JA - ed. Dezembro 2010
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jornal abrantesde
Director ALVES JANA - MENSAL - Nº 5479 - ANO 111 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
DEZEMBRO2010 · Tel. 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Av. General Humberto Delgado - Ed. Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · [email protected]
boas festas páginas 4 a 7
A MARCA QUE SABE BEM
José Eduardo Carvalho, presidente da Nersant Prestes a abandonar o lugar, faz o balanço e avança com uma proposta polémica. página 3
ENTREVISTA
Tagus Valley já tem Plano Estratégico Elaborado pela equipa de Augusto Mateus, define as opções até 2020. página 14
PARQUE TECNOLÓGICO
Centro Novas Oportunidades entrega diplomasCNO da Escola Solano de Abreu reabre portas na vida de centenas de pessoas. página 16
ENSINO PARA ADULTOS
A marca Mação é uma aposta estratégica de desenvolvimento local de um concelho do interior, mas é também uma boa sugestão para este Natal. páginas 8 a 11
DEZEMBRO2010
jornaldeabrantes
2 abertura
FOTO DO MÊS
José SantanaAbrantes
Oferecia ao primeiro-mi-
nistro, José Sócrates, um
bilhete de avião para Chi-
na; ao ministro das fi nan-
ças, Teixeira dos Santos,
uma máquina de calcular
e à presidente da Câmara
de Abrantes, Maria do Céu
Albuquerque, um livro.
A quem ofereceria uma prenda de Natal?
SUGESTÕES
INQUÉRITO
Isilda RodriguesAbrantes
Ao vereador da oposi-
ção (PSD) da Câmara de
Abrantes, Leonardo Santana
Maia, um livro sobre política;
ao Presidente da República,
Aníbal Cavaco Silva, um es-
pelho para oferecer à sua
esposa e à pivô da SIC, Clara
de Sousa, um perfume com
um aroma quente.
Clara RealAbrantes
Uma vez que tenha uma
loja de lingerie, oferecia à
professora Isilda Jana uma
lingerie da Chantelle, ao
vereador da Câmara de
Abrantes, Manuel Valama-
tos, uns boxers da Armani e
a Joaquim Ribeiro, proprie-
tário da Farmácia Silva, o li-
vro “o Segredo”.
Isabel ColaçoAbrantes
Ao ex-presidente da Câma-
ra de Abrantes, Nelson Car-
valho, uma gravata do AFC,
ao José Alves Jana, director
do Jornal de Abrantes, um
barrete do Pai Natal e ao P.
José da Graça um cheque,
para ajudar o Centro de
Acolhimento de Crianças
em Risco no Rossio ao Sul
do Tejo.
EDITORIAL
Oxalá
SARA CATARINOIDADE 37 anos
RESIDÊNCIA Lisboa
PROFISSÃO Gestora
UMA POVOAÇÃO Baleal, peni-
che
UM CAFÉ Adamastor, Lisboa
UM BAR Lounge, Lisboa
UM PETISCO Conquilhas
UM RESTAURANTE Mezzaluna,
Lisboa
PRATO PREFERIDO Massas, de
todas as maneiras e feitios
UM LUGAR PARA PASSEAR À
beira mar
UM RECANTO PARA DESCO-BRIR Óbidos
UM DISCO Mellon Collie and
the Infi nite Sadness – Smashing
Pumpkins
UM FILME Cidade de Deus
UMA VIAGEM Maldivas
UM LEMA DE VIDA “Não dei-
xem nada por fazer, nem nada
por dizer” do António Feio
FICHA TÉCNICA
Director GeralJoaquim Duarte
DirectorAlves Jana (TE.756)
Sede: Av. General Humberto Delgado – Edf. Mira Rio,
Apartado 652204-909 Abrantes
Tel: 241 360 170 Fax: 241 360 179
E-mail: [email protected]
RedacçãoJerónimo Belo Jorge ([email protected]
Joana Margarida [email protected]
André Lopes
PublicidadeRita Duarte
(directora comercial)[email protected]
Miguel Ângelo [email protected]
Andreia [email protected]
Design gráfico e paginaçãoAntónio Vieira
ImpressãoImprejornal, S.A.
Rua Rodrigues Faria 103, 1300-501 Lisboa
Editora e proprietáriaJortejo, Lda.Apartado 355
2002 SANTARÉM Codex
GERÊNCIAFrancisco Santos,
Ângela Gil, Albertino Antunes
Departamento FinanceiroÂngela Gil (Direcção) Catarina Branquinho, Celeste Pereira,
Gabriela Alves e João [email protected]
MarketingPatricia Duarte (Direcção), Cata-
rina Fonseca e Catarina Silva. [email protected]
Recursos HumanosNuno Silva (Direcção)
Sónia [email protected]
Sistemas InformaçãoTiago Fidalgo (Direcção)
Hugo [email protected]
Tiragem 15.000 exemplaresDistribuição gratuitaDep. Legal 219397/04
Nº Registo no ICS: 124617Nº Contribuinte: 501636110
Sócios com mais de 10% de capital
Sojormedia 83%
jornal abrantesde
Abrantes, R. Actor Taborda. Se não era para “verter águas”, para que fi zeram as bicas?
ALVES JANA
Programas como “Ídolos” e “Ope-
ração Triunfo” têm um papel mui-
to mais importante do que parece
à primeira vista. Decorrem em horas
de grande audiência e “ensinam” coi-
sas importantes. Coisas que a escola
ainda não aprendeu a ensinar.
Que há uma diferença entre o que
tem qualidade e o que não tem. Que
a qualidade não se mede pela “mi-
nha opinião muito pessoal”, mas por
padrões que permitem um julga-
mento interpessoal. Que a qualidade
compensa, enquanto a falta de qua-
lidade condena. Que a qualidade re-
sulta do esforço, do trabalho metó-
dico, da aprendizagem apoiada por
professores de qualidade. Que o êxi-
to não depende só do que “eu” faço,
mas também do julgamento dos ou-
tros. Que é possível estar em com-
petição e ao mesmo tempo sermos
amigos e solidários. Que a qualidade
e êxito abrem portas e dão maior sa-
tisfação pessoal que a preguiça e o
“deixa andar”.
São lições da maior importân-
cia. Porque apontam num sen-
tido bem diferente daquele por
que temos caminhado - que não
nos trouxe a bom porto. Contudo,
os que se regem por outros valo-
res - sim, valores – estão a obter su-
cessos que gostaríamos que fossem
multiplicados e também fossem
nossos. Talvez nós, os mais velhos,
já não possamos aprender grandes
lições, porque pensamos que sabe-
mos tudo e não estamos disponíveis
para aprender. Nem sequer à custa
do nosso corpinho. Mas os mais no-
vos sabem que ninguém lhes vai dar
o que lhes prometeram de graça. E
vêem ali como é que se consegue
aquilo que mais se quer. Oxalá. E en-
tão será mais Natal.
jornaldeabrantes
à conversa 3
JOSÉ EDUARDO CARVALHO, PRESIDENTE DA NERSANT
“Somos parceiros para o desenvolvimento”JOANA MARGARIDA CARVALHO
Ao longo destes 15 anos de lide-rança quais foram os seus grandes desafi os?
O grande desafi o foi mudar, do
ponto de vista estratégico, a voca-
ção de uma associação empresarial.
A ideia foi fazer com que a associa-
ção se assumisse como agente de
desenvolvimento regional. Em se-
gundo lugar, tentar fazer perceber
na envolvente que não pode haver
desenvolvimento sem empresas e
que a função de um empresário é
essencial para o aumento da qua-
lidade de vida e desenvolvimen-
to de uma região. Há quinze anos
atrás, a função do empresário tinha
menos prestígio do que tem agora.
Uma das nossas missões foi dignifi -
car socialmente o seu papel. Em re-
sumo, estes foram os grandes de-
safi os, que foram superados.
Qual o balanço destes 15 anos de mandato?
Toda a gente costuma fazer ba-
lanços positivos do seu trabalho
(risos) Eu também penso que foi
positivo. As associações empresa-
riais trabalham no mercado asso-
ciativo e têm dois produtos para
vender: um é a prestação de ser-
viços e dinamização de projectos
para aumentar a competitividade
das empresas e da região; o segun-
do é formatar decisões públicas e
políticas. Actualmente ambas as si-
tuações se vendem mal.
Quanto ao primeiro produto, a
Nersant tem feito algumas coisas
interessantes, quanto ao segundo,
como trabalhamos em âmbito re-
gional e localizado, não consegui-
mos fazer coisas com grande sig-
nifi cado. É obvio que interagimos
com governos e entidades públi-
cas e damos o nosso contributo. Al-
gumas coisas se fi zeram no distrito
devido ao papel e ao peso econó-
mico e social que a Nersant adqui-
riu. Para ser mais preciso, neste mo-
mento a Nersant representa mais
de 95% do VAB (Valor Acrescenta-
do Bruto) criado do distrito.
Como é que as empresas associa-das à Nersant estão a viver a crise actual?
Com difi culdades… Desde 2008,
o ajustamento estrutural é tão for-
te que as empresas com maior de-
bilidade, que estavam com alguma
fragilidade do ponto de vista fi nan-
ceiro, foram as primeiras a cair. So-
breviveram as mais robustas.
Algumas empresas ainda estão
a cair porque no seu portfólio de
clientes encontram-se empresas
que estão falidas... Às vezes é uma
questão de sorte ter ou não ter esse
tipo de clientes. Neste momento,
com as restrições ao crédito e com
a grande contracção no mercado,
mesmo algumas empresas que es-
tão a sobreviver estão a passar por
difi culdades. Aliás, estamos todos
a passar por difi culdades.
O que se pode fazer para se sair da crise?
O diagnóstico está feito. O
país enfrenta um problema de
endividamento, de défi ce público
e de falta de competitividade entre
as empresas portuguesas. Só se sai
desta situação pagando as dividas,
reduzindo despesa e não aumen-
tando os impostos. Face esta situ-
ação as empresas têm de exportar,
ao fazerem-no vão acabar com al-
guns destes problemas que o país
enfrenta.
Para proceder à exportação é ne-
cessário alterar a estratégia da pró-
pria empresa que está vocacionada
para o mercado interno. O grande
problema é falta de liquidez nestas
empresas. Para resolver este pro-
blema, é necessário consolidar o
passivo bancário e o passivo fi scal
feito durante a crise, ou seja, trans-
formar as dívidas em longo prazo.
E em terceiro lugar a redução dos
salários.
A redução de salários é solução?Não há outra solução. Há anos,
houve uma desvalorização de 15%
dos salários reais através da desva-
lorização da moeda. Hoje já não há
esse recurso. Não há alternativa.
Na gala do jornal O Ribatejo referiu que a sua geração é a culpada pela situação actual do país! Porquê?
Foi a geração que atingiu o po-
der, a geração que é responsável
pelas políticas públicas e de edu-
cação, que gere as empresas, que
faz parte da classe dominante, que
não conseguiu, fracassou.
E há pouca gente que entende
isto, uns por responsabilidade di-
recta, outros por incompetência,
outros por cobardia, outros por-
que fi caram incomodados por o in-
teresse público não ir de encontro
aos seus interesses privados. Tudo
isto contribuiu para esta situação
de insolvência que vivemos.
Objectivos futuros da Nersant?Nós temos um plano estratégico
até 2013. Os nossos objectivos pas-
sam pelo empreendorismo, pela
inovação, investigação, desenvol-
vimento, cooperação empresarial
com vista ao reforço da interna-
cionalização dos negócios e da ex-
portação. Estas são grandes traves-
mestras para o futuro.
Vai mesmo deixar a Direcção da Nersant?
Sim. É uma decisão que já foi
comunicada aos meus colegas de
direcção, colaboradores e aos me-
dia. É uma decisão irreversível.
Como está, visto de cima, o Núcleo de Abrantes da Nersant?
Nos últimos anos, apesar da liti-
gância entre entidades, as coisas
têm-se feito. A situação está bem
melhor do que há quinze anos
atrás. Há uma colaboração institu-
cional forte entre a Nersant e a au-
tarquia. Houve, por exemplo, um
empenhamento muito forte da
nossa parte na estratégia e na de-
fi nição das bases para o Tecnopó-
lo, que não é um projecto fácil. (Ver
trabalho sobre o Tecnopólo no in-
terior.)
Em síntese, o que faz a Nersant?A Nersant tem dois produtos
para vender aos seus associados.
Um é o conjunto de projectos e
iniciativas com vista a aumentar a
competitividade das empresas da
região e o outro é a possibilidade
de liderar projectos empresariais
estruturantes, por exemplo as es-
colas profi ssionais, os parques de
negócios entre outros.
O nosso objectivo é sermos par-
ceiros de desenvolvimento com as
Câmaras Municipais, independen-
temente da cor política. Assumir-
mo-nos como agentes de desen-
volvimento, defi nindo projectos
estruturantes para a região.
Posso destacar algumas inicia-
tivas, a distribuição de gás natu-
ral pela região, a criação de esco-
las profi ssionais em Torres Novas e
Santarém, a criação de Parques de
Negócios entre outras. Estes foram,
sem dúvida, grandes projectos já
concretizados. (Ver trabalho sobre o Nersant no interior desta edição.)
