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JOÃO COELHO NETOLUIZ ANTONIO DE OLIVEIRAIVONIR RODRIGUES AYRES

AS TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO EXIGÊNCIAS PARA A

EDUCAÇÃO ESCOLAR.

Profa. Teresa KazukoTeruya

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TEORIA CRÍTICA E NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO

JOSÉ LEÓN CROCHIK

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BIOGRAFIA – JOSÉ LEÓN CROCHIK

Possui graduação em Psicologia pela Universidade de São Paulo (1979), mestrado em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo (1985), doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (1990) e livre-docência em Psicologia pelo Instituto de Psicologia da USP (1999). Atualmente, é Professor Titular do Instituto de Psicologia da USP, no qual atua na graduação e na pós-graduação no Departamento da Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade.

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Segundo CROCHIK, as tecnologias modernas trazem em si a dinâmica da produção para o mercado por serem resultados do processo capitalista de produção, citando as vantagens das mídias sobre o modo convencional.

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Evolução dos Computadores

Embora as máquinas tenham evoluído tanto, desde 1623 até 1937, nenhum dos inventos é considerado um computador. O computador surgiu no momento em que os equipamentos eletromecânicos foram substituídos por componentes eletrônicos (válvulas, transistores e chips). A história dos computadores está dividida em gerações, e o início de cada geração está relacionado a uma evolução significativa nos componentes eletrônicos utilizados pelas máquinas.

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PRIMEIRA GERAÇÃO – VÁLVULAS1951/1959

O exército americano constrói o ENIAC. O objetivo dessa máquina era facilitar os cálculos das trajetórias dos mísseis, na Segunda Guerra Mundial.

Só ficou pronta após a guerra e acabou sendo usada para construção de bombas atômicas. Possuía 18.000 válvulas

ENIAC

http://www2.arnes.si

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SEGUNDA GERAÇÃO – TRANSISTORES (1959/1965 )

Criação do transistor, que pode ser visto como uma válvula miniaturizada e muito mais veloz. As válvulas esquentavam e queimavam facilmente. O transistor permitiu a diminuição do tamanho dos computadores e aumentasse a velocidade de processamento. Os defeitos nos componentes eletrônicos diminuíram bastante. TRADIC

www.liafa.jussieu.fr

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TERCEIRA GERAÇÃO – CHIPS (1965/1975 )

Surgem os circuitos integrados

Diminuição do tamanho Maior capacidade de

processamento Início da utilização dos

computadores pessoaisALTAIR

www.digibarn.com

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QUARTA/QUINTA GERAÇÃO – CHIPS E IA (1975/19?? )

Surgem os softwares integrados

Processadores de Texto Planilhas Eletrônicas Gerenciadores de Banco

de Dados Gráficos Gerenciadores de

Comunicação Robótica Inteligência Artificial

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O objetivo das novas tecnologias educacionais não é somente o de transmitir informações no meio educacional, mas também um meio de socialização entre as classes. Com o advento das novas tecnologias CROCHIK cita algumas vantagens.

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VANTAGENS

Digitação sobre a escrita; Fotografia sobre a pintura; Romance filmado sobre escrito; O computador surge pela

necessidade das indústrias e da pesquisa;

A televisão nasce para o entretenimento;

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CRITICAS DE CROCHIK

Ingênuo julgar que as novas tecnologias são responsáveis pela racionalidade da educação;

Diferenciação entre os alunos a usar o computador e transmitir informações por ele;

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PROPOSTA DO USO DO COMPUTADOR NO ENSINO

1) O ensino pelo computador – em contradição com a televisão, o telespectador não é passivo, há uma interação entre homem-máquina;

2) Motivação ao usuário dada pelos softwares educacionais: simulação e atenção do usuário para o conteúdo a ser trabalhado.

3) Disposição do conteúdo;

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Apostilas Eletrônicas: são meramente textos digitalizados que pode proporcionar um tempo de leitura maior que um texto convencional, pela fácil localização de um determinado trecho no texto.

