Internacionalização de negócios

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Hélio Morrone Cosentino Francesco Paternò

(Organizadores)

Internacionalização de negócios: estratégia de crescimento e desenvolvimento sustentável

de empresas italianas e brasileiras

Internazionalizzazione: strategia di crescita e sviluppo sostenibile di imprese italiane e

brasiliane

1ª Edição

São Paulo Câmara Ítalo - Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura de São Paulo

2012

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Ficha de Catalogação

I 61 Internacionalização de negócios: estratégia de crescimento e desenvolvimento sustentável de empresas italianas e brasileiras=Internazionalizzazione: strategia di crescita e sviluppo sostenibile di imprese italiane e brasiliane / organização Hélio Morrone Cosentino, Francesco Paternò. – São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2012.

Bibliografia

ISBN 1.Internacionalização de negócios 2. Desenvolvimento

sustentável 3. Empresas italianas 4. Empresas italianas I. Cosentino, Helio Morrone II. Paternó, Francesco

CDD 338.88

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ORGANIZAÇÃO

Hélio Morrone Cosentino Francesco Paternò

AUTORES

Adiliana dos Santos Peres

Alan Duarte Alexandre Nabil Gohbril

Álvaro Alves de Moura Jr Anderson Freitas Silva

André Castilho Ferreira da Costa Andresa Silva Neto Francischini

Bruno Elias Lozano Daniela Coutinho

Daniele Vitorino Fátima Guardani

Francesco Paternò Hélio Morrone Cosentino

Joaquim C. Racy Marcos Afonso

Mário Donato da Silva Nelson Destro Fragoso Paulo Rogério Scarano

Ricardo M. Gioia Riyemi Mahmoud

Rodrigo Augusto Prando Rodrigo de Oliveira

Saulo Soares Souza

REVISÃO TÉCNICA

Marcelo José Ranieri Cardoso Yolanda Maria Guimarães Ranieri Cardoso

COLABORAÇÃO TÉCNICA E APOIO

Daniel Martinez Lima

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Os capítulos são de responsabilidade legal de cada um de seus autores. É permitida a reprodução total ou parcial deste livro desde que não possua fins comerciais.

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Em memória de Alessandra Ghobril

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PREFAZIONE In quest’anno 2012 il Brasile vive un momento molto speciale. Fatti e non

soltando promesse cominciano a rivelare un nuovo grado di maturità e sviluppo sostenibile della società Brasiliana conquistati negli ultimi quindici anni.

Rimangono però profonde sfide nell’affrontare questioni nazionali e mondiali cruciali per il consolidamento di questo processo.

In questo insieme di contrasti, tra opportunità e pericoli, sottostimare la forte identità Brasile-Italia come strumento di sviluppo nel produrre affari, certamente sarebbe una visione miope, senza precedenti per imprese e governi da ambo le parti.

Il “Momento Italia-Brasile” 2011-2012 rappresenta una ricerca effettiva per stringere le relazioni tra i due paesi, nella ricerca di una convergenza di interessi finora poco sfruttati. Nel completare a marzo 2012 cento e dieci anni di lavoro l’ITALCAM, certamente, è una delle organizzazioni più rilevanti nell’ effetuare e consolidare questi legami, in forma pragmatica, in quanto, ha sviluppato lungo questo periodo competenze fondamentali per intermediazione e facilitazione di azioni commerciali e culturali tra i due paesi.

Così più che un opera di ricerca accademica, questo libro rappresenta una celebrazione effettiva della coniugazione-congiunzione degli sforzi dei suoi autori e dell’ITALCAM per fotografare le relazioni Brasile-Italia con le diverse sfaccettature. I capitoli certamente non esauriscono le varie tematiche, ma permettono per mezzo delle informazioni ottenute con 400 interviste e 43 imprese una visione semplificata e didattica di questa realtà.

Servono inoltre come banco di dati e punto di partenza fondamentale per nuovi studi e progetti di affari impresariali.

L’ITALCAM, cerca così di contribuire e promuovere una effettiva partecipazione tra l’università e l’impresa per l’azione di giovani studenti, i loro professori, orientatori, impresari e industriali nella realizzazione di conoscenze applicate negli affari.

Edoardo Pollastri Presidente ITALCAM

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SUMÁRIO

Introdução........................................................................................................... 07

Capítulo 1: Italianidade e negócios .....................................................................09

Capítulo 2: O processo de formação de estratégia na trajetória de internacionalização

das organizações: um estudo sobre a influência das formações de estratégia na

internacionalização das empresas ítalo-brasileiras.................................................20

Capítulo 3: Internacionalização de negócios: estratégia de crescimento e

desenvolvimento sustentável de empresas italianas e brasileiras.........................77

Capítulo 4: O papel da inovação nas estratégias de internacionalização de empresas

italianas e brasileiras.............................................................................................91

Capítulo 5: A confiança do público jovem nos produtos de origem italiana...........109

Capítulo 6: Da Itália ao Brasil: biografia e sociedade na trajetória do empreendedor

Francisco Matarazzo..............................................................................................126

Capítulo 7: Empreendedorismo e o sistema de incubação no Brasil e na Itália......145

Capítulo 8: A influência do investimento estrangeiro direto italiano no Brasil

globalizado..............................................................................................................151

Capítulo 9: Considerações sobre a cooperação Brasil-Itália...................................169

Capítulo 10: O papel da Câmara Ítalo-brasileira de comércio de São Paulo nas

relações internacionais Itália-Brasil..........................................................................177

Capítulo 11: Câmara Ítalo - Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura de São

Paulo.........................................................................................................................181

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INTRODUÇÃO Introdução

Este livro é fruto de um acordo de cooperação entre a ITALCAM –

Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura e a UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE com o objetivo de estabelecer uma melhor compreensão das relações bilaterais de negócios entre Itália e Brasil. Nasceu de uma percepção subjetiva de que as relações comerciais, históricas e culturais entre os dois países é subaproveitada na geração sustentada de novos negócios.

O Projeto teve início em agosto de 2009 e término em março de 2011, tendo sido inicialmente dividido em três macros áreas (ver figura na página a seguir), sofrendo incrementos conforme oportunidades que se apresentaram no decorrer de sua execução.

Área 1 - ITALIANIDADE E NEGÓCIOS: aquela que investigou as relações do jovem gestor e/ou estudante de Administração de Empresas e Comércio Exterior, de ascendência italiana ou não, frente ao potencial entrosamento com a cultura italiana e sua disposição para fazer negócios e participar de empresas italianas.

Principais subdimensões consideradas: como o jovem gestor se aloca na cultura italiana vigente no Brasil e seus meios de acesso a ela; sua potencial intenção de entrosamento nessa cultura; a imagem percebida por ele das empresas e negócios; sua disposição em fazer negócios com empresas italianas.

Área 2 - ESTRATÉGIAS: foi a interface agregadora do projeto e,

possivelmente, a mais relevante. Aqui também foram incluídas as questões de internacionalização e dada sua complexidade foi realizada em duas fases. Na primeira fase (exploratória) procuramos obter um desenho da estrutura vigente e, posteriormente, aprofundamos as questões, de forma a entender as relações entre estratégias e o processo de internacionalização das empresas.

Consideraram-se as principais subdimensões: ciclo de vida do produto/empresa e ambiente competitivo; oportunidades de negócios; processo (trajetória) de internacionalização; estrutura organizacional das empresas na internacionalização e processo de formação de estratégias na internacionalização.

Área 3 - MARCA ITÁLIA: aquela que avaliou a visão e aceitação do

jovem consumidor frente a “marca país”. Muitas nuances foram consideradas (marca construída, marca percebida, marca turismo, marca território, etc.). Buscou-se observar o que o jovem consumidor entende e vê como um produto italiano e sua disposição em aceitá-lo.

O projeto contou com a participação de todo o staff da ITALCAM e de onze professores do CCSA – Centro de Ciências Sociais e Aplicadas da universidade e um professor convidado da FUNENSEG – Fundação Escola Nacional de Seguros.

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Teve a participação de cerca de 400 alunos que participaram das pesquisas envolvidas, 43 empresas, a maior parte por indicação da ITALCAM dentre seus associados e 3 grupos (total 15 alunos) que trabalharam os temas diretamente em seus trabalhos de graduação interdisciplinar (TGI) sob orientação direta dos professores pesquisadores envolvidos.

O produto final, mais do que um simples relatório de resultados gerou

um livro que compilou os diversos aspectos relacionados ao projeto, além de seus resultados.

Na constituição dos capítulos optou-se por permitir que os autores usassem o formato e linguagem que julgassem mais conveniente ao desenvolvimento de suas ideias, sempre mantendo rigor científico, porém livres para simplificarem o texto e sua organização de forma a torna-lo agradável a todos os tipos de leitores. Os autores são integralmente responsáveis pelos capítulos que assinam.

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CAPÍTULO 1

ITALIANIDADE E NEGÓCIOS

Hélio Morrone Cosentino André Castilho Ferreira da Costa

Saulo Soares Souza INTRODUÇÃO A percepção subjetiva de que as relações comerciais, históricas e

culturais entre Brasil e Itália são subaproveitadas na geração sustentada de novos negócios é um sentimento bastante evidente no discurso do empresariado, quer seja em fóruns, seminários ou grupos setoriais de promoção comercial de ambos os países.

A proposta de entender a relação entre “italianidade e negócios” nasceu da perspectiva de que a grande massa de ítalo-descendentes brasileiros poderia ter influência estratégica nas relações bilaterais de negócios entre o Brasil e a Itália.

Embora o termo italianidade possa ser definido como proposto por Aulete (2010), Weiszflog (2010) e Houaiss (2010) como o caráter ou qualidade peculiar do que ou de quem é italiano, ou mesmo pelo sentimento de afinidade ou de amor pela Itália, ficam algumas lacunas no seu entendimento. A sociologia e a antropologia buscam preencher tais espaços sem obter completo sucesso, pois se prendem, sobretudo, às questões de identidade cultural entre Brasil e Itália, abordando de maneira menos pragmática as questões empresariais.

Este trabalho procura preencher tal lacuna e, assim, subsidiar políticas públicas e o planejamento estratégico de empresas em nível local ou em seu processo de internacionalização.

Neste contexto, buscou-se investigar as relações do jovem gestor e/ou estudante de cursos de Administração de Empresas e Comércio Exterior, de ascendência italiana ou não, frente ao potencial entrosamento com a cultura italiana e sua disposição para fazer negócios e participar de empresas italianas. A opção por escolher os jovens como amostra de estudo deu-se pela suposição que, muito provavelmente, esta parcela populacional alcançará em uma década posição de destaque no mercado de trabalho e poderá, portanto, agir de forma estratégica na tomada de decisão em negócios.

Para tanto, procurou-se responder a duas questões essenciais: • Qual o grau de atratividade de jovens brasileiros (estudantes e

profissionais) de ascendência italiana ou não com a cultura e negócios com empresas italianas?

• Qual a influência estratégica da identidade cultural Brasil-Itália no estabelecimento de negócios entre os dois países?

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Para uma melhor compreensão dos resultados deste estudo abordaram-

se inicialmente algumas questões relevantes à idéia e conceito de italianidade. Embora propalado que este tema seja amplamente estudado e disponha de farta literatura, tal fato não se revelou verdadeiro, pois boa parte do material encontrado demonstra pouca materialidade científica, ou seja, encontra-se baseado em opiniões romantizadas e em uma cultura mítica.

Dadalto (2008) aborda a questão competentemente em sua obra O discurso da italianidade no Espírito Santo: realidade ou mito construído? concluindo:

Contudo, não há dados objetivos suficientes que justifiquem afirmar que o estado é constituído em mais de 60% por ítalo descendentes ou que a identidade do capixaba seja fundada na italianidade. O Espírito Santo é sabidamente território em que prospera a diversidade cultural. Porém, a eficácia de uma prática discursiva, sustentada no entusiasmo ufanista da derrota da adversidade, dá alento ao mito da italianidade na supremacia da configuração da identidade capixaba (DADALTO, 2008).

Talvez as conclusões dessa autora possam ser estendidas a outras situações e estados brasileiros, pois a revisão da literatura, baseada em termos chaves como “italianidade, italianity ou italianitá” e suas variações, realizada bibliograficamente e em mecanismos eletrônicos acadêmicos e empresariais que acessam bases de dados tais como o PORTAL CAPES, EBSCO, PROQUEST, etc., retorna um número pouco significativo de resultados, especialmente associados ao ambiente empresarial. Apesar disso, pudemos destacar aspectos interessantes que comumente são associados à idéia de italianidade e que, portanto, permitiriam sua utilização de forma estratégica.

ITALIANIDADE Bechelloni (2007) afirma que o termo “italianidade” não possui origem

certa, mas que teria sido criado ou utilizado mais formalmente a partir dos estudos de Piero Basseti na década de 2.000.

Em um de seus estudos este último afirma: A Italianidade não é italocêntrica. Para defini-la da melhor maneira

possível deve-se encará-la como uma manifestação que é global (o conjunto das comunidades italianas no âmbito global) e, ao mesmo tempo, local (as inúmeras ramificações ou subconjuntos de italianos itálicos, italianos suíços, italianos da Dalmácia, ítalo-americanos, ítalo-argentinos etc., aos quais devem acrescentar-se todos os que apreciam o modo de vida italiano, um estilo de vida e uma cultura muito típicos e fáceis de se reconhecer). A italianidade está presente em todo o mundo e ligada por fortes correntes compartilhadas. Os itálicos se identificam, pelo seu modo de ser itálico, com uma cultura, economia, divertimentos, moda e cozinha de origem itálica... (BASSETTI, 2005).

Curiosamente o autor não cita a comunidade ítalo-brasileira, apesar dos 25 milhões de ítalo-descendentes que existiriam no Brasil. Fato este que parece mais freqüente que o normal também em diversos outros estudos, o que eventualmente poderia sugerir um caráter de importância secundário, dado à imigração italiana no Brasil e, portanto, a seus descendentes.

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Bechelloni (2007) ressalta ainda a importância da visão de Basseti sobre

a italianidade, uma vez que sua atuação como Presidente da Câmara de Comércio de Milão, da União das Câmaras de Comércio Italianas e da União das Câmaras de Comércio Italiana no mundo certamente contribuiu para uma visão cosmopolita e pragmática do tema. Afirma ainda que a presença italiana no mundo é tão ativa e está presente em diversos lugares e papéis, impelida por seus empreendimentos e por outras qualidades e atributos culturais que derivam do legado de milhares de anos de civilização itálica. Tais qualidades e atributos seriam, por assim dizer, contagiosos, por serem adquiridos, no todo ou em parte, por outras pessoas em todo o mundo que não são etnicamente italianas, nem descendem de italianos.

Bao (2010) faz um resgate sócio-histórico da construção da italianidade no Brasil procurando mostrar como a identidade italiana foi sendo historicamente tecida no Brasil sob condições sociais singulares, mediada por relações e interações sociais específicas que promoveram tal identificação.

Kanaan (2008) ressalta as peculiaridades de tal identificação, quando afirma em seus estudos que um contexto aparentemente estruturado em “italianos” e “brasileiros” comporta também poros de permeabilidade frente a grupos de novos imigrantes e que as fronteiras simbólicas entre os grupos mostraram-se fluídas e negociáveis. A autora afirma compreender italianidade como referências simbólicas que referem a qualidades morais e que versam sobre o “bom” trabalhador, o “bom” operário e a identidade de origem.

Gomes complementa as ideias anteriores quando afirma sobre a imigração italiana ao Brasil que a importância deste grupo no movimento migratório europeu que teve como destino o Brasil, é enorme por várias razões:

- Uma delas é de ordem quantitativa: entre 1870 e 1920, momento áureo do largo período denominado como da "grande imigração", os italianos corresponderam a 42% do total dos imigrantes entrados no Brasil, ou seja, em 3,3 milhões de pessoas, os italianos eram cerca de 1,4 milhões (GOMES 2000).

- Outras são de natureza qualitativa: o italiano reuniu as duas condições de imigração mais valorizadas por autoridades públicas, por intelectuais e por empresários privados. A proximidade de língua, religião e costumes, fez o imigrante italiano mais facilmente assimilável por nossa sociedade do que os alemães ou japoneses, por exemplo; além disto, correspondeu aos ideais de branqueamento de nossa população, acreditado como desejável para que nos tornássemos mais "civilizados" diante de nossos próprios olhos e aos olhos do mundo (GOMES 2000).

Chama a atenção a questão da origem do imigrante italiano chegado ao Brasil (Tabela 1), que predominantemente proveio do Norte da Itália (53,5%) contra o restante vindo da região meridional (12,4%) e sul (33,2%), quando usualmente afirma-se o inverso.

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Tabela 1 - Distribuição geográfica da imigração italiana ao Brasil (1876 a 1920)

1º VENETO 365.710 29,4% 2º CAMPANIA 166.080 13,4% 3º CALABRIA 113.155 9,1% 4º LOMBARDIA 105.973 8,5% 5º ABBRUZZO/MOLISE 93.020 7,5% 6º TOSCANA 81.056 6,5% 7º EMILIA - ROMAGNA 59.877 4,8% 8º BASILICATA 52.888 4,3% 9º SICILIA 44.390 3,6% 10º PIEMONTE 40.336 3,5% 11º PUGLIA 34.833 2,8% 12º MARCHE 25.074 2,1% 13º LAZIO 15.982 1,3% 14º UMBRIA 11.818 1% 15º LIGURIA 9.328 0,8% 16º SARDEGNA 6.113 0,5% TOTAL: 1.225.633 100%

Fonte: Brasil 500 anos de povoamento. IBGE. Rio de Janeiro. 2000

As questões de caráter discriminatório entre os próprios italianos,

concernentes à origem regional dos grupos imigrantes, não podem deixar de ser consideradas. No entanto, o próprio processo migratório de distribuição das populações sobre o território brasileiro, ao longo do tempo, encarregou-se de mitigar tais aspectos, dado o espalhamento e a miscigenação forçosa de tais grupos, embora algumas regiões do sul do Brasil demonstrem até hoje alguns clusters mais significativos. Ainda assim, os muitos universos italianos disseminados extensivamente criaram características únicas de italianidade no Brasil.

A visão de Zanini (2005) sobre italianidade revela uma visão interessante sobre as questões da italianidade, contrariando o senso comum. O autor afirma que a invocação da italo-brasilianidade é trabalhada positivamente e pragmaticamente, uma vez que os descendentes, em sua maior parte, não teriam desejo manifesto de viver na Itália. Cultivariam uma forma de se distinguir que tem operacionalidade apenas aqui, no universo brasileiro. Designar-se “italiano” faria mais sentido aqui, na medida em que se acionariam positividades que se agregariam às suas identidades individuais e denotariam determinado estilo de vida.

MÉTODOS

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Para responder às questões propostas nesse trabalho utilizou-se uma pesquisa exploratória descritiva, atendendo aos preceitos de Richardson (1999) que afirma que o procedimento exploratório deve ser utilizado quando não se tem informação sobre determinado tema e se deseja conhecer o fenômeno, e que o procedimento descritivo busca descrever as características de tal fenômeno.

O estudo baseou-se em um instrumento de pesquisa que procurou avaliar o constructo italianidade a partir de 40 questões objetivas divididas em 3 categorias previamente definidas pelos pesquisadores:

• CULTURA ITALIANA - como o jovem e futuro gestor alocam-se

na cultura italiana vigente no Brasil; • NEGÓCIOS - a imagem percebida por ele das empresas e

negócios italianos e sua disposição em fazer negócios com empresas italianas; • ACESSIBILIDADE - seus meios de acesso à cultura italiana e sua

potencial intenção de entrosamento nela. O referido instrumento foi aplicado a 324 estudantes de ambos os sexos

(50% de cada), em sua ampla maioria (91%) com idades entre 19 e 22 anos e pertencentes às classes sociais A e B, todos os alunos de 3º a 5º semestre (de um total 08 semestres) dos cursos de Administração de Empresas e de Comércio Exterior da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo - Capital / Brasil, sendo que metade deles (54%) já trabalhavam em algum nível de atividade produtiva em sua área de formação.

Os resultados obtidos geraram um banco de dados que foi tratado exclusivamente de forma descritiva em uma 1ª fase.

Em uma 2ª fase utilizou-se uma técnica estatística multivariada denominada “Análise Fatorial Confirmatória” que permitiu selecionar e agrupar as respostas relevantes em subdimensões operacionais (fatores). Em sequência, a partir destes fatores, procurou-se obter um modelo matemático que pudesse aferir o grau de relação de tais fatores à italianidade, fazendo-se uso de outra técnica de estatística multivariada denominada “SEM – Structural Equation Modeling” e tendo como auxílio o software “PLS - Partial Least Squares Regression”.

Em uma 3ª e última fase, criaram-se índices que pudessem “medir” o grau de italianidade no grupo de ítalo-descendentes versus demais respondentes, comparando-os. Para tanto, utilizamos técnicas comparativas de populações a partir de amostras emparelhadas, tais como “Teste T” e “ANOVA com medidas repetidas” tendo como auxílio o software estatístico IBM – SPSS (18.0).

Em todos os tratamentos estatísticos atenderam-se aos pressupostos e requisitos estatísticos recomendados por Maroco (2008), Moore (2006) e Hair (2005).

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ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO Dado o objetivo do presente capítulo, optou-se por simplificar a

apresentação dos resultados, resumindo as ideias sempre que possível e evitando a colocação dos outputs numéricos gerados pelos softwares.

1ª fase - Resultados Descritivos: Dentre os resultados de cunho puramente descritivo destacam-se de

imediato a proporção de entrevistados que possuem ascendência italiana (63%), sendo que a parcela mais representativa advém de seus bisavós.

A ampla maioria deles (88%) teve sua formação escolar prévia em escolas particulares, o que constitui no Brasil, via de regra, um ensino de melhor qualidade e denota um poder aquisitivo elevado (classe A e AB). Tal fato é corroborado por estudarem agora na Universidade Presbiteriana Mackenzie, cujos custos são bastante elevados frente às demais instituições de ensino do mercado. Dessa parcela de alunos, a ampla maioria (72%) não possuiu na fase escolar pré-universitária ligação com escolas vinculadas culturalmente a países estrangeiros. Apenas 4% tiveram sua formação em escolas ítalo-brasileiras e uma parcela mais considerável em escolas norte-americanas e inglesas (16%).

Os respondentes afirmam conhecer muito intensivamente a língua portuguesa (98%), e quando questionados sobre o conhecimento de idiomas estrangeiros, o inglês demonstra ser preponderante (51% possuem conhecimento bastante intenso + 33% grau intermediário). Segue-se o idioma espanhol em proporções mais modestas estando as demais línguas - italianas, francesas, alemãs e línguas orientais - praticamente alinhadas, em patamares insignificantes no grau de conhecimento dos entrevistados.

Pode-se afirmar que os jovens gestores reconhecem no idioma estrangeiro um fator preponderante como diferencial em sua carreira, quando afirmam que estudam línguas estrangeiras para “benefícios pessoais e profissionais que possam ter no futuro (36%)”; afirmam ainda que “estudam idiomas para conhecimento da cultura do país e potenciais benefícios profissionais e pessoais advindos desse conhecimento (43%)”.

Quando estimulados a escolherem como uma “1º opção para uma próxima língua estrangeira que desejam estudar” obtém-se em grau decrescente de preferência: espanhol, francês/inglês, italiano (13%), alemão e chinês.

Estimulados a escolherem um novo idioma para estudo, apenas por “gosto pessoal” sem considerarem questões práticas ligadas a suas carreiras, os jovens gestores escolhem o italiano em primeira posição (33%), seguido do francês (29%), alemão (12%) e as demais línguas - inclusive inglês - em níveis muito inferiores (de 3 a 8%).

Caso pudessem cursar uma parte de seus cursos de graduação em uma universidade no exterior (intercâmbio), os jovens gestores selecionariam como 1ª opção os EUA/Inglaterra (65%), estando a Itália (6%) alinhada com os demais países. Como uma 2ª opção de escolha Espanha e Itália (12%) crescem moderadamente em relação a outros países.

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Para um aperfeiçoamento após a graduação (MBA, Mestrado,

Doutorado) a maior preferência é pelo USA/Inglaterra (83%) contra 2% da Itália. Se pudessem fazer uma 2ª opção em suas escolhas, a Itália seria elevada para um nível de 9%.

Para realizar um estágio profissional, durante ou após a graduação, os respondentes preferem as empresas de origem norte-americanas (39%) e brasileiras (29%) contra apenas 3% das italianas.

Quando em condições similares (cargo, salário e benefícios) os jovens gestores escolhem como seu primeiro emprego trabalhar em empresas brasileiras ou norte-americanas (em nível próximo a 34% para cada uma delas) e somente 4% para as italianas.

Instados a mudarem sua opção em relação à questão acima, lembrando-lhes a crise econômica que afetou o mundo no ano de 2008, os jovens gestores preferem com ampla margem de vantagem empresas brasileira (42%) frente às demais (norte-americanas 20% e italianas 5%).

Quando os jovens gestores são convidados a buscar um país estrangeiro para “construírem sua carreira” a Itália e Japão ficam com apenas 3% das escolhas, o que poderia sugerir que o fluxo migratório Brasil – Itália (ou Japão) não atrairia mais os estudantes brasileiros. Se os respondentes são estimulados a “fazerem sua vida fora do Brasil, pensando principalmente em seus gostos pessoais e sendo suas carreiras apenas um objetivo dentre muitos” a escolha da Itália como destino cresce pouco (11%). Tal fato corroboraria a afirmação anterior sobre a migração brasileira.

Dentre os entrevistados 78% afirmam conhecer e poder citar nominalmente algumas empresas genuinamente italianas presentes em território brasileiro. Porém, 53% deles são indiferentes quanto ao fato de empresas italianas oferecerem-lhes oportunidades diferenciadas frente a empresas brasileiras. Se as empresas italianas são comparadas com outras empresas estrangeiras o quadro mantém-se mais evidente, quando os respondentes afirmam não perceber diferenciais nas empresas italianas (63%).

No momento em que se afirma que “as empresas italianas são pouco importantes no cenário internacional” uma parcela bastante significativa dos entrevistados (69%) discorda. Quando a mesma situação é levada ao cenário brasileiro, o valor tem leve decréscimo (61%), ou seja, em ambos os casos os jovens gestores reconhecem a importância da empresa italiana no contexto internacional.

Estimulados a optarem pela origem da empresa onde prefeririam trabalhar (brasileira, norte-americana, japonesa, chinesa e européia), sempre comparando com empresas italianas, não se observa, grosso modo, nenhum comportamento notável, ou seja, as empresas italianas e as demais são colocadas em patamares próximos. Apesar disso, os respondentes consideram empresas brasileiras um pouco menos competitivas que empresas italianas; julgam também que empresas italianas são tão competitivas como quaisquer outras empresas de quaisquer países (há uma leve dissonância com o resultado anterior, portanto).

Novamente estimulados a responderem se escolheriam trabalhar em uma empresa italiana, agora “por gosto pessoal ou simpatia”, há uma leve preponderância dos que respondem positivamente. Fato notável é que os

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avaliados não escolheriam trabalhar em empresas italianas por serem descendentes de italianos (32% diriam preferir, contra 68% que são indiferentes ou diriam não).

Consideram que trabalhar numa empresa italiana ajudaria o desenvolvimento da carreira do jovem gestor (73%), mas eles não vêem suas carreiras com boas chances de progresso ao permanecer durante muitos anos nessas empresas (58%), exceto se trabalharem longo período em uma empresa italiana que tenha se instalado no Brasil recentemente - o gestor e a empresa começarem juntos - o que lhes ofereceria alguma atratividade (52%).

Os entrevistados não julgam que empresas italianas no exterior tratariam seus funcionários (brasileiros) de forma discriminatória, e nem que seriam impedidos de evoluírem em suas carreiras por sua nacionalidade.

A ampla maioria dos interessados (83%) afirmou que não daria preferência por fazer negócios com empresas italianas ou comprar produtos italianos havendo presença de similares.

Apenas uma pequena parcela dos entrevistados freqüenta associações culturais, clubes e eventos ligados a algum país e sua cultura com maior intensidade (25%), sem forte preponderância de qualquer nação (Itália – 9%). Para eles, não há um motivo especial para fazê-lo, sendo lazer e cultura geral os principais motivadores dos que freqüentam.

Apenas 25% dos entrevistados costumam frequentar mostras de cinema, exposições, shows e eventos promovidos por algum país estrangeiro, sendo que a ampla maioria não frequentou recentemente festivais gastronômicos (82%), festas típicas (72%) ou festas religiosas (93%) promovidas por tais países. Quando estimulados a indicar suas participações especificamente no “Ano da França no Brasil” os resultados não foram diferentes.

Quando questionados sobre os motivos para não freqüentarem costumeiramente tais eventos, alegaram dois principais motivos: não haver divulgação suficiente (69%) e que tais acontecimentos não atenderiam a seus gostos pessoais (22%).

Dentre os respondentes, praticamente, a totalidade afirmou usar intensamente a internet, porém para 88% dos entrevistados o uso da rede que tenha qualquer vínculo com a Itália (cultura, emprego, negócios, lazer, músicas, filmes, etc.) restringe-se a, no máximo, 05 a 10% desse tempo.

Em relação a filmes italianos (TV, cinema, vídeo) 20% entrevistados afirmam ter assistido a 01 único filme italiano nos últimos 06 meses, contra 54% que não assistiram a nenhum.

Para “Festivais de cinema italiano”, nos últimos 02 anos, praticamente a totalidade dos respondentes (96%) não frequentou nem mesmo parcialmente tais eventos.

Festas típicas da cultura italiana em São Paulo (incluídas festas religiosas) são pouco frequentadas pelos respondentes (63% nunca foram e 34% foram poucas vezes).

A ampla maioria dos respondentes (80%) nunca comprou qualquer publicação impressa (livros, revistas, jornais e catálogos) que possuam ligação explícita com a Itália ou sua cultura.

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Dentre os entrevistados 42% não saberiam citar o nome de qualquer site, revista, canal de TV ou canal de comunicação italianos acessíveis no Brasil.

Quando estimulados a responder se têm ou teriam interesse em ter acesso aos canais de TV italianos RAI, 43% já têm acesso, mas não os assistem, enquanto 10% não têm e nem desejam ter, contra 3% que assistem com frequência. Todos os entrevistados que assistem aos canais italianos disponíveis consideram-nos de baixa qualidade, frisando o excesso de “programas de auditório” que teriam pouco ou nenhum conteúdo aproveitável.

Se os entrevistados pudessem receber via internet notícias, entretenimento, acesso a informações de cursos e negócios, oportunidades de emprego, bolsas de estudos, acesso a rádios e TV's italianos, fornecidas pelo governo italiano, 53% teriam forte interesse em cadastrar-se em uma rede/site de relacionamento Itália-Brasil. Outros 36% revelam que “talvez” tivessem interesse.

2ª Fase – Resultados por Modelagem matemática O modelo de equações estruturais (SEM) obtido procurou aferir a

capacidade estatística que os 3 fatores (CULTURA ITALIANA, NEGÓCIOS e ACESSIBILIDADE) teriam para explicar o constructo italianidade.

O modelo obtido, no entanto, não foi considerado significativo, o que sugere fortemente que o grupo de respondentes estudados possui pouco vínculo com a Italianidade. Ou seja, por extensão do raciocínio, verifica-se a baixa influência da identidade cultural Brasil-Itália na atratividade de jovens brasileiros (de ascendência italiana ou não) com a cultura e negócios com empresas italianas.

Os resultados obtidos nessa fase de tratamento dos dados possuem perfeita sintonia com os resultados obtidos na fase anterior (1ª fase - Resultados Descritivos).

A análise individualizada de cada um dos 3 fatores (grau de impacto das variáveis no constructo) poderá proporcionar em trabalhos subsequentes eventuais ações estratégicas que gerem efeitos desejados sobre a italianidade.

3ª Fase – Comparação do grau de italianidade do grupo de ítalo-

descendentes Versus demais respondentes A presença de dois grupos com características distintas (ítalo-

descendentes e os demais respondentes) poderia influenciar decisivamente nos resultados do estudo. Desta forma, optou-se por comparar os resultados (médias) obtidos com cada grupo com relação aos 3 fatores (CULTURA ITALIANA, NEGÓCIOS e ACESSIBILIDADE). Em um momento posterior geramos os scores representados na Tabela 2, incluindo o constructo italianidade que foi definido pelos pesquisadores como uma ponderação em partes iguais das médias obtidas a partir dos 03 fatores.

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Tabela 2 - Scores comparativos entre os grupos estudados Fator / Grupo Italo-

descendentes Demais

respondentes CULTURA ITALIANA +++ ++ NEGÓCIOS ++ ++ ACESSIBILIDADE + + ITALIANIDADE ++ ++ Legenda: +++++ = máximo score + = mínimo score Com exceção do fator CULTURA ITALIANA, que demonstrou leve

diferenciação para os ítalo-descendentes, os demais resultados demonstram uma igualdade entre os grupos, o que permitiria inferir que a amostra objeto deste estudo possui (novamente) baixa identidade com os valores preconizados como italianidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo conduzido buscou entender o tema “Italianidade e Negócios”

sob uma abordagem exploratória e descritiva, o que imediatamente remete às limitações inerentes a este método científico, ou seja, os procedimentos utilizados não buscam esgotar o tema ou explicar causas versus consequências, mas tão somente conhecer melhor e descrever as características do fenômeno dentro das condições amostrais expostas.

Procurou responder a duas questões essenciais: • Qual o grau de atratividade de jovens brasileiros (estudantes e

profissionais) de ascendência italiana ou não com a cultura e negócios com empresas italianas?

• Qual a influência estratégica da identidade cultural Brasil-Itália no estabelecimento de negócios entre os dois países?

No contexto dos resultados obtidos pôde-se observar que, embora a cultura italiana possa estar presente na formação da sociedade brasileira a partir de laços sanguíneos e demais elementos identitários, o grau de atratividade dos jovens brasileiros pela cultura e negócios com empresas italianas é baixo, indiferentemente para aqueles grupos que possuem ascendência italiana ou não.

Partindo-se do pressuposto de que a identidade cultural seja elemento estratégico de forte peso no estabelecimento de relacionamento empresarial entre países, os resultados aqui obtidos demonstram haver uma baixa influência desta identidade no caso Brasil-Itália, o que implica em um sub- aproveitamento de tais vínculos na potencial geração de negócios. A similaridade entre os dois países, no que tange ao posicionamento de suas economias frente ao mundo, poderia constituir elemento de importante sinergia caso associado a uma forte identidade cultural, gerando complementaridade de interesses.

Recomenda-se uma revisão das políticas públicas que possam fortalecer os laços de identificação entre os dois países, especialmente nas questões de

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acessibilidade aos jovens, sob a pena de tais laços extinguirem-se permanentemente ou ficarem relegados a níveis inservíveis.

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CAPÍTULO 2

O PROCESSO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA NA TRAJETÓRIA DE INTERNACIONALIZAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES: UM ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA DAS FORMAÇÕES DE ESTRATÉGIA NA INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS ÍTALO-BRASILEIRAS

Anderson Freitas Silva Bruno Elias Lozano

Mário Donato da Silva Rodrigo de Oliveira

Hélio Morrone Cosentino (Orientador)

1 INTRODUÇÃO

Comumente as organizações buscam novos mercados além de seus limites locais, como parte da constante busca pelo aprimoramento e crescimento de seus negócios. Em um primeiro momento a busca ocorre geralmente dentro de seu próprio país e, posteriormente, a internacionalização torna-se uma etapa natural de sua evolução.

Muitas permeiam as fronteiras de seus países e procuram evoluir no cenário internacional de uma maneira equivocada. A internacionalização faz, ou deveria fazer parte da trajetória do desenvolvimento que as organizações passam ao longo do tempo, e não um simples recurso para saída de crises ou fuga da concorrência.

Talvez, pior do que se internacionalizar por razões precipitadas, seja fazê-lo sem um planejamento estratégico adequado. A formação de estratégia na trajetória de internacionalização é ponto fundamental nesse processo, pois com o planejamento adequado as empresas alcançam posicionamento coerente no mercado e obtenção de melhores resultados, com menores custos e, principalmente, menos riscos.

Esse trabalho é relevante, pois busca relacionar o processo de formação de estratégia com a trajetória de internacionalização das organizações. Procura identificar se as organizações partem para o mercado externo por meio de uma estratégia deliberada, ou seja, planejada e alinhada previamente, ou se esse processo de internacionalização se dá por meio de estratégias emergentes.

Tais aspectos serão abordados por meio do problema de pesquisa, questionando: o processo de formação de estratégia influencia na trajetória de internacionalização da empresa?

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Para consecução deste estudo foi necessário levantar alguns conceitos.

2.1 Estratégia

No mercado competitivo em que as empresas estão inseridas as estratégias que as organizações estabelecem são fatores-chave para a obtenção de vantagem competitiva. Sua compreensão parte das definições e teorias apresentadas a seguir.

2.1.1 Conceito de estratégia

Aurélio (2007) define estratégia como a arte militar de planejar e executar movimentos e operações a favor de ações táticas, ou, como a arte de aplicar os meios disponíveis ou explorar condições favoráveis com vista a objetivos específicos.

Mintzberg e Quinn (2001) afirmam que o conceito de estratégia não é tão simples de ser definido. Para os autores, estratégia é uma idéia de como a empresa, no mercado ou prestes a mudar de mercado, pretende relacionar-se com o público, sendo ele em geral seu cliente, fornecedor, acionista ou stakeholder. As estratégias definidas ao longo do tempo acabam assim espelhando a imagem da empresa.

Já na visão de Wright et al. (2000) estratégia refere-se aos planos da alta administração para alcançar resultados consistentes com a missão e os objetivos gerais da organização. Identificam ainda a estratégia a partir de três pontos de vantagem: a formulação ou desenvolvimento da estratégia, a implantação da estratégia e o controle estratégico.

Segundo Porter (2003), a competição administrativa num determinado setor encontra-se arraigada na sua economia subjacente e em algumas forças competitivas que estão além dos combatentes nele estabelecidos. Os clientes, os fornecedores, os entrantes em potencial e os produtos substitutos, todos são concorrentes mais ou menos ostensivos ou ativos dependendo do setor. A partir desta análise o autor propôs o modelo das “5 Forças”:

• Poder de barganha dos fornecedores; • Ameaça de novos entrantes; • Ameaça de produtos substitutos; • Poder de barganha dos clientes; • Rivalidade entre concorrentes. Na concepção do autor, após uma análise desse modelo para o

mercado, as empresas podem posicionar-se e estipular estratégias, para seu desenvolvimento na obtenção de vantagem competitiva.

A estratégia é capaz de desenvolver um plano de ação que inclui posicionamento da empresa, de modo que suas capacidades proporcionem a melhor defesa contra as forças competitivas; e/ ou a influência no equilíbrio das forças, através de manobras estratégicas, melhorando, dessa forma, a posição da empresa; e/ou a antecipação de mudanças nos fatores subjacentes às forças e da reação da empresa a essas alterações, na esperança de explorá-las de modo favorável, através da escolha de uma estratégia adequada ao

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novo equilíbrio competitivo antes de seu conhecimento pelos concorrentes. (PORTER, 2003).

Thompson Jr. (2000) complementa a idéia sugerindo que a estratégia da empresa consiste no conjunto de mudanças competitivas e abordagens comerciais que os gerentes executam para atingir o melhor desempenho da empresa. A estratégia, na verdade, é o planejamento do jogo de gerência para reforçar a posição da organização no mercado, promover a satisfação dos clientes e atingir os objetivos de desempenho.

2.1.2 Processo de formação de estratégia

O planejamento do jogo gerencial para dirigir uma empresa com sucesso envolve todas as funções e departamentos principais – compras, produção, financeiro, comercialização, recursos humanos e pesquisa & desenvolvimento (P&D). Cada um tem seu papel na estratégia. O desafio da implementação da estratégia é moldar todas as decisões e ações da empresa em um padrão coeso (THOMPSON JR., 2000).

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) afirmam que o planejamento preconiza a formação da estratégia como um processo formal, que segue um conjunto específico de etapas. Esses passos partem da análise da situação atual da empresa até o desenvolvimento e a exploração de diferentes cenários alternativos. O objetivo é a geração de um conjunto coordenado de planos, que guie a organização até o alcance de seus objetivos. As principais etapas que se encontram na maioria desses modelos são as seguintes: determinação de objetivos e metas – elaboração e quantificação dos resultados que a organização pretende alcançar ao longo do tempo, nas suas diversas áreas de atividades.

Segundo Hax e Majluf (1991) a estratégia é resultado de três diferentes processos que contribuem para a sua formação:

1. O processo cognitivo dos indivíduos onde o entendimento racional do ambiente externo e capacidades internas da empresa residem;

2. Os processos sociais e organizacionais que contribuem para a comunicação interna e o desenvolvimento de uma opinião consensual;

3. Os processos políticos que tratam da criação, retenção e transferência de poder dentro da organização.

Os autores sugerem que, dentro dessa perspectiva, o trabalho do CEO (Chief Executive Officer) é visto como a gestão desses três processos. Isso requer que os executivos desenvolvam uma visão ampla do que se quer atingir, e gerenciem uma rede de forças organizacionais que conduzam para o descobrimento, evolução e enriquecimento dessa visão.

Já para Certo e Peter (2005) a análise de questões críticas fornece a estrutura necessária para o estudo atual da organização e propicia a formulação de estratégias eficazes. Os autores sugerem que para a formulação de tais estratégias é necessário responder a quatro questões básicas:

1. Quais são os propósitos e objetivos da organização? 2. Para onde a organização está indo no momento? 3. Que fatores ambientais críticos a organização enfrenta

atualmente?

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4. O que pode ser feito para que os objetivos organizacionais sejam alcançados de forma mais efetiva no futuro?

Sendo assim, Mintzberg e Quinn (2001) observam que a definição de uma estratégia focada permite à empresa alcançar objetivos apontados ao longo dos anos, muitas vezes difíceis de serem atingidos no curto prazo. E que de certa forma as empresas também formam as suas estratégias com base na vivência, como prezar pela qualidade dos produtos ou do atendimento aos clientes.

2.1.3 Tipos de estratégia

Mintzberg e Quinn (2001) defendem a teoria de que a estratégia tem sido usada de diversas maneiras. Assim sendo, cinco definições estratégicas podem ser traçadas como os “5 Ps” da estratégia, sendo elas:

• Estratégia como Plano - um curso de ação consciente, seguindo uma diretriz ou um conjunto de diretrizes;

• Estratégia como Pretexto - tem a finalidade de iludir ou enganar a concorrência;

• Estratégia como Padrão - é um padrão conseqüente de um fluxo de ações. Ou seja, a estratégia é consistência no comportamento de determinadas ações;

• Estratégia como Posição - é a estratégia da organização de acordo com o ambiente no qual a mesma esta inserida;

• Estratégia como Perspectiva - é a estratégia sob a perspectiva de como a organização vê o mundo, onde as empresas constroem sua ideologia em torno dessa visão.

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) afirmam que com base na definição dos “5 Ps” da estratégia as organizações desenvolvem planos para seu futuro, que podem ser chamados de estratégia pretendida, e também extraem padrões do passado que são chamados de estratégias realizadas.

Tais idéias sugerem que nem sempre as estratégias realizadas são fruto de uma estratégia pretendida, mas sim de uma estratégia emergente, na qual determinado padrão realizado não era expressamente pretendido.

A Figura 1 permite observar que as intenções realizadas podem ser

chamadas de estratégia deliberada. Ou seja, uma estratégia pretendida pode ou não ser realizada, porém uma estratégia realizada nem sempre é fruto de uma estratégia deliberada, sendo que pode ser realizada por meio de uma estratégia emergente.

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Figura 1: Estratégias Deliberadas e Emergentes Fonte: Mintzberg et al. (2000, p.19)

Já Wright et al. (2000) complementam a idéia ao afirmarem que o fato de estratégias realizadas não haverem sido pretendidas dá-se pelos eventos ambientais ou organizacionais que acontecem ao decorrer do tempo.

2.1.4 Estratégia versus Vantagem Competitiva

A vantagem competitiva surge fundamentalmente do valor que a empresa consegue criar para seus compradores e que ultrapassa o custo de fabricação pela empresa. O valor é aquilo que os compradores estão dispostos a pagar. (PORTER, 1989)

Ainda segundo Porter (1983), existem três tipos básicos de vantagem competitiva:

• Liderança em custos – É a estratégia mais clara das três a serem apresentadas, pois nela a empresa tem como principio tornar-se o produtor de baixo custo em sua indústria, obtendo assim uma margem lucrativa maior do que seus concorrentes;

• Diferenciação – Esta estratégia se caracteriza pela empresa ser a única em produzir determinado bem, obtendo vantagem competitiva. A diferenciação pode ser baseada no próprio produto, no sistema de entrega pelo qual ele é vendido, no método de marketing e em uma grande variedade de outros fatores. Lembrando que o objetivo central dessa estratégia é se diferenciar dos concorrentes;

• Enfoque – O enfoque se caracteriza em selecionar um segmento ou um grupo de segmentos na indústria e adaptar sua estratégia para atendê-los, excluindo outros, com o intuito de otimizar sua estratégia, em segmentos-alvo.

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Muitas vezes surgem oportunidades de negócios para as empresas além de seu âmbito local, exigindo que elas se lancem no mercado externo.

2.2 Internacionalização

Fatores como a globalização e a busca por uma posição em um mercado competitivo trazem como consequência questões de concorrência que vêm se tornando cada vez mais intensas. Uma melhor compreensão do processo de internacionalização é necessária para a adoção de meios que permitam o crescimento sustentável do negócio.

2.2.1 Conceito de Internacionalização

Segundo Aurélio (2009), internacionalização é definida como o ato de tornar-se internacional.

Costa e Lorga (2003), afirmam que o conceito de internacionalização pode ser definido como a necessidade das empresas se manterem competitivas em mercados alargados.

Soares (2004) acrescenta que as distâncias do comércio exterior diferenciam a administração de uma empresa que se volta para o negócio internacional da administração voltada somente para o mercado doméstico.

Internacionalizar uma empresa é introduzir no seu planejamento estratégico (visão de longo prazo) o objetivo de buscar e manter negócios internacionais, tanto em relação à importação quanto à exportação. (SOARES, 2004).

Honório (2006) cita conceitos de internacionalização sob o ponto de vista de diversos autores, conforme Quadro 01.

Quadro 1: Conceitos de Internacionalização na visão de diversos autores

CONCEITO AUTORES A internacionalização refere-se a um

processo contínuo de evolução pelo qual a firma amplia seu envolvimento internacional como uma

função do aumento do conhecimento e do comprometimento com o mercado estrangeiro.

Johanson e Wiedersheim-Paul, 1975; Johanson e Wahlne, 1977.

A internacionalização é um processo que ocorre mediante a construção contínua de

relacionamentos de rede, uma vez que estratégias isoladas dificilmente favorecem a obtenção de

informações e de recursos financeiros necessários à exploração de novos mercados.

Coviello e Munro,

1997;Bridgewater, 1999; Chetty e Holm,

2000;Sharmae Blomstermo, 2003; Ritter e Gemunden, 2003.

A internacionalização é definida como um processo de conscientização da firma a respeito das influências direta e indireta das transações

internacionais sobre o seu futuro e, em decorrência disso, sobre o modo como estabelece e conduz

transações com outros países.

Beamish et al. (1993)

Fonte: Adaptado a partir de Honório (2006).

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A análise deste conjunto de conceitos permite inferir que a

internacionalização é moldada em cada situação de acordo com as influências do mercado externo sobre a empresa.

Honório (2006) acrescenta ainda que os esforços para conceituar a internacionalização são considerados inadequados, pois não valorizam as interdependências existentes entre essas abordagens.

