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I Módulo 803 – Problema 02 I Thiago Almeida Hurtado
1) Compreender a definição, diagnósticos diferenciais, semiologia, exames complementares e
tratamento para a emergência hipertensiva, diferenciando-na da urgência hipertensiva.
1) Introdução
• Crises hipertensivas representam de 3 a 25% dos atendimentos dos departamentos de emergência.
• A prevalência da HAS, no Brasil, é de 32,5% em adultos, e estima-se que 50% dos adultos acima dos 60
anos de idade apresentem HAS. 1 a 2% desses terão uma crise hipertensiva verdadeira.
• As crises hipertensivas mais comuns no departamento de emergência são edema agudo de pulmão e
acidente vascular encefálico.
o Estima-se que as crises hipertensivas correspondam à 1,7% dos atendimentos nos departamentos
de emergências.
• Alguns fatores de risco para o seu desenvolvimento são:
o Sexo masculino
o Mal adesão aos fármacos anti-hipertensivos
o Obesidade
o Doença renal crônica
• ATENÇÃO! Em 1993, o V Joint National Comittee on Detection, Evaluation and Treatment of High
Blood Pressure propôs a divisão de crises hipertensivas em emergências e urgências hipertensivas.
o Urgências Hipertensivas (UH): situações clínicas sintomáticas em que há pressão arterial
diastólica > 120 mmHg, na ausência de lesão de órgão alvo aguda.
▪ A maioria das urgências hipertensivas não necessitam de intervenção medicamentosa no
departamento de emergências, mas sim, reorientação e encaminhamento ambulatorial
precoce.
▪ Esse é um conceito controverso, e, inclusive, não é abordado nas diretrizes europeias de
HAS... Isso se deve ao fato de o paciente estar relativamente assintomático (porém
apresenta elevado risco de desenvolver EH nos próximos dias!)
o Emergências Hipertensivas (EH): situações clínicas sintomáticas em que há pressão arterial
diastólica > 120 mmHg, na presença de lesão de órgão alvo aguda e progressiva.
▪ Geralmente nas emergências, a PAS apresenta-se superior a 180 mmHg.
▪ São uma ameaça a vida, necessitando de controle hipertensivo rápido.
• ATENÇÃO! Os valores pressóricos citados anteriormente não devem ser tomados como absolutos para
a presença de EH ou UH. Por exemplo, alguns pacientes podem apresentar EH com pressão inferior a
180/120.
• Esses pacientes, com frequência, apresentam HAS de origem secundária.
o Hipertensão renovascular, DRC, hiperaldosteronismo primário, feocromocitoma...
2) Fisiopatologia
• Ainda não está bem elucidada...
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• O início abrupto sugere que exista um “mecanismo de gatilho”, provavelmente relacionado a
vasoconstrição sérica.
o Esse evento pode estar relacionado ao excesso de sódio no organismo, ou a liberação excessiva
de catecolaminas (feocromocitoma).
• Agora, vamos relembrar... Os órgãos nobres (cérebro, coração e rins) apresentam um mecanismo fino de
autorregulação de seu fluxo sanguíneo, de forma a mantê-lo o mais contínuo possível apesar de
oscilações na pressão arterial média (PAM). Isso se dá pela variação do tônus vascular dos vasos, de
forma que um aumento da PAM induz vasoconstricção, enquanto uma redução da PAM induz
vasodilatação.
o Entretanto, esse mecanismo só é capaz de manter a perfusão em valores de PAM entre 60 e 120
mmHg em indivíduos normais (portanto, uma elevação súbita de PAM pode levar a crise
hipertensiva em pessoas sem HAS, como é o caso da eclampsia!)
• Em hipertensos crônicos, o mecanismo de autorregulação vascular está alterado devido aos valores
constantemente elevados da PA.
o Isso faz com que a faixa de variação da PAM com a qual o fluxo orgânico é mantido constante
seja reajustada para valores maiores, como de 120 a 160 mmHg no hipertenso grave.
o Portanto, nesses pacientes, uma crise hipertensiva ocorre apenas em valores elevadíssimos, como
220x120 mmHg!
• ATENÇÃO! Essa variação nos valores de PAM capazes de alterar a perfusão dos órgãos nobres explica
o porquê de não haver limites bem definidos para o surgimento de crises hipertensivas... Depende do
paciente que estamos avaliando!
• ATENÇÃO! O quadro clínico do paciente pode ser causado pelos efeitos da hipertensão em si ou por
uma patologia aguda associada, cuja evolução esteja sendo agravada pela hipertensão!
Elevação abrupta da PA
Estresse mecânico vascular
(lesão endotelial)
Inflamação
↑Permeabiliade Vascular
Ativação da cascata de coagulação
Deposição de fibrina
Ativação do SRAA
Isquemia
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o Hipertensão: o processo crônico de lesão endotelial pode levar à
▪ Ruptura vascular (AVE hemorrágico)
▪ Extravasamento de líquido (encefalopatia hipertensiva)
▪ Hiperplasia arteriolar (nefroesclerose hipertensiva maligna)
▪ Elevação das pressões de enchimento ventricular (edema agudo pulmonar)
▪ Lesões vasculares na retina
o Patologia aguda: seu quadro clínico é agravado pela hipertensão subjacente.
▪ IAM e angina instável – o aumento pressórico excessivo leva a elevação da pós-carga, o
que dificulta o trabalho do miocárdio e exacerba o consumo de oxigênio. Portanto, piora a
isquemia.
▪ Dissecção aórtica aguda – o aumento de pressão sob a aorta fragilizada predispõe a sua
ruptura e choque hemorrágico fatal.
