Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015
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269e4c10-67af-4367-b303-ec0e11cae31e
Receitas das multas e taxas sobem 21% e jásuperam 690 milhões A receita das multas por infracção ao Código de Estrada continua a subir. E com as coimas das infracções tributárias, o encaixe para os cofres da administração central disparou 80% até Setembro último Economia , 14
“A ingerência desabrida que Portugal faz nos assuntos da soberania de Angola está a ultrapassar todos os limites”, diz o diário em mais um violento editorial p22
Em entrevista, o responsável pelos assuntos regulatórios da Uber na Europa diz quea empresa está a fazero trabalho difícil de mudar as regras p18/19
A Vespa velutina já chegou ao distrito de Coimbra. Mas o seu avanço para sul decorre a uma velocidade mais lenta do que aconteceu em França p2 a 4
Com grandes empresários presos sob a acusação de suborno, o juiz Sergio Moro é o rosto de uma justiça renovada. Revolução ou cruzada anti-PT? p20/21
Candidata a bastonária dos Enfermeiros e membro do Conselho Nacional do PSD é acusada de falsifi cação e diz--se perseguida por ter sido suspensa de funções p6/7
Jornal de Angola condena visita de embaixador a Luaty
Mark MacGann: “Podem pôr a Uber a pagar licenças”
Portugal incapaz de travar avanço da vespa-asiática
Um magistradoanticorrupção é o novo herói do Brasil
Dirigente do PSD pedeindemnização aoMinistério da Saúde
LIGA DE FUTEBOLSPORTING ARRASA BENFICA E ISOLA-SE NA LIDERANÇA Desporto, 37
RAFAEL MARCHANTE/REUTERS
A história do instituto público que se viciou no negócio p24/25SEG 26 OUT 2015EDIÇÃO LISBOA
Ano XXVI | n.º 9325 | 1,15€ | Directora: Bárbara Reis | Adjuntos: Nuno Pacheco, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora Internacional e de Parcerias: Simone Duarte | Directora Criativa: Sónia Matos
ISNN:0872-1548
PRÉMIOS 2014JORNAL EUROPEU DO ANOJORNAL MAIS BEM DESENHADO ESPANHA&PORTUGAL
Slimani celebra segundo golo do Sporting no Estádio da Luz
LIVROO DESASTRE ESQUECIDO DA GRANDE GUERRAEM ÁFRICACultura,28/29
EM ÁFRICACultura,28/29
2 | DESTAQUE | PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015
Um insecto exótico que veio para ficar
Fotografia da Vespa velutina nigrithorax: Didier Descouens (https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Vespa_velutina_nigrithorax_MHNT_dos.jpg)Fontes: Plano de Acção para a Vigilância e Controlo da Vespa velutina em Portugal, Jan. 2015; ICNF; sosvespa.pt; Aliens: The Invasive Species Bulletin, IUCN/SSC Infografia: Célia Rodrigues
Vespa-europeiaVespa crabro
Vespa-orientalVespa orientalis
Vespa-mediana Dolichovespula media
Vespa-germânicaVespula germanica
Vespa-de-papelPolistes biglumis
Exemplos de outras vespas
Durante a Primavera, o ninho cresce em número de obreiras. O ninho primário é abandonado pela construção de outro, definitivo, bastante maior.
Morrem a rainha inicial, os machos e as obreiras da colónia. O ninho secundário fica vazio.
As futuras rainhas fundadoras hibernam.
As vespas fundadoras que sobreviveram ao Inverno abandonam o local de hibernação para fundar nova colónia.
Fev./Mar.
Este contém a rainha e dezenas de vespas (fêmeas) obreiras. A rainha fundadora começa a construir um ninho primário, parecido com uma pequena esfera, com 5 a 10 cm de diâmetro.
Abr./Mai. Verão Set. /Out.
Inverno
5 a 10 cmPode atingir um metro de altura e cerca de 50-80 cm de diâmetro
Ciclo de vida
Geralmente construídos em árvores com alturas superiores a 5 metros, cada ninho pode albergar cercade 2000 vespas e 150 potenciais rainhas, que no ano seguinte poderão vir a criar seis novos ninhos.
Nascem os machos e fêmeas sexuados. O n.º de indivíduos na colónia pode variar entre 1200 e 1800 vespas.As futuras rainhas abandonamo ninho.
Ninhoprimário
Ninhosecundário
Espécie originária da China, Afeganistão, Indochina e Indonésia
Foi trazida para a Europa em 2004 numa importação de produtos hortícolas, provenientes da China, desembarcados noporto francês de Bordéus
clo de vida
Espécie originária da China, Afeganistão, Indochina e Indonésia
trazida para aopa em 2004
ma importação de dutos hortícolas,venientes da China, embarcados noto francês de Bordéus
Vespa-asiáticaVespa velutina nigrithorax
Obreiras
Rainhas
1,7 a3 cm
3,2 a3,5 cm*
Faixa amarela no primeiro segmento
Faixa laranja no abdómen
Cabeça alaranjada(vista de frente)
As patas são negras eamarelas nas pontas
Ferrão com 6 mm
Asas fumadas
*Um pouco menor do que a autóctone Vespa crabro
Vespavelutina
Neste momento já foram encontrados e destruídos ninhos de Vespa velutina em quase todos os concelhos dos distritos de Viana do Castelo, Braga e Porto. A espécie, que entrou em Portugal através de uma carga de madeira no porto de Viana, está também disseminada por algumas zonas do distrito de Aveiro e já foi detectada no Norte do distrito de Coimbra. No interior, o clima mais frio é-lhe desfavorável, mas já chegou ao distrito de Vila Real. Só no concelho onde primeiro apareceu, mais de 1300 ninhos foram queimados desde 2012. Pelo resto do país, são centenas as ocorrências registadas.
Portugal não consegue travar avanço da vespa-asiáticaEspécie invasora já chegou ao distrito de Coimbra, embora o seu avanço, de norte para sul, decorra a uma velocidade mais lenta do que aconteceu em França
Portugal vai ter de aprender
a conviver com a vespa-
asiática, insecto predador
de abelhas que, além de ser
responsável por uma quebra
na produção de mel, está
também a preocupar as autoridades,
pelo à-vontade com que instala os
seus enormes e populosos vespeiros
em zonas urbanas.
Estas duas características levaram
as autoridades nacionais a defi ni-
rem um plano de acção para con-
trolo desta espécie invasora, que
constitui também uma ameaça à
biodiversidade e à saúde pública.
Mas, no terreno, as organizações de
apicultores e os bombeiros, que as-
sumem o trabalho de identifi cação
e destruição de ninhos, queixam-se
de falta de apoio, e pedem mais ver-
bas nacionais para um tarefa que se
multiplica de dia-para-dia.
Só neste ano já foram destruí-
das muitas centenas de ninhos de
vespa-asiática nos distritos de Viana
do Castelo, Braga e Porto, os mais
VESPA VELUTINA
Abel Coentrãoafectados pela presença desta Ves-
pa velutina nigrithorax. Não há um
número exacto, só os que cada con-
celho vai revelando. Portugal tem
uma plataforma online, a SOS Vespa,
para mapear todas as ocorrências,
mas esse instrumento está refém da
colaboração de cidadãos e institui-
ções na notifi cação, electrónica, dos
casos. Por isso, a informação que ali
surge não está actualizada, garanti-
ram ao PÚBLICO várias entidades
que, no terreno, se têm envolvido
no combate a esta espécie,
A Vespa velutina é uma espécie
exótica, mas não está ainda sequer
classifi cada como tal, no nosso pa-
ís. Essa prerrogativa de classifi cação
cabe ao Instituto de Conservação da
Natureza e Florestas, que gere tam-
bém o sistema de informação SOS
Vespa, mas sobre este tema não foi
possível, no fi nal da semana passada,
obter explicações deste organismo,
dado o facto de estar “fora do país”
quem as poderia dar, explicou ao PÚ-
BLICO o gabinete de comunicação do
ICNF. Esta entidade tem um papel de
coordenação, no Plano Nacional de
Acção para a Vigilância e Controlo da
PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015 | DESTAQUE | 3
a, dada a proximidade ao homem,
um problema de saúde pública.
O seu ciclo de vida é diferente do
que é descrito, por exemplo, em
França, nota o biólogo, que em Ja-
neiro de 2012 escreveu o primeiro
artigo sobre a presença da vespa-
asiática em Portugal para a revista
galega Arquivos de Entomoloxia. Lá,
normalmente, as fundadoras aban-
donam em Novembro os grandes
vespeiros em que nascem e crescem,
para hibernarem durante o Inverno,
e nessa altura, na colónia, a rainha,
os machos e as obreiras morrem.
Mas, muito atentos, os apicultores
têm detectado casos, em zonas mais
próximas do mar, em que há vespas
activas em Janeiro.
Tal deve-se, muito provavelmen-
te, não apenas ao clima mais ame-
no, mas também à disponibilidade
do seu alimento favorito: as abelhas.
Segundo o presidente da Associação
Apícola de Entre Minho e Lima (Api-
mil), Alberto Dias, muitos produtores
fazem a transumância de colmeias
das zonas altas para a faixa litoral,
onde, protegidas das temperaturas
negativas, as abelhas ainda continu-
am a produzir mel, graças à fl oração
mais tardia dos eucaliptos, por exem-
plo. As vespas-asiáticas agradecem e,
como habitualmente, colocam-se à
entrada das colmeias, esperando as
obreiras que chegam com o pólen,
para as capturar.
A praga veio juntar-se a outros pro-
blemas da apicultura, como a mor-
te de abelhas provocada pelo uso
de pesticidas, pela varroa e outras
doenças e, em anos como este, pela
seca, que lhes roubou também muito
alimento. “Cercadas” pelas vespas,
as abelhas deixam de sair, produzem
menos mel, enfraquecem e morrem.
“É um problema económico grave”,
alerta o presidente da Federação Na-
cional do Sector, Manuel Gonçalves.
Para além de terem de repor as col-
meias, comprando abelhas, os pro-
dutores, nota Alberto Dias, estão a
gastar mais em alimentação das que,
a custo, vão sobrevivendo.
Segundo Alberto Dias, as 14 mil
colmeias existentes no distrito de
Viana, exploradas por cerca de 340
apicultores, registaram este ano uma
quebra na produção “da ordem dos
50%”. “Num ano normal, a produção
de mel pode ser superior às 200 mil
toneladas. Este ano, foi muito fraco,
com uma produção de cerca de 100 a
120 mil toneladas”, explicou. Segun-
do o dirigente associativo, na Galiza,
os apicultores também “sofreram
perdas signifi cativas”, com cerca de
“60% a 70% na produção de mel”.
A Vespa velutina terá entrado no
espaço europeu através do Porto
de Bordéus, em 2004, e em 2010
era já detectada no País Basco, em
Espanha, país onde está também a
disseminar-se, por todo o Noroeste,
e na Catalunha, tendo chegado até
às ilhas Baleares. A Viana, o coman-
dante António Cruz, dos sapadores
locais, acredita que ela chegou num
carregamento de madeira de Bor-
déus para a Portucel, dado o facto
Vespa velutina em Portugal, tal como
o Instituto Nacional de Investigação
Agrária e Veterinária (INIAV), ao qual
foi atribuída a coordenação das ac-
ções de formação e de divulgação.
No plano que data já de 2014, todo
o trabalho de vigilância passiva e ac-
tiva, controlo e destruição fi cou nas
mãos dos produtores e das entidades
municipais, bem como o grosso da
despesa com equipamentos e outros
recursos necessários para eliminar
esta ameaça que não gosta das zonas
frias do interior, mas na faixa atlân-
tica avança para sul ao ritmo de 30
quilómetros por ano. Portugal “per-
deu uma oportunidade de controlar
com maior efi cácia” a expansão da
Vespa velutina no território continen-
tal, lamenta António Cruz, coman-
dante dos Bombeiros Municipais de
Viana do Castelo e um dos homens
que, desde 2012, foram obrigados a
aprender o mais que pudessem sobre
ela, para melhor a combater.
Este insecto foi detectado no fi nal
de 2011, precisamente em Viana,
numa altura, nota Cruz, em que a
sua ecologia na Europa “era já bem
conhecida”, por via da atenção que
em França lhe era prestada há anos.
“Tínhamos muita informação dispo-
nível. Faltou um ataque mais inten-
so, coordenado, e com alocação de
meios nacionais, para evitar a sua
propagação. Mas como isto estava
confi nado ao Alto Minho, as entida-
des nacionais demoraram a reagir…”,
lamenta, numa crítica repetida pelos
apicultores da região que desde cedo
puseram pés ao caminho e começa-
ram a contactar as associações e uni-
versidades de Espanha e de França,
país onde numa década a vespa co-
lonizou 70% do território.
Na verdade, e dada a excelente ca-
pacidade de adaptação às condições
no terreno e o ritmo de reprodução
da espécie, António Cruz não sabe se
teria sido possível travar totalmen-
te a evolução que o fenómeno teve.
“Mas pelo menos saberíamos que tí-
nhamos tentado”, insiste. Neste mo-
mento, o investigador José Manuel
Grosso-Silva, entomólogo do Cibio,
centro de investigação da Universida-
de do Porto, não tem dúvidas de que
a parente asiática das vespas que já
existem em Portugal veio para fi car,
e que neste momento o país vai ter
de melhorar os mecanismos de de-
tecção e controlo preventivo.
O PÚBLICO tentou, sem sucesso,
perceber junto do INIAV em que pé
está o fi nanciamento, por parte do
Proseur — Programa operacional Sus-
tentabilidade e Efi ciência no Uso de
Recursos, de acções direccionadas
FOTOS: PAULO PIMENTA
José Manuel Grosso-Silva com um dos vespeiros da velutina onde podem viver cerca de 2000 insectos
para o estudo desta espécie, para as
quais foi aberto concurso. Segundo
o entomólogo do Cibio, é necessário
perceber vários aspectos do compor-
tamento desta vespa, para melhor
medir o seu impacto nas abelhas,
noutros insectos que também matam
e na biodiversidade, dada a impor-
tância das suas presas na polinização.
Apesar de estar há pouco tempo
em Portugal, a Vespa velutina tem
comportamentos adaptativos muito
rápidos, o que explica, pelo menos
em parte, o seu sucesso. A bibliogra-
fi a explica que costuma fazer vespei-
ros em pontos altos — normalmente
árvores —, mas já têm sido detectados
ninhos em zonas arbustivas, dentro
de casas e em árvores de fruto perto
de habitações. O à-vontade com que
se instala em cidades, onde o número
de abelhas é menor, indica que a sua
dieta se reconfi gura às disponibilida-
des de determinada zona. E tornou-
30quilómetros por ano. É a esta velocidade que a vespa-asiática avança, de norte para sul, na faixa atlântica do país
70%do território da França foi colonizado, ao longo de apenas uma década, pela Vespa velutina nigrithorax
c
4 | DESTAQUE | PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015
de os primeiros ninhos terem apare-
cido na envolvente à fábrica.
No Inverno, as fundadoras desta
espécie hibernam sob a casca de al-
gumas árvores, por exemplo, sendo
difíceis de detectar. Na nova localiza-
ção, acordam no início da Primavera
e criam, individualmente, o primeiro
ninho. Este é pequeno, pode surgir
nos mais variados locais, e é nele que
nascem as obreiras, que, depois, du-
rante o Verão, têm a tarefa de cons-
truir o enorme vespeiro — para 2000
vespas —, onde haverá umas 150 no-
vas fundadoras. Destas, diz a biblio-
grafi a, pelo menos meia dúzia deverá
conseguir criar uma nova colónia.
Desde 2012 que os vespeiros vêm
sendo destruídos com recurso a fogo,
a um ritmo diário, por todo o Norte,
a oeste das zonas mais montanhosas.
Em Viana foram mais de 1300, em
quase três anos, mas todos os dias
os bombeiros locais fazem em mé-
dia seis operações de despistagem.
O trabalho repete-se por todos os
concelhos da região e, pouco a pou-
co, a Vespa velutina vai aparecendo
noutras regiões mais a sul, como o
distrito de Aveiro e, num caso, já no
distrito de Coimbra.
A comunidade científi ca portugue-
sa interessou-se rapidamente e tem
apoiado os produtores, “graciosa-
mente”, elogia Alberto Dias, que, co-
mo José Manuel Grosso-Silva, consi-
dera essencial que se fi nanciem estu-
dos comparativos sobre métodos de
detecção e controlo da vespa-asiática
antes da fundação das colónias, for-
ma mais efectiva, acreditam, de tra-
var o avanço da espécie. Até aqui têm
sido os próprios produtores que têm
estudado armadilhas que atraiam as
fundadoras no momento em que elas
terminam a hibernação.
