Jornal da fraternidade abril de 2014

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jornal da JORNAL DA RESPONSABILIDADE DAS ORGANIZAÇÕES DA ÁREA URBANA DE CALDAS DAS TAIPAS DO PCP NÚMERO 10 - ABRIL 2014 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Ver na página 2 SITE-Norte realiza plenários públicos na vila das Taipas SITE-Norte realiza plenários públicos na vila das Taipas ANTÓNIO CARDOSO à conversa com... Também nas Taipas se ouvia a Rádio Moscovo Ver na última página Ver na última página CARLA CRUZ e MARIANA SILVA integra am lista da CDU ao Parlamento Europeu CARLA CRUZ e MARIANA SILVA integram a lista da CDU ao Parlamento Europeu Ver na página 3 CDU exigirá, intervenções de fundo e debatidas pela população. NOVA ERA? VILA DAS TAIPAS

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JORNAL DA RESPONSABILIDADE DAS ORGANIZAÇÕES DA ÁREA URBANA DE CALDAS DAS TAIPAS DO PCP

NÚMERO 10 - ABRIL 2014 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Ver na página 2

SITE-Norte realizaplenários públicosna vila das Taipas

SITE-Norte realizaplenários públicosna vila das Taipas

ANTÓNIO CARDOSOà conversa com...

Também nas Taipas se ouvia a Rádio Moscovo

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CARLA CRUZ eMARIANA SILVAintegra am lista da CDUao Parlamento Europeu

CARLA CRUZ eMARIANA SILVAintegram a lista da CDUao Parlamento Europeu

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CDU exigirá, intervenções de fundoe debatidas pela população.

NOVA ERA?

VILA DAS TAIPAS

DEFENDER OS VALORES DE ABRIL

Cândido Capela Dias

EditorialEditorial

JORNAL DA FRATERNIDADE / ABRIL 2014 PÁGINA 2

Há 40 anos Portugal viveu mais uma página imorredoura da sua história.

Ao golpe militar vitorioso dos capitães seguiu-se a conquista das ruas pelas multidões, culminando em gigantescas e históricas jornadas do 1º de Maio.

O povo tomou a iniciativa. Fruto dessa iniciativa popular, os antifascistas presos foram prontamente libertados vencendo hesitações superiores, o aparelho repressivo foi desactivado com ocupação das sedes da polícia política e da legião portuguesa, as forças leais ao fascismo foram neutralizadas. Os ministérios foram saneados dos elementos contra-revolucionários.

Os poucos mortos que houve foram causados pela resistência da PIDE em aceitar a nova ordem, ou pelas tentativas de forças reaccionárias de inverter o curso dos acontecimentos, como no caso do bombardeamento do quartel do RALIS, às portas de Lisboa.

Com a conquista da liberdade e da democracia política, o povo, nas ruas, ia talhando os acontecimentos, exigindo a criação do salário mínimo nacional, o direito a férias e ao subsídio de férias, o direito ao trabalho, à habitação, à saúde e à educação, mais tarde cunhados na Lei Fundamental, na Constituição da República Portuguesa. Não foram as leis que desceram às ruas. Foram as reivindicações da rua que subiram de encontro aos legisladores originando uma das constituições mais progressistas do mundo.

É porque a Constituição tem uma natureza progressista que a direita dela não gosta e a tenta descaracterizar. Compete ao povo, aos democratas progressistas, lutar pela sua defesa.

Apesar dos sucessivos ataques de que tem sido alvo por parte da direita reaccionária, por vezes com a cumplicidade do PS, a Constituição continua a ser um obstáculo difícil de transpor nas tentativas de regresso ao passado, ou de retorno a uma democracia formal vazia de valores e de direitos. Uma das melhores formas de defender a legislação progressista é exercê-la e exigir o seu cumprimento. Por exemplo, exigindo condições para o direito de participação nas causas públicas, o direito de debater e de ser ouvido nas obras que pela sua dimensão e impacto provocam alterações significativas na paisagem, no Ambiente, na Natureza e no próprio imaginário colectivo da sociedade local. Defender a Constituição e defender os valores de Abril é não aceitar sem discussão públicas as obras previstas para a Vila, designadamente as relativas ao centro.

