Hoje Macau 7 FEV 2014 #3025

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 SEXTA-FEIRA 7 DE FEVEREIRO DE 2014 ANO XIII Nº 3025 PUB As desigualdades estão a crescer na sociedade de Ma- cau. Muitas são as pessoas que têm rendimentos mensais que começam a não chegar para uma vida confortável. Imobiliário em alta, inflação galopante e salários na mesma fazem parte de um cenário cada vez mais comum na realidade de muitas famílias do terri- tório. Especialistas falam em “círculo vicioso” e em “falta de oportunidades”. Há quem fale mesmo numa próxima “geração de pobreza”. Os pro- blemas que estão muito além dos dados oficiais divulgados pelo Governo. PÁGINA 7 POBREZA Quando o guito começa a não chegar GONÇALO LOBO PINHEIRO UMAC hojemacau PÁGINAS 2 E 3 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB PUB A ilha fantasma WILLIAM CHU O mais recente treinador do Monte Carlo com confiança na nova época ENTREVISTA PÁGINAS 18 E 19 CHEFE DO EXECUTIVO ASSOCIAÇÕES IMPEDIDAS DE PARTICIPAR ELEIÇÕES PÁGINA 4 NOVO CAMPUS DA UMAC ALUNOS INSATISFEITOS COM FALTA DE CONDIÇÕES

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Edição do jornal Hoje Macau N.º3025 de 7 de Fevereiro de 2014

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 S E X TA - F E I R A 7 D E F E V E R E I R O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 2 5

PUB

As desigualdades estão a crescer na sociedade de Ma-cau. Muitas são as pessoas que têm rendimentos mensais que começam a não chegar para uma vida confortável. Imobiliário em alta, inflação galopante e salários na mesma fazem parte de um cenário cada vez mais comum na realidade de muitas famílias do terri-tório. Especialistas falam em “círculo vicioso” e em “falta de oportunidades”. Há quem fale mesmo numa próxima “geração de pobreza”. Os pro-blemas que estão muito além dos dados oficiais divulgados pelo Governo. PÁGINA 7

POBREZA Quando o guito começaa não chegarGO

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UMAC

hojemacau

PÁGINAS 2 E 3

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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A ilhafantasma

WILLIAM CHU

O mais recente treinador do Monte Carlo com confiançana nova época

ENTREVISTA PÁGINAS 18 E 19

CHEFE DO EXECUTIVO

ASSOCIAÇÕES IMPEDIDASDE PARTICIPAR

ELEIÇÕES PÁGINA 4

NOVO CAMPUS DA UMACALUNOS INSATISFEITOSCOM FALTA DE CONDIÇÕES

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2 hoje macau sexta-feira 7.2.2014REPORTAGEM

RITA MARQUES [email protected]

E M vésperas de início do segundo semestre acadé-mico, o HM deslocou-se até ao novo campus da

Universidade de Macau (UMAC). As aulas recomeçam na próxima quarta-feira, dia 12 de Fevereiro, mas o Ano Novo chinês faz com que, sobretudo os alunos naturais da China continental, aproveitem até ao último dia na sua terra natal.

Esta época festiva, que dá um movimento incessante às ruas de Macau, deixou a parte da Ilha da Montanha sob jurisdição da RAEM um pouco mais só. Mas, dos cerca de 1600 alunos que a habitaram neste primeiro semestre, há quem tenha ficado para nos abrir as portas da sua moradia e explicar como tem corrido esta nova experiência. São eles, pelas razões explicadas, alunos internacionais. Estudantes que iniciaram, continuam ou estão prestes a concluir os programas de mestrado e de doutoramento. Segundo explicam, no primeiro se-mestre, o novo campus da UMAC arrancou apenas como dormitório.

Há comodidade nos quartos, há segurança, há transportes. Não há restaurantes, não há supermerca-dos, há apenas uma pequena mer-cearia e uma cantina. Há barreiras a vedar passagens. Há avisos para não as saltar. Funcionam apenas duas residências para mestrandos e doutorandos (os edifícios S2 e S3) e um colégio residencial (o S9 ou

ILHA DA MONTANHA NOVO CAMPUS DA UMAC É VISTO COMO “PEQUENA CIDADE FANTASMA” PARA PRIMEIROS ALUNOS

“É sufocante. Não há nada para fazer”“Shiu Pong College”) para alunos das licenciaturas. Os primeiros não têm acesso ao colégio residencial, os segundos não têm a mesma res-trição. “Todos os outros edifícios estão fechados e vigiados por se-guranças chineses. Eles montaram um autêntico exército fantasma”, explica Siddarth Gulati, um estu-dante indiano de 26 anos, que se candidatou a partir de Londres a um doutoramento em “Marketing e Sistemas de Informação” na UMAC.

“Se me sinto seguro? Bastante. Até me incomoda o facto de ter sempre de mostrar a identificação no campus, mas os incidentes de chineses ilegais a entrar sem autorização no campus mostram que é melhor haver esse controlo.”

O problema está na falta de equipamentos em funções. “Todos os dias tenho de me deslocar ao campus antigo. É lá que faço as minhas refeições, as minhas pes-quisas, boa parte do meu trabalho de investigação. O acervo biblio-gráfico que necessito está naquela biblioteca, uma vez que a do novo campus ainda não abriu portas. É também lá que frequento dois seminários por semana”, conta, sobre a experiência dos últimos cinco meses.

Sid, alcunha por que é conhe-cido, não esperava dormir numa “pequena cidade fantasma” porque, explica, “não queria apenas sobre-viver, mas viver no novo campus”. “É sufocante. Não há nada para fazer. Há salas de estudo equipadas, mas pouco convidativas.”

UMA COZINHA, 45 ALUNOSAs compras de supermercado tem, forçosamente, de fazê-las fora. Mas, ainda que queira cozinhar no campus, as condições não são as melhores. “Fomos enganados [sobre a funcionalidade das infra--estruturas]. Quando nos candida-támos, deveríamos ter tudo opera-cional no novo campus”, sustenta. “Há uma cozinha por cada andar. Neste andar, há um total de 45 quartos individuais e duplos. Não está equipada com fogão, nem forno e tem apenas um frigorífico e um micro-ondas. Não é onde guardo as minhas coisas porque arranjei um pequeno para o meu quarto. Também me vi obrigado a arranjar uma placa eléctrica. Aliás, quem queira cozinhar fez o mesmo”, frisa Sid, visivelmente desiludido.

Alcides Malavone, mestrando de Direito de Comércio Internacio-nal na UMAC, está mais resignado, talvez porque esteja na recta final

dos estudos. No entanto, assume que as condições não são ideais. “A universidade explicou que as cozinhas não foram preparadas para fazer refeições. Não foram feitas para preparar refeições. Só para coisas básicas, aquecer comi-das rápidas, como uns ‘noodles’. Disseram-nos que é difícil mudar isso. Ouviram a preocupação, mas não prometeram mudar tanto assim”, confirmou o estudante moçambicano, que assume não só a preferência como a necessidade em cozinhar.

“A nossa bolsa é muito reduzi-da. Eu e o meu colega de quarto, Ângelo, viemos ao abrigo de um protocolo entre a nossa universi-dade em Moçambique e a UMAC, que acaba por nos atribuir uma bolsa mensal. Se fosse usada para todas as refeições na cantina (30

patacas por refeição), que fornece apenas pratos chineses, não nos chegaria para comprar produtos básicos de higiene, carregar o cartão e fazer fotocópias de livros, por exemplo.”

DESLOCAÇÕES OBRIGATÓRIASAO CAMPUS DA TAIPAEste também foi um ano de transi-ção para Alcides, 30 anos, porque foi enviado para a residência na Ilha da Montanha, embora já tivesse frequentado o primeiro ano do curso no antigo campus, na Taipa. “A universidade adoptou a política de virem para o novo campus alu-nos de mestrado e doutoramento. E também estudantes estrangeiros. Vi-me abrangido neste grupo. Não houve possibilidade de escolha [entre ficar no campus da Taipa ou ir para o novo]”, nota.

O grande problema, salienta, é que pouco se faz no novo campus neste período de transição. “É difícil. São dois campus a operar em simultâneo. Não tenho aulas porque já me encontro a fazer a tese, mas tenho actividades de apoio académico durante três horas diárias. E tenho de ir à biblioteca”, explica.

“O novo campus serve para dor-mir, não se faz mais nada. Não há sequer um ginásio em condições. Mas o pior são os constrangimentos nas deslocações, que desde o iní-cio me foi avisado que se deveria prolongar até Janeiro de 2014 porque o processo de mudança ia ser gradual, mas aparentemente há atrasos”, explica, elucidado.

Ainda assim, Alcides faz ques-tão de salientar que os serviços de transporte estão muito bem

Não tenho aulas porque já me encontro a fazer a tese, mas tenho actividades de apoio académico durante três horas diárias. E tenho de ir à bibliotecaALCIDES MALAVONE Mestrando de Direito de Comércio Internacional

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3 reportagemhoje macau sexta-feira 7.2.2014

Algum sítio para praticar desporto, seria bom. Adoro nadar, aqui não tenho hipóteses, acabo também por ter de ir à TaipaWANG XU Mestrandoem Economia

Os primeiros a chegar à Ilha da Montanha sentiram-se a naufragar com a falta de equipamentos. Depois viverem durante um semestre no novo campus da UMAC, as instalações universitárias são vistas apenas como “dormitório”. Os estudantes queixam-se das constantes deslocações até ao campus antigo, na Taipa. Comentam a fraca funcionalidade das cozinhas e de uma mercearia, que está longe de fazer as vezes de um supermercado. Lamentam ainda a falta de uma biblioteca

ajustados com o ‘shuttle bus’, que operam durante a noite entre o campus velho e o novo, e os dois autocarros públicos diários - o MT3U para Macau e o 37U para a Taipa.

Sid discorda. “Não são suficien-tes. À noite, sobretudo, a partir da meia-noite há apenas um autocarro que parte do campus da Taipa de 40 em 40 minutos, sendo que entre as 3h30 e as 5h30 não estão a operar transportes.”

Outra coisa que faz questão de salientar é a de que apenas há uma sala de máquinas de lavar por residência, no rés-do-chão, tendo depois de ser partilhadas duas “varandas” por andar para esten-der roupa. “Não há um serviço de lavandaria, não há uma limpeza a seco. Nada.”

Para estes dois estudantes,

não há grandes expectativas para o início do segundo semestre. “Continuaremos a ter de ir para o antigo campus para a biblioteca, de certeza. Ainda não nos fizeram saber o que vai mudar. Não tenho esperança. Acho que até regressar a casa, em Maio ou Junho, duvido que terá mudado muito”, diz Alci-des, conformado.

O HM tentou falar com o vice-reitor dos estudantes, Hayden Chen, mas por ser ainda período festivo não foi possível confirmar quais os novos equipamentos a operar a partir da próxima semana (ou semestre), nem quantos novos alunos e professores são espera-dos. Por outro lado, foi também difícil saber quais e quantas aulas começarão a ser leccionadas na Ilha da Montanha. No entanto, o vice-reitor Rui Martins já tinha

feito saber na semana passada ao Business Daily que o processo de mudança só estará concluído no próximo ano lectivo.

VISÃO CONTINENTAL É OPTIMISTANuma das salas de computadores do S2 encontrámos Wang Xu, 24 anos, natural de Hunan, província do continente. Wang iniciou em 2012/2013 o seu segundo ciclo de estudos em Macau. Depois de ter completado a licenciatura em Eco-nomia na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa), decidiu prosseguir com o mestrado na mesma área na UMAC. A tese está a fazê-la na Ilha da Montanha e se lhe tivesse sido dado a escolher entre viver no antigo campus ou no novo, não he-sitaria. “Prefiro viver aqui. É mais calmo, é um bom sítio para estudar.

No campus antigo há demasiadas pessoas e está localizado numa zona muito central. Fico aqui toda a semana, sem problemas. Preciso apenas de me deslocar de autocarro uma vez por semana para fazer compras”, diz, antes de confessar que “preferia ter um supermercado no campus”.

O alojamento é “realmente cómodo”, não hesita, mas sobre as condições já pensa duas vezes. “Algum sítio para praticar des-porto, seria bom. Adoro nadar, aqui não tenho hipóteses para já, acabo também por ter de ir à Taipa. E acho caros os preços praticados na cantina.”

O problema de Sid com a can-tina não é o mesmo. “Tem poucas opções de pratos, e é tudo comida chinesa não há pratos ocidentais. Para mim, que sou vegetariano, fica mesmo complicado comer lá. E depois, tal como muitos funcio-nários do campus, na recepção da cantina ninguém fala inglês.”

Sobre um maior movimento de estudantes no segundo semestre, onde se espera que algumas aulas funcionem já na Ilha da Monta-nha, Wang não nega que “seria bom ver mais estudantes”. Nem a propósito, foi na paragem de autocarros (em frente ao S3) que o HM se cruzou com os novos estudantes de intercâmbio, que a partir da última quarta-feira e até segunda estarão numa “semana de orientação” sobre a universidade e Macau. Gary Ng, coordenador do grupo de estudantes, explica que neste segundo semestre há mais

Todos os outros edifícios estão fechados e vigiados por seguranças chineses. Eles montaram um autêntico exército fantasmaSIDDARTH GULATI Doutorando em Marketing e Sistemasde Informação

de 70 alunos neste programa de intercâmbio, mais 10 do que no ano anterior.

HÁ FUTURO DEPOIS DA MONTANHA...Não é, no entanto, com má impres-são que Alcides deixa a UMAC no fim deste segundo semestre, bem pelo contrário. “A experiência foi muito boa. Bons professores e condições de estudo. Formação de qualidade. Vale muito a pena. Recomendaria. Fui apoiado. En-contrei uma comunidade de estu-dantes africanos e uma associação de moçambicanos. A integração foi fácil pelas pessoas que encon-trei aqui. Não propriamente por facilidades em se falar a língua portuguesa, mas saio daqui com muitos amigos não só africanos como chineses”, ressalva.

Sid tem um semestre e dois anos pela frente, mas a permanência em Macau é incerta. As condições não lhe dão o conforto desejado, confessa. “Não sei se fico aqui os três anos. É muito tempo sem ter as condições ideais para aqui viver.”

Uma coisa, diz, parece certa. “Embora as rendas na residência sejam baratas [1200 patacas/mês, num quarto duplo, e 1800 patacas/mês num individual, pretendo ar-ranjar o meu próprio apartamento no mercado imobiliário privado depois deste primeiro ano.”

Durante uma conversa rápida com o HM, Wang tem à sua frente um computador onde trabalha no seu Curriculum Vitae. Sobre a futura vida profissional, não nega que preferia trabalhar em Macau, se a oportunidade surgisse, mas sabe que é difícil arranjar visto após concluir os estudos.

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GONÇ

ALO

LOBO

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De acordo com um comunicado ontem emitido pelos Ser-viços para a Admi-nistração e Função Pública (SAFP), são 65 as associações que ficam de fora para a escolha do Chefe do Executivo.

O ESSENCIAL

hoje macau sexta-feira 7.2.20144 POLÍTICA

JOANA [email protected]

M AIS de seis de-zenas de asso-ciações estão impedidas de

participar em eleições, contra mais de 800 que continuam com capacidade eleitoral.