3) Diagnóstico
a) Anamnese/Exame Físico
• Aferição de PA nos dois membros, de preferência em um ambiente calmo e repetidas vezes, até a
estabilização (no mínimo, medir 3x).
• Questionar acerca de situações ou drogas que desencadeiam o aumento da PA, assim como a adesão aos
fármacos prescritos.
o Ansiedade, dor, anti-inflamatórios, corticoides, álcool...
o O uso de drogas ilícitas (principalmente cocaína – vasoconstrição por estimulação adrenérgica)
é um fator de risco conhecido para crises hipertensivas.
• Durante exame físico, procurar sinais e sintomas que possam auxiliar no diagnóstico etiológico, como:
o Hemorragia subaracnóidea: rigidez de nuca, déficits motores e sensitivos, alteração no nível de
consciência.
o Eclâmpsia: hiper-reflexia em mulheres no puerpério
o Dissecção de aorta: assimetria de pulso/PA, surgimento de novos sopros
o Edema pulmonar: dispneia e tosse com expectoração rosa
• ATENÇÃO! Durante a avaliação do paciente, o mais importante é excluir lesão aguda, contínua e de
órgão alvo, o que indicaria crise hipertensiva ao invés de uma hipertensão assintomática grave.
o Os achados de retinopatia hipertensiva aguda no exame de fundo de olho como transudatos
periarteriolares, edema do disco óptico são considerados diagnósticos para emergência
hipertensiva, todavia, podem estar ausentes em até 30% desses pacientes.
Achados que sugerem EH ou UH
- Sintomas neurológicos generalizados ou focais (agitação, delírio, convulsões...)
- Traumatismo craniano agudo
- Hemorragias retinianas agudas, exsudatos ou papiledema na fundoscopia direta
- Náuseas e vômitos (aumento da pressão intracraniana)
- Dor torácica (IAM ou dissecção de aorta)
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- Dor aguda no dorso (dissecção de aorta)
- Dispneia
- Gestação (pré-eclâmpsia ou eclampsia)
- Edema de MMII e proteinúria
- Uso de drogas ou fármacos estimulantes adrenérgicos (IMAO, cocaína...)
b) Exames Complementares
• Os exames de rotina solicitados frente a suspeita diagnóstica são:
o Hemograma completo
o Ureia e creatinina para avaliação da função renal
o Eletrólitos e EAS
o Marcadores de hemólise (bilirrubina, LDH, esquizócitos...)
• De acordo com a etiologia suspeitada, podem ser solicitados exames mais específicos.
o Marcadores de necrose miocárdica (IAM)
o BNP ou nT-pro-BNP (edema agudo de pulmão)
o D-dímero, ecocardiografia transesofágica, angiotomografia de aorta (dissecção de aorta)
o ECG (dor torácica)
o Radiografia de tórax (edema agudo de pulmão, dissecção de aorta)
o TC ou RM de crânio (suspeita de AVE).
Investigação de órgãos-alvo nas crises hipertensivas
Sistema Cardiovascular
- Clínica: dor ou desconforto no tórax, abdome ou dorso, dispneia, fadiga e tosse
- Exame físico: FC, ritmo, alteração de pulso, sopros, estase jugular...
- Exames complementares: ECG, SatO2, RX tórax, ecocardiograma, marcadores de necrose,
hemogramas com plaquetas, LDH e angiotomografia
Sistema Nervoso
- Clínica: tontura, cefaleia, alteração de visão, audição ou fala, nível de consciência, agitação, delírio ou
confusão, déficts focais, rigidez de nuca, convulsão
- Exames complementares: tomografia, ressonância, punção lombar, fundoscopia e US de nervo ótico.
Sistema renal e geniturinário
- Clínica: alterações no volume ou na frequência miccional ou no aspecto da urina, hematúria, edema,
desidratação, massas e sopros abdominais
- Exames complementares: urina I, creatininemia, urina sérica, sódio, potássio, cloro e gasometria
c) Diagnóstico Diferencial
• O principal diagnóstico diferencial é a pseudocrise hipertensiva, na qual os pacientes apresentam PA
elevada associado a queixas de dor torácica atípica, estresse psicológico agudo e síndrome de pânico
(que provavelmente são a etiologia da elevação de níveis pressóricos.
o Geralmente são casos de hipertensos crônicos, em estágio 2 (PA > 160x100 mmHg) que
apresentam sintomas não relacionados a hipertensão em si, como mal-estar, cefaleias...
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• Esses pacientes devem ser tratados apenas com repouso e analgésicos.
4) Tratamento
a) Urgências Hipertensivas
• Só lembrando: aqui não são detectadas lesões de órgão alvo!
• A maioria desses pacientes não necessitam de uma terapia anti-hipertensiva rápida e agressiva,
visto que essa pode ser danosa ao paciente, podendo até levar a isquemia cerebral ou miocárdica/injúria
renal aguda.
• Nesses casos, deve-se retomar as medicações de uso ambulatorial (adicionando uma nova classe ou
aumentando sua dose, se necessário), reforçar a importância da adesão ao tratamento e das medidas não
farmacológicas.
• Todos os pacientes devem ser encaminhados para acompanhamento ambulatorial e, naqueles sem
diagnóstico de hipertensão prévia, devemos iniciar a terapia oral antes de encaminharmos (BCC + IECA
são uma ótima opção).
• As medicações desses pacientes devem ser reajustadas de forma a manter uma PA inferior a 160x100
mmHg.
