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II SIMBOV II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte Balanço de carbono em sistemas de produção de bovinos nos trópicos Felipe Tonato 1 , Aleksander Westphal Muniz 1 , Luis Gustavo Barioni 2 e Mateus Castelani Freua 3 1 Pesquisador Embrapa Amazônia Ocidental, Manaus-AM, email: [email protected] e [email protected]; 2 Pesquisador Embrapa Informática Agropecuária, Campinas-SP, email: [email protected]; 3 Zootecnista FZEA/USP, email: [email protected] Introdução: A produção de bovinos sempre teve papel preponderante no desenvolvimento do Brasil. A história da pecuária brasileira confunde-se com a própria história do país, ajudando na demarcação e consolidação das fronteiras nacionais. Esse papel de destaque no desenvolvimento do país, se mantém nos dias atuais, já que o Brasil possui mais de 205 milhões de cabeças de bovinos (IBGE, 2010), principais usuários dos aproximadamente 209 mil hectares de pastagens (Nassar et al., 2010), que ocupam em torno de 21% do território brasileiro. O Brasil, foi responsáveis por 16,6% da produção mundial de carne bovina (9,41 milhões de toneladas de equivalente carcaça) e por 22,4% das exportações mundiais desse produto em 2011 (1,81 milhões de toneladas de equivalentes) de acordo com o USDA (2011). A pecuária ainda apresenta grande participação nos resultados econômicos nacionais, tendo contribuindo em média com 7,3% do PIB Brasileiro nos últimos 10 anos (CEPEA, 2011) , sendo que somente em 2011 foi responsável por R$278 trilhões do PIB (CEPEA, 2013), com participação relevante também no superávit da balança comercial, com aproximadamente R$800 milhões no mesmo ano. Apesar dessa importância histórica e atual, de toda a sua pujança e relevância para a economia brasileira, a pecuária hoje, tanto para a opinião publica nacional, como internacional, é mais vista de forma negativa, como uma ameaça ao meio ambiente, sendo constantemente apontada como uma das principais responsáveis pelo desmatamento e emissões de gases de efeito estufa (GEE) no Brasil (Cerri, 2009). É inegável que em função de seu tamanho e abrangência territorial, a pecuária bovina gera impactos ambientais relevantes, principalmente por estar, de alguma forma, envolvida no processo de desmatamento de florestas com a expansão da fronteira

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Balanço de carbono em sistemas de produção de bovinos nos trópicos

Felipe Tonato1, Aleksander Westphal Muniz1, Luis Gustavo Barioni2 e Mateus Castelani

Freua3

1Pesquisador Embrapa Amazônia Ocidental, Manaus-AM, email: [email protected] e

[email protected];

2Pesquisador Embrapa Informática Agropecuária, Campinas-SP, email: [email protected];

3Zootecnista FZEA/USP, email: [email protected]

Introdução:

A produção de bovinos sempre teve papel preponderante no desenvolvimento do

Brasil. A história da pecuária brasileira confunde-se com a própria história do país,

ajudando na demarcação e consolidação das fronteiras nacionais.

Esse papel de destaque no desenvolvimento do país, se mantém nos dias atuais,

já que o Brasil possui mais de 205 milhões de cabeças de bovinos (IBGE, 2010),

principais usuários dos aproximadamente 209 mil hectares de pastagens (Nassar et al.,

2010), que ocupam em torno de 21% do território brasileiro. O Brasil, foi responsáveis por

16,6% da produção mundial de carne bovina (9,41 milhões de toneladas de equivalente

carcaça) e por 22,4% das exportações mundiais desse produto em 2011 (1,81 milhões de

toneladas de equivalentes) de acordo com o USDA (2011). A pecuária ainda apresenta

grande participação nos resultados econômicos nacionais, tendo contribuindo em média

com 7,3% do PIB Brasileiro nos últimos 10 anos (CEPEA, 2011), sendo que somente em

2011 foi responsável por R$278 trilhões do PIB (CEPEA, 2013), com participação

relevante também no superávit da balança comercial, com aproximadamente R$800

milhões no mesmo ano.

Apesar dessa importância histórica e atual, de toda a sua pujança e relevância

para a economia brasileira, a pecuária hoje, tanto para a opinião publica nacional, como

internacional, é mais vista de forma negativa, como uma ameaça ao meio ambiente,

sendo constantemente apontada como uma das principais responsáveis pelo

desmatamento e emissões de gases de efeito estufa (GEE) no Brasil (Cerri, 2009).

É inegável que em função de seu tamanho e abrangência territorial, a pecuária

bovina gera impactos ambientais relevantes, principalmente por estar, de alguma forma,

envolvida no processo de desmatamento de florestas com a expansão da fronteira

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agrícola, e com a emissão de gases causadores do aquecimento global, através do solo e

dos animais no processo produtivo.

No entanto, é fundamental entender que ainda existe muita inconsistência na

geração e consolidação dos números relativos tanto com a emissão, como com o

sequestro de tais gases, no que diz respeito à pecuária brasileira. Não só por limitações

em protocolos experimentais e recursos financeiros para a realização de pesquisas nas

nossas condições, de ambientes e sistemas de produção tão diversos entre si, e

diferentes dos existentes nos demais grandes centros produtores como EUA, Europa e

Oceania, normalmente usados como referencia para gerar nossa metricas. Como também

em função de um certo alarmismo e interesse de gerar um quadro negativo em relação a

produção de bovinos no Brasil. Seja por parte de alguns órgãos de mídia, que conseguem

mais visibilidade dessa forma, seja por instituições estrangeiras, ONGs ou governos,

cujos países vêem o Brasil como grande concorrente no mercado internacional de carne e

leite.

Em função dessas incertezas e da relevância econômica e social da pecuária, a

cadeia produtiva de bovinos tem buscado gerar informações técnicas e científicas

confiáveis, que possam embasar uma quantificação mais exata dos impactos positivos e

negativos dos sistemas de produção de bovinos nos trópicos, e identificar alternativas de

produção que possibilitem a minimização dos impactos da pecuária no meio ambiente.

Ademais, as perspectivas mundiais para as próximas décadas são de aumento no

consumo de alimentos. A FAO, estima que a demanda global por alimentos ira crescer

20% até 2020 (FAO, 2002), já que a população mundial continua a crescer, devendo

atingir os 9,3 bilhões de habitantes em 2050 (UN, 2007), e nos países em

desenvolvimento, um grande contigente de pessoas esta passando pelo processo de

inclusão social, elevando seus padrões de consumo, sendo que em todos os prognósticos

o Brasil é apontado como o principal responsável pelo suprimento desse incremento na

demanda, atendendo cerca de 40% deste incremento. A produção brasileira de produtos

agropecuários reduz pressões macroeconômicas e influencia os preços das commodities

no mercado internacional (Pereira et al. 2012). Dessa forma, o Brasil se faz importante

num cenário internacional tanto por sua contribuição para a segurança alimentar quanto

para as emissões globais de GEE.

