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JOGOS E BRINCADEIRAS: A COOPERAÇÃO ENTRANDO EM CENA

STURM, Wederle - Professor PDE

[email protected]

ANGULSKI, Cíntia Müller - Professora Orientadora

[email protected]

RESUMO

O objetivo deste artigo foi através dos Jogos Cooperativos, buscar soluções

para o enfrentamento dos desafios da Educação Básica na atualidade dentro

da disciplina de Educação Física, tendo em vista que os jogos de competição

estão diretamente ligados aos alunos por meio da mídia e acabam favorecendo

aqueles que já possuem habilidades e assim se sobressaem diante dos

demais, aumentando o individualismo e em consequência disso a violência e a

desmotivação pela prática nas aulas de Educação Física. Buscou-se através

dos Jogos Cooperativos afastar o individualismo e o competitivismo exagerado

que permeiam as relações existentes entre os alunos e alunas, ajudando assim

a formar uma consciência coletiva capaz de reverter os paradigmas criados

pelos jogos de competição.

PALAVRAS-CHAVE: Jogos Cooperativos; Educação Física; Jogos;

Brincadeiras.

ABSTRACT

The purpose of this article is through Cooperative Games, seek solutions to

face the challenges of Basic Education in the news within the discipline of

Physical Education in order that competitive games are directly linked to

students through the media and end up favoring those who already have skills

and thus stand in front of others, increasing individualism and as a result the

violence and lack of motivation for sports. The aim is through the Cooperative

Games and shake this competitivismo exaggerated individualism that permeate

the relationships between the pupils, thus helping to form a society capable of

working collectively and reversing the paradigm created by the competition

games.

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KEYWORDS: Cooperative Games, Physical Education, Games, Jokes

1- INTRODUÇÃO

Tendo em vista que os jogos de competição estão diretamente ligados

aos alunos por meio da mídia e, assim, os que já possuem um pouco de

habilidade se sobressaem, e o individualismo se aflora, deixando assim a

atividade sem graça para os menos habilidosos.

Buscou-se através dos jogos cooperativos, afastar o individualismo e o

competitivismo existente entre os alunos, ajudando a formar uma sociedade

capaz de trabalhar em grupo e revertendo os paradigmas criados pelos jogos

de competição. Além do que, o mercado de trabalho procura pessoas com este

perfil, capacitando assim o indivíduo, possibilitando-lhe exercer um cargo

empregatício no futuro. Nas aulas de Educação Física, trabalhando com alunos

do Ensino Fundamental, nota-se que os mesmos têm dificuldades na questão

de interpretação de regras em geral e cooperação com os colegas.

O individualismo e o competitivismo são muito relevantes entre os

alunos e essa questão faz com que as aulas de Educação Física se tornem

pouco atrativas para os alunos com menos habilidade.

Segundo os autores DARIDO e RANGEL, 2005 de todos os conteúdos,

o jogo pode ser considerado de fácil aplicação, pois; não é estranho à criança,

uma vez que a maioria já teve experiências com jogos e brincadeiras, não

necessitamos de espaço ou material sofisticado, as regras são mutáveis e

adaptadas, ou seja, desde pequeno pode-se jogar com poucas regras ou

chegar a jogos com regras complicadas, podem ser praticados em qualquer

faixa etária e por ambos os sexos ao mesmo tempo, são na maioria das vezes

divertido e prazeroso para os seus participantes e aprende-se o jogo pelo

método global, diferentemente do esporte que geralmente é aprendido por

partes.

Apesar de sua simplicidade de aplicação não podemos deixar de lado os

objetivos que pretendemos alcançar com os jogos, ao mesmo tempo em que

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proporcionamos aos alunos o prazer em jogar, estaremos conduzindo na

direção aos objetivos propostos anteriormente.

No contexto da disciplina de Educação Física, o jogo deve ser

apresentado como forma de educar e ensinar os alunos e alunas, aprimorando

seu desenvolvimento cognitivo, afetivo-social e psicomotor, permitindo a fácil

interação com o grupo.

