INCORPORAÇÃO DA DINÂMICA DE SISTEMAS AO PROCESSO DE...

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i FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO INCORPORAÇÃO DA DINÂMICA DE SISTEMAS AO PROCESSO DE PLANEJAMENTO DE MARKETING DE UMA EMPRESA DO SETOR INDUSTRIAL LÚCIA ROSENBLATT ORIENTADOR: PROF. DR. EDSON JOSÉ DALTO Rio de Janeiro, 26 de junho de 2012.

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO PPRROOFFIISSSSIIOONNAALLIIZZAANNTTEE EEMM AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO

INCORPORAÇÃO DA DINÂMICA DE SISTEMAS AO PROCESSO DE

PLANEJAMENTO DE MARKETING DE UMA EMPRESA DO SETOR INDUSTRIAL

LLÚÚCCIIAA RROOSSEENNBBLLAATTTT

ORIENTADOR: PROF. DR. EDSON JOSÉ DALTO

Rio de Janeiro, 26 de junho de 2012.

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“INCORPORAÇÃO DA DINÂMICA DE SISTEMAS AO PROCESSO D E PLANEJAMENTO DE MARKETING DE UMA EMPRESA DO SETOR

INDUSTRIAL”

LÚCIA ROSENBLATT

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Marketing

ORIENTADOR: PROF. DR. EDSON JOSÉ DALTO

Rio de Janeiro, 26 de junho de 20012.

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“INCORPORAÇÃO DA DINÂMICA DE SISTEMAS AO PROCESSO D E PLANEJAMENTO DE MARKETING DE UMA EMPRESA DO SETOR

INDUSTRIAL”

LÚCIA ROSENBLATT

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Marketing

Avaliação:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________

Professor DR. EDSON JOSÉ DALTO (Orientador) Instituição: Ibmec-RJ _____________________________________________________

Professor DR. LUIZ CARLOS GESUALDI Instituição: Ibmec-RJ _____________________________________________________

Professor DR. AMARILDO DA CRUZ FERNANDES Instituição: UFRJ

Rio de Janeiro, 26 de junho de 2012.

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658.8 R813i

Rosenblatt, Lúcia. Incorporação da dinâmica de sistemas ao processo de planejamento de marketing de uma empresa do setor industrial. / Lúcia Rosenblatt. - Rio de Janeiro: Faculdades Ibmec, 2012. 72f. ; 29 cm. Dissertação de Mestrado Profissionalizante apresentada ao Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração Faculdades Ibmec, como requisito parcial necessário para a obtenção do título de Mestre em Administração. Área de concentração: Marketing. Orientador: Dr. Prof. Edson José Dalto.

1. Marketing. 2. Dinâmica de sistemas. 3. Planejamento estratégico. 4. Sistemas de apoio à decisão em marketing. I. Rosenblatt, Lúcia. II. Dr. Prof. Edson José Dalto. III. Incorporação da dinâmica de sistemas ao processo de planejamento de marketing de uma empresa do setor industrial.

v

DEDICATÓRIA

Aos meus pais e irmãs, pelo amor incondicional. Por serem parte integrante de quem eu sou. Por todo o apoio para chegar onde estou. Ao meu marido, pelo amor construído diariamente. Por tornar mais leve o caminho desse trabalho. Por fazer da rotina alegria.

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AGRADECIMENTOS

Ao professor Edson José Dalto, pela orientação e por acreditar no potencial do meu trabalho.

Ao professor Luiz Carlos Gesualdi Junior, por compor a banca e por ter lido a primeira

semente desse trabalho, na disciplina de Marketing.

Ao professor Amarildo da Cruz Fernandes, por ter me apresentado à Dinâmica de Sistemas e

despertado meu interesse pelo assunto ainda na graduação.

Ao meu gerente Waldir Hermano Correa Arruda, que além de ter viabilizado esse mestrado,

prestou todo o apoio necessário. Por ter sempre uma palavra de incentivo, seja acadêmico,

profissional, ou pessoal. Por torcer constantemente pelo sucesso de todos da equipe.

A toda minha equipe de trabalho, pela colaboração na realização do trabalho e por tornarem o

dia-a-dia muito mais divertido.

A todos os amigos – os que me acompanham desde a infância e os que chegaram nos últimos

tempos – pela torcida, e pela simples presença, mesmo que distante. Que eu continue

comemorando as conquistas ao lado de vocês.

A toda minha família: avós, tios, primos, cunhado, cachorro, sobrinha. Aos que já foram e a

quem mais chegar. Agradeço o carinho que está presente em todas as horas do meu dia. O

amor que aprendi com vocês.

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RESUMO

A dinâmica de sistemas é uma metodologia amplamente utilizada na modelagem e

disseminação de estratégias de negócios. Nesse trabalho descreve-se a agregação de modelos

de dinâmica de sistemas ao processo de planejamento de marketing já existente em uma

empresa brasileira do setor industrial. O processo foi desenvolvido junto com os gestores de

Marketing da empresa, através da metodologia de pesquisa-ação. O modelo resultante da

pesquisa proporcionou melhoria na compreensão dos mercados, na seleção da estratégia de

mercado mais adequada e na sua disseminação.

Palavras Chave: Dinâmica de Sistemas. Planejamento Estratégico de Marketing. Sistemas de

Apoio à Decisão em Marketing.

viii

ABSTRACT

System dynamics is a method that is widely used to model and disseminate business

strategies. This work describes the aggregation of system dynamics models to the previously

existing marketing planning process of a large Brazilian industrial corporation. The process

was developed together with the company's Marketing managers, using the action-research

methodology. The resulting model improved the understanding of the pertinent markets,

the selection of the most suitable market strategy, and the dissemination of this strategy

Key Words: Systems Dynamics. Strategic Marketing Planning. Marketing Decision Support

Systems.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Os dez passos do processo de planejamento estratégico de marketing ..................... 8 Figura 2 - O Sistema de Informações de Marketing ................................................................... 9 Figura 3 – Quatro Módulos do SIM ......................................................................................... 13 Figura 4 - Diagrama de Enlaces Causais .................................................................................. 19 Figura 5 - Representação de feedbacks típicos de equilíbrio e de reforço ............................... 20 Figura 6 - Simbologia dos Diagramas de Estoques e Fluxos ................................................... 20 Figura 7 - Diagrama Simplificado de Estoques e Fluxos ......................................................... 21 Figura 8 - Diagrama de Estoque e Fluxo com Dois Conversores ............................................ 22 Figura 9 - Uma Estrutura de Feedback Simples ....................................................................... 22 Figura 10 - As questões fundamentais das dinâmicas da estratégia ......................................... 28 Figura 11 - Os recursos representados como estoques na abordagem de Dinâmicas da

Estratégia .......................................................................................................................... 29 Figura 12 - Treinamento da força de trabalho e desempenho estratégico num período de dez

meses ................................................................................................................................ 31 Figura 13 – Processo Integrado de Planejamento ..................................................................... 39

x

LISTA DE ABREVIATURAS DS Dinâmica de Sistemas

PDM Planejamento Dinâmico de Mercado

PIM Plano Integrado de Mercado

PMA gerência de Planejamento de Marketing A

PMB gerência de Planejamento de Marketing B

SAD Sistema de Apoio à Decisão

SADM Sistema de Apoio à Decisão em Marketing

SIM Sistema de Informações de Marketing

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1 1.1 Objetivos ...................................................................................................................... 3 1.2 Relevância .................................................................................................................... 4 1.3 Organização ................................................................................................................. 4

2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................... 5 2.1 Planejamento Estratégico de Marketing ...................................................................... 5

2.1.1 O Processo de Planejamento Estratégico de Marketing ....................................... 6

2.2 Sistema de Informações de Marketing ......................................................................... 8 2.3 Sistemas de Apoio à Decisão em Marketing ............................................................. 10

2.4 Dinâmica de Sistemas ................................................................................................ 13 2.4.1 Os Sistemas de Feedback ................................................................................... 15

2.4.2 A Modelagem dos Sistemas ............................................................................... 16

2.4.2.1 A Modelagem Soft da Dinâmica de Sistemas ................................................. 18 2.4.2.2 A Modelagem Hard da Dinâmica de Sistemas ............................................... 20 2.4.2.3 Simulação em Dinâmica de Sistemas ............................................................. 23

2.4.3 Dinâmica de Sistemas e Marketing .................................................................... 24

2.5 Dinâmicas da Estratégia ............................................................................................. 26 3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 33 4 A PESQUISA-AÇÃO: INCORPORAÇÃO DA DINÂMICA DE SISTEMAS AO PROCESSO DE PLANEJAMENTO DE MARKETING DE UMA EMPRESA DO SETOR INDUSTRIAL .......................................................................................................................... 36

4.1 Sobre a Empresa Estudada ......................................................................................... 36 4.2 Planejamento de Marketing na Empresa Estudada .................................................... 37

4.3 Modelo Proposto para o Planejamento de Marketing ................................................ 40

4.4 Resultados .................................................................................................................. 44 5 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 51 APÊNDICE A – ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM ANALISTAS DE PLANEJAMENTO DE MARKETING ................................................................................... 56 APÊNDICE B– ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM COORDENADORES DE PLANEJAMENTO DE MARKETING ................................................................................... 58 APÊNDICE C– ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM GERENTE DE PLANEJAMENTO DE MARKETING .................................................................................................................... 60

1

1 INTRODUÇÃO

A ampla adoção de processos formais de planejamento de marketing nas companhias não

garante a qualidade do produto final e muito menos os benefícios esperados na maioria dos

casos. Apesar de 70% das companhias do Reino Unido redigirem planos de marketing, apenas

14% dessas conseguem fazê-lo de forma eficiente (GREENLEY, 1982; GREENLEY, 1983).

Wilson e McDonald (1994) e McDonald (1996) agrupam as barreiras ao bom

desenvolvimento dos planos de marketing nas seguintes categorias:

- Recursos humanos: falta de envolvimento multidisciplinar das equipes e

comprometimento da liderança;

- Fatores cognitivos: falta de conhecimento e de técnicas, ou falta de inovação e

reconhecimento de alternativas estratégicas;

- Sistemas e procedimentos: redação inadequada do projeto dificultando sua disseminação e

implantação, ou aplicação muito rígida de “receitas” provenientes dos livros-texto;

- Falta de Recursos: falta de tempo, dinheiro ou qualquer outro recurso para elaboração e

implementação adequada do plano;

- Cultura organizacional: pode ser baseada em sistemas de recompensa de curto prazo,

prejudicando o comprometimento com planos de médio e longo prazo. A cultura também

pode dificultar a geração e abertura a novas ideias;

- Dados: falta de dados relevantes tiram o sentido da elaboração de um plano.

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Em 2001, um novo levantamento mostra que mais de 85% das empresas do Reino Unido

realizam algum tipo de plano de marketing formal (DIBB et al, 2001). Além disso, Simkin

(2002) afirma que os problemas na elaboração e implantação dos planos continuam frequentes

e revisa os principais impedimentos do processo, entre eles: falta de visão sistêmica,

informação inadequada, falta de compreensão a respeito do consumidor, pouco envolvimento

multidisciplinar.

O uso de Sistemas de Apoio à Decisão (SAD) no planejamento de marketing tem o potencial

de resolver algumas dessas barreiras, principalmente no que tange os fatores de recursos

humanos e cognitivos, apoiando o planejamento em grupo, promovendo análises

multifuncionais, aumentando a credibilidade do plano e propiciando a análise de diversas

alternativas (WILSON e MCDONALD, 1994; WILSON e MCDONALD, 1996).

