Instrumento Musicalizador Flauta Doce I
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Instituição Credenciada pelo MEC – Portaria 4.385/05
Unis - MG
Centro Universitário do Sul de Minas
Unidade de Gestão de Educação a Distância - GEaD
Av. Cel. José Alves, 256 - Vila Pinto
Varginha - MG - 37010-540
Mantida pela
Fundação de Ensino e Pesquisa do Sul de Minas – FEPESMIG
Varginha/MG
Todos os direitos desta edição reservados ao Unis-MG.
É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou parte do mesmo, sob qualquer meio, sem
autorização expressa do Unis-MG.
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
CAMARGO, Vania Garcia.
Guia de Estudo – Instrumento Musicalizador
Flauta Doce I - Vania Garcia Camargo. Varginha:
GEaD-UNIS/MG, 2010.
82 p.
1. Flauta Doce, Musicalização, Instrumento. I.
Título.
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Reitor
Prof. Ms. Stefano Barra Gazzola
Gestão de Educação a Distância
Prof. Ms. Wanderson Gomes de Souza
Design Instrucional e Diagramação
Prof. Ms. Celso Augusto dos Santos Gomes
Núcleo Pedagógico
Profª. Ms. Terezinha Nunes Gomes Garcia
Profª. Drª. Gleicione Aparecida Dias Bagne de Souza
Revisão Ortográfica
Erika de Paula Sousa
Ilustrações
Jonatha Luis Teixeira
(criador dos personagens: AKbar e as flautas)
Autora
Vania Garcia Camargo
Pós-graduada em educação musical, graduada em música- licenciatura
plena com habilitação em flauta doce. Já atuou como professora de flauta doce
na mesma universidade em que se formou e também no centro municipal de
música Professora Walda Tiso Veiga em Alfenas. Leciona atualmente no
Conservatório Estadual de Música de Varginha com flauta doce e musicalização,
áreas que possui diversos cursos com palestrantes renomados.
Ace
sso
aos
da
dos
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 8
UNIDADE 1 ..................................................................................................................... 11
1.1. Histórico da flauta doce ........................................................................................... 12
1.2. A flauta doce numa abordagem mitológica .............................................................. 19
1.3. 1.2.1. O encontro de Akbar e a flauta mágica ......................................................... 19
1.4. As partes da flauta doce ........................................................................................... 23
1.5. Exercícios de respiração e controle do ar ................................................................. 26
1.5.1. Controle de sopro: 5 a 10 minutos ........................................................................... 26
1.6. Higienização e cuidados com o instrumento ............................................................ 27
1.7. Postura e manuseio ................................................................................................... 29
1.7.1. Se estiver sentado ................................................................................................... 29
1.7.2. Se estiver de pé......................................................................................................... 30
1.7.3. Falando através da flauta doce ................................................................................. 31
1.7.4. Como utilizar o polegar .......................................................................................... 32
1.7.5. Como afinar sua flauta doce ................................................................................... 32
1.7.6. A Família da flauta doce ......................................................................................... 33
1.8. Resumo ..................................................................................................................... 35
1.9. Conclusão ................................................................................................................. 35
1.10. Apontamentos sobre a próxima unidade .................................................................. 36
UNIDADE 2 ..................................................................................................................... 37
2.1. Posições na flauta ..................................................................................................... 40
2.2. Notas dó e ré............................................................................................................. 44
2.3. Notas graves ............................................................................................................. 47
2.4. Grafias musicais: ...................................................................................................... 56
2.5. Paisagens gráficas .................................................................................................... 58
2.6. Conclusão ................................................................................................................. 62
2.7. Resumo ..................................................................................................................... 62
2.8. Apontamentos sobre a próxima unidade .................................................................. 62
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UNIDADE 3 ..................................................................................................................... 63
3.1. Escalas ...................................................................................................................... 64
3.2. Nota fá ...................................................................................................................... 66
3.3. Escala de dó maior ................................................................................................... 67
3.4. Notas agudas ............................................................................................................ 70
3.5. Nota si bemol ........................................................................................................... 73
3.6. Akbar e a flauta mágica em: O flautista de Hamelin .............................................. 75
3.7. Conclusão ................................................................................................................. 77
3.8. Resumo ..................................................................................................................... 77
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 78
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 78
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
ÍCONES
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
APRESENTAÇÃO
Caro(a) leitor(a),
Este é um material que se propõe o discutir e o praticar da flauta doce
como instrumento musicalizador. Assim, este material não tem a pretensão de ser
um método de flauta, mas sim uma referência para que você possa se musicalizar
e a seus (suas) alunos(as) com este fascinante instrumento de sopro.
Através do convívio com o instrumento, devido à sua facilidade de
manuseio por ser um instrumento de preço mais acessível e leve, você entrará no
universo musical que além de inserir a musicalidade através do sopro, permite
um contato com o universo musical através de ritmo, melodia, criação e
improviso. Pensando na atual realidade brasileira, principalmente nas escolas em
geral, na condição socioeconômica da maior parte do país, torna-se um caminho
favorável pela amplitude de possibilidades, trabalhar coletivamente com os
alunos dentro de um único horário, utilizando um aparelho de som, ou
instrumentos acompanhadores feitos na maioria das vezes de sucata e materiais
recicláveis.
Além disso, condiciona o ensino musical de alunos que, a partir de 05
anos, podem ter seu primeiro contato com um instrumento e depois de já
musicalizados, estarão mais aptos a estudarem outros instrumentos. Aqueles que
se apaixonam pelo universo da flauta doce e decidem estudá-la a sério,
aprendem no decorrer do curso toda a família, e se dedicam ao aprimoramento
da técnica instrumental e do vasto repertório principalmente de música antiga e
barroca, tornando-se intérpretes do instrumento. Ou seja, se você está pensando
que é um instrumento específico para o ensino infantil, saiba que o repertório tem
tamanhas dificuldades técnicas e apresenta virtuosos brilhantes que se destacam
inclusive no exterior. O objetivo em destaque seria musicalizar seu aluno(a), mas
nada impede que você o incentive ao aprimoramento técnico e à busca pelo
aperfeiçoamento em escolas especializadas, conservatórios ou outros locais que
apresentem um estudo instrumental mais individualizado.
Na unidade I, apresentaremos conceitos teóricos numa visão histórica da
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
flauta doce, bem como a maneira de cuidar, manusear, experimentar e discutir
seu funcionamento, estrutura e importância dentro do contexto da musicalidade
através dos tempos. Assim, você será capaz de entender a parte histórica do
instrumento tanto quanto o conteúdo mitológico estudado, de compreender o
mecanismo de funcionamento do instrumento como afinação, postura,
articulação, além de trabalhar exercícios de respiração para controlar melhor o ar
emitido no instrumento.
Na unidade II, iniciaremos a prática do instrumento propriamente dita:
desde as primeiras notas e atividades com play back para facilitar os estudos do
instrumento passando pela região média da flauta, até o estudo mais
diversificado de notas graves. Depois apresentaremos sugestões para trabalhar
escrita musical com os alunos de maneira diversa para facilitar o ensino de
iniciação do instrumento. Desse modo, esperamos que ao final desta unidade
você conheça por sugestões de estudos diários do instrumento passo a passo
respeitando as dificuldades técnicas de cada aluno(a). Assim, iremos mostrar as
possibilidades de execução do instrumento com músicas variadas e a
aprendizagem de notas musicais na região média e região grave. Intentaremos na
criação do registro para uma escrita musical diferente, onde aprendentes poderão
criar seus próprios exercícios usando a linguagem visual e a criatividade como
ferramentas importantes na construção do conhecimento.
