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Rio de Janeiro, ano XIX, outubro de 2014, nº 185 Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva – Estadual Rio de Janeiro (SOBED-RJ) Rua da Lapa, n° 120, salas 309 a 311, Lapa, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 20021-180 Telefones: (21) 2507-1243 | Fax: (21) 3852-7711 | www.sobedrj.com.br | [email protected] BOLETIM informativo IMAGENS DO MÊS EM ENDOSCOPIA Paciente de 64 anos, masculino apresenta, há 12 anos, disfagia alta referida para sólidos e líquidos, em média duas vezes na semana, associada à sialorréia. Nega pirose e regurgitação. É etilista e tabagista. Realizada endoscopia digestiva alta que evidenciou doença esofágica estenosante de origem inflamatória associada a múltiplos pseudodiverticulos intramurais e estenose em esôfago proximal. O paciente vem sendo acompanhado com dilatações endoscópicas sucessivas apresentando melhora da disfagia. A pseudodiverticulose intramural do esôfago é uma doença rara, benigna, caracterizada por múltiplos divertículos na parede do esôfago, sendo a disfagia seu principal sintoma. A patogênese não está esclarecida, porém o que se observa é uma obstrução dos ductos de glândulas submucosas gerando inflamação, fibrose e posterior estenose (principal complicação). Pode estar associada ao etilismo, tabagismo, diabetes e outras doenças esofágicas benignas. O tratamento deve ser direcionado aos sintomas associados e ao controle dos fatores de risco descritos. Hospital Universitário Antônio Pedro, Universidade Federal Fluminense Ana Luiza Vianna Sobral de Magalhães Oliveira, Louise Deluiz Verdolin Di Palma, Ana Cláudia Rocha de Sá, Thereza Cristina Vasconcellos Silva, Cristiane Maria de Fleitas Brito Palombo, Beatriz Nunes Biccas

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Rio de Janeiro, ano XIX, outubro de 2014, nº 185

Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva – Estadual Rio de Janeiro (SOBED-RJ)Rua da Lapa, n° 120, salas 309 a 311, Lapa, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 20021-180 Telefones: (21) 2507-1243 | Fax: (21) 3852-7711 | www.sobedrj.com.br | [email protected]

BO LET IMinformativo

IMAGENS DO MÊS EM ENDOSCOPIA

Paciente de 64 anos, masculino apresenta, há 12

anos, disfagia alta referida para sólidos e líquidos, em

média duas vezes na semana, associada à sialorréia.

Nega pirose e regurgitação. É etilista e tabagista.

Realizada endoscopia digestiva alta que evidenciou

doença esofágica estenosante de origem inflamatória

associada a múltiplos pseudodiverticulos intramurais e

estenose em esôfago proximal. O paciente vem sendo

acompanhado com dilatações endoscópicas sucessivas

apresentando melhora da disfagia.

A pseudodiverticulose intramural do esôfago é

uma doença rara, benigna, caracterizada por múltiplos

divertículos na parede do esôfago, sendo a disfagia seu

principal sintoma. A patogênese não está esclarecida,

porém o que se observa é uma obstrução dos ductos de

glândulas submucosas gerando inflamação, fibrose e

posterior estenose (principal complicação). Pode estar

associada ao etilismo, tabagismo, diabetes e outras

doenças esofágicas benignas. O tratamento deve ser

direcionado aos sintomas associados e ao controle dos

fatores de risco descritos.

Hospital Universitário Antônio Pedro, Universidade Federal FluminenseAna Luiza Vianna Sobral de Magalhães Oliveira, Louise Deluiz Verdolin Di Palma, Ana Cláudia Rocha de Sá,

Thereza Cristina Vasconcellos Silva, Cristiane Maria de Fleitas Brito Palombo, Beatriz Nunes Biccas

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BOLETIM SOBED-RJ, ano XIX, outubro de 2014, nº 185www.sobedrj.com.br

ÍNDICE

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PALAVRAS DA PRESIDÊNCIA Dr. Ronaldo Taam

estabelecidos em hospitais, clínicas ou consultórios? Quantos são chefiados por sócios titulares? Qual o grau de filiação à SOBED

dos médicos que exercem a especialidade? Quantos exercem a especialidade e têm uma formação considerada adequada? Quais

os critérios para uma formação básica? Especialidade ou Área de Atuação? O currículo de residência médica em Endoscopia foi

amplamente discutido? Residência Médica em Gastroenterologia ou Cirurgia Geral com passagem na Endoscopia ou como pré-

requisito para a nova especialidade? Enfim, temos uma série de perguntas a serem respondidas e que ajudariam na formulação

de políticas estratégicas.