A CDU esteve e estará com o povo na sua luta por melhores condições de vida, o que, nas actuais circunstâncias políticas passa pela demissão do governo e por eleições antecipadas, pela renegociação da dívida pública que impede o nosso desenvolvimento económico e social em benefício dos agiotas e dos senhores da alta finança, nacionais e estrangeiros.

SITE-Norte realiza plenáriospúblicos na vila das TaipasO SITE-Norte, sindicato que representa o sector metalúrgico, realizou no passado 13 de Março, Plenários públicos no centro da Vila das Taipas e ainda junto das instalações da empresas Mafil (Manuel Machado & C.ª Lda) e Herdmar (Manuel Marques, Herdeiros, Lda).Estes Plenários enquadraram-se na JORNADA DE LUTA DE 8 A 15 DE MARÇO, numa acção de denúncia pública do comportamento das empresas de cutelarias.Como resultado, foram aprovadas três moções, uma por cada plenário.No plenário público, junto às instalações da Herdmar foi aprovada a moção:“Pela actualização salarial justa e sem discriminação e respeito pela liberdade sindical!”.Junto das instalações da Mafil foi aprovada a moção:“Pelo aumento dos salários! Mais segurança e saúde no trabalho!”.

No último plenário, no Coreto do Jardim Público das Taipas, foi aprovada a moção:“Contra o empobrecimento, aumentos salariais nas empresas, lutar para defender os direitos conquistados!”

Esta acção visou não só a denúncia da degradação das condições económicas e sociais dos trabalhadores, resultado da subida dos impostos, do aumento dos bens de consumo e ainda da degradação das responsabilidades do Estado, na saúde e na Educação, como também a denuncia e o repúdio da postura da Associação Patronal AIMMAP que continua a bloquear a negociação do Contrato Colectiva para, dessa forma, poder retirar direitos laborais consagrados.

EM GUIMARÃES:LARGO DO TOURAL - 15,00 HORAS

com animação musical

JORNAL DA FRATERNIDADE / ABRIL 2014 PÁGINA 3

Quem não passe há muito pelas Taipas e nelas entre pela sua sala de visitas, o centro da vila, ficará com a sensação que aqui o tempo parou. Porém, uma passagem pela periferia mostra urbanizações novas, novos equipamentos sociais, vias de comunicação com as inefáveis rotundas, sinais de mudança e de tentativa frouxa de acompanhamento dos tempos. Taipas cresceu, apesar das aparências de marasmo.

Fora a regência de Rosas Guimarães, Taipas não conheceu autarca capaz e competente para promover um desenvolvimento sustentado balizado por objectivos claros e exequíveis, um desenvolvimento estribado num plano estratégico de longo prazo. Quem, episodicamente, tem desempenhado tais funções não deu prova de saber o que quer, perdendo-se em améns com quem ocupa o poder municipal de Guimarães, ou portando-se como galaró cuja fanfarronice poucos levam a sério. Consequentemente, Taipas não soube aproveitar as suas riquezas naturais, sangrando numa luta vã entre cutelarias ou turismo.

À inconsequência e populismo das Taipas da era moderna somou-se a arrogância de quem nos últimos anos governou o concelho penalizando ou enriquecendo as freguesias e as vilas consoante o sentido de voto demonstrado pelos seus eleitores.

Esta prática aberrante, antidemocrática e condenada tende a desaparecer devido à conjugação de dois vectores determinantes: a alteração de protagonista em Guimarães; e o papel de charneira assumido pela CDU nas últimas eleições autárquicas.

Há agora uma sintonia entre órgãos autárquicos que não se conhecia antes. Uma sintonia difícil de conquistar, bastando ter presente a postura destrutiva e antidemocrática assumida por quem queria chegar ao poder sem ter vencido as eleições.

O entendimento entre a Junta de Freguesia e a Câmara Municipal é uma ferramenta necessária mas não suficiente para a vila recuperar o seu prestígio no concerto do concelho, honrando a sua história e a luta de homens e mulheres taipenses pela melhoria das condições de vida, tirando proveito das belezas paisagísticas que nos coube em sorte.

Por exemplo, intervindo na qualidade de vida dos taipenses e dos que não o sendo por origem, são-no por opção, exigindo da Câmara Municipal obras mais em qualidade do que em quantidade.

