ISSN 1984 GERENCIAMENTO DO RELACIONAMENTO COM O … · crítica do CRM e sua implantação e um...
Transcript of ISSN 1984 GERENCIAMENTO DO RELACIONAMENTO COM O … · crítica do CRM e sua implantação e um...
GERENCIAMENTO DO
RELACIONAMENTO COM O CLIENTE -
UMA APLICAÇÃO DO CRM EM UMA
INDÚSTRIA METAL-MECÂNICA
Felipe Eugênio Kich Gontijo (UDESC)
Thiago Souza Araújo (UNIDAVI)
Bruno Zanoello (UDESC)
Alexandre Magno de Paula Dias (UDESC)
O presente trabalho propõe uma aplicação do CRM Customer
Relationship Management em uma indústria metal-mecânica, com o
objetivo de orientar os procedimentos operacionais na área comercial,
em especial atendimento ao cliente. Para isso foi abordado o conceito
de marketing de relacionamento, que convergiu para uma estratégia de
gerenciamento, bem como para a elaboração de procedimentos
administrativos operacionais. O trabalho enfatiza ainda a questão da
diferenciação baseada em uma metodologia denominada Perfil
Mercadológico por Quadrantes. A metodologia propõe uma
segmentação visando a identificação, diferenciação, dos clientes de
maior valor, maior valor potencial e outros para então aplicação de
uma estratégia de interação e personalização através de pacotes de
serviços para cada grupo identificado. O resultado final é uma visão
crítica do CRM e sua implantação e um estudo de caso prático de
aplicação do CRM, o que possivelmente pode ser usado como
referência em empresas de outros setores.
Palavras-chaves: CRM, Marketing de relacionamento.
5, 6 e 7 de Agosto de 2010 ISSN 1984-9354
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
2
1. INTRODUÇÃO
A diferenciação pela qualidade do produto deixou de ser uma vantagem competitiva
substancial para a obtenção de sucesso junto ao mercado consumidor, sendo evidente a
necessidade da oferta de um serviço diferenciado para atuar num mercado competitivo.
Percebe-se a necessidade de diferenciação no atendimento ao cliente em meio à globalização
da concorrência. A crescente busca das empresas para fortalecer as relações com seus clientes
trazem a necessidade de implantar sistemas de gestão do relacionamento com o cliente.
Contudo, embora a qualidade não seja um diferencial, ela passa a ser uma exigência de
um mercado cada vez mais globalizado. Desta forma, com um efeito causal de duas vias, de
1990 para os dias atuais, o estudo de gestão de empresas projetou muito o conceito de
padronização. Em particular, por servir de base para os sistemas de qualidade (TQC – Total
Quality Control) e a normalização (ISO 9.000 e outras). Podemos enfatizar a importância da
normalização, pela obtenção de indicadores (indicadores de produtividade, de qualidade, de
custos, ambientais, etc.). Dessa forma os sistemas baseados no TQC tiveram uma intensa
padronização de suas operações.
O conceito de padronização de operações que se propunha no TQC mostrou resultados
relevantes na área de fabricação por exemplo. Outras áreas, como a finanças também teve
bons resultados. Mas em algumas áreas foram encontradas dificuldades na aplicação. Muito
se discutiu e se desenvolveu em qualidade de serviço e de atendimento ao cliente, sem chegar
a um senso comum.
A idéia de padronização no atendimento ao cliente se mostrou limitada, pelo simples
fato de que um cliente não é igual ao outro, não se pode pensar em oferecer um mesmo
serviço para clientes diferentes que tem características e anseios diferentes. Por ser uma área
estratégica, que representa o ponto final de escoamento da produção se justifica um estudo
mais apurado de como tratar de modo diferente os diferentes clientes.
Antes de apresentar um método, um procedimento de atendimento, se fez necessário
conhecer os clientes e suas características e potenciais. Isso pode ser entendido como uma
segmentação para uma posterior definição do procedimento de atendimento. Um dos
conceitos que trata o assunto é o CRM, Customer Relationship Management ou Gerência do
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
3
Relacionamento com Clientes, que propõe uma classificação dos clientes, tendo em vista suas
características e potencialidade de consumo.
2. MARKETING DE RELACIONAMENTO
Marketing de relacionamento refere-se ao trabalho de marketing voltado para a cadeia
de relacionamento com clientes e fornecedores. Significa construir e sustentar a base dos
relacionamentos de clientes, coincidindo na integração dos mesmos com a empresa, desde o
projeto, desenvolvimento de processos industriais e de vendas. De maneira geral, consiste em
uma estratégia de negócios que visa construir relacionamentos duradouros entre a organização
e seus clientes, o que contribui para o aumento do desempenho desta estratégia e para
resultados sustentáveis.
O contexto de administrar o relacionamento com o cliente serve para que a empresa
adquira vantagem competitiva e se destaque perante a concorrência. O objetivo maior torna-se
manter o cliente através da confiança, credibilidade e a sensação de segurança transmitida
pela organização. Porém é importante destacar que o diferencial consiste no uso que se faz
com as informações levantadas pelo sistema. Personalizar o atendimento de maneira fria ou
invasiva é um suicídio mercadológico. A diretriz de sucesso na utilização eficaz do CRM é
assertividade e sensação de proximidade, pró-atividade sem invasão. Um bom exemplo é a
ligação perguntando para quando gostaria de agendar a revisão do automóvel adquirido há
seis meses. A invasão de privacidade é quando se liga oferecendo itens opcionais que não
foram solicitados. É uma linha tênue. E pode se tornar um desastre, caso o serviço oferecido
já tenha sido realizado e o sistema foi falho ao fornecer a informação, por qualquer que seja a
razão.