2.2.2 Teorias Clássicas de Internacionalização

Muitos autores escreveram como seria o processo de internacionalização, e estas teorias foram tomadas como únicas ou como constatações da realidade durante um período de tempo, o que as tornou clássicas:

• Teoria de Poder de Mercado, Desenvolvida por Hymer (1960) –

Francischini (2009) afirma que o foco da teoria é entender quais as circunstâncias que levam uma empresa a se instalar em outro país, obtendo inclusive vantagens sobre as concorrentes lá estabelecidas. Uma empresa nacional que apresenta vantagens em determinada atividade no mercado nacional diversifica seus investimentos através do estabelecimento de unidades de produção no exterior, com o objetivo de controlar essas vantagens também no mercado internacional. (FRANCISCHINI, 2009);

• Teoria do Ciclo de Vida do Produto, desenvolvida por Vernon (1966) – Segundo Costa e Lorga (2003) o dinamismo da tecnologia faz com que as vantagens comparativas dos países se alterem em cada uma das quatro fases identificadas: Inicial, Desenvolvimento, Expansão e Maturidade. Tal conceito foi centrado essencialmente na experiência das multinacionais norte-americanas, onde o ciclo de vida é utilizado para explicar porque é que algumas empresas tendem a se tornar multinacionais num determinado estágio de desenvolvimento;

• Teoria da Internalização das Atividades, desenvolvida por Buckley e Casson (1976) – Os postulados de partida dessa hipótese admitem que as empresas maximizam seu lucro num mundo de mercados imperfeitos, tendendo a torneá-los com a criação de mercados internos, isto é, internalizando. Quando a internalização de mercados é feita além das fronteiras nacionais surgem as empresas multinacionais. As imperfeições criam portanto às empresas a oportunidade de, com a internalização da transferência de factores, bens e serviços para além das fronteiras nacionais, usufruir ganhos superiores aos usufruídos através das transacções com outras empresas (COSTA e LORGA, 2003);

• Modelo de Uppsala – Desenvolvido por Johanson e Vahlne (1977), o modelo também considera a presença da incerteza no desenvolvimento de atividades de internacionalização. A partir da intensificação de exportações para um determinado mercado, a empresa alcança a redução da incerteza, pois adquire maior experiência em atuar no mercado internacional. Como resultado, tem-se a intensificação no emprego de recursos, o que pode evoluir para o estabelecimento de

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uma unidade de produção no exterior. Outro ponto de convergência importante entre a Teoria do Ciclo do Produto e o Modelo de Uppsala refere-se ao desenvolvimento das atividades de internacionalização em etapas. (FRANCISCHINI, 2009);

• Teoria Eclética, desenvolvida por Dunning (1971) – Segundo Costa e Lorga (2003), Dunnig integra as teorias de Hymer e Kindelberger, teoria de ciclo de vida do produto de Vernon e teoria da internalização. O objetivo central da Teoria Eclética é assegurar o acesso a mercados de inputs e explorar tanto o potencial de mercado quanto uma vantagem comparativa no processo produtivo; Francischini (2009) acrescenta que na teoria eclética, Dunning considera a classificação em grupos de propriedade, localização e internalização para classificar as vantagens competitivas em mercados internacionais.

2.2.3 Teorias recentes da Internacionalização

Neste tópico serão apresentadas as teorias mais recentes de internacionalização (itens 2.2.3.1, 2.2.3.2 e 2.2.3.3), segundo a ótica de Francischini (2009) em sua Tese de Doutorado, com o intuito de descrever seus conceitos e origens.

2.2.3.1 Internacionalização e Diversificação em Produtos e Mercados

Conforme Cantwell e Piscitello (1999), a internacionalização é uma maneira de consolidar as capacitações de uma empresa. Isso ocorre através de recursos para diversificação, seja de produtos ou de mercados.

Essa linha de pensamento é complementada por Penrose (2006) quando afirma que a diversificação pode assumir três formas: o ingresso de novos mercados com novos produtos, a partir de uma mesma área produtiva já existente; uma expansão no mesmo mercado por meio de novos produtos oriundos de outra área tecnológica; e o ingresso em novos mercados com novos produtos baseados em outras áreas tecnológicas. 2.2.3.2 As Dimensões da Internacionalização e Mundialização

Chenais (1996), ao analisar o processo de internacionalização de empresas, considera as seguintes dimensões: o intercâmbio comercial, o investimento produtivo no exterior e os fluxos de capital monetário ou capital financeiro. Mais adiante o autor destaca o surgimento de uma quarta dimensão, baseada nos ativos intangíveis das empresas e no capital humano, que chama de “internacionalização tecno-financeira”.

Com relação ao capitalismo mundial, Chenais (1996) destaca que os investimentos diretos no exterior têm reforçado a posição dos Estados Unidos, Europa e Japão. Por outro lado, os países que não fazem parte desse grupo encontram-se desconectados dos fluxos de capital internacionalizado.

2.2.3.3 A Firma Born Global

Madsen e Servais (1997) afirmam que o termo Born Global cujo significado seria “Nascer Global/Globalizada” é utilizado para definir empresas que desde sua fundação ou logo depois de fundada, considera em suas estratégias de desenvolvimento a atuação global.

Embora haja discordância sobre alguns aspectos conceituais, Francischini (2009) apresenta itens de consenso entre os diversos autores sobre a Born Global:

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- a atuação internacional é considerada desde a fundação ou em pouco tempo após, sem o desenvolvimento primário de vantagens monopolísticas no mercado interno;

- essas firmas tendem a atuar em segmentos de mercado e apresentam maior capacidade de adaptação de produtos para mercados específicos;

- o desenvolvimento das capacidades de inovação é fundamental para a atuação em mercados internacionais;

- as novas tecnologias de produção e comunicação reduzem os custos de transação e têm favorecido o surgimento dessa categoria de firmas;

- as firmas desenvolvem adaptações em seus produtos, o que torna os mercados mais homogêneos;

- os fornecedores com competências complementares são também selecionados a partir de acordos de colaboração;

- há o estabelecimento de parcerias para a distribuição dos produtos e mercados internacionais.

2.2.4 Objetivos da Internacionalização

Lemaire (1997) sugere que os objetivos para as empresas internacionalizarem-se são devidos a diversos fatores, desde a necessidade de seguir o ciclo de vida internacional do produto até a busca por uma otimização fiscal. Porém, apenas com os recentes progressos no domínio da estratégia é que se encontrou uma forma que permite esclarecer o fenômeno da internacionalização: a procura pela vantagem competitiva.

A entrada em mercados internacionais envolve incerteza, riscos e complexidade. A incerteza resulta da necessidade de operar em mercados bastante distintos do doméstico, isto é, em ambientes cujos sistemas político, social e econômico e cujo marco legal podem ter características bastante diferenciadas. (TANURE e DUARTE, 2006).

Com a globalização, as decisões de produção e comércio internacional ficaram intimamente interligadas: a transnacionalização de empresas espalhou-se pelo mundo e a maior parte dos novos produtos que chegam ao mercado é transacionável internacionalmente (traded goods) ou dependem pesadamente de componentes transacionáveis. (LIMA e VASCONCELLOS, 2006)

Tanure e Duarte (2006) complementam ao sugerirem que a entrada em mercados de outros países tem seus custos compensados a partir dos benefícios resultantes da expansão da empresa, da conquista de outros mercados, da obtenção de economia de escala e também do fortalecimento de uma posição competitiva, que gera um aumento da lucratividade e a redução do risco de atuação em apenas um mercado.

2.2.5 Formas de Internacionalização

Com base nos conceitos de Tanure e Duarte (2006), identifica-se um conjunto institucional que possibilita o ingresso de produtos, tecnologia ou outros recursos de uma organização em um país estrangeiro de investimento. Para essas expansões existem diversas escolhas que envolvem riscos e propriedades diferentes. O quadro 2 ilustra as diversas maneiras de internacionalização das empresas na visão dos autores:

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Quadro 2: Classificação dos modos de entrada

POR EXPORTAÇÃO

CONTRATUAL POR INVESTIMENTO

Indireta Licenciamento Investimento Greenfield

Cooperativa Franchising Subsidiária de controle integral

Direta Acordo Técnico Subsidiária de controle integral

Contrato de serviços Joint Venture Contrato de administração Contrato de produção Aliança contratual

Fonte: TANURE e DUARTE (2006, p. 8)

Com base nessa classificação, os autores exploram as idéias envolvidas nesses modos de entrada:

• Entrada por exportação - forma de mais fácil acesso para as empresas de menor porte, que por terem poucas alternativas viáveis de expandir-se para o exterior, buscam esta maneira como expansão de sua organização. Este é o modelo pelo qual os produtos finais ou intermediários de uma empresa são fabricados fora do país de destino e subseqüentemente transferidos para ele. Dentre os tipos de exportação, a exportação indireta é utilizada por intermediários, geralmente agentes ou distribuidores, que realizam a compra no país de origem da organização que internacionalizou. Já no segmento de exportação direta, os intermediários estão sediados no local de destino. Por último temos a modalidade de exportação cooperativa a qual se situa entre os dois tipos de exportação já mencionados, indiretos e diretos, que tanto pode envolver acordos com um parceiro, para uso de sua rede de distribuição no mercado de destino, como a formação de cooperativas e consórcios.

• Entrada Contratual - caracteriza-se pela associação não-patrimonial, de longo prazo, entre uma firma internacional e uma instituição em um país estrangeiro. Envolve a transferência de tecnologia ou capacitação da empresa para aquele país. Esse modo de entrada no exterior distingue-se da exportação principalmente por se constituir em veículo para a transferência de conhecimentos e competências. Para a entrada via contratual, as três maneiras mais utilizadas pelas organizações são licenciamento, franchising e contratos de produção.

• Entrada por Investimento - esta maneira de internacionalização das organizações envolve a propriedade, por uma firma internacional, de indústrias, unidades ou fábricas em um país estrangeiro. Esses termos são caracterizados como subsidiárias, de maneira que podem ser unidades de apenas complementação do processo fabril da organização

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do país de origem, na qual depende inteiramente da importação de produtos semi-produzidos da matriz (o que poderia ser considerado como extensão do modo de entrada por exportação). Outro tipo de subsidiárias são as unidades fabris responsáveis pela industrialização total do produto. Com a procura de locais no mundo que sejam mais eficientes na produção, distribuição e desenvolvimento de novas tecnologias, as empresas passam a ter a necessidade de tornar mais complexa sua atuação mundial. Ao investir em uma subsidiária no mercado externo, a empresa pode optar por um negócio já existente (aquisição) ou totalmente novo (investimento tipo greenfield). Concluindo, as unidades de produção estrangeiras podem ser classificadas como sole ventures, de controle e propriedade total da organização matriz, ou joint ventures, com controle e propriedade divididos entre a matriz e um ou mais parceiros locais.

A forma de levar os bens da empresa aos seus clientes é uma decisão importante com reflexos em relação ao investimento necessário, do controle e da flexibilidade conseguidos e do risco assumidos. Decisões erradas a este nível poderão traduzir-se em resultados inesperados e até mesmo irreversíveis. (COSTA e LORGA, 2003).

2.2.6 Impacto da internacionalização no desempenho das organizações

Segundo Hemais (2005), devido ao fato do desempenho empresarial ser um conceito multidimensional, não há um consenso na literatura a respeito do desempenho da empresa nas atividades no exterior. O autor cita Baldauf et al. (2000) ao sugerir o desempenho nas internacionalizações como “os resultados obtidos pela firma com as vendas internacionais”. Porém, ao citar Shoham (1998), o autor observa a definição de exportações como sendo “as decisões e atividades internacionais de marketing realizadas pela firma internacionalmente” e desempenho como sendo “o resultado agregado das vendas internacionais de uma firma”.

Um dos principais problemas enfrentados pelos pesquisadores na área está relacionado à forma de operacionalização do desempenho exportador, reconhecido desde muito cedo como um construto multidimensional. (HEMAIS, 2005).

Concluindo, Hemais (2005) cita Louter et al. (1991) ao afirmar que embora medidas objetivas sejam as definições operacionais predominantes do desempenho exportador, alguns autores têm defendido o uso conjunto de medidas subjetivas e objetivas, uma vez que o sucesso nas exportações não é definido da mesma maneira por todos os executivos de exportação.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Problema de Pesquisa

Segundo Kerlinger (1979), um problema é uma questão que mostra uma situação que necessita de discussão, investigação, decisão ou solução. Para o autor, a definição mais satisfatória é: “um problema é uma questão que pergunta como as variáveis estão relacionadas”.

A pesquisa a ser realizada neste trabalho abordará a seguinte questão: o processo de formação de estratégia influencia na trajetória de internacionalização da empresa?

Desta forma, as variáveis envolvidas no estudo são:

• Variável independente - o processo de formação de estratégia. • Variável dependente - trajetória de internacionalização da empresa.

3.2 Hipótese

Richardson (1999) define hipótese como uma resposta possível de ser testada e fundamentada para uma pergunta feita relativa ao fenômeno escolhido. O pesquisador deve examinar a literatura sobre o fenômeno e obter a maior quantidade de conhecimento possível, para responder ao problema formulado.

Logo, a hipótese do trabalho é de que o processo de formação de estratégia influencia de fato na trajetória de internacionalização das organizações.

3.3 Objetivo Geral

Para Richardson (1999) objetivos gerais definem, de certa forma, o que se pretende alcançar com a realização da pesquisa. Sendo assim, tem-se como objetivo geral do trabalho: identificar a influência do processo de formação de estratégia e seu impacto na trajetória de internacionalização das organizações.

3.4 Objetivos Específicos

Ainda segundo Richardson (1999) os objetivos específicos definem as etapas a serem cumpridas para alcançar o objetivo geral. Desta forma, os objetivos específicos deste trabalho são:

• Analisar os processos de formação de estratégia existentes; • Identificar como se dá a formação de estratégia em empresas que

se internacionalizam; • Relacionar a trajetória de internacionalização das organizações

com o processo de formação de estratégia.

3.5 Tipo de pesquisa

Existem três tipos de plano de pesquisa que podem ser realizados em um trabalho científico. O Quadro 3 apresenta tais tipos:

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Quadro 3: Tipos de plano de pesquisa

TIPOS DESCRIÇÃO

Exploratória

Quando não se tem informação sobre determinado tema e se deseja conhecer o fenômeno.

Descritiva Quando se deseja

descrever as características de um fenômeno.

Explicativa Quando se deseja analisar

as causas ou conseqüências de um fenômeno.

FONTE: Adaptado a partir de Richardson (1999, p. 66)

Adotando a visão deste quadro o tipo de pesquisa a ser realizado neste trabalho será de caráter descritivo e explicativo, pois se busca analisar e também relacionar as causas e conseqüências do processo de formação de estratégias na trajetória de internacionalização das organizações.

3.6 Método de pesquisa

Método em pesquisa significa a escolha de procedimentos sistemáticos para a descrição e explicação dos fenômenos. Isto significa delimitar um problema de pesquisa, realizar observações e interpretá-las com base nas relações encontradas, fundamentando-se nas teorias e conceitos existentes. (RICHARDSON, 1999)

3.6.1 Método de pesquisa qualitativa

Segundo Sasterby-Smisth (1999), a entrevista qualitativa é utilizada para:

• provocar a expressão e opinião do entrevistado sobre as questões emanadas do objetivo geral e dos objetivos específicos da pesquisa;

• buscar as conexões conceituais entre o “mundo” do respondente e o Referencial Teórico;

• Entender a lógica, passo a passo, de uma situação que não está clara. (apud MANUAL DE TGI, 2007)

3.6.2 Método de pesquisa quantitativa

O Manual de TGI (2007) sugere que o método de pesquisa quantitativo caracteriza-se pela quantificação da coleta de dados e o tratamento destes por meio de técnicas estatísticas. Desta forma permite-se garantir a precisão dos resultados, reduzir as distorções de análise e interpretação, possibilitando uma margem de segurança mínima quanto às inferências.

3.6.3 Método aplicado e coleta de dados

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Observando as características metodológicas deste estudo, para este trabalho foi utilizado um misto entre o método qualitativo e quantitativo, pois se buscava alcançar uma compreensão qualitativa das razões subjacentes ao problema de pesquisa e também quantificar os dados e os resultados da amostra para a população-alvo.

4 ANÁLISE DOS GRÁFICOS DE RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS APLICADOS

O presente trabalho utilizou-se de um questionário composto por 62

questões objetivas divididas em 5 categorias: caracterização das empresas, estratégia, ciclo de vida dos produtos, inovação e internacionalização. Cada categoria com seu respectivo localizador: Carac, Estr, Ciclo, Inov e, Inter, conforme anexo1 ao final deste capítulo. Foram entrevistadas 34 empresas a partir de contatos fornecidos pela Câmara de Ítalo-Brasileira de Comércio (ITALCAM), sendo que os respondentes eram os contatos oficiais das empresas ou seus prepostos, sempre ligados à área de estratégia da empresa. Os respondentes puderam manifestar e acrescentar novas idéias, detalhes e opiniões enquanto respondiam as questões objetivas. Os resultados ampliados podem ser observados no Anexo 2, também ao final do capítulo, inclusive com os gráficos gerados por questão.

4.1 Caracterização das empresas

Este bloco de questões teve como objetivo entender as características das empresas participantes da pesquisa, desde sua origem até o seu processo de internacionalização.

O resultado da pesquisa permitiu observar que a maior parte das empresas são relativamente recente (23% foram fundadas a partir do ano 2000 e 20% na década de 1990). A ampla maioria das empresas entrevistadas tem origem jurídica brasileira, enquanto que as de origem italiana somam uma parcela menor (32%).

A grande maioria dos respondentes (67%) afirma ter vínculos bilaterais Brasil- Itália, sendo que 29% deste total são de origem italiana e 38% de origem brasileira.

Pode-se observar que parcela significativa dos respondentes (52%) afirmou que a empresa nasceu a partir de um produto que se desenvolveu para uma especialidade e diversos produtos afins.

Relacionando a diversificação de produto, duas estratégias distintas despontam nos resultados: 38% das empresas não migraram para outro tipo de mercado e 38% adicionaram outro segmento de mercado visando a diversificação.

Em relação ao mercado internacional, de acordo com as empresas respondentes, 63% têm a América do Sul como a região com maior importância para as exportações, mesmo que mais da metade destas não produzam no exterior.

A maioria das empresas respondentes que apostaram na internacionalização realizou a internacionalização em estágios, primeiro

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ajustando a categoria comercial e depois a produtiva, sendo que 44% levaram em média de 6 a 10 anos no processo.

Na caracterização das empresas respondentes, identifica-se que sua maior parte é de origem brasileira com vínculos com a Itália. Tais organizações são de diferentes segmentos de mercado e a maioria nasceu a partir de um único produto que se desenvolveu para uma especialidade e diversos produtos afins. Constata-se que a América do Sul é a região com maior importância para as exportações. O processo de internacionalização destas organizações levou, em média, de 6 a 10 anos.

4.2 Estratégia

Para este bloco foram consideradas as questões referentes à estratégia das organizações em seus processos de internacionalização. Ressalta-se que as questões Estr6 a Estr11 são correspondentes às empresas que utilizam os serviços da Câmara de Comércio Brasil-Itália.

Conforme Tanure e Duarte (2006), a entrada em mercados internacionais envolve incertezas, riscos e complexidade. Com base nos dados levantados na pesquisa, é possível observar que as empresas utilizam-se das mais variadas estratégias de internacionalização, desde alianças estratégicas a aquisição de empresas no exterior ou contratos de produção. Isto se aplica ao que os autores conceituam a respeito dos diferentes modos de internacionalização. As escolhas dos modos como as empresas expandem para os mercados externos envolvem riscos e propriedades diferentes, aplicando-se às características e estratégias de tais organizações.

De acordo com a pesquisa, com relação à decisão das organizações para produzir no exterior, foram destacados como aspectos a considerar a proximidade cultural entre os países e o acesso a recursos de produção (12% cada), seguidos dos aspectos de manutenção de unidades de produção no exterior e o desenvolvimento de atividades de produção em regiões onde já exercia uma forte presença exportadora (9% cada). O que reflete as conceituações de formação de estratégia de Mintzberg e Quinn (2001), onde as estratégias são traçadas de diversas maneiras e se enquadram, dentro das definições dos “5Ps” da estratégia, de acordo com os processos de cada organização.

Segundo Mintzberg et al (2000), as estratégias realizadas podem ser frutos de formações estratégicas deliberadas ou de formações estratégicas emergentes. Identifica-se na pesquisa que, no processo de formação de estratégia na trajetória de internacionalização das organizações, há um equilíbrio quanto ao tipo de formação estratégica adotado pelas empresas pesquisadas, podendo ser estratégias deliberadas ou emergentes. Tais aspectos demonstram que a formação de estratégia pode estar atrelada ao modelo das “5 forças” de Porter (2003), onde na concepção do autor, após uma análise desse modelo para o mercado, as empresas podem posicionar-se e estipular estratégias, para seu desenvolvimento na obtenção de vantagem competitiva.

A pesquisa aponta que grande parte das empresas que buscam o apoio de entidades procura um misto de serviços de conotação relacional e competências técnicas particulares. O que se aplica às conceituações de Hax e Majluf (1991), onde os processos cognitivos dos indivíduos, além dos

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processos sociais/organizacionais e os processos políticos são os processos que auxiliam as organizações na formação de estratégia. Para as empresas que utilizam, especificamente, os serviços da Câmara de Comércio Brasil-Itália, identifica-se que, dos aspectos abordados, a competência técnica para informar e orientar as empresas é a que mais se destaca.

Identifica-se ainda, com a pesquisa, que as empresas consideram o ciclo de vida dos produtos exportados semelhante ao que ocorre no país de origem. Sendo que grande parte dos respondentes possuem produtos exclusivos para o mercado externo e afirmam que há a necessidade de adaptação dos produtos para os mercados internacionais. Desta forma pode-se identificar uma relação com as organizações que já nascem globais (Born Global) onde, segundo Francischini (2009), uma das características dessas organizações é o desenvolvimento de adaptações em seus novos produtos, o que torna os mercados mais homogêneos.

4.3 Ciclo de vida do produto

Para este bloco foram consideradas as questões referentes ao ciclo de vida dos produtos das organizações em seus processos de internacionalização e quais foram as razões que levaram as empresas a estas decisões devido às linhas atuais e originais de produtos.

De acordo com os resultados obtidos, 41,2% das empresas respondentes concordam que os produtos originais ficaram defasados diante do mercado, desde a fundação da empresa. Mais da metade das empresas discordam que os produtos originais tornaram-se pouco competitivos em relação à concorrência.

Observa-se que até 47% dos produtos destas empresas, sofreram uma seleção natural ao longo do tempo com sua linha de produtos e que mais da metade concordam que aumentaram sua categoria de produtos sob pena do negócio extinguir-se.

A grande maioria das empresas (70,6%) concorda que sofreram uma evolução natural de sua linha de produtos ao longo do tempo e aproximadamente metade não teve ruptura entre produtos originais e sucessores, sendo que 41,2% das empresas informaram que os produtos originais sofreram adaptações leves.

Grande parte das empresas entrevistadas teve seus produtos originais defasados ao longo do tempo. A pesquisa demonstra também que esses produtos se mantiveram competitivos em relação à concorrência.

Demonstra-se também que, tiveram de aumentar suas categorias de produtos, para não sofrer uma seleção natural referente ao mercado. Mas que, para a grande maioria, a razão deste aumento foi devida ao risco do negócio extinguir-se.

Dentre as adaptações dos produtos originais para o mercado atual, aproximadamente metade delas sofreram adaptações leves em seus produtos, a outra metade se divide entre grandes adaptações ou se mantiveram indiferentes.

4.4 Inovação

Para este bloco foram consideradas as questões referentes à inovação das organizações em seus processos de internacionalização.

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Diante da pesquisa realizada identifica-se que 35,3% da empresas, não possuem laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento, e daquelas que possuem, estes laboratórios localizam-se no país de origem da empresa.

Referente a incentivos à Inovação, a maioria das empresas entrevistadas 55,9% acreditam que os estímulos culturais e financeiros seriam os melhores caminhos para sua obtenção. Sendo que 32,4% dos respondentes apostam em estímulos culturais e 23,5% para financeiros.

Os respondentes demonstram também que 32,4% das empresas que buscaram a internacionalização de seus negócios o fizeram por necessidades mercadológicas. E que somente 23,6% definiram este objetivo na criação da empresa.

De acordo com a pesquisa, a maior parte das empresas não possui laboratório de pesquisa e desenvolvimento e nem de inovação. Como metodologia de incentivo à inovação as empresas indicam que estímulos culturais e financeiros são os grandes agentes responsáveis por incentivos.

A internacionalização, segundo as respostas das empresas, foi realizada, em sua maioria, por necessidades mercadológicas, isto é, diante de uma ameaça externa, concorrência e perda de participação de mercado.

4.5 Internacionalização

Esse bloco apresenta a análise dos dados obtidos com as questões sobre o processo de internacionalização das empresas, influências internas e externas do questionário aplicado.

De acordo com a pesquisa, a maior parte das empresas (29%) ainda não se internacionalizou, mas pensam na possibilidade. Tanure e Duarte (2006) afirmam que o modo de exportação direta é o mais fácil para empresas de menor porte, o que é refletido nas respostas dos questionários quando se apresenta maior quantidade de empresas internacionalizadas por esse modo (41%).

Empresas que já se internacionalizaram assim o fizeram por visualizar uma oportunidade no mercado externo, o que também se mostra como atrativo para as empresas que ainda não se internacionalizaram.

Lemaire (1997) sugere que os objetivos para as empresas internacionalizarem-se são devidos a diversos fatores, desde a necessidade de seguir o ciclo de vida internacional do produto até a busca por uma otimização fiscal. Os resultados da pesquisa demonstram que o fator incentivos fiscais no país de destino foi de muita influência para a internacionalização, segundo 27% das empresas, o que aponta concordância com a afirmação de Lemaire.

Fatores como acordos comerciais entre países envolvidos, proximidade cultural, condição de financiamento de atividades, e potenciais fornecedores em países de destino foram consideradas como de média influência para internacionalização. Já a atuação das Câmaras de Comércio, a presença de imigrantes no país de destino de investimentos, e condições geográficas foram consideradas como fatores de pouca influência para a internacionalização.

As empresas encontram restrições para entrada de produtos, principalmente nos países da América do Norte. Para iniciar ou obter assistência para os negócios no exterior as empresas buscam, em sua maioria, entidades de caráter não governamental. Dentre essas entidades as mais procuradas pelas empresas são as Câmaras de Comércio.

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A satisfação das empresas em relação a entidades governamentais ou não governamentais que auxiliam a entrada e manutenção no comércio internacional é de insatisfação com o SEBRAE, pouca insatisfação com Ministérios e seus Órgãos e com as Secretaria de Estado, indiferença com relação a Bancos Oficiais de Financiamento, Bancos Privados de Financiamento, Câmaras de Comércio, Institutos de Comércio e Con/Federações de classe e pouca satisfação quanto a Consultorias Privadas.

5 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A formação de estratégia é um ponto fundamental para o futuro e o sucesso

das organizações. O mundo corporativo é extremamente dinâmico, e é neste ambiente altamente competitivo que as organizações buscam alternativas para traçar o caminho para o sucesso. Para as empresas que procuram nos mercados externos uma alternativa para o seu crescimento e desenvolvimento, o caminho torna-se ainda mais difícil e o processo de formação de estratégia na trajetória de internacionalização das organizações é o ponto de partida para identificar se este processo dar-se-á de uma forma eficiente e adequada.

O objetivo geral deste trabalho era identificar a influência do processo de formação de estratégia e seu impacto na trajetória de internacionalização das organizações. Por meio da análise e estratificação dos objetivos específicos, foi possível apontar alguns fatores que permitiram realizar uma abordagem objetiva ao tema proposto.

De acordo com o referencial teórico, a estratégia e seus processos de formação dão-se de várias formas diferentes. Tais processos podem caracterizar-se de acordo com a estrutura, histórico, stakeholders, objetivos e outros aspectos das organizações. O fato da estratégia ser originada de forma deliberada ou emergente depende justamente de todas essas características que as organizações apresentam. Portanto, não existe um modelo padrão para formação de estratégia, mas sim variâncias empresariais que caracterizam a modelagem destes processos.

Dentro do cenário de formação de estratégia na trajetória de internacionalização cabe destacar que os diferentes modelos, para iniciar este processo, contribuem para as variações e tipos de formação de uma estratégia. Primeiramente, há de se considerar a forma como a organização pretende se internacionalizar. Os modos de entrada nos mercados externos apresentam características diversas, seja por exportação, contratual ou por investimento, o posicionamento nestes mercados demanda estratégias completamente diferentes para atender a essa variedade de opções.

Com base na pesquisa realizada, é possível identificar que de fato a internacionalização é uma etapa importante para as empresas que buscam um desenvolvimento maior. A pesquisa permite inferir que, por visualizar as oportunidades que a globalização e a expansão internacional proporcionam, as organizações têm buscado alcançar esta etapa cada vez mais rápido e, principalmente, com qualidade.

Fatores macro e micro-econômicos, variáveis ambientais, análises de riscos e oportunidades, além das características das empresas, são questões importantes que definem com que estratégia, como e quando a empresa deve ou pode se internacionalizar. Portanto, diante dos fatos apresentados,

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referencias teóricos e análises de pesquisa apontadas, é possível confirmar a hipótese apresentada por este trabalho que, de fato, o processo de formação de estratégia influencia na trajetória de internacionalização das organizações.

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ANEXO 1 – Questionário aplicado aos entrevistados

PESQUISA MACKENZIE - ITALCAM - 2010

1. Em que ano foi fundada a empresa?

2. Qual a origem (jurídica) de sua empresa?

a. Brasileira

b. Italiana

c. Outra:

3. Sua empresa possui laços ou vínculos culturais/ emocionais, formais ou

informais, com outro país? Não considerar questões comerciais.

a. Não possui

b. Não saberia dizer

c. Sim, a empresa é juridicamente brasileira, mas com laços com a

Itália

d. Sim, a empresa é juridicamente italiana, mas com laços com o

Brasil

e. Sim, com outros países

4. A empresa, na época de sua criação nasceu a partir de um produto em

especial? Escolher apenas uma.

a. Sim, nasceu a partir de um único produto e dedica-se

exclusivamente a ele até hoje (pouco ou nenhuma modificação foi

introduzida ao longo do tempo)

b. Sim, nasceu a partir de um único produto que desenvolveu-se

para uma especialidade e diversos produtos afins (o produto

inicial ganhou derivações e evoluções consistentes)

c. Não, nasceu a partir de muitos tipos de produtos e suas variações

5. A qual das categorias seguintes pertencem os produtos que remontam à

origem (fundação) da empresa? Escolher apenas um.

a. Alimentício

b. Maquinário

c. Tecidos

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d. Design

e. Mobiliário

f. Vestuário

g. Tecnologia e processos industriais

h. Farmacêutico

i. Serviços diversos

j. Finanças

k. Turismo

l. Setor automotivo em geral

m. Cultural/editorial

n. Outros:

6. Com a evolução da empresa ao longo do tempo houve alteração dessa

categoria, ou seja, a empresa MIGROU para uma nova categoria de

produtos? Escolher apenas um.

a. Não se aplica a meu caso

b. Não, permanece estritamente na mesma categoria escolhida na

questão anterior

c. Sim, começou em uma categoria e ao longo do tempo avançou

em outras categorias, mas não abandonou sua origem, ou seja,

"adicionou" outras categorias à inicial

d. Sim, começou em uma categoria e ao longo do tempo modificou

sua categoria, ou seja, "trocou" a original por outra diferente

CICLO VIDA DO PRODUTO/EMPRESA E AMBIENTE

COMPETITIVO. Avalie as afirmações a seguir, dando a cada uma delas

uma nota de 1 a 5 (5=Concordo totalmente, 4=Concordo parcialmente,

3=Sou Indiferente, 2=Discordo parcialmente, 1=Discordo totalmente.

7. Os produtos iniciais/originais da época da fundação da empresa

ficaram inadequados ou defasados frente às necessidades e

desejos mais atuais do mercado

8. Os custos dos produtos iniciais/originais tornaram-nos pouco

competitivos frente à concorrência externa

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9. A empresa sofreu uma "seleção natural" ao longo do tempo em

sua linha de produtos, ou seja, produtos menos competitivos

foram substituídos/mortos por novos produtos.

10. O acréscimo ou troca de categoria na área de atuação da

empresa ocorreu por necessidades diversas, que tiveram que ser

atendidas sob pena do negócio extinguir-se.

11. A empresa teve uma evolução natural em sua linha de produtos

ao longo do tempo, ou seja, produtos menos adequados ao

mercado sofreram transformações, incrementos e

aperfeiçoamentos para adaptá-los às novas necessidades

12. Não houve uma ruptura entre a linha de produtos originais/iniciais

da empresa e seus sucessores até os dias de hoje

13. Os produtos originais/iniciais da empresa receberam ao longo do

tempo, até os dias de hoje, apenas adaptações leves

(embalagem, rótulos, campanhas publicitárias, etc)

14. Os produtos originais/iniciais da empresa receberam ao longo do

tempo, até os dias de hoje, adaptações bastante consistentes

(nova formulação, novos sabores, novos processos, novo público

alvo, etc.)

15. O chamado "processo de internacionalização" de uma empresa prevê

fases distintas, em uma sequência lógica, como a apresentada abaixo.

Identifique a fase em que sua empresa se encontra. Escolha apenas

uma.

a. Fase 0 - ainda não nos internacionalizamos, mas pensamos nesta

possibilidade (não há nenhum estudo, ação efetiva ou

planejamento formal)

b. Fase 1 - ainda não nos internacionalizamos, mas este tema está

em andamento e faz parte de estudos, planejamento e ações

formais dos gestores da empresa

c. Fase 2- já nos internacionalizamos por meio de comércio de

exportação de nossos produtos para outros países

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d. Fase 3 - já nos internacionalizamos pela exportação de produtos

e pelo estabelecimento de parceiros fracos nos países de destino

(distribuidores comerciais)

e. Fase 4- já nos internacionalizamos pela exportação de produtos,

estabelecimento de parceiros firmes nos países de destino (joint-

ventures)

f. Fase 5 - já nos internacionalizamos e buscamos sócios efetivos

para implantação de uma unidade de nossa empresa além de

nosso país de origem

g. Fase 6 - já nos internacionalizamos, completando todas as

etapas anteriores e já exportamos a partir desta nova base

"estrangeira" de nossa empresa

16. Identifique com maior precisão as estratégias atualmente utilizadas por

sua empresa nos mercados internacionais em que ela atua. (É permitido

marcar mais de uma opção)

a. Exportação, por meio de intermediários localizados no Brasil.

b. Exportação, por meio de intermediários localizados no exterior.

c. Exportação, por meio de distribuidores localizados no exterior.

d. Exportação, por meio de unidades próprias da empresa

localizadas no Brasil

e. Exportação por meio de unidades próprias da empresa

localizadas no exterior

f. Contrato de produção de partes de um produto.

g. Contrato de produção de um produto inteiro.

h. Aquisição de uma empresa no exterior, com controle minoritário

pelo adquirente.

i. Aquisição de uma empresa no exterior, com controle total pelo

adquirente.

j. Franquia (franchising).

k. Acordos de licenciamento.

l. Aliança estratégica.

m. Joint venture.

n. Planta de produção adquirida no exterior.

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o. Planta de produção no exterior iniciada “a partir do zero”

(greenfield).

17. Qual a porcentagem atual do faturamento da empresa que tem origem

nas atividades de exportação?

a. Não se aplica a meu caso

b. Nada

c. Menos que 10%.

d. De 11% a 25%.

e. De 26 a 50%.

f. Mais que 50%.

18. A atuação da empresa no exterior é atualmente realizada através de:

a. Não se aplica a meu caso

b. Exportação direta.

c. Exportação formalizada em escritórios comerciais localizados no

exterior.

d. Manutenção de unidades de produção no exterior responsáveis

apenas pela montagem final dos produtos.

e. Manutenção de unidades de produção no exterior, responsáveis

pela totalidade das atividades de produção, inclusive seleção de

fornecedores.

19. Qual das seguintes afirmações reflete melhor a escolha dos países para

os quais a empresa exporta? Escolher somente uma.

a. Não se aplica a meu caso.

b. A escolha dos países para os quais a empresa exporta ocorreu

naturalmente ou seja, não houve nenhuma estratégia para a

seleção de mercados,foram apenas oportunidades de negócios

que surgiram em dado momento.

c. A empresa buscou primeiramente atender países que

apresentassem "maior proximidade cultural" (o que reduziu a

necessidade de adaptação dos produtos e serviços já oferecidos).

20. A tabela a seguir traz as principais regiões geográficas onde estão

localizados os principais mercados para exportação. Em uma escala de 4

(muito importante) a 1 (pouca importância), classifique o grau de

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importância dessas regiões para as exportações de sua empresa. Para

as regiões que a empresa não exporta seus produtos, assinale com a

coluna “Não Exp”.

a. América do Sul (Brasil em particular).

b. America do Sul ( inclusive outros países além do Brasil)

c. América Central (México em particular)

d. América Central (outros países além do México)

e. América do Norte (EUA em particular)

f. América do Norte (Canadá em particular)

g. Europa Central

h. Leste Europeu

i. Ásia (China e Japão)

j. Ásia (outros países além de China e Japão)

k. África

l. Oceania

21. (Apenas para empresas que desenvolveram a internacionalização em

estágios: primeiro a categoria comercial e depois a produtiva). O período

considerado entre o desenvolvimento das exportações e o

estabelecimento de unidades de produção no exterior foi, em média, de:

a. Não se aplica a meu caso

b. De 1 a 5 anos.

c. De 6 a 10 anos.

d. De 11 a 15 anos.

e. Mais de 15 anos.

22. Quanto aos aspectos considerados pela empresa no processo de

decisão para produzir no exterior, é possível afirmar que (escolha

somente uma):

a. Não se aplica a meu caso

b. A empresa decidiu desenvolver atividades de produção em

regiões onde já exercia uma forte presença exportadora.

c. Um dos principais aspectos considerados para o

desenvolvimento das atividades de internacionalização (tanto a

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categoria comercial quanto produtiva) foi a proximidade cultural

entre os países.

d. A escolha da localização das unidades de produção no exterior

considerou mais fortemente o acesso a recursos de produção

(matérias-primas e mão-de-obra, principalmente).

e. A escolha da localização das atividades de produção no exterior

foi influenciada pela existência de incentivos gerados por acordos

de comércio firmados entre os países.

f. A manutenção de unidades de produção no exterior favorece o

estabelecimento de uma base de produção mais ampla, o que

facilita o acesso aos fornecedores no exterior.

23. Atividades de produção desenvolvidas no exterior são realizadas através

de:

a. A empresa não produz no exterior

b. Unidade de produção própria estabelecida para esse fim.

c. Formalização de acordos de licenciamento com empresas locais.

d. Unidade de produção estabelecida através da aquisição de

empresas locais.

e. Unidade de produção estabelecida através da formalização de

joint- ventures com empresas locais.

24. O processo de internacionalização de sua empresa teve como principal

tipo de estratégia:

a. A chamada estratégia "emergente”, ou seja, decisões

estratégicas adotadas em tempo real com os acontecimentos,

todas com alcance a curto prazo, muitas vezes com aspectos

corretivos e flexibilizadas caso a caso.

b. A chamada estratégia "deliberada", ou seja, decisões resultantes

de um planejamento estratégico de curto/médio/longo prazo,

muito mais focadas em um objetivo final.

c. Não se aplica a meu caso.

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Em uma escala de 1 a 5, em que (1) significa pouca ou nenhuma

influência e (5) muita influência, caracterize a importância dos aspectos a

seguir para o processo de internacionalização da sua empresa:

25. Incentivos Fiscais no país de destino dos investimentos

26. Formalização de Acordos Comerciais entre os países envolvidos

27. Atuação das Câmaras de Comércio

28. Presença de imigrantes no país de destino dos investimentos

29. Proximidade Cultural

30. Condições Geográficas

31. Condições de Financiamento de Atividades

32. Presença de Potenciais Fornecedores em países de destino dos

investimentos

33. Com relação à regulação dos produtos em mercados internacionais é

possível afirmar que:

a. Não se aplica a meu caso

b. A empresa enfrenta restrições similares para seus produtos em

diferentes regiões geográficas.

c. A empresa encontra maiores restrições para seus produtos em

países da América do Sul.

d. A empresa encontra maiores restrições para seus produtos em

países da América Central.

e. A empresa encontra maiores restrições para seus produtos em

países da América do Norte.

f. A empresa encontra maiores restrições para seus produtos em

países da Europa.

g. A empresa encontra maiores restrições para seus produtos em

países Asiáticos.

h. A empresa encontra maiores restrições para seus produtos em

países africanos e da Oceania.

34. Sua empresa utiliza serviços de entidades/órgãos para criação ou

assistência de negócios no exterior? Escolher apenas uma.

a. Não se aplica a meu caso

b. Não usa

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c. Sim, usa entidades de caráter governamental (Ministérios,

Secretarias, Bancos oficiais de financiamento)

d. Sim, usa entidades de caráter NÃO governamental (Câmaras de

Comércio, Institutos de Comércio Exterior, (Con)Federações de

classe, Consultorias, ONG’s, Bancos privados etc.)

e. Utiliza diversos tipos (um mix das opções/entidades acima)

35. Se sua empresa utiliza serviços de entidades/órgãos para criação ou

assistência de negócios no exterior, assinale quais são os que costuma

utilizar com maior frequência (VOCÊ PODE ASSINALAR QUANTAS

OPÇÕES DESEJAR)

a. Ministérios e seus órgãos

b. Secretarias de estado

c. Bancos oficiais de financiamento

d. Bancos privados

e. Câmaras de Comércio

f. Institutos de Comércio Exterior

g. (Con)Federações de classe

h. Consultorias privadas

i. SEBRAE

Qual seu nível de satisfação com estes órgãos/ entidades (5=Muito

satisfeito a 1=Pouco satisfeito).

36. Ministérios e seus órgãos

37. Secretarias de estado

38. Bancos oficiais de financiamento

39. Bancos privados

40. Câmaras de Comércio

41. Institutos de Comércio Exterior

42. (Con)Federações de classe

43. Consultorias privadas

44. Bancos Privados

45. SEBRAE

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46. Quais os tipos de serviços que predominantemente você procura nessas

entidades? Escolher apenas uma.

a. Não se aplica a meu caso

b. Serviços de conotação relacional (encontros de negócios,

marketing, mostras no exterior, participação em feiras, contatos,

etc)

c. Serviços que exigem competências técnicas particulares (legal,

fiscal, aduaneira, barreiras de mercado, etc)

d. Um misto de ambos, em proporções equilibradas

Caso você use os serviços de “Câmaras de Comércio e Indústria”,

quais as competências que você espera encontrar nessa entidade? Numere

de 1 a 6, sendo o “1” para a competência que deverá aparecer em 1ª lugar

(a mais importante e desejável) e com “6” a que deverá aparecer em último

lugar.

47. Competência técnica para informar e orientar as empresas sobre

questões fiscais, aduaneira, legais, tarifas, impostos,

documentação, etiquetagem do produto, etc.

48. Competência para organizar análises de mercado preliminares

que permitam às empresas entrar com maior segurança em novos

ambientes competitivos.

49. Competência para promover uma maior visibilidade e redes de

relacionamento para as empresas e seus produtos (feiras,

mostras, festivais, exposições)

50. Competências para promover missões empresariais e de

negócios focadas em determinado produto/segmento de mercado

ou tipo de cliente

51. Competência para agir como “brokers” para desenvolver

relacionamentos e procura de parceiros de confiança para cada

empresa, caso a caso.

52. Competência para suprir deficiências que as empresas possam

ter, caso a caso (uma empresa pequena, por exemplo, não possui

Page 51: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 50

um departamento de comércio exterior que possa traduzir seus

catálogos, etc)

53. Com relação às atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) é

possível afirmar que:

a. Não se aplica a meu caso

b. A empresa não mantém laboratórios de P&D.

c. Os laboratórios de P&D da empresa estão localizados no país de

origem.

d. A empresa mantém laboratórios de P&D no exterior em regiões

geográficas em que desenvolve atividades de produção.

e. A empresa mantém laboratórios de P&D no exterior em regiões

geográficas em que não desenvolve atividades de produção.

Avalie as afirmações a seguir, dando a cada uma delas uma nota de 0

a 5 ( 5=Concordo totalmente, 4=Concordo parcialmente, 3=Sou Indiferente ,

2=Discordo parcialmente, 1=Discordo totalmente).

54. O ciclo de vida dos produtos exportados é semelhante ao que

ocorre no seu país de origem

55. Há a necessidade de adaptação dos produtos para mercados

internacionais

56. Há produtos exclusivos para o mercado internacional

57. A empresa desenvolve parcerias em pesquisa no exterior

58. A questão da inovação é fortemente presente nas relações com o

país ao qual se exporta o produto

59. Se sua empresa ainda não iniciou seu processo de internacionalização,

ou seja, você está pensando em ter vínculos comerciais externos ao país

de origem, qual das fases abaixo poderia ser considerada como a maior

responsável pelo início futuro destas operações?

a. Não se aplica a meu caso

b. Quando sentir uma ameaça do mercado interno

c. Quando surgir uma oportunidade no mercado externo

d. Não saberia dizer

Page 52: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 51

60. Se sua empresa já iniciou seu processo de internacionalização, ou seja,

já começou a ter vínculos comerciais externos ao país de origem, qual

das fases teria sido a mais responsável pelo início destas operações?

a. Não se aplica a meu caso

b. Sentia uma ameaça do mercado interno

c. Enxergava uma oportunidade no mercado externo

d. Não saberia dizer

61. Diante da cultura do mercado italiano, qual o meio mais eficaz de

incentivar a inovação dentro da organização?

a. Estímulo financeiro para geração de novas idéias

b. A inovação deve ser levada ao conhecimento de toda a empresa,

como forma de criar uma cultura de estímulo constante à

inovação.

c. Dar liberdade para que o trabalhador possa ser criativo, não só

executando tarefas que lhe são atribuídas

d. Tornar o trabalhador participativo em todos os processos da

empresa, para que ele esteja ciente da sua contribuição no todo e

nas partes do processo produtivo

62. Quando a inovação deve ser implementada em uma empresa que

pretende se internacionalizar?

a. Desde sua criação, onde a missão, visão e valores definem como

a empresa irá atuar no mercado

b. Quando o mercado sinaliza que a inovação deve ser implantada

c. Quando a empresa necessita obter vantagem competitiva

d. Na fase de definição das suas estratégias

Page 53: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 52

ANEXO 2 - Gráficos de análise do questionário aplicado

1 Análise descritiva por categorias

1.1 Caracterização das empresas

Carac1: A pesquisa possui na sua maioria de respondentes (23%), empresas com fundação a partir do ano 2000, seguida pela década de 90 com 20%.

Carac2: Das 34 empresas respondentes, a grande maioria é de origem brasileira (65%). As de origem italiana somam-se em 32% e apenas 3% tem como origem outros países.

Carac3: De acordo com a pesquisa, com 38% a maior parte dos respondentes possui vínculos com a Itália. Sendo que 29% são de origem italiana com vínculos com o Brasil.

Carac4: Com 52% da população, a maioria das empresas nasceu a partir de um único produto que se desenvolveu para uma especialidade e diversos produtos afins.

Carac5: Das empresas respondentes, 24% prestam serviços diversos, seguido pela indústria alimentícia com 24% e um nivelamento entre as demais indústrias.

Carac6: A pesquisa aponta um empate técnico entre as empresas que não migraram para outro tipo de mercado com 38% e as empresas que adicionaram outro segmento de mercado visando à diversificação.

Carac7: Segunda a pesquisa, 41% das empresas respondentes não possuem faturamento oriundo de atividades no exterior.

Carac8: De acordo com a pesquisa, com 63% a América do Sul é a região com maior importância para as exportações.

Carac9: Das empresas que desenvolveram a internacionalização em estágios. Primeiro a categoria comercial e depois a produtiva, 44% levaram em média de 6 a 10 anos.

Carac10: Das empresas respondentes, 64% não produz no exterior. Já nas empresas que produzem, há um equilíbrio entre os diversos modos atividades de produção.