Entendendo o efeito estufa:

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O efeito estufa é um mecanismo atmosférico natural, que ocorre em função da

concentração de alguns gases na atmosfera, que mantém o planeta aquecido dentro de

limites fundamentais à manutenção da vida (temperatura média entre 14 a 16oC) (Hansen

et al., 2010). Tal efeito ocorre desde o inicio da existência de vida no planeta, a milhões

de anos (Young, 2002).

A presença de gases como o gás carbônico ou dióxido de carbono (CO2), o metano

(CH4) e o óxido nitroso (N2O) na atmosfera, absorvendo e reemitindo parte do calor

incidente no planeta, faz com que essa camada gasosa haja como a cobertura de vidro

de uma estufa, permitindo que a luz do sol passe por ela, entrando e saindo, mas retendo

o calor em seu interior. Sem tal efeito, os raios solares seriam refletidos de volta para a o

espaço sideral, e o planeta seria frio. Estimativas indicam que sem a atmosfera de gases

a temperatura média da terra seria 34ºC mais baixa, situando-se na faixa dos 10ºC

negativos, e ocorreriam grande variações de temperatura ao longo de um dia, com altas

temperaturas diurnas e temperaturas noturnas muito baixas, tornando o ambiente

impróprio à vida como a conhecemos hoje.

A problemática atual envolvendo o efeito estufa, decorre do fatos ocorridos

marcadamente depois da revolução industrial (séc. 18). Nesse período, a queima de

combustíveis fósseis para a geração de energia ou transporte e outras atividades

humanas, tais como derrubada e queima de florestas, para ocupação e cultivo dos solos,

passaram a liberar uma quantidade muito grande de gases de efeito estufa. O aumento

da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera são a causa do aquecimento do

planeta e das temidas mudanças climáticas (Polwson, 2005).

Os níveis atuais de gases de efeito estufa na atmosfera são os maiores já

registrados na historia da humanidade, atingindo concentrações de mais 390ppm de CO2

em 2011, um aumento de 40% nos últimos 250 anos (Cerri et al., 2003) (Figura 1). Em

função disso, já se observa um incremento na temperatura média global de

aproximadamente 0,6ºC no período entre 1880 e 2003 (Hansen et al., 2005), e a

temperatura global das últimas décadas já é a mais alta dos últimos 4.000 anos,

superando inclusive, as temperaturas médias registradas em 75% do Holoceno (período

geológico que compreende os últimos 10.000 anos) (Marcott et al., 2013).

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Figura 1: Evolução da temperatura (Graus Celsius) e da concentração de CO2 na

atmosfera (ppm) ao longo dos últimos 140 anos.

Essa condição sem precedentes, da composição de gases na atmosfera, e de

registros de alterações climáticas, tem levado à discussões e questionamentos em todo o

mundo a respeito dos mecanismos de desenvolvimento que têm sido adotados pelos

países. Sob esse enfoque, a pelo menos duas décadas, tem se tentado entender quais as

principais fontes e processos envolvidos na geração e emissão de tais gases, e quais as

formas de limitar sua emissão e se possível, promover a retirada parcial dos gases já

presentes na atmosfera.

Apesar de o Brasil, não estar entre os dez maiores emissores de gases de efeito

estufa no mundo, em emissões totais, ou per capita (Tabela 1), o setor agropecuário, tão

relevante na economia do país, direta ou indiretamente tem sido considerado globalmente

uma das principais fontes de emissões antrópicas de tais gases (Figura 2), e com isso

passou ser mais considerado nas discussões internacionais, trazendo o Brasil mais para o

foco do debate.

A preocupação acerca das emissões de GEE está principalmente no impacto do

aumento da temperatura média da terra nos sistemas de produção agropecuários. No

Brasil, um aumento de 3ºC na temperatura poderia reduzir a capacidade produtiva das

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pastagens e elevar os custos da produção de bovinos em até 45% (Assad e Pinto, 2008).

Assim, estudos de mitigação e adaptação do impacto das mudanças climáticas nos

sistemas de produção agropecuários são necessários.

Nesse sentido, é importante compreender que é definindo ações de mitigação

apropriadas regionalmente que se faz possível que problemas globais possam ser

traduzidos em soluções práticas (Smith et al., 2008). Essa constatação reitera a

importânia de incluir estratégias de mitigação dentro do contexto da quantificação de

GEE. Portanto, conhecer o perfil das emissões e as capacidades de mitigação

regionalmente é o primeiro passo para evoluir nas discussões para que planos de

mitigação sejam apropriados nacionalmente.

Tabela 1: Estimativas de emissões anuais de CO2 (em milhares de toneladas de CO2),

participação relativa (em % do total), emissões anuais de CO2 por pessoa em 2010 (em

toneladas de CO2 por ano), para os principais países emissores. (Adaptado de de

http://cdiac.ornl.gov, acesso em 5 de abril de 2013)

Países Emissões CO2 Participação Emissões CO2

China 8.240.958 24,59% 6.2 (14)

Estados Unidos 5.492.170 16,39% 17.6 (2)

Índia 2.069.738 6,18% 1.7 (19)

Russia 1.688.688 5,04% 11.8 (5)

Japão 1.138.432 3,40% 8.9 (8)

Alemanha 762.543 2,28% 9.3 (7)

Iran 574.667 1,71% 7.6 (12)

Coréia do Sul 563.126 1,68% 11.5 (6)

Canadá 518.475 1,55% 14.9 (4)

Arábia Saudita 493.726 1,47% 18.2 (1)

Reino Unido 493.158 1,47% 7.9 (11)

Indonésia 476.557 1,42% 2.0 (18)

México 466.131 1,39% 4.1 (16)

África do Sul 451.839 1,35% 8.9 (9)

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Países Emissões CO2 Participação Emissões CO2

Brasil 419.537 1,25% 2.2 (17)

Italia 407.924 1,22% 6.7 (13)

Austrália 365.513 1,09% 16.0 (3)

França 362.556 1,08% 5.5 (15)

Polônia 309.985 0,93% 8.1 (10)

Demais países 8.213.178 24,51%

Total mundial 33.508.901 100,0% 4.9 (média)

Fonte:(Adaptado de IPCC, 2007)

Figura 2: Contribuição relativa de diferentes setores nas emissões antrópicas mundiais de

de gases de efeito estufa (em CO2 equivalente).

O perfil das emissões brasileiras:

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Nos países desenvolvidos, as maiores fontes de GEE são a queima de

combustíveis fosseis na industria, transporte e geração de energia (UNFCCC, 2006), no

Brasil, em função de uma matriz energética renovável, com geração hidrelétrica de

energia e combustíveis em boa parte provenientes de biomassa (etanol), a mudança do

uso do solo é o principal vetor de GEE para a atmosfera (Figura 3).