A SOBED nacional deverá realizar um censo e a participação de todos se reveste de extrema importância para nos

conhecermos melhor.

página 1 IMAGENS DO MÊS EM ENDOSCOPIA

página 2 PALAVRAS DA PRESIDÊNCIA | REUNIÃO DE NOVEMBRO

página 3 TERAPIA ENDOSCÓPICA NA PERFURAÇÃO ESOFAGIANA AGUDA

página 8 SBAD | RESIDÊNCIA MÉDICA EM ENDOSCOPIA

GESTÃO 2014 - 2016

presidente RONALDO TAAM

vice-presidente LUIZ ARMANDO RODRIGUES VELLOSO

1ª secretária LILIAN MACHADO SILVA

2ª secretária PAULA PERUZZI ELIA

1º tesoureiro FLAVIO ABBY

2º tesoureiro JOÃO CARLOS DE ALMEIDA SOARES

Convivemos com velhas perguntas ainda sem respostas: Quem somos? Quantos somos? O

que queremos para cada um de nós individual e coletivamente dentro de nossa especialidade?

Fui perguntado sobre quantos endoscopistas e serviços de endoscopia digestiva existem no

Rio de Janeiro e no Brasil. Qualquer resposta dada não teria consistência, pois nos faltam dados

estatísticos confiáveis. Podemos apenas responder quantos sócios titulares e aspirantes temos na

SOBED, mas não inferir o quanto isso representa dentro do universo da especialidade. Quantos serviços

de endoscopia existem considerando as instituições públicas e as privadas? O que sabemos sobre os

REUNIÃO CIENTÍFICA DE NOVEMBRODATA: 3 de novembro de 2014 HORÁRIO: 19hLOCAL: Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) Rua Visconde de Silva, 52, auditório B, Botafogo

TEMA DA SESSÃOEstenose Benigna de Esôfago

PalestranteDr. Tomazo Franzinimédico assistente do serviço de Endoscopia Gastrointestinal Diagnóstica e Terapêutica do Hospital das Clínicas da FMUSPModeradorDr. Cleber Vargasprofessor adjunto da Universidade Federal do Rio de Janeiro e ex- presidente da SOBEDDebatedorDr. Renato Lunamédico cirurgião do Hospital dos Servidores do Estado e mestre em cirurgia videoendoscópica pela UNIRIO

página 7 CLASSIFICAÇÕES

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ARTIGO CIENTÍFICO

1. Introdução

Perfurações e fístulas são associadas à alta morbidade

e mortalidade. Se a terapia for iniciada em até 24 horas da

perfuração, a mortalidade será de 7,4%, em oposição aos

20,3% se tratamento de início tardio.

2. Etiologia e diagnóstico

Aproximadamente 50% são de causa iatrogênica.

Perfurações durante procedimentos diagnósticos podem ser

secundárias a trauma contuso por dificuldade na intubação,

passagem de endoscópio de visão lateral, uso excessivo de

força no tratamento de estenoses ou de bolo alimentar

impactado. Perfurações relacionadas a tratamento podem ser

secundárias à dilatação de estenoses e acalasia, remoção de

corpo estranho, desimpactação de alimento, ressecção de

mucosa e dissecção endoscópica de submucosa. Outras

causas são síndrome de Boerhaave, cáusticos, lesão

penetrante por corpo estranho, perfuração em malignidade e

deiscência de anastomose no pós-operatório.