E finalmente, na unidade III iniciaremos um repertório técnico com a
aplicação de escalas e iniciação de criação e improviso através de percussão
corporal e jogos de copos ou objetos. Nesse sentido, iremos trabalhar com
atividades de estudos de forma interativa e criativa. Assim, esperamos que ao
final desta unidade você seja capaz de: 1) aplicar o estudo de escala pentatônica
e escala de dó maior; 2) aplicar o estudo de escala ascendente e descendente de
forma diversa: ritmicamente, escala tradicional ou através do canto; 3)
diversificar o repertório aplicado através de play back, jogos corporais ou
mesmo com objetos ou vídeos; 4) acrescentar jogos ou brincadeiras folclóricas
inseridos no repertório de flauta doce e 5) questionar mais um mito aplicado ao
instrumento.
Assim, com esse material e as atividades que desenvolveremos em nosso
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curso, visamos: 1) formar profissionais aptos à discussão, fomentação e
diversificação do estudo da flauta doce; 2) incentivar a pesquisa didática, criação
e divulgação da linguagem musical; 3) executar atividades básicas do
instrumento de execução e prática de repertório; 4) discriminar atividades que
busquem o fazer musical criativo e desenvoltura musical.
Então um grande abraço e espero que você esteja entusiasmado a
aprender este universo tão fascinante e repleto de surpresas, mesmo que você
não se identifique muito com o instrumento tenho certeza que se encantará com
as possibilidades que ele nos traz, com a magia com que ele pode apresentar o
universo musical de maneira prazerosa, lúdica e criativa. Então arregace as
mangas e vamos lá!!!
Vania Garcia Camargo
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Unidade 1
META DESTA UNIDADE
Apresentar conceitos teóricos numa visão histórica da flauta doce, bem
como a maneira de cuidar, manusear, experimentar e discutir seu funcionamento,
estrutura e importância dentro do contexto da musicalidade através dos tempos.
OBJETIVOS DESTA UNIDADE
Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de:
1. Entender a parte histórica do instrumento tanto quanto o conteúdo
mitológico estudado.
2. Compreender o mecanismo de funcionamento do instrumento como
afinação, postura, articulação.
3. Trabalhar exercícios de respiração para controlar melhor o ar emitido
no instrumento e sua articulação.
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Nesta unidade, trataremos de assuntos de caráter teórico - dados importantes
a respeito do instrumento (desde seu histórico até como manuseá-lo), assim
como a higienização necessária, as partes que o compõem e a diferença entre as
flautas. São dados essenciais no estudo da flauta doce que farão você entender,
conhecer, manusear e cuidar bem do próprio instrumento.
1.1. Histórico da flauta doce
A flauta doce é um dos instrumentos mais antigos existentes. Seu nome está
ligado ao termo RECORDER, que significa recordar, trazer à memória. A literatura
antiga está repleta de referências à flauta doce e gravuras em madeira e pedra
também marcam sua antiguidade. O inventário do rei Henrique VIII mostra que ele
possuía diversos instrumentos - inclusive a flauta doce.
Na era paleolítica, a flauta foi inventada para servir aos rituais de magia,
sendo usada por curandeiros da tribo como instrumento de auxílio para ritos de
cura de doenças ou cessar das chuvas. Este instrumento passou por diversas
modificações, desde um pequeno apito feito a partir de ossos, passando pela
fabricação em cascas de frutas secas ou bambus.
Com o passar do tempo, tanto o tamanho, a quantidade de orifícios,
quanto sua forma, foram modificados e passados por diversas transformações,
mas já na pré-história, há relatos de flautas contendo diversos orifícios.
Confira a seguir alguns exemplos de flautas primitivas:
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Antes de 1400, os instrumentos acompanhavam apenas cantores,
participando de composições musicais como madrigais ou motetos. A partir da
Renascença, ganharam destaque e importância e tiveram suas próprias formas de
música instrumental: os instrumentos correspondentes às vozes, por isso, a
diferença de tamanhos, que mudam também o som das flautas, ou seja,
correspondiam as partes de um conjunto vocal.
Garcia (2003) cita a chamada flauta de Dordercht, de meados do séc.
XIII, como o instrumento mais antigo e completo que sobreviveu. Este seria o
modelo mais próximo do que conhecemos hoje por flauta doce. Paollielo (2007,
p.6) relata que:
(...) as flautas de seis furos eram comuns nos séculos XII e XIII.
Considera-se o aparecimento da flauta doce tal como ela é
conhecida atualmente, como oito orifícios, no início do séc. XV
aproximadamente, juntamente com seu nome.
No final do século XVI e início do século XVII, a flauta doce já vinha
especificada nas partituras como “consort lessons” de Thomaz Morley. No livro de
Mersenne, temos uma pequena gavota para flauta doce e a publicação de 150 peças
com melodias com variações de Jacob Van Eyck (1590-1657).
Durante o século XVII a flauta doce foi completamente remodelada
para ser utilizada como instrumento solo produzindo os sons com
boa intensidade, cheios e com grande poder de expressividade. A
flauta doce barroca tem admirável desempenho na música de
câmara e de concerto, e é nesta forma que sobreviveu como
instrumento profissional no século XVIII, como instrumento
amador no século XIX até ser temporariamente eclipsada pela
flauta transversal (GARCIA, 2003).
Sobre os tipos de materiais usados para construção das flautas,
temos alguns tipos de madeiras resistentes (cocuswood e
grenadilha), ébano, vidro ou cristal, inclusive no inventário de
Henrique VIII, rei da Inglaterra. No período de 1509 a 1547,
havia o registro de três flautas de vidro.
Já a família Hotteterre, no interior da França, foi a responsável pela
construção do “Pé” da flauta doce, que veremos mais adiante, levando à
padronização da construção do instrumento.
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A típica flauta do século XVIII, era fechada com um sistema de rolha que
facilitava a afinação do instrumento fechando-a ou abrindo-a. Já Praetorius
utilizou uma técnica de construção que ficou conhecida como corps de réchange
(observar gravura a seguir).
Sistema de fechamento de rolha; com parafuso e marcas de posições
Este sistema baseava-se na divisão da flauta em partes, sendo que a parte
central subdividia-se em duas, a mais curta um semitom mais agudo que a
normal e a mais longa um semitom mais grave.
Várias tentativas para ajudar na afinação e no problema das poucas
afinações de oitavas foram surgindo, mas em sua maioria, acabaram causando
dedilhados mais difíceis ou leves problemas com afinação quando tocados com
outros instrumentos. É importante destacar que mesmo nas limitações de caráter
de afinação, a elaboração de grandes obras para o instrumento permaneceu
intacta.
O período que compreende o apogeu da flauta doce foi o final
do século XVII e começo do século XVIII, quando muitos
compositores se especializaram na sua fabricação e construção.
Este aperfeiçoamento acarretou no surgimento, também nesta
época, da flauta em ré, ou flauta de voz, além da soprano em si
bemol que foram utilizadas em algumas peças de câmera.
O declínio da flauta doce acontece no período clássico, onde a
necessidade de instrumentos com maiores recursos dinâmicos passa a ser
valorizada, dando espaço à flauta transverso (antecessora da flauta transversal).
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Flauta Traverso Barroco
Durante um século e meio, a flauta doce ficou adormecida. Por volta do
século XIX, alguns músicos, através de pesquisas em música antiga e construção
de instrumentos, passaram a investir de novo no instrumento. Foi então que o
inglês Arnold Dometsch (1858-1940) investiu na construção de um quarteto de
flautas doces tocando com a própria família num concerto no festival Haslemere.