• ATENÇÃO! São uma exceção a esse protocolo os pacientes que apresentam elevado risco de eventos
cardiovasculares iminentes, como aqueles com doenças da aorta ou aneurismas cerebrais.
o Nesses casos, devemos reduzir a pressão sistólica de 20 a 30 mmHg o mais rápido possível,
usando fármacos como:
▪ Captropil: 6,25-12,5 mg
▪ Clonidina: 0,2 mg
▪ Hidralazina: 12,5-25 mg
b) Emergências Hipertensivas
• Sua abordagem específica depende do órgão-alvo atingido (a encefalopatia hipertensiva é a mais
frequente) – detalhado adiante.
• ATENÇÃO! O uso de nifedipina sublingual é contraindicado nessa situação, pois reduz rapidamente a
PA, podendo desencadear um AVE.
• ATENÇÃO! Não baixar a pressão “de uma só vez”, devido ao risco de isquemia! Deve-se reduzir 10 a
20% do valor na 1ª hora + 5-15% nas próximas 23 horas (exceto em caso de AVE ou dissecção de
aorta).
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Conduta na Urgência Hipertensiva
2) Descrever a encefalopatia hipertensiva, sua fisiopatologia e mecanismos de compensação cerebral
1) Introdução
• Encefalopatia hipertensiva é o termo utilizado na presença de sinais e sintomas de edema cerebral devido
a aumento súbito ou elevações súbitas de pressão arterial.
• ATENÇÃO! Esse quadro é um diagnóstico de exclusão, sendo feito apenas após descarte de outras
possíveis disfunções do SNC. A única medida que melhora o quadro é a redução de, no mínimo,
10% da PAM.
2) Fisiopatologia
• Basicamente, ocorre devido a incapacidade dos mecanismos de autorregulação da perfusão
endotelial (citados anteriormente) de manterem índices adequados de fluxo sanguíneo para o encéfalo.
o Como dito anteriormente, esse mecanismo age em um espectro limitado da PAM (que está
“regulado para cima” nos hipertensos).
PAS > 180 ou PAD > 110-120 mmHg
Ausência de lesão de órgão alvo
Sintomas?
(cefaleia, dor torácica, epistaxe)
Encaminhar para acompanhamento
ambulatorial
HAS não tratada ou DX novo
Considerar diuréticos, podendo se considerar terapia dupla caso PAS > 160 mmHg
HAS não controlada em monoterapia
- Iniciar nova droga
- Introduzir diurético tiazídico (caso não use)
HAS não controlada em terapia dupla
- Aumentar para dose máxima as medicações já utilizadas
- Adicionar terceiro fármaco
Medicações VO com ação rápida
Clonidina 0,1-0,3 mg
Labetalol 200-400 mg
Captopril 25-50 mg
Prazosin 5-10 mg
Repetir a cada 30 minutos, até controle sintomático
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o Quando a PAM excede determinado valor, o mecanismo de vasoconstrição não consegue mais
agir, o que leva a lesão endotelial e consequente vasodilatação, consequentemente, há
extravasamento de plasma e líquido extracelular, resultando em edema cerebral!
▪ Como é um fenômeno que acomete toda a vasculatura encefálica, há edema cerebral
difuso, o que explica a sintomatologia do paciente!
• Em pacientes hipertensos crônicos, o quadro costuma ocorrer apenas em níveis elevadíssimos de PA
(>240x120).
3) Quadro Clínico
• É marcado por sintomas neurológicos relativamente inespecíficos...
o Cefaleia, náuseas, vômitos, confusão mental, convulsões, letargia, borramento da visão e
escotomas visuais são queixas frequentes desses pacientes.
• Geralmente, o primeiro sintoma é a cefaleia de caráter frontoccipital ou holocraniana, que costuma ser
pior ao acordar. Com a progressão do quadro, há uma instalação insidiosa dos demais componentes da
síndrome de hipertensão intracraniana (náuseas, vômitos, hiperreflexia, alteração do nível de
consciência...)
• Ao exame físico, os achados mais frequentes são alteração do nível de consciência, papiledema,
hemorragias e exsudatos retinianos. Podemos também encontrar hiper-reflexia, sinal de Babinski
bilateral e mioclônus.
4) Diagnóstico
• Como dito anteriormente, é um diagnóstico de exclusão, portanto, devemos descartar outras causas de
alterações neurológicas.
• TC e RM de crânio são úteis para excluir AVE.
o ATENÇÃO! O AVE hemorrágico é o principal diagnóstico diferencial, sendo a principal
diferença
• Através de hemograma, bioquímica e outros exames de rotina, podemos excluir etiologias metabólicas e
infecciosas para as alterações neurológicas.
• A principal característica da encefalopatia hipertensiva é a recuperação rápida do paciente com a
melhora dos níveis da PA!
5) Tratamento
• O paciente deve ser internado e a terapia anti-hipertensiva deve ser iniciada imediatamente
• A preferência é por drogas de administração IV, com meia-vida curta (permite ajuste rápido da dose)
o Nitroprussiato de sódio: é um potente vasodilatador arterial e venoso, permitindo um ajuste fino
da PA por apresentar uma meia vida de 5 minutos.
▪ Contraindicações: IAM e gestantes
▪ Dose: 0,25 – 10 ug/kg/min (proteger equipamento da luz)
▪ Diluição: 01 ampola em 248 mL de SG 5%.
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o Labetalol: é um bloqueador alfa e beta-adrenérgico potente.
▪ Contraindicação: Asma, DPOC, IC, bradicardia, uso de cocaína
▪ Dose: bolus de 20 mg, seguido de 20-80 mg a cada 10 min, com dose total de 300 mg.
• Após a melhora do quadro, devemos “desmamar” o paciente do nitroprussiato, utilizando um ou mais
anti-hipertensivos por VO, preferencialmente de vida-média curta.
o O captopril e o alodipino são os mais utilizados.