A máquina produz uma simulação da realidade. Nas formas de uso do computador como ferramenta educacional estão presentes fundamentos educacionais.

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IMPACTOS DO SURGIMENTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS

Surgimento do espaço cibernético; Relacionamento Virtual; Geração de Novas abordagens

sociais; Isolamento; Implicação tanto nas indústrias,

quanto na dominação social;

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AFIRMAÇÃO

Para CROCHIK, o computador e os meios que o compõem são formas alternativas de exibição de discussões, enfatizando assim a importância de modelos e críticas de idéias, onde a formação individual se desenvolve a partir do próprio indivíduo.

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FILME NOVAS TECNOLOGIASREALIDADE x VIRTUAL

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Segundo Teruya (2006, p.11) – “o acúmulo de conhecimento cientifico e tecnológico gerou uma sociedade altamente informatizada. O aluno pertence às famílias de baixa renda está diante desses acontecimentos e vive um mundo sem parâmetros, indefinido e obscuro, absorvendo superficialmente alguns elementos da informação que é vinculada aos meios de comunicação e no saber escolar”.

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PABLO GENTILI

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PABLO GENTILI Nasceu em Buenos Aires, em 1963.

Graduação em Ciências da Educação pela Facultad de Filosofía y Letras da Universidad de Buenos Aires, Argentina (1988).

Mestrado em Ciências Sociais com menção em Educação pela Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales, FLACSO, Argentina (1994). Título: Poder Economico, Ideologia y Educacion Un estudio sobre los empresarios, las empresas y la discriminacion educativa en la Argentina de los anos 90. Orientador: Daniel Filmus.

Doutorado em Ciencias da Educação pela Universidad de Buenos Aires Facultad de Filosofía y Letras, UBA, Argentina (1998). Título: Retorica de la desigualdad - Los fundamentos doctrinarios de la reforma educativa neoliberal. Orientador: Gaudêncio Frigotto.

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PABLO GENTILI Atualmente é professor adjunto da Universidade do

Estado do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Filosofia da Educação.

Atua principalmente com os temas da educação, neoliberalismo, reformas educacionais, neoliberalismo e educação e políticas públicas.

O texto “Três teses sobre a relação trabalho e educação em tempos neoliberais”, faz parte do livro “Capitalismo, trabalho e educação”, organizado por Demerval SAVIANI, José Claudinei LOMBARDI e José Luis SANFELICE.

A obra publicada em 2002, pela editora “Autores Associados”, de Campinas, analisa as transformações que vêm se operando no mundo do trabalho e da educação relacionadas às mudanças referentes à reorganização do capital.

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PABLO GENTILI

Os textos originaram-se no V Seminário do Grupo de Pesquisas – HISTEDBR – “História, Sociedade e Educação no Brasil”.

O seminário foi realizado de 20 a 24 de agosto de 2001, na UNICAMP, tendo como tema central: “Transformações do Capitalismo, do Mundo do Trabalho e da Educação”.

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GENTILI, Pablo. Três Teses sobre a relação trabalho e educação em tempos neoliberais. In: LOMBARDI, José Claudinei e outros (orgs). Capitalismo, trabalho e educação. Campinas: Autores Associados. 2002. pp.45-59.

O autor discute três teses para compreensão da relação trabalho-educação no contexto dos processos de reforma educacional promovidos pelos governos neoliberais na América Latina.

PRIMEIRA TESE

Na sua formulação clássica, a Teoria do Capital Humano está esgotada e, isso, infelizmente, não parece ser uma boa notícia.

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GENTILI, Pablo. Três Teses sobre a relação trabalho e educação em tempos neoliberais. In: LOMBARDI, José Claudinei e outros (orgs). Capitalismo, trabalho e educação. Campinas: Autores Associados. 2002. pp.45-59.

A Teoria do Capital Humano teve origem na segunda metade do século XX, numa conjuntura de desenvolvimento capitalista marcada pelo crescimento econômico, pelo fortalecimento dos Estados de Bem-Estar e pela confiança na conquista do pleno emprego.

