História A - 10ºano (M2, p3 resumos)

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HISTORIA A EXPERIÊNCIA URBANA O surto urbano dos seculos XI a XIII refletiu-se, em termos artísticos, na construção de edifícios novos, imponentes, de cariz religioso: as catedrais. Por trás da arte gótica encontramos uma elite social urbana, a Burguesia, empenhada na demonstração do seu poder financeiro, nem que para isso tivesse de competir com as elites das cidades vizinhas, rivalizando na construção de catedrais cada vez mais altas e exuberantes. A Portugal o estilo gótico só se desenvolveu a partir d seculo XIII, devido aos surto urbano tardio. São deste gótico tardio exemplos a Igreja do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, o claustro da Sé Velha de Coimbra e a Igreja do Mosteiro de Santa Maria de Vitoria, na Batalha. A arte gótica ou estilo gótico foi o estilo artístico que dominou na Europa entre os seculos XII e XV. Embora se tenha desenvolvido nas várias artes, permaneceu ligado à arquitetura, especialmente religiosa, tendo nas catedrais a sua melhor expressão. Recebia o nome de ogival, devido aos arcos cruzados das abobadas (ex.: Catedral de Chartres). Na arquitetura, a arte gótica caracterizou-se: Verticalidade; Luz (filtrada pelos vitrais); Arco quebrado (conferia sensação de elevação); Abóbada de cruzamento de ogivas (permitia descarregar o peso sobre os pilares, permitindo a construção de paredes mais finas e preenchidas por vitrais); Arco botante (conferia o apoio e o reforço das paredes). Na escultura, as principais características eram: Ligação à arquitetura nas fachadas das catedrais; Naturalismo idealizado rostos serenos e vestes detalhadas; Gárgulas ideia do Diabo estar em todo o lado e a condenação do pecador; Valor doutrinal esculturas contavam ao povo analfabeto a vida de Cristo e dos santos.

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HISTORIA

A EXPERIÊNCIA URBANA

O surto urbano dos seculos XI a XIII refletiu-se, em termos artísticos, na construção de

edifícios novos, imponentes, de cariz religioso: as catedrais. Por trás da arte gótica

encontramos uma elite social urbana, a Burguesia, empenhada na demonstração do

seu poder financeiro, nem que para isso tivesse de competir com as elites das cidades

vizinhas, rivalizando na construção de catedrais cada vez mais altas e exuberantes.

A Portugal o estilo gótico só se desenvolveu a partir d seculo XIII, devido aos surto

urbano tardio. São deste gótico tardio exemplos a Igreja do Mosteiro de Santa Maria de

Alcobaça, o claustro da Sé Velha de Coimbra e a Igreja do Mosteiro de Santa Maria de

Vitoria, na Batalha.

A arte gótica ou estilo gótico foi o estilo artístico que dominou na Europa entre os

seculos XII e XV. Embora se tenha desenvolvido nas várias artes, permaneceu ligado à

arquitetura, especialmente religiosa, tendo nas catedrais a sua melhor expressão.

Recebia o nome de ogival, devido aos arcos cruzados das abobadas (ex.: Catedral de

Chartres).

Na arquitetura, a arte gótica caracterizou-se:

Verticalidade;

Luz (filtrada pelos vitrais);

Arco quebrado (conferia sensação de elevação);

Abóbada de cruzamento de ogivas (permitia descarregar o peso sobre os pilares,

permitindo a construção de paredes mais finas e preenchidas por vitrais);

Arco botante (conferia o apoio e o reforço das paredes).

Na escultura, as principais características eram:

Ligação à arquitetura – nas fachadas das catedrais;

Naturalismo idealizado – rostos serenos e vestes detalhadas;

Gárgulas – ideia do Diabo estar em todo o lado e a condenação do pecador;

Valor doutrinal – esculturas contavam ao povo analfabeto a vida de Cristo e dos

santos.

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A decoração escultórica das catedrais é o “livro de imagens” da Cristandade, relatando

a vida e a lenda dos santos; Complementava-se com os vitrais que pretendiam ensinar

quais as verdades em que deviam acreditar.

NOVAS EXPRESSOES DE RELIGIOSIDADE E CULTURA

Ordens Mendicantes, Confraria e Corporações

A cidade era um lugar de múltiplos contrastes. Os cortejos de riqueza deixavam mais

em evidência a miséria. A cidade atraia os pobres camponeses que, ao chegarem, nem

sempre encontravam trabalho, logo viviam tão ou mais pobres do antes.

Surgem assim organismo de solidariedade destinados à ajuda mútua e à prática de

caridade, que tiveram êxito devido à renovação espiritual trazida pelas ordens

mendicantes, que originaram mentes mais fraternas e preocupadas com o sofrimento

alheio.

As ordens mendicantes eram movimentos de renovação surgidos dentro da Igreja

Católica. Representavam um retorno aos ideais de pobreza e caridade católicos,

esquecidos pelo faustoso clero medieval.

Franciscanos – A ordem dos Frades Menores (humildes) vivia numa pobreza absoluta

que mendigava outrabalhava para comer. Os membros renunciavam aos bens terrenos

e dedicavam a sua vida a ajudar os outros e a pregar.

Dominicanos – Tinham os mesmos ideais que os Franciscanos, porém, davam maior

ênfase à pregação, de modo a combater as heresias, portanto dedicavam-se ao estudo

da teologia.

As ordens mendicantes inspiraram a criação das confrarias e outras associações do

género.

As confrarias eram associações de socorros mútuos de carater religioso, organizada sob

a proteção de um santo. Dedicavam-se à caridade como meio de diminuir a pobreza

urbana

As corporações eram associações que agrupavam os trabalhadores do mesmo ramo.

