Informativo SBC-03_Mar-Abr-Mai_2012
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sbcinformativo
A história da cirurgia de coluna no Brasil e na América Latina, por Robert Bob Winter
Comissão Organizadora do CSBC 2013 anuncia logomarca e novidades para o programa científico
Evento
Cláudio PedrasEntrevista
Conheça os novos membros da Sociedade
Sócios
A performance atlética de um ortopedista de coluna que mantém corpo e alma em sintonia com estilo de vida saudável
Mens Sana
03
SBCSociedade Brasileira de Coluna
MAR/ABR/MAI2012
03
Informativo SBC - MAR/ABR/MAI 2012
nestae d i ç ã o
A trajetória vitoriosa vivenciada por um grande nome da ortopedia da coluna, Dr. Robert Bob Winter, no Brasil e em vários países da América Latina, fez escola, criou discípulos, além de desenvolver um modelo de conduta exemplar entre seus pares na medicina do tratamento da coluna
Vem aí o Congresso da Sociedade Brasileira de Coluna 2013, com muitas novidades na programação científica
Especial
Evento
/15
/06
NovosSócios/14Veja quem são os novos sócios que ingressaram na SBC em 2011
FórumInterativo/07Encontre a resposta para a abordagem de uma técnica avançada minimamente invasiva para o tratamento da artrodese lombar
Entrevista/08Ex-presidente Cláudio Pedras fala sobre a fundação da SBC e analisa os rumos da Sociedade, que devem estar voltados para a atualização científica do sócio jovem
Mens Sana/10Surpreenda-se com a história de um cirurgião de coluna pediátrico que nutre paixão pela atividade física; ela é de tirar o fôlego de qualquer atleta
Escrevendo a história
Como é peculiar ao nosso leitor, a
leitura desta edição do Informativo será
ainda mais especial, principalmente
porque conta a história de mais de 40
anos da cirurgia de coluna brasileira,
numa relação duradoura e profícua
com o serviço de Mineápolis, que teve
o professor John Moe e Robert Winter
como mentores diretos. Influência
fundamental na formação de inúmeros
cirurgiões de coluna brasileiros e de
muitas lideranças da especialidade na
América Latina.
Caro editor Sérgio, “pensador”.
Sociedade sem história e sem memória
não existe. Obrigado por nos brindar
com este número do nosso boletim e
propiciar aos cirurgiões mais jovens
perceberem a evolução da cirurgia da
coluna construída com dedicação, ética
e amor à Ortopedia.
Parabéns aos membros da SBC, que
representam a qualidade dos trabalhos
no tratamento da Coluna em nível
nacional, com suas participações nos
eventos internacionais da especialidade,
cada vez em maior número e alcançando
relevância científica. No recente
Congresso Argentino de Coluna, da
SILACO, realizado em outubro de 2011,
em Buenos Aires, foram apresentados
17 temas livres, 23% dos trabalhos com
apresentação oral. Para o Spineweek, que
ocorrerá em maio próximo, em Amsterdam,
foram aceitos, para apresentação oral, 33
temas livres e 23 pôsteres.
Esta é uma demonstração clara de que
é possível trabalhar com determinação
e ainda realizar ensaios clínicos e de
ciência básica. Os nossos associados
estão demonstrando que vale a pena,
com algum sacrifício, estar presente
nesses eventos internacionais e mostrar
o que fazemos no Brasil.
É com satisfação que também
comunico as atividades que envolvem
as Regionais da SBC; elas estão bastante
ativas, realizando seus eventos anuais de
educação continuada, que devem ser a
finalidade principal de suas ações locais.
Esperamos que, no decorrer de 2012,
os sócios da SBC tenham boas notícias
para partilhar e compartilhar nas
páginas do Informativo SBC, que está
aberto para divulgar e difundir assuntos
de interesse dos seus leitores.
Luis Eduardo Munhoz da Rocha
Presidente da Sociedade
Brasileira de Coluna
presidentep a l a v r a d o
04 05
Informativo SBC - MAR/ABR/MAI 2012
“Quando resolvi que deveria vir para a Coreia do Sul,
não sabia ao certo o que iria encontrar. Meu pensamento
estava direcionado para um aperfeiçoamento profissional.
Não parei muito para pensar se a língua, a cidade e o povo
coreano seriam uma barreira ou ainda se seria a comida o
grande obstáculo.
Chegando aqui, eu e minha esposa tivemos uma grata
surpresa. A cidade é muito moderna, segura e com um
transporte público impecável. Podemos encontrar
informações em inglês em quase todos os lugares.
O povo coreano sempre se mostrou disposto a nos
ajudar mesmo quando não falavam inglês. Seul é, sem
dúvida, uma cidade bem preparada para receber um
visitante estrangeiro.
Nesta cidade o moderno e o antigo se misturam. Ao
lado de templos e construções milenares, encontramos
maravilhas da arquitetura moderna. Nesta foto, retratamos
a troca da guarda no palácio de Changdeokgung, uma
construção com mais de seis séculos.
O significado literal de Changdeokgung é palácio da
prosperidade. É claro que temos saudades do Brasil, mas
passar um ano em Seul será um grande prazer.”
Participe deste espaço enviando uma foto para o e-mail [email protected], colocando seu nome, a cidade onde atua profissionalmente e a data em que fez a imagem, acompanhada de um texto sobre a sua percepção do flagrante.
Guilherme Pereira Corrêa Meyer, de São Paulo, Fellow 2012, no Wooridul Spine Hospital, Seul, Coreia do SulServiço: Prof. Dr. Sang Ho Lee
Expediente
Presidente: Dr. Luis Eduardo Munhoz da Rocha Vice-Presidente: Dr. Carlos Henrique Ribeiro 1º Secretário: Dr. Mauro dos Santos Volpi 2º Secretário: Dr. Marcelo Wajchenberg 1º Tesoureiro: Dr. Alexandre Fogaça Cristante 2º Tesoureiro: Dr. Asdrubal Falavigna
Jornalista Responsável: Gilmara Gil – MTBRS 5439e-mail: [email protected] Editorial: Dr. Eduardo Gil França Gomese-mail: [email protected]: Dr. Sérgio Zylbersztejn e-mail: [email protected] final e editoração: Luciano Maciel
Colaboram nesta edição: Drs. Eduardo Gil, Guilherme P. C. Meyer,Ivan Ferraretto, Henrique da Mota, André Andújar, Pil Sun Choi e Hospital SamaritanoTradução: Elisa Anhaia (Espanhol), Elisa Alberton Machado (Português). Texto original: A experiência de Moe e Winter na América Latina
Periodicidade: Trimestral Impressão: Edelbra GráficaRepresentante de Publicidade: Binotto ComunicaçãoTelefone: (51) 3209.2041Fax: (51) 3209.2048Celular: (51) 9116.2224e-mail: [email protected]
Os artigos são de inteira responsabilidade de seus autores.
Endereço:
Sociedade Brasileira de Coluna – SBCAlameda Lorena, 1304 - sala 1406 CEP: 01424-001 – São Paulo -SPTelefax: (11) 3088.6615Endereço eletrônico: [email protected] www.coluna.com.brSecretária: Ana Maria
Fale com o Informativo SBC enviando sugestões de assuntos para a próxima edição: [email protected]
SBCSociedade Brasileira de Coluna
ÓRGÃO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE COLUNA
seu olharO despertar da cirurgia de coluna
A tarefa do editor é entender, avaliar e
recomendar assuntos que possam despertar
o interesse da grande maioria dos nossos
leitores. Tarefa essa agradável de traduzir
em palavras o que estamos pensando e
refletindo com liberdade de expressão. Venho
constatando que fazer medicina no século XXI
significa dominar a tecnologia da informação.
No artigo “Toque a tela agora para ver o seu
médico”, publicado no Canadian Medical
Association Journal 2012, o autor mostra as
possibilidades que caracterizam a nova onda
de eficiência operacional na saúde produzindo
um aumento na satisfação e reduzindo o
tempo de espera para uma consulta médica.
O paciente, nos mais diferentes lugares
públicos, pode preencher suas informações
médicas e agendar a consulta.
O resultado é uma consulta com menos
tempo de espera e a criação de um banco
de registro de saúde do paciente, o que é
surpreendente.
Transpondo a agilidade da informação
para o nosso Informativo, percebemos
que esta edição traz o reflexo de uma
comunicação dinâmica e colaborativa.
Um exemplo dessa interface é o conteúdo
que resgata o exato momento em que os
paradigmas de se tratar de modo cirúrgico
a coluna vertebral na América Latina
ganharam impulso e saíram do atraso em
relação à Europa e aos Estados Unidos.