Neste período, identificado por Eric Hobsbawm (2000) como a “Era de Ouro do desenvolvimento capitalista”, ganhou importância o suposto impacto econômico da educação e a contribuição da escola para a integração econômica da sociedade e das pessoas.

Desde a segunda metade do século XIX, a expansão dos sistemas escolares nacionais já difundia a promessa da escola como entidade integradora.

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GENTILI, Pablo. Três Teses sobre a relação trabalho e educação em tempos neoliberais. In: LOMBARDI, José Claudinei e outros (orgs). Capitalismo, trabalho e educação. Campinas: Autores Associados. 2002. pp.45-59.

Os sistemas educacionais eram considerados pelos grupos dominantes e pelas massas que lutavam pela sua democratização como um poderoso dispositivo institucional de integração social num sentido amplo.

A escola se constituía num espaço institucional que contribuía para a integração econômica da sociedade formando o contingente da força de trabalho que se incorporaria gradualmente ao mercado.

A dimensão social e individual dos benefícios econômicos decorrentes do processo de escolarização obrigava a pensar o planejamento da educação como uma atividade central na definição das políticas públicas.

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Afinal, da educação dependia também, em parte, a conquista de mercados e o aumento do bem-estar individual da população.

Estatísticas corroboravam a visão, na perspectiva das interpretações oficiais, de que uma sociedade rica deveria ser uma sociedade de pessoas ricas, assim como uma sociedade competitiva deveria ser uma sociedade de pessoas competitivas.

Essa promessa integradora atribuía ao Estado um papel central não apenas nas atividades de planejamento como também um desempenho decisivo na captação dos recursos financeiros e na atribuição e distribuição de verbas destinadas ao sistema educacional.

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Desta forma, o Estado contribuía não somente para o aumento da renda individual (derivada do incremento do capital humano individual) como também para o aumento da riqueza social (derivada do incremento no estoque de capital humano social).

Nos anos de 1950 e de 1960 surgiu a disciplina da Economia da Educação, dedicada ao estudo de tais questões, e uma teoria oficial destinada a fornecer coerência às reflexões produzidas nesse campo, a Teoria do Capital Humano.

Mas, a crise do capitalismo contemporâneo, nos anos de 1970, marcou o início de uma profunda desarticulação dessa promessa integradora em todos os seus sentidos.

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A ruptura da promessa da escola como entidade integradora começou a se desencadear de forma definida nos anos de 1980, num contexto de revalorização do papel econômico de educação.

Proliferaram discursos que enfatizavam a importância produtiva dos conhecimentos e, até mesmo, a configuração de uma verdadeira “Sociedade do Conhecimento” como resultado da Terceira Revolução Industrial.

As décadas de 1980 e 1990 ofereceram a forte evidência do fracasso da Teoria do Capital Humano na sua formulação original. Porém, longe de debilitá-la, acabou lhe fornecendo novo impulso e dinamismo.

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A desintegração da promessa integradora não negou a contribuição econômica da escolaridade, mas sim uma transformação substantiva de sentido.

Passou-se: - de uma lógica da integração em função de

necessidades e demandas de caráter coletivo (a economia nacional, a competitividade das empresas, a riqueza social etc.)

- para uma lógica econômica privada e guiada pela ênfase nas capacidades e competências que cada pessoa deve adquirir no mercado educacional para atingir uma melhor posição no mercado de trabalho.

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Morta a promessa do pleno emprego, restou ao indivíduo, e não mais ao Estado ou às empresas, definir suas próprias opções, suas próprias escolhas que permitam (ou não) conquistar uma posição mais competitiva no mercado de trabalho.

A desintegração da promessa integradora deixou lugar à difusão de uma nova promessa, agora sim, de caráter estritamente privado: a promessa da empregabilidade.

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SEGUNDA TESE

A empregabilidade é o eufemismo da desigualdade estrutural que caracteriza o mercado de trabalho e que sintetiza a incapacidade – também estrutural – da educação em cumprir sua promessa integradora numa sociedade democrática.