“Na investigação, falta fazer quase
tudo”, alerta João Valente, dirigen-
te da Associação de Apicultores do
Norte que tem vindo a desenvolver
as suas armadilhas para a velutina,
e considera que, neste campo, a ex-
periência francesa não ajudou quase
nada. Em Portugal, as receitas já tes-
tadas incluem substâncias açucara-
das que elas procuram, como o mel
e a groselha, e cerveja ou vinho, pois
as abelhas não gostam de álcool e,
assim, não são atraídas para estas
armadilhas. Este antigo dirigente da
Quercus, que tem ajudado os sapa-
dores do Porto no combate a esta in-
vasora, avisa que o combate preven-
tivo tem de ser selectivo, sob pena de
atingir outros insectos, aumentando
ainda mais o já pernicioso efeito da
vespa-asiática na polinização e, por
via disso, na biodiversidade.
VESPA VELUTINA
Nem gigante nem assassina
Há várias percepções exa-
geradas sobre as vespas-
asiáticas, já designadas,
em notícias, “vespas as-
sassinas”, e descritas co-
mo sendo enormes, como
se o tamanho acima do “normal”
fosse algo comum apenas em espé-
cies estranhas ao nosso meio am-
biente e indiciasse, desde logo, um
comportamento mais violento. O
entomólogo José Manuel Grosso-
Silva assinala que a Vespa crabro,
também comum na Europa, é maior
do que a sua “prima” do Sudoeste
Asiático. E nota que estas não são
mais agressivas do que os parentes
que temos por cá. Mesmo quando
comparadas com abelhas.
Quase todos os anos há inciden-
tes, alguns resultando em morte,
com abelhas ou vespas-comuns,
no nosso país. Se uma colmeia é
atacada, estas defendem-se. Numa
das suas pesquisas sobre a vespa-
asiática, no apiário de um amigo, o
biólogo da Universidade do Porto
capturou uma predadora que já le-
vava uma abelha de uma colmeia,
salvou-a, mas o que é facto é que
esta se sentiu atacada por um preda-
dor ainda maior e acabou por picá-
lo na testa.
Este ano, em Junho, um homem
de Vila Verde morreu na sequência
de picadas, porque, inadvertida-
mente, quando jardinava, incomo-
dou uma colónia de Vespa velutina
instalada num ninho que não estava
no topo de uma árvore, como habi-
tualmente, mas numa sebe. O pro-
blema, explica o biólogo da Univer-
sidade do Porto, é que aquela que
é também conhecida como “vespa
das patas amarelas” é mais social
do que outras espécies de vespas,
e defende como pode o seu ninho,
perseguindo o atacante.
O risco depende mais da reacção
habitual da pessoa às picadas do que
desta, propriamente dita. É certo
que a vespa é grande, e que o fer-
rão tem mais veneno, mas João Va-
lente, da Associação de Apicultores
do Norte, já foi picado na mão, em
simultâneo, por três espécimes da
velutina, e o máximo que lhe acon-
teceu foi uma dor algo mais intensa
e um inchaço também maior. Mas
num “ataque” de uma colónia in-
teira, as consequências serão, ob-
viamente, mais graves.
No Plano de Acção para a Vigilân-
cia e Controlo da Vespa velutina em
Portugal, este é considerado tam-
bém um problema de saúde pública.
O presidente da Federação Nacional
de Apicultores de Portugal concorda
com esta preocupação e o coman-
dante dos Bombeiros Sapadores de
Viana também, embora, como o en-
tomólogo José Manuel Grosso-Silva,
acredite que a questão do perigo pa-
ra os humanos se coloque mais nas
operações de destruição de ninhos,
que requerem muitos cuidados e
que, se forem mal preparadas e re-
alizadas podem gerar problemas a
quem esteja por perto.
Aliás, António Cruz explica que,
com o passar do tempo, e o disse-
minar da espécie para locais me-
nos habituais, o contacto com o
Abel Coentrão
DIOGO BAPTISTA
Não há razão para chamar “vespa assassina” à velutina, embora a destruição dos ninhos seja perigosa
homem aumenta e o potencial de
“confl itos” também. Na sexta-feira,
os sapadores do Porto estavam a es-
tudar a melhor forma de destruir
um vespeiro numa árvore por cima
de uma paragem de autocarro junto
ao Hospital de São João, uma das
zonas com maior circulação de pes-
soas ao longo do dia, e João Valente
garante que, no ambiente urbano
do Porto, elas se instalam em qual-
quer lado.
“O melhor que as pessoas têm a
fazer é notifi car o SOS Vespa ou, se
não tiverem Internet, falarem com
os bombeiros”, nota o apicultor
do Porto. Em Viana, António Cruz
já relata casos de pessoas insatis-
feitas com a falta de prontidão de
resposta, à percepção da presença
de asiáticas. “Os nossos telefonis-
tas passam por situações de muito
stress. Um dia, uma pessoa ameaçou
ir ao quartel de caçadeira, se não
fôssemos imediatamente destruir o
ninho que tinha no quintal”, relata.
Um pânico compreensível em quem
se depara com uma vespa gigante e
“assassina”, que afi nal não é tão gi-
gante e, muito menos, tão mortífera
como se diz.
Uma pessoa ameaçou ir de caçadeira ao quartel dos bombeiros de Viana se estes não fossem logo destruir o ninho no quintal
Quase todos os anos há incidentes, alguns mortais, com picadas de abelhas ou vespas-comuns em Portugal. O risco depende mais da reacção da pessoa do que da picada propriamente dita. A vespa-asiática é maior, o seu ferrão tem mais veneno. O ataque de todo um enxame será mais grave
6 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015
Dirigente do PSD pede indemnização de 20 mil euros ao Ministério da Saúde
Um membro do Conselho Nacional
do PSD, a enfermeira Ana Rita Cava-
co, actual candidata a bastonária da
Ordem dos Enfermeiros, apresentou
no ano passado uma queixa-crime
contra o presidente da Administra-
ção Regional de Saúde (ARS) de Lis-
boa e Vale do Tejo, o médico Luís
Cunha Ribeiro. A queixa surgiu na se-
quência de um processo disciplinar
instaurado à enfermeira pela ARS,
o qual levou à sua condenação a um
mês de suspensão por alegada falsi-
fi cação da folha de ponto do centro
de saúde em que trabalhava.
A acção em que são investigadas as
acusações de denegação de justiça,
prevaricação e abuso de poder, está
a correr no Departamento de Inves-
tigação e Acção Penal (DIAP) de Lis-
boa. Duas das testemunhas indicadas
pela dirigente do PSD e já ouvidas
nos autos não confi rmam, todavia, a
actuação imputada ao denunciado.
Por outro lado, o recurso hierárqui-
co da pena disciplinar aplicada pela
ARS, dirigido ao ministro da Saúde,
foi entretanto indeferido, tendo a
enfermeira, de 39 anos, recorrido
em Abril deste ano para tribunal e
pedido uma indemnização de 20 mil
euros ao Ministério da Saúde.
Para fundamentar a sua queixa
contra o presidente da ARS, subscrita
pelo advogado Ricardo Sá Fernandes,
Ana Rita Cavaco alega que o médico
fez saber a vários amigos comuns,
em Outubro de 2013, que estava dis-
posto a arquivar o processo discipli-
nar que contra ela corria, desde que
ela deixasse de o criticar nas reuni-
ões do Conselho Nacional do PSD.
Ana Rita Cavaco foi adjunta de Car-
los Martins, secretário de Estado da
Saúde entre 2002 e 2004, no Gover-
no de Durão Barroso, e apresentou
na semana passada a sua candidatura
a bastonária da Ordem dos Enfermei-
ros, nas eleições que se realizam em
Dezembro.
Na origem do processo disciplinar
que lhe foi instaurado no Verão de
2013 encontra-se uma participação
Candidata a bastonária dos Enfermeiros e membro do Conselho Nacional do PSD é acusada de falsifi cação. Diz-se perseguida por ter sido suspensa de funções. Caso está nos tribunais
de uma colega, que justifi cou a sua
denúncia com “princípios éticos e
deontológicos”. De acordo com a
participação, Ana Rita, então colo-
cada no Centro de Saúde da Graça,
esteve ausente do serviço durante
três semanas, em Junho desse ano,
“tendo assinado a respectiva folha de
ponto” quando regressou, tal como
se tivesse estado a trabalhar.
Notifi cada em Setembro da ins-
tauração do processo, nomeou ad-
vogado, foi ouvida, contestou por
escrito e apresentou testemunhas.
Rejeitando por completo a acusação,
justifi cou parte das suas ausências,
alegadamente sem autorização, com
aquilo que seria uma prática corrente
no centro de saúde: o pessoal tinha
direito, embora isso não estivesse
previsto nos regulamentos, a não
comparecer certos dias, como for-
ma de compensação das horas de
serviço que prestava a mais e que
não eram pagas. Nos outros dias em
que não se apresentou teria estado
a trabalhar num inquérito, devida-
mente autorizado, sobre “o valor das
vacinas”, no âmbito de um curso de
mestrado em que estava inscrita.
No fi nal do processo, a respectiva
instrutora rejeitou todas justifi ca-
ções da arguida, considerou prova-
da a acusação e propôs uma suspen-
são de 30 dias. Além disso, propôs a
participação ao Ministério Público
(MP) do alegado crime de falsifi ca-
ção, correspondente à assinatura da
folha de ponto nos dias em que a en-
fermeira faltou. A coordenadora do
gabinete jurídico da ARS concordou
com a proposta e o conselho directi-
vo deste organismo determinou, em
Julho de 2014, a aplicação da pena
proposta e a efectivação da partici-
pação ao MP.
Em resposta, a arguida recorreu pa-
ra o ministro da Saúde. Ao abrigo da
delegação de competências ministe-
rial, a secretária-geral do ministério,
já em Janeiro deste ano, negou provi-
mento ao recurso e confi rmou a pena.
Inconformada, a enfermeira avan-
çou com uma “acção administrativa
especial” em que requere a anulação
da decisão do Ministério da Saúde,
ao qual pede uma indemnização de
Justiça José António Cerejo
20 mil euros por danos não patrimo-
niais. Na petição entregue em Abril
deste ano no Tribunal Administrativo
do Círculo de Lisboa, a autora alega
que se encontra de baixa desde Julho
de 2014 — situação em que se man-
teve até Junho deste ano —, uma vez
que “adoeceu gravemente”, em con-
sequência do “incompreensível pro-
cesso disciplinar” que lhe foi movido.
O articulado remete para uma
queixa-crime contra Cunha Ribeiro,
que Ana Rita entregara no DIAP de
Lisboa um ano antes, em Março de
2014, na qual fi ca claro o seu entendi-
mento quanto à natureza do proces-
so e da sanção que lhe foi aplicada.
Subscrita pelo advogado Ricardo Sá
Fernandes, a participação sustenta
que a queixosa está a ser vítima de
uma perseguição pessoal e política
por parte do denunciado.
No essencial, defende que o pro-
cesso disciplinar, ou pelo menos o
seu desfecho, tem a mão do presi-
dente da ARS e se deve exclusiva-
mente ao facto de este querer assim
convencê-la a parar as acusações que
lhe dirigia havia meses no Conselho
Nacional do PSD. Na primeira dessas
intervenções, em Abril de 2013, pe-
rante Pedro Passos Coelho e os seus
pares, acusou Cunha Ribeiro de es-
banjar dinheiros públicos em almo-
ços semanais, com três dezenas de
dirigentes dos seus serviços, que cus-
tariam perto de 90 euros por cabeça.
Outra das queixas prendia-se
com alegadas relações perigosas
entre o seu superior hierárquico e
o patrão da empresa farmacêutica
Octapharma, a favor de quem teria
decidido grandes concursos públicos
de aquisição de plasma sanguíneo
ao longo dos anos. Conforme se lê
na participação, Ana Rita afi rmou
também nessa reunião, que, segun-
do constava, Cunha Ribeiro residia
num apartamento do mesmo empre-
sário — que é arguido no processo
Operação Marquês e contratou José
Sócrates como consultor em 2013 —
sem contrato de arrendamento re-
gistado nas Finanças.
Passos e os assessoresNa sua intervenção fi nal nesta reu-
nião partidária, o primeiro-ministro
afi rmou, diz a queixa, referindo-se à
questão dos almoços, que a situação
“era inadmissível, devendo acabar”.
Terminado o encontro, lê-se no docu-
mento, o adjunto económico de Pas-
sos Coelho, Rudolfo Rebelo, pediu à
enfermeira “detalhes sobre o assun-
to”, contactando-a posteriormente
para obter mais pormenores.
Semanas depois, João Montene-
gro, também adjunto do primeiro-
ministro, telefonou-lhe dizendo que
Passos Coelho “pedia com urgência
cópia da [sua] intervenção no Con-
selho Nacional e um ‘memo’ sobre a
situação descrita”.
Nos termos da participação, em
Outubro desse ano, depois de uma
nova reunião da direcção do PSD em
que Ana Rita retomou o caso, Cunha
PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015 | PORTUGAL | 7
Enfermeira e candidata a bastonária foi condenada pela alegada falsificação da folha de ponto do centro de saúde em que trabalhava
PAULO PIMENTA
O memorando sobre Cunha Ribeiro,
que, segundo a queixa entregue no
DIAP, Passos Coelho pediu a Ana Ca-
vaco no fi nal da primeira reunião do
Conselho Nacional do PSD, em que
a enfermeira falou sobre o presiden-
te da ARS, foi-lhe enviado ainda em
Abril de 2013 através de João Monte-
negro, adjunto do primeiro-ministro.
O documento nota logo nas pri-
meiras linhas, a propósito do apar-
tamento em que Cunha Ribeiro então
residia, propriedade do patrão da Oc-
tapharma, que a informação por ela
referida de que não havia qualquer
contrato de arrendamento do mesmo
depositado nas Finanças “foi confi r-
mada pelo Rudolfo Rebelo, adjunto
do primeiro-ministro actual”.
Ana Rita alarga-se nas quatro pági-
nas do texto, que ela própria facultou
ao PÚBLICO, sobre as alegadas liga-
ções de Cunha Ribeiro aos negócios
da Octapharma e termina escreven-
do: “Fonte directa do PM garantiu-me
que era Miguel Macedo quem contava
a Cunha Ribeiro as minhas interven-
ções no Conselho Nacional do PSD.”
Na reunião seguinte daquele ór-
gão partidário, em Outubro de 2013,
a conselheira leu uma intervenção,
que também facultou ao PÚBLICO,
na qual volta a falar do presidente
da ARS, afi rmando que ele cessara
durante algum tempo os almoços
“servidos por um dos caterings mais
caros de Lisboa”. No entanto, acusou-
o de os ter retomado naquele mesmo
dia, “em clara violação às orientações
do sr. primeiro-ministro”. E acrescen-
tou: “Os almoços acabaram na altura,
mas a minha denúncia valeu-me um
processo disciplinar. Esse processo,
poderei demonstrá-lo, é um processo
de perseguição política, de retaliação
pelo que aqui denunciei.”
O PÚBLICO pediu à assessoria
de imprensa de Passos Coelho um
comentário sobre este assunto. “O
gabinete do primeiro-ministro não
comenta o que possa ou não ter-se
passado numa reunião partidária”,
foi a resposta obtida. Rudolfo Rebelo,
por seu lado, disse que não quer fazer
qualquer comentário sobre o assunto
e João Montenegro não respondeu ao
email que lhe foi enviado na sexta-
feira. José António Cerejo
Memorando para Passos Coelho
disponibilidade para sarar algum mal
entendido”.
Presidente da ARS negaO presidente da ARS, por seu lado,
nega em absoluto que alguma vez
se tenha disponibilizado a arquivar
o processo em troca do silêncio da
queixosa. “É totalmente falso que
alguma vez tenha proferido tal afi r-
mação, a qual, aliás, seria de insus-
ceptível execução, porquanto toda e
qualquer queixa apresentada é ana-
lisada directamente pelo Gabinete
Jurídico, que envia uma proposta de
actuação largamente fundamentada
ao conselho directivo e que este se-
gue”, afi rmou em resposta enviada
ao PÚBLICO. “É inimaginável que se
possa neste âmbito ordenar seja o
que for, porque as decisões discipli-
nares são propostas pelo instrutor
[do processo] depois de muitas dili-
gências efectuadas, apreciadas e con-
fi rmadas pelo coordenador do Gabi-
nete Jurídico e só depois submetidas
a deliberação do conselho directivo
(...), um órgão colegial com quatro
membros”, acrescentou.
Sobre os almoços com os responsá-
veis pelos centros de saúde, Cunha Ri-
beiro limitou-se a enviar ao PÚBLICO
nove cópias de facturas emitidas pela
empresa de catering Maria Papoila e
relativas a outras tantas refeições vo-
lantes servidas a cerca de 30 pessoas
cada uma, entre 26 de Março e 16
de Abril, e entre 1 de Outubro e 5 de
Novembro. O custo facturado à ARS
foi sempre de dez euros por cabeça.
Cunha Ribeiro rejeita também as
acusações de ligação aos negócios
da Octapharma e diz nunca ter sido
confrontado pelo ministro da Saúde
com as acusações de Ana Rita Cava-
co, cujo motivo garante não compre-
ender. As datas das facturas, confi r-
mam, no entanto, que os almoços
foram interrompidos logo a seguir à
primeira queixa por ela apresentada
diante de Passos Coelho no PSD.
