Historia Da Ultrassonografia

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Historia da Ultrassonografia A história do ultra-som remonta a 1794, quando Lazzaro Spallanzini demonstrou que os morcegos se orientavam mais pela audição que pela visão para localizar obstáculos e presas. Em 1880 Jacques e Pierre Curie deram uma contribuição valiosa para o estudo do ultra-som, descrevendo as características físicas de alguns cristais. O estudo do ultra-som foi impulsionado com objetivos militares e industriais. Em 1916, foi idealizado o primeiro sonar marítimo por Paul Langevin e Constantin Chilowsky, que com base nos experimentos de Spallanzani, propuseram um mecanismo para mapeamento do fundo do mar com finalidade bélica. O sonar marítimo foi decisivo no final da primeira e durante a segunda guerra mundial. Já em 1935, Sergei Y. Sokolov utilizou pela primeira vez a ultrassonografia para uma aplicação industrial. Nesse experimento, os ultrassons foram usados com o objetivo de verificar a homogeneidade de estruturas maciças, permitindo o diagnostico de falhas em peças metálicas. Em 1942, houve a introdução da ultrassonografia a medicina por Karl T. Dussik, que foi o primeiro cientista a postular a possibilidade de mapear os tecidos humanos e obter suas imagens através de produção de ecos. A continuação dos estudos permitiu

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Historia da Ultrassonografia

A história do ultra-som remonta a 1794, quando Lazzaro Spallanzini demonstrou que os morcegos se orientavam mais pela audição que pela visão para localizar obstáculos e presas. Em 1880 Jacques e Pierre Curie deram uma contribuição valiosa para o estudo do ultra-som, descrevendo as características físicas de alguns cristais. O estudo do ultra-som foi impulsionado com objetivos militares e industriais.

Em 1916, foi idealizado o primeiro sonar marítimo por Paul Langevin e Constantin Chilowsky, que com base nos experimentos de Spallanzani, propuseram um mecanismo para mapeamento do fundo do mar com finalidade bélica. O sonar marítimo foi decisivo no final da primeira e durante a segunda guerra mundial. Já em 1935, Sergei Y. Sokolov utilizou pela primeira vez a ultrassonografia para uma aplicação industrial. Nesse experimento, os ultrassons foram usados com o objetivo de verificar a homogeneidade de estruturas maciças, permitindo o diagnostico de falhas em peças metálicas.

Em 1942, houve a introdução da ultrassonografia a medicina por Karl T. Dussik, que foi o primeiro cientista a postular a possibilidade de mapear os tecidos humanos e obter suas imagens através de produção de ecos. A continuação dos estudos permitiu que, em 1945, houvesse a obtenção da primeira imagem seccional em modo B, por Douglas Howry e William Roderic Bliss. Em 1958, houve a publicação do primeiro trabalho de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia por Ian Donald. Esse foi um marco nessa especialidade medica que

ate então não dispunha de um método efetivo de diagnostico por imagem durante a gravidez,

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uma vês que o uso da radiação ionizante é inteiramente contra indicada no primeiro trimestre de gestação e não é recomendável nos dos últimos – exceto em situações clínicas especificas.

Em 1954 e 1957, Eduard J. Baldes e Henri P. Kalmus deram inicio ao estudo fluxometrico com base no efeito Doppler, que se tornou um dos recursos indispensáveis na ultrassonografia atual para observação do fluxo sanguíneo nas artérias e veias. Entretanto, a ultrassonografia, na forma como é concebia na atualidade, só foi possível em 1965 com a publicação da técnica de exame em tempo real por Walter E. Krauser e Richard E. Soldner. Até então, só era possível obter imagens estáticas, e às vezes era necessário ate um minuto para a obtenção da imagem de um único corte.

Como uma tecnologia em constante avanço, ao longo do tempo tornou-se necessário melhorar a qualidade da imagem, o que esta condicionado ao emprego de sondas que utilizem freqüências mais altas. O uso dessas ondas só é possível quando as estruturas de interesse de estudo estão mais superficiais. Assim, para que essas sondas pudessem ser utilizadas na cavidade abdominal, teriam de ser criados dispositivos intracavitários. Em 1967, ocorre a introdução do transdutor transvaginal, por Alfred Kratochwil, e , em 1974, do transdutor transretal por Hiroki Watanabe. Ainda como avanço necessário à melhoria da imagem, em 1972 houve a introdução da escala de cinza na geração da imagem por George Kossof e William Garret, o que permitiu uma melhoria na resolução por contraste.