Fonte:(Adaptado de MCT, 2010)

Figura 3: Contribuição relativa de diferentes setores nas emissões antrópicas de gases de

efeito estufa no Brasil (em CO2 equivalente).

Por mudança no uso do solo, se entende tanto a abertura de novas áreas de

floresta para uso na produção agrícola ou pecuária, como a conversão de áreas já

destinadas à pecuária para o uso agrícola, ou vice e versa. Assim sendo, tanto o CO2

gerado na queima das florestas, como o CH4 e N2O oriundos da decomposição da

matéria orgânica, seja das áreas recém abertas, ou das áreas em produção mudando de

finalidade de uso, são computados na quantificação das emissões (Figura 4).

Fonte:(Adaptado de Nassar, 2010)

Figura 4: Emissões brasileiras de GEE por gás e por setor em 2005.

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Historicamente, o desmatamento tem sido a grande fonte de GEE no Brasil, e

apesar de as taxas de desmatamento estarem apresentando sucessivas quedas nos

últimos anos, ainda hoje o desmatamento ocupa papel de destaque como emissor. Se

considerarmos o período entre 1999 e 2008, as emissões de CO2 de desmatamento da

Amazônia contabilizariam 700 a 800 Mton de CO2 ao ano, ao passo que e se

considerarmos apenas o período de 2007 e 2008, essa média se reduz para 500 a 550

Mton de CO2 ao ano, já que desde 2004, houve uma redução de 84% nas taxas de

desmatamento (Aguiar et al., 2009).

Apesar de o desmatamento, as queimadas e as alterações na finalidade produtiva

da terra estarem de certa forma associados à agropecuária, em função da abertura de

novas áreas com a expansão da fronteira agrícola, do uso de fogo como estratégia de

manejo em algumas regiões e sistemas de produção, e dos ciclos econômicos de cada

cultura, que estimulam a ampliação ou a redução das áreas por elas ocupadas. Para

efeito de cálculo de emissão de gases, agropecuária e mudança no uso do solo, são

considerados de maneira separada.

Essa separação em dois setores, além de facilitar os cálculos de emissões também

tem sido justificada por estudos como os de Barros et al.(2002), Carnevalli (2012) e

Bowman et al. (2012) que indicam que a busca por madeira, e a exploração e

especulação fundiária são os principais vetores do desmatamento, sendo a pecuária,

apenas uma conseqüência primária oportunista após a abertura. Até por que a

atratividade da pecuária de corte em regiões de fronteira agrícola, como na floresta

Amazônica é geralmente baixa (Bowman et al., 2012).

Assim sendo, se desconsideramos as emissões de GEE geradas pelas mudanças

no uso do solo, a agropecuária se torna a maior fonte emissora do país (Figura 3). Dentro

do setor agropecuário, a criação de bovinos, seja para corte ou leite, aparece com

destaque, emitindo mais de 260 mil Gg em CO2 equivalente (De Zen et al., 2008), ou 43%

de todas as emissões sem considerar as mudanças de uso do solo (Ferreira e Rocha,

2004).

Se tomarmos como referencia o ano de 2005, o CO2 foi responsável por 74,7% de

todas as emissões, o metano (CH4) por 17,3% e o óxido nitroso (N2O) por 7,7% em CO2

equivalentes no Brasil (MCT, 2010).

Um dos grandes problemas relativos à emissão de GEE no Brasil, está ligado

exatamente ao perfil de emissões do país, e a maneira com que se faz a quantificação

dessas emissões. Em um país com o tamanho e a diversidade de climas e condições

ambientais, estimar o que é emitido pela agropecuária ou pelas alterações de uso do solo

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é muito mais difícil do que estimar o que é emitido para a geração de energia ou na

queima de combustíveis por exemplo, já que os sistemas e processos envolvidos na

emissão são muito mais complexos e as fontes usadas mais diversas (Gregory et al.,

2005).

O avanço na quantificação de GEE está de acordo com esforços nacionais e

internacionais para incluir os sistemas agropecuários numa agenda política para a

mitigação e adaptação dos impactos causados pelas mudanças climáticas (Olander et al.,

2013). A quantificação da emissão de GEE e do potencial das diversas estratégias de

mitigação estão no centro do Plano Nacional de Mudança Climática (PNMC, Lei 12.187) e

do Plano Setorial de Mitigação e Adaptação - Agricultura de Baixo Carbono, uma vez que

são os instrumentos que permitem integrar as dimensões políticas, institucionais e

técnicas dos NAMAs (Ações Nacionais de Mitigação Apropriadas) (Wilkes et al., 2013).

A importância do balanço de carbono para a pecuária brasileira:

A elevada competitividade e a importância do setor pecuário em âmbito mundial,

juntamente com o grande tamanho do rebanho bovino nacional, tem chamado a atenção

da comunidade internacional, que tem questionado frequentemente as práticas produtivas

e o impacto ambiental da bovinocultura brasileira (De Zen et al., 2008). Tais

questionamentos são reforçados pelos baixos índices zootécnicos verificados nos

sistemas de exploração animal predominantes em nosso país, majoritariamente

extensivos, baseados em pastagens muitas vezes degradadas, ou que se encontram

abaixo do seu potencial de produção (Machado et al., 2011).

É recorrente a divulgação de informações a respeito do impacto do setor pecuário

brasileiro na emissão de gases de efeito estufa. E parece já ser censo comum da opinião

pública que a pecuária realizada no Brasil é degradadora e poluidora do meio ambiente

(Berchielle et al., 2012; Reis et al., 2012). Entretanto, o balanço líquido de GEE pela

pecuária de corte ainda é bastante controverso (De Zen, et al., 2008), pois apesar de

efetivamente emitir GEE para a atmosfera a pecuária brasileira também retira uma grande

quantidade de C da atmosfera e o acumula na matéria orgânica do solo. Essa dinâmica

entre os dois processos, de emissão e de retirada do C da atmosfera pela pecuária, ainda

não esta bem determinado no Brasil, e em função disso, pouco se fala a seu respeito.

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Assim sendo, entender e quantificar os processos envolvidos na emissão de GEE

pela pecuária, passa a ser fundamental para se consiga estabelecer o verdadeiro impacto

dos sistemas de produção animal no aquecimento Global e quais as possibilidades de

mitigação dessas emissões com mudanças e incorporação de tecnologias ao dia a dia da

produção. Além disso, permite que se vislumbre as potenciais formas de se captar o

carbono já emitido, estagnando ou revertendo a concentração de gases na atmosfera.

Dessa forma, ao se estabelecer um balaço mais preciso da dinâmica do carbono

envolvido no processo produtivo da pecuária, se desmistificam as informações,

generalistas e normalmente com pouco embasamento técnico e científico, tão

amplamente divulgads.

