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I Módulo 401 – Problema 7 I Thiago Almeida Hurtado – Turma VII 1 I) Conceituar pré-eclâmpsia (leve e grave), eclampsia e síndrome HELLP. Os modos como a gravidez incita ou agrava a hipertensão ainda não tem resposta bem definida. Os distúrbios hipertensivos complicam de 5 a 10% das gestações o Quando associada a hipertensão prévia, a pré-eclâmpsia é a mais perigosa o 16% das mortes maternas decorrem de distúrbios hipertensivos, sendo que essa porcentagem pode ser reduzida através de prevenção adequada. As doenças hipertensivas gestacionais são divididas em basicamente, 04 classificações, as quais possuem como intuito basicamente diferenciar a pré-eclâmpsia dos demais distúrbios hipertensivos, devido ao fato de ela ser a condição mais perigosa. o Hipertensão Gestacional o Pré-eclâmpsia e eclampsia o Hipertensão crônica de etiologia diversa o Pré-eclâmpsia superposta a hipertensão crônica a) Hipertensão à quando (a elevação absoluta não é critério diagnóstico, entretanto, pode indicar maior risco de convulsões eclâmpticas). o Sistólica à > 140mmHg ou aumento de 30mmHg o Diastólica à > 90mmHg ou aumento de 15 mmHg o Hipertensão delta à é a hipertensão “relativa” a pessoas da mesma idade e condição, mesmo que esteja em valores absolutos menores que 140:90 mmHg (risco de convulsões eclâmpticas e síndrome HELLP) b) Hipertensão gestacional à é diagnosticada em mulheres nas quais a PA alcança 140/90 mmHg pela primeira vez após metade da gestação, contudo, nas quais a proteinúria não é identificada. Cerca de ½ das mulheres com HG irá desenvolver pré-eclâmpsia. Não ignorar aumentos de pressão considerável, visto que mesmo com a ausência de proteinúria, pois há risco considerável de convulsões eclâmpticas. Hipertensão transitória à a evidência de pré eclampsia não se desenvolve, sendo que a PA retorna a valores basais cerca de 12 semanas após o parto. c) Pré – Eclâmpsia É uma síndrome específica da gestação que pode afetar quase todos os sistemas orgânicos Hipertensão gestacional associada a proteinúria o A proteinúria define o amplo extravasamento endotelial sistêmico, característico de pré-eclâmpsia. O diagnóstico de proteinúria é feito por meio de exame urinário com os seguintes parâmetros o Excreção urinária acima de 300 mg o Relação de proteína:creatina acima de 0,3 o Fita com relação igual ou maior a +1 o Ainda não há consenso acerca dos valores de proteinúria, visto que esses sofrem oscilação ao longo do dia. A proteinúria clínica pode não ser uma característica em algumas mulheres com pré-eclâmpsia. Pode ser classificada, de acordo com os sintomas estabelecidos na tabela ao lado, em grave ou não grave. o Distúrbios Nocivos à cefaleia, ou distúrbios visuais podem ser sintomas de iminência de eclampsia. o Dor epigástrica ou no quadrante superior direito à acompanha a necrose hepatocelular, isquemia e edema que distende a cápsula.

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I Módulo 401 – Problema 7 I Thiago Almeida Hurtado – Turma VII

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I) Conceituar pré-eclâmpsia (leve e grave), eclampsia e síndrome HELLP. • Os modos como a gravidez incita ou agrava a hipertensão ainda não tem resposta bem definida. • Os distúrbios hipertensivos complicam de 5 a 10% das gestações o Quando associada a hipertensão prévia, a pré-eclâmpsia é a mais perigosa o 16% das mortes maternas decorrem de distúrbios hipertensivos, sendo que essa porcentagem pode ser

reduzida através de prevenção adequada. • As doenças hipertensivas gestacionais são divididas em basicamente, 04 classificações, as quais possuem

como intuito basicamente diferenciar a pré-eclâmpsia dos demais distúrbios hipertensivos, devido ao fato de ela ser a condição mais perigosa.

o Hipertensão Gestacional o Pré-eclâmpsia e eclampsia o Hipertensão crônica de etiologia diversa o Pré-eclâmpsia superposta a hipertensão crônica

a) Hipertensão à quando (a elevação absoluta não é critério diagnóstico, entretanto, pode indicar maior risco de convulsões eclâmpticas). o Sistólica à > 140mmHg ou aumento de 30mmHg o Diastólica à > 90mmHg ou aumento de 15 mmHg o Hipertensão delta à é a hipertensão “relativa” a pessoas da mesma idade e condição, mesmo que esteja

em valores absolutos menores que 140:90 mmHg (risco de convulsões eclâmpticas e síndrome HELLP) b) Hipertensão gestacional à é diagnosticada em mulheres nas quais a PA alcança 140/90 mmHg pela primeira

vez após metade da gestação, contudo, nas quais a proteinúria não é identificada. • Cerca de ½ das mulheres com HG irá desenvolver pré-eclâmpsia. • Não ignorar aumentos de pressão considerável, visto que mesmo com a ausência de proteinúria, pois há

risco considerável de convulsões eclâmpticas. • Hipertensão transitória à a evidência de pré eclampsia não se desenvolve, sendo que a PA retorna a

valores basais cerca de 12 semanas após o parto. c) Pré – Eclâmpsia

• É uma síndrome específica da gestação que pode afetar quase todos os sistemas orgânicos

• Hipertensão gestacional associada a proteinúria o A proteinúria define o amplo extravasamento endotelial sistêmico,

característico de pré-eclâmpsia. • O diagnóstico de proteinúria é feito por meio de exame urinário com os

seguintes parâmetros o Excreção urinária acima de 300 mg o Relação de proteína:creatina acima de 0,3 o Fita com relação igual ou maior a +1 o Ainda não há consenso acerca dos valores de proteinúria, visto que

esses sofrem oscilação ao longo do dia. • A proteinúria clínica pode não ser uma característica em algumas mulheres

com pré-eclâmpsia. • Pode ser classificada, de acordo com os sintomas

estabelecidos na tabela ao lado, em grave ou não grave. o Distúrbios Nocivos à cefaleia, ou distúrbios visuais

podem ser sintomas de iminência de eclampsia. o Dor epigástrica ou no quadrante superior direito à

acompanha a necrose hepatocelular, isquemia e edema que distende a cápsula.

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o Trombocitopenia à é característica da pré-eclâmpsia em agravamento, sendo provavelmente causada por ativação e agregação plaquetária. Envolvimento renal, cardíaco ou evidente restrição do crescimento fetal, a qual atesta a pré-eclâmpsia grave.

d) Eclâmpsia

• Em mulheres com pré-eclâmpsia, convulsões que não possam a ser atribuídas a outras causas é denominada eclampsia.

• Convulsões generalizadas, podendo aparecer antes, durante ou depois do trabalho de parto.

e) Pré-eclâmpsia superposta à hipertensão crônica • Todos os distúrbios hipertensivos crônicos predispõem essa condição • A hipertensão crônica subjacente é diagnosticada com mulheres com PA igual ou superior a 140/90 mmHg

antes da gravidez ou antes de 20 semanas de gestação. • Distúrbios hipertensivos podem criar problemas no diagnóstico e tratamento nas mulheres não

observadas até depois da metade da gestação, pois a PA sofre uma redução fisiológica durante o segundo e inicio do terceiro trimestre em mulheres normotensas e com hipertensão crônica.

o Portanto, uma mulher com doenças vasculares pode apresentar falso negativo! o Quando a PA retorna as seus níveis fisiológicos no terceiro trimestre, pode ser difícil de se deduzir se

essa é crônica ou induzida pela gravidez. • Se a hipertensão de início recente ou basal em agravamento for acompanhada por proteinúria de início

recente, então a pré-eclâmpsia superposta é diagnosticada. o Com frequência se desenvolve mais precocemente na gravidez

• A doença superposta tende a ser mais grave, podendo ser acompanhada por restrição do crescimento fetal.

f) Síndrome HELLP • Transtorno específico da gravidez, caracterizado por

o Hemólise (H) o Elevação das enzimas hepáticas (EL) o Baixa contagem de plaquetas (LP)

• Está associada a pré-eclâmpsia grave, entretanto, também pode ser encontrada em gestantes com níveis de pressão mais baixos.

