Introdução à Psicologia

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INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA

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Uma introdução geral ao estudo da psicologia como base para a psicologia cristã

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  • INTRODUO

    PSICOLOGIA

  • FACULDADE TEOLGICA NACIONAL

    APRESENTAO DO MATERIAL

    O material aqui presente tem como objetivo introduzir a aprendizagem dos discentes,

    anexando contedos livres no material, para enriquecimento dos mesmos.

    O contedo aqui apresentado possui dados legais, no dispondo, assim, de autor ou

    autores prprios.

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    INTRODUO

    A disciplina de Psicologia de fundamental importncia para o futuro profissional das

    Cincias Humanas e Sociais, uma vez que fornece informaes importantes sobre as

    caractersticas do humano, levando compreenso ampla, profunda e dinmica dos

    aspectos tanto individuais quanto inter-relacionais do homem. Estudando Psicologia

    Geral, possvel vislumbrar um caminho bem-humorado s nossas caractersticas

    humanas e tornar mais apreensveis e compreensveis muitos dos nossos estranhamentos

    cotidianos, no mundo das relaes pessoais, sociais, entre outras.

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    Sumrio PEQUENA HISTRIA DA PSCIOLOGIA .................................................................................................... 5

    ABORDAGENS DA PSICOLOGIA ............................................................................................................. 7

    COMPORTAMENTO ............................................................................................................................... 8

    PSICOLOGIA CIENTFICA ...................................................................................................................... 10

    TCNICAS PSICOLGICAS .................................................................................................................... 12

    PROCESSO DE APRENDIZAGEM .......................................................................................................... 14

    GESTALT .............................................................................................................................................. 20

    REFERNCIA

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    CAPTULO 1

    PEQUENA HISTRIA DA PSCIOLOGIA

    O termo foi criado em 1550, por Melanchton, enquanto lecionava na

    Universidade de Wittenberg, na Alemanha, sendo que psique, proveniente do grego,

    significa alma e logos, proveniente do latim, significa estudo.

    No nosso cotidiano, muitas vezes, vivenciamos a ocorrncia de um manancial

    de crenas bem populares, algumas receitas psicolgicas de gente que no frequenta o

    meio acadmico, cientfico, mas que consegue se aproximar de algumas verdades, em

    variados meios, lanando mo de palpites, quase todos para ajudar os outros, ao que

    chamam de melhores das intenes. Ser mesmo que possumos um mix de loucura e

    de magia, de mdicos e de insanos? Qual a verdade, se que h apenas uma verdade

    em tudo o que ouvimos, vemos, sentimos, percebemos, palpitamos, entre outras

    experincias dos viveres existenciais? De certo modo, podemos constatar certo domnio

    popular em questes usuais, nas quais o acmulo de experincias passadas soma

    aprendizado e passado de gerao a gerao.

    Essa a psicologia do senso comum, mas que fique, a partir dos estudos mais

    intensos e interessados das Psicologias, bastante esclarecido que se trata apenas de uma

    sabedoria popular, cultural, bem diferente do que vero na cientificidade da Psicologia

    o que a pequena histria dessa importante cincia desvendar.

    O conhecimento espontneo da realidade (uma viso de mundo) bastante

    diferente da complexidade inerente e consistente da Psicologia Cientfica. O estudante

    necessitar munir-se de amplos conhecimentos psicolgicos para poder discernir e no

    mais cometer o erro do leigo, mesmo que este seja revelador, como muitas vezes pode

    mesmo ser (sabedorias populares).

    Todo senso comum simplista, reducionista e jamais revelador de vicissitudes

    reais, nos campos das subjetividades e objetividades, as quais so necessariamente

    focadas pela Psicologia Cientfica, considerando-se mltiplos fatores (determinantes e/ou

    no). Nem mesmo o avano cientfico capaz de esgotar as possibilidades e encontrar

    compreenso precisa para todos os limites, ainda existentes no mundo moderno.

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    Por um lado, existe o conhecimento que se aprofunda e se desdobra, mas por

    outro, um abismo, um grande mistrio. Eis o desafio, no limite tnue dessa navalha, em

    que somente a humildade do aprendiz, no bom cuidado do conhecimento contnuo, pode

    e deve cultivar.