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A empregabilidade ganhou espaço a partir de 1990, oferecendo coerência a três elementos que permitiriam superar a crise do desemprego: a redução dos encargos patronais, a flexibilização trabalhista e a formação profissional permanente.

A tese da empregabilidade recupera a concepção individualista da Teoria do Capital Humano, mas acaba com o nexo que se estabelecia entre o desenvolvimento do capital humano individual e o capital humano social.

As possibilidades de inserção de um indivíduo no mercado dependem da posse de um conjunto de saberes, competências e credenciais que o habilitam para a competição pelos empregos disponíveis.

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Porém, o desenvolvimento econômico da sociedade não depende, hoje, de uma maior e melhor integração de todos à vida produtiva.

Um incremento no capital humano individual aumenta as condições de empregabilidade do indivíduo, o que não significa, necessariamente, que todo indivíduo terá seu lugar garantido no mercado.

A evidência parece ser outra: as economias podem crescer excluindo e multiplicando a discriminação a milhares de pessoas.

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O discurso da empregabilidade reconhece que existe também a possibilidade de que pessoas, mesmo tendo investido no desenvolvimento de suas capacidades “empregatícias”, não terão sucesso na disputa pelo emprego.

Alguns triunfarão, outros fracassarão.

Assim, o indivíduo é um consumidor de conhecimentos que o habilitam a uma competição produtiva e eficiente no mercado de trabalho.

A tese da empregabilidade acaba também com a concepção do emprego e da renda como esferas de direito.

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O indivíduo pode possuir determinadas condições de empregabilidade e nem por isso garantir sua inserção no mercado de trabalho. E a renda depende desta inserção no mercado de trabalho.

O que torna concretas as oportunidades de emprego e renda não é o quantum de empregabilidade que possuem, e sim a maneira como essa empregabilidade é colocada em prática na hora de “concorrer” pelo único emprego.

Fazem parte da empregabilidade: conhecimentos vinculados à formação profissional, o capital cultural socialmente reconhecido e, também, determinados significados de diferenciação que entram em jogo nos processos de seleção: ser branco, ser negro, ser imigrante, ser gordo, ser surdo, ser nordestino...

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TERCEIRA TESE

A desintegração social promovida pelos regimes neoliberais, em contextos marcados por um aumento significativo dos índices de escolarização, demonstra que a educação e o desenvolvimento se relacionam e influenciam, mas não, necessariamente, de uma forma positiva.

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Paradoxalmente, alguns teóricos críticos e boa parte dos políticos progressistas se empenham em manter viva a chama de um mito: a educação tem valor porque dela depende o desenvolvimento econômico.

Ou seja, mais educação significa maior desenvolvimento.

O autor chama a atenção sobre o risco deste tipo de afirmação e afirma que o Brasil é, provavelmente, o melhor e mais dramático exemplo da não correlação entre educação e desenvolvimento econômico.

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Durante a segunda metade do século XX, o Brasil foi a economia mais dinâmica do planeta, apresentando significativos índices de crescimento no volume de riquezas acumuladas.

Este crescimento conviveu com também espetaculares índices de concentração de renda, pobreza, exclusão e segregação social da grande maioria do povo brasileiro.

E, neste período, tanto no Brasil quanto na América Latina, os índices de escolarização melhoraram significativamente.

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Ainda com amplos setores da população adulta excluídos do direito à educação, os níveis médios de acesso à escola por parte das crianças e dos jovens latino-americanos tenderam a aumentar.

O dado, certamente alentador, longe de confirmar a correlação direta entre educação e desenvolvimento, não consegue ocultar uma brutal realidade: a América Latina é a região mais injusta, mais desigual do planeta.

É uma região que hoje possui o maior número de pobres de toda sua dramática e colonial história: mais de 210 milhões de pessoas sobrevivem abaixo da linha da pobreza.

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Pior ainda: a metade dos latino-americanos abaixo da linha da pobreza são crianças ou jovens com menos de 20 anos.

A América Latina ainda possui mais de 40 milhões de analfabetos absolutos.

E estes índices de vulnerabilidade social tendem a se aprofundar de forma inversamente proporcional à riqueza e ao poder acumulado por elites.