E a fonte deste registro não poderia ser
melhor: o Prof. Winter, que aceitou o nosso
convite e escreveu um texto precioso em
que ele detalha, também com fotos, suas
inúmeras viagens em companhia do Prof.
Moe ao nosso continente.
As viagens de Moe e Winter foram
realizadas com as dificuldades da época
(transporte, comunicação, entre outras),
mas que resultaram na difusão de seus
ensinamentos numa feliz e duradoura
parceria entre Brasil, América Latina e
Estados Unidos. Devido à importância do
relato do mestre Robert Winter, a presente
edição está circulando com 24 páginas,
tiragem ampliada, e, ainda, com versões em
inglês (texto original) e em espanhol.
Para enriquecer o relato do Prof. Winter,
foram convidados dois ícones de nossa
sociedade, Dr. Ferraretto e Dr. Pedras. Seus
depoimentos são um registro histórico de
lembranças memoráveis de uma, até então,
incipiente ortopedia de coluna vertebral,
particularmente no Brasil.
O futuro da Sociedade passa a ser construído
com um abraço de boa chegada aos nossos
novos sócios, que são em número de 48.
As expectativas pelo congresso de Santa
Catarina estão se materializando por meio
uma grade científica inovadora. Recomendo
também a seção de caso clínico, que está em
sintonia com as modernas técnicas de cirurgia
minimamente invasivas. A curiosidade para a
solução do tratamento cirúrgico induzirá os
sócios a acessarem o site da SBC e participarem
dessa atividade interativa.
Lembrando ainda que faltou espaço para
tanta informação, mas já adiantamos que o
próximo número traçará os perfis de alguns
serviços credenciados e como eles formam o
cirurgião de coluna no Brasil.
Boa leitura.
Sergio Zylbersztejn
Editor
“O homem nunca sabe
do que é capaz
até que é obrigado a
tentar
”Charles Dickens
opinião
06 07
Informativo SBC - MAR/ABR/MAI 2012
Entre os dias 27 a 30 de abril de 2013,
Florianópolis (SC) receberá o XIV Congresso
da Sociedade Brasileira de Coluna, no
Costão do Santinho Resort.
O evento é considerado o mais importante da
especialidade do país e reúne grandes nomes da
cirurgia da coluna nacionais e internacionais.
A comissão organizadora está trabalhando com
entusiasmo na elaboração de um programa que
apresentará discussões de grande nível científico.
Conforme explica o presidente do CSBC 2013,
André Andújar, foi formada uma Comissão de Temas
Livres, especificamente para tratar deste tópico com a
importância que ele merece.
Uma das atrações confirmadas é a realização de um
Curso pré-congresso organizado pela SRS (Scoliosis
XIV Congresso da Sociedade Brasileira de Coluna
Artrodese minimamente invasiva percutânea 360 graus
evento
Research Society), que ocorrerá no dia 27 de abril (sábado).
Serão três dias de atividades intensas de troca de experiências e
oportunidade para assistir a novas abordagens no tratamento da coluna.
Outra novidade divulgada pela Comissão Organizadora é a
logomarca do evento. O logo traz os traçados da Ponte Hercílio Luz,
um ícone de Florianópolis, e das ondas do mar, que significam a
beleza das praias da ilha.
O presidente Andújar enfatiza que os participantes do congresso
poderão permanecer mais tempo em Florianópolis, para aproveitar o
feriado de 1º de maio e conhecer melhor os atrativos de Florianópolis
ou para descansar no Costão do Santinho.
“No período do nosso Congresso, é a época do ano que se contempla
o mais belo pôr do sol da ilha, emoldurando o entardecer na cidade,
com um clima agradável; temperaturas entre 17ºC e 23ºC (e picos de
28ºC), com direito a um banho de mar nas águas quentes do litoral
catarinense”, ressalta Andújar.
Durante o SIMINCO RIO 2012 (11/04), evento que marcou os 100 anos da Escola
de Medicina e Cirurgia (Unirio), foi realizada uma cirurgia inédita no Brasil formada
pelos Drs. Rudolf Morgenstern (Espanha), Paulo de Carvalho (RJ) e Pil Sun Choi (SP).
A nova técnica consiste em estabilizar a coluna lombar efetuando o ALIF via
percutânea através do forame intervertebral e estabilização das articulações
zigoapofisárias da mesma maneira.
A cirurgia pode ser efetuada com anestesia geral ou local, com sedação. A grande
vantagem desta técnica consiste no fato de que a intervenção poder ser realizada
com anestesia local, oferecendo menos trauma e ainda uma menor perda de sangue,
além de proporcionar um período de internação mais rápido para o retorno do
paciente às atividades normais.
Resultados preliminares iniciais demonstram que a técnica é segura e efetiva. No
Brasil, está sendo elaborado um protocolo de pesquisa no IOT HC FMUSP para
verificar a real eficácia do procedimento, em comparação às técnicas convencionais.
Caso clínico
Paciente: sexo feminino, 63 anos.História: lombalgia crônica recidivante resistente ao tratamento conservador a cerca de 12 anos.Exame clínico: dor lombar baixa que piora tanto em flexão como em extensão.Exame neurológico: sem déficit neurológico
Opções de tratamento:1. Conservador2. Estabilização dinâmica3. Baseado em pedículo vertebral4. Baseado em processo espinhoso5. Estabilização estática6. Póstero lateral TLIF, PLIF, XLIF7. Estabilização estática percutânea
Participe do fórum interativo. Veja mais imagens e envie sua resposta, acessando www.coluna.com.br
fórumi n t e r a t i v o
O caso clínico desta edição é uma colaboração do Dr. Pil Sun Choi, coordenador do grupo de Cirurgia Minimamente Invasiva IOT/USP e presidente do III WCMISSIT 2012 (www.wcmissit2012.com.br).
Foto: EMBRATUR
IV Simpósio Internacional de Coluna SBC Regional Minas Gerais
Data: 18 e 19 de maioLocal: Auditório Hospital da UnimedInformações: Organiza Eventos e-mail: [email protected]
Spineweek
Data: 28 de maio a 1º de junhoLocal: Amsterdam RAI Exibithion and Convention Centre (Holanda)Informações: [email protected]
mai/12
III COMINCO III WCMISS
Data: 16 a 18 de agostoLocal: Praia do Forte (Bahia)Realização: CCMI/SBCInformações: www.wcmisst2012.com.br
ago/12
CBOT 2012 - 44º Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia
Data: 15 a 17de novembro Local: Centro de Convenções de Salvador (BA)Inscrições: [email protected] www.cbot2012.com.br
nov/12
agenda
08 09
Informativo SBC - MAR/ABR/MAI 2012
08
entrevista
A terceira entrevista da série que conta a trajetória
da SBC e a evolução da cirurgia da coluna pelo
olhar dos seus ex-presidentes é com o Prof. Cláudio
Villela Pedras, que esteve à frente da Sociedade em 1991 e
1992. Mineiro de Juiz de Fora, foi para o Rio de Janeiro ainda
na adolescência. Atua como Professor Titular de Ortopedia da
UFRJ e diretor do Centro de Escoliose do Rio de Janeiro.
Informativo – Como era a cirurgia da coluna no Brasil antes
do surgimento da Sociedade Brasileira de Coluna?
Cláudio Pedras - A SBC está intimamente ligada ao Prof. John
Moe e seu discípulo, o Prof. Robert Winter. Ambos estiveram no
Brasil visitando o Rio de Janeiro e São Paulo, onde realizaram
várias conferências e cirurgias, principalmente de escoliose, tanto
na Santa Casa de São Paulo como na AACD.
Os dois colegas incentivadores deste convite foram Waldemar
Carvalho Pinto e Ivan Ferrareto, que estagiaram no serviço do
Prof. Moe nas cidades gêmeas de Minneapolis e Saint Paul, em
Minnesotta (EUA). Sem dúvida este era, na época, o melhor e mais
movimentado Centro para tratamento das escolioses.
Depois de assistir à excelente conferência sobre o
tratamento cirúrgico das escolioses, realizada pelo Prof.
P. G. Marchetti, no Colégio Brasileiro de Cirurgiões do
Rio de Janeiro, ficamos encantados com a sua técnica. E
no ano seguinte fomos para Firenze para participar das
cirurgias feitas pelo mestre italiano.
Informativo – E qual foi o aprendizado de Firenze?
Pedras – O que de mais interessante nós vimos e
aprendemos foi como confeccionar um bom colete
gessado de Risser, utilizado no pós-operatório.
Nossos colegas italianos eram verdadeiros artistas na
confecção desses coletes, o que provavelmente era mais
trabalhoso que o procedimento cirúrgico em si; fazia
parte da sistemática daquele Hospital assim como em
Minneapolis. Realizava-se a artrodese vertebral e, uma
semana após, a correção da curva com colete gessado
na mesa de Risser.