É com esse intuito que setores e entidades ligados à cadeia produtiva da carne

tem buscado instituições de pesquisa, tentando gerar informações técnicas e científicas

que reflitam o real impacto e as perspectivas a respeito da pecuária no Brasil e seus

efeitos na dinâmica de GEE.

A quantificação de GEE da produção de bovinos é importante para a elaboração

de inventários nacionais e para a definição de políticas voltadas para o setor. No entanto,

um estudo das estratégias de mitigação no contexto da quantificação de GEE é

necessário para informar a capacidade da pecuária em se tornar parte da solução do

problema, ou seja, em remover carbono da atmosfera a partir da intensificação

sustentável da produção.

É possível aumentar a eficiência da pecuária e mitigar as emissões de GEE

através da convervação de recursos naturais e melhorias no manejo da terra. A adoção

de tecnologias como pastagens melhoradas, seleção genética dos animais e práticas de

convervação do uso da terra pode reduzir diretamente as emissões da pecuária através

da limitação da produção de metano entérico por unidade de produto e pela redução das

emissões de N2O (Thornton e Herrero, 2010). A intensificação da produção também pode

contribuir para reduzir as emissões indiretas através do efeito de “land sparing”, ou seja,

uma maior intensidade do uso da terra para atender a demanda por produtos da pecuária

de bovinos permite que áreas de produção sejam destinadas à outras atividades, como a

produção de bioenergia ou conservação (Cohn et al., 2011).

A avaliação do balanço de carbono em sistemas de produção de bovinos requer

uma abordagem sistêmica do assunto. A dinâmica da produtividade do rebanho nacional

precisa ser compreendida bem como a dinâmica de GEE associadas com a oferta de

produtos da pecuária. As oportunidades de interação entre agricultura e pecuária, a

fertilização nitrogenada dos pastos, calcário, fermentação entérica, fixação biológica do

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nitrogênio, a produção de dejetos e a sua aplicação ao campo, bem como emissões

provenientes dos recursos energéticos utilizados na agricultura precisam ser

contabilizados. As emissões indiretas provenientes da conversão da terra e seus impactos

no estoque de carbono do solo também devem ser contabilizadas para que o estudo do

balanço de carbono da produção de bovinos seja apropriado.

As emissões da pecuária e as possibilidades de mitigação:

Na pecuária os GEE estão relacionados de maneira direta ao CH4 emitido na

produção animal e de forma indireta, ao N2O e CH4 proveniente dos dejetos dos animais

e relacionados à dinâmica da matéria orgânica do solo da biomassa vegetal (biomassa

área e raízes) nas pastagens, e ao CO2 oriundo do desmatamento, revolvimento do solo e

da energia fóssil usada nas operações agrícolas e na produção de diversos insumos.

A primeira grande fonte de emissão de CO2 a ser considerada em alguns casos, é

a ampliação da área para exploração agropecuária pelo desmatamento. Ela gera uma

sensível redução no estoque de carbono, já que grande quantidade do C presente na

parte aérea da vegetação nativa e no solo, são perdidos para a atmosfera. Apenas a

remoção da vegetação nativa, já gera uma perda de C da biomassa aérea, mas tal

quantificação já se configura em um desafio, e em uma fonte de erro, pois os estoques de

carbono em cada Bioma são muito variáveis (Tabela 2), e diferentes fontes, adotam

diferentes valores. Como referencia, o IPCC adota para as florestas tropicais úmidas um

valor de biomassa acima do solo de 220 Mg de MS/ha, e para o Cerrado 80 Mg de MS/ha

(IPCC, 2006). Já na segunda comunicação nacional brasileiro (MCT, 2010), a biomassa

aérea no Cerrado varia entre 16,3 e 77,8 Mg MS/ha, enquanto na Caatinga varia 14,9 a

38 Mg MS/ha. Miranda (2012) indica valores para o cerrado de 6,23 Mg/ha (campo sujo)

para 67,65 Mg/ha (Cerradão de Minas).

Tabela 2: Estimativas do estoque médio de carbono (Mg de C/ha) acima e abaixo do solo

em alguns dos biomas do Brasil. (Adaptado de Palermo, 2011)

Bioma Densidade média de C na fitomassa

Amazônia 197,3

Mata Atlântica 169,3

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Bioma Densidade média de C na fitomassa

Cerrado 75,0

Caatinga 35,0

Pantanal 86,3

Essa perda de biomassa e o consequente carbono emitido com a eliminação da

vegetação nativa, geralmente, não podem ser compensados com a biomassa acumulada

na pastagem a ser implantada, que é da ordem de 1 a 5 Mg C/ha (De Zen et al., 2008).

Assim sendo, sempre que há desmatamento, existe um balanço negativo de GEE.

O desmatamento é a principal fonte de emissão de GEE no Brasil e a sua principal

causa é frequentemente relacionada com o avanço da pecuária na Amazônia. No entanto,

Bowman et al. (2012) sugerem que a especulação da terra e a problemática sobre os

direitos de propriedade parecem ser a verdadeira causa do desmatamento, uma vez que

a atratividade da pecuária de corte na fronteira da floresta Amazônica é geralmente baixa.

Mesmo em estudos que mostram um deslocamento do rebanho bovino do sudeste, em

função da expansão da cana-de-açúcar, para o centro-oeste (Andrade de Sá e Di Falco,

2013), a pecuária não deve ser simplesmente associada como uma causa regional do

desmatamento. Em termos de benefícios para o sistema produtivo, simulações do Banco

Mundial (Gouvello et al., 2011) indicam que o nível ótimo de produtividade é maior em

sistemas mais produtivos. Portanto, em uma escala nacional, a pecuária de corte não

apresenta benefícios competitivos provenientes do desmatamento.

A mitigação de GEE através da redução do desmatamento e da degradação das

áreas de florestas (REDD) vem ganhando importância significativa e vários países

discutem meios de integrá-los à uma agenda política de planos nacionais de redução de

GEE. Nesse sentido, algumas evidências no Brasil se mostram como um exemplo de que

a pecuária pode ser parte fundamental da solução dos problemas ambientais. No Mato

Grosso, uma governança adequada do uso da terra e direito de propriedade aliada a

incentivos para os pecuaristas adotem tecnologias para intensificação e redução do

desmatamento revelou-se promissora em aumentar a produção agropecuária e ao mesmo

tempo evitar o desmatamento (Strassburg et al., 2012).

É fundamental se salientar, que nos últimos anos, a pecuária do Brasil tem

passado por um processo de intensificação dos sistemas de produção, com aumento na

produtividade e consequente racionalização no uso da terra, minimizando a necessidade

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II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

de abertura de novas áreas para sua expansão. Nesse processo, apenas no transcorrer

das últimas duas décadas, a ocupação das pastagens aumentou 40,2%, saltando de 0,89

para 1,25 cabeça por hectare, a produtividade aumentou 87,4%, saltando de 28,3 kg de

carcaça por hectare para os atuais 53 kg de carcaça, fatores que combinados geraram

um efeito “poupa terra” de 525 milhões de hectares (Martha Jr et al., 2012) evitando a

emissão de enormes quantidades de C para a atmosfera.