De acordo com um co-municado ontem emitido pelos Serviços para a Admi-nistração e Função Pública

ELEIÇÕES PARA CHEFE DO EXECUTIVO MAIS DE 60 ASSOCIAÇÕES IMPEDIDAS DE PARTICIPAR ESTE ANO

Sector desportivo com mais força

ILHA DA MONTANHA TRIBUNAL INTERNACIONAL DE ARBITRAGEM BREVEMENTE

Moderar conflitos comerciais

quaisquer pormenores, remetendo mais esclareci-mentos para hoje. É que é nesta sexta-feira que são dadas a conhecer ao público as listas das pessoas colec-tivas eleitoras.

Entretanto, mais de 800 associações mantêm-se com capacidade eleitoral. Portanto, 2014 vai poder contar com 825 pessoas colectivas eleitoras de di-ferentes sectores: 99 são do sector industrial, comercial e financeiro, 66 do sector do trabalho, 54 do sector profissional, 132 dos ser-viços sociais, 137 do sector cultural, 24 do ramo da educação e a maioria, 313, são do sector desportivo.

(SAFP), são 65 as asso-ciações que ficam de fora para a escolha do Chefe do Executivo, que acontecem este ano. As razões? “Nos cadernos de recenseamento expostos no corrente ano e na lista das pessoas colec-tivas eleitoras disponível, constam sete inscrições suspensas e 58 canceladas.”

O comunicado dos SAFP, departamento diri-gido por José Chu, explica

CECÍLIA L [email protected]

N O primeiro semestre deste ano, um Tribu-nal Internacional de

Arbitragem (TIA) vai entrar em funcionamento na Ilha da Montanha. De acordo com uma notícia avançada pelo jornal Ou Mun, a entidade já recebeu autorização para co-meçar a operar, sendo que terá como árbitros profissionais de Macau, Taiwan e Hong Kong.

Um dos objectivos prin-cipais é arbitrar eventuais conflitos comerciais. O TIA vai implementar regras e normas de arbitragem comercial in-ternacionais, que ainda estão, de acordo com a Comissão de Arbitragem de Zhuhai, a ser criadas.

As regras de arbitragem vão ter como referência as regiões de Hong Kong, Singapura e Estocolmo, combinadas com as práticas da China continental. Segundo o Ou Mun, a intenção

é criar “regras abertas, eficazes, justas e harmoniosas” para lidar com os casos de conflito.

O TAI vai concentrar-se mais na zona nova da Ilha da Montanha, onde será ainda cria-do um Centro de Arbitragem Financeira, que ficará dentro do edifício do tribunal.

As sentenças decretadas pelo TAI vão obter reconheci-mento de mais de cem países em todo o mundo, num reco-nhecimento que é mais amplo do que o das sentenças judiciais.

O tribunal já está a recrutar grupos de funcionários que tenham mestrados ou graus superiores em Direito e que já passaram exame de qua-lificação judicial, sendo que a Comissão de Arbitra-gem também tenciona importar um certo número de árbitros estrangeiros. Antes de Hengqin, outras duas zonas em Shenzhen e Guangzhou também já criaram o seu tri-bunal de arbitragem.

que o prazo para eventuais reclamações já acabou e que, de acordo com a lei, em quaisquer eleições, devem ser utilizados os últimos cadernos de recenseamento cujo termo de exposição seja anterior à publicação das datas das eleições. As-sim, as pessoas colectivas eleitoras cujas inscrições foram assinaladas como suspensas ou canceladas nos cadernos de recenseamento

recentemente expostos – o que aconteceu entre 14 e 23 de Janeiro - perderam a sua capacidade eleitoral, não podendo participar nas acti-vidades eleitorais do Chefe do Executivo em 2014.

MAIORIA DESPORTISTAO HM tentou saber a lista das associações que perde-ram o direito de eleger, mas uma porta-voz dos SAFP disse não poder adiantar

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hoje macau sexta-feira 7.2.2014 5 política

WWW. IACM.GOV.MO

Fornecimento de serviços de coordenação, produção e de execução da actividade “Celebração da chegada do Verão”, na Praia de Hác-Sá, a 1 de Maio

Concurso Público no001/SCR/2014

Faz-se público que, nos termos da alínea 46 da deliberação n.º2/2014 do Conselho de Administração, de 10 de Janeiro de 2014, se encontra aberto concurso público para o Fornecimento de serviços de coordenação, produção e de execução da actividade “Celebração da chegada do Verão”, na Praia de Hác-Sá, a 1 de Maio.

O limite máximo do valor global da prestação de serviços é de três milhões e quinhentas mil patacas (MOP3,500,000.00).

O Programa do Concurso, o Caderno de Encargos e a Tabela das Exigências Específicas encontram-se à disposição dos interessados no Núcleo de Expediente e Arquivo do IACM, sito na Avenida de Almeida Ribeiro, no 163, r/c, Macau, todos os dias úteis, durante as horas normais de expediente.

As propostas deverão ser entregues até às 17:00 horas do dia 24 de Fevereiro de 2014 ( 2ª feira). O proponente ou o seu representante, deve entregar a proposta e os seus documentos no Núcleo de Expediente e Arquivo do IACM. Com a proposta, deve o proponente apresentar uma caução provisória, no valor de sessenta mil patacas (MOP60,000.00), mediante depósito em dinheiro, garantia bancária ou seguro-caução a favor do IACM ou cheque bancário, entregue directamente na Divisão de Contabilidade e Assuntos Financeiros/Tesouraria do IACM, sita na Avenida de Almeida Ribeiro, n.° 163, r/c.

O IACM realizará a este respeito uma sessão de esclarecimento pelas 15:00 horas do dia 12 de Fevereiro de 2014 ( 4ª feira), no Centro de Formação deste Instituto, sito no 6.º andar do Edifício China Plaza.

O acto público de abertura das propostas realizar-se-á pelas 15:00 horas do dia 25 de Fevereiro de 2014 ( 3ª feira), no Centro de Formação deste Instituto, sito no 6.º andar do Edifício China Plaza.

Macau, aos 23 de Janeiro de 2014.

O Presidente, Substituto, do Conselho de Administração

Vong Iao Lek

CECÍLIA L [email protected]

C HAN Meng Kam quer saber se há mais medidas de apoio do Governo

para as indústrias culturais e criativas de Macau, além do já anunciado fundo de apoio financeiro.

Em interpelação escrita enviada ao Executivo, o de-putado aponta que, nas cida-des vizinhas, o Governo não dá apenas apoio financeiro, mas também político e nas infra-estruturas no início do desenvolvimento destas indústrias. Chan Meng Kam diz que, por cá, as coisas funcionam ao contrário. “Apenas anunciou em 2010 que ia desenvolver as indús-trias criativas e culturais e criou o Conselho e o Fundo, mas não há mais medidas de apoio, nem políticas. É ver agora, este ano, que já fe-

As indústrias culturais e criativas têm um grande potencial. Segundo os dados de Dezembro do ano passado, há 138 empresas ligadas ao sector, cujo crescimento foi de 40% em três anos. Contudo, embora Macau já tenha criado uma zona para estas indústrias, ainda falta espaço suficiente para que elas possam crescer CHAN MENG KAM Deputado

INDÚSTRIAS CULTURAIS E CRIATIVAS CHAN MENG KAM QUER MAIS APOIO

Revitalização de prédios industriais ajudacharam muitas lojas devido ao elevado preço da renda. Como as pequenas e médias empresas de Macau, geral-mente, têm dificuldades ao nível da renda e dos recursos humanos, no início é preciso a ajuda do Governo.”

Mas, Chan Meng Kam diz que tem como justificar o pedido. O deputado cita queixas de pessoas envol-vidas no sector das indús-trias criativas, que dizem que, nem a formação, nem a legislação estão adapta-das ao desenvolvimento local destas indústrias. O Governo, diz Chan Meng Kam, precisa de ouvir mais opiniões do sector e implementar mais políticas de apoio. “As indústrias culturais e criativas têm um grande potencial. Segundo os dados de Dezembro do ano passado, há 138 empre-sas ligadas ao sector, cujo crescimento foi de 40% em

três anos. Contudo, embora Macau já tenha criado uma zona para estas indústrias, ainda falta espaço suficien-te para que elas possam crescer.”

O deputado questiona se o Governo vai aprender com as experiências de outros locais, não só para planear uma zona industrial no ter-ritório, como para revitalizar

os prédios de uso industrial, fazendo com que as despesas com as rendas diminuam e seja possível a expansão destas indústrias. “O fundo para indústrias culturais e criativas tem algum padrão em aprovar financiamentos? Será que já foi criado um mecanismo de avaliação eficaz?” questionou ainda Chan Meng Kam.

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6 hoje macau sexta-feira 7.2.2014SOCIEDADE

CECÍLIA L [email protected]

JOANA [email protected]

A Vang Iek assinou ontem a renovação do con-trato com a Direcção dos Serviços para os

Assuntos de Tráfego (DSAT) por mais nove meses, que lhe permite prestar serviços mistos de táxi. O contrato com a empresa, recorde--se, chegaria ontem ao fim.

A partir de hoje, os táxis amare-los – da Vang Iek – estariam auto-rizados apenas a atender chamadas para prestar serviços – algo previsto no contrato inicial -, mas um novo acordo entre a companhia e a DSAT trouxe alterações. Os táxis amarelos – que serão 100 – podem atender continuar a apanhar passageiros ou a ficar nas filas das praças de

Depois de analisar e ponderar a necessidade concreta dos cidadãos pelo serviço de táxis e a prevenção do impacto à deslocação da população trazido pela redução súbita do número de táxis tendo em conta o melhoramento contínuo da Vang Iek à sua frota no último ano, o Governo renova por nove meses, como período de transição, as 100 licenças especiais de táxis da Vang Iek DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS PARA OS ASSUNTOS DE TRÁFEGO

TÁXIS AMARELOS CONTINUAM A OPERAR POR NOVE MESES COM CONTRATO TRANSITÓRIO

Serviços mistos para a Vang IekOs cem táxis amarelos detidos pela Vang Iek vão continuar a operar por mais nove meses, depois de um acordo com o Governo sobre o tipo de serviços que a empresa pode prestar: no início, apenas 40 táxis poderão prestar serviços mistos, sendo que 60 têm obrigatoriamente que responder apenas a chamadas telefónicas. O Governo assegura que vai estar de olho e que vai recolher dados para incluir regras e punições à Vang Iek no futuro

táxis, desde que 60 deles prestam apenas serviços de rádio-chamada. Os outros 40 deverão mudar gradu-almente dos serviços mistos para apenas e só serviços de chamada.

A DSAT assegura, em comuni-cado, que esta renovação acontece

Recorde-se que a Vang Iek te-ria que responder a determinados requisitos para que o seu contrato fosse renovado: serviços por chamadas telefónicas, serviço de transporte às zonas com carência de táxis e serviços para as pessoas com mobilidade reduzida. A Vang Iek fez algumas melhorias em alguns carros para adaptá-los a deficientes físicos e, diz a DSAT, conseguiu um aumento progres-sivo da taxa de sucesso relativa à prestação do serviço de táxis solicitado por chamada telefónica, passando dos 30% em Fevereiro de 2013 para cerca de 50% no fim do ano. Por isso mesmo, a DSAT aceitou negociar com a empresa. “A Vang Iek referiu várias vezes a dificuldade em contratar pessoal e a saída contínua de empregados.” De acordo com Eugénio Cheng é isto que torna difícil servir apenas chamadas telefónicas.

GOVERNO DE OLHOOntem, numa conferência de imprensa, o director-executivo da empresa, assegurou aos jornalistas que a proposta do Governo em que a companhia apenas atende pedi-dos de rádio-táxi “não é prática”, podendo mesmo influenciar “a sobrevivência da empresa”. “Se apenas atendermos as chamadas, temos dificuldades na operação. Não apenas por uma questão de serviço público, mas também porque coloca em causa a nossa sobrevivência.”

Na conferência, ao início da tarde, o director revelou que a Vang Iek já tinha chegado a um acordo com a DSAT “para procu-rar uma solução mais prática para resolver o problema”. Ao final da tarde, a DSAT emitiu o comunica-do mais detalhado onde especifica ainda que vai ter em atenção o comportamento da empresa. “No decorrer do período de transição, o Governo irá recolher os dados concretos da operação dos táxis amarelos e as opiniões públicas sobre o serviço destes, aprofun-dando assim o conhecimento da sua exploração para, a seguir, definir a regulamentação, meca-nismo de fiscalização e sanções do modelo de exploração destes táxis. Em articulação com a necessidade do serviço, o Governo irá marcar, em várias partes de Macau, zonas para acolher os táxis especiais à espera de marcação, criando assim condições para a referida frota poder responder, de forma mais rápida e conveniente, às solicitações dos cidadãos.”

Para a Vang Iek, não há dúvi-das. Eugénio Cheng assegura que os táxis amarelos vão continuar a circular nas ruas e que a empresa vai melhorar o serviço para se adaptar às exigências do Governo, “a fim de procurar prestar serviços que deixem sobreviver a empresa, mas também que sirvam bem o público.”

apenas durante um período de tran-sição e por causa das necessidades reais de Macau. “Depois de analisar e ponderar a necessidade concreta dos cidadãos pelo serviço de táxis e a prevenção do impacto à deslo-cação da população trazido pela

redução súbita do número de táxis tendo em conta o melhoramento contínuo da Vang Iek à sua frota no último ano, o Governo renova por nove meses, como período de transição, as 100 licenças especiais de táxis da Vang Iek.”

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7 sociedadehoje macau sexta-feira 7.2.2014

CECÍLIA L [email protected]

A pobreza e a questão do emprego há muito que é tema central das intervenções do

deputado Lam Heong Sang na As-sembleia Legislativa (AL). Desta vez, a sua parceira política Ella Lei também começou a chamar a atenção para estes problemas, nomeadamente na mais recente reportagem publicada na edição de ontem do jornal Ou Mun. O diário de língua chinesa fala de casos de pessoas com emprego mas que, ainda assim, não conseguem pagar as contas. “Os elevados preços das casas é uma questão complicada para os empregados com salários baixos. Parte dos empregados precisam de usar metade do seu rendimento para a renda, e a in-flação está sempre acima do seu salário. Não chega para fazer face às despesas”, disse ao jornal.

Ella Lei disse ainda que em Ma-cau “já existe pobreza com emprego há muito tempo”. “Ter um emprego não significa não ter preocupações na vida. Pelo contrário, os inquéritos recentes sobre o emprego mostram que há cerca de dez mil residentes com um rendimento mensal de seis mil patacas, sendo que cerca de 1800 ganha menos de 4700 patacas por mês. Precisam de pedir subsídio ao Governo.” Segundo a deputada, os casos mais graves ocorrerão em empregos de segurança de prédios ou ainda no sector das indústrias e restauração.

O Ou Mun falou com duas mães solteiras de origem chinesa que se vêem com dificuldades para pagar as contas do seu dia-a-dia. Mas a deputada Ella Lei referiu ainda o caso dos não residentes, que tam-bém auferem baixos salários. “Os que ganham menos influenciam o salário dos locais que fazem o mesmo trabalho. Os que ganham mais ocupam sempre os cargos mais altos da empresa, o que faz com que empregados locais com capacidades e experiência não te-nham espaço de promoção. As altas rendas das lojas também faz com que os patrões baixem o salário dos seus empregados, para reduzir os custos com as mercadorias.”