Little (1979) é o autor do termo Sistemas de Apoio à Decisão em Marketing (SADM), que

define como “um conjunto coordenado de dados, sistemas, ferramentas e técnicas suportadas

por software e hardware, através das quais uma organização reúne e interpreta informações

relevantes do negócio e do seu ambiente, transformando-as em base para as ações de

marketing”. Assim, a definição de SADM é suficientemente ampla para englobar desde

ferramentas extremamente operacionais até aplicações mais estratégicas, com modelos para

simulação de mercado. Na prática, observa-se que, apesar de um grande número de empresas

adotarem algum tipo de SADM, a maioria dos sistemas utilizados se concentra em aspectos

operacionais e não estratégicos, estando voltados para disponibilização de dados, ferramentas

estatísticas e ferramentas para criação de documentos e relatórios (LI et al, 2000; XU, 1999).

A abordagem da Dinâmica de Sistemas (DS) (FORRESTER, 1961) explicita como as

decisões, políticas e a própria estrutura do sistema interagem de forma a influenciar seu

desempenho. A simulação de modelos de DS permite a exploração de cenários e testes de

políticas numa espécie de laboratório, levando a uma maior confiança em políticas e

estratégias específicas (RICHARDSON e OTTO, 2008).

Apesar de diversos trabalhos apontarem para o uso da DS na modelagem de mercados

(LIEHR et al, 2001; LYNEIS, 2000) e na solução de problemas inerentes ao marketing

(OTTO, 2008; GROESSLER et al, 2008; LIN, 2008), não foram encontrados estudos que

3

relatassem a adoção sistemática de modelos de DS como ferramenta para elaboração dos

planos de marketing.

Esse estudo descreve a incorporação de modelos de simulação em DS ao processo de

planejamento de marketing já existente numa empresa brasileira que atua no setor industrial.

Acredita-se que isso produzirá melhoria da seleção da estratégia de mercado mais adequada,

na comunicação dessa estratégia e na própria compreensão a respeito do funcionamento dos

diferentes mercados em que a empresa atua. As melhorias no processo foram avaliadas a

partir da percepção por parte dos atores, entre eles os analistas e o gerente de planejamento de

marketing, através de entrevistas realizadas ao final da implantação.

1.1 OBJETIVOS

- Propor um processo de planejamento de marketing que incorpore simulação de modelos

de DS;

- Implantar o processo na companhia estudada, com auxílio de um dos gerentes de

planejamento de marketing;

- Avaliar as melhorias obtidas com esse novo processo, a partir do ponto de vista de seus

principais atores – a saber, seis analistas, dois coordenadores e um gerente de

planejamento de marketing.

O modelo foi desenvolvido ao longo dos anos de 2010 e 2011 em parceria com a gerência de

Planejamento de Marketing da organização e adotado no ciclo de planejamento para os anos

de 2012 a 2015. O modelo e os resultados obtidos com sua adoção serão descritos no âmbito

desse trabalho.

Os resultados encontrados dizem respeito unicamente à experiência relatada, especificamente

na empresa em que o modelo foi adotado. Em qualquer outro caso, deve ser avaliado o

contexto e os prós e contras de se adotar um modelo desse tipo antes de sua implantação. No

entanto, o modelo proposto pode ser replicado e adaptado para utilização em outras

organizações.

4

1.2 RELEVÂNCIA

O estudo é de grande relevância tanto para o meio acadêmico quanto para as organizações,

pois propõe a aplicação inovadora de conceitos oriundos da engenharia à prática da gestão de

marketing numa empresa e acompanha os resultados dessa aplicação.

1.3 ORGANIZAÇÃO

Esta dissertação está estruturada em cinco capítulos. No primeiro capítulo é feita uma breve

descrição a respeito dos assuntos a serem abordados e dos objetivos dessa dissertação. No

segundo capítulo é descrita a metodologia utilizada no trabalho, bem como a justificativa para

sua seleção. No terceiro capítulo, é realizada uma descrição do referencial teórico existente a

respeito dos principais temas abordados nessa dissertação: planejamento de marketing,

SADM, DS e dinâmicas da estratégia. No quarto capítulo é realizada a descrição da pesquisa-

ação realizada: dados sobre a empresa em que o trabalho foi desenvolvido, seu processo pré-

existente de planejamento de marketing, a proposta para o novo processo de planejamento, e

os resultados obtidos com essa abordagem. No quinto e último capítulo encontram-se as

conclusões obtidas com esse trabalho, bem como suas implicações, limitações, e

oportunidades para estudos futuros.

5

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE MARKETING

O planejamento de marketing é um processo sistemático para avaliação de oportunidades de

mercado, reconhecimento das tendências do mercado e das necessidades dos consumidores. O

processo auxilia os negócios a desenvolver, coordenar e controlar as atividades de marketing

efetivamente (DIBB, 2002).

O plano de marketing é o documento escrito que as empresas desenvolvem a fim de registrar

as saídas do processo de planejamento de marketing. Esse documento deve prover detalhes a

respeito das análises e do pensamento estratégico utilizado e delinear os objetivos de

marketing, o mix de marketing e o plano para implementação e controle. O plano exerce ainda

o papel de informar os membros do corpo gerencial a respeito de suas responsabilidades,

funcionando como um guia para que o negócio implemente suas estratégias e atinja seus

objetivos (DIBB, 2002).

Segundo McDonald (2006), a preocupação principal dos planos estratégicos de marketing é o

estabelecimento, construção e manutenção de vantagem competitiva. Ainda segundo o autor,

um plano estratégico de marketing deve levar em conta o posicionamento competitivo

existente da empresa, onde ela deseja estar no futuro, suas capacidades e o ambiente

competitivo onde ela se encontra. O planejamento estratégico de marketing é um processo

através do qual uma organização formula suas estratégias, e deve estar adaptado a cada

organização e seu ambiente competitivo.

Entre os principais efeitos do planejamento de marketing formal nas organizações encontram-

se os seguintes (MCDONALD, 2006):

6

- Identificação sistemática de oportunidades e ameaças;

- Preparo para mudanças no ambiente de mercado;

- Melhor comunicação entre os executivos;

- Redução de conflitos entre indivíduos e entre departamentos;

- Envolvimento de todos os níveis de gestão no processo de planejamento;

- Melhor alocação de recursos escassos;

- Consistência de abordagem ao longo da organização;

- Maior orientação para o mercado dentro da organização.

2.1.1 O Processo de Planejamento Estratégico de Marketing

De acordo com McDonald (2006), a maioria dos gerentes concorda com a necessidade de

algum tipo de procedimento formal para o planejamento. Eles precisam de algum tipo de

sistema que os auxilie a pensar de forma estruturada e a tornar explícitos seus modelos

mentais do negócio.

Ainda segundo o autor, normalmente os inputs para um plano estratégico de marketing são: a

missão e objetivos corporativos; dados dos mercados de interesse – como tamanho e

expectativa de crescimento; e dados internos provenientes das operações correntes.

McDonald (2006) descreve em linhas gerais o processo de planejamento estratégico de

marketing como representado na Figura 1. A fase 3 – formulação da estratégia – é a etapa de

principal interesse no escopo desse trabalho, dado o objetivo de adoção de uma ferramenta

que melhore as previsões e decisão por uma estratégia de mercado. No âmbito dessa fase

encontram-se as seguintes etapas:

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- Objetivos e estratégias de marketing ���� Deve-se ter sempre em mente que os objetivos

de marketing tratam exclusivamente de produtos e mercados. As estratégias dizem

respeito à forma com que esses objetivos serão atingidos, e pode tratar de aspectos como

produto, preço, praça ou promoção. Os objetivos de marketing sempre envolvem um ou

mais dos seguintes aspectos: produtos existentes para mercados existentes, produtos novos

para mercados existentes, produtos existentes para novos mercados, e produtos novos para

novos mercados. Os objetivos devem ser mensuráveis, e devem envolver uma ou mais das

seguintes medidas: volume de vendas, valor de vendas, participação de mercado, lucro,

penetração de mercado.

- Estimar resultados esperados ���� Nessa etapa deve-se testar se os objetivos estabelecidos

na etapa anterior são factíveis. Nesse trabalho propõe-se o estabelecimento os objetivos e

avaliação de sua factibilidade através de modelos de simulação.

- Identificar planos e mixes alternativos ���� Caso seja necessário, devem ser estabelecidas

metas e estratégias alternativas.

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Figura 1 - Os dez passos do processo de planejamento estratégico de marketing (Fonte: Autor, adaptado de MCDONALD, 2006)

2.2 SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE MARKETING

Segundo Kotler e Armstrong (1999), um Sistema de Informações de Marketing (SIM) se

traduz em um conjunto de pessoas, equipamentos e procedimentos que reúnem, selecionam,

avaliam e distribuem as informações necessárias para tomada de decisão em marketing. Os

autores representam o SIM através do modelo ilustrado na Figura 2.

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Identificação das

Necessidades de Informação

Inteligência de marketing

Registros internos

Gerentes de Marketing

Análise

Planejamento

Implementação

Controle

Ambiente de Marketing

Mercados alvo

Canais de marketing

Concorrentes

Públicos

Forças do macroambiente

Distribuição da Informação

Pesquisa de marketing

Análise da informação

Desenvolvimento de informações

Decisões e comunicações de marketing

Sistema de Informações de Marketing

Figura 2 - O Sistema de Informações de Marketing (Fonte: Kotler e Armstrong, 1999)

Ainda de acordo com Kotler e Armstrong (1999):

- Um bom SIM deve conciliar as informações que os profissionais de marketing desejam

com aquelas que eles de fato necessitam e com aquilo que é possível oferecer.

Determinadas informações podem ser omitidas por impossibilidade de obtenção dos

dados, por limitações do sistema ou porque o custo de obtê-las é tão alto que a empresa

opta por não fazê-lo;

- A informação necessária aos profissionais de marketing pode ser obtida através de três

fontes: registros internos da empresa (coletadas dentro da empresa), serviço de

inteligência de marketing (coleta diária de informações sobre os desenvolvimentos do

ambiente de mercado) e pesquisa de marketing (estudos formais a respeito de questões

específicas no mercado);

- O sistema de análise de informações deve processar todo esse conteúdo a fim de torná-lo

mais útil para os gerentes. Pode envolver análises estatísticas e modelos matemáticos que

ajudarão os profissionais de marketing a tomar decisões mais eficazes. Os modelos podem

ajudar a responder questões do tipo “e se” ou “qual é o melhor”;

10

- As informações coletadas só terão valor se forem distribuídas aos gerentes no momento

correto, possibilitando sua utilização na tomada de decisões melhores. Os gerentes

precisam tanto de relatórios rotineiros quanto de informações específicas para dar subsídio

à tomada de decisão repentina. Sistemas descentralizados onde os gestores têm acesso a

uma interface onde pode visualizar dados e interagir com eles por meio de análises

estatísticas, modelos e ferramentas para elaboração de relatórios são mais adequados a

esse fim.

2.3 SISTEMAS DE APOIO À DECISÃO EM MARKETING

Os problemas de marketing normalmente dependem de inúmeras variáveis, sendo

caracterizados por sua grande complexidade e incerteza do ambiente. SADs podem ser

utilizados para melhorar a qualidade e a temporalidade das decisões de marketing,

aumentando sua efetividade (CASSIE, 1997). Para isso, um SADM deve permitir que o gestor

experimente diversas estratégias e compare seus resultados sob diferentes cenários de

mercado, em simulações do tipo “e se...” (LEEFLANG e WITTINK, 2000; LITTLE, 1979).

Kotler (1970) afirma que o uso de simulações amplia a compreensão do tomador de decisão a

respeito de situações complexas e ajuda a avaliar as implicações financeiras dos planos de

marketing propostos. Segundo o autor, os modelos permitem que os executivos de marketing

experimentem inúmeros planos a fim de determinar qual o melhor deles, produzindo

resultados melhores do que as avaliações meramente qualitativas ou baseadas na intuição. A

análise sistemática das forças de mercado e seus prováveis efeitos sobre um produto em

particular auxiliam a manter os riscos dos planos e estratégias de mercado dentro de limites

aceitáveis.

