História do tempo reunificação da china-signed

36
1 Vannei A. Silva Jr

Transcript of História do tempo reunificação da china-signed

Page 1: História do tempo   reunificação da china-signed

1 Vannei A. Silva Jr

Page 2: História do tempo   reunificação da china-signed

A REUNIFICAÇÃO DA CHINA: TAIWAN, A ÚLTIMA FRONTEIRA

Page 3: História do tempo   reunificação da china-signed

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Divisão Política da China atualmente....................................................... 4

Figura 2 – Divisão Política de Taiwan...................................................................... 5

Figura 3 – A China dividida...................................................................................... 7

Figura 4 – Evolução do Comércio entre China e Taiwan......................................... 13

Figura 5 – Países que mais investiram em Defesa em 2011..................................... 25

Figura 6 – Áreas reclamadas pela China e vizinhos................................................. 26

Figura 7 – Desdobramento dos meios navais Chineses............................................ 27

Figura 8 – Desdobramento do Exército de Libertação do Povo............................... 27

Page 4: História do tempo   reunificação da china-signed

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ARET - Associação para as Relações no Estreito de Taiwan

ANSEA - Associação das Nações do Sudeste Asiático

CENTCOM - Central Command of United States

ECFA - Acordo de Cooperação Econômica China-Taiwan

EUA - Estados Unidos da América

FCE - Fundação de Comércio do Estreito

FFAA - Forças Armadas

FT - Força-Tarefa

GB - Grã-Bretanha

KMT - Kuomitang

LCM - Linhas de Comunicação Marítima

MFN - Nação mais favorecida

NAe - Navio-aeródromo

NUM - Normas de Unificação Nacional de Taiwan

OMC - Organização Mundial do Comércio

PACCOM - Pacific Command of United States

PC - Partido Comunista Chinês

RPC - República Popular da China

SI - Sistema Internacional

TO - Teatro de Operações

TDM - Tratado de Defesa Mútua

URSS - União da Repúblicas Socialistas Soviéticas

Page 5: História do tempo   reunificação da china-signed

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................. 4

2. COMPREENDENDO A SITUAÇÃO CONTEMPORÂNEA.................. 6

2.1. AS DUAS CHINAS E OS ESTADOS UNIDOS.......................................... 7

2.2. CHINESES E SOVIÉTICOS....................................................................... 11

3. O TIGRE E O DRAGÃO: A UNIFICAÇÃO ECONÔMICA.................. 13

4. UMA CHINA. DOIS SISTEMAS OU DOIS GOVERNOS?.................... 16

4.1.A ÚLTIMA FRONTEIRA: A POLÍTICA DUAL CHINESA E ASRELAÇÕES INTERNACIONAIS.............................................................. 16

4.2. UM CANAL ESTREITO: A POSIÇÃO DE TAIWAN.............................. 19

4.3.O TERCEIRO PROTAGONISTA: A RELAÇÃO BEIJING-WASHINGTON-TAIPEI.............................................................................. 21

4.4.A ESPADA E A BALANÇA: A SITUAÇÃO MILITAR DOTRIÂNGULO................................................................................................ 25

5. CONCLUSÃO............................................................................................... 28

REFERÊNCIAS............................................................................................ 33

Page 6: História do tempo   reunificação da china-signed

4

1. INTRODUÇÃO.

A China é um país superlativo por diversos motivos: é a mais antiga civilização

que se mantêm coesa culturalmente da História. Dispõe de uma área geográfica grande, sendo

o terceiro maior país do mundo em área terrestre, com a maior população do planeta. Além

disto tem uma média de crescimento econômico em torno de 10% ao ano e em 2010 atingiu o

PIB de US$ 6,05 trilhões, fazendo deste país a segunda maior economia do mundo, atrás

apenas dos Estados Unidos da América.

Este gigante é formado por 56 grupos étnicos distintos, sendo o maior deles os

chineses da etnia han, que constituem cerca de 90% da população total do país. Há uma

grande diversidade geográfica e demográfica, esta consequência da longa história de guerras,

conquistas e invasões realizadas e sofridas pelo povo chinês

Em 1 de outubro de 1949, Mao Tsé-tung (1883-1976) proclamou a República Popular

da China (RPC). Chiang Kai-shek (1887-1975) retira-se para a ilha de Taiwan e proclama a

República da China. Esta divisão ainda persiste e significa a última fronteira para o processo

de reunificação da China.

A República da China ocupa as ilhas de Taiwan, Pescadores, Kinmen, Matsu e outras

menores e mais, ocupa uma posição contraditória no mundo. Taiwan – como é mais conhecida

a República da China – alterna entre ser uma das maiores nações em reservas de moeda

estrangeira, a décima oitava em termos de exportações, o vigésimo-sétimo maior Produto

Interno Bruto (PIB) do mundo (Banco Mundial, 2013), possuir um exército respeitável e se

situar entre o primeiro terço das nações mais populosas do planeta. No entanto, encontra-se

excluída da Organização das Nações Unidas (ONU), sendo reconhecida oficialmente por

Figura 1 – Divisão política da China atualmente

Page 7: História do tempo   reunificação da china-signed

5

apenas vinte e três países. Geograficamente pequena, geopoliticamente importante, demasiada

e perigosamente próxima do seu principal antagonista, a República Popular da China e muito

afastada de seu maior apoiador e garantee, os Estados Unidos da América (EUA). Assim

Taiwan é um grande país e, ao mesmo tempo, uma pequena província da China; rico

economicamente, porém exposta diplomática, demográfica e militarmente. Até os anos 80, do

século passado, Taiwan considerava a China continental seu território, sob rebelião comunista,

e também pretendia a reunificação nacional, porém a partir do governo de Taipei. Seu

relacionamento com a China é inevitável e guia a própria evolução do território insular,

separado pelo estreito de mesmo nome, sobre isso Pereira Pinto escreve que:

“a condição insular do território, a 145 Km do litoral de um país com1,3 bilhões de pessoas; o fato de que este vizinho gigantescoconsiderar Taiwan uma província chinesa; a existência de culturacompartilhada que persiste em unir as sociedades civis das duasmargens, em função de valores, hábitos e até laços familiares; e acrescente integração econômica, que fortalece a tendência no sentidoda formação de “uma grande China” (PEREIRA PINTO, 2004, p. 61).

O propósito deste trabalho então é estudar, dentro do processo de Reunificação

chinesa, pós-segunda GM, e analisar as perspectivas de Reunificação Chinesa com Taiwan.

Para o atingimento deste propósito o trabalho se desenvolverá primeiramente

apresentando uma breve síntese histórica da partilha e reunificação da China. A seguir

descreveremos a posição dos EUA frente as Duas Chinas, da mesma forma a relação entre

Figura 2 – Divisão política de Taiwan

Page 8: História do tempo   reunificação da china-signed

6

Chineses e Soviéticos. No capítulo seguinte abordaremos as questões econômicas de China e

Taiwan. No quarto capítulo, analisaremos a política chinesa em relação a Taiwan, a posição de

Taiwan, e a possibilidade de uso da força, além dos obstáculos à reunificação. Finalmente

detalharemos as possíveis consequências do cenário vislumbrado como mais provável.

Um ponto que convém esclarecer logo aqui é que há uma discordância entre as

partes quanto ao status de Taiwan, que será analisada no trabalho. Para fins meramente

analíticos, vincularemos a relação entre China e Taiwan como sendo esta uma parte do

território chinês, com particular relevância e autonomia na política exterior chinesa, neste

quadro a expressão “duas Chinas” é empregada para demonstrar diversidade de opinião ou

administração entre ambas, não encerrando juízo de valor quanto à soberania de Taiwan.

2. COMPREENDENDO A SITUAÇÃO CONTEMPORÂNEA.

Para melhor compreender a temática envolvendo o território de Taiwan – também

de Hong Kong e Macau – é necessário introduzir o conceito de “Grande China” (Da

Zhongguo), o qual não possui uma definição literal, relaciona-se a fatores, históricos,

culturais, sociais e econômicos, com os territórios que foram perdidos pela China durante a

época da “partilha da China”. Romana (1995) o define como “uma convergência entre

interesses económicos e fatores histórico-culturais”. Em termos de articulação com Taiwan,

no campo econômico, envolve investimento e transferência de tecnologia entre as partes e

Hong Kong, o estreitamento de laços comerciais – que permitiu o desenvolvimento do litoral

sul-sudeste da China, a partir do final dos anos 80 do século passado – os quais estariam

ligados a laços culturais, históricos e sociais comuns. Na arena política, o conceito vincula-se

a busca do reestabelecimento de uma única China, um único Estado, congregando as partes

que foram desmembradas durante o “século da humilhação e da vergonha”, como eles

próprios se referem ao período compreendido entre os meados dos séculos XIX e XX. Estes

dois aspectos, econômico e político, estão ligados entre si e alicerçados pelos fatores culturais,

históricos e sociais que o conceito trata em seu bojo.

Esse conceito tem sua fecundação com a partilha da China. Vejamos, en passant,

como foi esse processo. De acordo com Kissinger (2011), Grã-Bretanha, quanto à necessidade

da China integrar-se ao Sistema Internacional moderno, isto é, concebido segundo o modelo

ocidental, foi bem resumida por Alan Peyrefitte na frase: “Se a China continuasse fechada, a

porta teria que ser derrubada”. Tal integração gerou uma das mais brutais pressões sociais,

Page 9: História do tempo   reunificação da china-signed

7

morais e intelectuais sobre a sociedade chinesa em sua história (KISSINGER, 2011, p. 60),

resultando na “partilha da China”, iniciada com o monopólio britânico após a 1a Guerra do

Ópio, a qual resultou num enfraquecimento militar, na evasão de divisas e na instituição da

corrupção generalizada na China. Com a 2a Guerra do Ópio, veio a exigência de abertura dos

portos chineses e a de liberdade para comerciantes e missionários ocidentais, culminando com

a ocupação de Beijing, oficializado pelo Tratado de Tianjin (1858). Ato contínuo, as demais

potências se unem ao processo de “quebra da China”. Por fim os EUA declaram a política de

“Portas Abertas” para China (SILVA, 2013).

