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Faculdade de Letras – Universidade do Porto Técnicas de Expressão Jornalística – Televisão HISTÓRIA DE UM CANAL INFORMATIVO RTP – Radio e Televisão Portuguesa Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria e Multimédia Mariana Carvalho e Pedro Morais (turma 5, 1º ano)

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Faculdade de Letras – Universidade do Porto

Técnicas de Expressão Jornalística – Televisão

H IS TÓRIA D E UM C A NA L INF OR MA TIV O

RTP – Radio e Televisão Portuguesa

Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria e

Multimédia

Mariana Carvalho e Pedro Morais

(turma 5, 1º ano)

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ÍNDICE

Introdução ...................................................................................................................................3

O Nascimento da RTP ..................................................................................................................4

As primeiras imagens ................................................................................................. 5

As emissões regulares ................................................................................................ 6

O direto ...................................................................................................................... 7

As alterações do 25 de abril ....................................................................................... 7

A criação da RTP2, Açores e madeira ........................................................................ 8

A idade da cor ............................................................................................................ 9

A Rtp internacional .................................................................................................. 10

50 anos de história ................................................................................................... 10

A rtp na actualidade ................................................................................................. 11

Conclusão ..................................................................................................................................12

Bibliografia ................................................................................................................................13

Webgrafia ..................................................................................................................................13

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INTRODUÇÃO

Este trabalho, proposto pela unidade curricular Técnicas de Expressão Jornalística,

vertente televisão, tem como objetivo a pesquisa e análise da história de um canal de

televisão informativo

A televisão, tal como a rádio, trouxe uma enorme transformação em termos

comunicacionais. A imprensa tornava-se um meio de comunicação para uma classe

privilegiada da população pois era necessário saber ler mas, com o aparecimento da

televisão, qualquer pessoa passou a ter acesso aos conteúdos noticiosos, bastando ter a

capacidade de ver e ouvir.

Mas a televisão desde cedo se destacou da rádio e atingiu uma maior popularidade

porque a perceção dos conteúdos é mais fácil, a imagem possibilita o entendimento do

conteúdo que a articulação do discurso verbal pode dificultar. No inicio, o principal

obstáculo que a massificação mediática consistiu nas diferenças sociais que definiam quem

tinha ou não dinheiro para comprar o aparelho recetor. Actualmente a televisão é um meio

de comunicação a que praticamente toda a população tem acesso, sendo este facto um dos

aspectos base para a popularidade alcançada pelo meio.

Uma vez que estamos no curso de Ciências da Comunicação que tem como uma

vertente em opção o jornalismo, é importante a realização deste trabalho porque nos

permite conhecer melhor a história de um canal informativo. A nossa escolha recaiu na RTP,

pois é o canal televisivo mais antigo de Portugal e porque é um canal de carácter público.

Neste trabalho vamos, portanto, contar toda a história da Rádio e Televisão

Portuguesa, desde o seu nascimento até ao panorama actual.

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O NASCIMENTO DA RTP

Foi em 1955, a 15 de Dezembro que se cumpriu o disposto no artigo 1º do Decreto-Lei nº40341, que constituiu, por iniciativa do Governo, uma sociedade anónima de responsabilidade limitada, com a designação de RTP – Radiotelevisão Portuguesa. Neste documento foram incluídos, também, os estatutos da sociedade.

No artigo 3º desses estatutos pode ler-se que “A RTP tem por objecto a instalação e exploração, em território português, mediante concessão outorgada pelo Estado, do serviço de radiodifusão, na sua modalidade de Televisão, e bem assim o exercício das seguintes explorações de publicidade:

a) Cedência de tempo das suas emissões; b) Emissões de Televisão e de Radiodifusão com inclusão de

publicidade; c) Venda e aluguer de filmes com programas; d) Venda e aluguer de aparelhos de Televisão e de Radiodifusão e seus

acessórios; e) Serviço de assistência técnica aos aparelhos de Televisão e de

Radiodifusão; f) Quaisquer outras actividades comerciais ligadas ou relacionadas com

a exploração destes serviços, autorizadas pelo Governo.”