Observa-se também que gerentes que utilizam SADs são menos propensos a ancorar suas

decisões em decisões prévias, em comparação com gestores que não utilizam nenhum sistema

(VAN BRUGGEN et al, 1998). Além de melhorar a tomada de decisão propriamente dita,

outro grande benefício percebido é que o uso dos modelos exerce pressão constante para

obtenção de dados de boa qualidade, pois evidencia a falta deles (LITTLE, 1970).

Um levantamento realizado por Li et al (2000) mostra que 85% das companhias estudadas

utiliza algum tipo de sistema informatizado no planejamento de marketing. No entanto, a

11

maioria dessas empresas faz uso de ferramentas simples como planilhas e bancos de dados.

Aproximadamente metade relata utilização de sistemas de informação de marketing, enquanto

apenas 15,5% utilizam algum tipo de SAD no apoio ao desenvolvimento de estratégias de

mercado.

Little (1970) aponta a pouca compreensão que os gerentes têm a respeito do funcionamento

dos modelos como um dos principais culpados pela baixa taxa de utilização e satisfação.

Segundo o autor, cada gerente tem seu próprio modelo mental a respeito do funcionamento

dos mercados, e para que um modelo computacional seja utilizado, os desenvolvedores deé

autor do termo decision calculus, que define como “uma série de procedimentos para

processamento de dados e julgamentos, baseada num modelo, a fim de auxiliar um gestor na

sua tomada de decisão”. O modelo deve ser simples, robusto, fácil de controlar, adaptável, tão

completo quanto possível, e de fácil comunicação. Deve se tornar um veículo através do qual

o gerente possa expressar sua visão a respeito das operações sob seu controle. Essas

características são relevantes até os dias de hoje, como observamos nos trabalho de Leeflang e

Wittink (2000) e de Wilson e McDonald (2001).

A maioria dos experimentos com SADM envolve simulações em que os gerentes têm

informação a respeito das tarefas que os sistemas desempenham, mas onde não há nenhum

esclarecimento a respeito do funcionamento do modelo, que é essencialmente uma caixa-preta

(DEMOULIN, 2007). A autora também defende a transparência dos sistemas, e enfatiza que

os tomadores de decisão devem compreender profundamente as hipóteses que estão por trás

dos modelos, variáveis e relacionamentos entre elas, e os dados utilizados para quantificá-los.

A pesquisa realizada por ela mostra que os tomadores de decisão que utilizam os chamados

Sistemas Abertos de Apoio à Decisão de Marketing, desenvolvem modelos mentais melhores

que aqueles que utilizam SADM comuns, revelando que a transparência proporciona maior

aprendizado a respeito do funcionamento do mercado.

As decisões de marketing são inerentemente complexas, e a grande disponibilidade de dados

possibilitada pelos avanços tecnológicos amplifica o efeito dessa complexidade, gerando

dificuldades de gestão de bases de dados, estruturação e de extração de informação relevante a

partir deles (GHOSE e NAZARETH, 1994; AMARAVADI et al, 1995; LEEFLANG e

WITTINK, 2000; LITTLE, 1979; XU, 1999). Decisões estratégicas de marketing tais como

12

portfólio de produtos, segmentação de mercados e integração vertical, são classificadas por

Ghose e Nazareth (1994) como não-estruturadas e envolvendo inputs físicos e perceptivos,

com condições de contorno que mudam dinamicamente, gerando cenários alternativos. Isso

faz com que os relacionamentos entre as variáveis dos modelos precisem ser constantemente

ajustados, refletindo a natureza dinâmica dos mercados. Por isso, os autores defendem o

desenvolvimento de SAD “definido pelo usuário”, permitindo alterações dinâmicas dos

modelos.

Cassie (1997) também defende o uso de SADM desenvolvido pelo usuário, já que a prática

permite grande adaptação dos sistemas e modelos ao longo do tempo, com refinamentos à

medida que forem necessários. Além disso, sistemas desenvolvidos com grande envolvimento

do usuário final não sofrem de falta de credibilidade da parte deles. Os gestores têm completo

conhecimento do modelo, e ampla liberdade para modificá-lo sempre que as condições de

mercado ou a necessidade de aprofundamento exigir.

Xu (1999) propõe um modelo de sistema de informação de marketing com orientação

estratégica muito semelhante ao modelo proposto por Little (1979) para SADMs, formado por

quatro módulos inter-relacionados, como mostra a Figura 3:

- Um sistema de monitoramento coletando dados de mercado externos à companhia;

- Uma base de dados interna de marketing;

- Um sistema de relatórios, exibindo informações relevantes a partir das bases de dados

acima;

- Ferramentas de suporte à decisão estratégica, compostas por modelos e análises

estatísticas.

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MonitoramentoBase de

Dados

Modelos e

Medições

Estatísticas

Comunicação

Interface

SIM

Ambiente

Gerente (ou analista)Análise, planejamento, implementação, controle

Macro ambiente

Concorrentes

Mercado

Análises

Projeções

Dados do

Monitoramento do

Ambiente

Dados Internos

Figura 3 – Quatro Módulos do SIM (Fonte: Autor)

A combinação desses módulos deve auxiliar os gestores a analisar as condições de mercado,

identificar problemas, prever tendências futuras e mapear posicionamento de mercado, entre

outros.

2.4 DINÂMICA DE SISTEMAS

A DS surge na década de 1950 e é descrita por Jay Forrester em seu livro Industrial Dynamics

(FORRESTER, 1961). Nessa publicação, o autor demonstra de que forma a interação entre

decisões, políticas e da própria estrutura dos sistemas influencia seus resultados. Ou seja: o

autor mostra a conexão entre decisão, estrutura do negócio e desempenho (RICHARDSON e

OTTO, 2008; FERNANDES, 2003).

A DS tem origem nos sistemas de controle da engenharia e nas teorias de sistemas dinâmicos.

No âmbito da engenharia essas disciplinas sempre tiveram caráter profundamente matemático,

mas a metodologia criada por Forrester redesenha esses métodos sofisticados de modelagem e

análise numa forma flexível e adequada ao debate na esfera de negócios (MORECROFT,

1988).

14

Homer (1995) afirma que a DS é a única metodologia que permite a explicitação de todas as

premissas dos gestores e sua integração de uma maneira lógica e passível de testes. Segundo o

autor, um modelo de DS também desafia as premissas, fornece uma perspectiva mais ampla e

coloca os gestores numa posição mais favorável para tomar decisões acertadas.

Segundo Lyneis (2000), um modelo de DS tem o potencial de oferecer melhores previsões

que os modelos estatísticos normalmente utilizados. Isso porque os modelos estatísticos –

geralmente baseados em séries temporais, regressões e fatores macroeconômicos – não

buscam compreender a estrutura em funcionamento na indústria que foi responsável pelas

séries de dados existentes. No entanto, em grande parte das indústrias, o comportamento é

determinado mais pela própria estrutura existente do que por fatores macroeconômicos.

Assim, modelos que levem em consideração essa estrutura oferecem maior potencial de acerto

nas previsões.

Os modelos para geração de políticas no contexto corporativo estão em constante estado de

evolução. Isso porque cada nova questão, reação, informação obtida, ou mesmo dificuldades

em explicar o funcionamento do modelo devem geram modificações, esclarecimentos e

extensões. A metodologia da DS propõe um “processo” contínuo de modelagem, e não o

desenvolvimento de modelos estáticos e definitivos (FORRESTER, 1985).

Assim como no caso dos SADMs, diversos autores defendem o envolvimento dos clientes na

elaboração dos modelos de DS, por dois principais motivos (AKKERMANS e VENNIX,

1997; HOMER, 2005; LANE et al, 2003):

- Grande parte da informação existe apenas na mente dos analistas e gestores envolvidos; a

criação de modelos aderentes à realidade depende então do acesso a essas bases de dados

mentais.

- Os clientes só têm confiança nos resultados e só seguirão as recomendações provenientes

de um modelo se estão suficientemente familiarizados com sua lógica de funcionamento e

suas premissas, criando um senso de “propriedade” sobre o modelo.

15

Também de acordo com a literatura de SADM, Andersen et al (1997) chamam a atenção para

a importância da modelagem em grupo no âmbito da DS, possibilitando alinhamento de

modelos mentais, consenso a respeito de determinadas políticas ou decisões estratégicas, e

gerando comprometimento com as decisões adotadas.

2.4.1 Os Sistemas de Feedback

Um dos pressupostos centrais da DS é que as estruturas que geram os comportamentos

dinâmicos de sistemas complexos é formada por loops de feedback (feedback loops), também

intitulados loops causais (causal loops). Os loops causais ocorrem quando um elemento de

um sistema indiretamente influencia a si próprio através de uma cadeia maior de elementos.

Trata-se de uma sequência fechada de causas e efeitos, que ocorre de forma contínua e

circular. (FORRESTER, 1968; FERNANDES, 2003; KIRKWOOD, 2012).

Um feedback positivo ou de reforço ocorre quando uma variável aumenta a si mesma

reforçando seu próprio crescimento ou declínio. Trata-se de um processo essencial no

crescimento de produtos, companhias ou países (FORRESTER, 1968; FERNANDES, 2003).

Um exemplo de feedback positivo é o efeito do aumento populacional, dada uma taxa de

natalidade fixa: quanto maior o número de nascimentos (taxa de natalidade * tamanho da

população), maior será a população, que provocará um número ainda maior de nascimentos, e

assim por diante.

Um feedback negativo ou de equilíbrio representa uma estrutura auto-reguladora. Essa

estrutura tenta manter o sistema em equilíbrio, reagindo a qualquer distúrbio (FERNANDES,

2003). Esse equilíbrio pode ser atingido através de uma trajetória exponencial ou através de

uma série de oscilações de amplitude cada vez menor (FORRESTER, 1968). Tal

comportamento pode ser exemplificado dentro de um ecossistema: o aumento incomum da

população de predadores provocará redução da população de presas, que por sua vez

implicará na contenção do aumento da população de predadores, que viabiliza novamente o

aumento da população de presas, e assim por diante.

16

A combinação desses dois tipos de feedback gera toda a variedade de comportamentos

dinâmicos que observamos. A DS indica três “modos fundamentais” de comportamento para

os sistemas: o crescimento exponencial, o goal-seeking (busca pelo equilíbrio) e a oscilação.

O comportamento observado do sistema a ser modelado sugere quais tipos de estruturas de

feedback estão mais dominantes naquele momento (FERNANDES, 2003). A representação

adequada de sistemas gerenciais pode incorporar de dois a vinte grandes loops, cada um

podendo conter diversos loops menores (FORRESTER, 1968).

2.4.2 A Modelagem dos Sistemas

Forrester (1961) estrutura um conjunto de símbolos para a representação gráfica de sistemas

de feedback e regras para conexão desses símbolos. Juntos, esses símbolos e conexões guiam

ainda a formulação de equações do modelo. Forrester criou uma linguagem formulada

especialmente com o propósito de codificar os símbolos dos diagramas em equações

algébricas (MORECROFT, 1988).

Na DS, duas abordagens são possíveis para representação de um sistema: a soft – ou

qualitativa – ou a hard – quantitativa. A modelagem soft, por si só, permite um maior

entendimento a respeito do sistema e estimula a reflexão a seu respeito, porém a hard se

presta a simulações, possibilitando o teste de hipóteses. Apesar das diferenças, as técnicas não

são excludentes. Também não há na literatura um consenso com relação a se partir da

abordagem hard ou soft para modelar um sistema. Muitas vezes o modelo surge de uma

alternância cíclica entre as abordagens. Nesse caso, cada avanço no modelo qualitativo gera

revisões e atualizações no mapa hard e vice-versa, até que se chegue a uma versão final de

ambos, que são complementares para a devida compreensão da dinâmica do sistema que

modelam (FERNANDES, 2003).

Coyle (2000) é um dos autores que defende a validade da modelagem puramente qualitativa.

Segundo o autor, em alguns casos a quantificação está sujeita a tantas incertezas – que por sua

vez são transferidas aos resultados dos modelos – que as inferências extraídas dessa

modelagem provavelmente levariam à adoção de políticas de gestão incorretas.

