INTELECTUAIS NEGRAS: SABERES TRANSGRESSORES, “ESCRITAS DE SI” E PRÁTICAS EDUCATIVAS DE MULHERES

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EMENTA: Conhecimentos orais e escritos de mulheres negras. Histórias, práticas e nuances dos feminismos negros (cis e transgêneros) e seus sujeitos no Brasil, na América Latina e no continente africano. Práticas educativas emancipatórias, relações de gênero e antirracismo. Pensamento feminista negro e reeducação das relações étnico-raciais em contextos escolares. Pesquisa ativista e a construção de narrativas na primeira pessoa (“escritas de si”). Diálogos horizontais entre produção escolar, acadêmi ca e militante. As relações entre subjetividade (saberes localizados) e conhecimento científico. O trabalho com gêneros literários diferenciados em sala de aula (livros e artigos, entrevistas, romances, poesias, letras de música, documentários). Os conceitos de intelectual negra e interseccionalidade. OBJETIVOS GERAIS Relacionar teorias feministas negras e práticas pedagógicas na formação docente inicial. Identificar e questionar desigualdades interseccionais (raça, gênero, sexualidade, classe, geração etc.) em currículos e espaços múltiplos (escolas, universidades, movimentos sociais). Conhecer biografias e escritos de mulheres negras com diferentes inserções profissionais. Reconhecer as subjetividades políticas como produtoras de conhecimentos científicos. Produzir materiais didáticos e intervenções político-pedagógicas calcadas na perspectiva das “escritas de si” e dos feminismos negros e interseccionais. METODOLOGIA A sala de aula será um espaço de construção e aprimoramento de conhecimentos e pontos de vista feministas negros e interseccionais. Pontos de vista estes relacionados ao ofício de professora e às implicações das escolhas pedagógicas adotadas nas nossas práticas docentes. A socialização de saberes entre estudantes e a professora terá no diálogo, embasado pelas práticas de escrita e leitura, importante lugar. Além disso, para a mediação do processo ensino-aprendizagem serão combinadas várias estratégias, dentre as quais: apresentações de textos, rodas de conversa, debates, exibição de vídeos, trabalhos em pequenos grupos, registros diversos, elaboração de planos, projetos pedagógicos e documentários. AVALIAÇÃO A avaliação será contínua, considerando a frequência (mínimo de 75%), o compromisso das e dos estudantes com as atividades propostas para as aulas, o desempenho nas avaliações formais e no curso como um todo. As avaliações formais consistem na realização de atividades, individuais e grupais, que primam pela verificação das aprendizagens dxs participantes do curso. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO INTELECTUAIS NEGRAS: SABERES TRANSGRESSORES, “ESCRITAS DE SI” E PRÁTICAS EDUCATIVAS DE MULHERES NEGRAS (2015.2) PROFESSORA: GIOVANA XAVIER

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EMENTA: Conhecimentos orais e escritos de mulheres negras. Histórias, práticas e nuances dos feminismos negros (cis e transgêneros) e seus sujeitos no Brasil, na América Latina e no continente africano. Práticas educativas emancipatórias, relações de gênero e antirracismo. Pensamento feminista negro e reeducação das relações étnico-raciais em contextos escolares. Pesquisa ativista e a construção de narrativas na primeira pessoa (“escritas de si”). Diálogos horizontais entre produção escolar, acadêmica e militante. As relações entre subjetividade (saberes localizados) e conhecimento científico. O trabalho com gêneros literários diferenciados em sala de aula (livros e artigos, entrevistas, romances, poesias, letras de música, documentários). Os conceitos de intelectual negra e interseccionalidade.

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EMENTA:

Conhecimentos orais e escritos de mulheres negras. Histórias, práticas e nuances dos feminismos negros

(cis e transgêneros) e seus sujeitos no Brasil, na América Latina e no continente africano. Práticas

educativas emancipatórias, relações de gênero e antirracismo. Pensamento feminista negro e reeducação

das relações étnico-raciais em contextos escolares. Pesquisa ativista e a construção de narrativas na

primeira pessoa (“escritas de si”). Diálogos horizontais entre produção escolar, acadêmica e militante. As

relações entre subjetividade (saberes localizados) e conhecimento científico. O trabalho com gêneros

literários diferenciados em sala de aula (livros e artigos, entrevistas, romances, poesias, letras de música,

documentários). Os conceitos de intelectual negra e interseccionalidade.

OBJETIVOS GERAIS

Relacionar teorias feministas negras e práticas pedagógicas na formação docente inicial.

Identificar e questionar desigualdades interseccionais (raça, gênero, sexualidade, classe, geração

etc.) em currículos e espaços múltiplos (escolas, universidades, movimentos sociais).

Conhecer biografias e escritos de mulheres negras com diferentes inserções profissionais.

Reconhecer as subjetividades políticas como produtoras de conhecimentos científicos.