Como a sociedade era concessionária do serviço público de televisão, o governo nomeou um comissário para superintender na fiscalização dos serviços concedidos. A parte técnica, por sua vez, era fiscalizada por intermédio da direcção dos Serviços Radioeléctricos da Administração-Geral dos Correios, Telégrafos e Telefones, e os programas através da entidade designada no “Estatuto da Radiodifusão Nacional”. Ao comissário do Governo competia acompanhar a actividade da sociedade, com direitos de suspender as deliberações que considerar ilegais ou inconvenientes nas reuniões da assembleia geral e dos corpos gerentes.

A 16 de Janeiro realizou-se no palácio de S.Bento o acto de concessão do serviço público à RTP.

Camilo de Mendonça, engenheiro agrónomo e amigo de Marcello Caetano, foi nomeado para o mais alto cargo da administração da televisão portuguesa. Este soube lidar com a fase de arranque deste projecto apesar das dificuldades que foram surgindo, uma das quais era a oposição de Oliveira Salazar. No entanto, as ideias de Salazar foram postas em causa pela inevitabilidade da situação de progresso inerente à sociedade de consumo e, acima de tudo, pela urgência em ter um meio de comunicação que tornasse tudo diferente e servisse os desígnios do poder. Há mesmo quem diga que Salazar só ponderou os argumentos de Marcello Caetano, que apoiava incondicionalmente a criação da RTP, depois de falar com Franco.

Tendo os papéis que tratavam do “nascimento” da RTP todos em ordem, seguiu-se o processo para equipar os estúdios. Começou também a trabalhar-se na implantação da primeira fase da rede metropolitana de TV e foram montados centros emissores em Lisboa, Porto, Lousã, Montejunto e Fóia.

A 3 de Julho, uma camara que estava instalado no castelo de São Jorge, captou uma série de planos da capital portuguesa que foram transportadas até um receptor

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instalado em S. Domingos. As condições desta recepção foram consideradas satisfatórias.

Ainda em 1956 celebrou-se o contrato de compra de cinco emissores que iriam ser instalados na serra de Monsanto, em Lisboa, no monte da Virgem, em Vila Nova de Gaia e nas serras da Lousã, Monchique e Montejunto. Foi através do emissor instalado em Monsanto que passou, a partir de 3 de Dezembro de 1956, os ensaios técnicos e as transmissões de mira para a afinação de aparelhos receptores. Para além disso, foi desse emissor que, em 7 de Março de 1957, começaram a ser transmitidas as emissões regulares.

Na primeira fase do plano de cobertura, o objectivo era servir as três áreas populacionais mais importantes do país: Lisboa, Coimbra e Porto, onde habitava cerca de 60% da população de Portugal Continental.

Depois da venda por todo o país dos pequenos aparelhos receptores, alguns milhares de pessoas puderam defrontar-se, pela primeira vez, com a Televisão. O impacto foi de tal ordem que as conclusões retiradas foram deveras animadoras e, aquilo que era uma pequena experiência, terminou num contributo importante para que fossem iniciadas as emissões regulares no nosso país.

AS PRIMEIRAS IMAGENS

A primeira emissão televisiva da RTP aconteceu no dia 4 de Setembro de 1956, às 21:30, com Raúl Feio a apresentar o programa da noite. Este primeiro programa foi apenas emitido para os lisboetas, mas a equipa da RTP já pensava mais além, querendo emitir para todo o país. Maria Armanda Falcão apresentou uma das rubricas do programa, introduzindo um documentário acerca de ourivesaria. Seguiu-se uma rubrica desportiva, denominada de “Revista Desportiva”, apresentada por Domingos Lança Moreira, que entrevistou Alves Barbosa, recente vencedor da Volta a Portugal, e a equipa de ténis de mesa do Benfica, encerrando, de seguida, o primeiro programa desportivo da RTP. “Música e Artistas” foi a rubrica seguinte, que incluiu um documentário acerca da cidade de Lisboa e um dueto musical de Leonor de Sousa Prado e Nella Maissa. Seguidamente, introduziram-se notícias do panorama internacional, que incluiu uma reportagem realizada pela RTP. Por fim, Barradas de Oliveira apresentou a última rubrica, “Comentário do Dia”, fazendo um resumo de todas as temáticas do panorama nacional e internacional.

