HISTÓRIA Pré-História: pesquisa histórica, interdisciplinaridade e...

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Pré-História: pesquisa histórica, interdisciplinaridade e fontes Prof. Thales Emmanuel Bentzen Campelo HISTÓRIA

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Pré-História: pesquisa histórica, interdisciplinaridade e fontes

Prof. Thales Emmanuel Bentzen Campelo

HISTÓRIA

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REITORProf. Pedro Henrique de Barros Falcão

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PRÉ-HISTÓRIA: PESQUISA HISTÓRICA,

INTERDISCIPLINARIDADE E FONTES

Prof. Thales Emmanuel Bentzen Campelo

Carga horária: 45 horas

Apresentação da Disciplina

A disciplina, prioritariamente, tem o objetivo de compreender a evolução humana e o processo de surgimento da Agricultura e sua expansão glo-bal. Tem, também, a noção de que o processo Pré-histórico é também uma etapa das relações econômicas da História.

Objetivo Geral

Compreender o processo de surgimento do homem e sua relação com o meio ambiente. Entender as relações de produção no primitivismo e sua evolução histórica. Compreender a evolução humana e seu processo de expansão global.

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O campo de estudo da História é verdadeiramente abrangente, fornecen-do aos que decidem se debruçar na pesquisa inúmeras possibilidades. As possibilidades de pesquisa vão desde visões gerais sobre uma determi-nada civilização até os hábitos alimentares dessa mesma civilização, fa-zendo-nos, dessa forma, perceber que tanto o macro quanto o micro são aspectos presentes na prática da pesquisa histórica.

Quando falamos em possibilidades de estudo, é necessário também desta-car que tais possibilidades são possíveis graças à interdisciplinaridade, ou seja, graças ao atrelamento, à troca de informações, metodologia e teorias entre diferentes áreas do conhecimento. Se quisermos pesquisar sobre a História de um bairro, precisaremos estudar História, é bem verdade, mas outras áreas do conhecimento se fazem necessárias para um estudo mais aprofundado sobre a temática escolhida. Nesse caso exemplificado, são necessárias, ainda, outras disciplinas como Geografia, Economia, Arquite-tura entre outras possíveis combinações.

Estando clara a importância da interdisciplinaridade para uma pluralização do estudo histórico, destacamos agora que as fontes também são funda-mentais nesse aspecto. A metodologia da pesquisa histórica estipula que, para a sua execução na sua prática, é necessária a utilização de fontes.

Voltemos ao exemplo da pesquisa sobre a História de um determinado bairro. Para compreendermos melhor as inúmeras transformações que ocorreram em determinado local, é preciso, além do estudo de outras ciências, procurar as fontes que vão corroborar com sua pesquisa. Se se afirma na pesquisa que, em determinado ano, foi fundada uma Associação de Moradores naquele bairro, é necessário que se comprove essa afirma-ção, ou seja, é necessária a utilização da fonte, esta que pode ser a ata de fundação da Associação de Moradores, ou uma notícia de um jornal sobre a fundação da supracitada entidade (a qual pode ser da grande imprensa ou da mídia alternativa, como jornais de bairro) ou, ainda, o relato oral de um antigo morador ou que esteve presente no bairro à época.

CAPÍTULO I

PRÉ-HISTÓRIA: PESQUISA HISTÓRICA,

INTERDISCIPLINARIDADE E FONTES

Prof. Thales Emmanuel Bentzen Campelo

Carga horária: 5h

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LO 1 Vemos assim que a História e seu estudo utilizam fontes e disciplinas di-

versas no seu processo de pesquisa e escrita. Mas como esses parágrafos anteriores, que falam sobre Associação de Moradores, se relacionam com o tema deste capítulo, a Pré-História?

A Pré-História é um campo de estudo da História que necessita essen-cialmente de dois aspectos já colocados no texto: interdisciplinaridade e utilização de fontes.

O nome Pré-História remete a uma ideia de algo antes da História, ou seja, que veio antes dela. Esse nome é associado à ideia de que, para o estudo da História, se faz necessário utilizar fontes escritas, porque, naquela épo-ca, não havia nenhum vestígio da escrita, logo seu estudo como História é questionável.

Voltando alguns parágrafos, lembramos um exemplo de fonte: relato oral. O relato oral utilizado para comprovar que uma Associação de Moradores foi fundada em determinado ano é uma fonte histórica, mas não é uma fonte escrita. Existem ainda outras fontes não escritas que se somam à pesquisa histórica, rompendo com o pensamento de que, sem fonte escri-ta, a História não poderia ser estudada e reconstituída.

Mas, afinal, qual seria então a fonte que usamos para estudar a Pré-História?

Conforme citado anteriormente, a História utiliza fortemente outras disci-plinas na sua pesquisa; dessa forma, o estudo da Pré-História não pode ser diferente. A disciplina mais utilizada para o estudo dessa longínqua época é a Arqueologia, pois é justamente essa disciplina que nos fornece as fon-tes para resgatarmos o tempo passado da Pré-História. É a Arqueologia que nos fornece as fontes materiais.

Existem poucas ciências de abordagem tão fácil como a pré--história e cujos materiais sejam tão correntes e acessíveis. Os homens de outrora abandonaram pelo chão, às dezenas de milhões, as pedras que tinham talhado. Em muitos sítios, basta cavar a terra para descobrir, sob a forma de ossadas e cinzas, os vestígios dos antigos estabelecimentos humanos. E no entanto não se faz a pré-história apanhando machados talhados, tal como não se faz botânica colhendo alfaces.1

Com essa citação de André Leroi-Gourhan, podemos entender um pouco melhor a terra como fonte, como livro. Quando um historiador se depara com um documento escrito, é seu papel ler as diversas possibilidades da-

1 LEROI-GOURHAN, André. Os caçadores da pré-história. Lisboa: Edições 70, p. 15, 2001.

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LO 1quele documento. Precisamos entender que aquele documento foi escrito

em uma determinada época e lugar, entender o contexto dessa época e lugar, entender a intenção e as condições daquela escrita.

Uma vez, Fernando Pessoa, poeta português, disse que o poeta é um fin-gidor2, com base na sua experiência de poeta. Dito assim, com base na ex-periência da pesquisa histórica, vemos que o historiador é um questiona-dor por contestar a veracidade das informações que lê. É um questionador por desconfiar e olhar com estranhamento para sua fonte. Ele desconstrói a sua fonte para reconstruí-la e entender como ela se encaixa na História e o que ela tem a dizer. E não é diferente com as fontes utilizadas para enten-dermos a Pré-História. Seu estudo não se faz colhendo objetos deixados pelo tempo, mas, sobretudo, pelo questionamento, pela inquietação e sua leitura da fonte.

Devemos ainda entender que, mesmo com as fontes materiais resgatadas e analisadas pela Arqueologia, o trabalho de reconstrução de um tempo com base nesses vestígios é uma missão no mínimo complicada, uma vez que os vestígios encontrados são apenas uma pequena porcentagem fren-te aos vestígios não encontrados, somamos a isso, ainda, a longa quanti-dade de anos dessa era.

As fontes analisadas não se restringem somente aos vestígios produzidos e utilizados pelo homem. São analisadas, também, componentes da fauna e da flora, o clima, o solo, fornecendo, dessa maneira, novos caminhos para direcionarmos os nossos curiosos olhos.

2 Referência ao poema Autopsicografia, do poeta português Fernando Pessoa.

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LO 2CAPÍTULO II

A IMPORTÂNCIA DE ESTUDAR A PRÉ-HISTÓRIA

Prof. Thales Emmanuel Bentzen Campelo

Carga horária: 8h

Vivemos em mundo cheio de novas tecnologias, que muda todo o tem-po o tempo todo. É tudo muito rápido hoje em dia. A construção de um carro por uma máquina só precisa de alguns instantes. Os homens constroem as máquinas. As máquinas constroem novas máquinas. Tudo vai avançando numa velocidade alucinante, que mal conseguimos acompanhar.