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    CAPTULO 2

    ABORDAGENS DA PSICOLOGIA

    A Psicologia como cincia vai se configurando em diferentes concepes, com

    as seguintes abordagens:

    O funcionalismo, de William James (1842- 1910): corrente americana para a

    qual importa responder o que fazem e por que fazem os homens, na qual a conscincia

    surge como centro das preocupaes e da compreenso dos funcionamentos, de acordo

    com as necessidades humanas de adaptao ao meio ambiente (pragmatismo americano

    a servio do desenvolvimento econmico da poca);

    O estruturalismo, de Edward Titchner (1867-1927): tal qual o funcionalismo,

    ocupou-se com a compreenso da conscincia, porm com enfoque aos aspectos mais

    intrnsecos, ou seja, mais estruturais do sistema nervoso central, utilizando o mtodo

    introspectivo para a observao experiencial em laboratrio;

    O associacionismo, de Edward L. Thorndike (1874-1949): basicamente

    formulou a primeira abordagem da aprendizagem para a Psicologia, na qual o processo

    se daria das associaes entre ideias simples at as mais complexas entre os contedos.

    Thorndike formulou uma lei comportamentalista em que a repetio do comportamento

    humano e animal dar-se-ia at o ponto do efeito (recompensa; exemplo: elogio para o

    bom feito infantil), o que permitia a observao da aprendizagem bem-sucedida; ou o

    contrrio, como um efeito ativador da suspenso do comportamento (o castigo; exemplo:

    o olhar severo do pai em resposta ao ato inadequado da criana). Essa lei ficou conhecida

    como: Lei do Efeito.

    Todas essas abordagens anteriormente descritas vo dar estruturao e

    embasamento cientfico preciosos para o que viria a ser as Psicologias mais

    contemporneas (Behaviorismo, Gestalt e Psicanlise, abordagens que veremos com

    maior destaque no transcorrer da disciplina).

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    CAPTULO 3

    COMPORTAMENTO

    A Psicologia estuda o comportamento, os processos mentais, a experincia

    humana e, de um modo especial, a personalidade. Com tcnicas metdicas prprias, a

    Psicologia procura no s descobrir novos fatos, nessas reas, mas tenta tambm medi-

    los. A cincia um instrumento de conhecimento, de controle e de medida dos fatos. ,

    a um tempo, conhecimento e poder, por dar a explicao adequada e permitir tanta

    previso quanto controle.

    Pelo fato de se poder aplicar, na prtica, muitos de seus conhecimentos, confere

    poder a quem os aplica. O mtodo cientfico algo simples, mas no uma atividade que

    se apresenta espontaneamente. Para ser utilizado, preciso que a pessoa esteja predisposta

    ou treinada. Por exemplo, as experincias de Galileu estudando a queda dos corpos (que

    est na origem da Fsica tradicional) poderiam ter sido feitas no Egito Antigo, nas

    Muralhas de Creta ou em qualquer perodo da Grcia ou de Roma.

    O esprito da poca, contudo, no predispunha as pessoas para essa atividade

    mais rigorosa do saber. O mtodo cientfico pode ser empregado para a descoberta tanto

    de grandes quanto de simples fatos da vida ou da cincia. A maneira mais eficiente de se

    chegar s causas de um fenmeno utilizar o mtodo cientfico.

    So os seguintes os passos desse mtodo:

    Identificao do problema (observao do fenmeno a pesquisar);

    Antecedentes histricos;

    Formulao de uma hiptese que explique o fenmeno. Esta serve para

    orientar o trabalho da pesquisa e , ao mesmo tempo, uma garantia de

    objetividade. Toda experimentao tem como objetivo ver como a

    hiptese se manifesta;

    Experimentao da hiptese;

    Comprovao da hiptese;

    Comunicao dos resultados para conhecimento do mundo cientfico;

    Anlise estatstica;

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    Concluses;

    Sugestes para nova pesquisa;

    Crtica.

    Portanto, a tarefa dos cientistas consiste em criar teorias que viabilizem nveis

    comprovadamente vlidos, para garantir rigor aos aspectos e variveis analisados,

    conforme dita o mtodo cientfico. Assim, podemos pensar em formas de anlise do

    comportamento humano.

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    CAPTULO 4

    PSICOLOGIA CIENTFICA

    Os autores costumam dividir os mtodos usados pelos psiclogos em trs

    grandes grupos:

    Introspeco ou mtodo de observao interna;

    Extrospeco ou mtodo de observao externa;

    Experimentao.