Raúl Feio retomou a emissão para encerrar este primeiro programa da RTP, após três horas de emissão. O ambiente no estúdio foi de euforia e de dever cumprido. Por toda a cidade, a multidão aglomerava-se junto das montras para assistir ao programa, a cidade parou para seguir atentamente este grande feito para Portugal. As idas da população ao pavilhão da RTP e as emissões de ensaio da RTP começaram a tornar-se um hábito e o sinal começou a chegar a vários locais nos arredores de Lisboa. Assim se iniciaram as emissões regulares.

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AS EMISSÕES REGULARES

A primeira emissão regular deu-se a 7 de Março de 1957 e foi considerada, por muitos, como a oficial. Essa data marca o aniversário da RTP, pois desde esse dia se conta a idade da estação de radiotelevisão, e, para além disso, marca também o retomo das emissões, que haviam sido suspensas em Dezembro de 1956. A justificação desta suspensão prende-se com a necessidade de vários ajustes a nível de conteúdos e, também, a nível técnico, pois era necessário um melhor aproveitamento do estúdio nas emissões em direto. Assim, instalaram-se 3 canais de câmara, uma régie, e procedeu-se a uma melhoria na iluminação do estúdio. Após toda esta evolução, no dia 7 de Março de 1957, pelas 21h30m, o genérico da RTP volta a entrar no ar. Maria Varela dos Santos, a locutora, saudou os telespectadores e, de seguida, anunciou o programa. Durante 8 minutos, Domingos de Mascarenhas falou sobre o projeto da RTP e sobre o seu futuro. Por volta das 22h, transmitiu-se o “Noticiário”, que durou 17 minutos e onde se falou acerca do panorama nacional e internacional. De seguida, na rubrica “Miradoiro”, Domingos Lança Moreira falou sobre futebol, apresentando o filme dos jogos entre as seleções militares de Portugal e França e correndo, seguidamente, uma entrevista com um jogador português, Rocha. Na sequência apresentou-se a última rubrica de estúdio, que precedeu um teatro de TV e um bailado. “Últimas notícias” marcou o fecho de duas horas da primeira emissão regular da RTP, um dia marcante para a história da televisão e uma grande evolução na sociedade portuguesa. Obviamente e devido à falta de experiência, muitas falhas aconteceram nesta primeira emissão, como por exemplo falhas de som, cortes de microfone, atrasos no genérico, mas, ainda assim, esta primeira emissão regular foi marcante e bastante importante. Contudo, isso iria mudar alguns meses depois, pois a experiência foi aparecendo e as condições técnicas melhorando. Todavia, os programas faziam dividir-se as opiniões. O público não estava totalmente satisfeito com os teleteatros, mas a crítica louvava estes programas, dizendo que “carinhoso bravo de louvor e de incitamento” era merecido. Contudo, houve uma ligeira alteração no alinhamento da RTP, sendo os teleteatros vistos como “pedra de toque” da emissão, ou seja, como meio de finalizar.

Em 57, a RTP enviou o seu primeiro repórter ao estrangeiro, Carlos Tudela, operador de imagem, que foi para Barcelona com o objetivo de captar imagens dos jogos da seleção nacional de Hóquei em Patins que aí se encontrava a participar no XXIII campeonato da Europa. De seguida, em Junho de 57, Baptista Rosa e Hélder Mendes, foram enviados para o Brasil com o intuito de fazerem a cobertura da visita do presidente da República a terras de Vera Cruz. Todos estes feitos foram vistos como autênticos marcos para a história e autênticos recordes, uma vez que a RTP conseguia apresentar peças gravadas 3 horas antes, e é necessário ter em conta que todo o processo de tratamento de imagens era demoroso.

Um dos episódios mais marcantes na história da RTP foi quando Carlos Tudela e Vasco Hogan Teves se dirigiram aos Açores para acompanhar a erupção do vulcão dos Capelinhos, que deu origem a um ilhéu. Carlos Tudela captou, com a sua câmara, imagens aéreas do vulcão, uma vez que o piloto do avião da Força Aérea onde seguiam Tudela e Teves sobrevoou o vulcão e perfurou a nuvem negra que deste saía. Durante dias os enviados especiais filmaram e acompanharam a atividade do vulcão, tendo Tudela arriscado a sua vida, pois pisou o ilhéu ainda com a montanha magmática em atividade.