A Idade Antiga é bastante diferenciada da Idade Medieval, apesar de ter suas semelhanças. A Idade Medieval difere da Idade Moderna, mas, mes-mo assim, tem lá suas afinidades. E assim por diante. As eras passam, mostram-se diferentes enquanto têm algo de igual. São vários fatos no meio de vários processos no curso da História.

No entanto, existe um tempo que também tem seus traços que destoam e que se assemelham com os tempos vizinhos. É um tempo que não tem a atenção merecida, mas é um tempo muito extenso.

Se pegarmos a História da humanidade vamos perceber que a Pré-Histó-ria é um balde cheio de água, enquanto o século XXI é somente uma gota nesse mesmo recipiente.

E assim também é o tempo anterior dos primeiros hominídeos existirem. Uma gota em meio a um oceano.

O estudo da História é importante por diferentes razões, dentre elas, para entendermos melhor a sociedade de hoje e, nesse sentido, não po-demos nos esquecer de dedicar parte da nossa atenção à Pré-História.

Entender não só o desenvolvimento físico do homem e do mundo que o cerca mas também o desenvolvimento de sua tecnologia, uma vez que é importante para compreendermos cada vez mais e melhor a natureza humana.

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É importante também para a compreensão da transmigração da popula-ção, como saíram da África e ocuparam outros continentes, a exemplo da Europa e da América. Entender suas ferramentas, como e para que foram feitas. Entender a passagem de caçadores e coletores para criadores e agricultores.

Enfim, a Pré-História nos abre um verdadeiro leque para entendermos o nosso mundo de hoje desde nossas tecnologias até a evolução da espécie.

Ao mostrarmos aos nossos alunos que homens e mulheres de 10 a 5000 (dez a cinco mil anos atrás) escolheram ou foram levados pe-las circunstâncias naturais a viverem desta ou daquela maneira, pos-sivelmente, eles compreenderão que a ocupação do nosso território se deu de forma diferenciada daquela realizada pelos portugueses aos chegarem ao nosso país nos recentes 1500.3

3 OLIVEIRA, Thomas Bruno (organizador). Pré-História II: estudos para a arqueologia da Paraíba. João Pessoa: JRC Editora, p.105, 2011.

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LO 3CAPÍTULO III

PRÉ-DIVISÕES DA HISTÓRIA

Prof. Thales Emmanuel Bentzen Campelo

Carga horária: 8h

A Pré-História é delimitada entre dois momentos: o surgimento do homi-nídeo, também conhecido como “homem primitivo”, até a invenção da escrita (aproximadamente 4 000 a.C.).

Esse longo período histórico é comumente dividido ainda em dois perí-odos gerais, sendo o Paleolítico a época em que as sociedades viviam da caça e da coleta de alimentos. O Neolítico é definido como a época em que as sociedades detêm a capacidade de produzir seu próprio alimento, mediante o desenvolvimento tanto da agricultura como da criação de animais.

Trataremos assim, este primeiro momento do período em que as socie-dades não produziam seus alimentos, sobrevivendo da coleta de alimen-tos em conjunto com a caça. Vale ressaltar que o período do Paleolítico é bastante abrangente, uma vez que ele compreende do surgimento do ser humano até, aproximadamente, 8 000 a.C.

Divisões da Pré-História

Pré-HistóriaPaleolíticoNeolítico

III.a.

Paleolítico

O nome Paleolítico vem do grego, assim como o nome Neolítico. En-quanto o segundo se traduz em nova idade da pedra (neo = novo e lítico = pedra), o primeiro tem como significado velha idade da pedra (paleo = velho e lítico = pedra).

A velha idade da pedra que, grosso modo, é compreendido temporal-mente de 500.000 a 10.000 a.C., é dividida ainda em dois períodos, sendo eles um mais antigo e outro menos antigo, dividindo-se assim em Paleolítico Inferior e Paleolítico Superior, respectivamente.

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Divisões do Paleolítico

PaleolíticoPaleolítico InferiorPaleolítico Superior

III.b.

Paleolítico Inferior

Acredita-se que, durante o período Paleolítico Inferior, ao menos quatro espécies humanas habitaram o planeta Terra. O conhecimento sobre a cultura dessas espécies durante esse período ainda é parco.

Tais espécies humanas foram, de fato, uma ruptura com os seus prede-cessores e com os que vieram antes deles, uma vez que não são com-preendidas como animais ordinários, já que possuíam a capacidade da fala, dando assim a possibilidade de transmitir à fala comunicar-se com seus pares, a fim de repassar, compartilhar determinada mensagem para as próximas gerações.

Assumindo que detinham a capacidade de falar, não seria de se espantar que também tivessem a capacidade de raciocinar. Fala-se aqui em racio-cinar, não por causa exclusivamente da comunicação, da fala, mas tam-bém pelas ferramentas utilizadas. Uma dessas ferramentas nada mais é que a transformação da natureza pelo homem para atender determinado propósito, ou seja, é um meio para alcançar o fim.

A ferramenta poderia servir a mais de uma finalidade. Por exemplo, um galho de uma árvore poderia servir tanto como uma arma (espécie de cassetete), como um apetrecho para quebrar alguma outra coisa, talvez para adquirir outro galho.

A ideia das ferramentas era suprir alguma carência ou facilitar determina-do trabalho, desse modo, a evolução delas foi ocorrendo assim como a própria evolução do hominídeo.

As ferramentas que se iniciaram como galhos de árvore foram galgan-do passos mais largos. Logo, a prática de lascar pedras existia e, com ela, tinha-se agora algo que fosse afiado para facilitar nas atividades dos povos do Paleolítico. A caça certamente foi agraciada com a descoberta das lâminas de pedra e as outras áreas do cotidiano. O avanço da pedra lascada representou novas atividades que as ferramentas poderiam ter, como serrar e raspar.

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LO 3Também foram encontrados indícios de certo progresso da cultura

não material. Nas entradas das cavernas em que vivia ou em que, pelo menos, se refugiava o homem neanderthalense, descobriram--se eiras em que era trabalhado o sílex e lareiras de pedra onde, ao que parece, eram alimentadas enormes fogueiras. Isso sugere a origem da cooperação e da vida grupal, e talvez os rudes primórdios de instituições sociais.4

4 BURNS, Edward McNall; LERNER, Robert. E.; MEACHAM, Standish. História da civilização oci-dental do homem das cavernas as naves espaciais. Rio de Janeiro: Globo, p. 21-22, 1989.

Nessa perspectiva, a fabricação e utilização de lareiras de pedra apresen-tam os indícios da cooperação, de um trabalho conjunto, já nessa época, dando-nos a chance de especularmos, tendo como base tais fontes sobre o início de um possível senso de comunidade.

Outro vestígio do Paleolítico Inferior que enriquece nossa compreensão é o sepultamento dos mortos, que são depositados em covas acompa-nhados de determinadas ferramentas. Isso nos permite encarar tal atitu-de como o desenvolvimento de uma espécie de religiosidade entre os hominídeos, pois tal cuidado com os mortos dá margem para interpre-tarmos que, para o povo daquela época, a morte não era tratada como qualquer coisa, algo ordinário. Carecia de certo cuidado, não só onde o corpo do morto seria colocado, mas também percebermos a preocupa-ção no tratamento que esse corpo receberia, já que não era enterrado só, mas acompanhado de objetos.

Se o trato com os mortos não significa algo relacionado diretamente com algum aspecto rudimentar de uma possível religiosidade, ao menos po-demos encarar que, de certa forma, aquele povo acreditava que, após a morte física, algo mais acontecia com o que fora enterrado.

III.c.

Paleolítico Superior

No período Paleolítico Superior, o hominídeo continua a se desenvolver, umas espécies evoluem, enquanto outras se extinguem. A cultura ma-terial desses novos povos também evolui. As ferramentas são agora de melhor qualidade e maior quantidade. Se antes as ferramentas eram de galhos, ossos e lascas de pedras, agora utilizavam também outras maté-rias primas para o fabrico das ferramentas, como chifres e dentes.

