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Rio de Janeiro, ano XX, setembro de 2015, nº 196 Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva – Estadual Rio de Janeiro (SOBED-RJ) Rua da Lapa, n° 120, salas 309 a 311, Lapa, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 20021-180 Telefones: (21) 2507-1243 | Fax: (21) 3852-7711 | www.sobedrj.com.br | [email protected] ÓRGÃO INFORMATIVO SOBED-RJ Edição mensal BOLETIM informativo A diretoria da SOBED-RJ convida seus associados para a reunião científica de outubro da entidade a ser realizada no dia 5, segunda-feira, a partir das 19h, no auditório da Casa de Saúde São José, no Humaitá. O evento contará com apresentação de caso clínico do Universidade Federal Fluminense (UFF) e terá como palestra principal Rastreamento do câncer colorretal na doença inflamatória intestinal, a ser ministrada pela Dra. Ana Tereza Pugas Carvalho, Professora Associada da Disciplina de Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva do HUPE/ UERJ e Reunião científica de outubro ocorre no dia 5 no Humaitá Chefe do ambulatório de DII da UERJ. A moderação ficará a cargo da Dra. Márcia Henriques de Magalhães Costa, Professora Assistente de Gastroenterologia da UFF. A Casa de Saúde São José fica na Rua Macedo Sobrinho, 21 NOTÍCIAS O site da SOBED-RJ conta com uma área exclusiva para os associados, com mais informações, notícias e conteúdo exclusivo. Para acessá-la é necessário que o associado faça seu recadastramento junto à SOBED-RJ. Após o envio dos dados e a confirmação dos mesmos por parte da Secretaria da entidade, serão criados nome de usuário e senha, que serão enviados para o email do associado. FAÇA SEU RECADASTRAMENTO: http://sobedrj.com.br/novo/sobed-rj/recadastramento/ Área restrita do site para associados: saiba como acessar

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Rio de Janeiro, ano XX, setembro de 2015, nº 196

Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva – Estadual Rio de Janeiro (SOBED-RJ)Rua da Lapa, n° 120, salas 309 a 311, Lapa, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 20021-180

Telefones: (21) 2507-1243 | Fax: (21) 3852-7711 | www.sobedrj.com.br | [email protected]ÓRGÃO INFORMATIVO SOBED-RJ Edição mensal

BO LET IMinformativo

A diretoria da SOBED-RJ convida seus associados para a

reunião científica de outubro da entidade a ser realizada no dia

5, segunda-feira, a partir das 19h, no auditório da Casa de Saúde

São José, no Humaitá.

O evento contará com apresentação de caso clínico do

Universidade Federal Fluminense (UFF) e terá como palestra

principal Rastreamento do câncer colorretal na doença

inflamatória intestinal, a ser ministrada pela Dra. Ana Tereza

Pugas Carvalho, Professora Associada da Disciplina de

Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva do HUPE/ UERJ e

Reunião científica de outubro ocorre no dia 5 no Humaitá

Chefe do ambulatório de DII da UERJ. A moderação ficará a cargo da Dra. Márcia Henriques de Magalhães Costa, Professora

Assistente de Gastroenterologia da UFF.

A Casa de Saúde São José fica na Rua Macedo Sobrinho, 21

NOTÍCIAS

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ÍNDICE

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BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, setembro de 2015, nº 196

GESTÃO 2014 - 2016

presidente RONALDO TAAM

vice-presidente LUIZ ARMANDO RODRIGUES VELLOSO

1ª secretária LILIAN MACHADO SILVA

2ª secretária PAULA PERUZZI ELIA

1º tesoureiro FLAVIO ABBY

2º tesoureiro JOÃO CARLOS DE ALMEIDA SOARES

PALAVRAS DA PRESIDÊNCIA Dr. Ronaldo Taam

Em conjunto com a Sociedade Brasileira de Colo-proctologia, a SOBED RJ em apoio à Nacional, participou da

exposição do “cólon gigante”, que ocorreu no Barrashopping, no período de 3 a 7 de setembro. A maquete recebeu a

visita de um número significativo de pessoas e foram realizadas orientações sobre as doenças do cólon, em especial o

câncer de cólon e reto. O objetivo principal era divulgar a importância de programas de prevenção para o câncer

colorretal.