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Outro dos episódios marcantes destas primeiras emissões regulares foi a utilização de um membro do governo, professor Marcello Caetano, para se dirigir à parte do país que recebia as emissões da RTP, foi a primeira vez que um membro do governo utilizou a televisão para o fazer.

Todo este processo evolutivo culminou na instalação de 4 grandes antenas no território continental. O emissor definitivo de Lisboa entrou em funcionamento a 23 de Novembro de 1957, no mesmo dia que o emissor de Lousã. O de Vila Nova de Gaia – Porto foi colocado em transmissão efetiva a 31 de Dezembro de 57. O emissor de Montejunto emitiu pela primeira vez a 10 de Março de 58 e o grande transmissor do Sul, instalado em Fóia (Serra do Monchique) começou a emitir a 25 de Abril desse mesmo ano. Deste modo, 44% da superfície continental e 58% da população recebiam a emissão da RTP.

O DIRETO

O direto era o género mais utlizado nos primeiros dez anos da RTP, embora fosse quase sempre carente de soluções de continuidade e desse aso a algumas situações complicadas de gerir. Num esforço para levar as emissões para o exterior, a RTP comprou uma carrinha devidamente equipada que serviria para que se fizessem reportagens fora de estúdio. Em Novembro, o carro foi instalado junto ao estádio José de Alvalade, para um primeiro ensaio de exterior, um direto. A reportagem-piloto que transmitiu um treino nocturno do Sporting, correu conforme o esperado.

Para o serviço foram destacados seis operadores e um assistente radiotécnico, que colocaram as câmaras e as orientaram segundo as indicações do realizador Artur Ramos. Com este realizador, do mesmo local e com a mesma modalidade desportiva, realizou-se, a 9 de Fevereiro de 1958, a primeira reportagem directa do exterior transmitida pela RTP.

O público-espectador reagiu muito bem às transmissões, o que mostrou a importância que os exteriores começavam a ganhar na produção da RTP. Esta tinha ao seu dispor um único estúdio, e encontrou, assim, uma forma de criar um maior número de conteúdos e de ir ao encontro de acontecimentos que podia divulgar e valorizar.

AS ALTERAÇÕES DO 25 DE ABRIL

Com a Revolução de 25 de Abril de 1974, o estatuto da empresa concessionária da radiotelevisão foi alterado. Em 1975, a RTP foi nacionalizada, transformando-se na empresa pública Radiotelevisão Portuguesa, através do Decreto – Lei nº 674-D/75.

No primeiro ponto do Comunicado nº1, assinado por Teófilo da Silva Bento, delegado do Movimento das Forças Armadas, pode ler-se: “A RTP é tida como um dos mais importantes meios postos ao serviço do povo português e deve-o servir com exemplar cuidado e escrúpulo, contribuindo para a sua livre informação, recreio e progresso cultural. Sendo assim, não se admitirá que, por qualquer forma, directa ou indirectamente, haja desvios na orientação da produção e das emissões, dos propósitos enunciados no programa

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político da Junta de Salvação Nacional trazidos a público pelo seu Presidente, Sua Excelência o General António de Spínola.”

Durante o período revolucionário a RTP viu as suas estruturas internas serem alteradas várias vezes, sendo que a maior parte das vezes os seus presidentes eram militares com ligações políticas.

Depois de eliminadas algumas rubricas tradicionais, a RTP procurou manter-se actualizada e dar aos seus telespectadores a informação que achava mais pertinente e que mais interessava e por isso alterou a sua programação, passando a ter um maior número de programas com um caracter político, quer debates, mesas redondas ou mesmo intervenções de cariz político. Isto também ia de encontro a uma sentida necessidade de informação do auditório nacional, o público quer saber o que mudou ou vai mudar, quer conhecer os rostos que são condutores das ideias e dos actos que vão mudar os cenários tradicionais. Percebeu-se “um claro reconhecimento de que se à RTP compete papel determinante na divulgação de pedagogia adequada às circunstâncias, ao espectador compete a triagem dos conteúdos recebidos, de modo a estabelecer o seu quadro de convicções.”