“Os estadistas chineses usaram com considerável habilidade as cartas fracas que

dispunham e preveniram o que poderia ter sido uma catástrofe. Do ponto de vista da balança

de poder, a configuração objetiva de forças sugeriria a impossibilidade de sobrevivência da

China como Estado unitário, de dimensões continentais.” (KISSINGER, 2011, p.72)

2.1 As Duas Chinas e os Estados Unidos.

2.1.1 O Garantee Norte-Americano.

O desejo de Chiang Kai-Shek era de reorganizar seu exército a fim de retornar ao

poder na China, analogamente, a China tencionava invadir Taiwan e completar a revolução.

Para Beijing, os Kuomintang1 (KMT) não tinham qualquer legitimidade sobre a ilha. Com a

primeira crise do Estreito de Taiwan (1954), os EUA tornaram-se a garantee de Taiwan,

consubstanciada pela a assinatura do Tratado de Defesa Marítima (TDM), em 1954. Assim, ao

1 É o partido majoritário no Yuan Legislativo de Taiwan. O Kuomintang, liderado por Chiang Kai-shek,governou a China de 1930 até 1949. Derrotado pelos comunistas liderados por Mao Zedong, os remanescentesdo Kuomintang retiram-se para a ilha de Taiwan e reestabeleceram o governo da República da China.

Figura 3 – A China dividida

Page 10: História do tempo   reunificação da china-signed

8

assumirem-se como o garantee da independência de Taiwan e da legitimidade do governo de

Taipei como representante da China, os EUA envolver-se-iam numa política niveladora de

tensões (SPENCE, 1996). Na segunda crise do Estreito de Taiwan (1958) os EUA mantiveram

o apoio a Taiwan e constituíam-se definitivamente como um ator ativo na problemática

territorial chinesa, ao buscarem uma “contenção” da China comunista, materializado pela

assistência e treinamento das forças militares de Chiang Kai-shek e no domínio do Estreito de

Taiwan pela 7ª Esquadra norte-americana, na primeira crise e ao escoltar os navios do KMT

com destino a Quemoy - que encontrava-se sob bombardeio da China - ao mesmo tempo em

que insinuavam a possibilidade de emprego de armamento nuclear, na segunda crise. Nesta, a

situação somente arrefeceu após, o líder soviético Nikita Khrushchov (1894-1971) advertir o

presidente dos EUA, Dwight Eisenhower (1890-1969) de que um ataque à China seria

considerado um ataque à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

Não obstante, Washington atuava como dissuasor das tentações bélicas de Taipé.

Por exemplo, quando do conflito fronteiriço entre China e Índia (1962), e na esteira da fome

que assolou a China após o fracasso do “salto para frente”, Chiang Kai-shek viu a

oportunidade e pretendia invadir o território continental, sendo rápida, pronta e enfaticamente

“desaconselhado” por Washington. O verdadeiro objetivo norte-americano era a pura e

simples contenção da China e não sua conversão ideológica.

2.1.2 “Rapprochement” e manutenção do novo statuos quo.

Na década de 70 do século passado, Beijing e Washington aproximaram posições,

ao defenderem como projeto comum a classificação de Taiwan como uma parte da China. Em

1971, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a atribuição do lugar da China aos

representantes da República Popular da China em substituição à República da China. Esta

decisão inverteu o status quo até então existente, acarretando uma radical inversão nos

reconhecimentos diplomáticos vigentes, optando a quase totalidade das nações por reconhecer

o governo da RPC, alinhados com a postura da ONU, como o efetivo representante da China.

Esse processo de rapprochement entre EUA e China, não alterou a postura

estadunidense, satisfeita com a manutenção do cenário de equilíbrio instável entre os dois

lados do Estreito de Taiwan e pouco suscetível a cessões nos campos diplomáticos,

econômico ou estratégico que pudessem prejudicar Taiwan.

As declarações de Shangai (1972): “só existe uma China e Taiwan é parte dela” e

“é do interesse dos EUA que os chineses tentem resolver pacificamente e entre si a questão de

Taiwan” corroboravam com as intenções da RPC em promover a sua reunificação.

Page 11: História do tempo   reunificação da china-signed

9

O rapprochement em curso era do interesse mútuo, para a China a escalada da sua

conflitualidade com a URSS e a perspectiva de uma derrota americana no Vietnã poderia

potenciar um isolamento estratégico, desagradável na política de confrontação dual vigente,

para os EUA era extremamente interessante uma ameaça permanente às portas da URSS,

estavam criadas as condições para um alinhamento sino-americano, mantida as garantias a

Taiwan. Ao final da década, podemos resumir o cenário da seguinte forma: Os EUA queriam

o equilíbrio no estreito e precisavam da China no apoio à luta contra a URSS. Taiwan queria

autonomia e independência, ainda que não oficial e a China estava satisfeita com o status quo,

bastando que suas reivindicações de soberania sobre Taiwan não fossem confrontadas por

uma tentativa de independência de fato por parte de Taiwan.

Os anos 80 caracterizar-se-iam por uma cooperação sino-americana multidimen-

sional face ao inimigo comum, ou seja, a URSS. A problemática do Estreito de Taiwan teve

sua importância subalternizada, muito embora estivesse propositalmente oculto o estado

titubeante das relações entre os três atores.

A década de 90 começou reescrevendo a ordem mundial, as relações entre China e

Taiwan melhoraram e se deterioraram ao longo da década, já os atritos com a Casa Branca

aumentaram bastante. Houve tentativas de aproximação entre as Chinas. Em 1991 o

Presidente Taiwanês revogou o “estado de rebelião comunista”, em vigor desde a revolução

de Mao, outra medida “de conciliação” foi o reconhecimento da RPC como a “entidade

política que controla a China continental”, descrevendo a República da China como o “Estado

soberano de Taiwan”, sem empregar o termo “independência”. Logo depois, Taipé expediria

as Normas para Unificação Nacional (NUM) que teriam como propósito a concretização de

um programa de reunificação nacional mediante a adoção de um processo com três fases.

Numa primeira fase, a China cessaria a obstrução às atividades internacionais de

Taiwan, que, em contrapartida manter-se-ia na informalidade, e iniciaria reformas econômicas

e democráticas, a fim de apresentar uma reunificação favorável para ambos. Numa segunda

fase seriam retomados os contatos intergovernamentais e, finalmente, haveria consultais

concernentes à reunificação definitiva, caracterizando a terceira fase. O grande problema do

NUM era a fase inicial, pois ao aceitar renunciar ao uso da força e permitir o trânsito

desenvolto da chancelaria de Taipé, Beijing deixaria o caminho desimpedido para uma busca

mais aguda da pelo reconhecimento internacional, e independência, por parte de Taiwan.

Page 12: História do tempo   reunificação da china-signed

10

Com a eleição do presidente Chen Shui-bian (1950-) em 2000 Taiwan e China

demonstram insatisfação com o status quo desde as ameaças pelo governo de Chen à

independência fizeram com que RPC viesse a advertir a ilha, às vezes com pronunciamentos e

outras vezes com exposições evidentes de potencial militar como por exemplo desfiles do seu

exército. Desta forma, demonstrando que tal movimento poderia levar a um conflito armado.

Em 2005, a RPC adotou uma lei da Anti-Separação que legalizou “meios não-pacíficos para

proteger a soberania e a integridade territorial da China” caso “as possibilidades para uma

reunificação pacífica fossem esgotadas completamente”. A lei causou implicações e

impedimentos para o movimento taiwanês em declarar a independência.

2.1.3 Ambiguidade estratégica Norte-Americana.

O final do século XX trouxe uma virada no quadro cooperativo entre as Chinas

até então vigente. Começando com a fórmula chinesa dos “oito pontos para reconciliação”:

1. Negociações bilaterais;

2. Uma China como base para reunificação;

3. O recurso à força por parte de Beijing só terá como objetivo os

independentistas e terceiros que interfiram na situação;

4. Promoção da cooperação econômica;

5. Aceitação da cultura chinesa como base para reunificação;

6. Respeito pela autonomia de Taiwan;

7. Possibilidade de Taiwan desenvolver laços econômicos e culturais com outros

países; e

8. Os líderes de Taiwan serão convidados a ir à China e vice-versa, para efeito de

negociações.

A receptividade dos EUA à proposta foi o que se chama de “ambiguamente

encorajante”, no jargão diplomático, ficando mais conhecida como “Política dos três Nãos”:

I. Não apoiariam uma eventual tentativa de independência de Taiwan;

II. Não prescindia da política de “uma China, uma Taiwan”, ora em curso; e

III. Não defenderia a adesão de Taiwan a qualquer organismo internacional

que requeresse uma condição de Estado soberano para filiação.

Essa postura de Washington significa tudo e, ao mesmo tempo, nada. Tanto não

reconhecia – e não apoiaria o reconhecimento de – Taiwan como país independente, como não

reconhecia o conceito de “uma China” – um dos pontos da “fórmula chinesa para

reconciliação” – e não tratava Taiwan como parte da RPC. Para Taipei essa ambiguidade

geopolítica estadunidense é preocupante.

Page 13: História do tempo   reunificação da china-signed

11

O instável triângulo Beijing-Taipei-Washington entraria em ebulição mais uma

vez, com a Terceira Crise do Estreito de Taiwan (1996). Iniciada um ano antes, com o público

descontentamento de Beijing com alguns incidentes, como a venda de modernos aviões para

Taiwan pelos EUA e, principalmente, a campanha iniciada pelo presidente Lee Teng-hui

(1923-) que visava a readmissão de Taiwan na ONU.