    A introspeco um mtodo subjetivo de observao interior. A pessoa observa

    suas prprias experincias e as relata (a pessoa relata suas emoes, percepes,

    interesses, recordaes etc.). Um exemplo: aumentamos nosso conhecimento da mente

    humana lendo dirios ntimos, autobiografias ou memrias.

    Imaginamos que as pessoas foram sinceras ao descrever seus sentimentos,

    emoes, recordaes etc., mas no o podemos provar. Para estudar certos traos de

    personalidade, os psiclogos tm pedido s pessoas que respondam a um questionrio.

    Para esse fim, os indivduos tero que observar seu ntimo e dar suas respostas as quais

    iro revelar aos psiclogos seus interesses, emoes, preferncias etc.

    Para estudar o raciocnio, o psiclogo Claparde imaginou um mtodo que

    chamou de reflexo falada: deu um problema a um jovem e pediu a este que o resolvesse

    e fosse, ao mesmo tempo, descrevendo em voz alta o seu pensamento.

    Embora seja impossvel verificar se as pessoas foram corretas ao relatarem seus

    fenmenos ntimos, a introspeco tem sido usada para colher informaes que no

    possam ser obtidas de nenhuma outra maneira. Porm, a introspeco no pode ser

    empregada no estudo de animais, de crianas muito novas, de dbeis mentais etc. J a

    extrospeco um mtodo objetivo de observao externa.

    O psiclogo procura conhecer as reaes externas dos organismos. Ao observar,

    por exemplo, uma pessoa, procura conhecer seu modo de agir, seus gestos, suas

    expresses fisionmicas, suas realizaes etc. Sempre que possvel, os psiclogos do

    preferncia extrospeco e procuram torn-la mais exata, usando aparelhos para melhor

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    documentar suas observaes: mquinas fotogrficas e de filmar, cronmetros,

    gravadores de som etc. A experimentao consiste em um observador controlando a

    situao e verificando os diferentes nveis de reaes do sujeito.

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    CAPTULO 5

    TCNICAS PSICOLGICAS

    As tcnicas psicolgicas mais utilizadas so:

    Animais em laboratrio: a observao de animais em situaes controladas

    facilita a compreenso do comportamento das aprendizagens. Os animais mais utilizados

    so: ces, ratos, pombos, gatos e macacos;

    Tcnica da medida do tempo de reao: esse tempo medido em fraes de

    segundo, por cronmetros. Esse tempo varia de pessoa para pessoa e de grande

    importncia para provas de aptido para determinadas profisses como: motoristas,

    profissionais de mdia, aviao, entre outros;

    Tcnica das associaes determinadas: essa tcnica foi introduzida pelo

    psiclogo suo Carl Gustav Jung. Consiste em ler para o paciente, uma a uma, as palavras

    de uma lista, pedindo-lhe que a cada palavra ouvida diga tudo que lhe venha mente,

    mesmo que lhe parea estranho e absurdo. Essa tcnica possibilita traar um tipo

    psicolgico do paciente;

    Tcnica da associao livre: utilizada por Sigmund Freud, que foi o fundador da

    Psicanlise. O psicanalista sugere um assunto e deixa que o pensamento flua, na livre

    associao de ideias que o paciente faz, de acordo com o seu histrico pessoal;

    Tcnica de grupos de controle: essa tcnica consiste na comparao de dois ou

    mais grupos semelhantes, tratados de modo igual, em todos os aspectos da atividade, com

    exceo de um o aspecto que est sendo estudado. Imagine que todas as crianas de

    uma creche passaram por uma experincia de ataque de cachorros e desenvolveram medo.

    Essa tcnica poderia ser aplicada de modo a controlar esse medo, apresentando um filme

    no qual aparecessem crianas acariciando cachorros dceis e, assim, fazendo

    paulatinamente diminuir o medo de cachorros;

    Tcnica de comparao de gmeos: consiste em comparar dois gmeos idnticos

    ou univitelinos. Essa tcnica tem sido muito empregada para prever a influncia da

    hereditariedade e do ambiente no desenvolvimento da inteligncia e da personalidade, de

    modo geral;

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    Tcnicas projetivas: so atividades propostas pelos psiclogos nas quais as

    pessoas so convidadas a expressarem seus ntimos.