(Carlos Cruz durante as eleições para a

Assembleia Constituinte - 25 de Abril de 1975)

A CRIAÇÃO DA RTP2, AÇORES E MADEIRA

A 25 de Dezembro de 1968, nasceu o segundo canal da RTP, a RTP2, que tinha como objectivo oferecer aos telespectadores uma alternativa, com programas complementares aos do 1º canal, ou com programas de géneros diferentes, o que daria ao espectador a oportunidade de optar conforme as suas preferências. Contudo, o 2º canal começou a ser utilizado para a repetição de programas do 1º canal, pelo que o espectador começou a procurar o 2º canal para ver o que lhe havia escapado do 1º. Contudo, isto não gerou uma boa opinião na crítica, pois o público desesperava por uma alternativa viável de programação. Assim, o 2º canal, tornado em 1978, RTP2, passou a transmitir programas alternativos, pelo que hoje transmite programas culturais, conteúdos europeus, programação infantil e programas de defesa da língua portuguesa. É, da televisão de sinal aberto, o canal com menor número de audiências. Em 2004, deixou de ser RTP2, passando a denominar-se de 2. Contudo, em 2007 retornou à sua designação antiga e que desde sempre constara no 2º lugar da grelha televisiva: RTP2.

A televisão chegou mais cedo aos Açores do que se previra, devido aos esforços de um homem, de seu nome Ramalho Eanes. Logo após se tornar Presidente da RTP, estudou o assunto e, logo em 75, a 10 de Agosto, transmitiu-se pela primeira vez nos Açores. A RTP instalou-se em Ponta Delgada, num pequeno edifício. A primeira emissão desta estação durou 7 horas, abrindo às 15 com uma intervenção do general Altino de Magalhães, seguindo-se de “Tarde de Cinema”, até à abertura do Telejornal, que havia de terminar pelas 22h.

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A primeira delegação da RTP na Madeira é inaugurada a 6 de Agosto de 1972. Durante o ano transacto vários foram os ajustes técnicos na rede de distribuição, de modo a que a emissão fosse possível. A primeira emissão era para ter sido neste mesmo ano, mas o atraso na montagem das antes de emissão adiou este acontecimento para o dia 6 de Agosto de 72. Nesta data inaugurou-se a RTP Madeira, assegurando-se a transmissão de emissões regulares na Madeira.

A IDADE DA COR

Em 1980, iniciaram-se as emissões regulares a cor. O programa escolhido para este feito marcante foi o 17º Festival da Canção, realizado a 7 de Março de 1980, data do 23º aniversário da RTP. Contudo, a história da cor na televisão portuguesa começa em fins de 1977, com um grande investimento na compra de novos equipamentos e montagem de instalações completamente novas, como por exemplo nos Açores e na Madeira. Esta evolução dos equipamentos forçou a substituição dos emissores que distribuíam o sinal, pois estes eram já antigos. Deste modo, substituíram-se os emissores de Lisboa e Porto, e também os de Fóia e de S. Miguel, o que fez com o 2º canal fosse recebido em todo o Algarve. Mas nem só a evolução dos equipamentos foi importante para a RTP: as ligações entre a RTP e a Eurovisão foram-se fortalecendo, e isto foi vital para RTP, uma vez que lhe permitiu transmitir a cores programas como “Jogos sem Fronteiras”, o 23º festival infantil “Sequim D’ouro”, o campeonato da Europa das Nações, de futebol, e os Jogos Olímpicos de Moscovo. Este último, nomeadamente, fez com que as vendas de televisores aumentassem drasticamente, estando estes esgotados 2 semanas depois do início das provas olímpicas.