As empresas pequenas, que tem uma grande carteira de clientes e/ou um baixo volume
de produção tem mais facilidade em conduzir a gestão do Marketing de Relacionamento.
Percebe-se que, com o aumento do volume de produção e numero de clientes, a
personalização no atendimento vai se tornando de difícil gerenciamento, principalmente para
empresas grandes, com grandes carteiras de clientes e grandes volumes de produção, onde a
individualização se torna inviável. Para manter um baixo custo e minimizar o esforço de
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
4
gerenciamento o contato com o consumidor acaba se tornando distante e mecanizado. , o que
pode ser evitado mediante um uso adequado de um bom sistema de CRM.
Com as novas tecnologias de informática, todo o armazenamento de informações
sobre os clientes e consumidores ficou facilitado, possibilitando um atendimento mais
personalizado. Atualmente, as informações que as empresas têm sobre seus clientes, seus
concorrentes e sobre o mercado em que atuam são seu principal diferencial competitivo.
Assim, a adoção desses conceitos pode trazer uma série de benefícios, tais como:
o aumento da retenção e lealdade do cliente – os clientes estabelecem
relacionamentos de longo prazo com a empresa, comprando mais e com mais
freqüência e uma maior lucratividade por cliente, em função dos custos menores para
atrair clientes e;
a redução do custo de venda uma vez que os clientes já existentes
reagem melhor ao marketing.
É preciso entender que a disponibilidade de informações sobre o cliente pode ser um
fator de competitividade entre as empresas. Conhecendo melhor seu cliente a empresa tem
mais condições de obter resultados favoráveis para fidelização do mesmo, lança-se assim o
objetivo de se estabelecer um processo de retenção de informações sobre clientes.
3. AS QUATRO ETAPAS IDIP
Cobra (1997, p. 17) coloca que a chave para o sucesso da empresa com o seu mercado
está relacionada a excelência em seu produto. Para atingir o nível de excelência o autor coloca
que são necessárias a competência, criatividade, atender a expectativa do consumidor e estar
atento aos concorrentes. Nesta busca pela excelência junto ao mercado consumidor, conhecer
as necessidades e expectativas do cliente atual e dos potenciais clientes é o caminho correto.
Um instrumento que auxilia a gestão deste processo é a o IDIP. IDIP é a sigla para quatro
etapas para formalizar a gestão de relacionamento com o cliente. As etapas são constituídas de
Identificação, Diferenciação, Interação e Personalização. São etapas seqüenciais, mas que
podem acontecer simultaneamente. O importante é criar um ciclo interativo que consolide o
CRM.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
5
3.1. IDENTIFICAR
O primeiro passo para o relacionamento com os clientes é identificar cada um deles.
Esta identificação consiste em conhecer sua identidade, como ele prefere ser contatado, quais
foram suas reclamações ou sugestões, o que ele costuma comprar, o que comprou apenas uma
vez. Enfim, conhecer cada cliente e sua história de forma individual. É importante salientar
que a identificação também é necessária para que a empresa saiba quem são os clientes de
maior valor, aqueles com quem realmente vale à pena manter um relacionamento.
O maior desafio ao obter tais informações é mantê-las disponíveis em todos os pontos
de contato com o cliente, ou seja, a empresa tem que identificar cada cliente e não apenas um
funcionário ou um departamento. Isso parece simples, mas o que acontece na grande maioria
das empresas são dados espalhados. O vendedor conhece o cliente, o setor financeiro sabe que
ele normalmente paga com atraso enquanto o marketing lhe oferece um produto que ele já
adquiriu.
Apesar de ser um grande desafio a identificação do cliente pela empresa é fator
primordial no estabelecimento do tratamento individual. A tecnologia pode exercer um papel
importante neste sentido.
Entretanto para as empresas, identificar quem são seus clientes muitas vezes impõe
dificuldades, uma vez que eles não gostam de fornecer informações pessoais quando estão ao
telefone ou ao acessarem um site na internet, pois temem o uso indevido das informações ou
até mesmo que passem a receber centenas de malas-direta e e-mails com ofertas de produtos.
Ao mesmo tempo, não querem repetir suas informações todas as vezes que falam com um
atendente ou que acessam um site. Portanto é primordial a criação de um banco de dados com
as informações dos clientes
O armazenamento dos dados dos clientes deverá seguir os seguintes tópicos:
História e transações;
Receita e lucratividade;
Reclamações;
Canal de comunicação preferido;
Momento da vida;
Valor real, potencial e estratégico;
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
6
Potencial de crescimento;
Riscos.
A disponibilidade destes dados deve ser a todos os pontos de contato com o cliente de
maneira que não o façam repetir o que já disse outrora.
Após a etapa de identificação é fundamental diferenciar os clientes e saber quais
realmente vale estabelecer uma relação de aprendizado.
3.2. DIFERENCIAR
O objetivo da diferenciação de clientes é encontrar os clientes de maior valor (CMV) e
os clientes de maior potencial (CMP); para que com esses clientes seja desenvolvida a relação
de aprendizado. Os clientes são diferentes para a empresa, assim, dois parâmetros para essa
diferenciação são estabelecidos; a diferenciação por valor e a diferenciação por necessidade.
Para Peppers e Rogers (2001, p. 32) “os clientes são diferentes para a empresa em seu
valor e em suas necessidades”. Para diferenciar os clientes de acordo com seu valor, eles
devem ser expressos em termos de lucratividade, pois Peppers e Rogers (2000, p. 32)
acreditam que “o valor real do cliente é simplesmente a soma de toda a lucratividade gerada
pelo cliente em suas transações com a empresa e os negócios gerados por sua referência”.
Eles conceituam também o valor estratégico do cliente, que é um tipo de valor menos tangível
e não deve ser medido, mas interpretado. Deve-se levar em conta tanto o potencial de compra
do cliente quanto sua colaboração com a empresa em termos de reclamações e sugestões.