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É certo que cozinhava a comida, pois foram descobertos numerosos fogões, evidentemente usados para assar carne. Nas proximidades de um deles, em Solutré, no sul da França, havia um acúmulo de os-sos carbonizados, contendo os restos de 100.000 animais de grande porte.6

Além da pluralidade na utilização de novas matérias primas para fazer as ferramentas, agora novas ferramentas eram criadas para novas funções que até então não existiam, provocando mudanças substanciais nos cos-tumes daquele povo.

O Paleolítico Superior indica a utilização de vestimentas, justamente pe-las novas ferramentas criadas, pois é nesse período que a agulha de osso e os botões são inventados e produzidos, facilitando dessa maneira a costura entre peles de animais.

Fonte: Representação da confecção de uma agulha de osso5

Ainda outros vestígios da cultura material do Paleolítico Superior foram encontrados como o anzol e o arpão, que certamente facilitava a ativida-de da caça.

5 Imagem retirada no dia 14/01/2017 do site combatespelahistoria.files.wordpress.com/tag/pre--historia/6 BURNS, Edward McNall; LERNER, Robert. E.; MEACHAM, Standish. História da civilização ociden-tal do homem das cavernas as naves espaciais. Rio de Janeiro: Globo, p. 23, 1989.

Assim como no Paleolítico Inferior, as chaminés de pedras nos ajudam a pensar sobre traços de comunidade; no Paleolítico Superior, os nume-rosos fogões e outros vestígios encontrados nas cavernas e em outros abrigos nos ajudam a pensar que, nessa época, já não eram cem por cento nômades, fixando-se no mesmo local por algum tempo (anos), diminuindo a intensidade de deslocamento desses hominídeos.

No que tange às questões não materiais, é possível observar seu desen-volvimento nesse período, já que a atuação conjunta da prática de caça

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LO 3aos animais e elementos de tom festivo avançou na comunidade, aumen-

tando também a organização do coletivo.

É possível ainda percebermos o desenvolvimento de questões hierárqui-cas nos grupos, certas armas e utensílios revelam técnicas mais apura-das, dando margem ao surgimento de hominídeos com suas capacida-des de confecção mais apuradas, o que certamente demanda prática e, em consequência, tempo.

Mas por qual razão observamos que o surgimento de sujeitos mais “prendados” tem algum significado com a hierarquia?

Segundo afirmamos há pouco, desenvolver as técnicas demanda prática, e esta, tempo, ou seja, para a técnica ser cada vez mais apurada, é pre-ciso que o sujeito despenda maior quantidade de tempo naquele ofício que os demais e, gastando mais o seu tempo em um único ofício, terá menos tempo para as outras atividades; sendo assim, os outros terão que executar as demais atividades pensando nesse sujeito que pratica sua técnica de confecção. O restante do grupo, executando suas ativi-dades com ele em mente, estará, de certo modo, sustentando-o, o que denota certa regalia e diferenciação, além de fornecer-lhe prestígio e su-perioridade entre os demais.

Como visto anteriormente, no Paleolítico Inferior, uma noção de reli-giosidade ou do além-vida existia, comprovada mediante as sepulturas feitas para enterrar os mortos em conjunto com determinados objetos. Dessa vez, no Paleolítico Superior, podemos concluir que essas questões foram desenvolvidas.

Se antes já se tinham certo cuidado com o corpo, nesse novo período, ainda mais, pois adicionavam às práticas antigas novas práticas, como a de pintar o corpo dos defuntos. A posição do corpo também era alvo de atenção. Os braços eram cruzados de modo que ficassem sobre o peito.Continuou-se a ação de colocar objetos junto ao corpo, porém, como o novo grupo desenvolveu novas ferramentas, novos objetos, eles também os colocavam nas respectivas sepulturas, incluindo os objetos ricamente trabalhados (colares, armas etc.) pelos especialistas do grupo.

Foi nesse período que surgiu, pela primeira vez na História da huma-nidade, a contagem. Com entalhes em objetos como um dente de um animal, feito por alguma ferramenta afiada, temos os primeiros indícios da contagem. Tal avanço é tido como associado ao número de animais obtidos durante a caçada.

Há também a discussão de que os homens de Cro-Magnon conseguiram criar um sistema rudimentar de escrita, mas, apesar de encontrarem os caracteres, não há como afirmar que realmente seja com o propósito de escrita ou se não seria uma espécie de arte para eles. Já que falamos que a possível escrita pode ser uma espécie de arte, nada mais justo que falar-mos da arte desse povo, tida como um dos principais destaques da época.

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LO 3 Viviam junto com esses grupos os especialistas citados antes, que usa-

vam o entalhe e a gravação diretamente nas ferramentas, que eram co-locadas nas sepulturas. As novas ferramentas davam novas oportunida-des. Tinham agora ferramentas para confeccionarem roupas e fazerem esculturas.

Contudo, o grande destaque nas artes do Paleolítico Superior é a pintura.

A arte por excelência do homem de Cro-Magnon foi a pintura. Nela se exibe o maior número e variedade dos seus talentos: o discerni-mento no uso das cores, a meticulosa atenção aos detalhes, a capaci-dade de empregar a escala ao representar um grupo, e acima de tudo o seu gênio para o naturalismo. [...] A arte do Paleolítico Superior era notavelmente isenta dessas tendências e mostrava a firme resolução de copiar a natureza com a máxima fidelidade.7

Fonte:Pintura encontrada na Caverna de Lascaux, França8

7 BURNS, Edward McNall; LERNER, Robert. E.; MEACHAM, Standish. História da civilização ociden-tal do homem das cavernas as naves espaciais. Rio de Janeiro: Globo, p. 25-26, 1989.8 Imagem retirada no dia 13/01/2017 do site brasilescola.uol.com.br/historiag/a-arte-prehistoria--nos-periodos-paleolitico-neolitico.htm

Vale ainda o destaque para a técnica de um senso de movimento, este que era colocado nas pinturas, bastante presente quando animais eram retratados. Pular e correr eram a preocupação de quem pintava, pois tudo indica que, quando pintavam, buscavam a representação do real; não é por acaso o uso de novas cores e técnicas nessa atividade.

Aparentemente, o homem desse tempo não se preocupava em apreciar sua pintura após termina-la, visto que foram encontrados inúmeros ca-sos de pintura sobreposta ao longo dos anos. A pintura foi certamente a arte do Paleolítico que mais se desenvolveu, mas, ao que parece, o propósito de satisfação se enquadrava no campo de sua feitura, não de sua posterior apreciação, ou seja, para eles mais valia pintar que ver a pintura depois.

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LO 3O que pode significar o descaso com as pinturas depois de feitas é o seu

sentido. À pintura era atribuído um valor místico, essencial à sobrevivên-cia do coletivo, pois havia uma estreita relação com a caça. Seguindo a lógica de representar o que quisesse para assim ter, os povos desse perí-odo faziam esculturas de animais e fincavam nelas armas; de igual modo ainda pintavam animais traspassados por armas. Com a representação dos animais na íntegra, pode-se dizer que a finalidade era se apossar daquele animal, para aproveitar sua carne como alimento, sua pele como tecido para as roupas, seus ossos e dentes como matéria-prima para a feitura de ferramentas.

Seguindo a lógica de a pintura ter uma função mística, o pintor, por sua vez, não era um pintor, mas uma espécie de mago, podendo ser classi-ficado como pertencente ao grupo dos especialistas, já que a fidelidade daquilo que se via para o que se pintava era extremamente necessário.

Essa prática mística é então um ótimo raciocínio para justificar certas pinturas realizadas em locais difíceis de serem percebidas, assim como as pinturas sobrepostas em outras pinturas. A pintura não era uma arte para a apreciação estética, mas parte de um ritual para garantir a sobre-vivência da espécie.