Outra das evoluções levadas a cabo pela RTP foi, quando a 10 de Junho de 1981, uma emissão originada no Centro Regional (Madeira) foi transmitida para todo o espaço português. Contudo, estes tempos não foram só de glórias para a RTP. A tragédia abateu-se sobre algumas ilhas açorianas, logo no primeiro dia de 1980. Um terramoto abalou toda a região açoriana, deixando em ruínas as instalações da RTP na Terceira, pelo que se perdeu muito equipamento. Mas este contratempo também teve os seus prós, uma vez que conseguiu enviar-se uma equipa de reportagem para as ruas, a qual gravou imagens que pouco tardaram a correr o mundo. Este foi, sem margem para dúvidas, uma ano complicado para a delegação da RTP na ilha Terceira. Alguns projectos tiveram, também, de ser cancelados no Faial e em S. Miguel, mas aqui começou a funcionar um edifício destinado aos Serviços Administrativos e à redacção do Telejornal. A 24 de Setembro de 1982 inauguram-se os melhoramentos instalados no edifício da RTP na Madeira, que passou a contar com material moderno que possibilitava o início das transmissões de todos os programas a cores. O mesmo sucedeu nos Açores a 16 de Novembro do mesmo ano, que passou a poder emitir os seus programas em direto. Assim, no dia 16 de Novembro todo o país pôde ver o mesmo programa, dividido em três partes: a primeira produzida em Lisboa, a segunda pela RTP – Açores e a terceira pela RTP – Madeira. Esta data marcou, também, a chegada definitiva da transmissão a cores.

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A RTP INTERNACIONAL

“PELA PRIMEIRA VEZ, UM CANAL DE TELEVISÃO QUE FALA PORTUGUÊS CHEGARÁ ÀS DISTANTES

COMUNIDADES ONDE SE FIXARAM, TRABALHAM E DIGNIFICAM MILHÕES DE NOSSOS COMPATRIOTAS” – LIA-

SE NUMA FOLHA INFORMATIVA DISTRIBUÍDA PELO GABINETE DE IMPRENSA DA RTP. QUE ACRESCENTAVA:

“TRATA-SE DE UM CANAL DE TV QUE ACENTUARÁ A PENETRAÇÃO DA LÍNGUA E DA CULTURA PORTUGUESA E

QUE, APROVEITANDO POTENCIALIDADES TECNOLÓGICAS IMPENSÁVEIS ANOS ATRÁS, NOS APROXIMARÁ A

TODOS, TORNANDO MAIS PEQUENO O NOSSO MUNDO. É O QUE, AFINAL, SE ESPERA DA RTPI, SENDO ISTO,

TAMBÉM, E CERTAMENTE, O QUE AS COMUNIDADES PORTUGUESAS DESEJAM.”

Teves, Vasco Luís Soares Hogan (2007), Livro 50 anos RTP

A RTP Internacional, o 5º canal do grupo, iniciou as suas emissões regulares a 10 de Junho de 1992. Esta acção veio desmentir o imobilismo da atitude empresarial após os severos golpes que representaram o fim da taxa, a cedência da rede difusora do sinal televisivo e as dúvidas geradas pela ausência de uma definição clara da política de participações financeiras.

Alguns meses antes, o secretário de Estado, Marques Mendes, anunciou o arranque do novo canal da RTP, um dos mais estimados objectivos do governo. A ideia era chegar cada vez mais longe, onde quer que estivessem portugueses, isto era considerado uma prioridade para o serviço público de televisão.

A criação deste novo canal só foi possível graças às inovações tecnológicas dos serviços via satélite que pretendia levar às comunidades portuguesas que se encontram espalhadas pelo Mundo os melhores programas dos 4 canais que faziam, na altura, parte do grupo RTP. Inicialmente, a RTP Internacional transmitia durante 5 horas nos dias úteis, 7 horas ao sábado e 9 ao domingo.

50 ANOS DE HISTÓRIA

7 DE MARÇO DE 2007 É O DIA.

LONGOS E DIFÍCEIS FORAM OS CAMINHOS ATÉ AQUI – MAS CÁ ESTAMOS, TODOS, EUFÓRICOS, REUNIDOS SOB

O MESMO CÉU AZUL DAS CORES QUE OSTENTAMOS. VAMOS OUVIR DIZER, DAQUI A POUCO, QUE “A RTP ESTÁ

E ESTARÁ COM OS PORTUGUESES, NOS BONS E NOS MAUS MOMENTOS”. É VERDADE. ASSIM TEM SIDO E

ASSIM SERÁ.

Teves, Vasco Hogan (2007), Livro 50 anos RTP

Foi em 2007, no dia 7 de Março que a RTP completou 50 anos de existência. A celebração foi também a inauguração de um novo Centro de Produção de Televisão, uma cerimónia que contou com inúmeras pessoas ligadas à política e também à história da estação. A chegada do Presidente da República, do Ministro dos Assuntos Parlamentares e da Ministra da Cultura foi acompanhada pelo hino nacional, tocado pela banda da GNR.