EDUCAÇÃO E LINHA DE POBREZA Paul Pun, secretário-geral da Cáritas, disse que os baixos níveis de edu-cação resultam sempre em baixos salários. Contudo, “alguns jovens licenciados também são vítimas deste tipo de pobreza, porque o seu curso não dá acesso a um trabalho ou não há oferta naquela área. Então

A pobreza vai ser sempre um círculo vicioso, e os seus filhos começam a faltar às actividades extra-curriculares, perdendo oportunidades para actualizar as suas capacidades. Isso faz com que sejam colocados de fora pela sociedade, o que leva a uma outra geração de pobreza PAUL PUN Secretário--geral da Cáritas

POBREZA COM EMPREGO E SALÁRIO PREOCUPA SOCIEDADE

Desigualdade para além dos dados oficiais têm de aprender tudo desde o inicio e levam mais tempo até serem pro-movidos e ganharem mais”.

Paul Pun disse ainda que os residentes que são sujeitos a este tipo de pobreza trabalham muitas horas por dia, e por isso não têm tempo nem dinheiro para melho-rar os estudos. “A pobreza vai ser sempre um círculo vicioso, e os seus filhos começam a faltar às actividades extra-curriculares, perdendo oportunidades para ac-tualizar as suas capacidades. Isso faz com que sejam colocados de fora pela sociedade, o que leva a uma outra geração de pobreza.”

Têm rendimentos mensais mas, ainda assim, não chega para uma vida confortável. Este é o cenário cada vez mais comum para muitas famílias. Ao Ou Mun, deputados dizem que as casas caras é uma das razões

Para melhorar a situação destas famílias, Paul Pun considera que o Governo não devia dar apenas o cheque pecuniário, mas sim incen-tivar os jovens a tirar vários cursos para a procura de emprego. “Há muitos pais que exigem que os filhos trabalhem enquanto estudam, para ajudar nas despesas da família, mas isso vai afectar a competitividade da próxima geração. O Governo deveria ensinar estes pais a incen-tivarem os filhos a estudar.”

“Macau tem de ter um limite para a pobreza no emprego, e o Governo tem que implementar me-didas de apoio para este grupo de pessoas”, defendeu Paul Pun, que defende que quem ganhar menos do que a média salarial em vigor tem que ser considerado pobre. Como esse nível se situa nas 15 mil patacas mensais, quem ganhar cerca de 7500 patacas “deveria ter algum apoio do Governo em termos de subsídio”.

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8 sociedade hoje macau sexta-feira 7.2.2014

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U M homem foi condenado a nove meses de prisão pelo crime de empregador ile-gal, depois de ter tentado

interpor recurso contra a decisão do Tribunal Judicial de Base. Se-gundo um acórdão ontem tornado público, o Tribunal de Segunda Instância negou razão ao homem, que já tinha sido condenado an-teriormente pelo mesmo crime e estava sob pena suspensa.

O caso remonta a 2007, quando dois cidadãos chineses – ambos com passaporte da China con-tinental – conseguiram arranjar trabalho como pedreiros num local onde estavam a ser feitas obras de remodelação e cujo empreiteiro era o filho do arguido, também condenado noutro processo. Os homens não tinham qualquer auto-rização para ficar por Macau, mas o arguido contratou-os sem lhes ter exigido qualquer documento

Tendo em conta o antecedente criminal do réu e o facto da nova realização do mesmo tipo de crime no período de suspensão da execução da pena, pode-se entender que mais uma concessão da suspensão da execução da pena não pode realizar de forma suficiente as finalidades da prevenção do cometimento de novos crimesTRIBUNAL DE SEGUNDA INSTÂNCIA

Um homem que estava sob pena suspensa de prisão pelo crime de emprego ilegal foi condenado por reincidência. O tribunal não autorizou o recurso do homem, nem uma nova pena suspensa, por considerar que, da primeira vez, o arguido não aprendeu a lição

JUSTIÇA TRIBUNAL CONDENA EMPREGADOR ILEGALREINCIDENTE A NOVE MESES DE PRISÃO EFECTIVA

À segunda foi de vezlegal para trabalhar no território, oferecendo-lhes um salário entre 200 e 250 patacas por dia.

Na mesma altura, a situação foi reportada anonimamente à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), que recebeu uma participação sobre

mão-de-obra ilegal no local. As autoridades descobriram não só os trabalhadores ilegais, como desco-briram também que o empregador já tinha sido condenado anterior-mente pelo mesmo crime. “A 1 de Dezembro de 2006, o [arguido] foi condenado pela prática de um

crime de emprego ilegal, na pena de 4 meses de prisão, suspensa na sua execução pelo período de um ano. A decisão transitou em julgado a 11 de Dezembro de 2006.”

A situação teve peso na decisão do Tribunal de Segunda Instância. O arguido ainda tentou interpor re-

curso da condenação a nove meses de prisão pelo Tribunal Judicial de Base, alegando que a decisão deste padecia de “insuficiência” de prova. O TSI discordou disto, mas ainda juntou mais elementos para forta-lecer a decisão da pena de cadeia. “Ele não é delinquente primário. Foi condenado, a 1 de Dezembro de 2006, pela prática de um crime de emprego ilegal. (...) No entanto, logo depois do trânsito em julgado da referida decisão, o mesmo prati-cou a contratação ilegal referida no presente caso por ter contratado, em Janeiro de 2007, dois trabalhadores que não tinham documentos legais para trabalhar em Macau. Tendo em conta o antecedente criminal do réu e o facto da nova realização do mesmo tipo de crime no perí-odo de suspensão da execução da pena, pode-se entender que mais uma concessão da suspensão da execução da pena não pode realizar de forma suficiente as finalidades da prevenção do cometimento de novos crimes.”

O tribunal admite mesmo que o crime praticado pelo recorrente até nem é de natureza grave, em comparação com outros crimes, mas assegura que deve ser tida em conta a frequência e a universali-dade deste crime no território. Isto teve pena na decisão. “Deve-se ter em conta o bem jurídico protegido pela incriminação penal deste cri-me, as imperiosas exigências daí resultantes de prevenção e combate ao mesmo tipo de crime, bem como a necessidade de reconstruir a confiança e o respeito comunitário pelas normas jurídicas violadas e pelo ordem jurídica normal e de garantir o direito de trabalho aos trabalhadores legais. Entende-se, seja do ponto de vista da prevenção especial, seja da prevenção geral, que é mais adequado aplicar ao recorrente a pena de prisão efec-tiva, sem conceder-lhe suspensão da sua execução.”

O homem ficará assim nove meses atrás das grades, por cúmulo jurídico das penas de dois crimes de emprego ilegal.

DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE FINANÇASEDITAL

IMPOSTO COMPLEMENTAR DE RENDIMENTOS

Faz-se saber, face ao disposto no artigo 10.º, n.º 1, alínea a), do Regulamento do Imposto Complementar de Rendimentos, aprovado pela Lei n.º 21/78/M, de 9 de Setembro, que, durante os meses de Fevereiro e Março do ano em curso, as pessoas singulares e colectivas não enquadráveis no artigo 4.º, n.º 2, do mesmo Regulamento, com as alterações introduzidas pelo artigo 1.º da Lei n.º 6/83/M, de 2 de Julho, e artigo 3.º da Lei n.º 4/90/M, de 4 de Junho, que tenham auferido na Região Administrativa Especial de Macau, em relação ao exercício de 2013, rendimentos abrangidos pelo artigo 3.º do citado Regulamento, com as alterações introduzidas pelo n.º 2 do artigo 5.º, da Lei n.º 12/2003, deverão apresentar em duplicado, a declaração de rendimentos, modelo M/1, sob pena de multa prevista no artigo 64.º do referido Regulamento. As declarações poderão ser apresentadas no Núcleo do Imposto Complementar de Rendimentos – Grupo B e Contribuição Industrial, sito no Edifício “Finanças”, no Centro de Serviços da RAEM e no Centro de Atendimento Taipa, podendo ainda as mesmas serem apresentadas através do serviço electrónico desta Direcção dos Serviços.

Aos 17 de Janeiro de 2014.

A Directora dos ServiçosVitória da Conceição

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9 sociedadehoje macau sexta-feira 7.2.2014

JOANA [email protected]

O metro ligeiro de Ma-cau poderá passar debaixo da ponte Governador Nobre de

Carvalho através de um túnel de-baixo de água. De acordo com um comunicado ontem enviado pelo Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT), já começa-ram os trabalhos para perceber se a solução é ou não viável.

O traçado da linha sul do metro ligeiro passa na Avenida Dr. Sun Yat-Sen até aos novos aterros urbanos e o GIT garante ter uma equipa técnica de consultadoria “experiente” a analisar todas as hi-póteses. Agora, é perceber se, com a passagem do transporte debaixo da ponte, as condições de seguran-ça se mantêm, até porque a ponte tem mais de 40 anos. “O Governo encomendou à equipa para estudar as diversas possibilidades do tra-çado da Linha Sul da Península de Macau. Além do planeamento inicial, um dos aspectos a consi-derar é se o Metro Ligeiro chegar à zona dos Novos Aterros Urbanos através do traçado periférico, vai constituir risco para a estrutura da Ponte Governador Nobre de Car-valho, sendo necessário suprir as dificuldades técnicas e os factores incertos”, explica o GIT. “Assim, a equipa técnica de consultadoria iniciou o trabalho de sondagem ge-otécnica na zona dos Novos Aterros Urbanos, integrando os dados de terrenos existentes, de modo criar uma melhor base para o trabalho da avaliação do traçado.”

Recorde-se que a zona sul de Macau tem três possibilidades de traçado, que só serão apresentadas detalhadamente até Junho deste ano. O GIT afirma que as dife-rentes propostas e as diferentes formas de construção têm as suas próprias dificuldades técnicas para ultrapassar, mas que, “apesar de existirem diferenças nos custos de construção, nos prazo de execução das obras e na eficiência do servi-ço, cada cal tem as suas próprias vantagens”.

O gabinete informa ainda que pode vir a ser imprescindível recorrer ao sistema pedonal ou a outras instalações de ligação entre os lagos Nam Van e a zona dos NAPE, dependendo do percurso que vier a ser escolhido. Recorde--se que, numa sessão de consulta pública, o Governo alertou para o facto de que, caso o percurso escolhido passe pelos NAPE, a estação prevista para a zona dos lagos de Nam Van deixará de exis-tir. Por agora, ainda não há nada concreto, sendo que o GIT pediu à equipa de consultadoria para ana-lisar impactos causados com cada escolha de percurso, bem como outras avaliações. O GIT promete divulgar mais informações ainda no primeiro semestre deste ano.

Jogo Sands China anuncia aumentos salariais de 5%A Sands China, que tem em Macau os dois maiores casinos do mundo, The Venetian e Sands, anunciou ontem que vai aumentar em 5% os vencimentos de 26.000 trabalhadores, a partir de 1 de Março. Em comunicado, a operadora de jogo informou também que atribuiu um bónus aos funcionários elegíveis a 3 de Fevereiro, sem precisar o montante. A Sands China é uma subsidiária da norte-americana Las Vegas Sands e é a terceira operadora de jogo a anunciar aumentos salariais este ano, seguindo a mesma percentagem anunciada pela SJM, fundada pelo magnata Stanley Ho, e Wynn Macau, liderada por Steve Wynn.

Comércio Actividades externas sobem 14%

Banca Depósitos dos residentessubiram 17% em 2013

METRO LIGEIRO GIT INICIA GEOTECNIA PARA ENTENDER PONTE NOBRE DE CARVALHO

De comboioou submarino?

O comércio externo de Macau cresceu 14% em 2013 para

90,11 mil milhões de patacas, face a 2012, indicam Dados dos Serviços de Estatística e Censos ontem divulgados.

No ano passado, o défice da balança comercial foi de 71,92 mil milhões de patacas.

Em 2013, Macau exportou produtos no valor de 9,09 mil milhões de patacas em 2013, mais 11% em termos anuais.

As exportações em Macau estão fortemente concentradas na reexportação de produtos, que aumentou 21% para 7,08 mil milhões de patacas, enquanto a exportação doméstica foi de 2,01 mil milhões de patacas, menos

OS depósitos dos residentes de Macau em Dezembro

de 2013 totalizavam 432.403 milhões de patacas, mais 17,7% do que em igual período de 2012, foi ontem anunciado.

De acordo com os dados da Autoridade Monetária de Ma-cau, os depósitos de poupança subiram 9,7%, para 116.718 milhões de patacas em termos ho-mólogos, enquanto os depósitos a prazo cresceram 20,4%, para um total de 265.274,3 milhões de patacas.

Já os depósitos dos não re-sidentes cresceram 36,4%, para 174.119,9 milhões de patacas, com os depósitos a prazo a cor-responderem à maior fatia do di-nheiro aplicado em Macau, com um total de 133.130,9 milhões de patacas, e a subirem 42,5%.

O sector público tinha de-positados em Macau 301.577,9 milhões de patacas, mais 23,5% do que no ano anterior. Um total de 227.973,5 milhões de patacas, ou mais 14,9% na Autoridade Monetária de Macau, e 73.604,4 milhões de patacas, mais 61%, nos bancos locais.

Nos empréstimos ao sector

12% em termos anuais. No mes-mo período, importou 81,01 mil milhões de patacas, mais 14% do que em 2012. O aumento é explicado com o acréscimo da procura interna e das despesas dos visitantes.

As exportações para os Estados Unidos e para a União Europeia, com um valor de 365 milhões de patacas e 281 milhões de patacas, respectivamente, caíram 28% e 11%.

Em 2013, Macau importou 26,41 mil milhões de patacas do interior da China e 18,79 mil milhões de patacas da União Europeia, respectivamente mais 14% e 13% do que no ano ante-rior. - Lusa

privado, a banca local tinha disponibilizados um total de 257.265,4 milhões de patacas, mais 29,6% do que em Dezembro de 2012, com os empréstimos em patacas a registarem uma subida de 29,7%, para 79.583,5 milhões de patacas e de dólares de Hong Kong a aumentarem 30,5%, para o equivalente a 156.594,7 milhões de patacas.

Já os empréstimos ao exte-rior aumentaram 33,2%, para 277.462,7 milhões de patacas, com a maior fatia a ser executada em moedas que não a pataca ou o dólar de Hong Kong, a valer o equivalente a 211.594,3 milhões de patacas e a registar uma subida homóloga de 37%. - Lusa

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10 CHINA hoje macau sexta-feira 7.2.2014

O presidente da China, Xi Jin-ping, deixou Pequim nesta

quinta-feira e partiu rumo à Rússia para assistir a aber-tura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi 2014 esta sexta-feira e ter um encon-tro com o seu colega russo, Vladimir Putin.

A viagem de Xi que, segundo o previsto, durará dois dias, é a segunda ao país vizinho desde que foi nomeado oficialmente como presidente da China em Março do ano passado.

Durante a sua estadia na Rússia, Xi estará acompa-nhado pelo conselheiro de

A Audiência Nacional espanhola rejeitou esta quarta-feira o pe-

dido da procuradoria de anular as ordens internacionais de prisão ditadas em Novembro contra cinco ex-líderes co-munistas chineses, entre eles o ex-presidente Jiang Zemin, pelo genocídio no Tibete.

O promotor argumentou que para ditar as ordens de prisão, que causaram um “forte mal-estar” no governo chinês, tinha que existir no procedimento um auto de pri-são motivado, mas o tribunal diz agora que esse trâmite é do juiz instrutor, Ismael Moreno, que devia ter ditado a sentença e depois ordenado as prisões.