A maior parte das perfurações é diagnosticada

durante o procedimento, possibilitando ação imediata para

tratar a lesão e prevenir a contaminação extraluminal. Em

caso de suspeita, a radiografia de tórax demonstra derrame

pleural, pneumotórax, pneumomediastino, enfisema

subcutâneo, pneumoperitônio (figura 01). O esofagograma

com contraste hidrossolúvel ou a tomografia

computadorizada de tórax com contraste oral (figura 02)

podem confirmar o tamanho e a localização e determinar se a

perfuração está contida ou não.

3. Conduta

Monitorização intensiva e ressuscitação, controle da

infecção, suporte nutricional (enteral ou parenteral) e manejo

específico da perfuração com fechamento, drenagem e

desvio. Devem ser levados em conta o tamanho e a

localização da lesão, a doença esofagiana de base (câncer, por

exemplo), status clínico e comorbidade, o tempo de

intervenção, grau de contaminação extraluminal, recursos

disponíveis e expertise local.

O tratamento conservador consiste em

monitorização em terapia intensiva, evitar ingestão via oral,

fluido intravenoso, antimicrobianos de amplo espectro e

cobertura seletiva para fungos, o uso de sonda nasogástrica é

facultativo. Os critérios para tratamento conservador são

diagnóstico precoce, perfuração contida no pescoço e

mediastino, com drenagem livre de volta ao esôfago no

esofagograma contrastado, ausência de doença obstrutiva e

sintomatologia mínima e sem sinais de síndrome da resposta

inflamatória sistêmica e sepse.

TERAPIA ENDOSCÓPICA NA PERFURAÇÃO ESOFAGIANA AGUDAJay Yuan, MD, Esha Baichoo, MD, Louis M. Wong Kee Song. Techniques in Gastrointestinal

Endoscopy 2014; 16: 53–61

BOLETIM SOBED-RJ, ano XIX, outubro de 2014, nº 185

Traduzido do original em inglês por Dra. Yolanda Tolentino, Dr. Rodrigo Dias e Dra. Viviane Fittipaldi

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Figura 1 Perfuração esofagiana com pneumotórax bilateral eenfisema subcutâneo na radiografia de tórax

Figura 2 Suspeita de perfuração pós dilatação pneumática emacalasia, mostrando perfuração do lado esquerdo no esôfagodistal (seta) associada com pneumomediastino e pequenoderrame pleural

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Perfuração na hipofaringe e esôfago cervical podem

ser tratadas conservadoramente, já que a estrutra de fáscias

no pescoço evita o extravasamento. Além disso, o tratamento

com clipes ou stents não são viáveis em virtude do pouco

espaço para trabalhar e pela sensação de corpo estranho.

Quando necessário, perfurações no esôfago cervical em curso

podem ser tratados com incisão no pescoço e drenagem,

com reparo primário.

Já perfurações tóraco-abdominais levam a

extravasamento abundante, necessitando restaurar a

integridade luminal. Neste cenário, o fechamento

endoscópico ou desvio podem ser tentados durante o

procedimento ou em poucas horas após a perfuração.

Insuflação com CO2 é uma alternativa, já que é mais

rapidamente absorvido. Clipes são efetivos em perfurações

com diâmetro inferior a 2,0cm, ao passo que, nas perfurações

maiores, está indicado o tratamento com stent plástico auto-

expansível (SEPS) ou stent metálico auto-expansível (SEMS),

com ou sem sutura endoscópica. Em pacientes com tumores

esofágicos não ressecáveis, os stents são o tratamento de

escolha. Em pacientes submetidos inicialmente a tratamento

endoscópico, a intervenção cirúrgica pode ser necessária se

houver instabilidade hemodinâmica, extravasamento de

contraste em exame de imagem ou piora da contaminação

extraluminal.

Seguindo-se à intervenção endoscópica, exames

contrastados são recomendáveis para documentar o

fechamento da perfuração em até 24 horas após o

procedimento. Não há consenso sobre reinício da ingestão

oral após um procedimento bem sucedido e com melhora

clínica. Em pacientes fora de ventilação mecânica, a ingestão

de líquidos pode ser iniciada em 2 a 3 dias após a intervenção,

avançando lentamente para dietas brandas em pacientes

com stent.