Forrester (1994) descreve em seis passos o que ele chama de “processo de DS”. São eles:

17

- Descrever o sistema;

- Converter a descrição em equações;

- Simular o modelo;

- Criar políticas e estruturas alternativas;

- Educar e debater;

- Implementar mudanças nas políticas e nas estruturas.

Segundo o autor esses seis passos interagem entre si, sendo que a cada passo podem ser

gerados questionamentos e percepções que mostrem a necessidade de se revisitar a qualquer

um dos passos anteriores para alterações. De acordo com sua visão qualquer abordagem

puramente qualitativa não pode ser chamada de DS, pois esta última exige quantificação e

simulações. Ele defende a tese de que somente através da simulação é possível verificar o

comportamento de um sistema.

Autores como Homer e Olivia (2001), bem como Peterson e Eberlein (1994) também afirmam

que apesar de os diagramas de enlaces causais terem seu valor na descrição de um sistema ou

como base para a construção de modelos quantitativos, apenas a simulação se presta à

identificação da dinâmica inerente à estrutura representada. A robustez de um modelo de

simulação pode – e deve – ser avaliada, gerando as correções cabíveis e modelos cada vez

mais próximos da realidade. Os testes de robustez para modelos quantitativos de DS e a

importância dos mesmos estão extensamente documentados (FORRESTER E SENGE, 1979;

BARLAS, 1996; PETERSON E EBERLEIN, 1994). Em contrapartida, as premissas adotadas

num modelo qualitativo são impassíveis de testes, podendo gerar políticas incorretas e a falsa

segurança de que se conhece profundamente a dinâmica de funcionamento de um sistema e

suas implicações.

18

2.4.2.1 A Modelagem Soft da Dinâmica de Sistemas

A modelagem qualitativa utiliza os chamados Diagramas de Enlace Causal (causal loop

diagrams), também intitulados Diagramas de Influências (influence diagrams), para descrever

as relações de causa e efeito e das estruturas de feedback dos sistemas. (COYLE, 2000;

FERNANDES, 2003). Os usos e benefícios desse tipo de diagrama são descritos a seguir

(COYLE, 2000):

- Explicitar numa única folha de papel um problema muito complexo, cuja descrição

ocuparia várias páginas de texto corrido;

- Servir como guia durante as discussões gerenciais, apresentando graficamente todos os

itens que devem ser discutidos e inclusive as relações entre eles;

- Explicar padrões de comportamento dos sistemas e gerar insights;

- Servir de base para um modelo quantitativo.

A Figura 4 mostra um exemplo de diagrama de enlaces causais para um processo simples:

ajuste da temperatura de um ambiente que se está tentando aquecer através de um termostato.

Um diagrama desse tipo consiste de elementos e setas que os conectam (chamadas conectores

causais), e também um sinal (+ ou -) junto a cada seta. Se uma seta sai de A e chega em B, lê-

se que “A influencia B”. Caso a seta saia de B e chegue em A, lê-se “B influencia A”. Os

sinais junto aos conectores têm os seguintes significados (KIRKWOOD, 2012):

- Um conector causal entre um elemento A e um elemento B é positivo (+), se: (a) A se

soma a B ou (b) uma alteração em A provoca uma alteração em B na mesma direção;

- Um conector causal entre um elemento A e um elemento B é negativo (-), se: (a) A é

subtraído de B ou (b) uma alteração em A provoca uma alteração em B na direção inversa.

19

Assim, seguindo o diagrama representado na Figura 4 deve ser feita a seguinte leitura,

começando de Posição do Termostato:

- Se a Posição do Termostato for aumentada, há um aumento da Temperatura Atual. Por

isso, o sinal que se vê no conector entre esses dois elementos é positivo (+).

- O próximo elemento na estrutura é a Diferença, que representa o diferencial entre a

temperatura desejada e a temperatura atual (Diferença = Temperatura Desejada –

Temperatura Atual). Dessa forma, a Temperatura Atual é subtraída do elemento

Diferença e por isso o conector entre eles recebe o sinal negativo (-). Quanto maior a

Temperatura Atual, menor a Diferença.

- Por fim, temos que um aumento no elemento Diferença deve provocar aumento na

posição do termostato (já que o tomador de decisão tentará aumentar a temperatura) e,

portanto, o sinal que se encontra junto a esse conector é positivo (+).

- O único conector não analisado é o que liga a Temperatura Desejada ao elemento

Diferença. Da definição do elemento Diferença decorre que a relação entre esses

elementos é positiva (+).

Posição do Termostato

Temperatura Atual

Diferença

Temperatura

Desejada+

+

-+

+

-

Figura 4 - Diagrama de Enlaces Causais (Fonte: Autor)

20

A análise da estrutura na Figura 4 nos permite afirmar que esse é um feedback negativo, ou de

equilíbrio. Esse tipo de feedback é representado pela letra E no centro de um conector em

curva que simboliza a presença de um feedback. Analogamente, feedbacks de reforço são

representados pela letra R no centro de um conector em curva (WARREN, 2004). Ambas as

representações podem ser observadas na Figura 5.

Clientes

VendasGastos com Promoção

+

+

+

R

Clientes

Qualidade do Serviço

Demanda pelo Serviço

+

-

+

E

Capacidade do Serviço

+

Figura 5 - Representação de feedbacks típicos de equilíbrio e de reforço (Fonte: Autor, adaptado de WARREN, 2004)

2.4.2.2 A Modelagem Hard da Dinâmica de Sistemas

A modelagem quantitativa da DS é traduzida nos chamados Diagramas de Estoques e Fluxos,

onde qualquer sistema pode ser descrito através da combinação de quatro elementos

(MORECROFT, 1988; FERNANDES, 2003; CORBETT NETO, 2003). São eles:

ESTOQUE

FLUXO

CONVERSOR

conv 1

conv 2

CONECTOR

Figura 6 - Simbologia dos Diagramas de Estoques e Fluxos (Fonte: Autor)

- Os estoques representam um estado do sistema e são fonte de informação central para as

decisões e ações;

21

- Os fluxos são elementos que provocam crescimento ou redução dos estoques;

- Os conversores podem ser elementos que processam informação a respeito dos estoques e

fluxos, ou simplesmente representar fontes de informação externas ao sistema;

- Os conectores servem para fazer conexão entre os três elementos acima.

A figura a seguir exemplifica um diagrama simples envolvendo um estoque e dois fluxos. O

sistema representa de maneira extremamente simplificada o comportamento de uma

população – representada por um estoque – sob ação de dois fluxos principais: os

nascimentos e as mortes.

População

Nascimentos Mortes

Figura 7 - Diagrama Simplificado de Estoques e Fluxos

(Fonte: Autor)

O fluxo de nascimentos está graficamente representado como uma entrada no estoque

população, assim como o fluxo de mortes está diagramado como uma saída desse mesmo

estoque. Isso quer dizer que a cada instante o seguinte cálculo é realizado:

POPULAÇÃO t = POPULAÇÃO t-1 + NASCIMENTOS t-1 - MORTESt-1

Assim, a ação conjunta dos dois fluxos é que determina o nível da população a cada

momento. Se a variável nascimentos for maior que a variável mortes, podemos inferir que

essa população está em crescimento. Caso contrário, observamos o declínio dessa população.

Caso os dois fluxos tenham valor idêntico, observaremos uma população estável ao longo do

tempo.

Na Figura 8 pode-se observar uma pequena sofisticação do sistema representado na Figura 7,

implementada com auxílio de dois conversores - taxa de natalidade e taxa de mortalidade - e

22

quatro conectores – representados apenas por setas. Agora percebemos que o próprio valor do

estoque população influencia o número de nascimentos e de mortes, através dos conversores e

conectores representados no modelo. Essa representação está de acordo com a estrutura básica

de um sistema de feedback (FERNANDES, 2003) representada na Figura 9.

População

Nascimentos

Taxa de Mortalidade

Mortes

Taxa de Natalidade

Figura 8 - Diagrama de Estoque e Fluxo com Dois Conversores

(Fonte: Autor)

A estrutura básica de feedback a ser seguida quando da modelagem de diagramas de estoques

e fluxos deve funcionar da seguinte maneira: NÍVEL � INFORMAÇÃO (OU

INFLUÊNCIA) � FUNÇÃO DE DECISÃO (OU CONVERSOR) � AÇÃO � NÍVEL

(MORECROFT, 1988). Na Figura 9 observa-se também a presença de um delay entre o nível

e a decisão. Esse delay representa um espaço de tempo percorrido entre os dois eventos e

poderia se encontrar em outro ponto da estrutura – entre a decisão e a ação. No exemplo: um

conversor (taxa de natalidade) provoca uma ação (nascimentos). Os recém-nascidos se

somam ao nível da população. Informação a respeito do nível da população funciona como

variável de entrada para os nascimentos. Uma estrutura de feedback semelhante opera no

sentido taxa de mortalidade � mortes � população � taxa de mortalidade.

Nív el ou Estado

Ação

Decisão

INFORMAÇÃO

=DELAY

Figura 9 - Uma Estrutura de Feedback Simples

(Fonte: FERNANDES, 2003)

23

A complexidade dinâmica de um sistema é caracterizada pelo acúmulo e redução de estoques

(tangíveis ou intangíveis), delays entre decisões e ações (ex: tempo entre a decisão de se

adquirir matéria prima e a efetiva chegada do material) e relações não lineares de causa e

efeito (LANGLEY e MORECROFT, 2004).

Um sistema em funcionamento numa empresa normalmente é composto de grande número de

feedbacks e delays que atuam simultaneamente ao longo do tempo. Isso torna a estrutura

complexa e seu comportamento difíceis de prever com o uso apenas de modelos mentais e

intuição dos gestores (FERNANDES, 2003; PETERSON e EBERLEIN, 1994).

2.4.2.3 Simulação em Dinâmica de Sistemas

O uso de simulação em DS possibilita aos gestores a experimentação sistemática de diferentes

estratégias num ambiente livre de riscos, seguida da opção pela alternativa que apresentar

maior probabilidade de sucesso. Essa experimentação também proporciona maior

conhecimento a respeito do funcionamento do mercado e dos pontos de alavancagem de cada

estratégia, substanciando a defesa da decisão tomada perante os executivos da empresa

(OTTO, 2008). Liehr et al. defendem o uso de simulação em DS com o objetivo de se testar

diferentes cenários possíveis, além das diferentes políticas estratégicas.

Atualmente existem alguns softwares dedicados à modelagem e simulação de modelos de DS,

entre os quais: Stella, Ithink, Dynamo, Vensim, Powersim (FERNANDES, 2003). Os

softwares disponibilizam os símbolos e conectores previstos pela linguagem criada por

Forrester (1961) e “sabem” as regras de conexão entre os símbolos dos diagramas, de modo

que os usuários são forçados a produzir diagramas coerentes com as regras da linguagem,

oferecendo uma ferramenta muito efetiva para mapear o conhecimento dos gestores a respeito

de um sistema social ou de negócios (MORECROFT, 1988).

Todos os softwares mencionados são capazes de apresentar em gráficos e tabelas os valores

de cada uma das variáveis modeladas durante todo o período simulado – período esse sempre

definido pelo usuário.