• ATENÇÃO! O tratamento visa a redução de 10 a 15% da PAM na primeira hora, sendo a redução
máxima de 25% nas primeiras 24 horas.
3) Compreender os demais diagnósticos diferenciais das emergências hipertensivas, focando na
semiologia e exames específicos.
1) Acidente Vascular Encefálico
• São divididos em isquêmicos e hemorrágicos.
• Hemorrágicos: a maioria dos AVEs hemorrágicos ocorre em indivíduos hipertensos (tanto o
intraparenquimatoso quanto a hemorragia subaracnóidea). Níveis pressóricos elevados prejudicam o
sangramento (pois acabam piorando-no), todavia, a normalização da PA também é deletéria, pois causa
isquemia nas áreas acometidas pelo vasoespasmo.
o QC: Suspeitar em pacientes que apresentem uma cefaleia intensa e súbita, associado a sintomas
neurológicos. Rigidez de nuca pode estar presente. Síncope sugere hemorragia subaracnóidea.
o TTO: nitroprussiato, nicardipina e labetalol são as drogas de escolha para controle pressórico
nesses pacientes (meia-vida curta, permitem controle pressórico rápido)
▪ A internação deve ser feita em UTI, com monitorização adequada.
▪ Os alvos pressóricos são distintos dependendo da etiologia do AVE:
• 180x105 a 150x95 em AVEh
• 160x105 a 130x95 na hemorragia subaracnóidea
• Isquêmico: é uma das principais complicações da HAS crônica, geralmente ocorrendo por oclusão da
artéria cerebral. Lembrar que esses pacientes apresentam uma elevação “fisiológica” da PA como
tentativa de manutenção da perfusão cerebral.
o ATENÇÃO! Nos casos de AVE isquêmico, não devemos utilizar hipotensores na fase aguda,
devido ao aumento do risco de aumentar a zona isquêmica. Essa deve ser feita apenas caso os
níveis pressóricos sejam > 220x120 ou quando o paciente é candidato ao uso de trombolíticos
e sua PA > 185x110.
▪ Nesses casos, o nitroprussiato de sódio é a droga de escolha...
o A terapia anti-hipertensiva “plena” deve ser iniciada apenas após três dias após o quadro de
AVE.
2) Edema Agudo de Pulmão Hipertensivo (EAP)
• Caracterizado por congestão pulmonar, hipertensão e insuficiência respiratória aguda.
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• Fisiopat: a HAS pode agir como desencadeadora do EAP ou como fator contribuinte. Age aumentando a
pós-carga cardíaca, causando um acúmulo de líquido no pulmão em pacientes cuja função diastólica ou
sistólica está alterada.
• QC: dispneia, ortopnéia, dispneia paroxística noturna, tosse e fadiga. Estertores crepitantes, taquipneia e
hipertensão podem ser achados no EF.
• DX: RX de tórax ou USG podem confirmar a presença de congestão pulmonar.
o Um ECG deve ser obtido, visto que a causa da disfunção cardíaca pode ser um IAM (tto
diferente)!
o Pode ser firmado clinicamente, através da presença de hipertensão + congestão pulmonar em
todos os campos.
• TTO: deve objetivar a redução de 25% no valor da PA nas primeiras 24 horas.
3) Síndrome Coronariana Aguda
• A isquemia miocárdica estimula o sistema nervoso simpático, que pode agir elevando a frequência
cardíaca e a pressão arterial.
• O IAM em pacientes hipertensos é mais extenso e de pior prognóstico, visto que a ativação do sistema
simpático aumenta ainda mais a pós-carga cardíaca e o consumo miocárdico de O2.
• Por isso, utiliza-se a nitroglicerina em casos de IAM ou angina instável associados a hipertensão
arterial grave (> 180x110). É uma droga vasodilatadora, que age dilatando as artérias coronarianas e as
veias, aumentando o fluxo miocárdico e reduzindo a pré-carga/congestão pulmonar.
o De rotina, costuma-se associá-la a um beta-bloqueador (metoprolol venoso). Não devem ser
utilizados em caso de insuficiência cardíaca, congestão pulmonar ou baixo débito.
o ATENÇÃO! Nunca usar nitroglicerina em infarto de VD!
• ATENÇÃO! O uso de hidralazina não é recomendado, devido ao risco de taquicardia reflexa (aumenta
o consumo de oxigênio e piora a isquemia), assim como o de nitroprussiato, pois há risco de “roubo
coronariano” (vasodilata coronárias normais e acaba “roubando” sangue das áreas em que há obstrução
coronariana, visto que essas já estão em grau máximo de vasodilatação).
4) Dissecção Aguda de Aorta
• Evento no qual há uma súbita ruptura da camada íntima da aorta, permitindo com que o sangue penetre
entre a íntima e a camada média da artéria, levando a dissecção dessas estruturas. Isso leva ao desvio do
fluxo sanguíneo, que passa a fluir por essa “falsa luz”.
• A consequência disso é que o sangue desviado passa a exercer uma pressão cada vez maior na área da
“falsa luz”. Quando as camadas não suportam mais essa pressão, a aorta rompe, levando a uma
hemorragia grave.
• Dependendo do local que o sangramento ocorre, as consequências podem ser distintas:
o Aorta ascendente: hemopericárdio, com tamponamento cardíaco.
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o Aorta descendente torácica: hemotórax ou hemomediastino, podendo evoluir com choque
hemorrágico ou obstrutivo (pela compressão da veia cava)
o Aorta descendente abdominal: hemorragia digestiva franca (ruptura para a luz intestinal) ou
hemoperitônio, com choque hemorrágico fatal.
• QC: início súbito de dor torácica retroesternal, de grande intensidade, associada à náuseas e sudorese.