Quanto ao apartamento em que re-
sidiu durante vários anos no mesmo
prédio em que morava José Sócrates,
na Rua Castilho, em Lisboa, Cunha
Ribeiro diz que já esclareceu o assun-
to. O caso foi revelado pelo Correio da
Manhã em Março de 2013 e suscitou
numerosas críticas ao responsável
pela ARS, na medida em que este
confi rmava residir numa casa do
patrão da Octapharma em Portugal,
Paulo Lalanda de Castro — um empre-
sário que já este ano foi constituído
arguido no processo que envolve José
Sócrates. A Octapharma era a prin-
cipal fornecedora de derivados de
sangue ao Serviço Nacional de Saúde.
Cunha Ribeiro, que tinha presi-
dido ao INEM entre 2003 e 2008 e
que, de 2008 a 2011, foi consultor do
Ministério da Saúde, afi rmou então
que tinha arrendado o apartamento
do Heron Castilho a uma empresa
que tinha como gestor uma pessoa
de quem era amigo havia 30 anos e
que se tratava de facto de Lalanda de
Castro. O médico sustentou que não
via qualquer confl ito de interesses
no caso, mas não revelou o valor da
renda que pagava.
Ana Rita Cavaco esteve de baixa
quase um ano, até 8 de Junho pas-
sado, altura em que deixou a ARS.
Depois disso cumpriu os 30 dias de
suspensão e foi colocada na Autori-
dade Antidopagem de Portugal, no
regime de mobilidade. Ao PÚBLICO
reafi rmou sempre a veracidade do
que consta da queixa-crime e repetiu
todas as justifi cações que apresentou
no decurso do processo disciplinar,
facultando cópias das principais pe-
ças do processo.
Ribeiro ter-lhe-á feito saber, através
de dois amigos comuns, que “arqui-
varia o processo disciplinar na sema-
na seguinte”, em troca de ela deixar
de falar dele no partido. Tal facto
constituiria um indício da prática do
crime de denegação de justiça e pre-
varicação, havendo também indícios
do crime de abuso de poder.
Uma das pessoas de quem Cunha
Ribeiro se terá servido para propor a
Ana Rita a compra do seu silêncio ga-
rantiu porém ao PÚBLICO, pedindo
para não ser identifi cada, que a ver-
são da sua amiga não corresponde à
verdade. Isso mesmo, adiantou, foi
por si declarado nos autos da inquéri-
to agora a cargo da Polícia Judiciária.
A outra, um dirigente local do PSD
no Algarve, José Damásio, respondeu
por escrito que foi ele quem sugeriu
“intermediar um encontro” entre a
amiga e o médico. Questionado sobre
se “poderia haver bases para arqui-
var” o processo disciplinar, este res-
pondeu-lhe, diz Damásio, que “havia
Ana Rita Cavaco alega que “adoeceu gravemente”, em consequência do “incompreensível processo disciplinar” que lhe foi movido
Luís Cunha Ribeiro nega em absoluto que alguma vez se tenha disponibilizado a arquivar o processo em troca do silêncio da queixosa
8 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015
Um governo de gestão temos poderes que conseguir justifi car
Um governo de gestão não está li-
mitado por uma lista de poderes
plasmados na lei, mas antes pela
necessidade que tem de tomar de-
terminadas decisões num momento
exacto e pela forma como as conse-
guir justifi car. A conclusão é de um
acórdão do Tribunal Constitucional
(TC) de 2002, em que os juízes consi-
deram que um governo demitido não
tem “nenhuma limitação” nos actos
legislativos que pratica, frisando que
o “critério decisivo” é o da “estrita
necessidade da sua prática” — ou se-
ja, se é “inadiável” e “necessário”.
A Constituição defi ne que, “antes
da apreciação do seu programa pela
Assembleia da República, ou após a
sua demissão, o Governo limitar-se-á
à prática dos actos estritamente ne-
cessários para assegurar a gestão dos
negócios públicos”. Que actos são
esses e quem defi ne os seus limites?
O próprio Governo, diz o constitucio-
nalista Tiago Duarte, da Universidade
Nova de Lisboa. “O primeiro juiz do
que é inadiável é o próprio Governo,
que faz essa apreciação. Fará os actos
que achar inadiáveis. Se o Presidente
tiver dúvidas sobre leis ou decretos-
leis, pode enviar para o TC aferir da
constitucionalidade. E essa avaliação
é feita em torno do que é adiável ou
Acórdão do Tribunal Constitucional diz que seria “altamente inconveniente” limitar o governo aos actos de gestão corrente e defende que decisões devem ser justifi cadas por serem inadiáveis e necessárias
Nova legislatura Maria Lopes e Sérgio Aníbal
Pequeno calendário para uma crise política
Fonte: PÚBLICO
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NOVEMBRO
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JANEIRO
20162015
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FEVEREIRO
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MARÇO
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ABRIL
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MAIO
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JUNHO
O novo Governo deve tomar posse dia 2ou 3 e a discussãodo programa deverá acontecer entreos dias 11 e 13.Se chumbar, o Presidente ouve novamente os partidos.
O Presidente pode manter em gestão o Governo derrubado ou indigitar um novo primeiro-ministro, que tem de submeter novo programa ao Parlamento.
O Governo, de gestão ou não, deve apresentar proposta de Orçamento do Estado. As eleições presidenciais devem acontecer a 17 ou 24 de Janeiro. Em 2011 foram a 23.
Se houver segunda volta, deverá ocorrer a 14 ou 21. Em 1986 (único caso em democracia), a primeira volta foi a 26 de Janeiro e a segunda a 16 de Fevereiro.
Tradicionalmente, a tomada de posse do Presidente da República tem ocorrido a 9 de Março. Foi assim mesmo em 1986, quando houve segunda volta.
O Parlamento não pode ser dissolvido nos primeiros seis meses após ser eleito. Logo,o decreto presidencial de dissolução tem de acontecer depois de 4 de Abril e, nele, o Presidente deve marcar a data das novas eleições para os 55 dias seguintes. A primeira data possível para as eleições antecipadas é 29 de Maio.
Se a dissolução acontecer após 5 de Abril, a primeira data possível é 5 de Junho. Em 2011, as legislativas ocorreram nesse dia e o Governo tomou posse a 21.
inadiável”, diz ao PÚBLICO. É ao exe-
cutivo que cabe, por isso, justifi car,
na própria legislação, as decisões que
toma. E isso pode estender-se a uma
tentativa de orçamento.
“O interesse público pode recla-
mar a prática inadiável, por exem-
plo, de actos legislativos; limitar a
competência do governo demitido
à prática de actos de gestão corren-
te — sabendo-se, além do mais, que
a existência de governos com com-
petência diminuída se pode arrastar
no tempo –—seria, pois, altamente in-
conveniente”, diz o acórdão do TC.
Ora, o arrastar de um governo
demitido é um dos cenários temi-
dos, já que o Presidente da Repú-
blica (PR) deixou no ar a ideia que
pode não nomear um executivo
de esquerda depois da rejeição do
programa da coligação de direita.
Se não o fi zer, o Governo poderá
manter-se em gestão até que possa
haver novas legislativas em Junho?
O constitucionalista Pedro Bacelar
de Vasconcelos prefere não pensar
nisso. Um governo de gestão é uma
“solução transitória, um acidente e
não uma solução governativa”. Num
quadro de “confl ito aberto entre o
Presidente e o Parlamento, seria
grave para o país entrarem numa
guerra e o PR usurpar os poderes da
Assembleia e optar por um governo
de gestão da coligação” em vez de
permitir uma solução de esquerda.
O jurista antevê “consequências
gravíssimas para a economia e as
fi nanças” e considera que seria um
“crime de responsabilidade política
do Presidente”.
Tiago Duarte diz que Passos Coe-
lho não pode recusar fi car em gestão
se essa for a decisão de Cavaco. Mas o
politólogo António Costa Pinto consi-
dera “muito difícil forçar um governo
a aguentar tanto tempo”. Por isso,
diz, a alternativa é um governo de ini-
ciativa presidencial. O problema será
a “bipolarização” no Parlamento e
na sociedade, antevendo-se meses
de contestação. A possibilidade de
um governo de iniciativa presidencial
já não consta na Constituição desde
1982, mas essa ideia anda na cabeça
de alguns analistas. Porém, teria sem-
pre de conseguir passar o seu progra-
ma no Parlamento, o que faria com
que uma decisão da primeira fi gura
do Estado fosse colocada à votação
dos deputados.
Para Bacelar de Vasconcelos, esta
“não é uma hipótese séria a consi-
derar” e diz mesmo que seria “um
golpe de Estado”. “A experiência
portuguesa diz-nos que esses são go-
vernos falhados; acabaram todos em
eleições antecipadas.” O politólogo
André Freire também rejeita tal solu-
ção, argumentando “não ser demo-
crática” e ser um “quadro contrário
ao interesse nacional” por manter o
país “congelado” quase um ano em
“medos e incertezas” nos sectores
político, económico e fi nanceiro.
OE em duodécimosO acórdão de 2002 foi uma respos-
ta ao pedido de fi scalização de Jorge
Sampaio ao decreto do Governo de
António Guterres sobre um novo re-
gime de organização hospitalar. O TC
acabou por concordar que era uma
medida “estritamente necessária” na
altura, já que estava inscrita no Pro-
grama de Estabilidade e Crescimento
apresentado no ano anterior.
Não havendo um Orçamento do Es-
tado (OE) aprovado para arrancar a 1
de Janeiro de 2016, isso signifi ca que
o actual orçamento, feito para 2015,
se mantém em vigor no próximo ano
e que o país, como já aconteceu em
diversas ocasiões, passa a ter uma
execução orçamental em regime de
duodécimos. Na prática, a despesa
realizada por cada organismo duran-
te um mês não pode ultrapassar um
duodécimo da despesa total prevista
no OE para todo o ano. Ao nível da
receita, mantêm-se as taxas de im-
postos previstas no OE 2015.
No entanto, nem todas as medi-
das continuam em vigor. A Lei de
Enquadramento Orçamental prevê
três excepções. A primeira tem que
ver com as autorizações legislativas
que, de acordo com a Constituição,
caducam no fi nal do ano económico
a que respeita a lei. Depois, não se
continua a aplicar “a autorização pa-
ra a cobrança das receitas cujos regi-
mes se destinavam a vigorar apenas
até ao fi nal do ano económico a que
respeitava aquela lei”. Nesta excep-
ção podem ser incluídas a sobretaxa
de IRS e a CES. A última excepção
tem a ver com despesas relativas a
programas anuais. No actual cená-
rio, há ainda a considerar a despesa
com salários que, por lei aprovada
fora do OE e que vigora até fi nal de
2015, foi sujeita a cortes este ano.
Esses cortes deixariam de vigorar
em 2016.
Os poderes dos governos de gestão são fiscalizáveis pelo TC
PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015 | PORTUGAL | 9
Começou como um assunto sério,
continuou como uma brincadeira
e está a entrar na fase do delírio,
o movimento que se gerou a partir
da hashtag #PortugalCoup (golpe
de Estado em Portugal), no Twitter,
que na manhã de ontem aparecia
indicada naquela rede social como
um dos três primeiros “assuntos do
momento” para quem está em Por-
tugal. Entre a imagem de tanques
(de lavar a roupa) e do povo (benfi -
quista) que saiu às ruas, ainda po-
de haver quem se pergunte se afi nal
está em curso, ou não, um golpe de
Estado no país.
Aparentemente, a hashtag #Portu-
galCoup foi criada por uma pessoa
que comentava um artigo de opi-
nião do editor do Daily Telegraph,
Ambrose Evans-Pritchard, que, na
sequência da intervenção de Cavaco
Silva, esta semana, considerou que
“Portugal entrou em águas políticas
perigosas”, ao frisar que “pela pri-
meira vez, desde a criação da união
monetária europeia, um Estado-
membro tomou a iniciativa explícita
de proibir os partidos eurocépticos”
de formarem governo.
Às 10h48 de sexta-feira, um ita-
liano, Francesco Lari, fez um twe-
et com um link para aquele artigo,
ironizando que a União Europeia
declarara a suspensão da demo-
cracia em Portugal e que eles, os
portugueses, teriam de continuar
a votar até que o resultado fosse
o pretendido. No seu comentário,
a palavra Portugal aparece como
#PortugalCoup — golpe de Estado
em Portugal. Foi aqui que tudo co-
meçou. Os tweets seguintes com a
mesma hashtag parecem referir-se
ao “Coup” no mesmo sentido fi gu-
rativo, mas rapidamente se instala
a confusão.
“Gente boa de Portugal, que a
força esteja convosco”, incentiva
um cidadão grego, enquanto ou-
tros, de várias partes do mundo,
protestam por os órgãos de comu-
nicação social se recusarem a divul-
gar o que se está a passar no país.
“Nada na BBC nem nos jornais de
domingo sobre o golpe de Estado
em Portugal. Eles são os nossos
Parece que no Twitter há um #golpedeEstado em Portugal
Crise política Graça Barbosa Ribeiro
Começou com um comentário e está a acabar em delírio, o movimento gerado em torno da hashtag #PortugalCoup
mais antigos aliados, por amor de
Deus”, zanga-se Daniel Hannan.
Somando aqueles que acreditaram
que, de facto, houvera um golpe de
Estado em Portugal, aos portugue-
ses que aproveitaram para debater a
política nacional e aos que não per-
deram a oportunidade para brincar
com a situação, o tema foi ganhando
força. Principalmente, nas últimas
horas, graças aos que acordaram
bem-humorados ontem. Imagens
de manifestações em frente à As-
sembleia da República e até de uma
multidão de benfi quistas a festejar o
título mostram como o povo saiu à
rua e uma fotografi a da congestiona-
da saída de Lisboa ilustra a alegada
fuga das pessoas de direita depois da
tomada da capital pelos comunistas.
1 O primeiro jantar de José Sócrates em liberdade foi transformado no Twitter num “encontro dos conspiradores”. 2 Uma foto dos adeptos do Benfica surgiu com a legenda: “Polícia enviada pelo governo fascista tenta conter os protestos da esquerda.” 3 Pacheco Pereira é identificado como líder de um grupo de insurgentes. 4 Diz-se que o ministro dos Negócios Estrangeiros fugiu com uma mala de dinheiro. 5 Cavaco Silva é identificado como um zombie. 6 Os protestos de 2012 são apresentados como uma tentativa actual de incendiar o Parlamento
Um dos principais promotores da
brincadeira, Pedro Prola (@pedro-
prola), disse ao PÚBLICO que esta
visou apenas “divertir a timeline”
e que não teve fi ns políticos, ape-
sar de reconhecer que “as pessoas
mais à direita” usaram a hashtag
para criticar a reacção da esquerda
à comunicação de quinta-feira do
Presidente da República. Prola diz
ter sido contactado por pessoas que
acreditavam que estava realmente
em curso um golpe de Estado em
Portugal e por outras que o acusa-
ram de “fazer propaganda”. “Mas a
maioria só se riu”, conta, lembrando
que a sátira tanto incluía individua-
lidades conservadoras como perso-
nalidades da esquerda. com Pedro Guerreiro
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JULHO
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AGOSTO
O novo Governo terá de apresentar um Orçamento do Estado em contra-relógio, podendo recorrer ao processo de urgência na aprovação de leis e obrigando o Parlamento a trabalhar nos meses em que costuma tirar férias. Mas seria quase impossível que o novo OE entrasse em vigor antes de Setembro.
O porta-voz do PSD, Marco António Costa, admitiu ontem a possibilidade de a Coligação Portugal
à Frente retomar o diálogo com o PS, sublinhando que o programa socialista tem “muitos pontos de contacto” com o do PSD-CDS. “Acreditamos que o PS tem sempre a oportunidade para corrigir a trajectória errada que está a fazer relativamente à história, porque a sua história não é no sentido desta trajectória. Estamos a um mês do 25 de Novembro e recordamos a importância que o PS teve para ajudar a cimentar valores de democracia que nós perfilhamos”, afirmou.
Aos jornalistas, disse que a coligação nunca fechou as portas ao diálogo. “Toda a gente já percebeu que o simulacro que tivemos até aqui com o PS é porque há uma ambição pessoal de alguém que quer sobrepor a sua ambição aos interesses nacionais”, sustentou.
“É preocupante ver que se criou uma coligação de bloqueio em Portugal”, considerou. Lusa
PSD admite retomar o diálogo com PS
10 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015
Homens ainda só representam 1% dos educadores de infância
Rafael e Martim, ambos com cinco
anos acabados de fazer, terão mais
hipóteses de um dia optar por uma
carreira que implique cuidar de
pessoas do que outros meninos da
sua idade. É essa a convicção de
investigadores em igualdade de gé-
nero no mercado de trabalho, que
consideram que a única maneira de
combater os estereótipos é quebrá-
los, como fez Luís Ribeiro, educador
de infância, quando abriu as portas
àqueles dois rapazinhos e a outras
crianças, num jardim-de-infância
de uma aldeia alentejana. Um passo
muito pequeno, ainda assim, já que
dos 16.143 docentes do pré-escolar
do país, apenas 1% são homens.