Expressão do abismo que separa os ricos dos pobres é a polarizada distribuição de renda que historicamente caracterizou o desenvolvimento latino-americano e que piorou depois de vinte anos de políticas de ajuste neoliberal.

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Em torno de 50 milhões de brasileiros e brasileiras encontram-se abaixo da linha da indigência, ou seja, possuem uma renda inferior a oitenta reais por mês.

É o valor estimado para satisfazer as necessidades alimentares básicas da anorexica dieta que os órgãos oficiais definem para os mais pobres.

Em Alagoas, por exemplo, 56,84% da população encontram-se abaixo da linha da indigência; no Piauí, 61,26%; e, no Maranhão, terra de aparentes milagres modernizadores, 62,37%.

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E os pobres brasileiros são mais pobres se são negros, índios, mulheres e nordestinos.

Se as promessas da Teoria do Capital Humano fossem minimamente compatíveis com a realidade latino-americana, o aumento nos índices de escolarização deveriam ter promovido um correlativo aumento na renda dos mais pobres, diminuindo a disparidade endêmica que caracteriza a desigual distribuição da riqueza na região.

Os pobres latino-americanos são hoje mais pobres e mais educados.

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São educados num sistema escolar pulverizado, segmentado, no qual convivem circuitos educacionais de oportunidades e qualidades diversas.

Oportunidades e qualidades que mudam conforme a condição social dos sujeitos e os recursos econômicos que eles têm para acessar a privilegiada esfera dos direitos da cidadania.

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A TERCEIRA REVOLUÇÃO EDUCACIONAL – A EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE DO

CONHECIMENTO

JOSÉ MANUEL ESTEVE ZARAZAGA

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Biografia - JOSÉ MANUEL ESTEVE ZARAZAGA

Catedrático da Universidade de Málaga, Espanha. 2005.

Nasceu em Melilla (Málaga) em 1951.

Doutor em Ciencias da Educacão pela Universidad Complutense de Madrid, na qual foi também professor durante 8 anos. Em outubro de 1980 iniciou como docente na Universidade de Málaga, lecionando Pedagogia Geral e Teoria da educacão. Onde a atualmente é catedrático de Teoria da Educação na Faculdade de Ciências da Educacão

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CONTEXTO SOCIAL

Atualmente a educação não é uma prioridade social.

Nos encontramos num momento em que a sociedade é multicultural e mulitlingue que exige dos professores alteração do materiais didáticos e a modificação dos programas de ensino (fazer uma adaptação dos materais para que todos os alunos possam aprender o que querem ensinar).

Além disso, os valores sociais são muito materialistas, e centram-se no sonho americano de consumo quando deveriam ajudar os estudantes a pensarem por si mesmos, e promover seu acesso à cultura.

Poucos valorizam o saber, ao trabalho de formação das crianças e o cultivo das ciências.

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Os pais não estão de acordo que o sistema educacional garanta a formação e querem que continue garantido futuro de seus filhos como era possível a 30 anos.

Antes o sistema trabalhava só com os que proseguiriam nos estudos e poucos tinham escolaridade média.

Na atualidade existe a presença de uma maioria para a qual se deve dar toda a ciência e cultura (mesma oportunidade), tanto para quem vai prosseguir estudando com para os que não: cultura e valores transmitidos no tempo em que é estudante e lhe poderão ajudar no resto da vida.

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O autor discute a "crise" dos sistemas educacionais, causada por essas mudanças, a partir da análise de três contextos históricos:

(1) o macro, que depende da evolução das forças sociais, dos grupos políticos e dos setores econômicos e financeiros;

2) o contexto político e administrativo, que ordena a realidade por leis e decretos;

(3) e o contexto da prática, que se refere ao trabalho real dos professores e ao dia-a-dia da escola.

A partir de uma reflexão sobre os processos de mudança social registrados nos últimos 30 anos, oferece elementos para um debate sobre a realidade atual dos sistemas educacionais, as transformações sofridas nos últimos anos e os desafios mais importantes do futuro, que exigirá a integração da aprendizagem eletrônica e do ensino por internet.