Geralmente, a cada corporação associava-se uma confraria religiosa, que promovia a

solidariedade social entre membros, que se ajudavam mutuamente em caso de

dificuldade.

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A Fundação de Universidades

O desenvolvimento urbano e mercantil obrigou ao aparecimento de escolas: umas

dedicadas à vida eclesiástica e outras à vida urbana.

As escolas eclesiásticas subdividiram-se em escolas paroquiais, monaicas (mosteiros) e

episcopais (sés). As escolas laicas ou urbanas eram adaptadas ao comércio, surgindo

assim novas disciplinas ligadas ao comércio e á economia, como a matemática e a

contabilidade.

As universidades eram corporações de professores e/ou alunos do ensino superior,

subdivididos em faculdades, que surgiram para fornecer a formação superior a clérigos,

funcionários régios e filhos de burgueses ou nobres, onde os estudos eram feitos em

latim pois eram estabelecimentos dominados pelo clero.

O intercâmbio entre professores e alunos de diferentes universidades ajudou na

homogeneização do pensamento e da cultura europeia. Algumas das universidades

são a de Oxford, Paris, Salamanca...

A 1ª universidade portuguesa foi fundada por D. Dinis, em 1290, em Lisboa: O Estudos

Gerais, que, após ser transferida várias vezes de Lisboa para Coimbra e vice-versa,

acabou por se fixar em Coimbra, com as faculdades de Artes, Direito Canónico, Leis e

Medicina.

A Cultura Profana: O Ideal de Cavalaria, O Amor Cortês e O Culto aos Antepassados

O Cavaleiro ideal/perfeito devia ter as seguintes qualidades:

1º Ser nobre;

2º Honra;

3º Coragem;

4º Lealdade;

5º Virtude;

6º Piedade;

7º Saber o Ideal da Cruzada.

A formação de um cavaleiro era intensa e longa (14 anos). Este processo iniciava-se

com a ida do rapaz para a “casa grande” onde seria pajem (7anos) e depois escudeiro

(+7 anos). As suas aptidões eram postas à prova em caças, torneios e nas justas. O

processo terminava com uma cerimonia religiosa onde o escudeiro proferia os votos da

cavalaria e onde, apos um banho purificante, seria armado cavaleiro a uma Ordem de

Cavalaria e receberia as esporas e a espada.

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No amor, como na cavalaria, também havia o ideal de amor: o cavaleiro nobre,

perante a dama bela e pudica, deveria ser:

1º Virtuoso;

2º Paciente;

3º Elegante no vestir;

4º Bem-humorado;

5º Respeitoso.

O Ideal de Cavalaria e o Amor Cortês deram origem a novas formas de literatura:

Ideal de Cavalaria – os preceitos foram tratados nas narrativas de cavalaria;

Amor Cortês – Surge a poesia trovadoresca, que se recitava nas festas cortesãs

acompanha de música e danças a pares. Surgem as Cantigas de Amigo, de Amor e de

Escarnio e Maldizer.

Orgulhosos do seu passado, os nobres relembravam os seus antepassados nos serões

de família. Essas memórias começaram a ser registadas em pergaminhos, originando a

literatura genealógica, com os livros de linhagens ou nobiliários. O objetivo era

valorizar a nobreza, legitimar os seus direitos fundiários e patrimoniais e, por fim,

como função pedagógica de inspirar os herdeiros a seguirem o exemplo de conduta

dos seus antepassados.

O Gosto pelas Viagens

Os mercadores são grandes viajantes. Partir em viagem de negócios passou a ser uma

coisa comum, embora não isenta de riscos e incómodos.

Práticos e expeditos, os mercadores muniram-se de conhecimentos, aprendendo

línguas e elaborando dicionários e guias de viagem.

Até meados do seculo XIII, nenhum viajante europeu se aventurara ainda até ao

Oriente. O pioneirismo destas expedições ficou a pertencer aos italianos Niccolò e

Matteo Polo.

O desenvolvimento do grande comércio criou laços entre os mercadores e os

governantes, que àqueles recorriam frequentemente para o financiamento das suas

empresas militares. Assim, não admira que muitas viagens aliassem ao negócio

missões político-diplomáticas e que afamados comerciantes tivessem desempenhado o

papel de embaixadores das cortes europeias.

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As relações diplomáticas não se estabeleciam apenas entre soberanos, ficando também

à iniciativa dos grandes senhores e até das próprias cidades, o que implica uma

constante troca de emissários.

Era em Roma que se cruzavam os embaixadores de todas as nações porque aí o Papa,

medianeiro entre os Estados e juiz em matéria de Direito Internacional, resolviam as

contendas religiosas e políticas.

Romarias e Procissões

As romarias e as peregrinações, na medida em que cumprem atos rituais, pré-

estabelecidos e repetitivos, constituem expressões típicas de religiosidade medieval.

Ambas implicavam deslocações, embora de diferente alcance:

Romarias – eram celebrações em honra de um santo, numa época fixa do ano.

Implicavam deslocações de curta duração (um a vários dias). Assumiam por vezes um

carater lúdico e folião, e até se aproveitava para realizar negócios.

Peregrinações – eram percursos de longa distância a locais sagrados do cristianismo,

em especial Jerusalém, Roma e Santiago de Compostela. Embora a 1º fosse o destino

de peregrinação mais importante, por estar relacionado com a Paixão e morte de

Cristo, a catedral de Santiago era muito procurada.

As romarias e as peregrinações tinham objetivos religiosos: purificar a alma ou cumprir

promessas. No entanto, a par da fé nos milagres dos santos que movia romeiros e

peregrinos, as viagens eram ocasião para acontecimentos profanos.