Os resultados desta crise trazem consigo um expressivo grau de ambiguidade,

como tem sido a tônica das relações triangulares Taipé-Beijing-Washington. A China perdeu

terreno no campo diplomático, porém conseguiu enviar a mensagem que responderia

agressivamente, caso Taipé demonstrasse atitudes que causassem empecilhos e pusessem em

risco o processo de reunificação. Provavelmente a hostilidade chinesa foi orientada para dois

objetivos: o receio de que uma eventual declaração de independência de Taiwan possa

despertar aspirações secessionistas em outras províncias e a hipótese de que a consolidação do

processo democrático em Taiwan possa minar a réstia de autoridade de Beijing sobre a Ilha.

Segundo GLASER (2011), atualmente a questão de Taiwan permanece sendo a

única que poderia deflagrar um conflito armado entre os EUA e a China, conflito este que

poderia rapidamente escalar para o nível nuclear mas que seria devastador mesmo que

convencional. Além de se constituir em um potencial gatilho para um conflito, Taiwan

permanece sendo um empecilho para a melhoria no relacionamento China-EUA devido a

suspeitas e desconfianças. O governo em Beijing crê que os EUA almejam manter a China

fraca e dividida de modo a impedir seu crescimento. Por outra parte os EUA são inflexíveis na

crença de que a resolução do impasse com Taiwan deva acontecer de acordo com a vontade

do povo de Taiwan, embora sem apresentar nenhuma resolução específica.

2.2 Chineses e Soviéticos.

Os acontecimentos que culminaram na criação da União das Repúblicas

Socialistas Soviéticas e a ascensão do KMT na China aproximaram os dois países,

principalmente no campo militar. O motivo dessa aproximação era conter o impulso

expansionista no Japão. A ajuda russa na expulsão dos japoneses da região da Manchúria após

o fim da Segunda Guerra Mundial e o consistente auxílio econômico aos comunistas chineses

foram fundamentais para a ascensão ao poder do Partido Comunista em 1949.

O período que se seguiu foi de intenso relacionamento nos campos comercial e

militar, que atingiu seu clímax durante a Guerra da Coreia, onde as duas potências comunistas

apoiaram a Coreia do Norte, frente aos EUA.

Page 14: História do tempo   reunificação da china-signed

12

A ideologia, do mesmo modo que aproximou as duas potências, as afastou

posteriormente. Ambos possuam visões diferentes a respeito do comunismo. Para os

soviéticos, o mundo comunista se resumia em uma entidade estratégica nucleada em Moscou

e ao estabelecer o sistema de satélites na Europa oriental, sendo todos altamente dependentes

econômico e militarmente, tudo levava a crer que o mesmo modelo de dominação se aplicaria

também à Ásia. Essa ideia não se adequava à visão historicamente sino centrista dos

Chineses, e tornou as relações entre Mao Tsé-Tung e Nikita Khrushchov invariavelmente

tensas, tanto que em 1955, quando da criação do Pacto de Varsóvia, Mao foi contrário à

participação da China.

Após a Conferência dos Partidos Socialistas de 1957, Mao Tsé-Tung anunciou um

ambicioso plano denominado “O grande salto adiante”, pelo qual pretendia atingir um

desenvolvimento sem precedentes nos campos agrícola e industrial, através de reformas

radicais. O plano, além de ser malsucedido, levando a nação a experimentar uma crise

alimentar, desestruturou ainda mais as relações com a União Soviética, fruto das críticas de

Mao ao sistema adotado pelo seu vizinho comunista.

Em 1962, mesmo ano da crise dos mísseis em Cuba, a China entrou em conflito

com a Índia por disputas fronteiriças na região do Himalaia. Neste momento, a China já havia

restaurado a autoridade sobre as fronteiras históricas, à exceção de Mongólia e Taiwan. Após

a decisão pela intervenção militar, o governo de Moscou foi consultado e se comprometeu a

ajudar em respeito ao pacto militar de 1950 mas esse apoio tinha apenas um objetivo: garantir

o apoio chinês na questão dos mísseis em Cuba. Uma vez concluída aquela questão, o

governo soviético não só recusou qualquer apoio como se declarou neutra em respeito ao

princípio da coexistência pacífica. As relações entre os países ficaram abaladas ao ponto de,

em 1964, um importante membro do Politburo, a respeito da crise dos mísseis, acusar a China

de agressão à Índia no momento mais delicado para a URSS.

3 O TIGRE E O DRAGÃO: A UNIFICAÇÃO ECONÔMICA.

Desde a década de 1970, Taiwan se destacou no cenário econômico mundial pelo

desempenho invejável. Formava, ao lado de outros três países do Pacífico, a Coreia do Sul,

Hong Kong e Cingapura, o bloco dos primeiros "tigres asiáticos", assim chamados por terem

dado um salto no desempenho econômico, com taxas de crescimento excepcionais, além de

uma política agressiva de disputa no mercado externo. A China seguiu o modelo comunista

Page 15: História do tempo   reunificação da china-signed

13

até as reformas de Deng Xiaoping (1904-1997), quando inicou o “milagre chinês”, na década

de 1970, derivando na sua atual posição como a segunda economia do mundo, segundo dados

do Banco Mundial. A condução da economia na RPC sofre forte influência política,

considerando as implicações internas das decisões tomadas.

Os EUA tem, historicamente, tinham em Taiwan um parceiro econômico, esse

quadro vem sendo alterado. Segundo Kissinger, no início da década de 1990, o volume do

comércio entre EUA e RPC era a metade do norte-americano com Taiwan, ao final da década

o comércio entre EUA e RPC quadruplicara.

Embora seja o campo mais citado como o de maior progresso quando se fala em

unificação entre China e Taiwan, entendemos que há muito mais uma integração comercial do

que uma unificação econômica entre os dois lados do Estreito. As intensas trocas comerciais

entre Taiwan e China poderiam fazer supor ao observador desavisado que esses países já se

encontram integrados no campo econômico (PEREIRA PINTO, 2005).

As relações entre a China e Taiwan melhoraram significativamente desde que o

presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou (1950-), foi eleito em 2008. Os dois lados celebraram

uma série de acordos de comércio e turismo e a China é agora o principal mercado de

exportação de Taiwan. O comércio bilateral foi de cerca de 121 bilhões de dólares, em 2012.

Apesar da melhora dos laços econômicos entre o país e a ilha, houve pouco progresso em

direção à reconciliação política ou uma flexibilização da desconfiança militar.

As teorias do Sistema Internacional sobre deterrence e estabilidade ressaltam que

quanto mais forte for uma nação, maior é a sua tendência para deter aventuras belicistas de

uma nação mais fraca. Mesmo a lógica subjacente às teorias de preponderância do poder e

Figura 4 - Evolução do Comércio entre China e Taiwan

Page 16: História do tempo   reunificação da china-signed

14

estabilidade assenta na noção de que uma potência mais forte não necessita recorrer à força,

enquanto que a sua congênere mais fraca não o deseja nem o quer. A postura chinesa perante a

dialética das relações internacionais pode ser definida como uma visão realista, pragmática e

individualista da mesma. A ideologia comunista vem sendo paulatinamente substituída pelo

racionalismo, buscando angariar e preservar poder no cenário global através da

interdependência comercial, num modal que pode ser descrito como neo-mercantilista.

Em tese, o grau de interdependência econômica e de interação das populações, na

atualidade, atingido no entorno do Estreito de Taiwan, permite que se considere remoto o

perigo de choque armado entre chineses dos dois lados do Estreito, embora tal tese tenha se

mostrado falha nas duas guerras mundiais. O argumento liberal da interdependência

econômica revelou algumas de suas fraquezas estruturais na Terceira Crise do Estreito de

Taiwan, não obstante o expressivo volume “trilateral” de produtos, serviços e capitais, a

liderança chinesa arriscou uma confrontação de intensidade elevada com o poderio aeronaval

estadunidense, ao sentir-se ameaçada em seus objetivos nacionais.

A questão de Taiwan entrou numa fase de ajustes, na qual se entremearão todos os

múltiplos antecedentes históricos, políticos e econômicos. Em 2010, o Acordo de Cooperação

Econômica entre China e Taiwan (ECFA) foi assinado, em última análise, é o mais importante

acordo entre o continente e a ilha desde o final da guerra civil chinesa, há 60 anos.

O campo econômico permitiu que outras questões, de ordem política, fossem

postergadas, enquanto que questões práticas foram priorizadas. Uma iniciativa nessa área foi

o “Three direct link” que estabeleceu ligações diretas entre os dois lados do Estreito, no que

concerne à comunicações, transporte e comércio.

O acordo, assinado em Chongqing, sudoeste da China, prevê a isenção de taxas

para "mais de 800 produtos e serviços", proporcionando um aumento anual de 100 milhões de

dólares no comércio bilateral, comentado pelo China Daily: "A assinatura deste acordo não é

apenas um importante marco nos laços econômicos entre as duas partes", afirmou o líder da

delegação de Taiwan. "É também um grande passo em frente no âmbito da tendência para a

integração regional e a globalização", acrescentou. Representantes da China continental e de

Taiwan, aproveitaram a oportunidade e assinaram também um acordo para a proteção dos

direitos de propriedade intelectual, dando sinais de interesse na unificação econômica entre as

duas regiões, na qual, além dos antecedentes locais e históricos, vão entrar em cena

considerações do equilíbrio global. Por maiores que sejam as divergências entre EUA e RPC,

Page 17: História do tempo   reunificação da china-signed

15

os dois países coincidem em não desejar uma guerra que ninguém pode prever o desfecho. A

dinâmica da agitação democrática em Taiwan tem levado, a uma aproximação entre as duas

grandes potências. Hu Jintao deu forma à sua própria visão do processo, num discurso em

2008 em que enunciou “Seis Pontos”:

1. Um acordo pondo fim às hostilidades e instalando a paz, com base noprincípio da “China única”;

2. Reforço dos laços comerciais, inclusive com a negociação de um minuciosoacordo de cooperação;

3. Aprofundamento das comunicações e do intercâmbio entre os dois lados doEstreito;

4. Desenvolvimento das trocas culturais e pedagógicas;5. Busca de “ajustes apropriados e razoáveis” para a participação de Taiwan em

instâncias internacionais”; e6. Intensificação de trocas e contatos no campo militar, e abertura de um debate

em torno de medidas para a construção de confiança (REUTERS, 2013).