Após algumas horas, a dor migra para a região dorsal do tórax (devido a extensão da dissecção para a
aorta descendente). Difere do IAM, pois nessa condição, a dor apresenta intensidade progressiva,
enquanto na dissecção sua intensidade é máxima no início
o ATENÇÃO! Os principais sinais sugestivos de ruptura são:
▪ Diferença significativa de pulso ou PA entre os MMSS (acometimento da subclávia)
▪ Defict neurológico focal (acometimento de carótida – AVEi)
▪ Sopro cardíaco intenso
▪ Sopro de insuficiência aórtica aguda (acometimento de valva aórtica)
▪ Sopro contínuo abdominal (dissecção de artérias renais)
• DX: exames de imagem (TC, ecocardiograma, RM, RX) – avaliar estabilidade hemodinâmica antes (a
melhor para pacientes instáveis é o ecocardiograma).
o ATENÇÃO! O principal ddx é o IAM, visto que na dissecção o uso de trombolíticos é contra-
indicado nesses casos. Lembre-se de que a dissecção pode atingir os seios da coronária e evoluir
para um IAM...
• TTO: internação em UTI e início da terapia medicamentosa (analgesia e controle da PA e FC)
o Analgesia: opioides (auxiliam a reduzir a resposta adrenérgica reflexa à dor, além de aliviar o
paciente).
o Controle de PA e FC: deve-se visar a FC < 60 bpm e PAS entre 100-120 mmHg (avaliar
tolerância a queda de pressão do paciente através a diurese)
▪ Beta-bloqueadores ou BCC IV (metoprolol ou esmolol)
▪ Caso não se atinja o alvo de FC após o uso de BB, deve-se utilizar o nitroprussiato de
sódio.
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• ATENÇÃO! Nunca usar antes dos BB, pois levam a taquicardia reflexa e
consequente aumento da pressão da aorta no local de dissecção.
o Cirurgia: realizada nos casos de dissecção de aorta torácica proximal, ou nas outras dissecções
que cursam com complicações (obstrução vascular, hipertensão renovascular, ruptura, expansão
aneurismática).
5) Insuficiência Renal Aguda
• Hipertensão não controlada pode levar a lesão aguda renal (nefroesclerose hipertensiva), caracterizada
por hematúria e elevação na creatinina (sempre avaliar se são achados recentes ou não). É importante
lembrar que a isquemia renal leva à ativação do SRAA, o que piora o quadro de hipertensão.
• ATENÇÃO! Nesses pacientes, devemos ter cautela com o controle agressivo da PA, visto que esse leva
à piora da função renal, devido a redução da perfusão. Isso ocorre porque a autorregulação do fluxo está
ajustada a níveis pressóricos elevados. Portanto, nesses pacientes o controle pressórico deve ser feito
com meta a longo prazo.
6) Crise adrenérgica
• Caracterizada por uma ativação excessiva do sistema adrenérgico, levando à taquicardia e hipertensão
(devido a vasoconstrição periférica). Esses dois efeitos podem gerar elevação severa da PA, levando à
lesão de órgão alvo.
• Pode ser causada por:
o Feocromocitoma: tumor neuroendócrino produtor de catecolaminas, costuma cursar com
hipertensão, palpitações/taquicardia e cefaleia. Como a hipertensão é muito aguda, pode haver
encefalopatia ou EAP associados.
o Interrupção do uso de clonidina: é um anti-hipertensivo que age como agonista do receptor
adrenérgico alfa-2. Seu uso crônico leva a “up-regulation” dos receptores alfa-1 e beta-1
adrenérgicos, o que torna o paciente sujeito a desenvolver um rebote pela interrupção no uso da
mecdicação, com manifestações semelhantes ao feocromocitoma. O retorno do uso da medicação
costuma melhorar o quadro.
o Uso de cocaína: é um intenso agonista adrenérgico.
o Disfunção autonômica: pode ocorrer em condições como lesão de medula espinal, síndrome de
Guillain-Barré e atrofia múltipla de sistemas.
• ATENÇÃO! Nas crises adrenérgicas nunca devemos utilizar os betabloqueadores isoladamente, pois
isso deixa os receptores alfa-1 (vasoconstritores) mais susceptíveis aos efeitos das catecolaminas, o que
exacerba perigosamente o quadro hipertensivo! Também devemos evitar o uso de diuréticos, pois podem
precipitar choque hipovolêmico nesses pacientes.
• TTO:
o Feocromocitoma: fentolamina ou prazosin (alfa-bloqueador) associados à betabloqueadores
(labetalol).
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o Cocaína: diazepam venoso, associado a anti-hipertensivos não betabloqueadores.
o Interrupção do uso de clonidina: readministração do fármaco para melhora sintomática, seguida
de troca do anti-hipertensivo.
o Disfunção autonômica: uso de anti-hipertensivos de meia-vida curta, como o nitroprussiato e o
labetalol (a disfunção pode levar a variações bruscas de PA, sendo necessários ajustes rápidos na
medicação).
7) Eclâmpsia/Pré-Eclâmpsia
• É considerada uma das mais graves complicações da gestação ou do puerpério.
• Pré-eclâmpsia é a ocorrência de hipertensão e proteinúria ou lesão de órgão-alvo em gestantes com
mais de 20 semanas; já a eclampsia é a ocorrência de convulsão em gestantes com pré-eclâmpsia, sem
causa ou condição neurológica predisponente.
o A eclampsia é uma doença potencialmente fatal, com letalidade em torno de 20%.
o É muito mais comum em mulheres primíparas.
o ATENÇÃO! Casos de pré-eclâmpsia grave devem ser conduzidos da mesma forma que a
eclampsia (avaliando-se vitalidade fetal antes de realizar a cesárea, claro).