Em sequência à exposição e orientações sobre este tipo de câncer, realizou-se um mutirão de colonoscopia no

Hospital Universitário Clementino Fraga Filho – UFRJ, nos dias 8 e 9 de setembro. Gostaria de agradecer também o modo

como a SOBED RJ foi recebida no hospital desde os contatos iniciais, quando foi exposto o objetivo do mutirão. O objetivo

da atividade era divulgar a importância do câncer de cólon e reto para a população em geral e alertar as autoridades da

área de saúde sobre a importância da implantação de um programa de prevenção. Como poderia sugerir inicialmente, o

mutirão não era para atender uma demanda reprimida no sistema púbico de saúde. O chefe do serviço de

Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva do HUCFF, Prof.Homero Fogaça, abraçou o projeto e, com o aval da direção do

hospital, apoiou a SOBED na iniciativa e no planejamento dessa atividade. Agradecimento a todos do serviço, médicos,

enfermeiros, administrativos, pessoal de apoio, pelo modo como os procedimentos ocorreram de forma tão organizada e

sem intercorrências. Houve uma identificação de 45% de pólipos em torno de 70 colonoscopias realizadas nesses dois

dias e 1 caso de câncer de cólon avançado (prontamente absorvido pelo hospital para tratamento), além de outras

doenças não relacionadas à neoplasia. Merece menção também a participação de dois dos mais tradicionais parceiros, a

Labormed fornecendo os aparelhos endoscópicos (processadoras e tubos) e a Boston Scientific através dos acessórios

endoscópicos. Em função dos resultados e pela ação tão gratificante, firmou-se um pacto de realização de um novo

mutirão no próximo ano.

A colaboração de cada um dentro de suas possibilidades pode transformar as dificuldades, especialmente em

momentos de crise, em desafios a serem ultrapassados.

página 1 REUNIÃO CIENTÍFICA DE OUTUBRO página 2 PALAVRAS DA PRESIDÊNCIA

página 3 ABORDAGEM DIAGNÓSTICA E TRATAMENTO PARA ÚLCERAS PÉPTICAS REFRATÁRIAS

página 9 RESIDÊNCIA MÉDICA EM ENDOSCOPIA

O IX Congresso Estadual de Endoscopia Digestiva do Rio de Janeiro ocorreu nos dias 4 e 5 de

setembro sob um formato baseado em grande interatividade e se mostrou uma atividade bastante

proveitosa nesses dois dias. Privilegiou-se a ampla discussão através da apresentação de sessões

de vídeos e módulos interativos de perguntas e casos clínicos com participação da plateia. Gostaria

de agradecer aos colegas convidados que vieram de outros estados, aos representantes da SOBED

RJ que elaboraram os temas e os módulos, à equipe de apoio administrativo (secretárias e

assessoria de imprensa), aos patrocinadores, à Casa de Saúde São José e, em especial, a você que

participou do evento.

página 8 CASO CLÍNICO DO MÊSpágina 7 PRÓXIMOS EVENTOS

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www.sobedrj.com.br

INTRODUÇÃO

A doença ulcerosa péptica era considerada

uma doença crônica recorrente. Entretanto, um

grande avanço ocorreu com a descoberta do papel do

Helicobacter pylori na etiologia da úlcera péptica,

bem como com a introdução dos inibidores de bomba

de prótons (IBPs).

Por outro lado, como o avanço médico

permit iu que pac ientes com doenças graves

v i ve s s e m p o r m a i s te m p o, a l i a d o a o u s o d e

anti inf lamatórios não-esteroidais (AINEs) por

idosos, nossa experiência hospitalar tem detectado

um aumento do número de doença ulcerosa péptica

por várias etiologias.

Ú lceras refratár ias são def in idas como

aquelas que não cicatrizam completamente mesmo

após 8-12 semanas de tratamento. Pacientes com

úlceras refratárias estão geralmente associadas à

infecção pers istente pe lo H. py lor i ou cepas

re s i ste nte s , u s o d e A I N E s , g ra n d e ta m a n h o,

malignidade ou estado de hipersecreção ácida.)