Seu filho se tornou grande intérprete do instrumento. Outra contribuição foi a
construção das flautas em série, quando surgiu o dedilhado germânico (o que
facilitava muito o dedilhado da nota fá, inclusive no ensino infantil, mas
dificultava o dedilhado de outras notas).
O dedilhado germânico ainda é frequentemente utilizado em vários
países que, mesmo na Alemanha, não é utilizado para fins sérios e,
cujo principal defeito é a impossibilidade de uma perfeita afinação
em todos os graus cromáticos. A flauta doce barroca permite tocar
toda a escala cromática com boa afinação, além de ser mais fácil
em tonalidades com sustenidos. Pode-se tocar em todas as
tonalidades com resultados musicais, no mínimo, aceitáveis (2003).
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Em 1935, Edgar Hunt introduzia o estudo de flauta doce nas
escolas inglesas, se tornando um instrumento de estudos,
pesquisa e técnicas alternativas de execução usadas
principalmente em peças contemporâneas. E o flautista e
professor Edgar Hunt afirma que:
O instrumento brilhou muito popular até imediatamente antes de ser
substituída pela flauta transversa e chegou a conviver com ela por
algum tempo até ser de fato substituída pela flauta transversa por
cerca de um século e meio. Muitos instrumentistas possuíam e
tocavam as duas flautas, assim como os compositores compunham
para ambas. Com o nascimento da orquestra clássica, os
compositores procuravam instrumentos com maiores recursos
dinâmicos e assim começa o declínio da flauta doce perante o
traverso; por volta de 1750, a flauta doce praticamente desaparecia
do repertório de qualquer compositor (HUNT, 1977, p.57 apud
PAOLLIELO, p.17).
Atualmente, é comum a utilização de vibratos, dedilhados
alternativos, glissandos, além de efeitos com voz ou percussão de
dedos para enriquecer as peças, assunto que será explicado no
capítulo posterior
Atualmente, a flauta doce é muito importante no estudo de musicalização
infantil e é instrumento participativo na introdução de músicas sertanejas,
samba, bandas com referência celta ou de caráter medieval.
A seguir destacamos, dentre tantos, os principais compositores que
escreveram para flauta doce. Assim, uma interessante sugestão
para ampliar seus conhecimentos sobre esse fascinante
instrumento, é a pesquisa por peças desses autores para flauta
doce:
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Se você quiser saber ainda mais sobre a história da flauta doce não
deixe de acessar o link:
http://migre.me/7Gsdc
1.2. A flauta doce numa abordagem mitológica
A seguir, temos um bom exemplo de contextualização da flauta doce
para aplicações em situações educacionais. Algo que pode ser usado
para motivar tanto nossos alunos para o estudo da flauta doce, bem
como nós mesmos, frente ao ensino e à aprendizagem da flauta doce.
1.2.1. O encontro de Akbar e a flauta mágica
Akbar é um garoto curioso, cheio de ideias e fascinado por mitos. Adora
contar um mito de um tal de Marsias, um exímio flautista doce, que remonta a
história de sátiros, os quais teriam desafiado Apolo numa competição musical. O
rei Midas apostou nele, mas as musas votaram no poderoso deus. E,
infelizmente, o flautista acabou perdendo. No entanto, quando lhe perguntam
sobre a escolha do instrumento, ele diz:
“Nada mais belo e mágico que o som da flauta doce. Por meio dele,
consigo encantar animais, me comunicar com a natureza ao redor, e me manter
unido a eles. Vou contar tudo desde o início...”.
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O fato de a flauta ser um instrumento presente desde o alvorecer da
raça humana e sua correlação com a mitologia nos possibilita
motivar nossos alunos para o estudo através do contar ou apresentar
histórias como a anterior. Devemos instigar os alunos a buscar
outras histórias ou até mesmo inventar as suas e depois musicá-las
com peças de estudo ou composições próprias.
1.3. As partes da flauta doce
Neste tópico, você vai aprender as partes em que subdividimos a flauta
doce e a importância de cada uma delas.
A flauta doce possui dez orifícios de
tamanhos diversos que são propositais
para a afinação da escala. A flauta
barroca difere da germânica no quarto
furo, contando de cima para baixo, como
já dito no histórico do instrumento para
facilitar a nota “fá”, que segue a
sequência dos dedos facilitando o ensino
da flauta nas séries iniciais. Já a flauta
barroca, que é inclusive mais usada,
difere na posição da nota fá e de algumas
notas com bemol e sustenido.
Observe a ilustração ao lado, o nosso
personagem aerófono na história em
quadrinhos, para entender o mecanismo
da flauta. Lembrando que o orifício de trás da flauta, na maioria das vezes, é
ilustrado ao lado para facilitar. Este orifício, quando “tampado metade”, na
verdade, deixamos apenas um pouco aberto e controlamos mais na maneira de
soprar, do controle do ar emitido.
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Uma interessante atividade que você pode usar com seus alunos
iniciantes na flauta doce e que aborda a contextualização da história
em quadrinhos que vimos anteriormente, é o completar das partes da
flauta doce baseado na figura anterior.
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Diferenciação da Flauta Barroca e da Flauta Germânica (alemã):
Agora reflita: Na iniciação de uma turma de 15 alunos de 6 anos,
que estão sendo musicalizados com flauta doce, seria melhor
iniciar o estudo com a flauta germânica. Depois, se estas aulas de
flauta prosseguirem, no segundo ano passar para a flauta barroca,
ou iniciar os estudos diretamente na flauta barroca.
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Outro lembrete importante: é na janela que sai o som da flauta, muitas
pessoas pensam ser no pé, tanto que se você tampar a janela com o polegar, o
som da flauta não sai!
1.4. Exercícios de respiração e controle do ar
Caros colegas, como todo instrumento de sopro, também a flauta exige
um pouco da respiração, algo que se destina para o controle da emissão de som.
Colocamos algumas dicas para você inserir nos estudos diários para
aprimoramento da técnica e controle do ar.
1.4.1. Controle de sopro: 5 a 10 minutos
Vela: Segura-se uma vela acesa numa distância de mais ou menos
30 cm da boca e sopra-se na direção da chama fazendo-a tremular,
tomando cuidado para não apagar a chama. A seguir trabalha-se a
distância para dinâmica de controle de ar:
Tira de papel: Fazer com que a tira de papel se movimente
para trás e para frente, iniciando mais lento para que a tira
movimente-se lentamente e vá aumentando gradativamente.
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Outra variação, seria manter um pedaço de papel na parede, de
preferência que a superfície não seja tão lisa para não escorregar e manter este
papel preso com o ar, mantendo a coluna de ar sem deixar este papel cair. Ver o
tempo que consegue manter e tentar aumentar cerca de dez segundos por
semana.
Garrafa: Tirar o som da garrafa inicialmente com pulsos de ar
lentos e vai se sustentando cada vez mais o som, sentindo a
embocadura sem pressionar na garrafa, na emissão de som forte
e fraco, assim como sons longos e mais curtos.
É viável a utilização dos exercícios descritos adaptados para crianças,
utilizando, inclusive, gravuras que facilitam a explicação. Outra coisa: é comum
no início sentir certa tontura na aplicação destes exercícios, sendo, portanto,
importante um aumento gradativo das atividades semanalmente.
1.5. Higienização e cuidados com o instrumento
Todo instrumento requer cuidados, por isso agora você receberá dicas de
como cuidar de sua flauta e fazer sua limpeza corretamente.