2) Estudar sobre a Doença Hipertensiva Específica da Gestação: fatores de risco, etiologia, fisiopatologia, diagnóstico clínico e laboratorial

1) Fatores de Risco a) Pré-Eclâmpsia

• Idade à mulheres novas e nulíparas apresentam predisposição maior a eclampsia enquanto mulheres mais velhas apresentam maior propensão a pré-eclâmpsia associada a hipertensão crônica.

• Fatores ambientais, socioeconômicos e sazionais • Paridade à a incidência é maior em nulíparas. • Obesidade à mulheres com IMC maior apresentam maior chance de desenvolver essa condição • Gestações com mais de 01 feto à apresentam maior chance de eclampsia e hipertensão gestacional • Pré eclampsia prévia à mulheres que já tiveram quadro anterior de pré-eclâmpsia apresentam maior

chance de desenvolvê-la em uma gravidez subsequente. b) Eclâmpsia

• Por ser algo evitável pela realização adequada de pré-natal, sua incidência vem reduzindo com o passar dos anos.

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2) Etiopatogenia • Os distúrbios hipertensivos são mais prováveis de se desenvolver nas mulheres:

o Expostas a vilosidades coriônicas pela primeira vez (não precisam estar dentro do útero, portanto, o feto não é um fator determinante)

o Expostas a uma abundância de vilosidades coriônicas, como gêmeos ou mola hidatiforme o Condições preexistentes de ativação de célula endoteliais ou inflamação, como diabetes ou doença

renal ou cardiovascular o Geneticamente predispostas para que a hipertensão se desenvolva durante a gravidez

• A pré-eclâmpsia apresenta grande variabilidade em sua expressão fenotípica clínica, sendo presentes dois subtipos principais:

o Sua diferenciação se dá pela presença ou não de defeitos frente a remodelação de arteríolas espirais uterinas por invasão trofoblástica.

o “Distúrbio de dois estágios” (divisão artificial, pois essa síndome se apresenta como uma implantação “gradual”).

§ Estágio 1 à remodelação trofoblástica endovascular defeituosa § Estágio 2 à síndrome clínica, sucetível a modificação pelas condições maternas

manifestadas por ativação ou inflamação de células endoteliais (doença cardiovascular, diabetes...)

3) Etiologia a) Invasão Trofoblástica Anormal

o A invasão normal é caracterizada por: § Remodelação extensa das arteríolas espiraladas no interior da decídua § Substituição do tecido vascular endotelial por células trofoblásticas (zona de baixa pressão)

o Na invasão anormal, há a invasão trofoblástica incompleta (superficial) § Os vasos da decídua (e não os do miométrio) se tornam revestidos por células trofoblásticas

endovasculares. § As arteríolas mais profundas não perdem seu revestimento endotelial e tecido

musculoelástico. § O lúmen reduzido da arteríola prejudica o

fluxo sanguíneo placentário. • A perfusão diminuída e o

ambiente hipóxico levam a liberação de fatores que incitam uma resposta inflamatória sistêmica.

o A magnitude da invasão defeituosa está diretamente relacionada a gravidade do distúrbio hipertensivo.

o A pré-eclâmpsia inicial acarreta em: § Dano endotelial § Insudação dos constituintes plasmáticos nas paredes

vasculares à acúmulo de lipídeos (aterose) § Proliferação das células miointimais § Necrose medial

o A placentação defeituosa provoca o desenvolvimento de hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia, parto prematuro, restrição de crescimento fetal e/ou descolamento de placenta.

b) Fatores imunológicos • A desregulação da tolerância imune materna aos antígenos placentários pode contribuir para a pré-

eclâmpsia.

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o Alterações histológicas na interface materno-placentária são sugestivas da rejeição aguda do enxerto.

o Pode estar relacionado a “sensibilização” frente a gravidez anterior e genes de sucetibilidade compartilhada com diabetes e hipertensão.

• Dados sugerem que a pré-eclâmpsia é uma condição imunomediada. • A “má adaptação imune” pode gerar alterações que contribuam com a vascularização placentária

deficiente, fator determinante para o estágio 1 da síndrome da pré-eclâmpsia. o Por exemplo, há alteração da relação Th1/Th2 (Th1 secreta citocina inflamatória, enquanto Th2

promove imunidade humoral. c) Ativação das células endoteliais

• Alterações fisiológicas no estado de inflamação podem ser uma continuação das alterações do estágio 1 causadas pela placentação anormal (liberação de fatores placentários)

o Fatores antiangiogênicos e metabólicos, assim como outros mediadores inflamatórios, provocando lesão da célula endotelial.

• A disfunção endotelial pode resultar de um estado ativado leucocitário aumentado na circulação materna, contribuindo para o estresse oxidativo, o qual está diretamente associado com a pré-eclâmpsia.

o Liberação de espécies de oxigênio reativas e radicais livres. o Lesão de célula endotelial, o que modifica a produção de ácido nítrico e interfere no equilíbrio

de prostaglandina. o Produção de macrófagos espumosos, repletos de lipídeo (característicos da aterose discutida

anteriormente) • Ativação da coagulação microvascular à trombocitopenia • Maior permeabilidade capilar à edema e proteinúria

d) Fatores nutricionais • Dieta rica em frutas e vegetais (antioxidantes) à menor PA • Ingestão de ácido ascórbico inferior a 85 mg à maior chance de pré-eclâmpsia • Não existem evidencias acerca dos benefícios por trás da suplementação alimentar de antioxidantes.

e) Fatores genéticos • A pré-eclampsia é um distúrbio influenciado por fatores poligênicos • Descendentes de mulheres com pré-eclampsia apresentam maior

chance de desenvolver hipertensão na gestação e pré-eclampsia. o Interação de milhares de genes herdados, tanto maternos

quanto paternos à controle de funções enzimáticas e metabólicas do organismo

• Vários são os genes cuja alteração podem apresentar uma associação significativa positiva com a pré-eclampsia.

• A expressão genotípica e fenotípica da síndrome da pré-eclâmpsia é influenciada por uma extensa lista de variáveis

o Interações gene-ambiente, distúrbios associados, etnia genómica, fenomenos epigenéticos...