Informativo – Quando o senhor iniciou a sua
história na cirurgia da coluna?
Estágios no exterior
devem ser o foco
da SBC
09
Perfil
Time do coração: Não sou aficionado por futebol, mas acompanho a Seleção Brasileira. Também gosto muito de assistir à Seleção Feminina de Vôlei.
O pior defeito de alguém: Considero a mentira o maior defeito do ser humano, principalmente quando utilizada para usufruir de benefício próprio.
Uma paixão: A paixão pela escoliose me proporcionou conhecer praticamente quase todos os continentes, participando ativamente como palestrante, inclusive na China (Beijing) e nos Emirados Árabes (Dubai).
Algum hobby: O meu maior hobby foi fazer palestras no Power Point, e creio ter sido um dos primeiros a utilizar o computador para ministrar aulas em nosso meio.
Um lugar para viajar: Turisticamente, a Turquia, o país que mais me encantou; tenho ainda desejo de fazer um safari na África do Sul.
O que gostaria de ouvir de Deus quando chegar na porta do céu: Seja bem-vindo! Você cumpriu adequadamente a sua missão.
Pedras - Em 1971, Edgard Dawson, de Los Angeles, e eu demos
início ao que veio a ser o John Moe Fellowship, permanecendo por
um ano inteiro a seu lado. Frequentamos três hospitais: University
of Minnesota, Fairview Hospital e Gillette Hospital for Crippled Children;
médicos de vários países vinham a Minneapolis para aprender a técnica de
artrodese vertebral intra-articular de Moe.
O Prof. Moe conseguiu reunir todas as técnicas realizadas no mundo
inteiro, colocando as de real valor na sua rotina. Moe aprendeu com John
Cobb (New York) a sistematizar o tratamento das escolioses.
Informativo – Qual foi a sua participação na fundação da SBC e quais
as realizações da sua gestão que ficaram marcadas na Sociedade?
Pedras - Com o passar do tempo, chegamos à conclusão de que
precisávamos criar, a exemplo, também, de John Moe, responsável pela
fundação da SRS (Scoliosis Research Society), uma Sociedade de Coluna
para integrar todos os colegas do Brasil. Foi com esta plataforma que
acabei chegando à presidência da Sociedade.
No Congresso que realizamos no Rio de Janeiro trouxemos vários colegas
de outras academias científicas, principalmente europeias, especializados
em cirurgia da coluna. Participaram deste evento histórico Juergen Harms
(Alemanha), Yves Cotrel (França), Edgard Dawson e John E. Lonstein (USA).
Informativo – Como era a cirurgia de coluna naquela época e como
o senhor a observa na atualidade?
Pedras - Desde que iniciamos o tratamento cirúrgico até a presente
data, houve um progresso tecnológico extraordinário. No início, o paciente
ficava acamado, com colete gessado, durante meses. Hoje, sem qualquer
tipo de órtese, inicia a marcha no dia seguinte à cirurgia.
Informativo – Como o senhor avalia o momento atual da SBC e
que mensagem importante gostaria de dar para o jovem cirurgião da
coluna que ingressa na Sociedade?
Pedras - A Sociedade Brasileira de Coluna deveria criar condições para que
novos membros possam estagiar no exterior, principalmente na Alemanha
e nos Estados Unidos. Temos ressaltado que o tratamento conservador da
escoliose idiopática com órteses, quando adequadamente indicado, conduz a
excelentes resultados, evitando cirurgias de grande porte.
O conselho que daria àqueles que se iniciam no tratamento cirúrgico
da escoliose é: não façam grandes aventuras, pois é preferível uma coluna
torta que um paciente paraplégico.
Informativo SBC - MAR/ABR/MAI 2012
10
A história de um vencedor no atletismo
A prática esportiva começou na infância
com a natação, nas provas de fundo e
de que poucas crianças gostavam, mas
os 400 e 1500 nados livres eram o meu forte. Com
alguns amigos criamos um grupo do pedal de fim de
semana. Na época, com a Caloi 10 fazíamos passeios
até o litoral paranaense, incluindo Morretes, cidade
histórica encravada na serra da Graciosa, distante
cerca de 70 km de Curitiba.
Comíamos um bom Barreado, prato típico da região, e
voltávamos de trem.
Esta rotina foi interrompida na época do vestibular,
retornando um ano depois e voltando a parar durante
a faculdade. Sai dos meus 61 kg para 75 kg. Durante a
especialização em ortopedia pediátrica no SARAH,
em Brasília, iniciei de forma tímida a correr e nadei
com um time de polo de 4 a 5 mil metros cinco vezes
por semana, retomando a minha forma física. Após o
término do estágio na capital federal, em 1988 fiz um
fellow em ortopedia pediátrica e deformidades da coluna
mens sana
11
no Atlanta Scottish Rite (EUA). Lá, o chefe do serviço e diretor do hospital que foi o
berço do tratamento do pé torto congênito, Raymond Morrissy, e sua esposa, Lois, me
estimularam a participar de minha primeira corrida de 8 km, Strong Leggs Run, evento
beneficente para arrecadar fundos para o hospital.
A prova foi um sofrimento, as coxas ardiam durante a corrida, mas não desisti.
No ano seguinte, já no Dallas Scottish Rite, onde o diretor Tony Herring chegava
diariamente ao hospital de bicicleta, quem me ensinou a correr foi o ortopedista
pediátrico e maratonista John Birch. No final do dia, ele me chamava para correr.
Foi no Dallas que conheci também o residente de quarto ano Tandy Freemann, que,
naquela época, fazia triathlon.
Pensava em voz alta: este cara é louco. Quando terminei o estágio em Dallas, passei
por Atlanta para realizar a tradicional corrida do hospital. Desta vez completei os
8 km em 36 minutos. Espetáculo, grande evolução física. Eu, talvez, tenha sido um dos
poucos a retornar dos Estados Unidos com 6 kg a menos.
Treinamento e resistência
Chegando a Curitiba, retomei um ritmo de trabalho intenso no Hospital Pequeno
Príncipe e corria à noite quando chegava em casa; eu já estava viciado. Por um período,
parei de correr e percebi um cansaço ao término das cirurgias de coluna, e ficava com
alguma dificuldade para atender o consultório sem demonstrar a exaustão. Retomei
as corridas e comecei regularmente a participar das corridas de rua do calendário da
prefeitura, aos domingos. Foi aí, que em 1993, quando já corria 60 km por semana,
pensei: nadar não é problema, correr, eu estou muito bem, por que não voltar a pedalar,
que era meu hobby favorito na adolescência?
Treinei 30 dias e participei do Short Triathlon de Caiobá, onde consegui fazer um bom
tempo e conquistar o 10º lugar, mas com grande sofrimento na bike, devido ao pouco
treinamento.
Então, resolvi, levar a sério o triathlon. Fiz treinamento com um grande amigo, Norton
Freitas, do Rio de Janeiro, que, além de grande estudioso do esporte, já havia realizado
o Ironman do Havaí.
Apesar de demandar algumas horas de treino, durante seis dias por semana era
possível conciliar com os horários de ambulatório e cirurgia. Pedal 3 a 4 vezes por
semana, na madrugada às 5h da manhã, natação 3 vezes à noite, e a corrida 4 vezes,
sempre dois esportes por dia. Descanso na quarta-feira por causa da cirurgia de
coluna no dia seguinte.
Neste ritmo comecei a competir nas provas olímpicas da Estácio de Sá, no Rio e
em Santos, e, por fim, o meio Iron em Porto Seguro, no qual completei as provas
com muita satisfação e com os tempos planejados. Mantive as provas regularmente
por mais de 12 anos, mas algumas preocupações apareceram com o tempo: o vácuo
passou a ser permitido em algumas provas e quase sempre ocorriam acidentes com
O mens sana traz o depoimento do presidente da SBC, Luis Eduardo Munhoz, que nutre uma paixão pelo esporte, especialmente a corrida. Ele conta que foi uma atleta triathlon competitivo nos anos 90 e que nunca parou com a atividade física. “A corrida é o meu vício”, ressalta Munhoz.
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Informativo SBC - MAR/ABR/MAI 2012
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Resenha comentada pelo Dr. Henrique da Mota [email protected]
O estudo ‘Who should have surgery for an intervertebral disc
herniation?: comparative effectiveness evidence from
the spine patient outcomes research trial’, publicado
em 15 de janeiro de 2012, na SPINE, divulga afirmações que
merecem uma análise mais epistemológica e menos estatística.