Pela maior parte das flautas doces serem fabricadas em resina (um
plástico bem resistente), a limpeza do instrumento é muito facilitada, o que
difere das madeiras que não podem molhar (são limpas em geral com pano
seco).
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Se sua flauta for de madeira, reveja na unidade I a descrição de
diversos tipos de flautas de madeira. Os cuidados com esse tipo
de material deverão ser redobrados, confira esses cuidados a
seguir:
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Veja as etapas abaixo e siga-as quinzenalmente:
1.6. Postura e manuseio
Agora você vai aplicar algumas das ações e conhecimentos que
trabalhamos anteriormente na prática. Então vamos a eles:
Iniciaremos com o segurar e a emissão do som na flauta doce.
1.6.1. Se estiver sentado
Para essa posição, você deve sentar-se corretamente, tentando não apoiar
sua coluna na cadeira. Relaxe os ombros e braços, segurando a flauta levemente
e levando-a à boca.
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
- Sente em posição mais ereta possível para não prejudicar sua
coluna.
-Apoie os pés no chão.
Observe a ilustração abaixo:
1.6.2. Se estiver de pé
Se estiver em pé: Relaxe bem as bochechas e posicione os braços um
pouco separados do corpo, respeitando a anatomia de cada um para que fique
bem natural, assim também com os lábios (não pressioná-los na flauta!).
Independente da faixa etária de iniciação do instrumento, é muito
importante que o aluno segure a flauta de maneira correta: mão
esquerda em cima! À direita em baixo. É comum o comentário de
algumas professoras de que as crianças na faixa de 5 e 6 anos têm
dificuldade de coordenação e não corrigem a postura. Não há
Mantenha a
coluna
ereta e
evite
encostar na
cadeira
Deixe os
seus pés
firmes no
chão
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
necessidade de deixar o aluno com a mão trocada! É
imprescindível a postura correta desde o início.
Observe as ilustrações abaixo:
1.6.3. Falando através da flauta doce
Como a flauta doce é um instrumento de tubo direto e não possui palheta
como no sax, podemos “falar” neste instrumento, o que chamamos de articular o
som. A língua funciona como uma válvula onde se controla a saída do som, que
pode ser articulado pela fala da sílaba “tê” ou “dê”.
relaxar as
bochechas
bocal
colocado
suavemente
entre os
lábios
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
A maior parte dos livros, principalmente de educação infantil,
indicam o “tu”, mas há indícios que os primeiros métodos
seriam traduzidos do francês que apresenta um fonema
diferente do tu (brasileiro, que por sinal é mais agressivo).
Sem a articulação, é como se a língua funcionasse como uma passagem
de ar comum, como se estivesse soprando um apito qualquer, mas quando se
articula, o som fica mais leve e contido, é o que difere os grandes intérpretes.
1.6.4. Como utilizar o polegar
O uso do polegar no orifício de trás da flauta doce é sempre discutido.
Algumas pessoas necessitam de colocar a unha para garantir o meio furo, mas na
verdade, a afinação da nota consiste muito mais em controlar o ar emitido, ou a
coluna de ar, e destampar o mínimo possível atrás que se preocupar em colocar
força ou unha, que na verdade nem é necessário.
1.7. Como afinar sua flauta doce
A afinação da flauta doce, no caso de grupos específicos, consiste em
acostumar com o som e observar a afinação de colegas do grupo, ou seja, mais
uma vez preocupar-se com a emissão de quantidade ou não de ar, bem como a
intensidade do que abrir muito ou fechar o instrumento, até porque, você pode
perfeitamente afinar, por exemplo, a nota lá e a nota do# soar desafinada. Isto é
muito comum em conjuntos. Além do que as condições de temperatura ou
mesmo as diferentes marcas do instrumento podem comprometer a afinação.
Mas é possível interferir na afinação na emenda localizada entre a cabeça e o
corpo da flauta.
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1.8. A Família da flauta doce
Agora você vai ter uma breve noção sobre a família da flauta doce.
Como já dito anteriormente no histórico, a flauta passou a ter a importância e
imitação do canto. Para que fizesse o efeito das vozes de um coral, foram
necessários tamanhos diferenciados na fabricação do instrumento que tornam
seu timbre diferenciado (tipo ou qualidade dos sons diferentes). Pelos tamanhos,
você pode observar que, quanto maior o instrumento, mais grave será o som, e,
quanto menor, mais agudo.
Quanto à escala da flauta, você vai observar que são diferentes. No caso
da flauta doce, as escalas são intercaladas.
Portanto, verifica-se que na maioria dos cursos, o ensino da flauta
se dá pela soprano (dó) e contralto (fá), pois a digitação das demais
corresponde à mesma escala dessas duas mudando somente o
tamanho da flauta.
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Agora, observe as gravuras abaixo para identificá-las:
Outra interessante atividade que você pode usar com seus alunos
iniciantes na flauta doce e que aborda a contextualização da
história em quadrinhos que vimos anteriormente, é buscar fotos
na internet que se relacione às ilustrações das flautas acima.
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Uma leitura que ilustra bem a presença histórica da Flauta e que
mostra um instrumento de 35 mil anos – o mais antigo
instrumento musical encontrado – pode ser acessada no endereço:
http://migre.me/7jaIW
Saiba mais sobre esse objeto feito de osso de abutre e que foi
achado na mesma caverna da mais antiga escultura do corpo
humano.
1.9. Resumo
Esta unidade I, procurou mostrar a importância da flauta doce num
contexto histórico. Sua construção, fabricação e aplicação ao longo dos anos, a
mudança de materiais aplicados em sua construção, o período de apogeu e
declínio do instrumento. Depois, um apanhado sobre as principais dúvidas
quanto à postura, manuseio, utilização da flauta barroca na aplicação de escolas,
questionamento sobre a flauta germânica e sua utilização para o ensino infantil.
Quanto à questão do uso do polegar e a articulação (principalmente no uso do
“tê” ou “tu”) há controversas em diversos métodos que disponibilizam de
gravuras para exemplificar. Procuramos uma maneira bem objetiva e uma flauta
de certa forma caricata, para deixar interessante a apresentação da família da
flauta e alguns diálogos a respeito da parte mitológica para ilustrar.
1.10. Conclusão
Nesta primeira unidade, você pôde verificar a importância da flauta
doce na evolução histórica dos instrumentos e conhecer um pouco seu
mecanismo de funcionamento. Através da leitura, pesquisa e curiosidades você
poderá trabalhar com seus alunos de forma criativa esta parte teórica, adaptando
a cada faixa etária correspondente. Por ser um instrumento de acessível peso e
preço, além da leveza para transportar, facilita o acesso principalmente da
educação musical infantil.
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
1.11. Apontamentos sobre a próxima unidade
Na unidade II, iniciaremos a prática do instrumento propriamente dita:
desde as primeiras notas e atividades com playback para facilitar os estudos do
instrumento, passando pela região média da flauta, até ao estudo mais
diversificado de notas graves. Depois, apresentamos sugestões para trabalhar
escrita musical com os alunos de maneira diversa para facilitar o ensino de
iniciação do instrumento.
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37
INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Unidade 2
META DESTA UNIDADE
Estudar os primeiros mecanismos de aplicação prática do instrumento
através do estudo com play backs, onde as notas aparecem de acordo com o grau
de dificuldade técnica. Esta unidade também discute o uso de grafias musicais
diversificadas para aplicação da escrita musical de forma interativa.