4) Patogenia a) Vasoespasmo

• A ativação endotelial gera contrição vascular com maior resistência, gerando uma hipertensão. o Extravasamento intersticial, através do qual componentes como plaquetas e fibrinogênio são

depositados em nível subendotelial • Ruptura das proteínas juncionais endoteliais • Circuito venoso aumentado • Menor fluxo sanguíneo devido a má distribuição

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o Isquemia, necrose hemorragia e lesão dos tecidos adjacentes (podem Leatingir o órgão alvo) b) Ativação da célula endotelial

• Lesão da célula endotelial é um dos principais fatores na patogênese da pré-eclâmpsia. o Fatores desconhecidos são secretados para o interior da circulação materna, provocando

ativação e disfunção do endotélio vascular. o Aumento nos níveis de células endoteliais circulantes (CEC) e nos níveis de micropartículas

endoteliais circulantes (MEC) • Acredita-se que essas disfunções vasculares são a gênese da pré-eclâmpsia. • O endotélio intacto apresenta propriedades anticoagulantes, assim como resposta moduladora aos

estímulos vasoconstritores e vasodilatadores o Quando lesadas, podem produzir níveis reduzidos de NO e secretar substâncias que promovem a

coagulação, bem como aumentarem a sensibilidade aos vasopressores à ação semelhante as células endoteliais ativadas.

o Alteração na morfologia capilar dos glomérulos do néfron o Disseminação na circulação de substâncias associadas à ativação endotelial.

• Mulheres com pré-eclâmpsia, ao contrário das grávidas normais, apresentam uma maior reatividade aos vasopressores (norepinefrina e angiotensina II).

• A síntese de prostaglandinas pelo endotélio encontra-se reduzida em mulheres com pré-eclâmpsia (a resposta vasopressora atenuada se deve a menor responsividade vascular devido ao aumento de síntese dessa molécula).

o Aumento da secreção de tromboxano A2 pelas plaquetas, reduzindo a razão prostaciclina/tromboxano.

o Aumento na sensibilidade da angiotensina II e aumento na vasoconstrição. • O óxido nítrico também é um importante agente produzido por células endoteliais, sendo que sua

síntese reduzida pela célula leva a quadro de pré-eclampsia. o Aumento da PAM o Redução da FC o Reversão da refratariedade induzida pela gravidez aos vasopressores.

c) Endotelinas • São potentes vasocontritores. • A endotelina 1 é a isoforma primária produzida pelo endotélio humano, sendo produzida em níveis

elevadíssimos por mulheres com pré-eclâmpsia. o O tratamento com sulfato de magnésio reduz as concentrações de ET-1

d) Proteínas angiogênicas e antiangiogênicas • Estão envolvidas no desenvolvimento vascular placentário • Desequilíbrio angiogênico é gerado por quantidades excessivas de fatores antiangiogênicos que são

estimulados pela hipóxia em agravamento na interface uteroplacentária • O tecido trofoblástico das mulheres que irão desenvolver pré-eclâmpsia apresentam produção

excessiva dos seguintes fatores antiangiogênicos o sFlt-1 à invadem e reduzem as concentrações de fatores placentários que aumentam a

vascularização do epitélio, levando a disfunção endotelial o sEng à molécula que bloqueia a endoglina, um correceptor de superfície para a família de TGF-

B, inibindo sua ligação a seus receptores e reduzindo a vasodilatação dependente de NO. • A causa dessa produção excessiva de proteínas antiangiogênicas ainda não foi elucidada.

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5) Fisiopatologia • A causa da pré-eclâmpsia ainda está desconhecida, contudo, alterações fisiopatológicas ocultas ganham

impulso durante a gestação e se tornam clinicamente aparentes com a progressão da doença, sendo que essas manifestações envolvem diversos órgãos.

• Apresenta um amplo espectro de manifestação clínica (e consequente gravidade/prognóstico) a) Sistema Cardiovascular

• O acometimento está diretamente relacionado aos seguintes fatores: o Aumento na sobrecarga cardíaca pela hipertensão o Alteração da pré carga (pela hipovolemia patológica ou soluções oncóticas/cristaloides) o Ativação endotelial (extravasamento de líquido para o espaço extracelular e para os pulmões)

• A função cardíaca na pré-eclâmpsia sofre diversas alterações. Na maioria das mulheres a função cardíaca clínica é adequada apesar da frequência elevada de disfunção diastólica.

o Débito Cardíaco à sofre redução (aumento da resistência periférica) o Miocárdio à remodelagem ventricular e disfunção diastólica (resposta adaptativa para manter

a contratibilidade normal com o aumento da pós carga). A disfunção diastólica pode agravar seriamente condições prévias como hipertrofia ventricular concêntrica por hipertensão crônica.

o Função ventricular à pode se apresentar normal ou ligeiramente hiperdinâmica, sendo o DC adequado para a pressão de enchimento do lado esquerdo. O aumento da função ventricular é em grande parte resultado do aumento pressões de oclusão do vaso (vasoconstrição) (baixa concentração de albumina no sangue gera pressão oncótica diminuída), e não do aumento de contratibilidade do miocárdio. A pressão de enchimento permanece dependente do volume de líquido intravenoso (função ventricular aumenta com o enchimento por líquido).

o Volume Sanguíneo à a hemoconcentração é característica de eclampsia. Nas mulheres com eclampsia, há redução significativa da volemia sanguínea, devido a vasocontrição generalizada que sucede ativação endotelial e ao extravasamento de plasma para dentro do espaço intersticial devido a maior permeabilidade. Geralmente essa condição não é tão acentuada em mulheres com pré-eclâmpsia.

§ A queda no hematócrito pode indicar resolução do quadro de pré-eclâmpsia (pode decorrer de perda sanguínea durante o parto ou maior índice de destruição das células sanguíneas). Geralmente o endotélio demora certo tempo para se recuperar após o parto, sendo que o hematócrito também reduz gradativamente conforme esse processo.

§ Pacientes com eclampsia • São muito sensíveis a terapia hídrica com intenção de gerar aumento do volume

sanguíneo. • São muito sensíveis a perdas sanguíneas durante o parto.

b) Alterações hematológicas • Trombocitopenia à concentração reduzida de plaquetas

o A concentração de plaquetas deve ser rotineiramente medida em qualquer mulher com hipertensão gestacional.

o A doença grave é indicada por contagem de plaquetas inferior a 100.000/µL o Quanto menor a taxa de plaquetas, maior será a morbimortalidade materna e fetal. o Continua a se agravar conforme progressão da gestação, sendo indicado o parto assim que

possível (a frequência após o parto volta a subir para níveis normais em até 5 dias). o É possível a ocorrência de outras anomalidades plaquetárias, como redução da agregação

plaquetária e alteração na sua morfologia. • Hemólise à alteração, dissolução ou destruição dos glóbulos vermelhos sanguíneos.

o Geralmente ocorre na pré-eclâmpsia grave o Níveis elevados de lactato desidrogenase no sangue (enzima que participa do processo de

transformação de glicose em energia nas células) associados a níveis reduzidos de haptoglobina

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(proteína que se liga irreversivelmente a Hb após a hemólise, formando um complexo que será transportado pelo sangue e metabolizado) encontram-se elevados no sangue periférico.

o Gerada por anemia microangiopática (redução no nível de glóbulos vermelhos determinada por alterações dos vasos sanguíneos que destroem a hemácia durante sua passagem)

• Síndrome HELLP o Níveis séricos anormalmente elevados de transaminase hepática encontrados conjuntamente

com trombocitopenia e hemólise, sendo indicativos de necrose hepatocelular. o É utilizada como fator para diferenciar a pré-eclâmpsia grave da não grave!

c) Alterações de coagulação

• Alterações sutis compatíveis com a coagulação intravascular e destruição eritrocitária são comumente encontradas com a pré-eclâmpsia e, principalmente, com a eclampsia.

• Maior consumo do fator VIII • Maiores níveis de fibrinopeptídeos A e B • Maior nível de Dímero D • Menor nível de proteína reguladora, antitrombina III e proteínas C e S. • Os níveis de fibrinogênio apenas sofrem alteração caso ocorra descolamento te placenta associado. • As aberrações de coagulação geral são leves e raramente apresentam relevância clínica. • Pré-Eclâmpsia à fibronectina aumentada (proteína da membrana do endotélio)

d) Homeostasia do volume

• Os aumentos volumétricos intra e extracelulares induzidos pela gravidez normal sofrem processos adicionais com a pré-eclâmpsia.