1.2 Estratégia

Estr1: De acordo com a pesquisa, há um equilíbrio entre os diversos tipos de estratégia de internacionalização que as empresas adotam. Destacam-se as alianças estratégicas e as exportações por meio de intermediários localizados no Brasil, com 16% e 14% respectivamente. Salienta-se que para esta questão as empresas podiam selecionar mais de uma alternativa.

Estr2: Para 36% da população pesquisada, a escolha dos países para os quais a empresa exporta ocorreu naturalmente, ou seja, sem nenhuma estratégia para a seleção de mercados.

Page 54: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 53

Estr3: No processo de decisão para a produção no exterior, destaca-se um nivelamento entre os aspectos apontados pelos entrevistados, sendo que 12% apontam a proximidade cultural, 12% o acesso a recursos de produção e apenas 3% os incentivos gerados por acordos comerciais.

Estr4: Segundo a pesquisa, 47% dos respondentes não se internacionalizaram ou não souberam responder quanto ao principal tipo de estratégia adotada no processo de internacionalização. Destaca-se que entre as organizações que utilizaram de uma decisão estratégica, 26% foram de estratégia deliberada e 26% de emergente.

Estr5: Das empresas que procuram o apoio de entidades, destaca-se que 44% buscam, em proporções equilibradas, um misto de serviços de conotação relacional e competências técnicas particulares, em proporções equilibradas.

Estr6: Para as empresas que utilizam os serviços da Câmara de Comércio Brasil-Itália, 54% dos respondentes afirmam que a competência técnica para informar e orientar as empresas está entre a 1º ou a 2ª colocação no ranking de prioridades.

Estr7: No aspecto de gerar análises de novos mercados, a maioria dos respondentes (32%) considera esta competência na 4ª colocação do ranking de prioridades.

Estr8: Para 27% dos respondentes, a competência técnica para promover uma maior visibilidade e redes de relacionamento para as empresas e seus produtos está na 3ª colocação do ranking de prioridades.

Estr9: Para 27% dos respondentes, a competência técnica de promover missões empresariais e de negócios está na 5ª colocação do ranking de prioridades.

Estr10: Para 27% dos respondentes, a competência técnica de atuar como “brokers” desenvolvendo relacionamentos e procurando parceiros para cada empresa está na 2ª colocação do ranking de prioridades.

Estr11: Das empresas respondentes, 32% consideram a competência técnica para suprir deficiências que as empresas possam ter como a menos importante no ranking de prioridades.

Estr12: Dos respondentes, 38% concordam parcialmente que o ciclo de vida dos produtos exportados é semelhante ao que ocorre no país de origem.

Estr13: A pesquisa aponta que a grande maioria das empresas pesquisadas (73%) concorda que há a necessidade de adaptação dos produtos para os mercados internacionais.

Estr14: A pesquisa aponta também que a grande maioria das empresas pesquisadas (70%) possui produtos exclusivos para o mercado internacional.

Estr15: De acordo com a pesquisa, 51% das empresas não desenvolvem nenhum tipo de parcerias em pesquisa no exterior. Já 36% desenvolvem ou já desenvolveram algum tipo de parceria de pesquisa no mercado internacional.

Page 55: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 54

1.3 Ciclo de vida do produto

Ciclo1: De acordo com os resultados obtidos, 41,2% das empresas concordam que os produtos originais ficaram defasados diante do mercado desde a fundação da empresa.

Ciclo2: A grande maioria das empresas discorda parcial (35,3%) ou totalmente (20,6%) que os produtos originais tornaram-se pouco competitivos em relação à concorrência.

Ciclo3: A grande maioria das empresas concorda parcial (23,5%) ou totalmente (23,5%) formando um total de 47% que sofreram uma seleção natural ao longo do tempo com sua linha de produtos.

Ciclo4: Diante da pesquisa realizada 52,9% das empresas pesquisadas concordam que aumentaram sua categoria de produtos sob a pena do negócio extinguir-se.

Ciclo5: A grande maioria das empresas (70,6%) concorda que sofreram uma evolução natural de sua linha de produtos ao longo do tempo.

Ciclo6: A pesquisa demonstra que 50% das empresas respondentes concordam parcial ou totalmente em não ter tido ruptura entre produtos originais e sucessores. Já 29,4% discordam parcial e totalmente.

Ciclo7: Na pesquisa realizada, 41,2% das empresas informaram que os produtos originais sofreram adaptações leves.

Ciclo8: A maioria das empresas concorda parcialmente (29,4%) que os produtos originais receberam adaptações e interessantemente 23,5% se mantém indiferente a adaptações.

1.4 Inovação

Inov1: Diante da pesquisa realizada, identifica-se que 35,3% das empresas não possuem laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento, e que 26,5% das empresas que possuem laboratórios localizam-se no país de origem da empresa.

Inov2: A maioria (32,4%) das empresas entrevistadas acredita que o estímulo cultural na organização seria o melhor caminho para o incentivo da inovação. 23,5% acreditam que participação dos funcionários ou estímulos financeiros seria os responsáveis motivacionais.

Inov3: A pesquisa demonstra que 32,4% das empresas que buscaram a internacionalização de seus negócios o fizeram por necessidades mercadológicas. E que somente 23,6% definiram este objetivo na criação da empresa.

1.5 Internacionalização

Inter1: Segundo a pesquisa realizada, significativa maioria das empresas (29%) ainda não se internacionalizou, mas pensam na possibilidade. Já 26% se encontram no processo de internacionalização por exportação.

Inter2: Entre os tipos de atuação das empresas no comércio exterior, 41% das empresas realizam exportação direta e 16% das empresas exportação formalizada em escritórios comerciais localizados no exterior.

Page 56: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 55

Inter3: A análise do gráfico demonstra que incentivos fiscais no país de destino foram de "Muita Influência" para a internacionalização da empresa (27%) ou de "Média Influência" para a internacionalização da empresa (24%).

Inter4: Com relação a acordos comerciais entre países envolvidos, grande maioria, 45% das empresas citaram que exerce "Média Influência" para a internacionalização, já 18% das empresas citaram que exerce "Muita Influência" para internacionalização.

Inter5: De acordo com a pesquisa, para grande parte das empresas (39%), atuação das Câmaras de Comércio é um fator de "Pouca Influência" para o processo de internacionalização. 18% das empresas citaram que a atuação das Câmaras de Comércio tem "Muito Pouca ou Média Influência".

Inter6: Segundo a pesquisa 33% das empresas citam a presença de imigrantes no país de destino dos investimentos como um fator de "Pouca Influência" para internacionalização e 27% das empresas citam que é um fator de "Muito Pouca Influência" para internacionalização.

Inter7: Grande parte das empresas citou que a Proximidade Cultural foi de "Média Influência" para a internacionalização. Já 30% das empresas citaram que foi de "Pouca Influência".

Inter8: De acordo com os resultados obtidos, 44% das empresas questionadas citam que Condições Geográficas são de "Pouca Influência" para a internacionalização, sendo que 19% das empresas citaram que Condições Geográficas são de "Média Influência" para a internacionalização.

Inter9: Condições de Financiamento de Atividades foram escolhidas como fator de "Média Influência" para 42% das empresas. Já 21% das empresas escolheram Condições de Financiamento de Atividades como um fator de "Muita Influência".

Inter10: Quanto a Potenciais Fornecedores em países de destino, 33% das empresas citaram ser um fator de "Média Influência" e 24% citaram ser um fator de "Muita Influência". Já 9% das empresas citaram ser um fator de "Muito Pouca Influência".

Inter11: Com relação à regulação dos produtos em mercados internacionais, as empresas encontram maiores restrições para seus produtos em países da América do Norte (18% das empresas) e em países de diferentes regiões geográficas (9% das empresas). 3% das empresas encontram maiores restrições em países Africanos e da Oceania, ou Asiáticos ou da Europa.

Inter12: A maioria das empresas (41%) utiliza entidades de caráter não governamental para criação ou assistência de negócios no exterior. Já 21% das empresas utilizam um mix de entidades e órgãos.

Inter13: As entidades ou órgãos mais utilizados pelas empresas respondentes para criação ou assistência de negócios no exterior são as Câmaras de Comercio, utilizadas por 62% das empresas e Bancos Privados, utilizados por 38% das empresas. É importante salientar que para esta questão as empresas poderiam selecionar mais de uma alternativa.

Page 57: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 56

Inter14: Quanto ao nível de satisfação com relação aos Ministérios e seus Órgãos, 43% das empresas respondentes apontaram a posição de "Parcial Insatisfação" enquanto 35% apontaram a posição de "insatisfação".

Inter15: O nível de satisfação em relação s Secretarias de Estado é de "Parcial Insatisfação" para 43% das empresas e de "Insatisfação" para 38% das empresas.

Inter16: Para Bancos Oficiais de Financiamento, segundo o questionário aplicado, 40% das empresas tem o nível de satisfação de "Indiferença". Já 24% das empresas tem o nível de satisfação "Parcialmente Satisfeito".

Inter17: Segundo as empresas respondentes, o nível de satisfação com Bancos Privados é de "Indiferença" 32% das empresas e "Parcial Satisfação" 28% das empresas.

Inter18: O nível de satisfação com as Câmaras de Comércio é de "Indiferença" para 34% das empresas e de "Parcial Satisfação" para 28% das empresas.

Inter19: O nível de satisfação com os Institutos de Comércio é de "Indiferença" para 34% das empresas e de "Parcial Insatisfação" para 26% das empresas.

Inter20: O nível de satisfação com as Con/Federações de classe é de "Indiferença" para 41% das empresas e de "Insatisfação" para 27% das empresas.

Inter21: O nível de satisfação com as Consultorias Privadas é de "Parcial Satisfação" para 38% das empresas e de "Parcial Insatisfação" para 33% das empresas.

Inter22: O nível de satisfação com o SEBRAE é de "Insatisfação" para 43% das empresas e de "Indiferença" para 22% das empresas.

Inter23: Segundo as empresas respondentes, 52% se internacionalizaram ao visualizar uma oportunidade no mercado externo e 15% das empresas se internacionalizou ao sentir uma ameaça no mercado interno.

Inter24: Das empresas que não começaram o processo de internacionalização, 100% pretendem se internacionalizar quando surgir uma oportunidade no mercado externo.

Page 58: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 57

Assunto: Caracterização Localizador: Carac1 # Questão: 1Descrição Em que ano foi fundada a empresa?

23%20%

17%

13% 13%

7%

3% 3%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

A partir de 2.000 Década de 90 Década de 80 Antes de 1940 Década de 60 Década de 70 Década de 40 Década de 50

Caract1 - Em que ano foi fundada a Empresa?

Assunto: Caracterização Localizador: Carac2 # Questão: 2Descrição Qual a origem (jurídica) de sua empresa?

65%

32%

3%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Brasileira Italiana Outros

Caract2 - Qual a origem (jurídica) de sua empresa?

Assunto: Caracterização Localizador: Carac3 # Questão: 3Descrição Sua empresa possui laços ou vínculos culturai/ emocionais, formais ou informais, com outro país?

38%

29%26%

6%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

Brasileira, mas com laços com a Itália Italiana, mas com laços com o Brasil Não possui Sim, com outros países

Caract3 - Sua empresa possui laços ou vínculos culturai/ emocionais, formais ou informais, com outro país?

Page 59: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 58

Assunto: Caracterização Localizador: Carac4 # Questão: 4Descrição A empresa, na época de sua criação nasceu a partir de um produto em especial?

52%

26%23%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Sim, um único produto que desenvolveu-se para uma especialidade e diversos produtos afins

Sim, um único produto e dedica-se exclusivamente a ele até hoje Não, nasceu a partir de muitos tipos de produtos e suas variações

Caract4 - A empresa, na época de sua criação nasceu a partir de um produto em especial?

Assunto: Caracterização Localizador: Carac5 # Questão: 5Descrição A qual das categorias seguintes pertencem os produtos que remontam à origem da empresa?

24%

18%

12%9%

6% 6%3% 3% 3% 3% 3% 3% 3% 3% 3%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

Serviços diversos

Alimentício Tecnologia e processos industriais

Mobiliário Finanças Vestuário cursos Cultural / Editorial

Papeleiro Eletronico Tecidos Máquinas Industriais

Farmacêutico Fomento Mercantil

Maquinário

Caract5 -A qual das categorias seguintes pertencem os produtos que remontam à origem da empresa?

Assunto: Caracterização Localizador: Carac6 # Questão: 6Descrição A empresa ao longo do tempo a empresa MIGROU para uma nova categoria de produtos?

38%35%

21%

6%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

Não, permanece na mesma categoria Sim, começou em uma categoria e ao longo do tempo "adicionou" outras categorias à inicial.

Não se aplica a meu caso Sim, começou em uma categoria e ao longo do tempo "trocou" a original por outra diferente

Caract6 - A empresa ao longo do tempo a empresa MIGROU para uma nova categoria de produtos?

Page 60: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 59

Assunto: Ciclo de Vida Localizador: Ciclo1 # Questão: 7Descrição Os produtos iniciais/originais da época da fundação da empresa ficaram defasados

29,4%

20,6% 20,6%17,6%

11,8%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

Concordo parcialmente Sou Indiferente Discordo parcialmente Discordo total Concordo totalmente

Ciclo1 - Os produtos iniciais/originais da época da fundação da empresa ficaram defasados

Assunto: Ciclo de Vida Localizador: Ciclo2 # Questão: 8Descrição Os custos dos produtos originais tornaram-nos pouco competitivos frente à concorrência externa

35,3%

23,5%20,6%

11,8%8,8%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

Discordo parcialmente Concordo parcialmente Discordo total Sou Indiferente Concordo totalmente

Ciclo2 - Os custos dos produtos originais tornaram-nos pouco competitivos frente à concorrência externa

Assunto: Ciclo de Vida Localizador: Ciclo3 # Questão: 9Descrição A empresa sofreu uma "seleção natural" ao longo do tempo em sua linha de produtos

26,5%23,5% 23,5%

14,7%11,8%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

Discordo total Concordo totalmente Concordo parcialmente Discordo parcialmente Sou Indiferente

Ciclo3 - A empresa sofreu uma "seleção natural" ao longo do tempo em sua linha de produtos

Page 61: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 60

Assunto: Ciclo de Vida Localizador: Ciclo4 # Questão: 10Descrição O acréscimo de categoria foram implementadas sob pena do negócio extinguir-se.

29,4%

23,5% 23,5%

17,6%

5,9%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

Concordo parcialmente Concordo totalmente Discordo total Discordo parcialmente Sou Indiferente

Ciclo4 - O acréscimo de categoria foram implementadas sob pena do negócio extinguir-se

Assunto: Ciclo de Vida Localizador: Ciclo5 # Questão: 11Descrição A empresa teve uma evolução natural em sua linha de produtos ao longo do tempo

47,1%

23,5%

14,7%11,8%

2,9%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

Concordo parcialmente Concordo totalmente Discordo parcialmente Discordo total Sou Indiferente

Ciclo5 - A empresa teve uma evolução natural em sua linha de produtos ao longo do tempo

Assunto: Ciclo de Vida Localizador: Ciclo6 # Questão: 12Descrição Não houve uma ruptura entre a linha de produtos originais da empresa e seus sucessores até hoje

32,4%

17,6%20,6% 20,6%

8,8%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

Concordo totalmente Concordo parcialmente Sou Indiferente Discordo parcialmente Discordo total

Ciclo6 - Não houve uma ruptura entre a linha de produtos originais da empresa e seus sucessores até hoje

Page 62: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 61

Assunto: Ciclo de Vida Localizador: Ciclo7 # Questão: 13Descrição Os produtos originais/iniciais receberam apenas adaptações leves

41,2%

26,5%

14,7%11,8%

5,9%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0%

Discordo parcialmente Sou Indiferente Discordo total Concordo parcialmente Concordo totalmente

Caract7 - Os produtos originais/iniciais receberam apenas adaptações leves

Assunto: Ciclo de Vida Localizador: Ciclo8 # Questão: 14Descrição Os produtos originais/iniciais receberam adaptações bastante consistentes

29,4%

23,5%20,6%

14,7%11,8%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

Concordo parcialmente Sou Indiferente Discordo total Discordo parcialmente Concordo totalmente

Ciclo8 - Os produtos originais/iniciais receberam adaptações bastante consistentes

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter1 # Questão: 15Descrição Identifique a fase em que sua empresa encontra-se no processo de internacionalização"

29%26%

18%

12%9%

3% 3%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

F0 - não nos internacionalizamos,

pensamos nesta possibilidade

F2 - internacionalizamos por meio de comércio de

exportação

F6 - completamos todas as etapas anteriores e já

exportamos a partir desta nova base "estrangeira"

F1 - não nos internacionalizamos, mas este

tema está em andamento

F3 - internacionalizamos pela exportação de produtos e pelo estabelecimento distribuidores

comerciais

F4 - internacionalizamos pela exportação de produtos e estabelecimento de joint-

ventures

F5 - internacionalizamos e buscamos implantação de uma unidade fora do país de origem

Iter1 - Identifique a fase em que sua empresa encontra-se "processo de internacionalização"

Page 63: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 62

Assunto: Estratégia Localizador: Estr1 # Questão: 16Descrição Estratégias utilizadas por sua empresa nos mercados internacionais em que ela atua

16% 14%

11% 11% 8% 8% 8%

5% 5% 3% 3% 3% 3% 3%

0%2%4%6%8%

10%12%14%16%18%20%

Aliançaestratégica

Exportação,por meio de

intermediárioslocalizados no

Brasil

Joint venture Exportação,por meio de

distribuidoreslocalizados no

exterior

Exportação,por meio de

unidadespróprias da

empresalocalizadas no

Brasil

Acordos delicenciamento

Exportação,por meio de

intermediárioslocalizados no

exterior

Franquia Planta deprodução

adquirida noexterior

Greenfield Contrato deprodução deum produto

inteiro

Aquisição deuma empresa

no exterior,com controle

total peloadquirente

Planta deprodução

adquirida noexterior

Exportação pormeio de

unidadespróprias da

empresalocalizadas no

exterior

Estr1 - Estratégias utilizadas por sua empresa nos mercados internacionais em que ela atua

Assunto: Caracterização Localizador: Carac7 # Questão: 17Descrição Qual a porcentagem atual do faturamento da empresa tem origem nas atividades de exportação?

41%

18% 18%15%

9%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%50%

Nada Menos que 10%. De 26 a 50%. Mais que 50%. De 11% a 25%.

Caract7 - Qual a porcentagem atual do faturamento da empresa tem origem nas atividades de exportação?

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter2 # Questão: 18Descrição A atuação da empresa no exterior é atualmente realizada através de:

41%

16%

44%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%50%

Exportação direta. Exportação formalizada em escritórios comerciais localizados no exterior.

Não se aplica a meu caso

Inter2 - A atuação da empresa no exterior é atualmente realizada através de:

Page 64: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 63

Assunto: Estratégia Localizador: Estr2 # Questão: 19Descrição Estratégia de escolha dos países para os quais a empresa exporta?

45%

36%

18%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

Não se aplica ao meu caso. A escolha dos países para os quais a empresa exporta ocorreu naturalmente ou seja, não houve nenhuma estratégia para a seleção de

mercados.

A empresa buscou primeiramente atender países que apresentassem "maior proximidade cultural".

Estr2 - Estratégia de escolha dos países para os quais a empresa exporta?

Assunto: Caracterização Localizador: Carac8 # Questão: 20Descrição Grau de importância dessas regiões para as exportações

38%

25%

13% 13%

6% 6%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

América do Sul (Brasil). America do Sul (inclusive outros países além do Brasil).

Ásia (China e Japão). Europa Central. América do Sul (Brasil em particular).

Ásia (outros países).

Caract8 - Grau de importância dessas regiões para as exportações

Assunto: Caracterização Localizador: Carac9 # Questão: 21Descrição Desenvolvimento das exportações e o estabelecimento de unidades de produção no exterior

44%

38%

13%

6%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%50%

De 6 a 10 anos. De 1 a 5 anos. De 11 a 15 anos. Mais de 15 anos.

Caract9 - Desenvolvimento das exportações e o estabelecimento de unidades de produção no exterior (Apenas para empresas que desenvolveram a internacionalização em estágios:

primeiro a categoria comercial e depois a produtiva)

Page 65: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 64

Assunto: Estratégia Localizador: Estr3 # Questão: 22Descrição Aspectos considerados pela empresa no processo de decisão para produzir no exterior

55%

12% 12% 9% 9%3%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Não se aplica ao meu caso. Proximidade cultural entre os países.

Acesso a recursos de produção (matérias-primas e mão-de-obra,

principalmente).

A manutenção de unidades de produção no exterior favorece o

estabelecimento de uma base de produção mais ampla.

Desenvolver atividades de produção em regiões onde já exercia uma forte presença

exportadora.

Incentivos gerados por acordos de comércio firmados entre os países.

Estr3 - Aspectos considerados pela empresa no processo de decisão para produzir no exterior

Assunto: Caracterização Localizador: Carac10 # Questão: 23Descrição Atividades de produção desenvolvidas no exterior são realizadas através de:

64%

15%9% 6% 6%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

A empresa não produz no exterior Unidade de produção própria estabelecida para esse fim.

Formalização de acordos de licenciamento com empresas locais.

Unidade de produção estabelecida através da formalização de joint- ventures com

empresas locais.

Unidade de produção estabelecida através da aquisição de empresas locais.

Caract10 - Atividades de produção desenvolvidas no exterior são realizadas através de:

Assunto: Estratégia Localizador: Estr4 # Questão: 24Descrição O processo de internacionalização de sua empresa teve como principal tipo de estratégia

26% 26%

47%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

A chamada estratégia "deliberada", ou seja, decisões resultantes de um planejamento estratégico

A chamada estratégia "emergente" , ou seja, decisões estratégicas adotadas em tempo real com os acontecimentos

Não se aplica a meu caso.

Estr4 - O processo de internacionalização de sua empresa teve como principal tipo de estratégia

Page 66: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 65

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter3 # Questão: 25Descrição Incentivos Fiscais no país de destino dos investimento foram importantes para internacionalização

27%24%

18%15% 15%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

Muita Influência Média Influência Pouca Influência Nenhuma Influência Muito Pouca Influência

Inter3 -Incentivos Fiscais no país de destino dos investimento foram importantes para internacionalização

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter4 # Questão: 26Descrição Acordos Comerciais entre os países envolvidos foram importantes para internacionalização

45%

18%15%

12%9%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%50%

Média Influência Muita Influência Nenhuma Influência Pouca Influência Muito Pouca Influência

Inter4 - Acordos Comerciais entre os países envolvidos foram importantes para internacionalização

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter5 # Questão: 27Descrição Atuação das Câmaras de Comércio foram importantes para processo de Internacionalização

39%

18% 18%15%

9%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

Pouca Influência Muito Pouca Influência Média Influência Muita Influência Nenhuma Influência

Inter5 - Atuação das Câmaras de Comércio foram importantes para processo de Internacionalização

Page 67: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 66

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter6 # Questão: 28Descrição Presença de imigrantes no país de destino dos investimento foi importante para interancionalização

33%

27%

18%15%

6%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

Pouca Influência Muito Pouca Influência Nenhuma Influência Média Influência Muita Influência

Inter6 - Presença de imigrantes no país de destino dos investimento foi importante para interancionalização

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter7 # Questão: 29Descrição Proximidade Cultural foi importante para internacionalização

39%

30%

21%

6%3%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

Média Influência Pouca Influência Muito Pouca Influência Muita Influência Nenhuma Influência

Inter7 - Proximidade Cultural foi importante para internacionalização

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter8 # Questão: 30Descrição Condições Geográficas foram importantes para internacionalização

42%

21%18%

15%

3%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%50%

Média Influência Muita Influência Pouca Influência Nenhuma Influência Muito Pouca Influência

Inter8 - Condições Geográficas foram importantes para internacionalização

Page 68: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 67

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter9 # Questão: 31Descrição Condições de Financiamento de Atividades foram importante para Internacionalização

42%

21%18%

15%

3%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%50%

Média Influência Muita Influência Pouca Influência Nenhuma Influência Muito Pouca Influência

Inter9 -Condições de Financiamento de Atividades foram importante para Internacionalização

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter10 # Questão: 32Descrição Potenciais Fornecedores em países de destistino foi importante para internacionalização

33%

24%

18%15%

9%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

Média Influência Muita Influência Nenhuma Influência Pouca Influência Muito Pouca Influência

Inter10 - Potenciais Fornecedores em países de destistino foi importante para internacionalização

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter11 # Questão: 33Descrição Com relação à regulação dos produtos em mercados internacionais, a empresa encontra

maiores restrições para seus produtos em que países?

18%

9% 6%3% 3% 3%

59%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Países da América do Norte. Países de diferentes regiões geográficas.

Países da América do Sul. Países Africanos e da Oceania.

Países Asiáticos. Países da Europa. Não se aplica a meu caso

Inter11 - Com relação à regulação dos produtos em mercados internacionais, a empresa encontra maiores restrições para seus produtos em que países?

Page 69: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 68

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter12 # Questão: 34Descrição Sua empresa utiliza serviços de entidades/órgãos para criação ou assistência de

negócios no exterior?

41%

21%18%

3%

18%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%50%

Sim, usa entidades de caráter NÃO governamental (Câmaras de Comércio,

Institutos de Comércio Exterior, (Con)Federações de classe, Consultorias,

ONG’s, Bancos privados etc.)

Utiliza diversos tipos (um mix das opções/entidades acima)

Não usa Sim, usa entidades de caráter governamental (Ministérios, Secretarias,

Bancos oficiais de financiamento)

Não se aplica a meu caso

Inter12 - Sua empresa utiliza serviços de entidades/órgãos para criação ou assistência de negócios no exterior?

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter13 # Questão: 35Descrição Serviços de entidades/órgãos utilizados para criação ou assistência de negócios no exterior

62%

38%

26%

18%12% 12%

9% 6%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Câmaras de Comércio Bancos privados Bancos oficiais de financiamento

SEBRAE Consultorias privadas Institutos de Comércio Exterior

Ministérios e seus órgãos (Con)Federações de classe

Inter13 - Serviços de entidades/órgãos utilizados para criação ou assistência de negócios no exterior

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter14 # Questão: 36Descrição Nível de satisfação com Ministérios e seus Órgãos

43%

35%

17%

4%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%50%

Parcialmente insatisfeito Insatisfeito Indiferente Satisfeito

Inter14 - Nível de satisfação com Ministérios e seus Órgãos

Page 70: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 69

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter15 # Questão: 37Descrição Nível de satisfação com Secretarias de estado

43%38%

19%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%50%

Parcialmente insatisfeito Insatisfeito Indiferente

Inter15 - Nível de satisfação com Secretarias de estado

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter16 # Questão: 38Descrição Nível de satisfação com Bancos oficiais de financiamento

40%

24%20%

12%

4%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

Indiferente Parcialmente insatisfeito Insatisfeito Parcialmente satisfeito Satisfeito

Inter16 - Nível de satisfação com Bancos oficiais de financiamento

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter17 # Questão: 39Descrição Nível de satisfação com Bancos privados

32%28%

20%

12%8%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

Indiferente Parcialmente satisfeito Parcialmente insatisfeito Insatisfeito Satisfeito

Inter17 - Nível de satisfação com Bancos privados

Page 71: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 70

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter18 # Questão: 40Descrição Nível de satisfação com Câmaras de Comércio

34%

28%

17%14%

7%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

Indiferente Parcialmente satisfeito Parcialmente insatisfeito Satisfeito Insatisfeito

Inter18 - Nível de satisfação com Câmaras de Comércio

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter19 # Questão: 41Descrição Nível de satisfação com Institutos de Comércio Exterior

37%

26%22%

11%

4%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

Indiferente Parcialmente insatisfeito Parcialmente satisfeito Insatisfeito Satisfeito

Inter19 - Nível de satisfação com Institutos de Comércio Exterior

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter20 # Questão: 42Descrição Nível de satisfação com Con/Federações de classe

41%

27% 27%

5%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

Indiferente Insatisfeito Parcialmente insatisfeito Parcialmente satisfeito

Inter20 - Nível de satisfação com Con/Federações de classe

Page 72: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 71

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter21 # Questão: 43Descrição Nível de satisfação com Consultorias privadas

38%33%

17%

8%4%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

Parcialmente satisfeito Parcialmente insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Indiferente

Inter 21 - Nível de satisfação com Consultorias privadas

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter22 # Questão: 45Descrição Nível de satisfação com SEBRAE

43%

22%17%

13%

4%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%50%

Insatisfeito Indiferente Satisfeito Parcialmente satisfeito Parcialmente insatisfeito

Inter22 - Nível de satisfação com SEBRAE

Assunto: Estratégia Localizador: Estr5 # Questão: 46Descrição Quais os tipos de serviços que predominantemente você procura de entidades?

44%

32%

12% 12%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%50%

Um misto de ambos, em proporções equilibradas Serviços de conotação relacional Não se aplica a meu caso Serviços que exigem competências técnicas particulares

Estr5 - Quais os tipos de serviços que predominantemente você procura de entidades?

Page 73: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 72

Assunto: Estratégia Localizador: Estr6 # Questão: 47Descrição Competência técnica para informar e orientar as empresas sobre questões fiscais, legais, etc

27% 27%

23%

14%

9%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

1º Lugar 2º Lugar 6º Lugar 4º Lugar 5º Lugar

Estr6 - Competência técnica para informar e orientar as empresas sobre questões fiscais, legais, etc

Assunto: Estratégia Localizador: Estr7 # Questão: 48Descrição Competência gerar análises de novos mercado permitindo sua penetração com maior segurança

32%

23%

14% 14%

9% 9%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

4º Lugar 6º Lugar 1º Lugar 3º Lugar 2º Lugar 5º Lugar

Estr7 - Competência gerar análises de novos mercado permitindo sua penetração com maior segurança

Assunto: Estratégia Localizador: Estr8 # Questão: 49Descrição Promove uma maior visibilidade e redes de relacionamento para as empresas e seus produtos

27%

23%

18%

14%

9% 9%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

3º Lugar 1º Lugar 2º Lugar 5º Lugar 4º Lugar 6º Lugar

Estr8 - Promove uma maior visibilidade e redes de relacionamento para as empresas e seus produtos

Page 74: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 73

Assunto: Estratégia Localizador: Estr9 # Questão: 50Descrição Promover missões empresariais e de negócios focadas em produto/segmento de mercado/cliente

27% 27%

14% 14% 14%

5%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

5º Lugar 3º Lugar 1º Lugar 6º Lugar 4º Lugar 2º Lugar

Estr9 - Promover missões empresariais e de negócios focadas em produto/segmento de mercado/cliente

Assunto: Estratégia Localizador: Estr10 # Questão: 51Descrição Atuar como “brokers” desenvolvendo relacionamentos e procurando parceiros para cada empresa

36%

23%18%

14%9%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

2º Lugar 5º Lugar 3º Lugar 4º Lugar 1º Lugar

Estr10 - Atuar como “brokers” desenvolvendo relacionamentos e procurando parceiros para cada empresa

Assunto: Estratégia Localizador: Estr11 # Questão: 52Descrição Competência para suprir deficiências que as empresas possam ter

32%

23%

18%

14%

9%

5%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

6º Lugar 3º Lugar 4º Lugar 5º Lugar 1º Lugar 2º Lugar

Estr11 - Competência para suprir deficiências que as empresas possam ter

Page 75: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 74

Assunto: Inovação Localizador: Inov1 # Questão: 53Descrição Com relação às atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)

35,3%

26,5%

38,2%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0%

Não possui P&D P&D no país de origem Não se aplica

Inov1 -Com relação às atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)

Assunto: Estratégia Localizador: Estr12 # Questão: 54Descrição O ciclo de vida dos produtos exportados é semelhante ao qu

38%

19% 19%16%

9%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

Concordam parcialmente São Indiferentes Discordam parcialmente Concordam totalmente Discordam totalmente

Estr12 - O ciclo de vida dos produtos exportados é semelhante ao que ocorre no seu país de origem

Assunto: Estratégia Localizador: Estr13 # Questão: 55Descrição Há a necessidade de adaptação dos produtos para mercados internacionais

45%

27%

12% 12%

3%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

Concordam parcialmente Concordam totalmente Discordam totalmente São Indiferentes Discordam parcialmente

Estr13 - Há a necessidade de adaptação dos produtos para mercados internacionais

Page 76: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 75

Assunto: Estratégia Localizador: Estr14 # Questão: 56Descrição Há produtos exclusivos para o mercado internacional

42%

27%

15%

9%6%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%50%

Concordam parcialmente Concordam totalmente Discordam parcialmente Discordam totalmente São Indiferentes

Estr14 - Há produtos exclusivos para o mercado internacional

Assunto: Estratégia Localizador: Estr15 # Questão: 57Descrição A empresa desenvolve parcerias em pesquisa no exterior

35%

26%

16%13%

10%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

Discordam totalmente Concordam parcialmente Discordam parcialmente São Indiferentes Concordam totalmente

Estr15 - A empresa desenvolve parcerias em pesquisa no exterior

Assunto: Estratégia Localizador: Inov2 # Questão: 58Descrição A questão da inovação é fortemente presente nas relações com país que se exporta

31%

22%19%

16%13%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

São Indiferentes Discordam totalmente Concordam parcialmente Discordam parcialmente Concordam totalmente

Inov2 - A questão da inovação é fortemente presente nas relações com o país que se exporta

Page 77: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 76

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter23 # Questão: 59Descrição Fases responsável pelo início do processo de internacionalização

52%

15%

33%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Enxergava uma oportunidade no mercado externo Sentia uma ameaça do mercado interno Não se aplica a meu caso

Inter23 - Fases responsável pelo início do processo de internacionalização

Assunto: Internacionalização Localizador: Inter24 # Questão: 60Descrição Fases atuais para empresdas não iniciaram seu processo de internacionalização

100%

0%0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Quando surgir uma oportunidade no mercado externo Quando surgir uma ameaça no mercado interno

Inter24 - - Fase responsável por futuro processo de internacionalização

Assunto: Inovação Localizador: Inov3 # Questão: 61Descrição Qual o meio mais eficaz de incentivar a inovação dentro da organização?

32,4%

23,5% 23,5%

17,6%

2,9%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

Estimulo cultural Contribuição participativa Estimulo financeiro Incentivo à criatividade Não se aplica

Inov3 - Qual o meio mais eficaz de incentivar a inovação dentro da organização?

Page 78: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 77

Assunto: Inovação Localizador: Inov4 # Questão: 62Descrição Quando a inovação deve ser implementada em uma empresa que pretende se internacionalizar?

32,4%

23,5%20,6% 20,6%

2,9%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

Necessidade de Mercado Na criação da emprensa Definição das estratégias Vantagem competitiva Não se aplica

Inov4 - Quando a inovação deve ser implementada em uma empresa que pretende se internacionalizar?

Page 79: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 78

CAPÍTULO 3

INTERNACIONALIZAÇÃO DE NEGÓCIOS: ESTRATÉGIA DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DE EMPRESAS ITALIANAS E BRASILEIRAS

Anderson Freitas Silva

Andresa Silva Neto Francischini Bruno Elias Lozano

Mário Donato da Silva Rodrigo de Oliveira

Nota dos organizadores: este capítulo foi gerado a partir dos resultados do capítulo 2, tendo

utilizado o mesmo banco de dados obtidos na ocasião (ver anexos daquele capítulo). A similaridade em algumas de suas seções iniciais foi mantida propositalmente, para que o leitor possa utilizá-lo independentemente, sem necessidade de recorrer a consultas no texto anterior.

INTRODUÇÃO As organizações têm buscado novos mercados no exterior a partir de

diferentes motivações. Esse processo pode envolver desde a busca por mercados internacionais, a partir da saturação de oportunidades de crescimento no mercado local, até a consideração de atuação internacional desde a fase de fundação da empresa. Nesse contexto, a internacionalização tem sido cada vez mais considerada entre as estratégias de crescimento e desenvolvimento das empresas.

As teorias clássicas que tratam sobre a internacionalização de empresas foram desenvolvidas a partir da análise de grandes empresas multinacionais americanas e européias, em sua maioria, que já apresentavam forte presença nos mercados nacionais. A literatura brasileira está direcionada para a análise da internacionalização de empresas que já tinham conquistado vantagens competitivas no mercado doméstico, antes da realização de investimentos diretos no exterior. Esses investimentos tiveram como destino países da América Latina, principalmente, em decorrência da forte presença exportadora.

Partindo dessas considerações, o objetivo desse capítulo é avaliar, entre um conjunto de empresas, como o processo de formação de estratégia influencia em suas trajetórias de internacionalização. Desta forma, os objetivos específicos que guiaram o desenvolvimento desse estudo são:

(a) Identificar os processos de formação de estratégia considerados entre as empresas estudadas.

(b) Relacionar as influências das estratégias com o processo de internacionalização;

Page 80: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 79

As conclusões apresentadas baseiam-se em entrevistas realizadas com 34 empresas indicadas pela Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio (ITALCAM), sendo que os respondentes eram os contatos oficiais das empresas ou seus prepostos, sempre ligados à área de estratégia da empresa. Os respondentes puderam manifestar e acrescentar novas ideias, detalhes e opiniões enquanto respondiam as questões objetivas.

Para tanto, foi considerado um questionário composto por 62 questões objetivas divididas em 05 categorias: (1) Caracterização das empresas; (2) estratégia; (3) Ciclo de vida dos produtos; (4) Inovação e (5) Internacionalização. O questionário está no Anexo I desse capítulo.

O capítulo está dividido em três seções. A primeira seção trata do referencial teórico, onde são apresentados os conceitos de estratégia e vantagem competitiva. Essa seção traz também as principais teorias que tratam do processo de internacionalização, considerando as abordagens tradicionais e recentes para o tema bem como um conjunto de características do processo de internacionalização de empresas brasileiras. Na segunda seção tem-se a análise dos resultados e finalmente a conclusão do estudo.

1. REFERENCIAL TEÓRICO 1.1. Estratégia: Conceito e seu Processo de Formação. No cenário atual em que prevalece a alta competitividade entre as

empresas, as estratégias definidas pelas organizações são fundamentais para o alcance de vantagens competitivas. Assim, essa seção parte da compreensão dos aspectos teóricos que definem o conceito de estratégia.

Mintzberg e Quinn (2001) afirmam que o conceito de estratégia não é tão simples de ser definido. Para os autores, estratégia é uma idéia de como a empresa pretende relacionar-se com o público no mercado em que já atua ou pretende atuar. Vale destacar que como público entende-se seus clientes, fornecedores, acionistas e stakeholders. Além disso, as estratégias definidas ao longo do tempo influenciam a imagem da empresa.

Para Wright et al. (2000) o conceito de estratégia está relacionado com os planos da alta administração para alcançar resultados consistentes, destacando aqui a missão e os objetivos gerais da organização. Para os mesmos autores, a definição de estratégia envolve três etapas: (1) a formulação ou desenvolvimento da estratégia, (2) sua implantação e (3) o controle estratégico.

Para Porter (2003), a competição administrativa em um determinado setor encontra-se arraigada na sua economia subjacente e em algumas forças competitivas. Nesse contexto, os clientes, os fornecedores, os entrantes em potencial e os produtos substitutos podem ser considerados como concorrentes, com níveis de influência diferenciados de acordo com o setor ou atividade econômica. Partindo dessa análise, o autor desenvolveu o Modelo das Cinco Forças: (1) Poder de barganha dos fornecedores; (2) Ameaça de novos entrantes; (3) Ameaça de produtos substitutos; (4) Poder de barganha dos clientes e (5) Rivalidade entre concorrentes.

Ainda segundo o mesmo autor, após a análise dessas forças, uma empresa é capaz de definir seu posicionamento no mercado em que atua e

Page 81: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 80

também estabelece suas estratégias, objetivando o seu desenvolvimento baseado na obtenção de vantagens competitivas.

A estratégia é capaz de desenvolver um plano de ação que inclui posicionamento da empresa, de modo que suas capacidades proporcionem a melhor defesa contra as forças competitivas. Ainda, é importante avaliar sua influência no equilíbrio das forças, através de manobras estratégicas, melhorando, dessa forma, a posição da empresa. Esse processo pode envolver a antecipação de mudanças nos fatores subjacentes às forças e da reação da empresa a essas alterações, na esperança de explorá-las de modo favorável, através da escolha de uma estratégia adequada ao novo equilíbrio competitivo antes de seu conhecimento pelos concorrentes (PORTER, 2003).

Thompson Jr. (2000) complementa esse conceito, sugerindo que a estratégia da empresa consiste no conjunto de mudanças competitivas e abordagens comerciais que os gerentes executam para atingir o melhor desempenho da empresa. A estratégia, na verdade, é o planejamento do jogo de gerência para reforçar a posição da organização no mercado, promover a satisfação dos clientes e atingir os objetivos de desempenho.

O planejamento do jogo gerencial para dirigir uma empresa com sucesso envolve todas as funções e departamentos principais – compras, produção, financeiro, comercialização, recursos humanos e pesquisa & desenvolvimento (P&D). O desafio da implementação da estratégia é moldar todas as decisões e ações da empresa em um padrão coeso. (THOMPSON JR., 2000).

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) afirmam que o planejamento preconiza a formação da estratégia como um processo formal, que segue um conjunto específico de etapas. Esses passos partem da análise da situação atual da empresa até o desenvolvimento e a exploração de diferentes cenários alternativos. O objetivo é a geração de um conjunto coordenado de planos, capaz de guiar a organização até o alcance de seus objetivos.

Para os autores, as principais etapas que se encontram na maioria desses modelos são as seguintes: (a) determinação de objetivos e metas e (b) elaboração e quantificação dos resultados que a organização pretende alcançar ao longo do tempo, nas suas diversas áreas de atividades.

Segundo Hax e Majluf (1991) a estratégia é resultado de três diferentes processos que contribuem para a sua formação:

(1) O processo cognitivo dos indivíduos onde o entendimento racional do ambiente externo e capacidades internas da empresa residem;

(2) Os processos sociais e organizacionais que contribuem para a comunicação interna e o desenvolvimento de uma opinião consensual;

(3) Os processos políticos que tratam da criação, retenção e transferência de poder dentro da organização.

Os mesmos autores sugerem ainda que, dentro dessa perspectiva, o trabalho do CEO (Chief Executive Officer) é visto como a gestão desses três processos. Isso requer que os executivos desenvolvam uma visão ampla do que se quer atingir, e gerenciem uma rede de forças organizacionais que conduzam para o descobrimento, evolução e enriquecimento dessa visão.

Já para Certo e Peter (2005) a análise de questões críticas fornece a estrutura necessária para o estudo atual da organização e propicia a formulação de estratégias eficazes. Os autores sugerem que para a formulação de tais estratégias é necessário responder a quatro questões básicas:

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(1) Quais são os propósitos e objetivos da organização? (2) Para onde a organização está indo no momento? (3) Que fatores ambientais críticos a organização enfrenta atualmente? (4) O que pode ser feito para que os objetivos organizacionais sejam

alcançados de forma mais efetiva no futuro? Sendo assim, Mintzberg e Quinn (2001) observam que a definição de

uma estratégia focada permite à empresa alcançar objetivos apontados ao longo dos anos, muitas vezes difíceis de serem atingidos no curto prazo. E que de certa forma as empresas também formam as suas estratégias com base na vivência, como prezar pela qualidade dos produtos ou do atendimento aos clientes.

1.2. Tipos de Estratégia e Vantagem Competitiva. Mintzberg e Quinn (2001) defendem a teoria de que a estratégia tem

sido usada de diversas maneiras. Assim sendo, cinco definições estratégicas podem ser traçadas como os “5 Ps” da estratégia, sendo elas:

(1) Estratégia como Plano: envolve a definição de um curso de ação consciente, seguindo uma diretriz ou um conjunto de diretrizes;

(2) Estratégia como Pretexto: tem a finalidade de iludir ou enganar a concorrência;

(3) Estratégia como Padrão: é um padrão conseqüente de um fluxo de ações, ou seja, a estratégia é consistência no comportamento de determinadas ações;

(4) Estratégia como Posição: é a estratégia da organização de acordo com o ambiente no qual a mesma esta inserida;

(5) Estratégia como Perspectiva: é a estratégia sob a perspectiva de como a organização vê o mundo, onde as empresas constroem sua ideologia em torno dessa visão.

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) afirmam que com base na definição dos “5 Ps” da estratégia as organizações desenvolvem seus planos futuros. O conjunto desses planos pode ser definido como “estratégia pretendida” e seu desenvolvimento considera também eventos passados, definidos como “estratégias realizadas”. Esse conjunto de planos sugere que nem sempre as estratégias realizadas são fruto de uma estratégia pretendida, mas sim de uma estratégia emergente, na qual determinado padrão realizado não era expressamente pretendido. De acordo com Wright et al. (2000), o fato de estratégias realizadas não terem sido pretendidas pode ser explicado a partir de eventos ambientais.

A Figura 1 permite observar que as intenções realizadas podem ser chamadas de estratégia deliberada. Ou seja, uma estratégia pretendida pode ou não ser realizada, porém uma estratégia realizada nem sempre é fruto de uma estratégia deliberada, sendo que pode ser realizada por meio de uma estratégia emergente.

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Figura 2: Estratégias Deliberadas e Emergentes Fonte: Mintzberg et al. (2000, p.19)

Para Porter (1989), a vantagem competitiva surge fundamentalmente do

valor que a empresa consegue criar para seus compradores e que ultrapassa o custo de fabricação pela empresa. O valor é aquilo que os compradores estão dispostos a pagar. Ainda, o autor destaca três tipos básicos de vantagem competitiva definidas na figura a seguir:

Figura 2: Tipos de Vantagens Competitivas

Tipos de Vantagens Competitivas

Descrição

(1) Liderança em custos A empresa tem como objetivo alcançar o menor custo de produção no setor em que atua, obtendo assim uma margem lucrativa maior do que seus concorrentes;

(2) Diferenciação A empresa tem como objetivo ser a única a

atuar na produção de um determinado bem, obtendo assim vantagem competitiva e a diferenciação frente seus concorrentes. A diferenciação pode envolver o próprio produto, o sistema de entrega, a definição das estratégias de marketing, entre outros aspectos.

(3) Enfoque O enfoque se caracteriza em selecionar um

segmento ou um grupo de segmentos na indústria e adaptar sua estratégia para atendê-los, excluindo os outros. O objetivo é otimizar a estratégia para o alcance de segmentos-alvo.

.

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Fonte: Organizado pelos autores. Baseado em Porter (1989) 1.3. O Conceito de Internacionalização: Teorias Clássicas e

Abordagens Recentes. Esta seção apresenta as principais teorias desenvolvidas para a análise

dos processos de internacionalização e desenvolvimento de empresas internacionais, a partir da consideração dos principais autores que estudam o tema. Primeiramente tem-se a apresentação das teorias clássicas, desenvolvidas a partir de 1960 e, em seguida, são consideradas as abordagens recentes para o tema.

Hymer (1960) foi um dos primeiros autores a pesquisar o processo de internacionalização de empresas a partir da investigação das operações internacionais formalizadas em diferentes países, desenvolvendo, assim, a Teoria do Poder de Mercado. Ao analisar a influência do comércio internacional no desenvolvimento das operações internacionais, Hymer (1960) destaca que as empresas frequentemente desenvolvem operações internacionais em países em que o comércio internacional é ou foi importante, representando uma estratégia de substituir exportações ou de gerar importações.

A partir da Teoria do Poder de Mercado, é possível afirmar que a formalização de operações internacionais por parte de empresas nacionais é uma maneira de explorar, no mercado internacional, vantagens já conquistadas no mercado local. Inicialmente, a empresa introduz a inovação e o produto exibe uma elevada taxa de crescimento, se é crescente o número de consumidores que passam a usá-lo. A partir da saturação do mercado, a rentabilidade começa a apresentar declínio e ao mesmo tempo outras empresas entram no mercado e podem passar a dominar os custos de produção. (HYMER, 1983).

Vernon (1966) desenvolveu a Teoria do Ciclo do Produto e suas análises partem da hipótese de que todos os países desenvolvidos têm igual acesso aos avanços da ciência e do conhecimento, ainda que afirme que essa igualdade de acesso não garante a aplicação dos novos conhecimentos no desenvolvimento de novos produtos de forma equânime. Vernon (1979) ressalta que as inovações são desenvolvidas no mercado doméstico em que está localizada a firma.