O estudo diz: “Nós queremos determinar quais indivíduos são
os melhores candidatos para o tratamento cirúrgico e para o
tratamento não cirúrgico”, e baseia-se em um parâmetro
chamado treatment effect (TE), que é igual à mudança no
Oswestry dos pacientes operados menos a mudança no Oswestry
dos pacientes não operados.
Acrescenta que “numa situação ideal, os médicos devem ser
capazes de predizer o provável TE para um paciente individual,
baseados em suas características específicas, para fazerem suas
decisões de tratamento uma verdadeira escolha informada”.
De fato, estamos diante da uma teoria de individualização
terapêutica, onde se muda o foco da população para o indivíduo.
Até aí, tudo muito bonito...
O trabalho avalia 37 variáveis, que foram tidas como
modificadores do TE, mas, numa avaliação mais minuciosa desses
dados, começamos a ter surpresas, pois as análises mostraram
que as características que foram modificadoras do TE são,
principalmente, características socioeconômicas, e, de forma
curiosa, achados específicos e consagrados de exame físico, tal
como Lasègue, fraqueza motora e assimetria de reflexos, não
tiveram grande importância. Do jeito que a coisa vai, em breve as
decisões cirúrgicas serão tomadas pelos assistentes sociais. É uma
piada de mau humor ou seria melhor, de maus humores...
Cirurgia da hérnia de disco:
estamos voltando à teoria dos
quatro humores?
É como se voltássemos ao tempo
da bile negra, bile amarela, fleuma e
sangue. Neste estudo, vimos que, de
forma geral, a cirurgia quase sempre
é a melhor opção: os melancólicos
(termo que deriva de bile negra) são
mais beneficiados pelas cirurgias,
os hipertensos (caracteristicamente
sanguíneos) também, os ainda casados
(por suas características fleumáticas e
pacíficas), da mesma forma.
Aí, eu lanço uma pergunta: não seria
a sangria que fazemos por conta da
cirurgia (exames de sangue e o próprio
ato) o que realmente tem curado essas
pessoas, uma vez que as características
anátomo-clínicas pouco importaram?
Não nego que esta é uma falácia post-
hoc, mas não deixa de ser interessante.
Mas voltando à seriedade, só existe
uma solução diante de estudos tão
paradoxais: devemos retornar ao
passado da Medicina, deixando de lado
estas inutilidades, retomando os passos
de antigos médicos como Giovanni
Morgagni, que em seu “De Sedibus et
Causis Morborum”, de 1761, nos deixa
a seguinte lição: as doenças têm locais
e causas, e é nisto que devemos agir,
apesar da grande importância que ainda
se tem dado aos miasmas e humores,
e da ignorância ingênua de artigos que
são paridos de forma industrial, sem
um julgamento mais inteligente da
teoria dos conhecimentos. Esse negócio
de tudo ser psicossocial já está virando
loucura!
resenhac i e n t í f i c a
quedas a 40 ou 50 km/hora.
O receio de uma queda e fratura fez com que eu largasse a
minha bicicleta “speed“ Look de fibra de carbono e kevlar pela
falta de freios no clip, passando a fazer de mountain bike.
Com o nascimento da minha filha, Marcela, conciliar os
treinos com atividades de pai ficou mais complicado, mas
mantive os short triathlons por mais alguns anos.
O crescimento de Curitiba também inibe pedalar na estrada
para Paranaguá, que não é um local seguro para os ciclistas,
sem contar as ocorrências de assaltos e atropelamentos. Esses
motivos fizeram com que eu que treinasse mais indor, no
ciclossimulador, até que achei que os riscos eram maiores que a
satisfação de fazer as provas.
Nunca parei com a atividade física. A corrida é o meu vício,
algumas maratonas e várias meias competições.
Os 21 km são uma ótima prova e é possível conhecer
quase todas as cidades no intervalo dos congressos, como
aconteceu em Barcelona em 2011, onde participei de duas
corridas. A primeira de 16 km com largada no Hotel San Juan
e chegada na Rambla. No dia seguinte, a corrida foi do Hotel
San Juan até a Igreja Sagrada Família e Parque Guell.
A prática do atletismo tem me proporcionado grandes
oportunidades de conhecer melhor e correr com pessoas
interessantes, como o Prof. Stuart Weinstein (EUA), como
ocorreu no Parque Nacional Foz do Iguaçu, por ocasião do
Congresso Brasileiro de Ortopedia Pediátrica.
Outro dia, qual não foi a minha surpresa quando, durante
o Congresso Brasileiro de Neurocirurgia, em Curitiba, o
convidado principal, Prof. Eduard Benzel, pediu ao seu
hostess alguém para correr com ele, porque aos 60 anos,
além de ele estar em forma física, mantém o hábito de correr.
Aceitei o honroso convite e fizemos uma corrida de 18 km por
vários pontos turísticos e parques da cidade de Curitiba. Benzel
ficou fascinado com as capivaras no Parque Barigui. Igualmente,
não foi diferente com o Dr. Marinus de Kleuver, convidado da
Sociedade europeia de coluna em 2008, em Ribeirão Preto, quando
corremos pelo acostamento da rodovia e, posteriormente, em
outros eventos: SRS (Kyoto) e Louisville (EUA).
Foi durante a corrida que criamos a oportunidade de os
nossos especialistas em cirurgia da coluna complementarem a
sua formação na Holanda, pelo período de três meses.
Correr e nadarComo a paixão esportiva da minha filha é a natação,
aproveito dois dias da semana para nadar no clube
com ela e depois comermos um saboroso sushi.
O pedal, hoje, ficou mais recreativo e aos
domingos, enquanto as corridas são um bom
momento para meditar e planejar as atividades da
semana, esvaziando a cabeça dos problemas do
hospital e dos pacientes. Defino muita coisa nesses
momentos porque o telefone não interrompe o
raciocínio, e a parte boa é o resultado, pois mesmo
após cirurgias complexas e longas de deformidades
termino com disposição para fazer o consultório e
ou para frequentar um bom restaurante, com um
bom vinho e seguindo vivendo a vida feliz.
Fazer esporte não significa ficar longe da família,
todos os irmãos e agregados já fizeram o short
triathlon de Caiobá, mas um dos mais agradáveis
desafios foi a volta da ilha de Florianópolis em
revezamento de oito, completamos os 150 km em
13 horas, sensacional, que terapia, e pareceu que a
manhã não havia passado.
mens sana
015
O legado de John H.
Moe e Robert Bob Winter no Brasil e
na América Latina
especial
Considerado uma das maiores autoridades
da Ortopedia em nível global, ao lado
de seu mestre John Moe, de Minnnesota
(EUA), o Prof. Robert Bob Winter criou muito mais
que técnicas modernas em cirurgia da coluna. Bob
Winter, como é carinhosamente chamado pelos seus
discípulos, particularmente do Brasil, ergueu uma
carreira rica em histórias que traduzem não só o
seu desempenho brilhante de cirurgião de coluna
vertebral como de uma pessoa admirada e festejada
como ser humano.
Robert B. Winter desenvolveu técnicas seguras, que
geraram um novo conceito de tratamento cirúrgico
na coluna vertebral e que foram fundamentais para a
evolução da cirurgia da coluna.
Um dos fundadores da SRS (Scoliosis Resserach
Society), entidade criada por John Moe, e atuando
na Universidade de Minnesota, Robert Winter
sentenciou em 1966, no histórico 10º Congresso
da SICOT (França), que o tratamento cirúrgico da
escoliose apresenta bom resultado quando, ao final
da fase de crescimento, a curvatura não progrediu.
“Foi a partir deste conceito que inúmeros
procedimentos, cirúrgicos ou não, isolados ou
associados, vêm sendo empregados com grande
variabilidade nos resultados cosméticos e funcionais
obtidos, sem o estabelecimento de uma conduta
uniformemente padronizada e devidamente
protocolada”, ressalta o ortopedista Ivan Ferraretto,
um dos mais fiéis seguidores dos ensinamentos do
Prof. Winter.
Nas páginas a seguir, o Informativo da SBC traz um
texto de autoria do Dr. Robert Bob Winter, que ele
escreveu para ser publicado pelo Comitê Internacional
da SRS, em novembro de 2011, por ocasião de mais
uma de suas inúmeras visitas ao Brasil, desta vez, como
convidado internacional do 43º CBOT, em São Paulo.
Num outro artigo, igualmente especial, o Dr. Ivan
Ferraretto conta sobre as dificuldades encontradas
e também as inovações introduzidas no Brasil pelos
Drs. Moe e Bob Winter, em mais de quatro décadas
de ensinamentos que selaram uma parceria inédita
e estimulante entre os pioneiros da moderna cirurgia
da coluna brasileira e latino-americana.