José Eduardo CarvalhoIdade: 53anosFormação: Sociologia, pós-graduação e mestrado em Gestão.Actividade: Empresário
DEZEMBRO2010
jornaldeabrantes
especial natal4
Natal é tempo de solidarieda-de. Não é que o outro tempo não o seja. Mas a quadra na-talícia lança-nos um desafi o mais forte. A proposta que aqui lhe fazemos é simples, mas é preciosa. Dar Vida. Sal-var uma Vida.
Todos os dias, no Hospital,
há pessoas a precisar de san-
gue. Se não houver sangue
disponível, essa pessoa mor-
re. Dar sangue é, portanto, sal-
var uma vida.
De vez em quando, recebe-
mos uma mensagem electró-
nica a pedir um dador de me-
dula óssea para alguém que
está afl ito. Mas não se dá me-
dula óssea assim para uma
pessoa que ali ao lado está a
precisar.
Para dar sangue ou medula
óssea é necessário ser compa-
tível. Isto é, tem de haver aná-
lise que mostrem que a doa-
ção salva em vez de matar.
Contudo, é mais fácil ser
compatível na doação de san-
gue que na de medula óssea.
Neste caso, por ser muito, mas
mesmo muito difícil a compa-
tibilidade, há um registo mun-
dial de dadores e há um traba-
lho internacional de procura
de dadores para quem preci-
sa. No caso do sangue, o pro-
cesso é bem mais simples e,
no essencial, fi ca resolvido ao
nível do Centro Hospitalar.
De qualquer modo, se um
de nós precisar de sangue ou
de medula óssea, que espera-
mos que aconteça?
Dar sangue é fácilQuem é que ainda não fez
uma colheita de sangue para
fazer análises? Dar sangue no
hospital é, no fundo, o mes-
mo. Apenas se tira um pou-
co mais de sangue. E, no fi nal,
tem direito a um café ou um
bolo ou algo parecido.
Para ser dador de sangue,
deve ter entre os 18 e os 65
anos (até aos 60 anos se for
uma primeira dádiva) e ter
pelo menos 50 quilos de
peso. E ter hábitos de vida
saudáveis para não ter o san-
gue contaminado, é claro. E é
aqui que está uma vantagem
pessoal de ser dador de san-
gue. Porque se trata de salvar
vidas e não de condená-las, o
sangue recolhido é vigiado e,
desse modo, está também a
ser vigiado o dador. Ou seja,
dar sangue é salvar a vida de
quem vai receber o sangue
doado, mas é também man-
ter-se sob vigilância do servi-
ço de sangue.
O processo é simples. Diri-
ge-se ao Serviço de Sangue
do Hospital de Abrantes, em
qualquer dia útil, de manhã.
Há ainda recolha um sábado
por mês, mas é necessário sa-
ber a data. E o resto é fácil.
É fácil, mas salva vidas. E a
verdade é que, por vezes não
há sangue disponível para
quem precisa. Porquê? Por-
que nós não fomos dar o san-
gue que nenhuma falta nos
faz.
“Ser dador de medula óssea é uma opção para doar vida”
Este é o lema do Centro de
Histocompatibilidade do Sul
que apela à doação de medu-
la óssea.
Se tem entre 18 e 45 anos,
50 kg de peso (no mínimo),
não é portador de doenças
crónicas e não recebeu ne-
nhuma transfusão de sangue,
pode ser dador voluntário de
medula óssea.
A doação é um processo
considerado simples. A ope-
ração inicial é ainda mais sim-
ples que dar sangue. No caso
da medula, a recolha é apenas
para análise. O sangue recolhi-
do é depois analisado em Lis-
boa e os dados do dador são
inscritos no registo internacio-
nal para esse efeito. O segredo
está em ter uma base de infor-
mação bastante rica para en-
contrar um dador compatível,
o que é sempre raro. Por isso,
o dador pode ser chamado a
dar medula óssea até para o
estrangeiro. Mas também por
isso, um dador de medula é
um bem raro e precioso.
Para ser dador de medula, o
processo é semelhante ao do
dador de sangue. Com uma
limitação: a recolha é feita às
terças e quartas de manhã, e
não em todos os dias úteis da
semana.
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Um caso de doação de medula ósea
Em 2006, Paula Navar-
ro, abrantina e professora
de físico-química na Escola
Secundária Dr. Manuel Fer-
nandes, fez uma doação de
medula óssea para um ita-
liano de 43 anos que se en-
contrava num estado muito
débil. Paula Navarro contou
ao JA a sua história
Foi no ano de 2002, que
decidi inscrever-me como
dadora de medula óssea na
Associação Humanitária de
Dadores de Sangue da Fre-
guesia de Tramagal. Eu ins-
crevi-me porque tinha vis-
to na televisão um pedido
de medula óssea para uma
menina que estava muito
doente.
Passados dois anos, tele-
fonaram-me de Lisboa, do
Instituto Português do San-
gue, a perguntar se esta-
va disponível para fazer al-
guns exames complemen-
tares, pois, em princípio, o
meu sangue era compatí-
vel com um senhor italiano
que estava muito doente e
a precisar de uma doação.
Fui a Lisboa, e fi z alguns
exames e análises. O tem-
po foi passando e de facto
havia um grau de compati-
bilidade muito grande com
esse senhor.
Continuei a fazer os exa-
mes, fui a algumas consul-
tas e procedi a um trata-
mento, durante oito dias,
que consistia numas injec-
ções que tinha de adminis-
trar em mim própria para
estimular o organismo a
produzir as células que se-
riam transferidas. Senti al-
guns efeitos secundários
desde cansaço, dores nos
ossos... mas valeu a pena.
No dia da colheita, aca-
bei por estar internada no
IPO de Lisboa ligada a uma
máquina onde o sangue
ia passando. Essa máqui-
na dividia as células neces-
sárias para o transplante.
Mais tarde, vim a saber que
o senhor recuperou graças
à minha doação, o que foi
muito gratifi cante.
Voltaria a repetir tudo ou-
tra vez, a ajudar um próxi-
mo, porque nunca se sabe
quando vai chegar a nossa
vez.
JMC
Dar Vida no Natal é a melhor solidariedade
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DEZEMBRO2010
jornaldeabrantes
especial natal 5
E conta-se que Herodes chegou à
Nazaré, vindo de longe, dum país de
areia e sol brilhante para ver o mais
azul do mar que contrastava com a
mancha seca e sedosa dos grãos se-
dentos da sua terra.
Chegou a cavalo e ergueu as réde-
as. O abismo, lá em baixo, pareceu-
lhe medonho. E um irmão, irmão de
nome, que tinha fugido à sua ira,
ajoelhou-se, infeliz, pedindo per-
dão e nessa súplica disse a Herodes
que um português de nome D. Fuas
Roupinho, muitos séculos depois,
viria, também, pôr os ferros da bes-
ta sobre as pedras e gravaria nelas
as patas dianteiras do galopante.
Quem era este vidente nunca se
soube, nunca se saberá.
Herodes frisou os bigodes e orde-
nou que o beduíno se levantasse.
Agarrou-o por um braço e elevou-
o até si.
Deu-lhe um beijo na fronte e ati-
rou-o ao chão. Esporeou o cavalo e
lançou-se à desfi lada.
Ia montado no Pégaso que tinha
patas e asas e as pessoas alonga-
vam-se no chão, deitadas ao com-
prido, ao ver um astro de fogo, ru-
gindo pelo céu.
Nesse dia ninguém foi à praia, me-
teram-se em casa, e deram duas
voltas à fechadura.
Foi quando José e Maria viram so-
brevoar sobre as suas cabeças uma
estranha fi gura.
Pararam o burro e abraçaram-se.
José tocou-lhe na barriga e sen-
tiu o seu Jesus naquele ventre far-
to, oblongo e redondo. E disse para
consigo: «foi bom pôr as ferraduras
ao contrário». Além de carpinteiro
era prestidigitador. E isso sabia-se
na terra.
Naquele momento o cavalo que
voava no espaço desceu repentina-
mente e foi andando vagaroso em
direcção a Belém.
Os pensamentos de Herodes eram
cada vez mais ferozes e levava uma
das mãos junto da testa, a pensar,
a pensar, quando descortinou no
chão as ferraduras dum burro, em
sentido contrário, naquele caminho
estreito, entre longas campinas de
tremoceiros.
Picou o cavalo e virou a direcção,
dizendo no seu íntimo que agora
não escapariam.
Diz a estória,- a História é mais
complexa,- que José trocara as fer-
raduras do burro… e assim lá fo-
ram seguindo o seu caminho em
direcção ao local onde iriam votar,
tranquilamente, não se sabe o quê.
Nunca se soube em quem.
Mas as dores apertaram. Maria,
agarrando-se, às rédeas do burro,
contorcia-se com náuseas e gemi-
dos e depois dum sofrimento de
dor e amor disse a José que Jesus
nascera nos seus braços abertos,
«albertos» por ser para todo o mun-
do, a humanidade, que ela sentia
cheia de festas felizes. Então o seu
velho companheiro benzeu-lhe a
testa.
Dando graças pelo seu fi lho, dirigi-
ram-se a um curral para descansar,
dar salvas, salvar o Menino-Deus. E
sentiram que a sorte não colhe to-
dos. Uma vaca foi posta, de propósi-
to, naquele sítio e o seu bafo, conta-
do com o burro cansado, chegaram
aos nossos dias como arautos dos
calorífi cos.
Haja o que houver, seja como for.
sou a única pessoa que ama e ama-
rá verdadeiramente, Jesus no séc.
xxx e num depois sem fi m.
Que de tormentos pesados e in-
venções inusitadas tenho prática
sufi ciente.
Não tenho um rei, dois joelhos
apócrifos, em ferida e unguento, es-
crevem ou assinalam, no chão, po-
emas em chaga, mas creio na força
do destino que há-de ludibriar a fal-
sa astúcia e os seus conselheiros.
José-Alberto Marques * (j.alberto [email protected]
* O escritor José-Alberto
Marques nasceu em Torres
Novas e reside em Abrantes
desde 1969. Iniciador da po-
esia concreta em Portugal,
tem vasta obra de poesia,
fi cção e teatro, tendo tam-
bém um percurso respei-
tável na performance. Pu-
blicámos no JA de Setem-
bro passado uma entrevista
com este nosso escritor, e
hoje este conto inédito. En-
tretanto, aguarda-se a publi-
cação de novos livros seus
ali já anunciados.
Ingredientes: 1,250 Kg de farinha de trigo
50 g de fermento de padeiro
3 dl de leite
250 g açúcar
12 ovos
300 g de manteiga
1 g de sal
150 g de passas
150 g de nozes
150 g de pinhões
Frutas cristalizadas
E como é que se faz?Carla da Isabel, pasteleira da Pas-
telaria Pereira explica: Deve co-
meçar por fazer a massa do bolo
com, farinha, fermento de padei-
ro, manteiga, leite, água, ovos e
sal. É tudo amassado e depois dei-
xa-se a massa descansar uns quin-
ze minutos antes da colocação das
frutas cristalizadas. De seguida, co-
locam-se por cima da massa, as
frutas cristalizadas e os frutos se-
cos como as nozes, os pinhões e
as passas, e volta-se a deixar des-
cansar meia hora. Com o cotove-
lo faz-se um buraco no centro e
daí surge a forma do bolo. Deixa-
se descansar novamente mais dez
minutos.Pincela-se com um ovo e
coloca-se por cima as frutas: fi go,
abóbora vermelha, branca e ver-
de, pêra cristalizada e cereja. Vai ao
forno 45 minutos, a uma tempera-
tura de 180 graus, até fi car doura-
do. Quando estiver pronto, retira-
se e pinta-se com geleia, para dar
o tal brilho especial ao bolo-rei.
Chama-se Delícias da Deolinda e faz sucesso na região. Muitas são as pessoas que procuram esta casa que é conhecida pelos seus doces, salgados e pratos diversifi cados de grande qualidade.
Luís Patrício e Maria Patrício são os
gerentes da casa. Sediada na Rua Di-
reita, em Rio de Moinhos, as Delicias
da Deolinda abriu ao público no mês
de Julho de 2007 e actualmente tem
ao seu serviço doze funcionários.
Para explicar o sucesso adquiri-
do ao longo destes três anos, Luís
Patrício referiu ao JA que � são mui-
tas horas de dedicação e o cliente
está em primeiro lugar. Não trabalho
para conseguir o cliente uma única
vez, não! Faço sempre para que ele
volte à nossa casa e isso tem-se con-
seguido”, acrescentado: “Vendo para
os concelhos limítrofes mas não só.
Tenho clientes de Lisboa que vêm cá
de propósito buscar algumas espe-
cialidades”.
A forma tradicional de fazer os do-
ces é uma técnica imprescindível da
casa, que não utiliza produtos ali-
mentares pré-fabricados, ou seja, “o
trabalho é feito de raiz e só com pro-
dutos de qualidade”, explicou Luís
Patrício.
“Faça-nos a sua encomenda e pas-
se um Natal feliz na companhia das
nossas delícias” Este é o actual slogan
da casa, que para além do serviço de
comida para fora, também garante
ao cliente um serviço de catering.
Nesta época de festividades as Deli-
cias da Deolinda é uma opção. O ge-
rente deixa algumas especialidades
que tem ao dispor: vários pratos de
bacalhau, nomeadamente bacalhau
com broa, com natas, à casa. Nas car-
nes, destacam-se, entre outros, os
pratos de peru do campo assado,
pato do campo assado recheado, lei-
tão assado. Nos doces, Luís Patrício
destaca a já conhecida cassata de
chocolate, tronco de Natal, azevias,
bolo-rei e rainha, belhoses de abó-
bora entre outras especialidades.