No solo, a emissão de GEE é resultado de uma série de processos físicos e

bioquímicos, que levam à produção de CO2 via atividade microbiana ou respiração de

raízes e CH4 proveniente da degradação anaeróbia da matéria orgânica do solo. No

entanto, pastagens corretamente manejadas tendem a promover o acúmulo de matéria

orgânica do solo, superando o acumulado por cultivo anuais, como milho e soja, ou

mesmo a vegetação nativa (Tarré et al., 2001; Silva et al., 2004; Neely et al., 2009; Salton

et al., 2011).

Segundo De Zen et al. (2008) usando como base valores de ganhos médios de 8%

no estoque de carbono no solo em relação à vegetação nativa quando convertida em

lavoura, e 19% quando a vegetação é convertida em pastagem (Guo e Gifford, 2002) é

possível capturar aproximadamente 0,78 Mg CO2 eq./ha/ano em matéria orgânica nas

pastagens.

Outro ponto interessante está ligado ao manejo das pastagens, já que ele

apresenta grande influencia no incremento de carbono no solo (Richard et al., 2001), e de

forma contrária do que se pensava até recentemente, a intensificação do uso das

pastagens pode contribuir para a diminuição do CO2 atmosférico (Braga, 2006). Como

exemplo, Carvalho et al. (2010) verificaram que área de pastagens cultivadas não

degradadas, quando mantidas com solos férteis, acumularam 0,46 Mg C/ha/ano, ao

passo que pastagens implantadas em solos de baixa fertilidade natural perderam

carbono. Essa perda foi variável em função do estágio de degradação da pastagem,

variando de 0,15 a 1,53 Mg C/ha/ano, respectivamente nas não degradadas e

degradadas. No mesmo estudo, a conversão das áreas de pastagens não degradadas em

agricultura (soja ou sorgo) levaram à liberação de C para a atmosfera, que em média, foi

de 1,44 Mg C/ha/ano.

O que não deve ser esquecido, é que os estoques de carbono no solo tendem a se

estabilizar no longo prazo (50 anos), e portanto, o dreno de carbono promovido pela

pastagem não é infinito (Cerri et al., 2003).

De forma prática, o que se tem observadoem relação aos números relativos às

taxas de desmatamento registradas no país nos últimos anos, é que de certa forma, a

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preservação ambiental tem sido adotada como estratégias de mitigação de emissão de

GEE mantendo estoques de carbono na biota e nos solos de áreas de vegetação nativa

(Reis et al., 2012).

A segunda fonte de GEE na pecuária é a reposição de nutrientes para as

pastagens. Tanto os adubos, como os dejetos dos animais, geram emissões de GEE.

Um dos gases gerados nesse processo é o óxido nitroso. Considerado o gás de

efeito estufa mais agressivo, pois a mesma massa desse gás possui um potencial de

aquecimento global 320 vezes maior que a do CO2 (IPCC, 2001). A decomposição de

resíduos orgânicos, fezes, urina e adubos são as maior es fontes antropogênicas de N2O

(Foster et al., 2007). Do total de N2O emitido, estima-se que as emissões antropogênicas

representam aproximadamente 40% (Solomon et al., 2007).

Nos sistemas de produção animal, a emissão de N2O ocorre pelo processo de

nitrificação e desnitrificação realizado pelos microrganismos no N presente nas fezes e

urina depositadas pelos animais nas pastagens (Kebreab et al., 2006), nos dejetos em

sistemas confinados (Verburg et al., 2006) no adubo nitrogenado aplicado ou no N

oriundo de fixação biológica simbiótica (Reis et al., 2012).

Dentre esse as fezes depositadas nas pastagens são o mais relevante, já que

segundo documento MCT (MCT, 2010) as emissões decorrentes dos dejetos dos animais

em pastagens foram responsáveis por 43% das emissões de N2O.

De forma geral, entre 70 e 90% do N ingerido pelos animais é excretado (Schils et

al, 2011). No entanto, é difícil se estimar a quantidade de N que efetivamente retorna ao

solo e ainda mais, quanto N2O é realmente emitido, já que diversos fatores como a

quantidade de N nas excretas, o solo, as condições climáticas, o número de animais por

área, a heterogeneidade de distribuição das excretas, e outros fatores, se combinam para

determinar tal valor.

O que se tem observado é que ocorre maior concentração de fezes nas áreas de

descanso e ruminação, como cocho e bebedouro, o que, em decorrência das maiores

quantidade de N depositadas e da maior densidade de solo nessas áreas, tende a gerar

maiores perdas de N para atmosfera (Simek, et al., 2006). Nas área de pastejo

propriamente ditas, o que se tem observado é uma menor deposição de fezes. Braz et al.

(2003) apresentam dados de que apenas 0,81% da área total da pastagem avaliada por

um período de 10 semanas, foi efetivamente coberta por placas de fezes.

As emissões de N2O são diferentes entre as excretas bovinas, sendo a urina a

principal via de produção desse gás (Lessa, 2011). Isso se deve não só à maior

concentração de N na urina, mas também a um maior fator de emissão (Sordi et al.,

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2004). Cardoso (2012) estimado a emissão de GEE em diferentes cenários de produção

no Brasil, indicou que, independente do nível de intensificação adotado, mais de 80% do

total de N2O emitido pelos dejetos, advém da excreção de urina. Nesse sentido, a

intensificação apresenta um ponto desfavorável, já que conforme se aumenta o nível

intensificação das pastagens, se tende aumenta a contribuição das emissões de N2O,

devido ao maior acúmulo de dejeções, especialmente urina.

Além dos fatores mencionados acima, aspectos ligados ao solo como os níveis de

nitrato e o amônio nele existentes, o tipo e porosidade do solo, a sua temperatura e

umidade, pH e a disponibilidade de C lábil, são fatores que modulam a produção e

emissão de N2O no solo (Klein et al., 2010).

Em condições confinadas, em que os dejetos são recolhidos e armazenados, as

condições de armazenamento são o principal determinante do montante de N2O

produzido, mas muito pouco já foi pesquisado sobre isso para bovinos.

O uso de fertilizantes nitrogenados é outro ponto em que existem algumas

controvérsias. Primeiro porque o maior aporte de N aos sistemas consequentemente leva

à maior emissão direta de N2O, mas por outro lado, gera maior produto por área, o que

dilui a emissão por unidade produzida. Depois, porque estudos tem demostrado que os

valores usados com padrão pelo IPCC (IPCC,2006) são diferentes daqueles que têm tem

sido observados ema pastagens tropicais (Cardenas et al., 2010).