DIAGNÓSTICO E ABORDAGEM

Guideline coreano

Um guideline coreano para o tratamento de

úlcera péptica não-sangrante recomenda que sejam

seguidos alguns passos no tratamento de doença

refratária. O primeiro seria aderência ao tratamento

farmacológico. Se uma úlcera não cicatriza com a

dose padrão, a mesma deverá ser dobrada e o

tratamento continuado por 6 a 8 semanas. O

segundo, avaliação da infecção pelo H. pylori.

Resultados falsos negativos devem ser suspeitados

quando na presença de doença refratária com teste

negativo. Terceiro, clínicos devem confirmar com os

pacientes se eles interromperam o uso de AINEs.

Muitos pacientes não percebem que remédios para

resfriado comum e dor de cabeça contém AINEs,

então, é importante confirmar se eles não estão

u s a n d o a nt i in f la m ató r io s in a d ver t id a m ente .

Quarto, conferir se o paciente parou de fumar.

Quinto, determinar se há uma história familiar de

gastrinoma, síndrome de Zollinger-Ellison (ZES) ou

neoplasia endócrina múltipla t ipo I . Sintomas

secundários como diarréia crônica, hipercalemia,

hiperparatireoidismo, devem ser investigados para

avaliar possível hipersecreção ácida associada.

Sexto, considerar a possibilidade de malignidade

p r i m á r i a o u m e ta stát i ca , d o e n ça i n fe c c i o s a

(citomegalovírus), uso de cocaína ou de crack, e

e n v o l v i m e n t o g a s t r o d u o d e n a l p e l a d o e n ç a

inflamatória intestinal.

CONDIÇÕES CLÍNICAS

Infecção persistente pelo H. pylori

A doença ulcerosa péptica era considerada

uma doença crônica intratável pois mais de 60%

recorriam se sua causa não tivesse sido corrigida. Há

vários métodos utilizados para detectar o H. pylori

no estômago, incluindo a cultura, teste rápido da

u r e a s e , t e s t e r e s p i ra t ó r i o d a u r é i a , e xa m e

histológico e antígeno fecal. Entretanto, esses testes

têm algumas armadilhas, que podem levar a erros

diagnósticos. Uso de antimicrobianos, preparações

com bismuto e IBPs reduzem a população de H.

pylori, podendo levar a resultado falso negativo em

diversas modalidades diagnósticas, como o teste da

urease, ureia respiratória, teste para antígenos

fecal, bem como cultura e exame histológico. Como

os IBPs reduzem a população de H. pylori e melhoram

a histologia antral, uma biópsia adicional do corpo é

recomendada após a do antro. Em alguns casos,

poderá haver combinação de métodos. Não é difícil

determinar se há ou não infecção pelo H. pylori na

primeira endoscopia. Entretanto, isso poderá ser

difícil após tratamento com IBPs. Testes sorológicos

podem ser utilizados já que não são afetados pelo

uso de IBPs.

Infecção por Helicobacter não-pylori pode

ocorrer também. Helicobater heilmannii possui

características biológicas semelhantes. Os sintomas

apresentados pelo H. heilmannii são similares ao do

H. pylori. Além disso, assim como o H. pilory, o H.

heilmannii causa muitas doenças, incluindo doença

ulcerosa pépt ica, adenocarc inoma gástr ico e

linfoma MALT. Em virtude de sua colonização de

b a i x a d e n s i d a d e n o e s t ô m a g o e d a b a i x a

sensibilidade para o teste da urease em detectá-lo, é

ABORDAGEM DIAGNÓSTICA E TRATAMENTO PARA ÚLCERAS PÉPTICAS REFRATÁRIASKIM, Heung Up. Diagnostic and Treatment Approaches for Refractory Peptic Ulcers.

Clin Endosc., v.48, p.285-290, 2015

BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, setembro de 2015, nº 196

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geralmente diagnosticada por biópsia. Uma vez

estabelecido o diagnóstico, o tratamento é o mesmo.

AINEs e drogas ulcerogênicas

Os AINEs retardam a cicatrização da úlcera ao

d e p l e t a r p r o s t a g l a n d i n a , q u e t e m p a p e l

fundamental na manutenção e proteção de mucosa.