OBJETIVOS DESTA UNIDADE
Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de:
1. Aplicar estudos diários do instrumento passo a passo respeitando as
dificuldades técnicas de cada um
2. Executar a articulação e emissão do som na flauta doce com ritmos e play
backs variados
3. Aplicar grafias musicais referentes a cores para ilustração de ritmos e
notas, principalmente no que se refere ao ensino infantil.
4. Incentivar a criação de paisagens gráficas e discussões metodológicas
para registro de notas aprendidas chamado por alguns educadores de
mapa musical.
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Agora que você está mais familiarizado com a flauta, com as
partes do instrumento, relaxe e reveja alguns itens e dicas de
respiração e vamos iniciar a parte prática, que é tocar o
instrumento propriamente dito:
Agora você tem um convite para mergulhar no universo sonoro da
flauta doce, lembrando que as atividades foram descritas em ordem de grau de
dificuldade, portanto é importante seguir cada passo e não adquirir vícios.
Sugerimos que mesmo que já tenha tido contato com a flauta anteriormente, siga
o roteiro, pois o procedimento ajudará a reforçar detalhes importantes.
Como trabalhamos com som, decidimos incluir os recursos de áudio e
alguns vídeos com dicas para facilitar os exercícios. Com o playback você estará
acostumado a tocar com outro instrumento acompanhando-o – que é muito
importante.
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39
INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
O símbolo ao lado indica que praticaremos
exercícios musicais e esses geralmente terão áudio
disponível. Assim faremos, pois como caminhar se aprende
andando, tocar se aprende tocando, pois como disse Paulo
Freire (1986):
Se é praticando que se aprende a nadar,
Se é praticando que se aprende a trabalhar,
É praticando também que se aprende a ler e a escrever.
Vamos praticar para aprender
E aprender para praticar melhor.
Então vamos lá, mas antes vamos relembrar o nome dos dedos, pois
usaremos esses nomes para construir as posições das notas na flauta:
Polegar
Indicador
Médio
Anular (também chamado de Anelar)
Mínimo
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40
INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
2.1. Posições na flauta
Utilize a mão esquerda para construir essas posições:
O ponto preto deslocado à esquerda indica o orifício localizado na parte
de trás da flauta onde o polegar da mão esquerda atua. Então, seguindo a ordem
dos dedos de sua mão esquerda, temos: indicador e polegar (nota si), indicador,
polegar e médio (nota lá) e indicador, médio e anular (nota sol).
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41
INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
- Emita um som (mais longo) correspondente a 4 tempos, que são representados
pela seguinte figura para cada nota:
- Agora, a mesma sequência (cada nota) em dois tempos, que são representados
pela figura:
- Agora, 1 tempo para cada nota (representado pela figura):
- Agora, notas dobradas (correspondem a meio tempo):
Você deve estar se perguntando o porquê de não iniciarmos a
partitura, mas de início, como a ideia é musicalizar, é
importante para o aluno praticar o instrumento e conseguir se
familiarizar com a flauta tocando, trabalhando o ritmo e se
atentando ao som do instrumento. Sendo assim, estaremos
construindo habilidades musicais com nossos alunos e notando
se conseguem se desenvolver musicalmente, decorar as notas e
articulá-las. Eles terão mais facilidade quando iniciarmos as
grafias musicais e a pauta propriamente dita.
O.B.S: Não se esqueça de articular o som, “falar na flauta”, isso é muito
importante, e também de cortar o som quando passar de uma nota para outra
para não dar efeito de ligadura.
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42
INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Faixa 1: Agora vamos executar um exercício utilizando si e lá
Procedimentos que devem ser seguidos preferencialmente em
todas as faixas :
- Faça a primeira vez sozinho (repita quantas vezes for necessário até firmar o
ritmo)
- Depois faça utilizando o play back nos dois andamentos (repita o play back
mais lento quantas vezes for necessário)
Faixa 2:
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Faixa 3:
Faixa 4: Clarão da lua:
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44
INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
2.2. Notas dó e ré
Posições na flauta:
A nota dó tem pressionado apenas o dedo médio, já o ré corresponde à
mesma posição, porém tirando o polegar atrás. Viu que fácil???
-Agora vamos fazer uma sequência de sons longos como
realizados na lição 1:
- Emita um som longo correspondente a 4 tempos, representados
pela figura (FIGURA), para cada nota.
- Agora, a mesma sequência em dois tempos, cada nota, representados (tempos)
pela figura:
- Agora, 1 tempo para cada nota cuja figura:
45
45
INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
- Agora, notas dobradas (correspondem a meio tempo) para cada nota:
- Depois, repita o exercício com a sequência toda das notas aprendidas: sol, lá ,
si, dó e ré.
Faixa 5: Swing (anônimo)
SOL SOL DO DO DO DO DO, SOL SOL DO DO DO DO DO
SOL SOL DO DO DO DO DO SI, SOL SOL DO DO DO DO DO
SOL SOL DO DO DO DO DO, SOL SOL DO DO DO SI SI DO
SI SI SI SI SI, DO SI LA LA LA LA LA , SI LA SOL , SOL LA DO SI
SOL SOL DO DO DO DO DO, SOL SOL DO DO DO DO DO
SOL SOL DO DO DO SI SI DO DO
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46
INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Faixa 6: Samba de uma nota só (trecho - parte A)
SOL SOL SOL SOL SOL SOL SOL SOL , SOL SOL SOL SOL SOL SOL SOL
SOL SOL SOL SOL SOL SOL SOL SOL, SOL SOL SOL SOL SOL SOL SOL
DO DO DO DO DO DO DO DO, DO DO DO DO DO DO DO ,SOL SOL SOL SOL
SOL SOL SOL SOL SOL SOL SOL SOL SOL SOL DO
Faixa 7: Asa Branca
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
2.3. Notas graves
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Atenção: Notas graves são sopradas mais suaves de preferência
sem o uso do “tê” (articulação mais leve).
A seguir temos alguns pontos importantes para prosseguirmos em
nossos estudos:
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Faixa 8: Tema da nona sinfonia:
Faixa 9: Trecho do tema do “Rei Leão” (In the Jungle)
SOL LA SI LA SI DO SI LA SOL LA SI LA SOL SI LA
RE SI LA SOL RE DO SI LA SOL LA SI LA SOL SI LA
RE RE, DO RE DO SI RE RE RE RE RE RE
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Faixa 10: Parabéns:
Faixa 11: Tema do “Pica-Pau” (trecho):
RE SOL SI RE SI, RE SOL SI RE SI
RE SI DO RE DO SI LA RE
RE SOL SI RE SI, RE SOL SI RE SI
RE SI DO RE DO SI LA SOL
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Agora, vamos variar um pouco, mas ainda vamos trabalhar com
as notas até agora estudadas. Siga os passos a seguir para realizar este
exercício:
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Agora vamos fazer mais uma variação das notas para praticar
posições e trabalhar afinação :
- Fale no ritmo um trecho de uma música conhecida, no exemplo abaixo
utilizamos o sambalelê, mas você poderá variar com outras músicas No caso do
ensino para crianças, utilizar de preferência canções folclóricas. Então vamos ao
exercício seguindo os passos e utilizando a partitura a seguir:
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Faixa 12
Vamos agora inverter o sentido das notas e tocar de forma ascendente:
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Faixa 13
Vamos lá, só faltou o dó para completar a sequência realizada!!
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Faixa 14
Este exercício foi adaptado da obra “Caderno de musicalização: canto e flauta
doce” de Teixeira (2008, p.23).
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
2.4. Grafias musicais:
Agora, vamos praticar ritmos de forma diferente! Você poderá trabalhar
com crianças na linguagem de gráficos para facilitar a contagem de ritmos.