DIPLOMACIA XI JINPING VAI À RÚSSIAPARA ASSISTIR À ABERTURA DOS JOGOS DE SOCHI

Solidário com PutinEstado Yang Yiechi, assim como pelos membros do Comité Central do Partido Comunista, Wang Huning e Li Zhanshu, confirmou ontem a agência oficial “Xinhua”.

A presença de Xi na inauguração dos Jogos na cidade russa de Sochi é vista como uma demonstração de apoio da China para a Rús-

sia, depois de vários líderes ocidentais, entre eles, o pre-sidente americano Barack Obama e o da Alemanha, Joachim Gauck, anunciarem que não estarão presentes no evento desportivo.

No entanto, o líder chinês encontrar-se-á na abertura das Olimpíadas de Inverno com o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe e com

o turco Recep Tayyip Er-dogan, assim como com o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que já confir-maram a sua presença.

A Rússia foi muito criti-cada pela recente aprovação de várias leis contra “pro-paganda homossexual” e a adopção de crianças por

casais do mesmo sexo que, segundo as minorias sexu-ais, restringem seus direitos fundamentais.

Devido às “ausências” na cerimónia de abertura, o presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), o alemão Thomas Bach, criticou o “boicote” de alguns líderes estrangeiros aos Jogos, pois defendeu que “os atletas deveriam contar com o apoio dos políticos”, apesar de ter negado que apoiava a polémica lei.

Bach assegurou que os Jogos de Sochi “estarão livres de discriminação”, depois de receber garantias do país organizador.

JUSTIÇA TRIBUNAL ESPANHOL NEGA PEDIDODE ANULAÇÃO DE PRISÃO DE EX-PRESIDENTE CHINÊS

“Mal-estar” persisteO tribunal ordenou em 18

de Novembro que Moreno determinasse as prisões ao analisar que havia indícios de crime dos ex-dirigentes pela sua participação no que as vítimas qualificam de um ataque “generalizado e sistemático contra a popu-lação tibetana” entre o fim da década de 80 e começo dos anos 90.

No entanto, o juiz ainda não assinou o mandato de

prisão que deveria substituir a prisão provisória.

Além de Jiang, presi-dente da China entre 1993 e 2003, foi emitida ordem de prisão para Li Peng, primeiro-ministro no final dos anos 80 e princípio dos anos 90; Qiao Shi, ex-chefe da segurança e responsável da polícia armada; Chen Kuiyuan, secretário do Par-tido Comunista da China no Tibete entre 1992 e 2001, e

Peng Peiyun, ministra do Planeamento Familiar nos anos 80.

A decisão da Justiça espanhola respondeu ao pedido de duas organizações e um lama de nacionalidade espanhola - contra a decisão do juiz de rejeitar a detenção, ao entender que o genocídio do povo tibetano “tinha responsabilidade política ou militar de cada um deles”.

Em virtude do princípio de jurisdição universal, a Audiência Nacional investi-ga esta denúncia apresentada contra sete ex-dirigentes chineses, entre eles o ex--presidente Hu Jintao (su-cessor de Jiang Zemin no

cargo até Março), que não teve a prisão decretada.

A acção foi admitida em 2006, quando a Audiência Na-cional se declarou competente para investigar o genocídio perante a impossibilidade de este ser investigado por juízes chineses ou pelo Tribunal Penal Internacional.

O Congresso espanhol debaterá na próxima terça--feira uma proposta de lei para restringir as condições nas quais um juiz espanhol pode investigar crimes co-metidos fora do território nacional, que afectaria este caso já que o queixoso não tinha a nacionalidade espa-nhola na época do delito.

Para além disto, Putin implementou fortes medidas de segurança para dissipar o medo de que se repita o ocorrido em Dezembro, quando 34 pessoas morre-ram em num atentado em Volgogrado, outra grande cidade do sul da Rússia.

Cerca de 37 mil efec-tivos de segurança se des-locarão até Sochi durante os Jogos (entre os dias 7 e 23 de Fevereiro), que, segundo diferentes cálcu-los, serão os mais caros da história, com um custo total de cerca de 400 mil milhões de patacas, um nú-mero cinco vezes superior ao orçamento inicial.

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11 chinahoje macau sexta-feira 7.2.2014

A S alterações cli-máticas, a crise com a Coreia do Norte e as tensões

no Mar da China vão estar na agenda da próxima viagem do secretário de Estado dos EUA à Ásia, informou na quarta-feira o Departamento de Estado.

Têm sido habituais as deslocações do chefe da diplomacia norte-americana serem anunciadas oficial-mente em cima da hora, mas John Kerry revelou durante o fim de semana que iria deslocar-se à China nas próximas semanas.

Em mensagem enviada pela rede social Twitter na terça-feira, Kerry adiantou que as alterações climáticas seriam um dos “principais temas” da sua viagem, que está a ser preparada com o seu adjunto para esta região do globo, Daniel Russel, e o que tem a pasta do clima, Todd Stern.

A porta-voz do Departa-mento de Estado, Jennifer Psaki, não mencionou qual-quer data para esta quarta visita de Kerry no espaço de um ano a um continente apresentado pela diplomacia dos EUA como o “centro” da sua diplomacia. “Para responder às alterações cli-máticas mundiais, é preciso fazê-lo com os maiores con-tribuintes, a saber os EUA e a China”, afirmou Psaki.

A luta contra as altera-ções climáticas estava entre as grandes promessas do Presidente norte-americano, Barack Obama, durante a sua campanha eleitoral de 2008, mas o assunto passou para segundo plano depois do fracasso de um projecto de lei no Congresso no início do seu primeiro mandato.

Psaki acrescentou que “a segurança marítima estaria, como é óbvio, na agenda das discussões” durante a viagem do go-vernante, em alusão às tensões entre a China, o Japão, a Coreia do Sul e países do sudeste asiático,

O temporal de vento e neve no centro e este da China está

a complicar a operação de regresso dos milhões de cidadãos chineses que vol-taram ao trabalho ontem e hoje depois das festivida-des do Ano Novo Lunar.

O Ano Novo Lunar, ou Ano Novo chinês, é a maior e mais importante festa da cultura chinesa, pode asso-ciar-se à importância do natal no mundo ocidental e gera anualmente o maior movimento migratório mundial com o regresso dos operários chineses às terras de origem onde se juntam às suas famílias.

O Centro Meteoro-lógico Nacional activou ontem o alerta amarelo – o segundo mais grave – perante as tempestades de neve que, pelo segundo dia consecutivo, afectam as províncias centrais de Henan, Hubei e Anhui, e oriental de Jiangsu.

O mesmo departa-mento alertou que a neve acumulada poderá atingir os 20 centímetros de altura nas ruas, o que pode gerar gelo nas estradas.

O início do mau tempo coincidiu com o último dia da festividade, na quarta--feira, quando dezenas

de milhões de pessoas começaram o percurso de regresso, sobretudo de comboio e estrada, para as cidades onde trabalham.

Só na quarta-feira fo-ram registadas 7,4 milhões de viagens de comboio, um novo recorde no país como confirmou a televisão esta-tal chinesa ao alertar para o encerramento temporário de dezenas de estradas.

As previsões meteoro-lógicas apontam também para o primeiro nevão do ano em Pequim, depois de mais de 107 dias sem preci-pitação na capital chinesa.

Durante o festival da Primavera, outras das designações do Ano Novo Lunar, que se prolonga por 40 dias, estimam-se que tenham viajado 3.620 milhões de pessoas de avião, comboio, barco e autocarro, apontam os números oficiais.

A festividade é o único período do ano em que os cidadãos chineses podem regressar aos locais de origem devido às grandes distâncias que muitas vezes terão de percorrer no regresso a casa e á concentração das férias em dois períodos: o Ano Novo e o Dia Nacional, em Outubro.

H7N9 Vietname lembra para risco de propagação

VISITA OFICIAL KERRY VEM DISCUTIR ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS, COREIAS E DISPUTAS MARÍTIMAS

Cerne da questãoCLIMA VENTO E NEVE DIFICULTAM REGRESSO AO TRABALHO

Alerta amarelo

resultantes das reivindica-ções territoriais no Mar da China Oriental e no Mar do Sul da China.

Nestes múltiplos confli-tos territoriais, Washington tem-se recusado a tomar partido a favor da sobera-

REGIÃO

As autoridades do Vietname alertaram para o risco de propagação do vírus H7N9 da gripe aviária na sua zona de fronteira com a China, onde a doença já provocou 22 mortos só em 2014, revelou a imprensa local. Tran Duc Phu, chefe do departamento de saúde preventiva do Ministério da Saúde do Vietname, explicou que várias

aves de capoeira testaram positivo ao H7N9 na província de Guang Xi, que partilha 253 quilómetros de fronteira com a província vietnamita de Lang Son. “A epidemia pode entrar no Vietname a qualquer momento já que há um grande volume de pessoas e bens, incluindo aves de capoeira, que cruzam a fronteira entre os dois

países diariamente”, disse o mesmo responsável ao portal “Tuoi Tre”. O Ministério emitiu um comunicado conjunto com várias agências das Nações Unidas em que confirma o aumento do risco de contágio para humanos e aves e onde recomenda que se evitem as viagens às zonas afectadas.

nia deste ou daquele país asiático.

Kerry vai abordar ainda com os seus interlocutores “a ameaça que a Coreia do Norte coloca e as medidas consideradas necessárias”, adiantou a sua porta-voz.

Os dirigentes de Pyon-gyang estão a pressionar os seus antagonistas sul-coreanos e norte-americanos para um regresso das negociações que visam a renúncia do seu progra-ma nuclear em troca de ajuda, designadamente energética.

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12 hoje macau sexta-feira 7.2.2014EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

PRECES ANTENDIDAS • Danielle SteelUm livro sobre a família e a amizade, sobre uma mulher que tenta libertar-se do seu passado e o homem que a ajuda a vencer. Com uma visão extraordinária sobre a vida de maridos e mulheres, amantes e familiares, Danielle Steel conta-nos uma história comovente e sábia de segredos que nos ferem e escolham que nos saram – e das segundas oportunidades, que só uma vez na vida acontecem.

BALA SANTA • Luís Miguel RochaQue acontecimentos estiveram por detrás da tentativa de assassinato do Papa na praça do Vaticano em 1981? Quem é, e o que sabia verdadeiramente Alia Agca, o turco que disparou contra João Paulo II? Que forças ocultas gerem os destinos da igreja católica e conseguem nomear e destronar Papas, ocultando impunemente as suas acções? Uma jornalista internacional, um ex-militar português, um muçulmano que vê a Virgem Maria, um padre muito pouco ortodoxo que trabalha directamente sob as ordens do sumo pontífice, vários agentes dos serviços secretos mais influentes do mundo e muitos outros personagens dos quatro cantos do globo, envolvem-se numa busca pela verdade e descobrem que ela nem sempre é útil. Pelo menos não o foi para João Paulo II.

O compositor surdo Mamo-ru Samuragochi, conhe-cido como o “Beethoven

japonês”, comoveu o país ao revelar não ser ele a compor a suas famosas peças de música clássica.

O autor, de 50 anos, assinou composições de êxito no Japão como “Hiroshima”, reconheceu esta quarta-feira através do seu ad-vogado que, na realidade, muitos dos seus trabalhos foram compos-tos por outro músico a quem nunca foi dado muito crédito.

A notícia provocou uma autên-tica revolução no Japão, a distri-buidora Nippon Columbia decidiu suspender as vendas e difusão dos seus discos tanto nas lojas como na Internet e todos os concertos previstos de Mamoru Samuragochi foram cancelados.

Segundo a sua biografia oficial, Mamoru Samuragochi é filho de sobreviventes da bomba atómica de Hiroshima e, apesar de uma doença degenerativa lhe ter feito perder completamente a audição aos 35 anos, continuou a compor.

Na sua página da Internet declara-se como um compositor

autodidacta e garante que foi a sua mãe que o ensinou a tocar piano quando tinha quatro anos e que, aos 10 anos, já interpretava Beethoven e Bach.

O seu maior êxito foi con-quistado com a “Sinfonia n.º 1 Hiroshima”, que em 2011 vendeu 147.000 cópias, um número muito elevado para um disco de música clássica no Japão.

Segundo o advogado, durante 10 anos outra pessoa compôs os trabalhos, baseando-se nas ideias de Mamoru Samuragochi, todas as peças assinadas pelo “Beetho-ven japonês”. “Trata-se de uma traição aos seus admiradores e decepcionou todos à sua volta. Acreditamos ser lamentável e não podemos procurar nenhuma desculpa”, disse o advogado em declarações ao diário Asahi.

Após a confissão, Takashi Niigaki, um professor de música a tempo parcial, de 43 anos, revelou um comunicado em que assume ter composto os trabalhos para Mamo-ru Samuragochi durante 18 anos e prometeu mais detalhes do caso para uma conferência de imprensa.

CINEMA DOIS FILMES PORTUGUESES E UMA CO-PRODUÇÃO COM O BRASIL PRESENTES NO FESTIVAL DE BERLIM

À caça do Urso de Ouro‘BEETHOVEN’ JAPONÊS CONFESSA NÃO SER AUTOR DAS PEÇAS DE MÚSICA CLÁSSICA

Traição imperdoável

O festival de cinema de Berlim, que começou esta quinta-feira com “The Grand Budapest

Hotel”, de Wes Anderson, conta este ano na competição oficial com as curtas-metragens “As rosas brancas”, de Diogo Costa Ama-rante, e “Taprobana”, de Gabriel Abrantes.

As duas produções portuguesas competem pelo Urso de Ouro, o prémio máximo do festival, sendo exibidas em estreia mundial.

“As rosas brancas”, sobre me-mória, perda e morte, é o quinto filme de Diogo Costa Amarante, de-pois da ficção “Down here” (2011) e dos documentários “In January, perhaps” (2009), “We have legs/Time flies” (2008) e “Jumate/Ju-mate” (2007), todos eles premiados.

A curta-metragem, de vinte mi-nutos, conta com co-produção dos Estados Unidos, onde o realizador fez estudos de cinema.

“Taprobana”, de Gabriel Abran-tes, é uma co-produção entre Portu-gal, Sri Lanka e Dinamarca, descrita como uma comédia que acompanha a lua-de-mel do poeta Luís Vaz de Camões com Ti-nan-men, uma chinesa por quem se apaixonou, no Oriente, quando escreveu “Os Lusíadas”.

Gabriel Abrantes, artista plás-tico e realizador, é autor de filmes como “Zwazo” (2012), “Palácios de Pena” (2011) e “A History of mutual respect” (2010).

Do júri que escolherá a melhor curta-metragem faz parte o progra-mador e produtor Nuno Rodrigues, co-fundador do festival Curtas de Vila do Conde e da Agência da Curta-Metragem.

O programa desta 64.ª edição do festival de Berlim conta ainda com a curta-metragem “Fernando que ganhou um pássaro do mar”,

dos realizadores brasileiros Felipe Bragança e Helvécio Marins Jr..

Este filme, produzido por Nuno Rodrigues, da organização do Cur-tas de Vila do Conde, será exibido no programa Forum Expanded, extra-concurso.

No “Doc Station”, programa dedicado ao documentário que decorre em paralelo ao festival, estará a realizadora Salomé Lamas, juntamente com outros nove cine-astas, com o projecto “El Dorado – La Rinconada”.

Neste programa, os realizadores apresentarão os seus projectos e contarão com um mentor, ao longo de uma semana, para desenvolver e discutir o futuro documentário.