Brotto (1999) diz que o jogo é um meio para o desenvolvimento integral

do ser humano e de aprimoramento da qualidade de vida.

Assim sendo, quando trabalhamos o conteúdo Jogos e Brincadeiras nas aulas

de Educação Física, não podemos colocar os alunos a jogar simplesmente,

fazendo com que tenha um vencedor ou um perdedor, mas que através dos

jogos se consiga o crescimento do aluno como pessoa, como ser humano e

que este esteja motivado para aula, que participe do grupo, que se sinta

valorizado e parte do grupo, com a oportunidade de se expressar, respeitando

suas limitações e dando valor as suas experiências.

2-FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O papel do educador hoje não é apenas o de ensinar ou mostrar como se faz,

e, sim, oferecer ao aluno instrumentos para que ele possa expressar suas

vivências e as adquiridas no mundo externo. O educador deve ser um

motivador para as mudanças, deve provocar e estimular seus alunos para que

ocorram mudanças. (PIEROTTI, 2006, p.06).

De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná,

Jogos e Brincadeiras são objetos complementares e como conteúdo

estruturante possibilita aos alunos ampliar a percepção e interpretação da

realidade, assim a Educação Física dentro do processo de escolarização tem a

finalidade de intervir na reflexão do aluno, deixando o mesmo mais crítico aos

modelos dominantes, buscando alternativas que permitam a participação de

todos os alunos nas aulas.

Segundo VAZ (2010) Jogos são formas de expressão cultural dos diversos

povos do mundo, um conjunto de concepções, valores e normas que se

distinguem no tempo e no lugar histórico em que surgem e são praticados.

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Ainda afirma VAZ (2010) que, provavelmente todas as sociedades se utilizam

de atividades lúdicas na forma de jogos, mostrando que este tipo de

organização é uma constante na condição humana.

Portanto através dos jogos a criança aprende conceitos desenvolve a

imaginação, consegue planejar e antecipar sua ação, tudo isso brincando.

A ludicidade é uma forma divertida de aprender, por ser o brinquedo muito

importante na infância e seu uso dentro de um trabalho pedagógico possibilita

à produção do conhecimento e da aprendizagem, dentro do conceito do lúdico

a criança aprende brincando e se divertindo, no jogo a criança usa movimentos

psicomotores naturais e assim descobre e consegue elaborar novas

habilidades motoras, ainda o jogo pode ser tanto inclusivo como exclusivo

dependendo das habilidades que a criança tenha em sua bagagem.

Segundo BENJAMIN (1984) é através do jogo que a criança adquire todos os

hábitos como comer, dormir, vestir-se, lavar-se e outros que devem ser

ensinados para as crianças através de brincadeiras. Todo hábito que entra na

vida como brincadeira será lembrado por toda vida.

A Cultura corporal e Ludicidade que são elementos articuladores dos

conteúdos estruturantes têm grande importância e relevância porque ao

vivenciar os aspectos lúdicos das brincadeiras, os alunos tornam-se capazes

de estabelecer uma ligação entre o real e o imaginário, e de refletir sobre os

papéis assumidos nas relações em grupo.

VAZ, afirma que;

[...]As brincadeiras são expressões miméticas privilegiadas na infância, momentos organizados nos quais o mundo, tal qual as crianças o compreendem, é relembrado, contestado, dramatizado, experienciado. Nelas as crianças podem viver, com menos riscos, e interpretando e atuando de diferentes formas, as situações que lhes envolvem o cotidiano. Desenvolvem um papel e logo depois outro, seguindo, mas também reconfigurando, regras. São momentos de representação e apresentação, de apropriação do mundo (VAZ, et. al. , 2002, p. 72).

Desta maneira não podemos esquecer os brinquedos, que estão diretamente

ligados as brincadeiras e muitas das vezes criados e construídos pelas próprias

crianças ou pelos pais.