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PRINCIPAIS IDÉIAS e APORTES DO PENSAMENTO FILOSÓFICO

Educar é iniciar a pessoa na autonomia, na liberdade, na responsabilidade e na atitude crítica, criando esquemas conceituais e pautas para consegui-lo, sob a orientação do professor. Finalizada esta etapa o aluno seguirá por si seu caminho.

Diante disso, o mais importante e essencial é a formação da atitude filosófica do aluno (desenvolver a capacidade pensar por si mesmo, inclusive de por-se contra o estabelecido). Não é tarefa fácil pensar por si mesmo, exige um grande esforço e treino constante.

O pensamento filosófico não é independente do pensamento educativo, se influem e se complementam, determinando as distintas concepções de vida, de como se quer vivê-la, primando a educação em e para a liberdade.

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IDÉIAS CENTRAIS DO CONCEITO DE EDUCAÇÃO:

o PRINCIPAL para o autor é o desenvolvimento integral da pessoa (educar-se em todos os aspectos possíveis, exercitando as capacidades racionais do sujeito).

para que o processo possa ser qualificado de educativo debe respeitar os seguintes critérios:

1.Que respeite a liberdade e dignidade da pessoa que aprende;

2.Que a pessoa seja capaz de organizar intelectualmente as razões de sua atuação. Deve estar consciente a todo momento do que está fazendo e qual a meta que pretende com o que faz.

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A sociedade do conhecimento tem provocado inúmeras e velozes transformações em todas as esferas sociais, apontando novas tendências de valores e concepções de vida. Por conseqüência, o sistema educacional precisa atender às novas necessidades, adaptar-se às imprevisíveis demandas e desafios gerados por essas mudanças.

As novas tecnologias de informação e comunicação abrem novas possibilidades e trazem novas exigências para desenhar a aprendizagem do século 21, com base não em tradições ancestrais, mas em análises científicas e novos postulados metodológicos.

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[...] uma pessoa condenada a fazer mal seu trabalho, já que nos últimos anos acumulou-se sobre suas costas a quantidade de responsabilidades, sem as contrapartidas correspondentes para poder cumpri-las, que profissionalmente se encontra esgotado, faltando-lhe tempo material para cumprir tudo aquilo que considera seu dever (1999, p.144-145).

Para Esteve:[...] os professores se encontram ante o desconcerto e as dificuldades de demandas mutantes e a contínua crítica social por não chegar a atender essas novas exigências. Às vezes, o desconcerto surge do paradoxo de que essa mesma sociedade, que exige novas responsabilidades do professores, não lhes fornece os meios que eles reivindicam para cumpri-las. Outras vezes, da demanda de exigências opostas e contraditórias (1999, p.13).

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ESTEVE, José M. A terceira revolução educacional – A educação na sociedade do conhecimento. São Paulo: Moderna,

2004

Palavras-chave: Revolução, pedagogia da exclusão, mentalidade seletiva, novas demandas, novas estratégias.

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Introdução

O objetivo do texto é compreender a gênese da terceira revolução educacional nos países mais desenvolvidos.

Revoluções silenciosas resistem melhor ao tempo por serem resultado de um processo lento de mudança de mentalidades até que idéias e valores se tornem corrente de opinião

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A primeira Revolução Educacional

Se deu com a criação e generalização do conceito de escola com função de ensinar.

Tem sua origem no Egito do Antigo Império com as Casas de Instrução e as Escolas dos Escribas.

Reservada a uma elite pequena de eleitos define privilégios da posição social com retribuições econômicas para uma minoria.

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A segunda Revolução Educacional

Se deu a partir do século XVIII, quando em 1787, Frederico Guilherme II da Prússia promulgou um código educacional que tirava do clero a administração das escolas e passava-a ao Ministério da Educação.

Esta atitude responsabiliza o Estado pela criação, manutenção e fiscalização de um sistema de escolas que garantisse o acesso de todas as crianças.