Urge transformar a rede viária em ruas, avenidas e praças, substituindo estradas por arruamentos projectados primeiro para as pessoas e depois para o tráfego automóvel e o estacionamento. Isso implica a redefinição dos passeios, alargando-os, com rampas de acesso de pessoas portadoras de deficiência ou para meios de transporte de bagagens, garrafas de gás ou carrinhos de bebé ou de compras.

Ainda em nome da criação de condições para a qualidade de vida que Taipas merece e também em nome do uso rigoroso e correcto dos parcos recursos económicos, as intervenções nas ruas têm de revestir natureza de fundo, sendo de rejeitar liminarmente as simples operações de

NOVA ERA?A CDU exigirá para as Taipas, intervenções de fundo e debatidas pela população.

cosmética, do tipo das que mudam o piso e deixam a base inalterada. Importa rever a rede de água e saneamento, o curso das águas pluviais, a rede de gás e de comunicações, investindo agora para poupar no futuro.

Taipas é uma vila de elevado potencial turístico que importa proteger, salvaguardar e tratar na perspectiva de um certo tipo de turismo que exige acessibilidades e comodidade.

Quando falamos em acessibilidades e em comodidade, estamos implicitamente a falar da sala de visitas, do centro da vila.

Para a CDU existem duas premissas fundamentais para a reabilitação do centro: introdução de vasta zona pedonal, com passeios espaçosos a ocupar por esplanadas ao ar livre; forte condicionamento do trânsito, com impedimento do trânsito de atravessamento e proibição de circulação de viaturas pesadas.

A operação centro deve abranger uma área que vai do cruzamento da Rua de Santo António com a 19 de Junho, incluir a Rua Carvalho do Crato e a Rua Professor Manuel José Araújo até à rotunda, e incluir a zona da Praça João Antunes Guimarães até à sede da Junta de Freguesia.

A nossa escolha entre as pessoas e os carros, entre a tranquilidade e a azáfama radica na estratégia de desenvolvimento que preconizamos para as Taipas: uma vila respeitadora do seu passado ligado ao termalismo e ao turismo de Natureza, conhecida e reconhecida pelas belezas naturais.

Se formos capazes de não nos deixar embalar nem seduzir pelo falso progresso, se soubermos e formos capazes de honrar o nosso passado introduzindo na paisagem e na vida colectiva elementos de modernidade que não nos descaracterizem, antes nos distingam, estamos a criar um desenvolvimento sustentado, sólido, que alimenta a auto-estima dos taipenses e é motivo de atracção do turismo de saúde e Natureza, assente nas Termas, nas águas e beleza e tranquilidade das Paisagens.

A CDU não se deixará enganar por intervenções ligeiras, exigindo intervenções de fundo debatidas pela população.

No âmbito da iniciativa “Câmara Aberta”, depois de Ronfe, será a vez da vila das Taipas acolher a reunião camarária.Assim, no dia 30 de Abril pelas 10,00 horas o executivo camarário reunirá no multiusos da escola secundária.

Reunião de Câmara realiza-senas Taipas

11 e 12 de JULHO2014

Praça do Mercado - CALDAS DAS TAIPAS

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agenda

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à conversa com...

Eleições para o Parlamento Europeu - 25 de Maio de 2014

CARLA CRUZ e MARIANA SILVA do Distrito de Braga, integram a lista da CDUAs eleições para o Parlamento Europeu, a realizar em 25 de Maio, constituem uma importante batalha política e eleitoral que, articulada com a intervenção geral da CDU e o desenvolvimento da luta, contribuará para a inadiável derrota do governo e para a ruptura com a política de direita.As eleições para o Parlamento Europeu devem constituir uma oportunidade para, pelo reforço da CDU, contribuir para dar força à construção de uma política patriótica e de esquerda, condição indispensável para assegurar a defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores e do povo português e para a afirmação da soberania nacional que liberte o País do rumo de retrocesso social, declínio económico e dependência a que a política de direita o está a condenar.