Critérios de Pré-Eclâmpsia Grave
- PAD > 110 mmHg
- Proteinúria > 2g/24h
- Creatinina > 2mg/dl
- Sinais de encefalopatia
- Dor epigástrica
- Edema pulmonar
- Trombocitopenia
- Anemia hemolítica microangiopática
- Hemorragias, exsudatos retinianos, papiledema
- Retardo no crescimento fetal
• Fisiopat: atualmente, admite-se que é causada por um defeito na migração trofoblástica na 22ª
semana de gestação. Isso leva a isquemia desse órgão, e consequentemente, a produção de mediadores
inflamatórios sistêmicos, como tromboxano A2, leucotrienos e citocinas, que desencadeiam a síndrome
multissistêmica.
• TTO: resumidamente, é composto por controle das crises convulsivas, controle agressivo da
hipertensão arterial e interrupção da gestação.
o Convulsões: controladas com o uso de sulfato de magnésio, na dose de 4g IV, infundido em 5-
10 minutos, seguido de 1g/h por 12-24h.
▪ ATENÇÃO! O gluconato de cálcio (antídoto) deve estar prontamente disponível caso
ocorram sinais de intoxicação pelo magnésio (arreflexia, bradipneia, oligúria).
o Hipertensão: hidralazina IV é o fármaco de escolha. São os únicos anti-hipertensivos
recomendados (não são tóxicos ao feto) por apresentarem efeito vasodilatador na placenta.
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o Interrupção da gestação: a retirada do feto é o único tratamento definitivo para o caso... Deve ser
realizada cesárea de urgência (caso feto prematuro, administrar corticoide por 48h antes do
parto).
Conduta nas Crises Hipertensivas – Alvos Pressóricos (Emergências USP)
4) Compreender o mecanismo de ação dos principais fármacos utilizados nas emergências
hipertensivas e seus efeitos adversos/toxicidade (nitroprussiato de sódio, nitroglicerina e
hidralazina)
1) Nitroprussiato de Sódio
• É um nitrato com potente efeito direto vasodilatador arterial e venoso.
• É o anti-hipertensivo parenteral mais potente de todos! Sua infusão deve ser feita em recipiente
protegido da luz, pois é uma substância fotossensível. Sua dose de infusão padrão é de 0,25-10
ug/kg/min.
• Apresenta uma meia-vida curta, de 1-2 minutos, portanto, apresentando início e término de ação muito
rápidos. Isso permite um controle rápido dos quadros de hipotensão que podem se originar da
administração do fármaco...
• ATENÇÃO! Como dito anteriormente, um de seus principais riscos é o roubo coronariano, relevante
principalmente no IAM...
PAS > 180 mmHg e/ou PAD > 120
mmHg
Emergência Hipertensiva
Internar em UTI
Dissecção de aorta
PAS < 120 mmHg em 1h
AVCi
(trombólise?)
Trombólise
PA < 180/105 nas primeiras 24h
Ñ trombólise
PA < 220/110 nas primeiras 24h
Hemorragia subaracnóidea
PAS < 160 mmHg na primeira hora
Pré-Eclâmpsia grave
Síndrome Coronariana
aguda
Eclâmpsia
Crise adrenérgica
AVCh <6h de início dos sintomas
PAS <140 mmHg na primeira hora
Demais casos
Reduzir PA 20-25% em um primeiro
momento
PA 160/100 mmHg nas próximas 2 a 6
horas
Níveis normais em 24h
Urgência Hipertensiva
Orientar tratamento ambulatorial, tranquilizar o paciente e utilizar medicação VO
I Módulo 803 – Problema 02 I Thiago Almeida Hurtado
• ATENÇÃO! É metabolizado nas hemácias em cianeto, o qual é convertido em tiocianeto no fígado. A
intoxicação por tiocianeto é o efeito adverso mais comum desse fármaco (principalmente em casos de
terapia por um período maior que 04 dias e na insuficiência renal), manifestando-se através da agistação
psicomotora, confusão mental, vômitos e coma.
o Em caso de intoxicação, o único tratamento é a suspensão da droga.
o Em hepatopatas, pode ocorrer intoxicação por cianeto, caracterizada por acidose metabólica,
arreflexia, midríase, convulsões, pele rosada e hálito de odor alterado. Nesses casos, o tratamento
é feito com nitrito de sódio à 3% e tiossulfato de sódio a 25%.
2) Nitroglicerina
• É um nitrato com ação vasodilatadora direta, predominantemente no sistema venoso e nas coronárias
epicárdicas, apresentando excelente efeito anti-isquêmico nos casos de IAM.
• Por isso, é a droga de escolha na crise hipertensiva do IAM e da angina instável!
• Deve ser administrado na dose de 5-100 ug/min, o soro contendo a droga deve ser colocado em um
recipiente de vidro, pois o plástico retém o medicamento.
• Após as primeiras 12-24h, em geral, desenvolve-se tolerância a seu efeito.
3) Hidralazina
• É um vasodilatador arterial direto, que possui uma ação bastante efetiva nas artérias placentárias, sendo,
portanto, a droga de escolha em casos de eclâmpsia.
• Pode ser administrada IV, na dose de 10-20 mg 6/6h ou 10-50 mg IM 12/12h. Seu início de ação é em
10-30 minutos, e sua duração é de 3-8h (não permite o controle fino da PA como no nitroprussiato...)