Outra sugestão seria você trabalhar com cores no nome de notas e quadrinhos.
A indicação das cores, é opcional, não necessariamente precisa-se
utilizar as mesmas. A associação da nota lá com a cor laranja e a
amarela para nota sol, é para facilitar o estudo das crianças. É
interessante sugerir aos alunos que recortem os quadrinhos em papel
cartão com as cores das notas indicadas, para que as crianças
montem e toquem suas próprias sequências. Quando quiser usar
pausa, utilize o quadrinho do lado inverso, que corresponderá ao
silêncio. Você como professor, pode fazer os quadrinhos as notas
com tempos variados e pedir em sala que os alunos criem as
sequências e executem na flauta.
Perceba o exemplo abaixo:
Faixa 15
DÓ SI LÁ SOL
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Vamos então montar três sequências sonoras utilizando quadrinhos. Vamos tocar as sequências?
Faixa 16
- 1ª Sequência
DÓ LÁ DÓ DÓ LÁ LÁ PAUSA LÁ
Faixa 17
- 2ª Sequência
LÁ LÁ SOL SOL LÁ SOL PAUSA DÓ
Faixa 18
- 3ª Sequência
SI SI LÁ PAUSA SI SI LÁ SI LÁ
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
A seguir, temos algumas dicas para que, baseado no exercício
anterior, você pode praticar ou mesmo utilizar em suas aulas com
seu alunos:
- Leia dublando na flauta, ou seja, falando o nome as notas (assim, você coloca
os dedos no instrumento para fazer as notas e não toca, somente treine as
posições pedidas).
- Logo que estiver lendo com fluência, você pode tocar realmente a sequência
toda na flauta.
-Agora, crie uma nova sequência para as notas aprendidas.
- Depois, crie novas sequências desenhando no caderno e pratique com a flauta
(este exercício pode ser utilizado como tarefa para casa).
Aqui lanço um desafio a você: como poderíamos criar variações
para que os alunos criem suas próprias sequências sonoras e
decore as notas? Assim, para responder tal questão a criatividade
se mostra como palavra-chave!
2.5. Paisagens gráficas
Veja que através de grafias musicais diversas é possível trabalhar a
leitura de notas sem utilizar a partitura propriamente na iniciação do
instrumento. A musicalidade através da flauta doce pode ser aplicada com
paisagens sonoras, onde os alunos trabalham com imagens gráficas e ritmos .
Este tipo de estudo é importante para a memorização de notas e instiga a
criatividade dos alunos.
Diversos métodos e livros utilizam este tipo de grafia para facilitar a
musicalidade. Com a flauta e os sons das notas aprendidas até agora, já é
possível trabalhar a criatividade e criação musical de seus alunos, sugerindo que
eles trabalhem com nomes, desenhos com legendas e criem suas próprias
partituras para tocar. Segundo Cestari (1983, p. 79):
59
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
O aspecto figurativo desempenha um papel preponderante no
período pré-operatório e o aspecto operativo no período das
operações concretas. Para que a criança possa realizar a
representação gráfica da Música são necessários tanto os aspectos
operativos do pensamento, na vinculação entre as condutas da
correspondência som/grafia como os aspectos figurativos do
pensamento, para as condutas utilizadas na construção do símbolo.
Nesse sentido, nas figuras abaixo, somos convidados por Cestari (1983)
a perceber, através de algumas notações escritas por alunos, que o ensino da
flauta doce tem muito a ganhar se utilizarmos uma abordagem cognitiva
musical.
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Com tal abordagem cognitiva musical, observa-se que a utilização do
Mapa Musical possibilita por ações de equivalência feitas pelo sujeito, fazendo
corresponder um som para cada grafia, ou a correspondência termo a termo
grafia/som. Assim, Cestari (1983) nos relata que tal abordagem, em suas
pesquisas práticas, serviu também para aguçar a curiosidade dos alunos e mantê-
los atentos à música ouvida.
Com estas dicas, você poderá criar várias atividades de grafias que
podem incluir a flauta doce e sons corporais, utilizando a voz, sons de batidas
com os pés ou o próprio corpo. Incentive sempre seus alunos a criarem suas
legendas e códigos.
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
No livro Ampliando o repertório do coro infanto-juvenil, a autora
Leila Rosa Gonçalves Vertamatti, sugere aos alunos do coro que
para descobrir o significado de sons empregados, criassem uma
composição com o próprio nome, uma anterior a leitura da obra e
outra posterior.
Esse tipo de notação gráfica permite uma gama enorme de
possibilidades, pois está muito próxima da representação do próprio
som e desperta a imaginação e a criatividade dos alunos como se
pode notar no trabalho a seguir (VERTAMATTI, pag. 157, Ed.
UNESP)
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
2.6. Conclusão
Nesta unidade, praticamos o instrumento desde as primeiras notas e
ritmos até a criação de imagens visuais que retratam os sons. Através das dicas
do guia, você pode criar sugestões para seus alunos para que eles decorem as
notas e se identifiquem com o instrumento.
2.7. Resumo
Nesta unidade, enxergamos as possibilidades de execução do
instrumento com músicas variadas e a aprendizagem de notas musicais na região
média e região grave. Como toda linguagem, instigamos a criação do registro
para uma escrita musical diferente, onde os alunos podem criar seus próprios
exercícios usando a linguagem visual e a criatividade como ferramentas
importantes na construção do conhecimento.
2.8. Apontamentos sobre a próxima unidade
Na unidade III, já familiarizados com as notas graves (excesso de
espaço) da flauta doce, iniciaremos diferentes maneiras de explorar a escala de
forma ascendente e descendente. Com algumas cantigas, temos sugestões de
movimentos corporais e objetos que enriquecem, fazendo a percussão de
algumas músicas, assim como o trabalho de pequenos improvisos.
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63
INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Unidade 3
META DESTA UNIDADE
Iniciar o repertório técnico na aplicação de escalas e iniciação de
criação e improviso através de percussão corporal e jogos de copos ou objetos.
Incentivar os alunos a apresentarem estes estudos de forma interativa e criativa.
OBJETIVOS DESTA UNIDADE
Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de:
1. Aplicar o estudo de escala pentatônica e escala de dó maior
2. Executar o estudo de escala de forma ascendente e descendente e
diversificadamente: ritmicamente, na escala tradicional ou através do
canto.
3. Diversificar o repertório aplicado através de play back, jogos
corporais ou mesmo com objetos ou vídeos.
4. Acrescentar jogos ou brincadeiras folclóricas inseridos no repertório
de flauta doce.
5. Questionar mais um mito aplicado ao instrumento.
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
3.1. Escalas
Agora que você já sabe tocar várias notas na flauta, vamos estudar as
escalas :
Começamos então pela escala pentatônica ou chinesa (que como o
próprio nome diz, possui 5 sons), é uma escala utilizada para improvisos e não
tem presença de semiton, portanto experimente tocar as notas em ordem
diversificada em vários ritmos – você verá que não desafina!!!
DO RE MI SOL LA DO
DO LA SOL MI RE DO
A seguir, temos algumas sugestões de estudo para que você possa
praticar e utilizar em suas aulas com seus alunos:
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Por ser uma escala pentatônica você pode brincar com a ordem
das cartelas , ou deixar uma cartela em branco para que o aluno
faça seu próprio final. Outra sugestão seria fazer um sorteio com
dados aleatoriamente, para isso no caso você precisaria de 6
cartelas correspondentes. Ou poderá utilizar ainda um painel com
cores, sendo cada cor correspondente a uma cartela. Basta ter
criatividade e variar o exercício para exercitar a escuta ativa e a
criação de melodias!