Nisto, Portugal não foge à regra,
como frisa Sara Falcão Casaca, so-
cióloga no Instituto Superior de
Economia e Gestão da Universida-
de de Lisboa, que recentemente
participou num evento organizado
pela Comissão Europeia sobre este
assunto. Com 99% de mulheres na
profi ssão, Portugal está apenas 3,9
pontos percentuais acima da mé-
dia Europeia. Uma situação que, na
perspectiva de Sara Falcão Casaca e
de outra investigadora sobre igual-
dade de género, Cristina Vieira, da
Faculdade de Psicologia da Univer-
sidade de Coimbra, tem origem “na
ideia, muito enraizada, de que ser
educador de infância é cuidar e de
que cuidar é coisa de mulheres”.
“Dizemos que estamos perante
um caso de serial carers: as mulheres
é que cuidam dos fi lhos, dos com-
panheiros, dos pais, dos sogros, dos
avós”, diz Cristina Vieira. E o mode-
lo reproduz-se no sistema de ensino,
completa Sara Falcão Casaca.
“A percentagem de homens na
classe docente vai crescendo, de
ciclo para ciclo, à medida que a ta-
refa se afasta do ‘cuidar’ e as fun-
ções adquirem características mais
intelectuais científi cas”, sublinha.
Em linha, uma vez mais, com o que
acontece na União Europeia. Só no
ensino superior é que as posições se
invertem, com as professoras (44%)
a fi carem em minoria.
A questão, consideram ambas
as investigadoras, é relevante, pe-
lo que a actual situação contribui
para o perpetuar dos estereótipos
de género. Nos Guiões de Género e
Cidadania, que constam de orien-
tações curriculares validadas pelo
Ministério da Educação e Ciência, o
tema é abordado na perspectiva da
orientação vocacional e em tom de
preocupação. “Muitos rapazes e fu-
turos homens evitam domínios para
os quais se sentem efectivamente
motivados e para os quais possuem
competências apenas pelo facto de
‘serem coisas de mulheres’.” O géne-
ro acaba por afectar “aspirações, ex-
pectativas e escolhas vocacionais”,
pode ler-se no guião para o 3.º ciclo
do ensino básico, de que Cristina
Vieira é uma das autoras.
No Guião de Género e Cidadania
para a Educação Pré-Escolar o pon-
to de vista é outro. Nele, defende-
se, precisamente, a importância
“O jardim-de-infância pode e deve proporcionar às crianças uma das suas
Muitos rapazes “evitam domínios para os quais se sentem efectivamente motivados e para os quais possuem competências apenas pelo facto de ‘serem coisas de mulheres’”. A actual situação no pré-escolar contribui para perpetuar estereótipos de género, dizem investigadoras
EducaçãoGraça Barbosa Ribeiro
de “existirem mais educadores de
infância do sexo masculino”.
“Enquanto organização social
participada, o jardim-de-infância
pode e deve proporcionar às crian-
ças, de modo sistemático, uma das
suas primeiras experiências de vida
democrática” e, “para um trabalho
que de facto promova uma maior
igualdade de género, é fundamental
que o cuidar das crianças pequenas
deixe de ser considerado como uma
tarefa predominantemente femini-
na”, pode ler-se no documento.
Desconfi ança dos pais?Terão, os homens, de enfrentar re-
sistências para aceder à profi ssão
de educador de infância? Cristina
Vieira acredita que sim e diz ter re-
latos de educadores que tiveram de
lidar com a desconfi ança de pais das
crianças. Luís Ribeiro e Nuno Frei-
tas, dois dos educadores de infância
contactados pelo PÚBLICO, assegu-
ram que nunca tiveram qualquer di-
fi culdade em ser aceites.
Com experiências muito diferen-
tes — o primeiro trabalhou em zonas
rurais do Alentejo e o segundo sem-
pre na cidade de Coimbra — dizem
ter sido recebidos com toda a natu-
ralidade pelos pais e pelas crianças,
quando iniciaram a carreira. E, antes
disso, nas escolas superiores de edu-
cação em que estudaram, quer pelas
colegas (Nuno Freitas era o único
homem no curso e Luís Ribeiro fazia
parte de um grupo de dois), quer pe-
los professores. Ambos contam que
os amigos se metiam com eles, sim,
mas em tom de inveja brincalhona,
por terem escolhido cursos quase
exclusivamente de mulheres.
As experiências de um e de ou-
tro parecem confi rmar, também, a
apreciação de Sara Falcão Casaca,
que no âmbito da investigação que
fez sobre questões de género con-
cluiu que, “ao contrário das mulhe-
res, que num ambiente de trabalho
masculino encontram um tecto de
vidro que as impede de subir na car-
reira”, os homens são muitas vezes
brindados, “pelas próprias colegas,
com uma escada rolante para as fun-
ções de topo”.
Apesar de manter contacto com
crianças, nomeadamente quando
é necessário substituir uma educa-
dora, Nuno Freitas, de 37 anos, é
agora director do Jardim de Infância
dos Serviços Sociais da Universida-
de de Coimbra; Luís Ribeiro, de 52
anos, esteve muito tempo a exer-
cer funções na Direcção Regional
de Educação do Alentejo e, depois,
na direcção do agrupamento escolar
de que faz parte. Nenhum conside-
ra, no entanto, ter tido acesso aos
cargos por ser homem. “Não seria
justo pensar que assim é. Basta ter
Luís Ribeiro, 52 anos, educador de infância no Alentejo, tem “paixão” pelo que faz. Quando se formou, só tinha mais um colega homem na turma
em conta que será, no mínimo, in-
vulgar, que um educador de infância
seja escolhido para director, através
de eleições, pelos seus pares, num
agrupamento em que há docentes
de todos os níveis de ensino”, co-
menta Luís Ribeiro.
Nem melhores, nem pioresNum aspecto todos parecem estar
de acordo — as investigadoras e os
próprios. Não é por pertencerem ao
sexo masculino que os educadores
de infância oferecem mais, menos
ou algo de diferente daquilo que
PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015 | PORTUGAL | 11
s primeiras experiências de vida democrática”, lê-se nas orientações para a Educação Pré-Escolar
OXANA IANIN
Amadora e Porto estão entre os mu-
nicípios com piores valores globais
de saúde, segundo um projecto de
investigação da Universidade de
Coimbra que analisou a saúde da
população portuguesa entre 1991
e 2011.
As duas cidades estão no lote
dos 10% de municípios com piores
valores globais de saúde em 2011.
Um grupo que é constituído maio-
ritariamente por concelhos rurais e
com baixa densidade populacional,
conclui a equipa do projecto Geo-
HealthS, coordenado pelo Centro
de Estudos em Geografi a e Ordena-
mento do Território da Universida-
de de Coimbra e a cujos resultados a
agência Lusa teve acesso. Alcoutim,
Alvaiázere, Baião, Cinfães, Idanha-a-
Nova, Moura, Odemira, Pampilhosa
da Serra ou Carrazeda de Ansiães
são alguns exemplos dos que apre-
sentam piores resultados.
Já na lista dos municípios com me-
lhores valores globais predominam
os de densidade média e de tipolo-
gia “mediamente urbana e predomi-
nantemente urbana”, na faixa litoral
do país, como Coimbra, Caldas da
Rainha, Felgueiras, Maia, Entronca-
mento ou Guimarães.
Para que Amadora e Porto inte-
grem o conjunto de municípios com
piores valores globais de saúde con-
tribuem, segundo os investigadores,
“determinantes socioeconómicos”
como: o desemprego, o elevado
número de benefi ciários do Rendi-
mento Social de Inserção e a elevada
proporção de famílias monoparen-
tais. Mas não só: estes dois municí-
pios partilham também “condições
do ambiente físico que são desfavo-
ráveis à saúde e bem-estar da po-
pulação, tais como elevadas taxas
de criminalidade e má qualidade do
ar”, e “elevados valores de mortes
associadas a condições de pobreza
e mais altas taxas de incidência de
doenças infecciosas, como a tuber-
culose e VIH/sida”.
Já no caso dos municípios rurais,
os resultados devem-se a maus de-
sempenhos nas dimensões socioe-
conómicas, como a taxa de desem-
prego e a dependência de idosos,
a menor proporção de população
Quais os menos saudáveis? Amadora e Porto saem-se mal
coberta por sistema público de abas-
tecimento de água e saneamento,
valores “altos de mortalidade pre-
matura associada ao consumo de
tabaco, às condições de pobreza e
sensível ao acesso tempestivo aos
cuidados de saúde” e pior desem-
penho na acessibilidade a hospitais
de referência.
Para a equipa de investigação, os
municípios rurais devem ter como
prioridade acções em áreas como
o emprego, o apoio à população
idosa, a melhoria do sistema de
abastecimento de água e ainda a
prevenção da doença e promoção
da saúde.
Já nos casos de Amadora e Porto,
“as acções devem ser direcciona-
das” às questões do emprego, da
pobreza e às famílias monoparen-
tais”, sendo importante também a
promoção de ambientes saudáveis
e seguros.
O Índice de Saúde da População,
desenvolvido no âmbito do projec-
to GeoHealthS, é uma medida que
agrega resultados em saúde e deter-
minantes em saúde, contando com
43 critérios de avaliação de saúde da
população. Disponível para consulta
em saudemunicipio.uc.pt, foi aplica-
do aos 278 municípios de Portugal
continental, avaliando o valor global
de saúde entre 1991 e 2011. E conclui
que a saúde da população evoluiu
positivamente entre estes 20 anos,
na quase totalidade dos concelhos.
Identifi ca, contudo, como “sinais
de alerta”, o aumento para o dobro
de famílias monoparentais (de 6,1%
para 12,6%, entre 1991 e 2011), bem
como um incremento de nados-vi-
vos com baixo peso — com peso in-
ferior a 2500 gramas para um tempo
de gestação superior a 37 semanas,
passando de uma média 2,9% entre
1989 e 1993, para 3,4% entre 2007
e 2011.
O projecto foi fi nanciado pela
Fundação para a Ciência e Tecno-
logia e contou com a participação
de 16 entidades da administração
central, regional e do ensino supe-
rior. Lusa
Saúde
Municípios de Coimbra e Caldas da Rainha entre os que se destacam pela positiva no Índice de Saúde da População
Eunice Charrua, mãe de Martim,
considera que o que distingue Luís
Ribeiro de outras educadoras que
conhece não é o facto de ser ho-
mem, mas “a paixão pelo que faz”.
“Quando uma criança de cinco anos
aparece a querer ouvir O comboio
descendente, de Zeca Afonso, e sabe
explicar que a letra é de Fernando
Pessoa, é porque o educador é es-
pecial, sim, mas pela capacidade de
cativar os miúdos, que o adoram, e
de os ensinar.” Isso, nota também,
“não tem nada que ver com ser ho-
mem ou mulher”.
uma mulher, educadora, pode dar.
As mães de dois dos meninos a
quem Luís Ribeiro abre todas as ma-
nhãs as portas do jardim-de-infância
de Portel, no Alentejo, também não
associam a qualidade do educador
ao facto de ser homem.
“Ele é um belíssimo educador, na
forma como espicaça a curiosidade
das crianças e aproveita qualquer
pretexto para os ensinar. Mas essa
é uma coisa que uma mulher, se
for boa educadora, também pode
fazer”, comenta Carla Gonçalves,
mãe de Rafael.
Investigadora Cristina Vieira diz ter relatos de educadores, homens, que tiveram de lidar com a desconfi ança de pais das crianças
Os municípios rurais devem ter como prioridade acções em áreas como o emprego e o apoio à população idosa
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2.º Volume - O progresso dos Descobrimentosno tempo de D. Afonso V e D. João II
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016.
COLECÇÃO EXCLUSIVA PÚBLICODESCOBRIMENTOS600 Anos do início da Expansão Portuguesa
PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015 | LOCAL | 13
CDS propõe alternativa que rouba menos estacionamento ao eixo central
FILIPE ARRUDA
CDS quer evitar que a zona funcione como um estrangulamento viário e que fique sem estacionamento
O vereador do CDS-PP na Câmara
de Lisboa, João Gonçalves Pereira,
apresenta hoje um projecto para o
chamado “eixo central”, alternativo
ao da maioria presidida por Fernan-
do Medina (PS). A proposta dos cen-
tristas prevê a construção de apenas
uma ciclovia para os dois sentidos,
passeios não tão largos e lugares de
estacionamento em espinha, bem co-
mo a construção de um desnivela-
mento na zona do Saldanha, em vez
de um túnel em Entrecampos.
Esta solução procura responder
à questão que mais tem infl amado
a discussão em torno do projecto
para a “regeneração” do eixo entre
o Marquês de Pombal e Entrecam-
pos: a perda de lugares de estacio-
namento. O projecto que o CDS diz
ser “mais equilibrado” será apresen-
tado no debate público “Eixo central
de Lisboa” marcado para esta tarde,
às 18h, na Assembleia Municipal de
Lisboa (AML).
O vereador, que garante ter con-
tado “um a um” os lugares disponí-
veis ao longo de 2,5 quilómetros, diz
que o projecto de Medina vai fazer
desaparecer mais de 600 lugares de
estacionamento na via pública, dei-
xando apenas 204 — e não 319, como
tem afi rmado o vereador do Urbanis-
mo, Manuel Salgado. A eliminação
de lugares resulta essencialmente
do alargamento do espaço público
pedonal, com a supressão de uma
via em cada faixa lateral da Av. da
República e a reconfi guração do Sal-
danha. Salgado já disse que o projec-
to “não é irreversível” e que está “a
negociar com os proprietários” dos
parques de estacionamento público
da zona a criação de “avenças que
sejam compatíveis”, mas o CDS não
acredita numa solução viável.
“Não pode haver uma redução tão
signifi cativa, sob pena de prejudicar
os moradores e de levar as empre-
sas sediadas na zona a sair”, defende
Gonçalves Pereira, propondo uma
intervenção que responda tanto às
necessidades dos peões e ciclistas co-
mo à dos automobilistas. Com a sua
proposta, o vereador do CDS quer
manter 460 lugares: 50 na Av. Fontes
Pereira de Melo e no Saldanha, 370
na Av. da República e 40 em Entre-
campos. Como? Por um lado, optan-
ciclável) e de seis metros. Gonçalves
Pereira mantém as árvores no sepa-
rador central (mais estreito do que o
proposto pela maioria), para poder
dar um pouco mais de espaço aos
carros: propõe vias com três metros
de largura, em vez de 2,75 metros.
“Os carros têm de poder circular nas
faixas centrais, para que o fl uxo que
entra em Lisboa a partir de vias como
a A5 ou a Segunda Circular não fi que
estrangulado”, explica o vereador.
A obra do “eixo central” — para a
qual a câmara já aprovou, com o voto
contra do CDS, o lançamento do con-
curso da empreitada no valor de 9,4
milhões de euros (mais IVA), mesmo
antes de divulgar os estudos urbano
e de tráfego para a zona — está in-
serida no programa “Uma Praça em
Cada Bairro” e deverá estar pronta
em 2017. A ideia é dar à Praça do Sal-
danha mais espaço verde e pedonal,
sem estacionamento; redesenhar a
zona de Picoas; e reordenar a Av. Fon-
tes Pereira de Melo e a Av. da Repúbli-
ca até ao cruzamento com a Av. Elias
Garcia. No troço entre Campo Peque-
no e Entrecampos, para o qual está
prevista a construção de um túnel,
a obra não avança para já, até por-
que se cruza com os projectos para
o terreno da Feira Popular, que a au-
tarquia ainda não conseguiu vender.
Gonçalves Pereira considera que,
mais do que um túnel em Entrecam-
pos, faz falta um desnivelamento
desde Picoas até à frente do restau-
rante Galeto, na Av. da República. O
vereador entende que as alterações
previstas para o Saldanha vão “con-
gestionar” o tráfego e que aquele
desnivelamento é a única forma de
o evitar. O CDS não tem um valor
defi nido para as intervenções mas
acredita que será “idêntico” ao que
custa o projecto da maioria.
No debate desta tarde na sede da
AML, na Av. de Roma, vão estar pre-
sentes o vereador do Urbanismo e
o presidente da câmara, bem como
membros das associações de mora-
dores das Avenidas Novas e de En-
trecampos. No Facebook foi criado
o evento “Vamos apoiar a requalifi -
cação das avenidas lisboetas”, a fa-
vor do projecto da maioria, que no
sábado tinha mais de 170 aderentes.
O executivo tem 15 minutos para
apresentar a sua proposta, seguin-
do-se as intervenções do público e
das forças políticas representadas na
assembleia, incluindo o CDS.