No entanto, o mesmo autor destaca que as inovações desenvolvidas em mercados locais tendem a considerar as características destes mercados, o que aumenta as chances de que as atividades de produção também sejam desenvolvidas localmente, como forma de minimizar custos de transporte. Já na fase de maturação do produto, novas firmas passam a atuar no mercado e como resultado de maior concorrência surge a necessidade de diferenciação. Ao término desse estágio, a demanda pelo novo produto tende a aumentar e a empresa passa a considerar a possibilidade de padronização. Conforme a empresa exporta seus produtos para outros países, os empresários passam a avaliar a possibilidade de estabelecer atividades de produção no exterior (VERNON, 1979).

Buckley e Casson (1976) desenvolveram a Teoria da Internacionalização das Atividades. O modelo proposto pelos autores traz outras opções de entrada partindo de um conjunto de proposições.

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Inicialmente, ao avaliar o modo de entrada mais adequado, a empresa deve diferenciar as atividades de produção e as atividades de distribuição, pois a produção pode ser desenvolvida no país de origem enquanto a distribuição terá de ser no exterior. Além disso, a função produção encontra-se relacionada às tecnologias desenvolvidas pela empresa, enquanto a função distribuição, às atividades de marketing.

Os autores também tratam dos custos que envolvem os modos de entrada. A exportação dos produtos envolve custos, principalmente de transporte e aqueles relacionados a tarifas, que não existirão se a empresa optar pela produção internacional. Por outro lado, a produção no exterior leva ao surgimento de custos provenientes da comunicação da tecnologia usada no processo produtivo e do treinamento de funcionários no exterior, além das possíveis perdas de economias de escala já alcançadas no país de origem.

Dunning (1980; 1993; 1997) analisa o processo de internacionalização das empresas a partir do estabelecimento de unidades de produção no exterior. O autor reforça que o objetivo das empresas é a transformação de insumos em produtos de maior valor através de processos de produção.

A opção pela produção no exterior por parte de uma firma considera a existência de três grupos de vantagens: Propriedade (Ownership), Localização (Location) e Internalização (Internalization), que juntas compõem o Modelo OLI, definido no “Paradigma Eclético da Produção Internacional” desenvolvido por John Dunning. Em seus estudos mais recentes, Dunning (1997) passou a considerar as consequências das mudanças que estão ocorrendo nos mercados globais para o entendimento dos determinantes da criação de empresas multinacionais e do Paradigma Eclético de Produção Internacional.

O Modelo de Uppsala tem como principal característica a análise dos processos de internacionalização das empresas a partir de aspectos organizacionais, no qual a firma é a unidade de análise. Diferentemente das teorias vistas anteriormente, o foco da teoria não se constitui nos aspectos macroecômicos relacionados ao comércio internacional. Johanson e Vahlne (1977), seus proponentes, destacam que as firmas desenvolvem operações internacionais em cada país em quatro etapas sucessivas: (1) Desenvolvimento de exportações não regulares; (2) Desenvolvimento de exportações utilizando-se de agentes de representação; (3) Estabelecimento de uma subsidiária dedicada a vendas; e (4) Eventualmente, estabelecimento de uma unidade de produção.

Inicialmente a empresa não possui qualquer conhecimento sobre o mercado em que atua, desenvolvendo apenas atividades de exportação. Em seguida, a firma passa a contar com informações superficiais sobre o mercado, o que leva à contratação de representantes independentes. A partir do acesso a informações que permitem o desenvolvimento de ampla e diversificada experiência de mercado, a firma vai optar pelo estabelecimento de uma subsidiária encarregada pelas vendas no exterior, o que pode, finalmente, evoluir para o estabelecimento de unidades de produção no exterior.

Nos anos recentes, o surgimento de novos processos de internacionalização levaram ao desenvolvimento das abordagens recentes para o tema.

Chesnais (1996) analisa o processo de internacionalização de empresas a partir da consideração de três dimensões: o intercâmbio comercial, o

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investimento produtivo no exterior e os fluxos de capital monetário ou capital financeiro. O autor considera que o desenvolvimento de atividades de exportação é uma das dimensões do processo, definida como “internacionalização comercial”. Outras dimensões possíveis são a “internacionalização produtiva”, caracterizada pelo estabelecimento de unidades de produção no exterior e a “internacionalização financeira”, caracterizada pela intensificação de fluxos de capital financeiro entre os países.

Porém, a partir da evolução das atividades desenvolvidas pelas empresas no exterior, Chesnais (1996) destaca o surgimento de outra dimensão para o processo de internacionalização, baseada nos ativos intangíveis das empresas e no capital humano, definida como “internacionalização tecno-financeira”. Essa dimensão está baseada na criação de know-how e atividades de pesquisa e desenvolvimento.

A definição da firma Born Global pode ser considerada uma abordagem recente para o tema de internacionalização de empresas. O termo é utilizado para definir uma firma que, desde a fundação ou após pouco tempo de fundada, considera a atuação global em suas estratégias de desenvolvimento. O conceito apresenta muitas diferenças quando comparado às teorias tradicionais, que tratam a internacionalização como um processo a ser desenvolvido em etapas, de maneira incremental, devido à falta de conhecimento sobre os mercados internacionais e pela consideração da incerteza em atuar no exterior (MADSEN e SERVAIS, 1997).

Knight e Cavusgil (2004) também definem uma firma “Born Global” como aquela que adota a internacionalização em períodos curtos após a fundação. Os autores destacam que a entrada em mercados internacionais é feita em um período de até três anos. É possível afirmar que os autores considerados para a análise do surgimento e caracterização de uma firma como “Born Global” apresentam pontos convergentes em seus trabalhos, ainda que com ênfases diferenciadas: (1) A atuação internacional é considerada desde a fundação ou em pouco tempo após, sem o desenvolvimento primário de vantagens monopolísticas no mercado interno; (2) essas firmas tendem a atuar em segmentos de mercado e apresentam maior capacidade de adaptação de produtos para mercados específicos; (3) O desenvolvimento da capacidade de inovação é fundamental para a atuação em mercados internacionais; (4) as novas tecnologias de produção e comunicação reduzem os custos de transação e têm favorecido o surgimento dessa categoria de firmas; (5) as firmas desenvolvem adaptações em seus produtos, o que torna os mercados mais homogêneos; (6) os fornecedores com competências complementares são também selecionados a partir de acordos de colaboração; (7) há o estabelecimento de parcerias para a distribuição dos produtos em mercados internacionais.

Finalmente, Francischini (2009) destaca que as novas abordagens para o estudo da internacionalização de empresas representam um novo caminho para a análise de casos em que as teorias clássicas não se mostram adequadas ou não são capazes de explicar os fenômenos em sua totalidade, principalmente quando empresas brasileiras e seus processos de internacionalização estão sendo considerados.

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1.4. Internacionalização de Empresas Brasileiras

O debate brasileiro sobre a internacionalização de empresas nacionais tem sido intensificado nos últimos anos a partir da análise do tema sob os enfoques diferenciados. Essa seção traz as principais características da internacionalização de empresas brasileiras, bem como as fases e as motivações que envolveram o processo.

A adoção de estratégias de internacionalização por parte de empresas brasileiras é um processo tardio, principalmente quando comparado com outras, de países emergentes. Entre as décadas de 60 e 70, as atividades de internacionalização estavam concentradas em exportações, enquanto no final dos anos 70 e início dos 80 um pequeno número de empresas brasileiras havia realizado investimentos diretos no exterior (BARRETO e ROCHA, 2003; ROCHA, SILVA e CARNEIRO, 2007; FLEURY e FLEURY, 2007).

Quanto ao aspecto da internacionalização tardia, Ricupero e Barreto (2007) destacam que o processo de internacionalização de empresas nacionais foi iniciado em um cenário econômico marcado pelo baixo crescimento, principalmente durante a década de 80. A realização de investimentos diretos externos a partir da década de 90 pode ser entendida como um caminho para manter o dinamismo alcançado internamente em períodos anteriores.

Os mesmos autores ressaltam a existência de uma estreita correlação entre o estabelecimento de relações comerciais e a realização de investimentos diretos no exterior por empresas nacionais. Assim, a internacionalização é entendida como um caminho para o aumento da competitividade da empresa bem como um meio de sobreviver em ambientes mais competitivos.

A maioria das empresas brasileiras passou a desenvolver atividades de produção no exterior através da realização de Investimentos Diretos Externos (IDE) apenas a partir de 1990 (ROCHA et al., 2007). Esses investimentos têm sido caracterizados pelo estabelecimento de unidades próprias no exterior, aquisições de outras empresas e ainda por meio do estabelecimento de joint ventures (FLEURY e FLEURY, 2007).

Outro aspecto importante para a caracterização da internacionalização de empresas brasileiras refere-se à localização dos investimentos. De maneira geral, os países desenvolvidos são considerados a melhor alternativa para iniciar o processo de internacionalização. Porém, aspectos relacionados à sofisticação dos mercados e à falta de conhecimento sobre tais mercados podem representar barreiras à entrada para empresas brasileiras. Como resultado, elas iniciam o processo de internacionalização em países mais próximos geograficamente. (TANURE, CYRINO e PENIDO, 2007).

Considerando a importância da presença comercial para a localização dos investimentos, Silva (2003) ressalta que as empresas buscam países que já representam importantes mercados para seus produtos. Nesse sentido, Rocha et al. (2007) destacam que muitos dos investimentos em internacionalização desenvolvidos por empresas brasileiras têm como destino países da América Latina.

A análise das motivações para a internacionalização de empresas brasileiras permite afirmar que elas não podem ser generalizadas, já que há

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particularidades importantes que devem ser estudadas em maior profundidade. Ricupero e Barreto (2007) destacam que a adoção da internacionalização como meio de ultrapassar barreiras comerciais é uma das motivações mais antigas considerada pelas grandes empresas de manufatura européias e norte-americanas. Destacam, inclusive, que esta foi a motivação para o estabelecimento de empresas no Brasil e em outros países da América Latina no século XIX.

Entre as outras motivações possíveis já tratadas na literatura sobre o tema, pode-se destacar também a busca pela liderança global. Partindo dessa perspectiva, as empresas formalizaram investimentos no exterior e operações de fusão e aquisição que possibilitaram o posicionamento das mesmas como global players em seus setores (COUTINHO, HIRATUKA e SABBATINI, 2008).

Outra importante motivação para a internacionalização das atividades é a busca pela manutenção do crescimento no mercado interno. Rocha et al. (2007) consideram que há empresas que já dominam uma parcela importante do mercado brasileiro e reconhecem na internacionalização um caminho para a continuidade de crescimento. O acesso a recursos estratégicos também deve ser considerado. A partir dessa motivação, as empresas buscam a internacionalização como meio de garantir o acesso ao capital internacional, matérias-primas, tecnologia e know how (ROCHA et al., 2007).

É importante reforçar que a análise das principais motivações para internacionalização demonstra a possibilidade de uma empresa ter mais de uma motivação para a internacionalização, as quais interagem diferenciadamente. A classificação das empresas entre as categorias de motivação não apresentam fronteiras claramente definidas. Como resultado, uma mesma empresa aparece como exemplo em mais de uma categoria de motivação.

2. ANÁLISE DOS RESULTADOS 2.1. Caracterização das Empresas e Internacionalização:

As questões que envolvem a caracterização das empresas foram elaboradas com o objetivo de entender as características das empresas participantes da pesquisa, desde sua origem até o seu processo de internacionalização.

O resultado da pesquisa permitiu observar que a maior parte das empresas foram fundadas recentemente (23% foram fundadas a partir do ano 2000 e 20% na década de 1990). A ampla maioria das empresas entrevistadas tem origem jurídica brasileira, enquanto que as de origem italiana somam uma parcela menor (32%). A grande maioria dos respondentes (67%) afirma ter vínculos bilaterais Brasil- Itália, sendo que 29% deste total são de origem italiana e 38% de origem brasileira.

Pode-se observar que parcela significativa dos respondentes (52%) afirmou que a empresa nasceu a partir de um produto que se desenvolveu para uma especialidade e diversos produtos afins. Dessa maneira, é possível afirmar que as empresas estudadas apresentam aspectos teóricos

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estabelecidos para uma empresa Born Global, ou seja, já foram criadas visando também a atuação internacional.

Relacionando a diversificação de produto, duas estratégias distintas despontam nos resultados: 38% das empresas não migraram para outro tipo de mercado e 38% adicionaram outro segmento de mercado visando a diversificação.

Em relação ao mercado internacional, de acordo com as empresas respondentes, 63% têm a América do Sul como a região com maior importância para as exportações, mesmo que mais da metade destas não produzam no exterior. Essa característica é convergente com os principais aspectos que caracterizam a internacionalização de empresas brasileiras: iniciam a internacionalização em países mais próximos geograficamente e também em regiões em que já alcançaram forte presença exportadora.

A maioria das empresas respondentes que apostaram na internacionalização realizou o processo em estágios, primeiro ajustando a categoria comercial e depois a produtiva, sendo que 44% levaram em média de 6 a 10 anos. O desenvolvimento da internacionalização em estágios é referenciado no Modelo de Uppsala e o tempo para início da internacionalização também é baixo, o que difere da maioria das empresas brasileiras.

Na caracterização das empresas respondentes, identifica-se que sua maior parte é de origem brasileira com vínculos com a Itália. Tais organizações são de diferentes segmentos de mercado e a maioria nasceu a partir de um único produto que se desenvolveu para uma especialidade e diversos produtos afins.

Para a análise do processo de internacionalização das empresas entrevistadas, foram desenvolvidas questões específicas. De acordo com a pesquisa, cerca de 29% das empresas ainda não se internacionalizou, mas pensam na possibilidade. Empresas que já se internacionalizaram assim o fizeram por visualizar uma oportunidade no mercado externo, o que também se mostra como atrativo para as empresas que ainda não se internacionalizaram. Os resultados da pesquisa demonstram que o fator “incentivos fiscais” no país de destino foi o que revelou muita influência para a internacionalização, segundo 27% das empresas.

Fatores como acordos comerciais entre países envolvidos, proximidade cultural, condição de financiamento de atividades, e potenciais fornecedores em países de destino foram consideradas como de média influência para internacionalização. Já a atuação das Câmaras de Comércio, a presença de imigrantes no país de destino de investimentos, e condições geográficas foram consideradas como fatores de pouca influência para a internacionalização.

As empresas encontram restrições para entrada de produtos, principalmente nos países da América do Norte. Para iniciar ou obter assistência para os negócios no exterior, as empresas buscam, em sua maioria, entidades de caráter não governamental. Dentre essas entidades as mais procuradas pelas empresas são as Câmaras de Comércio.

A satisfação das empresas em relação a entidades governamentais ou não governamentais que auxiliam a entrada e manutenção no comércio internacional é de insatisfação com o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), pouca insatisfação com Ministérios e seus

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Órgãos e com as Secretaria de Estado, Indiferença com relação a Bancos Oficiais de Financiamento, Bancos Privados de Financiamento, Câmaras de Comércio, Institutos de Comércio e Con/Federações de classe e pouca satisfação quanto a Consultorias Privadas.

2.2. Estratégia e Inovação:

Para a análise desses aspectos, foi considerado um conjunto de questões que tratavam da estratégia das organizações em seus processos de internacionalização e do desenvolvimento de inovações. Ressalta-se que as questões Estr6 a Estr11 são correspondentes às empresas que utilizam os serviços da Câmara de Comércio Brasil-Itália.

Com base nos dados levantados na pesquisa, é possível observar que as empresas utilizam-se das mais variadas estratégias de internacionalização, desde alianças estratégicas a aquisição de empresas no exterior ou contratos de produção. Isto se aplica ao que os autores conceituam a respeito dos diferentes modos de internacionalização. As escolhas dos modos como as empresas expandem para os mercados externos envolvem riscos e propriedades diferentes, aplicando-se às características e estratégias de tais organizações.

Com relação à decisão das organizações para produzir no exterior, foram destacados como aspectos a considerar a proximidade cultural entre os países e o acesso a recursos de produção (12% cada), seguidos dos aspectos de manutenção de unidades de produção no exterior e o desenvolvimento de atividades de produção em regiões onde já exercia uma forte presença exportadora (9% cada). O que reflete as conceituações de formação de estratégia de Mintzberg e Quinn (2001), onde as estratégias são traçadas de diversas maneiras e se enquadram, dentro das definições dos “5Ps” da estratégia, de acordo com os processos de cada organização.

Segundo Mintzberg et al (2000), as estratégias realizadas podem ser frutos de formações estratégicas deliberadas ou de formações estratégicas emergentes. Identifica-se na pesquisa que, no processo de formação de estratégia na trajetória de internacionalização das organizações, há um equilíbrio quanto ao tipo de formação estratégica adotado pelas empresas pesquisadas, podendo ser estratégias deliberadas ou emergentes. Tais aspectos demonstram que a formação de estratégia pode estar atrelada ao modelo das “5 forças” de Porter (2003), onde na concepção do autor, após uma análise desse modelo para o mercado, as empresas podem posicionar-se e estipular estratégias, para seu desenvolvimento na obtenção de vantagem competitiva.

A pesquisa aponta que grande parte das empresas que buscam o apoio de entidades procura um misto de serviços de conotação relacional e competências técnicas particulares. O que se aplica às conceituações de Hax e Majluf (1991), onde os processos cognitivos dos indivíduos, além dos processos sociais/organizacionais e os processos políticos são os processos que auxiliam as organizações na formação de estratégia. Para as empresas que utilizam, especificamente, os serviços da Câmara de Comércio Brasil-Itália, identifica-se que, dos aspectos abordados, a competência técnica para informar e orientar as empresas é a que mais se destaca.

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É possível afirmar ainda que as empresas consideram o ciclo de vida dos produtos exportados semelhante ao que ocorre no país de origem. Sendo que grande parte dos respondentes possuem produtos exclusivos para o mercado externo e afirmam que há a necessidade de adaptação dos produtos para os mercados internacionais. Desta forma pode-se identificar uma relação com as organizações que já nascem globais (Born Global) onde, segundo Francischini (2009), uma das características dessas organizações é o desenvolvimento de adaptações em seus novos produtos, o que torna os mercados mais homogêneos.

Especialmente quanto ao ciclo de vida dos produtos, de acordo com os resultados obtidos, 41,2% das empresas respondentes concordam que os produtos originais ficaram defasados diante do mercado, desde a fundação da empresa. Mais da metade das empresas discordam que os produtos originais tornaram-se pouco competitivos em relação à concorrência.

Observa-se que até 47% dos produtos destas empresas, sofreram uma seleção natural ao longo do tempo com sua linha de produtos e que mais da metade concordam que aumentaram sua categoria de produtos sob pena do negócio extinguir-se.

A grande maioria das empresas (70,6%) concorda que sofreu uma evolução natural de sua linha de produtos ao longo do tempo e aproximadamente metade não teve ruptura entre produtos originais e sucessores, sendo que 41,2% das empresas informaram que os produtos originais sofreram adaptações leves.

Grande parte das empresas entrevistadas teve seus produtos originais defasados ao longo do tempo. A pesquisa demonstra também que esses produtos se mantiveram competitivos em relação à concorrência.

Ainda, é possível afirmar que as empresas tiveram que desenvolver categorias de produtos, aumentar suas categorias de produtos com o objetivo de evitarem a seleção natural. Porém, para a maioria das empresas, a razão deste aumento foi devida ao risco de extinção do negócio.

Dentre as adaptações dos produtos originais para o mercado atual, aproximadamente metade delas sofreram adaptações leves em seus produtos, a outra metade se divide entre grandes adaptações ou se mantiveram indiferentes.

Diante da pesquisa realizada identifica-se que 35,3% da empresas, não possuem laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento, e daquelas que possuem, estes laboratórios localizam-se no país de origem da empresa. Esse aspecto demonstra que essas empresas não desenvolveram a categoria de internacionalização definida por Chesnais (1996) como “tecno-científica”.

Referente a incentivos à Inovação, a maioria das empresas entrevistadas (55,9%) acredita que os estímulos culturais e financeiros seriam os melhores caminhos para sua obtenção. Ainda, 32,4% dos respondentes apostam em estímulos culturais e 23,5% para financeiros.

Os respondentes demonstram também que 32,4% das empresas que buscaram a internacionalização de seus negócios o fizeram por necessidades mercadológicas. Somente 23,6% definiram este objetivo na criação da empresa.

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3. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS A formação de estratégia é um ponto fundamental para o futuro e o

sucesso das organizações. O mundo corporativo é extremamente dinâmico, e é neste ambiente altamente competitivo que as organizações buscam alternativas para traçar o caminho para o sucesso. Para as empresas que procuram nos mercados externos uma alternativa para o seu crescimento e desenvolvimento, o caminho torna-se ainda mais difícil e o processo de formação de estratégia na trajetória de internacionalização das organizações é o ponto de partida para identificar se este processo dar-se-á de uma forma eficiente e adequada.

O objetivo geral deste trabalho era identificar a influência do processo de formação de estratégia e seu impacto na trajetória de internacionalização das organizações. Por meio da análise e estratificação dos objetivos específicos, foi possível apontar alguns fatores que permitiram realizar uma abordagem objetiva ao tema proposto.

De acordo com o referencial teórico, a estratégia e seus processos de formação dão-se de várias formas diferentes. Tais processos podem caracterizar-se de acordo com a estrutura, histórico, stakeholders, objetivos e outros aspectos das organizações. O fato da estratégia ser originada de forma deliberada ou emergente depende justamente de todas essas características que as organizações apresentam. Portanto, não existe um modelo padrão para formação de estratégia, mas sim variâncias empresariais que caracterizam a modelagem destes processos.

Dentro do cenário de formação de estratégia na trajetória de internacionalização cabe destacar que os diferentes modelos, para iniciar este processo, contribuem para as variações e tipos de formação de uma estratégia. Primeiramente, há de se considerar a forma como a organização pretende se internacionalizar. Os modos de entrada nos mercados externos apresentam características diversas, seja por exportação, contratual ou por investimento, o posicionamento nestes mercados demanda estratégias completamente diferentes para atender a essa variedade de opções.

Com base na pesquisa realizada, é possível identificar que de fato a internacionalização é uma etapa importante para as empresas que buscam um desenvolvimento maior. A pesquisa permite inferir que, por visualizar as oportunidades que a globalização e a expansão internacional proporcionam, as organizações têm buscado alcançar esta etapa cada vez mais rápido e, principalmente, com qualidade.

Fatores macro e micro-econômicos, variáveis ambientais, análises de riscos e oportunidades, além das características das empresas, são questões importantes que definem com que estratégia, como e quando a empresa deve ou pode se internacionalizar. Portanto, diante dos fatos apresentados, das referencias teóricas e análises de pesquisa apontadas, é possível confirmar a hipótese apresentada por este trabalho que, de fato, o processo de formação de estratégia influencia na trajetória de internacionalização das organizações.

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CAPÍTULO 4

O PAPEL DA INOVAÇÃO NAS ESTRATÉGIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS ITALIANAS E BRASILEIRAS

Alan Duarte Daniela Coutinho

Daniele Vitorino Marcos Afonso

Riyemi Mahmoud André Castilho Ferreira da Costa (orientador)

1. INTRODUÇÃO

A internacionalização de empresas consiste na participação ativa nos

mercados externos. Ela é o caminho natural para algumas empresas se manterem competitivas, pois devido ao elevado grau de concorrência do mercado interno, algumas empresas acham necessário explorar novos mercados para tornarem-se competitivas não apenas nacionalmente, como também internacionalmente. Porém, é necessário considerar também as dificuldades enfrentadas no processo de internacionalização devido aos diversos idiomas, hábitos, culturas e leis presentes nos mercados externos. Além disso, existe também a falta de informação e conhecimento “teórico” sobre melhores estratégias a seguir e como iniciar o processo de internacionalização. (LOUREIRO e SANTOS, 1991; PROENÇA 2004).

A participação no mercado internacional pode ser de modo ativo e permanente ou de maneira eventual. Um importante fator que deve ser levado em consideração é a globalização. Com o crescimento das economias emergentes e a expansão das fronteiras entre países, a globalização facilita a interação entre mercados que eram divergentes, possibilitando uma troca de informação mais rápida e que pode levar a um desenvolvimento de técnicas e estratégias mais eficazes de internacionalização. Com isso, mais oportunidades surgem para organizações conseguirem colocar em prática projetos e planejamentos sobre o início da inserção das empresas em um novo mercado internacional. (LUDOVICO, 2009; LOUREIRO e SANTOS, 1991)

Neste projeto, pretende-se estabelecer uma ligação entre o planejamento estratégico utilizado pelas empresas italianas no processo de internacionalização com as possíveis práticas inovadoras desse processo. Além disso, deseja-se delinear se a inovação leva vantagem competitiva para empresa que pretende investir no mercado internacional.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. ESTRATÉGIAS

O termo estratégia é muito utilizado para determinar os caminhos que

as empresas utilizam para obter vantagem competitiva. (KLUYVER, 2007, p.1). Uma estratégia de qualidade é reconhecida como um fator importante para uma empresa alcançar o sucesso (THOMPSON, 2008, p.452). Porém, não existe um consenso entre os autores quando é discutida uma definição exata para estratégia, ou ainda de uma estratégia bem-sucedida (BARNEY, 2007, p. 5). O que torna o conceito de estratégia aplicada em algumas organizações muito abrangentes e difusas do real significado (THOMPSON, 2008).

Thompson (2008) define estratégia como um conjunto de etapas de ações que devem ser realizadas para conduzir as operações das empresas, determinando ainda objetivas a serem cumpridos pelos gestores para que a empresa tenha um bom desempenho financeiro e de mercado.

A estratégia como prática destaca o comportamento na interação entre os mercados, interno e externo, e relaciona também as rotinas do dia a dia que possibilita a construção de estratégicas baseadas no quotidiano (BERNARDES, 2008).

Durante muito tempo a ideia de alta participação no mercado era o principal determinante de sucesso empresarial, medido através do retorno pelo investimento. Hoje, o que se procura não é apenas aumentar a participação de mercado, mas sim adquirir vantagem competitiva com a formulação de estratégias sustentáveis. Melhor, o objetivo das empresas é adquirir uma vantagem competitiva sustentável, ou seja, se diferenciar da concorrência com produtos e/ou serviços difíceis de serem copiados por outros. A busca por participação do mercado ocorre através de investimentos, sendo esses destinados a novos produtos, melhorias ao composto de marketing e crescimento de ativos operacionais. Porém, essas ações devem ser sustentadas por estratégias que irão garantir um diferencial no mercado, com potencial para se tornar uma vantagem competitiva. (LUCE, 1988)

Os direcionamentos das estratégias traçadas para o mercado, interno ou externo, podem ocorrer através da análise de um ambiente geral em que as empresas estão inseridas, caracterizadas por tendências apresentadas pelos mercados. As mudanças e acontecimentos no mercado global que pode influenciar as decisões no âmbito organizacional, como: “mudanças tecnológicas; tendências demográficas; tendências culturais; clima econômico; condições legais e políticas; e acontecimentos internacionais específicos” (THOMPSON 2008).

Empresas que desejam se manter no mercado precisam estar aptas a desenvolver estratégias a níveis crescentes de inovação. Os ciclos de vida dos produtos estão cada vez mais curtos com a entrada de novos produtos cada vez mais rápido. Por isso, cada vez mais empresas procuram adquirir novos

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meios de conseguir um diferencial, e entrar em um mercado internacional pode ser um meio de trazer esse melhor retorno esperado. (GONÇALVES 2008)

Desta forma, a capacidade que as empresas têm de diversificar perante

os imprevistos do mercado valorizam a organização e isso pode constituir a chave do sucesso destes grupos que adquirem experiência e melhoram a qualidade do produto ou serviço oferecido (MILAN, 2008).

No cenário atual, onde a competitividade é cada vez mais acirrada, as empresas têm estabelecido um número crescente de alianças (TAUHATA, 2004). As alianças estratégicas se apresentam como uma forma de maximização das atividades entre empresas, e ainda é um aspecto bastante relevante no processo de internacionalização. (LIBONI e TAKAHASHI, 2007)

O processo de formação das alianças estratégicas ocorre, em muitos casos, pelo fato da diminuição dos riscos e também sobre a questão de complementar as competências entre empresas. As alianças estratégicas geralmente ocorrem em mercado integrado, onde há diminuição das fronteiras e as transações são mais simplificadas. (LIBONI e TAKAHASHI, 2007)

2.2. INTERNACIONALIZAÇÃO

Percebe-se a cada dia que a relação entre as economias está cada vez

mais internacionalizada, sendo necessária a participação de um grande número de economias, inclusive o Brasil. O tema internacionalização é um tema que chama atenção de vários agentes econômicos, devido ao rápido processo de abertura das economias. É cada vez mais comum corporações ulrapassarem as fronteiras para buscar aquisições estratégicas, ou ainda, fusões para fortalecerem-se no mercado internacional. Após essa busca por novos patamares de negócios internacionais, houve o aumento da competitividade, que posteriormente gerou a necessidade de uma maior coperação entre as organizações (LOUREIRO E SANTOS, 1991).

O acesso a novos mercados é facilitado com investimento e atividades realizadas em outros países, porém as tarefas se tornam mais complexas devido às novas normas de gestão; em contra partida, há uma grande evolução no desenvolvimeto financeiro e na criação de emprego onde essas empresas estão inseridas (LUDOVICO, 2009).

Assim como citado no início deste projeto, empresas interessadas em obter vantagem competitiva devem formular estratégias eficientes e que seja um diferencial no mercado. A internacionalização está presente cada vez mais nas estratégias das grandes empresas, por isso deve ser tratada de forma especial, devido a sua complexidade (LUDOVICO, 2009).

Países interessados em atuar no mercado externo devem formular estratégias de médio e longo prazo para que consigam ter uma participação competitiva no mercado, sendo assim será possível a inserção em outro país. O direcionamento a outros mercados é uma meta para as empresas que desejam se tornar líder no setor, pois a concorrência internacional é capaz de transformar empresas mais eficientes e inovadoras. A liderança pode ser conseguida no mercado nacional também, pois o know-how de realizar tarefas e formular estratégias adquiridas no novo mercado, normalmente é trazido

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para o país de origem, levando a uma evolução geral do negócio. (LOUREIRO e SANTOS, 1991).

Loureiro e Santos (1991) conclui que o processo de construção de

estratégias de internacionalização passa por evoluções nas estratégias, incluindo formas mais complexas, devido à presença no mercado externo. O que pode ser observado é o resultado positivo, na maioria dos casos, que a internacionalização traz para a organização tanto em termos quantitativos como qualitativos.

Odebrecht (1992) afirma que a sustentação da organização no mercado exterior é o potencial que a empresa poderá alcançar na inserção deste mercado, pois a empresa deve se sustentar por si própria e não ficar na dependência da empresa sede. Não existe uma estratégia padrão ou a mais adequada para se internacionalizar. Cada situação determina qual é a melhor estratégia a ser utilizada de acordo com os objetivos a serem seguidos, e é comprovado que nenhuma estratégia costuma ser respeitada.

Segundo Ludovico (2009) se internacionalizar é participar ativamente do mercado externo, eliminando barreiras protecionistas do mercado nacional. Em todo e qualquer mercado a internacionalização se faz necessário para manter a competitividade. Caso haja uma preocupação apenas em atender o mercado interno, essas empresas sofrerão pressões externas de outras organizações. O que muitas vezes determina a participação no mercado local é o grau de modernização internacional que ela possui.

Para Amatucci (2009), a internacionalização de empresas é caracterizada, na maioria dos casos, por empresas que decidem vender ou prestar serviços fora de seu país de origem, a fim de obter vantagem competitiva e aumento geográfico da criação de valor. A empresa investe dinheiro em outro país com intuito de desempenhar finalidades produtivas. Ela pode escolher em realizar a venda de produtos diretamente para o cliente ou outra opção seria a fabricação dentro do país que deseja se internacionalizar. Para a fabricação é necessário uma mobilidade do capital para desenvolver os projetos estratégicos e alavancagem da competitividade das empresas.

Ainda de acordo com Amatucci (2009), são diversas as razões que as organizações possuem para internacionalizar, destacando desde barreiras tarifárias que são impostos que podem ser vencidos se as empresas se tornarem um player local até ao contrário. O fato de a empresa optar em investir em outros países são as barreiras tarifárias originadas pelo governo, que são a garantia do acesso a uma matéria-prima em falta, podendo assim competir no ambiente comprador como player local ao invés de importar.

Na análise de Kotabe e Helsen (2000), a cultura de um país é um fator de grande importância no momento de se internacionalizar. Há alguns fatores onde há uma complexidade como as preferências estéticas, na qual possui traços culturais. Cada país possui tipos de políticas, como livre mercado ou economia centralizada. Portanto, é preciso considerar as políticas existentes nos países antes de se internacionalizar, pois assim é possível diminuir o risco de proibição ou restrição do produto ou serviço.

Para Proença (2004), é necessário que uma empresa que se internacionaliza seja uma organização globalizada como um todo, não visualizando o processo de expansão somente como um único negócio

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internacional. Para o sucesso da internacionalização, pode ser citado o caso das empresas internacionais que se instalaram no Brasil, que apesar das diferenças culturais existentes entre os países em que as mesmas atuam, elas sabem cumprir os padrões estabelecidos pelo novo mercado de atuação. É essencial que as empresas que pretendem se expandir para mercados internacionais tenham a capacidade de investir e analisar previamente o mercado do país em que a mesma pretende atuar. Existe uma necessidade de se analisar o território pretendido, as leis vigentes, além das regras do governo que podem interferir nos processos da empresa.

2.3. INOVAÇÃO

O uso de um novo conhecimento oferecido para integrar um produto ou

serviço pode ser definido como inovação, que está integrada com o contexto estratégico e competitivo da empresa. “Esse novo conhecimento pode ser relacionado à tecnologia e ao mercado” AFUAH (2003, p. 13). A criação de novas ideias que possam ajudar os processos administrativos e técnicos também é considerada inovação. A diferença entre esses processos é que a inovação técnica está relacionada à incrementação de produtos, serviços ou processos, ou até mesmo a reformulação da forma de fazê-los. Por outro lado, a inovação administrativa está relacionada a toda estrutura organizacional e aos processos administrativos da empresa, podendo ou não afetar na inovação técnica (AFUAH, 2003).

Na tentativa de um melhor entendimento da inovação, Afuah (2003) explica os modelos de inovação levando em consideração produto e mercado. A inovação se diz radical quando o conhecimento tecnológico é completamente diferente do que já existe, ou seja, é a atividade criativa associada à gestão de mudanças maiores. Por outro lado, a inovação incremental é o complemento no conhecimento já existente, ou seja, menores mudanças que surgem na acumulação de idéias ou experiências, assim como melhoria nos produtos ou processos, que posteriormente podem ser transformadas, ou não, em inovação radical.

Com relação à escolha de um modelo específico para a inovação, Brito et. al. 2009, apud Besanko 2007, “complementa que a importância da inovação para se obter vantagem competitiva provem da habilidade de uma empresa explorar as oportunidades criadas pelo mercado”, ocorrendo de diversas formas, por exemplo, na introdução de novos produtos e serviços.

Com relação a explorar as oportunidades que o mercado oferece, Neto (1985) destaca que a velocidade da informação e as rápidas mudanças que o mercado sofre atualmente, diminuindo cada vez mais o ciclo de vida de um produto, demonstram que o conservadorismo e a cautela demasiada pode se tornar um risco maior para as organizações. Atualmente, a demanda dos consumidores faz com que as organizações inventem um número cada vez maior de produtos que atendam suas necessidades. A velocidade com que essas mudanças acontecem faz com que seja cada vez mais difícil atender às expectativas e exigências de um consumidor sem mudar os conceitos e objetivos da organização.

Segundo Neto (1985), novas propostas de produtos e serviços constituem o modelo que podem revolucionar uma organização através da

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criação de um novo modelo de negócio. A empresa deve procurar continuamente conhecer quais a necessidades e desejos dos clientes não são atendidos pelo mercado, e tentar atendê-los com estratégias de inovação. Essa é a forma mais eficiente de se conseguir uma vantagem competitiva sustentável para a empresa, conseguindo levar ao mercado produtos ou serviços inovadores.

Quanto à criação de um novo produto, é citado pelos autores que existe uma grande relação entre o desempenho obtido pela empresas e o grau de investimento em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D). A forma como a inovação afeta a vantagem competitiva de uma empresa varia de acordo com o investimento que a mesma faz em inovação, permitindo à empresa inovadora a criação de um novo padrão de competição no mercado atuante (TIDD, 2001).

Afuah (2003), afirma que se pode lucrar com a inovação a partir de um modelo chamado Processo de Inovação Estratégico. Nesse processo, a empresa possui missões e objetivos. Para alcançar esses objetivos, a empresa explora o ambiente e os recursos da inovação dentro de qualquer oportunidade ou ameaça. Em seguida, após explorar as oportunidades e ameaças a empresa pode escolher em que ramo ela pode se especializar, para em seguida formular a melhor estratégia para ser adquirida (baixo custo, diferenciação de produto ou ambos). Essas estratégias podem ser estabelecidas se forem considerados: missão e objetivo, ameaças e oportunidades, capacidades, estratégia de negócios, de inovação e funcional, globalização, estrutura organizacional, processos ou sistemas, pessoas, lucros e suas proteções.

3. METODOLOGIA

Para esta pesquisa foi utilizado o método quantitativo, que na visão de

Richardson (1999) é identificado pela possibilidade de tratar as informações de forma numérica e também na captura das mesmas por meio de técnicas estatísticas. Este método assegura a precisão dos resultados, prevenindo distorções e interpretações das análises garantindo uma margem de segurança em relação às interferências. Ele tem como características a seleção das idéias de uma pesquisa, com objetivo de transformá-las em questões para pesquisa. Por esse motivo, este método foi escolhido para quantificar esta pesquisa, pois procura demonstrar a relação entre as variáveis, assim como na investigação das causas entre os fenômenos. Sendo assim, este estudo tem como objetivo o tratamento das informações por meio de técnicas estatísticas, de forma a quantificar os dados apurados, e que os mesmos estabelecem o comportamento das empresas no processo de internacionalização aplicada à inovação.

A pesquisa deste projeto foi realizada através de um questionário padronizado respondido por pessoas que têm algum interesse de se internacionalizar, possuem algum vínculo com a Itália ou já iniciaram as atividades no mercado internacional. Os dados obtidos com a aplicação do questionário foram submetidos a um programa estatístico. O passo inicial da análise desses dados foi a codificação das respostas e a preparação do banco de dados para processamento no programa SPSS versão 17.0 (Statistical

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Package for Social Sciences), onde então foram realizadas análises descritivas e fatoriais. A partir daí foi possível obter uma análise completa da pesquisa realizada de acordo com os respondentes.

4. RESULTADOS E ANÁLISE DE DADOS

Através de uma parceria realizada entre a Universidade Presbiteriana Mackenzie e a Câmara de Comércio Italiana (Italcam), foi iniciado o processo de pesquisa sobre o papel da inovação nas estratégias de internacionalização de empresas italianas e brasileiras.

Para a realização da pesquisa, partiu-se da criação de um questionário elaborado pelos autores, com base no referencial teórico, o qual foi composto de 35 questões divididas em três critérios: inovação, estratégia e internacionalização. O questionário foi formulado e editado através do aplicativo Google Docs e enviado para uma população de 194 associados, conforme lista fornecida pela Italcam (Câmara de Comércio Italiana). Deste total, 34 respostas foram obtidas das empresas em estudo e em seguida pode-se iniciar a elaboração das análises descritivas e análises fatoriais, conforme metodologia aplicada.

A maioria das empresas pesquisadas tem sua origem jurídica no Brasil, e uma percentagem de 32% delas tem sua origem na Itália. Os setores que apresentam maior interesse em se internacionalizar ou já realizam alguma atividade no mercado internacional são: serviços diversos, alimentício e tecnologia e processos industriais, conforme mostra figura 1. Também foi observado que as atividades de exportação ajudam significativamente no faturamento das empresas, pois grande maioria das empresas que possuem alguma atividade no mercado externo apresenta uma porcentagem de 26% a 50% ou mais de seu faturamento originado de atividades de exportação. Isso significa que o mercado internacional, antes de qualquer coisa, pode ser lucrativo.

Figura 1 - Categorias das empresas Fonte: Elaborado pelos autores

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4.1. ESTRATÉGIAS

Segundo a pesquisa realizada, observou-se que 18% das empresas pesquisadas utilizam alianças estratégicas como uma estratégia para se inserir no mercado internacional. Porém, em sua maioria, as organizações optam por atividades de exportação, sendo estas realizadas de diversas maneiras: por meio de unidades próprias da empresa localizada no Brasil, por meio de intermediários localizados no Brasil ou no exterior, por meio de distribuidores localizados no exterior. As empresas escolhem suas estratégias dependendo das facilidades encontradas ou de acordo com seus objetivos traçados.

Observou-se também que as empresas que optam por ter vínculos comerciais externos ao país de origem preferem atuar de uma forma oportunista na escolha do país para o qual a empresa exporta (figura 2), ou seja, para grande maioria das empresas, a escolha do país para o início de suas atividades no novo mercado ocorreu de uma forma natural, não havendo nenhuma estratégia pré-determinada para a seleção desses mercados. As empresas simplesmente identificaram oportunidades que surgiram em um determinado momento. Porém, existem algumas empresas que analisam a proximidade cultural do país ao qual pretende explorar antes, pois dessa maneira acredita-se que não há necessidade em fazer grandes adaptações em seus produtos já existentes no país de origem.

Figura 2 - Estratégias para se inserir no mercado internacional

Fonte: Elaborado pelos autores

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Quanto aos aspectos considerados pelas empresas no processo de decisão para produzir no exterior, foi possível afirmar que as empresas consideram quatro como principais pontos de decisão. São eles: o acesso aos recursos de produção (matéria-prima, e mão-de-obra), uma base de produção ampla que facilite acesso a fornecedores no exterior, regiões que possuem forte presença exportadora e a proximidade cultural entre os países envolvidos.

Com relação às estratégias utilizadas pelas empresas no processo de internacionalização (figura 3), observou-se que as organizações utilizam tanto a estratégia deliberada, ou seja, as decisões resultantes de um planejamento estratégico de curto/médio/longo prazo, muito mais focadas em um objetivo final, como, também, a estratégia emergente, onde as decisões estratégicas adotadas em tempo real com os acontecimentos em curto prazo estão muitas vezes relacionadas aos aspectos corretivos e flexíveis, caso a caso. Figura 3 - Principais estratégias utilizadas no processo de internacionalização

Fonte: Elaborado pelos autores

4.2. INTERNACIONALIZAÇÃO

De acordo com a pesquisa realizada pode-se observar como o chamado processo de internacionalização está inserido no ambiente interno das empresas, ou seja, através da análise dos resultados obtidos podemos identificar em que fase do processo de internacionalização as empresas se encontram, como essas empresas atuam no mercado externo, quais são os vínculos comerciais que as empresas consideram mais importantes nesse

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processo e quais as estratégias adotadas pelas empresas que pretendem atuar em mercados internacionais.

No que diz respeito ao processo de internacionalização, as empresas que procuram atuar em outros mercados estão inseridas em níveis distintos deste processo.

Figura 4 – Atuação da empresa no exterior

Fonte – Elaborado pelos autores Destas, cerca de 60% ainda não exercem nenhum tipo de estudo, ação

efetiva ou planejamento formal com o intuito de atuar em mercados externos. Sendo que as empresas que já atuam em mercados internacionais, o fazem majoritariamente por meio de exportação de seus produtos/serviços para estes países, como mostra na figura 4. Destaca-se ainda que uma parte significante das empresas analisadas já se internacionalizou e atua nos mercados estrangeiros não só por meio de exportação de seus produtos, mas também através de filiais existentes nestes mercados em que as mesmas estão presentes.

Apesar de observarmos que parte significante das empresas já atua em mercados internacionais através de filiais, é importante salientar que a exportação direta é a estratégia mais utilizada. Esta estratégia é adotada, pois facilita o processo de atingir novos mercados, diminuindo os custos fixos que as empresas teriam se mantivessem uma matriz em um determinado mercado externo. Além disso, a empresa se beneficia dos créditos fiscais incidentes sobre os insumos utilizados no processo produtivo. A não utilização de intermediários no processo de introdução do produto no mercado-alvo permite ainda que a empresa mantenha um maior controle sobre o processo de exportação em toda a sua linha de expansão. Este tipo de estratégia para inserção em um mercado internacional é adotada normalmente por companhias de pequeno ou médio porte.

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No caso de empresas que já mantêm negociações com mercados internacionais, observou-se que a exportação direta funciona como processo inicial de inserção nesses mercados. As empresas que inicialmente só realizavam relações comerciais através de exportações levam de 5 a 10 anos para estabelecer unidades de produção no exterior (figura 5), o que permite uma maior vantagem competitiva, pois as empresas passam a atuar mais de perto, obtendo um maior controle e eficiência nos seus processos e operações.

Figura 5 - Período para estabelecer unidade de produção no exterior

Fonte - Elaborado pelos autores Tanto para empresas que já atuam no mercado internacional como para

as que não iniciaram nenhum tipo de ação com esse intuito, o aspecto responsável que leva as organizações que atuam apenas em mercados locais a buscarem novos horizontes é a identificação neste novo mercado de uma oportunidade como: menores barreiras tarifárias (impostos) e a oportunidade das empresas se tornarem um player local, oferecendo um produto/serviço pioneiro ou pouco ofertado neste mercado (figura 6). Além disso, outro aspecto não menos importante são as ameaças que podem surgir no mercado interno que consequentemente levam as empresas a buscarem novos horizontes em mercados onde as ameaças externas possam ser controladas mais eficientemente.

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Figura 6 - Fases responsáveis pelo início das operações

Fonte - Elaborada pelos autores Assim, pode-se observar que grande parte das empresas que atuam no

exterior tem uma produção própria, quase sempre iniciada através de exportação direta de seus produtos, tendo preferência por esse tipo de estratégia ao invés de manterem parcerias ou alianças com empresas locais. Uma possível explicação para esta escolha pode estar relacionado a manter um maior controle do seu negócio, além de minimizar os riscos e ameaças que a internacionalização possa inferir na organização.

4.2.1. ANÁLISE FATORIAL

Para obtenção de resultados mais precisos sobre a influência das

variáveis no processo de internacionalização, foi realizada uma análise fatorial. Com este método de análise foi possível explicar o relacionamento entre um grande número de variáveis sem perder a capacidade explicativa, em um esforço para encontrar um conjunto de fatores que demonstrem o que as variáveis originais partilham em comum.

Os fatores agrupados foram denominados como: ajudas monetárias, incentivos governamentais e proximidade cultural como demonstrado nas tabelas 2 e 3. A escala de análise refere-se à mensuração de influência das variáveis em uma escala de 1 a 5, onde um significa pouca influência e cinco muita influência.

Tabela 3 – Matriz de Rotação

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Componentes Variáveis

Monetário Governamental Cultural

Condições de Financiamento de Atividades 0,883

Presença de Potenciais Fornecedores em

países de destino dos investimentos 0,858

Condições Geográficas 0,744

Incentivos Fiscais no país de destino dos

investimentos 0,713

Atuação das Câmaras de Comércio 0,854

Formalização de Acordos Comerciais entre os

países envolvidos 0,785

Proximidade Cultural 0,847

Presença de imigrantes no país de destino dos

investimentos 0,732

Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization.a. Rotation converged in 7 iterations.

Fonte – Elaborado pelos autores

É necessário salientar a importância que as empresas dão aos aspectos do processo de internacionalização. O aspecto considerado como mais importante pelas empresas pesquisadas foi o monetário, onde condições de financiamento de atividades, presença de potenciais fornecedores no país de destino dos investimentos, incentivos fiscais e condições geográficas são mais consideradas pelas empresas que pretendem iniciar alguma atividade no mercado internacional. Dessa forma, observou-se que mesmo que uma oportunidade boa surja, as empresas também levam em consideração se o planejamento pode ser levado adiante principalmente observando as condições monetárias em geral.