Ma Ying-jeou, por seu turno, está trabalhando sob o lema: “Não à reunificação;

não à independência; não a um conflito.” Vale dizer, buscando uma solução mediana ainda

por ser inventada: Confederação? Estado associado a la Porto Rico? Na sua condição de

presidente do Kuomitang, Ma influiu na conclusão do ECFA e está agora empenhado em dar

substância a esse acordo quadro, através da negociação de uma zona de livre-comércio com a

China que evite a marginalização de Taiwan, diante da multiplicação de acordos desse tipo no

âmbito da ANSEA (Associação das Nações do Sudeste Asiático). A economia taiwanesa,

apesar das suas realizações tecnológicas, padece de fraquezas estruturais como o peso

excessivo do comércio externo ou a grande concentração, regional e setorial, das exportações.

Por fim, tem-se que o governo de Beijing defende a política de uma China e "um

país, dois sistemas", que rege na outrora colônia britânica de Hong Kong e na ex-colônia

portuguesa de Macau, ambos territórios reunificados a China. O chefe do Partido Comunista

da China (PC), Xi Jinping (1953-), prometeu laços de paz durante uma reunião com uma

delegação de Taiwan, o que sugere que a política do continente em relação à ilha

autogovernada não vai mudar dramaticamente quando ele se tornar o presidente da China.

O desenvolvimento pacífico de laços estreitos é o dever dos novos líderes do PC,

disse Xi a Lien Chan (1936-), presidente honorário do Partido Nacionalista de Taiwan, cuja

visita à China permite uma visão de como Xi vai lidar com as relações entre os rivais

políticos: "Resguardar os interesses dos nossos compatriotas de Taiwan e expandir o seu bem-

estar é a promessa solene e muitas vezes repetida dos novos líderes do Comitê Central do

Partido Comunista da China", disse Xi, segundo a agência de notícias chinesa Xinhua.

Page 18: História do tempo   reunificação da china-signed

16

4 UMA CHINA. DOIS SISTEMAS OU DOIS GOVERNOS?

Como vimos no presente trabalho, a China iniciou seu processo de reunificação

territorial há mais de 50 anos, para completar sua reunificação só falta Taiwan... a RPC tem a

convicção que “Taiwan é parte inalienável do território chinês” e tem como Objetivo Nacional

Permanente a reunificação da China, oficialmente procurará reunificar o país por meios

pacíficos, mas nunca descartou o recurso à força para salvaguardar a sua soberania e

integridade territorial.

As interações inerentes ao conceito Da Zhongguo tem ajudado a sustentar o

argumento da viabilidade da reunificação por via pacífica, baseado no argumento liberal da

mútua dependência. Falta definir uma fronteira, tal reunificação será possível? De forma

pacífica? Acreditamos que sim, em face de uma visão realista da RPC, muito mais do que

pelos preceitos liberais de mútua dependência econômica e colaboração como forma de evitar

os conflitos, como veremos a seguir.

4.1 A última fronteira: A Política dual chinesa e as Relações Internacionais.

O governo chinês adota uma política de caráter dual, com relação à Taiwan,

advogando o princípio de “reunificação pacífica”, e de “um país dois sistemas”, oferecendo

uma certa autonomia ao governo de Taipei, sem deixar de explicitar que uma tentativa de

independência do território insular pode acarretar o emprego da força pelo governo

continental. Esta dualidade gera uma tensão entre Beijing e Taipei, tensão que pode despertar

um conflito latente – muito embora em cenários bem definidos – que só pode ser dissuadido

pela panóplia militar norte americana. A RPC precisa que Taiwan aceite negociar a

reunificação com prazos estabelecidos, sem a assertiva de ser um Estado independente, por

outro lado, precisa demonstrar que tem capacidade militar e vontade política para empregar a

força contra Taiwan, se necessário for. Para a China, Taiwan é uma província rebelde, parte

indissociável do território chinês. O governo chinês entende a importância e as peculiaridades

da Ilha, acenando-lhe com autonomia e tratamento especial, dentro do princípio de “um país,

dois sistemas”. Há uma unanimidade – provavelmente originada pela partilha de seu território

e exploração sofrida até a segunda guerra – de que suas Relações Externas estão

intrinsecamente relacionadas com a Segurança Interna.

A RPC tem uma percepção Realista do Sistema Internacional (SI), entendendo

que os atores do SI são os Estados, que competem entre si continuamente por poder. Esta

posição coaduna com a estratégia chinesa de dar autonomia a Taiwan, mas não a ponto de

Page 19: História do tempo   reunificação da china-signed

17

emancipar-se como Estado soberano, isto é, ter representatividade no SI, segundo a escola

Realista. A ótica chinesa para as Relações Internacionais é centrada no Estado, cuja relevância

dos organismos multilaterais e transnacionais, é medida pela possibilidade da China conseguir

vantagens de modo a conseguir atingir seus objetivos nacionais, particularmente no que

concerne ao desenvolvimento econômico e tecnológico.

Nesse contexto, atualmente, as diferenças ideológicas tem perdido espaço para o

pragmatismo desenvolvimentista. Os elementos fundamentais da relação da China com os

outros Estados, estabelecidos em sua constituição, afiança que tal relação está alicerçada em

uma política exterior independente e em cinco princípios básicos:

1. Respeito mútuo a soberania e integridade territorial;

2. Não agressão;

3. Não intervenção nos assuntos internos de outros países;

4. Igualdade e benefícios recíprocos; e

5. Coexistência pacífica.

Sua Política internacional é pautada nestes cinco princípios básicos e visa à

consecução dos seus objetivos nacionais, quais sejam:

1. Alcançar a segurança interna;

2. Manter a unidade nacional; e

3. Proteger a soberania do país.

Derivados desses objetivos, a RPC elencou como objetivos políticos: o desenvol-

vimento econômico, que seria garantido através do acesso ao mercado externo, recursos

naturais, tecnologia e capital para investimento; ter maior participação em organismos

internacionais, de modo a poder influir nas decisões globais que afetem seus interesses; usar o

SI para aumentar sua estatura política e seu poder interno. O período das “Quatro

Modernizações”2 estabeleceu as áreas prioritárias para alcançar os objetivos nacionais.

Em 1979, a RPC expediu a “Mensagem aos compatriotas de Taiwan”, no

documento defendia que era preciso que as duas partes iniciassem negociações com vistas à

reunificação3. A mensagem prosseguia, conclamando ao estabelecimento de intercâmbio nas

áreas econômica, cultural, esportiva e técnico-científica, assim como criar vínculos no

comércio, transportes e serviço postal. O conteúdo da mensagem tinha o propósito de oferecer

2 As Quatro Modernizações eram voltadas para o crescimento industrial, desenvolvimento agrícola e em ciênciae tecnologia e modernização militar.

3 Neste momento, a RPC já havia iniciado sua modernização industrial, retomado relações diplomáticas com osEUA, que não reconhecia Taiwan oficialmente, e o TDM havia sido desfeito.

Page 20: História do tempo   reunificação da china-signed

18

a Taipei a ideia de “um país, dois sistemas”. Ato contínuo, Beijing iniciou uma ofensiva

diplomática com o intuito de isolar Taiwan do cenário internacional e forçar Taipei a negociar.

Em seu Livro Branco “Relações através do Estreito” (1994), Taiwan explicita firmemente que

não aceita a ideia de “um país, dois sistemas”. A RPC respondeu insistindo na ideia de

reunificação com a fórmula chinesa dos “oito pontos para reconciliação”

A RPC divulgou seu Livro Branco, em 2000, sobre as relações com Taiwan,

reafirmando que Taiwan era parte inalienável do território chinês, não reconhecia a existência

de Taiwan como uma entidade política autônoma distinta da China, expunha a necessidade de

que as negociações ocorressem com prazos definidos, exortava o governo de Taipei a aceitar o

princípio de uma única China como base para alcançar uma reunificação pacífica e sinalizava

que qualquer tentativa de independência de Taiwan ou sua ocupação por um país estrangeiro,

seria respondida com emprego de força militar. Já Taiwan tem buscado evitar qualquer

possibilidade de uso da força por parte de Beijing, desde o final do século passado. Porém

ainda persiste o impasse quanto à existência de um país e dois sistemas ou dois Estados.

Contemporaneamente, a política externa chinesa busca conduzir a China a um

patamar de “global player” e conseguir conquistar seus objetivos nacionais, que estão

fortemente vinculados à segurança e integridade interna, criando fortes elos entre a política

externa e a interna. O Nacionalismo tem sido uma corrente de crescente importância na

política exterior da RPC e vem sendo usado pelo PC como elemento aglutinador e legitimador

de seu poder. Após o colapso da URSS, a percepção de ameaça chinesa foi substancialmente

alterada. Já a partir da 1ª Guerra do Golfo (1991) a China, começa a enxergar a possibilidade

de intervenção internacional em seus assuntos internos, passando os EUA a constituírem não

só uma ameaça real, mas passariam a ser a principal ameaça aos interesses nacionais chineses

e o ponto focal desta relação é Taiwan. Tal constatação e a assinatura do Tratado sino-russo de

fronteiras (2004) levaram, inclusive, a uma radical mudança estratégica militar, o

desenvolvimento do poder naval chinês, depois de séculos de predomínio do poder terrestre.

4.2 Um canal estreito: A posição de Taiwan.

O governo do Kuomintang em Taiwan, após 1949, se sustentou sobre a seguinte

estrutura (CHU & LIN, 2001, p.113, citado por SAMPAIO):

I. regime de partido único altamente centralizado;

II. simbiose entre estado e partido;

III. sistema legal extra-constitucional, amparado em medidas de exceção;

Page 21: História do tempo   reunificação da china-signed

19

IV. pluralismo eleitoral controlado, implementado somente em nível local, onde

os candidatos não filiados ao Kuomintang concorriam como independentes.