Joana Margarida Carvalho
UM CONTO DE NATAL
Natal, séc. XXI
DELÍCIAS DA DEOLINDA
Uma hipótese para o Natal
O bolo-rei
DEZEMBRO2010
jornaldeabrantes
Natalice Marques é brasileira, da Baía. E a primeira nota que nos deixa é sobre o tempo.
“Na Baía nunca tem Inverno, é sempre
quente. É um Natal mais de vizinhança.
Mata-se um porco, faz-se um churrasco,
um leitão… O bacalhau já é mais difí-
cil, mas mesmo assim também tem ba-
calhau. Faz-se, como se diz lá, uma ba-
calhoada, o bacalhau assado no forno
com batata e cebola. E temos o prato
que não pode faltar, que é o peru assa-
do com farofa, ameixa e bacon. E temos
que ter o leitão assado à pururuca, que
é com a pele estaladiça, muito boa. Isso
não pode faltar.
“E em São Paulo, onde vivi muito tem-
po, também é a mesma coisa. Também
tem o bacalhau, sempre ao forno. Não é
como aqui, bacalhau cozido com couve.
E o leitão à pururuca. É um Natal de Ve-
rão. Muitas famílias, as que podem, alu-
gam casa na praia, passam o dia na praia
e à noite têm a ceia de Natal. Com calor,
é diferente daqui.”
E também há missa do galo e troca de
prendas?
“Também há a missa do galo, à meia
noite. E também temos troca de prendas
no trabalho e em casa. Quando eu tra-
balhava em São Paulo, fazíamos aquela
brincadeira do amigo secreto: dois me-
ses antes, bilhetinho onde se escrevem
coisas para o amigo e o amigo procu-
ra descobrir… E naquela data, num dia
marcado, fazíamos a troca de prendas.
E na família, a mesma coisa, mas na noi-
te de Natal. Tínhamos a árvore de Na-
tal, onde se colocavam os presentes, o
que vocês aqui chamam de prendas,
e na hora fazíamos aquela brincadeira
do amigo secreto: fala alguma coisa so-
bre aquela pessoa, para tentar descobrir
quem é o amigo secreto da pessoa. – É
fulano! E então entrega-se o presente.
Mas também havia famílias, com mais
posses em que cada um dava presentes
a todos.”
6 especial natal
Verónica Costiuc fala-nos do Natal na Moldávia, o país donde emigrou para Portugal.
“Lá o Natal não é quando cá, é a 7 de Janeiro.
Uma semana antes começam os preparativos,
com as limpezas grandes. Sacrifi ca-se o porco,
para fazer as comidas. Depois, no dia de Natal,
na minha casa, por exemplo, levantávamo-nos e
sentávamo-nos logo à mesa, a comer o que não
se come no dia-a-dia: um estufado de carne de
porco com queijo de cabra ou queijo fresco de
vaca e uma comida chamada mamaliga que é
feita com farinha de milho, água e sal. Isto, logo
de manhã. Agora já não é tanto assim, mas na
minha casa era assim. Essa era a comida obriga-
tória, mas não era só essa. Depois há vários ou-
tros tipos de comida, as nossas mesas são muito,
muito recheadas mesmo, mas eu não sei dizer,
porque não tem tradução. E a mesa fi ca posta
durante todo o dia. Por exemplo, como aqui há
o colo rei, lá temos o colac, que tanto pode ser
doce ou não, mas sem frutas secas, porque nós
lá não temos isso. É igual no feitio, mas no resto
é diferente. Depois, os miúdos vão cantar, como
aqui no dia dos Santos. As pessoas deixam as
portas da rua abertas mesmo para isso, para as
crianças poderem entrar. Depois, as crianças can-
tam e as pessoas dão-lhes bolos ou dinheiro. Isto
de manhã até à tarde. Depois começam os cres-
cidos. É muito bonito. Eu cresci numa aldeia e era
muito bonito, em casa ouvia-se a cantar em vá-
rios sítios da aldeia canções sobre o sofrimento
da mãe de Jesus, antes de ter o fi lho, depois de
ter o fi lho, como teve de se esconder…E de al-
deia para aldeia as canções não são iguais, por-
que são canções populares. Os crescidos cantam
e depois comem sentam-se e comem, porque a
mesa fi ca posta todo o dia, não se tira a comida
da mesa, e tem de se fazer comida sempre a con-
tar com que poderá vir. E não podemos rejeitar
ninguém. Até às tantas da manhã.
“Não havia troca de prendas quando era pe-
quena. Recebia bombons. Mesmo para o meu
fi lho não comprava brinquedos. Isso compra-se
em qualquer dia. Comprava uns bombons mais
caros, que não podia comprar todos os dias.
Também temos a árvore de Natal, não falta,
mas o presépio já não. Porque a nossa tradição
não é como cá, imagens feitas de madeira, é mais
imagens pintadas, ícones.”
CARTÓRIO NOTARIALJoana de Faria Maia, Notária
EXTRACTO- Joana de Faria Maia, Notária deste concelho, com Cartório sito à Avenida 25 de Abril, número 248, na cidade de Abrantes, CERTIFICA, narrativamente para efeitos de publicação, que, por Escritura de Justifi cação, lavrada em vinte e nove de Novembro de dois mil e dez, iniciada a folhas quarenta e quatro, e, por Escritura de Rectifi cação, lavrada dia 6 de Dezembro de dois mil e dez, iniciada a folhas cinquenta, ambas do Livro de escrituras diversas número Dezasseis – G, deste Cartório, Vicente Rosa Soares e mulher Maria da Conceição Rodrigues André Soares, casados sob o regime da comunhão geral de bens, ambos naturais da freguesia do Souto, concelho de Abrantes, onde são residentes na Rua da Milheiriça, número 55, contribuintes fi scais números 109 518 950 e 109 518 942, declararam:- Que, com exclusão de outrem são donos e legítimos possuidores, do seguinte prédio:- Urbano, composto de casa de rés-do-chão para habitação, com a superfície coberta de cinquenta e um metros quadrados, barracão agrícola, com trinta e cinco metros quadrados, dependências agrícolas, com vinte e dois metros quadrados, quatro dependências de arrumos, com cinquenta e um metros quadrados, e, logradouro, com cento e dezasseis metros quadrados, sito na Rua da Milheiriça, freguesia do Souto, concelho de Abrantes, inscrito na matriz, a favor do justifi cante marido, sob o artigo 3.213, com o valor patrimonial de 15.230,00 €, a que atribuem valor igual ao patrimonial, a confrontar, do Norte, com Josefi na Valentim, do Sul, com Emília Rosa da Cruz, do Nascente, com Rua da Milheiriça, e, do Poente, com Maria do Rosário Santos, não descrito no Registo Predial;- O certo porém é que os justifi cantes não possuem título formal que legitime o seu domínio sobre o referido prédio, o qual veio à sua posse por doação verbal dos pais da justifi cante mulher, Vítor André e mulher Adelina Maria Rodrigues, casados sob o regime da comunhão geral de bens, e residentes na dita freguesia do Souto, já falecidos, em data que não podem precisar, sensivelmente cerca do ano mil novecentos e setenta e três;- Não obstante isso, vem o referido prédio, a ser possuído pelos ora justifi cantes, há mais de vinte anos, dele retirando todas as suas utilidades e pagando todos os impostos com ânimo de quem exerce direito próprio, fazendo-o de boa fé, por ignorarem lesar direito alheio sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu início, posse essa que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente, com conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífi ca, contínua e pública; e- Que, dadas as enunciadas características de tal posse, os justifi cantes adquiriram o citado prédio por usucapião, titulo este que, por natureza, não é susceptível de ser comprovado pelos meios normais.Está conforme o original.
Abrantes, vinte e nove de Novembro de dois mil e dez
A NotáriaJoana de Faria Maia
(em Jornal de Abrantes, edição 5479 - Dezembro de 2010)
ASSEMBLEIA MUNICIPALDE SARDOAL
EDITAL N.º 10/2010MIGUEL JORGE ANDRADE PITA MORA ALVES
PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE SARDOAL
FAZ PÚBLICO que, para efeitos do art.º 91º da Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro, na redacção dada pela Lei n.º 5-A/2002, de 11 de Janeiro, se publica as deliberações da Assembleia Municipal, tomadas em sessão extraordinária, realizada no dia 30 de Novembro de 2010:
- Restruturação dos Serviços;(Deliberado por maioria, com doze votos a favor e cinco abstenções, aprovar a Restruturação de Serviços da Câmara).
E para constar se lavrou o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afi xados nos lugares públicos de estilo..
Paços do Município de Sardoal, 06 de Dezembro de 2010
O Presidente da Assembleia MunicipalMiguel Jorge Andrade Pita Mora Alves
O Natal moldavo
• Verónica Costiuc
O Natal brasileiro
• Natalice Marques
DEZEMBRO2010
jornaldeabrantes
especial natal 7
Natal é festa. E festa pede alguma abun-
dância, algum excesso. A festa tem de ser di-
ferente para se afastar dos dias comuns.
Mas em tempo de crise, é necessário al-
guma contenção, se não mesmo muita dis-
ciplina. Porque o país está em crise e, com
ele, todos nós precisamos de nos conter.
Uma das soluções passa por dar uma prefe-
rência aos produtos da região. Deste modo,
não só contribuímos para a economia local
como podemos fazer algumas boas surpre-
sas nas ofertas que fazemos. Cada um é que
sabe quanto quer ou deve gastar num pre-
sente. Mas, seja quanto for, é possível encon-
trar nos produtos regionais sugestões mui-
to animadoras. Seja nos produtos comestí-
veis (e a Marca Mação faz-nos essa sugestão
neste número), seja no artesanato regional,
seja na produção artística, que também a te-
mos boa, há muitas opção para todas as bol-
sas. Não há nenhuma boa razão para termos
de oferecer e consumir apenas produtos es-
trangeiros. Desse modo estamos a ajudar a
economia de outros países ao mesmo tem-
po que colocamos mais problemas à nossa.
Ao contrário, comprar o que é da nossa re-
gião é, mais uma vez, “fazer aquilo que ainda
não foi feito”, isto é, preferir o que é nosso.
Natal na crise é melhor com produtos regionais
Neste tempo digital, também o natal passa pela
Rede. Veja como as redes sociais, a web e o mobile
contam a História da Natividade. O Natal através do
Facebook, Twitter, YouTube, Google, Wikipedia, Goo-
gle Maps, GMail, Foursquare, Amazon... Os tempos
mudam, os meios são outros, mas a história continua
a mesma. http://sorisomail.com/email/106109/a-historia-de-um-natal-digital.html
Natal digital
DEZEMBRO2010
jornaldeabrantes
marca mação8
Se o Natal é tempo de festa e se esta fes-ta é tempo de dar presentes àqueles de quem se gosta, a Marca Mação anun-cia-se como garantia de qualidade. Tan-to mais que o tempo está difícil para to-dos. Comprar Marca Mação é ajuda ao desenvolvimento local, é colaborar acti-vamente com o desenvolvimento do in-terior, é resistir à desertifi cação do mun-do rural, e é sinal de bom gosto.
A Marca Mação é um projecto liderado
pela Câmara de Mação em parceria com
os industriais das várias fi leiras dos pro-
dutos tradicionais do concelho.
O presunto é o produto que vai mais
avançado, logo seguido do mel. Em am-
bos os casos há já um “caderno de encar-
gos” que os produtores acordaram entre
si para garantirem qualidade de excelên-
cia e há um certifi cação externa indepen-
dente para garantir ao cliente fi nal que a
Marca Mação não é apenas o selo de ope-
ração de marketing, mas corresponde a
uma qualidade efectiva no produto.
Além destes dois produtos, outros es-
tão a preparar-se para se colocarem sob
este chapéu de abrigo num mercado de
forte competitividade. O azeite, feito de
azeitona galega, os enchidos, sobretudo
o maranho, o pimentão, e mesmo o quei-
jo de cabra. Estas são as apostas iniciais.
O que não signifi ca que outros produtos
não possam vir a benefi ciar deste projec-
to. Mação fi ca, como todos sabemos, no
cruzamento entre o Ribatejo, a Beira-bai-
xa e o Alentejo. Não é uma zona marcada
pela abundância de produtos. Como os
solos não eram ricos, “ao longo dos sé-
culos as populações foram melhorando
e apurando aquilo que tinham” explica-
nos Fernando Monteiro, veterinário mu-
nicipal. Além disso, “temos aqui um mi-
croclima que permitiu, e ainda permite,
fazer do melhor presunto que há.” A ma-
téria prima seleccionada, o “saber fazer”
de muitas gerações e a nova dinâmica da
geração actual são os trunfos que o con-
celho de Mação joga no mercado aberto
em que está a competir.
A Marca Mação é recente. Apesar de o
trabalho decorrer há vários anos, está a
dar os primeiros passos no mercado. A
falar verdade, é ainda cedo para tirar con-
clusões sólidas. Mas há duas que se po-
dem colher com segurança: os primeiros
sinais no mercado são positivos e no ter-
reno os parceiros do projecto não escon-
dem o entusiasmo da sua aposta. Agora,
é a hora dos consumidores acompanha-
rem, na mesa, o trabalho que os empre-
sários vão continuar a fazer nas suas in-
dústrias.