4.Modalidades endoscópicas

4.1. Clipes Through-the-scope (TTS)

4

4.1.1. Dispositivos e técnicas

Clipes TTS podem facilmente fechar pequenas

perfurações esofagianas desde que o tecido perilesional seja

elástico e viável. Portanto, a aplicação precoce é importante,

pois a intevenção tardia é associada a tecido desvitalizado e

inflamado.

Em geral, são utilizados para perfurações inferiores a

2,0 cm. As manobras para garantir o sucesso da terapia

incluem as seguintes: (1) iniciar o fechamento na direção

distal para proximal, (2) orientar o clipe aberto e realizar uma

discreta sucção para aproximar as bordas e pegar mais tecido,

(3) colocar os clipes próximos entre si, enfileirados, de forma a

reduzir os espaços entre eles e permitir um fechamento

adequado (figura 03).

4.1.2 Eficácia clínica

Na há superioridade de um clipe sobre outro, sendo o

tempo médio de cicatrização de 18 dias (6 a 26 dias). A

duração da perfuração foi o único fator significante para

predizer o tempo de fechamento.

4.2. Clipes Over-the-scope (OTSC)

4.2.1. Dispositivos e técnicas

Embora os clipes TTS possam ser adequados para

reparar lesões lineares, eles podem não ser eficazes em

defeitos mais amplos, devido à sua envergadura de abertura

limitada, baixa força de fechamento e potencial de

descolamento precoce. O advento da técnica cirúrgica por

orificios naturais levou ao desenvolvimento de um dispositivo

de clip mais robusto, incluindo o over-the-scope clip (OTSC) o

Padlock clip.

O dispositivo OTSC lembra uma armadilha de urso,

montada sobre um cap transparente na ponta do endoscópio

(figura 04), com configuração e implantação semelhante a um

kit de ligadura elástica. Caso a succção não seja suficiente para

trazer a lesão para dentro do cap, podem ser utilizados

acessórios TTS, como dupla pinça para trazê-la para dentro do

dispositivo. Há OTSC de diferentes tamanhos (11,12 e 14mm),

BOLETIM SOBED-RJ, ano XIX, outubro de 2014, nº 185

A BFigura 3 A - Perfuração iatrogênica reconhecida durante o procedimento. B - Fechamento da perfuração com clipes TTS em disposição linear (zipper)

Figura 4 Sistema over-the-scope clip com a dupla pinça passando pelo canal de biópsia

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bem como tipos de dentes diferentes (atraumático,

traumático e para fechamento de gastrostomia). O tipo

traumático é o mais indicado para fechamento de perfuração

esofagiana. O OTSC é indicado para perfurações inferiores a

2,0cm, embora o tratamento de lesões de até 3,0cm seja

também viável.

Tratamento com OTSC pode ser mais efetivo do que

com clipes TTS, já que o primeiro permite mais força

compressiva e consegue capturar mais tecido para

fechamento completo. Perfurações de até 2,0cm com tecido

perilesional saudável (sem inflamação, isquemia ou fibrose) e

tratados com menos de 24 após lesão, tem a maior

probabilidade de sucesso (figura 05).

As limitações seriam a necessidade de retirar o

aparelho para carregar o dispositivo - de forma semelhante

ao que acontece com o kit de ligadura elástica -, potencial em

lacerar mucosa devido à dificuldade em passar pelo

cricofaríngeo ou em estenoses esofagianas, e, por último,

uma colocação equivocada do clipe atrapalharia o

fechamento da lesão. Deve haver cuidado especial com a

sucção inadvertida de tecido extraluminal para dentro do cap.

Semelhante ao OTSC, o dispositivo Padlok consiste num cap e

um clipe pré-carregado na ponta do aparelho, sendo o fio-

gatilho localizado ao lado do endoscópio, deixando o canal de

trabalho livre (figura 06).

4.2.2. Eficácia clínica

Obtêm sucesso de tratamento em 80 a 89% dos

casos. Útil no tratamento de fístulas anastomóticas pós-

operatórias. O Padlock clip parece ser promissor, mas não há

dados até o momento sobre segurança e eficácia.