Assembleia Municipal de Lisboa abre as portas para novo debate sobre a requalifi cação do eixo entre o Marquês e Entrecampos. Ao projecto da maioria na câmara junta-se agora o de um vereador da oposição
LisboaMarisa Soares
Uma só ciclovia e estacionamento em espinha
Fonte: Gabinete do CDS-PP na Câmara de Lisboa PÚBLICO
PasseioPasseio
CicloviaFaixa de rodagemFaixa de rodagemEstacionamento
EstacionamentoSeparadorcentral
BUS BUS
CDS defende uma intervenção que responda tanto às necessidades dos peões e ciclistas, como à dos automobilistas. Projecto deixa 460 lugares para parar o carro, mais do que o proposto pela maioria
do pelo estacionamento em espinha,
em vez do longitudinal. Por outro la-
do, construindo apenas uma ciclo-
via com dois sentidos, num dos la-
dos das avenidas, em vez de duas no
mesmo sentido dos carros. “É um ex-
cesso ter uma ciclovia de cada lado.”
Também os passeios são mais cur-
tos na proposta centrista: em vez dos
dez metros propostos por Medina, o
CDS entende que é sufi ciente ter pas-
seios de 8,5 metros (no lado sem pista
14 | ECONOMIA | PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015
Receitas das multas e taxas sobem 21% e já superam 690 milhões
FERNANDO VELUDO/NFACTOS
Máquina fiscal tem garantido um aumento de receitas com coimas e penalidades
As receitas arrecadas pelo Estado
com taxas, multas e outras penalida-
des estão a registar um crescimento
galopante este ano, muito superior
ao do conjunto das receitas. Até Se-
tembro, o encaixe chegou aos 693,7
milhões de euros, um crescimento
de 21,4% em relação ao valor arre-
cadado nos nove primeiros meses
do ano passado.
As multas do Código da Estrada
estão a crescer a um ritmo de 42%,
garantindo aos cofres do Estado 70,3
milhões de euros, um valor que com-
para com 49,4 milhões conseguidos
no mesmo período do ano passado.
Mas a principal subida está a acon-
tecer na rubrica “outras multas e
penalidades diversas”. Embora va-
lendo menos de um terço do bolo
global das receitas com taxas e mul-
tas, aqui a cobrança apresenta um
crescimento de 69%, com o valor
arrecadado a passar para os 191,6
milhões de euros. Em queda estão,
no entanto, as receitas provenientes
dos juros de mora e compensatórios.
A descida é de 3%, com o valor a cair
para 57,9 milhões de euros, contra
59,7 milhões apurados até Setembro
do ano passado.
No universo da administração cen-
tral — onde se inclui o subsector Esta-
do, serviços e fundos autónomos —,
as coimas e as penalidades aplicadas
aos contribuintes por contra-ordena-
ções tributárias, incluindo as de exe-
cuções fi scais, dispararam 80,2%.
Os números da execução orçamen-
tal divulgados na sexta-feira incluem
já os valores de Setembro, o que apa-
nha o período do perdão fi scal para
os contribuintes pagarem dívidas das
portagens anteriores a 30 de Abril.
Ao regime excepcional lançado pelo
Governo, que começou a 1 de Agosto
e só terminaria a 15 de Outubro, ade-
riram mais de 300 mil contribuin-
tes, regularizando dívidas no valor
de 12,3 milhões de euros.
A automatização dos procedimen-
tos de cobrança coerciva do fi sco tem
suportado o crescimento continuado
das receitas com coimas e penalida-
des. No caso das portagens, queixas
de contribuintes que viram pequenas
multas transformarem-se em dívidas
elevadas levaram a uma vaga de im-
pugnações na justiça.
ao regime sancionatório anterior.
Em 2014, o fi sco cobrou, de forma
coerciva, 26,5 milhões de euros em
dívidas pelo não pagamento das ta-
xas das portagens. Esta receita rever-
te para as concessionárias das auto-
estradas. A este montante juntam-se
as receitas das coimas e das custas
administrativas associadas aos pro-
cessos de contra-ordenação desen-
cadeados pelo fi sco, onde se inclui
uma parte que vai para os cofres do
Estado.
Leonardo Marques dos Santos, ad-
vogado da PLMJ na área do direito
fi scal, frisa que a máquina está “mui-
to mais oleada” porque o sistema do
controlo “é muito mais efectivo, al-
tamente agressivo do ponto de vista
da cobrança”. No entanto, lembra,
o crescimento das receitas globais
das taxas, multas e penalidades não
se deve apenas às coimas.
O fi scalista — ex-adjunto do minis-
tro da Presidência e dos Assuntos
Parlamentares Luís Marques Guedes
— lembra que “houve uma tendência
de descida das taxas de IRC, pelo que
essa receita tem de ser compensada
de alguma forma, o que tem acon-
tecido com a tributação bilateral,
com uma série de contribuições —
fi nanceira, energética, novas taxas
da fi scalidade verde”.
Para o fi scalista da PLMJ, é expectá-
vel que nos próximos anos se assista
a um “apogeu da fi scalidade bilateral
que passa pela criação de taxas, quer
ao nível da administração central,
quer da administração local e regio-
nal”. Não só as taxas “não são tão
perceptíveis” aos olhos dos contri-
buintes como os impostos directos,
porque o seu “valor individualizável
não é tão visível”, mas também por-
que “é muito mais fl exível dos ponto
de vista da sua aprovação”, diz Mar-
ques dos Santos.
Multas do Código da Estrada continuam a subir. E com as coimas das infracções tributárias,o encaixe para os cofres da administração central disparou 80% até Setembro.
Finanças públicasPedro Crisóstomo
Perante a contestação pública à
desproporcionalidade das coimas
aplicadas e sob a pressão dos parti-
dos da oposição, o PSD e o CDS-PP
acabaram por aprovar uma alteração
à lei pelo não pagamento das por-
tagens. O novo regime sancionató-
rio veio reduzir o valor das multas
e permitir que seja aplicada apenas
uma coima quando a infracção ocor-
re no mesmo dia. Antes, cada taxa de
portagem em falta dava origem a um
processo autónomo, ainda que a in-
fracção tivesse acontecido na mesma
auto-estrada, no mesmo dia ou com
diferença de poucas horas.
Se até aqui as contra-ordenações
eram punidas com uma coima míni-
ma dez vezes superior à portagem
(pessoa singular) ou 20 vezes (em-
presas), agora, passa a ser 7,5 vezes
o valor da portagem. No entanto, há
um limite mínimo de 25 euros, valor
que não sofreu alterações em relação
A automatização dos procedimen-tos de cobrança coerciva na administração fi scal tem suportado o crescimento continuado das receitas com coimas e penalidades durante os últimos anos
PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015 | ECONOMIA | 15
PUBLICIDADE
No plano macroeconómico,
esta última semana de Outubro
será marcada pela divulgação
de abundante informação, tanto
para a economia norte-americana
como para a europeia, para além
da publicação dos resultados
referentes ao terceiro trimestre
por numerosas empresas.
Assim, nos Estados Unidos,
destaca-se, por um lado, a reunião
de política monetária da Reserva
Federal, cujas conclusões serão
conhecidas na tarde de quarta-
feira. Não sendo esperada
qualquer alteração da política
monetária para já — não haverá
nesta reunião conferência de
imprensa nem novas previsões
macroeconómicas —, será
relevante acompanhar a avaliação
que a autoridade monetária
americana faz da evolução
recente da actividade nos Estados
Unidos e, em particular, dos
riscos negativos decorrentes
da envolvente externa. Na
quinta-feira, por seu turno, será
conhecida a primeira estimativa
para o crescimento da economia
americana no terceiro trimestre.
Em função de um desempenho
desfavorável da procura externa,
num contexto de desaceleração
das economias emergentes, e
de um contributo negativo da
componente de variação de
existências (depois de um forte
crescimento nos trimestres
anteriores), deverá ter-se assistido
a um crescimento anualizado da
economia americana em torno de
1,5%, após uma expansão de 2,5%
entre Abril e Junho.
Destacam-se também, esta
semana, os dados para as
vendas de novas habitações e
para as encomendas de bens
duradouros em Setembro (hoje
e amanhã, respectivamente).
Uma vez que a desaceleração
da economia americana se
terá devido essencialmente a
uma correcção das existências
em stock e a um contributo
negativo da componente externa,
tratar-se-á de um fenómeno de
natureza temporária, mantendo-
se relativamente dinâmico
o desempenho do consumo
privado e do investimento em
equipamento.
Neste contexto, a Reserva
Federal deverá reiterar a intenção
de vir a iniciar muito em breve
um movimento de subida dos
juros de referência. Até à reunião
de Dezembro, a Reserva Federal
terá na sua posse os dados
relativos à evolução do mercado
de trabalho em Outubro e em
Novembro, que serão de extrema
importância para a clarifi cação
da actuação futura da política
monetária.
Na zona euro destaca-se, já
hoje, o importante índice IFO
de confi ança empresarial na
Alemanha. Após ter vindo a exibir
uma melhoria gradual nos três
meses anteriores, este índice
Semana com diversos indicadores relevantes para as decisões da Fed e do BCE
Pré-abertura Tiago Lavrador
Novo Banco Research Económico
poderá revelar uma deterioração
do sentimento dos empresários
alemães em Outubro, traduzindo
um primeiro impacto negativo do
caso Volkswagen, cujos impactos
desfavoráveis totais, em termos
de actividade, são difíceis de
quantifi car. Destaca-se também
a divulgação, na quinta-feira,
dos indicadores de confi ança
apurados pela Comissão
Europeia e, na sexta, da primeira
estimativa do Eurostat para a
infl ação homóloga em Outubro.
Depois de ter regressado a
terreno negativo em Setembro
(-0,1%), importará avaliar se os
preços permanecem em queda
na economia dos Dezanove.
Neste contexto de persistência
de pressões desinfl acionistas,
sublinhe-se que o Banco Central
Europeu, na passada semana,
sinalizou estar pronto para a
introdução de novas medidas
de política monetária, o que
ocorrerá, provavelmente, na
reunião de 3 de Dezembro.
Nessa ocasião, o BCE poderá vir
a anunciar um reforço do actual
programa de aquisição de dívida.
Uma outra medida possível, que
Mario Draghi deixou em aberto
na conferência de imprensa, seria
uma nova redução da taxa de
depósito dos bancos junto do BCE
(actualmente em -0,20%).
Merecem ainda destaque as
estimativas de crescimento do
PIB de Espanha (sexta-feira) e do
Reino Unido (amanhã) no terceiro
trimestre. Embora podendo
revelar uma ligeira desaceleração,
deve sublinhar-se a continuação
do desempenho relativamente
robusto destas duas economias,
ambas relevantes parceiros da
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16 | ECONOMIA | PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015
A Benetton
Marca italiana vai pagar dois milhões de euros para melhorar a vida das mulheres que trabalham na indústria têxtil. O objectivo é que tenham “empregos decentes, devidamente remunerados e em locais de trabalho dignos”
Onde está a Benetton
das campanhas po-
lémicas de Oliviero
Toscani, o fotógra-
fo italiano sem pu-
dor que, nas déca-
das de 1980 e 1990,
mostrou como se
morria de sida, os
barcos de refugia-
dos ou que os corações das dife-
rentes etnias são iguais? Cresceu
e amadureceu, responde John
Mollanger, director de Produto e
de Marketing da United Colors of
Benetton (UCB).
Em Treviso, Itália, a marca
junta cerca de uma centena de
jornalistas e bloggers de moda —
oriundos de todo o mundo, do
México ao Japão, passando pela
China e desaguando no conti-
nente europeu — para revelar a
sua nova colecção, mas, sobretu-
do para mostrar que mudou ou,
pelo menos, que quer mudar, mas
sem nunca esquecer a responsa-
bilidade social, diz o responsável.
E essa mudança faz-se através
de uma intervenção mais activa no
mundo, mais concretamente na
defesa dos direitos das mulheres. A
UCB lançou na quinta-feira o Progra-
ma de Emancipação das Mulheres,
para promover e defender os direi-
tos das mulheres em todo o mundo.
E isso faz-se com a campanha publi-
citária da venda do produto ( já lá
vamos), mas sobretudo através de
um projecto para cinco anos com
um custo de dois milhões de euros.
Objectivo: ajudar as mulheres que
trabalham na indústria têxtil, por
exemplo, nos países asiáticos, a te-
rem melhores condições de vida.
O projecto vai ser posto em prá-
tica através de parcerias público-
privadas promovidas com o apoio
da Organização das Nações Unidas
(ONU), no âmbito dos Objectivos
do Desenvolvimento Sustentável
de apoio aos direitos humanos e ao
desenvolvimento, anuncia Gianluca
Pastore, director global de comuni-
cação da marca. “Queremos contri-
buir para a mudança da sociedade”,
declara.
A ideia não é de agora — Mollanger
faz questão de sublinhar que a “res-
ponsabilidade social está no ADN da
Benetton” —, mas vem sendo cons-
truída desde que a marca começou
a colaborar com a agência da ONU
para as mulheres (a UNWomen,
na sigla inglesa), conta Mariarosa
Cutillo, que quer que estas mulhe-
res tenham melhores condições de
trabalho para que vivam com digni-
dade, que não sejam discriminadas
e tenham igualdade de oportunida-
des, que tenham acesso a saúde e
educação e que não sofram de vio-
lência doméstica.
Basicamente, estes são os cinco
objectivos do programa da ONU,
reconhece Mariarosa Cutillo, mas
que podem ser concretizados, numa
primeira fase através da realização
de actividades que melhorem a vi-
da das mulheres. A responsável tra-
ça o cenário actual: no mundo, há
250 milhões de raparigas que foram
obrigadas a casar antes dos 15 anos;
segundo números da Organização
Internacional do Trabalho, 30% das
mulheres trabalham sem contrato
ou não são remuneradas; 31 milhões
de raparigas em idade escolar não
vão à escola; e a cada dois minutos
morre uma mulher por complica-
ções no parto.
Programas monitorizadosEntão onde vão ser aplicados os dois
milhões? Em acções de formação
para as mulheres e famílias sobre
questões como os direitos básicos
e a igualdade, ou como aceder ao
microcrédito e a outros apoios fi nan-
ceiros. Através de acções de sensibi-
lização para a saúde delas e dos fi -
lhos. Mais: com programas específi -
cos para as fábricas onde trabalham,
por exemplo, apoiando a criação de
um centro de dia ou um infantário
para os fi lhos das trabalhadoras, tal
como a própria Benetton tem, diz
Gianluca Pastore.
A proposta é que as mulheres
que trabalham na indústria têxtil
tenham “empregos decentes, devi-
damente remunerados e em locais
de trabalho dignos”, resume Maria-
rosa Cutillo, acrescentando que a
marca pretende intervir nos países
com os quais trabalha, mas também
noutros. Afi nal, as mulheres são a
Bárbara Wong, em TrevisoEm termos práticos, a Benetton
não pode chegar a uma fábrica no
Sudoeste Asiático ou da Turquia, co-
mo faz questão de lembrar uma jor-
nalista daquele país que assinala que
aí não existem sindicatos que defen-
dam os direitos dos trabalhadores,
e dizer que só trabalha com aquela
unidade se as condições de trabalho
melhorarem. “Somos pequenos pe-
rante os gigantes desta indústria”,
reconhece Gianluca Pastore. No en-
tanto, a marca tem um acordo com
essas empresas onde estão previstas
auditorias externas para monitori-
zar se os direitos dos trabalhadores
são respeitados, salienta Mariarosa
Cutillo, directora do departamento
de responsabilidade social do grupo
Benetton.
Mas, em vez de enfrentar os pa-
trões ou os governos daqueles paí-
ses, a UCB vai colaborar com quem
já está próximo dos trabalhadores
e, espera, que outras marcas lhe si-
gam os passos e, num futuro próxi-
mo, também contribuam para que
as trabalhadoras tenham uma vida
melhor e, por consequência, os seus
fi lhos.
já não é adolescente e quer ser um adulto responsável
PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015 | ECONOMIA | 17
principal força de trabalho na indús-
tria têxtil, reforça Chiara Mio, pro-
fessora da Universidade Ca’Foscari
de Veneza, especialista em respon-
sabilidade social das empresas e
escolhida pela marca para presi-
dir ao Comité de Sustentabilidade,
que vai pôr o projecto no terreno.
Os dois milhões são para os pro-
gramas que a UNWomen já leva a
cabo, mas também para parcerias
com agentes locais, organizações
não governamentais e governos.
“Pôr o sector privado a puxar pelo
público que, muitas vezes, é surdo
a estes assuntos”, critica Mariarosa
Cutillo. Todos os programas serão
monitorizados, assegura Chiara Mo,
para garantir que as mulheres es-
tão, de facto, a alcançar uma melhor
qualidade de vida.
“Queremos um modelo que seja
replicável. Nesta indústria há gigan-
tes 20 a 30 vezes maiores do que a
Benetton. Imaginem o que podem
fazer?”, lança Gianluca Pastore aos
jornalistas. “Queremos usar a [nos-
sa] marca, que é admirada histori-
camente, e pôr todos a debater, pôr
toda a indústria a pensar e a envol-
ver-se”, acrescenta.
Nova colecção, nova marca?Além do Programa de Emancipa-
ção das Mulheres, a Benetton apre-
sentou a nova colecção de malhas.