Na política internacional, o tabuleiro confrontando Taipei e Beijing se inverteu há

meio século, com a aprovação pela Assembleia Geral das Nações Unidas do governo de

Beijing como legítimo representante da China, invertendo o status quo vigente, acarretando

uma diametral inversão nas missões diplomáticas creditadas, optando a quase totalidade das

nações por reconhecer o governo da RPC, alinhados com a postura da ONU, como o efetivo

representante da China. As relações entre a China e Taiwan prosseguiram tensas. Em 1981,

Taiwan promulga sua “política dos três nãos”. Consistia, resumidamente, em:

I- Não ao contato com a RPC;

II- Não às negociações com a RPC; e

III- Não ao compromisso com o comunismo.

Ainda que com tensões presentes, e com toda a retórica dos dois governos, as

relações entre os dois lados do Estreito melhorara. O principal motivo foi a perda de

hegemonia do KMT na estrutura política taiwanesa. Estes fatos debilitaram as alas mais

radicais da elite taiwanesa, opostas a qualquer tipo de negociação com a China. Como

consequências imediatas, houve o reconhecimento de Taipei da legitimidade do governo de

Beijing sobre a China continental, a autorização para cidadãos taiwaneses visitarem parentes

na China, através de um terceiro país e a revogação da “política dos três nãos”, a fundação

duas associações dinamizaram os contatos entre as partes e chegaram a assinar acordos

menores, a insular Fundação de Comércio do Estreito (FCE) e a Associação para as Relações

no Estreito de Taiwan (ARET), sediada no continente. Ao mesmo tempo em que ocorria a

ativação da FCE e da ARET, iniciam-se as conversações entre os dois governos, com um viés

pragmático até então nunca visto nas relações bilaterais, junto a esse processo pragmático de

flexibilização das relações, houve um incremento o processo de interdependência econômica.

Taiwan expediu as NUM, cuja ideia implícita era o reconhecimento público pela

RPC de duas entidades políticas distintas, sob a forma de “um país, dois governos”, numa

clara e manifesta posição contrária à proposta chinesa, o documento reforçava a democracia e

tinha uma ideia subliminar de independência política, em consonância com o que

estabeleceria o Livro Branco de Taiwan sustentava que havia apenas uma China como

entidade cultural, histórico-geográfica e racial e que havia a República da China, outra

realidade política, afirmando que a cisão foi um fato histórico e político e refutando a ideia de

“um país, dois governos”. Vimos no item 4.1, a reação chinesa a esta postura.

Page 22: História do tempo   reunificação da china-signed

20

Taiwan praticava, com regularidade, a chamada “diplomacia do turismo”, isto é,

seus líderes, ministros e grandes comitivas “visitavam a lazer” cidades onde,

“coincidentemente”, havia algum encontro ou reunião de organismos internacionais, buscando

– e quase sempre conseguindo – serem recebidos oficialmente ao chegar ao local de

realização do evento e promovendo a imagem de Taiwan como país independente.

O governo de Beijing tem buscado influenciar as eleições taiwanesas, com intuito

de dificultar a chegada ao poder de candidatos independentistas e de não permitir que

obtivessem maioria parlamentar. Em termos práticos, a única ação tomada por Taipei foi

buscar reconhecimento diplomático internacional, obtendo resultados pouco satisfatórios.

Também não abandonou o diálogo com a RPC, porém sem aceitar condições sine qua non.

No início do século Chen Shui-bian chegava ao poder em Taiwan, defensor da

independência insular, foi reeleito graças a manutenção da questão da identidade taiwanesa,

todavia acenava para a China coma perspectiva de negociação. Apesar das derrotas nos pleitos

presidenciais, o KMT continuou como principal força política em Taiwan e não compactuava

com as ideias de Chen. Paralelamente George W. Bush (1964-) assumia a presidência dos

EUA, garantindo que utilizaria da força, se necessário, para defender Taiwan. A ala pró-

independência, em Taiwan, sentiu-se apoiada e esperava conseguir força suficiente para sua

emancipação, o discurso da Casa Branca foi revisto em 2003 - influenciado pelos ataques de

11 de setembro - quando Washington se pronunciou contra “qualquer decisão unilateral

tomada pela China ou Taiwan para mudar o status quo” (Kissinger, 2011, p. 473).

O status político internacional de Taiwan é controverso. A situação tornada mais

difícil de ser avaliada porque há uma ambiguidade política deliberada. Dependendo do grupo

que se encontra no poder, Taipei acena para Beijing com cooperação ou insinua que buscará

se libertar, porém quaisquer das correntes não descartam a solução oposta. A própria ideia de

“declaração de independência de Taiwan” é controversa, posto que a autonomia de Taiwan é

uma questão ambígua. Para alguns autores Taiwan é um país independente de fato e já se

considera um Estado soberano de jure, sob o argumento que a RPC jamais controlou o

território ocupado por Taiwan. Para muitos analistas, Taiwan já é, de fato, um Estado

independente, compreendendo o arquipélago formado por Taiwan e as ilhas de Penghu,

Kinmen e Matsu, possuindo uma jurisdição territorial estabelecida.

No cenário internacional, a atitude majoritária é a de manter o status quo, isto é,

afirmar formalmente que não reconhece Taiwan e tampouco apoiar uma declaração unilateral

Page 23: História do tempo   reunificação da china-signed

21

de independência, porém tratá-la, extraoficialmente, como um Estado.

4.3 O terceiro Protagonista: A relação Beijing-Washington-Taipei.

Não há como falar de China e Taiwan nos campos políticos, diplomático e militar,

sem falar nos EUA. Como visto no item 2.1, os EUA assumiram um papel ativo como um ator

de peso na problemática territorial chinesa, quando buscaram uma “contenção” do

comunismo chinês, materializado, já nos anos 50 do século passado, pela assistência e

treinamento das forças militares de Chiang Kai-shek e no domínio do Estreito de Taiwan, cujo

TDM veio confirmar. As três crises do Estreito de Taiwan, demonstraram o comprometimento

dos EUA com seu protegido, muito embora o viés norte-americano sempre fosse de

manutenção do status quo, na região. A geopolítica estadunidense para a região, buscava a

contenção da expansão comunista na região, sendo implementada no escopo da geoestratégia

da contenção. A conversão ideológica da RPC não era uma prioridade para os EUA.

Após o reconhecimento pela ONU do governo de Beijing como legítimo

representante da Cina, os EUA reconheceram a existência uma só China, por meio das

Declarações de Shangai (1972): “só existe uma China e Taiwan é parte dela”, mas continuava

a declaração afirmando ser “do interesse dos EUA que os chineses tentem resolver

pacificamente e entre si a questão de Taiwan”, Taiwan foi progressivamente tendo mais

dificuldade no estreitamento dos laços diplomáticos com outros Estados, muito embora tal

dificuldade não ocorresse no campo econômico. No governo Jimmy Carter, as relações

diplomáticas foram reestabelecidas com a RPC, e foi revogado o TDM. Para renovar os laços

com Taiwan, houve a assinatura do “Ato de Relações com Taiwan” (1979), que buscava

demonstrar a firme determinação dos EUA numa resolução pacífica da questão, evitando

romper o delicado equilíbrio do sudeste asiático. Ao final da década, podemos resumir o

cenário da seguinte forma: Os EUA queriam o equilíbrio no estreito e precisavam da China no

apoio à luta contra a URSS. Taiwan queria autonomia e independência, ainda que não oficial e

a China ficava satisfeita, bastando que suas reivindicações de soberania sobre Taiwan não

fossem confrontadas por uma tentativa de independência de fato por parte de Taiwan.

De acordo com Kissinger, o incidente na Praça Tiananmen (1989) retrocedeu às a

relação sino-americana ao ponto de partida, toda a relação ficou sob forte ataque de um amplo

espectro político.

“O colapso da URSS criaria um novo contexto geopolítico, quando Beijing e

Washington avaliaram o novo panorama, perceberam seus interesses não mais evidentemente

Page 24: História do tempo   reunificação da china-signed

22

convergentes” (Kissinger, 2011). A década de 90 começou reescrevendo a ordem mundial e

com uma melhora nas relações entre Beijing e Taipei. Houve tentativas de aproximação entre

os dois lados do Estreito e isso funcionou no plano comercial, a FCE e a ARET dinamizaram

os contatos entre o continente e a ilha e chegaram a assinar acordos menores. Ao longo da

década, porém, as relações entre Beijing e Taipei melhoraram, porém foram se deteriorando.

Os atritos com Washington foram se avolumando, uma vez que o inimigo comum

desparecera. Houve tentativas de aproximação entre as Chinas e isso funcionou no plano

comercial, duas associações dinamizaram os contatos entre as partes e chegaram a assinar

acordos menores, a FCE e a ARET. A segunda metade da década trouxe uma virada no quadro

cooperativo até então vigente. Começando com a fórmula chinesa dos “oito pontos para

reconciliação”, seguida da “Política dos três nãos”, formulada pelos EUA, como já vimos.

O distanciamento e a tensão entes Beijing e Taipei atingiu níveis alarmantes com a

Terceira Crise do Estreito de Taiwan (1996). O principal acontecimento que levou a crise foi a

campanha iniciada pelo presidente Taiwanês Lee Teng-hui que visava a readmissão de seu

país na ONU. Lee teve sua visita particular autorizada pelos EUA, que não reconhecem

oficialmente o governo de Taipei, porém a visita à Cornell University, transformou-se num

inflamado discurso pela independência de Taiwan e contra os “abusos” chineses, Beijing

chegou a mandar chamar seu embaixador em Washington.

A Terceira Crise do Estreito de Taiwan desenrolou-se com um víes basicamente

dissuasório. Embora os norte-americanos tenham enviado dois Carrier Battle groups4 como

demonstração de força, nunca houve a busca pela confrontação entre a China e os EUA.

“A ausência de uma resposta concreta dos EUA durante a maior partedos exercícios, foi uma escolha consciente do governo Clinton, feitano intuito de evitar que a China julgasse que a Casa Branca estavaapoiando a independência da ilha, e para desencorajar os elementospróindependência do governo taiwanês”. (Dornelles Júnior, 2006,p.75-76 citado por SAMPAIO et al).