24

2.4.3 Dinâmica de Sistemas e Marketing

A DS tem um longo histórico na análise de problemas complexos numa extensa gama de

aplicações, tais como políticas públicas, estratégia corporativa, segurança, gestão de saúde,

gestão da mudança (RICHARDSON e OTTO, 2008). No entanto, as pesquisas sobre o

assunto costumam ficar restritas aos periódicos específicos da área. Na tentativa de chamar

atenção para a metodologia, o Journal of Business Research publica em 2008 uma edição

inteira voltada para aplicações da DS ao marketing, contendo dez artigos com aplicações

práticas (RICHARDSON e OTTO, 2008). Dentre os artigos dessa edição, encontram-se os

seguintes estudos:

- Fine e Pagani (2008) empregam o pensamento sistêmico para analisar a adoção de

serviços de telecomunicação 3G pelos consumidores. Através da construção de diagramas

de enlaces causais os autores aprofundam a compreensão a respeito dos possíveis

caminhos evolutivos da tecnologia 3G sem fio, e avaliam quais cenários futuros são mais

plausíveis e quais gatilhos dinâmicos devem ser acionados para torná-los prováveis;

- Kaiser e Nicholson (2008) detalham a dinâmica de mercado para programas de promoção

de laticínios com o objetivo de aumentar a demanda por leite e derivados, aumentar a

receita das fazendas e reduzir o excedente adquirido pelo governo através de uma política

governamental de sustentação de preços de laticínios. O trabalho analisa diferentes

estratégias de gastos com publicidade através de um modelo de simulação dinâmico para

múltiplos produtos da indústria de leite.

- Groessler et al (2008) demonstram a utilidade da DS na análise de preços e estratégia para

produtos na indústria de bens de capital. A pesquisa explicita as dificuldades que os

gestores encontram para tomar decisões em ambientes dinâmicos. Os autores ilustram a

importância do envolvimento dos gerentes no processo de modelagem para se atingir

maior compreensão e implantação das idéias geradas através dos modelos.

- Lin (2008) aborda o problema de o preço, qualidade e nível de produção serem variáveis

dinâmicas sobre as quais se decide simultaneamente, sob condições em que a demanda é

dinâmica e por sua vez depende do preço, qualidade e vendas acumuladas. O autor

25

desenvolve um modelo no qual o preço, nível de produção e qualidade são variáveis de

controle determinadas dinamicamente de forma a maximizar o lucro total.

- O artigo de Otto (2008) lida com a dinâmica de mercado de lançamento de um novo

produto farmacêutico e as dificuldades de seleção de uma estratégia de entrada de

mercado apropriada. O autor conclui que a construção do modelo em equipe deu uma

sensação de propriedade ao cliente, e também ajudou a explicar e defender a estratégia

proposta de entrada localizada através de uma representação computacional da estrutura

causal do sistema.

Além desta edição especial, há na literatura especializada diversos artigos abordando

aplicações da DS ao marketing. Alguns exemplos dessas aplicações são explicitados a seguir

e demonstram a variedade das questões abordadas e sobre as contribuições que a DS pode

oferecer à disciplina:

- Lyneis (1999) estuda o uso de modelos de DS para projeções de mercado, utilizando como

exemplo um modelo da indústria de aeronaves. O artigo enfatiza três pontos principais:

(1) um modelo de DS pode oferecer projeções de tendência de curto e médio prazos

melhores que as de um modelo estatístico, (2) modelos de DS oferecem uma maneira de

compreender as causas do comportamento de uma indústria e (3) os modelos de DS

possibilitam a determinação de cenários adequados como variáveis de entrada para

decisões e políticas. O autor relata como o modelo elaborado foi utilizado para identificar

importantes mudanças estruturais na indústria, para evitar expansão desnecessária de

capacidade e para identificar estratégias que possibilitassem reverter uma queda nos

negócios;

- Gossler et al (2001) desenvolvem um modelo para o mercado de companhias aéreas, que

eles descrevem como um negócio altamente cíclico com retornos sobre capital investido

relativamente baixo. Segundo os autores, a maioria das companhias aéreas não possui

estratégias adequadas para lidar com esses ciclos. O estudo que eles apresentam é

conduzindo na companhia alemã Lufthansa, para a qual foram identificadas estratégias

adequadas para o que os autores intitularam “gestão do ciclo”. Para isso, combinam

26

simulações em DS e modelos de previsão estatística. O modelo passa a ser utilizado para

definir políticas de aquisição de aeronaves comerciais na companhia.

- Arixa e Graham (2003) relatam o caso de uma empresa de alta tecnologia que enfrenta um

momento de rápidas mudanças de mercado. Através de otimização em DS, os autores

mostram qual a melhor estratégia de alocação de recursos de marketing entre mercados

tradicionais e novos. A direção da mudança é alinhada com a intuição dos gestores, de

aumentar o investimento em novos mercados – porém a magnitude que o modelo sugere é

para esse segmento é 30% maior do que os gestores alocariam originalmente. O modelo

foi utilizado com sucesso como justificativa de investimento junto aos executivos da

organização;

- Ekhlassi e Tolouei (2010) apresentam um modelo de DS para relacionar efeitos da

propaganda e promoção de vendas sobre a lucratividade de um negócio. Os autores

realizam simulações relativas ao caso particular de uma organização;

- Paich, Peck e Valant (2011) apresentam um modelo de DS que explica o funcionamento

do mercado farmacêutico através do fluxo de pacientes, prescrição de medicamentos pelos

médicos, adoção de produtos e avaliação de opções de tratamento. Os autores simulam

como decisões de marketing afetam os resultados das empresas nesse contexto,

permitindo melhores decisões de alocação de recursos, desenvolvimento de estratégias e

iniciativas de marketing.

2.5 DINÂMICAS DA ESTRATÉGIA

Em 2005, Kim Warren foi contemplado pela Sociedade de Dinâmica de Sistemas (System

Dynamics Society) com o prêmio Jay Wright Forrester Awards, como autor de maior

contribuição à DS nos cinco anos anteriores. Seu trabalho envolve a criação de uma

metodologia que ele intitulou Dinâmicas da Estratégia (Strategy Dynamics), onde o autor

aplica os conceitos-chave da DS aos desafios da estratégia empresarial, chegando a uma

abordagem integrada, rigorosa e baseada em fatos para o desenvolvimento e aplicação da

estratégia (SYSTEM DYNAMICS SOCIETY, 2012; WARREN, 2005).

27

A metodologia criada por Warren busca responder três questões estratégicas fundamentais

(WARREN, 1999):

- Por que o desempenho da organização seguiu determinado caminho historicamente?

- Para onde o desempenho está caminhando no futuro, dadas as políticas atuais?

- Como é possível agir, de forma a alterar essas previsões para melhor?

A análise sempre parte de um gráfico que represente o histórico do desempenho da

companhia. O indicador escolhido pode ser o lucro líquido ou o número de clientes, por

exemplo. A escala de tempo deve ser escolhida de acordo com a dinâmica do problema a ser

analisado e pode ser de semanas, meses, anos – o importante é que seja escolhida uma

unidade de tempo que faça sentido na análise. Ao final do processo deve-se obter de um

gráfico como o da Figura 10, contendo o histórico de desempenho, uma curva das previsões

do desempenho ao longo do tempo caso não haja alteração das políticas, e uma curva do

desempenho desejado. Devem ser analisados os motivos para o comportamento histórico da

curva, e devem ser estabelecidas políticas para se atingir a curva desejada. Ainda que as

incertezas impeçam previsões precisas, é necessário ao menos que se trace uma curva

indicativa do desempenho esperado, e da escala de tempo em que ele deve se estabelecer

(WARREN, 1999; WARREN, 2005).

28

Indi

cado

r de

Des

empe

nho

(ex:

rec

eita

, em

R$

milh

ão)

Tempo

(anos, meses, semanas)

Por quê?

Para onde?

Como?

Hoje

Figura 10 - As questões fundamentais das dinâmicas da estratégia (Fonte: Autor, adaptado de WARREN, 1999)

Para responder às três questões explicitadas na Figura 10, a abordagem de Dinâmicas da

Estratégia utiliza quatro princípios chave da análise estratégica que se conectam fortemente

aos princípios da DS (WARREN, 2005):

- Foco do desempenho ao longo do tempo: Um gráfico que represente o histórico do

desempenho no tempo é essencial, bem como projeções de desempenho ao longo de uma

escala de tempo compatível com cada caso. Warren (1999) defende que o desenho da

arquitetura estratégica contenha gráficos como os exibidos na Figura 11 para todos os

recursos e também seus fluxos de entrada e saída.

- São os recursos que geram o desempenho: Os recursos estratégicos são quaisquer

fatores que limitem ou viabilizem o desenvolvimento da organização, não

necessariamente sob seu controle. Eles podem ser tangíveis ou intangíveis. Como

exemplos podem ser citados: o número potencial de clientes de um determinado mercado,

a quantidade de funcionários ou número de pontos de venda da organização, o dinheiro

em caixa. O desempenho em cada período é diretamente determinado pelos recursos

existentes naquele mesmo período. Na diagramação das Dinâmicas da Estratégia, os

29

recursos são representados pelos mesmos estoques presentes nos modelos quantitativos da

DS (WARREN, 2005).

- Os recursos podem ser acumulados ou perdidos ao longo do tempo: Assim como na

modelagem quantitativa da DS, aqui os recursos – representados por estoques – recebem

fluxos de entrada e de saída que são responsáveis por acrescentar ou remover unidades de

cada um deles (WARREN, 1999). Assim, o fluxo de funcionários treinados se soma à

base de funcionários qualificados, e o fluxo de desligamentos remove funcionários desse

estoque, como explicitado na Figura 11.

Figura 11 - Os recursos representados como estoques na abordagem de Dinâmicas da Estratégia (Fonte: Autor)

- O acúmulo de recursos depende dos níveis existentes de recursos: A extensão da

influência que as políticas e decisões estratégicas podem exercer sobre o acúmulo ou

perda de recursos depende do nível em que já se encontravam esses recursos. A

interconectividade entre os recursos também deve ser representada na arquitetura

estratégica (WARREN, 2005).

O acúmulo e a perda ocorrem constante e simultaneamente com todos os recursos da

companhia, gerando toda a gama de comportamentos descritos pela DS: crescimento

exponencial, goal-seeking, oscilação, entre outros. Dado que o desempenho depende do nível

30

dos recursos, a única maneira de explicar o desempenho em determinado instante é conhecer

todos os ganhos e todas as perdas de todos os recursos ao longo de toda a história da firma.

Além disso, a previsão do desempenho no futuro depende da previsão dos valores para esses

fluxos de entrada e saída. Pode-se concluir que a única maneira de promover alterações ao

desempenho estratégico é através de ações que impactem diretamente esses fluxos

(WARREN, 1999).

No exemplo exibido na Figura 11, se o gestor estiver acompanhando apenas o número de

funcionários capacitados, pode não perceber a ameaça iminente: o número crescente de

desligamento de funcionários. Uma estratégia para aumento ou manutenção do nível do

recurso funcionários qualificados obrigatoriamente deve passar por políticas que resultem no

aumento do número de treinamentos ou controle do fluxo de desligamentos. Nesse caso, tudo

indica que é necessário atuar sobre as causas dos desligamentos crescentes.

A Figura 12 exibe um exemplo simplificado do tipo de desenho da arquitetura estratégica

defendido por Warren (2005), representando uma empresa de prestação de serviços de

telefonia. Nela podem ser observados três recursos estratégicos representados por meio de

estoques:

- Funcionários não qualificados representa a força de trabalho recém-contratada e que

ainda não passou por treinamento. Esse estoque é alimentado pelo fluxo de contratações e

reduzido através do fluxo de treinamentos, que remove funcionários do grupo “não

treinado” para o estoque seguinte;

- Funcionários qualificados representa a força de trabalho que já passou por treinamentos.

Esse estoque é alimentado pelo fluxo de treinamentos e reduzido através do fluxo de

desligamentos.

- Clientes representa o número de clientes com contratos válidos de aquisição de serviços.

Esse estoque é alimentado pelo fluxo de clientes conquistados e reduzido através do fluxo

de perda de clientes.