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
3.2. Nota fá
FÁ
Agora que você já aprendeu a nota fá, podemos fazer a escala completa:
Mas antes, faça a revisão das notas e exercícios da unidade 2.3, só
que agora toque a nota fá no lugar do fá# (fá sustenido).
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
3.3. Escala de dó maior
Ascendente
Descendente
Você pode utilizar a música “Minha canção” (Chico Buarque)
para praticar a escala de DÓ.
Com seus alunos, quando for praticar um exercício sobre uma
música conhecida, aconselha-se aproveitar a oportunidade para
falar um pouco sobre o histórico do cantor e contar sobre a vida
do autor antes de executar a peça estudada. Este tipo de atividade
sugere até uma pesquisa adaptada à faixa-etária de cada turma.
Podendo, inclusive, fazer ligações com outras disciplinas, como:
português, história ou artes plásticas.
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Não se esqueça de conscientizar o aluno que na música de L. Henriquez
e letra adaptada de Chico Buarque de Holanda, temos as iniciais da música com
o nome das notas musicais, ou seja, a escala ascendente e descendente como se
vê no trecho a seguir:
Outra forma diferente de falar com os alunos sobre a história de
alguns compositores, seria através de livros ilustrados como a
coleção MPB para crianças, de Adriana Sydor, onde com
ilustrações caricatas ela conta a história de compositoes que
enriqueceram a cultura brasileira como: Adoniran Barbosa, Ari
Barroso, Carmem Miranda, Elis Regina, Noel Rosa,
Pixinguinha, Tim Maia, Tom Jobim e outros.
Faixa 13: trecho do tema do “Marinheiro Popeye”
MI SOL SOL SOL FA MI SOL
SOL LA FA LA DO LA SOL
SOL LA FA LA DO LA SOL LA SOL MI
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Faixa 14: Escatumbararibê (domínio público)
DO DO FA FA FA MI MI MI MI FA FA FA MI MI MI MI FA FA FA MI FA
SOL RE , RE SOL SOL SOL LA LA FA DO DO DO DO DO DO RE RE RE
MI MI SOL FA
Letra:
Zum zum escatumbararibê
Escatumbararibê , escatumbatinga
Auê sarubê abá
Escatumbararibê, escatumbatinga
Outra forma de variar o exerício, seria usando uma percussão
corporal ou materiais tipo: latinha, copos, clavas (feitas de cabo
de vassoura) para fazer o acompanhamento. Você poderá criar
uma legenda com seus próprios alunos e pedir que apresentem
em grupo: uma turma toca a flauta, a outra faz a percussão,
depois a atividade pode ser invertida. É interessante você
registrar estas atividades através da gravação de áudio ou
filmagens se possível.
Mais informações sobre percussão de jogos de mão e copo,
visite o site de Viviane Beineke (autora do livro lenga la lenga)
www.lengalalenga.com.br, e o vídeo escatumbararibê:
http://youtu.be/ft6Kg7S-LBE
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
3.4. Notas agudas
Agora que já aprendemos as escalas, vamos passar para a região aguda
na flauta doce. Na nota aguda, precisamos destampar um pouquinho o polegar
atrás e controlar a emissão de ar, falando o “tê” mais forte nestas notas.
Controlar o ar se torna mais importante que destampar muito atrás, como já dito
na lição anterior.
Reveja as explicações sobre o uso do polegar nas lições 1.7.4 e
1.7.5
A setinha para cima no nome das notas indica nota aguda, para
diferenciar das notas graves.
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Faixa 15: Trecho do tema do programa “Esporte Espetacular”:
RE RE DO SI SI LA LA, SI SI LA SOL RE DO DO SOL LA SI
SI SI LA SOL MI, SI SI LA SOL MI RE RE
Faixa 16: Bate o monjolo
Letra:
Bate o monjolo no pilão, pega a mandioca
Pra fazer farinha, onde foi parar meu tostão
Ele foi para a vizinha...
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Já pensou em quantas maneiras diferentes você pode executar uma
mesma atividade com a flauta?
Nesta atividade você poderá usar um acompanhamento rítmico
realizado com copos ou clavas, além da percussão corporal que é muito legal,
veja que interessante a percussão com latinha usada pelo DVD “Palavra
Cantada”, na canção “Fome Come”!! Ou ainda você pode dividir sua turma de
alunos em dois para que metade das crianças realize a brincadeira do monjolo e a
outra metade toque a flauta.
Atividade do monjolo:
- Faça um círculo com os alunos em roda
- O objetivo é que eles passem uma moeda, como na brincadeira do anel, porém,
fazendo conchinhas com as mãos, pinçando na mão do colega da sua direita e na
sua própria mão, tomando o devido cuidado para que não apareça o que está
escondido na mão.
- Quando a música parar no “onde foi parar meu tostão/ele foi para a vizinha...” ,
quem está com a moeda tem que passá-la para o vizinho.
- O aluno escolhido que estiver fora da roda deve adivinhar com quem está o
“tostão”.
- Depois de realizada a tarefa, você pode inverter os grupos: o que estava na roda
passa a tocar flauta e vice-versa.
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
3.5. Nota si bemol
SI b
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Faixa 17: Tema de “Trenzinho Caipira” (Villa Lobos)
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Não deixe de falar um pouco sobre a história de Villa Lobos antes
de executar a peça com os alunos, inclusive, não deixe de
pesquisar sobre seus projetos de musicalização na década de 60.
Utilize também algumas versões dessa peça como forma de
apreciação com os alunos.
A seguir, temos outro exemplo de contextualização da flauta doce para
aplicações em situações educacionais. Algo que, como já vimos anteriormente,
pode ser usado para motivar tanto nossos alunos para o estudo da flauta doce,
bem como nós mesmos frente ao ensino e à aprendizagem da flauta doce.
3.6. Akbar e a flauta mágica em: O flautista de Hamelin
Akbar: “E aí, Muralí, gosto de saber histórias. Você não tem outra sobre
flauta pra me contar?”
A flauta deu um bocejo daqueles e suspirou... “Até tenho sim. Na verdade,
trata-se de um conto escrito pelos irmãos Grimm; é um fato ocorrido na
cidade de Hamelin, na Alemanha, por volta de 26 de junho de 1284.”
Akbar: “Nossa, que legal! Um conto dos irmãos Grimm...”
Muralí : “Pois é, meu amigo, conta a história que esta cidade estava infestada
por ratos e a população, já desesperada, não sabia mais o que fazer para
contê-los. Foi aí que um homem se propôs a ajudar - desde que o prefeito lhe
pagasse bem, é claro, pelo seu serviço. Deu-se então o combinado: saiu o
jovem pelas ruas caminhando,tocando aquela melodia maravilhosa,
encantando os ratos que o seguiam, por ruas bem distantes , até que nem
enxergavam mais as muralhas da cidade. E neste trajeto, os ratos não
percebiam o rio por onde passavam e iam caindo e morrendo afogados.
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Akbar: “Olha não pensei que a flauta tivesse uma capacidade hipnótica... que
legal!!!”
Muralí: “Aí o flautista foi saltitante falar com o rei sobre seu pagamento,
mas...”
Akbar: “O dinheiro acabou...”
Muralí: “Não. Para sua surpresa, o rei e seus subordinados não o pagaram e
ele foi expulso da cidade. Revoltado, ele decidiu fazer então mais um passeio
pela cidade com uma melodia maravilhosa. Desta vez não eram os ratos que
o seguiam, mas as crianças que nem ouviam o chamado de seus pais para
voltar pra casa e caminhavam, iam longe, muito longe...”