A 64.ª edição da Berlinale, o Festival Internacional de Cinema de Berlim, decorrerá até 16 de Feverei-

ro, sendo esperadas, figuras como Ralph Fiennes, Bill Murray, Tilda Swinton e Edward Norton, todos do elenco do novo filme de Wes Anderson, “The Grand Budapest Hotel”, o actor Bradley Cooper e o realizador David O. Russell, indicados para os Óscares.

A competição internacional de longas-metragens, em disputa pelo Urso de Ouro, contará com “The Grand Budapest Hotel”, de Wes Anderson, “Aimer, boire et chan-ter”, de Alain Resnais, a produção brasileira “Praia do Futuro”, de Karim Aïnouz, e “Boyhood”, de Richard Linklater.

“The Monuments Men”, de Ge-orge Clooney, “Nymphomaniac”, de Lars von Trier, e “La belle et la bête”, de Chistophe Gans, serão exibidos fora de competição.

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eventoshoje macau sexta-feira 7.2.2014 13

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A leiloeira Christie’s afirmou--se ontem disposta a realizar o leilão dos 85 quadros de

Miró, provenientes do antigo Banco Português de Negócios (ex-BPN), depois de resolvido o diferendo, nos tribunais portugueses.

A declaração da leiloeira foi feita depois de, ontem, o primeiro-minis-tro português, Pedro Passos Coelho, a ter responsabilizado pela gestão da venda - incluindo o processo de saída dos quadros de Portugal - afirmando que o Governo permanecia decidido a vender “a curto prazo” as obras de Miró do ex-BPN.

As afirmações de Passos Coelho foram ao encontro do comunicado da Parvalorem, empresa estatal para a recuperação de créditos do antigo BPN, no qual se lia que “o modelo de contrato escolhido responsabili-za a leiloeira por todas as operações até à realização do Leilão”.

No comunicado, a Parvalorem cita o contrato que tem com a Christie’s, que diz ser competência da leiloeira “’requerer e obter todas as licenças e autorizações necessá-rias para dar exequibilidade zelosa e cabal a todos os serviços contra-

H Á dois fotógrafos portugueses entre os pré-seleccionados

pelo júri dos prestigiados Sony World Photography Awards 2014, um dos maio-res concursos mundiais de fotografia. De entre cerca de 140.000 candidaturas, oriundas de 166 países diferentes, Filipe Conda-do e Alexandre Manuel foram seleccionados em duas categorias a concurso. A escolha foi feita por um painel de especialistas da indústria da fotografia, que atribuiu ainda uma Menção Honrosa a oito imagens da autoria de fotógrafos portugueses, nas categorias abertas a entusiastas.

Em sete anos de história dos prémios, a edição de 2014 foi aquela que contou com o maior número de can-didaturas. Entre as cerca de 140.000 propostas, oriundas de 166 países diferentes, as de Filipe Condado e de

Alexandre Manuel foram nomeadas pelo júri para integrar o grupo de finalistas a concurso.

O conjunto de fotografias de Filipe Condado é, assim, um dos pré-seleccionados para a categoria profissional de ‘Natureza Morta’, com a imagem do recheio de uma casa abandonada em Lisboa. Por seu lado, o tra-balho de Alexandre Manuel integra a categoria aberta de ‘Arquitectura’, destinada a entusiastas do ramo da fo-tografia, graças à captação de forma inovadora dos ângulos de um edifício.

Os Sony World Photo-graphy distinguem, todos os anos, o melhor da fotografia contemporânea interna-cional, sendo que todas as imagens que compõem os trabalhos dos fotógrafos portugueses vão, agora, ser exibidas na Somerset House, em Londres, de 1 a 18 de Maio.

CINEMA DOIS FILMES PORTUGUESES E UMA CO-PRODUÇÃO COM O BRASIL PRESENTES NO FESTIVAL DE BERLIM

À caça do Urso de OuroPINTURA CHRISTIE’S AINDA DISPOSTA A REALIZAR LEILÃO DE MIRÓS

Governo decidido a vender

FOTOGRAFIA DOIS PORTUGUESES NA FINAL DE PRÉMIO MUNDIAL

O melhor da fotografia contemporânea na Sony

tados, nomeadamente no que diz respeito à exportação para venda, embalagem, recolha, transporte, depósito, exposição, leilão, venda e entrega das obras de arte ao res-pectivo comprador’, não suportando estas Sociedades qualquer encargo”.

“A Parvalorem e a Parups não excluem a possibilidade de

se encontrar ainda uma solução conjunta para a situação criada pela decisão da Christie’s, desde que, naturalmente, salvaguarde os interesses que lhes cumpre acautelar, incluindo os do Estado Português, seu accionista”, con-clui o comunicado da sociedade estatal.

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14 hoje macau sexta-feira 7.2.2014

N O último Domingo, dia 2 de Fevereiro, a comunida-de damanense de Macau realizou na Igreja de San-

to António as celebrações em honra de Nossa Senhora das Candeias, que con-tou com a presença de inúmeros amigos.

Eram 18 e 30 da tarde quando co-meçaram a chegar à igreja muitos resi-dentes de Macau, não só damanenses, como de outras partes da antiga Índia portuguesa e também timorenses, por-tugueses, filipinos, coreanos e chineses, que se associaram à procissão das velas e à eucaristia, tanto na missa, como na festa ocorrida no salão da paróquia.

Em franco convívio esperou-se pelas 19 horas para se começar as ce-lebrações à volta da imagem de Nos-sa Senhora da Purificação, que sobre uma mesa estava colocada no átrio da igreja. O padre Francisco Xavier

PROCISSÃO DE NOSSASENHORA DAS CANDEIAS

Chan Pou Chun, coadjuvado por ou-tros dois padres da paróquia de Santo António, fez a bênção da imagem de Nossa Senhora da Purificação, tam-bém conhecida por Nossa Senhora das Candeias. Procedeu-se à distribui-ção de velas pelos participantes e com elas acesas, deu-se início à procissão. À frente, os sacristães com o recipien-te a fumegar mirra foram seguidos por quem transportava duas grandes velas e duas jarras de flores a ladear a estátua da Virgem, segura pelo padre coreano da Igreja de Santo António. Atrás, o cortejo onde cada pessoa levava acesa uma vela e após uma volta ao adro, a procissão entrou no templo. Seguiu-se uma missa onde foi lembrado, em ho-menagem, o grande amigo da comuni-dade, o falecido Padre Lancelote. Os cânticos em louvor ao Altíssimo foram entoados harmoniosamente pelo gru-

po musical que encheu de boas vibra-ções o espaço da celebração. Termina-da a eucaristia, todos seguiram para o salão paroquial onde estava preparado um grande festim. À maneira das fes-tas feitas pelos portugueses da Índia, a família Lopes dividiu pelos irmãos a confecção das iguarias servidas pelos próprios aos convidados. Na mesa, muitos outros pratos e sobremesas trazidos pelos anfitriães, deliciaram quem os provou, enquanto, como não podia deixar de ser, a música, animada pelo Óscar Noruega, alegrava em fun-do sonoro o ambiente e as conversas entre os presentes.

CANTINHO ESQUECIDOSituada na costa da Índia Ocidental, Damão serviu, desde o século IX, de porto logístico aos barcos muçulma-nos. Apesar do inicial pouco interesse

AS CELEBRAÇÕES

PASSARAM EM

1992 A TER A

ACTUAL FORMA

E A FAZER-SE A

PROCISSÃO DAS

VELAS, QUE NESSE

PRIMEIRO ANO

CONTOU COM A

PARTICIPAÇÃO DO

PADRE BENJAMIM

VIDEIRA PIRES

José simões moraishARTE

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15 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 7.2.2014

SEGUIU-SE UMA

MISSA ONDE FOI

LEMBRADO, EM

HOMENAGEM, O

GRANDE AMIGO

DA COMUNIDADE,

O FALECIDO PADRE

LANCELOTE

demonstrado pelos portugueses pelo lugar, quando passou para as suas mãos estes aproveitaram as madeiras para construírem barcos e aí fizeram uma das suas melhores fortificações da Ín-dia.

Vindo de Diu, após percorrer 750 quilómetros no autocarro que seguia para Bombaim, saímos em Vapi, cruza-mento com a estrada que liga Nagar--Aveli a Damão, a meio caminho de ambos os lados. Houve uma carreira de barco a ligar Damão e Diu, no tempo em que estas eram possessões portu-guesas e cuja viagem demorava menos de uma hora. Damão, a Leste, junta-mente com Diu, a Oeste, são as portas de entrada do Golfo de Cambaia, no Mar Arábico.

Os doze quilómetros finais foram percorridos num táxi colectivo, que es-perou até encher com cinco passagei-ros para, na direcção do mar, nos levar a Damão.

O clima aqui tem três estações: a do calor, de Março a Junho, a das chuvas, de Julho a Outubro e a temperada, en-tre Novembro e Fevereiro.

Chegamos a Damão Pequeno, hoje Nani Damão, local onde a população nativa hindu vive e sempre viveu. Con-tinuando pela rua principal, passamos por um edifício térreo e comprido, com o estilo que viramos em fotografias do antigo Mercado de S. Domingos em Macau. Uma placa em português dizia ser o mercado e fora mandado cons-truir por J. M. Falcão de Carvalho, no ano de 1879. Antes de atravessar a ponte sobre o Rio Sandalcalo, vemos a fortaleza de S. Jerónimo. Pela Porta do Mar entramos para dentro da cidade de Damão Grande, também chamada Pra-ça de Damão, pois situada no interior da fortaleza.

Na casa encostada ao portão Norte tinha morado Bocage, que para aqui veio em 6 de Abril de 1787, como tenente de Infantaria. Na rua princi-pal, a do Hospital, que liga a Porta Norte com a do Sul (da Nossa Sra. das Candeias) e atravessa toda a ci-dade, viemos encontrar casas de uma arquitectura colonial que se perpetu-am por toda a Praça. Aí moravam os governantes, os portugueses e onde os Jesuítas, que tinham grande parte das terras, construíram a Igreja de S. Paulo e o Colégio das Onze Mil Vir-gens. Em ruínas está a parte Noroeste da muralha e grande parte dos dez ba-luartes que ainda se encontram pelos cantos do forte.

Com um urbanismo de cidade ideal, a geometria das ruas espelha o pensa-mento dos arquitectos italianos do sé-culo XVI. Local onde se encontravam

todos os antigos edifícios governamen-tais, como o Palácio do Governador, igrejas e a prisão.

Seguimos até à parte Oeste da Pra-ça de Damão, entre o forte e o bairro Machivará (machi - pescadores, vará - bairro) de pescadores muçulmanos, junto à praia. Aí encontramos um sem número de casas com a imagem da Vir-gem Maria na porta de entrada e placas escritas em português colocadas nos muros, a indicar os nomes das vivendas. No alpendre de uma das vivendas en-contramos Maria da Graça, pessoa que muito trabalha em defesa da cultura portuguesa, fundadora do centro cul-tural português inaugurado pelo então presidente da República Mário Soares. Foi encerrado logo de seguida, pois aquela despesa, ainda que pequena, tor-nou-se impraticável para os bolsos dos

José simões morais

damanenses. No entanto, tudo faz para manter o grupo folclórico O Esqueci-do Cantinho, com quem vai fazendo digressões, tanto no estrangeiro, como pela Índia. Essas viagens pela Índia são uma tentativa para ligar as comunidades de indiáticos que continuam a existir pela costa Ocidental do Mar Arábico. É também com Maria da Graça que os descendentes dos portugueses, ha-bitantes de Damão, vêm falar quando querem bolos portugueses, receitas de doçaria ou bordados. É o repositório da cultura portuguesa em Damão. A conversa desenrolou-se no poial do al-pendre da entrada da moradia, ao fim da tarde, altura em que soprava uma ligeira brisa refrescante. A temperatura do final de tarde a isso convidava, ten-do a conversa sido acompanhada por uma chávena de chá e bolo. Ao entrar no interior da casa, a sala de estar guar-dava as memórias de uma vida alegre, onde um quadro bordado pela filha, em ponto cruz e uma guitarra pousada a um canto, perpetuavam tempos vividamen-te felizes. Agora a falta de festas tinha deixado a guitarra silenciosa, apesar do viver daquela família demonstrar uma força interior admirável.

LIGAÇÃO DA NOSSA SENHORADA PURIFICAÇÃO A DAMÃOA primeira vez que os portugueses che-garam a Damão foi em 1523, quando Diogo de Melo vindo numa caravela desde (ou para) Ormuz, foi apanhado por uma tempestade que o atirou para a

costa. Aí voltaram em 1529, quando o Governador Nuno da Cunha mandou António da Silveira com uma armada bater as costas de Cambaia. Ao chega-rem a Damão, incendiaram as embar-cações que encontraram e com fogo de artilharia derrubaram os muros da for-taleza, devastando aldeias. Já em 1531, na ida do exército de Nuno da Cunha à conquista de Diu, aqui pararam para os 3600 homens rezarem uma missa. Pas-sados dois anos, Manuel de Albuquer-que foi à conquista de Damão, mas en-contrando a praça tão bem fortificada e artilhada, logo voltou para trás, já que apenas levava consigo 12 barcos com 300 homens. Em 1534, o novo capitão--mor do mar da Índia, Martim Afonso de Sousa, acabado de chegar de Portu-gal, foi mandado a Damão por Nuno da Cunha. Encontrou uma cidade destru-ída e os 500 turcos que viviam na for-taleza, desmotivados. Apesar de terem tentado fugir, os portugueses deram--lhes combate, vencendo-os. Depois arrasaram a fortaleza e navegando pela costa de Cambaia até Diu, destruíram tudo o que lhes apareceu pela frente. Em 1556, para segurança do Território do Norte, com Baçaim como capital, entendeu o Governador da Índia, Fran-cisco Barreto, que seria indispensável a posse de Damão. Por isso mandou uma embaixada para levar valiosos presen-tes ao Rei de Cambaia. Após muitas

(Continua na página seguinte)

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16 hoje macau sexta-feira 7.2.2014h

peripécias, o Regente Ithimitican ofe-receu a cidade e a fortaleza ao Gover-nador Francisco Barreto, ficando assim Damão a pertencer a Portugal. Apesar de doada era preciso conquistá-la atra-vés das armas ao revoltoso Abexim Sidi Bofetá, que contava com mais de 3 mil soldados, entre eles turcos.

O Vice-Rei D. Constantino de Bra-gança, sabendo do estado de anarquia que vivia o reino de Cambaia, resolveu aproveitar a ocasião para ir tomar Da-mão. Estava-se em 1559. Rapidamente foi preparada uma esquadra com mais de cem navios e dois mil homens, em-barcando o próprio Vice-Rei no galeão S. Mateus. Partiram de Goa e foram percorrendo a costa embarcando mais reforços em Chaul e Baçaim, até que surgiram na barra de Damão.

Os abexins, já de antemão informa-dos, reuniram quatro mil homens e com o comando de três capitães, Carnabec, Sidi Bofetá e Sidi Raná, construíram algumas fortificações e fizeram provisões para qua-tro meses. Assim preparados para resistir até à chegada da monção, confiavam que com a chegada da estação das chuvas a frota portuguesa teria que dispersar para procurar abrigo em diferentes portos.

Após D. Diogo de Noronha ter feito o reconhecimento da barra, o Vice-Rei man-dou desembarcar a tropa, dividindo-a em cinco colunas, sendo o grupo que ia à fren-te comandado por D. Diogo Noronha.