A diferenciação por valor acontece sempre pensando em toda a lucratividade do
cliente obtida ao longo de sua história transacional na empresa, estes dados geralmente estão
armazenados nos sistemas contábeis da empresa. Devemos sempre exprimir estes valores com
base em termos de lucratividade. Dentro da diferenciação por valor existe o valor potencial de
cada cliente que possivelmente poderá ser atingido, este mais difícil de ser medido, pois
envolve dados externos.
Porém ele existe e deve ser medido. Uma forma objetiva de medi-lo é saber quantas
vezes o cliente comprou do concorrente ao mesmo tempo. Evidente que se o cliente compra
da empresa e do concorrente ao mesmo tempo ele tem um potencial a ser desenvolvido, sendo
assim possível determinar a nossa participação em seu potencial de compra. No valor
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
7
potencial também existem outras variáveis possíveis de serem exploradas como a colaboração
do cliente com a empresa apresentando reclamações, sugestões. Estes clientes possuem um
valor distinto dos clientes que são apenas passivos, fator que poderá ser usado a medida que
formos estreitando o relacionamento.
A diferenciação por necessidades exprime a oportunidade de participação no cliente
mediante o conhecimento de suas necessidades, ou seja, quanto maior o número de
necessidades conhecidas, maior o wallet-share. Podemos entender então que quanto maior o
conhecimento das necessidades do cliente maior valor a empresa passa a ter para ele, que
descobrir novas necessidades é descobrir novas oportunidades.
Com a diferenciação, podemos estabelecer quatro grupos de clientes (PEPPERS &
ROGERS, 2001):
Os Clientes Mais Valiosos (CMV) devem ser conservados e
segmentados para que suas necessidades sejam atendidas através de relacionamentos
duradouros.
Os Clientes de Maior Potencial (CMP) necessitam de tratamento
distinto para melhorar a lucratividade. Estes clientes devem ser desenvolvidos através
de incentivos.
Os clientes migrantes devem ser trabalhados de forma a tornarem-se
fiéis, mas a empresa deve tomar o cuidado para que seu custo operacional não supere
sua lucratividade. Estes clientes podem ser segmentados geograficamente.
Já os clientes “Below Zeros” devem ser atendidos, mas devem pagar o
valor real dos serviços prestados. Tais clientes não devem ser incentivados.
3.3. INTERAGIR
Uma vez tendo sido descobertos os clientes de maior valor e os clientes de maior
potencial, a empresa deve incentivá-los a interagir com ela, permitindo que ambos se
conheçam cada vez mais. O principal objetivo da empresa com estes clientes deve ser
desenvolver uma “relação de aprendizado”. Assim, cada novo contato com o cliente deveria
começar exatamente do ponto em que parou a última interação. Em cada novo contato com o
cliente, a empresa deve objetivar, além da venda, conseguir uma nova informação.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
8
Para o sucesso dessa interação alguns fatores são colocados como essenciais, sempre
usar o canal de comunicação preferido do cliente e com a sua permissão. Também valem
ressaltar algumas dicas importantes:
Ter um objetivo claro;
Não solicitar informações já coletadas;
Segurança de transmitir valor no diálogo;
E a proteção de privacidade.
3.4. PERSONALIZAR
O grande problema que as empresas encontram é atender as necessidades de cada
cliente separadamente a custos baixos. A maneira de fazer isso é a chamada personalização
em massa, que permite criar uma variedade de produtos altamente específicos a partir de
componentes distintos ou módulos.
Mas a personalização é mais do que aplicar apenas atributos físicos. A entrega e o
pagamento do produto, a forma como cliente personaliza seu produto por meio do web site da
empresa, a forma como o Web site se apresenta aos distintos visitantes também são tipos de
personalização. Semelhantemente o suporte durante e pós venda que o call-center da empresa
oferece aos clientes pelos telefonemas também são poderosos instrumentos de diferenciação
quando preparados para atender e superar expectativas dos clientes. Neste sentido, os sistemas
de CRM são ferramentas que podem ser potencializadas com a criação de um ciclo de
personalização e feedback para que, cada vez mais, a empresa possa entender o cliente e
fornecer o que ele espera na forma como ele espera é essencial, assim como a transmissão da
mensagem da empresa através da forma preferida pelo cliente.
4. CRM – Customer Relationship Management
De acordo com Gartner Group apud Peppers and Rogers Group (2000), o “CRM é
uma estratégia de negócio voltada ao entendimento e à antecipação das necessidades dos
clientes atuais e potenciais de uma empresa. Do ponto de vista tecnológico, CRM envolve
capturar os dados do cliente ao longo de toda a experiência do cliente no contato com a
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
9
empresa, consolidar todos os dados capturados interna e externamente em um banco de dados
central, analisar os dados consolidados, distribuir os resultados dessa análise aos vários pontos
de contato com o cliente e usar essa informação ao interagir com o cliente através de qualquer
ponto de contato com a empresa.” (GARTNER GROUP apud PEPPERS and ROGERS
GROUP, 2000, p.35).
Bretzke (2000) acrescenta que o CRM é a integração entre o Marketing e a Tecnologia
de Informação, para prover a empresa de meios mais eficazes e integrados para atender,
reconhecer o cliente e cuidar dele em tempo real. E, conseqüentemente, transformar esses
dados em informações que, disseminadas pela organização, permitem que toda a empresa
conheça e tenha um contato mais assertivo com o cliente. Segundo Bretzke (2000), a captura e
armazenamento centralizado desses dados, num banco de dados de marketing, utilizando
tecnologia de informação avançada, permite conhecer o perfil do cliente, detectar as ameaças
e oportunidades sinalizadas por uma reclamação (ameaça), por um pedido de mais
informações (oportunidade), por um pedido acompanhado de uma referência ao diferencial de
um concorrente (ameaça), por uma insinuação de que o concorrente está prestando mais
serviços (ameaça) ou de que o cliente está inaugurando mais uma unidade produtiva
(oportunidade).