15
Com uma prova de 50 questões de múltipla
escolha e uma prova oral composta de 10
casos clínicos com 6 minutos de duração
para solucionar cada um dos casos com a conduta a
ser tomada na patologia apresentada, a Comissão de
Capacitação Profissional (CCP) seleciona os candidatos
que desejam ingressar na SBC.
Em 2011, a prova para novos sócios foi realizada
em Ribeirão Preto, em 24 de novembro, durante
o Curso de Técnicas Modernas e Avanços da Cirurgia da
Coluna Vertebral, e contou com a participação de 54
examinadores convidados; a prova oral foi realizada
em dois turnos de 60 minutos.
Segundo o presidente da Comissão de Capacitação
Profissional, Edson Pudles, dos 53 candidatos inscritos,
48 foram aprovados. Pudles ressalta que o objetivo da
prova é a inclusão na Sociedade e que a exigência da
nota mínima 6 é fixada pela AMB, por isto não existe
lista de classificação dos candidatos.
Confira os candidatos aprovados para novos
sócios da SBC.
Novos sócios da SBC
atuaçãoCANDIDATO ESPECIALIDADE
Alex Veneziano Oliveira Junior Ortopedista
Alexandre de Oliveira Zam Ortopedista
Allan Masashi Guimarães Kato Ortopedista
Anderson Gomes Marin Ortopedista
Antonio Bernardo de Queiroz Krieger Ortopedista
Aurélio Felipe Arantes Ortopedista
Bartolomeu Ribeiro Coutinho Filho Ortopedista
Breno Frota Siqueira Ortopedista
Carlos Eduardo Gonçales Barsotti Ortopedista
Cesar Daniel Macedo Ortopedista
Cesar Salge Ghilardi Ortopedista
Christiano Esteves Simões Ortopedista
Dante Bernardes Giubilei Ortopedista
Diego Arthur Fernandes Vendruscolo Ortopedista
Douglas Romano Spolidoro Ortopedista
Eduardo Henrique Chiovato Abdala Ortopedista
Eduardo Machado de Menezes Ortopedista
Fabiano de Mendonça Grandese Ortopedista
Fabio Leme de Oliveira Pinto Ortopedista
Fernando William Figueiredo da Rosa Ortopedista
Francisco Alves de Araujo Junior Neurocirurgião
Gualter Maldonado de Azevedo Ortopedista
Guilherme Augusto Foizer Ortopedista
Guilherme Galito Henriques Ortopedista
Hans Grohs Ortopedista
Henrique Bonotto Lampert Ortopedista
Henrique Motizuki Ortopedista
Jean Marcel Dambrós Ortopedista
João Paulo Bergamaschi Ortopedista
Jonas Lenzi de Araújo Ortopedista
José Lucas Batista Junior Ortopedista
Leonardo Franco Pinheiro Gaia Ortopedista
Lucas Sasdelli Soares de Oliveira Ortopedista
Marcel de Oliveira Nascimento Ortopedista
Marcelo Ribeiro Mendes Ortopedista
Marina Hirschle Galindo Ortopedista
Matheus Luis da Silva Ortopedista
Nelson Astur Neto Ortopedista
Nicola Jorge Carneiro Neto Ortopedista
Otavio de Luca Druda Ortopedista
Pedro Grein Del Santoro Ortopedista
Rafael Cantarelli dos Santos Ortopedista
Rafael Marques Ielpo Ortopedista
Rigel Rego de Sá Godinho Ortopedista
Rogério Toledo de Sousa Ortopedista
Rony Brito Fernandes Ortopedista
Thiago Cesar Reis Olímpio Ortopedista
Thiago Miller Santana Silva Ortopedista
Informativo SBC - MAR/ABR/MAI 2012
1716
The Moe/Winter latin american experience
In 1963, there was a meeting of SLAOT (Latin American Society
of Orthopaedics and Traumatology), at which their Spine
Committee decided that spinal deformity treatment in Latin
America was in a bad state. Their treatment methods were old-
fashioned, out of date, and falling rapidly behind the United States
and other advanced countries.
The question was then what to do about the problem. They decided
that they needed to invite an expert to come to Latin America to
evaluate their situation and to make recommendations as to how to
solve their problems.
They thus invited Dr. John Moe of the University of Minnesota to be
that expert and he accepted. In 1964, he spent three weeks in South
America, traveling to Caracas, Venezuela; Bogata, Columbia; Quito,
Ecuador; Lima, Peru; Santiago, Chile; Buenos Aires, Argentina; Sao
Paulo, Brazil; and finally, Rio de Janeiro, Brazil. This was an arduous
journey as air travel was more primitive; he spoke neither Spanish nor
Portuguese, and knew almost no one in these countries.
He basically had a single presentation in which he presented brace
treatment (only the Milwaukee brace at that time), basic posterior spine
fusion with or without Harrington rods (there was no anterior surgery at
that time), casting techniques, and use of the halo. A common refrain
from the listeners was “Well, you can do those things in Minnesota, but
we can’t do it here”. His answer was always “Yes you can, but you need to
send me your brightest young man so I can teach him and he will bring
it back to you. Then you must let him establish a spine program at your
institution and do the things I have taught him”.
In 1965, we received two young, bright surgeons, both
from Sao Paulo, Brazil. One was Dr. Ivan Ferrereto from
the AACD (Association for the Advancement of Crippled
Children), and the other Dr. Waldemar Carvalho Pinto
from the Santa Casa Hospital and Medical School. They
spent six months training in the Twin Cities, working
with Dr. Moe and Dr. Winter at Gillette Children’s Hospital
in St. Paul and the University Hospital in Minneapolis.
When they returned to Brazil they were supported by
their chiefs (Dr. Domingo Define at the Santa Casa and
Dr. Renato Bomfim at the AACD) and spine clinics and
programs were established.
Courses in latin american
In February 1966, Dr. Moe and Dr. Winter went to Sao
Paulo to further advance these programs. We first went to
Bogotá, Columbia where we visited and lectured at the
Military Hospital, the San Juan de Dios Hospital and the
City Hospital. We arrived in Sao Paulo February 1, 1966.
There was a two-week course attended by 52 surgeons
from all over South America. Daily lectures were combined
with surgeries, cast application demonstrations, and
bracing seminars. After the course, Dr. Moe stayed for
another two weeks, seeing patients and doing surgeries.
Dr. Winter assisted in these clinics and surgeries, and
when Dr. Moe left, Dr. Winter remained for another six
weeks continuing the clinics and surgeries.
Because of the poor condition of deformity treatment in Brazil prior
to this time, there was an enormous backlog of pathology of all types,
especially post-poliomyelitis deformities, a majority of them scoliosis
over 100°. Although we did many, many surgeries during the three
months, we only barely touched the backlog.
This began a long association with those two institutions in Brazil, and
opened the door to many other South American connections. In 1967,
Dr. Winter attended and lectured at the SLAOT meeting in Buenos Aires,
Argentina. In 1968, Dr. Moe and Dr. Winter made another extensive trip
to South America, lecturing in Caracas, Venezuela; Santiago, Chile; Buenos
Aires, Argentina; Sao Paulo, and Rio de Janeiro, Brazil.
In 1969, Dr. Winter returned to Brazil, lecturing at the Brazilian Orthopaedic
Society in Brasilia, visiting Dr. Wagner Nascimento in Belo Horizonte (he had
trained with us in the Twin Cities in 1968) and going back to the two centers
in Sao Paulo for further teaching. On the way home, Dr. Winter attended the
SICOT meeting in Mexico City.
In 1970, Dr. Winter returned again to Brazil, visiting Sao Paulo and Rio.
Fellowship
In 1971, at the time the Spine Fellowship was established in Minnesota at
the University and Gillette, Dr. Winter joined Dr. Moe as a full-time University
Orthopaedic surgeon, devoting all his time to spinal problems. July 1, 1971
was also the start of the spine fellowship, subsequently named the John H.
Moe Fellowship. The first two fellows were Dr. Ed Dawson, and Dr. Claudio
Pedras of Rio de Janeiro, Brazil.
In 1973, Dr. John Lonstein and Dr. David Bradford joined with Dr. Moe and
Dr. Winter to form the Twin Cities Scoliosis Center. We also began to see a
steady stream of surgeons come from Latin America, not just South America,
but also Central America and Mexico. In 1973, Dr. Winter again went to Brazil,
visiting Rio, Sao Paulo and Bahia followed by a visit to Valencia, Venezuela.
Another trip to Brazil was made in 1975 by both Dr. Moe and Dr. Winter,
the 10th anniversary of our starting the programs there, visiting Sao
Paulo and Rio. Many of the patients we had operated on in 1966 were
brought back for the event.