31

Figura 12 - Treinamento da força de trabalho e desempenho estratégico num período de dez meses (Fonte: Autor)

A representação da arquitetura estratégica explicita ainda a evolução das variáveis no tempo

através de gráficos e a interconectividade entre as variáveis, com o uso da simbologia dos

conectores da DS. Assim como nos diagramas de estoque-e-fluxo, os conectores representam

relações de causa e efeito. Observam-se também as relações de causa de efeito entre os

próprios recursos. No caso, apenas elementos existentes na base de funcionários não

qualificados podem se transformar em funcionários qualificados, e apenas funcionários

qualificados têm o potencial de conquistar novos clientes e acrescentar elementos à base de

clientes. Esse é o recurso gerador de receita para a companhia. Por fim, todos os funcionários

– qualificados ou não – geram despesas salariais, que se somam ao gasto mensal com

treinamentos. A diferença entre a receita e os gastos gera por fim o lucro mensal, que é o

indicador de desempenho estratégico que está sendo analisado no caso.

Warren (2000) estabelece oito grandes passos para aplicação da metodologia a casos práticos:

32

- Especificar claramente o histórico do desafio estratégico da firma, seja uma oportunidade

a ser seguida ou um problema a ser confrontado;

- Identificar e definir os recursos estratégicos que devem ser desenvolvidos, mantidos e

conectados para se enfrentar adequadamente o desafio;

- Selecionar dessa lista os três ou quatro recursos tangíveis mais centrais para o modelo de

negócio que devem ser construídos ou sustentados;

- Para cada item, especificar e medir os fluxos de entrada e saída, se possível colhendo

histórico recente de cada um deles separadamente;

- Para cada um dos recursos, identificar quais outros recursos colaboram ou restringem

perdas e ganhos, e identificar duas ou três outras forças chave que influenciem seus

fluxos, sejam políticas ou fatores exógenos;

- Combinar todos esses símbolos num mapa de recursos como o da Figura 12;

- Acrescentar os gráficos temporais para o máximo possível de itens no mapa de recursos,

buscando identificar em particular as relações de dependência de cada item com relação

aos que o alimentam;

- Identificar as principais decisões de alavancagem de recurso presentes no sistema (por

exemplo, na Figura 12: aumentar as contratações, aumentar o número de treinamentos

etc.). Devem ser avaliadas “histórias” alternativas de sequencias de decisões coordenadas

no sistema ao longo do período de simulação. É necessário sempre buscar os possíveis

efeitos colaterais de cada uma das decisões de alavancagem, através da observação da

interdependência entre os recursos.

33

3 METODOLOGIA

A metodologia adotada neste estudo é a pesquisa-ação, que consiste em reunir pesquisa e ação

em um processo no qual os atores implicados participam, junto com os pesquisadores, para

chegarem interativamente a elucidar a realidade em que estão inseridos, identificando

problemas, buscando e experimentando soluções em situação real. O uso e a produção do

conhecimento ocorrem de forma simultânea e cooperativa. (THIOLLENT, 1997).

De acordo com Turrioni e Mello (2010), na pesquisa-ação, o termo pesquisa se refere à

produção do conhecimento e o termo ação se refere a uma modificação intencional da

realidade. Diferencia-se do método do estudo de caso porque neste último, o pesquisador deve

ter pouco ou nenhum controle sobre os eventos (YIN, 2005) e a geração de conhecimento é

feita a partir de análises a respeito da experiência dos outros, enquanto na pesquisa-ação o

pesquisador é também um ator, e tem o compromisso de contribuir tanto para a prática quanto

para a construção de conhecimento acadêmico (PERRY e GUMMESSON, 2004).

Thiollent (1997) defende e descreve o uso da pesquisa-ação nas organizações, e Wilson

(2004), Thompson e Perry (2004) e Perry e Gummesson (2004) advogam que a metodologia é

adequada à geração e aplicação de conhecimento relacionado às questões inerentes ao

marketing e mesmo ao processo de planejamento de marketing propriamente dito.

Segundo Perry e Gummesson (2004), a pesquisa-ação nas empresas deve envolver a

cooperação entre clientes (representantes da empresa) e pesquisadores. Os clientes são

descritos como os donos do problema – contribuindo para a atividade de pesquisa com sua

experiência e profundo conhecimento sobre o contexto. Os pesquisadores, por sua vez, devem

contribuir com conhecimento teórico e identificar a essência do problema, clarear os

pressupostos tácitos, e através de interação alterar a perspectiva do cliente e auxiliar a tomada

de ação para melhoria. A responsabilidade do projeto é distribuída entre ambas as partes.

A pesquisa-ação deve ocorrer num processo cíclico, denominado espiral da pesquisa-ação

(PERRY e GUMMESSON, 2004), contemplando as seguintes fases:

34

1. Planejamento – os pesquisadores e clientes descrevem os problemas, fatores e ações

possíveis.

2. Pesquisa – a situação é pesquisada através de diversos tipos de instrumentos, sendo a

técnica mais empregada a observação participante - o pesquisador se incorpora ao

grupo e exerce influência sobre ele (TURRIONI e MELLO, 2010).

3. Ação – as propostas podem ser negociadas entre as partes interessadas, e são então

aplicadas ao problema prático.

4. Avaliação – o processo é observado e possivelmente redirecionado; o conhecimento

adquirido ao longo do processo deve ser registrado.

Este estudo agrega modelos de DS ao processo de planejamento de marketing já existente

numa companhia, de forma a produzir melhoria na seleção da estratégia de mercado mais

adequada.

A pesquisa foi conduzida ao longo dos anos de 2010 e 2011 numa grande empresa brasileira

do segmento industrial. A companhia já empregava técnicas de planejamento de marketing e

havia o desejo de melhoria no processo de tomada de decisão no âmbito desse planejamento.

A equipe envolvida na elaboração dos planos de marketing estava aberta à adoção de novas

técnicas, e o trabalho recebeu apoio do gerente de Planejamento de Marketing e do gerente

geral de Marketing.

A pesquisa transcorreu em quatro etapas:

1. Levantamento do processo existente ���� O levantamento do processo existente foi

realizado por meio de entrevistas com o gerente de Planejamento de Marketing e da

leitura de documentos e planos de marketing de anos anteriores.

2. Desenvolvimento de um novo modelo para o processo ���� O novo modelo foi

desenvolvido em conjunto com o gerente de Planejamento de Marketing, sob

35

aprovação do gerente geral de Marketing da companhia ao longo dos anos de 2010 e

2011.

3. Implantação do novo modelo ���� As alterações no processo sugeridas por este

trabalho foram aplicadas no ciclo de 2011, com horizonte de planejamento de quatro

anos – de 2012 a 2015. Os analistas receberam treinamento adequado e o processo foi

divulgado para os analistas pelo próprio gerente de Planejamento de Marketing, dentro

do cronograma pré-existente de planejamento. A descrição do processo de

implantação propriamente dito consta do capítulo 4.3 desse trabalho.

4. Avaliação dos resultados ���� Ao final da implantação do novo processo de

planejamento de marketing foi feito um levantamento dos modelos desenvolvidos

pelos analistas, e quais tipos de estratégias foram testadas. Além disso, foram

realizadas entrevistas com cada um dos membros envolvidos com o processo na

organização, a fim de se verificarem suas percepções a respeito da mudança, bem

como aos pontos fortes e possíveis deficiências do novo processo. Espera-se com isso

estabelecer melhorias futuras dos modelos e do processo adotado.

36

4 A PESQUISA-AÇÃO: INCORPORAÇÃO DA DINÂMICA DE SISTEM AS AO PROCESSO DE PLANEJAMENTO DE MARKETING DE UMA EMPRES A DO SETOR INDUSTRIAL

4.1 SOBRE A EMPRESA ESTUDADA

A empresa estudada foi criada na década de 1950 e atua no Brasil e no exterior no setor

industrial. Trata-se uma das dez maiores empresas do Brasil, tendo declarado receita líquida

superior a 200 bilhões de Reais em 2011.

Durante várias décadas a empresa operou de forma monopolista em suas atividades no país.

Por conta disso, a história do seu departamento de marketing é recente e sua criação data de

meados da década de 1990, em preparação para a abertura de mercado que aconteceria

posteriormente. Desde a criação da área já havia a função de planejamento de marketing, mas

as ações mercadológicas da empresa continuavam a ser feitas com base em seu plano

operacional, que atendia a demanda de todos os mercados consumidores de forma indistinta.

As atividades do planejamento de marketing eram focadas na elaboração de planos para novos

produtos.

Em 2004, com vistas a uma maior orientação para o mercado, foi estabelecido que a partir do

ano seguinte o departamento de marketing orientaria todas as atividades mercadológicas da

companhia. Assim, passaram a ser redigidos planos de marketing formais para todos os

produtos anualmente.

A gerência geral de Marketing da empresa é dividida em seis diferentes gerências, sendo duas

responsáveis pela redação dos planos de marketing da companhia, cada uma em um dos dois

principais segmentos em que atua. No âmbito desse trabalho, essas gerências serão intituladas

37

Planejamento de Marketing A (PMA) e Planejamento de Marketing B (PMB). O presente

trabalho foi feito no âmbito da gerência PMA, que é responsável pelos planos de oito

diferentes produtos.

4.2 PLANEJAMENTO DE MARKETING NA EMPRESA ESTUDADA

Os planos de marketing são documentos formais redigidos anualmente e recebem o nome de

Plano Integrado de Mercado (PIM). Esses planos reúnem dados e análises realizadas ao longo

de todo o ano, referentes ao mercado e a processos internos. Cada produto tem seu próprio

plano, que contempla projeções e metas em um horizonte de quatro anos. O PIM está inserido

num processo mais amplo na empresa chamado Processo Integrado de Planejamento,

explicitado na Figura 13, e submete-se aos objetivos estratégicos definidos pela alta gerência

e às diretrizes do planejamento de longo prazo da diretoria. Assim, os objetivos e estratégias

de cada produto devem estar de acordo e representar desdobramentos das metas e estratégias

corporativas, definidas em instâncias superiores.

A elaboração do plano é liderada pelas equipes de planejamento, com envolvimento das áreas

interessadas. O processo é dividido em quatro grandes etapas, a saber:

- Programação do PIM: elaboração e divulgação de cronograma;

- Revisão e ajuste de premissas: análise dos resultados do plano de longo prazo da diretoria,

análise ambiental, análise SWOT, levantamento de questões críticas;

- Realização de Workshops: divulgação dos objetivos de mercado e levantamento das ações

necessárias para atingi-los;

- Consolidação do PIM: redação do documento final, com responsabilização das gerências

pelas ações correspondentes na sua implementação.

Após sua elaboração e aprovação, o PIM é desdobrado em planos para as demais gerências

executivas (logística, produção etc), a fim de possibilitar o cumprimento das metas, e no

38

Plano Anual de Negócios da companhia. O acompanhamento é realizado através de reuniões

trimestrais com todos os interessados.

Os representantes da gerência geral de Marketing desejam alterar o processo através da

implantação de um SADM a fim de obter:

- Maior orientação para mercado;

- Entendimento único do negócio;

- Visão sistêmica e temporal;

- Desdobramento mais claro dos objetivos estratégicos da organização;

- Coordenação das ações para atingir objetivos.

Acredita-se, pelas razões descritas no Capítulo 2, que a DS é ferramenta adequada para esse

fim, mais especificamente através da abordagem das Dinâmicas da Estratégia sugerida por

Kim Warren.