A adoção da reposição da fertilidade é fundamental para que se consiga manter,

ou melhorar, a produtividade das pastagens ou culturas que servirão de alimento aos

animais. Caso contrario, com a falta de reposição da fertilidade do solo, a tendência é a

degradação das pastagens, com diminuição da produtividade e consequente redução do

estoque de carbono do solo (Boddey et al., 2004), estimulando a abertura de novas áreas.

Gerando pressão para o desmatamento e as grandes emissões de GEE que advém dele.

Fasiaben et al. (2012) estimam que existe no Brasil aproximadamente 40 milhões

de ha de pastagens com taxas de lotação abaixo de 0,62 UA/ha. A fertilização com

nitrogênio e fósforo pode aumentar de forma significativa a produtividade primária e a

digestibilidade das forragens em solos tropicais. Forrageiras de clima tropical têm

potencial de produzir cerca de 35 tMS/ha/ano e suportar taxas de lotação acima de 4

UA/ha – 7 UA/ha dependendo da estação com adobução nitrogenaa de 160-300

kg/ha/ano (Tambara, 2011).

A adoção de boas práticas de manejo irão refletir no melhor aproveitamento de N

nos sistemas, reduzindo as perdas e as emissões de N2O (Luo et al., 2010; Saggar,

2011), sendo a grande dificuldade, conseguir o equilíbrio, considerando todos os fatores

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envolvidos no processo, como a dose e o tipo de fertilizante ou condição dos dejetos

animais, a época e a forma de aplicação, as características do solo e as condições

climáticas adequadas (Reis et al., 2012).

Apesar de alguns pontos negativos, a intensificação dos sistemas de produção

resulta em menor emissão de N2O por unidade de produto e a adoção de tecnologias

como adubos nitrogenados de liberação lenta, inibidores da urease e da nitrificação, entre

outros (Smith 1997), podem contribuir para melhorar ainda mais essa relação.

As dejeções dos animais, assim como o manejo do solo, além de emitirem N2O,

também emitem metano (Cardoso, 2012). A emissão de CH4 das fezes ou do solo, é um

processo grandemente dependente da condição de umidade do meio (González-Avalos e

Ruiz-Suárez, 2001).

O solo pode ser fonte ou dreno de CH4 da atmosfera, dependendo de aspectos

como anaerobiose ou aerobiose e seus condicionantes, disponibilidade de água,

porosidade e compactação do solo, ou outros como temperatura, disponibilidade de

substrato, uso de fertilizantes e pH. Em função disso, áreas de pastagem, sejam

produtivas ou degradadas, podem atuar como dreno ou fonte de metano, dependendo da

duração e intensidade das estações seca e chuvosa. Ao avaliar áreas de pastagens na

região amazônica, Fernandes et al. (2002), observaram que de maneira geral, as

pastagens da região atuaram como fonte de CH4, mesmo no período de seca, apesar de

apresentarem taxas menores de emissão do que nas águas.

Pesquisas realizadas em regiões com período seco mais bem definido, indicaram

que na época da seca as pastagens consumiram CH4 atmosférico, e somente atuaram

como fonte na época chuvosa (Steudler et al., 1996).

De qualquer forma, períodos em que existe maior presença de água no solo

favorecem a maior emissão de metano pelas aéreas de pastagem, já que o solo se

compacta mais facilmente com a combinação de mais umidade e o pisoteio animal,

facilitando a condição de anaerobiose necessária à geração do CH4 (Reis et al., 2012).

Nas fezes, o metano, em função de sua produção no trato digestivo dos

ruminantes, por microorganismos, continua a ser gerado pelos microrganismos

excretados junto com os resíduos alimentares, quando condições ambientais como altas

temperatura, umidade e ambiente anaeróbico, o são favoráveis (González-Avalos e Ruiz-

Suárez, 2001). Essa fonte de CH4 no entanto, pode ser considerada desprezível na

pecuária brasileira, já que estudos conduzidos na Austrália, em condições de pastagem,

semelhantes às nossas, indicaram que a produção de metano a partir de fezes é inferior a

3% do produzido no rúmen (Williams, 1993). Apenas o esterco gerado em confinamento,

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II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

cujo manejo é realizado em lagoas de decantação ou empilhado em pátios, poderia emitir

quantidades significativas de CH4 (Lodman et al, 1993).

Isso se deve ao fato de a estocagem e/ou movimentação dos dejetos animais em

forma líquida, como em lagoas e tanques de decantação, gerar condições de baixa

presença de oxigênio na massa, com teores de umidade ideais para a ação de bactérias

metanogênicas, que sob essas condições, irão degradar a matéria orgânica e produzir

quantidades significativas de CH4 (Lima et al., 2006; Dong et al., 2006). Sob essas

condições de manejo, aspectos como temperatura e o tempo de retenção no local de

estocagem é que irão determinar a produção de metano (Dong et al., 2006).

Geralmente, nos sistemas confinados de produção animal, em função da escala e

da forma de limpeza e coleta dos resíduos, com raspagem ou lavagem com água, essas

condições ocorrem facilmente (Bellarby et al., 2008). E mesmo quando o material

estocado se encontra apenas úmido, em forma não-líquida, como em pilhas, ocorre a

geração de metano nos dejetos (USEPA, 2010).

Como referência, No Brasil em 2005, 94% do metano emitido pela pecuária teve

origem entérica e 6% origem no esterco (MCT, 2010).

Anualmente, são emitidos 86 milhões de toneladas de metano (FAO, 2006), dos

quais mais de 40% advém da pecuária. O CH4 é o gás orgânico mais abundante na

atmosfera da Terra, e em termos de potencial para o aquecimento global é um dos gases

maior importância, já que apresenta absorção 25 vezes maior de calor por molécula

quando comparado ao CO2 (IPCC, 2006 e 2007).

No Brasil, as estimativas indicam que em 2005 se emitiu 12.210 Gg de metano,

sendo que 11.487 Gg podem ser atribuídas à fermentação entérica (MCT 2010), e sob

esse aspecto, os bovinos se destacam representando 97% do total de emissões entéricas

e 91% do total de metano emitido (MCT 2010).

O metano é um subproduto natural do processo anaeróbico de fermentação

entérica no rúmen, em que carboidratos, estruturais ou não estruturais, são convertidos

por microorganismos em ácidos graxos de cadeia curta (ácido acético, propiônico e

butírico em sua maioria), que se configuram na principal fonte de energia para os

ruminates (Berchielli et al.; 2003). Nesse processo CO2 e CH4 são gerados como

subprodutos (Lascano e Cardenas, 2010), sendo liberados diretamente para a atmosfera

através da eructação e flatulência dos animais (Cottle et al., 2011).