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LO 4CAPÍTULO IV

OS HOMINÍDEOS COMO CAÇADORES, COLETORES

E NÔMADES

Prof. Thales Emmanuel Bentzen Campelo

Carga horária: 8h

A cultura material e a arte deixada pelos povos do Paleolítico (Inferior e Superior) têm muito a nos revelar. Quando analisamos as armas, per-cebemos que sua técnica foi se desenvolvendo tanto para aumentar a qualidade da arma quanto para aumentar a quantidade. Quando dizemos quantidade vem aqui um duplo significado: o de aumentar o número de armas já existentes e aumentar os tipos de armas. O aumento qualitativo e quantitativo das armas nos leva a refletir que se a ferramenta foi criada para atender a uma demanda e/ou facilitar o ofício do homem, logo a criação da arma, certamente, deve atender a caça como propósito. Tal conclusão pode ser tirada se associarmos também outros vestígios como as ossadas dos animais encontrados nas proximidades dos locais de re-sidência dos hominídeos.

As armas e seu desenvolvimento nos mostram a cultura da caça que os homens do Paleolítico tinham, permitindo-nos definir o povo daquela época como um povo da caça.

O consumo de animais pela caça é apontado ainda por outros vestígios. Quando falamos da capacidade de contar que o homem do Paleolítico Superior desenvolveu, nós a associamos à função de ter um registro, um acompanhamento de animais adquiridos pela caça. As marcas de contagem, aliás, eram feitas em partes de animais, como dentes, ossos e chifres.

Falamos anteriormente sobre a arte desse período, mas como tratamos agora de um novo tópico, e a arte é totalmente pertinente aqui, nós resgataremos esse assunto com o objetivo de fixarmos melhor as ideias.Quando falamos do hábito da caça nessa época, é importante falarmos como atingiu seus costumes; no caso das artes, tinham uma filosofia de que, para se conseguir o desejado, conquistar o sonho, seria preciso representá-lo, copiá-lo para então alcançá-lo. Tal pensamento se mate-rializava nas artes.

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LO 4 Era bastante comum a produção de pintura e esculturas que remetiam a

animais. Tal representação variava entre ter o animal ferido pelas armas dos seres humanos, ou ainda, ter o animal intacto. No primeiro caso, a representação significa conseguir caçar com êxito os animais e trazê-los para onde o grupo se fixou, mesmo temporariamente. Já no segundo caso, a representação significa que o grupo consegue ter o animal. O se-gundo caso não exclui a prática da caça, mas apenas varia a forma como a pintura se deu; na primeira enfatiza-se como conquistaram o animal, enquanto na segunda o destaque vai para a conquista do animal, pouco importando o modo.

A caça era importante não só para obter alimentos mas também para o uso de outras partes do corpo que não fosse a carne a fim do fabrico de objetos de uso cotidiano.

Observando o desenvolvimento dos utensílios, percebemos sua evolu-ção em prol da caça e em outras questões como a feitura de novos uten-sílios e coleta de vegetais (cortar o fruto das árvores, extrair as raízes, arrancar a casca etc.), o que nos revela outra importante característica desse grupo, a de coletor.

Destacamos essas duas características de caçador e de coletor também pela comparação que fazemos com o hominídeo do período Neolítico, este que desenvolveu a agricultura e a criação de animais; dessa for-ma, vemos que tanto a carne quanto os vegetais constituem o alimento desse ser. No Paleolítico, a forma com se obtém o alimento difere, mas não o alimento propriamente dito; essa diferenciação da forma se deve, sobretudo, a uma terceira característica muito importante para a análise daquela época, a característica de nômade.

Para entendermos melhor a situação, imaginemos a seguinte situação: o grupo necessita alimentar-se de carne e de vegetais, logo, a melhor forma de se obter uma boa quantidade de alimentos por um bom perío-do de tempo, garantindo a estabilidade do grupo, seria criar os animais e cultivar os vegetais. Criando animais, o grupo consegue assegurar o cruzamento entre eles e, posteriormente, o nascimento para a criação de novos animais, dando como praticamente certo ter a carne para o alimento (e outros benefícios que o animal traz consigo). Cultivando ve-getais, o grupo tem controle da quantidade de grãos, tubérculos e afins, assegurando também maior variedade. Assim, temos um grande porém. Falta o elemento essencial para criar o gado e para a prática da agricultu-ra, que é fixar-se em um local.

Nesse tempo, os seres humanos não eram responsáveis por produzir o que iriam comer, mas eram os responsáveis por garantir o que iriam comer, então coletavam e caçavam por ser um meio mais imediato para se alcançar o alimento. Mas, como sempre coletavam e caçavam, a re-gião onde estavam situados começava a ficar deficiente dos recursos procurados, o que fazia o grupo se deslocar para outro local em busca de recursos visando à caça e coleta. Essa constante mudança de lugar fez o hominídeo não se fixar em um local por tempo suficiente para desenvol-ver a agricultura e a criação de animais.

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LO 4Esse constante deslocamento, esse constante movimento caracteriza o

povo do Paleolítico como nômade, sendo comprovado pelos indícios nos abrigos naturais que lá ficaram pouco tempo, e também pela cons-trução de rudimentares abrigos em locais que a natureza não lhes ofere-cia. Por mais que fossem nômades, no Paleolítico Superior, esse caráter começa a oscilar, já que começam a se estabelecer numa mesma região por alguns anos.

Além das ferramentas, o uso do fogo era importantíssimo para esse triplo caráter (caçador, coletor e nômade). O fogo provavelmente foi descober-to por mero acaso, através de raios nas árvores, o que fez os seres hu-manos do Paleolítico tentarem manter aquela chama o máximo de tempo possível. Com o tempo, foram testando e conseguiram confeccionar o fogo por meio do atrito.

O fogo une as três principais características do homem Paleolítico por precisar coletar material de origem vegetal (galhos e folhas secas), para cozinhar o alimento (sendo geralmente a carne da caça, ou pesca), que também servia para protegê-lo do frio e dos animais que encontrava nas diferentes regiões para onde ia.

O trabalho da coleta e da caça era feito em conjunto, desenvolvendo no-vas maneiras de abordar os animais e novas formas de usar os vegetais. As mulheres do grupo cuidavam das crianças e, por elas serem inquietas e fazerem bastante barulho (choro), não seria ideal que fossem levadas para a caça, pois logo despertariam a atenção do animal que, ou atacaria ou fugiria. Por isso, as mulheres ficavam responsáveis pelo trabalho da coleta enquanto os homens, pelo trabalho da caça.

No começo do capítulo, citamos a importância da interdisciplinaridade e da fonte para a pesquisa histórica, no entanto, no caso da Pré-História, destacamos principalmente a Arqueologia, mas é necessário aqui evi-denciarmos também o uso da Antropologia para melhor entendermos o passado, tomando como base o presente, por meio de uma metodologia particular.

[...] Como recompor seu cotidiano, imaginar suas práticas, conhecer seus valores? Como saber se esses homens viviam isolados ou em grupos, formavam famílias, desenvolviam crenças? Como chegar a seres tão distantes no tempo, considerando que só de poucos milê-nios para cá o homem inventou a escrita?Cientistas e pensadores contemporâneos têm tentado responder a essas questões através de, basicamente, três formas, isoladas ou combinadas:1. o raciocínio lógico e a teoria;2. escavações e análise de vestígios;3. observação de grupos contemporâneos que, supostamente, te-

nham padrões de existência semelhantes.9

9 PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. São Paulo: Atual, p.24, 1994.

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LO 4 Conforme afirmou Jaime Pinsky, observar os grupos de hoje que, possi-

velmente, têm suas semelhanças com os grupos de ontem, é uma impor-tante ferramenta para entendermos os hábitos dos caçadores, coletores e nômades, que são os homens do Paleolítico.