Encontraram a cidade deserta já que toda a população fugiu perante a força invasora. Dentro da fortaleza, Sidi Bo-fetá percebeu que nas suas hostes havia espias que trabalhavam para os portu-gueses e por isso, tentou saber quem eram e encontrando cinco suspeitos, cortou-lhes a cabeça. Depois retirou-se para o campo e acampou em Parnel, a duas léguas da cidade.

Manoel Rolim, já na cidade, hasteou o seu estandarte e o Vice-Rei mandou o seu barco entrar na barra e desembar-cou. D. Constantino de Bragança, den-tro da fortaleza, beijou a terra como forma de agradecimento pela conquis-ta efectuada sem ter sido disparado um único tiro. Depois mandou chamar um padre, dos muitos que o acompanha-vam e logo apareceu o jesuíta Gonçalo da Silveira, que pela cidade andava a colocar cruzes feitas com os troncos encontrados. Este correu para a mes-quita e após a limpar, consagrou-a em igreja. Com o coro composto de músi-cos do Seminário de Goa, que vieram para esse fim, foi realizada pelo jesuí-ta a missa cantada de agradecimento a Nossa Senhora da Purificação. Dom Constantino de Bragança ofereceu-lhe esta nova igreja, que existia no interior da praça, por ter sido ele quem pron-

tamente chegara ao seu chamamento. Gonçalo da Silveira entregou-a à Com-panhia de Jesus, ficando o padre Alber-to de Araújo S.J. a tomar conta dela.

Estava-se no dia 2 de Fevereiro de 1559, quando Damão passou para a mão dos portugueses e por isso, esta praça ficou sobre a protecção da Vir-gem Senhora da Purificação, que se tornou sua padroeira nesse mesmo dia.

Antes de se retirar para Goa, D. Constantino de Bragança ainda man-dou edificar uma fortaleza, repartiu as terras fazendo largas concessões. Dio-go de Noronha ficou como Governa-dor, contando com uma guarnição de mil e duzentos homens comandados por cinco capitães. Logo mandada construir por ordem do Vice-Rei, a Sé Catedral tem o altar-mor dedicado ao Bom Jesus e no alto do retábulo está colocada a imagem de N. Sra. da Pu-rificação e mais abaixo, a de S. Roque, também padroeiro da cidade, devido às inúmeras pestes por que passou.

AS FESTAS EM MACAUEsta festividade era no início comemora-da em casa, no seio da família damanen-se, após celebrada missa na Igreja de S. António de Macau. Seguia-se depois um animado e fraterno convívio, onde se reu-niam os amigos em torno de uma lauta mesa, havendo o acompanhamento com a sempre alegre música, que prolongava a festa pela noite dentro.

As celebrações passaram em 1992 a ter a actual forma e a fazer-se a procis-são das velas, que nesse primeiro ano contou com a participação do Padre Benjamim Videira Pires. Depois foi a vez do Padre Lancelote que, com o seu inconfundível bem-estar e propensão para colocar as pessoas bem-dispostas, animou, ano após ano, o serão com um antigo reportório de músicas, cujas le-tras usavam o dialecto de Malaca. As palavras, as mesmas que se falavam em Damão, eram provenientes da antiga língua falada pelos portugueses, que criaram a comunidade de Malaca, Da-mão e Ceilão (actual Sri Lanka).

Já a estátua da Nossa Senhora das Candeias, também conhecida por Nos-sa Senhora da Purificação, foi em 2 de Fevereiro de 1994 oferecida pelos damanenses à cidade de Macau e fica guardada na Igreja de Santo António.

No final da festa e como despedida, o Senhor Francisco Lopes convidou--nos para numa próxima ocasião pro-var uma típica espetada de leitão à damanense e só pela descrição, a água cresceu-nos na boca, apesar do estôma-go ainda estar cheio de tantas iguarias, como a bebinca sem paralelo às até hoje provadas, mesmo na Índia.

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17 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 7.2.2014

José Goulão

O Conselho de Seguran-ça das Nações Unidas, entidade que se esquece com frequência da Carta

das Nações Unidas e acrescenta guerra à guerra em vez de solucionar confli-tos, fez a vontade à União Europeia e encarregou-a de organizar um exército para ir resolver a guerra na República Centro Africana.

Bizarra decisão. A União Europeia não é uma organização militar – pelo menos é o que diz aos cidadãos dos seus Estados membros – mas está visto que pretende sê-lo e, neste caso, logo como braço co-lonial da NATO para a África

Diz o Conselho de Segurança que as tropas da União Europeia vão “aju-dar” as francesas, que já estão no ter-reno aproveitando o balanço tomado com a invasão do Mali, e o contingente da União Africana. O objectivo procla-mado é conseguir uma solução para a trágica guerra civil na República Cen-tro Africana, exposta aos consumidores de fast-informação como um confronto religioso e tribal entre cristãos, que têm sido os donos do poder, e os muçulma-nos da coligação Seleka (Aliança), que pretendem usurpá-lo. Pelo meio há alu-sões a desentendimentos políticos pro-vocados pelo facto de o deposto presi-

PODE O CONTINGENTE

DA UNIÃO AFRICANA

PRESENTE NO TERRENO

PRETENDER UMA PAZ

EQUITATIVA, QUE

SATISFAÇA AS PARTES

EM CONFLITO E SEJA

PARA DURAR. FICA O

BENEFÍCIO DA DÚVIDA

GUERRA HUMANITÁRIAOU GUERRA UTILITÁRIA?

dente François Bozizé (cristão) não ter cumprido os acordos de paz anteriores em relação à integração das milícias tribais no exército nacional – mas isso agora não interessa nada.

Pode o contingente da União Afri-cana presente no terreno pretender uma paz equitativa, que satisfaça as partes em conflito e seja para durar. Fica o benefício da dúvida.

Mas quando a França intervém mi-litarmente no seu quintal neocolonial e aceita a ajuda fraterna dos parceiros da União Europeia, revela a História que a

almejada paz passa a ter um preço polí-tico – por certo – e também económico, que neste caso será inflacionado pela ne-cessidade de partilhar benefícios entre tantos países participantes na operação.

Quem não se lembra dos célebres dia-mantes de Bokassa, o dirigente cristão que se proclamou imperador e tão bem soube cativar – digamos assim – os círculos do poder em França, benevolentes perante as suas criminosas extravagâncias?

Com razões – que logo perdeu ao recorrer a práticas genocidas – ou sem elas, a coligação tribal Seleka levan-tou agora complicações nos acessos neocoloniais aos diamantes que foram de Bokassa, mas também ao ouro e ao urânio que o solo da República Centro Africano guarda. Pelo que ou se resta-belece a ordem habitual no quadro do domínio político cristão e os muçulma-nos do grupo Seleka aceitam participar no arranjo, recebendo a sua parte do bolo, ou então espera-os a sanha mili-tar e humanitária da França e da União Europeia, guiada por beneficente es-pírito utilitário. Sem esquecer que os genocidas no terreno não se orientam apenas pelos fanatismos religiosos, que são de todos os azimutes.

Assim seja, em nome da paz, da de-mocracia, dos direitos humanos.

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18 DESPORTO hoje macau sexta-feira 7.2.2014

ENTREVISTA WILLIAM CHU, TREINADOR DO MONTE CARLO, PERSPECTIVA A NOVA TEMPORADA

“Tenho muita confiança nos jogadores locais à minha disposição”MARCO [email protected]

S ALTOU do quase anonimato para a ribalta do futebol do território. William

Chu foi o nome escolhido pela direcção do Monte Carlo para orientar o onze “canarinho” no assalto à revalidação do título con-quistado no último Verão. Mais do que operar uma revolução no banco, os campeões do território op-taram por uma solução de continuidade. O novo res-ponsável pelas estratégias da equipa assegura que a conquista do Campeonato não é o principal objectivo para a nova temporada. A aposta em jogadores locais é a principal prioridade.

Quais são os principais objectivos do Clube Des-portivo Monte Carlo para a nova temporada?É claro que queremos de-fender o título, mas como tive oportunidade de referir, a nossa principal prioridade passa por dar mais oportu-nidades aos jogadores do território, principalmente aos mais jovens. Quere-mos que joguem mais e que mostrem aquilo que sabem. Espero que possam melhorar a capacidade de jogar em equipa. Este é o nosso principal objectivo. Acredito, é claro, que se pudermos preparar bem cada um dos jogos e se jogarmos bem nos desafios que temos pela frente, teremos grandes possibilidades de chegar ao título, de defender o títu-lo. Mas como mencionei, não vamos pressionar os jogadores. Se praticarmos um bom futebol jogo após jogo estaremos no caminho certo para revalidar o triunfo no Campeonato. Estamos muito optimistas.

Satisfeito com o plantel que tem à sua disposição?Deposito muita esperança e muita confiança neste grupo de trabalho, nos meus joga-dores. Recebemos alguns jogadores novos e em termos tácticos estamos este ano melhor apetrechados para fazer frente a algumas das situações com que nos po-

deremos eventualmente vir a deparar dentro das quatro linhas. Temos mais opções. Por outro lado, e para além de mim, a equipa técnica conta ainda com o Joseph Tam, o William Ng e o Sr. Ieong. A equipa técnica mantém-se inalterada. A meu ver esta é uma vantagem de que dispomos face aos outros clubes. Alguns dos nossos principais adversá-rios mudaram de treinador e têm uma nova equipa técnica esta temporada.

Ainda assim, assume pela primeira vez o estatuto de treinador principal. Está confiante? Claro. Antes de mais, devo dizer que estou muito feliz por poder usufruir desta possibilidade de orientar o Monte Carlo como treinador principal. Reconheço que a pressão é um bocadinho maior, mas por outro lado, encaro tudo isto como uma oportunidade para me mo-tivar a mim próprio e para aperfeiçoar o meu trabalho. É o que posso exigir de mim enquanto treinador prin-cipal. De qualquer forma, não estou de modo algum preocupado. A equipa técni-ca deu-me muito apoio nos treinos e dentro de campo. As garantias que o clube me oferece são suficientes para que se crie o ambiente necessário para que faça da melhor forma o trabalho que me compete. Isto é algo

Reconheço que a pressão é um bocadinho maior, mas por outro lado, encaro tudo isto como uma oportunidade para me motivar a mim próprio e para aperfeiçoar o meu trabalho

O Lam Pak sempre foi uma boa equipa e um clube que contribuiu muito para o desenvolvimento do futebol local ao longo das últimas décadas. A desistência do Lam Pak é uma grande perda para o futebol do território

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19 desportohoje macau sexta-feira 7.2.2014

Vamos treinar e trabalhar para poder dar o nosso melhor em cada um dos desafios que temos pela frente

ENTREVISTA WILLIAM CHU, TREINADOR DO MONTE CARLO, PERSPECTIVA A NOVA TEMPORADA

“Tenho muita confiança nos jogadores locais à minha disposição”

que valorizo muito. Não sinto desmesuradamente o peso da pressão. Estou entusiasmado e feliz por me ter sido dada a oportunidade de fazer o melhor possível na temporada que se avizinha.

O Monte Carlo reforçou-se com quatro jovens jogado-res vindos do Brasil, com um atleta da República Popular da China. Estes reforços vêm para ajudar o clube a lutar pelo título?Creio que sim. Durante o período de preparação, os novos atletas brasileiros encheram-nos as medidas e colmataram as nossas melhores expectativas. Esta-mos muito satisfeitos com a prestação deles. Quanto aos jogadores chineses, o Du Zhiqiang já jogou connosco na temporada passada, de-monstrou que é um jogador talentoso e que é alguém em quem podemos confiar. O novo reforço da República Popular da China ainda é muito jovem, mas é um jo-gador muito talentoso. Acre-dito que vai fazer a diferença no flanco esquerdo. Estes atletas estrangeiros podem,

sobretudo, ajudar os jogado-res locais a melhorar. Podem ajudá-los a desenvolver o seu futebol. A experiência de que dispõem enquanto joga-dores profissionais poderão ajudar a equipa a consolidar a sua consistência dentro de campo.

O facto do Lam Pak, do Lam Ieng e do Kuan Tai terem aberto mão da participação na Liga de Elite facilita o trabalho do Monte Carlo na corrida pelo título?

Em primeiro lugar, não acredito que a desistência do Lam Pak vai fazer com que a tarefa de lutar pelo título se torne mais fácil, uma vez que os jogadores que alinhavam pelo Lam Pak vão continuar a jogar na primeira divisão, ainda que por outras equipas. Por outro lado, al-guns dos nossos principais adversários, como o Ka I e o Benfica, reforçaram-se bem no defeso. No meu entender, a desistência do Lam Pak enfraquece inegavelmente o futebol de Macau. É algo que me preocupa e me en-tristece ao mesmo tempo. O Lam Pak sempre foi uma boa equipa e um clube que contribuiu muito para o desenvolvimento do futebol local ao longo das últimas décadas. A desistência do Lam Pak é uma grande perda para o futebol do território.

O Ka I e o Benfica serão os principais rivais do Clube Desportivo Monte Carlo no campeonato que se inicia no fim-de-semana?Penso que sim. O Monte Carlo quer estar no lote dos principais candidatos, pelo menos. O Ka I e o Benfica investiram muito e contam com vários jogadores pro-fissionais no seu plantel, como sabe. Dispõem de muitos estrangeiros, quer no plantel, quer na equipa técnica. Ainda assim, e como mencionei, a nossa priorida-de passa por nós próprios. Vamo-nos concentrar no nosso trabalho e – garanto--lhe – tenho muito confiança nos jogadores locais que tenho à minha disposição.

Temos às nossas ordens muitos jogadores locais talentosos e neste âmbito, creio que a vantagem está do nosso lado. Creio que temos hipóteses muito realistas de lutar pelo título.

Jogam contra o Sporting na primeira jornada do Campeonato. O que espe-ra da estreia na edição de 2014 da Liga de Elite?Reconheço que não estou muito familiarizado com o Sporting. Como sabe, a equipa só este ano vai jogar na primeira divisão. Sei apenas que se reforçaram com muitos atletas e que o plantel não é exactamente o mesmo do ano passado. O primeiro jogo é, porém, sempre difícil, mas espero que os meus jogadores pos-sam entrar bem na partida. A pré-época da equipa foi bastante boa e a equipa está

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bem preparada. Espero que os meus jogadores apresen-tem, no próximo domingo, a concentração ideal, so-bretudo no início do jogo. Se assim acontecer, estou convicto que nos poderemos exibir a bom nível contra o Sporting. O Sporting já não disputa o campeonato da primeira divisão há muitos anos. Somos mais experien-tes e a experiência pode ser uma vantagem. Espero que possamos fazer o nosso melhor.

O facto de ter feito a pré--época na RPC preparou bem o Monte Carlo para a nova temporada?Foi uma boa experiência. A meu ver, em termos de men-talidade, a equipa está bem preparada. No aspecto físico é mais difícil dizer. Como sabe, a época só agora está a começar e para dificultar

as coisas, arranca logo após o período do Ano Novo. Alguns dos nossos jogadores ainda precisam de melhorar a condição física. Espero que possamos aperfeiçoar este domínio e que estes jogadores possam encontrar a melhor forma física o mais depressa possível. Estamos bem preparados em termos psíquicos para a temporada, embora todos estejam cons-cientes dos desafios que nos esperam. Vamos tentar dar o nosso melhor.