Akbar: “E depois estas crianças voltaram!”
Muralí: “Não voltaram. A cidade foi ficando triste, sem vida, sem ratos, sem
crianças...Todos seguiram a hipnose da flauta numa melodia contagiosa e
fascinante.”
Akbar: “É incrível mesmo! Um instrumento tão pequeno, capaz de causar
tanta coisa!”
Mural : “O sopro é mágico sim, carregado de tamanhos mistérios que eu
precisaria de muitas horas para contar... mas lembre-se que isto é só um
conto, a flauta não tem culpa da confusão do rei não ter cumprido o
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
combinado, ela simplesmente fez seu papel de carregar aqueles que a
seguiam.”
Akbar: “Verdade... Estamos tão acostumados com finais felizes que achamos
diferente, mas vamos continuar nossa busca pelos mitos, contos e encantos
da flauta doce...”
3.7. Conclusão
Depois da aplicação dos exercícios técnicos de escalas e o estudo do
repertório, fica mais fácil diferenciar os exercícios e adaptá-los. Além das notas
alteradas (como o si bemol), eles dão possibilidades de diferentes músicas e
outros tons. Quanto às brincadeiras, você pode utilizar inclusive materiais
recicláveis para que os alunos possam ter interdisciplinaridade nas aulas de
música.
3.8. Resumo
Nesta unidade, verificamos várias possibilidades do estudo de escalas e
exercícios técnicos. O repertório diferenciado é para não cair na rotina de
diversos métodos que às vezes trabalham apenas peças eruditas ou somente
músicas folclóricas. É importante que o educador hoje esteja atento à faixa etária
e à pluralidade de personalidades numa mesma sala de aula, portanto, é
importante a diversidade e a constante pesquisa para busca e renovação de
materiais aplicados.
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através deste guia você pode conhecer um pouco sobre a flauta doce
como instrumento musicalizador. Um instrumento que mostra grandes
possibilidades para contribuição na educação musical. Afinal, musicalizar é
despertar o gosto pela música, contribuindo para a formação do ser humano,
Assim, com a flauta, sabemos que isso é possível. Através de atividades
diversificadas, podemos trabalhar elementos como: acuidade auditiva,
memorização, coordenação motora, imaginação, socialização e expressividade,
partindo do pressuposto que os principais elementos do lúdico são: imitação,
percepção e criação.
Sendo assim, baseando na ementa apresentada no início deste material e
pensando na vivência das práticas reflexivas e processos de criação, nos
direcionamos a uma proposta curricular mais completa possível, baseando em
um modelo da proposta pedagógica de Swanwick (2003) e que é denominada
por modelo TECLA. Com esse modelo, intentamos a vislumbrar o ensino e
aprendizagem da música através dos seguintes parâmetros:
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INSTRUMENTO MUSICALIZADOR FLAUTA DOCE I
Para entender melhor o modelo (T)E(C)LA, tradução de
(C)LA(S)P do inglês, sugerimos o livro:
SWANWICK, Keith. Ensinando música musicalmente.
Tradução de Alda Oliveira e Cristina Tourinho. São Paulo:
Moderna, 2003.
Portanto, esperamos ter despertado a curiosidade, o lúdico, a pesquisa, a
criação e a criatividade através do estudo de um instrumento tão interessante e
importante para a história da música, bem como para o desenvolvimento da
musicalidade.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEINEKE, Viviane; FREITAS, Sérgio P. R. Lenga La lenga : jogos de mãos e copos. Vol. 1. São Paulo: Ciranda Cultural, 2006.
CALLEGARI, Paula Andrade. Oficina de flauta doce: uma alternativa para o ensino de música. In: XV ENCONTRO ANUAL DA ABEM. João Pessoa, 2006. Anais... João Pessoa: ABEM 2006. CD ROM
Flauteando na escola: uma experiência coletiva de produção de material didático. In: XII ENCONTRO ANUAL DA ABEM. 2003. Florianópolis. Anais... Florianópolis: ABEM 2003b. CD
FRANK, Isolde. Método para flauta doce soprano. São Paulo: Ricordi Brasileira, 2002.
LENGA LA LENGA: jogos de mãos e copos. Direção de Viviane Beineke e Sérgio Paulo Ribeiro de Freitas. Produção de Deodósio Juvenal Alves Júnior. São Paulo: Ciranda Cultural, 2006. 2 CDs.
MONKEMEYER, Helmut. Método para tocar flauta doce soprano. [S.l.]: Edición Moek, 1966.
MOTA, Fernando; SUZIGAN, Maria Lucia. Método de iniciação musical para jovens e crianças flauta doce. Vol. 1. [S.l.]: G4, 2002.
PAOLIELLO, Noara de Oliveira. A flauta doce e sua dupla função como instrumento artístico e de iniciação musical. 2007. Monografia (Licenciatura em Instrumento Musicalizador Flauta Doce I Plena em Educação Artística – Habilitação em Música) - Instituto Villa-Lobos, Centro de Letras e Artes, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2007.
PENNA, Maura. Reavaliações e buscas em musicalização. São Paulo: Loyola, 1990.
PIAGET, J. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e Representação. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
PROSSER, Elisabeth Seraphim. Vem comigo tocar flauta doce: Manual para flauta doce soprano. V. 1. Brasília: Musimed, 1995.
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ROCHA, Carmen Maria Mettig. Iniciando a flauta doce. São Paulo: Ricordi, 1986.
SANTA ROSA, Nereide Schilaro. Flauta doce: Método de Ensino para crianças. São Paulo: Scipione, 1993.
SOPRO NOVO YAMAHA: Caderno de flauta doce soprano. Rio de Janeiro: Irmãos Vitale, 2006.
SOUZA, Jusamara; HENTSCHKE, Liane; BEINEKE, Viviane. A flauta doce no ensino de música nas escolas: análise e reflexões sobre uma experiência em construção. Em Pauta, Porto Alegre, v. 12/13, p. 63-78, nov. 1996 - abr. 1997.
SWANWICK, K. A basis for music education. London: Routledge, 1979.
SWANWICK, Keith. Ensinando música musicalmente. Tradução de
Alda Oliveira e Cristina Tourinho. São Paulo: Moderna, 2003
TEIXEIRA, Walmir Marcelino. Caderno de Musicalização: Canto e Flauta Doce. Curitiba: Secretaria de Estado da Educação do Paraná, 2008.
TIRLER, Helle. V.3. São Leopoldo: Sinodal, 1999.
TIRLER, Helle. Vamos tocar flauta doce. V.2. São Leopoldo: Sinodal, 1999.
TIRLER, Helle. Vamos tocar flauta doce. Vol. 1. São Leopoldo: Sinodal, 1999.
TIRLER, Helle. Vamos tocar flauta doce. Vol. 1. São Leopoldo: Sinodal, 1970.
VAN HAUWE, Walter. The Modern Recorder Player. Vol. I. Meinz: Schott, 1984.
VAN HAUWE, Walter. The Modern Recorder Player.. Vol. II. Meinz: Schott, 1987.
VAN HAUWE, Walter. The Modern Recorder Player.. Vol. III. Meinz: Schott, 1992.
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VIDELA, Mario A. Método Completo para flauta dulce contralto. Tomo II. Buenos Aires: Ricordi Americana, 1983.
WISNIK, José Miguel. Outra história das músicas. São Paulo: Companhia das Letras: Círculo do Livro, 1989.