In 1978, Dr. Winter visited Dr. Luque in Mexico City to learn about his new
technique, following which he went to Hermosillo, Mexico for the Mexican
Orthopaedic Meeting. In 1980, Dr. Winter attended and lectured at the
SLAOT meeting in Mexico City.
In 1981, Dr. Winter returned to Brazil, visiting Sao Paulo, Rio, and Brasilia.
A brief trip to Rio was made in 1982. Another trip was made in 1983 by Dr.
Winter to Sao Paulo and to Buenos Aires, where he lectured at the Argentine
Spine Society meeting.
Dr. Winter returned to South America again in 1985,
visiting Buenos Aires, Montevideo, Uruguay, and Sao
Paulo. In 1987 he went to Venezuela, and in 1988 to Brazil
and Uruguay. In 1991 he visited Dr. Hector Peon Vidales
in Mexico City, another of the Twin Cities trained spine
surgeons. He returned in 1992 visiting Chile, Argentina,
Uruguay and Brazil. In 1995, he visited Caracas, Venezuela,
lecturing at the Hospital Fundacion. Later that year, he
went once again to Sao Paulo, lecturing to the Brazilian
Spine Society, a visit to Uruguay, and lecturing at the
Argentine Spine Society.
Experience
In Sao Paulo, there was a 30-year reunion of the 1966
experience. At the Santa Casa, the Spine Service we had
started had seen 63,926 patients, had braced 1303
patients, had operated on 5110, had given 205 courses,
had made 67 publications, and trained 205 surgeons.
In 1996, Dr. Winter went again to Uruguay and Sao
Paulo. Later that year he was a guest speaker at the Mexican
Spine Society meeting in Villahermosa, Mexico. In 1997,
Dr. Winter attended and lectured at the Brazilian Spine
Society meeting and also the Argentine Spine Society
meeting. In 1998, he went to Quito, Ecuador for a surgery
on a difficult congenital scoliosis patient, following which he
attended and lectured at the SLAOT meeting in Lima, Peru.
The next trip to Brazil was for a meeting in 1999.
This was the last time he saw Dr. Carvalho Pinto as
this student and then teacher died soon after from a
pulmonary embolism. Dr. Winter returned to Buenos
Aires in 2004 for the SRS meeting. His final trip to Brasil
was in November, 2011, to speak at the annual meeting of
SBOT (Brasilian Society of Orthopaedics and Traumatology).
Dr. Ferraretto is still in practice in São Paulo.
It is impossible to list all of the surgeons who have
come from Latin America to train at the Twin Cities
Spine Center, as the number is well over 100. We are
especially proud of the pioneering work done in Sao
Paulo, which led to these institutions becoming spine-
teaching centers themselves, thus educating another
generation of skilled surgeons.
Fotos: Arquivo Hospital Samaritano
Informativo SBC - MAR/ABR/MAI 2012
1918
A experiência de Moe e Winter na América Latina
Em 1963, num encontro da Sociedade Latino-Americana de
Ortopedia e Traumatologia (SLAOT - Latin American Society
of Orthopaedics and Traumatology), o Comitê da Coluna
(Spine Committee) decidiu que o tratamento de deformidades na
coluna vertebral na América Latina estava desatualizado.
Os métodos de tratamento estavam antigos, ficando para trás dos
métodos dos Estados Unidos e de outros países desenvolvidos.
A questão era o que fazer a respeito do problema.
Eles decidiram que era necessário convidar um especialista a vir à
América Latina para avaliar a situação e fazer recomendações sobre como
resolver os problemas.
O Comitê de Coluna da SLAOT convidou o Dr. John Moe, da Universidade
de Minnesota (University of Minnesota), a ser esse especialista, e ele
aceitou. Em 1964 ele passou três semanas na América do Sul, viajando
a Caracas, Bogotá, Quito, Lima, Santiago, Buenos Aires, São Paulo e,
finalmente, Rio de Janeiro. Foi uma árdua jornada, pois as viagens
aéreas eram mais difíceis; ele não falava espanhol nem português e
praticamente não conhecia ninguém nesses países.
Moe, basicamente, fez uma única apresentação, na qual falou sobre
o tratamento com colete (somente o colete Milwaukee naquela época),
fusão vertebral posterior básica com ou sem haste de Harrington (não
existia cirurgia anterior naquela época), técnicas de engessamento e o
uso do halo craniano.
O comentário mais comum dos espectadores era “você pode fazer
essas coisas em Minnesota, mas nós não podemos fazer isso aqui”.
O Dr.Moe respondeu: “Sim, vocês podem, mas precisarão me enviar
seu jovem mais brilhante para que eu possa ensiná-lo e ele trará o
conhecimento a vocês. Então deverão deixá-lo estabelecer um programa
em sua instituição e fazer o que eu tiver ensinado a ele”.
Em 1965, nós recebemos dois jovens e brilhantes cirurgiões, ambos
de São Paulo (BR): o Dr. Ivan Ferrareto, da AACD (Associação de
Assistência à Criança Deficiente), e o Dr. Waldemar Carvalho Pinto, do
Hospital e Escola de Medicina Santa Casa. Eles passaram seis meses
nas “cidades gêmeas” (cidades de Minneapolis e Saint Paul, estado de
Minnesota, EUA) trabalhando conosco no Hospital Pediátrico Gillette
(Gillette Children’s Hospital) em St. Paul e no Hospital Universitário
(University Hospital) em Minneapolis. Quando eles retornaram ao
Brasil, receberam apoio de seus chefes, Domingos Define (Santa
Casa) e Renato Bomfim (AACD), e de clínicas especializadas. A partir
daí os programas foram estabelecidos.
Em fevereiro de 1966, eu e Moe fomos a São Paulo para avançar na
implantação desses programas.
A primeira visita foi a Bogotá (Colômbia), onde
visitamos e demos palestras no Hospital Militar, no
Hospital San Juan de Dios e no Hospital Municipal.
Chegamos a São Paulo no dia 1o de fevereiro de 1966.
Realizamos um curso de duas semanas, assistido por 52
cirurgiões de toda a América do Sul.
As aulas eram combinadas com cirurgias, demonstrações
de colocação de gesso e seminários sobre o uso dos coletes.
Depois do curso, o Dr. Moe permaneceu por mais duas
semanas atendendo pacientes e fazendo cirurgias.
Fui assistente nesses atendimentos e cirurgias, e
quando Dr. Moe foi embora, permaneci por mais seis
semanas continuando os atendimentos e as cirurgias.
Tratamento de deformidades
Devido às precárias condições do tratamento de
deformidades no Brasil anterior a essa época, existia um
enorme acúmulo de pacientes com patologias de todos
os tipos, especialmente deformidades pós-poliomielíticas,
a maioria delas escolioses acima de 100 graus. Apesar
da realização de muitas cirurgias ao longo daqueles três
meses, foi atendida somente uma pequena parte desses
pacientes.
Dessa forma, formou-se uma longa parceria entre
aquelas duas instituições no Brasil, o que abriu portas
para muitas outras conexões sul-americanas.
Em 1967, fui palestrante no encontro da Sociedade
Latino-Americana de Ortopedia e Traumatologia, em
Buenos Aires (Argentina). Em 1968, na companhia de
Moe, realizamos outra extensa viagem à América do Sul,
palestrando em Caracas, Santiago, Buenos Aires, São
Paulo e Rio de Janeiro.
No ano de 1969, retornei ao Brasil para palestrar
num encontro da SBOT, em Brasília, e aproveitei a
minha estada no país para visitar em Belo Horizonte
o Dr. Wagner Nascimento, que havia feito fellow, em
1968, nos Estados Unidos. Também visitei os dois
centros em São Paulo (Santa Casa e AACD) para mais
ensinamentos. Na volta para casa, participei ainda da
reunião da SICOT na Cidade do México.
Em 1970, novamente visitei São Paulo e o Rio de
Janeiro. A Sociedade da Coluna Vertebral (Spine
Fellowship) foi criada em julho de 1971, em Minnesota.
E a convite do Dr. Moe, que atuava na Universidade,
iniciei a me dedicar inteiramente aos problemas
especial
vertebrais. Posteriormente, a entidade passou a ser denominada Sociedade
John H. Moe (John H. Moe Fellowship).
Os primeiros associados foram os ortopedistas Ed Dawson e Claudio Pedras,
do Rio de Janeiro (Brasil).
Em 1973, o Dr. John Lonstein e o Dr. David Bradford juntaram-se a nós
para fundar o Centro de Escoliose das Cidades Gêmeas (Twin Cities Scoliosis
Center). Nesse período nós começamos também a ver um fluxo constante de
cirurgiões vindos da América Latina, não somente da América do Sul, mas
também da América Central e do México. Nesse mesmo ano, estive novamente
no Brasil, onde visitei Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia, e em seguida, a
cidade de Valência, na Venezuela.