Os AINEs estão mais associados à úlcera gástrica,

mas também podem causar úlceras duodenais.

Atualmente, constituem a principal etiologia da

doença ulcerosa péptica, em virtude do aumento de

seu uso em população idosa, bem como pela redução

d a p r e v a l ê n c i a d o H . p y l o r i , c o n s i d e r a d o

anteriormente como a principal causa de úlcera

péptica. O tratamento de escolha seria a interrupção

do uso. Entretanto, quadros álgicos tornam difícil

sua cessação plena. Além disso, muitos pacientes

frequentemente desconhecem que estão utilizando

AINEs de livre venda. Há alguns relatos de que o teste

da atividade da cicloxigenase (COX) possa confirmar

a suspeita do uso de AINEs ou de aspirina. O teste da

atividade da COX revelou 21,5% a mais de usuários de

aspirinas quando comparamos apenas com o relato

c l ín ico . In ib idores se let ivos da COX-2 foram

desenvolvidos para reduzir os efeitos adversos dos

AINES no estômago e duodeno. Entretanto, retardo

na cicatrização de úlceras gástricas é comparável

com os AINEs tradicionais. Seu uso também é

limitado pelo risco cardiovascular, bem como pela

redução ou eliminação de sua seletividade quanto

co-administrado com AAS.

Além dos AINEs, outras drogas como cloreto

de potássio, bifosfonatos, clopidogrel, agentes

quimioterápicos e micofenolato mofetil podem

causar doença ulcerosa péptica.

Fumo

O fumo é uma das causas mais importantes de

úlceras refratár ias , reduzindo a produção de

prostaglandinas e a barreira mucosa gástrica. O

fumo também reduz o fluxo sanguíneo na mucosa

gástrica. Úlceras pépticas são mais comuns em

f u m a ntes q u e n ã o -f u m a ntes , em v i r t u d e d o

aumento da produção de gastrina e ácido gástrico,

bem como redução da secreção de bicarbonato.

Existe uma associação positiva entre o tabagismo e a

patogênese da úlcera péptica e retardo na sua

cicatrização. Diversos estudos demonstraram que o

fumo e seus componentes levam à morte de células

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da mucosa, inibem a renovação celular, reduzem o

fluxo sanguíneo gastrointestinal e interferem no

sistema imune. Portanto, pacientes fumantes devem

ser encorajados a parar de fumar.

Crack e cocaína

A porção inalatória do cocaína é um processo

manufaturado envolvendo amônia e bicarbonato de

sódio para remover o hidroclorido. A cocaína

bloqueia a recaptação de norepinefrna e dopamina

nos receptores pré-sinápticos, sendo um importante

agente simpaticomimético. Além disso, também

aumenta a produção de endotelina e reduz a de óxido

nítrico. Fumando crack, induz-se a contração de

arteríolas, levando a isquemia. Esse processo ocorre

a cada vez que se fuma, levando à formação de

úlceras gástricas e intestinais.

Síndrome de Zollinger-Ellison (SZE)

SZE é definida pela presença de tumores

neuroendócrinos secretores de gastrina, resultando

na hipersecreção ácida. Normalmente se manifesta

como doença ulcerosa péptica, doença do refluxo

gastro-esofágico, dor abdominal e diarreia. Sua

característica principal é a hipergastrinemia na

presença de pH gástrico < 2.