• Nas mulheres com pré-eclâmpsia grave, o volume de líquido extracelular, manifestado como edema, costuma ser muito maior que o das mulheres gestantes normais, sendo a lesão endotelial a principal responsável pela retenção hídrica patológica

o Edema generalizado o Proteinúria o Pressão oncótica plasmática reduzida (auxilia no

deslocamento do plasma para o interstício) • Pré-eclâmpsia à sem alterações eletrolíticas relevantes • Eclâmpsia à o pH e a concentração de bicarbonato no soro reduzem devido a acidose lática e a perda

respiratória compensatória de Co2 (acidose metabólica e respiratória)

e) Rins • O fluxo sanguíneo renal e a taxa de filtração glomerular são fisiologicamente maiores na gravidez,

entretanto, com o desenvolvimento da pré-eclâmpsia, podem ocorrer diversas alterações anatômicas e fisiopatológicas reversíveis.

• Perfusão renal e filtração glomerular reduzidas (sendo a intensidade disso proporcional a gravidade da doença)

o Aumento da resistência arteriolar aferente renal, a qual pode se mostrar elevada em até cinco vezes.

o Endoteliose glomerular (espessamento endotelial, aumento de volume e vacuolização dos glomérulos) à bloqueia a filtração

• As alterações na filtração geram: o Aumento dos valores de creatinina sérica o Aumento da concentração de sódio na urina

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o Aumento na concentração plasmática de ácido úrico (maior reabsorção tubular e redução da taxa de filtração glomerular).

o Menor excreção de Cálcio • Proteinúria

o Critério utilizado para estabelecer o diagnóstico de pré-eclâmpsia. o Pode se desenvolver tardiamente, podendo apenas aparecer depois do parto ou da convulsão

eclâmptica. o Ainda deve ser estabelecido um nível anormal, seja de proteína ou de albumina na urina.

§ O consenso é de valor superior a 300mg/24h. o Vários métodos podem ser usados para medir a proteinúria, entretanto, nenhum deles detecta

todas as diversas proteínas normalmente excretadas. § A medição de excreção de albumina é um método mais exato (excede a filtração das

globulinas maiores, sendo que grande parte das doenças glomerulares apresentam albumina como proteína na urina);

• Alterações anatômicas o Glomérulos aumentados, com alças variavelmente

dilatadas e contraídas, sem sangue. o Células endoteliais edemaciadas (podem até bloquear o

lúmen capilar) à endoteliose capilar glomerular. § Os fatores angiogênicos são cruciais para a saúde

do podócito, sendo esses reduzidos na eclampsia. § Ocorre a excreção urinária de podócitos, típica de

doenças com proteinúria. o Depósitos subendoteliais de proteínas e material

semelhante à fibrina. • Lesão renal aguda

o Raramente a necrose tubular aguda é causada exclusivamente pela pré-eclâmpsia. o Produzida por hemorragia coexistente com hipovolemia e hipotensão

§ Geralmente causado por hemorragia obstétrica grave, para a qual não foi administrada reposição sanguínea adequada.

f) Fígado • Lesões características à hemorragia periportal na periferia hepática • O envolvimento hepático com a pré-eclâmpsia pode ser clinicamente significativo em várias

circunstâncias. o Em quase metade das mulheres que morreram com eclampsia, apresentavam infarto hepático de

algum grau acompanhado da hemorragia. • Paciente sintomático à presença de doença grave

o Dor mesoepigástrica ou no quadrante superior direito moderada a intensa.

• Choque hepático à infarto agravado por hipotensão decorrente de hemorragia obstétrica.

• Elevação dos níveis séricos de AST e ALST (transaminsases hepáticas) à marcadores para pré-eclâmpsia grave.

• Hematoma hepático à infarto hemorrágico pode se estender para formar um hematoma, o qual pode gerar um hematoma subcapsular, passível de rompimento, sendo esses mais comuns com a síndrome HELLP. o Geralmente, não é necessário tratamento cirúrgico, a não ser que ocorra sangramento iminente por

rompimento do hematoma.

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• Na síndrome HELLP (a qual não apresenta definição universalmente aceita à não se sabe se apresenta patogenia distinta ou semelhante a pré-eclâmpsia) a probabilidade de hematoma e ruptura hepática é substancialmente maior. o Quando associada a pré-eclâmpsia, há uma mortalidade substancialmente maior.

g) Pâncreas • Não há envolvimento especial na pré-eclâmpsia • Relatos de caso acerca de hemoconcentração predispondo a inflamação pancreática desse órgão.

h) Cérebro • Cefaleia e sintomas visuais são comuns em casos de pré-eclâmpsia

grave, definindo as convulsões associadas a eclampsia. • Lesões neuroanatômicas

o Hemorragia intracerebral macroscópica o Hemorragias peritequiais corticais e subcorticais o Vascular à necrose fibrinoide da parede arterial, microinfartos e

hemorragias perivasculares. o Edema subcortical à “amolecimento difuso do cérebro” o Áreas hemorrágicas na substância branca.

• Fisiopatologia o 2 teorias, sendo que a disfunção da célula endotelial

apresenta um papel importante em ambas. o Em resposta a hipertensão grave e aguda, a regulação

vascular cerebral excessiva leva ao vasoespasmo à na angiografia, encontra-se segmentos difusos ou multifocais de estreitamento sugestivos de vasoespasmo.

§ O menor fluxo sanguíneo gera isquemia, edema citotóxico e infarto tecidual

o As súbitas elevações na PA excedem a capacidade autorreguladora vascular cerebral normal. As regiões de vasofilatação e vasoconstrição forçadas se desenvolvem nas zonas limítrofes arteriais.

§ Ruptura capilar à aumento da pressão hidrostática, hiperperfusão e extravasamento de plasma e eritrócitos, levando a edema vasogênico.

o As duas teorias se complementam! § Em geral, há uma perda de regulação que predispõe

a formação de edema em pressões muito inferiores a fisiológica em mulheres pré-eclâmpticas

o A região afetada com mais frequência é o córtex parieto-occipital, sendo lesões reversíveis na maioria dos casos à síndrome da encefalopatia posterior reversível.

• Fluxo sanguíneo cerebral o A autorregulação é o mecanismo que mantém o fluxo

cerebral em intensidade relativamente constante apesar de alterações na perfusão.

o Protege o cérebro da hiperfusão com PAM aumentando até 160mmHg

o A autorregulação é alterada pela gravidez (ainda não é consenso)

O edema vasogênico é uma lesão que afeta predominantemente a substância branca do cérebro pois é constituída de bandas paralelas de fibras sem interconexões solidas. Por apresentar alta densidade celular com muitas conexões intercelulares, a substancia cinzenta é menos suscetível ao edema. É tipicamente induzido pelas condições como hemorragias, infeções, convulsões, TCE, tumores, lesão por radiação e encefalopatias hipertensiva. É um edema que necessita de horas a dias para ser formado, e é considerado um processo irreversível.

Esse tipo de edema está diretamente ligado a condições que rompem a BHE devido ao aumento da permeabilidade vascular e consequente a fuga de componentes do plasma. A quebra da BHE promove o extravasamento do plasma e de seu conteúdo proteico, que é altamente osmótico. Esse extravasamento obedece à equação de Starling, relacionando as diferenças de pressão hidráulica e osmótica dos diferentes compartimentos. Esse tipo de edema também ocorre tardiamente em condições isquêmicas, como discutido anteriormente.