A Figura 13 explicita o fluxograma do Processo Integrado de Planejamento na empresa:

39

Figura 13 – Processo Integrado de Planejamento

implementação, avaliação e controle

Planejamento Integrado de Mercado

análise da situação

atual e tendências

elaboração de

objetivos de

mercado e

posicionamentos

elaboração do

Plano Integrado de

Mercado

planejamento das

gerências

executivas

implementação e

acompanhamento

dos planos

planejamento de

longo prazo da

diretoria

Plano de Negócios

planejamento

estratégico da

empresa

objetivos de mercado

e posicionamentos

aprovados

elaboração do

Plano Anual de

Negócios

implementação, avaliação e controle

Planejamento Integrado de Mercado

análise da situação

atual e tendências

elaboração de

objetivos de

mercado e

posicionamentos

elaboração do

Plano Integrado de

Mercado

planejamento das

gerências

executivas

implementação e

acompanhamento

dos planos

planejamento de

longo prazo da

diretoria

Plano de Negócios

planejamento

estratégico da

empresa

objetivos de mercado

e posicionamentos

aprovados

elaboração do

Plano Anual de

Negócios

40

4.3 MODELO PROPOSTO PARA O PLANEJAMENTO DE MARKETING

O novo processo de planejamento de marketing foi elaborado entre 2010 e 2011, em conjunto

com o gerente da PMA, e com aprovação do gerente geral de Marketing da empresa. O

software para modelagem e simulação das estratégias de mercado foi selecionado pelo próprio

gerente, com base na relação entre o custo de instalação e as funcionalidades oferecidas por

cada uma das ferramentas disponíveis. Assim, optou-se pelo Ithink, da empresa isee systems.

A solução elaborada foi apresentada para as equipes de planejamento, que receberam também

treinamentos teóricos a respeito de DS e aulas práticas sobre utilização do Ithink.

A seguir, uma breve descrição do processo como foi concebido, e sua implantação.

Ainda em 2010, após algum treinamento, foram realizadas sessões conjuntas e individuais de

modelagem conceitual, sempre com apoio do pesquisador. O produto dessas sessões são os

chamados diagramas de enlaces causais, que foram elaborados para cada produto. No

processo, foram explicitados os modelos mentais dos analistas de marketing e das áreas

comerciais a respeito do funcionamento dos diversos mercados, chegando a um modelo único

para cada produto. Os diagramas resultantes apresentam graficamente a dinâmica de mercado

de cada produto, facilitando o compartilhamento do modelo. Devem ser revistos

periodicamente, refletindo mudanças mercadológicas ou maior intimidade dos analistas com a

técnica e ferramentas de modelagem, permitindo o uso de modelos mais completos.

As variáveis mapeadas nesses diagramas são as mais relevantes para compreensão completa

dos mercados. A partir daí foi realizado um levantamento a respeito de quais delas já são

monitoradas, e para quais a base de dados ainda está incompleta ou mesmo inexistente. Os

recursos para obtenção de publicações contendo histórico, monitoramento e previsões de

variáveis já estão sendo distribuídos com base nesse levantamento. O mesmo critério funciona

para distribuição de verbas para viagens, inscrição em congressos e visitas a entidades de

classe. Assim, foi estabelecido que informação que não acrescenta conhecimento a respeito do

que foi mapeado nos modelos não é relevante. E se for relevante, é necessário rever o modelo

41

de forma que seja incorporada. Percebe-se aí o grande comprometimento gerencial na adoção

da metodologia.

Em 2011, o processo de elaboração do PIM foi redesenhado, a fim de incorporar a

metodologia. A esse novo processo se deu o nome de Planejamento Dinâmico de Mercado

(PDM), enfatizando a natureza dinâmica dos mercados e seu comportamento.

O PDM também se encaixa no Processo Integrado de Planejamento e segue cinco grandes

etapas, a saber:

- Definição do negócio: pretende responder a pergunta “qual é o nosso negócio?” e assim

criar um entendimento único do que é o negócio e focalizar com mais precisão as análises

e decisões ao longo do processo de planejamento. É composta do conceito do negócio, do

modelo de negócio e da escolha de como o desempenho estratégico será medido;

- Análise do ambiente: identificação das variáveis ambientais que influenciam o

desempenho estratégico ao longo do tempo, levantamento do histórico dessas variáveis,

seu comportamento e influência sobre os resultados;

- Arquitetura estratégica: criação de modelos quantitativos de DS representando a

influência das diversas variáveis internas e externas, bem como de políticas gerenciais

sobre o desempenho, com representação da situação atual e análise das opções estratégicas

através de simulações do tipo “e se...”;

- Desdobramento: desdobramentos da melhor opção estratégica em compromissos para as

áreas envolvidas na sua implementação;

- Cronograma: estabelecimento de prazos para o cumprimento dos compromissos, para

posterior acompanhamento gerencial.

Observamos que a seleção por uma opção estratégica se dá em nível de diretoria, a partir de

dados e argumentos apresentados pelos analistas e gestores da gerência geral de Marketing.

42

Espera-se que o desenvolvimento dos modelos e os resultados de simulações do tipo “e se...”

amplie e unifique o conhecimento dos analistas a respeito do funcionamento dos mercados e

forneça subsídios para uma argumentação mais consistente e tomada de decisão mais

acertada.

Os desdobramentos dessa seleção são elaborados em reuniões conjuntas com todas as áreas

envolvidas. Essas áreas elaboram então seus próprios planos, com detalhamento de ações,

para que o cronograma possa ser estabelecido.

Em 2011 foram desenvolvidos modelos quantitativos para quatro dos oito produtos sob

responsabilidade da gerência. As simulações geraram resultados para um cenário base e para

diversas possíveis estratégias de mercado. Esses resultados foram traduzidos em termos de

volume de vendas, faturamento líquido e valor agregado (em comparação ao custo de

oportunidade do produto). Os resultados dessas simulações foram amplamente utilizados na

escolha de estratégias específicas e discussão de metas para o período de planejamento de

2012 a 2015.

A Figura 14 ilustra um dos modelos desenvolvidos durante o processo. Neste trabalho, por

motivos de confidencialidade, o produto foi intitulado X. Esse produto é produzido em três

diferentes fábricas, aqui intituladas F1, F2 e F3. Além disso, o produto é consumido por três

diferentes mercados, cada um com exigências e necessidades distintas com relação à

qualidade do mesmo (na ilustração, identificados por Merc1, Merc2 e Merc3). O produto X

até o momento de desenvolvimento do modelo era fabricado em um determinado nível de

qualidade (QualB), e passaria a ser ofertado também em um grau mais elevado de qualidade

(QualA). A arquitetura estratégica em questão explicita que para diferentes relações entre o

preço a ser cobrado pelo produto de melhor e o de pior qualidade, a proporção a ser comprada

de cada uma das qualidades pelos mercados consumidores se altera. Nesse caso as simulações

buscaram maximizar o valor agregado pelo produto X, a partir da definição do preço a ser

cobrado pelo produto de melhor qualidade.

43

Cap F1

GanhoCapF1~

PerdaCapF1~

Cap F3

GanhoCapF3~

PerdaCapF3

Pedido Merc2

Cap F2

Preco F1Preco F2

Pedido Merc2

Preco F3

Dm Merc1

GanhoCapF2~

PerdaCapF2

Vendas F1

Vendas F3Vendas F2

Dm Merc2~

Rel Preço Qual A Qual B

Pedido Merc1

Pref Qual A Merc1~

Pref Qual Merc2~

Perc Merc2~

QualF1

Pref Qual Merc2~

Driver 1 Merc1~

Perc Merc1~

Pedido Qual A

CapQualACapQualB

Fator ProdQualA

FatorProdQualB

Pref Qual A Merc1~

Pedido Merc1

Driver2 Merc1~

Vendas F1

Pedido Qual B

Fator ProdQualA

Vendas F2

Vendas F3

Receita F3

Receita F1

Receita F2Receita Prod X

Vendas F1

Vendas F2

Vendas F3

COpUnHexano~

COpF1

COpF2

COpF3

COpHexano

CustoMPF1~

CustoOperacaoF1~

Vendas F1

CustoMPF2~

CustoOperacaoF2~

Vendas F2

CustoMPF3~

CustoOperacaoF3~

Vendas F3

CustoProdF1

CustoProdF2

CustoProdF3

CustoProducaoX

VA Prod X F1

VA Prod X F2

VA Prod X F3

COpF1

COpF2

COpF3

Receita F2

VA Prod X

ReceitaLiquidaProdX F1

ReceitaLiquidaProdX F2

ReceitaLiquidaProdX F3

CustoProdF1

CustoProdF2

CustoProdF3

Receita F2ReceitaLiquida Prod X

QualF2QualF3QualF1

PrecoQualB~

PrecoQualA~

PrecoQualB~

QualF2

QualF3

QualF3

QualF2

Cap F1

QualF1

Pedido Qual A

CapQualA

FatorProdQualB

FatorProdQualB

Receita Valor Agregado e Receita Líquida

Custo de Oportunidade Custo de Produção

Receitas e Fluxos de Caixa (Finanças)

Oferta (processos internos)

Demanda (Clientes e Mercados)

Figura 14 - Arquitetura Estratégica para o Produto X

44

Ao final da elaboração dos planos foram listadas as melhorias necessárias aos modelos

existentes, e possíveis novas estratégias a serem testadas ao longo de 2012. Nesse período

também serão desenvolvidos modelos de simulação para os outros quatro produtos da

gerência. Os planos a serem elaborados em 2012 para o período de 2013 a 2016 já contarão

com os resultados dessas simulações.

O PDM será elaborado anualmente, com atualização dos modelos de arquitetura estratégica.

Nesse processo pode haver inclusão ou remoção de variáveis, alteração dos relacionamentos

entre elas, reparametrização, levantamento de novas opções estratégicas. Tudo isso será

realizado pelos próprios analistas, dentro de grupos multidisciplinares. A atualização dos

modelos deve refletir alterações do mercado ou da própria compreensão dos analistas,

gerando modelos cada vez mais maduros. Para que isso seja possível, os analistas de

marketing estão recebendo treinamentos e acompanhamento ao longo do primeiro ano.

Observamos ainda que simultaneamente a este trabalho a empresa iniciou o desenvolvimento

um grande SIM, que será repositório de dados do ambiente de mercado, dados internos à

empresa e previsões geradas pelos analistas. O SIM contará com painéis gerenciais e

ferramenta para elaboração de relatórios inteligentes. Assim, será possível manter os modelos

de SADM propostos por Little (1979) e Xu (1999), já que o SIM servirá de fonte de dados

para parametrização dos modelos gerados no PDM, e as análises das simulações serão

realimentadas no SIM, ajudando a compor as previsões dos analistas.

4.4 RESULTADOS

A gerência PMA, onde a metodologia foi adotada, elabora planos de marketing para oito

diferentes produtos. Desses, seis tiveram os planos elaborados a partir de modelos de

simulação desenvolvidos de acordo com a metodologia proposta. Os resultados dessas

simulações constam do documento final do Plano de Marketing 2012-2015.

Dentre as alternativas estratégicas simuladas, dependendo do produto, encontramos:

45

- Diferentes opções para atendimento de mercado e para aumento de participação de

mercado como construção de novas unidades, importação ou transferência entre unidades

operantes;

- Utilização de capacidade ociosa para atingir mercados atendidos pela concorrência, ou

para exportação para uma carteira de possíveis clientes internacionais;

- Criação de diferentes preços para qualidades diferentes de produto, na tentativa de

direcionar essas qualidades a mercados específicos.

Ao final do estudo foram entrevistados seis dos oito analistas da gerência. Os outros dois

analistas não foram entrevistados porque esse era seu primeiro ano elaborando planos, e não

tinham como comparar a metodologia com o processo de planejamento de marketing

previamente utilizado. Além disso, foram entrevistados os dois coordenadores e também o

gerente. Considera-se de grande importância a experiência e a opinião de todos os envolvidos

a respeito das mudanças implantadas ao longo desse estudo.

Entre os analistas entrevistados, encontram-se administradores, engenheiros e economistas.

Trata-se de uma equipe com relativamente pouco tempo de experiência na atividade de

planejamento de marketing – entre os analistas, no máximo cinco anos. No entanto um dos

coordenadores trabalha com planejamento de marketing há mais de vinte anos, e o gerente

tem treze anos de experiência na área.

Entre todos os entrevistados, o gerente era o único que já havia tido algum tipo de contato

com as metodologias da DS e Dinâmicas da Estratégia. Ele começou a estudar as

metodologias por conta própria no ano de 2005, e já havia implantado projetos utilizando

Dinâmicas da Estratégia anteriormente em pequenas empresas – mas nunca ligado ao

planejamento de marketing. O contato prévio do gerente com a metodologia foi de grande

importância na viabilização da aplicação prática desse estudo.