S Z E é u m a d o e n ç a ra ra , m a s u m a d a s

principais causa de úlcera gástrica refratária. As

úlceras não cicatrizam completamente com a dose

co nve n c i o n a l d e a ge nte s a nt i - s e c reto re s o u

r a p i d a m e n t e r e c o r r e m a p ó s o t é r m i n o d o

t rata m e nto . D i a r re i a p o d e s e r s e c u n d á r i a à

hipersecreção ácida e pode melhorar com o uso de

agentes anti-secretores. Enquanto a mucosa é

relativamente normal, as pregas gástricas são

hipertróficas. A síndrome é caracterizada por

múltiplas úlceras. Em virtude do tumor secretor de

gastrina, a concentração de gastrina sérica de jejum

é superior a 1.000pg/ml ou o fluxo basal de ácido

superior a 15mEq/h sugerem SZE. Como os agente

anti-secretores aumentam a gastrina sérica, seu uso

deve ser interrompido antes da aferição. As causas

mais comuns de hipergastrinemia são SZE e gastrite

atrófica com hipocloridria. Níveis moderadamente

elevados de gastrina acima de 400pg/ml tornam o

diagnóstico de SZE difícil, pois esses níveis também

são vistos na gastrite atrófica com hipocloridria,

situação na qual os níveis de gastrina aumentam por

feedback negativo. Se houver níveis moderados de

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gastrina, o teste da secretina poderá ser útil. Alguns

achados clínicos também podem ser úteis para

diferenciar essas condições: hipersecreção ácida,

hipertrofia das pregas gástrica, múltiplas úlceras

duodenais e aumento do número de células parietais

s ã o a c h a d o s t í p i co s d a S Z E ; p o r o u t ro l a d o,

hipocloridria, atrofia de mucosa gástrica e redução

do número de células parietais ao exame histológico

caracterizam atrofia gástrica.

O teste da estimulação da secretina é o melhor

método para diagnosticar gastrinoma. Amostras

séricas devem ser medidas imediatamente após a

administração de secretina e então, 1,2,5,10,15 e 30

minutos após. Aumentos maiores que 1200pg/ml

são diagnósticos. O teste do fluxo de ácido gástrico

(gastric acid output) é muito complexo, entretanto,

um pH > 2 é inconsistente com SZE.

Pacientes diagnosticados com SZE devem ser

aval iados para determinar se o tumor é uma

neoplasia endócrina múltipla tipo I. A cintilografia

com somatostatina consegue localizar o tumor em

8 0 % d o s c a s o s ; a e c o e n d o s c o p i a t e m a l t a

sensibilidade e especificidade em identificar o sítio

tumoral.

O gastrinoma deve ser tratado com supressão

da hipersecreção ácida e do crescimento tumoral. A

ressecção do gastrinoma é o tratamento de escolha.

Os IBPs são o melhor tratamento para supressão

ácida e devem ser utilizados para suprimir o fluxo de

ácido gástrico para abaixo de 10mEq/h.

Outros estados de hipersecreção ácida

Após descartar infecção por H. pylori e SZE,

hipersecreção ácida gástrica idiopática deve ser

considerada. Os critérios diagnósticos são esses:

fluxo ácido basal superior a 10 mEq/h com gastrina

sérica de jejum inferior a 100 pg/ml ou teste da

secretina negativo, no caso de gastrina superior a 100

pg/ml. O tratamento é com drogas anti-secretoras.

Algumas cirurgias também podem levar a

hipersecreção ácida induzida pela gastrina. Após

gastrectomia parcial com reconstrução a Billroth II,

uma pequena porção de mucosa antral contendo

células G pode ser identificada na poção proximal do

duodeno. A mucosa gástrica antral localizada ao final

da alça duodenal é constantemente estimulada pelo

meio alcalino a secretar gastrina, uma condição

conhecida como síndrome do antro retido ( retained

gastric antrum syndrome).

Úlceras gigantes

Úlceras gigantes são definidas como aquelas

maiores que 3,0cm no antro e 2,0cm no duodeno.

C o m o d em o ra m m a is tem p o p a ra c i cat r i za r,

frequentemente fecham os critérios de úlcera

refratár ia . No gera l , levam mais tempo para

cicatrizar que úlceras menores.

Doenças s istêmicas como Doença de Crohn e

vasculites

A incidência de doença de Crohn aumentou

muito na Coréia, e deve ser considerado no

diagnóstico diferencial de úlceras refratárias. Cerca

de 0,5 a 3% das doenças de Crohn acometem o trato

ga st ro n i te st i n a l a l to . A s p e c to d e “ p e d ra d e

calçamento”, hiperemia ou enantema, friabilidade

mucosa e hipertrofia podem ser vistos durante o

exame endoscópico, juntamente com úlceras de

d i v e r s o s t a m a n h o s . A p e s a r d o f a t o d e

a n o r m a l i d a d e s h i sto l ó g i ca s s e re m v i sta s n o

d u o d e n o e n o a n t r o gá s t r i c o , o g ra n u l o m a

diagnóstico de Crohn só está presente em 7% dos

casos. Em 16% dos casos de Crohn, é possível ver

anormalidades endoscópicas, todavia, somente 7%

apresentam sintomas gastronintestinais.