4.3 Stents

4.3.1. Dispositivos e técnicas

Os stents são mais adequados para perfurações

superiores a 2-3,0cm ou em caso de obstrução maligna. Para

lesões maiores que 6,0cm, perfurações em esôfago cervical

alto e em caso de deiscência quase completa de anastomose,

stents não são apropriados. Deve-se ter cuidado com

anastomoses anguladas, pois, neste caso, pode ocorrer

obstrução do stent em sua topografia distal, com erosão para

estômago ou alça jejunal. Por último, acalásia com luz maior

que 3,0 de diâmetro pode não permitir adequada fixação do

stent.

SPES, SEMS parcialmente revestido (PCSEMS) e SEMS

totalmente revestido (FCSEMS) têm sido utilizados no

tratamento de perfuração e deiscência de anastomose. Não

há dados suficientes para indicar um tipo ou outro, devendo o

stent ter diâmetro e comprimento suficiente para preencher

qualquer espaço entre a parede e o stent, minimizar

migrações e transpor a perfuração pelo menos 3 cm acima e

abaixo (figura 07). Em geral, stents menores são utilizados em

esôfago proximal, devido ao comprimento menor da luz

esofagiana e, dessa forma, evitar a formação de fístula

traqueoesofagiana. Em esôfago médio e distal, a preferência

seria por próteses de maior diâmetro. Para colocação, pode

ser utilizada a visão direta ou a fluroscopia, sendo que, para o

esôfago proximal, dá-se preferência à visão direta.

Stents totalmente revestidos são preferiríeis, mas a

migração é um problema quando eles são colocados além da

JEG e na ausência de uma estenose ou prateleira para mantê-

lo. O uso de clipes para ancorar o stent é de valor limitado.

Métodos mais resistentes de fixação incluem sutura

endoscópica e o uso do OTSC, os quais podem ser

A B C

Figura 5 A - Perfuração espontânea em esôfago distal. B - OTSC fechando a perfuração. C - Esofagograma contrastado não evidenciando extravasamento

Figura 6 A - Padlock clip. B - Sistema sendo montado. C - Pressionando para implantar o clip. D - Configuração após ter sido implantado

A B C D

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seccionados com uso de plasma de argônio com alta potência

(60 a 80W) quando de sua remoção. Outras opções, para

evitar migração, seriam o uso de PCSMES, já que a porção não

recoberta fica entremeada junto ao tecido, incorporando-se a

ele. Para sua retirada, pode ser utilizada a técnica stent-in-

stent, colocando um FCSEMS por dentro dele, levando a

necrose por pressão do tecido que cresceu entremeado à

parte revestida. Essa técnica facilita a remoção de ambos

stents em um único procedimento em 1-2 semanas.

O tempo de permanência médio deve ser de 4 a 12

semanas. PCSEMS devem ser removidos em 4-6 semanas e

podem necessitar da técnica stent-in-stent, ao passo que o

FCSMS e o SEPS podem permanecer por mais tempo.

4.3.2. Eficácia clínica

A taxa de sucesso, definida pela cura da perfuração e

da deiscência de anastomose, foi alcançada em 85% dos

pacientes em uma revisão sistemática, sem diferença entre os

modelos.

Os principais efeitos adversos foram migração - SEPS

(31%), FCSEMS (26%) e PCSEMS (12%) -; e supercrescimento

tecidual - SEPS (3%), FCSEMS (7%) e PCSEMS (12%). A taxa de

mortalidade ficou em 13%, resultado melhor quando

comparado à cirurgia.

4.4. Sutura endoscópica

4.4.1. Dispositivos e técnicas

Vários dispositivos foram testados, mas nenhum está

disponível ao comércio. Devem ser montados em aparelhos

de duplo canal, com sistema consistindo de uma agulha curva

com uma ponta descartável contendo um fio de polipropileno

para sutura.

4.4.2. Eficácia clínica

Existem poucos dados na literatura sobre esta

técnica, sendo, entretanto, promissora. Pode ser utilizada de

forma isolada ou em associação com outras modalidades,

como o stent, reduzindo taxas de migração (figura 08).