31 anos, Licenciada em Ensino de PortuguêsEleita na Assembleia de Freguesia deOliveira do Castelo, São Paio e São Sebastião,e na Assembleia Municipal de Guimarães.Membro do Conselho Nacional doPartido Ecologista “Os Verdes”.

Mariana Silva42 anos, PsicólogaEleita na Assembleia Municipal de Braga.Deputada na Assembleia da República.Membro da Comissão Concelhia e daDirecção da Organização Regionalde Braga do PCP.

Carla Cruz

O Sr. António Cardoso, o “Toninho” para os amigos. 80 anos. Morador na Rua N. Sra. de Fátima.

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Eleições para o Parlamento Europeu - 25 de Maio de 2014

Toninho, fale-nos lá de como é que se vivia nas Taipas antes do 25 de Abril.Vivia-se mal. Mas a miséria era em todo o lado, o povo era muito mais pobre naquele tempo. Uma sardinha era para dois ou para três. Felizmente comigo não se passou, mas era assim. Era muita miséria. E era preciso senhas para o arroz, o açúcar, a broa... Eu cheguei a estar ali na “bicha” e quando já só faltavam alguns metros para chegar à minha vez... acabou o pão!

Eram tempos duros.E depois mandavam-se as sobras de Portugal...Era... As sobras de Portugal. E por cá uma fome desgraçada.E não se podia falar. Era preciso muito cuidado.Por causa dos informadores da Pide?Claro! De alguns, nós já sabíamos e conheciamos, outros só viemos a saber depois do 25 de Abril. Alguns deles, depois do 25 de Abril, até fugiram para o estrangeiro.E qual era o papel da religião no regime?Era terrível, o padre tinha poder, a palavra dele era lei, uma força que fazia fé!O nosso padre era um ditador! (padre Joaquim Sousa), ele usava o poder que o regime lhe dava para oprimir o povo.Vê-de lá, que chegou a impôr, a obrigatoriedade de na Páscoa as pessoas darem um dia de trabalho à igreja! Ora, famílias que mal tinham que comer em casa, tinham que dar o que não tinham! As pessoas só comiam arroz ao domingo, à semana era só caldo, enquanto o Padre juntava quantidades imensas de alimentos, que depois vendia a metade do preço. Era tudo lucro. Isto era justo?!!!O Toninho foi um grande amigo de Agostinho Maiato...Sim. Éramos muito amigos. O Agostinho era um “gajo teso” e um grande amigo.E falavam de política naquela altura? Ou sabiam que ele era

Havia o racionamento.

comunista?Não. Nós lá sabíamos o que era ser comunista. Nem se falava de política. Eu nunca sequer tive direito ao voto. Mas eu tinha um radiozinho lá no meu quarto, na minha mãe, e eu, o Agostinho e o Machado, que trabalhava na Bouça e que também era muito amigo dele, íamos ouvir a “Rádio Moscovo”. Aquilo era quase com o ouvido enfiado no rádio para não se captar nada cá fora.

Mas nós ouvíamos as notícias todas naquele tempo.Afinal a “Rádio Moscovo” também chegava às Taipas...Mas só a conheceram através do Agostinho Maiato?Sim. Ele é que nos dizia para ouvir a Rádio Moscovo.Lembra-se de alguma história com ele?Tantas. Nós por justiça, ele talvez por ideal e em protesto contra o regime, às vezes fazíamos das boas. Como fazer explodir bombas artesanais (fornecidas ali pelo fogueteiro, o Fernandes, homem sem medo, um lutador pelo direito) em vários pontos das Taipas que provocavam alarido na população. Só que nós punhamos um rastilho muito grande, acendíamos e íamos para o café. Quando elas rebentavam, nós já estávamos lá sentados. Por isso não podíamos ter sido nós. Claro que depois andavam à procura dos culpados.

Agradecemos a Sr. António Cardoso a disponibilidade para esta conversa em que ganhamos mais conhecimento sobre as Taipas e os taipenses.Muita desta conversa ficou nas entrelinhas, muito fica para tua imaginação. Embora os informadores da Pide fossem uma realidade conhecida, omitimos aqui vários nomes, nomes de gente que para manter o estatuto, cobardemente fizeram outros sofrer.Mas o 25 de Abril passou pelas Taipas, aparentemente de forma não organizada, mas de forma efetiva.