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o A eclampsia ocorre quando a hiperperfusão cerebral força o líquido capilar no sentido do interstício devido a ativação do endotélio, levando a edema perivascular notado com pré-eclampsia. É UM QUADRO DE SÍNDROME DA ENCEFALOPATIA POSTERIOR REVERSÍVEL!

• Manifestações Neurológicas o Cada manifestação significa envolvimento grave e requer atenção imediata. o Cefaleia e escotomas (região do campo visual que apresenta perda total ou parcial da acuidade) à

acometimento do lobo occiptal o Convulsões à são critérios disgnósticos para a eclampsia

§ Convulsões são geradas pela excessiva liberação de NT excitatórios (glutamato) § As evidências clínicas e experimentais sugerem que as convulsões quando prolongadas podem

provocar lesão cerebral significativa e disfunção significativa o Cegueira à é rara com a pré-eclâmpsia isolada, mas se complica com convulsões eclâmpticas em até

15% das mulheres. § Existem pelo menos dois tipos de cegueira

o Edema cerebral generalizado à gera mudanças no estado mental que variam de confusão ou coma. • Exames de neuroimagem

o Tomografia cerebral à lesões hipodensas localizadas na junção das substancias branca e cinzenta, localizada principalmente nos lobos frontal e temporal inferior.

§ Pode ser utilizado para identificar um envolvimento cerebral disfuso. § O edema nos lobos occiptais ou o central difuso pode criar sintomas como cegueira, letargia e

confusão. § Em casos avançados, a hipertensão leva a compressão ou obliteração dos ventrículos cerebrais.

o Ressonância Magnética à lesões hiperintensas em T2, síndrome de encefalopatia posterior reversível nas regiões subcorticais e corticais dos lobos parietal e occiptal.

§ Envolvimento comum em gânglios da base, tronco cerebral e cerebelo § Embora geralmente reversíveis, cerca de 25% das lesões hipertensas apresentam infartos

cerebrais que exibem achados persistentes. • Alterações visuais e cegueira

o Escotoma, visão embaçada ou diploplia (visão dupla) são comuns com a pré-eclâmpsia e eclampsia grave.

o Esses sintomas geralmente melhoram com tratamento e redução da PA. o A cegueira costuma ser menos comum, entretanto é reversível na maioria dos casos.

§ Descolamento de retina à é a principal causa de cegueira proveniente de lesão na retina. Quando sério, é geralmente unilateral e geram perda total da visão.

§ Infarto da retina (retinopatia de Purtscher) à infarto da retina § Oclusão da artéria da retina à pode gerar prejuízo permanente da visão

• Edema cerebral o Apresenta sintomatologia variada devido ao acometimento difuso. o Sintomas à letargia, confusão, visão embaçada, obnubilação e coma

§ Na maioria dos casos os sintomas aparecem e diminuem § Geralmente alterações do estado mental se correlacionam ao grau de envolvimento observado

com exames de imagem.

i) Perfusão uteroplacentária • O comprometimento da perfusão uteroplacentária, devido as causas já elucidadas anteriormente, são a

principal causa do aumento das taxas de morbidade e mortalidade perinatal. o Dessa maneira, a medição dos fluxos sanguineo placentário, interviloso e uterino podem fornecer

informações importantes, contudo, ainda não existem métodos eficientes para isso.

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I Módulo 401 – Problema 7 I Thiago Almeida Hurtado – Turma VII

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• A velocidade do fluxo sanguíneo da artéria uterina é utilizada para estimar a resistência ao fluxo uteroplacentário. Essa é estimada comparando-se as formas de onda da velocidade arterial sistólica e diastólica. o A resistência ao fluxo arterial da artéria uterina é reduzida na placentação normal, sendo que o

oposto ocorre na anormal. o Em geral, a gravidade do envolvimento fetal estão correlacionadas com a extensão das formas de

onda anormais. • A incisura da artéria uterina, detectada via Doppler, está associada a maiores riscos subsequentes de

pré-eclampsia ou bebes com restrição de crescimento. • “Distribuição de anel” à a resistência média é mais elevada nas mulheres com pré-eclâmpsia nos vasos

periféricos que nos centrais. • Apesar dos achados, a evidência de circulação uteroplacentária comprometida é encontrada em apenas

uma minoria das mulheres que continuam a desenvolver pré-eclâmpsia.

Predição e prevenção

a) Predição • Medição de marcadores

bioquímicos e biofísicos durante a gestação, que podem predizer sua evolução

o Atualmente, não existem testes de triagem específicos confiáveis.

o Existem combinações de testes que podem indicar um risco maior de desenvolver essa condição.

• Resistência vascular/ Perfusão placentária à muitos deles são incômodos, demorados e imprecisos. o Testes pressóricos provocativos à avaliam o aumento de pressão arterial em resposta a um

estímulo. § Rolagem à a gestante, inicialmente em decúbito lateral esquerdo, “rola” para assumir

uma posição em decúbito dorsal. Realizado em gestantes com 28 a 32 semanas. § Exercício Isométrico à a gestante aperta uma bola em sua mão § Infusão de angiotensina II à administração IV, sendo avaliada a resposta hipertensiva.

o Dopplervelocimetria da artéria uterina à a invasão trofoblástica defeituosa resulta em menor perfusão placentária e maior resistência da artéria uterina.

§ É possível visualizar esse processo pela US com Doppler no primeiro ou segundo trimestre.

§ É um teste preditivo eficiente para a pré-eclâmpsia no primeiro ou segundo trimestre! § Formação de incisura diastólica

o Análise da onda pulsátil à a rigidez do pulso arterial pode indicar um aumento de risco cardiovascular.

• Função Endócrina da unidade fetoplacentária o Diversas substâncias séricas podem ser avaliadas para ajudar a predizer a pré-eclâmpsia. o A detecção dessas substâncias também está frequentemente associada a outras complicações

da gravidez, como malformações.

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I Módulo 401 – Problema 7 I Thiago Almeida Hurtado – Turma VII

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• Testes da função renal o Ácido úrico sérico à a hiperuricemia é uma das primeiras manifestações laboratoriais da pré-

eclâmpsia § Redução da FG § Maior reabsorção § Menor secreção

• Disfunção endotelial

o Fibronectinas à glicoproteínas liberadas após lesão do endotélio o Ativação da coagulação à a trombocitopenia e a disfunção de plaquetas são aspectos integrais

da pré-eclâmpsia. A ativação plaquetária gera aumento na destruição e diminuição nas concentrações dessas. O volume plaquetário médio sobe devido a imaturidade plaquetária. Não pode ser usado como preditivo devido a frequente sobreposição dos valores com mulheres saudáveis.

o Estresse oxidativo à níveis elevados de peróxidos lipídicos e a menor atividade antioxidante aumentam a possibilidade de os marcadores do estresse oxidativo poderem predizer a pré-eclâmpsia.

o Fatores angiogênicos à um desequilíbrio entre fatores pró e antiangiogênicos está diretamente relacionado ao surgimento da pré-eclâmpsia. Os níveis séricos de fatores pró-angiogênicos como VEGF e PIGF começam a diminuir antes da manifestação clínica da pré-eclâmpsia.

o DNA fetal livre à pode ser detectado no plasma materno, devido a apoptose citotrofoblástica. Não é útil como exame preditivo.

b) Prevenção • Ainda não há consenso acerca da efetividade das medidas citadas abaixo. • Modificações alimentares e de estilo de vida

o Suplementação de cálcio à reduz o risco de pré-eclâmpsia em mulheres com risco elevado de desenvolver essa condição.

o Suplementação com óleo de peixe à apresentam ação protetora contra aterogênese mediada pela inflamação, contudo, não há evidência acerca dos benefícios quando aplicados em pacientes com pré-eclampsia

• Fármacos anti-hipertensivos à os diuréticos apresentam redução da incidência de edema e hipotensão, entretanto, não da pré-eclâmpsia. Não apresenta benefícios na prevenção da incidência de pré-eclâmpsia superposta.