    a) Hermann Rorschach elaborou um teste de borres, com dez cartes, revelando

    traos significativos da personalidade, como nvel de inteligncia, extroverso ou

    introverso, conflitos emocionais etc.;

    b) Henry D. Murray criou o TAT, conhecido como teste de apercepo temtica,

    em que existem 20 quadros que remontam a contos, nos quais a criana pode elaborar a

    sua prpria histria, baseada em fatores de sua psicodinmica pessoal e familiar;

    c) anlise do brinquedo: Melanie Klein encontrou muita dificuldade para estudar

    a causa dos problemas emocionais apresentados pelas crianas e resolveu observar o

    modo como as crianas brincavam, por meio de brinquedos, baseando-se na compreenso

    de seus vocabulrios ao expressarem o que vinha pelas mentes e formas de construes

    de brincadeiras, assim como no tipo de brinquedos escolhidos, mais comumente; a

    ludoterapia passou a ser uma forma teraputica para auxiliar a cura da criana pelo

    brinquedo;

    d) anlise do desenho: o desenho da figura humana, da casa e da rvore, so os

    mais utilizados, revelando interesses, autoimagem, conflitos emocionais, nvel

    intelectual, entre outros fatores, muito utilizados em empresas;

    e) testes psicolgicos: de inteligncia, de conhecimentos gerais e/ou especficos,

    nos quais se observa o tipo de resposta dada e o desempenho, medindo aptides dos

    indivduos (muito utilizados em seleo de pessoal).

    Em Psicologia Clnica, estuda-se o comportamento de uma nica pessoa,

    visando ajud-la em seu ajustamento. feito um estudo do caso, procurando compreender

    as principais foras e influncias que orientaram o desenvolvimento dessa pessoa. Esse

    estudo consiste em vrias fases, entre as quais: investigar o tipo de vida da pessoa; as

    condies sociais em que ela vive; aplicar testes de interesses, de aptides, de inteligncia

    geral, de maturidade emocional, de sociabilidade, de traos de personalidade; e fazer seu

    levantamento biogrfico. Aps esse estudo, surge o diagnstico do problema dessa

    pessoa, recomendada uma teraputica e o caso acompanhado por um supervisor,

    por algum tempo. A observao de casos particulares permite descobrir algumas

    caractersticas comuns a muitas pessoas.

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    CAPTULO 6

    PROCESSO DE APRENDIZAGEM

    Todas as correntes filosficas e cientficas das Psicologias, de forma geral,

    enfocam a questo da predisposio humana para o crescimento ajustativo para com o

    seu meio ambiente. Existe uma forte tendncia a acreditar na fora criadora das

    capacidades neurais para suplantar as dificuldades mais variadas, pois a inteligncia

    humana, at hoje, ainda no foi totalmente disponibilizada, para atingir todo o seu cume

    e capacidade total de funcionamento, conforme comprovam os neurocientistas mais

    debruados em anlises humanas/sociais.

    Um famoso psiclogo, Jean Piaget (1896- 1980), desenvolveu uma importante

    teoria para compreender o desenvolvimento cognitivo, por meio do trabalho que

    acompanhava crianas, e classificou a aprendizagem a partir de estgios, tais como:

    a) sensrio-motor (nfase na importncia da estimulao ambiental, at os 18

    meses);

    b) pr-operacional (nfase na intuio, em que o sentido o desenvolvimento

    das capacidades mais simblicas das crianas, dos 18 meses at os seis anos de idade);

    c) operaes concretas (nfase nas opera- es mentais e no uso do pensamento

    lgico estruturado com as aes e situaes reais, dos sete aos 11 anos);

    d) operaes formais (nfase no pensamento complexo, articulado e hipottico-

    dedutivo, envolvendo a imaginao mais rica e intuio, aps os 12 anos de idade). Piaget

    fomentou inmeras pesquisas, contribuindo vastamente para posteriores investigaes de

    seus inmeros seguidores. Possibilitou a compreenso dos processos atrelados s

    aprendizagens no mundo do trabalho, uma vez que podemos observar que as dificuldades

    do indivduo sempre se reportam s fases anteriores, caso estas tenham sido vivenciadas

    com lacunas e falhas, dependendo tanto da maturao cognitiva quanto da qualidade e

    quantidade das estimulaes do meio ambiente.