Chama-se “A collection of us”, é um
do ao longo dos anos, colocadas em
estantes de alumínio.
É na porta ao lado, nos estúdios
fotográfi cos, que a nova colecção de
malhas está exposta. Os criadores
inspiraram-se nos modelos antigos
e é possível, apenas olhando para
as camisolas, imaginar as avós e as
mães envergando aquelas malhas. É
uma viagem da década de 1960 até
aos dias de hoje, numa colecção que
está à venda a partir deste mês. O
tema, claro, é o “arquivo”.
Segue-se, noutro estúdio, outra
colecção cápsula inspirada no bai-
lado Quebra-Nozes para lançar em
Dezembro, com malhas suaves e so-
fi sticadas, adequadas à época festi-
va. Noutra sala, entramos no Car-
naval, a ser lançada em Fevereiro,
com malhas alegres inspiradas no
Carnaval de Veneza e, em Abril, é a
vez de ser conhecida uma colecção
vocacionada para usar no ginásio e
na rua, por quem pratica despor-
to — é a aposta da Benetton para
entrar numa área dominada pelas
grandes marcas de desporto, infor-
ma Mollanger que antes da Benetton
esteve na Asics.
No corredor entre os estúdios,
de contra a parede, estão expostos
os cartazes que marcarão presença
nas ruas e nas montras. Em fundo
branco — uma espécie de marca
regista das campanhas da UCB —
estão mulheres bonitas, quatro
caucasianas e uma asiática, de di-
ferentes idades, vestidas com as
malhas. A mais velha lutou pela
emancipação sexual das mulhe-
res; a mais nova, a adolescente,
sofreu de bullying na escola; a de
40 anos luta por manter uma car-
reira e uma vida pessoal; a asiática
por conquistar um lugar no mun-
do dos homens; a que anda na casa
dos 30 fala das relações falhadas.
Cada uma tem uma história para
contar, uma mensagem para trans-
mitir. É a emancipação feminina
a cinco vozes. A marca está a re-
defi nir a sua estratégia? Mollanger
começa por dizer que a génese da
marca, o seu ADN, são as malhas.
“A Benetton foi construída porque
aqui existem pessoas que sabem
fazer coisas especiais com as agu-
lhas. Tricotar continua a ser uma
paixão.” E que a campanha publi-
citária surge na continuidade do
trabalho feito, mas é inovadora
porque “não é uma campanha cen-
trada na responsabilidade social
[como eram as de Toscani], nem
de produto, mas é tudo junto”. “E
isso é uma importante mudança”,
declara.
Mas a pergunta é repetida de ou-
tra maneira. Como é que se muda
de campanhas incómodas, que
falam de temas polémicos como
a sida, a homossexualidade ou o
confl ito israelo-palestiniano, para
uma campanha sobre mulheres?
Por que não os refugiados? Gian-
luca Pastore vem em socorro de
Mollanger para dizer que a mar-
ca tem trabalhado de perto com a
ONU essa questão. E concorda: “A
Benetton foi a primeira a procurar
uma reacção, não nos consumido-
res mas nas pessoas em geral, a
pedir às pessoas que se compro-
metessem, em campanhas onde
o produto não era mencionado.”
Agora, a marca cresceu, deixou
de ser um adolescente que apon-
ta o dedo ao que está mal, mas
um adulto que quer intervir, diz
Mollanger. “Não queremos só mos-
trar o problema mas ajudar a solu-
cioná-lo”, acrescenta, e isso passa
por destacar as mulheres.
A campanha e a colecção cha-
ma-se “A collection of us”, porque
quer envolver todos e contribuir
para a mudança, não só das mu-
lheres exploradas pela indústria
têxtil mas das mulheres em geral,
chamando a atenção para os pro-
blemas com que se confrontam e
querendo fazer parte da solução.
“Amadurecemos e o mundo ama-
dureceu”, conclui Mollanger.
O PÚBLICO viajou a convite da United Colors of Benetton
MORTEZA NIKOUBAZL/REUTERS
regresso ao passado e à génese da
empresa que nasceu perto da mítica
cidade de Veneza, em Treviso, de
onde saíram as suas primeiras pe-
ças: camisolas e casacos de malha.
Na antiga fábrica, entretanto de-
sactivada, encontra-se o arquivo da
UCB, onde está a “alma” da empre-
sa, reforça Mollanger. É ali que estão
as velhas glórias como os carros de
Fórmula 1, os troféus e as fotografi as
de Michael Schumacher a festejar
as vitórias; os cartazes das campa-
nhas desde 1965, a marca celebra
50 anos, passando pelas fotografi as
polémicas e incómodas de Toscani,
e evoluindo para a simples apresen-
tação do produto, com cartazes pre-
enchidos por modelos felizes e com
roupa colorida.
É ali que estão os produtos icóni-
cos lançados pela marca, que “são
a inspiração para o nosso futuro”,
insiste o director de Produto e de
Marketing, junto a uma instalação
com dezenas de camisolas de malha
de antigas colecções. Por detrás dele
existem centenas de pastas de arqui-
vo, coloridas, com as campanhas e
promoções que a empresa foi fazen-
“A Benetton foi a primeira a procurar uma reacção, a pedir às pessoas que se comprometessem, em campanhas onde o produto não era mencionado. Agora, não queremos só mostrar o problema, mas ajudar a solucioná-lo”
A Benetton ficou conhecida pelas suas campanhas polémicas, agora a estratégia é diferente
18 | ECONOMIA | PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015
A Uber, a aplicação que permite
chamar um carro com motorista,
está a colocar desafi os legais e
a levantar a ira dos taxistas em
várias cidades do mundo. Em
Portugal, houve já vários protestos,
encabeçados pela ANTRAL,
uma associação do sector. Mark
MacGann, que trabalha há um ano
na empresa como responsável
pelas questões de políticas
públicas para a Europa, garante
que a mudança das regras “está
a chegar” e que, se os governos
nacionais não se apressarem a
fazer mudanças na regulação,
acabarão por ser forçados a isso
por Bruxelas.
Numa conversa com o PÚBLICO,
em Lisboa, após uma conferência
organizada pela Autoridade da
Concorrência, MacGann traçou
uma meta ambiciosa para uma
empresa de alcance global, mas
que ainda se considera uma
startup: o objectivo último da
Uber, que já se desdobra em
serviços que incluem o transporte
de encomendas e a entrega de
comida, não é concorrer com
os táxis. “Em última instância, é
competir com a necessidade de
as pessoas terem o seu próprio
carro.”
É uma questão fundamental e
que tem sido colocada muitas
vezes: que tipo de empresa é a
Uber?
A Comissão Europeia fez uma
consulta sobre a regulação de
plataformas online, e nessa
consulta refere-se à Uber como
uma plataforma online. Nós
descrevemo-nos como uma
plataforma digital. Somos uma
aplicação e a nossa tecnologia é
um intermediário entre pessoas
que querem circular pelas cidades
e as pessoas que querem usar os
seus carros para fazer dinheiro.
A defi nição legal vai chegar daqui
a um ano, porque o sindicato
dos taxistas em Barcelona, que
é muito violento, levou a Uber a
tribunal e o juiz decidiu que esta
é uma questão europeia. Por isso,
foi para o Tribunal Europeu de
Justiça. E o tribunal vai decidir se o
Uber Pop é uma plataforma digital
de intermediação ou se é uma
empresa de transporte [o Uber Pop
não existe em Portugal; permite
a proprietários partilharem o
seu carro particular através da
aplicação].
Mas vocês têm serviços para lá
do Uber Pop e até do transporte
de pessoas.
Sim. Em São Francisco, temos o
Uber Pool, em que uma pessoa
pode partilhar o carro com
várias outras ao mesmo tempo.
Em Barcelona temos o Uber
Rush [um serviço de entrega de
encomendas, também existente
noutras cidades]. A Uber não é
a única aplicação de telemóvel
para se apanhar um carro. Não é a
única empresa na história a entrar
num mercado monopolizado e
fortemente protegido. Somos
provavelmente a primeira a ter este
tipo de apetite pelo risco.
Mesmo em relação aos serviços
UberX ou Uber Black, onde há
pessoas a trabalhar a tempo
inteiro, não se vêem como uma
empresa de transportes?
Nós não damos emprego a
motoristas em lado nenhum do
mundo. Um exemplo. O nosso
negócio em Portugal é pequeno,
mas tem um enorme potencial.
É por isso que estamos desejosos
de trabalhar com o novo Governo
para modernizar a legislação.
Aqui em Portugal, cerca de 70%
dos carros na plataforma são de
companhias que empregam os
motoristas. O resto são motoristas
independentes, que ganham a vida
a conduzir carros. Têm licenças,
pagam impostos, cobram IVA.
Parece uma empresa de
franchise: dá a marca, as
ferramentas e deixa as pessoas
fazerem o seu negócio. É uma
boa descrição?
Não lhe chamaria um franchise.
Nós temos todo o controlo sobre
a tecnologia. O que acontece é
que licenciamos essa tecnologia.
Os motoristas aqui em Portugal
assinam um contrato com a Uber
BV, em Amesterdão, que é a
empresa através da qual operamos
na Europa, e usam a nossa
tecnologia para fazer negócio. São
eles que fazem o contrato com o
cliente. Se fazem um serviço de
dez euros, oito euros fi cam com
eles e dão-nos dois euros pelo
uso da tecnologia. Mas não lhes
dizemos qual a cor do carro, nem o
que têm de vestir. Temos algumas
exigências ao nível do serviço ao
cliente. Em Portugal, é fácil obter
um táxi em qualquer ponto da
cidade, mas a qualidade do serviço
é bastante baixa. Há espaço para
modernizar isso.
Modernizar o sector dos táxis
não vos retira vantagens?
O estado do sector cria uma
oportunidade: os consumidores
não estão contentes. Mas desde
que a Uber chegou ao mercado
em muitos países, vemos que as
empresas de táxis começam a
subir a parada. Começam a ter
aplicações, a abrir a porta ao
cliente, a oferecer uma garrafa de
água. A quantidade de queixas
relativas aos táxis desceu. Há esta
expressão em inglês: uma maré
que sobe levanta todos os barcos.
Incluindo o vosso barco?
Essa pergunta pressupõe que
estamos a querer ir atrás do
mercado dos táxis. Não estamos.
Desde que começámos em São
Francisco, o valor do mercado do
transporte de táxis e limusines na
cidade multiplicou-se. A fatia dos
táxis caiu? Não. As pessoas de 20
ou 25 anos em São Francisco não
querem ter um carro. É caro, é
difícil de estacionar. Se puderem
premir um botão no telemóvel e
ter um carro em menos de cinco
minutos, é a escolha óbvia. Se
tivermos um modelo regulatório
que nos permita aumentar a
oferta, os tempos de espera caem.
Se não for mais difícil chamar um
carro do que pegar nas chaves e
ligar a ignição, então começaremos
a competir com os automóveis
particulares.
Vêem-se a médio prazo como
um substituto dos automóveis
particulares?
Esse é o objectivo fi nal. A Uber e
outros serviços. Aqui na Europa é
diferente, é claro que temos uma
grande quota de mercado, mas
nos EUA há imensos concorrentes.
Na China, na Índia, não somos a
maior empresa. Aqui, sinto que
estamos a fazer o trabalho difícil
de alterar as regras. Mas posso
garantir que, quando o modelo
regulatório for moderno, vai haver
mais concorrentes no mercado.
E quantos mais, melhor. Gosto
de dizer isto sobretudo quanto
há pessoas das autoridades de
concorrência a passear aqui pelos
jardins [a entrevista decorreu no
hotel Pestana Palace]. Mas, em
última instância, é competir com
a necessidade de as pessoas terem
o seu próprio carro. E, seja como
for, daqui a 15 ou 20 anos teremos
Mark MacGann, o responsável pelos assuntos regulatórios da Uber na Europa, diz que a empresa está a fazer o trabalho difícil de mudar as regras. Depois disso, mais empresas vão querer entrar no mercado
“Podem pôr a Uber a pagar licenças”
“Desde que a Uber chegou ao mercado, em muitos países vemos que as empresas de táxis começam a subir a parada. Começam a ter aplicações, a abrir a porta ao cliente, a oferecer garrafas de água”
EntrevistaJoão Pedro Pereira
PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015 | ECONOMIA | 19
dos táxis pode manter alguns
direitos e privilégios. Ninguém
está a contestar o facto de os táxis
serem os únicos que podem ser
chamados com a mão na rua,
nem de serem os únicos a usar as
faixas de bus ou as praças de táxis,
que são propriedade pública. É
preciso um modelo regulatório
que permita apanhar um carro de
forma barata, rápida, em qualquer
ponto das cidades. Podem pôr
restrições regulatórias a empresas
como a Uber. Podem pôr a Uber
a pagar licenças. O acordo com
a Cidade do México é que uma
percentagem das nossas receitas
vai para um fundo de mobilidade,
que é administrado pelo município
e que ajuda sobretudo os taxistas
mais velhos que não querem
trabalhar neste novo mundo
da tecnologia. Não cabe à Uber
resolver isto. Cabe ao regulador
fazer propostas.
Em que fase estão as vossas
conversas com as autoridades
portuguesas?
Começámos a ter esta discussão
perto do fi nal da legislatura.
Temos tido a sorte de, quando
pedimos reuniões com o Governo,
eles terem aceitado. O Governo
não vai tomar decisões até ter
ouvido todos os lados. Sem dúvida
que nos vamos sentar com o
novo secretário de Estado dos
Transportes, quem quer que seja.
Isto tem de ser uma combinação de
conversas com o Governo e com os
municípios, para se tentar chegar
a um consenso. Os presidentes de
câmara podem ajudar a trazer as
associações de táxis para a mesa
de negociações. Tivemos uma
conversa muito construtiva com o
presidente da Câmara de Lisboa.
Está mais confi ante numa
abordagem regulatória ao nível
das cidades do que ao nível
europeu.
Gostaria muito de uma regra
única. Pode acontecer daqui a dois
ou três anos. Mas aconselharia
os Governos a não esperarem.
Porque aí vão ter de implementar
um modelo que foi desenhado
em Bruxelas e pode não ser o
mais adequado a cada cidade. A
mudança está a chegar. Vai ser
feita aqui, domesticamente, ou, se
isso não acontecer, será forçada.
Porque não há justifi cação para
manter um mercado fechado.
Por que é que não estão noutras
cidades para além do Porto e
Lisboa? Não é essencialmente
disponibilizar a aplicação a
carros autónomos.
Ainda não existe modelo
regulatório na Europa para um
cenário desses?
Na Europa, há vários modelos
regulatórios. Era suposto ser um só
mercado, mas há regras diferentes.
As pessoas esquecem-se de que
fomos tão controversos em Nova
Iorque ou Seattle há dois anos
como somos hoje em Bruxelas,
Barcelona ou Berlim. Temos
dois modelos: o das pessoas que
são motoristas a tempo inteiro e
aquelas que querem partilhar o
carro para ganhar dinheiro. As
regras mudaram, esta partilha é
agora regulada e legal, não apenas
na América do Norte, também
motoristas? Os custos não são
os mesmos estando em duas
cidades ou em muitas mais?
Estamos a considerar o Algarve
no próximo ano, durante dois ou
três meses. Bom, se calhar mais,
porque o Verão aqui em Portugal.
É uma questão física, temos de ter
pessoas nas cidades, de recrutar.
Quando a empresa veio para a
Europa, estava à espera de ter
diferentes tipos de problemas
legais nos diferentes países?
Eu sou europeu, por isso teria sido
capaz de antecipar isto. Quando
se começa em Silicon Valley,
acredita-se no que está a ser dito:
uma União Europeia, um mercado,
um conjunto de regras. Quando se
chega cá, as vezes é assim, às vezes
não é.
Também está encarregado dos
temas de regulação em África e
no Médio Oriente. Quais são os
planos para essas regiões?
Temos um grande negócio na
África do Sul e nos Emirados
Árabes Unidos. Começámos há
quatro meses no Cairo. Há uma
enorme procura, por razões
económicas e de mobilidade. Em
muitas daquelas cidades, não há
uma infra-estrutura de transportes
públicos. Na Arábia Saudita, 80%
das pessoas que apanham um
Uber são mulheres, porque não
podem conduzir. Mas podem
ser conduzidas pelo marido,
pelo irmão, pelo pai ou por um
motorista privado. Isto está a
dar a oportunidade às mulheres
de se deslocarem, seja para as
universidades ou para o trabalho.
Estamos também a expandir-nos
para o Quénia e para Marrocos.
Ainda se vêem como uma
startup?
Eu sei que vistos de fora parecemos
uma empresa enorme, do tamanho
da IBM. Mas a nossa valorização
estimada de mercado não é aquilo
que valemos. Não temos 50 mil
milhões de dólares. É dinheiro
fi ctício. Ainda não damos lucro. O
dinheiro que fazemos investimos
em expansão. Por dentro, somos
uma startup. É certo que há quatro
anos éramos sete pessoas, agora
somos quatro mil. Mas a maioria
das pessoas têm entre 25 e 30
anos. Há muito poucas pessoas
mais velhas, como eu. Eu trabalhei
para empresas mais estabelecidas,
como a Alcatel e a Euronext, onde
há um departamento diferente
para tudo. Se uma pessoa precisa
de fazer alguma coisa na Uber, tem
de o fazer ela própria.