No campo das Relações Internacionais, a crise veio confirmar o argumento que as

potências do gênero trading state nem sempre se encontram num patamar de menor

beligerância relativamente às suas congêneres territorialmente mais aquinhoadas. Os

resultados desta crise trazem consigo um expressivo grau de ambiguidade, como tem sido a

4Carrier Battle Group (hoje Carrier strike Group) é a principal forma de projeção naval de poder da US Navy, éuma Força-Tarefa de ataque, nucleada em um Navio-Aeródromo, com seus escoltas e navios de apoio logístico.Conta com cerca de 70 aeronaves, podendo contar também com submarinos.

Page 25: História do tempo   reunificação da china-signed

23

tônica das relações triangulares Beijing-Washington- Taipei. A RPC perdeu terreno no campo

diplomático, porém demonstrou que responderia agressivamente, caso Taipei demonstrasse

atitudes que causassem empecilhos e pusessem em risco o processo de reunificação. Para

Johnson, a cultura estratégica chinesa assenta premissas associadas a uma realpolitik, onde o

cálculo dos prós e contras de ações militarmente mais coercitivas são ponderados e aplicados.

Tal pragmatismo ganha corpo sob a forma de um racionalismo flexível, oriundo, praticado e

adotado pelas lideranças do Partido Comunista Chinês. Consideramos que a hostilidade

chinesa foi orientada para dois objetivos, o primeiro o receio de que uma eventual declaração

de independência de Taiwan possa despertar aspirações secessionistas em outras províncias. O

segundo, a hipótese de que a consolidação do processo democrático em Taiwan pudesse minar

a réstia de autoridade de Beijing sobre a Ilha.

Em 1999, as relações entre os dois atores asiáticos voltaram a estremecer, devido

às pressões militares e retóricas de Beijing, tendo como propósito desestabilizar a candidatura

de Chen Shui-bian, que acabou eleito presidente taiwanês. Novo embate entre as Chinas

ocorreria em 2005, quando o ainda presidente Chen Shui-bian, anunciou que no ano seguinte,

adotaria uma nova Constituição, que se referendada pelo povo, declararia a independência do

país em 2008. Prontamente a China respondeu, promulgando a “Lei anti-secessão”, a qual

estabelece que só possa existir uma única China, com a explicita negação da independência da

ilha rebelde. O oitavo artigo da lei prevê o uso de medidas “não pacíficas”, caso Taiwan

declare a intenção de separar-se da China. O Livro Branco da Defesa Nacional chinesa

preconiza que “a questão de Taiwan é algo de puramente interno. A incorporação direta ou

indireta de Taiwan em quaisquer esferas de cooperação de segurança ou de aliança militar

constitui uma grave infração e ingerência nos assuntos internos e de soberania da China”. O

governo chinês declara que procurará alcançar a reunificação do país por meios pacíficos, mas

não descarta o recurso à força para salvaguardar a sua soberania e integridade territorial.

Durante anos a política externa norte-americana não foi alterada em sua essência,

pois continua apoiando Taiwan com a intenção de não permitir o fortalecimento da China,

fato que fica mais evidente quando ocorre a aprovação de sucessivos pacotes de vendas de

armamento (outubro de 2011), e ao desenvolvimento de um sistema nacional e regional de

defesa antimíssil. Porém ocorre uma percepção de insegurança evidenciada em 2011, quando

a então secretária de estado norte-americana Hillary Clinton (1947-) declarou que a região da

Ásia-Pacífico seria a partir de agora a prioridade dos EUA, reforçando a credibilidade e o

Page 26: História do tempo   reunificação da china-signed

24

prestígio de Washington perante os compromissos assumidos com seus aliados regionais. A

mudança de prioridade militar no atual governo de Barak Obama (1961-) do Comando

Central (CENTCOM) para o Comando do Pacífico (PACCOM) é um bom indicador da nova

postura estadunidense. “A cooperação global e de interesse da própria China, não é um

estratagema para promover uma política puramente nacional.” (KISSINGER, 2011, p. 488)

A polêmica em torno da ilha é produto da confluência de perspectivas e noções

distintas acerca de soberania dos Estados, muitas das quais se encontram intimamente ligadas

às considerações chinesas de segurança nacional. Segurança nacional e soberania são

conceitos siameses. A sobrevivência do Estado depende da percepção correta das ameaças à

sua soberania e na consecução do estabelecimento de uma panóplia que respalde um

programa para atender satisfatoriamente os requisitos de segurança autóctone. Atualmente a

China identifica cinco objetivos como fundamentais:

1. Continuação do crescimento econômico;

2. Preservação da integridade territorial;

3. Consolidação da segurança do Regime;

4. Expansão da influência internacional; e

5. Manutenção de um favorável equilíbrio estratégico.

Analisando as peculiaridades da questão taiwanesa e os objetivos acima

elencados, verifica-se que há uma dicotomia entre os dois primeiros, na eventualidade do

emprego da força pela China. Uma anexação forçada de Taiwan poderá colocar em sérias

dificuldades seu atual crescimento econômico e provocará efeitos de curto, médio e longo

prazo, que vão desde a destruição da infraestrutura existente em Taiwan, passando pela fuga

de investidores do país e chegando a completa desestabilização dos mercados financeiros

asiáticos – quiçá globais. Poderá ainda, num cenário ruim para Beijing e perfeitamente crível,

alterar o status quo geoestratégico regional, em prol do Japão, uma vez que criaria condições

para a materialização do pacto nipo-americano. Na eventualidade de um fracasso militar

contra Taiwan, construir-se-ia o pior cenário para a RPC, a liberação das forças secessionárias

latentes, pondo em risco a própria segurança interna e a sobrevivência do regime.

4.4 A espada e a balança: A situação Militar do Triângulo.

Uma vez que as atuais relações entre a RPC e Taiwan são permeadas de ameaças

de emprego da força militar por parte da China continental, vejamos como se apresenta a

panóplia militar chinesa e como fica a comparação com a estadunidense.

Page 27: História do tempo   reunificação da china-signed

25

Figura 5 – Países que mais investiram em Defesa em 2011

Das quatro modernizações, a que teve menos investimento inicialmente foi a

militar. Tal quadro vem mudando nos últimos anos. A atual concepção propõe uma redução no

efetivo, com incremento da qualidade do combatente e da tecnologia bélica. Tal mudança de

panorama nas Forças Armadas tem como ideia-força “Smaller but not cheapper”. Após o

Tratado de fronteiras, assinado em 2004, a China mudou fortemente sua postura estratégica

secular, de forte viés terrestre, para uma redescoberta de sua vocação marítima.

A modernização da panóplia militar chinesa, incluindo a parte doutrinária, aponta

para uma busca em tornar-se a principal potência militar regional. Ainda que seja justificada

como para manter sua estabilidade interna e proteger seus interesses territoriais e econômicos.

A modernização em andamento busca tornar o exército uma força de emprego rápido, tendo,

inclusive, três divisões com adestramento anfíbio. De forma análoga, a marinha organizará

forças de emprego rápido em suas três esquadras, deverá, ainda, desenvolver capacidade

anfíbia e constituir-se em “blue water navy”. A força aérea chinesa busca melhorar sua

capacidade de apoio nas operações conjuntas, assim como apoiar a marinha nas operações

anfíbias e em alto-mar. A força de mísseis estratégicos é uma força nuclear, com capacidade

de contragolpe, como estudado e proposto por Wohlstetter (1913-1997), isto decorre da

orientação chinesa de não empregar inicialmente armamento nuclear. O uso do princípio da

surpresa é parte fundamental da cultura militar chinesa. Esta característica tem especial

importância, quando no confronto com um Estado militarmente mais forte, particularmente

com a limitada capacidade de projetar poder e sustentar um conflito convencional prolongado

contra um inimigo militarmente superior. Outro princípio fundamental chinês é a

concentração, que contribuiu para um alto índice de violência em conflitos territoriais, ao

longo de sua história.

A modernização vem conseguindo êxitos, particularmente na última década, a

tradicional vantagem de Taipei em termos qualitativos foi revertida, isto cria possibilidades de

Page 28: História do tempo   reunificação da china-signed

26

fato de um ataque preventivo por parte da RPC, com uma rápida vitória militar e negociações

para reconhecimento internacional do novo status quo. Neste século houve, no nível Político,

uma melhora nas relações da RPC com seus vizinhos, isto reflete no nível estratégico militar,

em uma rara ausência de ameaças nas fronteiras terrestres, propiciando acelerar a redução de

efetivo previsto na modernização militar e concentrar recursos para desenvolvimento da

marinha de guerra. A principal ameaça atualmente é uma hipotética declaração de

independência de Taiwan, no curto prazo é esta a preocupação da RPC. A China tem a

consciência que um conflito militar com Taiwan envolveria os EUA, para ser capaz de

confrontar os EUA é que a China se prepara em médio e longo prazo. Outras preocupações

chinesas são as ilhas Nansha, no Mar do Sul da China e as Diaoyu (Senkaku), no Mar da

China Oriental, que também é reivindicado por Taiwan, esses territórios insulares tem

recebido uma importância estratégica crescente e, ao lado do Estreito de Taiwan, constituem a

principal preocupação para a Armada chinesa.

Figura 6 – Áreas reclamadas pela China e vizinhos.

A Estratégia Nacional de Defesa da RPC possui três eixos principais:

1. Elevar seu poder de combate convencional para enfrentar conflitos

regionais terrestres ou navais;

2. Ampliar sua capacidade nuclear para contrapor-se a oponente com maior

poder militar; e

3. Adotar a doutrina estratégica de “Guerra Popular Moderna” – em

substituição ao conceito de “Guerra Popular Prolongada”.