Em 1979, os trabalhos de Marco Brandestini sobre o Doppler colorido melhoram muito a técnica de estudo do fluxo, permitindo converter os sinais obtidos em espectros de cores relacionados à variação Doppler.

Finalmente, no final do século XX ressalta-se o aparecimento da ultrassonografia tridimensional, inicialmente por tecnologia de reconstrução (ultrassom 3d ). Nos dias atuais é possível gerar imagem tridimensional de objetos em tempo real por um processo denominado “ultrassom 4d”. Essa técnica representa um grande avanço em termos de aspecto final da imagem, permitindo uma perfeita visibilização das estruturas anatômicas; entretanto, não substitui o modo bidimensional convencional, já que todas as medidas são obtidas desse modo.

As principais peculiaridades do método ultra-sonográfico são: 1. É um método não-invasivo ou minimamente invasivo; 2. As imagens seccionais podem ser obtidas em qualquer orientação espacial; 3. Não apresenta efeitos nocivos significativos dentro do uso diagnóstico na medicina; 4. Não utiliza radiação ionizante; 5. Possibilita o estudo não-invasivo da hemodinâmica corporal através do efeito Doppler; 6. A aquisição de imagens é realizada praticamente em tempo real, permitindo o estudo do movimento de estruturas corporais. Este método baseia-se no fenômeno de interação de som e tecidos, ou seja, a partir da transmissão de onda sonora pelo meio, observamos as propriedades mecânicas dos tecidos.

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Formação da imagem

Os equipamentos de ultra-sonografia diagnóstica possuem uma unidade básica denominada transdutor (ou sonda). Este elemento básico converte uma forma de energia em outra. Os transdutores são montados de maneira a produzir e receber os ecos gerados pelas diversas interfaces. Eles são compostos por materiais piezelétricos (cristais/ cerâmicas), por aparato eletrônico (eletrodos para a excitação dos cristais e captação dos ecos), por uma lente acústica, por material que acopla a lente aos cristais, e por um material de amortecimento posterior (que absorve as freqüências indesejáveis produzidas eventualmente). Os elementos Piezelétricos (cristais ou cerâmicas) que compõem os transdutores têm a capacidade de emitirem eletricidade quando pressionados, e ao mesmo transformam energia elétrica em mecânica (onda sonora), que é chamado efeito piezelétrico inverso. São, portanto transmissores e receptores simultaneamente.

Existem diversos tipos de transdutores, sendo cada um adequado para um tipo de exame. Por exemplo, o transdutor convexo, mais adequado para o exame de abdômen e pelve, e o linear, mais adequado para o exame da tireóide e mamas. O princípio pulso-eco refere-se à emissão de um pulso curto de ultra-som pelo transdutor. Na medida em que este pulso atravessa os tecidos, ele é parcialmente refletido pelas interfaces de volta ao transdutor. Em geral 1% da energia sonora incidente é refletida e o restante continua sua trajetória através dos tecidos. O equipamento guarda o tempo gasto entre a emissão do pulso e a recepção do eco, transformando-o em distância percorrida, na representação do eco na tela, já estando calibrado para uma velocidade fixa de 1540m/s. Assim, quanto maior o tempo gasto para receber o eco de uma interface, mais longe da superfície da imagem ele a coloca. Desta forma, quanto mais longe está à estrutura da superfície do transdutor, ela aparecerá em situação mais inferior na tela.

Após a emissão de pulsos de ultra-som, eles interagem com os tecidos e os ecos refletidos ou dispersos são transformados em energia elétrica pelo transdutor e processados eletronicamente pelo equipamento para formação da imagem. Esta forma de processar os ecos refletidos (em imagem bidimensional) é denominada modo-B (brilho). Além desta forma de processamento dos ecos, existem outras como os gráficos de amplitude (modo-A, muito utilizado em oftalmologia) e gráficos de movimentação temporal (modo-M, bastante

empregado em ecocardiográfica).