Asim conforme destaca BENJAMIN;

“Os brinquedos não foram em seus primórdios invenções de fabricantes especializados; eles nasceram, sobretudo nas oficinas de entalhadores em madeira, fundidores de estanho etc. [...] O estilo

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e a beleza das peças mais antigas explicam-se pela circunstância de que o brinquedo representava antigamente um processo secundário das diversas indústrias manufatureiras [...]” (BENJAMIN, p.67 - 1984).

Com o desenvolvimento industrial, os brinquedos começaram a ser construídos

em série e perderam a sua singularidade, deixando um pouco da criatividade

de criação que as crianças possuíam de lado.

Através do jogo pode-se incentivar a criatividade dos alunos e muitas vezes

vemos jogos com regras adaptadas sendo utilizados em sala de aula para

compreensão e fixação de uma disciplina de uma forma mais agradável e

atraente, mas tal processo necessita de discussão, troca, tentativas, tolerância

ao erro promovendo a sua análise e não apenas corrigindo ou avaliando o

produto final, sendo assim se torna difícil planejar e prever os resultados e

ainda podemos falar da agitação dos alunos que por sua vez se torna difícil

controlar por ser uma atividade diferente, portanto o jogo acaba sendo deixado

de lado, trocado pelas aulas tradicionais, perdendo-se um recurso rico em

exploração e construção do conhecimento.

Dentro deste conceito surge então a competição entre os alunos, pois a escola

por si só promove a competição, quando valoriza aqueles que tiram as

melhores notas ou os alunos que se sobressaem de alguma forma.

Para os alunos a questão competição é encarada como “vence o melhor” a

qualquer custo, trazendo a tona o individualismo e muitas vezes o uso da

violência para se sobressair em relação aos colegas, e o jogo que poderia ser

uma ferramenta para o aprendizado, acaba se tornando inimigo.

Nos jogos competitivos a ideia central é conseguir vencer o adversário, seja

fazendo um gol ou atingindo uma marca ou tempo menor que o outro, pode-se

notar a grande importância deste tema nos esportes de rendimento em que o

atleta é obrigado a sempre se superar e superar os concorrentes, pois ele ou

sua equipe necessitam desta performance para atingir o objetivo que é ganhar,

este exemplo está incutido nos jovens, pois a mídia valoriza muito o atleta que

está no auge de sua carreira, fazendo com que muitos de nossos alunos

sonhem em também serem atletas, na grande maioria, do futebol pois status e

dinheiro é o que chama a atenção nesses casos.

Para mudar é necessário desvencilhar-se dos paradigmas criados pela palavra

jogo, onde entende-se “ganhar ou perder”, e oferecer aos alunos um jogo em

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que o menos importante é quem será o vencedor e sim o que o jogo poderá

trazer de benefício.

Segundo ORLICK (1989), “a diferença principal entre jogos cooperativos e

competitivos é que nos jogos cooperativos todos cooperam e ganham, pois tais

jogos eliminam o medo e o sentimento de fracasso. Eles também reforçam a

confiança em si mesmo, como pessoa digna e de valor”.

No quadro abaixo, conforme BROTTO (2001) pode-se observar uma

comparação entre jogos cooperativos e competitivos.

JOGOS COOPERATIVOS JOGOS COMPETITIVOS

Visão de que tem para todos Visão de que só tem para uns

Objetivos comuns Objetivos exclusivos

Ganhar com o outro Ganhar do outro

Jogar com Jogar contra

Descontração Tensão

A vitória é compartilhada A vitória é somente para alguns

Sendo assim pode-se oferecer aos alunos uma alternativa rica em

pressupostos e afastando das aulas a violência que o jogo competitivo traz o

conceito de que, o aluno que tem mais habilidade tenta desmerecer os colegas

menos habilidosos, criando assim desmotivação e acomodação por parte

destes alunos.

SOLER (2003) afirma que muitos valores surgem em situações de cooperação,

assim como a amizade, a sensibilidade, a ajuda mutua a intercomunicação de

ideias e o orgulho de pertencer ao grupo.