Úlceras refratárias também são vistas em diversas

vasculites, tais como poliarterite nodosa, púrpura

de Henoch-Schölein e gastroenterite eosinofílica.

Isquemia mesentérica

O aporte sanguíneo para o estômago e

duodeno é importante para manter a integridade

mucosa e para promover a cicatrização das úlceras.

Todavia, é comum a isquemia passar despercebida

n o d i a g n ó st i co d e ú l c e ra p é p t i ca . I s q u e m i a

mesentérica crônica é uma causa incomum de úlcera

péptica, pois a mucosa gastrointestinal é ricamente

vascular izada. Como a doença é t ip icamente

assintomática até que, pelo menos, dois grandes

va s o s s e j a m a c o m e t i d o s , e l a s e m a n i fe s t a ,

g e r a l m e n t e , e m p a c i e n t e s c o m d o e n ç a

ateroesclerótica grave. Os sintomas típicos são

intensa dor abdominal pós prandial – em uma hora

após ingestão alimentar, que diminui uma a duas

horas depois. Os pacientes geralmente limitam a

ingestão alimentar, por conta da dor, o que leva à

p e rd a d e p e s o . O o b j et i vo d o t rata m e nto é

reestabelecer o fluxo sanguíneo para a mucosa

gastroduodenal, o que é alcançado com um stent

vascular ou com revascularização cirúrgica.

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Doença infecciosa

Doenças infecciosas gastroduodenais como

t u b e r c u l o s e , s í f i l i s , e s t r o n g i l o i d í a s e ,

citomegalovirose, herpes ou mucormicose podem se

apresentar como úlceras refratárias. Elas devem ser

d i a g n o s t i c a d a s e t r a t a d a s c o m a g e n t e s

antimicrobianos específicos, ao invés de inibidores

de bomba de prótons.

Doenças crônicas

Úlceras pépticas são mais comuns entre pacientes

com doenças crônicas, como diabetes mellitus,

doença renal crônica e c irrose hepát ica. Tais

pacientes têm menor sucesso na erradicação do H.

pylori e menor eficácia no uso de IBP’s do que os sem

doença crônica. Devido a isto, faz-se necessário

identificar a presença de doenças crônicas nos casos

de úlcera refratária.

Radioterapia

O estômago e o duodeno estão, algumas

vezes, envolvidos no campo de radiação durante o

t r a t a m e n t o d e h e p a t o c a r c i n o m a , c â n c e r

bi l iopancreát ico e l infoma. Úlceras radiação-

i n d u z i d a s ã o d i f í c e i s d e s e r e m t r a t a d a s e ,

geralmente, não cicatrizam com anti-secretores de

ác ido, podendo, então, requerer t ratamento

cirúrgico. Tanto a radiação extracorpórea quanto a

quimioembolização transarterial com radioisótopos

podem causar úlceras refratárias.

Malignidade

E n d o s co p i a s p a ra s c re e n i n g d e câ n c e r

gástrico são comuns na Coréia. O objetivo deste

procedimento é identificar câncer precoce que,

tipicamente, se apresentam como úlceras. Se o

exame histológico inicial não diagnosticar um câncer,

os médicos focam no tratamento da úlcera. Todavia,

nos casos de úlcera refratária ao tratamento, novas

biópsias devem ser feitas. Úlceras malignas podem

apresentar uma melhora transitória com a terapia

anti-secretora, mas se agravam conforme o tumor

progride. Uma endoscopia de seguimento e novas

biópsias são recomendados para úlceras mesmo com

aparência benigna.