O segundo ponto a ser levado em consideração é a intervenção de Câmaras de Comércio ou a formalização de acordos comerciais entre os países envolvidos. Ou seja, as empresas tendem a levar em consideração ajudas governamentais. Aliás, isso pode ser um ponto forte e decisivo na tomada de decisão, pois o governo pode ajudar muito ou dificultar muito no processo de internacionalização de uma empresa que pretende iniciar suas atividades em um novo mercado externo. Por fim, as empresas pesquisadas consideram a proximidade cultural e a presença de imigrantes do país de destino como últimos fatores importantes quando se pretende iniciar o processo de internacionalização. 4.3. INOVAÇÃO

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Diante dos países Brasil e Itália que conhecem a importância da inserção de pesquisas e desenvolvimento voltados à inovação, observou-se que a maioria das empresas pesquisadas não desenvolvem pesquisa e desenvolvimento (P&D), devido ao fato de não possuírem uma cultura voltada para inovação. Elas não possuem programas e laboratórios para o desenvolvimento de novos produtos ou processos inovadores.

Pequena parte das empresas que possuem pesquisas e desenvolvimento tem seus laboratórios localizados no país de origem, portanto não obtendo uma relação com o outro país sobre as atividades desenvolvidas em inovação. Isso resulta em uma grande dificuldade em inserir um produto no país em que se mantém aliança, por falta de conhecimento de sua cultua, costumes, etc.

Em sua maioria, as empresas que têm o programa de pesquisa e desenvolvimento em plena atividade acreditam que para incentivar a organização como um todo, em um projeto direcionado a inovação e tornar isso um hábito, o trabalhador deve estar presente em todos os processos da empresa e também ter um estímulo financeiro para a inovação. Dessa maneira, pode-se trazer uma maior motivação assim como um maior incentivo aos funcionários. De acordo com a pesquisa, percebe-se também que uma parcela considerável das empresas leva o conhecimento da inovação para toda a organização. Porém, observou-se que há uma pequena, porém considerável, parcela de empresas que acreditam que devem dar liberdade ao trabalhador para que se sintam a vontade em sugerir qualquer tipo de idéia.

Sendo assim, pode-se resumir que as empresas incentivam a inovação dentro das organizações de diversas formas, não existindo, então, uma estratégia única utilizada em geral pelas empresas.

Na pesquisa também foi observado que existem quatro formas da inserção da inovação no processo de internacionalização. Algumas organizações inovam quando o mercado sinaliza, outras empresas acreditam que a inovação deve ser implantada quando a empresa necessita obter vantagem competitiva ou durante a definição das estratégias. Já uma porcentagem relativa das empresas define que a inovação deve ser introduzida desde sua criação, quando a empresa está sendo inserida no mercado. Entende-se, portanto que as empresas possuem várias formas de implantar a inovação no processo de internacionalização, cada uma obtendo sua estratégia única e diferenciada baseada em seus objetivos.

4.3.1. ANÁLISE FATORIAL

Foi realizada uma análise fatorial, com base nas mesmas definições

citadas anteriormente, sobre o ciclo de produtos da empresa e seu ambiente competitivo que pode ser observado nas tabelas abaixo. Foi disponibilizado um grau de classificação das variáveis de 1 a 5 (sendo 5 concordo totalmente e 1 discordo totalmente).

Para a realização da análise, foram consideradas oito variáveis. Porém a variável custo dos produtos iniciais / originais pouco competitivos perante a concorrência interna não apresentou um MSA satisfatório, ou seja, seu grau de explicação foi inferior a 0,50. Isso significa que na análise fatorial não se consegue descrever de maneira adequada as variações dos dados originais.

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Neste caso, o teste indicou um baixo poder de explicação entre fatores e os indicadores. Portanto, esta variável foi retirada e um novo teste foi realizado para obtenção de valores satisfatórios, ou seja, com o novo teste as variáveis apresentaram resultados significativos para o tratamento dos dados. Em seguida foram analisadas as seis variáveis, onde o programa SPSS agrupou-as em dois fatores: inovação radical e inovação incremental.

Tabela 6 – Matriz de Rotação

Componente Variáveis Inovação

Incremental Inovação Radical

A empresa sofreu uma "seleção natural" ao longo do tempo

em sua linha de produtos, ou seja, produtos menos competitivos

foram substituídos/mortos por novos produtos.

0,822

O acréscimo ou troca de categoria na área de atuação da

empresa ocorreu por necessidades diversas, que tiveram que ser

atendidas sob pena do negócio extinguir-se.

0,785

Os produtos iniciais/originais da época da fundação da

empresa ficaram inadequados ou defasados frente às necessidades

e desejos mais atuais do mercado.

0,772

A empresa teve uma evolução natural em sua linha de

produtos ao longo do tempo, ou seja, produtos menos adequados

ao mercado sofreram transformações, incrementos e

aperfeiçoamentos para adaptá-los às novas necessidades.

0,677 0,584

Os produtos originais / iniciais da empresa receberam ao

longo do tempo, até os dias de hoje, apenas adaptações leves

(embalagem, rótulos, campanhas publicitárias, etc)

-0,881

Os produtos originais / iniciais da empresa receberam ao

longo do tempo, até os dias de hoje, adaptações bastante

consistentes (nova formulação, novos sabores, novos processos,

novo público alvo, etc)

0,715

Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization. a. Rotation converged in 3 iterations. Fonte – Elaborado pelos autores

De acordo com a tabela anterior, no que diz respeito a produto, pode-se observar a partir das empresas pesquisadas que a maioria busca se adaptar ao mercado ao longo do tempo, fazendo apenas alterações leves em seus produtos com o intuito de suprir as necessidades externas / internas. Algumas empresas fazem essas adaptações em seus produtos para não se extinguirem ou não perderem seu market-share já conquistado anteriormente. Outras empresas fazem buscando atender as necessidades encontradas no mercado e substituem seus produtos menos adequados em produtos mais adequados para seus clientes, ou seja, utilizam apenas a inovação incremental.

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Por outro lado, há empresas que desde sua criação até hoje, fizeram alterações consideráveis em seus produtos, chegando ao ponto de realizar novas formulações, novos sabores, novo público-alvo, entre outros, como mostra o gráfico a seguir. Apesar de essas empresas representarem uma parcela menor, pois a inovação radical requer assumir riscos, elas devem ser levadas em consideração para demonstrar que não existe uma estratégia de inovação única considerada pelas empresas na hora de decidir se alterações em seus produtos devem ser feitas ou não. Mesmo porque ainda existem aquelas empresas que optam por não fazer nenhum tipo de alteração em seus produtos desde a fase de criação da empresa até a atualidade, como também é demonstrado na figura abaixo.

Figura 7 – Categorias ao longo do tempo

Fonte - Elaborado pelos autores As variáveis que dizem respeito a adaptações feitas no produto para o

mercado internacional também foram submetidas a uma análise fatorial. Foram realizadas escalas de 1 a 5 no que diz respeito a importância para cada variável. Sendo assim as variáveis foram agrupadas em dois fatores: adaptações nos processos e adaptações nos produtos.

Tabela 9 – Matriz de Rotação

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Componentes Variáveis

Adaptações nos

processos

Adaptações no

produto

A questão da inovação é fortemente presente nas

relações com o país ao qual se exporta o produto. 0,828

A empresa desenvolve parcerias em pesquisa no

exterior. 0,787

O ciclo de vida dos produtos exportados é

semelhante ao que ocorre no seu país de origem. 0,612

Há produtos exclusivos para o mercado

internacional. 0,918

Há a necessidade de adaptação dos produtos

para mercados internacionais. 0,901

Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization. a. Rotation converged in 3 iterations.

Fonte – Elabora pelos autores

Desta forma, a empresa que pretende inserir seus produtos no mercado internacional deve analisar se uma mudança em seus produtos deve ser feita com o objetivo de adaptá-los para um mercado diferente ao de origem. Segundo a pesquisa realizada, as empresas discordam que a inovação deva estar fortemente presente nas relações com o país ao qual se exporta o produto. Assim como também discordam que estabelecer parcerias em pesquisas no exterior seja importante no processo de internacionalização.

Em relação ao ciclo de vida dos produtos, as organizações determinam que este seja diferente ao que ocorre no país de origem, ou seja, os produtos desenvolvidos para a exportação têm sua introdução, crescimento, amadurecimento e declínio diferentes dos produtos já existentes, pois as peculiaridades do novo mercado são divergentes do país de origem.

Sendo assim, na introdução dos produtos no mercado internacional, as empresas buscam inserir produtos exclusivos para este novo mercado, produtos estes que não existem no mercado de origem. As organizações fazem adaptações para inserir no exterior os produtos que sejam direcionados ao seu público-alvo internacional.

Page 110: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 109

5. CONCLUSÃO / CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da pesquisa realizada com gestores de empresas que possuem vínculo no mercado internacional, estão se iniciando no processo de internacionalização ou apenas possuem intenções de iniciar atividades internacionais, pode-se concluir que, em termos gerais, as empresas não utilizam estratégias únicas ou fazem seu planejamento visando pontos específicos. As organizações tomam suas decisões, em sua maioria, de maneira natural sem determinar estratégias específicas para a seleção de novos mercados ou até mesmo para fazer mudanças em seus produtos.

No geral, as empresas buscam identificar oportunidades que venham a surgir com o tempo, e aproveitá-las em algum determinado momento. Isso deve acontecer devido ao fato de as empresas analisadas realizarem suas atividades em diferentes e mais variados setores. Sendo assim, utilizam estratégias e fazem planejamentos diferentes por possuírem objetivos muito divergentes. Esse pode ser o motivo para que as organizações enxerguem o mercado de uma maneira tão diversificada.

No que diz respeito a inovação, as empresas também divergem bastante os seus pontos de vista. Elas usam estratégias diversas para se inserir no mercado internacional, e fazem a implantação da inovação em diferentes estágios e de maneiras diferentes. Elas optam por implantar a inovação na empresa quando o mercado sinaliza ou até mesmo quando a empresa necessita obter vantagem competitiva.

Com relação à inovação no processo de internacionalização, as empresas não utilizam estratégias inovadoras para iniciar suas atividades no mercado externo. Elas preferem fazer uso de estratégias que já existem e que são mais utilizadas. O que foi observado é que as empresas que realizam atividades no mercado internacional, ou têm apenas a intenção, fazem mudanças em seus produtos, podendo essas mudanças ser uma inovação radical ou incremental. Assim como tem empresas que oferecem produtos para o mercado internacional completamente diferente aos oferecidos no mercado nacional. Isso acontece devido ao fato dos novos mercados apresentarem necessidades e demandas diferentes aos do país de origem.

Sendo assim, pode-se concluir que, em sua grande maioria, as empresa pesquisadas adotam oportunidades que surgem em determinado momento e começam a agir por conta própria, e a partir deste novo momento, buscam formas diferentes de implantar a inovação no processo de internacionalização cada uma obtendo sua estratégia única e diferenciada baseando-se em seus próprios objetivos.

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Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 110

CAPÍTULO 5

A CONFIANÇA DO PÚBLICO JOVEM NOS PRODUTOS DE ORIGEM ITALIANA

Fátima Guardani Ricardo M. Gioia

INTRODUÇÃO

A relação dos brasileiros com a Itália tem sido crescente a partir a partir

da vinda dos primeiros imigrantes, no final do século XIX. A maioria desses

imigrantes se instalou nos estados das regiões Sul e Sudeste do Brasil, onde

prevalece atualmente a maior quantidade de ítalo-descendentes (BERTONHA,

2005). A vinda desses imigrantes provocou modificações na cultura local, por

meio, dentre outros aspectos, da utilização de produtos comuns a seus hábitos

originais de consumo.

No decorrer das últimas décadas, tem crescido o número de brasileiros

que viaja para a Itália, seja por motivos referentes a trabalho ou lazer. De

acordo com a Associação Brasileira de Agentes de Viagens, a Itália tem se

constituído como um dos principais destinos internacionais dos brasileiros.

Esse aspecto leva a um incremento no relacionamento entre brasileiros e

italianos, ao conhecimento dos hábitos de consumo italianos, bem como

provoca maior contato com empresas italianas e produtos de origem italiana.

A importação de produtos provenientes da Itália tem sido crescente, bem

como os investimentos de empresas italianas no Brasil. De acordo com a

Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura, a Itália ocupa a

sexta posição como país parceiro comercial do Brasil e a décima posição como

investidor (ITALCAM, 2011). Dessa forma, amplia-se o número de empresas de

origem italiana que vendem e produzem seus produtos no Brasil, bem como

cresce a presença e a diversificação de produtos de origem italiana no

mercado brasileiro.

Page 112: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 111

Para o crescimento do relacionamento comercial e para a

competitividade das empresas italianas, é importante identificar a confiança

que os brasileiros depositam nos produtos de origem italiana, uma vez que a

confiança dos consumidores pode influenciar o desempenho das empresas no

mercado, perante a concorrência. Este aspecto é salientado por Walter e Ritter

(2003), que também afirmam que a confiança dos clientes é um dos fatores

determinantes para que indiquem os produtos ou serviços a outros possíveis

clientes. Nesse sentido, a confiança dos brasileiros é primordial para o

desempenho dos produtos de origem italiana e para o crescimento dos

investimentos e expansão das empresas italianas no Brasil.

A confiança nos produtos e serviços, de acordo com Hernandez e

Mazzon (2005), envolve: a disposição do consumidor em confiar, fruto de suas

experiências anteriores (confiança disposicional); o cálculo que o consumidor

faz a respeito dos riscos assumidos ao confiar (confiança calculativa); a crença

nas instituições sociais que possam oferecer proteção ao consumidor no caso

das empresas não cumprirem suas promessas (confiança institucional); o

conhecimento proporcionado por experiências anteriores com os produtos e

serviços das empresas (confiança baseada em conhecimento); identificação de

características que façam com que os produtos e serviços pareçam confiáveis

(confiança baseada em características). Em um estudo posterior, Hernandez e

Santos (2007) acrescentaram a confiança baseada em identificação, a qual se

refere à percepção de similaridades no que tange a atitudes e valores comuns

entre os consumidores e os produtos.

Neste estudo, teve-se por objetivo identificar os aspectos relativos à

confiança dos consumidores em produtos de origem italiana, tomando-se por

base a Escala de Confiança desenvolvida por Hernandez e Mazzon (2005) e

complementada por Hernandez e Santos (2007). A pesquisa foi realizada junto

ao público jovem, para identificar a forma como aqueles que se constituem nos

consumidores do futuro têm depositado confiança nos produtos de origem

italiana e identificar ações que possam levar ao crescimento dessa confiança,

incrementando o desempenho dos produtos de origem italiana no mercado

brasileiro.

Page 113: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 112

Como questão subjacente à pesquisa encontra-se o conceito de marca.

De fato, consumidores somente podem confiar em produtos de determinada

origem caso possam diferenciá-los de produtos de outras origens. Não há

como diferenciar produtos de diferentes produtores caso não haja uma marca

estabelecida, conforme Keller (2006) – caso contrário, estaríamos no mundo

das “commodities”, produtos genéricos sem diferenciação perceptível aos

consumidores, e portanto sem possibilidade de gerar confiança em suas várias

categorias.

Dessa maneira, o capítulo apresenta-se dividido em: referencial teórico,

no qual são explicados os conceitos de marca e confiança; procedimentos

metodológicos, no qual são abordados o tipo de pesquisa, o método utilizado, a

amostragem e o tratamento dos dados; análise dos resultados, onde constam

os resultados da pesquisa; as conclusões; e as referências bibliográficas.

Marca

Antes de entrarmos nos detalhes da pesquisa, é necessário rever

algumas definições, de forma prática.

Segundo critérios da American Marketing Association (AMA) por marca

pode-se entender qualquer nome, símbolo visual ou fonético – ou uma

combinação desses elementos - que determine o fornecedor ou fabricante de

um produto específico num dado mercado, e o diferencie dos seus

concorrentes.

Assim, teríamos como exemplos de marcas conhecidas no Brasil:

- “Adria”, marca brasileira, porém de raízes italianas; a comunicação

visual de uma de suas embalagens é mostrada a seguir:

Figura 1.1. – Embalagem do macarrão “Adria”

Page 114: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 113

- “Ferrari”, marca italiana, e seu símbolo, mostrado a seguir:

Figura 1.2 – Símbolo representativo da marca “Ferrari”.

Fato notável com relação às marcas é o fato delas permitirem ao

consumidor não somente distinguir os produtores uns dos outros, mas também

aprender a respeito delas, formando expectativas a respeito de sua qualidade e

desempenho. Dessa forma, um consumidor pode, por exemplo, experimentar o

macarrão Adria, gostar de sua textura ou sabor, e assim, da próxima vez que

for às compras, escolher essa tradicional marca como sua opção de massas

alimentícias.

As empresas, sabendo do poder que as marcas possuem sobre o

consumidor – que na realidade é o próprio poder de escolha do consumidor –

tem investido no fortalecimento de suas marcas, com a finalidade de acumular

mais “brand equity”, ou patrimônio de marca, ou ainda, valor de marca. Na

definição da Associação Americana de Marketing (AMA), brand equity é o

conjunto total de ativos tangíveis e intangíveis que dá à empresa uma

vantagem competitiva.

O patrimônio de marca é formado e gradativamente fortalecido em

função principalmente de associações mentais que os consumidores fazem

Page 115: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 114

costumeiramente com a marca. Por exemplo, uma dada marca de automóveis

pode ser associada a “automóvel potente”, ou a “esportivo” ou ainda a “símbolo

de status social”. Se uma marca consegue fixar todas essas associações

positivas junto aos seus consumidores, então terá uma posição privilegiada no

mercado, pois esses atributos, juntos, são de difícil ultrapassagem por seus

concorrentes. Tal é a situação atual da marca “Ferrari”: não sendo a maior

montadora do mundo – nem sua controladora, a FIAT -, no entanto, é admirada

e cobiçada por milhões de consumidores ao redor do mundo. Dado seu baixo

volume de produção, seu preço somente poderia ser altíssimo, tornando os

automóveis Ferrari verdadeiros “objetos de desejo”.

O exemplo da Ferrari pode ser comparado a outros setores e segmentos

de mercado. Assim, poderiam ser citadas outras marcas, de origem italiana,

que possuem forte “brand equity”:

Bulgari – relógios;

Gucci – roupas e acessórios;

Fendi - roupas e acessórios;

Ermenegildo Zegna – moda masculina;

Giorgio Armani – moda masculina e feminina;

Maserati – automóveis;

Lamborghini – automóveis;

Alfa Romeo – automóveis.

A lista acima é constituída, basicamente, por marcas que podem ser

classificadas dentro do “mercado do luxo” ou luxury brands, dado o alto preço

unitário que obtém no mercado, sendo ainda, freqüentemente, vítimas de

pirataria ou falsificação no mercado negro.

Mas a Itália não produz somente marcas de luxo: por exemplo, os

automóveis “FIAT” possuem grande apelo popular no Brasil e em alguns outros

países. Produtos diversos como as massas “Barilla”, ou ainda ternos italianos

de marcas relativamente desconhecidas, embora de alta qualidade, não podem

ser considerados itens de luxo. Produtos culturais, categorizados como

serviços, também têm ou tiveram grande impacto a seu tempo, como os

estúdios de design Pininfarina, as pinturas de Leonardo Da Vinci, os filmes de

Page 116: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 115

Federico Fellini, a Comédia Del´Arte no teatro, a literatura de Dante Alighieri a

Lampedusa e Italo Calvino, a teoria política de Gramsci, entre outros exemplos.

Somando-se todos os casos listados acima, mais os omitidos, tanto com

associações positivas quanto com associações negativas – e essas podem

existir em qualquer mercado – pode-se obter um indicador no qual a

“procedência Itália” pode influir positiva ou negativamente em marcas já

existentes e, principalmente, em marcas novas interessadas em ingressar no

mercado brasileiro. A tal indicador chama-se, na literatura técnica, “efeito do

país de origem” ou EPO, conforme Cateora e Graham (2001).

Assim, a pergunta fundamental a ser respondida neste estudo é: a

etiqueta “Made in Italy” inspira confiança nos consumidores brasileiros ? Seria

possível associar a esses produtos características marcantes e positivas, tais

como beleza, elegância, tradição, luxo e qualidade de vida ? Segundo

Snaiderbaur (2009), - num estudo feito sobre a percepção que os

consumidores chineses tem a respeito de produtos “Made In Italy” -, a resposta

é que sim, o país de procedência interfere na percepção de qualidade do

produto consumido . Contudo, mais além do que o país de origem “Itália”

significa em termos de qualidade de seus produtos, tal estudo aponta para a

necessidade de outras associações, ligadas mais ao estilo de vida simbolizado

pelos produtos. Os chineses valorizam muito a necessidade de status como

fonte de realização pessoal, e os produtos italianos oferecem isso, em sua

percepção. Dessa forma, os esforços de comunicação – tais como propaganda

e publicidade - de produtos italianos na China deveriam valorizar sutilmente o

status e a afluência de seus consumidores.

Dado que a cultura italiana possui mais pontos de contato com a cultura

brasileira que a chinesa, infere-se que não seriam necessárias grandes

modificações da comunicação de produtos italianos no Brasil.

Apesar da existência de convergências culturais, um maior cuidado com

o desenvolvimento da imagem geral da Itália somente pode gerar efeitos

positivos no seu EPO, revigorando fortemente o valor das etiquetas “Made in

Italy”, ou seja, aumentando a confiança dos consumidores em produtos dessa

origem.

Confiança

Page 117: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 116

A confiança dos consumidores nos produtos e serviços tem relação com

suas expectativas positivas, (ROUSSEAU et al, 1998) e com a disposição em

acreditar que tais expectativas serão atingidas (MAYER; DAVIS;

SCHOORMAN, 1995; DONEY; CANON; MUELEN, 1998), tornando-se assim

vulnerável ao aceitar os riscos envolvidos (SHEPPARD; SHERMMAN, 1998).

Nesse sentido, confiar nos produtos implica em aceitar os riscos ao comprá-los

e consumi-los, acreditando que os mesmos cumprirão com as expectativas

neles depositadas no momento da decisão de compra.

De acordo com Rousseau et al (1998), a confiança tem sido estudada

tanto no nível individual, como em grupos, e na relação entre organizações e

setores da economia, uma vez que se configura como determinante inclusive

para o relacionamento comercial.

Yamagishi, Cook e Watabe (1998), por meio de um estudo comparativo

no qual simularam transações comerciais de compra e venda de produtos e

serviços, puderam identificar que, quanto maior a incerteza envolvida, menor é

a confiança dos consumidores e, como complementam Harisalo, Huttunen e

McInerney (2005) e Cook e Luo (2003), a confiança está associada às

informações que os consumidores recebem quanto aos produtos e serviços.

As informações recebidas pelos consumidores impactam na confiança

que depositarão nos produtos ao comprá-los e consumi-los. Andamson, Chan e

Handford (2003) identificaram que o nível de confiança dos clientes sofre

influências das estratégias de comunicação das marcas. Nesse sentido, as

informações referentes à Itália, às empresas italianas e suas marcas, podem

influenciar a confiança dos consumidores nos produtos de origem italiana.

Mayer, Davis e Schoorman (1995) enfatizam que a propensão em

confiar varia conforme as características em termos de personalidade e cultura

de cada indivíduo, além de contextos específicos e situações específicas, bem

como das interpretações que os sujeitos fazem de tais situações. Com relação

às influências de características culturais na propensão a confiar, Doney,

Canon e Muelen (1998) defendem que as normas e os valores referentes a

cada cultura levam a que indivíduos de diferentes culturas apresentem distintas

propensões em confiar. Levando-se em consideração as conclusões desses

autores, pode-se supor que os fatores que levam à confiança nos produtos por

Page 118: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 117

parte dos consumidores italianos não sejam necessariamente os mesmos que

influenciam os brasileiros, o que implica em uma análise da confiança que leve

em consideração os aspectos de cada cultura.

Morgan e Hunt (1994) concluíram que a confiança relaciona-se com o

comprometimento, sendo este definido como o desejo de manter o

relacionamento, refletindo-se assim na fidelidade a produtos e serviços.

Rousseau et al (1998) identificaram que a confiança pode resultar na formação

de vínculos afetivos. Nesse sentido, os consumidores podem desenvolver

vínculos com produtos e serviços de determinadas marcas às quais se tornarão

fiéis, provocando uma vantagem competitiva a essas empresas perante a

concorrência. Sendo assim, a confiança dos consumidores brasileiros nos

produtos de origem italiana pode levar a que os prefiram quando comparados a

produtos oriundos de outros locais e que desenvolvam um vínculo afetivo que

venha a se refletir em fidelidade a produtos de origem italiana.

Hernandez e Mazzon (2005) realizaram uma ampla revisão bibliográfica

junto aos autores de diferentes áreas que abordam o conceito de confiança e

concluíram que a confiança de um indivíduo pode resultar de cinco tipos de

confiança, por eles identificados na literatura: confiança disposicional -

disposição do indivíduo em confiar, baseada em suas experiências, de um

modo geral, com outros indivíduos e situações; confiança calculativa - cálculo

do indivíduo quanto aos riscos assumidos e às vantagens obtidas; confiança

institucional - crença do indivíduo de que as instituições sociais possam

protegê-lo no caso dos produtos e serviços não cumprirem com as promessas;

confiança baseada em conhecimento – fruto das experiências com os produtos

e serviços; confiança baseada em características - percepção de

características que tornam os produtos e serviços confiáveis.

Hernandez e Mazzon (2005) realizaram um estudo com o objetivo de

investigar a relevância desses cinco tipos de confiança junto a clientes de lojas

de comércio eletrônico e elaboraram uma primeira versão da Escala de Perfis

de Confiança. Num trabalho posterior, Hernandez e Santos (2007) realizaram

um estudo junto a clientes de uma distribuidora de produtos de informática, no

qual identificaram um sexto tipo de confiança: a confiança baseada em

identificação. Conforme os autores, a confiança baseada em identificação

Page 119: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 118

refere-se à percepção de similaridades, bem como de valores comuns, o que

leva à estima e ao afeto por parte dos consumidores.

Tomando-se como base os tipos de confiança identificados por

Hernandez e Mazzon (2005) e Hernandez e Santos (2007), a confiança dos

consumidores brasileiros nos produtos de origem italiana constitui-se: na

disposição deles em confiar de acordo com suas experiências de um modo

geral; na relação que identificam em termos de riscos e vantagens ao confiar

nos produtos de origem italiana, na crença de que as instituições sociais

brasileiras possam oferecer proteção no caso das empresas italianas não

cumprirem com suas promessas; na experiência anterior com os produtos

italianos; na identificação de características que tornem os produtos italianos

confiáveis; na estima e no afeto associado aos produtos de origem italiana.

Sendo assim, para identificar a confiança dos consumidores brasileiros

pertencentes ao público jovem nos produtos de origem italiana, utilizou-se uma

adaptação da Escala da Perfis de Confiança de Hernandez e Mazzon (2005)

complementada por Hernandez e Santos (2007), de acordo com os

procedimentos metodológicos descritos a seguir.

PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

O estudo realizado é de natureza descritiva, no sentido de que teve

como objetivo estabelecer relações entre as variáveis e buscou-se descrever

fenômenos a amostras selecionadas, por meio da aplicação de um questionário

junto a consumidores do público jovem.

Na elaboração do questionário a ser utilizado, procurou-se, de acordo

com o que recomendam Hair Jr. et al (2005), incluir as explicações sobre a

forma de preenchimento de seus itens, fornecendo aos respondentes as

devidas instruções relativas a cada uma das partes.

Com o objetivo de instruir os respondentes quanto ao processo de

preenchimento do questionário, apresentava-se, num primeiro parágrafo, uma

explicação acerca do que tratava o estudo. Em seguida, pedia-se aos

respondentes que indicassem alguns dos produtos de origem italiana por eles

Page 120: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 119

consumidos, bem como a informação referente a viagens já realizadas à Itália e

à descendência italiana.

No que tange à confiança dos clientes nos produtos de origem italiana,

procedeu-se a uma adaptação da Escala de Perfis de Confiança de Hernandez

e Mazzon (2005), complementada por Hernandez e Santos (2007). Solicitou-se

aos respondentes que indicassem o quanto concordavam ou discordavam de

cada um dos itens do questionário relativos aos fatores de confiança, conforme

os seguintes critérios: “0 = Discordo totalmente”; “1 = Discordo muito”; “2 =

Discordo pouco”; “3 = Concordo pouco”; “4 = Concordo muito”; “5 = Concordo

totalmente”. Os itens apresentaram variabilidade dentre os respondentes e não

suscitaram dúvidas quanto ao conteúdo. O tempo de preenchimento variou de

5 a 12 minutos.

Seguindo-se as recomendações de Goode e Hatt (1979), optou-se por

incluir as questões referentes às informações pessoais dos respondentes na

parte final do instrumento de pesquisa. Dessa forma, ao final do questionário,

os respondentes preenchiam seus dados pessoais, incluindo faixa etária, sexo,

grau de instrução, estado civil e renda média familiar.

A amostra utilizada caracterizou-se como não probabilística. Os

questionários foram aplicados aos alunos de graduação do curso de

Administração, em uma universidade privada da Grande São Paulo, ao final de

2010. Foram aplicados 200 questionários e foi possível obter 180 questionários

preenchidos adequadamente, ou seja, sem respostas situadas apenas nos

extremos ou no meio termo e com todos os itens devidamente preenchidos

pelos respondentes. Para a definição do número de respondentes, procurou-se

observar as recomendações de Hair Jr. et al (2005), os quais indicam que o

número mínimo de respondentes deve ser equivalente a cinco vezes o número

de assertivas do questionário.

Os questionários preenchidos tiveram suas respostas digitadas no

software SPSS, versão 15.0. Após a digitação, iniciou-se o tratamento dos

dados. Primeiramente, foi realizada uma análise, buscando-se identificar, como

recomendam Hair Jr. et al (2005), a existência de observações atípicas, bem

como de dados faltantes que pudessem atrapalhar as análises posteriores.

Restaram então 167 questionários, que foram utilizados na análise.

Page 121: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 120

ANÁLISE DOS RESULTADOS

Caracterização demográfica da amostra

Os respondentes dividiram-se de forma equilibrada entre ambos os

gêneros, sendo que a amostra foi composta por 52,0% de indivíduos do sexo

masculino e 48,0% do sexo feminino. Quanto ao estado civil, os respondentes

são todos solteiros e possuem grau de instrução superior incompleto. A maior

parte dos respondentes, 47,8%, encontra-se na faixa etária de 18 a 20 anos,

45,3% dos indivíduos entre 21 e 25 anos, e apenas 6,8% têm de 25 a 30 anos.

No que se refere à distribuição dos respondentes conforme as faixas de renda

familiar, os dados são apresentados na Tabela:

Tabela 1: Distribuição da amostra por renda familiar

Renda familiar Porcentagem Porcentagem Acumulada

Menos de R$ 1.000,00 2.6 2.6 De RS 1.000,01 a R$ 2.000,00 8.3 10.9 De RS 2.000,01 a R$ 4.000,00 16.0 26.9 De RS 4.000,01 a R$ 6.000,00 17.3 44.2 De RS 6.000,01 a R$ 10.000,00 17.9 62,2 De RS 10.000,01 a R$ 20.000,00 19.9 80.1 Total 100.0 Fonte: dados da pesquisa

Todos os respondentes são moradores da Grande São Paulo e 47,8%

indicaram ter descendência italiana. Dentre os respondentes, apenas 10,2%

viajaram à Itália, sendo que, destes, 45,3% viajaram mais de uma vez.

Quanto aos tipos de produtos de origem italiana consumidos, os

respondentes citaram diversos tipos, os quais podem ser identificados na

Tabela:

Tabela 2: Tipos de produtos consumidos

Tipos de produtos Porcentagem

Alimentos e bebidas 65,7

Vestuário

Calçados

43,2

26,4

Acessórios 8,2

Page 122: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 121

Perfumes 7.5 Fonte: dados da pesquisa

Confiança nos produtos de origem italiana

A análise da confiança dos consumidores jovens nos produtos de origem

italiana foi realizada por meio de análise dos itens adaptados da Escala de

Perfis de Confiança de Hernandez e Mazzon (2005) complementada por

Hernandez e Santos (2007). Na Tabela a seguir, apresentam-se as

porcentagens dos itens relativos a cada um dos tipos de confiança.

Tabela 3: Confiança nos produtos de origem italiana Confiança

institucional DT DM DP CP CM CT

Os órgãos de defesa protegem os consumidores que compram produtos de origem italiana

3.0

8.5

20.7

48.8

9.8

9.1

A Justiça brasileira protege os consumidores que têm problemas com produtos de origem italiana.

9.9

8.1

22.4

40.4

12.4

6.8

As leis brasileiras são suficientes para garantir a segurança dos consumidores que optam por comprar produtos de origem italiana.

10.2

8.9

25.5

36.9

13.4

5.1

Confiança calculativa

DT DM DP CP CM CT

Os preços cobrados pelos produtos de origem italiana são mais baixos que os da maioria dos outros

21,1

12,0

32,5

28,9

4,2

1,2

Page 123: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 122

produtos. As

condições comerciais oferecidas na compra de produtos de origem italiana são mais vantajosas que a da maioria dos outros produtos

8.0

8.6

34.6

37.0

9.9

1.9

A relação custos x benefícios dos produtos de origem italiana é melhor que a dos outros.

4.9

4.9

20.7

42.7

22.0

4.9

Page 124: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 123

Confiança disposicional

DT DM DP CP CM CT

A maioria das empresas italianas se preocupa com o bem-estar dos outros, ao invés de olhar apenas os próprios interesses.

6.4

7.6

26.8

41.4

12.1

5.7

A maior parte das empresas de origem italiana costuma cumprir o que promete.

2.6

3.2

19.9

40.4

26.9

7.1

A maior parte das empresas italianas é competente naquilo que faz.

2.6

3.2

17.4

38.7

29.0

9.0

Confiança baseada em características

DT DM DP CP CM CT

As empresas italianas protegem os consumidores de eventuais problemas que possam ocorrer com a utilização de seus produtos.

5.0

4.3

27.3

47.2

11.2

5.0

As medidas de segurança das empresas italianas tornam seus produtos seguros para o consumo..

4.8

3.0

25.5

44.8

17.0

4.8

De uma forma geral, as empresas italianas oferecem produtos confiáveis.

3.0

1.2

11.0

33.5

37.8

13.4

Confiança baseada em

DT DM DP CP CM CT

Page 125: Internacionalização de negócios

Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 124

identificação Eu tenho

uma ligação afetiva com produtos de origem italiana.

9.6

6.4

21.8

30.1

21.2

10.9

Eu tenho uma grande estima por produtos de origem italiana..

7.5

8.1

18.1

24.4

28.1

13.8

Eu me sinto bem utilizando produtos de origem italiana.

3.1

1.9

8.0

33.3

34.6

19.1

Confiança baseada em conhecimento

DT DM DP CP CM CT

A maioria das minhas experiências anteriores com produtos de origem italiana foi positiva

3.7

3.1

9.3

24.2

39.1

20.5

Nas outras vezes em que utilizei produtos de origem italiana, não tive problemas.

0.0

4.9

10.5

24.7

29.0

30.9

Tive boas experiências na maioria das vezes em que utilizei produtos de origem italiana.

4.3

1.8

8.5

26.8

32.3

26.2

Fonte: dados da pesquisa Legenda : DT = Discordo totalmente; DM = Discordo muito; DP = Discordo pouco CM = Concordo pouco; CM = Concordo muito; CT = Concordo totalmente

A confiança dos respondentes nos produtos de origem italiana parece

não estar baseada na crença de que as instituições brasileiras possam

protegê-las, uma vez que somente 18,9% concordam muito ou totalmente com

a afirmação de que os órgãos de defesa protegem os consumidores que

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compram produtos de origem italiana, 19,2% com a ideia de que a Justiça

brasileira protege os consumidores que têm problemas com produtos de

origem italiana e 18,5% que as leis brasileiras são suficientes para garantir a

segurança dos consumidores que optam por comprar produtos de origem

italiana.

Analisando-se o grau de concordância dos respondentes nos itens que

expressam os diversos tipos de confiança nos produtos de origem italiana,

identifica-se que, no que se refere à confiança calculada, apenas uma pequena

parcela, 5,4%, concordam muito ou totalmente com a afirmação de que os

preços cobrados pelos produtos de origem italiana são mais baixos que os da

maioria dos outros produtos. Além disso, apenas 11,8% concordam muito ou

totalmente no que tange às condições comerciais oferecidas na compra de

produtos de origem italiana serem mais vantajosas que a da maioria dos outros

produtos. No entanto, essa soma corresponde a 26,9% no que se refere à

relação custos versus benefícios dos produtos de origem italiana. Dessa forma,

percebe-se que, no que tange à confiança calculada, os respondentes

identificaram os produtos de origem italiana como produtos de custos altos,

mas vantajosos em termos de benefícios.

No que tange à disposição em confiar, identifica-se que os respondentes

têm uma percepção positiva das empresas italianas, pois 38,0% concordam

muito ou totalmente com a afirmativa de que a maior parte das empresas

italianas é competente naquilo que faz e 37,0% com a ideia de que a maior

parte das empresas de origem italiana costuma cumprir o que promete. Porém,

somente 17,8% concordam muito ou totalmente com a ideia de que a maioria

das empresas italianas se preocupa com o bem-estar dos outros, ao invés de

olhar apenas os próprios interesses. Tal aspecto pode refletir uma pequena

divulgação da atuação das empresas italianas no que refere às suas ações de

natureza ética ou social.

Quanto à confiança baseada em características, os respondentes

parecem identificar positivamente as empresas italianas. Embora apenas 16,2

% dos respondentes concordem muito ou totalmente que as empresas italianas

protegem os consumidores de eventuais problemas que possam ocorrer com a

utilização de seus produtos, esse número aumenta para 21,8% quanto às

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medidas de segurança das empresas italianas tornarem seus produtos seguros

para o consumo; e totaliza 51,2% quanto à afirmação de que, de uma forma

geral, as empresas italianas oferecem produtos confiáveis.

Os resultados associados à confiança baseada em identificação

mostram uma relação de afeto dos respondentes para com os produtos de

origem italiana. Dentre os respondentes, 53,7% concorda muito ou totalmente

que se sentem bem utilizando produtos de origem italiana. Quanto à afirmação

de que têm uma ligação afetiva com produtos de origem italiana, 32,1%

concordam muito ou totalmente e esse número sobe para 41,9% quanto a ter

uma grande estima por produtos de origem italiana.

Os níveis mais elevados de confiança estão associados à confiança

baseada em conhecimento. Dentre os respondentes, 59,6% concorda muito ou

totalmente com a afirmação de que a maioria das experiências anteriores com

produtos de origem italiana foi positiva. No que se refere à afirmação de que

nas outras vezes em que utilizou produtos de origem italiana, não houve

problemas, esse valor sobe para 59,9% e corresponde a 58,5% quanto a boas

experiências na maioria das vezes em que utilizou produtos de origem italiana.

Esses resultados podem refletir um elevado nível de satisfação para com os

produtos de origem italiana.

CONCLUSÕES

A análise dos resultados da pesquisa permitiu identificar que os

respondentes, consumidores predominantemente pertencentes à faixa etária

entre 18 e 25 anos, possuem uma relação de confiança com os produtos de

origem italiana. Essa confiança parece ser baseada principalmente em

conhecimento, ou seja, fruto de experiências anteriores positivas com os

produtos de origem italiana. No entanto, pode-se identificar que a confiança

baseada em identificação também se destaca, o que revela uma relação de

afeto e estima para com os produtos de origem italiana. Outros aspectos

positivos referem-se à confiança baseada em características, que apontam

para uma identificação de aspectos confiáveis nos produtos de origem italiana

e à confiança disposicional relativa às empresas italianas. Já a confiança

institucional parece não estar fortemente associada aos produtos de origem

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italiana, ou seja, a confiança nos produtos de origem italiana não está baseada

na crença da proteção por parte da Justiça brasileira.

No que se refere à confiança calculativa, identifica-se que os

respondentes não associam os produtos de origem italiana a vantagens em

termos de preços mais baixos, mas sim à vantagens em termos de benefícios.

De um modo geral, os respondentes confiam nos produtos de origem

italiana, principalmente pela experiência positiva para com esses produtos, pela

identificação que se traduz em afeto aos produtos e pela percepção de

características que tornam os produtos confiáveis.

Os resultados são favoráveis ao incremento da parceria comercial entre

Brasil e Itália bem como ao crescimento dos investimentos provenientes da

Itália, uma vez que se trata de resultados relativos ao público jovem, que se

configura como o mercado consumidor do futuro próximo.

Este estudo apresenta limitações referentes à amostra utilizada, de

natureza não probabilística e formada somente pelo perfil de consumidores

jovens da Grande São Paulo, estudantes de ensino superior.

Propõem-se novos estudos, junto a outras amostras de consumidores,

com o objetivo de se traçar esses perfis de confiança em outros públicos. Da

mesma forma, cabe investigar a confiança dos italianos nos produtos de origem

brasileira, com o objetivo de se incrementar a parceria comercial Brasil - Itália.

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CAPÍTULO 6

DA ITÁLIA AO BRASIL: BIOGRAFIA E SOCIEDADE NA TRAJETÓRIA DO EMPREENDEDOR FRANCISCO MATARAZZO

Rodrigo Augusto Prando

INTRODUÇÃO Busca-se, neste escrito, tratar da trajetória de vida de Francisco1

Matarazzo, bem como da tentativa de relacionar sua biografia com a sociedade brasileira. Sabidamente, Matarazzo foi uma das maiores fortunas do Brasil – quiçá do mundo – em sua época. Nos recentes estudos acerca da figura do empreendedor, são inúmeras as características que a definem como uma personalidade distinta das demais, como alguém visionário, sonhador, planejador, que assume riscos e ultrapassa as dificuldades; enfim, nos dizeres de Schumpeter (1982): um indivíduo sociologicamente distinto.

Francisco Matarazzo é, indubitavelmente, um empreendedor, indivíduo sociologicamente distinto. Sua saída da Itália e sua chegada ao Brasil devem ser compreendidas à luz da história, da imigração dos que vieram para “fazer a América”. Milhares de italianos deslocaram-se para o Brasil, mas a grande maioria inseriu-se na produção de café, assalariamento na indústria nascente ou em pequenos negócios. Já Francisco Matarazzo constitui uma fortuna e império econômico jamais visto nestas plagas. Sua ação empreendedora foi de um sucesso que acabou por povoar a mentalidade nacional, estabelecendo, muitas vezes, dificuldades em separar a realidade do mito, a história da estória.

Numa sociedade alicerçada sobre a produção de monocultura voltada à exportação, trabalho escravo e grande propriedade privada, e num país que, de seus mais que 500 anos, teve, praticamente, 400 anos de uma estrutura social que imputava ao trabalho uma condição inferior, trabalhar era para o escravo. Será com tal sociedade, com essa mentalidade e ideologia que Francisco Matarazzo se encontrará e fará sua fortuna.

Caberia, assim, a pergunta: por que a biografia de Francisco Matarazzo? A história, bem como os processos sociais, pode, com frequência, ser ininteligíveis, demasiados abstratos. Ao lançar luzes sobre uma biografia, sobre uma trajetória de vida, como, no caso, de Francisco Matarazzo, poder-se-á melhor compreender os processos históricos, as ações e mentalidades de um empreendedor. No atinente à importância da biografia para a compreensão dos processos sociais, assim se posiciona José de Souza Martins, relembrando pesquisas de Florestan Fernandes:

1 Chamarei de Francisco, pois é forma como o nome foi aportuguesado, quando o texto for de

minha autoria e Francesco quando for citação ipsis litteris de outros autores.

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Apesar das preocupações com as determinações que fazem com que a história de cada um não seja mero produto do acaso, a concepção que o professor Florestan tem das histórias pessoais não é uma concepção determinista. Por isso mesmo, ao dirigir sua curiosidade científica (e afetiva) para a biografia de determinadas pessoas, o que ele busca é descobrir, sem dúvida, de um lado, as alternativas biográficas que a sociedade abre para os seus membros (e também as alternativas que fecha) (MARTINS, 1996, p. 15-16).

Tratando dos estudos de Florestan Fernandes sobre Tiago Marques Aipobureu, Martins reflete a propósito do processo de análise do cientista social, mormente, do sociólogo, que, ao examinar a biografia de um indivíduo, busca

[...] encarar a biografia como uma espécie de sucedâneo da experimentação científica. Uma vez que os cientistas sociais, a rigor, não podem fazer experimentos, ao menos por razões éticas, o recurso do confronto entre personalidade e sociedade, entre biografia e História, oferece uma alternativa quase experimental para a verificação de como surgem e se desenrolam os processos sociais. Esses casos têm maior e mais rica densidade de evidências e de informações sobretudo para os estudos sociológicos sobre mudança social (MARTINS, 1996, p. 16).

A minha intenção, portanto, é de trabalhar com a biografia de Francisco Matarazzo e cotejar essa trajetória de vida com a sociedade brasileira com a qual ele se defrontou ao chegar da Itália, bem como trazer à tona alguns estudiosos do empreendedorismo e das características do empreendedor. No que tange à biografia de Francisco Matarazzo, a referência principal será a obra Matarazzo – vol. 1 e vol. 2 – A travessia e colosso brasileiro, respectivamente. Além do estudo pioneiro de José de Souza Martins: Conde Matarazzo – o empresário e a empresa.

O texto, assim, estrutura-se – além desta introdução – em: 1) Sociedade – na qual trago à baila alguns autores, principalmente, os intelectuais da Geração de 1930, Caio Prado Júnior, Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre; 2) Empreendedorismo e Empreendedores – um breve e parcial levantamento de teóricos que estudam a temática empreendedorismo e empreendedores; 3) Francisco Matarazzo – reconstrução, ainda que panorâmica, da trajetória de vida do empreendedor; e, à guisa de considerações finais, 4) Biografia e Sociedade.

1. SOCIEDADE Descrever o processo histórico de desenvolvimento da sociedade

brasileira implica, por parte do pesquisador, a articulação dos fenômenos econômicos aos fenômenos sociais, políticos e culturais. No limite, a ocupação e a expansão econômica no país são assentadas numa estrutura social dada; portanto, a dinâmica desta sociedade deve ser compreendida à luz de um método que valorize as relações entre o local e o global e, mais especificamente, que apresente a formação do modo de produção capitalista no Brasil. As relações entre capital e trabalho são, sem dúvida, elementos importantes na visualização dos espaços geográficos. A contraposição campo versus cidade, as configurações entre as classes sociais e a predominância do capital acarretará não só a formação das cidades brasileiras, bem como de

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suas regiões metropolitanas (como será o caso da cidade de São Paulo – locus da ação empreendedora de Matarazzo).

Não caberia desprezar o fato de que a formação social brasileira alicerçou-se no seguinte tripé: 1) monocultura voltada para a exportação, 2) trabalho escravo e 3) grande propriedade de terra. Assim, durante cerca de 500 anos de nossa história, o país viveu em torno de quatro séculos sob essa estrutura social. A mudança estrutural de uma economia agrária exportadora, baseada no campo e escravocrata, para uma sociedade urbano-industrial e de trabalho livre e assalariado data da década de 30 do século passado. Dessa forma, viver em cidades e, mais ainda, em metrópoles no Brasil, é relativamente recente, se comparado à história europeia, por exemplo.

Do descobrimento, em 1500, passando pela chegada da família real (1808), Independência (1822), libertação dos escravos (1888), a Proclamação da República (1889) até ao cabo da Primeira República (1930), o país será atravessado por inúmeras transformações sociais, política e econômicas. Contudo, a década de 30 será um marco, seja do ponto de vista histórico ou do ponto de vista intelectual. No campo da intelectualidade, foram Gilberto Freyre, Caio Prado Júnior e Sérgio Buarque de Holanda, os principais pensadores a se debruçarem sobre as transformações da sociedade brasileira. São, portanto, autores clássicos que nos oferecem, ainda hoje, instrumental analítico que nos permite desnudar a realidade do processo histórico então em voga.