A emissão de metano, além de um problema ambiental, representa também uma

fonte de perda de eficiência no sistema de produção, já a energia perdida na forma CH4

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pode representar até 14% do total da energia digestível consumida por bovinos Nelore

(Demarchi et al.; 2003a e b).

A síntese de CH4 constitui o principal dreno de hidrogênio no rúmen (Berndt, 2010),

e se configura em um processo fundamental para o bom desempenho do ecossistema

ruminal, evitando o acúmulo de H2 no rúmen, o que poderia levar à acidificação do meio, e

a uma série de problemas metabólicos nos animais.

As vias fermentativas que levam à formação de ácido acético e butírico são as

principais liberadoras de H2 no rúmen, e em função disso, muito do que se tem feito em

pesquisas para a mitigação da produção de metano pelos ruminantes, manipulando

dietas e a população microbiana ruminal, visa minimizar a produção de acetato e butirato

(Joblin, 1999), reduzindo a relação desses ácidos orgânicos com o propionado,

favorecendo que ocorra a síntese de propionato (Reis et al., 2012). A formação de

propionato é uma via metabólica de utilização de H2 no rúmen, e em função disso, reduz a

disponibilidade de substrato para a metanogênese (Machado et al., 2011).

A produção de metano entérico, apesar de variar em função de fatores ligados ao

animal, como raça, sexo e idade (Berchielli et al., 2012), estado fisiológico e tamanho

corporal (Primavesi et al.; 2004a e b), é principalmente influenciada por aspectos ligados

à dieta do animal. Fatores como a quantidade e a qualidade nutricional do alimento

ingerido pelos animais, são os aspectos primordiais a influenciar a maior ou menor

produção de metano pelo processo digestivo. O aspecto qualitativo esta ligado

principalmente ao tipo de carboidratos na dieta (Mc Allister et al.; 1996). A perda

energética dos animais, com emissão de metano em função da qualidade da forragem,

pode variar de 2%, naquelas de boa qualidade, a 12%, nas de baixa qualidade. Isso

significa que quanto melhor a alimentação fornecida para o animal, menor será a

produção e emissão de metano por unidade de matéria seca ingerida.

A qualidade do alimento também afeta a quantidade consumida de alimento e de

metano gerada. Ocorrendo maior ingestão e menor emissão de metano, quanto melhor a

qualidade (Kurihara et al.,1999). Em forragens de menor qualidade, em que a

permanência de partículas no rúmen e o processo digestivo são prolongados, ocorre um

aumento de metano produzido para cada unidade de forragem digerida (Mc Allister et al.;

1996).

Assim sendo, em sistemas de produção animal baseados em pastagens, nível de

consumo, qualidade da forragem disponível e digestibilidade da massa ingerida são

pontos chave na determinação da produção de metano entérico pelos animais (Pedreira e

Primavesi,2006).

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Sob esse aspecto, a pecuária brasileira apresenta uma desvantagem, o fato de

estar baseada em pastagens, já que dietas ricas em carboidratos estruturais, tendem a

gerar mais acetato e butirato em sua digestão, o que culmina com maior emissão de

metano.

A forma extensiva de produção predominante no País, e a grande proporção de

áreas de pastagens degradas (Lima, 2002), são agravantes dessa desvantagem, já que

ambos os fatores colaboram para diminuição da qualidade nutricional da dieta

aumentando ainda mais a possibilidade de emissão de metano (Reis et al., 2012). Isso

decorre do fato de que, com o aumento da maturação da forragem, ocorre piora da

qualidade, redução de ingestão e maior emissão de metano por unidade de massa de

matéria seca ingerida (Berndt, 2010).

Ao avaliarem o efeito da idade de forrageiras de clima tropical (C4), simulando

diferenças na qualidade da matéria seca ingerida, Nascimento (2007) observaram maior

perda da energia bruta, 6,2 a 9,0% de perdas na forma de metano, no estádio mais

avançado de desenvolvimento.

Em função disso, Reis et al. (2010) indicam como a melhor alternativa para a

mitigação de metano nos sistemas de produção brasileiros, o manejo adequado da

pastagem e do pastejo. Através deles, se consegue promover a melhoria da qualidade

nutricional da dieta, com maiores teores de proteína, menores teores de carboidratos

fibrosos e maior digestibilidade da matéria orgânica, favorecendo o consumo, ofertando

forragem de melhor valor nutritivo e em maior quantidade para os animais, aumentando a

conversão dos nutrientes em produto animal (Reis et al., 2012).

As áreas melhor manejadas, alem de melhorarem a dieta e o desempenho

individual dos animais, também promovem o aumento das taxas de lotação das

pastagens, e a redução dos ciclos de produção, trazendo além de benefícios produtivos,

melhoras em relação à emissão de metano (Cottle et al., 2011). De acordo com Berndt

(2010) essas áreas tendem a mitigar a emissão de CH4 por animal, em decorrência da

melhor dieta, e a emitir maior quantidade de CH4 por área, como fruto do incremento da

população em pastejo, mas tem balanço final positivo, gerando uma menor emissão por

unidade de produto produzida.

As melhorias de manejo de pastagens, tanto em relação ao pastejo, quanto na

reposição da fertilidade do solo também tendem a ser benéficas em relação à emissão de

GEE por promoverem um maior acúmulo de matéria orgânica no solo (Conant et al.,

2001), possibilitando acúmulos de C no solo a uma taxa de 0,3 Mg de C/ha/ano (IPCC,

2006), equivalente a 1,1 Mg de CO2 eq./ha/ano.

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A adoção de suplementarão alimentar é outra tecnologia que pode colaborar na

mitigação de GEE por ruminantes em pastagens (Reis et al., 2012). O aumento da

participação de carboidratos não estruturais nas dietas dos ruminantes em pastejo, com a

inclusão de grão vias suplemento, tende a reduzir a produção de metano. Como os

componentes da parede celular das plantas são mais metanogênicos que os carboidratos

do conteúdo celular. A degradação da parede celular de forragens promove maior relação

entre acetato:propionato e maior emissão de metano (Jonhson e Jonhson, 1995). Ao se

aumentar a quantidade de carboidratos solúveis presentes nos suplementos, se altera o

perfil de fermentação ruminal, aumentando não só a quantidade de ácidos graxos voláteis

totais, mas principalmente as concentrações de propionato e butirato, com diminuição na

relação entre acetato propionato (Seal e Parker, 1994) diminuindo a produção de metano

por unidade de matéria seca ingerida (Moss, 1993).

Assim como ocorre em relação à intensificação das pastagens, a suplementação

de bovinos em pastejo com grãos, pode aumentar a produção de metano diária pelos

animais, mas gera menor produção por kg/MS ingerida e diminui o ciclo produtivo,

reduzindo a produção por kg/produto (Pedreira, 2004).