O Jornal de Abrantes associa-se a este
esforço com este especial Marca Mação.
Presuntos de Mação vão invadir A23
É uma campanha promocional dos presuntos Marca Mação. Grandes painéis vão entrar pelos olhos das muitas pessoas que passam na auto-estrada da Beira Interior. “Não acha que a A23 fi cará muito benefi ciada com este vero ícone de Ma-ção?” O pormenor da perna a sair do rectângulo obriga o olhar a fi xar-se no painel. E a mensagem está a li a desafi ar os olhos e o paladar de quem passa. Ou seja, a sugerir que o presunto passe para a mesa de quem tem bom gosto. É mais um esforço para promover o presunto de Mação e, através dele, a Marca Mação.
MARCA MAÇÃO
Uma garantia de qualidade para o seu Natal
DEZEMBRO2010
jornaldeabrantes
especial marca mação 9
ALVES JANA
A Marca Mação é um projecto as-sumido pela Câmara Municipal de Mação como estratégia para acres-centar valor à produção económica concelhia. Fomos ouvir presidente da Câmara que é reconhecido como o homem da “boa ideia”.
O que é isso de a Marca Mação?A Marca Mação é um projecto de
abrangência económica, social e
ambiental, com 6 anos de matura-
ção (desde a ideia) que visa distin-
guir, evidenciar e potenciar o nosso
“saber-fazer”, a nossa criatividade, a
nossa ruralidade.
Quais os objectivos do projecto?O objectivo prioritário e primor-
dial é o de estruturar o futuro do
nosso desenvolvimento local e de
relevar (para uns…) e revelar (para
outros…) um sector primário com-
pletamente abandonado e esque-
cido.
Como é que nasceu?Nasce de duas evidências, do meu
ponto de vista. Da evidência de
quem vive e trabalha numa zona
deprimida, despovoada, desacre-
ditada, pouco geradora de recei-
tas - que possibilitem criar riqueza
- e ainda acredita neste Portugal da
interioridade e da ruralidade.
Da evidência de que o “saber” acu-
mulado que os nossos antepassa-
dos nos confi aram, adicionando à
inigualável qualidade e diversidade
dos produtos que esta terra ou re-
gião tem como potencial para pro-
duzi. De acreditar que é possível um
“futuro” qualifi cado, certifi cado, dife-
renciado e, com isso, conseguir uma
economia local forte, um desenvol-
vimento social, cultural e ambiental
equilibrado e uma qualidade de
vida dos nossos concidadãos idên-
tica às regiões do país e da Europa
mais prósperas.
Isto é, termos a noção perfei-
ta e incómoda da nossa realidade,
hoje, mas termos a consciência da
“teimosia” das nossas capacidades,
da nossa criatividade e do idealis-
mo para o futuro que queremos.
Como é que funciona? A Marca Mação exige que o ca-
derno de especifi cações defi nido
para os diferentes produtos seja ri-
gorosamente cumprido por forma
a obtermos um produto fi nal devi-
damente validado, certifi cado, com
uma qualidade ímpar, em suma, de
excelência.
O caminho a percorrer está defi -
nido. É este o enquadramento em
que as pessoas acreditam. E é neste
rigor que todos confi am.
Quais os produtos que a Marca pretende abranger?
Toda a nossa diversidade de pro-
dução é passível de obter este pata-
mar de excelência.
Desde o presunto, aos enchidos,
passando pelo azeite, azeitonas e
polpa, aos diferentes tipos de mel,
ao incomparável sabor do nosso
pimentão e queijo de cabra, todos
são passíveis de acreditação, valida-
ção e certifi cação.
Assim os nossos agentes o enten-
dam e acreditem.
Quais os produtos que já vão mais adiantados e atrasados no proces-so de certifi cação pela Marca Ma-ção?
Demos o primeiro passo com o
presunto, por razões óbvias: não es-
queçamos que o Concelho de Ma-
ção é responsável por 70% da Pro-
dução Nacional do Presunto.
Qual o papel da Câmara? E o dos produtores?
O espírito é percorrermos este ca-
minho em conjunto, em rede, par-
tilhando ideias, conhecimentos, sa-
beres e uma vontade férrea de que-
rer ganhar.
Obtermos os melhores resulta-
dos em termos da economia local
e regional implica claramente con-
tribuirmos para o nosso Produto
Interno Bruto e para uma Balança
Comercial com o exterior cada vez
mais forte.
Quais os ecos que já se fazem sen-tir do projecto?
Estamos no terreno com esta
nova realidade há cerca de um mês.
Esta época do Natal também é pro-
pícia e os resultados são muitos po-
sitivos e animadores.
Felizmente que os três primei-
ros produtores que aderiram a este
projecto, já lamentam não terem in-
vestido numa maior produção de
presuntos certifi cados com a Marca
Mação. É que não vai chegar para as
encomendas…
A Marca Mação visa o território re-gional, nacional ou internacional? Até onde se fará ouvir?
Até onde acreditarmos, quiser-
mos e soubermos promover uma
estratégia ofensiva de informa-
ção, de promoção e de incentivos
na busca de novos mercados. Mas
aqui o Estado tem que ser cúm-
plice com uma política nacional
para este sector por forma a con-
tribuir para o fortalecimento destas
potencialidades.
Este modelo poderia e deveria ser
replicado fora dos limites do nosso
Concelho, quiçá numa visão mais
Regional.
Veja-se que na nossa “pequenina”
região existem vinhos de grande
qualidade, vinagres, marmeladas e
doçarias únicos, frutos secos, o ex-
celente medronho de Oleiros e da
nossa região e, até o artesanato lo-
cal, porque não?, e tudo isto marca-
rá seguramente a diferença pela ge-
nuidade dos produtos e pela qua-
lidade dos nossos sabores e dos
saberes de toda esta região.
E, aqui, creio que as duas Comuni-
dades Intermunicipais, a do Pinhal
Interior Sul e a do Médio Tejo, po-
deriam conjuntamente refl ectir e
trabalhar este modelo diferenciado
numa dimensão mais abrangente.
Todos teremos a ganhar se sou-
bermos promover a diferença do
nosso conhecimento, a capacidade
da nossa excelência.
E vai ter força sufi ciente para isso? Que é preciso fazer para que te-nha?
Porque não? Devemos acreditar
nas nossas capacidades de inova-
ção, de criatividade, sempre na lógi-
ca da excelência.
Protegermos o nosso território, a
nossa paisagem, a nossa cultura, a
nossa identidade, o nosso “saber-fa-
zer” é promovermos o nosso futuro.
Que queremos possível e simples. E
temos tudo para isto seja um êxito.
Já há efeitos na exportação? Ainda não tenho dados que per-
mitam responder com rigor a esta
pergunta.
Se as coisas correrem bem… o que vai acontecer ao projecto no futuro a médio prazo?
O futuro a Deus pertence. O que
nós todos gostaríamos, e é para isso
que trabalhamos afi ncadamente,
será o de consolidar este projecto,
estruturá-lo com alicerces sérios, di-
namizá-lo junto de todos os produ-
tores e na diversidade dos seus pro-
dutos e elevá-lo a patamares inter-
nacionais.
SALDANHA ROCHA, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE MAÇÃO
“A marca Mação é um projecto económico, social e ambiental”
• A Marca Mação é um projecto de abran-gência económica, so-cial e ambiental, com 6 anos de maturação.
DEZEMBRO2010
jornaldeabrantes
Nem todo o presunto que se pro-duz em Mação pode receber a Mar-ca Mação. Actualmente, apenas as empresas que comercializam os presuntos Damatta, Eusébio e Pepe estão a produzir presunto, e apenas presunto, certifi cado, embora as outras estejam em fases diferentes de adesão ao processo. Mas nem todo o presunto que sai das empre-sas que vendem presunto certifi ca-do pode levar a Marca Mação.
O Presunto Merca Mação é um
produto de gama alta, produzido
com sujeição a regras muito exigen-
tes. Essas regras foram defi nidas pe-
los Produtores de Carnes de Mação
e o cumprimento das regras é fi sca-
lizado por uma empresa externa, a
Sativa. A marca não é, portanto, atri-
buída pelos produtores àquilo que
eles próprios fazem, pois se assim
fosse o cliente não ia acreditar.
Essas regras algumas exigências
fundamentais para o que aqui nos
interessa: menos sal, o que está de
acordo com as novas exigências ali-
mentares, uma gordura específi -
ca, um peso entre dez e doze qui-
los por perna, um tempo específi co
em cada câmara e maior tempo de
cura, e cura natural, portanto sem
ventilação e apenas sujeito ao ar de
Mação. É tudo isto que lhe garante a
qualidade superior.
Além disso, para garantir a quali-
dade e a certifi cação, cada presun-
to Marca Mação tem de ser de uma
animal fêmea ou macho castrado
e quando entra como perna fresca
é marcado a fogo, à entrada, com
uma marca a ferro quente, para que
todo o processo pode ser fi scaliza-
do e garantido.
Por isso, o consumidor fi nal tem
a garantia de que está perante um
produto da mais alta qualidade, de
excelência, um produto gourmet.O Presunto Marca Mação é
comercializado com a marca de
cada empresa, a que se junta o lo-
gótipo da Marca Mação na “gravata”
com que o presunto é apresentado.
Como se faz um presunto?O processo é relativamente sim-
ples e não tem sofrido grandes alte-
rações ao lobgo dos anos.
Entra como perna fresca, portan-
to após o abate do animal, e é sujei-
to durante uns minutos a uma cal-
da à base de nutrifi cantes para ga-
rantir uma melhor conservação e
segurança alimentar na comerciali-
zação do produto. Depois, entra na
câmara de salga, onde fi ca coberto
de sal durante um certo número de
dias, conforme o peso da perna. Por
exemplo, se for uma perna de dez a
doze quilos, fi ca entre oito a cator-
ze dias de salga, conforme o tipo
de presunto que se está a fazer. De-
pois, é lavado para lhe retirar o sal
e vai para uma câmara de pós-sal-
ga. Fica aí cerca de três meses, tem-
po durante o qual vai perder parte
da água natural para fi car mais su-
culento. Depois, vai para a câmara
de cura, a uma temperatura supe-
rior e com menos humidade, a fi m
de apurar até chegar à consistência
desejada.
A empresa Eusébio Catarino & Filho foi
fundada em 1951, em Vale Vacas, fregue-
sia de Amêndoa, por Eusébio Catarino,
que iniciou a actividade de salsicharia
com o famoso porto preto. Na altura ha-
via ainda muito de troca directa entre
produtores. Depois, pela maior procu-
ra dos seus produtos e pelas exigências
das novas normas, em 1989 construiu as
novas instalações. Mais recentemente,
aderiu à Marca Mação na produção dos
seus presuntos, sendo uma das três em-
presas que já está a produzir com essa
certifi cação. A Eusébio Catarino suce-
deu o seu fi lho Jorge, há 40 anos, que,
entretanto, passou o barco aos seus fi -
lhos Duarte e Sara. Sara Catarino foi re-
centemente eleita como presidente da
Associação de Industriais de Carnes do
Concelho de Mação, associação que é
parceira da Câmara na gestão da Marca
Mação. Hoje, com 16 trabalhadores, a
empresa vende para todo o país, de Nor-
te a Sul, para armazenistas e revendedo-
res e retalhistas e também para algumas
médias superfícies. As grandes superfí-
cies ainda não serão para já. Além disso,
estão presentes em França, Suíça e parte
da Alemanha.
Do global da sua produção, 85% é
presunto nas suas várias modalidades
e 15% salsicharia, isto é, paio de febra,
chouriço e chourição. De toda a sua pro-
dução, a gama
10 especial marca mação
PRESUNTOS PEPE
A qualidade do presunto numa empresa familiar
Foi em 1977 que a Pepe - Industrial de Carnes foi fun-
dada por dois irmãos, Isidro e Domingos Perdiz. Está
sedeada em Chão de Codes, concelho de Mação, e pro-
duz presunto e salsicharia como paio, bacon, fi ambre e
chourição.
Susana Silva, directora de serviços da empresa e fi lha
de Isidro Perdiz, explicou ao JA que a empresa tem 22
funcionários, trabalha com matéria-prima oriunda de
Espanha e do mercado nacional e vende para armaze-
nistas, revendedores, retalhistas e para algumas médias
e grandes superfícies. Ao nível internacional, já tem pre-
sente o seu produto em Angola, Cabo Verde e Moçam-
bique e está em negociação para ingressar no mercado
brasileiro.
A Pepe é uma das empresas que já aderiu à produção
segundo as normas da Marca Mação e Susana Silva mos-
tra a sua satisfação quando nos diz: “A autarquia e a As-
sociação de Produtores de Carne de Mação estão de pa-
rabéns pela forma como têm tratado a minha e todas as
empresas familiares do concelho. Têm feito um excelente
trabalho!” A empresa tem a característica de para respon-
der às exigências do processo e à procura do mercado
ter precisado de crescer em altura, pois não dispunha de
mais terreno. Isso causou-lhe naturais difi culdades, mas,
explica Susana Silva, “vamos fazendo o nosso melhor, ga-
rantido a máxima qualidade do nosso presunto e dos ou-
tros produtos”.