Jogo cooperativo não é uma atividade nova, estima-se que surgiram a milhares

de anos onde os índios utilizavam-se destas atividades para celebrarem a vida

e ainda podemos ver em algumas comunidades indígenas jogos desta

natureza.

Os jogos cooperativos têm como objetivo principal, despertar a consciência de

cooperação, mostrar que cooperando com o colega no campo das relações

sociais é uma alternativa possível e saudável e ainda promover efetivamente a

cooperação entre as pessoas, pois os jogos são por eles próprios experiências

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cooperativas apud (SOLER, 2003). Então se entende que nos jogos

cooperativos, os participantes jogam uns com os outros e não uns contra os

outros, sem a exclusão dos mais fracos ou menos habilidosos, pois os

objetivos são a diversão centrada em metas coletivas.

Conforme afirma BROTTO, (2001), nos jogos cooperativos os objetivos são

comuns, as ações compartilhadas e os benefícios iguais para todos, e nos

competitivos os objetivos são exclusivos, as ações isoladas ou em oposição

umas das outras e os benefícios são direcionados somente para alguns.

Partindo dessa ideia nos jogos cooperativos observa-se que não se valoriza o

fato de ganhar e perder, evita-se a eliminação dos participantes, procurando

manter todos inclusos até o final, procura-se facilitar o processo criativo com a

flexibilidade das regras, afasta-se a competição, pois o interesse principal é a

participação, incentivando o aluno a criar e com o grupo construir regras, pois

as mesmas são flexíveis e adaptando-se ao grupo, assim o aluno se sente

importante no processo e a participação se torna prazerosa.

Pode-se ainda citar o dilema dos prisioneiros (PIMENTEL, 2007), em que dois

acusados presos em celas separadas são postos a um dilema, a polícia tendo

provas insuficientes para condená-los oferece a ambos o mesmo acordo: se

um dos prisioneiros, confessando, testemunhar contra o outro e esse outro

permanecer em silêncio, o que confessou sai livre enquanto o cúmplice

silencioso cumpre 10 anos de sentença. Se ambos ficarem em silêncio, a

polícia só poderá condená-los a 6 meses de cadeia cada um. Se ambos

traírem o comparsa, cada um levará 5 anos de cadeia. Cada prisioneiro toma a

sua decisão sem saber qual decisão o outro tomará, e nenhum tem certeza da

decisão do outro. Sendo assim os alunos terão que optar em competir ou

cooperar, mas ao final perceberão que a cooperação será sempre a melhor

opção.

A COOPERAÇÃO DENTRO DA ESCOLA

Dentro da Educação Física Escolar pode-se constatar de que existem vários

meios para tomada de consciência para diminuir o número de pessoas

marginalizadas dentro da escola, pois ela por si só reforça a competição,

porque não estimula o aluno a estudar para aprender e sim para tirar boas

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notas. A escola seria o local ideal para oportunizar aos alunos jogos

cooperativo e não só jogo propriamente ditos como passa tempo, perdendo a

oportunidade de educar através do lúdico. (BRANDL NETO, LIMA, 2002, p.

109).

Segundo HUIZINGA (1999), o jogo é uma atividade voluntária, realizada com

limites físicos de tempo e lugar, seguido de regras absolutamente imperiosas,

com sensações de tensão e consciência de ser diferente da vida real.

Para o autor, os jogos que aparecem na primeira infância são como sementes

que serão germinadas durante toda vida da pessoa.

Nos jogos cooperativos tem-se o inverso desta temática, pois os alunos podem

criar regras, mudá-las se necessário, interagir com os colegas e atingir um

objetivo comum a todos.

SOLER (2003) afirma que é um trabalho demorado, mas ao final todos sairão

vencedores, as crianças participantes se divertirão muito, construindo o jogo,

elaborando regras, tudo de forma lúdica e interdisciplinar, e o resultado será

no futuro pessoas mais felizes, respeitando e valorizando os outros.

COMO ENSINAR O JOGO COOPERATIVO

Segundo BROTTO apud. SOLER (2003) a pedagogia do jogo é apoiada nos

três pilares do ensino-aprendizagem.