De forma concomitante à diminuição na emissão de CH4, o melhor ajuste na

relação entre nitrogênio e energia nas dietas com inclusão de suplemento, pode também

levar a menor emissão de N2O, pois aumenta a eficiência no uso do N, melhorando

síntese de proteína pelos animais em pastejo, e diminui excreção de compostos

nitrogenados nas fezes e urina (Kebreab et al., 2001; Klein et al., 2010).

A adoção de suplementação permite também que uma séria de outros aditivos

nutricionais que possibilitam a manipulação do ambiente ruminal e a diminuição da

produção entérica de metano, como ionóforos, probióticos, leveduras, glicerol, óleos,

fontes de lipídeos, anticorpos monoclonais sejam empregados na nutrição dos animais

(Lascano e Cárdenas, 2010).

Apesar de as pastagens se configurarem na base alimentar do rebanho, sendo seu

alimento quase que exclusivo (Bürgi e Pagoto, 2002), pois perfazem algo em torno de

99% da dieta consumida pelos animais ao longo de sua vida (Paulino et al., 2008), o uso

do confinamento para a terminação dos animais de engorda e como forma de

intensificação de sistemas de produção de leite tem sido uma estratégia cada vez mais

comum.

Em condições confinadas, assim como acontece com o fornecimento de

suplementação concentrada para animais em pastagem, o perfil nutricional da dieta

favorece a a diminuição da emissão de metano. Isso ocorre tanto em função de menor

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II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

quantidade de metano por unidade de matéria seca ingerida, como em função da

diminuição do ciclo de produção. Como exemplo, Almeida (2010) avaliando as emissões

de GEE desde a produção do alimento até o animal estar pronto para o abate, obteve

17% de redução nas emissões, que foram de 41 kg de CO2 equivalente por quilo de carne

produzida (kg CO2 eq./kg carne) para 33 kg CO2 eq./kg carne.

O risco para o confinamento, tanto em termos produtivos como em relação à

emissão de GEE se deve ao fato de ser altamente dependente de insumos externos, e

portanto, apresentar eficiência muito variável em função dos insumos adotados.

Mais recentemente, um dos focos das pesquisa tem sido os sistemas integrados de

produção (Integração Lavoura Pecuária - ILP, Silvipastoril e Agrossilvipastoril), em que se

acredita, possuem grande potencial de mitigação dos gases de efeito estufa.

Tais sistemas, consistem na diversificação, rotação, consorsiação ou sucessão das

atividades de agricultura e pecuária dentro da propriedade rural e apresentam o potencial

de recuperar áreas degradadas, aumentar a produtividade do sistema, reduzir

desmatamento e gerar economia de escopo (Herrero et al., 2010; Coquil et al., 2012). No

sul do Brasil, sistemas que integram soja-milho-engorda de cordeiros, soja-bovinos de

corte e arroz-bovinos de corte mostraram-se promissores em melhorar o desempenho

animal e permitir níveis mais elevados de biodiversidade e produtividade em comparação

com pastagens e lavouras em monocultivos (Carvalho et al. 2011).

Sistemas com pastagens em que ocorre a introdução do componente arbóreo,

tendem a ter potencial para o sequestro de carbono e mitigação dos gases de efeito

estufa, devido à elevada produção de massa de forragem das gramíneas tropicais,

eficientes no de fertilizantes nitrogenados, e ao acúmulo de matéria-orgânica no solo

(Oliveira et.al., 2007; Segnini et. al., 2007).

Propriedades que integram atividades agrícolas, pecuárias e florestais estão se

tornando comuns no Cerrado brasileiro e vêm sendo associados com uma melhora na

fertilidade do solo atráves da aumento da matéria orgânica e de práticas de conservação

da terra (Vilela, 2001). Há duas décadas sistemas agrisilvipastoris com base em

eucaliptos vem sendo estabelecidos no Cerrado com o cultivo de soja e arroz nos

primeiros dois anos seguidos de pastejo de bovinos em Brachiaria a partir do terceiro ano

do sistema. Esses sistemas podem reduzir as emissões de GEE, promover o sequestro

de carbono no solo e aumentar a resiliência do solo ao aumentar os níveis de matéria

orgânica (Nair et al., 2011).

Diversas pesquisas, abordando diferentes sistemas de integração lavoura-

pecuária-floresta, tem evidenciado que o componente florestal gera benefícios que

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refletem em melhoria na eficiência de uso da terra (Carvalho et al., 2001; Macedo, 2009),

além de impactos positivos no sequestro de carbono que ampliam as possibilidades de

seu uso em cenários de mudanças climáticas.

Poucos trabalhos Trabalhos como os de OfugiI et al. (2008) com sistema

integrados com 250 a 350 árvores de eucalipto/ha, com corte das árvores aos oito a doze

anos de idade, podem produzir 25 m3/ha/ano de madeira e sequestra o equivalente a 5

t/ha de C ou 18 t/ha de CO2 eq. ao ano.

De maneira geral, projeções sobre as emissões de metano pela pecuária de corte

brasileira, que pressupõem a incorporação de tecnologias apropriadas de manejo nos

sistemas de produção no país, como as de Barioni et al. (2007), indicam que no período

de 2007 a 2025, deverá ocorrer substancial melhoria na eficiência de produção dos nosso

sistemas, indicando incrementos de 7,4% no tamanho do rebanho nacional e de 29,3% no

número de abates, que irão gerar um aumento estimado de 25,4% na produção nacional

de carne, mas com apenas 2,9% de aumento na emissão de metano. Refletindo uma

diminuição de 18% na emissão de metano por unidade de carne produzida.

Conclusões:

O Brasil é um dos países produtores de alimentos que apresenta maior potencial

de redução das emissões de GEE, não só porque ainda pode melhorar seus índices

produtivos, como pode fazer isso de forma menos impactante nas áreas de vegetação

nativa.

No entanto, realizar estimativas do balanço de gases nos diversos sistemas de

produção existentes no país é uma atividade bastante complexa, que demanda muita

pesquisa, inclusive sobre sistemas que se refuta, são mais eficientes de produção como

silvipastoris e agrosilvipastoris.

A realidade atual é que poucos estudos têm sido feitos com o intuito de se

mensurar a emissão de GEE gerada em todo o ciclo de produção, nos diferentes sistemas

produtivos, e apesar de os resultados atuais trazerem algumas indicações é muito difícil

realizar o real balanço do C na pecuária brasileira.

A redução na emissão de GEE pela pecuária, além de ser compromisso nacional,

de governo, traz impactos muito positivos no meio ambiente, na imagem da pecuária

brasileira como negócio, e mais do que tudo propicia ao produtor rural aumento de

eficiência em seu negócio, refletindo em melhor resultado econômico. Independente de

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II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

hoje a pecuária no Brasil ser emissora ou mitigadora de GEE, a diminuição da emissão

dos GEE deve ser um objetivo perseguido para o futuro.

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