O presunto Marca Mação
Em Julho passado, no caderno so-
bre Mação, já anunciávamos que a
empresa Damatta é “o líder do pre-
sunto em Portugal”. E dizíamos que
“a produção do presunto ‘indus-
trial’ começou nos Envendos já em
1907, portanto há mais de um sécu-
lo”. Hoje, a produção dos presuntos
Damatta atinge um total de 800.000
unidades por ano, 50% inteiro e ou-
tro tanto fatiado, dizíamos então. E
já em Julho passado a Sapropor, a
empresa que detém a marca, tinha
pronto para entrar no mercado o
primeiro lote de presuntos da Mar-
ca Mação por si produzidos. Agora,
a marca Damatta tem estado a fazer
uma intensa campanha de promo-
ção dos seus produtos nos maiores
hipermercados do país, como, por
exemplo, o Continente de Telheiras
e Colombo. Embora seja, como é na-
tural, a promoção dos seus produ-
tos, é ao mesmo tempo a maior pro-
moção em Portugal da Marca Ma-
ção.
PRESUNTOS DAMATTA
Uma aposta forte na promoção
PRESUNTOS EUSÉBIO
“Se quisemos sobreviver, tivemos de nos adaptar”
DEZEMBRO2010
jornaldeabrantes
especial marca mação 11
Jorge Catarino é a memória viva da história recente dos presuntos do concelho de Mação. Não como es-pectador, mas como quem fez por dentro essa história. Nada melhor que ouvi-lo contar.
“Eu tirei o Curso Comercial em
Abrantes, e terminei em 63. Depois
veio a tropa e fui para a Guiné. Ter-
minado o serviço militar, em 1970 li-
guei-me aqui à actividade do meu
pai, Eusébio Catarino. Tínhamos
um pequeno matadouro onde fa-
zíamos os abates e a cura dos pre-
suntos. Naquele tempo ainda não
tínhamos electricidade, pois a fre-
guesia só passou a ter energia eléc-
tica, se não erro, em 72. Era uma ac-
tividade que tinha de ser feita só no
tempo do frio. Isso é que era mes-
mo a cura natural. E aqui estou até
hoje”
Dito assim, as coisas parecem sim-
ples. Mas este é o momento de lem-
brar que estamos numa aldeia, Vale
de Vacas, freguesia da Amêndoa, do
interior do concelho de Mação, que
é já um concelho do interior pro-
fundo do país. No início era uma
pequena indústria artesanal e sazo-
nal, hoje é uma moderna indústria
que produz no seu sector do me-
lhor que se faz na Europa e com os
melhores equipamentos e proces-
sos. E mesmo o mercado de então
não tinha praticamente nada a ver
com o de hoje. Foi uma revolução,
um “trambolhão” histórico de que
hoje vemos o resultado, ainda em
movimento.
Jorge Catarino ainda é do tempo
em que se trocavam presuntos por
mantas de toucinho?
“Sou desse tempo, perfeitamen-
te. Antigamente, as pessoas davam
mais valor a um bocado de touci-
nho do chamado ‘porco de bolo-
ta’, hoje ‘porco preto’ de que se faz
o ‘presunto pata negra’.” O toucinho
servia para temperar a panela, ao
contrário do presunto que era um
luxo. “Nós íamos ao Alentejo buscar
esses suínos, eram abatidos aqui e
fazíamos esse intercâmbio com as
populações. O nosso abastecimen-
to de perna de porco para o fabri-
co do presunto era aqui na região,
nos concelhos de Mação, Vila de Rei,
Sertã, Proença-a-Nova. E então, nós
trocávamos a perna de porco por
xis quilos de toucinho do porco de
bolota e pagávamos alguma coisa
em dinheiro para compensar o dife-
rencial. Isto porque naquele tempo
o toucinho era mais útil para as pes-
soas, era o ‘sustento da casa’, como
se costumava dizer. Hoje, tudo isso
acabou.”
Percebe-se a volta que o mundo
deu, e a empresa com ele. Como é
que foi viver por dentro esta mu-
dança?
“Então, quando veio a electrici-
dade, começámos a usar as câma-
ras frigorífi cas, portanto o frio arti-
fi cial. Depois, com a entrada na Co-
munidade Europeia, vieram novas
exigências. Como as antigas ins-
talações não tinham as condições
necessárias, em 1989 tivemos que
construir aqui em baixo. E daí a nos-
sa actividade tem-se vindo a desen-
rolar.”
Como se tudo fosse simples. Mas
não foi, de certeza. Por isso é ne-
cessário insistir: no interior profun-
do do país, nada desta mudança é
natural, embora hoje possa parecer.
Podemos dizer que tudo mudou,
tudo teve de mudar, excepto a es-
sência do processo de cura do pre-
sunto. E mudar nunca é fácil. Não o
é para uma pessoa, muito menos
quando se trata de um conjunto
organizado, como é uma empresa.
Não foi fácil, de certeza, mudar toda
a “máquina” do negócio. Mas Jorge
Catarino parece dizer que o essen-
cial é a atitude com que se está nas
coisas.
“Bem… Nós temos de nos adap-
tar. Por exemplo, ao entrarmos na
Comunidade, tivemos de nos adap-
tar às novas normas. Aí, sim, hou-
ve uma difi culdade grande. Porque
nós, pequenas empresas familia-
res, tínhamos uma certa difi culda-
de de acesso aos apoios comunitá-
rios. Só as grandes empresas é que
benefi ciavam disso. Por isso, a nos-
sa empresa nunca teve apoio co-
munitários, foi tudo fruto do nosso
trabalho. Mas as coisas têm-se de-
senrolado.
Foi com algumas difi culdades,
mas conseguimos chegar até aqui.”
Não são ditas, mas adivinham-se
horas muito difíceis num tempo de
revolução profunda no sector pro-
dutivo e no mercado em que Jor-
ge Catarino conduzia a empresa a
partir da sua aldeia de modo a inte-
grá-la no “espírito” e na “norma” da
União Europeia. E naquele tempo
nada era como é hoje. Foi uma mu-
dança muito profunda em, feitas as
contas, poucos anos.
“Esta é uma zona com vocação na-
tural para a produção de presunto.
Nós estamos implantados aqui e os
nossos produtos vão até ao Minho
e até ao Algarve. É claro que, ago-
ra, as acessibilidades são melhores.
Naquele tempo, quando eu come-
cei, não havia a auto-estrada. Para
se chegar a Lisboa demorávamos
quatro ou cinco horas. Quando eu
iniciei a actividade, os nossos pro-
dutos ainda iam para Lisboa pelo
caminho-de-ferro. Depois começá-
mos a ter a nossa própria distribui-
ção pelo país a armazenistas e re-
talhistas e agora a algumas médias
superfícies. E houve um salto nos
meios tecnológicos, que hoje são
completamente diferentes do que
era antigamente. E pronto. Temos
acompanhado. A nossa empresa,
em termos de equipamentos, tem,
no nosso sector, o que de mais mo-
derno há.”
E como é que, de Vale de Vacas, na
Amêndoa, no Mação, se chega aí?
Podia ter fi cado pelo caminho, que
foi o que aconteceu a muitos ou-
tros. E esse é um “pequeno-grande
pormenor” que não deve ser esque-
cido.
“Nós procurámos, desde que eu
vim para aqui, estar informados. Va-
mos ao estrangeiro, vamos às feiras
internacionais, vamos ver os pro-
dutos dos nossos concorrentes, em
princípio mais avançados do que
nós, vamos tirar ideias, vamos ver
os equipamentos… Porque grande
parte dos equipamentos que nós
utilizamos aqui, e os nossos colegas
nas indústrias deles, são importa-
dos. Ao longo dos anos, com a ex-
periência e a vontade que temos de
progredir e apresentar os melhores
produtos no mercado… cá estamos
hoje e a marca Eusébio está há cin-
quenta anos na região e temos vin-
do a melhorar sempre. E por isso
também nos associámos à Marca
Mação.”
Há nesta postura serena muita sa-
bedoria de um herói simples e qua-
se anónimo. A mesma sabedoria
que lhe fez, há alguns anos, deixar
as rédeas da empresa aos fi lhos. Os
homens passam, a vida continua, e
o “saber fazer” da tradição na cura
da perna de porco para a produção
do saboroso presunto de Mação
mantém-se. Graças a heróis como
Jorge Catarino.
E ASSIM SE FAZEM AS COISAS
Jorge Catarino é um herói anónimo da revolução da indústria dos presuntos
DEZEMBRO2010
jornaldeabrantes
12 actualidade
Duarte Marques, jovem de 29
anos, natural de Mação, é o novo lí-
der da Juventude Social Democrata
(JSD). O jovem maçaense disputou
a liderança da jota social democrata
com Carlos Reis, presidente da JSD
de Braga, conseguindo 62% dos vo-
tos, no congresso realizado no fi nal
de Novembro em Coimbra.
Duarte Marques sucede ao depu-
tado Pedro Rodrigues, que esteve
à frente da JSD durante os últimos
quatro anos (dois mandatos) e de
quem o novo líder era vice-presi-
dente. No discurso de vitória do con-
gresso, o novo líder dos jotas laran-
ja revelou que uma das prioridades
é propor à Assembleia da República,
através dos seus deputados, a apro-
vação de legislação no sentido dos
partidos serem obrigados a investir
em «formação política, pelo menos
dois por cento do fi nanciamento»
que lhes é atribuído pelo Estado.
Duarte Marques revelou que como
vice-director da Universidade de Ve-
rão do PSD é necessária uma aposta
na formação dos jovens como polí-
ticos, até como forma de credibilizar
os políticos de amanhã. No congres-
so esta proposta ou ideia mereceu a
concordância do líder do PSD, Pedro
Passos Coelho.
Duarte Marques defendeu ainda o
direito ao voto para os maiores de 16
anos de idade.
Duarte Marques é licenciado em
relações internacionais, desempe-
nhava até aqui funções no gabine-
te social-democrata no Parlamento
Europeu.
Luís Ferreira, doutorado em engenharia mecânica, tomou posse como director da Esco-la Superior de Tecnologia de Abrantes no passado dia 2 de Dezembro.
“Eu acredito nesta Escola”, dis-
se em síntese na sua mensa-
gem de apresentação. “Uma
escola, para ter qualidade não
precisa necessariamente de es-
tar situada numa das três maio-
res cidades do país. O que con-
ta verdadeiramente é o produ-
to fi nal, são os profi ssionais que
se formam e vão construindo a
opinião pública, são o rosto da
Escola lá fora. É com esta qua-
lidade que nos devemos preo-
cupar verdadeiramente e não
com a nossa interioridade. Não
podemos alterá-la, mas pode-
mos vencê-la.” Assim partilhou
Luís Ferreira o desafi o com to-
dos os que o têm nas mãos. Luís
Ferreira conhece bem os cantos
à casa, pois foi o primeiro Direc-
tor do Departamento de En-
genharia Mecânica da ESTA. E
foi daqui que preparou o seu
doutoramento que versou os
novos materiais compósitos.
Mais tarde viria a trabalhar em
Angola no lançamento de mais
um projecto de ensino supe-
rior. Agora regressa a casa para
continuar o trabalho que vem
de trás. Por isso, no seu discurso
de apresentação, Luís Ferreira
defendeu que, na continuida-
de dos Descobrimentos, a ESTA
deve colocar “de novo em ac-
ção a nossa vocação atlântica”.
Agora, as novas naus devem
levar “experiência, tecnologia e
conhecimento” para vários pa-
íses onde se fala Português e
onde “a nossa presença é muito
desejada”.
O novo director vem substi-
tuir Pinto dos Santos que passa
para a vice-presidência do IPT,
nomeado pelo novo Presidente
do IPT, Eugénio de Almeida que
foi o primeiro director da ESTA.
Luís Ferreira é o novo director da ESTA
Jovem de Mação lidera JSD nacional
DEZEMBRO2010
jornaldeabrantes
A ponte rodoviária sobre o rio Tejo, em Constância, po-derá reabrir ao tráfego de veículos ligeiros em fi nais de Fevereiro do próximo ano, depois das obras de re-qualifi cação que vai sofrer.
Depois de muitas reuniões
entre as autarquias de Cons-
tância e Vila Nova da Barqui-
nha, a REFER e a Estradas de
Portugal, com a supervisão
do Ministério das Obras Pú-
blicas, estas entidades che-
garam a um acordo que re-
sultou num protocolo as-
sinado a 3 de Dezembro e
homologado pelo próprio
ministro António Mendonça.
Com este protocolo será lan-
çado de imediato um con-
curso público urgente de
consignação da obra, pela
Câmara de Constância, para
que os trabalhos mais ur-
gentes decorram durante
o mês de Janeiro e a pon-
te reabra ao tráfego de li-
geiros no mês seguinte.
O protocolo assinado im-
plica um investimento de
dois milhões de euros. Des-
te valor global 80 por cento
dos quais será obtido atra-
vés de candidatura a fundos
comunitários a apresentar
pela autarquia de Constân-
cia, assumindo-se esta au-
tarquia como dona da obra.
Dos 20 por cento de
comparticipação nacional
do investimento a realizar, o
município de Constância as-
sume seis por cento das ver-
bas, Vila Nova da Barquinha
quatro por cento, e REFER
e EP cinco por cento cada.
A consignação deste pro-
tocolo visa a reabilitação e
reforço estrutural daquela
ponte sobre o rio Tejo para
reabertura ao trânsito rodo-
viário a veículos até 3,5 tone-
ladas e a veículos de emer-
gência, assegurando um
prazo de vida útil de 50 anos.