Uma base produtiva assentada na grande propriedade fundiária, no trabalho escravo e nas fases econômicas monocultoras, gerou uma sociedade em que as classes e grupos sociais eram extremamente desiguais. O Estado, no Brasil, foi, praticamente, uma transferência dos aparatos burocráticos portugueses, com sua ética patrimonialista (FAORO, 2008). A economia, em suas diversas esferas, foi, quase sempre, negócios de poucos (os grandes proprietários), pois os escravos e, posteriormente, os trabalhadores livres e assalariados pouco participaram como empreendedores. Em suma, depreende-se dos autores trabalhados (Prado Júnior, 2000; Fausto, 2003), que a sociedade brasileira até o estabelecimento do trabalho livre e assalariado (com a Abolição) foi incapaz de oferecer um ambiente propício ao desenvolvimento das características dos agentes empreendedores. As relações entre o Estado e a sociedade, bem como entre o Estado e a esfera econômica, traz, preponderantemente, a ação do Estado como catalisador do progresso econômico. As conquistas burguesas – liberdade, igualdade e fraternidade – são, aqui, diferentes dos modelos clássicos de revoluções burguesas (FERNANDES, 2006).

Na acepção de Prado Júnior: Se vamos à essência da nossa formação, veremos que na realidade nos

constituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros; mais tarde ouro e diamantes; depois, algodão, e em seguida café, para o comércio europeu. Nada mais que isto. E com tal objetivo, objetivo exterior, voltado para fora do país e sem atenção a considerações que não fossem o interesse daquele comércio, que se organizarão a sociedade e a economia brasileiras. Tudo se disporá naquele sentido: a estrutura, bem como as atividades do país (PRADO JÚNIOR, 2000, p. 20).

Nesse evoluir, o sentido da colonização brasileira prestou-se ao papel de fornecedor de matéria-prima para a Europa. Sem exagero, os produtos

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tropicais contribuíram significativamente para a Revolução Burguesa europeia. O centro decisório não está na colônia e sim na metrópole. O aparato burocrático português é, aqui, introduzido de forma alienígena, moldando os padrões de relacionamentos entre os grupos e classes sociais. Sem, entretanto, perder de vista que a economia, assim como a sociedade, tenha sido orientada para os interesses do comércio metropolitano.

Se em Prado Júnior os aspectos econômicos, portanto, o caráter comercial de nossa formação econômica inicial é ressaltado, será Gilberto Freyre que nos chamará a atenção para os aspectos da vida social com maior ênfase. O complexo casa grande & senzala, tão bem estudado por Freyre, apresentará o lócus da sociabilidade na constituição de uma sociedade agrária, escravocrata e híbrida (FREYRE, 2001).

Há, em Casa grade & senzala, a valorização da colonização portuguesa, vitoriosa na construção de uma civilização nos trópicos. A miscibilidade, plasticidade, aclimatabilidade do português o predispôs à conquista de uma colônia com as dimensões do Brasil. A ausência de orgulho de raça permitiu que a miscigenação entre o branco português se processasse com índios e negros, sem maiores problemas. Entretanto, o modelo de dominação estabelecido garantia o poder masculino: a família patriarcal. O domínio masculino, não raro gerontocrático, permitiu ao homem, ao senhor, dono do engenho, poder ilimitado. A legitimidade de seu poder deriva de seu patrimônio (por isso, poder patrimonialista) e de sua condição de patriarca (o homem mais velho da família). A força do senhor, proprietário de terras, não conhece limites. Todos são submetidos a seu mando, numa sociedade em que o Estado inexiste ou é pouco presente. A força da casa grande espraia-se por toda a sociedade, sociedade que, em fins de conta, terá feições autoritárias e violentas. Nos dizeres de Joaquim Nabuco, a escravidão será uma nódoa que nos marcará para sempre de forma indelével (NABUCO, 2000).

No que toca, ainda, à formação social, Buarque de Holanda apresentará os tipos humanos que colonizaram a América: os aventureiros e os trabalhadores. No entender do autor, a colonização brasileira teve a predominância do tipo humano aventureiro. Neste caso, aproxima-se de Freyre, ao destacar a plasticidade do povo português e a ausência de um orgulho de raça. Há, no entanto, que destacar que as características do aventureiro: ignora fronteiras, vive dos espaços ilimitados, dos projetos vastos, dos horizontes distantes. O aventureiro, consequentemente, enaltece o ganho fácil, sem esforço, sua visão é curto prazo. Obviamente, coaduna-se a essas éticas comportamentais uma visão de cidade, a forma que o português irá edificar suas cidades.

Segundo Buarque de Holanda: Toda a estrutura de nossa sociedade colonial teve sua base fora dos

meios urbanos. É preciso considerar esse fato para se compreender exatamente as condições que, por via direta e indireta, nos governam até muito depois de proclamada nossa independência política e cujos reflexos não se apagaram ainda hoje. [...] não foi a rigor uma civilização agrícola o que os portugueses instauraram no Brasil, foi, sem dúvida, uma civilização de raízes rurais. É efetivamente nas propriedades rústicas que toda a vida da colônia se concentra durante os séculos iniciais da ocupação européia: as cidades são virtualmente, se não de fato, simples dependência delas. Com pouco exagero

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pode dizer-se que tal situação não se modificou essencialmente até à Abolição. 1888 representa o marco divisório entre duas épocas; em nossa evolução nacional, essa data assume significado singular e incomparável (BUARQUE DE HOLANDA, 2006, p. 69).

A primazia da vida rural, da fazenda, no domínio português, se

distinguirá do domínio espanhol. Este é um “ladrilhador”, planeja suas cidades, usa a lógica, a razão e os traçados retos para o plano urbano; aquele, ao contrário, é um semeador, amoldando-se à natureza, sem preocupação ou esforço racional de ocupar o espaço. Para Buarque de Holanda:

Essa primazia acentuada da vida rural concorda bem com o espírito da dominação portuguesa, que renunciou a trazer normas imperativas e absolutas, que cedeu todas as vezes em que as conveniências imediatas aconselharam a ceder, que cuidou menos em construir, planejar ou plantar alicerces, do que em feitorizar uma riqueza fácil e quase ao alcance da mão (BUARQUE DE HOLANDA, 2006, p. 97).

E ainda: A cidade que os portugueses construíram na América não é produto

mental, não chega a contradizer o quadro da natureza, e sua silhueta se enlaça na linha da paisagem. Nenhum rigor, nenhum método, nenhuma previdência, sempre esse significativo abandono que exprime a palavra “desleixo” (BUARQUE DE HOLANDA, 1975, p. 115).

O processo colonizador português privilegiou a fazenda em detrimento da cidade, e esta, quando construída, não o era de forma racional, planejada. O ganho fácil, a visão de curto prazo, imprimiu um caráter litorâneo de ocupação e dominação sobre a colônia. Apenas no terceiro século de ocupação colonial, os portugueses adentram ao território, afastando-se da faixa litorânea, na busca de ouro das Minas Gerais.

As relações entre o Estado e a sociedade, bem como entre o Estado e a esfera econômica, trazem, preponderantemente, a ação do Estado como catalisador do progresso econômico. As conquistas burguesas – liberdade, igualdade e fraternidade – são, aqui, diferentes dos modelos clássicos de revoluções burguesas (FERNANDES, 2006).

O burguês, nosso efetivo empreendedor, só aparecerá tardiamente no Brasil e, ainda por cima, ligado aos proprietários rurais (os cafeicultores). Destarte, essa classe social será moderna e empreendedora na visão econômica e conservadora e retrógrada nos aspectos políticos e sociais (FERNANDES, 2006).

Depreende-se, pois, dos autores indicados que a sociedade brasileira, sua ocupação econômica e sua dimensão espacial, estão intrinsecamente ligadas à estrutura social aqui estabelecida: grande propriedade agrária, monocultura de exportação e trabalho escravo. Após a Abolição, a velocidade das transformações sociais acelerou-se, e, por isso mesmo, a década de 1930 será um ponto de inflexão importante em nossa história. Haverá o declínio do Nordeste, do complexo casa grande & senzala, do poder político patriarcal e da escravidão, emergindo, no Sudeste, mormente na cidade de São Paulo, um novo ethos, mais moderno, urbano e industrial. Se, até 1930, a população brasileira fora preponderantemente rural, a partir dessa década e com duas ou três décadas a mais, a população concentrar-se-á nas cidades e com

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centralidade para a economia paulista, que, após a economia cafeeira, reuniu as condições econômicas, sociais, políticas e culturais para engendrar o processo de industrialização, de formação do modo de produção capitalista.

2. EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDOR No campo etimológico, Ferreira (1999) define empreendedorismo como

a palavra empreender, acrescida do sufixo “ismo”. O vocábulo empreender é definida como “1. Deliberar-se a praticar, propor-se, tentar (empresa laborial e difícil) 2. Pôr em execução (...)” (FERREIRA, 1999, p. 514). Assim: “O termo empreendedorismo (entrepreneurship, em inglês) tem conotação prática, mas também implica atitudes e idéias. Significa fazer coisas novas, ou desenvolver maneiras novas e diferentes de fazer as coisas” (DOLABELA, 1999a, p. 16).

Segundo Dolabela (1999b), é interessante observar que cada ciência analisa o empreendedorismo com um foco diferente, o que explica tamanha diversidade de definições existentes. Nada obstante, há duas correntes principais desenvolvidas sobre o tema: a dos economistas, que relacionavam o empreendedor à inovação e a dos comportamentalistas, que ressaltavam as características do empreendedor, como criatividade e intuição. O empreendedor, ainda de conformidade com Dolabela (1999b), é aquele que cria ou adquire uma empresa, mas que, principalmente, introduz inovações ao negócio, assumindo os riscos oriundos a ele. Na verdade, essa seria a condição sine qua non para diferenciar o verdadeiro empreendedor dos simples proprietários de um negócio.

O teórico Drucker (2003) – reconhecido no campo da Administração - assevera que o empreendedor é aquele que começa seu próprio, novo e pequeno negócio, recriando a forma de fazer, agregando valor ao negócio, criando um novo conceito ao produto ou serviço oferecido, assim: “Eles criam algo novo, algo diferente, eles mudam ou transformam valores” (DRUCKER, 2003. p. 29).

Dolabela (1999a) define empreendedorismo como “um fenômeno cultural, ou seja, é fruto dos hábitos, práticas e valores das pessoas” (DOLABELA, 1999a, p.33). Complementa, indicando que a palavra enterpreneurship é um termo “utilizado para designar os estudos relativos ao empreendedor, seu perfil, suas origens, seu sistema de atividade, seu universo de atuação” (DOLABELA, 1999b, p.43).

A crer em Dornelas (2001), o empreendedorismo requer a criação de algo novo e de valor; a devoção e o comprometimento de tempo e esforço necessários; e a ousadia para assumir riscos calculados e tomar decisões críticas, sem desanimar com as falhas e os erros. Mais do que isso, o autor indica que o fenômeno do empreendedorismo é complexo e sua compreensão deve levar em conta: 1) Fatores Pessoais (assumir riscos, realização pessoal, valores pessoais, liderança, etc.); 2) Fatores Sociológicos (networking, equipes, influência dos pais, família, modelos de pessoas de sucesso, etc.); 3) Fatores Organizacionais e 4) Ambiente. Nesse caso, o fenômeno só poderia ser compreendido em sua totalidade levando-se em conta não apenas as características individuais do empreendedor, mas, também, os fatores sociológicos e históricos, isto é, a sociedade que facilita ou impede o desenvolvimento das aptidões individuais. Para Dornelas (2001, p. 37): “O

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empreendedor é aquele que detecta uma oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo os riscos necessários”. Com efeito, não adiantaria ser empreendedor se não houvesse oportunidade e, neste caso, as oportunidades são, histórica e socialmente, construídas.

No juízo de Dolabela (1999b), o significado da palavra é entendido de acordo com o contexto histórico no qual se está inserido. No século XVII, empreender significava a firme decisão de fazer alguma coisa. Já nos dias de hoje, significa “a atividade de toda pessoa que está na base de uma empresa, desde o franqueado, um dono de oficina mecânica, até aquele que criou e desenvolveu uma multinacional” (DOLABELA, 1999b, p. 67).

Historicamente, portanto, ato de empreender é tão antigo quanto à civilização (BOM ÂNGELO, 2003). Dessa forma, é razoável constatar que fenômenos sociais, políticos e de poder são intrínsecos ao trabalho e ao empreendedorismo desde as referências mais antigas da humanidade, definindo os movimentos culturais e as mudanças de paradigmas que vêm ocorrendo no mundo.

Ademais: “O empreendedor sempre está buscando a mudança, reage a ela, e a explora como sendo uma oportunidade” (DRUCKER, 2003, p. 36), ou seja, o empreendedor não provoca a mudança, mas a vê como algo sadio. Ele, analisando o contexto, identifica a mudança e enxerga uma perspectiva por meio de dela (projeção do futuro).

Na concepção de Dolabela (1999b, p.45), “O empreendedorismo deve conduzir ao desenvolvimento econômico, gerando e distribuindo riquezas e benefícios para a sociedade”. Se a ação empreendedora deve conduzir ao desenvolvimento econômico tem-se, logicamente, que esta ação seja exitosa, isto é, que o empreendedor obtenha sucesso em seu negócio. Ainda para Dolabela (1999a), o empreendedor é um produto do meio em que vive, assim, o lugar, o tempo, a época e a rede de relações de um indivíduo pode exercer influência sobre suas decisões, motivações e valores.

Filion (1991) compreende que o fator que melhor explica a visão do empreendedor é seu sistema de relações, uma vez que é a partir dessas relações que se formam os valores do indivíduo, os quais constituem a base para as suas experiências, visão de mundo e para a concepção de responsabilidade e de dedicação, entre outras coisas. Desse ângulo, há três níveis de relações: 1) Relações Primárias: familiares – ligações em torno de mais de uma atividade; 2) Relações Secundárias: conhecidos – ligações em torno de uma atividade bem determinada e, por fim, 3) Relações Terciárias: Cursos, livros, viagens e exposições industriais (FILION, 1991, p. 68).

As relações primárias, segundo o autor, envolvem pessoas próximas ao empreendedor, como membros da família com quem ele mantém vinculo ou amigos íntimos. Por sinal, são essas relações as que mais influenciam seus valores, atitudes e a visão de mundo do indivíduo. As relações secundárias e terciárias são aquelas construídas ao longo da vida. As secundárias, de acordo com o autor, podem vir a se desenvolver e se transformarem em primárias; já as relações terciárias são escolhidas para satisfazerem necessidades específicas.

Ainda para Filion (1991), a rede de relacionamentos é imprescindível para tornar sua visão realidade; e, quanto mais ambiciosa for a visão, mais qualificadas deverão ser as pessoas da sua rede de relacionamentos, ou seja,

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é a partir da definição da visão que a rede de relacionamentos deve ser formada. Nessa ordem de considerações, são, principalmente, as relações que contribuem para a formação dos valores, dos comportamentos e da percepção do mundo e de si mesmos do indivíduo, entre outras coisas, que darão a base para que ele desenvolva uma visão de futuro e que adquira as experiências necessárias para formar o conhecimento necessário ao negócio.

Filion aduz que o empreendedor “terá que aprender a ser diferente, se desejar ocupar e manter ocupado o nicho que tiver escolhido no mercado. Terá, ainda, que adquirir conhecimento relacionado com o que ele deseja realizar” (FILION, 1991, p. 64).

Alguns autores apresentam uma perspectiva distinta de análise dos fatores encontrados nos empreendedores de sucesso: as habilidades.

Rabaglio (2006) conceitua as habilidades, ou o saber fazer, como a experiência adquirida através dos conhecimentos técnicos colocados em prática. Gramigna (2002) diz que as habilidades são utilizadas para obter resultados positivos, agindo com talento capacidade e técnica. Ou, ainda:

Longe, portanto, de ser sempre o resultado de uma vocação natural dos seus fundadores, a ideia da criação das empresas parece originar-se de um longo processo de amadurecimento profissional e pessoal, pautados, de preferência, na racionalidade e planejamento, do que no ímpeto da realização das aspirações juvenis ou da visão inovadora de algum produto/serviço (VERSIANI e GUIMARÃES, 2004, p. 9).

Tomando por base pesquisa realizada por Nassif et al (2004), o empreendedor se apóia no ‘saber ser’ e no ‘saber fazer’ para ‘saber agir’, estando sempre atento ao ambiente que o cerca e aos seus próprios valores. O ‘ser’ deve saber e saber fazer e agir, pois sem isso não se empreende e não se torna um empreendedor.

Dornelas (2001) divide as habilidades em três áreas: técnicas, gerenciais e características pessoais. A habilidade técnica diz respeito ao saber ouvir, saber falar, captar informações, ser bom orador, organizado, saber trabalhar em equipe e liderar e desenvolver now-how técnico na área de trabalho. A habilidade gerencial envolve todos os fatores referentes à criação, desenvolvimento e gerenciamento de uma nova empresa, em todas as áreas envolvidas no negócio. Já as características pessoais envolvem ser disciplinado, assumir riscos, ser inovador, ser orientado a mudança, ser persistente e ser um líder visionário.

Essas pessoas que estão por trás do movimento empreendedor “são pessoas diferenciadas, que possuem motivação singular, apaixonadas pelo que fazem, não se contentam em ser mais um na multidão, querem ser reconhecidas e admiradas, referenciadas e imitadas, querem deixar um legado” (DORNELAS, 2001. p. 19).

Para Rabaglio (2001) e Dolabela (1999a), há alguns comportamentos que se destacam mais, quando analisada a competência Empreendedorismo: a iniciativa faz do empreendedor um trabalhador incansável, sempre questionando assuntos pertinentes ao seu negócio, tem facilidade para solucionar conflitos, possui flexibilidade e dinamismo, procura sempre aprender com experiência de terceiros ou com suas próprias experiências, utilizando-se de sua boa observação e percepção, desenvolvendo a auto-aprendizagem. Possui um método de organização, tendo sempre total integridade e

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perseverança naquilo que faz, não sendo apenas mais um aventureiro. A habilidade de relacionamento interpessoal, de negociação, e a boa comunicação e poder de persuasão fazem com que estabeleça parcerias positivas com o foco nos resultados. A empatia, bom humor, entusiasmo, otimismo, energia fazem com que o empreendedor consiga traduzir seus pensamentos em ações. Pode ser considerado criativo e inovador, provocando mudanças no sistema em que atua, possui autonomia, autoconfiança, necessidade de realização, sabe trabalhar sozinho, acredita e sente paixão pelo o que faz. Da perspectiva dos autores, os empreendedores conhecem o ambiente e o ramo em que atuam, conseguindo, então, identificar oportunidades e prevenir-se contra possíveis ameaças, além de ter visão do futuro e, dessa maneira, manter o foco no resultado e nos objetivos definidos com sua boa capacidade de síntese e atenção concentrada. Sabem manipular recursos, tendo agilidade para assumir riscos calculados e manter um planejamento estratégico. Os teóricos, de mais a mais, citam suas habilidades para ouvir, seu espírito de equipe, lealdade, e comportamento ético.

Na concepção de Timmons (2004), todo empreendedor segue certos princípios como sensibilidade, flexibilidade e adaptação a situações de novas oportunidades com vistas a alcançar o sucesso, além de ter visão do negócio, vontade de aprender e sempre investir em novas técnicas a fim de se tornar paciente e desenvolver atitudes profissionais. É importante, nessa mesma linha, gostar e ter interesse pelo negócio, a ponto de fazer deste um estilo de vida.

O autor complementa dizendo que o sucesso do empreendedor não é apenas uma questão de personalidade, mas sim das ações realizadas para alcançar os objetivos almejados. Não basta ter inteligência e energia para se tornar empreendedor, pois todo indivíduo pode desenvolver, praticar e refinar certas atitudes, comportamentos e conhecimentos. O que fará do indivíduo um empreendedor de sucesso é a motivação para crescer, a capacidade de mudança e aprendizagem com as experiências, além da motivação e o compromisso com o próprio negócio.

Com base em seus estudos, Timmons (1994) distribuiu em seis grandes grupos as características que considera ser as mais relevantes dentre os empreendedores de sucesso. A saber: 1) comprometimento e determinação, 2) liderança, 3) busca por oportunidade, 4) tolerância de risco, ambiguidades e incerteza, 5) criatividade, autoconfiança e habilidade de adaptação e 6) motivação para crescer.

O especialista ainda ressalta, bem como Dolabela (1999b), entre outros, que não existe um único conjunto de características que todo indivíduo deve ter para alcançar o sucesso, uma vez que o resultado depende de quanto promissor e compensador a oportunidade é para o indivíduo e de quanto motivado ele está com o negócio.

Até hoje, não foi possível estabelecer cientificamente um perfil psicológico do empreendedor, devido às inúmeras variáveis que concorrem na sua formação. Diante disso, o perfil do empreendedor certamente será diferente em função do tempo que está no mercado (empreendedores que começaram há dois anos têm perfil diferente dos que atuam há vinte anos). Também influem a experiência de trabalho, a região de origem, o nível de educação, a religião, a cultura familiar (DOLABELA, 1999b, p.49).

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Busquei, acima, trabalhar alguns autores que se dedicaram ao estudo do empreendedorismo, das características do empreendedor, de sua conduta, enfim. Na próxima seção – a reconstrução panorâmica da trajetória de Francisco Matarazzo – poder-se-á, indubitavelmente, relacionar as idéias e conceitos oriundos deste tópico à história de vida de Matarazzo.

3. FRANCISCO MATARAZZO Conforme evidenciado alhures (Martins, 1973; Couto, 2004a; Marcovitch,

2006), a história de vida de Francesco Matarazzo ganhou uma dimensão mítica, lendária, para além da própria realidade dos fatos. Sua origem, ascensão e consolidação de seu império econômico foram tão singulares que, ainda hoje, povoam a memória social.

Nascido em nove de março de 1854, na cidade de Castellabate – província de Salerno – na região de Nápoles, Francisco Matarazzo foi o nono filho (e o mais velho) do casal Costábile Matarazzo e Mariangêla Jovane. Costábile Matarazzo era advogado e possuia, então, algumas propriedades.

A infância de Francisco Matarazzo não é bem conhecida; contudo, sabe-se que teria tido parte de seus estudos em Salerno, residindo na casa de um tio. Lá aprendeu latim, matemática e catecismo no liceu local. Provavelmente, tenha terminado o curso preparatório, mas não chegou a entrar na Escola de Guerra. Sobre sua vida e negócios, Couto assevera que:

Nos negócios, como o pai, Francesco atua principalmente como administrador, proprietário de terras e comerciante. Mas conhece a lavoura e a criação de animais. Familiariza-se, por exemplo, com a preparação e a comercialização de azeite de oliva, vinho e passa, trigo e farinha, queijos, tomates e figos secos. Trabalha com suinocultura, inclusive produção e comércio de banha (COUTO, 2004a, p. 98 – destaques nossos).

Em 1870, um fato deixará sua família em condições precárias: a morte de seu pai, Costábile Matarazzo. Não só a morte, mas, semelhantemente, uma crise que se instala na Europa, agravando-se em 1880. Embora Francisco tenha tino para o comércio, seja rápido e inteligente na resolução dos problemas que surgem, a crise é mais forte e acaba por atrapalhar, desorganizar e mesmo comprometer os negócios dos Matarazzos.

Em 1881, Francisco Matarazzo, já casado e com dois filhos, decide sair da Itália e vir para o Brasil. Sua decisão, segundo Couto (2004a), deu-se por influência de um castellabatense que vivia no Brasil, na cidade de Sorocaba: Grandino, que tinha se tornado um rico sapateiro e comerciante2, possivelmente vereador. Num encontro em 1872 de Francisco Matarazzo com Francisco Grandino, esse último questiona: E perchè non venite in Brasil?3 .

A crise que se abatera pela Europa, crise agrícola, dificuldades enormes e emigração eram, para Francisco Matarazzo, a opção mais viável. Tendo, ao chegar ao Brasil, um apoio, era, então, necessário preparar a viagem. Assim:

A certeza do apoio de Grandino é um trunfo importante. Não seria o primeiro castellabatense em Sorocaba, mas um a mais da colônia italiana em

2 Em trabalho pioneiro, José de Souza Martins em Conde Matarazzo: o empresário e a empresa,

de 1973 (2ª Ed.), explica que, analisando o rol de vereadores da Câmara de Sorocaba, não identificou, à época, nenhum nome italiano associado à profissão de sapateiro. No entanto, Ronaldo Costa Couto em Matarazzo – a travessia, de 2004, identifica a personagem e a nomeia: Grandino.

3 Tradução: E por que não vêm para o Brasil?

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formação [...] Francesco sempre combinará audácia com prudência e pragmatismo. Risco, sim; inconsequência nunca. A mudança foi pensada, planejada, avaliada, medida (COUTOa, 2004, p. 101-102)

Não veio, contudo, ao Brasil desprovido de recursos; seus cálculos envolveram dinheiro em espécie e “até o envio, em navio de carga, de banha de porco, cara e facilmente comercializável no Brasil” (COUTOa, 2004, p. 102). Chegou ao Rio de Janeiro, provavelmente, em dezembro de 1881, e, em seguida, foi para Santos. A emigração nunca é, somente, o deslocamento geográfico, ela traz, de maneira similar, um descolamento cultural, social. Francisco Matarazzo não poderia ter sido denominado como um emigrante comum, pois havia sua família na Itália (com linhagens nobres) e porque aportou no país com certa quantidade de recursos, de capital. Tinha, ainda: “escolaridade muito superior à média, cabeça empresarial, projeto profissional, relacionamento prévio capaz de facilitar a inserção sócio-econômica em Sorocaba (COUTOa, 2004, p. 114). Vê-se, claramente, que a crise econômica e a morte do pai levaram-no à emigração, mas não, antes, de planejar e colocar em prática seus conhecimentos em agricultura, comércio e administração. Sua conduta, nesse caso, não foi de um mero sonhador. Sua família – mãe viúva e mais oito irmãos – dependiam de seu sucesso no Brasil. Muitos dos emigrantes vieram para “fazer a América”, no entanto, poucos, raros mesmo, foram os que chegaram à condição de Francisco Matarazzo. Seu objetivo era enriquecer, mas à custa de muito trabalho. Para pensarmos junto com Sérgio Buarque de Holanda (2006), sua ação não era de um mero aventureiro e sim pautada na ética do trabalho.

Ainda na chegada ao Brasil, Matarazzo sofre sua primeira dificuldade: a banha de porco que seguia num navio naufraga na costa brasileira, na baía de Guanabara. Assim, um dos seus principais trunfos – a banha de porco – vai, literalmente, por água abaixo. Couto explica que Matarazzo, nesse momento:

Acusa o golpe, mas não desanima. Realista, sabe que a situação não é irremediável. Assim, mantém a vontade e o projeto. Velho ditado alemão, muito conhecido na Itália: “Perdita della volontà: danno completo; perdita di denaro e di Beni: nessun male”. Perda da vontade: dano completo; perda de dinheiro e de bens: nenhum mal (COUTOa, 2004, p. 119).

De Salerno segue para o Rio de Janeiro, do Rio vai para Santos e de Santos chega em Sorocaba. Travessia do oceano e mais alguns milhares de quilômetros até o interior de São Paulo. A década de 1880, no Brasil, assistirá ao ocaso do regime escravocrata. Aqui, como destacado acima, a produção estava, quase exclusivamente, sob o braço do escravo. O estado de São Paulo, particularmente, teve importante papel na transição do trabalho escravo para o trabalho livre e assalariado, das condições estamentais de sociabilidade para a sociabilidade tipicamente capitalista. O desenvolvimento capitalista pressupõe a existência do trabalhador livre. Cardoso, ao explicar esse quadro, declara que:

A nova fazenda de café do Oeste Paulista, ao contrário, ganhou impulso no período de declínio da escravatura, cujo golpe decisivo havia sido desferido pela proibição do tráfico negreiro em 1850. [...] O fazendeiro paulista do “Oeste” do Estado passou, então, a importar mão-de-obra livre e tornou-se até abolicionista. Perdia sua condição de senhor, para tornar-se empresário capitalista. Em vez de comprar escravos, alugava a força de trabalho de

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homens livres [...] o suprimento de escravos escasseava e o desenvolvimento econômico e social do País, expresso na sua consciência jurídica, garantia que o imigrante seria inapelavelmente força de trabalho disponível. Força de trabalho que, ademais, era tecnicamente superior à escrava e mais barata (CARDOSO, 1969, p. 190).

O cafeicultor, mormente o do oeste paulista, consciente da nova realidade econômica e social, introduz um processo de racionalização econômica, expressa na organização racional do trabalho e da produção capitalista. O imigrante que chegou imbuído do desejo de “Fazer a América” encontrou, aqui, uma estrutura social em processo de mudança. Ou seja, o capitalismo necessita de mão de obra livre e liberdade para o escravo era não trabalhar, já que livre era o seu senhor, que não trabalhava. No limite, a liberdade que o capitalismo prega é dupla: livre tem que ser o trabalhador para, juridicamente, estabelecer relações contratuais com o capitalista; livre, também, porque é despossuído dos meios de produção. Coaduna-se, pois, o desejo de trabalhar do imigrante com a nova sociabilidade capitalista que necessitava desse tipo de trabalhador.

Se, sociologicamente, o país atravessava, na década de 1880, profundas transformações em sua economia e, consequentemente, na estrutura social, há, ainda, que se debruçar na ação empreendedora de Francisco Matarazzo. Na sua ação empreendedora, é que se podem visualizar as transformações macrossociais. Na cidade de Sorocaba, Matarazzo fica durante nove anos (1881 até 1890). Naquela região (Sorocaba, Itapetininga, Capão Bonito de Paranapanema e Apiaí), estabelece-se como comerciante, tropeiro, que viajava no lombo de mulas. Trabalha em demasia e integra-se na cultura local, já que tinha facilidades para construir laços de simpatia e amizade.

Dessa fase da vida de Matarazzo, depreendem-se, das entrevistas realizadas por Couto (2004a, p. 13-7), inúmeros adjetivos e substantivos que definiam sua personalidade: “coragem para arriscar”, “determinação quase obsessiva em enriquecer”, “não admitia ser empregado”, “inteligência”, “poderoso”, “visão incrível para os negócios”, “tinha o dom de acreditar”, “visão futurista”, “era amado e também temido”, “admirado”, “um líder” e “sua ascensão vertiginosa”. Com todos esses qualificativos, Matarazzo pôs-se a negociar, comprar e vender, de tudo, mas, sempre, com enormes ganhos, quase nunca com prejuízos. Entretanto, o tropeirismo já mostrava esgotamento; e, ali, em Sorocaba, uma nova oportunidade: era local de passagem da ferrovia. Nas palavras de Couto:

Ele [Matarazzo] escolheu bem. Sorocaba efervescia, repleta de novas iniciativas. Cidade de localização privilegiada, núcleo importante e dinâmico da província, ponto de passagem da Estrada de Ferro Sorocabana, pólo de atração de produtos e homens de negócios de vasta faixa do território brasileiro, como Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais (COUTOa, 2004, p. 140).

Com posição geográfica privilegiada, Sorocaba era rota comercial importante: por lá passavam os que se deslocavam para o Rio de Janeiro, para São Paulo e para as regiões de mineração. Os alimentos – farinha, milho, feijão e trigo – somados ao gado e mercadorias diversas fizeram da cidade local de florescimento do tropeirismo. A produção local também cresce na cidade, com

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uma agricultura diferenciada (já que não acompanhou os ciclos da cana-de-açucar e café), baseada numa policultura e, por exemplo, na produção de milho e, com isso, de suínos – que será importante, fundamental, para Matarazzo.

Por sugestão de seu conterrâneo, Francisco Grandino, Matarazzo passou a comercializar banha de porco. Comprava as barrigadas de porco e, assim, tirava as tripas e fazia banha. Comprava a preços baixos a referida barrigada, limpava, derretia e vendia. Vislumbrou, logo, a enorme oportunidade de ganho, de muito, muito dinheiro. Veio para o Brasil com um pouco de dinheiro, perdeu sua carga de banha no naufrágio, não desanimou e voltou à banha, agora não só como comerciante, mas como produtor e vendedor da mercadoria. Havia capital para começar o negócio? Interessante, nesse sentido, é a colocação de Couto:

Seu capital principal era ele mesmo, A experiência, a cabeça privilegiada para negócios, a simpatia e carisma, a saúde de ferro, a disposição para o trabalho. Algum conhecimento, talento para identificar, criar, organizar, administrar e empreender. Fibra, inteligência e sorte. “Para ter êxito é preciso dispensar atenção a cada detalhe”, dizia. A força e a coragem valem menos sem a prudência (COUTOa, 2004, p.158).

Como negociante, vendedor, Matarazzo tinha a exata noção do valor da confiança. Numa sociabilidade tipicamente rural, não há contrato. O que há é o trato pessoal, a palavra empenhada, a palavra de homem, o acordo no “fio do bigode”. Como tinha talento para negociar, acabou por introduzir inovações em seu empreendimento: instituiu um sistema inovador de compra e venda a prazo, chegou, ainda, a introduzir cadernetas de compra a crédito. Por toda a sua vida, considerou que o mais importante para o sucesso do negócio não era a venda, mas sim uma boa compra. Comprar bem é, segundo sua opinião, o segredo para um bom negócio. O tropeiro viajava, montou seu armazém, depois um açougue. Vendia secos e molhados, banha de porco norte-americana, azeite europeu, bebidas importadas.

Em 1882, atento, como de costume, iniciará seu salto nos negócios: de comerciante modesto passará a pequeno industrial. Abriu uma pequena fábrica de banha de porco. Calcula tudo, não se esquece de nada. Coloca seu capital consciente do risco, mas sabia do enorme potencial de ganho. De forma bastante simples começou com um tacho e uma prensa. Simples foi o começo, mas nada simples foi conseguir quem produzisse o tacho e mesmo a prensa de madeira. Solução? Utilizou-se de seus conterrâneos que tinham domínio técnico no trato com metais e madeira. Não nos esqueçamos de que o Brasil era, ainda, preponderantemente rural.

A racionalidade de Matarazzo, a lógica de sua conduta é, ainda hoje, impressionante. Seu espírito empreendedor, sua enorme capacidade de aliar conhecimentos com identificação de oportunidades de negócio o permitiu introduzir constantes inovações. Há, sem dúvida, que se destacar a inovação que permitiu o salto de pequeno comerciante a grande industrial: a comercialização da banha de porco em latas. Vejamos:

[Matarazzo] Primeiro, “inventou” a fabriqueta de banha e seus equipamentos. Inclusive a feia, enorme, estranha e utilíssima prensa. Depois teve um estalo “tecnológico” e comercial: vendê-la enlatada. Idéia simples e prática, que revolucionou a comercialização, o transporte, o armazenamento, todo o mercado. Barricas, adeus. Parece óbvio hoje, mas, na época, não era. E

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é sobretudo isso que distingue o grande empresário: a criatividade, a inovação, a capacidade de medir os riscos e avançar com firmeza. Enlatar a banha foi um toque de mestre. É marco luminoso da trajetória empresarial de Francesco Matarazzo e do grupo (COUTOa, 2004, p. 181).

A barrica onde era transportada a banha era confeccionada com base numa madeira que não se tinha no Brasil, além do mais, era pesada para carregar e levava o comerciante a gastar muito dinheiro na sua aquisição e enorme risco de perder o produto que ficava rançoso e impróprio para o consumo. A inovação introduzida por Matarazzo será, em tudo, exitosa. Enlatando o produto garante-se a sua conservação e a facilidade de transporte, dessa forma, deixa de importar para produzir e comercializar sua própria banha de porco (recordando: a banha junto com a barrigada era desprezada no mercado).

Em 1888, Abolição dos Escravos; em 1889, Proclamação da República. Fatos históricos importantes e o Estado de São Paulo estava em sintonia com os novos tempos: “os paulistas entram muito fortes no regime federativo, liberal e oligárquico, que favoreceu sobretudo a burguesia do café” (COUTOa, 2004, p. 208-9). Em 1890, Sorocaba já parece pequena para a ambição de Matarazzo que, como de costume, faz boa leitura da situação econômica e social, decidindo mudar-se para a cidade de São Paulo. Ampliar e diversificar os seus negócios, apostar na dinâmica social da cidade, buscará a modernidade capitalista, racionalidade empresarial e, por tudo isso, expandir o seu espírito empreendedor4. Como sempre, Matarazzo era um:

Observador, comerciante familiarizado com importações, vê que o capitalismo em gestação está abrindo ótimas oportunidades. Percebe que deve e pode entrar fundo em comércio exterior, atividade que, bem estruturada e gerenciada, é mina de dinheiro. A experiência sorocabana, apesar de limitada, abriria relacionamentos importantes e evidenciará hipóteses interessantes de investimento (COUTOa, 2004, p.225).

Na Itália, trabalhando com o pai, adquire conhecimentos; em Sorocaba, colocá-os em prática, obtém sucesso. Arguto observador, inovador nos negócios, vislumbrou a cidade de São Paulo e as possibilidades de ganho no comércio exterior, na importação e venda de mercadorias. Há, no entanto, inteligência acima da média: usa a experiência sorocabana para fazer mais dinheiro, muito mais dinheiro em São Paulo. Continua com sua premissa: o importante é comprar bem.

Em sua primeira década (1890) na cidade de São Paulo, é guindado à condição de comerciante de peso e pioneiro da indústria. É, por excelência, o imigrante de sucesso. Sua trajetória, aqui, ultrapassará a realidade, será mitificada por seus contemporâneos. Ninguém realizou mais que ele o sentido de “fazer a América”. Na América, no Brasil, em Sorocaba, em São Paulo, não só fez como se fez. A F. Matarazzo & Cia. Ltda. tem enorme sucesso no comércio da cidade, importando trigo e algodão dos EUA. Atua, ainda, no mercado de arroz, massas, banha, óleos, bacalhau e outros gêneros. Assim, oito anos depois de sua primeira fábrica – em Sorocaba –, Matarazzo reúne as

4 Espírito empreendedor, aqui, não é por acaso. Vale relembrar das teses weberianas da

adequação do espírito do capitalismo em relação aos valores do protestantismo. Sabidamente, Matarazzo era católico em sua religião, mas sua conduta racional, suas ações, são, na maior parte, muito próximas daquelas preconizadas por Weber em seu clássico A ética protestante e o espírito do capitalismo.

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condições para dar um novo passo em sua vida, a constituição da sociedade com seus irmãos (Giuseppe e Luigi) do Moinho, da fabricação de farinha.

A intuição de Matarazzo era, sempre, aliada à sua curiosidade e constante busca de informações, o que pode ser apreendido num episódio datado de 1898. O couraçado norte-americano Maine foi explodido, em Havana, levando os EUA a entrarem em guerra contra a Coroa espanhola. Ao tomar conhecimento da notícia, Matarazzo intuiu o aumento do preço da farinha norte-americana, já que, no Brasil, a colônia italiana tinha, em sua dieta, a necessidade de pães e massas. Rapidamente, fretou um navio na Argentina e encheu os seus depósitos com farinha, tornando-se, por conseguinte, o único importador com farinha em estoque no país. O castellabatense parece, no mais das vezes, o homem certo no lugar certo. A sorte pode lhe sorrir; mas, sem competência, não haveria êxito econômico.

Da ação de comerciante poderoso passará à de industrial. Nas palavras de Marcovitch:

Além de sua relevância como negócio em si, multiplicando o capital investido, o moinho teve uma importância capital no desenvolvimento das indústrias Franscisco Matarazzo. As empresas seguintes foram nascendo para suprir as necessidades em matérias-primas das já existentes ou para aproveitar melhor seus produtos secundários, numa integração vertical que hoje seria provavelmente desaconselhada pelos manuais de administração. Dadas as condições da época, no entanto, muitos consideram que esse foi um dos segredos do seu êxito espantoso (MARCOVITCH, 2006, p. 98 – destaques nossos).

Numa precária síntese de sua expansão econômica, podemos destacar: 1) tropeiro em Sorocaba; 2) comerciante de banha em Sorocaba; 3) produzirá a banha; 4) comércio de secos e molhados; 5) inovação: acondiciona a banha em latas; 6) em São Paulo: comércio exterior, importação – principalmente de farinha; 7) episódio do navio Maine: único com estoque de farinha de trigo no país; 8) inaugura o moinho – torna-se, portanto, industrial; 9) fábrica tecidos – a princípio para suprir a necessidade de sacaria da farinha de trigo; 10) refina o óleo de algodão; 11) inaugura sua fábrica de sabão; 12) produz sabonetes finos e perfumaria; 13) serrarias e fábricas de latas – início da metalurgia; 14) fábrica de móveis e utensílios de alumínio; 15) frigorífico – que tinha sua hidrelétrica particular; 16) indústria química – fábrica de rayon; 17) fábrica de sulfuro de carbono; 18) fábrica de formicidas.

Os quadros seguintes permitem visualizar melhor o “império” econômico de Matarazzo:

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QUADRO 1 - Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo em 1937

Estabelecimentos Localidades Produção Anual

Moinhos São Paulo, Antonina 3 600 000 sacas farinha “Mariangela” (fiação, tecelagem, alvejamento, tinturaria)

São Paulo 50 000 000 m

Belenzinho (mercerização, estamparia, acabamento, 100.000 fusos, 4.000 teares)

São Paulo -

Seda Artificial “Visco-seda” São Caetano do Sul 400 t de fios Curtume (sola, peles, correias) São Caetano do Sul 400 t de sola Sulfureto de Carbono, Formicida São Caetano do Sul 400 t Destilação do Alcatrão (naftalina, lisofenol, asfalto)

São Caetano do Sul 2 000 t

Amido (cerealina, glucose, dextrina)

São Paulo -

Feculas de Mandioca Caçapava 2 000 t Licores São Paulo 160 000 caixas Frigoríficos (carnes suínas) Jaguariúna 5 000 t Soda Caústica Granulada São Paulo 50 000 caixas Engenho de Arroz São Paulo, Iguape 450 000 sacos Moagem de Sal São Paulo, Mauá, Antonina 12 000 t Refinação de Sal Água Branca 12 000 t Refinação de Açucar Água Branca 375 000 sacos Refinação de Banha Água Branca 4 800 sacos Fonte: Adaptado de Marcovitch (2006a, p. 104)

QUADRO 1 - Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo em 1937 (Cont.)

Estabelecimentos Localidades Produção Anual

Destilaria de Álcool e Aguardente Água Branca 8 200 000 l Velas Água Branca 300 000 caixas Glicerina Água Branca 500 t Oleína Água Branca 2 000 t Óleo de Caroço de Algodão “Sol Levante”

- -

Óleo de Linhaça (cru e cozido) Água Branca 16 000 t Óleo de Rícino (medicinal e industrial)

- -

Óleo de Coco (comestível e industrial)

- -

Tortas de Sementes Água Branca 42 000 t Sabões Água Branca 20 000 t Sabonetes Água Branca 500 000 dúzias Perfumaria Água Branca - K.I.D.(inseticida) Água Branca 750 000 caixas Serraria Água Branca 1 200 t Pregos Água Branca 500 t Fundição Água Branca - Serralheria Artística, Oficinas Mecânicas, Laboratório Químico, Almoxarifado Geral

Água Branca -

Fonte: Adaptado de Marcovitch (2006a, p. 104)

Para além de sua atividade econômica, havia, em Matarazzo, uma

dimensão política, interna e externa. No campo da política externa, Matarazzo ausentou-se do Brasil no período de vigência da Primeira Guerra Mundial, morando em Resina, próximo de Nápoles, na Itália. Ali, coordenou,

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voluntariamente, o abastecimento de alimentação para civis e para as tropas italianas. Essa atitude é considerada, segundo Couto (2004a), o principal motivo para a concessão do título de Conde a Francisco Matarazzo, por parte de Vittorio Emanuele III, rei da Itália. Internamente, Matarazzo fundou e presidiu o CIESP – Centro das Indústrias do Estado de São Paulo – em 1928 e que, em 1931, se tornará FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.

Na condução de suas indústrias, Matarazzo passou, sem maiores problemas, pela Crise de 1929, bem como pela Segunda Guerra Mundial. Tão bem que chegou, elegantemente, a recusar empréstimos oferecidos por banqueiros ingleses. Afirma Couto (2004a, p. 248): “é quase unânime na historiografia e nos testemunhos: Francesco Matarazzo tinha mesmo uma visão empresarial privilegiada, forte capacidade gerencial e de organização, extrema dedicação ao trabalho”. Em relação ao período histórico, aduz que:

Assim, não havia concorrência significativa e o país era um terreno aberto e fértil para o crescimento. Era mesmo vez e hora dos grandes empreendedores, dos construtores de impérios. A ambiência favorecia a multiplicação de investimentos, a expansão multinegocial sem preocupação com a concentração ou especialização. Diversidade, em vez de especialização. Multiplicidade, em vez de foco (COUTOa, 2004a, p. 248).

Empreendedor e empreendedorismo, título de uma seção desse escrito que antecede essa reconstrução – ainda que panorâmica – da trajetória de Francisco Matarazzo. Empreendedor é, certamente, qualificativo correto para definir Matarazzo. Em todas as referências acerca das características do empreendedor e do processo de empreendedorismo, veremos, no italiano, quase que um “tipo ideal”5, com conduta racional, planejador, arguto nos negócios e nas relações interpessoais.

4. BIOGRAFIA E SOCIEDADE Embora este escrito não se destine, exclusivamente, a um público

acadêmico, torna-se difícil não usar do jargão e das regras de um texto científico. Por isso, peço desculpas ao leitor que, até aqui, avançou na leitura destas considerações acerca da trajetória de Francisco Matarazzo.

A intenção foi, aqui, de apresentar um rápido contexto da sociedade brasileira, mormente, nos autores da Geração de 1930. Autores que, cada um a seu modo, refletiram – em suas obras – as mudanças que se processam na sociedade brasileira, na década de 1930. No limite, a década de 1930 pode ser considerada o momento de transição, da construção do Brasil Moderno, capitalista, de classes sociais, urbano e industrial.

Francisco Matarazzo, ao desembarcar neste país, encontrou-o nos últimos respiros de uma sociedade escravocrata. A estrutura social – nunca é demais relembrar – assentava-se na grande propriedade de terras com uma monocultura voltada para a exportação e com o trabalho escravo. Trabalhar, no Brasil, era condição daqueles considerados inferiores: os escravos. Corpos fortes, torneados, bronzeados, eram sinais de necessidade de trabalhar, portanto, de inferioridade e não de nobreza. O belo era, à época, uma pele alva, bochechas rosadas e corpo rotundo. Uma sociedade patriarcal –

5 Tipo ideal, aqui, pensado no sentido weberiano. Cf. em: Weber, M. Ensaios de Sociologia. São

Paulo: LTC, 2002.

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patrimonialista e gerontocrática – poder quase ilimitado ao senhor, ao fazendeiro, aos homens de escol. Aos negros, escravos ou libertos, e aos homens pobres e livres: as margens da sociedade.

Na mudança social oriunda da abolição e do emprego do trabalho livre e assalariado, as formas de sentir, pensar e agir começam a mudar. Quando a base econômica de uma sociedade sofre radical transformação, suas formações sociais, sua arte, sua cultura, suas ideias, enfim, mudam também.

São Paulo – o Estado e a cidade – congregam os elementos essenciais para a constituição das forças produtivas capitalistas: mão de obra livre, tecnologia, capital, racionalidade econômica. Mudança profunda na estrutura da sociedade. Entram em cena novos atores: fazendeiros do café e sua racionalidade, burgueses – comerciantes, industriais, financistas -, proletários e imigrantes, milhares de imigrantes. Esses vêm para “Fazer a América”, saem de uma Europa densamente populosa, fogem das crises, das guerras, das doenças. Encontram, contudo, um país que, ainda, não havia se libertado de sua face mais autoritária e cruel: a escravidão. Muitos imigrantes, especialmente italianos, serão tratados como “escravos brancos” pelos fazendeiros. A grande parte não logrou o êxito que esperavam. Trabalharam a terra, mas não a compraram. Alguns constituíram pequenas propriedades. Outros proletarizaram-se e outros, ademais, tornaram-se pequenos comerciantes.