    Os diferentes enfoques para as aprendizagens

    Os comportamentalistas acreditam na aprendizagem condicionada; os

    gestaltistas nas relaes dinmicas dos contatos humanos internos e externos; j os

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    psicanalistas acreditam na viabilizao de um maximizado acesso ao inconsciente, sendo

    que este armazena o manancial criativo e faz com que a conscincia emancipe o seu

    dispositivo maior para aprender o mundo tanto interior quanto exterior.

    Com Piaget, assim como com outros importantes psicoterapeutas, as Psicologias

    foram angariando novas vertentes e constatando em testes, pesquisas e experimentos, os

    inmeros atributos das capacidades individuais e grupais para as aprendizagens, tanto

    especficas quanto generalizadas, do potencial humano.

    A Inteligncia Humana

    Fatores hereditrios e adquiridos formam e transformam a inteligncia humana

    sob e sobre toda a interatividade que j estamos acostumados a verificar em nossas

    relaes humanas. Para os psiclogos contemporneos, fatores racionais e emocionais so

    determinantes da evoluda inteligncia, assim como fatores atitudinais e inter-relacionais.

    Inteligncia racional (QI)

    Binet, Simon e Stern, em 1912, pesquisaram o quociente de inteligncia

    mediante uma escala que media a capacidade do conhecimento de crianas comparando

    as idades cronolgicas. Assim sendo, catalogaram diferentes medidas para as

    inteligncias (at a atualidade so muito utilizadas essas escalas para medio de QI).

    Consideram o QI saudvel dentro dos parmetros 90-120, sendo que variaes para baixo

    ou para cima estariam relacionadas com defasagens/incapacidades e, por outro lado,

    genialidades/alta capacitao de expanso pessoal. Pesquisas e testes de QI em muito

    facilitam a seleo de pessoal para as organizaes, desde a era industrial at a atualidade,

    pois vivemos em um mundo globalizado e de forte tendncia competitiva, fazendo-se

    necessrios os instrumentos prticos de medio de recursos para os conhecimentos

    especficos e gerais da inteligncia humana.

    Inteligncia emocional (QE)

    Daniel Goleman (1995) traz o conceito de sincronia emocional e nos atenta para

    as questes das deficincias das conscientizaes dos sentires, to vastamente

    ignoradas por outras correntes das Psicologias. Por meio de experimentos ricos e

    complexos, tal ideia nos remonta para a integrao de uma inteligncia emocional e

    racional, na qual haja o contnuo alinhamento da rede neural com todos os mbitos

    emocionais. Goleman foi o criador do termo QE e revolucionou a viso fragmentada da

    inteligncia, trazendo uma concepo de ampliada e inquietante constatao de que o

    controle emocional depender sempre de uma profunda e intensa capacidade de se dar

    conta do que se sente, sem que isso implique em atuar o sentimento concomitantemente

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    no meio, na situao vivida. Para o autor, o sequestro emocional seria uma ao

    inadequada do indivduo, comprovando a sua incapacidade de lidar com a emoo

    percebida, ou seja, a inconscincia de um sentimento levando a uma ao inadequada ao

    contexto. Essa viso da inteligncia explicou o porqu de pessoas com QI elevados no

    serem as mais bem-sucedidas profissionalmente, por possurem genialidades outras e no

    emocionais e relacionais. Suponhamos que um profissional de criao, em uma reunio

    em que esteja apresentando a sua campanha seja tomado por um forte sentimento de ira

    e resolva agir de forma grosseira e agressiva, ocasionando a perda da conta de um

    importante cliente para a sua agncia. Com certeza, esse episdio dramtico seria um

    tpico sequestro emocional, tpico de quem no lida bem com as prprias emoes,

    mantendo-as sob controle consciente e ajustativo, conforme exige cada situao das

    vivncias que se apresentam no dia a dia.

    Inteligncias mltiplas e atitudinais Howard Gardner, nos anos 60, foi um

    importante pesquisador e trouxe a contribuio de uma teoria que identificou diferentes

    inteligncias:

    a) lgico-matemtica: smbolos numricos e lineares;

    b) lingustica: smbolos ligados s letras, palavras, assim como expresses da

    mesma pela palavra e suas manifestaes;

    c) espacial: ligada aos aspectos mais fsicos de contextualizaes;

    d) musical: ligada aos sons, desde a emisso at elaboraes mais avanadas;

    e) intrapessoal: que diz respeito s capacidades de autoconhecimento e controle

    emocional;

    f) interpessoal: que dita as habilidades de relacionamentos com as outras

    pessoas, de forma madura, responsvel, tica e assertiva.