Ficou ainda estabelecido que
a estrutura da ponte será ce-
dida pela REFER ao tráfego
rodoviário durante um perí-
odo de 25 anos, nos termos
do aditamento ao protoco-
lo de cedência daquela in-
fraestrutura datado de 1984.
Máximo Ferreira e Miguel
Pombeiro, presidentes das
Câmaras de Constância e Bar-
quinha, salientaram que este
não é o melhor acordo mas é
o possível, dentro das restri-
ções actuais, para que a pon-
te possa, o mais rapidamen-
te possível, reabrir ao trân-
sito. Os autarcas defendem
também que de equacione a
construção de outras traves-
sias no distrito, como as pon-
tes do IC 3, em Chamusca, e
do IC9, em Abrantes.
Jerónimo Belo Jorge
actualidade 13
Cerca de um ano depois da
intempérie que provocou o
desabamento de uma en-
costa na avenida do Paiol,
em Abrantes, as obras, no va-
lor de 80 mil euros, podem
avançar. Segundo a presiden-
te da Câmara, o Tribunal de
Abrantes autorizou, no início
de Dezembro, a entrada das
máquinas no terreno privado,
onde há um ano aconteceu o
desabamento.
Segundo a autarca, os pri-
meiros estudos geotécnicos
já foram efectuados e a inter-
venção, de cerca de 30 dias,
pode iniciar-se ainda este
ano. “Será uma intervenção
simples, com a construção
de sapatas que possam sus-
tentar o muro de suporte da
encosta em causa”, afi rmou,
sublinhando de seguida que
para que a obra possa ser fei-
ta, a avenida vai ser interdi-
tada à circulação automóvel
durante cerca de um mês.
Perante uma obra simples,
de construção de um muro de
suporte na encosta, o proces-
so foi demorado devido a um
diferendo entre a autarquia e
o proprietário do terreno. As
negociações iniciaram-se de
forma directa, mas, faltando o
acordo, passaram para os ad-
vogados e, à falta de entendi-
mento entre as partes, passou
para contencioso judicial.
Um ano depois a avenida do Paiol vai para obras
Acordo assinado para a requalifi cação da ponte de Constância
DEZEMBRO2010
jornaldeabrantes
14 economia
No dia 17 de Novembro foi apresentado a público, em Abrantes, o Plano Estratégi-co para a Tagus Valley - Tec-nopolo do Vale do Tejo.
O documento desenvolvi-
do pela equipa de Augusto
Mateus assenta em qua-
tro sectores. Por um lado, “as
duas áreas mais relevantes
na região, o agro-alimentar
e o casamento da mecâni-
ca com a electrónica”, como
campos de especialização.
Por outro, dois sectores trans-
versais, que não podem dei-
xar de estar presentes, e por
serem sectores em expansão:
as tecnologias da comunica-
ção e a energia. Além destas
apostas estratégicas, o Plano
apresenta ainda algumas li-
nhas da organização interna
e de metodologias de traba-
lho. Uma das apostas consis-
te em o Tecnopolo se tornar
auto-sufi ciente, passando a
não estar dependente do ex-
clusivo fi nanciamento da Câ-
mara, posição que lhe torna
o futuro insustentável se não
for corrigida.
Para a sua função, o tecno-
polo deve assumir-se como
mediador entre as necessi-
dades das empresas da re-
gião em matéria de inovação
e os centros produtores de
inovação, em especial as uni-
versidades com bom poder
de investigação. Em síntese,
tem de ser um serviço de va-
lorização das empresas nele
instaladas e das outras da re-
gião com as quais tem de es-
tabelecer uma rede fi rme de
relações em matéria de ino-
vação. Além disso, deve assu-
mir-se como um catalizador
do empreendedorismo para
empresas de base tenológi-
ca. Quer isso dizer que o Tec-
nopolo não deve ser apenas
nem sobretudo mais um lo-
teamento industrial.
Percebe-se, deste modo,
que o nó do processo consis-
te em criar uma boa rede de
relações entre as empresas a
servir e universidades de van-
guarda nas áreas em que vai
especializar-se. Deste modo,
pode tornar-se uma referên-
cia e ser procurado pelo que
oferece de valor para as em-
presas. Augusto Mateus assi-
nalou o importante trabalho
já realizado no Tagus Valley
e o facto de este já ter uma
equipa profi ssional ao seu
serviço, mas aponta para que
verdadeiros resultados na
sua vocação essencial demo-
rem ainda 10 a 15 anos a con-
solidar-se.
José Eduardo carvalho, pre-sidente do NERSANT, na en-trevista que publicamos na página 3, diz-nos que o tec-nopolo “não é um projecto fácil”. Pedimos-lhe que preci-sasse o seu pensamento.
Não é fácil porquê?Porque isto é muito difícil
trabalhar na área da inova-
ção. Há um amigo meu que
diz que para estes parques
funcionarem é necessário ter
na sua gestão um americano,
nascido na Califórnia, judeu
e que tivesse ligações fortes
com a China e a Índia (risos).
Uma pessoa com este perfi l
é muito difícil de arranjar.
Em todo país, algumas des-
tas incubadoras estão às
moscas, pois tenta-se ofere-
cer uma coisa que no merca-
do não tem procura.
É muito mais fácil apare-
cerem empresas de base
tecnológica num ambien-
te de inovação, sobretudo
quando se tem boas univer-
sidades ao pé. Neste aspec-
to, há cidades que têm esta
possibilidade, outras não.
Terá de haver portanto
um voluntarismo, um esfor-
ço público muito grande de
quem não tem esta possibi-
lidade e nem sempre as pes-
soas estão dispostas. Contu-
do, não podemos estar de
braços cruzados e se há um
projecto devemos seguir em
frente. Uma das estratégias
terá de ser o benchmarking,
isto é, aprender com os bons
exemplos de tecnopólos de
sucesso mas que se situam
longe de universidades.
O Nersant é um dos par-ceiros da Tagus Valley. Mas está de facto comprometi-do com o projecto? Em que medida?
Nós estamos a participar na
gestão. Contudo, não pode
haver concorrência entre
entidades. E o Nersant não
pode servir só para mobilizar
clientes ou empresas para o
tecnopolo. Devemos encon-
trar uma forma mais pensa-
da para que o Nersant possa
estar não só do lado da pro-
cura mas também do lado da
oferta. Esta situação está em
motivo de refl exão, porque
não está bem equacionada.
O grande problema do tec-
nopolo é a complexidade do
projecto e o peso esmaga-
dor que a Câmara Munici-
pal tem, porque tem de ter,
porque mais ninguém fi nan-
cia. E com esta dependência
face à Câmara, algumas situ-
ações se inibem. Por exem-
plo, face aos enquadramen-
tos salariais dos técnicos e
às políticas de recrutamento
e de admissão, nós não con-
cordarmos com algumas si-
tuações, contudo não vamos
votar contra, pois não temos
peso sufi ciente para isso.
Quem tem dinheiro é que
manda, a nós cabe-nos per-
ceber isso.
• Augusto Mateus apresenta o Plano Estratégico.
O olhar da Nersant sobre o Tagus Valley
Tagus Valley já tem plano estratégico para 2020
TECNOPOLO DO VALE DO TEJO
DEZEMBRO2010
jornaldeabrantes
actualidade 15
Este contentor do lixo está,
desde meados de Agosto,
sem tampa. Situa-se na Rua
da Estação, ao lado de um
restaurante e na frente da
Casa de S. Miguel (das crian-
ças em risco).Em risco esta-
mos todos nós quando ao
telefonarmos mais do que
uma vez para o AmbientA-
brantes (241360120) e nos
respondem que estão com
falta de pessoal…!
M.L.V.
Uma senhora de 99 anos
foi assaltada em casa em ple-
no dia. Dois indivíduos en-
traram, empurraram-na para
cima de uma cama, coloca-
ram-lhe uma almofada em
cima da boca e revistaram
toda a casa, a sua pequena
e pobre casa. Apenas encon-
traram uma carteira com al-
guns euros e os documen-
tos da senhora. Foi isso que
levaram. Na rua da Câmara,
em pleno dia, repita-se. Um
carro foi assaltado três vezes
em duas semanas no adro da
igreja de S. Vicente.
Uma casa foi assaltada e
toda revirada. Não encontra-
ram valores e nada levaram.
Passaram à do lado, onde le-
varam o ouro que apanha-
ram. Foi na Rua de Angola,
no centro da cidade.
Um carro foi roubado à
hora de jantar na Rua Actor
Taborda, também no cen-
tro da cidade. Apareceu na
Abrançalha. Vários equipa-
mentos públicos e algum
mobiliário urbano continua
a sofrer maus tratos e a ter
que ser reparado, à custa do
nosso dinheiro, isto é, com o
dinheiro que não vai servir
para outras coisas. Se é pos-
sível saber quais os estran-
geiros que vão incomodar a
cimeira da Nato e não os dei-
xar entrar no país, também é
possível saber quem nos in-
comoda todos os dias. E “fa-
zer o que ainda não foi feito”,
mas deve ser.
O Natal está aí. Para associar a vila à época em
questão, o município está a promover um con-
curso de montras de Natal. Segundo o vereador
da Câmara Municipal de Mação, Vasco Estrela,
“o concurso pertence envolver todos os comer-
ciantes da vila, de forma a promover a originali-
dade e a criatividade de cada um, para dar um
brilho superior a este Natal em Mação”.
O vencedor será anunciado até ao dia 10 de Ja-
neiro de 2011 e ganhará um certifi cado de parti-
cipação na iniciativa.
Como é?
A onda continua
Concurso de montras em Mação
DEZEMBRO2010
jornaldeabrantes
16 formação
Há casos em que o adulto já apresenta aprendizagens fei-tas em contexto não formal. “Ou porque fez formação na empresa onde trabalha, ou porque foi por exemplo diri-gente sindical e aí aprendeu muito, ou porque foi dirigen-te associativo e isso deu-lhe uma boa bagagem”, explica a professora Isabel Pinheiro.
“Se nessa entrevista de diag-
nóstico se percebe que há um
capital de competências que
a pessoa tem mas que ainda
não estão certifi cadas, então
a pessoa entra no processo
de validação e certifi cação de
competências. Trata-se de vali-
dar e depois certifi car as com-
petências que já possui”, refor-
ça Isabel Pinheiro, “e ajudá-la a
adquirir algumas competên-
cias que ainda lhe faltem. Se o
processo correr bem e forem
verifi cadas as competências
necessárias, o adulto pode as-
sim receber o certifi cado do
primeiro, do segundo ou do
terceiro ciclos ou mesmo do
secundário”. Para isso, o adul-
to começa por reunir-se com
os professores do CNO que
lhe mostram qual o conjun-
to de competências que deve
apresentar para poder obter
um daqueles diplomas, isto
de acordo com o “referencial
de competências-chave”, o
documento que enquadra o
processo a nível nacional.
O CNO nomeia um tutor
que vai acompanhar e ajudar
o adulto no seu percurso. E o
adulto inscrito inicia a elabo-
ração do seu portfólio, ou seja,
um “livro” que vai escrever em
que mostra que sabe e como
aprendeu aquilo que preten-
de ver certifi cado. Além disso,
vai fazer a formação necessá-
ria para adquirir as competên-
cias que ainda não tem.
Por exemplo, para obter o
diploma do ensino básico, o
adulto tem de apresentar um
conjunto de competências
em Matemática para a Vida,
Cidadania e Empregabilidade,
Tecnologias de Informação
e Comunicação, Linguagem
e Comunicação. Para obter o
diploma do ensino secundá-
rio, tem de apresentar outro
conjunto de competências
distribuídas pró várias áreas:
Cultura, Língua e Comunica-
ção e Sociedade, Tecnologia e
Ciência, Cidadania e Profi ssio-
nalidade.
Para adquirir as competên-
cias que não tem, o adulto
pode frequentar alguma for-
mação que o próprio CNO
oferece, mas diminuta, ou fre-
quentar fora formação por
módulos ou outra. Há, por
exemplo, quem se inscreva
num instituto de línguas para
aprendizagem de uma língua
estrangeira, ou quem recorra
a explicações privadas. Mas
o mais comum é as pessoas
frequentarem formação por
módulos, que existem em vá-
rias escolas, entre elas a Esco-
la Solano de Abreu. Mas isso
já é fora do CNO. Este tem por
função nuclear o processo de
“reconhecimento, validação e
certifi cação” de competências
e não o de formar as pessoas.
Se o processo for bem con-
cluído, a pessoa propõe-se a
júri de certifi cação. É uma es-
pécie de exame fi nal, perante
professores do CNO e um ava-
liador externo. Se tudo correr
bem, a pessoa tem direito a
um certifi cado que lhe con-
fere a habilitação do ciclo res-
pectivo.
Mas o processo pode cor-
rer menos bem. Nesse caso,
o adulto pode ter uma certifi -
cação parcial ou pode desistir
do processo.
As críticasIsabel Pinheiro não desco-
nhece e não esconde que este
processo é alvo de algumas,
por vezes grandes, suspeitas
em sociedade.
“Em primeiro lugar, é neces-
sário perceber duas coisas.
Que aqui não se dão diplo-
mas. Nós reconhecemos, vali-
damos e certifi camos compe-
tências que as pessoas já têm.