Pesquisadores da Universidade de Havard observaram uma comunidade que vive em um deserto africano (entre Angola, Namíbia e Botsuana), chamada Kung. Ela é também composta de caçadores-coletores, dando a oportunidade de traçarmos um paralelo com os caçadores-coletores do Paleolítico.

A comunidade dos Kung traz outro traço do nosso objeto de estudo, o de também serem nômades, o que fornece mais elementos afins para analisarmos em comparação com nossos antepassados.

São grupos com algumas dezenas de pessoas que se dividem para me-lhor atuarem em prol dessa comunidade, juntando-se a fim de cons-truírem abrigos e acampamento de forma mais rápida. Locomovem-se a cada três ou quatro semanas. Sua locomoção segue a mesma lógica citada anteriormente, muda de região, pois aquela já se utilizara demais da caça e da coleta e já não oferece as mesmas condições de antes, pre-cisando se locomover cada vez mais para obter o alimento necessário naquela região. Mudando de local, conseguem utilizar melhor os recur-sos que se fazem presentes.

Os Kung têm uma forma de resolver possíveis conflitos dentro do grupo. Há períodos de seca, quando os diferentes grupos acabam se encontran-do por compartilharem de uma fonte de água. Ao fim desse período, os grupos se renovam, permitindo que, se houver algum problema dentro de um grupo, aqueles integrantes possam ir para outro grupo.

Se os Kung diferem dos homens do Paleolítico por não produzirem tan-tos objetos, graças a sua constante mobilidade, o mesmo fato não pode ser dito da divisão das tarefas, que é muito semelhante, com a mulher responsável pela coleta e pelo cuidado com as crianças, e o homem, pela caça dos animais.

A caça e a coleta são atividades distintas em muitos aspectos. A pri-meira tanto pode resultar em sucesso, ou seja, no abate de um gran-de animal que alimente o grupo por semanas, como pode redundar em fracasso completo. Ela é feita por homens e em silêncio10.

10 PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. São Paulo: Atual, p.28, 1994.

Enquanto a caça pode ser fracassada, a coleta feita pelas mulheres é a atividade mais certa de retorno por depender de encontrar os vegetais e coletá-los, estes por serem fixos, diferentemente dos animais que cor-

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LO 4rem, atacam, voam, nadam etc. Mesmo que possa fracassar, a caça é

uma atividade importante a ser feita também pela quantidade de alimen-to que se consegue de uma única vez. Se, por um lado, a coleta garante vegetais por cerca de três dias, a carne pode abastecer o grupo por dias e/ou semanas.

De toda forma, seja por comparação com grupos existentes hoje, seja pelos vestígios materiais, seja por qualquer outra possibilidade, no Pa-leolítico, vimos a evolução dos hominídeos chegar a tal ponto que seria natural a ela continuar, e novos hábitos e culturas serem desenvolvidos, dando início assim ao período Neolítico.

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LO 5CAPÍTULO V

A EVOLUÇÃO DOS HOMINÍDEOS DURANTE A PRÉ-HISTÓRIA

Prof. Thales Emmanuel Bentzen Campelo

Carga horária: 8h

Não podíamos continuar falando sobre a Pré-História sem citar um im-portante tópico: a evolução humana.

O homem, como as demais espécies, não nasceu pronto, não surgiu no mundo da forma que é hoje. Durante o curso da História (como tratamos aqui, a Pré-História não deixa de ser História), inúmeros processos de or-dem climática e geológica aconteceram no globo e, com isso, as espécies existentes foram se adequando para sobreviver nesse novo meio.

Não é que uma espécie vá modificar seu corpo, por exemplo, durante sua vida para sobreviver, mas as problemáticas, as dificuldades que se impõem a ela fazem que, para sobreviver, novos hábitos sejam criados e, ao longo do tempo, seu corpo acabe se adequando a esses novos hábitos. Não são todos das espécies que vão conseguir essa adequação, somente os mais aptos sobrevivem, enquanto os menos aptos, não. Essa é a evolução das espécies.

No caso dos hominídeos não é diferente. Várias espécies de hominídeos existiram, mas foram se extinguindo ao longo do tempo, algumas evo-luindo para uma nova espécie, outras ficando pelo caminho.

Os caminhos da História são pavimentados pelos corpos dos mortos, quan-do não por guerras, pela própria evolução, pela própria seleção natural.

Há, hoje, uma crença de que, cerca de 12 milhões de anos atrás, viviam em diferentes regiões da Europa, Ásia e África pequenos ma-cacos – não mais de um metro de altura – cujo desenvolvimento teve importante significado com relação ao homem11.

11 PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. São Paulo: Atual, p.13, 1994.

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LO 5 A espécie foi se desenvolvendo, logo o Ramapithecus se deslocou cada

vez mais das florestas, rumando em direção às savanas. Com a descida do macaco da árvore, tornar-se bípede era uma necessidade que agora imperava, servindo tanto para ter uma melhor visão do ambiente a sua volta, como também para se deslocar ao passo que fazia outras ativida-des, como carregar os seus filhotes.

Porque estavam em um novo ambiente deveras agressivo, era necessário utilizar os recursos que possuíam. Se agora eram bípedes, com uma pos-tura cada vez mais ereta, além de carregar seus filhos, podiam também ter a mão armas, como pedras, para se defenderem ou atacarem quando fosse preciso.

Existe um grande abismo entre o Ramapithecus e os próximos que temos conhecimento. Esse abismo é preenchido por milhões de anos.

Com enorme salto no tempo, chegamos agora aos Australopithecus afri-canus e aos Australopithecus bolsei e, também, aos Homo habilis.

O Homo habilis possui características como a capacidade craniana e a postura que levam a concluir que descendemos dessa linha, não dos Australopithecus que, por sua vez, também descendem do Ramapithecus e de suas ramificações.

O Homo habilis, além da capacidade craniana e postura mais humana, apresenta a característica da alimentação, agora mais diversificada, o uso da carne. Acredita-se que foram eles os pioneiros no fabrico de ferra-mentas (madeira e pedra).

O Homo erectus, que descende direto do Homo habilis, viveu de 1,7 milhão de anos até por volta de 300.000 anos atrás. Eles saem da África, espalhando-se pelo globo, ocupando Ásia e Europa. Seu corpo não chega a ser tão diferente do homem de hoje, mas sua cabeça sim, esta que viria a ser mais “arredondada”, sendo-nos mais familiar com o surgimento do Homo sapiens.

O que possibilitou essa transmigração por parte do Homo erectus foi certamente a capacidade de usar o fogo e conseguir transportar alimen-to e água, o que lhes dava certa autonomia, mesmo se deparando com ambientes adversos. Tal espécie foi responsável ainda por desenvolver a técnica da feitura das ferramentas que seus antecessores criaram, além de desenvolver táticas para a caça de animais.

O Homo neanderthalensis viveu até, aproximadamente, 34.000 anos atrás, continuando o trabalho de ocupar novas partes do globo terrestre. Tinha um cérebro maior que os anteriores e era musculoso.

Pesquisadores acreditam que tal espécie já possuía o sistema da fala, além de ter cuidado com os componentes do grupo que não estavam nas mesmas condições que os demais, como os membros mais velhos do grupo, os enfermos ou doentes.

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LO 5Vemos atividades e avanços que nos remetem ao que afirmamos antes,

pois o Homo neanderthalensis se dedica à prática de cerimônias para os que morreram, mediante a construção de sepulturas onde os corpos seriam depositados. A tecnologia das ferramentas continuou a avançar com o desenvolvimento de novas técnicas e novos objetos para facilitar o trabalho, como facas e outros utensílios que auxiliassem nas atividades cotidianas.

Chegamos agora ao tão esperado momento. Falaremos do Homo sapiens sapiens, espécie a qual pertencemos.

O Homo sapiens sapiens continuou se espalhando pelo mundo, indo dessa vez além da África, Europa e Ásia, mas também para a América. É a espécie responsável por continuar o desenvolvimento das ferramentas e também por questões que transcendem as coisas materiais.