1- Vivência: Incentivar a inclusão de todos

2- Reflexão: Incentivar os alunos a refletir sobre as possibilidades de

modificar o jogo, para melhor aproveitamento de todos.

3- Transformação: Ajudar a sustentar a disposição para dialogar e decidir

em consenso de todos

Os alunos terão que viver o jogo, em seguida farão uma reflexão do que

jogaram e recomeçarão de forma melhorada, o intuito do jogo é fazer com que

o participante tenha prazer em jogar e sinta vontade de continuar jogando.

Algumas funções deste tipo de jogo são essenciais (SOLER, 2003), tais como:

1- Explorar o mundo de quem joga e suas atitudes.

2- Melhorar a convivência com os colegas.

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3- Equilibrar as tensões que um jogo provoca.

4- Permitir aprender através dos erros e acertos.

5- Deixar a pessoa mais livre.

6- Induzir o participante a produzir normas, valores e atitudes.

Ainda pode-se verificar que algumas habilidades serão desenvolvidas (SOLER,

2003):

- Habilidades intelectuais: imaginar, perguntar, decidir;

- Habilidades interpessoais: encorajar, explicar, ajudar;

- Habilidade em relação aos outros: respeito, paciência, apoio.

- Habilidades físicas: falar, ouvir, escrever;

- Habilidades pessoais: alegria, compreensão, sinceridade.

4- DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

Este projeto foi desenvolvido com alunos da 5ª série/ 6º ano do Colégio

Estadual João Ferreira Küster da Rede Estadual de ensino, no município de

Campo Largo, o Colégio atende aos níveis e modalidades de ensino da

Educação Básica, compreendendo o ensino Fundamental e Médio, contando

com um total de 360 alunos divididos nos três turnos: manhã, tarde e noite.

Neste estudo participaram vinte alunos da 5ª série/6ºano do ensino

fundamental do turno da manhã, sendo que o projeto desenvolvido no contra

turno, ou seja, a tarde.

Os instrumentos usados para coleta de informações foram, a observação da

participação prática das atividades, questionário no início com perguntas

pertinentes ao projeto e o mesmo questionário aplicado ao término para

compararmos e avaliarmos o desenvolvimento.

O primeiro questionário foi aplicado no primeiro encontro com o grupo com

questões que abordavam o entendimento e conhecimento da Educação Física

e dos Jogos Cooperativos.

Em seguida foram desenvolvidos na prática jogos variados onde se colocava a

competição em ênfase e jogos semi-cooperativos e jogos cooperativos, para

que os alunos e alunas pudessem perceber a diferença. Observamos durante

as aulas práticas que quando eram desenvolvidos os jogos cooperativos a

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participação era maior com mais envolvimento dos alunos enquanto no jogo

competitivo havia desistências ao longo da atividade, essas questões eram

debatidas com o grupo, partimos então para o desenvolvimento apenas de

atividades que envolviam Jogos Cooperativos e a cada aula fazíamos um

debate, analisando os prós e os contras de cada uma, observando as regras e

modificando algumas para melhor adaptação do grupo, que por sua vez muito

agitado e com problemas de indisciplina e agressividade.

5- ANÁLISE DOS RESULTADOS

Por meio dos questionários aplicados pudemos observar e analisar os

seguintes resultados.

Quando perguntamos:

1- Você gosta de participar das aulas de Educação Física?

15 disseram que sim e 5 que não e no questionário final observamos que foi

unanime a resposta sim.

2- Você gosta de participar da criação de regras de alguns jogos?

No inicial 6 responderam que sim e 14 não, e no final observamos que os

valores se invertem e todos respondem que sim.

3- Vocês gostam de participar de jogos e brincadeiras em que seus

colegas agem de forma agressiva?

Neste questionamento a principio a resposta foi unanime que não e verificamos

que no decorrer do desenvolvimento do projeto os participantes já conseguiam

opinar a respeito, levantando questões pertinentes ao estudo onde perceberam

que tais atitudes ocorriam nos jogos de competição, mas, passava

despercebido.