Parcela ínfima, pequena mesmo, é que conseguiu fazer a América ou, mais especialmente, fazer o Brasil. Nessa categoria de vencedores, está o italiano, castellabatense, Francisco Matarazzo. Saiu da Itália deixando mãe viúva com numerosa prole. Cerca de 70 dias de travessia do Oceano Atlântico. Escolheu o Brasil por sugestão de um conterrâneo seu. Chegará com um pouco de dinheiro e com uma carga de banha de porco, que perderá num naufrágio na costa brasileira.

Vai para Sorocaba, sem a banha, mas com determinação. Trabalhou como tropeiro, comprava e vendia de tudo, hábil negociador, sabia cativar sua clientela com seu carisma e valor da palavra empenhada. Soube, como poucos, compreender as relações pessoais entre os brasileiros. Seus conhecimentos trazidos de sua pátria serviram-lhe em seus negócios; negócios, nunca ócio. Trabalhou, trabalhou e trabalhou. Diferença dos outros? Sim, não só trabalhou como muitos fizeram, mas trabalhou na perspectiva de enriquecer e de nunca ter um patrão.

Difícil eleger uma dentre suas várias qualidades de empreendedor. Se, talvez, pudéssemos arriscar, escolheríamos três: inovador, planejador e senso de oportunidade. Essas três características estão conjugadas em quase todas as duas ações: desde a banha em lata até a construção de seu moinho na cidade de São Paulo. A cidade de São Paulo, nessa linha, foi, para ele, a terra de verdadeiras oportunidades. Sorocaba foi, nesse sentido, um preâmbulo, um rascunho. Foi em São Paulo que se consagrou. Que virou mito. Aqui, conjugou a condição de Conde, de empresário e de proletário número 1 de suas indústrias. Gostava de chegar ao escritório de suas empresas antes dos proletários, para que esses o vissem já trabalhando e, igualmente, ficava depois que todos já haviam ido embora.

A sociedade brasileira foi quem permitiu a Matarazzo chegar aonde chegou ou foi Matarazzo com sua inteligência empreendedora que mudou a

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sociedade brasileira? Ambos. O país sai de uma configuração social constrangedora ao empreendedorismo (a escravidão); e havia, por isso, uma ampla gama de possibilidades para aqueles que quisessem realizar os seus negócios. No entanto, muitos quiserem e poucos lograram tamanho sucesso como Matarazzo. Seu gênio inventivo, inquieto, certamente foi o diferencial para a construção do grande império econômico que começou em Sorocaba, no lombo de mulas.

Houve, sem dúvida, o encontro da biografia – da personalidade empreendedora do indivíduo – com a sociedade, que, naquele contexto social, valorizou o êxito obtido pelo trabalho, mas que, outrossim, mitificou e envolveu de ideologia o ator social. Matarazzo, como sinalizou Martins (1973), transitou muito bem entre os tempos históricos e suas personificaçõesconde, quando necessário para se diferenciar de outros industriais italianos; empresário, ao apresentar o seu sucesso econômico e proletário, ao se colocar na condição de um trabalhador infatigável e objetivando obnubilar sua condição de burguês.

Enfim, conhecer a trajetória desse personagem é deveras importante, seja ao pesquisador da temática empreendedorismo, seja aos que se dedicam a estudar e conhecer a influência da cultura italiana no Brasil. A biografia de Francisco Matarazzo sempre será uma das pontes que ligará o Brasil à Itália.

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CAPÍTULO 7

EMPREENDEDORISMO E O SISTEMA DE INCUBAÇÃO NO BRASIL E NA ITÁLIA

Alexandre Nabil Ghobril Nelson Destro Fragoso

Introdução

A Itália é um dos países mais importantes da Historia do Brasil.

Pacievitch (2011) diz que os primeiros imigrantes italianos chegaram ao Brasil em 1870, estimulados pelo governo brasileiro que precisava de mão de obra para substituir os escravos. Os italianos chegaram primeiramente na região sul do Brasil e tinham como origem principalmente a região do Veneto. Muitos desses imigrantes iniciais dedicaram-se à produção de vinhos.

Em virtude da expansão das fazendas de café em São Paulo, os italianos passaram a migrar para essa região do país, onde hoje se encontra a maior colônia italiana do Brasil. A imigração prosseguiu até a década de 20, quando o controle de imigração passou a ser mais intenso.

São muitas as fontes de influências deste país na cultura brasileira. Na gastronomia pode-se citar a pizza, o macarrão e o panetone. No vocabulário nacional, diversas palavras italianas foram incorporadas como “tchau” e “polenta”. A forte presença do catolicismo também pode ser destacada.

No Brasil vivem hoje cerca de 25 milhões de italianos e descendentes, dos quais, 15 milhões no Estado de São Paulo. A Itália está em sexto lugar entre os parceiros comerciais do Brasil e está em décimo lugar entre os países que mais investem no Brasil.

Os negócios entre os dois países continuam se multiplicando, atingindo 5 bilhões de dólares no último ano. Destaque-se a crescente participação de negócios entre empresas de pequeno e médio porte, com crescimento de 20% neste mesmo período. Há grande diversidade de produtos negociados entre os países, desde produtos alimentícios até bens com maior grau de inovação e tecnologia como equipamentos e remédios.

1. O Empreendedorismo na Itália e no Brasil Segundo Hisrich e Peters (2004), o tema empreendedorismo tem

despertado cada vez mais interesse na comunidade acadêmica. Apesar disso, ainda não existe uma definição concisa e aceita internacionalmente.

Segundo Hashimoto (2006), o primeiro uso do termo empreendedorismo foi apresentado por Richard Cantillon, em 1755, para identificar o ato de comprar algo por um determinado preço e vendê-lo em um regime de incerteza.

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Hisrich e Peters (2004) definem empreendedorismo como um processo de criar algo inovador com valor, dedicando o tempo e os esforços necessários, assumindo todos os tipos de riscos (financeiro, psíquico e social), recebendo como recompensa a satisfação e independência econômica e pessoal. De uma forma geral, está vinculado à compra e/ou desenvolvimento de projeto, repassando o mesmo e recebendo uma recompensa pela venda.

1.1 Empreendedorismo na Itália A Itália tinha sua base econômica no campo, na agricultura. Hoje se

tornou um país industrial, sendo classificada por entidades internacionalmente respeitadas como a sexta economia mundial. A força econômica deste país hoje está no processamento e na fabricação de bens e baseada principalmente em pequenas e medias empresas

Outra característica importante desta economia é a informalidade, estimada em 27% do PIB, ocasionando uma perda expressiva para o Governo em termos de recolhimento de impostos.

O Empreendedorismo na Itália é caracterizado pelo intenso desenvolvimento de distritos industriais. A especialização destas empresas é concentrada em indústrias de baixa e media tecnologia.

Todavia, o investimento indireto na Itália ainda é baixo. Em 2005, o país tinha o menor percentual de participação de investimentos estrangeiros dentre os países desenvolvidos, fato motivado, dentre outros aspectos, pela burocracia excessiva. Em 2011, os fundos europeus de Private Equity e Venture Capital registraram apenas € 30 milhões em investimentos em empresas sementes na Itália. Em termos comparativos, a Espanha obteve investimentos de €183 milhões, a Alemanha € 500 milhões e França €1 bilhão aproximadamente.

Ciente da necessidade de incentivar o empreendedorismo e reduzir os entraves para os empreendedores, o governo italiano instituiu em 2006 o decreto-lei 223, de modo a aumentar a competitividade das empresas no campo de serviços. A lei aboliu taxas mínimas e fixas de serviços profissionais e criou a possibilidade de se fazer publicidade destes serviços.

Outro dado relevante diz respeito à baixa escolaridade média dos empreendedores italianos, que representam um terço dos trabalhadores autônomos do país.

Outra característica do empreendedor italiano é que apenas 4,6% das pessoas entre 18 e 64 anos se dedicam a começar um novo empreendimento focado nessa ideia. Quanto ao gênero, os homens são muito mais ativos, constituindo a grande maioria dos empreendedores. Declaram estar principalmente preocupados com alcance de satisfação pessoal, desta forma explicasse a concentração de empresas start up no segmento de alta tecnologia, pois o risco é menor e a possibilidade de ganhos mais seguros.

Uma outra característica de âmbito social é o fato da população italiana estar em declínio. Com a diminuição do número de jovens, a tendência é de redução também do volume de novos empreendedores no país.

1.2 Empreendedorismo no Brasil

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O Global Entrepreneurship Monitor é o maior estudo independente sobre

a atividade empreendedora no mundo. Em 2008, o Brasil ocupou a décima terceira colocação dentre os países com maior TEA (Taxa de empreendedorismo inicial), a proporção de pessoas na faixa etária entre 18 e 64 anos envolvidas em atividades empreendedoras na condição de empreendedores de negócios nascentes ou empreendedores à frente de negócios com menos de 42 meses de existência.

Na pesquisa de 2010, o Brasil ocupa o primeiro lugar em termos de TEA quando comparado com os 17 países membros do G20 que participaram da pesquisa. Nos países membros do BRIC o Brasil tem a população mais empreendedora.. Isto indica uma característica e uma vocação inata empreendedora do brasileiro.

Um dos aspectos que fazem do Brasil um país empreendedor é a fatia significativa de imigrantes e seus descendentes na sua população. Diversas pesquisas apontam que imigrantes tendem a empreender em taxas maiores que indivíduos locais e que a cultura e o ambiente familiar favoráveis aumentam a propensão à empreender.

O Brasil tem ainda uma característica marcante que é a de formar empreendedores por oportunidade em número mais expressivo do que empreendedores por necessidade. Isso ocorre desde 2003, tendo sido acentuado nos últimos anos, crescendo de 1,4 por 1 em 2007 (1,4 empreendedores por oportunidade para cada empreendedor por necessidade), para 2 por 1 em 2010. A pesquisa aponta que a estabilidade econômica do país tem contribuído para esse quadro. Quanto mais estável a economia, com geração de postos de trabalhos, menos empreendedores por necessidade surgem. Todavia, sob o aspecto da inovação, seja de produto ou de processo, o Brasil ainda deixa a desejar. A margem de participação de lançamentos de novos produtos é uma das mais baixas dentre os países pesquisados.

No tocante à faixa etária dos empreendedores, a pesquisa mostra uma crescente participação de jovens. Enquanto o porcentual de empreendedores adultos tem diminuído ao longo do tempo, a participação de jovens entre 18 a 25 anos tem aumentado. O Brasil, quando comparado a outros 42 países pesquisados pelo GEM, é o terceiro com mais jovens envolvidos no empreendedorismo.

A pesquisa da GEM mostra também que a taxa de empreendedores nascentes no Brasil gira em torno de 6%, a taxa de novos empreendedores está em torno de 10% e a taxa de empreendedores em estágio inicial é de 15% aproximadamente.

Quanto às características destes empreendedores, surpreende o fato da forte presença feminina. As mulheres já representam 50% dos novos empreendedores no Brasil, o que difere significativamente do mercado italiano, onde há predominância de homens no comando dos negócios.

Outra diferença está relacionada principalmente às condições atuais da economia dos dois países. Na conjuntura atual, nota-se uma ampliação do empreendedorismo por oportunidade no Brasil, enquanto na Itália isso tem se reduzido, em função da crise econômica que atinge toda a Europa e da falta de opções no mercado de trabalho formal daí decorrente.

A comparação mostra também algumas características semelhantes entre empreendedores dos dois países como, por exemplo, negócios com

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baixa ênfase em tecnologia de ponta e atuando em mercados com concorrência elevada.

2. O Sistema de incubação na Itália e no Brasil De acordo com Guimarães (2007), as incubadoras de empresas

nasceram no mercado americano, oriundas da expansão de três diferentes movimentos, o de condomínios de empresas, os programas de empreendedorismo e o de investimento de novas empresas de base tecnológica.

No final da década de 60 apareceu a primeira iniciativa nesse segmento. Uma família americana utilizou o espaço de uma indústria que falira anos anteriores e resolveu alugar para várias pequenas empresas que, numa forma de condomínio, pudesse bancar as despesas do espaço num mecanismo compartilhado. De acordo com Aranha et al (2002), este nome foi escolhido pois uma das primeiras empresas a participar desta iniciativa foi um aviário.

Guimarães (2007) comenta que, no início da década de 70, as maiores universidades americanas iniciaram programas de empreendedorismo e de geração de inovação. Com estes dois braços formados, alguns investidores perceberam que estas iniciativas diminuiriam o risco de investimentos nestes negócios, pois eram programas em desenvolvimento com acompanhamento e pesquisa. A autora comenta ainda que as incubadoras foram usadas no mundo todo como estratégia de promoção de desenvolvimento regional. A partir de uma iniciativa pioneira e inovadora que foi apoiada pela universidade e por agentes financiadores, logo passou a ter o apoio de governos pelos resultados sociais que proporcionavam.

2.1 Incubação na Itália Na Itália, conforme Guimarães (2007), as incubadoras são percebidas

como instrumento de desenvolvimento para criação de novos negócios. Também é um agente promotor do empreendedorismo que encoraja o individuo a inovar e como conseqüência incrementa o surgimento de novos postos de trabalho. As incubadoras de negócios estão principalmente concentradas em áreas siderúrgicas e em regiões mais necessitadas no sul do País.

A política governamental tem sido de apoiar o desenvolvimento e evolução do empreendedorismo. A Agência Nacional Italiana para o desenvolvimento da economia e promoção do empreendedorismo Sviluppo Italia é responsável pela supervisão da maioria das quarenta e cinco incubadoras existentes. Estas estão também em sua maioria localizadas nos centros de inovação e negócios, que por sua vez estão vinculados a rede européia para promoção de incubação.

Na Itália havia 45 incubadoras de empresas em 2001, conforme Guimarães (2007), sendo o quinto pais da União Européia, perdendo para Alemanha, França, Reino Unido e Áustria.

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2.2 Incubação no Brasil No final da década de 80 no Brasil existiam apenas duas incubadoras,

sendo a primeira inaugurada em 1987, conforme Imasato (2006). No ano de 2000, a ANPROTEC (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores), registrou a existência de 135 incubadoras em operação, em diversas regiões do Brasil. Em 2004 este número chegava perto de 300 incubadoras.

O fomento ao surgimento de novas empresas deve-se principalmente pelo fato de que as pequenas empresas são responsáveis pela geração de 45% dos empregos no país e por 20% do Produto Interno Bruto. As incubadoras então se justificam pela oportunidade destas empresas serem acompanhadas na sua constituição e assim diminuindo o número de mortes, que chegam a próximos 55% de empresas novas nos primeiros três anos de vida, segundo SEBRAE (2004).

Uma característica marcante e que permanece até hoje, é a vinculação de incubadoras com universidades. Do total registrado em 2000, 60% tinham ligação com instituição universitária. Em 2007 estes números cresceram substancialmente, sendo registrada a existência de 340 incubadoras, em sua maioria de base tecnológica, ligada as áreas de TI, telecomunicação e eletroeletrônicos.

O Ministério da Ciência e Tecnologia criou uma serie de mecanismos de apoio no intuito de incentivar o desenvolvimento tecnológico de empresas como suporte para a inovação e a competitividade.

No Brasil as incubadoras são divididas em três categorias principais: tradicional, de tecnologia e mistas. Porém outros tipos existem na categorização de incubadoras possíveis de serem mantidas: Incubadora agroindustrial, incubadora cultural, incubadora de artes, incubadora de cooperativa, incubadora setorial, incubadora social e incubadora virtual. Esta ultima gera algumas controvérsias, pois não é caracterizada pelo tipo de negócio e sim pelo vínculo com a incubadora. Neste caso a empresa não tem um espaço físico na incubadora sede e sim um vinculo virtual. Desta forma esta incubadora teria que ter uma denominação mais precisa, exemplo: incubadora virtual de base tecnológica ou incubadora virtual de serviços. Dependendo o tipo de empresa que abriga e que fornece suporte. Cada categoria dessas tem suas características e promovem inovação de maneiras distintas.

Outro ponto a ser considerado neste campo é a distribuição de incubadoras no País: as regiões com maior número de incubadoras são Sul e Sudeste, muito a frente da terceira região atendida com essa iniciativa que é a região nordeste.

Numa comparação da participação das incubadoras no desenvolvimento do empreendedorismo nos dois países, algumas situações ficam muito claras, como exemplo principal é a observação de uma necessidade de apoio ao micro e pequeno empresário. A economia dos dois países se apoiam de maneira intensa na geração de impostos e postos de trabalhos gerados por estes segmentos. Desta forma fica evidente a necessidade dos órgãos governamentais olhar com muito carinho para esse universo.

Outras comparações são possíveis, observando diferenças significativas nos dois países. Enquanto no Brasil 75% das incubadoras estão concentradas

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nas regiões sul e sudeste, as mais ricas do país, na Itália as incubadoras ficam situadas principalmente no sul, considerada região mais carente. Também podemos notar uma presença pouco significativa de empresas de inovação de ponta, as empresas desenvolvem pesquisa mais focadas em mercado tradicionais.

O número de incubadoras existentes é pouco representativo nos dois países. Apesar das incubadoras italianas terem iniciado sua atuação há mais tempo, nota-se um crescimento mais substancial desta prática de apoio a empresas start-up no Brasil.

Não foram encontrados registros de parcerias nesta área entre os dois países. Talvez alguma ação esporádica exista, mas que poderia tornar-se algo a ser analisado e aperfeiçoado para atender a um número maior de empresários. Também, esse tipo de ação, pode vir a ser um campo interessante de parcerias entre empresas e seus centros de pesquisas com universidades que tenham foco em inovação e empreendedorismo.

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CAPÍTULO 8

A INFLUÊNCIA DO INVESTIMENTO ESTRANGEIRO DIRETO ITALIANO NO BRASIL GLOBALIZADO

Álvaro Alves de Moura Jr

Paulo Rogério Scarano INTRODUÇÃO As empresas multinacionais estrangeiras estão no Brasil desde o seu

descobrimento, tendo sido essas as principais responsáveis pelo processo de acumulação de capital por mais de três séculos e meio, condição que somente foi revertida a partir do desenvolvimento da atividade cafeeira, que permitiu ao país viabilizar um processo de acumulação oriundo dos próprios recursos.

Apesar dessa reversão, esse capital estrangeiro continuou exercendo uma significativa influência sobre a sociedade brasileira, viabilizando, entre outras coisas, boa parte dos investimentos que sustentaram o amplo processo e industrialização no país, principalmente durante os governos Kubitscheck e Geisel, período no qual importantes empresas italianas se estabeleceram no Brasil, contribuindo para o rápido e intenso crescimento econômico baseado na atividade manufatureira.

Mas, é a partir da década de 90 que o Brasil passa a registrar um movimento sem precedentes da entrada de IED (Investimento Estrangeiro Direto), fato que decorre da opção do país de se integrar de forma ainda mais efetiva à economia mundial, tanto no que tange aos fluxos financeiros, do qual cabe destacar os IED, quanto dos comerciais, sendo que tal contexto está associado à adoção de um conjunto de medidas liberalizantes que inseriram o país no terceiro estágio do processo de globalização6.

Neste sentido, buscar-se-á, inicialmente, fazer uma breve discussão sobre o processo de globalização econômica, e a importância dos fluxos de IED sobre ele. Em seguida, discutir-se-á como ocorreu a maior inserção do Brasil na economia mundial, com destaque para os fluxos de IED. Por fim, verificar-se-á a importância das relações econômicas entre o Brasil e a Itália, destacando a relevância das empresas italianas para o atual estágio de desenvolvimento da economia brasileira. 1. UMA BREVE AVALIAÇÃO DO ATUAL ESTÁGIO DA GLOBALIZAÇÃO

ECONÔMICA

O debate sobre a globalização econômica é considerado um tanto quanto controverso, seja no que tange ao conceito em si, seja no que concerne

6 Essa classificação é feita pelo banco mundial, ao descrever que a primeira onda

ocorreu entre 1870-1914, período conhecido por Belle Époque; a segunda onda entre os anos de 1945 e 1980; e, terceira onda a partir dos anos 80.

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à existência de um movimento realmente global. Ademais, sempre existe a possibilidade de se incorrer em erros cronológicos quando se busca pontuar a sua origem, uma vez que tal processo parece transpor o tempo de acordo com as condições e/ou os modos de produção vigentes ao longo da história da humanidade.

Apesar disso, a compreensão do sistema internacional tangencia alguns assuntos específicos, tais como comércio, finanças, desenvolvimento social e econômico, política interna e externa etc., de tal modo que se faz necessário assumir alguns dos principais referenciais que visam compreender esse movimento, bem como descrever como vem se processando o seu desenvolvimento.

Apesar dessas considerações, vale ressaltar que não há grandes divergências nas análises que tratam do crescimento dos fluxos econômicos. Também há uma relativa convergência quanto ao uso das novas tecnologias de informação, que tem permitido que as interações ocorram numa velocidade e numa magnitude cada vez mais intensas, contribuindo para a redução dos espaços, e afetando os diversos aspectos das relações econômicas internacionais.

Considera-se que o forte crescimento das relações econômicas internacionais, sobretudo a partir da década de 80, se deu a partir da adoção de medidas liberalizantes no âmbito do comércio internacional, que se operacionalizam por meio de três mecanismos/processos: a eliminação das cotas de importações; a redução e/ou unificação de tarifas de importações; e, o processo de integração dos mercados nacionais.

Este tem sido um dos principais fenômenos que caracterizam a atual onda da globalização, que se concretizou a partir da década de 90, com a efetiva atuação da Organização Mundial do Comércio (OMC).

A figura abaixo evidencia o intenso crescimento das relações comerciais, fato que sofreu um pequeno revés em 2009 em função da crise financeira que acometeu o mundo em 2008.

Figura 1 – Exportações mundiais de mercadorias e serviços – em US$ trilhões e em proporção do PIB mundial (%)

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3,48

16,10

15,7

26,5

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

em U

S$

trilh

ões

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

em %

Exportações de Mercadorias e serviços Exp/PIB

1990

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da WTO e IMF A outra dimensão econômica da globalização, a financeira, é tida, por

muitos, como o seu elo central, bem como o principal determinante de boa parte das ocorrências nas demais esferas do sistema econômico internacional, inclusive na comercial.

A globalização financeira pode ser observada a partir do aumento da liquidez internacional, sobretudo a partir da década de 90, o que ocasionou uma expressiva ampliação nos investimentos em portfólio e os IED.

A figura abaixo mostra o volume mundial de investimentos em portifólio, que passou de US$180 bilhões em 1990 para 2,8 trilhões em 2007, o que representa uma variação, no período avaliado, de 1.212%.

Figura 2 - Investimento mundial em portifólio (carteiras) – em US$

milhões

2.827.324

180.354

0

500.000

1.000.000

1.500.000

2.000.000

2.500.000

3.000.000

1980 1985 1990 1995 2000 2005

Fonte: UNCTAD

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Em concordância com Corazza (2005), considera-se que o braço financeiro da globalização decorreu de três fatores interligados: o elevado nível de acúmulo de riqueza monetária e financeira, que se expressam na forma de ativos com distintos graus de liquidez e podem ser transacionados em inúmeras moedas; o desenvolvimento dos recursos tecnológicos, que permitem uma mobilidade extraordinária desses ativos; e, o atual regime de taxas de câmbio flutuante.

Os fluxos de IED também apresentaram um significativo crescimento a partir da década de 90, compondo um dos principais braços do processo de globalização, fato que não deve ser avaliado apenas em função dos aspectos quantitativos em si (os fluxos), mas também por conta das variantes qualitativas ocasionadas pela atuação das empresas multinacionais em outros países.

Figura 3 - Fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (por países de

origem) – em US$ milhões

2.099,97

1.401,47

154,01

0

500

1000

1500

2000

2500

1970 1973 1976 1979 1982 1985 1988 1991 1994 1997 2000 2003 2006 2009

Fonte: UNCTAD De acordo com Dicken (1998), a diferenciação entre essas

determinações quantitativas e qualitativas ocorrem da seguinte maneira: o processo de internacionalização, que caracteriza o processo quantitativo, representa uma extensão da atividade econômica para além das fronteiras nacionais; enquanto a globalização se baseia numa concepção qualitativa, que envolve não apenas a extensão geográfica da atividade econômica, mas

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também, e principalmente, a integração operacional de tais atividades que estão cada vez mais dispersas internacionalmente7.

A cadeia de produção globalizada trouxe à tona a necessidade de compreender dois importantes aspectos ligados a esse processo: a maneira como essa é coordenada e regulada; e, a sua configuração geográfica.

De acordo com Dicken (2010), no que tange ao primeiro ponto, as cadeias de produção dispostas pelas empresas multinacionais são caracterizadas pelo seu poder de coordenar e controlar as operações em mais de um país, desenvolvendo, para tanto, mecanismos cada vez mais sofisticados de relações intra e inter-organizacionais, e moldando as condições que são próprias da atual configuração do sistema econômico internacional.

Quanto ao segundo ponto, o que se verifica, apesar da concentração do destino dos fluxos de IED nos países desenvolvidos, é a existência de um esforço para criar mercados globais, no qual as empresas multinacionais também têm procurado atuar de maneira intensa em alguns países em desenvolvimento. Todavia, vale ressaltar que a destinação desses recursos está restrita a um número reduzido desse grupo de países, dos quais se destacam os Newly Industrialized Country (NICs)8.

A figura abaixo mostra o fluxo de IED a partir da origem dos recursos. Na qual se observa que um grupo de 20 países detém 88,3% do estoque total registrado em 2009. Cabe ressaltar que a Itália ocupa a 11ª posição neste ranking, ao totalizar um estoque de IED estabelecido em países estrangeiros de US$ 578,1 bilhões em 2009, o que representa uma participação de 3% do montante total.

Figura 4 - Ranking estoque de IED (outward) – 2009 - em part.% no

total

7 Apesar dessa distinção, é importante realçar que os dois processos coexistem,

compondo um mundo complexo, interdependente e volúvel, o que tem implicado num cotidiano social cada vez mais dependente desse conjunto de processos que operam em escala global.

8 Essa é uma classificação socioeconômica que inclui os seguintes países: África do Sul, Brasil, China, Filipinas, Índia, Malásia, México, Tailândia e Turquia.

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1,0

1,1

1,1

1,2

1,2

1,3

1,8

1,9

3,0

3,0

3,4

3,5

3,9

4,2

4,4

4,5

7,3

8,7

9,1

22,7

0 5 10 15 20 25

Irlanda

Cingapura

Dinamarca

Ilhas Virgens Britânicas

China

Federação Russa

Austrália

Suécia

C anadá

Itália

Espanha

Bélgica

Japão

Suíça

Hong Kong

Holanda

Alemanha

R eino Unido

França

Estados Unidos

Fonte: UNCTAD No que tange ao destino desses recursos, observa-se que 72,9% do

estoque de IED estavam estabelecidos, em 2009, em 20 países, dos quais seis não são desenvolvidos. O Brasil e a Itália ocupam, respectivamente, a décima segunda e décima terceira posição no ranking mundial de acolhimento de IED, conforme mostra a figura 5.

Figura 5 - Ranking estoque de IED (inward) – 2009 - em part.% no

total

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1,1

1,4

1,4

1,7

1,7

1,8

1,9

2,2

2,3

2,6

2,7

3,0

3,4

3,8

4,0

4,7

5,1

6,3

6,4

17,6

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Japão

Hungria

Federação Russa

Suécia

México

Austrália

Cingapura

Itália

Brasil

Suíça

China

Canadá

Holanda

Espanha

Alemanha

Bélgica

Hong Kong

Reino Unido

França

Estados Unidos

Fonte: UNCTAD Uma vez feitas essas avaliações introdutórias, a seguinte seção

buscará abordar o modelo de desenvolvimento vigente no Brasil a partir da década de 90, que de acordo com o que foi discutido inicialmente está associado à inserção do país à atual fase da globalização econômica, para que em seguida possa ser avaliada a importância dos fluxos de IED italiano para a economia brasileira.

2. A INSERÇÃO DO BRASIL AO ATUAL ESTÁGIO DA GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA

O processo de integração brasileira ao sistema econômico mundial foi, em diversos momentos da sua história, considerado adverso em função das condições vigentes no sistema internacional. Contraditoriamente, tal conjuntura foi ainda mais evidente durante os períodos em que o país registrou as maiores taxas de crescimento econômico.

Durante os períodos colonial e pós-independência, o país possuía uma integração relativamente grande à economia mundial, cujos patamares jamais foram alcançados, uma vez que a economia nacional estava baseada em atividades agroexportadoras9.

A partir da década de 30, o país passa a reverter esta tendência, o que representou uma ruptura com o modelo até então vigente. Dá-se início a um período marcado por surtos de desenvolvimento industrial (SUZIGAN, 2000), que responderam, em parte, aos problemas causados pelo interregno no período entre Guerras e da Grande Depressão que comprometeram as condições dos mercados internacionais.

Com o fim da II Guerra uma nova fase se inicia, e insere mais dois importantes componentes às relações econômicas internacionais do Brasil. Um

9 Ver Furtado (1989).

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deles se refere às alterações na ordem mundial que seguiram a agenda de Bretton Woods; e, a divisão bipolar do sistema internacional a partir da Guerra Fria.

O mundo passa a assistir a uma rápida elevação das relações de comércio e dos fluxos de capital, que permitiram, inclusive aos países periféricos, o acesso às novas tecnologias disseminadas pelas importações de máquinas e equipamentos e pelos investimentos diretos realizados pelas empresas multinacionais. É em meio a esse contexto que a política externa brasileira do segundo governo Vargas reforça a importância de um projeto de desenvolvimento nacional, para o qual as relações econômicas internacionais seriam fundamentais.

Porém, é somente a partir do governo Juscelino Kubitschek que o Brasil inicia uma etapa de intensa industrialização, a partir do Plano de Metas, que trouxe à tona uma nova dinâmica econômica que não só acelerou o seu crescimento econômico, mas também contribuiu para a diversificação do parque industrial nacional.

Para tanto, essa nova fase contou com uma maior inserção internacional, o que permitiu ampliar a entrada de capitais e de tecnologias estrangeiras, sobretudo com o crescimento dos fluxos de IED, conforme mostra a figura abaixo.

Figura 6 - Fluxo de IED no Brasil – 1951/1970 (em US$ milhões)

956.331

2.127.820

0

500.000

1.000.000

1.500.000

2.000.000

2.500.000

1951/1960 1961/1970

Fonte: UNCTAD Com o agravamento da instabilidade política dos anos 60, que culminou

no regime militar a partir de 1964, o país passou a registrar uma reversão do quadro acima, com a paralisação da entrada de capitais estrangeiros no país,

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Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 161

cuja retomada passou a ocorrer após a estabilização econômica e o lançamento dos Planos Nacionais de Desenvolvimento (PND) I e II10.

Particularmente, o II PND chamava a atenção para o imperativo de se ampliar as indústrias de bens de produção, almejando, dessa forma, alcançar uma infra-estrutura econômica necessária ao progresso do País.

Efetivamente, tem-se como resultado a entrada de importantes aportes de financiamentos externos, com destaque para um maciço influxo de IED11, conforme mostra a figura abaixo, que em conjunto com as empresas estatais tornaram-se os principais protagonistas do processo de crescimento do País à época.

Figura 7 - Fluxo de IED no Brasil – 1970/1989 (em US$ milhões)

1.129,9

3.115,2

2.407,8

1.180,7

391,7

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

1970 1973 1976 1979 1982 1985 1988

Fonte: UNCTAD O segundo choque do petróleo e a crise financeira na América Latina,

inclusive no Brasil em 1982, reverteram tal quadro e comprometeram a disponibilização de novos recursos externos para os países do então “terceiro mundo”, fato que também é evidente em relação aos IED, conforme mostrou a figura acima.

Dá-se início a um dos momentos mais críticos da economia brasileira, que marca o fim de um ciclo de quinze anos de crescimento econômico, e início de um período que ficou conhecido como a “década perdida”, que posteriormente se associa ao esgotamento do modelo de desenvolvimento econômico até então vigente, o PSI.12

10 No entanto, cabe lembrar que neste período, o mundo também assistiu a uma

reversão do ciclo de prosperidade econômica, com o fim do esgotamento do sistema de Bretton Woods, e o primeiro choque do petróleo.

11 Para maiores detalhes ver Nonnermberg (2003). 12 Vale lembrar que é a partir da década de 80 que o país passa a viver um período de

grande descontrole inflacionário, cuja estabilidade (dos preços) somente foi alcançada em 1994 com a implementação do Plano Real.

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Neste ínterim, os fluxos de IED oscilaram bastante ao longo dos anos 80, retraindo a participação do Brasil no fluxo mundial, fato que mais uma vez estava associado à crise da dívida, à retração do nível de atividade econômica, às incertezas associadas aos diversos planos de estabilização adotados ao longo da década, e à instabilidade do quadro político interno.

Com o alcance da estabilidade econômica e a reinserção do Brasil ao sistema financeiro internacional13 a partir da década de 90, o PSI foi efetivamente substituído por um novo modelo de desenvolvimento baseado na inserção do país ao processo de globalização14. Entre outros resultados, o país passa a registrar uma significativa entrada de investimentos externos, inclusive de IED.

Para Laplane et alli (2000), os principais fatores determinantes para a atração desses capitais para o Brasil, a partir da década de 1990, foram o acesso ao mercado interno brasileiro, considerado grande e dinâmico; a desregulamentação da economia nacional; a abertura comercial; e, as privatizações.

Além desses fatores, Gonçalves (1999) também destaca a importância da estabilidade econômica alcançada pelo país a partir do Plano Real, além do potencial representado pela MERCOSUL.

Em termos de resultados, especificamente no que se concerne aos fluxos de IED, o que se tem é um crescimento significativo da participação das empresas estrangeiras no produto interno15, fato que contribuiu para a ocorrência de importantes mudanças estruturais da economia nacional, a qual passou a disseminar, entre outras coisas, os padrões tecnológicos vigentes nos países desenvolvidos, bem como permitiu a ampliação da produtividade e da competitividade em diversos segmentos16.

Figura 8 - Fluxo de IED no Brasil – 1990/2009 (em US$ milhões)

13 O marco do retorno do Brasil ao sistema financeiro foi com a assinatura do plano

Brady. Essa fase conturbada do Brasil com a comunidade financeira internacional perdurou até 1990, quando foi iniciada uma nova etapa inaugurada pelo então Ministro da Fazenda do governo Collor, Marcílio Marques Moreira e consubstanciada pelo Ministro Fernando Henrique Cardoso que designou o economista Pedro Malan como negociador da dívida externa brasileira, buscando recuperar a respeitabilidade política brasileira no exterior.

14 Processo que segue a perspectiva discutida inicialmente, que foi denominada terceira onda da globalização.

15 Tal estimativa pode ser feita a partir da proporção entre o estoque de IED e o Produto Interno Bruto, que passou de 7,68% em 1980 para 26,19% em 2009. Ver <www.unctad.org>.

16 Segundo a UNCTAD, a participação média do Brasil no fluxo global de IED nos anos 70 foi de 5%, enquanto que entre os anos de 2000 e 2009 tal proporção caiu para 2,1%.

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Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 163

45.058,2

32.779,2

2.149,9988,8

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

45000

50000

1990 1993 1996 1999 2002 2005 2008

Fonte: UNCTAD Com relação aos países de origem desses recursos, o último censo do

capital estrangeiro, elaborado pelo Banco Central do Brasil, mostra que apenas 10 países detinham cerca de 80% do estoque total de IED, sendo que apenas os Estados Unidos, a Holanda, a Espanha, o México e a França respondem quase 60% do estoque de investimentos diretos estabelecidos no país. A Itália possuía, à época, 2,57% do estoque total, o que representa um capital de US$4,2 bilhões, conforme mostra tabela abaixo.

Tabela 1 - Estoque de IED por país de origem do capital – 2005

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País Origem dos Recursos em US$ bilhões part. %Estados Unidos 27,097 16,64Países Baixos 27,012 16,59Espanha 17,589 10,80México 15,051 9,24França 12,238 7,52Alemanha 7,251 4,45Canadá 6,690 4,11Ilhas Cayman 6,149 3,78Ilhas Virgens (GB) 4,811 2,96Itália 4,181 2,57Reino Unido 3,491 2,14Japão 3,261 2,00Suíça 2,844 1,75Luxemburgo 2,399 1,47Portugal 2,237 1,37Uruguai 1,890 1,16Panamá 1,343 0,82Suécia 0,802 0,49Dinamarca 0,792 0,49Barbados 0,736 0,45Total 162.807.274 100 Fonte: Censo do Capital Estrangeiro - BCB Quanto aos setores de atividade, o Censo de 2005 indica que 3,62% dos

estoques estavam ligados às atividades de agricultura, pecuária e extração mineral; 33,02% à indústria; e, 63,15% ao setor de serviços.

Individualmente, as atividades que se destacam no setor de serviços são: correio e telecomunicações; serviços prestados a empresas; intermediação financeira; comércio atacadista; e, eletricidade, gás e água quente. Essas atividades compunham uma participação de 49,2% no estoque total.

No segmento industrial, as principais atividades são: produtos químicos; fabricação e montagem de veículos automotores; alimentos e bebidas; material eletrônico e equipamentos de comunicação; e, máquinas e equipamentos, que juntos totalizaram 24% do estoque total de capital estrangeiro no ano de 2005. Na tabela abaixo é possível analisar individualmente os setores apreciados pelo Censo do capital estrangeiro.

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Tabela 2 - Estoque de IED - Distribuição por Atividade Econômica

Principal (em US$ mil e part.%) Atividade Econômica (CNAE) em US$ mil part. % Atividade Econômica (CNAE) em US$ mil part. % Correio e telecomunicações 32.834.304,3 20,2 Fabr. de produtos de metal 710.610,1 0,4 Serviços prestados a empresas 15.674.959,3 9,6 Agricult., pecuária e servs. relacs. 686.285,0 0,4 Intermediação financeira 12.901.515,5 7,9 Edição, impressão e repr. de gravações 561.373,0 0,3 Fabr. de produtos químicos 12.127.612,0 7,4 Fabr. de produtos de madeira 520.941,7 0,3 Comércio p/atac. e intermed. do comércio 11.395.193,4 7,0 Aluguel de veícs., máqs. equips. e objetos 442.809,5 0,3 Fabr. mont. veícs. automs., rebs. e carrocerias11.241.309,9 6,9 Alojamento e alimentação 429.837,8 0,3 Eletricidade, gás e água quente 7.358.503,9 4,5 Fabr. de produtos do fumo 421.484,3 0,3 Fabr. de produtos aliment. e bebidas 6.866.564,7 4,2 Fabr. equips. méds., ótics., automação, relógs. 392.293,4 0,2 Comércio varej. e repar. de objetos 5.834.136,0 3,6 Extração de minerais não-metálicos 362.396,9 0,2 Fabr. mat. eletrôn. e equips. de comunic. 4.516.601,6 2,8 Comércio e rep. veícs., com. combustíveis 360.359,5 0,2 Fabr. máquinas e equipamentos 4.331.270,9 2,7 Captação, tratamento e distr. de água 312.591,2 0,2 Ativs. aux., transp. e agências de viagem 3.276.624,9 2,0 Transporte terrestre 303.600,8 0,2 Extração de petróleo e servs. relacs. 3.145.738,5 1,9 Serviços pessoais 235.928,1 0,1 Fabr. artigos de borracha e plástico 2.354.691,7 1,4 Fabr. móveis e indústrias diversas 230.501,7 0,1 Fabr. celul., papel e produtos de papel 2.275.289,7 1,4 Fabr. máquinas p/escrit. e equips. inform. 175.147,1 0,1 Fabr. máquinas, apars. e mats. elétricos 2.156.832,0 1,3 Silvicult., expl. florestal e servs. relacs. 169.778,9 0,1 Ativs. recreat., culturais e desportivas 2.110.434,3 1,3 Saúde e serviços sociais 130.193,3 0,1 Ativs. aux. da interm. financeira 1.726.328,9 1,1 Conf. de arts. vestuário e acessórios 125.193,8 0,1 Atividades imobiliárias 1.676.066,3 1,0 Transporte aquaviário 119.750,2 0,1 Metalurgia básica 1.611.868,1 1,0 Limpeza urbana, esgoto e ativs. conexas 118.345,7 0,1 Ativs. de informática e conexas 1.585.924,3 1,0 Prep. de couros, fabr. artefs. e calçados 116.232,6 0,1 Extração de minerais metálicos 1.504.686,3 0,9 Educação 106.541,4 0,1 Construção 1.394.299,2 0,9 Reciclagem 50.725,6 0,0 Seguros e previdência privada 1.377.016,6 0,8 Atividades associativas 45.566,4 0,0 Fabr. outros equips. de transporte 1.124.691,2 0,7 Fabr. coque, petról.,combs. nucls.,álcool 33.046,9 0,0 Pesquisa e desenvolvimento 1.062.742,2 0,7 Pesca, aquicultura e servs. relacs. 21.781,4 0,0 Fabr. produtos minerais não-metálicos 1.034.051,6 0,6 Transporte aéreo 4.898,4 0,0 Fabr. de produtos têxteis 784.719,2 0,5 TOTAL 162.807.274,1 100,0 Fonte: Censo do Capital Estrangeiro - BCB Em contrapartida, a entrada de tais recursos tem contribuído para a

elevação do envio de rendas associadas aos IED, bem como de outros tipos de despesas que indiretamente também podem estar relacionadas às empresas estrangeiras, com destaque para as que realizam o pagamento de royalties e licenças, cuja relação está, em grande medida, associada à transferência de tecnologia por parte dessas companhias17.

Figura 9 - Renda de IED (despesas) e despesas com royalties e

licenças

17 O fluxo de IED é considerado um dos principais mecanismos de transferência

tecnológica entre países. Porém, existem outras formas tais como os contratos de licença e transferência de know how entre organizações que não têm qualquer tipo de vínculo.

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0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Rendas de IED (despesas) Pagamento de royalties e licenças Fonte: BCB As despesas de renda de investimento direto (lucros e dividendos, lucros

reinvestidos no Brasil e juros de empréstimo intercompanhia), totalizaram em 2010 US$ 26,6 bilhões, o que representa um crescimento de quase 1.300% do volume de despesas pagas em comparação ao ano de 1990.

Já as despesas com royalties e licenças totalizaram, em 2010, US$ 2,85 bilhões, o que representou um crescimento de quase 3.000% em relação às despesas realizadas com essa conta em 1990.

Tais dados corroboram a ocorrência de uma nova fase que passa a se efetivar no Brasil, a partir da década de 90, para a qual os capitais relacionados aos IED guardam uma forte correlação.

Na seção a seguir, serão avaliadas, especificamente, as relações econômicas entre a Itália e o Brasil, a partir do acolhimento de empresas multinacionais italianas.

3. RELAÇÕES BRASIL E ITÁLIA: UMA ANÁLISE A PARTIR DO INFLUXO DE IED ITALIANO

Participando ativamente da onda da economia global, a Itália também registrou um forte crescimento nas suas relações comerciais com o resto do mundo, bem como ampliou significativamente as remessas de capitais para outros países a partir do início da década de 90.

Particularmente, os afluxos de IED italianos apresentaram uma taxa de crescimento média, entre 1990 e 2009, de 38,5% ao ano, perfazendo um montante acumulando neste período de US$ 422,129 bilhões. O comportamento desses fluxos pode ser avaliado na figura abaixo.

Figura 10. Fluxo italiano de IED remetido

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0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

1970

1972

1974

1976

1978

1980

1982

1984

1986

1988

1990

1992

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2000

2002

2004

2006

2008

0

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20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

80.000

90.000

100.000

part. % em US$ milhões Fonte: UNCTAD Quanto à participação dos capitais italianos, verifica-se que o mesmo

apresentou uma média de 2,6% em relação ao fluxo total de IED, entre 1990 e 2009, o que lhes permitiu compor 3% do estoque total de IED em 2009, conforme mostrou a figura 3.

De acordo com as estatísticas internacionais de IED, a Itália tem uma participação que pode ser classificada “média-baixa” em relação ao fluxo mundial de IED. Porém, vale lembrar que tal avaliação não leva em consideração inúmeros investimentos que são realizados por empresas italianas que possuem sede em outros países, tais como na Holanda, em Luxemburgo e no Reino Unido.

Com relação aos IED italianos no Brasil, o que se pode verificar, de acordo com o último Censo do Capital Estrangeiro realizado pelo Banco Central do Brasil em 2005, é que a Itália possuía, nesta data, um estoque de capital de US$ 4,2 bilhões, proporcionando-lhe a décima posição no ranking geral, e a quarta entre os países da Europa.

Apesar da parcela de investimentos italianos no Brasil ser considerada, quando comparada a outros países, relativamente modesta, a mesma não deve ser avaliada apenas a partir dessa perspectiva, uma vez que sua participação tem sido vital para o desenvolvimento dos principais segmentos da economia brasileira.

Em termos de impacto sobre a economia nacional, vale ressaltar que uma boa parcela das atividades produtivas desempenhadas pelas empresas italianas no Brasil tem contribuído para ampliar as exportações brasileiras, cabendo destacar, como se verificará mais a frente, o setor automotivo.

Ademais, diversas outras empresas italianas têm atuado em segmentos considerados estratégicos para o país, com destaque para aquelas que fazem parte dos setores de geração e distribuição de energia elétrica e telefonia.

Analisando os fluxos acumulados de IED oriundos da Itália entre os anos de 2001 e 2009, cujo montante acumulado foi de US$ 2,9 bilhões, o que se percebe é a presença desses capitais em diversos setores, que estão vinculados: à agropecuária; ao setor de serviços, inclusive de utilidade pública;

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às atividades de comércio (varejista e atacadista); à indústria de transformação; entre outros como mostra a tabela abaixo.

Tabela 3 - IED italiano no Brasil Setor/Atividade em US$ milhões part.%Autoindústria 684,34 23,55Atividades ligadas à constr.civil e empr.imob. 448,28 15,43Energia Elétrica 355,10 12,22Serviços (diversos) 318,24 10,95Siderurgia e metalurgia 231,06 7,95Comércio (varejo e atacado) 207,47 7,14Bens de Capital 172,73 5,94Fios e cabos 116,60 4,01Alimentos (diversos) 67,03 2,31Química e petroquímica 62,95 2,17Fabr. Prod. Diversos 58,53 2,01Plásticos borrachas 54,04 1,86Têxtil e calçados 37,40 1,29Telecomunicações 35,85 1,23Álcool 35,46 1,22Gás 14,53 0,50Extração Mineral 13,51 0,46Eletroeletrônicos 4,25 0,15Papel e celulose 1,51 0,05Total 2.905,60 100,00 Fonte: BCB Individualmente, o setor automobilístico18 - que inclui as montadoras e

os fabricantes de componentes e autopeças – é o principal segmento acolhedor de IED italiano, respondendo por cerca de um quarto do fluxo total, para o período analisado. Neste ínterim, vale destacar a Fiat, há 50 anos no Brasil, e a IVECO, que se estabeleceu em 1997, produzindo caminhões e ônibus.

Ademais, vale ressaltar que a atuação da Fiat foi e tem sido responsável pela entrada de importantes empresas produtoras de autopeças no país, com destaque para: a Magneti Marelli, a CNH, a Teksid, a Comau, entre outras.

O setor industrial vinculado à produção siderúrgica e metalúrgica também figura entre os principais setores acolhedores de IED italiano no Brasil. Um dos destaques desse setor é a Maccaferri, que inaugurou sua primeira unidade no Brasil em 1974, e vem intensificando sua atuação no mercado brasileiro, investindo em inovações tecnológicas que têm contribuído, sobremaneira, para as atividades de engenharia geotécnica, hidráulica e proteção ambiental.

Os capitais italianos também se fazem presentes nas atividades ligadas à geração e distribuição de energia elétrica. Para o mesmo período analisado,

18 Vale lembrar que o setor automobilístico é considerado uma das principais atividades

econômicas, em função do seu efeito multiplicador.