“Isto tem de ser uma combinação de conversas com o Governo e com os municípios. Os presidentes de câmara podem ajudar a trazer as associações de táxis para a mesa de negociações”
“Em última instância, a meta é competir com a necessidade de as pessoas terem o seu próprio carro”
no México. Quando se tira a
violência da equação — e isto é
uma mensagem para a ANTRAL —,
quando se pára de gritar, quando
se deixa de processar pessoas,
pode-se ir para uma reunião
com o secretário de Estado do
Transportes, ou o presidente da
Câmara de Lisboa, e encontrar
uma solução. Consigo ver que há
boa vontade no Governo cessante
e na Câmara de Lisboa, espero que
também na do Porto, para olhar
para soluções.
E que soluções são? O que é que
estão dispostos a pôr em cima
da mesa?
Primeiro, é preciso regular no
interesse do consumidor. O sector
MIGUEL SCHINCARIOL
20 | MUNDO | PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015
Um juiz anticorrupçãoé o novo herói do Brasil
“Sergio Moro? Ele representa a fi gura
do herói nacional para mim.” Senta-
da no sofá do seu apartamento em
Ipanema, a engenheira Ana Paula
de Lacerda Paiva, 43 anos, faz uma
pausa, como se pensasse no que aca-
bou de dizer. “A gente só conhece o
homem público, não é? Espero que
ele não bata na mulher!”, diz, refe-
rindo-se ao juiz que no último ano e
meio tem exposto a intrincada teia
de corrupção política e empresarial
na operação Lava Jato. O riso mais
sonoro na sala não é brasileiro, tal-
vez porque os brasileiros se tenham
habituado a esperar o pior de quem
ocupa cargos públicos.
“O Congresso é um antro de ban-
didos. O presidente da Câmara [de
Deputados] é corrupto. O presidente
do Senado é corrupto”, diagnostica
o marido de Ana Paula, Raimundo
Sampaio Neto, 63, professor na Pon-
tifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro.
“Infelizmente, o Brasil não tem
partidos políticos — apesar de serem
32. Tem uns grupos de pessoas que
se juntam para defender os próprios
interesses. Cada um vota de acordo
com o que receber. A não ser os parti-
dos radicais, onde você identifi ca um
pensamento partidário, os outros são
uma massa cinzenta”, diz Raimun-
do. “Não tenho partido. Sou contra
a corrupção.”
No Brasil é comum a ideia de que
a corrupção é endémica — isto é,
depois de ter desembarcado no Rio
de Janeiro juntamente com a Coroa
portuguesa —, permeando todos os
poderes e sectores da sociedade. Co-
mo pensar de outro jeito, quando os
escândalos se repetem, quando as
manchetes sérias dos jornais pare-
cem rivalizar com noticiários humo-
rísticos (Estado de São Paulo: “Edu-
ardo Cunha tem Porsche em nome
de Jesus.com”), quando é habitual
políticos serem investigados pela
polícia por clientelismo, lavagem de
dinheiro, peculato, enriquecimento
ilícito, fuga ao fi sco?
“Não adianta sequer o cara se
confessar culpado porque vão sol-
tar ele”, nota Raimundo.
“Um cara no Mensalão [escânda-
lo da compra de votos no Congresso
pelo partido no Governo, o PT] foi
fotografado com dólares na cueca!
O Collor foi retirado da presidência
e hoje é um político de prestígio e,
mais uma vez, envolvido em falca-
truas.” O ex-Presidente Fernando
Collor de Mello, que se viu forçado
a renunciar ao seu mandato em 1992
por corrupção política e que hoje é
senador, faz parte da meia centena
de políticos investigados no âmbito
da operação Lava Jato, que expôs
uma rede criminosa de subornos,
falsos concursos públicos e lavagem
de dinheiro envolvendo as maiores
empresas do país, incluindo a pe-
trolífera estatal Petrobras, que teve
o seu boom durante os governos de
Lula da Silva.
“É outro problema da nossa demo-
cracia. É muito pouco resistente a su-
bornos”, sentencia Raimundo.
O Mensalão foi considerado o
maior caso de corrupção da histó-
ria do Brasil — até surgir a Lava Jato.
Mas a Lava Jato surge como a última
esperança de que “as coisas realmen-
te mudem”. Desde logo, trouxe uma
novidade: pela primeira vez, altos
executivos de multinacionais como
as construtoras Odebrecht e a Andra-
de Gutierrez foram detidos.
Marcelo Odebrecht, presidente do
grupo com o mesmo nome e um dos
homens mais ricos do Brasil, encon-
tra-se em prisão preventiva desde
Junho e na última semana viu o seu
pedido de libertação ser recusado
pelo Supremo Tribunal Federal.
“Isso é uma revolução. Há dez
anos, se você falasse que Marcelo
Odebrecht poderia ir para a cadeia,
eu diria: você está tendo delírios. Isso
nunca vai acontecer”, diz uma jorna-
lista de São Paulo. O recurso a subor-
nos para fazer negócios nunca antes
tinha corrido mal. A Lava Jato tem
um forte potencial moralizador, ao
desafi ar esse modelo de corrupção.
Dezena e meia de empresas estão
a ser investigadas e o seu desempe-
nho económico está a ser afectado.
Talvez seja irrealista esperar que a
Lava Jato acabe de vez com a cor-
rupção, mas pode, pelo menos, mos-
A operação Lava Jato revelou o maior escândalo de corrupção da história do Brasil. Pela primeira vez, grandes empresários estão na prisão pela prática de suborno. Vários políticos estão na mira das investigações. Revolução ou cruzada anti-PT?
JustiçaKathleen Gomes, no Rio de Janeiro
trar que a impunidade não é total.
“A Lava Jato é a possibilidade de
uma justiça mais actuante. É um
exemplo que pode ou não virar uma
tendência. Não sabemos ainda”, diz
Joaquim Falcão, professor de Direi-
to Constitucional e director da FGV
Direito Rio. Tudo depende de como
o processo termine, o que ainda pa-
rece longe. “O país está apreensivo
e optimista.”
Uma justiça brandaCom o Mensalão, pela primeira vez
os brasileiros viram políticos a serem
condenados e presos por corrupção
— o que aconteceu tão recentemente
quanto 2010. “Mas como o sistema
penal e judicial no Brasil é muito
frouxo, se você for bem-comporta-
do pode sair depois de cumprir um
sexto da pena. Se for sentenciado a
12 anos, pode sair em dois anos por
bom comportamento”, nota David
Fleischer, cientista político e pro-
fessor da Universidade de Brasília,
um norte-americano naturalizado
brasileiro.
Alguns políticos condenados no
escândalo do Mensalão passaram a
cumprir pena em regime semiaber-
to: podem trabalhar fora durante o
dia, voltando à prisão apenas para
dormir. José Dirceu, ex-chefe da Ca-
sa Civil no primeiro Governo de Lu-
la, identifi cado como o mentor do
Mensalão, recebeu uma sentença de
prisão de quase 11 anos, mas ainda
nem cumprira um ano quando pas-
sou para prisão domiciliária. Foi de
novo detido em Setembro deste ano,
pelo seu alegado envolvimento no
escândalo da Lava Jato.
Uma das singularidades do siste-
ma brasileiro — “que norte-ameri-
canos e europeus não entendem”,
frisa Fleischer— é que acusações
criminais envolvendo deputados e
senadores, ministros, Presidência
da República e outras autoridades
nacionais só podem ser julgadas pelo
Supremo Tribunal, contrariando o
princípio democrático de que todos
são iguais perante a lei. “Surpreen-
de-me os directores de grandes em-
presas ainda estarem presos”, diz
Raimundo sobre a Lava Jato. “Isso
já mostra que a classe política é mais
forte do que a classe empresarial.
PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015 | MUNDO | 21
O juiz Sergio Moro é o rosto de uma justiça renovada e parte da pequena burguesia, com forte sentimento moralizante que quer afastar o PT do poder
UESLEI MARCELINO/REUTERS
tem para se eleger em 2018”, diz Pa-
tricia Froes, documentarista, 31 anos.
“O caso da Lava Jato visa criminalizar
o PT, não tenho dúvidas sobre isso.
Ele está sendo usado por quem não
aceita o resultado das últimas elei-
ções para desestabilizar a democra-
cia no Brasil”, acusa.
“Estamos vivendo um momento
muito nebuloso e de muito ódio. As
pessoas têm muita raiva. No ano pas-
sado, durante a campanha eleitoral,
eu era a única, entre os meus amigos,
que saiu à rua com uma T-shirt do
PT porque estava grávida e sabia que
não me iam bater.” Segundo ela, o
processo da Lava Jato e a forma co-
mo é tratado na imprensa brasileira
contribuem para o clima de ódio e
pessimismo que o país atravessa.
“A imprensa é muito responsável
por esse sentimento de que o Brasil
está muito mal. A cobertura que dá
à Lava Jato é diferente se for um po-
lítico do PT ou de outro partido. Não
dão um vigésimo do espaço que dão
quando o suspeito é um político do
PT. Se o Moro estivesse prendendo
um monte de políticos que não fos-
sem do PT, não acho que ele teria a
projecção que tem.”
Patricia Froes votou em Dilma e
é “superpetista”. “O brasileiro é o
único povo que, se estivesse todo o
mundo dentro do mesmo avião, iria
torcer para que caísse porque odeia
o piloto. Existe uma torcida muito
grande para que tudo dê errado.”
Nas manifestações de protesto contra o Governo nos últimos meses, entre gritos de “Fora Dilma!” e um boneco insufl ável de Lula vestido como um recluso, tornou-se habitual verem-se cartazes de apoio a Moro (“Je suis Moro”, “Moro, não nos abandone”)
Oposição e frente anti-PT parecem frustrados por a Lava Jato ainda não ter atingido mais directamente Dilma e Lula
Não tem quase políticos presos.”
A investigação que diz respeito
aos empresários e intermediários
no esquema de corrupção da Lava
Jato tem sido mais veloz do que a que
tem seguido as ramifi cações políticas
do escândalo.
O exemplo Mãos LimpasA primeira tem a sua base em Curi-
tiba, capital do estado do Paraná,
no Sudeste brasileiro, abaixo de
São Paulo — e, sobretudo, longe da
infl uência política de Brasília —, e é
levada a cabo por uma task force de
procuradores do Ministério Público
e polícias federais comandados pelo
juiz Sergio Moro, especializado em
crimes fi nanceiros e lavagem de di-
nheiro e um estudioso da operação
Mãos Limpas em Itália, cujas estraté-
gias tem procurado aplicar na con-
dução da Lava Jato.
Uma delas é a fuga de depoimentos
e provas para a imprensa e a ampla
exposição mediática do processo
— reforçada pela disseminação nas
redes sociais —, garantindo o apoio
da opinião pública e impedindo as
fi guras investigadas de travar o tra-
balho judicial.
“Os brasileiros estavam indigna-
dos com a evidência da corrupção e
a impunidade. Evidentemente que
aderiram a esses juízes pela coragem
e pela inovação”, diz Joaquim Falcão.
“Nunca se aplicou a delação premia-
da — comum noutros países, nomea-
damente nos Estados Unidos — como
se está aplicando no Brasil hoje.”
A delação premiada, que consiste
na atribuição de condições penais
mais vantajosas a um réu que aceite
colaborar com a investigação e de-
nunciar terceiros, passou a ter um
novo enquadramento legal em 2013,
onde se confi gura como um impor-
tante instrumento no combate aos
crimes de colarinho branco. Algumas
das medidas são polémicas no meio
jurídico, o que revela até que ponto
Moro e a sua equipa introduziram no-
vidades neste tipo de investigações.
“O que está acontecendo é que, de
há uns tempos para cá, a Justiça foi
renovada por pessoas jovens”, diz
Ana Paula Paiva. “São pessoas prepa-
radas, com uma certa sede de justiça
e de mudança do statu quo.” Sergio
Moro tem 43 anos. Os procuradores
do Ministério Público que trabalham
com ele têm idades entre os 28 e os
50. Ana Paula refere-se ao coorde-
nador, Deltan Dallagnol, 34, como
“um menino do Ministério Público”.
“Você olha para a cara dele e ele não
parece ter mais de 30 anos.”
A origem social desta nova gera-
ção de investigadores, incluindo
os delegados da Polícia Federal,
é de ter em conta: fazem parte da
“pequena burguesia que chega ao
poder, com forte sentimento mora-
lizante e conservador”, disse o advo-
gado Lenio Streck ao El País Brasil.
Cruzada anti-PT?Sergio Moro, em particular, é um he-
rói dos brasileiros que se dizem indig-
nados com o statu quo político e eco-
nómico do Brasil e que clamam pelo
impeachment da Presidente, Dilma
Rousseff , a todo o custo. “Sentimo-
nos representados por ele”, diz Rai-
mundo Sampaio Neto. Nas manifes-
tações de protesto contra o Governo
nas principais cidades brasileiras dos
últimos meses, entre gritos de “Fora
Dilma!” e um boneco insufl ável de
Lula vestido como um recluso, tor-
nou-se habitual verem-se cartazes de
apoio a Moro (“Je suis Moro”, “Moro,
não nos abandone”). Uma sondagem
de Setembro do Instituto Paraná de
Pesquisas revelou que 71,5% dos bra-
sileiros consideram a investigação da
Lava Jato positiva para o país; 21,4%
acham o contrário.
Os apoiantes do partido no Gover-
no desconfi am das intenções políti-
cas por trás da operação. Oposição
e frente anti-PT parecem frustrados
por a Lava Jato ainda não ter atingido
mais directamente Dilma e Lula. “A
oposição está de saco cheio do PT no
poder e sabe do potencial que Lula
MIGUEL SCHINCARIOL
22 | MUNDO | PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015
PAULO PIMENTA
Em Portugal e noutros países europeus têm-se realizado vigílias e manifestações de apoio aos detidos
A breve visita que o embaixador
português em Luanda fez na quin-
ta-feira ao activista angolano Lua-
ty Beirão, em greve de fome há 35
dias, abre “um precedente grave”,
escreveu no seu editorial de ontem
o Jornal de Angola.
“O diplomata português acaba de
legitimar toda a ingerência personi-
fi cada nas manifestações em Portu-
gal. O Governo português, depois de
tanto tempo, volta a cair na asneira
de se pôr do lado errado”, lê-se no
editorial intitulado “De Portugal na-
da se espera”.
“A ingerência desabrida que Por-
tugal faz nos assuntos da soberania
de Angola está a ultrapassar todos
os limites”, diz o texto do jornal
ofi cial, assinado pelo director, José
Ribeiro.
O embaixador João da Câmara
não fez qualquer declaração públi-
ca após a visita que fez a Luaty Bei-
rão, activista político e rapper de 33
anos, também com nacionalidade
portuguesa, em greve de fome para
Jornal de Angola diz que visita de embaixador português a Luaty é “precedente grave”
poder aguardar em liberdade — ele
e outros 14 activistas detidos — o jul-
gamento já marcado para dia 16 de
Novembro.
O Ministério dos Negócios Estran-
geiros de Portugal emitiu no mes-
mo dia um comunicado em que o
Governo de Lisboa declarava que
continuaria a acompanhar a situa-
ção do activista em greve de fome
e dos outros detidos desde Junho,
acusados de rebelião e de tentati-
va de assassinar o Presidente José
Eduardo dos Santos, quer através
de contactos junto das autoridades
angolanas quer em coordenação
com os parceiros da União Euro-
peia (UE).
Um diplomata da embaixada de
Portugal em Angola tinha já visita-
do Luaty Beirão numa deslocação à
clínica onde se encontra uma dele-
gação integrada por diplomatas do
Reino Unido, Espanha, Suécia e o
representante da delegação da UE
na capital angolana. Houve também
um encontro de diplomatas euro-
peus com os outros 14 detidos, no
Hospital-Prisão de São Paulo.
Num texto em que não refere uma
única vez a expressão “greve de fo-
me”, o jornal estatal escreve que so-
bre o activista pendem “acusações
gravíssimas” de “envolvimento em
actos de perturbação de ordem pú-
blica em Angola, no quadro de uma
acção mais vasta de transformar o
país numa nova Líbia em África”.
O diário entende que “a cruzada
antiangolana já não pode ser igno-
rada” e diz que aquilo que vê como
“ingerência portuguesa nos assuntos
estritamente angolanos só encontra
paralelo em duas ocasiões: quando
Angola proclamou a sua indepen-
dência em 1975 e quando se aproxi-
mava a derrota da UNITA de Jonas
Savimbi, antes de 4 Abril de 2002”.