Produzir materiais didáticos e intervenções político-pedagógicas calcadas na perspectiva das

“escritas de si” e dos feminismos negros e interseccionais.

METODOLOGIA

A sala de aula será um espaço de construção e aprimoramento de conhecimentos e pontos de vista

feministas negros e interseccionais. Pontos de vista estes relacionados ao ofício de professora e às

implicações das escolhas pedagógicas adotadas nas nossas práticas docentes. A socialização de saberes

entre estudantes e a professora terá no diálogo, embasado pelas práticas de escrita e leitura, importante

lugar. Além disso, para a mediação do processo ensino-aprendizagem serão combinadas várias

estratégias, dentre as quais: apresentações de textos, rodas de conversa, debates, exibição de vídeos,

trabalhos em pequenos grupos, registros diversos, elaboração de planos, projetos pedagógicos e

documentários.

AVALIAÇÃO

A avaliação será contínua, considerando a frequência (mínimo de 75%), o compromisso das e dos

estudantes com as atividades propostas para as aulas, o desempenho nas avaliações formais e no curso

como um todo. As avaliações formais consistem na realização de atividades, individuais e grupais, que

primam pela verificação das aprendizagens dxs participantes do curso.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO INTELECTUAIS NEGRAS: SABERES TRANSGRESSORES, “ESCRITAS DE SI” E PRÁTICAS EDUCATIVAS DE MULHERES NEGRAS (2015.2) PROFESSORA: GIOVANA XAVIER

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PROGRAMA DO CURSO (PARCIAL)

UNIDADE I: CONSTRUINDO UMA COMUNIDADE DE APRENDIZADO

SESSÃO 1 – 06/11/15

Apresentação do programa e da proposta do curso

Ateliê de ideias: “Escritas de si” e biografias na sala de aula

Personagens da Unidade I

Azoilda Loretto da Trindade

Carolina Maria de Jesus

Cidinha da Silva

Jacqueline Gomes de Jesus

Neusa dos Santos Pereira

SESSÃO 2 – 27/11/15

“Comunidade de aprendizado” e “Pedagogia da transgressão”

1. Texto-Artilharia

2. Discussão do texto:

hooks, bell. “Ensinando a transgredir” e “Pedagogia engajada”. In: _____. _____. Ensinando a

transgredir: a educação como prática da liberdade. São Paulo: Martins Fontes, pp. 09-24; 25-36.

3. LANCHE COMUNITÁRIO

4. Ateliê de ideias:

“Escritas de si”: antídotos contra a história única

Exibição do vídeo de Chimamanda Adichie. “Os perigos da história única”. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=wQk17RPuhW8 Acesso: 15/11/2015.

Abre-alas: apresentação das personagens de cada grupo para a turma

*Cada grupo deverá confeccionar e levar pronto um estandarte (bonito, colorido e criativo) com uma

foto da sua personagem.

Leitura da narrativa escrita pelo grupo SOBRE SUA PERSONAGEM na qual constem:

Nome

Idade

Área de atuação

“Escrita de si”: relação da personagem e de seu pensamento com o combate à “história única”

Tempo para cada grupo: 10 minutos

SESSÃO 3 – 04/12/15

Concepções e construções de registros “na primeira pessoa”

Convidada: Profa. Ms. Janete dos Santos Ribeiro (Iserj)

1. Texto-Artilharia

2. Discussão do texto:

FREIRE, Ida Mara. “Tecelãs da existência”. Estudos Feministas, Florianópolis, n. 22, v. 2, mai-ago.

2014, pp. 565-584. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/36545 Acesso:

15/11/2015.

3. LANCHE COMUNITÁRIO

4. Ateliê de ideias: Tecendo diários de bordo Conceição Evaristo. "Da grafia desenho de minha mãe um dos lugares do nascimento da minha escrita".

Disponível em: http://nossaescrevivencia.blogspot.com.br/2012/08/da-grafia-desenho-de-minha-mae-um-

dos.html Acesso: 03/09/2015.

5. Trabalho com as personagens: dois grupos

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SESSÃO 4 – 11/12/15

Feminismo negro, feminismos negros: sentidos em disputa

1. Texto-Artilharia

2. Discussão do texto:

CARDOSO, Claudia Pons. “Traçando o caminho em outras definições”. In: _____. _____. Outras falas:

feminismos na perspectiva de mulheres negras brasileiras. Tese (Doutorado em Estudos

Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo), UFBA, 2012, pp. 268-330. Disponível em:

https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/7297/1/Outrasfalas.pdf

3. Ateliê de ideias: leitura compartilhada dos diários de bordo

(tema da narrativa a ser construído pela turma)

4. LANCHE COMUNITÁRIO

5. Trabalho com as personagens: um grupo

SESSÃO 5 – 18/12/15

Feminismo negro no plural: desfazendo gêneros, pluralizando sexualidades

Convidada: Profa. Alessandra Ramos Makeda (ativista transfeminista, assessora parlamentar do

deputado federal Jean Willys)

1. Texto-Artilharia

2. Discussão do texto:

ARAÚJO, Maria Clara. “Mulher trans negra e feminismo”. Disponível em:

http://blogueirasnegras.org/2015/05/22/mulher-trans-negra-e-feminismo/ Acesso: 01/11/2015.