Bretzke (2000), ao concluir, destaca o fato de que o CRM permite sustentar a
vantagem competitiva pelo profundo conhecimento dos clientes atuais e potenciais, pela
sistematização de uma série de atividades de comunicação, dirigida e integrada, e pelo uso de
ferramentas tecnológicas e de marketing, na consecução dos objetivos do Marketing de
Relacionamento. Portanto, para a autora, a estratégia de CRM é um diferencial competitivo.
Peppard (2000) também ressalta o papel do CRM para o alcance e a sustentação da
vantagem competitiva. Conforme o autor, as empresas praticam o CRM usando informações
refinadas sobre os atuais e os potenciais clientes para antecipar suas respectivas necessidades
e responder a elas. Essas organizações estão mudando seus processos organizacionais e
construindo soluções de tecnologia que viabilizem adquirir novos clientes, reter os atuais e
maximizar-lhes o valor do ciclo de vida. Para o autor, o CRM deve tornar mais fácil a
negociação entre o cliente e a empresa.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
10
5. ABORDAGEM AO CRM E SUA DIFICULDADE DE IMPLEMENTAÇÃO
A implementação do conceito de CRM implica numa série de mudanças nas
organizações. Uma delas diz respeito à integração de áreas que no modelo convencional
costumavam trabalhar de forma independente, como os setores de atendimento, vendas e
marketing. Como a nova estratégia visa o estabelecimento de uma visão única do cliente, é
necessário treinamento interno e mudanças nos processos para que haja uma sinergia entre as
diferentes áreas da empresa. É essencial que o projeto de CRM contemple a integração de
todos os pontos de contato com o cliente (call center, sites na Internet, emails, informações
colhidas em campo pela força de vendas, entre outras), com os sistemas operacionais de
retaguarda da companhia (sistemas de gestão) e com as ferramentas de análise de dados.
Mas apenas contar com soluções tecnológicas não leva a melhores resultados. É
preciso que sejam utilizadas adequadamente e que haja uma mudança de foco. A tecnologia
permite não apenas acumular várias informações sobre o cliente, mas também a possibilidade
de reunir pessoas com características comuns num mesmo grupo. No entanto, cabe a decisão
de como utilizar essas informações de forma a trazer melhores resultados para a companhia.
Este é o ponto onde o fator humano faz a diferença: a estratégia e o uso da ferramenta com o
adequado preparo é que propicia a realização do seu potencial na prática. As estratégias de
uso do CRM podem variar de organização para organização, pois seus produtos, estruturas de
custos, mix de produtos, perfis de clientes possuem características únicas. Cada caso de
implantação é praticamente único. Mesmo em empresas que atuam em um mesmo setor
podem adotar estratégias diferentes e serem bem sucedidas trilhando caminhos diferentes.
Se houver uma estratégia de CRM, serão criadas ações específicas para aquele grupo
de clientes que trazem maior valor para a companhia ou para aqueles que possuem potencial
de se tornarem clientes rentáveis. Assim, está na capacidade dos profissionais de marketing da
cada empresa fazer com que as ações dêem retorno, que dêem certo. E isto geralmente não é
fácil. De nada adiante ter toda a tecnologia se a estratégia não for bem desenhada por estes
profissionais.
A área mais problemática para a implementação do CRM costuma ser a comercial.
Quanto mais o vendedor souber sobre o cliente, melhor será seu desempenho em termos de
vendas. No modelo tradicional, o vendedor não tinha esse registro histórico do
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
11
comportamento do cliente, mas apenas informações sobre as compras que ele havia efetuado
no mês anterior.
No entanto, o que vale para todas as áreas é que o principal ativo do vendedor é a sua
carteira de clientes. Quando se implanta CRM é preciso que o vendedor compartilhe com a
empresa as informações sobre seus clientes e isso pode gerar resistências na medida em que
ele se sente ameaçado. De posse das informações, , o cliente passa a integrar a carteira de
clientes da empresa, não mais a carteira de clientes do vendedor. O CRM destaca a
competência do bom vendedor, cuja simpatia é insubstituível por qualquer sistema. Porém
deixa com medo vendedores medíocres, a medida que o cliente não está mais em sua carteira,
e sim na carteira de clientes da empresa, já que esta passa a ser detentora de todas as
informações. Os bons vendedores ajudarão e potencializarão os resultados de mercado com a
utilização do CRM, os vendedores medíocres terão medo do CRM e podem dificultar o
processo de implantação.
Em muitos casos, a empresa é que terá que fazer algumas mudanças na forma como
cobra o desempenho de seus vendedores e de como os remunera, premiando qualidades
subjetivas como empatia, atenção, cordialidade, conhecimento dos produtos, fatores que
aliados ao uso adequado do CRM de acordo com a estratégia organizacional são elementos
essenciais de um caso de sucesso. Como se trata de uma estratégia que visa conhecer o
cliente, o vendedor não poderá mais ser remunerado apenas por atingir as metas de vendas
estipuladas, porque em algumas situações ele poderá não atingir essas metas, mas estará
trazendo para a organização informações importantes sobre os clientes. São mudanças que
precisam ser estudadas pelas empresas, de acordo com a sua área de atuação e estratégia
escolhida no período. O importante é que haja uma negociação com a força de venda nesse
sentido. Também é fundamental que a empresa saiba mostrar os benefícios que o vendedor
terá com o CRM como, por exemplo, o acesso ao banco de dados corporativo e a conseqüente
obtenção de informações detalhadas e on line sobre os produtos e serviços disponíveis, níveis
de estoques, prazos de entrega, etc. É necessário que a empresa deixe claro que haverá uma
troca de informações, de parte a parte, e também deve assegurar a transparência nesse
processo.