Esta nova estratégia atesta que, atualmente, o tipo de guerra que a RPC pode

enfrentar é o de uma guerra local, limitada e convencional – podendo a ser de alta tecnologia

– baseadas na mobilidade e surpresa, buscando uma rápida definição. Todavia, orienta o

Page 29: História do tempo   reunificação da china-signed

27

desenvolvimento de capacidade de conduzir uma guerra nuclear ampla, rápida e utilizando o

conceito de “second strike”5. Partindo destes pressupostos, iniciou-se o processo de transição

das FFAA de uma força militar centrada na massa, para uma força moderna e flexível,

priorizando o emprego de tropas de elite com alterações estruturais, de comando e controle e

de adestramento, destinadas a combater, prioritariamente, em um conflito com rápida escalada

– pouco tempo para prontificação – e de alta intensidade, ao longo de suas fronteiras, sejam

terrestres ou marítimas.

Figura 7 – Desdobramento dos meios navais Chineses Figura 8 – Desdobramento do Exército de Libertação do Povo

Na busca por respostas à atual assimetria pró estadunidense, os estrategistas

chineses identificaram como vulnerabilidades norte-americanas passíveis de serem

exploradas, a dependência de armamento e tecnologia sofisticados e a baixa aceitação do

povo de números elevados de baixas. Considerando um cenário de guerra convencional, uma

vantagem que a RPC possuiria, numa eventual luta anti-independência taiwanesa, é o terreno

esperado para a batalha, travados em águas marrons, o que acarretaria uma vantagem logística

para a China, que teria linhas de comunicação marítima (LCM) mais curtas que as do

oponente, reduziria a importância relativa das tropas terrestres, além do que é o tipo de teatro

para o qual as forças navais norte-americanas não podem explorar plenamente sua

superioridade, por ter águas pouco profundas, finalizando o emprego de minas navais pela

RPC, traria mais um elemento complicador para a U.S. Navy.

5 Capacidade de sobrevivência da força nuclear, receber um ataque nuclear e revidar com grande intensidade.

Page 30: História do tempo   reunificação da china-signed

28

Diante da sua concepção estratégico militar e seus tradicionais princípios de

guerra característicos, pode-se concluir que a China se veria inclinada a um ataque preventivo,

como forma de manter a iniciativa estratégica, vital para as pretensões chinesas, no caso de

uma declaração de independência por parte de Taiwan, sabendo que esta ação arrastaria os

EUA para o conflito, gerando uma assimetria desfavorável e aumentando enormemente o

perigo de fracasso. Tal ação seria desencadeada por meio de um assalto anfíbio e aeroterrestre.

Essa análise provavelmente levaria Beijing a optar por um bloqueio a Taiwan e a pressões

diplomáticas para evitar o reconhecimento da independência de Taiwan e conseguir sua

reincorporação.

5 CONCLUSÃO.

Taiwan tem governo próprio, instituições independentes, moeda nacional, FFAA e

participa ativamente do comércio internacional. Para efeitos práticos, é um Estado soberano,

mas apesar disso não é reconhecido pela ONU e pelas principais organizações internacionais.

Todavia, a RPC ainda define Taiwan como “uma província rebelde, ocupada por forças do

KMT com apoio estadunidense, desde 1949” e mostra disposição de mantê-la como parte da

China, a qualquer custo. Este binômio tem marcado o relacionamento entre os dois lados do

Estreito desde a proclamação da RPC, relacionamento este no qual podem ser observadas três

fases distintas. A primeira, caracterizada pela existência de negociações e hostilidades mútuas,

que vai desde o fim da guerra civil até o reestabelecimento de relações diplomáticas entre a

RPC e os EUA e o fim do TDM dos EUA com Taiwan, passando pelas quatro modernizações

chinesas, neste período surge a proposta de “um país, dois sistemas”. A fase seguinte tem

lugar nos anos 1980 e 90, sendo caracterizada pelo pragmatismo bilateral e intensa negocia

ção, durante este período, inicia-se o processo de democratização em Taiwan, com a perda da

hegemonia do KMT, nesta fase ocorreu um forte incremento na interdependência econômica,

parecia ser uma fase de transição, para uma inevitável reunificação. A terceira fase é produto

das transformações da fase anterior e caracteriza-se pela busca de Taiwan pela soberania –

traço inexistente durante a hegemonia do KMT – até a segunda fase, Taiwan buscava a

unificação com o continente, ao redor dos preceitos do governo de Taipei. Diante da

percepção de risco de independência taiwanesa, a RPC intensificou a política de isolamento

internacional do regime de Taipei e o pressionava com a ameaça de emprego de força militar,

Page 31: História do tempo   reunificação da china-signed

29

objetivando forçar Taiwan a negociar a reunificação com prazos definidos, esta fase se

caracteriza pelo recrudescimento do conflito, ainda que latente.

Atualmente a situação pode ser descrita como uma busca da RPC em negociar

uma reunificação pacífica, com prazos definidos, de forma a não permitir manobras de

Taiwan para postergar indefinidamente a reunificação, porém nunca renunciando à

possibilidade de emprego da violência, na eventualidade de uma declaração de independência

taiwanesa. Já Taiwan, tenta eliminar a ameaça de emprego da violência para solução da

questão e insiste na democratização das “duas Chinas”, como etapa sine qua non para

reunificação, com o propósito de dilatar o tempo de negociação. O principal objetivo de

Taipei, porém, é o reconhecimento por parte de Beijing da existência de duas entidades

políticas distintas, propondo “um país, dois governos”. Obviamente este conceito traz

embutido em si a ideia de independência.

A relação entre a RPC e os EUA pode ser dividida, para fim de análise, em quatro

períodos. O primeiro tem clara relação com a parte culminante da guerra fria, as relações eram

extremamente tensas e os EUA mantinham uma forte presença militar na região, para asse-

gurar a autonomia de Taiwan. Sendo bastante clara a política a favor de duas Chinas, o fato

marcante desta fase foi a assinatura do TDM entre EUA e Taiwan. O distanciamento entre

China e URSS marca o inicio de uma nova fase na relação sino americana, com a utilização

da China contra a antiga aliada, a mudança de postura estadunidense pode ser sintetizada no

comunicado de Shangai, que reconhecia a existência de uma única China e Taiwan como sua

parte integrante, tal fase termina com o reestabelecimento de relações diplomáticas entre

Washington e Beijing, esta fase ficou marcada como a do rapprochement norte-americano. A

terceira fase começa neste ponto, com a assinatura da Ata de Relações com Taiwan, que

garantia a segurança de Taiwan, que ficara fragilizada após a não renovação do TDM. Para

amenizar a situação, os EUA se comprometeram a limitar e eliminar, gradualmente, as vendas

de armamento para Taiwan. As relações no triângulo Beijing-Washington-Taipei seguem

tacitamente favoráveis à manutenção do status quo na região, levando a Casa Branca a tomar

decisões favoráveis ora à China ora a Taiwan, durante esta fase a diplomacia norte-americana

foi centrada numa ambiguidade estratégica, notadamente com o expediente de respeitar a

ideia de uma única China e reforçar militarmente a Ilha. O quarto período tem inicio com os

acontecimentos na Praça Tiananmenen, entretanto, o que caracterizaria este período seria a

tensão entre os dois lados do pacífico. Depois do colapso da URSS, o conceito do triângulo

Page 32: História do tempo   reunificação da china-signed

30

estratégico EUA-RPC-URSS, que fora importante para os EUA durante a guerra fria, se

dissipou. A China precisou reorientar sua estratégia para o âmbito regional, passando a

focalizar a Ásia e o Oceano Pacífico, desenvolvida para tornar-se uma potência regional, com

o propósito de tornar-se um poder global no futuro próximo. Os EUA não recuaram do

declarado em Shangai, porém dificultaram o acesso da RPC à OMC, condicionou o status de

MFN e faz constantes pressões sobre a situação dos direitos humanos no continente. Todavia

não adotou uma postura abertamente pró-Taiwan, manteve uma postura ambígua. A questão

de Taiwan é o problema imediato para os dois gigantes. A China fala em solução pacífica e em

“um país, dois sistemas”, os EUA não defendem a reunificação chinesa, tampouco apoiam a

independência de Taiwan, o status atual não desagrada a nenhum dos lados.

Contemporaneamente, a política externa chinesa busca conduzir a China a um

ser um poder global e conseguir conquistar seus objetivos nacionais, criando fortes elos entre

a política externa e a interna. Entendemos que a questão de fundo que se destaca é a

recuperação total da ancestral soberania territorial, cuja última fronteira é a reintegração de

Taiwan. A China é uma potência, ainda insatisfeita com o status quo da região, determinada a

resgatar seu prestígio e seu orgulho, feridos durante o “século da humilhação e da vergonha”.

O contrapeso desse pano de fundo é a opção da China em concentrar suas energias no

desenvolvimento econômico, em detrimento do conflito com sua parte insular.

No campo político interno, o PC utiliza-se do discurso nacionalista para legitimar

seu poder e aglutinar a sociedade no pós-guerra fria, assim como para mobilizar o povo na

busca dos objetivos econômicos e estratégicos chineses. Enquanto nas expressões de poder

política e social, o nacionalismo atua como fator mobilizador do povo e legitimador do regime

chinês e tenha contribuído para o sucesso econômico, pode atuar pejorativamente na

expressão militar, posto que induz a China a reagir com violência contra Taiwan, conferindo

pouca flexibilidade à Beijing, numa contexto em que não detém a iniciativa estratégica, uma

vez que Taipei poderá definir o momento apropriado para proclamar sua independência.

Na expressão econômica, as relações encaminham-se para uma integração

econômica. Beijing tem interesse nos capitais, nos serviços e no mercado financeiro de

Taiwan. O campo econômico permitiu que outras questões, de ordem política, fossem

postergadas, enquanto que questões práticas foram priorizadas.

Independente do campo ou expressão, o nacionalismo é um elemento que tem

permeado o cenário político chinês. A unidade nacional é o ponto central do discurso

Page 33: História do tempo   reunificação da china-signed

31

nacionalista e a recuperação pacifica de Hong Kong e Macao só reforçaram esse discurso e a

recuperação de Taiwan seria a última fronteira para a consecução da reunificação nacional.