De maneira geral, os analistas consideraram que o treinamento a respeito das metodologias foi

introdutório, porém suficiente para implantação do processo de forma satisfatória. Com

relação ao treinamento do software IThink, consideraram que foi muito elementar e que

46

ocorreu muitos meses antes das licenças para uso da ferramenta serem adquiridas, então

houve dificuldade quando finalmente foram utilizá-la.

Com relação ao uso da metodologia de Dinâmicas da Estratégia, a opinião unânime é de que

ela trouxe benefícios ao processo de planejamento de marketing da companhia. Foram citados

repetidamente os seguintes benefícios:

- Ajudou a quantificar propostas de estratégias de mercado que antes eram redigidas de

forma meramente qualitativa;

- Explicitou deficiências de conhecimento a respeito do funcionamento do mercado, e

também em termos de indisponibilidade de dados, levando a um maior aprofundamento;

- Numa empresa fortemente formada por engenheiros, a linguagem numérica e a presença

de simulações trouxeram maior credibilidade e maior conforto para as discussões com

outras diretorias a respeito das estratégias de mercado. Houve grande interesse e

receptividade de áreas que normalmente não são receptivas ao processo de planejamento

de marketing;

- Uma vez que os modelos estejam prontos, é muito rápido simular e obter resultados a

respeito de diferentes estratégias e possíveis decisões.

Além disso, foram citadas algumas dificuldades incorridas no processo de implantação da

metodologia, entre elas:

- Grande intervalo de tempo entre o treinamento e a aplicação da metodologia;

- Dificuldade na elaboração dos modelos de acordo com a metodologia;

- Alta complexidade dos modelos finais de simulação;

47

- Demora na aquisição das licenças do software IThink, que acabou reduzindo o tempo

disponível para quantificação, testes e revisões dos modelos qualitativos.

Os analistas também acreditam que essas questões estejam relacionadas ao processo de

mudança propriamente dito, e que a tendência com a continuidade no uso da metodologia é

acentuarem-se os benefícios e eliminarem-se as dificuldades relatadas. Todos os entrevistados

afirmaram que indicariam a manutenção do PDM nos próximos ciclos de planejamento, bem

como sua extensão para os planos de marketing de todos os produtos na empresa.

De acordo com o gerente do PMA, a implantação do PDM ainda não está concluída. Ele

considera que esse primeiro ano de aplicação do processo foi muito importante para

aprendizagem da equipe, e nos próximos dois anos ele pretende aprofundar a capacitação dos

analistas e vender a metodologia para os executivos da empresa.

Ainda segundo com o gerente, nesse primeiro ciclo os resultados das simulações não foram

levados em consideração pelos executivos da empresa no momento de selecionar uma

estratégia de mercado. Segundo ele, quando os modelos foram desenvolvidos muitas das

alternativas estratégicas simuladas diziam respeito a decisões que já estavam sendo tomadas.

No entanto, os modelos contribuíram para mostrar que certas decisões que já haviam sido

tomadas e a respeito das quais existiam dúvidas eram efetivamente melhores que as

alternativas existentes, oferecendo segurança e embasamento para defesa dessas escolhas. O

gerente ainda enfatizou a necessidade de os analistas criarem alternativas estratégicas

inovadoras, de mais longo prazo e que ainda não foram propostas em outros fóruns na

companhia.

Para o ciclo de planejamento de 2013-2016, já foram delineadas as melhorias a serem feitas

nos modelos existentes, tanto em termos de modelagem propriamente dita quanto em termos

de aquisição de informação e criação de conhecimento de mercado. Além disso, foi instituído

que serão elaborados modelos de simulação para os outros produtos da gerência PMA.

48

5 CONCLUSÃO

Nesse estudo foi proposta a alteração do processo de planejamento de marketing de uma

empresa brasileira do setor industrial, através da incorporação da DS (FORRESTER, 1961) e

das Dinâmicas da Estratégia (WARREN, 1999). O trabalho descreveu como o novo processo

foi implantado na companhia e qual a avaliação de seus principais atores a respeito das

mudanças trazidas pelo mesmo. A metodologia utilizada foi a da pesquisa-ação, e o

pesquisador participou ativamente do processo de mudança na organização estudada.

O pesquisador teve o compromisso de gerar conhecimento acadêmico aplicável ao contexto

da empresa em questão, aos seus processos e estruturas. Esse conhecimento deve produzir

mudanças na organização, bem como a experiência obtida em sua aplicação deve provocar

alterações no modelo teórico inicialmente proposto. Por fim, este trabalho representa o

conteúdo acadêmico produzido com base nessa experiência, caracterizando a essência da

pesquisa-ação.

Observou-se que o processo de planejamento de marketing proposto, intitulado PDM, foi

muito bem aceito dentro da gerência onde foi implantado, visto que todos os envolvidos na

sua implantação acreditam que o PDM deve ser mantido nos próximos ciclos de

planejamento, inclusive sendo estendido para todos os produtos da companhia. O PDM e as

metodologias em que se baseia também foram muito bem recebidos quando apresentados para

outras áreas da organização, tendo sucesso em facilitar a comunicação de estratégias de

mercado e do próprio plano de marketing. Acredita-se que uma cultura empresarial

extremamente voltada para tecnologia e para os números faça com que a presença de

simulações aumente muito a credibilidade dos planos de marketing e tenha facilitado sua

comunicação para as áreas de interesse.

O pesquisador, assim como o gerente da área onde o PDM foi implantado, acreditam que o

processo ainda precisa de amadurecimento para que tenha um grande reconhecimento por

parte dos executivos da organização. Esse gerente pretende dar continuidade e aprofundar o

49

treinamento dos analistas nas metodologias de DS, Dinâmicas da Estratégia e no uso do

software IThink ao longo dos próximos dois anos, bem como ampliar a divulgação da

metodologia entre os executivos da empresa. Tudo isso viabilizará que as decisões sejam

efetivamente tomadas em função dos resultados das simulações elaboradas dentro do PDM,

ao contrário do que aconteceu no primeiro ciclo de implantação em que as simulações

serviram apenas para ratificar decisões que já haviam sido tomadas.

Deve-se ressaltar o grande sucesso do PDM em ampliar a compreensão dos mercados

utilizados: a opinião unânime dos participantes do processo de mudança foi que as

metodologias utilizadas explicitaram deficiências de conhecimento e de dados de mercado,

ampliando a discussão a respeito do funcionamento de mercado e servindo de embasamento

para aquisição de informação.

Esse trabalho apresenta como contribuição para o corpo de conhecimento a reunião das

teorias de Planejamento de Marketing e da DS de maneira não encontrada na literatura

pesquisada, através da proposição de um processo e sua aplicação dentro de uma organização.

Observou-se que a utilização de modelos de DS nos processos de Planejamento de Marketing

da companhia trouxe os seguintes benefícios:

- Olhar mais quantitativo sobre as estratégias de mercado, o que pode gerar maior

credibilidade a depender da cultura organizacional;

- Torna explícitas as deficiências de conhecimento e indisponibilidade de dados;

- Facilita o teste de diversas alternativas de estratégia de mercado e de cenários, agilizando

sua análise.

A principal limitação dessa pesquisa é o fato de seus resultados serem analisados meramente

do ponto de vista dos profissionais envolvidos no processo. Não foi avaliada a qualidade das

decisões de mercado propriamente ditas, e nem foi medida a melhora dessas decisões em

relação ao processo anterior, mais tradicional. O pesquisador tem grande interesse verificar os

50

resultados da implantação do PDM sobre a tomada de decisão de mercado na organização

estudada, depois de alguns anos de amadurecimento do processo.

Além disso, seria enriquecedor verificar os resultados que outras empresas teriam com a

aplicação de processos similares, e descobrir até que ponto o perfil e cultura empresarial

influenciam no sucesso e aceitação do processo.

51

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YIN, R.K. Estudo de caso: Planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2005.

56

APÊNDICE A – ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM ANALISTAS DE PLANEJAMENTO DE MARKETING

1. Há quanto tempo você trabalha na atividade de planejamento de marketing na empresa?

2. Você é responsável pelo planejamento de qual (quais) produto(s)?

3. Desses produtos, quais utilizaram o PDM no ciclo de 2011?

4. Já havia trabalhado com planejamento de marketing antes?

5. Já havia trabalhado com dinâmica de sistemas ou dinâmicas da estratégia antes? Em caso

negativo: Já tinha ouvido falar sobre alguma dessas metodologias? Em que situação?

6. Você acha que o treinamento oferecido a respeito das metodologias foi adequado? Por

quê?

7. Você acha que o treinamento oferecido a respeito do software (Ithink) foi adequado? Por

quê?

8. Qual sua opinião a respeito do uso da dinâmica de sistemas/dinâmicas da estratégia no

processo de planejamento de marketing?

9. Para os produtos sob sua responsabilidade, quantas alternativas estratégicas foram

testadas, além do cenário base? Quais foram elas?

10. Os resultados das simulações foram levados em consideração no momento da seleção da

estratégia a ser implantada? Qual foi sua importância?

11. Em sua opinião, o novo processo trouxe benefícios em relação ao anterior? Quais?

57

12. Houve pontos negativos ou dificuldades de implantação? Quais?

13. Você indicaria a manutenção do PDM nos próximos ciclos de planejamento, incluindo sua

extensão para os outros produtos? Por quê?

58

APÊNDICE B– ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM COORDENADOR ES DE PLANEJAMENTO DE MARKETING

1. Há quanto tempo você trabalha na atividade de planejamento de marketing na empresa?

2. Já havia trabalhado com planejamento de marketing antes?

3. Já havia trabalhado com dinâmica de sistemas ou dinâmicas da estratégia antes? Em caso

negativo: Já tinha ouvido falar sobre alguma dessas metodologias? Em que situação?

4. Você acha que o treinamento oferecido a respeito das metodologias foi adequado? Por

quê?

5. Você acha que o treinamento oferecido a respeito do software (Ithink) foi adequado? Por

quê?

6. Qual sua opinião a respeito do uso da dinâmica de sistemas/dinâmicas da estratégia no

processo de planejamento de marketing?

7. Qual sua opinião a respeito da qualidade dos modelos gerados e das alternativas

estratégicas simuladas?

8. Os resultados das simulações foram levados em consideração no momento da seleção da

estratégia a ser implantada? Qual foi sua importância?

9. Em sua opinião, o novo processo trouxe benefícios em relação ao anterior? Quais?

10. Houve pontos negativos ou dificuldades de implantação? Quais?

59

11. Você indicaria a manutenção do PDM nos próximos ciclos de planejamento, incluindo sua

extensão para os outros produtos? Por quê?

60

APÊNDICE C– ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM GERENTE DE PLANEJAMENTO DE MARKETING

1. Há quanto tempo você trabalha na atividade de planejamento de marketing na empresa?

2. Já havia trabalhado com planejamento de marketing antes?

3. Já havia trabalhado com dinâmica de sistemas ou dinâmicas da estratégia antes da

implantação desse processo? Como conheceu as metodologias?

4. Quais benefícios eram esperados com as mudanças no processo e implantação do PDM?

Esses benefícios foram atingidos? Algum outro benefício (não esperado) foi atingido?

5. Você acha que o treinamento oferecido a respeito das metodologias foi adequado? Por

quê?

6. Você acha que o treinamento oferecido a respeito do software (Ithink) foi adequado? Por

quê?

7. Qual sua opinião a respeito da qualidade dos modelos gerados e das alternativas

estratégicas simuladas?

8. Os resultados das simulações foram levados em consideração no momento da seleção da

estratégia a ser implantada? Qual foi sua importância?

9. Houve pontos negativos ou dificuldades de implantação? Quais?

10. Você indicaria a manutenção do PDM nos próximos ciclos de planejamento, incluindo sua

extensão para os outros produtos? Por quê?