É, portanto, um relacionamento que deve ser construído ao longo do tempo. O mais
complexo é integrar os canais de comunicação direta com o cliente com os sistemas
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
12
corporativos para que as informações obtidas cheguem ao marketing e à área comercial, de
forma a que as analisem e as utilizem para criar novas ações. Nunca o ganho pode ser de uma
área apenas, mas de toda a companhia. A estratégia deve ser vivenciada por todos dentro da
organização. O maior problema e causa de grande resistência por parte das empresas refere-se
à integração dos sistemas, o que requer investimentos pesados e os resultados obtidos não são
imediatos. Um projeto de CRM demora ao menos um ano para começar a apresentar os
benefícios e precisa estar em constante evolução.
A implementação de estratégias de CRM não é simples. Para a maioria das empresas
significa realizar mudanças drásticas na forma de trabalhar internamente e de interagir com os
clientes. É algo que não se faz do dia para noite. Requer planejamento mais amplo, desde o
nível estratégico da empresa, o tático e operacional utilizando novas abordagens, dentre as
quais o uso do CRM. O envolvimento da alta direção e de todos os funcionários é
indispensável no processo. Toda a organização, e não apenas as áreas de marketing, venda e
atendimento, devem se preocupar com a coleta e armazenamento dos dados do cliente e ter a
exata consciência do papel que cumprem. Não é a tecnologia, por melhor que seja, que
constrói o relacionamento com os clientes, mas as pessoas envolvidas no processo. E este e o
ponto em questão que estamos falando: de pessoas, seres humanos. E é por essa razão que e
tão difícil fazer dar certo.
A teoria, embora relativamente simples, mostra-se complexa na prática porque não
existe uma fórmula padrão que se aplica a todas as empresas indistintamente. O envolvimento
deve ser da empresa como um todo.
Em outras palavras, exige o envolvimento da alta direção e do corpo executivo que
terão a missão de mobilizar a companhia para a implementação do projeto através do
estabelecimento de metas setoriais. Também exige muito treinamento dos funcionários para
que todos entendam o conceito e saibam utilizar adequadamente os novos recursos e
ferramentas tecnológicas implantadas. O CRM deve ser visto pelos funcionários como algo
que irá contribuir para melhorar e agilizar o seu trabalho de forma a que aceitem as mudanças
necessárias para o sucesso do projeto. Mudar a cultura da organização é um grande desafio e
se não for feita de forma adequada pode causar sérios traumas nas pessoas e trazer prejuízos
para a organização.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
13
6. AMOSTRA E METODOLOGIA
Para a realização deste trabalho inicialmente foi feita uma pesquisa bibliográfica sobre
o tema, seguindo-se de um estudo de caso das aplicações práticas do CRM em uma empresa
do setor metalúrgico localizada em Santa Catarina. A empresa é especializada na fabricação
de tubos de aço com costura e atua em diversos setores tais como construção civil,
serralherias, móveis de escritório, sucro-alcooleiro, implementos agrícolas, equipamentos de
ginástica e montadoras de automóveis. Podemos considerar que a carteira de clientes é
extensa e de grande diversividade. Este diversificado mix de produtos dificulta sua
administração, padronização de atendimentos, pois, além das diferentes demandas e
especificações, os clientes estão dispersos em distintas regiões do Brasil.
O estudo de caso caracteriza-se por uma análise profunda e exaustiva de um ou poucos
objetos. Há vantagens de estudos de caso realizados pela coleta de dados a partir da
observação participante é a oportunidade de se perceber a realidade do ponto de vista de
alguém que esteja envolvido com a área de aplicacao do estudo de caso, para proporcionar um
retrato acurado do fenômeno analisado. No entanto, a observação participante incorre no risco
de o pesquisador chegar a conclusões tendenciosas, por não ter a perspectiva imparcial de
observador externo (YIN, 2005).
Para se minimizar este risco e se obter construtos válidos a partir do estudo de caso,
foram utilizadas diversas fontes de dados além da observação direta participante. A pesquisa
utilizou-se de:
Relatórios dos projetos de implementação dos métodos do CRM;
Levantamentos de dados de volume da demanda, freqüência de pedido
e características dos clientes;
Entrevistas com os principais envolvidos nas implementações, em
especial da área comercial e atendimento ao cliente.
Para a coleta dos dados, foi elaborado um roteiro para conduzir a entrevista com os
representantes comerciais. É importante salientar que esta forma é apresentada por Aaker &
Day (1990), como mais adequada para ocasião, por permitir ao pesquisador explorar fatos e
atitudes não esperados e aprofundá-los. Através dessas questões, tem se o objetivo de
pesquisa, contemplar o estudo de caso real da recente implantação de uma ferramenta da
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
14
Gestão do Marketing de Relacionamento, denominadas como CRM, bem como esta afeta o
desempenho na empresa.
7. ESTUDO DE CASO
O estudo teve como objetivo geral reestruturar as carteiras de clientes, identificá-los e
separá-los de acordo com o seu valor para a empresa e seu potencial a ser explorado, interagir
com os mesmos para seu desenvolvimento e a aplicação de pacotes de serviços personalizados
para os clientes de maior valor.
Para a concepção do banco de dados, foram realizadas pesquisas sobre os temas
abordados, levantamento de informações definidas como “critérios de aderência”
apresentando uma pontuação para cada critério definido, além da pesquisa sobre a média do
volume faturado nos últimos seis meses dos clientes com compra.