• Antioxidantes à vitaminas C, D e E podem diminuir a oxidação envolvida na patogenia da pré-eclâmpsia.

• Antitrombóticos à na síndrome há ativação de plaquetas e do sistema de coagulação. • Ácido acetilsalicílico em dose baixa à inibe a biossíntese do tromboxano A2 plaquetário (coagulação

plaquetária), gerando um risco reduzido de desfechos adversos da gravidez e desenvolvimento de pré-eclâmpsia. É recomendado o seu uso em algumas mulheres de alto risco, de forma a prevenir a pré-eclâmpsia.

Tratamento

• A gravidez complicada pela hipertensão gestacional deve apresentar tratamento personalizado, de acordo com a gravidade, idade gestacional e presença de pré-eclâmpsia. Todos os tratamentos apresentam como objetivo:

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I Módulo 401 – Problema 7 I Thiago Almeida Hurtado – Turma VII

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o Término de gravidez com o mínimo de sequela para mãe e feto o Nascimento de um recém-nascido passível de desenvolvimento o Restauração completa da saúde materna

• Geralmente, os objetivos são alcançados através da indução do trabalho de parto. Uma das condições clínicas mais importantes para o tratamento bem-sucedido é o conhecimento exato da idade fetal.

a) Diagnóstico precoce da pré-eclâmpsia • Mulheres sem hipertensão, entretanto, com suspeita de desenvolvimento da pré-eclâmpsia durante as

consultas de pré-natal, devem ser observadas com maior frequência. o PAD > 80mmHg o Ganho de peso anormal súbito de mais de 900g/semana

• Mulheres com hipertensão franca de início recente devem ser admitidas em ambulatório para para avaliar se essa é resultado de pré-eclâmpsia e, caso for, qual a sua gravidade.

b) Evolução • Em mulheres com hipertensão de início recente, deve ser considerada a hospitalização.

o Avaliação diária dos achados clínicos o Determinação diária de peso o Análise para proteinúria e razão proteína:creatina urinária na admissão e pelo menos a cada dois

dias. o Avaliação da PA em posição sentada com manguito de 4 em 4 horas. o Medidas dos níveis séricos ou plasmáticos de creatinina e transaminases hepáticas, além do

hemograma para quantificação de plaquetas. o Avaliação do tamanho e bem-estar fetais, bem como do volume de LA, clinicamente ou usando a

US. • Identificaação de pré-eclampsia em momento precoce e desenvolvimento de esquema de tratamento para

o parto em momento adequado. • A maioria dos casos não são extremamente graves, podendo receber tratamento conservador até o

momento do trabalho de parto.

c) Consideração do parto • O término da gravidez é a única cura para a pré-eclâmpsia.

o Cefaleia, distúrbios visuais ou dor epigástrica são indicativos de convulsão eminente. • A pré-eclâmpsia grave exige anticonvulsivante e, comumente, terapia anti-hipertensiva seguida pelo parto.

o Possui como objetivo conter as convulsões, evitar hemorragia intracraniana e lesão grave de outros órgãos vitais, dar luz a criança saudável.

• Quando o feto é pré-termo, a tendência é aguardar o máximo, esperando-se que o tempo prolongado no útero reduza o risco de morte neonatal ou prematuridade fetal.

• O parto é eminente em mulheres com pré-eclampsia grave que não melhora após hospitalização, sendo recomendado para o bem estar da mãe e do feto.

o Indução do trabalho de parto, sendo que, caso falhe, deve ser indicado a cesariana. • Para mulheres pré-eclampticas (grau leve), próximas ao termo, com colo amolecido e parcialmente apagado,

há risco grande para mãe e feto caso não ocorra indução do trabalho de parto. • Cesárea Eletiva

o Quando diagnosticada a pré-eclampsia grave, a indução do trabalho de parto e o parto vaginal tem sido tradicionalmente considerados ideais.

o Alguns autores indicam a cesárea frente a situações de complicações diante do parto, como colo desfavorável e gravidade da pré-eclampsia.

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I Módulo 401 – Problema 7 I Thiago Almeida Hurtado – Turma VII

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d) Hospitalização x Tratamento ambulatorial • É indicado vigilância hospitalar para pacientes com hipertensão estável leve a moderada, tendo sido a pré-

eclampsia confirmada ou não. • A atividade física reduzida se apresenta, na maioria dos casos, como benéfica. • Tanto o manejo de hospitalização quanto o ambulatorial próximo são adequados para uma mulher com

hipertensão leve precoce e pré-eclâmpsia não grave. • Unidade de gestação de alto risco

o Muitas mulheres hospitalizadas apresentam resposta benéfica a hospitalização, desenvolvendo redução dos níveis hipertensivos (contudo, não há “cura”, visto que a pressão volta a subir durante o parto)

o Consegue tratar com efetividade mulheres com hipertensão leve a moderada de início precoce durante a gravidez.

• Cuidado domiciliar o Mulheres com hipertensão leve a moderada podem ser tratadas em seus domicílios. o O tratamento ambulatorial pode continuar enquanto a doença não sofre agravo e se não há suspeita

de risco fetal o A gestante deve ser devidamente informada acerca dos sintomas, devendo ocorrer monitoramento

domiciliar por meio do envio de enfermeiras visitadoras. e) Terapia anti-hipertensiva

• Utilizada em mulheres com hipertensão branda a moderada. • O tratamento farmacológico para pré-eclâmpsia leve não tem apresentado resultados satisfatórios.

o O tratamento pode induzir crescimento fetal adeverso. • Os efeitos maléficos e benéficos do tratamento anti-hipertensivo são praticamente irrelevantes

f) Postergação do parto • Mulheres com pré-eclâmpsia grave no pré-termo podem receber um manejo “expectante”, com o objetivo

de aumentar a sobrevida neonatal sem afetar a segurança materna. • Tratamento expectante no segundo trimestre

o As crescentes durações de internações pré-parto estão associadas a maiores taxas de morbidade materna e neonatal

o Deve ser feita uma rigorosa monitorização da mulher e do feto.

o Antes das 23 semanas à interrupção da gravidez (depois disso, a conduta ainda não é bem estabelecida por níveis de evidência)

o Não existem estudos comparativos que atestem o benefício perinatal de tratamento expectante versus o parto precoce, diante das complicações maternas graves, as quais se aproximam de 50%.

• Para melhorar a sobrevida fetal, podem ser administrados glicortisoides para a maturação pulmonar do feto.

• A administração de corticoesteroides não é recomendada para trombocitopenia com síndrome HELLP, por não apresentar evidências suficientes que sustentem a sua utilização.

Eclâmpsia

• A pré-eclâmpsia complicada por convulsões tônico-clônicas generalizadas aumenta apreciavelmente o risco para a mãe e feto.

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• Pode gerar complicações como: descolamento de placenta, déficts neurológicos, pneumonia por aspiração, edema pulmonar, parada cardiopulmonar, insuficiência renal aguda e, em 1% dos casos, morte materna.