Principais fármacos utilizados nas emergências hipertensivas
Medicamentos Dose Início Duração Efeitos
adversos
Indicações Contra-
indicações
Nitroprussiato
de sódio
(Nitrato)
0,25-10
ug/kg/min
EV
Imediato 2-5 min Náuseas,
vômitos
Maioria dos
casos
IAM e
gestação
Nitroglicerina
(Nitrato)
5- 100
ug/kg/min
EV
2-5 min 3-5 min Cefaleia,
taquicardia
reflexa,
flushing
IAM, IVE -
Hidralazina
(Vasod.
Arteriolar)
10-20 mg EV
ou 10-40 IM
6/6h
10-30 min 3-12h Taquicardia,
cefaleia,
vômitos, piora
da angina
Eclâmpsia -
Metoprolol
(BB beta-1
seletivo)
5 mg EV
(repetir 10/10
min, se
necessário,
até 20 mg)
5-10 min 3-4h Bradicardia,
BAV avançado,
broncoespasmo
IAM,
dissecção
aórtica aguda
ICC e uso de
cocaína
Esmolol
(BB beta-1
seletivo)
Ataque: 500
ug/kg
Infusao: 25-
50 ug/kg/min
1-2 min 1-20 min Náuseas,
vômitos e
hipotensão
Dissecção
aórtica aguda
ICC e uso de
cocaína
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Maxima: 300
ug/kg/min
Furosemida
(Diurético)
20-60 mg
(repetir após
30 min)
2-5 min 30-60
min
Hipopotassemia IVE, sinais
de
hipervolemia
Labetalol
(Alfa e Beta-
bloq)
Bolus de 20
mg, seguido
de 20-80 mg,
com dose
máxima de
300 mg.
- - - - Asma,
DPOC, IC,
bradicardia,
uso de
cocaína
Nimodipino
(BCC)
60 mg de 04
em 04h
- - - - -
Niocardipina
(BCC)
20-40 mg
3x/dia
- - - - -
5) Compreender o mecanismo de lesão dos principais órgãos-alvo devido a pressão arterial elevada
1) Introdução
• A presença de lesão de órgãos alvo aumenta muito a morbimortalidade dos indivíduos hipertensos!
• O tratamento visa justamente evitar o aparecimento dessas lesões.
• Alguns exames úteis para detectar essas alterações em fase subclínica são:
o ECG com sinais de hipertrofia ventricular esquerda
o ECO com sinais de hipertrofia ventricular esquerda
o ECO detectando aumento da espessura carotídea ou placa de ateroma
o Índice tornozelo braquial < 0.9 (indica doença arterial periférica)
o TFG < 60 ml/min/1,72 m²
o Microalbuminúria em exame de urina 24h
2) Lesão Vascular
• A HAS pode levar a lesão do endotélio, levando ao remodelamento vascular, o qual, em última
instância, apresenta três desdobramentos principais:
Principais fármacos utilizados na urgência hipertensiva (via oral)
- Captopril: é a droga de escolha para o tratamento nesses casos, exceto em caso de contraindicações (ex:
gravidez). É o IECA de menor meia-vida, podendo ser utilizado em casos de emergência em que a via
parenteral está indisponível.
- Furosemida: deve ser utilizada apenas em pacientes com refratariedade ao esquema anti-hipertensivo, e
deve-se afastar hipovolemia antes de prescrevê-los (comum em pacientes hipertensos e em uso crônico de
diuréticos)
- Clonidina: é um alfa-2-agonista central, bastante eficaz, contudo, contra-indicado em pacientes com
comprometimento neurológico grave (pois apresenta efeito sedativo relevante).
- Propanolol: beta-bloqueador com início de ação de 0,5-2h e com duração de 8-12h.
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o Ateriolosclerose hialina: é o espessamento hialino homogêneo da parede das arteríolas, levando a
redução do seu lúmen. O estreitamento dos vasos pode levar ao comprometimento orgânico lento
e progressivo (como nefroesclerose hipertensiva).
o Arterioloesclerose hiperplásica: encontrada em níveis pressóricos elevadíssimos (>200x120
mmHg). Há um grave estreitamento do lúmen devido a proliferação de células musculares lisas e
a duplicação da membrana basal
o Microaneurismas de Charcot-Bouchard: pequenas dilatações pós-estenóticas presentes nas
artérias cerebrais penetrantes, consequentes ao processo de arteriolosclerose hialina. Predispõe ao
AVE hemorrágico.
o Aterosclerose: formação de placas fibrosas com cerne lipídico que se acumulam em artérias de
grande e médio calibre (aorta, coronária, carótidas...). Essas placas podem obstruir parcialmente
ou totalmente o lúmen do vaso, levando a isquemia induzida por demanda (como angina estável)
ou não (AVE, IAM, gangrena...).
▪ Não se sabe ao certo como a HAS predispõe a esse evento, entretanto suspeita-se que o
mecanismo esteja relacionado à lesão endotelial e a remodelação vascular, que leva a
liberação excessiva de fatores de crescimento e citocinas (que estimulam a oxidação do
LDL e recrutamento de leucócitos, essenciais para a formação das placas).
▪ Além disso, a aterosclerose predispõe a formação de trombos (quando a placa rompe,
expondo o seu cerne lipídico altamente trombogênico) e enfraquece a parede da artéria,
aumentando a chance de aneurismas e consequente rompimento.
3) Cardiopatia Hipertensiva
a) Hipertrofia Ventricular Esquerda (HVE)
• Consequente ao aumento crônico da pós-carga ventricular, levando a hipertrofia reflexa do ventrículo
esquerdo (o coração entende que precisa de “mais força” para vencer o excesso de pressão imposta sob
ele).
• Além da sobrecarga pressórica, substâncias como a angiotensina II exercem efeito trófico sobre a
musculatura do miocárdio. Essa é liberada frente a ativação do SRAA, consequente a lesão no endotélio
dos vasos renais.