Os clientes foram classificados de acordo com o seu ramo de atividade, identificados
pelo nome e código cadastrado no sistema e podendo ser separados pela representante
responsável pela sua carteira
Segmento
C
ódigo
Nome
(fictício)
Andaimes
3
461 Alfa
Antenas/Torres
4
384 Sigma
Auto Pecas
5
283 Omega
Maquinas
Agricolas
5
623 Zeta
Serralherias
7
433 Capa
Auto-Peças
8
016 Iota
Figura 1: Classificação de clientes de acordo com segmento de atuação.
Fonte: primária.
Cada segmento em questão será tratado em separado, pois definem setores de
empresas que tem características próprias, o que poderia trazer grande diferença se tratado em
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
15
um único conjunto, distanciando do objetivo maior que é trabalhar o marketing de
relacionamento e explorar de forma melhor as potencialidades de cada cliente e de cada setor.
Para apresentar um exemplo para esse estudo de caso, analisamos o segmento de
empresas de fabricação de andaimes.
O primeiro passo para a estruturação do sistema de classificação de clientes é o cálculo
do volume comprado pelo cliente. A empresa adota um horizonte de seis meses, considerando
as possíveis variações de demanda do mercado.
Tipo de aço Volume Negociado nos últimos 6 meses
Segmento Nome α β γ mar abr mai jun jul ago total potencial share %
Andaimes Alfa 2,70 2,69 - 0 14 0 24 0 0 38 100 38,00
Andaimes Beta 3,10 - 3,79 10 12 18 10 0 10 60 280 21,43
Andaimes Gama 2,90 2,70 3,72 10 10 10 10 5 10 55 300 18,33
Andaimes Delta 2,85 2,60 - 0 0 0 12 0 0 12 30 40,00
Andaimes Epsilon 3,10 2,82 - 0 6 5 3 7 8 29 150 19,33
Andaimes Lambda 3,10 2,85 - 2 2 2 2 0 2 10 11 90,91
Andaimes Stigma 3,10 3,40 6 6 6 8 6 6 38 40 95,00
Andaimes Téta - 2,60 3,60 0 0 8 0 0 0 8 22 36,36
Figura 2: Volume negociado e potencial de compra.
Fonte: primária
Os “critérios de aderência” são critérios subjetivos, desenvolvidos ao longo da rotina
de trabalho e constantemente revistos, até chegar a concepção atual. São portanto, critérios
empíricos que refletem valores da empresa em questão. Portanto, podem ser questionados
para aplicação em outros ambientes, sendo mostrados apresentados aqui para mera apreciação
As variações na demanda bem como o padrão de consumo de cada cliente podem ser
observados no gráfico 1:
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
16
0
10
20
30
40
50
60
70
80
mar abr mai jun jul ago
Téta
Stigma
Lambda
Epsilon
Delta
Gama
Beta
Alfa
Gráfico 1: Demanda por cliente.
Fonte: elaborado pelos autores com base em dados primários.
Com base nas informações observadas no gráfico torna-se intuitiva a segmentação dos
clientes. Vamos visualizar também em um gráfico o potencial de cada cliente e o marketshare
atual:
0
50
100
150
200
250
300
350
Stigma Lambda Delta Alfa Téta Beta Epsilon Gama
potencial
share %
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
17
Gráfico 2: Potencial e marketshare.
Fonte: elaborado pelos autores com base em dados primários.
Visualizando as informações é possível identificar quais são os clientes com potencial
de ampliar o consumo bem como aqueles que já possuem um elevado marketshare. São
informações básicas que já podem ser trabalhas. Contudo pode-se aprofundar a análise, e
respeitando o setor e especificidades do mercado em análise, pode-se então segmentar os
clientes a fim de adotar uma estratégia de marketing mais adequada. Para tal aprofundamento,
apresenta-se abaixo, em forma de tópicos, uma série de variáveis para as quais são atribuídas
uma pontuação específica mensurada de acordo com a importância para a empresa e tiveram
sua coleta efetuada no sistema operacional da companhia.
Preço de venda: Se o cliente traz boa margem de lucro, ou seja, se o
cliente traz rentabilidade nos produtos em que consome. No exemplo abaixo temos
uma três matérias-primas, aço-α, aço-β e aço-γ. Cada uma tem um preço limite
superior e um inferior por quilograma vendido. Acima do preço limite superior, 25
pontos. Entre os preços limites inferior e superior, 15 pontos. Abaixo do preço limite
inferior, 0 pontos
Preços A
ço-α
A
ço-β
A
ço-γ
Preço
limite superior
3
,05
2
,78
3
,77
Preço
limite inferior
2
,89
2
,65
3
,69
Figura 3: Preço por tipo de matéria-prima.
Fonte: primária.
Repetibilidade de compra: Caso tenha efetuado compra em seis vezes
em seis meses: 20 pontos; quatro e cinco vezes em seis meses: 15 pontos; três vezes
em seis meses: 10 pontos; menor que três vezes em seis meses sem pontuação.
Share no cliente ou participação no potencial de compra: entende-se
como a percentagem em que empresa atende determinado cliente em sua necessidade
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
18
total do produto. Exemplo: “cliente A” tem consumo mensal de 100 TON por mês de
um produto fabricado por nossa empresa e pelo concorrente, logo compra conosco 60
TON, então participamos de 60 % do seu potencial de compra. Esta pesquisa é
realizada mediante especulação com a pontuação sendo distribuída da seguinte
maneira: de 80% até 100% de share no cliente 20 pontos; de 50% até 79% soma 15
pontos e de 30% até 49% 5 pontos;
Fidelização: Se o cliente comprou cinco ou seis vezes em seis meses é
considerado fiel e soma 15 pontos.