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Na pedra de inauguração do edifício pode ler-se: “Por ocasião dos 50 anos da RTP, no dia 7 de Março de 2007, este novo Centro de Produção de Televisão foi inaugurado por S. Exa. O Presidente da República, Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva”. O projecto foi do arquitecto Frederico Valsassina e conta com 9 andares, 5 deles acima do solo. O lado oriental destina-se a serviços como a Produção, Multimédia e o Arquivo, enquanto no lado ocidental se situam os estúdios principais.

Mas não foi só o Centro de Produção de Televisão que chamou a atenção da multidão que festejava as bodas de ouro do mais antigo canal português. A RTP tinha outra nova aquisição: “um autocarro digital de alta definição, 14 m. de comprimento, dois andares e um arsenal tecnológico de respeito”. O interior do autocarro impressionava ainda mais, “a superfície interior de trabalho tem 68 m² e o piso operacional dispõe de uma régie de vídeo em anfiteatro, com 3 filas desniveladas, o que permite uma melhor relação de trabalho com os equipamentos.”

Os 50 anos da RTP podem ser resumidos em algumas frases que fizeram parte do discurso de Almerindo Marques, presidente do Conselho de Administração da RTP na data: “A RTP faz parte da história dos últimos 50 anos de Portugal, numa memória viva que ajuda a compreender melhor o País que somos e de que os seus recuperados arquivos são testemunho actual e futuro. Por ela passaram os grandes artistas e comunicadores, homens e mulheres da cultura e do saber, do cinema e do teatro, juntos neste propósito de levar aos portugueses as melhores formas de expressão artística e o melhor da nossa cultura.“

A RTP NA ACTUALIDADE

A RTP, Rádio e Televisão de Portugal, é uma empresa estatal que inclui a rádio e a televisão públicas. A Radiodifusão Portuguesa e a Rádiotelevisão Portuguesa, eram, em 2004, empresas distintas, mas neste mesmo ano foram reestruturadas e fundiram-se numa só, dando origem à Rádio e Televisão de Portugal. Este ano a RTP comemora 55 anos de emissões em Portugal. Atualmente, como canais de televisão, conta com a RTP1, a RTP2 (canal dedicado à cultura, aos conteúdos europeus e à programação infantil), a RTP Memória (canal dedicado a programas antigos), a RTP Madeira, a RTP Açores, a RTP Internacional (canal que emite para os portugueses no estrangeiro), a RTP África, a RTP Mobile (canal para telemóveis), a RTP Macau (canal dedicado à comunidade portuguesa em Macau), a RTP Informação (canal de informação), a RTP HD e a RTP Música. Como canais de Rádio, a RDP conta com canais como a Antena 1 (rádio generalista), a Antena 2 (rádio cultural), a Antena 3 (dedica a um público-alvo mais jovem), a RDP Internacional (canal que emite para os portugueses no estrangeiro), a RDP África, a Antena 1 – Madeira, a Antena 3 – Madeira, a Antena 1 – Açores, a Rádio Lusitana, a Rádio Vivace, a Rádio Antena 1 Vida, a Antena 3 Dance, a Antena 3 Rock, a Antena 1 Fado, e a Rádio Vila Verda (rádio que emite para Macau).

Atualmente, a RTP é constituída por um conselho de Administração (presidido por Guilherme Costa), um Conselho Fiscal (presidido por António Lima Guerreiro) e por um Conselho de Opinião. Esta empresa estatal emite para cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo. A RTP1 é, actualmente, a 3ª televisão mais vista, mas os seus programas de informação, como o Telejornal e o Jornal da Tarde, são os mais vistos nos respectivos horário.