• É um fenômeno presente em quase 50% dos hipertensos não tratados.
• Como a hipertrofia não é acompanhada de expansão do leito capilar, esses indivíduos se tornam mais
susceptíveis a fenômenos isquêmicos (baixa reserva coronariana associada ao aumento de consumo do
oxigênio pelo miocárdio)
b) Disfunção Diastólica
• Demarcada por um déficit no relaxamento ventricular, o qual pode ser detectado no exame
ecocardiográfico nesses pacientes.
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• O paciente pode se tornar sintomático devido à congestão pulmonar secundária ao aumento de pressão
de enchimento nas câmaras do lado esquerdo do coração, além de predispor esses pacientes ao
aparecimento de edema agudo em situações de crise hipertensiva.
c) Disfunção Sistólica
• A HAS é uma das principais causas de insuficiência cardíaca no Brasil e no mundo.
• Geralmente a IC se inicia com uma disfunção sistólica associada à dilatação ventricular, acometendo
primeiro a câmara esquerda (congestão pulmonar).
• Pode também se instalar por sequela de um infarto miocárdico.
• ATENÇÃO! Uma vez instalada, pode levar a normalização da PA, devido a disfunção sistólica.
Entretanto, o achado de parede ventricular espessa na ecocardiografia sugere a etiologia hipertensiva
para a IC.
d) Doença Coronariana
• A aterosclerose é o principal fator de risco para as SCA (e a HAS predispõe a aterosclerose!)
• É a principal causa de óbito no Brasil.
4) Doença Cerebrovascular
• Pode se manifestar através de AVE, AIT, demência vascular, atrofia cerebral... O risco de um hipertenso
desenvolver essas patologias é 5x maior do que uma pessoa normal!
• O evento mais comum é o AVE isquêmico, na maioria das vezes, secundário a um fenômeno
tromboembólico secundário a aterosclerose na artéria carótida. O fenômeno aterosclerótico pode ocorrer
no interior da própria artéria cerebral também...
• O AVE hemorrágico pode se instaurar, devido a uma hemorragia intraparenquimatosa secundária a
ruptura dos microaneurismas de Charcot-Bouchard.
5) Nefropatia Hipertensiva
• O fenômeno de arteriolosesclerose hialina pode atingir as aferentes renais, levando ao fenômeno
denominado nefroesclerose hipertensiva. Lesões nos túbulos e no interstício renal também podem
acontecer.
• A lesão renal progressiva se manifesta pela presença de microalbuminúria (níveis de 30-300 mg na urina
24h), a qual apresenta caráter progressivo e contribui para a lesão do parênquima renal
6) Retinopatia hipertensiva
• As artérias retinianas, assim como as dos outros órgãos, são acometidas pelo processo de hipertensão.
Devem ser avaliadas por fundoscopia, visto que “espelham” o acometimento vascular de outros órgãos.
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Emergências Hipertensivas
Emergência Quadro Clínico Tratamento Drogas de escolha
para controle da PA
Encefalopatia
Hipertensiva
Confusão, letargia,
alterações visuais,
crises convulsivas,
alteração na
fundoscopia.
Suporte clínico,
controle da PA e das
convulsões.
- Nitroprussiato
- Labetalol
AVE Déficit neurológico
novo, alteração no nível
de consciência
Trombólise,
trombectomia
mecânica, controle de
PA
- Nitroprussiato
Edema agudo de pulmão
(IC aguda ou crônica
agudizada por disfunção
de VE)
Dispneia, expectoração
rósea, ansiedade,
sudorese, taquipneia,
estertores no exame
físico
Ventilação mecânica
não invasiva,
diuréticos, controle de
PA e de fator
desencadeante
- Nitroglicerina
- Nitroprussiato
- Evitar hidralazina e
labetalol (ou outros
BB)
Síndrome coronariana
aguda
Dor torácica, alterações
no ECG
Intervenção percutânea
ou trombólise
- Esmolol
- Labetalol
- Metoprolol
- Nitroglicerina
Dissecção aguda de aorta Dor torácica intensa de
início súbito, sudorese,
palidez, sincope,
assimetria de PA e de
pulso, novo sopro
aórtico
Controle rápido da PA,
com alvo de PAS < 120
mmHg e FC < 60 bpm,
ou menor valor
tolerável, associado a
analgesia
- Esmolol
- Labetalol
- Metoprolol
- Nitroprussiato
Insuficiência renal aguda Redução do débito
urinário, edema,
dispneia
Tratamento da
congestão e distúrbios
eletrolíticos, diálise
caso necessário
- Hidralazina
- Betabloqueadores em
geral
Eclâmpsia e pré-
eclâmpsia
Proteinúria, alterações
visuais, crises
convulsivas
Sulfato de magnésio
associado a controle da
PA
- Hidralazina
- Labetalol
Crises adrenérgicas
(feocromocitoma,
interrupção de
bloqueadores simpáticos,
uso de cocaína,
anfetamina, IMAO...)
Taquicardia, sudorese,
ansiedade, dor torácica,
midríase fotorreagente,
hipertermia...
Alfa + betabloq,
controle pressórico,
reposição volêmica (se
hipotensão).
- Clonidina
- Doxasozin
- BCC
- Nitroprussiato (se
PA muito elevada)*
- Fentolamina –
alfabloq *
Papiledema agudo Progressão para
encefalopatia
hipertensiva
Suporte e controle
pressórico
- Hidralazina
- Labetalol
Hipertensão
perioperatória
Pode ser assintomática
ou decorrente de
complicações na
cirurgia (raramente
evolui para EH)
Tratamento da dor e
outras complicações
Raramente são
necessários agentes
parenterais.