Compra item especial: Cliente que compra item com ferramental
exclusivo, item com pouco fornecedor, narrativas técnicas especiais. Sim: 5 pontos,
caso contrário sem pontuação.
Compra mix: Caso compre os três produtos nos seis meses “MPα”,
“MPβ” e “MPγ”: 5 pontos. Dois itens: 2 pontos e um item: sem pontuação.
Compra de estoque: também referindo aos seis meses. Sim: 5 pontos,
não: sem pontuação e as vezes: 2 pontos.
Compra com antecedência: para clientes que estabelecem compra
mediante programação antecipada. Sim: 8 pontos. Não: sem pontuação e as vezes: 3
pontos.
Âncora da região: Volume de compra por região de atuação da
empresa, como a empresa dispõe de frete CIF, é pontuado pelo bom volume de
compra que facilita o transporte para sua região.
Segmento Código Nome (fictício) Tra
z b
oa m
arg
em
Co
mp
ra c
om
freq
uên
cia
Part
icip
aç
ão
no
po
ten
cia
l d
e
co
mp
ra
Co
nfi
a e
é f
iel
Co
mp
ra i
tem
esp
ecia
l
Co
mp
ra m
ix
Co
mp
ra d
e e
sto
qu
e
Co
mp
ra c
om
an
tec
ed
ên
cia
Ân
co
ra d
a r
eg
ião
To
tal
Andaimes 3461 Alfa 0 0 5 0 0 0 2 3 0 10
Andaimes 3927 Beta 25 15 0 10 5 0 2 0 2 59
Andaimes 4194 Gama 15 15 0 0 0 5 5 0 0 40
Andaimes 4620 Delta 0 0 5 0 5 2 0 0 0 12
Andaimes 5283 Epsilon 25 15 0 10 5 0 5 8 0 63
Andaimes 5923 Lambda 25 15 15 10 5 0 0 8 0 78
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
19
Andaimes 6032 Stigma 25 15 20 10 5 5 5 0 2 87
Andaimes 6923 Téta 0 0 5 0 5 0 0 8 0 18
Figura 4: Avaliação dos critérios de aderência.
Fonte: primária.
Para classificação dos clientes de acordo com a sua importância para a empresa foi
estabelecido um gráfico de dispersão X e Y com o volume faturado e pontuação obtida:
Segmento Código Nome Volume Aderência
Andaimes 3461 Alfa 38 10
Andaimes 3927 Beta 60 59
Andaimes 4194 Gama 55 40
Andaimes 4620 Delta 12 12
Andaimes 5283 Epsilon 29 63
Andaimes 5923 Lambda 10 78
Andaimes 6032 Stigma 38 87
Andaimes 6923 Téta 8 18
Figura 5: Quantificação de Volume e Aderência.
Fonte: primária.
Denominando de Perfil Mercadológico por Quadrantes a classificação do gráfico em
quatro quadrantes de acordo com a importância do cliente para a empresa. Onde a coordenada
(x) representa a pontuação e a coordenada (y) a média do volume faturado. Foram
denominados quadrantes de acordo com a pontuação, a mediana da coordenada (y) fica
estabelecida de acordo com a média potencial do mercado e a máxima de (y) estabelecida de
acordo com maior potencial de compra entre os clientes. No eixo (x) são somadas as
pontuações de acordo com os critérios de aderência anteriormente estabelecidos. Classifica-se
então os clientes nos quadrantes denominados Blindagem, Fidelização, Desenvolvimento,
Manutenção. Vide exemplo apresentado abaixo.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
20
Figura 6: Gráfico de Perfil Mercadológico por Quadrantes.
Fonte Primária.
Buscam-se através da identificação segmentar os clientes. O segundo passo
diferenciação é mensurado de acordos com os critérios acima estabelecidos determinado a
importância de cada quadrante nos tópicos abaixo:
Blindagem: Compreende os clientes com média de volume faturado nos
últimos seis meses superior a mediana estabelecida por segmento e com pontuação
superior aos 50 em um total de 100 pontos caracterizados nos critérios de aderência.
Fidelização: Trata-se da parcela de clientes com bom volume faturado
ficando acima da mediana de seu segmento, porém com baixa pontuação nos
critérios de aderência.
Desenvolvimento: Clientes com pontuação acima da mediana
estabelecida de 50 pontos, entretanto, com baixo volume de compra efetuado nos
últimos seis meses.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
21
Manutenção: Neste participam os clientes com volume e pontuação de
aderência abaixo da mediana estabelecida.
A partir deste levantamento do banco de dados, classificação e diferenciação de acordo
com os parâmetros estabelecidos utilizando os princípios do CRM e marketing de
relacionamento.
Classificação de Perfil Mercadológico por Quadrantes
TÉC
NIC
O
PACOTE DE SERVIÇOS manutenção desenvolvimento fidelização blindagem
workshop segmentado / palestras técnicas X X
palestrante com renome X X X X
visita a fábrica para acompanhar processos X X X
disponibilizar laboratórios para ensaios X X X
apoio em informações técnicas X X X X
interações entre Engenharias X X X
Disponibilizar Engenheiro Residente X
Dispor de soluções específicas de logística X X
Interações entre Sistemas de Qualidade X X X
REL
AC
ION
AM
EN
TO
Visitas Presidente X
Visitas Diretores X
Visitas Gestores X X
Visitas Gerentes X X X
CRM comercial X X
Brindes X X
Tabelas especiais de preços X
Matérias em revistas especializadas X X
Promover interação social com o cliente X
Cartão aniversário X X
Presente aniversário X
Cartão em datas especiais (Páscoa, Natal, etc) X X X X
divulgar notícias no site da fábrica X X
Figura 7: Pacotes de serviço de acordo com a segmentação.