Uma última pergunta. Onde espera estar no final da temporada?(Risos) Não posso afirmar que vamos defender com sucesso o título. Como lhe dizia, vamos tentar dar o nosso melhor jogo após jogo. Vamos treinar e trabalhar para poder dar o nosso melhor em cada um dos desafios que temos pela frente. Se tivermos a sorte de nos manter-mos na senda do sucesso jogo após jogo, acredito que teremos sérias possibilidades de ser cam-peões. O clube está muito optimista em relação a esta possibilidade.

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TEMPO MUITO NUBLADO MIN 17 MAX 21 HUM 80-95% • EURO 10.8 BAHT 0 .2 YUAN 1.3

João Corvofonte da inveja

Pu YiPOR MIM FALO

Pontos de reciclagem existem para parvos como eu

Não há vela sem tufão.

ARTES MARCIAIS EM VEZ DE FUTEBOL

Chama-se Kariny Rodrigues, tem 24 anos, nasceu em Goiânia, no Brasil e foi recentemente escolhida pela Federação de Artes Marciais Mistas (MMA) do Brasil para ser a musa oficial da modalidade. Além de ser modelo, Kariny também gosta de futebol e, claro, do Goiás, emblema da sua terra. Vai daí, a Bandeirantes resolveu convidar a modelo para ser a verdadeira musa do Goianão. Para espanto geral, Kariny rejeitou. O motivo? “Acho melhor não misturar os desportos e ter apenas um foco.”

Pénis de madeira com 90 kg em cima de carro• Katya Romanovskaya, é uma ferrenha crítica do regi-me do presidente russo, Vladimir Putin. Recentemente encontrou um “presente” preso ao seu carro estacionado numa rua: um grande pénis de madeira. O incidente ocorreu semana passada em Moscovo. Katya costuma publicar na internet sátiras contra Putin. Ela denunciou o caso à polícia local, de acordo com o “New Republic”. O “instrumento” de 90 quilos atraiu grande número de curiosos. A conta no Twitter mantida por Katya é seguida por 713 mil internautas.

Qual é o país “mais bêbado” no mundo?• O primeiro lugar do ranking de países mais bêbados do mundo vai para a Coreia do Sul! O consumo é, por semana, 13,7 doses por habitante. O Brasil, o primeiro latino-americano, está na nona posição, com 3,6 doses semanais. O primeiro país muçulmano da lista são os Emirados Árabes Unidos, na 32.ª colocação, com 1,2 dose. E Portugal bebe a sua parte. Ocupa a 34.ª posição.

C I N E M ACineteatro

20 FUTILIDADES hoje macau sexta-feira 7.2.2014

Sou um gato ecológico. Preocupo-me com o ambiente e gosto de respeitá-lo. Mas sei que, infelizmente, sou uma gota no oceano. Ou, antes, sou uma lágrima neste Mar do Sul da China. Isto porque, tudo indica que os meus esforços em depositar semanalmente os plásticos, as latas e o papel nos respectivos pontos de reciclagem, parecem-me totalmente em vão. Ao fim de dois anos, separar resulta em parar tudo no mesmo saco. Passo a explicar.... Há cerca de um ano, uma senhora que trabalha para a empresa de recolha de resíduos urbanos, que se encontrava a proceder à limpeza do depósito de lixo do meu bairro disse-me por gestos, enquanto eu carregava os sacos de materiais para pôr na reciclagem, aquilo que interpretei como: “não te preocupes, deixa estar isso aí no chão”. Depois da minha insistência em fazer a rápida separação no momento, ela gesticula-me com mais afinco para que os coloque no chão. Obediente, assim o fiz. Pensei que não se importava ela de o fazer por mim. Quando sigo à minha vida, depois de pequeno agradecimento, olho para trás e a senhora simplesmente decide colocá-los a todos no lixo de resíduos orgânicos. Fiquei chocada, confesso! Mas percebi que aquilo era não devia ter grande ética no trabalho.Depois de longos meses, continuava eu contente a fazer a minha separação do lixo - a separação caseira dá-me uma ajuda preciosa nas deslocações aos depósitos de reciclagem/lixo orgânico – mas dá também o seu trabalho e ocupa um espaço precioso numa cozinha cujas dimensões estão longe de ser as que idealizo. Um belo dia, revoltada, perguntei-me: “mas para quê?” Mais uma vez, na minha caminhada até ao lixo, deparo-me com nova situação incómoda, um empregado da mesma empresa de recolha de lixo encontrava-se a pôr num mesmo contentor os materiais que, com cuidado, tantas pessoas como eu se preocuparam em separar. Será que os programas eco-escolas, os programas de pontos por reciclar, os programas de incentivo ao menor uso de materiais de plástico, que a DSPA tanto apregoa e incentiva a que os residentes sigam, não passam de fachada? Será que afinal estamos errados quanto aos números da reciclagem em Macau? Serão mesmo tratados na China, como dizem? Está o Governo a par do que se passa? Será conivente?

SALA 1FROM VEGAS TO MACAU [C](FALADO EM CANTONÊSLEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Wong JingCom: Chow Yun-Fat, Nicholas Tse14.30, 16.15, 19.45, 21.30

JUSTIN AND THE KNIGHTSOF THE VALOUR [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Mauel Sicilia18.00

SALA 2 JACK RYAN:SHADOW RECRUIT [C]Um filme de: Kenneth BranaghCom: Keira knightley, Kevin costner14.00, 20.00, 21.50

JUSTIN AND THE KNIGHTSOF THE VALOUR [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Mauel Sicilia16.00

SAVING MR.BANKS [B]Um filme de: John Lee HancockCom: Tom Hanks, Emma Thompson, Colin Farrel, Paul Giamatti17.45

SALA 3THE LEGO MOVIE [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Phil Lord, Chris Miller14.00, 20.00

THE BOOK THIEF [B]Um filme de: Brian PercivalCom: Sophie Nelisse, Geoffrey Rush, Emily Watson15.50, 21.50

THE LEGO MOVIE [3D] [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Phil Lord, Chris Miller18.10

THE LEGO MOVIE

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hoje macau sexta-feira 7.2.2014 21OPINIÃO

O Resistente pode ser um individuo. Mas o “Resis-tente” de que vou falar é, na verdade, o título de um livro do autor chinês de Pequim, Xu Zhiyuan.

No início do prefácio, Xu diz, “És aquilo que co-mes, dizem os franceses”. Não liguei muito à frase

até ter lido um artigo no Facebook, no dia 4 de Fevereiro, sobre o famoso poema de “No Silêncio da Noite”, do poeta da dinastia Tang, Li Bai. Depois de ler o artigo percebi o que aconteceu ao famoso poema de Li. O poema que faz parte dos manuais escolares não é a versão original, mas sim uma versão adaptada do original durante a dinastia Ming. O poema original pode ser encontrado em alguns livros antigos, chineses e japoneses. Procurei na minha colecção de obras de Li e descobri a versão original. O que aconteceria se, num ditado, os estudantes escrevessem a versão original em vez da adaptação? O professor iria com certeza descontar bastan-tes pontos na avaliação do teste. A verdade torna-se falsidade e o que é falso passa a ser verdadeiro. Vivemos tempos absurdos!

O governo da RAEM deu recentemente início ao desenvolvimento de novos talentos. Mas será que no futuro estes talentos terão uma noção do que é a resistência? Isto é o que importa para que os programas de desenvolvimento sejam realmente efectivos

Resistente como fonte de inspiração

*Ex-deputado e membroda Associação Novo Macau Democrático

um gr i to no desertoPAUL CHAN WAI CHI*

Reconhecemos o autoritarismo mas somos incapazes de o combater. Não só por falta de resistentes, mas mais importante ainda, por falta de pensadores.

No “Resistente” de Xu, este apresenta aos leitores figuras de destaque de Taiwan, da China e de Hong Kong que são verdadeiros resistentes nos seus territórios. Mas onde

estão os resistentes de Macau? No prefácio, Xu diz que a escolha destes três territórios se prende com as suas viagens nos últimos anos e com o desenvolvimento de uma espécie de um novo destino histórico entre eles. Fiquei um pouco desiludido que Macau não fizesse parte das viagens de Xu, desde que tem sido promovida como um “Centro Mundial de Turismo e Lazer” e também um pouco desanimado por não haver nenhuma referência a qualquer “resistente” em Macau. Talvez Macau seja um espaço tão “pequeno e limitado”, que como diz Xu no livro, “ quem tiver uma visão diferente dificilmente sobrevive; antes é reduzido à categoria de lunático, ou vive como um prisioneiro, ou se torna num “rebelde” repetitivo.

O problema actual de Macau não é a falta de dinheiro, mas pelo contrário, o excesso de riqueza. A saúde económica do território fez com que as pessoas perdessem progressiva-mente a vontade de resistir. O pensamento dominante fez com que a resistência se tornasse numa manifestação artística. O significado de resistência desapareceu! Quando se resiste apenas por resistir e se deixa de pensar e de inovar é porque já não existem verdadeiros resistentes.

O governo da RAEM deu recentemente início ao desenvolvimento de novos talen-tos. Mas será que no futuro estes talentos terão uma noção do que é a resistência? Isto é o que importa para que os progra-mas de desenvolvimento sejam realmente efectivos. Depois de ler o artigo sobre o poema, percebi que a cultura chinesa foi, ao longo dos milénios intencionalmente, ou inconscientemente, “domesticada” pelos seus governantes. Quando as pessoas ape-nas sabem obedecer ou ser subservientes não passam de ferramentas para executar tarefas.

Xu declara na primeira página do livro que foi inspirado por Hannah Arendt. Talvez tenha sido por isso que o escreveu. Penso que para se ser um verdadeiro resistente e não ser afectado pela banalidade do mal em tempos tão sombrios, é necessário ter como primeiro critério ser um pensador, sobretudo num território como Macau, onde as pessoas perdem facilmente a capacidade de pensar.

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22 opinião hoje macau sexta-feira 7.2.2014

“Land shortages for urban development in China’s cities are endemic, and it is quite clear that, other than easy access to money, they are the main reason for its housing affordability crisis.”

Shlomo AngelPlanet of Cities

A S grandes empresas de tec-nologia da informação (TI) consideram que o desenvol-vimento das cidades digitais é uma área de negócios com enorme futuro. As cidades inteligentes são assim desig-nadas para as diferenciar de um modelo que só procura desenvolver a digitalização

das administrações municipais. A ideia tem como objectivo prover as

cidades de inteligência, ou seja, de instru-mentos de análise de dados que permitam antecipar problemas e tomar melhores decisões. O plano é incorporar um nível de inteligência para resolver os problemas diá-rios. Algumas das multinacionais de TI como a IBM, estão a desenvolver um programa arrojado de converter num curto espaço de tempo, um grande número de municípios em cidades inteligentes no continente sul--americano, como é o caso do Rio de Janeiro.

O programa consiste em procurar cidades onde exista uma oportunidade de fazer negó-cios e uma liderança política que possibilite levar a cabo o projecto. As cidades diferen-ciam-se entre si e todas têm o seu calcanhar de Aquiles, sendo o objectivo final resolver os problemas dos cidadãos. As autoridades municipais conhecem os problemas das suas cidades, mas não sabem qual deva ser a solução.

As cidades têm as suas particularidades próprias mas existem problemas constantes, como a segurança pública nas cidades de mé-dia dimensão e de transportes nas cidades de grande dimensão. O tema que se tem mostrado de capital importância é o relacionado com soluções que contendem com a gestão da água e energia e a criação de soluções para situações de emergência causadas por catás-trofes naturais como terramotos ou temporais.

Existe uma grande quantidade de municí-pios, não apenas na América do Sul, que estão interessados em investir na digitalização, prin-cipalmente onde exista uma boa cobertura de redes de telecomunicações e desenvolvimento do sistema nacional de comunicações. As ci-dades por sua vez, têm feito investimentos que as colocam em boa posição e lhes permitem assumir este tipo de projectos.

Alguns países conseguiram resolver grandes problemas de infra-estruturas, mas necessitam de trabalhar as grandes questões de tomada de decisões políticas e de lide-rança. Os projectos em curso em muitas cidades são pouco questionáveis, porque o futuro está a seu favor em termos de soluções preconizadas e ao modificar as operações das cidades, transcendem as administrações.

As cidades integradasOs municípios em geral começam com

projectos de pequena dimensão e vão incor-porando novas áreas ao programa digital. O futuro será caminhar para um tipo de cidade integrada onde cada departamento municipal como a saúde, transportes e obras públicas entre outros, esteja interligado e possa aceder à informação do departamento que administra outra área. Um dos factores mais importantes que mobilizam as administrações locais para converter o município numa cidade inteligen-te é a procura da cidade e por consequência o aumento de população residente.

Os cidadãos esperam que as administra-ções públicas locais tenham uma conduta idêntica às das empresas privadas, que saibam quais os seus desejos e necessidades e possam fazer consultas por linha directa. Os governos sabem que as redes sociais estão a ter um protagonismo crescente na participação dos cidadãos, pelo que as administrações públicas locais as devem incorporar como forma de comunicar com os cidadãos/administrados.

O projecto do município do Rio de Janei-ro desenhado pela IBM, solidifica, completa e liga a informação dos diversos serviços do município, mas todavia falta a análise da informação. A cidade inteligente promove o crescimento económico e a prosperidade dos seus habitantes e consegue atingir tal desiderato porque é um local onde os resi-dentes esperam obter uma melhor qualidade de vida, boa e eficiente prestação de serviços, bem como oportunidades para prosperar num ambiente sustentável a longo prazo.

Tais cidades têm informação que vai desde a qualidade da água e ar, passando pela rede de transportes públicos até à energia que consomem os edifícios e às acções delituo-sas. Sabe-se onde se encontram as pessoas e aonde vão. Toda esta informação existe em muitas cidades mas não está a ser usada para melhorar o funcionamento da cidade.

O conhecimento, por exemplo, dos padrões de mobilidade das pessoas permite prever onde haverá congestionamento de tráfego e sugerir aos cidadãos que sigam outro itinerário ou mudem de meio de transporte. Os serviços e a infra-estrutura da cidade melhorados e mais eficientes atraem pessoas com talento que trarão negócios e empresas que servem o desenvolvimento da cidade e se convertem em fontes propulsoras do crescimento económico.

A cidade onde os serviços são eficientes e a vida é agradável atrai pessoas inteligentes e criativas que são fontes de prosperidade. As cidades têm todo o tipo de tecnologias, como telefones inteligentes, câmaras, centros de dados, fibra óptica, e monitores inteligentes, bem como enormes montanhas de informa-ção, mas a soma de todos estes elementos não tornam uma cidade inteligente.

Acredita-se e mal que é possível fazer uma cidade inteligente pela compra e ins-talação estratégica de alguns equipamentos, ligando-os a uma rede. É importante, mas será sempre um corpo sem cérebro, pois falta-lhes a análise de dados e a tomada de decisões, só sendo possível pela união e estudo de toda a

informação que provêm desses equipamentos. Se forem instaladas mil câmaras de vigilância não é possível pensar em ocupar mil pessoas para vê-las durante vinte e quatro horas, o que necessitam é de um programa inteligente que analise a informação automaticamente e soe o alarme em tempo real.

O tempo real muitas das vezes não é suficiente porque existe a necessidade de prever os acontecimentos que podem ocor-rer no futuro, só sendo possível se existir informação em tempo real e informação histórica e ambas combinadas podem, por exemplo, chegar a uma conclusão, como o da aproximação de um temporal que pode provocar problemas em algumas subestações de energia eléctrica, tornando-se então ne-cessário reforçá-las para evitar “apagões”.

logia disponível e práticas arquitectónicas e a outra passa por equipar uma cidade inteligente com a mais avançada tecnologia para obter um funcionamento mais eficiente dos seus antiquados sistemas. As cidades de Masdar e Songdo são exemplos da primeira situação e o Rio de Janeiro, exemplo da segunda situação.