E já têm porque tiveram opor-
tunidade de aprender, embo-
ra sem ser na escola. E porque
não as aprenderam na esco-
la, essas aprendizagens não
estão certifi cadas. Depois, é
também necessário perceber
que o diploma que é passado
á pessoa não certifi ca que ela
tenha aprendido o mesmo e
tudo o que se ensina na esco-
CENTRO DE NOVAS OPORTUNIDADES PARA QUEM NÃO PÔDE NA HORA CERTA
A validação de competências• Isabel Pinheiro.
DEZEMBRO2010
jornaldeabrantes
formação 17
la normal. Certifi ca-se que ela
tem as competências que fo-
ram defi nidas como as neces-
sárias para um adulto ser cer-
tifi cado com certo ciclo. Nós
levamos o processo a sério e
procuramos que as coisas se-
jam bem feitas.” E por detrás
das suas palavras parece-nos
ouvir dizer: se as competên-
cias necessárias são estas ou
outras, isso já não é connosco.
Mas Isabel Pinheiro sabe as
críticas que se fazem a este
processo. Que podem ser re-
sumidas na afi rmação de que
o CNO serve para dar diplo-
mas a quem quiser e assim
aumentar as estatísticas.
“Algumas pessoas vêm com
essa ideia lá de fora, e quando
chegam aqui até reclamam,
que afi nal isto é mais difícil
do que pensavam”, diz Isabel
Pinheiro. E insiste. “Este não é
um lugar onde se ensina, em-
bora funcione numa escola.
Aqui reconhece-se e valida-se
competências”, explica. “Mas
a verdade é que as pessoas
que passam por este proces-
so aprendem muito, até pelo
simples facto de terem de es-
crever o livro da sua vida. E ga-
nham muito em auto-estima”,
acrescenta a coordenadora
do CNO da escola Solano de
Abreu.
Mas que diria a uma pessoa
que lhe fi zesse a insinuação
das críticas que acima resu-
mimos? “Que não fale do que
não sabe. Que se informe e
fale depois.”
Mais de cem pessoas vesti-
ram um fato melhor porque
o dia era de vitória. Tinham
chegado ao fi m do processo
de “validação e certifi cação
de competências”. E naquele
dia, 26 de Novembro, iam re-
ceber o certifi cado que con-
fi rmava o percurso feito. Por
isso era dia de festa no Cen-
tro de Novas Oportunidades
(CNO) da Escola Solano de
Abreu.
Quando uma pessoa não
teve oportunidade de con-
cluir a escolaridade “normal”
no tempo também “normal”
e decide, mais tarde, ofere-
cer-se uma “nova oportuni-
dade”, a solução é dirigir-se a
um Centro de Novas Oportu-
nidades. O da Escola Solano
de Abreu é um deles. Nasceu
em 2008 e está portanto com
dois anos de idade, e cheio de
força. Isabel Pinheiro é a coor-
denadora e diz-nos como as
coisas se passam.
A pessoa interessada chega
e inscreve-se. Então é-lhe fei-
to um diagnóstico de entra-
da, através de uma entrevis-
ta, para ver qual o caminho
a seguir.
De acordo com a situação,
vários caminhos são pos-
síveis. Um deles é o de fre-
quência de cursos de forma-
ção, onde as pessoas podem
ir aprender aquilo que não
tiveram ainda oportunida-
de de aprender. Para isso há
os cursos EFA, leia-se Edu-
cação e Formação de Adul-
tos, ou então a formação por
módulos. O técnico do CNO e
o adulto inscrito vêem qual é
a melhor solução.
Alves Jana
O CNO da ESSA em númerosNascimento: 2008
2008-2009: 31 adultos
certifi cados
2009-2010: 107 adultos
certifi cados
Total de inscritos: 739
adultos
Continuam em proces-so: 156 adultos
Processos suspensos: 80
Transferidos: 34
Desistências: 62
“Aprender até morrer”
DEZEMBRO2010
jornaldeabrantes
18 opinião
(No sábado 27 de Novembro) par-ticipei no 10º Congresso Nacio-nal de Defi cientes, realizado na INATEL da Costa da Caparica, orga-nizado pela Confederação Nacio-nal dos Organismos de Defi cientes (CNOD). O tema principal era “Lu-tar por um século XXI inclusivo / unir o movimento associativo”.
Uma decepção. O mesmo de sem-
pre: discursos politicamente correc-
tos, feitos pelos mesmos de sempre,
formalidades do costume, promes-
sas... Porque tem que se continuar
a bater nas mesmas teclas, a fazer
o mesmo de sempre? A mim tudo
aquilo não me diz nada. Porque não
nos juntarmos informalmente e de-
batermos nossos problemas, trocar-
mos ideias, dúvidas, unirmos esfor-
ços, no lugar daqueles enfadonhos
e ultrapassados modelos?
Bem, couberam-me uns minuti-
nhos para discursar e neles tentei
apresentar factos. Sim, factos. Falar
bonito não sei, falar só para agradar
não condiz com minha personali-
dade. Deixo aqui aos meus leitores
o que foquei.
1 - O representante da INATEL so-
cial, presente no congresso, tentou
vender e vangloriar-se do seu pro-
grama “Abrir portas à diferença”. Ex-
pliquei-lhe que não é como diz. Eu
fui impedido de participar nesse
programa, porque as suas unidades
hoteleiras não têm casas de banho
acessíveis para dependentes e que
inclusive naquele momento nem o
rosto podia lavar, porque a casa de
banho do hotel não permite que
entre nela.
2 - Perguntei à mesa onde está
a inclusão. Eles (organizadores
do congresso) foram os primei-
ros a discriminar-nos. Somente
disponibilizaram transportes a par-
tir do Largo do Rato em Lisboa. Eu e
outros que vivemos fora de Lisboa
somos diferentes, não temos direi-
to a transporte. Não há verbas para
transportes? Recebam-nos atra-
vés de videoconferência. Não cus-
ta nada. Aí se vê que é falta de von-
tade.
Sites da CNOD, APD e maioria é
desnecessário procurá-los. Sem-
pre desactualizados e nada apela-
tivos. Será que não sabem que nós
dependentes temos como única
ferramenta para chegar até eles a
Internet? Hoje em dia qualquer lei-
go sabe e tem uma página na net,
mais actualizada que as deles.
3 - Contei-lhes a humilhação que
passei ao ser examinado no meio
da via pública, no Serviço de Saú-
de Pública de Tomar, por uma junta
médica, por o edifício não tem aces-
sos a cadeira de rodas.
4 - Expliquei-lhes que o Centro
de Medicina de Reabilitação de
Alcoitão não faculta transporte a
dependentes após alta hospitalar.
Que nos despeja e abandona na
nossa cadeira de rodas, na estação
de Santa Apolónia, Oriente ou ou-
tra.
5 - Que estamos impedidos de fa-
zer formação e ou continuar estu-
dos, porque não nos facultam trans-
porte. Que os Centros de Reabilita-
ção Profi ssional de Alcoitão e ou
Gaia, não nos aceitam, porque não
têm dinheiro para contratar quem
nos auxilie. Novas Oportunidades
e afi ns de que tanto se orgulham e
publicitam é só para os outros.
6 - Que no dia 09 de Novembro de
2009 relatei estas e outras injustiças
a toda a entidade possível, e inclusi-
ve a algumas daquelas Associações
e nem uma resposta obtive. Somen-
te o Gabinete da Senhora Secretária
de Estado, através do chefe de seu
gabinete, Dr. Rui Daniel e seu adjun-
to Dr. Luís Vale se interessaram por
mim e me receberam. Inclusive até
hoje sempre que sou contactado
através do [blogue] tetraplégicos
.blogspot.com, por alguém que so-
fre injustiças, o Dr. Luís Vale me auxi-
lia, tendo já desbloqueado imensas
situações. Do associativismo nada.
O que não pude dizer, visto a mesa
ter-me interpelado que meu tempo
tinha esgotado:
a) Centro de Reabilitação de Alcoitão
deixa muito a desejar.
b) Conseguir uma assinatura dos
centros de saúde numa creden-
cial, que autorize nossa ida a uma
consulta com um especialista, é na
maioria das vezes recusado.
c) Conseguir Ajudas Técnicas/Pro-
dutos de Apoio neste momento é
quase impossível.
d) Apoio domiciliário é inexistente.
e) Ir a umas urgências hospitalares,
só pagando transporte, etc, etc e
etc.
Houve uma Mãe que no seu discur-
so emocionante, de procura de res-
postas, muito incentivou o mostrar-
mo-nos, irmos para a rua. Sempre
achei uma excelente ideia, como
em tempos o mostrei publicamen-
te. Pensem nisso.
É com profunda tristeza que a “CONTANOVA – Contabilida-de e Serviços, Lda.” comunica o falecimento do Vasco Nuno Batista Pereira, no dia 16 de Novembro.
Neste tempo de choque e tra-gédia devemos reconhecer o seu papel fundamental no de-senvolvimento e crescimento da “CONTANOVA, Lda.”.
Integrado que estava, numa equipa que se mantém e que será reforçada, de forma a minimizar os efeitos decorrentes da sua ausência.
Queremos agradecer a todas as pessoas que nos acompa-nharam neste infortúnio, reafi rmando o nosso empenho na continuação e manutenção dos objectivos que motivaram a constituição da “CONTANOVA – Contabilidade e Serviços, Lda.” em 1989.
A Gerência
O congresso nacional de Defi cientes foi “uma decepção”
Eduardo Jorge
DEZEMBRO2010
jornaldeabrantes
cultura 19
LUGARES COM HISTÓRIA
O Convento da EsperançaTERESA APARÍCIO
Situava-se este convento na que é hoje a rua Actor Tabor-da, junto ao edifício do Colé-gio de Nossa Senhora de Fáti-ma, e o que resta dele é ocu-pado pela chamada Casa da Esperança, propriedade das irmãs Doroteias, residentes no edifício do colégio. Este espaço que foi ocupado, de-pois, por várias instituições, está agora novamente nas mãos de religiosas e a ser co-nhecido pela sua evocação inicial.
Do convento resta pouca
coisa: algumas marcas na ar-
quitectura do edifício, a boni-
ta porta renascentista em pe-
dra trabalhada que dá para a
rua e o amplo espaço da igre-
ja, que ainda conserva alguns
vestígios desta – inscrições,
sepulturas, uma pedra braso-
nada, etc. Este convento foi
fundado em 1548, no reina-
do de D. João III e teve o seu
primeiro assento junto da Er-
mida de Nossa Senhora da
Ribeira, templo muito antigo
(há uma referência a ele num
documento de 1227), que se
situava em Alferrarede, perto
da Rotunda do Olival e o seu
nome ainda sobrevive na to-
ponímia local.
A iniciativa da construção
do mosteiro deve-se a D.
Brites de Jesus, que passan-
do por Abrantes em peregri-
nação para Jerusalém, não se
sabe por que razão, mudou
de ideias e resolveu fi car por
aqui, dando depois início à
fundação do convento. Ela e
as suas companheiras abra-
çaram a Regra Terceira de S.
Francisco e fi caram a obede-
cer ao bispo da Guarda. Mas
o sítio era húmido e doentio
e as instalações muito aca-
nhadas pelo que D. Brites re-
solveu pedir licença ao pro-
vincial para se mudar para ou-
tro local mais saudável, agora
já dentro da vila. O seu pedi-
do foi atendido e em 1576 já
ocupavam provisoriamente
uns anexos da Capela de San-
ta Ana, na rua de Santa Iria,
passando então a ter como
padroeira Nossa Senhora da
Esperança. O novo edifício do
convento lá se foi construin-
do lentamente, passando por
várias vicissitudes e difi cul-
dades, sobretudo de ordem
económica, tendo sido no
período fi lipino que as obras
tiveram um maior incremen-
to. Foi também no mesmo
período (1583) que os estatu-
tos foram reformulados, pas-
sando as freiras, desde então,
a pertencer à regra de Santa
Clara. Ali viveram até Janei-
ro de 1809, altura em que fo-
ram mandadas desalojar por
alguns terrenos do convento
estarem compreendidos den-
tro do traçado das obras de
fortifi cação que se iam fazer
na vila, tendo sido as monjas
transferidas para o mosteiro
de Via Longa, próximo de Vila
Franca de Xira.
O edifício foi depois utili-
zado por outras instituições:
departamentos militares e a
igreja foi concedida à Câma-
ra Municipal que a conver-
teu em teatro. Ali funcionou,
durante cerca de um século,
o Teatro Taborda, onde se re-
alizaram inúmeras represen-
tações teatrais, saraus, bailes,
etc. Foi um local de referência
para os abrantinos, uma casa
de cultura, de divertimento e
de convívio para muitos que
ali passaram horas inesquecí-
veis, até que acabou por ser
encerrado, pois já não ofere-
cia as necessárias condições
de segurança, dado o adian-
tado estado de degradação
em que se encontrava. Final-
mente, ainda não há muitos
anos, o edifi co voltou para as
mãos de uma congregação
de religiosas, as irmãs Doro-
teias, que o adquiriram e o
têm posto ao serviço da co-
munidade.