Foi o Homo sapiens sapiens que desenvolveu não só a fala como a comu-nicação, a exemplo da transmissão de impressões e sensações; também foi o responsável pelo desenvolvimento da escrita, de conjuntos de sím-bolos que, organizados de várias formas, passam inúmeras mensagens, sendo uma ferramenta de comunicação além da fala.

Com a escrita, o homem pôde se perpetuar ao longo do tempo, pôde deixar registradas suas vontades, seus pensamentos e, de certa forma, sua vida, para que as próximas gerações tivessem acesso ao modo como aquele homem foi, àquele local, àquela sociedade, àquele pensamento. Apesar de a fala exercer grande poder e influência, é a escrita que conse-gue registrar a posteriori a fala do homem.

Para além das questões da fala, da escrita, ou mesmo da consciência reflexiva, o Homo sapiens sapiens nos deixou outra grande contribuição. Deixou de ser nômade e desenvolveu a criação de animais e a agricultu-ra. Mas não se preocupem, continuaremos vendo mais sobre essa nova espécie, agora com o período Neolítico, ou a Idade da Pedra Polida.

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LO 6CAPÍTULO VI

AGRICULTURA, PASTOREIO E CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO:

O PROCESSO DE NEOLITIZAÇÃO

Prof. Thales Emmanuel Bentzen Campelo

Carga horária: 8h

No final do período Paleolítico (idade da pedra lascada), os grupos hu-manos já haviam aperfeiçoado os métodos de predação praticados até então. Com relação à coleta, por exemplo, já haviam discriminado bem o que colhiam. Esse aperfeiçoamento do modo de predação foi possível graças ao desenvolvimento de instrumentos mais aperfeiçoados, diver-sificados e específicos para caça, pesca e coleta. Apesar desses avanços, a relação desses grupos humanos com a natureza não sofreu nenhuma mudança radical, pois não possuía caráter de transformação fundamen-tal do meio natural e da condição humana: a espécie humana continuava numa condição predatória. Foi só ao longo do período neolítico que a relação dos grupos humanos com a natureza sofreria uma transforma-ção radical, com consequências revolucionárias para toda a espécie: os grupos humanos passariam da condição predatória para a condição de produtores. A maior parte dos pré-historiadores nomeia a transição, da predação à condição produtora da humanidade, “revolução neolítica”.

O termo “revolução neolítica” foi popularizado pelo arqueólogo austra-liano V. Gordon Childe na década de 1940, para designar um complexo conectado de “invenções - domesticação de plantas e animais, cerâmica, polimento da pedra, tecelagem -, significando principalmente a transição de grupos humanos da situação de predadores da natureza á de produ-tores” (CARDOSO, 1996. p. 34). Conforme Ciro Flamarion Cardoso em América Pré-Colombiana (1996), Gordon Childe tinha a compreensão de que algumas invenções podem ter surgido no período anterior ao Neolítico propriamente dito, mas é apenas nesse período da pré-história humana que é possível encontrar todos ou vários desses utensílios vin-culados, de forma harmoniosa em certo tipo de sociedade e em novas alternativas abertas, ao desenvolvimento dos grupos humanos.

A tese de revolução neolítica foi bastante questionada no final do século passado, apesar de nunca ter sido abandonada. O conceito de “revolu-ção” aplicado ao período Neolítico - assim como o próprio conceito de neolitização - é uma conceituação a posteriori: logicamente, os grupos

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LO 6 humanos do Neolítico não pensaram suas ações e sua fase de vida como

algo revolucionário. A ideia de revolução é um fenômeno moderno, daí alguns pré-historiadores argumentavam que havia um anacronismo ao se empregar o termo. O questionamento à tese de “revolução neolítica” estava ligado também à noção errônea de um processo imediato que essa expressão poderia transmitir, quando, na verdade, esse ele se esten-deu por milênios até sua consolidação. Se colocarmos as transformações neolíticas num comparativo geral da pré-história humana, veremos que elas parecerão breves comparadas aos milhões de anos do Paleolítico. Os escassos milênios do Neolítico foram muito mais ricos em invenções e mudanças radicais que os outros períodos da pré-história humana.

Segundo o historiador Ciro Flamarion, as invenções neolíticas não pos-suem entre si uma vinculação necessária, ou seja, não foram inseridas necessariamente ao mesmo tempo e em mesmo nível em todos os gru-pos humanos, porém, os grupos que mais se desenvolveram foram os que reuniram várias ou todas as invenções. Essa afirmação do autor nos mostra que o desenvolvimento dos vários grupos humanos do Neolítico não aconteceu de forma linear e homogênea. A produção de cerâmica pode ter antecedido a prática da agricultura em alguns grupos, como em algumas regiões da costa do Mar das Caraíbas. O inverso também pode ter ocorrido em outras regiões: na Meso-América e na costa do Peru há probalidade de ter havido uma grande fase agrícola pré-cerâmica. Na região dos Grandes Lagos norteamericanos, os caçadores já usa-vam instrumentos de metal desde o segundo milênio a. C. Entre grupos não agrícolas, pode ser verificada a presença de machadinhas de pedra polida, porém a cerâmica só se desenvolve plenamente entre grupos sedentários.

Durante boa parte do século passado, os pesquisadores da pré-história acreditavam ter havido apenas um foco de desenvolvimento neolítico, no que concerne à agricultura e à criação de animais. De acordo com essas teorias, o foco de desenvolvimento único estaria situado no Oriente Pró-ximo, de onde as atividades teriam se difundido de forma progressiva, adaptando-se em outros ambientes por meio da domesticação de novas espécies de plantas e animais. Nas décadas finais da segunda métade do século XX, essas teorias foram refutadas, levantando-se a tese da plu-ralidade de focos da “revolução neolítica”, passando a ser difundida a teoria de uma invenção da agricultura na América, independentemente do Velho Mundo, apesar de existirem alguns problemas com relação à origem de algumas espécies de plantas. Nesse sentido, Flamarion explica que a cabaça (Lagenaria siceraria) não tem um antepassado conhecido na América e que era cultivada na periferia da Meso-América e no Sudeste Asiático em torno de 7000 a.C.; que o algodão americano provavelmente é resultado de hibridação de espécies selvagens americanas e do Velho Mundo, e que o amendoim (típico da agricultura americana) também foi encontrado em sítios arqueológicos chineses.

A fase inicial dos processos de agricultura e de criação de animais ocorri-dos no Neolitico pode ser caracterizada pela protocultura e protocriação

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LO 6(conceitos aplicados por Marcel Mazoyer e Laurence Roudart) de popu-

lação de animais e plantas que não tinham perdido seus caracteres selva-gens. Essas populações, de tanto criadas e cultivadas, adquiriram novos caracteres, típicos de espécies domésticas que compõem a origem da maioria das espécies cultivadas e criadas hoje. No continente americano, a domesticação de plantas foi discrepantemente mais rica que a domes-ticação de animais, provavelmente pela ausência de animais mamíferos grandes para a domesticação.

Revolução agrícola neolítica: centros de origem, centros irradiantes e áreas secundárias de domesticação

Marcel Mazoyer e Laurence Roudart, em História das Agriculturas no Mundo: do Neolítico à crise contemporânea (2010), defendem a tese de existência de centros de origem da revolução agrícola neolítica, de centros irradiantes e de áreas secundárias de domesticação. Segundo os teóricos, os centros de origem da revolução agrícola neolítica não dizem respeito a pontos de origem de fato, mas designam áreas de atividades agrícolas da revolução neolítica. Os centros irradiantes são aqueles de onde a agri-cultura, de fato, se estendeu para outras regiões do mundo. Tais centros correspondem “a uma área de extensão particular, que compreende to-das as regiões ganhas pela agricultura oriunda desse centro” (MAZOYER e ROUDART. p. 100). Alguns centros não conceberam área de extensão significativa, sendo eles aglutinados a outras áreas de extensão antece-dente. As áreas secundárias de domesticação são descritas como zonas que forneceram um grande número de novas espécies domésticas de plantas e animais.