A cidade de Masdar que será abastecida por energia solar tem por objectivo ser não apenas sustentável, mas também auto-abas-tecida. Quando a sua construção terminar poderá ser considerada uma das primeiras cidades totalmente ecológicas e a primeira a ser edificada para uma vida sem emissões de carbono e resíduos. Disporá de uma central de comando e controlo das actividades da cidade, que monitoriza a tecnologia e são reguladas as funções e cada actividade tem um lugar e um momento determinado.

Os cidadãos serão consumidores de opões que lhes são disponíveis por cálculos prévios, como onde comprar o ter uma con-sulta médica da forma mais eficiente. Não existirão experiências ou erros. As pessoas aprenderão a sua cidade de forma passiva, elegendo sempre opções de uma lista.

A cidade de Masdar supõe a existência de um centro inteligente que dispõe da melhor ideia de onde se deve desenvolver cada activi-dade. Os seus habitantes, por consequência, só têm a possibilidade de escolher as opções de uma lista previamente programada. Songdo é um projecto arquitectónico majestoso com gigantescos conjuntos de edifícios eficientes e limpos ligados entre si pela mais recente tecnologia disponível, que comunica não apenas com edifícios, mas também com todos os componentes da cidade.

Está previsto o termo da sua construção para o próximo ano e será uma das primeiras cidades do mundo em que os sistemas de informação, residenciais, médicos e comer-ciais, estarão ligados. O projecto pretende fazer da cidade e da Coreia do Sul o centro de negócios por excelência da Ásia. O projecto do Rio de Janeiro é totalmente diferente porque a cidade existe e as obras não são uma criação, mas uma modernização.

O Rio de Janeiro tem uma larga história de inundações cujos efeitos são agravados pela pobreza e criminalidade. No passado as pessoas sobreviviam por meio da estrutura social das favelas e presentemente são auxi-liadas pelas novas tecnologias. Estão a usar tecnologias para prever desastres físicos, coordenar respostas às crises de trânsito e organizar o trabalho de segurança pública.

O Rio de Janeiro é uma experiência auda-ciosa e potencialmente lucrativa que poderá ser exemplo para o futuro das cidades a nível mun-dial. O Centro de Operações é um edifício que foi desenhado pela IBM a pedido do prefeito da cidade. Em nenhuma das grandes cidades do mundo existe algo de parecido. Foram criados centros de dados idênticos em outros locais para entidades, como por exemplo, departamentos de polícia. Nunca anteriormente tinha sido construído um sistema para uma cidade que integrasse mais de trinta instituições.

perspect ivasJORGE RODRIGUES SIMÃO

As cidades têm as suas particularidades próprias mas existem problemas constantes, como a segurança pública nas cidades de média dimensão e de transportes nas cidades de grande dimensão

Tal situação tem a intervenção do ser humano no sistema, pois este é de apoio às decisões. As decisões são tomadas pelas pessoas com base em informação adequada que lhes é disponibilizada pelo sistema automatizado. Algumas cidades no mundo instalaram com a coordenação da IBM centros de operações inteligentes com para as áreas de águas correntes, de recolha e limpeza das cidades e de incineração de resíduos sólidos.

A cidade de Chinkiang implementou um centro de operações inteligentes para os trans-portes públicos. Os governos das cidades gas-tam enormes montantes em segurança pública destinados a contratar e formar mais agentes de segurança, a comprar mais equipamento ou a melhorar as operações. É possível aumentar a eficiência se for usada a tecnologia adequada.

O sector privado tem uma importante intervenção, pois existem muitas outras funções que tem a ver com a gestão de infra-estruturas ou serviços sociais como saúde, educação e lazer, ou também infra--estruturas como as de transportes, água e energia e em ambas as situações tais serviços são concessionados ao sector privado por contratos de longo prazo. O fornecimento de água, de energia eléctrica, gás e transportes públicos devem ser efectuado pelo sector privado que deve investir adequadamente a fim de oferecer um bom serviço aos cidadãos.

É possível ter a cidade do futuro por duas vias, uma será construí-la com a melhor tecno-

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana de Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores Amélia Vieira; Ana Cristina Alves; António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

hoje macau sexta-feira 7.2.2014

A S coisas grandes só porque sim são estúpidas. Assim como são estúpidas as coisas pequenas só porque sim. As coisas têm uma dimensão que corresponde a uma uti-lidade. Os arquitectos sabem disso. Os decoradores de interiores também. Um sofá que ocupa uma sala e não

deixa espaço para o móvel da televisão é es-túpido. Como estúpida é uma casa só com um quarto para uma família de muitos filhos. As dimensões podem ser um problema. O tama-nho interessa – mas Macau tem um problema de medidas. Em Macau, não se sabe medir. Em Macau, também não se sabe contar.

No tempo em que as cidades eram para as pessoas e feitas pelas pessoas, quando ainda não se tinham inventado os especuladores e o mercado imobiliário, as cidades cresciam com as pessoas. As aldeias foram crescendo à medida que as pessoas foram crescendo. E as casas também cresciam à medida que as famílias iam alargando. Havia tamanho para as coisas.

Dos milhões que se queimam nos ares ninguém sabe os números, policromáticas explosões para fazer a festa que se quer feliz, numa grandiosidade de cidade pequena que distribui riqueza em forma de foguete, por desconhecer outras modalidades para o efeito

O problema do tamanhocontramãoISABEL CASTRO

[email protected]

um lugar vago para estacionar, onde se paga – paga-se sempre em Macau para se parar o carro, até mesmo onde ninguém quer es-tacionar porque não há nada para comprar.

E depois cresceram as rendas das casas e o preço das coisas básicas que se compram nos supermercados e que os especialistas em inflação enfiam em cabazes e máquinas de calcular, e os bolsos e as carteiras ficaram mais pequenos, como se tivessem ido à má-quina de lavar em água demasiado quente.

Foi assim também que, de ano para ano, cresceram os fogos-de-artifício, em número e em duração, a fazerem lembrar os tempos em que havia bombardeamentos aqui bem perto – nunca aqui, que a terra na altura era pequena e não tinha interesse para ninguém.

Agora toda a gente se interessa pela terra – os turistas multiplicam-se a cada ano novo, o centro da cidade está cada vez mais pequeno, quem tem o azar de viver por aquelas bandas faz exercícios de con-torcionismo para enfiar a chave na porta. E crescem as ourivesarias de diamantes caros, mas os dedos locais ficam-se pela bijutaria barata, que as grandezas são só para alguns.

A cidade não alargou o suficiente para tanto crescimento mas, ainda assim, inven-tam-se paradas para turista ver, as cabeças tocam-se na ânsia de espreitar quem vem lá, os pescoços esticam-se para a frente para observar melhor, pescoços que se cansam mas que gostam, gostam muito, dos 18 mi-lhões gastos nos artistas que se pavoneiam pela cidade em alegres vestes.

Dos milhões que se queimam nos ares ninguém sabe os números, policromáticas explosões para fazer a festa que se quer fe-liz, numa grandiosidade de cidade pequena que distribui riqueza em forma de foguete, por desconhecer outras modalidades para o efeito.

A nova universidade da terra é tão grande que saiu da terra e, vista assim ao longe, não tem nada que ver com a terra. O hospital da terra é tão pequeno que se encolhe dentro dele e já não serve quem é da terra. Macau tem um problema com os tamanhos, com as medidas das coisas.

Enquanto tudo isto acontece, rebentam--se panchões e joga-se mahjong até à exaus-tão, se não se for ao casino. E o barulho é sempre crescente. Tu fazes mais barulho que eu. O meu carro é maior que o teu. O teu anel é mais caro que o meu. O meu almoço tem mais pratos que o teu. O teu casaco é mais brilhante que o meu. Os meus olhos estão mais fechados que os teus. Não sei contar. Não sei medir. E amanhã, amanhã logo se vê como vai ser o dia, que a madrugada já vai longa. Nas cidades pequeninas, as coisas pequenas não têm qualquer interesse.

Em Macau a coisa também começou por ser assim – mais igrejas, menos igrejas que, espalhadas pelas colinas, serviram para inventar a cidade cristã que crescia em torno delas. Quando aqui cheguei, a história já era outra: as luzes apagadas à noite nas janelas não enganam ninguém e eu fui viver para um bairro que, à época, era muito apagado. Muito sossegado. A cidade já tinha mais casas que gente. Mas já tinha muita gente.

Depois chegou a época das grandezas. As limusinas, esses carros compridos sem dimensão para as ruas da cidade, tornaram-se mais e mais compridas, em difíceis manobras pelas curvas que não alargaram. Dos casinos nem é preciso falar, que eles estão aí bem

visíveis para dizerem da sua grandeza: o meu é maior que o teu e se o meu não pode ser mais largo que o teu, então é mais alto, mais visível, mais brilhante, mais iluminado. Mais encaixotado.

Foi assim que começaram os pés a serem mais que as ruas e as multidões a serem maio-res que os passeios. As pessoas a serem mais que o espaço para as pessoas. As pessoas a comerem sentadas no chão das ruas, porque não há chão nos restaurantes que chegue para o comprimento dos clientes. Foi assim também que as estradas deixaram de bastar para tantos carros e motos, filas intermináveis de quatro e duas rodas, coros desafinados de buzinadelas, sprints à má fila para encontrar

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hoje macau sexta-feira 7.2.2014

Portugal Protesto encerra Faculdadede Belas ArtesA Faculdade de Belas Artes de Lisboa esteve de portas fechadas ontem, como forma de protesto contra o Governo. Na origem do descontentamento está uma decisão do secretário de Estado da Cultura, José Barreto Xavier, relacionada com o alargamento do Museu Chiado, num espaço que a faculdade partilha: o Convento de São Francisco. O director do estabelecimento de ensino, Luís Jorge Gonçalves, fala em «sentimento de revolta» e admite mais formas de luta. «A Faculdade de Belas Artes e a Universidade de Lisboa estão já há cerca de ano e meio em negociação para este espaço e, de repente, com a maior deslealdade, é assinado o protocolo à nossa revelia», explicou o responsável, em declarações à «TSF», falando em falta de lealdade da «Secretaria de Estado da Cultura, do próprio Ministério da Administração Interna (MAI) e do Ministério das Finanças».

Espaço NASAanuncia descobertade novo planetaA agência espacial norte-americana (NASA) anunciou e descoberta de um novo planeta, o Kepler-413b. Descoberto pelo Telescópio Espacial Kepler, este planeta tem como uma das principais características a forte oscilação sobre o próprio eixo, o que leva a que tanto seja inverno como verão. A NASA explicou que o Kepler-413b não é habitável devido à falta de água em estado líquido causada pelas elevadas temperaturas, devido à proximidade de duas estrelas.

Sony anuncia prejuízos de milhõesA Sony anunciou esta quinta-feira que o seu exercício de 2013, que finda a 31 de Março, vai encerrar com prejuízos na ordem dos 110.000 milhões de ienes. A empresa japonesa reviu em baixa as suas previsões para o exercício fiscal de 2013, apesar de, nos três primeiros trimestres, ter conseguido lucros de 11.200 milhões de ienes.

Hong Kong Encontrada bomba da II Guerra MundialUma bomba suspeita de pertencer aos EUA foi encontrada ontem na zona de Happy Valley, em Hong Kong, perto de uma obra junto do Hotel Cosmo. Polícia e bombeiros foram chamados ao local quando um trabalhador da obra encontrou um objecto com cerca de 30 centímetros de diâmetro. A área foi devidamente evacuada com o fecho do Hotel Cosmo, do Hotel Cosmopolitan e o Templo Sikh. O objecto foi catalogado como sendo uma bomba da Marinha dos EUA, largada durante a II Guerra Mundial. As autoridades permanecem no local para fazer uma vistoria mais completa à zona.

Coreias Manobras militares ameaçam reencontros familiaresA Coreia do Norte está a ponderar reconsiderar a realização do encontro entre famílias separadas pela guerra, caso Seul e Washington mantenham a intenção de efectuar manobras militares no final do mês. «O diálogo e os exercícios de uma guerra de agressão não podem caminhar juntos», disse a Comissão Nacional de Defesa da Coreia do Norte num comunicado emitido pela rádio estatal. O encontro entre famílias separadas pela guerra está previsto entre 20 e 25 de Fevereiro.

EUA Armazémde detritos nucleares evacuado em CarlsbadUm armazém de detritos nucleares de Carlsbad, no estado norte-americano do Novo México, teve de ser evacuado, na sequência de um incêndio num camião que transportava sal. As medidas de prevenção foram accionadas e o incêndio acabou por ser extinto, não tendo atingido material radioactivo. Apesar de não haver registos de danos materiais, seis pessoas tiveram de receber assistência médica, na sequência de inalação de fumos, mas já receberam alta. As causas do incidente não são conhecidas.

IPM PEDIU AO GOVERNO ACTUALIZAÇÃO DE SUBSÍDIOS EM 2013

Ano do Cavalo começa bemRITA MARQUES [email protected]

O pedido feito no ano passado pelo Instituto Politécnico de Macau

(IPM) para actualização de sub-sídios, de acordo com os aumen-tos registados na função pública, foi acedido pelo Executivo. É isso que prova um despacho do Chefe do Executivo, publicado em Boletim Oficial na quarta--feira, que revê o Estatuto do Pessoal do IPM.

Os montantes dos prémios de antiguidade, ajudas de custo diárias, bem como os subsídios de renda de casa, de família, de casamento, de nascimento, de funeral e de trasladação de restos mortais passam a ser actualiza-dos de acordo com os ajustes feitos aos mesmos na função pública, conta o novo diploma. “O IPM pediu junto do Governo a

referida alteração (actualização) do subsídio no ano de 2013. Este pedido foi aprovado neste ano, e decorreu em uma boa hora, uma vez que a respectiva actualiza-ção do subsídio beneficia todos os funcionários deste instituto para estes terem um bom início no Ano Novo Lunar”, respondeu uma porta-voz, Dina Martins, às perguntas colocadas pelo HM.

A alteração do Estatuto também refere que, desde 28 de Janeiro, os professores a tempo inteiro estão obrigados a prestarem pelo menos nove horas semanais de aulas ou se-minários. “Quanto às alterações de horários dos docentes em regime de tempo integral estas foram aprovadas de acordo com a lei de Macau, e pelo Conselho Técnico e Científico (após uma reunião em conjunto com os directores das escolas, coorde-nadores dos cursos, professores,

e dirigentes dos serviços), a fim de melhorar a qualidade de ensino”, disse ainda a relações públicas do IPM.

O director, para além de fixar os novos horários, pode decidir dispensar um docente que se queira “dedicar a estudos e trabalhos distribuídos pelo IPM”. No entanto, há também um número máximo de horas de aula por semana que pode ser imposto, mas podem fazer mais quatro horas extra “quan-do tal se justifique”, tendo de ser descontadas em “período posterior” ou compensadas pecuniariamente.

Larry So, professor de so-ciologia no IPM, ainda que comprometido na posição, diz-se “satisfeito serem beneficiados com as mesmas regalias do Go-verno, afinal de contas, eles estão entre os melhores da cidade”, comenta.

cartoonpor Stephff

CÁRIE