4.5.Fechamento endoscópico à vácuo (EVAC)

4.5.1. Dispositivos e técnicas

Consiste na aplicação de pressão negativa contra o

defeito, através de uma esponja selada a vácuo que absorve

secreções e contaminantes, estimula a formação de tecido de

granulação e permite cicatrização por segunda intenção. A

técnica envolve a colocação transnasal de um tubo de sucção

que inicialmente é retirado na boca para ser suturada, à sua

extremidade distal, uma esponja de poliuretano, reduzida em

tamanho para se adaptar à ferida (figura 09). Com auxílio de

uma pinça de preensão, a esponja é inserida

endoscopicamente dentro da cavidade ou no sítio de

perfuração (intraluminal), se essa for pequena. É aplicada

uma sucção contínua, levando ao colapso da cavidade em

torno da esponja. A retirada e troca endoscópica são feitas

duas vezes por semana até que a perfuração feche o

suficiente para permitir o crescimento de tecido de

granulação.

Figura 7 A - Perfuração após dilatação de estenose esofagiana com extravasamento de contraste. B - Visualização da perfuração.C - Colocação de stent metálico totalmente revestido. D - Tratamento satisfatório sem extravasamento de contraste. E - Remoção dostent em 4 semanas com cicatrização. F - Esofagograma contrastado confirmando cicatrização.

AB

C D E F

Figura 8 Fixação do stent com sutura endoscópica

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CLASSIFICAÇÕESLESÕES CÁUSTICAS

Classificação das lesões corrosivas em esôfago (Zargar modificada)

E

D

GRAU 2BGrau 2a com úlceras profundas ou circunferenciais

C

GRAU 2AFriabilidade, erosões, eritema severo, exsudato inflamatório, ou erosões superficiais

B

GRAU 3A

GRAU 3B

Áreas com necrose, com coloração marrom, acinzentada ou enegrecida, ulcerações profundas

Necrose extensa

GRAU 1 Edema e eritema de mucosa A

GRAU 0 Mucosa normal

BIBLIOGRAFIA: 1. http://www.gastrocentro.unicamp.br/endo/html/caustico.html. Acessado em 20 de outubro de 2014.2. Kyung Sik Park. Evaluation and Management of Caustic Injuries from Ingestion of Acid or Alkaline Substances. Clin Endosc 2014;47:301-307

4.5.2. Eficácia clínica

Em várias séries de caso, o uso do EVAC foi efetivo em

90% dos casos. Em um estudo retrospectivo comparando

EVAC com stent, a primeira atingiu mais taxas de cura (84.4%

vs 53,8%) com menos taxa de estenose (9,4% vs 28,2%). As

desvantagens do EVAC incluem a necessidade de múltiplas

sessões para troca da esponja, desconforto associado à sonda

nasal, interferência na ingestão oral em relação ao método

intraluminal, e possível sangramento da base da ferida

induzido pelo EVAC. Estudos comparativos adicionais são

necessários para defini-lo como primeira linha.

5. Conclusão

Mesmo com a inovação tecnológica e os avanços nos

cuidados de terapia intensiva, o tratamento da perfuração

esofágica e da deiscência continuam sendo um desafio. O

reconhecimento precoce, cuidados multidisciplinares, desvio

de trânsito, drenagem e controle de infecções continuam

sendo determinantes para o sucesso. A terapia endoscópica é

parte do tratamento e deverá assumir um papel cada vez

mais importante.

Figura 9 A - Deiscência de anastomose com grande cavidade. B - Colocação, por via endoscópica, de esponja através de sistema à vácuodentro da cavidade. C - EVAC. D - Imagem pós-terapia com colapso da cavidade e tecido de granulação em formação.

A B

C

D

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ÓRGÃO INFORMATIVO SOBED-RJEdição mensal – distribuição gratuita para médicos endoscopistas – tiragem de 1.500 exemplares/mês

www.sobedrj.com.br

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Janeiro, RJ. CEP: 20230-130CONTATOS (21) 3207-1000 | www.inca.gov.brRESPONSÁVEL Gustavo Francisco de Souza e Mello

www.sbad.org.br

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