    Para Gardner, quanto mais as pessoas puderem investir no somente em

    maximizar suas potencialidades, como tambm em potencializar suas limitaes, mais e

    mais estaro aptas para desenvolverem em plenitude suas totais e genricas aptides

    cognitivas/emocionais. Em outras palavras, o ser inteligente atual e contemporneo

    aquele que vive a sua inteligncia de maneira mltipla, de acordo com os sistemas em

    que se insere, uma vez que o mundo est cada vez mais criativo, diferenciado e solicitando

    inmeras capacidades de ajustamentos variados e crescentes.

    Para os cognitivistas, [...] o processo de organizao das informaes e de

    integrao do material estrutura do pensar e refletir, armazenar e processar, integrar aos

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    processos conscientes o que melhor conceitua a aprendizagem. Esta abordagem

    diferencia a aprendizagem mecnica da aprendizagem significativa:

    a) aprendizagem mecnica refere-se aprendizagem de novas informaes com

    pouca ou nenhuma associao com conceitos j existentes na estrutura cognitiva. O

    conhecimento assim adquirido fica arbitrariamente distribudo na estrutura cognitiva, sem

    se ligar a conceitos especficos (ex: decorar um texto);

    b) aprendizagem significativa: processa-se quando um novo contedo (ideias ou

    informaes) relaciona-se com conceitos relevantes, claros e disponveis na estrutura

    cognitiva, sendo assim assimilado por ela. Estes conceitos disponveis so os pontos de

    ancoragem para a aprendizagem. (BOCK, 1996, p. 117-118).

    Um exemplo dessa ltima forma de aprendizagem: voc integra e aprende o

    conceito que pode viver na vida real e no se esquece mais do valor significativo da teoria,

    graas experincia cognitiva aprendida. E isso se aplica em diversas reas, com

    diferentes pessoas, dos pequenos at grandes grupos. A inteligncia , sem dvida, uma

    das qualidades humanas mais desejveis. Cada cientista, ao longo da histria e de suas

    pesquisas, revelam a inteligncia, sob e entre diferenciados aspectos. Desde Plato,

    pensar a inteligncia, por si s, j uma representao bastante satisfatria dela, pois o

    exerccio um indicativo de capacidade reflexiva e pensante.

    O que mais caracteriza o ato inteligente o fato de utilizar vrios elementos da

    situao de maneira original ou criativamente nova. No fundo, em todo ato inteligente h

    uma pequena descoberta, a estrutura da inteligncia:

    a) cognio: na soluo de um problema ou situao difcil, preciso, em

    primeiro lugar, reconhecer os elementos disponveis e constitutivos da situao (essa

    operao a cognio = conhecer, do latim);

    b) memria: alm de levantar os dados do problema, preciso ret-los na

    memria ou evocar outros elementos para o processamento da soluo (reter e evocar so

    funes da memria);

    c) produo convergente: uma forma de atividade intelectual que processa os

    elementos mentais de conformidade com os padres convencionais (exemplo: seguir

    manuais de orientaes nas organizaes, criteriosamente);

    d) produo divergente: uma forma de atividade intelectual que processa os

    elementos mentais de modo no convencional; as descobertas e invenes so produtos

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    divergentes, no convencionais da mente, so originalidades expressivas do ato singular

    de se criar, dando um salto qualitativo nas dimenses que convergem;

    e) avaliao: uma forma de atividade mental em que a mente elabora pesos e

    valores diferentes, julgando a respeito da correo, adequao, desejabilidade, melhor

    convenincia. Quando um supervisor ou coordenador est avaliando mentalmente, est

    processando elementos mentais que so valores, pesos, reaes comportamentais

    adequadas etc. Em todo processo decisrio, cada informao tem uma relevncia e um

    peso prprios. Nem todos os elementos se apresentam com o mesmo valor; um ato tpico

    de avaliao.