• Na maioria dos casos, é precedida pela pré-eclâmpsia (mesmo que de forma silenciosa) • Dependendo do momento em que ocorre é designada de: anteparto, intraparto ou pós parto

o Anteparto à o trabalho de parto pode se iniciar de forma espontânea, logo após o estabelecimento das convulsões, podendo progredir com rapidez.

o Interparto à quando a convulsão ocorre durante o trabalho de parto, as contrações podem aumentar em frequência e intensidade, podendo reduzir a duração desse.

• É mais comum no último trimestre, tendo incidência crescente conforme a mulher se aproxima do termo. • A detecção precoce da pré-eclâmpsia, maior acesso ao cuidado pré-natal e uso profilático do sulfato de

magnésio tem reduzido a incidência da eclampsia anteparto e intraparto. • Mulheres com convulsões iniciadas após 48hrs do parto, déficits neurológicos focais, coma prolongado ou

eclampsia atípica devem ter outras hipóteses diagnósticas consideradas. • Tratamento imediato à convulsões intensas podem lançar a mulher para fora do leito e mordida da língua

por ação violenta da mandíbula (relaxamento e contração intermitente por cerca de 1 minuto) o Proteger as vias respiratórias o Com o fim das convulsões, a mulher se torna imóvel, entrando em estado de pós coma (podendo,

em alguns casos, ser estabelecido coma). Quando de caráter não tão frequente, quando a mulher desperta, pode ser estabelecido um estado combativo semiconsciente, em que a mulher recupera certo grau de consciência após a crise.

§ Em casos graves, o coma persiste entre as convulsões, podendo acarretar em morte. § Em casos raros, uma única convulsão pode ser seguida por coma § A morte só ocorre após convulsões frequentes § Em casos raros, pode ser necessária sedação profunda e anestesia geral, pois pode ser

estabelecido um quadro de estado epiléptico (convulsões contínuas que não apresentam redução de intensidade)

o Alterações metabólicas àAumento de CO2, acicdose lática e hipóxia transitória (podendo ocorrer cianose em casos graves)

§ Aumento considerável da frequência respiratória, podendo atingir +50 por minuto. § Pode gerar bradicardia fetal (que se resolve entre 3 a 5 minutos).

o A febre pode indicar caso grave, pois provavelmente é resultante de hemorragia cerebral. o Alterações renais à Após um aumento no débito urinário, geralmente ocorre uma melhora

significativa do quadro. § Geralmente há proteinúria e/ou edema, os quais costumam desaparecer 1 semana após o

parto. § A PA costuma voltar a normal em até 02 semanas após o parto (quanto mais prolongada e

mais grave se mostrar após o parto, mais provável é de a paciente apresentar a doença vascular crônica).

o Edema Pulmonar à pode ocorrer logo após a convulsão ou horas mais tarde. § Inalação de conteúdo gástrico por vômito durante as convulsões § Pode ser devido a insuficiência ventricular, devido a maior pós-carga devido a hipertensão

grave (a qual é agravada por administração de líquidos intravenosos) • Mais comum em mulheres com obesidade mórbida e nas com hipertensão crônica

anteriormente despercebidas o Hemorragia cerebral maciça à é a causa mais comum de morte súbita, a qual pode ocorrer durante

ou após uma convulsão. § A hemiplegia pode ser resultado de hemorragia subletal. § São mais prováveis em mulheres de idade avançada com hipertensão crônica subjacente. § Edema no lobo occiptal pode acarretar em cegueira nos quadros de eclampsia, sendo essa

de caráter reversível na maioria dos casos em até 2 semanas de pós parto.

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o Alterações mentais à coma, sendo que, em alguns casos, a mulher pode apresentar psicose (torna a mulher violenta) após o quadro eclâmptico, o qual apresenta duração variável.

• Diagnóstico diferencial o É mais provável o seu “diagnóstico em excesso” do que sua subnotificação. o Epilepsia, encefalite, meningite, tumor cerebral, cisticercose, embolia de LA, cafalgia por punção pós

dural e ruptura de aneurisma cerebral podem simular eclampsia o Todas as gestantes com convulsões devem ser consideradas portadoras de eclampsia até que se

prove o contrário. • Tratamento: Sulfato de magnésio

o O sulfato de magnésio é altamente efetivo para prevenção e interrupção das convulsões. § É um anticonvulsivante que atua no SNC, evitando a depressão desse. § Pode ser administrado por via IM (intermitente) ou IV (contínua), sendo a última quase

universalmente adotada. § Deve ser administrado durante o trabalho de parto e 24 hrs após, devido a maior chance de

desenvolverem convulsões nesse período. § Não é administrado para tratamento de hipertensão.

o É uma droga relativamente segura para uso materno, apresentando eficácia satisfatória e baixos riscos de complicação por hiperdosagem.

o Controle das convulsões à dose de ataque (4g) IV de sulfato de magnésio, seguido por infusão contínua de manutenção. Em geral, após cerca de 2 horas da administração, recupera a consciência o suficiente para se orientar no espaço-tempo.

§ Redução da PA por administração intermitente de anti-hipertensivo (apenas quando essa se apresenta excessivamente alta)

§ Parto do feto à evita nova pré-eclâmpsia § Uso de diuréticos exclusivo para edema pulmonar § Uso de líquidos IV limitada, a não ser que ocorra uma

perda excessiva de líquidos. § Quando administrado para interromper as convulsões,

podem surgir convulsões subsequentes em até 15% das pacientes.

o Terapia de manutenção à deve ser mantida por 24 horas após o parto/convulsões pós parto. Pode ser feita por infusão 2g/h ou IM.

o Farmacologia e toxicologia § O magnésio é depurado quase totalmente através de

excreção renal, sendo incomum a intoxicação por esse (com exceção das mulheres com alteração nas taxas de FG à determinar os níveis séricos de creatinina)

• Quando a função renal está reduzida, as dosagens previamente descritas se tornam excessivas. A dose de ataque pode ser administrada sem levar em consideração a função renal, devendo ser alterada apenas a taxa de manutenção.

• A função renal é estimada por meio da medição de creatina plasmática, sendo necessário ajuste dos níveis de magnésio quando essa for superior a 1mg/mL.

§ As convulsões são geralmente prevenidas por níveis de magnésio sanguíneo entre 4,8 e 8,4 mg/dL (magnésio ionizado é o que suprime a capacidade de excitação neuronal)

• Redução da liberação pré-sináptica do glutamato • Bloqueio dos receptores NMDA glutaminérgicos • Portencialização da ação da adenosina • Melhora do tamponamento do Ca mitocondrial • Bloqueio da entrada de Ca pelos canais voltaico dependentes.

§ A hipermagnesemia pode ser tóxica ao organismo

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• Níveis acima de 12mg/dL geram desaparecimento dos reflexos patelares, enfraquecimento da respiração com eventual paralisia e parada respiratória.

• Administrar gluconato de cálcio ou cloreto de cálcio, 1g, via IV em tais situações (associada a suspenção do sulfato de magnésio), pois conseguem reverter a depressão respiratória leve a moderada. Caso os níveis de Mg sejam elevados demais, a intubação traqueal e a ventilação mecânica devem ser empregados.

§ Reduz a pressão arterial média e a resistência vascular sistêmica, aumenta o débito cardíaco. o Efeitos uterinos

§ Depressão da contratibilidade miometrial em doses séricas altas de Mg (medicamentosa há apenas um breve efeito após administração)

• Fisiologia desconhecida, contudo, hipóteses insinuam atuação sobre os níveis séricos de cálcio intracelular.

o Efeitos fetal e neonatal § O Mg atravessa a placenta e consegue atingir o soro fetal/líquido amniótico (concentração

crescente conforme a infusão) § Apresenta pequenos efeitos sobre o padrão da frequência cardíaca fetal. § Apesar disso, é considerada segura para perinatos, entretanto, alguns estudos apresentam

complicações no parto (hipotonia, baixo Apgar, apenas em casos de hipermagnesemia grave durante o parto)

Hipertensão grave

• Apresenta como alguma de suas complicações: hemorragia vascular cerebral, encefalopatia hipertensiva, desencadear as convulsões em mulheres pré-eclâmpticas, insuficiencia cardíaca congestiva e deslocamento prematuro de placenta.