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verifica-se que cerca de 12% do fluxo de IED italiano no Brasil foram destinados a este segmento. A ENEL, principal empresa de energia da Itália, controla a ENDESA e a COELCE, cujo faturamento as coloca entre as maiores empresas no Brasil, conforme mostra a tabela 4.

O setor de Telecomunicações também recebeu importantes aportes de capitais originários da Itália, a partir da atuação da subsidiária da Telecom Italia Mobile, a TIM, que hoje detém quase um quarto do segmento de telefonia móvel no Brasil, além de ter sido a segunda maior empresa italiana em volume vendas em 2009, conforme mostra a tabela 4.

A indústria química e petroquímica também conta com uma forte presença de empresas italianas, com destaque para a M&G Polímeros, a Petronas Lubrificantes e a Sipcam Isagro, que também figuram entre as maiores empresas do país, conforme mostra a mesma tabela abaixo.

Os capitais italianos também estão presentes nos mais variados segmentos relacionados às atividades de serviços, com destaque para as atividades auxiliares aos transportes terrestres; hotelaria; assessoria e consultoria empresarial; seguridade etc. Destaca-se, por sua importância econômica e relação histórica com o Brasil, a Generali Brasil Seguros, que atua no país desde 1925.

As diversas atividades ligadas à construção civil, aos empreendimentos imobiliários e aos serviços vinculados à atividade imobiliária, igualmente merecem proeminência, haja vista que em conjunto responderam por mais de 15% do fluxo total de IED no período analisado.

Outro setor que tem recebido importantes aportes de IED é o de comércio, tanto atacadista quanto varejista, principalmente de: produtos alimentícios; artigos de uso pessoal ou doméstico; máquinas e equipamentos para uso industrial; madeira e material para construção, ferragens e ferramentas; artigos de óptica etc.

Vale destacar, ainda, a contribuição das empresas de capital italiano para a balança comercial brasileira, a partir de suas exportações. Considerando apenas as empresas constantes da publicação Melhores e Maiores19 de 2010, referente ao ano de 2009, verifica-se que apenas as empresas FIAT, CNH, M&G, Magneti Mareli, Teksid e M&G Fibras foram responsáveis, em conjunto, por um volume de vendas para o exterior de US$1,52 bilhão, conforme mostra a tabela abaixo.

Tabela 4. Maiores empresas italianas no Brasil (em vendas) 19 Revista Exame – Melhores e Maiores – 2010.

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Empresas SetorVendas (em US$ milhões)

Exportação (em US$ Milhões)

Exportação (part. % vendas)

Fiat Automóveis S/A Autoindústria 15.537,10 973,5 6,3

Tim Celular S/A Telecomunicações 11.382,80 - -

Ampla Energia e Serviços S/A Energia 2.487,30 - -

Case New Holland Latin América Ltda Autoindústria 2.449,10 331,1 13,5

Pirelli Pneus Ltda. Autoindústria 1.826,80 - -

Companhia Energética do Ceará (COELCE) Energia 1.747,20 - -

Magneti Marelli Sistemas Automotivos Ind. e Com. Ltda. Autoindústria 742,5 - -

M&G Polímeros Brasil S/A Química e Petroquímica 661 77,6 11,7

Magneti Marelli Cofap Cia. Fabricadora de Peças Autoindústria 535,7 89,1 16,6

Teksid do Brasil Ltda. Siderurgia e Metalurgia 462,8 43,9 9,5

CGTF Central Geradora Termeletrica Fortaleza S.A. Energia 388,9 - -

Petronas Lubrificantes Brasil S/A Química e Petroquímica 384,2 - -

Comau do Brasil Indústria e Comércio Ltda. Bens de Capital 382,7 0 0

Cien * Companhia de Interconexão Energética (Endesa Cien) Energia 191,4 - -

Monte Tabor Centro Ítalo Brasileiro de Promoção Sanitária (Hospital São Raphael) Serviços 184,7 - -

Centrais Elétricas Cachoeira Dourada S/A (Endesa Cachoeira) Energia 184,5 - -

M&G Fibras Brasil S/A Têxteis 174,5 4,5 2,6

Sipcam Isagro Brasil S.A. Química e Petroquímica 128,6 - - Fonte: Revista Exame – Melhores e Maiores Por fim, cabe ressaltar que várias outras empresas de capital italiano

merecem destaque na presente análise, que, independentemente do seu porte, estão colaborando para a atual conjuntura da economia brasileira, seja contribuindo para a expansão do produto interno, seja transferindo tecnologias que são fundamentais para a melhoria da competitividade brasileira. Todavia, tal espaço não permite tal contemplação, de tal modo que muitas dessas empresas não tiveram a devida avaliação que o presente tema requer.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Como se observou, o Brasil se inseriu, a partir da década de 90, de

forma efetiva ao processo de globalização econômica e, reproduzindo um dos principais eventos do atual estágio do sistema econômico internacional, viabilizou um amplo processo de abertura comercial e financeira que, entre outras coisas, tornou o país um dos maiores receptores de Investimento Estrangeiro Direto.

Os fluxos de IED são um dos principais responsáveis pelas recentes mudanças estruturais da economia brasileira, atuando tanto nos segmentos industriais – que se encontravam extremamente desatualizados tecnologicamente – quanto nas atividades de serviço, incluindo os chamados serviços de utilidade pública – que a partir de um amplo processo de privatização transferiu diversas empresas públicas para o setor privado nacional e estrangeiro.

A Itália, igualmente compôs tal movimento global, o que lhe permitiu não apenas receber fluxos de IED, mas também exportar empresas italianas para o resto do mundo.

Assim sendo, o Brasil se tornou um dos destinos desse capital, apesar da presença do IED italiano no país ainda ser considerada relativamente modesta. Não obstante tal posição, a avaliação empreendida ao longo deste capítulo procurou mostrar que em termos absolutos a importância desses capitais deve ser considerada de grande valia, haja vista que boa parte das empresas italianas estabelecidas no país atua em importantes segmentos da economia brasileira.

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Além disso, evidência a existência de um amplo espaço para o crescimento dessas relações econômicas entre os dois países, sobretudo porque as oportunidades de negócios existentes no Brasil estão em pleno desenvolvimento, em função do momento pujante da economia brasileira, que certamente demandará a abertura de novos negócios, bem como levará à ampliação daqueles já existentes.

Por fim, vale realçar que os capitais italianos poderão encontrar no Brasil algumas outras vantagens que estão associadas: ao mercado interno; aos diversos programas de incentivos e benefícios governamentais oferecidos pela União e pelos estados brasileiros; à existência de abundantes fontes de matérias-primas; à estabilidade político-institucional; às boas relações econômicas e políticas entre os dois países; e, à proximidade cultural, fato que com certeza tem um grande peso quando avaliados os possíveis riscos envolvendo o destino de um IED.

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CAPÍTULO 9

CONSIDERAÇÕES SOBRE A COOPERAÇÃO

BRASIL-ITÁLIA

Joaquim C. Racy

INTRODUÇÃO Esta breve apresentação tem por objetivo arrolar alguns elementos

fundamentais para uma avaliação mais detida sobre o complexo histórico da cooperação entre Brasil e Itália. Nesse sentido, é preciso considerar antes de qualquer análise que uma avaliação objetiva da cooperação entre países remete à figura da cooperação internacional institucionalizada, isto é, a cooperação técnica internacional, que teria início no Brasil na segunda metade dos anos 60 do século passado. No que se refere especificamente à cooperação com a Itália, o processo se iniciaria formalmente na década de 70, muito embora relações intensas com o país nesse campo venham se desenvolvendo desde o século XIX, ainda que por outras vias e muitas vezes conturbadas, mas que, teoricamente, deveriam influenciar sobremaneira a relação de cooperação contemporânea entre esses dois países.

Outra questão que merece destaque na avaliação da cooperação entre países diz respeito ao fato de que esse campo das relações externas tem, principalmente no caso brasileiro, importância crescente para o processo de desenvolvimento, mesmo que relativo a aspectos específicos da realidade, e, nessa medida, na orientação das políticas externas num sistema internacional submetido a um processo de globalização. Dessa maneira, procurar entender a cooperação Brasil-Itália significa compreender o papel que as parcerias entre países exercem sobre as realidades nacionais, mas, também, sobre os processos de integração regionais a que estes se encontram submetidos. Isto significa, portanto, compreender a estratégia de inserção internacional dos países e as possibilidades apresentadas pelos blocos regionais.

Naturalmente, dado o reduzido espaço para um desenvolvimento mais abrangente desta apresentação, a exploração das questões colocadas se encontra limitada e o texto procura somente indicar as questões que parecem merecer mais urgente reflexão.

1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL INSTITUCIONALIZADA A criação da Organização das Nações Unidas (ONU) ao fim da II Grande

Guerra tinha como um dos principais propósitos a cooperação entre países e, para tanto, inclusive, se desenvolveu todo um aparato institucional no sentido de proporcionar uma maior interação entre nações ricas e pobres com o

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objetivo da transferência de recursos para desenvolvimento. Dispõe sobre a questão o capítulo IX, Artigo 55, da Carta das Nações Unidas20.

É fundamental ressaltar, como se pode observar no texto da Carta, que a preocupação com a estabilidade e a segurança, figurando como os principais motivos para a criação da O.N.U., incorporava uma nova visão dos problemas internacionais, apontando como causa ou motivo para a insegurança e a instabilidade, em boa medida, os desequilíbrios de desenvolvimento entre as nações. É importante anotar, também, que a assimetria entre países após a II Grande Guerra passava mesmo a motivar duas diferentes concepções de sociedade, caracterizando um novo período de guerra com características completamente distintas das anteriores.

Mas o importante é que, mais do que por uma questão de fato, o direito internacional passou a ter novo status, ampliando-se o escopo da ação nessa área de atuação. Com isso, evidentemente, se quer dizer que a partir da II Grande Guerra começou a se desenvolver uma concepção ética das relações internacionais que, ainda que não hegemônica, revelava uma nítida percepção ou consciência dos problemas relativos à assimetria nos relacionamentos entre os países componentes do sistema internacional. Essa, inclusive, foi a tônica que engendrou a figura da cooperação internacional na Carta das Nações Unidas, em seus artigos 55 e 56.

Contudo, segundo Cachapuz de Medeiros (1993), o que, de fato, ensejou a institucionalização da cooperação técnica foi o processo de descolonização, que dando corpo à idéia de Terceiro Mundo, permitiu ao grupo de países que teoricamente o compunham se exprimirem mais enfaticamente em relação à sua importância para a estabilidade do sistema internacional.

Assim, a cooperação técnica se desenvolveu de forma a incorporar relações bilaterais e relações multilaterais, encontrando-se estas últimas no marco das organizações internacionais, que se desenvolveram em profusão tanto no âmbito da O.N.U., quanto fora dele. A participação da ONU nesse processo, portanto, assume importância crucial e, nesse sentido, já em sua fundação se constituiu o Conselho Econômico e Social – ECOSOC.

Além disso, como primeiras iniciativas reais por parte da ONU no sentido da institucionalização da cooperação técnica têm-se a criação da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), em 1948, e, na seqüência, a constituição do “Programa Ordinário de Assistência Técnica”, no mesmo ano, resultante de uma resolução que permitia que o Secretário Geral efetuasse operações técnicas com base no orçamento da Organização. Pode-se afirmar que o Brasil passaria imediatamente a ser parte interessada nesse processo.

Em 1949, o “Programa Básico” seria ampliado, sendo criado o “Programa Ampliado de Assistência Técnica” e o ECOSOC instituiria o Bureau de Assistência Técnica que, tendo aumentada a demanda por seus serviços, motivaria a criação de um Fundo Especial que viabilizaria o financiamento dos investimentos necessários à operacionalização dos projetos da Organização.

Com o surgimento, em 1960, da Associação Internacional do Desenvolvimento (AID) em 1960, visando à liberação de empréstimos em

20 Ver MAROTTA RANGEL, Vicente. Direito e Relações Internacionais. 2.ª edição. São

Paulo: Revista dos Tribunais, 1981, p. 29.

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condições vantajosas para os países em desenvolvimento, a discussão sobre o desenvolvimento já assumia novos contornos e a Assembléia Geral da ONU, em dezembro de 1961, aprovaria a resolução “Comércio Internacional: principal instrumento do desenvolvimento econômico”, que viria a gerar a inclusão do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) e da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) em seu sistema.

Em 1966 foram fundidos o Programa Ampliado de Assistência Técnica e o Fundo Especial no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), este último criado em novembro de 1965, dotando a Organização de instrumento mais efetivo para a realização da cooperação técnica.

Em 1967, a ONU criou a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), visando à cooperação para o desenvolvimento da base industrial dos países.

Ao longo desse período, também, organismos constituintes da ONU tais como Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), Organização Internacional do Trabalho (OIT), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Organização Mundial da Saúde (OMS), por sua vez, adotaram medidas no sentido de se envolverem mais intensamente com a cooperação técnica. Assim, o sistema de cooperação técnica internacional da ONU se tornou por demais complexo e como resultado, por proposta do Conselho de Administração do PNUD, em 1972, o ECOSOC aprovou uma reforma que ampliou o esse Conselho, compondo-o com representantes de Estados em vias de desenvolvimento e de Estados desenvolvidos, o que afetaria diretamente o Brasil.

A importância dessa reforma residiu na programação da cooperação que, até então organizada por projetos, passaria a ser organizada por país, a partir da instalação de representantes-residentes nos países participantes do sistema.

Contudo, conforme Cachapuz de Medeiros, 95% dos recursos do PNUD advêm dos orçamentos de assistência dos países que compõem a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e, nesse sentido, as decisões quanto à cooperação no PNUD sofrem influências políticas importantes.

O que é certo é que com o prenúncio do colapso da ordem estabelecida no pós-guerra, o conceito de cooperação passaria a ser objeto de reformulação, alcançando o significado de operação conjunta entre países ou entre os diversos sujeitos do direito internacional.

2. A COOPERAÇÃO TÉCNICA INTERNACIONAL DO BRASIL Ainda que conservando a condição básica de uma relação de doação e

recepção de conhecimento, a cooperação internacional incorpora atualmente a noção de reciprocidade. Da mesma forma, a concepção de conhecimento passou por um processo de ampliação no campo da cooperação internacional, estendendo-se às áreas da ciência e tecnologia. Na realidade, parte-se da hipótese de que nenhuma atividade de cooperação pode ser situada num quadro onde existem fornecedores ou recebedores exclusivos, pois o conhecimento deve ser considerado o fruto de uma operação de construção em parceria.

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Na cooperação bilateral os principais organismos envolvidos são as agências “nacionais” de cooperação, enquanto órgãos especializados dos ministérios de relações exteriores no desenvolvimento desse tipo de operação, e os governos ou suas representações diplomáticas.

O Brasil começou a organizar suas ações de cooperação técnica criando um órgão para cooperação técnica recebida, dentro do Ministério das Relações Exteriores, denominado CNAT – Comissão Nacional de Assistência Técnica.

Em virtude das mudanças ocorridas na política internacional e no sistema de cooperação técnica, o país reorganizou seu próprio sistema de cooperação, criando em 1967 a SUBIN – Subsecretaria de Cooperação Econômica e Técnica Internacional, vinculada ao Ministério do Planejamento e Coordenação Geral. No entanto, a formulação da política de cooperação passaria a caber, a partir de 1969, à Divisão de Cooperação Técnica do Ministério das Relações Exteriores.

Ao mesmo tempo, o Brasil conta com uma agência de cooperação, a Agência Brasileira de Cooperação – ABC, órgão responsável pela operação da cooperação técnica, pertencente à Fundação Cabo Frio e, portanto, somente indiretamente ligado ao Ministério das Relações Exteriores.

Estando estruturada em três setores: Cooperação Técnica Recebida Bilateral; Cooperação Técnica Recebida Multilateral; e Cooperação Técnica entre Países em Desenvolvimento, a ABC considera a cooperação técnica como “um instrumento específico pelo qual países e/ou organismos internacionais transferem conhecimentos e técnicas dentro de um processo planejado de mudanças, associado às prioridades de desenvolvimento sócio-econômico e articulado com a política externa do País”21.

Assim, pode-se imaginar que a cooperação técnica assume um papel fundamental na mobilização de recursos para a absorção de tecnologias e ascensão do país na escala do desenvolvimento.

Segundo Plonski (1993), algumas das principais características da cooperação técnica internacional no Brasil referem-se a: desenvolvimento da infra-estrutura humana; geração de um fluxo de conhecimentos de forma a aumentar o estoque preexistente; capacitação efetiva dos agentes recipiendários; carreamento de recursos financeiros para desenvolvimento desse processo.

Quanto à cooperação bilateral, as atividades mais intensas, segundo o autor, estariam se desenvolvendo ao longo do tempo com os seguintes países: Japão, Alemanha, França, Canadá, Grã-Bretanha. Atualmente se percebe uma tendência de crescimento expressivo das relações de cooperação com Itália e Espanha.

3. A COOPERAÇÃO TÉCNICA INTERNACIONAL ENTRE BRASIL E

ITÁLIA Criada pelo Acordo Básico de Cooperação Técnica de 1972,

complementado pelo Acordo-Quadro de Cooperação Econômica, Industrial,

21 WARWAR, Z. et alli. O papel da cooperação técnica internacional no desenvolvimento

brasileiro. In: ROGRAMA DE GESTÃO DA COOPERAÇÃO TÉCNICA INTERNACIONAL. São Paulo: IEA/USP – MRE/PNUD, 1993. mimeo. p. 4.

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Científica-Tecnológica, Técnica e Cultural de 1989, e pelo Convênio Básico de 1971, substituído pelo Novo Convênio de 198925, a cooperação da Itália não tem atingido maior expressão até recentemente, estando sempre marcada por negociações que protelavam sua efetiva realização.

As sucessivas crises econômicas, os formalismos e certa desorganização agiriam como elementos impeditivos do desenvolvimento de atividades de maior relevo na área. Pode-se tomar como exemplo disso o caso recente, de 2010, da assinatura de instrumento de parceria estratégica nas áreas militar e espacial, de grande significado, que pode vir a ser prejudicada ou protelada por conta da decisão brasileira relativa ao caso Battisti.

Assim, essa cooperação em seu período inicial efetivo (de 1989 até o primeiro governo FHC), revelando sua relevância e possibilidades para o Brasil, além de crescente, esteve centrada em sua maior parte na área de Saúde, seguida pelas áreas de Assistência Social e de Meio Ambiente, conforme se observa na tabela abaixo.

ITÁLIARegiões % 1989 1994 1995 1996Norte 15Nordeste 27 41Centro Oeste 20 ND* 8Sudeste 40 36 100SulNacional 13Áreas/Temas % 1989 1994 1995 1996Planejamento 7Indústria 20Desenv. Regional 20Saúde 27 ND* 33,3 50Agricultura 7Desenv. Urbano 7Meio Ambiente 13 33,3Assist. Social 33,3 50Total 1989 1994 1995 1996Total de Projetos ND* 38 3+39 2+56Valor da Cooperação ND* ND* ND* ND*Obsv.: 39 por ONGs 56 por ONGs

Promessa: US$ 4 mi

Fonte: Relatórios de atividades (1988/96) ABC

COOPERAÇÃO BILATERAL RECEBIDA PELO BRASILProjetos em execução

* ND = não disponível A cooperação por parte da Itália, no entanto, teve início motivada, em

grande medida, pelo interesse em se criarem as condições para o deslocamento de capital italiano para o Brasil. Nessa medida, ela vem acontecendo em sua maior parte na modalidade interinstitucional (entre instituições privadas, com participação de ONGs).

25 Relatório de Atividades ABC/CTRE - 1988.

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Não é por acaso que, ainda conforme a tabela apresentada, os projetos desenvolvidos tiveram inicialmente maior concentração na região Sudeste. A participação da região Nordeste apresentaria crescimento significativo no período imediatamente posterior, o que poderia significar a decisão por uma cooperação mais centralizada, isto é, com maior envolvimento do Estado Italiano e voltada para o processo de desenvolvimento social do Brasil.

Não que isso não tenha ocorrido, mas com a assinatura de Convênio-Quadro de Cooperação Econômica, Industrial e para o Desenvolvimento (Econômico) em 1998, o processo de cooperação entre esses países manteria as mesmas características anteriores: descentralizado e voltado para atividades eminentemente econômicas mesmo que em áreas de maior alcance como Meio Ambiente.

Somente em 2010 se observam uma intensificação dessa cooperação com o desenvolvimento de projetos mais sensíveis como o caso citado das áreas militar e espacial e da construção de navios.

Isto, contudo, fez mudar significativamente o papel da Itália na cooperação recebida bilateral do Brasil. Assim, de uma posição de cooperador sem expressão, a Itália passa a ocupar agora o terceiro lugar atrás somente de Japão e Alemanha, os dois principais tradicionais cooperadores do Brasil, e a frente da França, que tradicionalmente ocupava tal posição.

Mas essa posição se refere aos valores envolvidos, uma vez que, em termos de quantidade de projetos, a Itália ainda se encontra atrás da Alemanha, Japão, França e do próprio Canadá. Enquanto a Itália conta com 30 projetos em execução, aqueles países têm 70, 68, 34 e 196 projetos em execução no país, respectivamente.

Confirmando essa situação, os dados da Agência Brasileira de Cooperação – ABC, dão conta de que os projetos encontram-se centrados nas áreas Social/Educação e de Meio Ambiente, e se concentram no Nordeste, alcançando o Sudeste a terceira posição em termos regionais, o que se coaduna perfeitamente com a atividade de cooperação desenvolvida pela Itália junto ao Brasil.

É interessante notar, frente a esse quadro, que as relações negociais de comércio entre os países revelam que nos 20 últimos anos o Brasil saiu de uma posição superavitária para uma posição deficitária em relação à Itália. Ainda que tal comércio, seguindo a tendência geral do comércio exterior brasileiro, tenha crescido substantivamente ao longo do período, representa somente um pouco mais de 1,5% do montante de comércio deste país.

Acresce a isso o fato de que esse comércio apresentou mudanças qualitativas, tendo o Brasil passado de uma condição de exportador por excelência de produtos manufaturados no início dos anos 90 do século anterior, para um exportador de fundamentalmente de produtos básicos a partir de meados dos anos 2000. Colocam-se como principais produtos de exportação nos dois últimos anos Café não Torrado e Pasta Química de Madeira e como importados Partes e Acessórios para Tratores e Automóveis e Partes e Acessórios de Carrocerias para Veículos.

Todo esse quadro revela a importância da cooperação italiana na política de cooperação desenvolvida pelo Brasil e, nesse sentido, no próprio processo de desenvolvimento nacional. Embora a cooperação recebida pelo Brasil tenha tido sua importância diminuída nos anos recentes e até por isso, a

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participação italiana nessa realidade assume papel de destaque podendo se ampliar, bastando para isso que os tradicionais obstáculos a isso, típicos da história das relações entre esses dois países, sejam superados por um relacionamento mais próximo, racional e equilibrado.

4. CONSIDERAÇÕES SOBRE COOPERAÇÃO E RELAÇÕES

BRASIL-ITÁLIA A despeito da cooperação institucionalizada, a cooperação entre Itália e

Brasil já é tradicional uma vez que vem se constituindo historicamente desde, principalmente, a partir da década de 70 do século XIX. Cheia de altos e baixos, e mesmo problemática, essa cooperação se iniciaria, portanto, com o maciço processo de imigração vivido pelo Brasil.

À época, o Brasil tentava consolidar a transformação de sua economia, como resultado da crise a que se submeteu após sua independência, promovendo a implantação da economia cafeeira que, demandante intensiva de mão-de-obra. Como essa demanda só se encontrava disponível internamente pelo trabalho escravo e o Brasil sofria forte pressão, particularmente por parte do Império vigente – a Inglaterra, pela abolição, o recurso utilizado seria o da mão-de-obra livre imigrante oriunda de países em situação de crise, sendo esse o caso da Itália.

Dada a tradição escravocrata em que nasceu a economia cafeeira, muitos dos representantes dessa nova atividade econômica reivindicavam uma mão-de-obra experiente na lavoura organizada e, nesse sentido, o trabalhador europeu se apresentava com vantagens reveladas, mas também impunham condições de trabalho para esse trabalhador, semelhantes às do trabalho escravo.

Começavam aí os primeiros problemas no relacionamento entre Brasil e Itália. Mas, nessa medida, pode-se dizer que se inicia a cooperação com as características contemporâneas de formalização. Denunciado pelos imigrantes e, mesmo, refutado por segmentos importantes de cafeicultores o comportamento acima citado, o governo italiano se veria obrigado no início do século XX a desenvolver uma política emigratória, no que seria acompanhado pelo governo brasileiro no sentido de definir uma política imigratória. É assim que, tendo continuidade a imigração pelo Brasil, o país constituiu uma das maiores colônias de italianos fora da Itália.

Isto poderia ter dado o início a um processo aprofundado e amplo de relacionamento entre os dois países. Contudo, como países “novos” e em contextos bastante diferenciados, suas histórias trilhariam caminhos diversos. Suas necessidades internas representadas, por exemplo, pela proclamação da República e pelo movimento de 1930 no Brasil e a ascensão do Fascismo na Itália, que poderiam vir a colocar os países nos mesmos campos, mas que por razões específicas os colocariam exatamente opostos no segundo grande conflito mundial, os manteriam em situação de afastamento durante longo tempo.

Assim é que no pós-guerra, ainda por razões pertinentes às suas especificidades históricas e geográficas, esses países, comprometidos com os processos de desenvolvimento, com todas as suas grandes oscilações no caso brasileiro, e de recuperação, no caso italiano, se mantiveram afastados até a

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estabilização econômica brasileira e a conclusão do processo de integração europeu com a decisiva participação da Itália e sua ascensão à condição de componente do G-7.

A partir, portanto, da década de 90 do século passado é que se retomariam de forma mais efetiva as relações entre o Brasil e a Itália e, nessa perspectiva, começaria a se desenvolver a cooperação institucionalizada entre ambos.

Como se observou anteriormente, essa cooperação tem apresentado resultados singelos, mas nem por isso sem importância. Sua tendência é crescer e a história das relações entre Brasil e Itália só pode concorrer para o sucesso de uma empreitada nesse sentido. Superando eventuais problemas gerados pontualmente por necessidades políticas internas desses países ou idiossincrasias de política externa, conforme os sinais emitidos pelo novo governo brasileiro, essa tendência se verá confirmada. Cabe, portanto, aos governos desses países, sem veleidades e com racionalidade e parcimônia darem cabo desse processo cujas possibilidades são praticamente infinitas.

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CAPÍTULO 10

O papel da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio de São Paulo nas relações internacionais Itália-Brasil

Francesco Paternò

As relações diplomáticas e políticas bilaterais entre o Brasil e a Itália possuem raízes já bem longínquas. Na verdade, remontam desde o período da proclamação do Reino da Itália, quando as condições socioeconômicas de subdesenvolvimento de várias regiões italianas incitaram dezenas de milhares de pessoas a saírem do país em busca de fortuna além do oceano, e o Brasil tinha se tornando uma meta possível, graças aos acordos com o Governo Brasileiro que precisava de uma nova mão-de-obra para substituir aquela dos escravos.

Nas cidades onde o desenvolvimento das indústrias tinha favorecido uma classe de empresários que, iniciando geralmente de atividades artesanais, demonstraram desenvoltura e capacidade de organização, a indiscutível habilidade dos imigrantes italianos teve a possibilidade de emergir e se afirmar.

E assim, na cidade de São Paulo, foi constituída a Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura (ITALCAM) que, há mais de um século, contribui para o desenvolvimento das relações bilaterais entre os dois países. Nasceu da iniciativa de um grupo de banqueiros, comerciantes e industriais italianos após uma sessão preparatória realizada na sede da Associação Comercial em março de 1902, na qual foi nomeada uma comissão organizadora composta pelos representantes de algumas empresas italianas.

A ITALCAM surgiu com a adesão de oitenta e três empresários e, em 16 de maio do mesmo ano elegeu-se o primeiro Conselho Diretivo, o Presidente, Sr. Giovanni Briccola e, como Presidente honorário, o Real Cônsul Geral da Itália. A primeira sede foi no edifício da Rua do Comércio, n. 25, hoje antigo centro da cidade de São Paulo.

Em 17 de maio de 1903, obteve o reconhecimento do Governo do Brasil como Entidade Jurídica e sucessivamente aquele oficial do Governo Italiano. Sua constituição atendeu a uma carência profundamente sentida pela coletividade, o desenvolvimento industrial realmente estava no início e o comércio de importação da Itália em plena atividade. Havia, portanto, a necessidade de ter um organismo que fosse capaz de tutelar os interesses comerciais italianos.

O desenvolvimento da indústria fez o consumo e o comércio de muitos produtos de origem italiana crescer e, portanto, a função da Câmara também mudou: de órgão associativo dos importadores locais transformou-se numa assessoria de colaboração para fins político-econômicos do Governo Italiano.

Em seguida, participou da elaboração dos Tratados de Comércio entre o Brasil e a Itália, assim como, das diversas ações realizadas em proteção dos

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colonos, da propaganda para a promoção do café brasileiro na Itália e da participação às Exposições de 1906, em Milão, e de 1911, em Turim.

Em 1994, com a abertura das fronteiras do comércio internacional, o intercâmbio Brasil-Itália aumentou significativamente. A ITALCAM também passava pelo seu processo de transformação: em abril do mesmo ano foi eleito como Presidente, Dr. Edoardo Pollastri, estimado empresário italiano que, graças aos seus méritos, foi reeleito. Hoje é uma figura de destaque na comunidade ítalo-brasileira ao desempenhar o papel de promotor das atividades da Câmara e da integração bilateral. Além disso, também é Conselheiro Diretivo da Assocamerestero (Associação das Câmaras Italianas no Mundo) e Coordenador de Área das Câmaras de Comércio Italianas do Mercosul.

Com reconhecida eficiência e prestígio a ITALCAM, em 2011, completa 109 anos em pleno desenvolvimento. Atualmente conta com quase 900 associados, e é a única Câmara de Comércio Italiana no Exterior (CCIE) com mais de 70 Delegados na área de sua jurisdição. Dentro de sua estrutura atuam “Desks” de Milão, de Turim, das Regiões do Veneto e da Emilia-Romagna, além da ENIT – Agência Nacional do Turismo Italiano.

Por isso, exerce uma função de grande centralidade como incentivadora da intensificação do comércio bilateral. Seu papel característico, assim como, seu enraizamento se manifestam, no Brasil, graças aos seus associados e, na Itália, mediante a sua história. Tudo isso permite à Câmara ter uma alma dupla, única entre as instituições no Brasil.

A Câmara realiza uma atividade que contempla um extenso raio de ações: missões, feiras, intermediações de negócios, promoção do Made in Italy e da Itália em geral, e todas aquelas atividades que tradicionalmente fazem parte do programa de trabalho das CCIE, todas com o propósito de dar mais visibilidade às empresas italianas no exterior e fornecer a elas um suporte adequado para que possam atuar em um ambiente competitivo com instrumentos e conhecimentos adequados.

As atividades que uma Câmara pode, ou melhor, deve com a graduação necessária, ser capaz de desenvolver, se traduzem – transferindo-as para a realidade quotidiana – naquelas que são suas funções específicas. Sua enunciação serve, ao mesmo tempo, para definir suas conotações como instituição prestadora de serviços. Em outras palavras, quaisquer que sejam as atividades que realiza (das mais simples às mais articuladas, das mais repetitivas às mais frequentes), a CCIE funciona como “fornecedora” ou como “intermediadora” de serviços. Isso também explica a possibilidade de troca dos termos, desde o momento que a descrição das “atividades” seja evocativa às “funções” e, que ambas fluam no conceito de “serviços”.

Referindo-se, consequentemente, aos conteúdos das atividades de uma CCIE, elas podem ser agrupadas conforme três modalidades diferentes, às quais correspondem outras tantas “capacidades”: de “resposta”, de “iniciativa” e de “proposta”.

A primeira, evidentemente, diz respeito à “demanda” de serviços e baseia-se na capacidade de corresponder às expectativas de quem, espontaneamente, procura a Câmara.

A segunda refere-se às iniciativas que uma CCIE pode assumir sem que seus serviços sejam solicitados, criando, dessa forma, os pressupostos dos

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quais a “demanda” surge (entre as tantas, por exemplo, na difusão das “oportunidades comerciais”).

Enfim, a terceira está relacionada à capacidade de se impor como ponto de referência nos assuntos da “business community” e das instâncias públicas (atividade de lobbying), mas também como “centro” elaborador e difusor de análises, projetos e propostas, capaz de contribuir para o debate permanente sobre os assuntos da economia e dos intercâmbios.

No atual cenário econômico, aqueles que possuem mais relevância e pontos de contato com a atividade das CCIE e das empresas são, sem dúvida, a Representação Diplomática, o Ministério para as Atividades Produtivas e as Instituições Promocionais Italianas.

Ciente da necessidade de ter que crescer e diversificar ainda mais as próprias áreas de atividade, cumprindo, portanto, todas as funções específicas de uma CCIE, aquela de São Paulo, consequentemente, preparou um programa ambicioso, cheio de iniciativas e novos projetos voltados a inovar as metodologias de trabalho e a ocupar um espaço cada vez mais relevante no contexto econômico, político, cultural e social no qual atua. Tais projetos tendem a considerar a informação cultural como elemento propedêutico às relações econômicas, comerciais e industriais.

Nos anos passados, a ITALCAM realizou projetos que determinaram o estudo de setores modernos e o aprofundamento de novos conhecimentos. Um deles, realizado em 2005, foi o “Integratec”, iniciativa focalizada no encontro entre empresas e empresários com o intuito de facilitar a integração dos negócios entre a Itália e o Brasil e de colocar em contato os B.I.C. (Business Innovation Center) italianos com as “Incubadoras” brasileiras.

Outro projeto foi o “Carbontrade”, cuja missão era desenvolver uma full immersion sobre as temáticas do mercado de crédito de carbono a nível institucional e comercial.

Já a ação “Portos Italianos” tinha o objetivo de realizar um estudo sobre o intercâmbio comercial entre as áreas da América do Sul e do Leste da Europa, mediante o desenvolvimento de atividades promocionais a favor dos portos italianos.

Algumas das atividades promovidas pela ITALCAM, como aquela da Dieta Mediterrânea, realizada anualmente desde 2002, tiveram e até hoje têm como finalidade a promoção de produtos agro-alimentares italianos, assim como, de sua cultura gastronômica no Brasil, por meio da apresentação dos hábitos culinários e do estilo de vida italiano.

Também vale destacar o projeto relativo ao “Cinema”, com a realização de vários eventos para favorecer o intercâmbio cultural e comercial no setor cinematográfico entre Brasil e Itália, graças a ações que incentivam futuras coproduções e negócios a serem realizados em ambos os países.

Com o plano “Uma Âncora Italiana no Brasil”, a Câmara tem a intenção de facilitar a internacionalização de PMEs italianas colocando à disposição um Desk que tenha domiciliação, recursos, pesquisas preliminares de mercado para avaliar as possibilidades reais de introdução de produtos ou serviços de empresas italianas no Brasil, antes de enfrentar a burocracia e os custos da criação de uma própria sucursal ou filial no exterior. O objetivo é propor à PME italiana know-how, segurança e praticidade, oferecendo a colaboração e o patrimônio de conhecimentos da ITALCAM. Na prática, “incubando” a empresa

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italiana até quando a mesma tenha conhecimentos suficientes para decidir se quer começar com os próprios meios.

O projeto de rede “Franchising in America Latina”, realizado em 2010, nasceu da dinamicidade do setor em forte crescimento em todos os países do continente Sulamericano e, das possibilidades de inserção das redes italianas, que também despertou o interesse da Assofranchising da Itália. O objetivo foi desenvolver relações com associações nacionais e promover contatos para a conclusão de acordos com empresas italianas para começar a atuar com sucesso no mercado latino-americano.

Também se realizou uma ação ligada ao setor agroalimentar, com atenção especial “à conservação, ao packaging e ao marketing de produtos alimentícios”. Dada a excelência italiana no setor, tal iniciativa, também realizada em rede, promoveu produtos italianos, especialmente em relação ao segmento da embalagem, extremamente importante para a proteção e conservação, o transporte e a difusão dos produtos mediante um design capaz de atrair a atenção do consumidor. A finalidade era colocar em contato produtores e possíveis buyer para incentivar a troca de tecnologia e know-how entre Itália e a América Latina, considerando que o alto padrão qualitativo italiano e a experiência maturada nesse campo atendem eficazmente às crescentes exigências do mercado.

Grande atenção também é dada aos “serviços comerciais” que incluem as atividades tradicionais de assistência aos interessados: missões da Itália e para a Itália, participação em feiras italianas e brasileiras e atividades de apoio de natureza variada aos empresários. O principal escopo é incentivar as PMEs italianas a considerar o Brasil como destino privilegiado para a internacionalização.

O projeto “Conheça a Itália sem sair de São Paulo”, que se realizará de Outubro de 2011 até Junho de 2012, inclui a elaboração de roteiros turísticos na cidade de São Paulo. Tais itinerários enfatizarão a presença italiana na arte, na arquitetura e na gastronomia. Essa atividade divulga a cultura italiana por meio do estímulo ao turismo na cidade de São Paulo.

O setor ambiental também é tema de profundo interesse da ITALCAM. Graças ao projeto “Desenvolvimento Sustentável Bilateral”, se deseja favorecer a difusão de uma cultura de Green Economy, isto é, de baixa intensidade de carbono e altamente eficiente do ponto de vista do uso de recursos naturais.

Do mesmo modo, “a orientação ao trabalho para os jovens” foi abordada pela Câmara que realizou uma ação voltada ao desenvolvimento do conhecimento dos instrumentos a favor de jovens em busca do primeiro emprego.

Portanto, a ITALCAM atua em muitas áreas, abrangendo problemáticas e setores que passam por questões relativas ao meio ambiente, à tecnologia e à esfera cultural. Não por acaso, a CCIE de São Paulo consta entre as mais antigas do mundo e, do alto de seus 109 anos de vida, deseja continuar estimulando as relações bilaterais e representando um exemplo da combinação de tradição com modernidade.

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CAPÍTULO 11

Câmara Ítalo - Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura de São Paulo

Nelson Destro Fragoso

Adiliana dos Santos Peres Introdução A câmara é uma associação sem fins lucrativos e está presente no Brasil

em oito estados, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Brasília, Goiás e Tocantins, chegando ao um total de setenta e cinco delegações em todo território nacional.

Esta instituição é composta de mais de novecentos sócios, que são compostos de empresas de pequeno, médio e grande porte, atuantes em todas as áreas da economia, também há uma parcela de participação de pessoas físicas.

As pequenas e médias empresas da Itália assim como no Brasil encontram diversas dificuldades de entrada no mercado internacional, custos, riscos, conhecimento de mercado, e muitas variáveis são causadoras destas dificuldades.

Dentro desta realidade, que não é algo novo no mercado mundial, se notou necessário a existência de uma instituição que ajudasse estas empresas em seu desenvolvimento de negócios. Neste contexto ocorreu a fundação da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria em 1902 por iniciativa de um grupo de banqueiros, comerciantes e industriais italianos, que perceberam a necessidade de um estreitamento das relações comerciais entre as empresas brasileiras e italianas.

Hoje esta câmara é considerada uma das dez mais importantes no cenário mundial e oferece a seus associados uma assessoria de negócios, visando proporcionar aos empresários italianos o apoio necessário para o desenvolvimento de suas atividades no Brasil, também proporcionando aos empresários brasileiros oportunidades de negócios com a Itália.

1. Missão A Câmara Ítalo Brasileira tem como finalidade cooperar para o

desenvolvimento das relações econômicas e culturais entre Brasil e Itália. Para o alcance dessa missão, se faz necessário o desenvolvimento de diversas atividades, em três grandes eixos de atuação: Área comercial, cultural e de consultoria:

a) Área Comercial – Atua promovendo eventos, seminários, missões comerciais, feiras, e propagandas que destacam os interesses comerciais da indústria, do artesanato e da agricultura.

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b) Área Cultural – Promove ações que ajudam na difusão e tutela de produtos italianos, promove a cultura e os valores italianos, a criatividade. Promovendo também publicação de revistas e boletins periódicos informativos, palestras e eventos.

c) Área de consultoria – Proporciona serviços de consultoria (legal, estratégica, fiscal, etc), sobre todas as normas que regem a relação entre os dois países, à disposição dos associados.

A Câmara também pode executar tarefas que lhes são solicitadas pelas autoridades diplomáticas italianas, e para que isso possa acontecer permitindo o desenvolvimento da comunidade italiana no Brasil colabora com entidades italianas no Brasil.

1.1 Serviços oferecidos pela Câmara 1.1.1 Assessoria de negócios Quando necessário os interessados solicitam à câmara e esta possibilita

o acesso de seus sócios a informações sobre leis e normas comerciais, industriais e agrícolas, dados econômicos, financeiros, lista de associações de categoria, entidades e operadores econômicos, divulgam oportunidades de negócios nos dois países, calendário das principais feiras brasileiras e italianas, guias catálogos, revistas e publicações diversas binacionais, o data-bank de empresas de importação e exportação e faz uma analise da viabilidade econômico-comercial dos negócios bilaterais.

1.1.2 Assessoria jurídica A Câmara possui uma assessoria jurídica para atender seus associados

quanto às normativas que regulamentam o intercambio entre os dois países, possuindo também uma relação de advogados e escritórios especializados que operam tanto no Brasil como na Itália.

1.1.3 Assessoria em Marketing

Por meio intermédio do departamento de marketing, os associados da câmara tem acesso a informações e podem divulgar suas empresas, serviços e/ou produtos. Para isso há diversas publicações e meios de divulgação.

Dentre essas publicações é possível citar a Revista Affari que é uma revista de negócios da Câmara, com edição trimestral e redação bilíngue, é dirigida aos associados e as principais instituições dos dois países; desta forma atingem uma grande parcela de interessados em negócios bilaterais. Outra publicação que cabe mencionar é o Anuário, este é um catálogo de consulta para quem têm interesse em realizar negócios bilaterais, nele há lista completa dos associados e um panorama geral da economia italiana e brasileira.

A empresa associada tem direito a três inserções na Revista Affari em formato - Boletim de Oportunidade, também tem sua ficha técnica publicada no site da Câmara, e tem a publicação no boletim on-line de apresentação do Desk/Empresa a todo mailing da Câmara.

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Também há a possibilidade de acesso a informações pelo site da Câmara, por boletins diversos, entre eles o boletim de apresentação dos novos associados, que como o nome já diz, tem o intuito de indicar quando novos associados entram para a Câmara e assim apresentá-los para a comunidade já presente. O mailing é outra ferramenta muito utilizada pelos associados para aproximação com futuros parceiros de negócios.

A Câmara também proporciona eventos e serviços especiais para os associados. Entre esses eventos cabe citar, missões comerciais e feiras, seminários e conferencias, intercâmbio entre representantes dos dois governos, das instituições e empresários e apoio e divulgação de eventos artísticos e culturais dos dois países.

Entre os serviços especiais oferecidos pela Câmara, o apoio a empresários dos dois países com informações detalhadas e o apoio e assistência a programas de investimentos são muito procurados. Também há a parceria com 102 Câmaras de comercio na Itália e setenta Câmaras italianas espalhadas por países no mundo todo. Podemos citar ainda o meeting entre empresários para o intercâmbio comercial e a cessão e aquisição de tecnologia entre os países.

Pesquisas de mercado, consultorias estratégicas, técnicas, administrativas e de investimentos, mais difusão de ofertas de bens e serviços e colaboração com tradução e intérpretes, são outros serviços oferecidos pela Câmara aos seus associados.

Seguem algumas publicações disponibilizadas aos associados:

a) Guias de Investimentos – Guia aos investimentos estrangeiros na Itália

O Guia de Investimentos é realizado em parceria com escritórios de

advocacia associados à Câmara de Comércio, Indústria e Agricoltura e está acessível no link dedicado no site ITALCAM.

Guia aos Investimentos Estrangeiros na Itália - 2010

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Guia aos Investimentos Estrangeiros na Itália - 2009

b) Manual de incentivos fiscais estaduais no Brasil do setore

ambiental Este manual é um facilitador para o associado italiano conseguir

entender os procedimentos fiscais no Brasil e assim conseguir usufruir as benesses oferecidas e também para evitar transtornos em caso de algum procedimento inadequado comercialmente falando.

1.1.4 Serviços de infra-estrutura A Câmara oferece alguns serviços de infra-estrutura para seus

associados conduzirem seus negócios com maior praticidade. São diversos serviços como um espaço na sede da Câmara, com telefone, arquivo e central de fotocopias, material de escritório, computador, impressora, acesso a internet e endereço com domínio da Câmara.

Além dessa estrutura de escritório completa, fornece um Assistente para suporte e orientação geral. Disponibiliza ainda um auditório com infra-estrutura completa para reuniões, palestras e coquetéis, com capacidade para 80 pessoas e equipamentos completos de multimídia. Também oferece uma hospedagem e traslado para um representante de empresa italiana e quatro dias em hotel quatro estrelas. Complementando esses serviços, há possibilidade de conseguir ingressos para visitas nas principais feiras, com vínculo ao setor de atuação da empresa.

A Câmara é composta por diversos comitês, segue uma lista deles, que podem ser compostos por membros associados que tenham capacidade técnica profissional de atuar nestas áreas:

Comitê Jurídico: poderão aderir todos os associados que exercem a

profissão de advogado e/ou escritórios de advocacia, como pessoa jurídica. Comitê Logístico: poderão aderir todos os associados interessados nas

atividades econômicas ligados a esse setor.

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Comitê do Meio Ambiente: poderão aderir pessoas físicas e jurídicas interessadas neste aspecto da vida social e empresarial.

Comitê de Desenvolvimento Econômico: poderão se associar

pessoas físicas e jurídicas interessadas no desenvolvimento econômico em geral e, especialmente, nas atividades da Tecnologia de Informação (TI) e da área de Agronegócios.

A adesão aos comitês é facultativa e podendo se associar em mais de um Comitê, conforme interesse e disponibilidade dos sócios.

1.1.5 Câmara Junior A Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria possui em sua

estrutura a Câmara Junior que busca abrir oportunidades profissionais para universitários, jovens empresários e futuros empreendedores. Suas ações são basicamente no sentido de desenvolver aperfeiçoamento cultural e profissional.

Uma de suas características mais importantes é o fortalecimento das relações entre os estudantes/profissionais brasileiros e italianos, com a realização de palestras, seminários e eventos.

A Câmara Júnior também tem como objetivo divulgar cursos de formação que são fruto de acordos entre a Câmara Ítalo-Brasileira, Universidades Italianas e Brasileiras e os Ministérios Italianos.

1.1.6 Centro Formativo da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio Em São Paulo, o centro formativo é um setor chave para qualificação

profissional de pessoal e de empresas num momento chave na relação destes dois países. Por meio deste centro a Câmara disponibiliza um conjunto de serviços de assistência com intuito de ajudar no crescimento e na competitividade, ajudando a dirimir problemas ligados a gestão de negócios.

Um dos objetivos do centro é descobrir oportunidades de mercado e tornar conhecidos procedimentos de gestão, fornecendo, para isso, suporte e serviços de tradução e intérprete e um banco de talentos.

1.2 Câmara de Arbitragem Empresarial A SP ARBITRAL é uma Associação Civil sem fins econômicos, dotada

de personalidade jurídica própria e tem como associadas além da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura de São Paulo, as seguintes entidades: Associação dos Peritos Judiciais do Estado de São Paulo, a Federação dos Contabilistas do Estado de São Paulo e o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo.

A Câmara de Arbitragem Empresarial de São Paulo é um órgão arbitral institucional e sua principal função é administrar e monitorar procedimentos de medição e arbitragem de questões empresariais.

A Câmara de Comercio Ítalo - Brasileira é um dos órgãos responsáveis em manter viva a ligação familiar entre esses dois países. Incentivando os negócios entre estes países a Câmara incentiva uma aliança seria e respeitosa e um desenvolvimento com equilíbrio e parceria.

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