    As atividades da mente s existem sobre determinados contedos; ningum

    pensa a respeito de nada. O pensamento consiste em elaborar, processar mentalmente

    algum contedo. claro que podemos raciocinar sobre inmeras coisas. H um nmero

    infinito de assuntos sobre os quais podemos pensar. Contudo, Guilford, psiclogo

    americano, reduziu-os a quatro categorias:

    a) contedos figurativos: elementos concretos num espao limitado (inteligncia

    espacial, concreta e mecnica);

    b) contedos simblicos: inteligncia numrica, musical ou de qualquer outro

    elemento simblico;

    c) contedos semnticos: inteligncia mais verbal (oradores, professores,

    escritores, filsofos);

    d) contedos comportamentais: inteligncia social baseada em atitudes, formas

    de proceder, ao, padro de aes das pessoas, formas altamente criativas para lidar com

    elementos comportamentais (exemplo: profissionais das publicidades e marketing

    necessitam dessas qualificaes para melhor exercerem suas funes).

    Essncia da aprendizagem e da inteligncia

    O que est no cerne do comportamento inteligente? Para alguns psiclogos, a

    nfase est no pensamento abstrato e no raciocnio, e, para outros, o foco est nas

    capacidades que possibilitam a aprendizagem e a acumulao de conhecimentos. Existem

    correntes que enfatizam a competncia social: se as pessoas conseguem resolver os

    problemas apresentados por sua cultura. E na poca atual, os psiclogos no sabem sequer

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    se h um nico fator geral (normalmente chamado de G, inicial de geral) do qual

    dependam todas as habilidades cognitivas.

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    CAPTULO 7

    GESTALT Tendo seu bero na Europa, surge como uma negao da fragmentao das aes

    e processos humanos, realizada pelas tendncias da Psicologia Cientfica do sculo XIX,

    postulando a necessidade de se compreender o homem como uma totalidade dinmica e

    processual, sendo, assim, uma abordagem de cunho existencial, humanstica e sistmica

    de fundamental importncia para a compreenso da complexidade humana.

    A palavra Gestalt no possui traduo exata, mas representa configurao,

    forma e em um primeiro momento, na Alemanha, mais especificamente com os

    psiclogos Max Wertheimer, Christian von Ehrenfels, Wolfgang Kohler e Kurt Koffka

    adquire importncia em uma sociedade pautada, naquela poca, por concepes

    puramente racionais, cognitivas ou com nfase em aspectos puramente inconscientes.

    Com esses pesquisadores, volta a promover a importncia de uma viso de

    homem e de mundo mais fenomnica, integrada e contextualizada, tal como as exigncias

    mais correntes demandavam. Basicamente, a Psicologia da Gestalt tratou a princpio dos

    fatores atrelados s percepes humanas e suas manifestaes tanto internas quanto

    externas, trazendo a contribuio de enfatizar que a relao do indivduo com o meio era

    o fator de maior impacto, o que mereceria anlise e compreenso e que tambm traria a

    constatao da unicidade e da universalidade, fatores fundamentais dessa abordagem.

    Kurt Lewin (1890-1947) trabalhou 10 anos com os gestaltistas e elaborou a sua famosa

    teoria de campo, sendo que esta se reporta s crenas de que todo indivduo somente pode

    ser compreendido se estivermos focando todo o ambiente onde ele est envolvido e,

    principalmente, como ele est se relacionando em seu campo (as suas crenas, valores,

    necessidades e limitaes).

    Para Lewin, o indivduo no pode ser compreendido de forma linear, rgida, fixa,

    mas, sim, dinmica, processual e contextual. Os gestaltistas foram ampliando as pesquisas

    relacionadas s percepes e organizaes humanas, percebendo que os elementos

    biopsicossociais estavam sempre atuando de forma sistmica e variando de acordo com a

    singularidade de cada pessoa e ambincia envolvida. Outro psiclogo surgiu desse

    movimento, Fritz Perls, tendo sido um marco para o que viria a ser a Gestalt-terapia que

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    FACULDADE TEOLGICA NACIONAL

    conhecemos na atualidade. Para Perls, todo comportamento a melhor resposta que um

    indivduo pode dar num determinado momento e apenas o presente capaz de faz-lo

    atualizar-se e promover o ajustamento criativo que lhe dar a satisfao imediata, para

    que uma nova necessidade ressurja no campo interno e externo, sucessivamente.

    Para Perls, somente existia o presente e como o indivduo agia era o fator mais

    fundamental para a compreenso de seu modo de estar sendo transformado,

    processualmente. Essa viso traz uma maior positividade e liberdade na perspectiva que

    o mundo da poca tinha do carter humano e social, o que sem dvida agregou inmeros

    desenvolvimentos e pesquisas para as Cincias Humanas e Sociais da poca.

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    REFERNCIA

    Mrcia Lilla