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CONCLUSÃO

“A RTP ESTÁ E ESTARÁ COM OS PORTUGUESES NOS BONS E NOS MAUS MOMENTOS. MOSTRA-LHES O

MUNDO E MOSTRA-LHES PORTUGAL. COM ELA, TUDO FICA MAIS PRÓXIMO DE TODOS. A TELEVISÃO

APROXIMOU-NOS UNS DOS OUTROS, NA PARTILHA COMUM DA INFORMAÇÃO, DO ENTRETENIMENTO E DO

LAZER. COM A RTP, REVIMOS VEZES SEM CONTA AS COMÉDIAS PORTUGUESAS DE OUTROS TEMPOS,

ACOMPANHÁMOS SÉRIES TELEVISIVAS, SEM PERDER UM EPISÓDIO, ASSISTIMOS A DEBATES QUE NOS

AJUDARAM A FORMAR A NOSSA OPINIÃO, VIBRÁMOS FRENTE AO ECRÃ COM A PARTICIPAÇÃO DE

PORTUGUESES EM COMPETIÇÕES INTERNACIONAIS, DOS CAMPEONATOS DE FUTEBOL AOS FESTIVAIS DA

CANÇÃO, PASSANDO PELAS OLIMPÍADAS.(…) O PODER QUE ESTE MEIO DE COMUNICAÇÃO POSSUI JUNTO DOS

CIDADÃOS É ALGO QUE DEVE MOTIVAR E RESPONSABILIZAR OS PROFISSIONAIS DE TELEVISÃO. POR OUTRO

LADO, A PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO DE TELEVISÃO É UMA TAREFA QUE TRÁS, PARA OS QUE

TRABALHAM NA RTP, ESPECIAIS EXIGÊNCIAS DE RIGOR, DE IMPARCIALIDADE E DE QUALIDADE DE

PROGRAMAÇÃO. E A CONCORRÊNCIA COM OS OPERADORES PRIVADOS, NUM QUADRO DE SAUDÁVEL

PLURALISMO, DEVE IGUALMENTE CONSTITUIR UM ELEMENTO DE ESTÍMULO PARA QUE A RTP CONTINUE A

MODERNIZAR-SE. “

Cavaco Silva na Cerimónia de 50 anos da RTP

A RTP deu origem à televisão em Portugal. Com 55 anos de história, a RTP foi a grande impulsionadora de grande parte das evoluções no meio televisivo no nosso país. A emissão em direto, a emissão a cores, as reportagens, as peças gravadas e editadas praticamente na hora, tudo isto foi introduzido pela RTP e foi deveras importante para a evolução dos media em Portugal. Hoje em dia, os portugueses dispõem de vários serviços a nível televisivos, como outras televisões em sinal aberto (SIC e TVI) e a televisão por cabo. A RTP não é a televisão com mais audiências, é actualmente a 3ª televisão em sinal aberto no que toca a audiências. Contudo, é a cadeia televisiva com mais história, é a mais antiga e a grande responsável pela televisão em Portugal. O 1º lugar dos seus programas de informação (Telejornal e Jornal da Tarde), patenteiam o seu rigor e responsabilidade no que toca a fazer chegar a notícia às pessoas.

Por estas razões achámos importante conhecer mais sobre a sua história, porque mais do que a história de um canal, a RTP faz parte da história de Portugal e nem sempre lhe é atribuído o devido valor.

Como Vera Íris Paternostro escreveu em O texto na TV: Manual de Telejornalismo, “A TV é um veículo abrangente de grande alcance. Ela não distingue classe social ou económica, atinge a todos. O jornalismo na TV tem, portanto, que considerar como vai tratar uma noticia, já que ela pode ser “vista” e “ouvida” de várias maneiras diferentes.” Por esta razão é que a televisão assume um papel fundamental no que toca a meios de comunicação. Mais do que qualquer outro tipo de jornalismo, a televisão chega a todo o lado e é para todos. Tendo em conta os fracos hábitos de leitura da população portuguesa, factor que põe a imprensa um pouco ao lado dos restantes meios de comunicação, a televisão tem um papel educativo na sociedade, sendo também uma mais valia para a população menos instruída.

Page 13: HISTÓRIA DE UM CANAL INFORMATIVO€¦ · INTRODUÇÃO Este trabalho, proposto pela unidade curricular Técnicas de Expressão Jornalística, vertente televisão, tem como objetivo

BIBLIOGRAFIA

TEVES, Vasco Hogan (2007) “Livro 50 anos RTP”

PATERNOSTRO, Vera Íris (1999) “O texto na TV: Manual de Telejornalismo”, Editora Campus,

Rio de Janeiro.

WEBGRAFIA

RTP 50 anos de história: http://seed2.rtp.pt/50anos/

RTP: www.rtp.pt