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A segunda Revolução Educacional

A contrariedade dos grandes proprietários fez com que na Inglaterra Joseph Lancaster (1804) e o projeto de Whitebread das escolas elementares em todo o país fossem acusados de fosse acusado de destruir a oferta de serviçais, e criar questionadores e insolentes

A centralidade da educação fez surgir no século XX a Teoria do Capital Humano que enfatiza a importância da formação para o impulso dos benéficos econômicos e para a coesão social.

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A segunda Revolução Educacional

Apesar dos empenhos as ofertas de vagas continuaram escassas até os anos 1950, mesmo em países mais desenvolvidos.

Na pedagogia da exclusão o primeiro mecanismo de exclusão é a mentalidade seletiva: os exames vão excluindo os que são considerados inadequados aos estudos. O segundo mecanismo são os problemas graves de conduta

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A terceira revolução educacional

Estabeleceu-se o Ensino fundamental para toda a população e obrigatoriedade do Ensino Médio..

Elemento fundamental da mudança é a superação da pedagogia da exclusão

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A terceira revolução educacional

A generalização do ensino exige mudanças nos objetivos, formas de trabalho e na essência do sistema educacional

(a escolarização do aluno, mesmo do aluno dito fracassado, é um êxito porque para a um nível de escolarização que não tinha antes; consideração do fato de ser a primeira geração escolarizada da família; crescimento do nível educacional geral e individual dos melhores alunos).

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A terceira revolução educacional

Diante das novas dificuldades dos professores é preciso dar atenção aos problemas pessoais dos alunos desajustados.

Surgem novas demandas aos professores do EM, como formação geral (foco não só na formação acadêmica tradicional); esforço de integração (enfrentamento com generosidade); apoio da sociedade oferecendo meios adequados, modificando a formação inicial, melhores condições de trabalho e salário (superação de estruturas de trabalho seletivas).

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A terceira revolução educacional

A obrigatoriedade do EM provocou a ruptura da relação educacional ao inserir aqueles que não querem estar na escola, o que tem gerado agressividade pela imposição social/legal ou pela permanência de estratégias segregadoras. Diante da falta de oportunidade de emprego retira o apoio aos professores, e educação é abandonada como promessa de futuro melhor.

Reforça-se a solução da retomada da pedagogia da exclusão (sociedade, pais mídia, educadores). Mesmo assim, ainda há uma prevalência do argumento econômico sobre o argumento da formação das pessoas.

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A terceira revolução educacional

O mais alto nível de formação é sempre melhor que a ignorância (independente de vaga no mercado de trabalho), possibilita novos campos de atividade.

A desorientação e mal-estar começam a ser superadas na realidade escolar com os professores mudando a forma de ver os problemas da educação atual, abandonando progressivamente a pedagogia seletiva, elaborando novas estratégias, soluções, mentalidades e propostas.

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A terceira revolução educacional

Na Europa o esforço é já de extensão (ampliação) do ensino entre os 18 e 24 anos para atender aos jovens que abandonaram de forma prematuramente a escola (não concluíram o EM).

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Bibliografia:ESTEVE, José M. A terceira revolução educacional – A educação na sociedade do conhecimento. São Paulo: Moderna, 2004.ESTEVE, José M. O mal-estar docente: a sala de aula e a saúde dos professores. Bauru, SP: EDUSC, 1999. Disponível em:<http://es.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Manuel_Esteve_Zarazaga>. Acesso em 08 nov. 07.GENTILI, Pablo. Três teses sobre a relação trabalho e educação em tempos neoliberais in LOMBARDI, J.C. e outros (orgs). Capitalismo, trabalho e educação. Campinas: Autores Associados, 2002.GIROUX, Henry A. A cultura de massa e o surgimento do novo analfabetismo: implicações para a leitura in GIROUX, Henry A. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Trad. Daniel Bueno. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997, pg. 111-121.TERUYA, Teresa Kazuko. Trabalho e educação na era midiática: um estudo sobre o mundo do trabalho na era da mídia e seus reflexos na educação. Maringá, PR.: EDUEM, 2006.

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