O emprego de força militar não pode ser descartado, embora pareça estar restrito à

resposta a eventual declaração de independência taiwanesa. Entendemos que os fatores que

poderão moldar uma possível ação militar de Beijing para alterar a situação vigente serão

determinados por considerações de política interna ou por ameaças externas ao país, ou,

ainda, por uma combinação de ambos? O maior desafio atualmente, não difere muito do de

meio século atrás, consiste em formular-se uma solução que seja capaz de alojar o imperativo

de Beijing de “Uma China” ao mesmo tempo em que permite o afloramento de uma

identidade própria para Taipei. Tal solução só parece exequível se o governo insular contentar-

se com “uma China, duas administrações”, ao invés de lutar por dois Estados soberanos.

Diante de um quadro de emergência continental, com uma China cada vez mais capitalista,

próspera e proeminente no concerto das nações, a reunificação pacífica parece cada vez mais

palpável, culminando num projeto de mais valia para ambas as partes.

Não podemos esquecer que um conflito entre os atores chineses, envolveria o

protetor taiwanês, os EUA, que teriam papel central no conflito, sendo seu nível de envolvi-

mento preponderante para o resultado do conflito. Havendo evidências de uma decisão de

independência partindo de Taipei, haveria um aumento da pressão militar sobre a Ilha,

deteriorando sua economia, com o intuito de fazer com que as elites moderadas taiwanesas

buscassem reverter a situação internamente. Há o risco de um erro de cálculo, fazendo a crise

escalar perigosamente. Vemos que o pior cenário visualizado ocorreria com a declaração de

independência por parte de Taipei, obrigando a RPC a empregar seu poder militar. A RPC tem

uma característica de ênfase no emprego do fator surpresa, o que poderia levar a um ataque

preventivo contra Taiwan, de qualquer forma as opções chinesas vão desde a realização de

exercícios militares dissuasórios até uma invasão por intermédio de um assalto anfíbio e

aeroterrestre, decisão que envolveria os EUA no conflito, configurando um quadro de

assimetria desfavorável à China. Conclui-se que a opção mais provável de emprego das FFAA

chinesas é o estabelecimento de um bloqueio que poderia variar em duração e intensidade, em

apoio aos esforços políticos para resolução da questão, podendo inclusive declará-lo antes da

declaração de independência, possibilitando manejar a crise de acordo com a evolução da

situação. Nesse cenário, a RPC deverá estar preparada para tratar da crise diretamente com os

EUA, conseguindo, na atual conjuntura, uma solução negociada. Um risco para essa solução

Page 34: História do tempo   reunificação da china-signed

32

negociada são as alas radicais do PC que, amparados pelo nacionalismo, poderiam buscar a

reunificação chinesa a qualquer custo.

A manutenção do comércio de material bélico com Taiwan, ainda hoje é um fato

que pode abalar a proposta de não empregar a violência na resolução da questão, mais que

isso, indica uma política de contenção chinesa, corroborado pela mudança de prioridade para

o PACCOM. Caso dita política se configure, os EUA podem tentar forçar a RPC a entrar

numa corrida armamentista na qual dificilmente sairiam vencedores. Este expediente foi

muito eficiente com a Ex-URSS, a partir da década de 80, do século passado, que resultou no

colapso da economia soviética e deu a vitória na Guerra Fria aos EUA. Nesta ótica, a questão

de Taiwan pode ser utilizada para evitar que a RPC se promova a poder global. Para que tenha

capaci-dade de confrontar os EUA, caso venham a interferir na questão taiwanesa ou no palco

global, dois passos são necessários para a RPC: desenvolver tecnologia militar própria e a

baixo custo e desenvolver sua Armada até ser uma “blue water Navy” com plena capacidade

submarina e de NAe. “Coincidentemente” ambos os passos parecem estar sendo dados.

A ascensão chinesa nos campos militar e econômico, indicam uma probabilidade

cada vez menor de um confronto direto com os EUA (por Taiwan), pelos graves prejuízos que

decorreriam da empreitada. O que vemos é que Taiwan pode ser empregada como peça da

geoestratégia de contenção chinesa. A sociedade de Taiwan, não se mostra unida em torno da

causa da independência, os laços histórico-culturais são fortes entre continente e ilha e são

estes fatores, associados aos econômicos, que servem de impulsionador da reunificação, que

nos parece irreversível. Kant argumentava que “a paz perpétua chegaria ao mundo de dois

modos possíveis: pelo discernimento humano ou por conflitos de tal magnitude que não nos

restaria outra opção”, no caso taiwanês nos parece que a primeira opção será a escolhida.

Page 35: História do tempo   reunificação da china-signed

33

REFERÊNCIAS

BANCO MUNDIAL. Atlas of Global Development. Washington. 2013. Disponível em:<http://www.worldbank.org/reference/>. Acesso em 02 Mai. 2013.

CABRAL, R. P.; MUNHOZ, S. J. (Coord.). Impérios na História. Rio de Janeiro:Elsevier, 2009. p. 347-357.

CHANGSHENG, Shu. China: um Império? A Restauração Nacional e o Exercício doPoder na China: de Mao a Deng. In: DA SILVA, Francisco. C. T.;

CHINA. Presidência. White papers of Governmet. Beijing. Apr. 2013. Disponível em:<http://www.china.org.cn/e-white/>. Acesso em: 11 Mai. 2013

CLINTON, Hillary. Discurso da Secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton noClube Econômico de Nova York, disponível em: <http://iipdigital.usembassy.gov/st/portuguese/texttrans/2011/10/20111018101100x8.142817e-02.html#axzz2SFyNGq8t>.Acesso em: 02 Mai. 2013.

ECONOMIST, The. Taiwan and China. Small Changes. Taipei, Jan. 2001. Disponívelem: <http://www.economist.com/node/464858>. Acesso em: 01 mai 2013.

ESTADO, Agência. China e Taiwan assinam acordo comercial histórico: Medida reduztarifa sobre centenas de produtos e abre alguns serviços aos investimentos bilaterais.Taipei, 2010. Disponível em: <http://ex-economista-chefe/noticias/economia,china-e-taiwan-assinam-acordo-comercial-historico,25084,0.htm>. Acesso em: 05 mai. 2013.

GILL, Bates. China’s new security multilateralism and its implications for the Asia–Pacific region. Disponível em: <http://www.sipri.org/yearbook/2004/06> Acessado em:01 Mai. 2013.

GLASER, Bonnie. China’s Ho-Hum Wto Decennial. The Washington Quaterly, volume34, setembro de 2011. Center for Strategic and Intenational Studies. Disponívelem:<http://csis.org/files/publication/fr11n9.pdf> Acesso em: 30 Abr. 2013.

JESUS, Bianka de. Celebram aniversário das relações China-Taiwan, Beijing, 2013.Disponível em: <http://www.prensalatina.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1360791 &Itemid=1>. Acesso em: 02 mai. 2013.

KISSINGER, Henry. Sobre a China. Tradução Cássio de Arantes Leite. Rio de Janeiro:Objetiva, 2011. Título original: On China, 572p.

KOZLOWSKI, Silvia. A Obra de Deng: a ascensão da China como uma potênciaeconômica. Revista Eletrônica Boletim do TEMPO, Ano 6, Nº16, Rio, 2011. Disponívelem: <http://www.tempopresente.org/index.php?option=com_content&view=article&id=5674:a-obra-de-deng-a-ascensao-da-china-como-uma-potenciaeconomica&catid=41:outros&Itemid =127>. Acesso em: 02 Mai. 2013.

Page 36: História do tempo   reunificação da china-signed

34

LUSA. China e Taiwan assinam acordo de cooperação económica, Lisboa, 2010.Disponível em: <http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1605956&seccao=%C1sia#_page0>. Acesso em: 05 mai. 2013.

MING-SHO, Ho (2012). Beyond Tokenism: The Institutional Conversion of Party-Controlled Labour Unions in Taiwan's State-Owned Enterprises. The China Quarterly,212, p 119-139.

OVERHOLT, William H. Reassessing China: Awaiting Xi Jinping, The WashingtonQuaterly, volume 36, março de 2012. Center for Strategic and Intenational Studies.Disponível em: <https://csis.org/publication/twq-reassessing-china-awaiting-xi-jinping-spring-2012>. Acesso em: 30 Abr. 2013.

PEREIRA PINTO, Paulo. A questão de Taiwan: o cenário futuro m ais provável. RevistaBrasileira de Política Internacional, Brasília, v.43, n.1, p.173-177, 2000. Disponível em:<http://www.cprepmauss.com.br/documentos/aquestaodetaiwan_ocenariomaisprovavel48409.pdf >. Acesso em: 04 Mai 2013.

REUTERS, Agência. Próximo presidente da China promete laços pacíficos comTaiwan. Beijing, 2013. Disponível em: <http://www.gr.unicamp.br/ceav/china/artigos/fim-de-jogo-no-estreito-de-taiwan>. Acesso em: 05 mai 2013.

SAMPAIO, Fontes et al. Taiwan a disputa territorial a partir do processo dedemocratização. Brasil, 2009. Disponível em: <http://www.tempopresente.org/index.php?option=com_content&view=article&id=5233:taiwan-a-disputa-territorial-a-partir-do-processo-de-democratizacao&catid= 38&Itemid=127>. Acesso em: 05 mai. 2013.

SIPRI. Stockholm International Research Peace Institue. SIPRI yearbook 2012:Armament, Disarmament and International Security. Resumen em Español. Solna:2012, 28p.

SPENCE, Jonathan D. Em busca da China moderna: quatro séculos de história. SãoPaulo: Companhia das Letras, 1996. 817p.

TAIWAN. Government Information Office. The Republic of China at a Glance: cross-strait relations. Disponível em: <www.taiwanembassy.org/glance/en/index.htm>.Acesso em: 06 Mai. 2013.

XINHUA. Taiwan independence not to be promoted. China Daily: Ma, Beijing, 29 Abr.2013. Disponível em: <http://usa.chinadaily.com.cn/china/2013-04/29/content_16462333.htm>. Acesso em: 02 Mai. 2013.