    culos que vedar a viso. Posta esta situao, preciso listar o que fazer:

    o que o nadador pode usar como recurso de antecipao para identificar a

    aproximao do toque? Ele poderia contar as braadas? Solicitar um aviso verbal?

    como o assistente vai decidir sobre o momento do toque? Por tentativa e erro?

    Essa experincia, alm de fornecer o conhecimento sobre a situao, ajudar os

    alunos a testarem o melhor ponto de entrada na virada, sendo um trabalho em conjunto

    entre o executante e aquele que faz o papel do assistente.

    natao para deficientes visuais

    http://www.cbdv.org.br/pagina/natacao

    Em relao pessoa com deficincia, se houver grandes e vrias dificuldades,

    preciso conversar com a famlia e, se necessrio, estar alerta aos cuidados e

    recomendaes prescritas por quem o(s) trata.

    sndrome de Down e instabilidade atlantoaxial

    http://sports.specialolympics.org/specialo.org/Special_/English/Coach/Coaching/Portuguese/Basics_of_S

    pecial_Olympics/Down_Syndrome_and_Restrictions_Based_on_Atlantoaxial_Instability.htm

  • 39

    As competies de esportes aquticos ocorrem em piscinas com profundidade

    mnima de 1,80/2,00m. Evidentemente, devido estrutura do Clube Escola, os saltos de

    plataforma estaro excludos dessa experincia, mas podemos fazer algumas adaptaes

    para que o tema dos saltos ornamentais no passe em branco.

    (12) Vivenciar os saltos

    Procedimento

    Depois de uma pesquisa sobre as regras e os diferentes tipos de saltos, propor

    aos alunos que, a partir do que conhecem, criem situaes possveis dos saltos

    ornamentais que englobem a partida do salto, o salto e a entrada na gua.

    Que tal uma aula conjunta com os alunos da ginstica artstica (na piscina e no

    espao da ginstica)?

    Discutir

    Dado o espao da piscina, quais so as atitudes seguras?

    Para uma vivncia que se aproxime dos saltos, como planejar e executar os saltos

    com seus diversos giros no plano horizontal? (primeiro no colcho e, depois, dentro da

    piscina).

    Outra proposta desafiadora: fazer um salto sincronizado a partir da posio sentado

    na borda, junto com um colega ( possvel com colega cadeirante).

    Qual tipo de palmateio favorece a emerso - a volta superfcie?

    (13) deslize: do fundamental para o mais eficiente

    Ao assistirem a uma prova de natao, muitos alunos podem relacionar a

    diminuio do tempo apenas velocidade na movimentao de braos e pernas. Na fase

    de experimentao das formas de deslizar, para relacionar a hidrodinmica eficincia,

    pode-se fazer uma competio de maior distncia percorrida.

    Procedimento

    Cada aluno apresenta trs formas de deslize e ser anotada a distncia percorrida e o

    tempo. Isso resultar em seu ndice de eficincia. Discuti-se, ento, o que essencial

    para um deslize eficiente, tendo em vista que no h movimentao de nenhuma parte

    do corpo a no ser na sada, no momento do impulso. Com essas informaes, cada

  • 40

    aluno tentar melhorar sua forma de impulsionar-se e deslizar e melhorar o seu ndice

    de eficincia. Quando forem observadas melhoras, a discusso pode girar em torno das

    seguintes questes: Ser que ele melhorou pela melhora da hidrodinmica ou ser que o

    aluno mudou totalmente a forma, perdendo as caractersticas do modelo anterior? Isso

    tambm acontece com os nados? As regras podem mudar?

    O passo seguinte poderia ser, a partir da classificao dos ndices, dividir os alunos

    em equipes com 4 pessoas, cuja soma dos ndices seja equilibrada, e fazer uma

    competio de revezamento. Cada um ter a sua vez para impulsionar-se e deslizar e,

    obviamente, cada um far o seu melhor. Quando o corpo parar, ser anotada a distncia

    e o tempo. Isto ser repetido para os 4 participantes de cada equipe. O objetivo somar

    a maior distncia e o menor tempo. Os casos omissos devem ser discutidos por todos os

    participantes.

    Isso envolve cooperao e competio?

    Que tal uma competio em que a meta seja: todos os alunos devem deslizar sem

    provocar turbilho na gua at o final da aula? Seria um desafio proposto pelo educador

    e os alunos se organizariam at que todos consigam.

    Esta atividade pode ser a soluo hidrodinmica citada na pgina 4?

    Ao vivenciar diferentes modalidades, os educandos devem ser estimulados a

    perceber que as aes variam de acordo com as exigncias. A sustentao gerada pelos

    movimentos dos membros superiores e inferiores, por exemplo, varia de acordo com a

    posio do corpo, o objetivo da ao (tracionar o corpo ou arremessar a bola) e a fora

    necessria para obter xito na ao. O deslocamento tambm pode ser obtido a partir de

    diferentes gestos tcnicos.

    (14) Vivenciar o nado sincronizado

    Depois de assistirem um evento de nado sincronizado, propor aos alunos que

    pesquisem sobre as regras e criem uma coreografia com os elementos conhecidos,

    explorando os nveis na superfcie, abaixo e acima dela. Aos poucos aumentar o desafio

    como mxima e equilibrada ocupao do espao, formaes, acrobacias, sincronizao

    e interpretao.

    importante que os alunos j tenham vivenciado os nados hbridos,

    coordenando as diferentes formas de braada e pernada (Quadro 13), alm dos

    palmateios e eggbeater. Assim, possvel explorar as vrias formas de flutuao na

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    posio horizontal e vertical, modificando o afastamento das pernas, a posio da

    cabea, criando formaes (linha, crculo, quadrado, tringulo etc) com desenhos

    interessantes e criativos.

    Que tal uma coreografia s de posies em flutuao? A sincronizao pode ser, por

    exemplo, na mudana da posio de flutuao dorsal para a de flutuao ventral, ou na

    da posio de braos ou de pernas.

    Qual palmateio utilizar? Quais nados? Os mesmos da natao?

    Pedir aos alunos que tragam suas msicas preferidas e escolham um trecho para

    interpretar. Que possibilidades corporais eles tm para a interpretao?

    Vamos supor que haja na turma um aluno surdo. Dis