Visitas incansáveis
Outra viagem ao Brasil foi feita em 1975 junto com o Dr. Moe, para
comemorar os 10 anos dos programas no Brasil, com visita a São Paulo e Rio.
Muitos dos pacientes que operamos em 1966 compareceram ao evento.
Em 1978, visitei o Dr. Luque na Cidade do México, para aprender sobre sua
nova técnica, e logo após fui até a cidade de Hermosillo, para o Encontro
de Ortopedia Mexicano. Em 1980, fui palestrante no encontro da Sociedade
Latino-Americana de Ortopedia e Traumatologia na Cidade do México.
Em 1981, retornei ao Brasil para visitar São Paulo, Rio e Brasília. Uma breve
viagem ao Rio foi feita em 1982. Outra viagem em 1983 para São Paulo e
Buenos Aires, onde participei do Congresso da Sociedade Argentina de Coluna.
Retornei à América do Sul novamente em 1985, quando visitei Buenos Aires,
Montevidéu e São Paulo. Em 1987, estive na Venezuela, e em 1988 visitei o Brasil
e o Uruguai. Em 1991, visitei o Dr. Hector Peon Vidales na Cidade do México,
outro cirurgião treinado nas Cidades Gêmeas. Em 1992, retornei à América Latina
para visitar Chile, Argentina, Uruguai e Brasil. Em 1995, foi a vez de Caracas com
palestras no Hospital Fundacion. Mais tarde, no mesmo ano, visitei mais uma vez
São Paulo para palestrar na Sociedade Brasileira de Coluna, visitar o Uruguai e
palestrar na Sociedade Argentina de Coluna.
Em São Paulo houve um reencontro de 30 anos da experiência de 1966.
Na Santa Casa, o programa que havíamos iniciado já havia atendido 63.926
pacientes, colocado coletes em 1.303 pacientes, operado 5.110 pacientes,
ministrado 205 cursos, publicado 67 trabalhos e treinado 205 cirurgiões.
Em 1996, visitei novamente o Uruguai e São Paulo. Mais tarde, no
mesmo ano, fui palestrante convidado da Sociedade Mexicana de Coluna em
Villahermosa, México. Em 1997, dei uma palestra no encontro da Sociedade
Brasileira de Coluna e no encontro da Sociedade Argentina de Coluna. Em
1998, visitei Quito para uma difícil cirurgia em um paciente com escoliose
congênita, seguindo para Lima para participar do Congresso da Sociedade
Latino- Americana de Ortopedia e Traumatologia.
(Em novembro de 2011, participei como palestrante convidado do
Congresso da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia SBOT,
realizado em São Paulo.)
Nota: Texto preparado para o Comitê Internacional da SRS/novembro de 2011 e atualizado para o Informativo da Sociedade Brasileira de Coluna.
Fotos: Arquivo Hospital Samaritano
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Informativo SBC - MAR/ABR/MAI 2012
20 21
Experiencia de Moe y Winter en América Latina.
En 1963, una reunión de la Sociedad Latinoamericana de Ortopedia
y Traumatología (SLAOT - Sociedad Latinoamericana de Ortopedia y
Traumatología), el Spine Committee decidió que el tratamiento de las
deformidades de la columna en América Latina estaba fuera de fecha.
Los métodos de tratamiento ya estaban antiguos, quedándose más
retrasados que los viejos métodos de los Estados Unidos y otros
países desarrollados.
La cuestión era qué hacer con el problema. Decidieron que era
necesario invitar a un experto para llegar a América Latina, evaluar la
situación y hacer recomendaciones sobre cómo resolver los problemas.
El Comité de la Columna SLAOT invitó al Dr. John Moe, de la
Universidad de Minnesota (Universidad de Minnesota), para que fuera el
experto, y él aceptó la invitación. En 1964 pasó tres semanas en América
del Sur, viajando a Caracas, Bogotá, Quito, Lima, Santiago, Buenos Aires,
São Paulo, y por fin al Rio de Janeiro. Fue un arduo viaje, ya que el
transporte aéreo era más difícil; además de eso, él no hablaba español
o portugués y tampoco conocía a nadie en esos países.
Moe, básicamente, hizo una presentación única en la que habló
sobre el tratamiento con chaleco (solamente chaleco Milwaukee en
el momento), la fusión vertebral posterior básica con o sin la barra
de Harrington (no había cirugía previa en el momento), las técnicas
de inmovilización y el uso de la el halo craneal. El comentario más
común de los espectadores era “usted puede hacer estas cosas en
Minnesota, pero no las podemos hacer aquí.”
El Dr. Moe respondió: “Sí, ustedes pueden, pero es necesario que
me envíen su más brillante joven para que yo pueda enseñarle y
él traerá el conocimiento hasta ustedes. Entonces ustedes deberán
permitir que él establezca un programa en su institución para hacer
lo que le he enseñado.“
En 1965, recibimos dos jóvenes brillantes cirujanos, ambos de São
Paulo (BR), el Dr. Iván Ferrareto AACD (Asociación de Ayuda a Niños
con Discapacidad) y el Dr. Waldemar Carvalho Pinto, del Hospital y
la Facultad de Medicina Santa Casa. Ellos pasaron seis meses en las
“ciudades gemelas” (las ciudades de Minneapolis y Saint Paul, Minnesota,
EE.UU.), trabajando con nosotros en el Hospital Pediátrico Gillette
(Hospital de Niños de Gillette) en St. Paul y el Hospital Universitario
(Hospital Universitario) en Minneapolis. Al regresar al Brasil, recibieron
el apoyo de sus jefes, Domingos Define (Santa Casa) y Renato Bomfim
(AACD), y de clínicas especializadas. Desde entonces, los programas se
han establecido. En febrero de 1966,yo y Moe fuimos a São Paulo a fin
de implementar estos programas.
La primera visita fue a Bogotá (Colombia), donde visitamos y
presentamos conferencias en el Hospital Militar de San
Juan de Dios y en el Hospital Municipal. Llegamos a São
Paulo el 1 de febrero de 1966. Realizamos un curso de dos
semanas asistido por 52 cirujanos de toda América del Sur.
Las clases eran combinadas con cirugías, la colocación
de las demostraciones de yeso y seminarios sobre el
uso de chalecos.
Después del curso, el Dr. Moe se mantuvo durante
dos semanas más atendiendo a los pacientes y haciendo
cirugías. Fui un ayudante en estos tratamientos y cirugías,
y cuando el Dr. Moe se fue,me quedé durante seis semanas
más continuando los tratamientos y cirugías.
Tratamiento de las enfermidades
Debido a las precarias condiciones del tratamiento de
las deformidades en Brasil antes de este tiempo, había
una enorme acumulación de pacientes con enfermedades
de todo tipo, especialmente pos-poliomielíticas
deformidades, escoliosis la mayoría de ellas escoliosis
superiores a 100 grados. Durante la realización de muchas
cirugías a lo largo de estos tres meses, fueron atendids
sólo una pequeña parte de estos pacientes.
Así se formó una larga unión entre estas dos
instituciones en Brasil, que abrió las puertas para muchas
otras conexiones en América del Sur. En 1967,hablé en el
encuentro de Ortopedia y Traumatología en Buenos Aíres,
Argentina. Un año después, en 1968,con Moe hicimos
otro largo viaje a la América del Sur, hablando en Caracas,
Santiago, Buenos Aires, São Paulo y Rio de Janeiro, Brasil.
En 1969, volví al Brasil para hacer una ponencia en
una reunión de SBOT en Brasilia, y disfruté de mi tiempo
en el país para visitar el Dr. Wagner Nascimento en Belo
Horizonte, el cual había hecho fellow en 1968, en los
Estados Unidos. También volví a los dos centros en São
Paulo (la Santa Casa y la AACD) para más enseñanzas. En
el regreso a la casa, participé aún de la reunión de la SICOT
en Ciudad de México.
En 1970, volví a visitar São Paulo y Rio de Janeiro.
En 1971,la Sociedad de la Columna Vertebral (Spine
Fellowship) estaba establecida en Minnesota, y con la
invitación del Dr. Moe, que actuaba en la Universidad,el Dr
Winter empezé a dedicarme por completo a los problemas
de la columna vertebral. En junio de 1971, fue el inicio
de la Sociedad de la columna vertebral Posteriormente,
la entidad pasó a llamarse John H Moe. (John H. Moe
Fellowship).Los primeros miembros fueron los ortopedistas Dr. Ed Dawson y
el Dr. Claudio Pedras, del Rio de Janeiro (Brasil).