Bibliografi a: Morato, Manuel
António, “Memória Histórica da Notável Vila de Abrantes”,
edição da Câmara Municipal
de Abrantes, 1982
jornaldeabrantes
cultura&espectáculos20
Nada melhor do que dar a palavra à artis-
ta, Andrea Inocêncio: “Tendo em conta que
as Mulheres são protagonistas dos proces-
sos de socialização e de integração cultu-
ral através da educação das crianças, penso,
não só, na fi gura da mulher como mãe-edu-
cadora e de suporte familiar, mas também
como a sua imagem se tornou poderosa no
âmbito religioso, erótico e publicitário. Des-
ta forma, aborda-se a temática da violência
praticada contra a mulher e da igualdade
de género sem adoptar uma posição fata-
lista nem de denúncia sensacionalista. Op-
ta-se antes por focalizar a fi gura da mulher
como construção sócio-cultural complexa
que permite pensar o lugar que ocupam as
imagens da mulher na construção de iden-
tidades, no intercâmbio e produção cultu-
ral. “Procura-se assim construir imagens ba-
seadas nas personagens de banda dese-
nhada – as super-heroínas – recriando-as a
partir de uma visão e vivência feminina.
““À prova de fogo e de bala” é um pro-
jecto transdisciplinar e multidisciplinar no
qual se insere uma série de foto-pinturas.
Para a realização destas obras contou-se
com a colaboração de 15 mulheres e crian-
ças, desde os 10 aos 60 anos, como mo-
delos fotográfi cos dos fi gurinos que elas
próprias criaram e elaboraram - através
da participação voluntária em workshops
de criação artística realizados em parceira
com a Associação de Mulheres de Pesca-
dores e Armadores de Ilha Terceira e com
a UMAR–Açores, delegação da Terceira e
de S. Miguel. Na galeria Municipal de Arte,
em Abrantes, de terça-feira a sábado, das
10h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h30.
Abrantes Até 31 de dezembro - Ex-
posição de Natal - Artesa-
nato - Posto de Turismo, de
Segunda a Sexta-feira, das
9h30 às 17h30
Até 31 de dezembro - Ex-
posição -Marcas de Fé - Re-
gistos, Presépios e Memó-
rias - Autoria de Teresa Sáez
Salgado e Rita Elias Sáez -
Biblioteca António Botto,
das 9h00 às 19h30
Até 31 de dezembro - Ex-
posição - Quando a arte é
um hobby, trabalhos de alu-
nos do curso de artes deco-
rativas - Biblioteca António
Botto, das 9h00 às 19h30
De 15 de dezembro a 31 de maio de 2011 - Expo-
sição - Memória dos sítios
- Colecções do Museu D.
Lopo de Almeida – Museu
D. Lopo de Almeida, Caste-
lo de Abrantes
17 de dezembro - Teatro
de marionetas - As cozi-
nheiras de livro, de Margari-
da Botelho - Biblioteca An-
tónio Botto, às 14h30
18 de dezembro a 28 de janeiro de 2011- Exposi-
ção - À prova de fogo e de
bala, de Andrea Inocên-
cio - Galeria Municipal de
Arte - Terça-feira a Sábado,
das 10h00 às 12h30 e das
14h00 às 18h30
CINEMA ESPALHAFITAS -
Cine-teatro São Pedro, às
21h30: 15 de dezembro -
Desassossego - com a pre-
sença do realizador João
Botelho 22 de dezembro -
Mistérios de Lisboa, de Raul
Ruiz 29 de dezembro - Em-
bargo, de António Ferreira
Barquinha Até 31 de dezembro -
Mostra Bibliográfi ca sobre
Augusto Abelaira – Biblio-
teca Municipal
19 de dezembro - Mega
concentração de Pais Natal
- Campanha de solidarieda-
de para a Creche da Atalaia
- Largo 1º de Dezembro, às
14h00
Constância Até 31 de dezembro -
Mostra bio-bibliográfi ca
sobre José Fanha - Biblio-
teca Municipal Alexandre
O’Neill, das 10h00 às 12h30
e das 14h00 às 18h30
Até 2 de janeiro - Exposição
de Presépios, de Madalena
Graça Vieira - Posto de Tu-
rismo, das 9h30 às 13h00 e
das 14h30 às 17h30
18 de dezembro - Ateliê -
Presépio tradicional -O Na-
tal no Museu - Museu dos
Rios e das Artes Marítimas,
das 14h00 às 17h30
Mação 18 de dezembro - Con-
certo de Natal - Percussão
e Coro do Conservatório
de Música FirMação, Gru-
po Coral - Os Rurais, Grupo
Cultural Os Maçaenses e Fi-
larmónica União Maçaense
- Igreja Matriz de Mação, às
18h00
Sardoal Até 28 de janeiro de 2011 - Exposição - Colecção de
Arte Contemporânea, de
vários autores - Centro Cul-
tural Gil Vicente, de Terça
a Sexta-feira das 16h00 às
18h00 e aos sábados das
15h00 às 18h00
19 de dezembro - Concer-
to de Natal - Coro misto -
Canto Firme - Centro Cultu-
ral Gil Vicente, às 16h00
7 de janeiro de 2011 - Café-
teatro pelo GETAS – Bar do
Centro Cultural Gil Vicente,
a partir das 22h30
II Mostra de Teatro de Sar-
doal – Centro Cultural Gil
Vicente, às 16h00:
18 de dezembro – “Dom
Quixote”, pelo GETAS.
AGENDA DO MÊS“À prova de fogo e de bala”
O Espalhafi tas, secção de cinema Palha de Abrantes, dedica o mês
de Dezembro ao cinema português, com a particularidade de ter du-
rante as sessões alguns dos realizadores. A 15 de dezembro terá lu-
gar “Desassossego”, um fi lme de João Botelho, que adapta uma obra
de Fernando Pessoa para o grande ecrã. O realizador vai estar pre-
sente neste dia para falar sobre o fi lme e interagir com os cinéfi los.
Na quarta-feira seguinte, 22 de Dezembro, é a vez de “Mistérios de
Lisboa” estrear em Abrantes. O fi lme foi realizado pelo Chileno Raul
Ruiz mas a história pertence a Camilo Castelo Branco. No fi m do mês,
a 29 de Dezembro, o realizador António Ferreira mostra “Embargo”,
também este adaptado de um livro, desta vez de José Saramago. As
sessões são no Cine-teatro São Pedro, às quartas, às 21h30.
Espalhafi tas dedica Dezembro ao cinema português
A Biblioteca Municipal de Sardoal celebrou o seu 13º ani-
versário a 6 de Dezembro e para comemorar a efeméride,
lançou dois concursos a que responderam dezenas de
pessoas. A concorrer estiveram 23 presépios feitos de plas-
ticina, barro, tecidos, materiais reciclados e musgo, elabo-
rados por alunos do 1º Ciclo de Sardoal ajudados por pais
e professores. Ricardo Silva viu o seu presépio vencer este
concurso, seguido de Henrique Chambel, ambos alunos
de Sardoal. O concurso literário recebeu 19 contos e foi ga-
nho por Carlos Jesus Gil, de Coimbra. Também em desta-
que está um conto feito por Nilton Silveira, de Porto Ale-
gre, Brasil e em terceiro lugar, André Fernandes, do 1º Ci-
clo de Sardoal, que escreveu “Um Guizo Especial”. Tanto os
presépios como os contos podem ser vistos na Biblioteca
de Segunda a Sexta-feira entre as 9h00 e as 12h30 e 14h00
e 17h30.
Biblioteca do Sardoal festeja anos com concurso de presépios
Zahara nº 16 já nas bancas
A vida de Jacinto Abreu contada na primei-
ra pessoa com uma força pouco vulgar, ou a
profi ssão já desaparecida das lavadeiras ou
ainda a produção de azeite nas Mouriscas são
alguns dos temas que se podem encontrar
no nº 16 da revista Zahara que já se encon-
tra à venda. Mas quem preferir temas de arte
tem um trabalho sobre os azulejos da igreja
da Atalaia. A curiosidade jornalística dos números únicos é outro traba-
lho. E a apresentação do museu de Vila de Rei. Mas o tema forte é a Repú-
blica centenária nos concelhos de Abrantes, Constância e Sardoal. São 96
páginas de história local numa revista que já se publica há 8 anos.
DEZEMBRO2010
jornaldeabrantes
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• Aluga-se Moradia rús-tica T4 Região de Sardoal. 966213138
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• Vende-se vivenda r/c - 1º andar, quintal. Charneca do Maxial, Tomar. 240 mil euros. 913075053
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Missa de 8º Aniversário
23 de Dezembro pelas 19h15na Igreja de S. Vicente
em Abrantes
Porque a dor é grandeE a perda irreversívelResta-nos a memória
Dos momentos que vivemos contigo
AGRADECIMENTO
VASCO NUNO BATISTA PEREIRA
(28-03-1974 /16-11-2010)
ALFERRAREDE
Seus pais Maria Rosa e Fernando, irmão, cunhada, sobrinhos, Telma e restantes familiares, na impossibilidade de o fazerem pessoalmente, agradecem, por este meio, a todas as pessoas que participaram nas cerimónias fúnebres do Vasco ou que, por qualquer forma, manifestaram o seu pesar. A todos o seu bem-haja.
DEZEMBRO2010
jornaldeabrantes
saúde 23
CENTRO MÉDICO E DE ENFERMAGEMDE ABRANTES
Largo de S. João, N.º 1 - Telefones 241 371 566 - 241 371 690
CONSULTAS POR MARCAÇÃOACUPUNCTURADr.ª Elisabete Alexandra Duarte SerraALERGOLOGIADr. Mário de Almeida; Dr.ª Cristina Santa MartaCARDIOLOGIADr.ª Maria João CarvalhoCIRURGIADr. Francisco Rufi noCLÍNICA GERALDr. Pereira Ambrósio - Dr. António PrôaDERMATOLOGIADr.ª Maria João SilvaGASTROENTERELOGIA E ENDOSCOPIA DIGESTIVA Dr. Rui Mesquita; Dr.ª Cláudia SequeiraMEDICINA INTERNADr. Matoso FerreiraNEFROLOGIADr. Mário SilvaNEUROCIRURGIADr. Armando LopesNEUROLOGIADr.ª Isabel Luzeiro; Dr.ª Amélia Guilherme
OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIADr.ª Lígia Ribeiro, Dr. João PinhelOFTALMOLOGIADr. Luís CardigaORTOPEDIADr. Matos MeloOTORRINOLARINGOLOGIADr. João EloiPNEUMOLOGIADr. Carlos Luís LousadaPROV. FUNÇÃO RESPIRATÓRIAPatricia GerraPSICOLOGIADr.ª Odete Vieira; Dr. Michael Knoch;Dr.ª Maria Conceição CaladoPSIQUIATRIADr. Carlos Roldão Vieira; Dr.ª Fátima PalmaUROLOGIADr. Rafael PassarinhoNUTRICIONISTADr.ª Carla LouroSERVIÇO DE ENFERMAGEMMaria JoãoTERAPEUTA DA FALADr.ª Susana Martins
O que fazer ao lixo?SAÚDE É ... Secção da responsabilidade da Unidade de Saúde Publica do ACES do Zêzere
O tratamento dos resíduos obriga a um
conjunto de normas e procedimentos
desde a produção, recolha, transporte,
armazenamento, tratamento, valoriza-
ção e eliminação, que caso sejam viola-
dos poderão representar um grave pro-
blema de Saúde Pública, com riscos para
a saúde humana ou ambiental.
Resíduo Hospitalar (RH) é “ ...o resultan-
te de actividades médicas desenvolvidas
em unidades de prestação de cuidados
de saúde, em actividades de prevenção,
diagnóstico, tratamento, reabilitação e
investigação, relacionado com seres hu-
manos ou animais, em farmácias, em ac-
tividades médico-legais, de ensino e em
quaisquer outras que envolvam procedi-
mentos invasivos, tais como acupunctura,
piercings e tatuagens” – DL n.º 178/2006,
de 5 de Setembro. No Despacho n.º
242/96, de 13 de Agosto, está contem-
plada a classifi cação dos RH, que tem
subjacente a triagem dos mesmos, de
modo a garantirmos a minimização dos
riscos de forma economicamente susten-
tável. A gestão efi caz de RH implica a par-
ticipação activa de todo o pessoal envol-
vido na produção e tem subjacente a re-
gra dos 5 R – Reduzir, Reciclar, Reutilizar,
Recuperar e Responsabilizar. Os resídu-
os hospitalares classifi cam-se em: RESÍ-
DUOS NÃO PERIGOSOS: GRUPO I – RESÍ-
DUOS EQUIPARADOS A URBANOS: re-
síduos provenientes de serviços gerais;
GRUPO II – RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS:
Não estão sujeitos a tratamentos espe-
cífi cos, podendo ser equiparados os ur-
banos, como é exemplo o material or-
topédico, não contaminados e sem ves-
tígios de sangue. Este grupo de resíduos
são valorizáveis, pelo que se deve provi-
denciar a existência de ecopontos, para
a sua reciclagem. RESÍDUOS PERIGOSOS:
GRUPO III: Resíduos hospitalares de ris-
co biológico, resíduos contaminados ou
suspeitos de contaminação, susceptí-
veis de incineração ou de outro pré-tra-
tamento efi caz, permitindo posterior eli-
minação como resíduo urbano; GRUPO
IV: RESÍDUOS HOSPITALARES ESPECÍFI-
COS, resíduos de vários tipos, de incine-
ração obrigatória como por exemplo os
materiais cortantes e perfurantes.
Os resíduos do grupo III e IV são coloca-
dos em contentores próprios, fornecidos
pela empresa responsável pelo seu trans-
porte e tratamento.
Todos temos um papel importante na
promoção da saúde pública e na preser-
vação do nosso planeta, é importante
que cada um faça o seu !
Margarida ArnautEnfermeira