4- Você sabe o que são Jogos Cooperativos?

Nesta questão no inicio do projeto 2 responderam que sim e 18 que não e no

final alguns dos participantes disseram já ter participado de atividades

semelhantes mas não sabiam que se tratava de Jogos Cooperativos.

Quando questionados quanto à afinidade com atividades dentro das aulas de

Educação Física.

Inicialmente:

20 gostavam de jogos com bola.

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5 gostavam de jogos de tabuleiro ( xadrez e damas)

4 gostavam de Jogos Cooperativos.

15 gostavam de Jogos Recreativos.

18 gostavam de brincadeiras em geral.

E no questionário final, verificamos que alguns valores se inverteram para

nossa surpresa.

20 gostavam de jogos com bola.

5 gostavam de jogos de tabuleiro ( xadrez e damas)

19 gostavam de Jogos Cooperativos.

19 gostavam de Jogos Recreativos.

18 gostavam de brincadeiras em geral.

Verificamos então que os Jogos Cooperativos que eram nosso Objetivo

principal foi bem aceito pelo grupo.

5- CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Educação Física Escolar está precisando de mudanças, precisa-se deixar de

lado a impressão de que os alunos e alunas saem de sala de aula apenas para

jogar bola e sim que a Educação Física enquanto disciplina, deve estar

integrada respeitada como tal, capaz de proporcionar aos alunos e alunas

formas diferentes de conhecimentos interagindo com as outras disciplinas

curriculares.

Sendo assim, após a implementação do projeto na escola que tinha o objetivo

principal, saber se os Jogos Cooperativos poderiam operar mudanças de

comportamento nas aulas de Educação Física, tentando afastar o

individualismo, competitivismo e a agressividade, fazendo com que as aulas de

Educação Física se tornassem mais atrativas.

Verificamos que ainda temos muito a fazer, mas sim os Jogos Cooperativos

podem auxiliar nestas questões, aliado a perseverança e ousadia de cada

professor.

Na turma em questão, observamos que algumas mudanças ocorreram, o grupo

se tornou mais unido e a participação foi efetiva dentro das atividades dos

Jogos Cooperativos, para nossa surpresa, pois não sendo professor regente da

turma em questão no inicio tivemos algumas dificuldades e frustrações, pois os

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alunos estavam acostumados com jogos competitivos e vieram participar do

projeto achando que iam apenas “jogar bola”, mas, ao contrário, absorveram a

ideia e alcançamos o objetivo da participação.

Reforçamos por meio deste estudo que os Jogos podem fazer parte do

conteúdo de todas as disciplinas, facilitando a aprendizagem e o entendimento

de certos conteúdos.

Acreditamos que havendo continuidade destas atividades durante o ano,

consigamos mudanças expressivas de comportamento em geral, mas para que

isso ocorra todos os professores devem estar envolvidos e acreditar que tais

mudanças possam ocorrer.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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HUIZINGA, J. "Homo Ludens". 4ed. São Paulo: Perpsectiva: 1999 ORLICK, Terry. Vencendo a Competição. São Paulo; Círculo do Livro, 1989 PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Curitiba: SEED, 2008. PIEROTTI, Juliana Assef. Caderno de Jogos Cooperativos: 2006; disponível em http://www.aracati.org.br/portal/pdfs/02_Jovens%20em%20Acao/jogos_cooperativos_02.pdf, acessado em 15/09/2010 PIMENTEL, Elson L. A. Dilema do Prisioneiro da Teoria dos Jogos a Ética. Belo Horizonte: ARGVMENTVM, 2007)

SOLER, R. Jogos cooperativos para educação infantil. Rio de Janeiro: Sprint, 2003. VAZ, Alexandre F. Caderno de Formação RBCE, Jogos, Esportes: Desafios para a Educação Física Escolar. Disponível em: www.rbceonline.org.br/revista/index.php/caderno/article/viewFile/986/558., acessado em 20/09/2010.