SANTANA, Dora. “Edução, Racismo anti-negro e Transfobia no Brasil” (texto no prelo).

3. LANCHE COMUNITÁRIO

4. Ateliê de ideias (atividade a construir com a turma)

TRINDADE, Azoilda. “Fragmentos de um discurso sobre afetividade”. In: Caderno Modos de Brincar, 3

TMP. Disponível em: http://www.acordacultura.org.br/sites/default/files/kit/Caderno1_ModosDeVer.pdf

Acesso: 09/03/2015.

5. Trabalho com as personagens: dois grupos

AVALIAÇÃO UNIDADE I – ESTUDO DIRIGIDO

Movimentos de mulheres negras na primeira pessoa

Realização de um estudo dirigido EM GRUPO sobre a autora e o texto indicado, no qual serão

pesquisados:

a) Imagem e dados biográficos

b) Espaços de atuação

c) Principais pontos de vista presentes na escrita da autora

d) Sentidos de intelectual negra presentes no texto

e) Escrevivência sobre como a leitura do texto afetou o grupo

Prazo para entrega: 04/01/16

Valor: 2,0 pts.

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TEXTOS INDICADOS:

1. Beatriz Nascimento

RATTS, Alex. “Antes tudo acontecesse como acontecem as histórias” e “É tão bom o retorno”. In: _____. _____.

Eu sou atlântica: sobre a trajetória de vida de Beatriz do Nascimento. São Paulo: Instituto Kuanza; Imprensa

Oficial, 2006, pp. 17-23; 24-34. Disponível em

http://www.imprensaoficial.com.br/PortalIO/download/pdf/projetossociais/eusouatlantica.pdf Acesso:

15/11/2015.

2. Edna Roland

ROLAND, Edna. “Direitos reprodutivos e racismo no Brasil”. Estudos Feministas, n. 2, 1995, pp. 507-514.

Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2008000300017 Acesso:

15/11/2015.

3. Lélia Gonzales

GONZALEZ, Lélia. “Racismo e sexismo na cultura brasileira”. Revista Ciências Sociais Hoje,

Anpocs, 1984, pp. 223-244. Disponível em:

http://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/247561/mod_resource/content/1/RACISMO%20E

%20SEXISMO%20NA%20CULTURA%20BRASILEIRA.pdf Acesso: 15/11/2015.

4. Matilde Ribeiro

RIBEIRO, Matilde. “Mulheres negras: uma trajetória de criatividade, determinação e organização”. Estudos

Feministas, n. 16, v. 3, set.-dez.2008, pp. 987-1004. Disponível em:

https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2008000300017 Acesso: 15/11/2015.

5. Sueli Carneiro

CARNEIRO, Sueli. “Mulheres em movimento”. Estudos Avançados, v. 17, n.49, set.-dez. 2003, pp. 117-132.

Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142003000300008&script=sci_arttext Acesso:

15/11/2016.

UNIDADE II: SUJEITXS, TEORIAS E EXPERIÊNCIAS FEMINISTAS NEGRAS

SESSÃO 6 – 08/01/16

“Nossos passos vêm de longe”

Convidadas: Profas. Elizabeth Viana (Ms. em História Comparada/UFRJ) e Rosália Lemos (IFRJ,

doutoranda em Política Social na UFF)

1. Texto-Artilharia

2. Discussão dos textos:

ESPÍRITO SANTO, Elizabeth Viana. “Lélia Gonzalez e outras mulheres: pensamento feminista,

antirracismo e antisexismo”. Revista da ABPN, v. 1, n. 1, mar.jun. 2010, pp. 52-63. Disponível em:

http://www.abpn.org.br/Revista/index.php/edicoes/article/viewFile/24/14 Acesso: 01/11/2015.

LEMOS, Rosalia de Oliveira. “O movimento das mulheres negras no Rio de Janeiro”. In: _____. _____.

Feminismo negro em construção: a organização do Movimento de Mulheres Negras no Rio de Janeiro.

Dissertação (Mestrado em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social), Instituto de Psicologia

da UFRJ, 1997, pp. 55-115. Disponível em:

https://www.academia.edu/8587583/O_Feminismo_Negro_em_Constru%C3%A7%C3%A3o_a_Organiz

a%C3%A7%C3%A3o_das_Mulheres_Negras_no_Rio_de_Janeiro Acesso: 21/11/2015.

3. LANCHE COMUNITÁRIO

4. Apresentação dos Estudos Dirigidos