TRATAMENTO DE ÚLCERAS REFRATÁRIAS

Tratamento da causa

Antes da identificação de sua causa, úlceras

pépticas eram consideradas uma doença crônica

recorrente. Dois ou mais métodos diagnósticos de

i n f e c ç ã o p o r H . p y l o r i p o d e m a u m e n t a r a

sensibilidade. Achados falso negativos devem ser

suspeitados em casos de úlcera H.pylori-negativa. O

uso de AINE’s deve ser descontinuado ou substituído

por inibidores seletivos da COX-2 e os médicos

devem pesquisar o uso de AINE em forma de adesivo.

Os pacientes devem, ainda, parar de fumar e os

médicos devem considerar a possibi l idade de

hipersecreção ácida e SZE. Se a causa da úlcera ainda

s e m a n t i v e r i n d e te r m i n a d a , o m é d i c o d e v e

investigar doenças raras.

Drogas anti-secretórias

Drogas anti-secretórias são usadas para

ajudar na cicatrização da úlcera, independente da

sua causa. Diversos medicamentos podem ser

usados para cicatrizar as úlceras, mas os IBP’s são os

mais potentes. Se uma úlcera é refratária mesmo

após um curso completo de IBP, a dose deve ser

dobrada e deve-se considerar a troca do IBP.

Tratamento cirúrgico

O tratamento cirúrgico para úlcera refratária

diminuiu muito na era dos IBP’s, todavia, em casos

selecionados, a cirurgia ainda tem o seu lugar. Se não

for uma emergência, a cirurgia deve ser escolhida

com cuidado baseado na aceitação do paciente e no

desejo de mudar de comportamento.

CONCLUSÕES

As causas mais comuns de úlcera refratária

são as infecções pelo H. pylori e o uso crônico de

AINE, todavia, estas também são as causas mais

comuns de ú lcera pépt ica. Faz-se necessár io

encontrar causas escondidas. Análise histológica é

fundamental para o diagnóstico de malignidade e

para a ident i f icação de doenças raras , como

v a s c u l i t e s e i n f e c ç õ e s . P o r i s t o , o e x a m e

h istopato lóg ico das b ióps ias endoscópicas é

recomendado. Finalmente, pacientes devem ser

acompanhados com um pouco de cet ic i smo,

objetivando encontrar uma causa para a úlcera

refratária.

Traduzido por Yolanda Faia Manhães

Tolentino, Rodrigo S Dias, Priscila

Pollo Flores e Viviane Fittipaldi

BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, setembro de 2015, nº 196

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convênios.

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CASO CLÍNICO DO MÊS

Paciente M.D.O, de sexo feminino, de 72 anos, com queixa de dor epigástrica, inapetência, plenitude e

emagrecimento de 10 kg em 6 meses. Submetida a Endoscopia Digestiva Alta que evidenciou ao exame de

retrovisão do estômago, lesão subepitelial ulcerada, medindo cerca de 5 cm, recoberta por mucosa de aspecto

irregular, friável, localizada em parede posterior de corpo, sendo realizadas biópsias. ( fotos 1 e 2)

Solicitado Ultrassom endoscópico onde foi observado na parede posterior do corpo gástrico lesão subepitelial

heterogênea e de contornos irregulares. A lesão mede aproximadamente 5,10 x 3,22 cm e têm origem na camada

muscular. Observa-se grande ulceração na região central da lesão. Não foram observadas adenopatias peri-

gástricas, peri- aórticas e peri-pancreáticas.

Conclusão: GIST gástrico. ( fotos 3 e 4)

Histopatológico: área focal representada por neoplasia mesenquimal fusocelular. Não identificadas

mitoses ou necrose. Solicitado estudo imunohistoquímico para definição da histogênese. O restante da amostra

exibe gastrite crônica, com ulceração.

Imunohistoquímica:

Ÿ Tumor estromal gastro-intestinal (GIST);

Ÿ Positivo para CD117, CD34, DOG-1. KI67 cerca de 5%;

Ÿ Negativo para AE1/3, S100, Cromogranina, Sinaptofisina, Desmina.

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GAFFRÉE E GUINLE (HUGG/UNIRIO)Dra. Claudia Martinez, Dr. Luis Gustavo Perissé

Foto 1 Foto 2

Foto 3 Foto 4

BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, setembro de 2015, nº 196

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