Fonte Primária.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
22
Parte-se para a interação com a clientela de acordo com a sua classificação e
personalização dos clientes denominados “blindados”. Para estes dois últimos utiliza-se uma
política de pacotes de serviços adaptada para cada grupo identificado, podendo esta proposta
de personalização adequar-se a algum determinado grupo de clientes com características
semelhantes ou ser desenvolvida de acordo com a necessidade e importância de cada cliente
diferente.
Pretende-se com este tipo de atendimento, usando o IDIP (Identificar, diferenciar,
interagir, personalizar), uma melhor obtenção no resultado do relacionamento com o cliente.
Pois como antes já destacado, os clientes são diferentes e têm necessidades diferentes. Além
disto, a identificação do perfil do cliente de acordo com o critério de quadrantes facilita a
adoção de diretrizes e ações de marketing, que será definida de acordo com a estratégia da
empresa.
Entende-se que atender satisfatoriamente e reter clientes com a grande concorrência do
mercado só é possível com o auxilio da tecnologia e de mudanças organizacionais que
coloquem o cliente em primeiro lugar. Com esse pressuposto parte-se em busca de uma
estratégia que possibilite um melhor acompanhamento da carteira de clientes visando os
conceitos de CRM. O que temos observado em tema deste trabalho é o início do
desenvolvimento de uma metodologia na empresa, que através da identificação dos clientes,
diferenciação, tenta satisfazer os anseios dos clientes de maior valor e maior valor potencial
para empresa.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em detrimento do processo de massificação da produção que surgiu nos séculos
passados, o que antes era uma venda artesanal com a possibilidade da personalização do
produto passou a ser um produto encaixado em padrões definidos pelas empresas que os
empurravam ao mercado, de mesmo modo o processo de vendas que antes era pessoal passou
a ser impessoal. O marketing como os demais departamentos precisaram adequar-se as
mudanças ocorridas neste período. O crescimento das estruturas produtivas e a
comercialização em longa escala demandou novas formas de atendimento personalizado e de
identificação do perfil do mercado consumidor, e mais especificamente do cliente.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
23
Com o desenvolvimento tecnológico e as mudanças econômicas, as empresas
precisaram alterar seus formatos de negócios. O marketing de relacionamento é o caminho
para a nova era de relação das organizações produtivas com o mercado, o fenômeno da
personalização em massa.
Os aspectos organizacionais do relacionamento personalizado por meio da aplicação
do CRM satisfazem a atual necessidade das empresas de conhecerem melhor seus clientes,
atendendo suas potenciais expectativas da satisfação e conseqüentemente atingir a
rentabilidade para os clientes de maior valor em longo prazo.
Toda essa dinamicidade de fatores oportunizou a realização de um estudo da gestão do
relacionamento do cliente baseado nos princípios do marketing de relacionamento e CRM
com o objetivo geral de desenvolver procedimentos para o atendimento de clientes. Iniciando
com a revisão bibliográfica, não foram encontradas dificuldades na busca de material
acadêmico sobre os tópicos apresentados. Pode-se dizer que a produção acadêmica com
respaldo a marketing de relacionamento é extensa, entretanto, quando se trata do CRM –
Customer Relationship Management, este muitas vezes é apenas definido com um software e
não a aplicação de uma gestão de relacionamento das particularidades dos clientes.
Os outros fatores a serem atingidos como a análise do estado atual de
operacionalização da empresa e seus pontos críticos, concepção do banco de dados com
definição da estrutura de captação e definição dos indicadores a serem levantados foram
facilmente permitidos devido a observação diária das atividades. A composição do banco de
dados também obteve sucesso mediante disponibilidade das informações no ambiente de
trabalho. A proposta de modelo para o procedimento de serviço de atendimento ao cliente foi
desenvolvida com base na metodologia de Perfil Mercadológico de Quadrantes apresentada
anteriormente com base na segmentação da carteira de clientes e identificação e diferenciação
dos clientes por valor e conseqüentemente por mérito de atendimento.
Certamente no caso abordado a utilização do modelo facilita a tomada de decisões
quanto a adoção de táticas e operacionalização da estratégia de marketing escolhida pela
organização analisada. Observa-se um grande potencial com o início das atividades de
desenvolvimento desta gestão de relacionamento com clientes e como abordado anteriormente
acredita-se que o atendimento de resultados far-se-á em longo prazo.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
24
Atualmente a preleção de foco no cliente é um aspecto discutido com bastante
relevância nas empresas. Entretanto, foco no cliente vai muito além das palavras, faz-se
necessária imparcial dedicação da empresa, desde a alta administração até os funcionários da
linha de frente. E a ferramenta CRM deve ser encarada não como solução definitiva, mas
como um suporte a mais esta mudança organizacional.
REFERÊNCIAS
BRETZKE, M. (2000). Marketing de relacionamento e competição em tempo real com CRM
(Customer Relationship Management). São Paulo: Atlas.
COBRA, Marcos. Marketing básico: uma abordagem brasileira. 4. ed. -. São Paulo: Atlas,
1997.
KOTLER, Philip. Administração de Marketing: Análise, planejamento, Implementação e
Controle. São Paulo: Atlas, 5ª ed., 1998.
PEPPARD, J. (2000). Customer relationship management (CRM) in financial services.
European Management Journal. 2000, v.18, n.3, p. 312-327.
PEPPERS, D.; ROGERS, M. (2000). Um guia executivo para entender e implantar
estratégias de customer relationship management. São Paulo: Peppers & Rogers Group do
Brasil. (CRM Series Marketing 1To1).
PEPPERS, DON e MARTHA ROGERS, Ph.D. One to one B2B. Nova York,
Currency/Doubleday, 2001.