En 1973, el Dr. John Lonstein y el Dr. David Bradford se unieron a nosotros
para establecer el Centro de Escoliosis de las Ciudades Gemelas (Twin Cities
Scoliosis Center).” Durante este tiempo también comenzamos a ver un flujo
constante de los cirujanos de América Latina, no sólo en América del Sur, sino
también de América Central y México”, resaltó Robert Winter. Ese mismo año,
estuve de nuevo en Brasil, el Rio de Janeiro, São Paulo y Bahia, y luego partió
a la ciudad de Valencia, Venezuela.
Visitación
Otro viaje a Brasil fue hecho en 1975 con el Dr. Moe para celebrar los diez
años de programas en Brasil, con una visitación a São Paulo y Rio de Janeiro.
Muchos de los pacientes que operamos en el año 1966 asistieron al evento.
En 1978, visité al Dr. Luque en la Ciudad de México para conocer su nueva
técnica, y poco después fui a la ciudad de Hermosillo, para la reunión de
Ortopedia de México. En 1980 fui orador en la reunión de la Sociedad
Latinoamericana de Ortopedia y Traumatología en la Ciudad de México.
En 1981, volví al Brasil para visitar a São Paulo, Rio de Janeiro y Brasília.
Un breve viaje a Rio de Janeiro fue hecho en 1982. Otro viaje en 1983 a Sao
Paulo y Buenos Aires donde participé del Congreso de la Sociedad Argentina
de la columna vertebral.
Retorné a América del Sur otra vez en 1985, cuando entonces visité Buenos
Aires, Montevideo y São Paulo. En 1987, estuve en Venezuela y en 1988
visité el Brasil y el Uruguay. En 1991, visité al Dr. Héctor Peón Vidales, en
la Ciudad de México, otro cirujano con experiencia en las Ciudades Gemelas.
En 1992, regresé a América Latina para visitar Chile, Argentina, Uruguay y
Brasil. En 1995, llegó el momento de las conversaciones en Caracas con el
Hospital Fundación. Más tarde ese mismo año, estuve de nuevo São Paulo
para hablar en la Sociedad Brasileña de Columna, visitar el Uruguay y hablar
en la Sociedad Argentina de Columna Vertebral.
En São Paulo hubo una reunión de 30 años de la experiencia del año 1966.
En la Santa Casa, el programa que ya habíamos comenzado ya atendía a
63,926 pacientes, puesto chalecos en 1303 pacientes, operados 5110 pacientes,
ofrecido 205 cursos, publicado 67 trabajos y capacitado a 205 cirujanos.
En 1996, volví a visitar al Uruguay y São Paulo. Más tarde en ese mismo
año fui un invitado de la Sociedad Mexicana de la Columna Vertebral en
Villahermosa, México. En 1997, hablé en una conferencia de reunión de la
Sociedad de la Columna Vertebral de Brasil y en la reunión de la Sociedad
Argentina de Columna. En 1998, visité Quito para una cirugía difícil en un
paciente con escoliosis congénita, siguiendo rumbo a Lima para asistir al
Congreso de la Sociedad Latinoamericana de Ortopedia y Traumatología.
(En noviembre de 2011, participé como orador invitado del Congreso
de la Sociedad Brasileña de Ortopedia y Traumatología SBOT), celebrado
en São Paulo.
Nota: El texto preparado para el Comité Internacional de la SRS / noviembre de 2011.
especial
Fotos: Arquivo Hospital Samaritano
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Informativo SBC - MAR/ABR/MAI 2012
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Obrigado, Robert Bob Winter
Em 1965, após visitas à A.A.C.D. do Professor P.G.Marchetti, de
Firenze (Itália), e, posteriormente, do Dr. John Moe, da Universidade
de Minnesota EUA), e com o apoio do Dr. Renato Bomfim, recebemos
convites para um Fellowship, inicialmente na Itália e após nos Estados
Unidos. Na mesma época, com orientação do Prof. Domingos Define, o
Dr. Waldemar Carvalho Pinto também se organizava para ir a Minnesota.
O contato inicial com o Dr. Moe foi maravilhoso e imediatamente me
tratou como velho conhecido. Já no aeroporto de Minneapolis conheci
Robert Bob Winter, que, na época, era o braço direito do Dr. Moe.
O estágio era no Gillette State Hospital, situado na cidade de Saint
Paul e Minnesota University, situada em Minneapolis, conhecidas como
“Twin Cities”. Foi um desafio e tanto para um jovem de 26 anos fazer uma
viagem para aprender cirurgia de coluna vertebral nos Estados Unidos.
A primeira boa notícia veio logo, eu e o Dr. Waldemar ficamos
hospedados no próprio Hospital. Fato único. Pela primeira vez um
estagiário ficaria hospedado no Hospital e, o melhor, gratuitamente.
O apoio, dedicação, carinho e amizade que recebemos desses dois
grandes mestres da ortopedia foram maravilhosos e inesquecíveis.
O Dr. Moe, já de cabelos brancos, parecia o nosso pai, tamanho era
o seu cuidado para conosco.
A distração da coluna era o tempo mais complexo e perigoso,
pois não havia ainda a monitoração neurofisiológica nem o teste do
despertar. Lá aprendemos “Cuidado ao corrigir as cifoescolioses”.
O aprendizado era complementado com reuniões clínicas, visitas à
enfermaria, ambulatórios de casos cirúrgicos e de colete Milwaukee.
Transitávamos entre o Gillette e a Universidade com um carro
alugado pelo Waldemar ou com um Buick alugado por um estagiário
de Kobe – Japão, Dr. Hiroshi Kumon, assistente do Prof. Kashiwaghi,
velho amigo do Brasil.
A nossa rotina diária também era compartilhada pelos residentes do
serviço. Lembro que para eu colocar alguns ganchos subliminares foi
preciso que o Dr. Moe conversasse com o Dr. Vincent Eilers, na época,
o “Chief Resident”. A prioridade da aplicação era para os residentes.
A distração da curva era feita com o Dr. Moe segurando o distrator
sobre a minha mão. Ao final de seis meses a base teórico-prática tinha
sido aprendida, faltava a consolidação. Um pouco antes da volta ao
Brasil, combinamos um curso teórico-prático que seria realizado em São
Paulo, em fevereiro de 1966.
Experiência brasileira
Com o apoio e a liderança dos Drs. Renato Bonfim e Domingos
Define, organizamos o 1º curso Internacional Teórico-Prático
sobre Tratamento das Escolioses, evento pioneiro no Brasil
e na América do Sul. As aulas foram ministradas na A.A.C.D.
e no Pavilhão Fernandinho, enquanto as demonstrações
cirúrgicas foram feitas no Hospital Samaritano (SP).
Conseguimos demonstrar para os Drs. Moe e Winter
a capacidade dos nossos serviços. Tivemos alguma
dificuldade com nossos bisturis elétricos, que funcionavam
de maneira irregular, e também com as transfusões de
sangue intraoperatórios, que naquela época encontravam a
resistência de certos colegas anestesiologistas.
O impacto deste curso na América do Sul foi enorme e
todos entenderam que estávamos inaugurando e adotando
técnicas inéditas e modernas que vieram para ficar.
O Prof. José H. M. Machado ficou tão entusiasmado
que colocou o assunto Escolioses como tema oficial do
XVI Congresso da SBOT - Sociedade Brasileira de Ortopedia
e Traumatologia -, que se realizaria em Belo Horizonte em
julho de 1967 e que teve como convidados oficiais os Drs.
Moe, Winter e Yves Cotrel, da França.
Na oportunidade, apresentamos a nossa experiência
nos primeiros 18 meses de tratamento cirúrgico das
Escolioses, principalmente paralíticas. Foram cerca de 40
casos operados, número não alcançado no Brasil nos 50
anos anteriores ao evento.
Na apresentação do tema, o auditório estava lotado, com
mais de 600 médicos. Dr. Moe fez um discurso emocionado
em que considerava cumprida a sua missão na América do Sul.
O impacto na Ortopedia Brasileira nesta área foi incomensurável
e semente para o que é, hoje, a Sociedade Brasileira de Coluna.
O Dr. Moe retornou ao Brasil mais duas vezes, e o Dr. Winter
retornou por mais de dez vezes para congressos, conferências
e demonstrações cirúrgicas, sendo que a sua última visita foi
no 43º CBOT em 2011, em São Paulo.
Obrigado, Robert Bob Winter. O Brasil e todos os países
da América do Sul agradecem. Você contribuiu decisivamente
para adquirirmos a nossa maioridade em cirurgia de coluna.
Ivan Ferraretto Ortopedista de Coluna
Instituto de Coluna Vertebral [email protected]
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