VI.a.Centros de origem da agricultura neolítica

As pesquisas sobre a pré-história humana apontam para a existência de seis centros de origem da revolução neolítica, de onde se estenderam amplamente as atividades para outras regiões do mundo. Os citados au-tores afirmam a existência dos seguintes centros:

• Oriente Próximo: foi constituído na Síria-Palestina, talvez mais am-plamente no Crescente Fértil entre 10.000 e 9.000 a.C., e um centro amplamente irradiante;

• Meso-América: estabeleceu-se no sul do México entre 9.000 e 4.000 a.C; foi um centro amplamente irradiante;

• Centro chinês: constituído do atual norte da China em 6.483 a. C. e depois foi se completando, ampliando-se para o sudeste e nordeste chinês entre 8.000 e 6.000 a.C.; foi um centro amplamente irradiante;

• Centro neoguineense: constituído em 10.000 a.C., no coração da Papuásia-Nova Guiné; foi um centro amplamente irradiante;

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CAP

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LO 6 • Centro sul-americano: desenvolvido há mais de 6.000 anos, nos An-

des peruanos; foi um centro pouco ou nada irradiante;

• Centro norte-americano: instalado entre 4.000 e 1.800 anos a.C., na bacia do médio Mississipi, foi um centro pouco ou nada irradiante.

Fonte: Figura 1. Centros de origem e áreas de extensão da revolução agrícola neolítica. (Fonte: MAZOYER, Marcel; ROUDART, Laurence; 2010. cap. 2. p. 98.)

VI.b.Centro irradiante do Oriente Próximo

O Oriente Próximo é um dos mais antigos e mais conhecidos centros de origem da agricultura neolítica. Nesse centro, há cerca de 12.000 a. C., as mudanças climáticas do período pós-glaciário fizeram surgir savanas ricas em cevada, trigo einkorn, trigo amidoreiro (cereais selvagens) e ou-tras fontes vegetais como lentilhas, ervilhacas, ervilhas e diversas legu-minosas, além de animais para caça: javalis, cervos, gazelas, aurochs, ca-bras selvagens, asnos selvagens, coelhos, lebres, pássaros e peixes (em determinados lugares). Segundo J. Chauvin, nesse centro, a transição da predação à agricultura durou mais de 1.000 anos e promoveu profundas transformações no modo de vida dos grupos humanos em seus aspectos sociais, econômicos e técnicos.

O aquecimento climático do período pós-glaciário fez que as renas - ani-mais costumeiramente caçados na região - se deslocarem para o norte, permitindo que os habitantes das cavernas adotassem, gradualmente, novas formas de predação baseadas na exploração de cereais selvagens abundantes, capazes de suprir grande parte da necessidade alimentar da população. A dieta dos grupos dessa região era complementada por produtos da coleta de leguminosas, da pesca e da caça. Os hábitos vege-tarianos dessas populações eram baseados em itens abundantes, permi-tindo um sustento de grupos numerosos e sedentários, fazendo-os sair das cavernas e criar novos tipos de habitats organizados em pequenos vilarejos, compostos de casas redondas e alicerçadas em madeira.

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LO 6O novo modo de vida - baseado na sedentarização - das populações

da região do Oriente Próximo foi desenvolvido graças às inovações que exploraram e utilizaram, de forma mais eficaz, os novos recursos. O apa-rato utilizado era composto por foices formadas por lâmina de pedra talhada (utilizadas como lâmina para ceifar), foices dentadas que serviam pra colher muitos grãos em pouco tempo. A moenda também constituía o quadro de utensílios, era cavada em rocha e, sobre ela, moíam-se pu-nhados de grãos com a ajuda de uma mó (pedra grande achatada) para a produção de farinha. Conforme Mazoyer e Roudart, eram utilizados também fornos instalados num tipo de cova com revestimento feito de argila, apontando assim, por acaso, para a invenção da cerâmica. O uso das moendas e das mós está ligado diretamente ao surgimento da “pe-dra polida”. Os machados e enxós de pedra polida permitiam cortar, modelar e desmatar a madeira de forma eficiente, desempenhando um importante papel na construção de moradias e, posteriormente, no des-matamento de terras para cultivar.

Quanto à protoagricultura e à domesticação no Oriente Médio, os pri-meiros indícios de domesticação de trigo einkorn e de trigo amidoreiro remetem a 9.500 a. C.; a domesticação de ervilha, cevada, lentilha, grão--de-bico, ervilhaca e de linho parece ter sido conseguida em torno de 9.000 anos atrás. No que diz respeito aos animais, os autores afirmam que “a domesticação do cachorro remonta há 16.000 anos da presente Era, sendo a cabra 9.500 anos, o porco 9.200 anos, a ovelha 9.000 anos, os bovinos 8.400 anos e o asno 5.500 anos.” (MAZOYER e ROUDART, 2010. p. 105) Por terem sido domesticados nesses períodos, provavelmente, a protocultura e a protocriação das formas ainda selvagens dessas plantas e

animais come-çaram num pe-ríodo anterior, há centenas de anos.

Fonte: Figura 2. Esboços de ferramentas neolíticas, de plantas e de animais selvagens e domesticados. ( Fonte: MAZOYER, Marcel; ROU-

DART, Laurence. 2010. cap. 2. p. 104)

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LO 6 VI.c.

Centro irradiante da Nova Guiné

Há cerca de 10.000 anos, nas montanhas da Papua-Nova Guiné, possi-velmente se iniciou o cultivo de plantas originárias do sudeste da Ocea-nia e da Ásia. De acordo com Mazoyer e Roudart, a princípio, “elas teriam sido protegidas e talvez mesmo plantadas em seus lugares de crescimento natural, espalhadas nessa região densamente arborizada” (MAZOYER e ROUDART, 2008. p. 112). Cerca de 1.000 anos depois, essas plantas podem ter sido organizadas em hortas planejadas de áreas desmatadas e cercadas. Esse procedimento, provavelmente, tinha o intuito de proteger as hortas dos animais (porcos e javalis) domesticados e não domestica-dos que poderiam atacá-las. O porco doméstico vindo da Àsia chegou à Nova-Guiné por volta de 5.000 a.C.

VI.d.Centro irradiante da China

Possivelmente, o centro irradiante original do norte chinês localizava-se na região da atual província Henan - área onde se encontram os mais an-tigos (cerca de 8.500 anos) assentamentos chineses. Esse centro original se expandiu do norte ao noroeste, no Shanxi (7.000 a.C.); ao sudoeste, no Hebei (6.000 anos) e a oeste no Gansu (6.500 anos). O conjunto cultural dessas regiões de origem é bem limitado, sendo composto por alguns legumes, milheto, rami, e pela amoreira para a criação do bicho--da-seda. A criação de animais também foi desenvolvida nessas regiões; uma prova disso é a presença de ossadas de animais domésticos nos sítios arqueológicos, como cabras, carneiros, etc.

Na região leste da atual China e nos vales dos rios Amarelo e Azul - área mais irrigada e chuvosa - o cultivo de soja e de arroz deu origem a um conjunto cultural mais rico. Duas importantes culturas surgiram na re-gião chinesa: a cultura de Long Shan (caracterizada pelo cultivo do arroz e da produção de cerâmicas negras) e a cultura Yang Shao (caracteriza-das pela cerâmica colorida).

VI.e.Centro irradiante da América do Sul

No centro irradiante da América do Sul, houve pouca ou nula irradiação agrícola neolítica. As pesquisas arqueológicas ainda não puderam espe-cificar um centro de origem na América do Sul. Segundo Flamarion Car-doso, a probabilidade é de que esse centro esteja localizado ao noroeste do continente. Lá, a domesticação de determinadas plantas, a exemplo da batata, quinoa, cabaça, feijão, mandioca e a de animais como a lhama

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LO 6e a alpaca é periodicizada em 6.000 anos. É possível que a agricultura

sul-americana tenha se irradiado por regiões andinas quando adicionada ao raio de influência da agricultura do centro norte-americano, baseada no cultivo do milho.