• Devido as complicações, é recomendado tratamento para reduzi a PS para 160 mmHg e PD para 110mmHg. o Pelo menos metade dos AVE hemorrágicos graves associados a pré eclampsia ocorrem em

mulheres com hipertensão crônica. • Quando de caráter crônico, gera o aneurisma de Charcot-Bouchard nas artérias cerebrais, enfraquecendo-as

e tornando-as mais predispostas a ruptura com aumento de pressão súbito. • Tratamento com anti-hipertensivos

o Hidralazina à é o anti-hipertensivo mais utilizado, agindo direto na musculatura lisa arterial, reduzindo assim a PA.

§ Administrada por via IV. § Gera uma redução considerável na pressão arterial diastólica (de 90 a 110mmHg), sendo

que, quando essa decai demais, prejudica a perfusão placentária. § É um medicamento que previne bem a hemorragia cerebral. § Apresenta ação rápida (10 min) § Como qualquer outro agente anti-hipertensivo, deve ser evitada a administração de doses

elevadas quando a PA é mais alta (5mg será sempre a dose inicial!) o Labetalol

§ Bloqueador não seletivo de alfa e beta receptores (vasos sanguíneos e coração) à vasodilatação e redução da resistência vascular, menor DC, contratilidade, trabalho cardíaco e resistência periférico.

§ Apresenta menos efeitos colaterais do que a hidralazina. § A não efetividade da resposta em 10 minutos, gera o 2x da dose, com limite de 80mg (não se

deve exceder a dose de 220mg por ciclo) o Nifedipin à é um bloqueador dos canais de cálcio, sendo eficiente para controlar a hipertensão

aguda relacionada à gravidez. § Via oral (10mg)

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o Diuréticos à podem comprometer a perfusão placentária § Depleção do volume intravascular (o qual já está reduzido comparado a gestante sem pré-

eclampsia) § Não são usados para redução da PA, e sim apenas para tratar edema agudo do pulmão.

Terapia Hídrica

• Solução de Ringer lactato • Administração de líquidos para repor o volume sanguíneo de forma cautelosa, pois há um desequilíbrio na

distribuição entre os líquidos no espaço intra e extravascular (uma infusão de volume excessivamente grande pode agravar essa má distribuição, aumentando o risco de complicações).

• Edema Pulmonar à gerado por permeabilidade capilar aumentada, edema cardiogênico ou combinação entre os dois.

o Administração vigorosa de líquido pode levar a uma congestão branda, devido ao edema por permeabilidade (lembre da alteração da pressão oncótica)

o Em conjunto com a pré-eclâmpsia associada a oligúria (menor volume de urina) é uma das indicações para monitorização hemodinâmica invasiva (geralmente é o tratamento agressivo da oligúria que gera o edema pulmonar)

Expansão do volume plasmático

• A hemoconcentração é uma condição associada a pré-eclampsia, portanto seria “intuitivo” tentar reverter essa situação.

• NÃO FAZER, POIS GERA GRAVES COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS A UM MAL PROGNÓSTICO. o Como por exemplo, o edema pulmonar. o Estudos indicam que, mesmo que não gere complicações, não há ganho de morbimotalidade

significativo.

Neuroprofilaxia (prevenção de convulsões)

• O sulfato de magnésio é o fármaco mais eficiente para evitar a eclampsia.

• A prevenção é mais eficiente em mulheres com doença correspondentemente agravada.

o Mulheres com eclampsia ou pré-eclâmpsia grave devem receber prevenção por meio de sulfato de magnésio

• Há incerteza sobre quais mulheres com hipertensão gestacional devem receber profilaxia.

Parto

• Para se evitar os riscos maternos pela cesárea, as etapas para efetuar o parto vaginal devem ser inicialmente empregadas nas mulheres eclâmpticas

o Após uma convulsão, o trabalho de parto frequentemente se estabelece de maneira espontânea o Morbidade grave é menos comum em mulheres que deram à luz por via vaginal.

• A perda sanguínea no parto deve ser uma preocupação relevante, pois as mulheres hipertensivas apresentam hipovolemia, estando muito mais susceptíveis a consequências por perda sanguínea do que as demais. Geralmente uma queda súbita de pressão após o parto significa perda sanguínea, e não resolução do quadro hipertensivo. A hemorragia, quando identificada, deve ser tratada adequadamente.

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Hipertensão pós-parto grave persistente

• Após o parto, não há necessidade de se preocupar com a má perfusão placentária gerada por alguns anti-hipertensivos.

• A hipertensão persistente/refratária provavelmente se origina pela mobilização do líquido do edema intersticial e redistribuição para o interior do compartimento intravenoso e/ou hipertensão crônica subjacente.

o Nas mulheres com problemas cardíacas, a insuficiência do miocárdio devido a hipertensão pode levar a edema agudo de pulmão.

• A administração de furosemida, um diurético de alça, pode auxiliar no controle da hipertensão em mulheres com pré-eclâmpsia grave.

o Após o parto, o peso materno deve ser reduzido entre 4,5 e 7 Kg em comparação com o peso enquanto grávida, entretanto, mulheres com pré-eclâmpsia podem geralmente apresentar um peso pós-parto superior ao seu último peso pré-natal, sendo que, se esse estiver relacionado com a manutenção da hipertensão, a furosemida é particularmente importante para o controle dessa.

• Outra causa da hipertensão persistente, cefaleia em “trovoada”, convulsões e angiopatia de pós parto é a síndrome de vasoconstrição cerebral reversível.

o É uma angiopatia de pós parto, caracterizada por constrição segmentar das artérias cerebrais, podendo estar associada com AVE isquêmico e hemorrágico, sendo que a vasoconstrição pode ser tão grave a ponto de gerar isquemia ou infarto cerebral.

o O tratamento adequado é desconhecido até o momento.

Consequências de longo prazo

• A pré-eclâmpsia é um marcador para morbimortalidade cardiovascular subsequente. o Acompanhamento de mulheres com hipertensão diagnosticada durante a gravidez durante os

primeiros meses após o parto. Quando persistente após 12 semanas, é considerada hipertensão crônica.

• Mulheres com hipertensão na gravidez apresentam fator de risco para condições de morbimortalidade posteriormente na vida, como cardiopatia isquêmica, AVE, hipertensão crônica, diabetes tipo 2

o É importante o acompanhamento após a gestação! • A pré-eclâmpsia parece ser um marcador para doença renal subsequente

o Maior resistência vascular periférica e renal, podendo gerar um menor fluxo sanguíneo nos rins (não é possível estabelecer relação de causa e efeito!)

• As convulsões eclâmpticas podem apresentar sequelas significativas a longo prazo (edema perivascular multifocal e áreas de infarto cerebral)

o Maior incidência e permanência de lesões na substancia branca o Comprometimento cognitivo

Aconselhamento a futuras gestações

• Mulheres que tiveram HG ou pré-eclampsia estão mais sujeitas a desenvolver complicações hipertensivas e metabólicas em futuras gestações.

• Maior incidência de parto pre termo, restrição de crescimento fetal, descolamento prematuro de placenta...