VI.f.Centro irradiante mesoamericano

A área de origem agrícola da porção mesoamericana foi constituída entre 9.000 e 4.000 a. C. no sul do México. Durante a estação úmida, grupos nômades de caçadores-coletores começaram a se encontrar em vilarejos temporários para exercer a colheita, além de praticar o cultivo do aba-cate e da pimenta. Por volta de 7.000 anos, esses vilarejos temporários começaram a crescer em importância e a praticar também o cultivo na primavera e no período de estio. Na baixa estação, esses grupos se sus-tentavam por meio da caça e da coleta, sendo necessário ainda manter o modo nômade de vida.

Por volta de 7.000 anos, os alimentos cultivados pelas populações da Mesoamérica eram o milho precoce, a abóbora e a abobrinha. Há 3.500 anos, esses grupos começaram a cultivar o algodão, o amaranto, o sapo-tizeiro e o feijão. Foi a partir dessa época que as populações da porção mesoamericana tornaram-se sedentárias, a agricultura, o principal modo de exploração do meio e os vilarejos, permanentes (vale do Tehuacan, Tamaulipas, Oaxaca, etc.). A domesticação de animais (peru e pato da Barbaria) aconteceu de forma mais tardia: por volta de 2.000 anos.

VI.g.Centro irradiante da América do Norte

No continente norte-americano, existiu um centro de origem localizado entre a cordilheira dos Apalaches e uma região de grandes prados do continente. Nessa área, entre 4.000 e 3.000 anos atrás, eram cultivadas abóboras, anserinas, girassol, etc; esses cultivos eram apenas um com-plemento ao modo de vida das populações da região, que se alimenta-vam basicamente dos produtos das pescas, da caça e da colheita.

Esses grupos tornaram-se sedentários apenas por volta de 250 a.C, com a inserção do sempre-noiva, da cevadilha e do milheto: três plantas de grãos bastante nutritivas. Além dessas plantas de grãos, foram inseridos mais quatro tipos de plantas ao final dessa transição. Depois, foi inserido o milho vindo da região mesoamericana, tornando-se, alguns séculos depois, o principal produto agrícola da região. Os principais instrumen-tos utilizados por esses grupos para desempenhar as atividades agrícolas eram machados, moendas, foices, silos e cerâmicas.

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Com base em seus focos de origem, o processo de neolitização ame-ricano criou duas principais tradições agrícolas: uma sustentada na se-meadura, colheita e armazenamento de milho, feijão, quinoa, amaranto; outra, baseada na plantação de batata, mandioca, batata doce, aipim. Os ambientes naturais das três porções do continente americano eram variados, isso gerou uma diversidade agrícola que ia de uma atividade itinerante e primitiva, coletivista e de baixa tecnologia até uma atividade agrícola sedentária, intensiva, de maior tecnologia e com aspectos primi-tivos de propriedade privada.

Ciro Flamarion Cardoso afirma que a agricultura praticada no continen-te americano possuía algumas lacunas se fosse comparada ao processo agrícola do Velho Mundo. O teórico cita como exemplo o uso restrito de bastões pontudos e de enxadas para a prática da semeadura, escassez do arado (explicada pela ausência de grandes animais domesticados para puxar), a dissociação entre criação de animais e agricultura. Além disso, no Velho Mundo usavam-se abundantes instrumentos de metais para atividades agrícolas (apesar de ter se desenvolvido de forma tardia).

Cardoso, em sua obra A América Pré-Colombiana (1996), transcende a descrição das atividades neolíticas no Novo Mundo e questiona a razão pela qual a domesticação de plantas e de animais foi realizada. Confor-me o teórico, até parte da segunda metade do século passado, a maioria dos pré-historiadores respondiam a esse questionamento relacionando o início agrícola às drásticas mudanças climáticas e ecológicas advindas da transição do período Plistoceno ao Holoceno. Essa perspectiva, porém não se sustenta quando se avaliam os focos Neolíticos melhor analisa-dos - Próximo-Oriente e o vale mexicano do Tehuacan - que são áreas

Fonte: Figura 3. Os complexos agrícolas pré-colombianos. (Fonte: COSTA, João Frank da. 1978. p. 46).

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LO 6pouco atingidas por essas mudanças ecológicas e climáticas. Para tentar

suprir essas lacunas, algumas hipóteses foram desenvolvidas por alguns teóricos:

1. Robert Braidwood é um dos mais importantes pesquisadores e es-cavadores do Neolítico do Oriente Próximo. Ele defendia a tese de que as domesticações foram empreendidas no Novo Mundo como fruto de interações culturais. Para ele, o período Neolítico era a con-vergência de especializações e diferenciações culturais progressivas dos grupos humanos durante as fases finais da pré-história humana, acarretando um conhecimento mais apurado sobre as plantas e ani-mais que viviam nos habitats dos grupos humanos analisados.

2. Lewis Binford defendia a tese de que o início agrícola estava ligados à pressão demográfica acarretada por processos de imigração, cau-sando um esgotamento dos recursos pré-agrícolas nas regiões que se tornavam mais populosas. Diante disso, a agricultura surgia como solução;

3. Kent Flannery defendia a teoria de que a transição da vida nômade dos caçadores e coletores para o sedentarismo dos agricultores está-veis se deu mediante um longo processo. Segundo ele, certas plan-tas do Novo Mundo não atende à expectativa de domesticação com qualquer efeito drástico de multiplicação, direcionado aos recursos alimentares disponíveis; em contrapartida, algumas outras, caso do milho, podiam apresentar um aumento surpreendente sob efeito de domesticação e aperfeiçoamento.

4. J. T. Meyers convergiu as hipóteses dos teóricos mencionados an-teriormente, mas trabalhando com um foco diferente dos focos ir-radiantes, analisando a costa central do Peru, onde os recursos ter-restres eram inteirados pelos recursos marítimos abundantes. Essa região sofreu modificações profundas ao fim do período Plistoceno, ficando evidente que um novo modo de sustento precisava ser ela-borado a fim de suprir a necessidade das populações da região.

Ciro Flamarion Cardoso defende que a razão das causas do surgimento da agricultura não deve ser respondido de forma homogênea, mas varia-da, analisando as especificidades de cada região, já que estas possuem ambientes e situações diferentes. O surgimento de práticas agrícolas e domesticação de animais aparecem como resultado de longos processos de evolução humana, aliados às necessidades e questões concretas sur-gidas na interação humana com o meio natural. Diante disso, o processo agrícola não poderia ter surgido em outras fases da pré-história humana, como apontam Mazoyer e Roudart, por exemplo. A revolução agrícola neolítica, defendem Mazoyer e Roudart, não foi fruto de crises de recur-sos predatórios, é justamente o inverso: o aumento demográfico ocasio-nado pela revolução agrícola neolítica é que pode ter causado, em alguns momentos da História, crises desses recursos. A revolução neolítica não foi fruto de uma catástrofe, mas de um processo histórico e cultural.

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LO 6 O período e as condições de vida em conjunto com a necessidade sur-

gida, dentre outros fatores, exerceram influências sobre os grupos hu-manos com relação ao uso da natureza ao seu favor, em troca de de-senvolvimento social e cultural. O estudo e a reconstrução da revolução neolítica - e de outros processos da pré-história humana - são fruto da investigação dos indícios do surgimento da vida humana sobre a Terra. Tais indícios são identificados e, sobre eles, abrem-se investigações so-bre seus usos, finalidades, razões para terem sido criados e o porquê de terem sido aprimorados; dessa forma, esses vestígios transformam-se em componentes que tentam suprir as incompletudes humanas, promo-vendo o desenvolvimento de toda a espécie.

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LO 6REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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