“Os ataques diários e injustos des-
feridos a partir de Portugal surgem
agora revestidos da fi na película da
luta pelos direitos humanos”, escre-
ve também o director, que fala em
“guerra feroz, lenta mais sistemáti-
ca, que vem diariamente de Portugal
contra o Estado angolano e que se
aproveita agora do caso judicial que
envolve o angolano Luaty Beirão”.
Em Portugal, e noutros países eu-
ropeus, têm-se realizado vigílias e
manifestações de apoio Luaty Bei-
rão e aos outros detidos.
“Esperar pela compreensão dos
portugueses para se trilhar um ca-
minho comum de cooperação mu-
tuamente vantajosa é pura perda
de tempo e prova que foi correcta
a decisão tomada pelo Governo de
Angola de suspender a construção
dessa parceria estratégica com Por-
tugal”, diz também o editorial.
São ainda feitas críticas ao grupo
de comunicação Impresa e a polí-
ticos, principalmente do Bloco de
Esquerda, que têm contestado a
detenção dos activistas.
Direitos humanosJoão Manuel Rocha
“A ingerência desabrida que Portugal faz nos assuntos da soberania de Angola está a ultrapassar todos os limites”, escreveu o diário
A candidata a primeira-ministra pelo Lei e Justiça, Beata Szydlo
Os polacos foram ontem às urnas e
deram uma vitória esmagadora ao
partido nacionalista Lei e Justiça,
comparado ao Fidesz do primeiro-
ministro da Hungria, Viktor Orbán.
A grande derrotada foi a Platafor-
ma Cívica, de centro-direita, que li-
derou o país durante oito anos de
crescimento económico, mas que
acabou por ser penalizada devido
a um escândalo que provocou de-
missões no Governo e à percepção
de que o sucesso económico do país
não chegou ao bolso dos cidadãos.
De acordo com os números avan-
çados após o encerramento das
urnas, o Lei e Justiça obteve 39,1%
contra 23,4% da Plataforma Cívica
— nenhum partido de esquerda te-
ve votos sufi cientes para entrar no
Parlamento. Com estes resultados,
os nacionalistas poderão governar
sozinhos, com 242 deputados num
Parlamento com 460 lugares.
A vitória dos nacionalistas do Lei
e Justiça signifi ca também o regresso
do seu líder, Jaroslaw Kaczynski, que
foi primeiro-ministro entre 2006 e
2007, antes de a Plataforma Cívica
ter iniciado um ciclo de duas vitó-
rias.
Jaroslaw — irmão gémeo do ex-Pre-
sidente Lech Kaczynski, que morreu
num acidente aéreo, em 2010 — não
é o candidato a primeiro-ministro
Partido nacionalista e eurocéptico ganha eleições legislativas na Polónia
pelo Lei e Justiça, mas é o seu líder, e
os analistas acreditam que será ele a
puxar os cordelinhos da governação,
atrás de Beata Szydlo.
Se não surgirem complicações, a
chegada ao governo do Lei e Justi-
ça é mais um capítulo da viragem
nacionalista em vários países euro-
peus, com políticas anti-imigração
e eurocépticas.
Durante a campanha, o líder do
partido que venceu as eleições dis-
se que os migrantes e refugiados “já
trouxeram doenças como a cólera e
a disenteria para a Europa e todo o
tipo de parasitas e protozoários”.
Para além das posições duras em
relação à chegada de milhares de
pessoas de países da África Subsa-
riana, do Médio Oriente ou da Ásia,
o Lei e Justiça defende uma pressão
maior sobre a Rússia, o que pode ori-
ginar ainda mais divisões no seio da
União Europeia e pôr em risco a re-
lação privilegiada do país na última
década com a Alemanha.
Em particular, o partido promete
ser infl exível na exigência de ter uma
base permanente da NATO, uma me-
dida a que a chanceler Angela Merkel
se opõe. “As relações entre a Polónia
e a Alemanha iriam sem dúvida pio-
rar com o Lei e Justiça. A única ques-
tão é saber se iriam piorar muito ou
pouco”, disse à revista americana
Politico o analista Lukasz Lipinski,
do think tank Polityka Insight.
A economia cresceu acima dos 3%
ao ano na última década — e o facto
de não estar na zona euro permitiu-
lhe passar ao lado da recessão. Ape-
sar do sucesso dos números, muitos
polacos continuam sem sentir me-
lhorias, devido à precariedade do
trabalho e aos baixos salários, algo
aproveitado pelo Lei e Justiça.
Marcadamente católico, o partido
propõe a redução da idade da refor-
ma de 67 para 65 anos entre os ho-
mens e para 60 anos entre as mulhe-
res (para que possam passar mais
tempo com a família); o aumento do
salário mínimo; e o aumento das ta-
xas de impostos para os bancos.
O descontentamento entre grande
parte da população foi resumido ao
jornal britânico Guardian por Grze-
gorz Piotrowska, um canalizador de
38 anos: “Na Polónia continuamos a
ser pobres. Dois milhões de polacos
saíram do país para trabalhar nou-
tros países da União Europeia. Se fi -
carmos aqui, limitamo-nos a lutar.
Abrem restaurantes fi nos por todo
o lado, mas eu nem consigo pagar
um café no Starbucks. O Lei e Justiça
quer tornar este país mais parecido
com a Alemanha.”
EuropaAlexandre Martins
Lei e Justiça põe fim a oito anos de poder da Plataforma Cívica. Resultados permitem-lhe governar sozinho
PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015 | 23
Uma das crianças afogadas ontem em Lesbos é levada da praia
A Comissão Europeia quer enviar já
a partir de hoje 400 guardas de fron-
teira para os países dos Balcãs para
ajudar a controlar o enorme afl uxo
de refugiados e criar uma espécie de
telefone vermelho para as situações
de emergência. Mas pretende que os
líderes europeus se comprometam a
deixar de facilitar o movimento dos
refugiados até à fronteira do país
seguinte, sem ter o consentimento
dessa nação, transportando simples-
mente a crise ao longo da Europa.
Estes eram temas da minicimeira
convocada para ontem à noite em
Bruxelas pelo presidente da Comis-
são Europeia, Jean-Claude Juncker,
juntando países da Europa Central e
dos Balcãs, alguns deles exteriores à
União Europeia, para discutir a crise
dos refugiados nos Balcãs.
O projecto de declaração fi nal le-
vado para a reunião, e que circulou
nos últimos dias, falava também em
agilizar os repatriamentos de afe-
gãos, iraquianos e outros cidadãos
asiáticos, se forem rejeitados os seus
pedidos de asilo. Seguindo o exem-
plo da Alemanha, que ao mesmo
tempo que abre as portas aos refu-
giados da guerra na Síria endurece
as condições para conceder asilo
(com uma nova lei que entrou em
vigor no sábado), a UE quer facilitar
os processos para mandar para trás
aqueles a quem não der abrigo.
Por outro lado, pretende alargar
a operação Poséidon na Grécia, au-
mentando a presença da agência eu-
ropeia de controlo das fronteiras, a
Frontex, nas ilhas gregas. Sobretudo
para pôr a funcionar os hotspots —
centros de registo e triagem de mi-
grantes, onde logo à chegada seriam
distinguidos os que têm condições
de pedir asilo daqueles que serão
considerados como imigrantes eco-
nómicos e mandados para trás.
É à Grécia que continuam a chegar
milhares de refugiados, apesar de as
condições meteorológicas se agrava-
rem e tornarem perigosa a viagem
curta por mar. Ainda ontem, uma
mulher e duas crianças afogaram-se
quando o barco insufl ável com 63
pessoas em que viajavam foi empur-
rado contra as rochas ao chegar à
ilha de Lesbos. Sete outras pessoas
estão desaparecidas, diz a Reuters.
A UE pretende ainda montar uma
operação da Frontex na Albânia e
na Macedónia, que não fazem par-
te da União, para começar logo aí a
registar os migrantes. A Frontex faz
ainda uma proposta polémica, diz o
El País: para evitar que os migrantes
procurem outras rotas, recomenda
que os requerentes de asilo sejam co-
locados em centros de detenção no
primeiro país em que entram. Hoje,
80% dos pedidos de asilo feitos na
Grécia, na Bulgária ou na Hungria
são inconclusivos, porque as pessoas
querem é alcançar os países do Nor-
te da Europa, ou a Alemanha.
Nada disto é pacífi co, e a discus-
são, noite dentro, antevia-se polémi-
ca. “Se não tomarmos acções imedia-
tas e concretas no terreno nos pró-
ximos tempos, acho que toda a UE
vai começar a afundar-se”, afi rmou
o primeiro-ministro esloveno, Miro
Cerar, ao entrar para a reunião.
AFP
Crise na EuropaClara Barata
Ajudar os países que não conseguem gerir a grande vaga de refugiados era o objectivo da minicimeira de urgência em Bruxelas
Os refugiados não podem ser só passados para o país seguinte, diz a UE
Parceiro Inspiração
2015
24 | CIÊNCIA | PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015
O institutopúblicoque se viciouno negócio
O INESC Tec comemora 30 anos com muitos balanços sobre a ciência, a tecnologia e, principalmente, o apoio que deu à modernização da economia. Desde fi bras ópticas até às smart grids e ao calçado, o INESC Tec tornou-se um caso de estudo em Portugal sobre a ligação entre a ciência e as empresas
Na sede do INESC
Tec no Porto há
dezenas de corre-
dores onde fi cam os
gabinetes assinala-
dos com o nome de
investigadores, há
salas abertas onde
centenas de jovens
se dedicam à pro-
gramação em frente de compu-
tadores, há espaços para lazer e
para refeições e, não fosse a falta
de salas de aulas, não era difícil
confundi-la com uma universidade.
Só quando se quer descer ao andar
abaixo do piso térreo para visitar
o laboratório de energia é que se
percebe que há ali algo de diferen-
te. Para se chegar à sala onde Luís
Seco e uma equipa de dez investi-
gadores trabalham é preciso um
código de acesso para introduzir
no elevador. O que ali se faz, entre
computadores com imagens em
permanente animação, contadores
electrónicos e máquinas com redes
intrincadas de fi os não está disponí-
vel ao olhar de todos. Ali estudam-se
soluções de futuro para as “redes
inteligentes” (smart grids) de elec-
tricidade e uma descoberta, uma
patente ou um protótipo pode valer
muito dinheiro.
O Instituto de Engenharia de Sis-
temas e Computadores — Tecnolo-
gia e Ciência, que comemora por
estes dias 30 anos de existência,
é muitas vezes considerado como
um dos melhores exemplos da boa
articulação que se faz em Portugal
entre a produção de ciência e a sua
transferência para as empresas.
Essa articulação esteve na base da
sua fundação, em 1985, através da
instalação no Porto de uma sucur-
sal do INESC nacional (em Lisboa),
no qual as universidades repartiam
com os CTT e os TLP as estratégias
e os encargos de promover a qua-
lifi cação da ciência e da economia
nacional.
Mas se há 30 anos o instituto do
Porto valia uns 20% da rede nacional
do INESC (que se instalou também
físicos, mas também designers ou
músicos e de ter capacidade de se
articular com outras instituições —
hoje haverá um concerto na Casa da
Música organizado pelo instituto no
qual os smartphones do público vão
ser usados como instrumentos.
Os números são expressivos. En-
tre 2011 e 2014, os artigos publicados
pelos investigadores do INESC cres-
ceram mais de 50% — foram quase
350 nesse ano. Há mais de 30 pa-
tentes registadas em nome do ins-
tituto. No ano passado, mais de 150
quadros altamente qualifi cados, dos
quais 21 doutorados, saíram das suas
instalações para o tecido económi-
co: “Os nossos investigadores não
têm problemas com o desemprego”,
diz Pedro Guedes de Oliveira.
Nos últimos 13 anos nasceram nos
seus laboratórios 12 empresas que
depois vieram a autonomizar-se (o
chamado spin-off ), entre as quais a
FiberSensing, que acabaria por ser
comprada pela multinacional ale-
mã HBM. Mas talvez ainda mais im-
portante do que as estatísticas pode
ser o impacte que o conhecimento
Manuel Carvalhoem Braga, Aveiro e Coimbra), “hoje
deve representar talvez uns 60%”,
nota Pedro Guedes de Oliveira, um
académico que presidiu ao instituto
do Porto entre 1995 e 2005.
Explicar esse percurso que trans-
formou uma pequena unidade de
investigação no potencial da fi bra
óptica para o futuro das telecomu-
nicações num gigante que factura
14 milhões de euros e que mobiliza
650 investigadores, dos quais 250
doutorados, implica uma pergunta:
o que tem o INESC do Porto, agora
INESC Tec, de especial? José Manuel
Mendonça, o actual presidente,
considera três razões: a primeira é
o foco do trabalho, “que obriga a
que toda a investigação esteja orien-
tada para ter impacte económico
e social”; o segundo relaciona-se
na forma como o INESC Tec gere
o fl uxo do conhecimento, desde a
investigação até à sua aplicação em
soluções capazes de ter interesse
para as empresas ou para a socieda-
de; fi nalmente, a capacidade de pôr
a trabalhar em áreas industriais de
ponta não apenas engenheiros ou
produzido e transferido do INESC
teve em empresas como a Efacec
ou em indústrias como o calçado,
cuja logística industrial é geralmen-
te considerada como uma das mais
avançadas do mundo.
Para se chegar aqui há, no entan-
to, de notar uma vantagem acumu-
PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015 | CIÊNCIA | 25
dente da Galp. “Somos todos ‘fi lhos’
dele”, reconhece Pedro Guedes de
Oliveira.
O caminho das empresasInicialmente, a tarefa dessa gera-
ção dirigiu-se para o conhecimen-
to do potencial da fi bra óptica para
levar voz, dados e imagem a casa
de todos. O projecto SIFO avançou,
“mas estava muito à frente do seu
tempo”, lembra Pimenta Alves, que
integrou a primeira das três direc-
ções do INESC nestes 30 anos. Não
chegaria à fase do protótipo (as em-
presas foram privatizadas, as fron-
teiras abriram-se e novas tecnolo-
gias impuseram-se), mas a equipa de
investigação que o realizou fi cou a
par do estado da arte em electrónica
que se fazia no Laboratório Europeu
de Física de partículas (CERN, em
Genebra) e em algumas universi-
dades europeias. Nomes como José
António Salcedo, Manuel Barros ou
António Pereira Leite fazem parte
dessa primeira vaga de investigado-
res que depois deixariam marca em
empresas ou na academia.
Como as empresas que fi nancia-
vam o projecto não exigiam exclusi-
vidade, a equipa começou a apostar
noutras áreas. Uma delas, nas quais
Pimenta Alves se destacou, foi o ví-
deo digital. Em 1999, o INESC foi
escolhido pela BBC para montar o
seu novo estúdio digital na sede, em
Londres. O software utilizado para a
sua gestão, o Orbit, foi integralmen-
te produzido no Porto. A aventura
“aconteceu antes do tempo”, nota
Pimenta Alves. “Na altura, não pros-
seguiu, mas a ideia do estúdio digi-
tal está de volta”, nota. Entretanto,
as sementes do projecto fi caram.
Hoje “há umas 60 ou 70 pessoas a
trabalhar no Porto para o mercado
internacional do broadcasting atra-
vés de redes de computadores”, diz
Pimenta Alves. Fazem-no através de
empresas como a MOG, a Glookast
ou a Mediagaps.
Borges Gouveia, um engenheiro
de sistemas de computadores que
ajudou a fundar o INESC Porto e se
tornou presidente do INESC nacio-
nal entre 1985 e 1991, queria mais.
“Queria que entrássemos noutras
áreas”, lembra Pimenta Alves. Como
a energia. Ou as indústrias tradicio-
nais. Mas tanta ambição não batia
certo com as permanentes queixas
de falta de autonomia do Porto em
relação a Lisboa. O mal-estar torna-
se um problema que seria resolvido
em 1995, quando o INESC nacional
reduz a sua participação no instituto
do Porto para uma posição minori-
tária. É nessa altura que Pedro Gue-
des de Oliveira sai da Universidade
de Aveiro para se tornar presidente
do novo instituto.
É sob a sua égide que “começa a
estudar o que se podia fazer com
a indústria tradicional” do Norte,
que, na época, sob os auspícios
dos fundos europeus, estava a re-
ceber vultuosos investimentos na
modernização. José Carlos Caldei-
ra, actual presidente da Agência
de Inovação, será o motor desta
aproximação. E o calçado, onde
o INESC encontrou um espírito de
abertura maior, tornou-se o maior
foco dessa estratégia.
No prazo de uma década, a cum-
plicidade entre o INESC e o sector
criou condições não apenas para
a criação de uma nova tecnologia
para corte de peles com jactos de
água (tecnologia que é exportada
através da empresa CEI), como
levou à produção de sistemas de
gestão avançados da cadeia indus-
trial que são hoje um dos princi-
pais trunfos do sector. Empresas
como a Kyaia, que tem um contra-
to de longa duração com o INESC,
podem hoje introduzir na linha de
produção um único par de sapa-
tos diferente sem que tenham de
parar as máquinas — um ganho de
fl exibilidade enorme.
Entre a criação de programas
de gestão inteligente das redes
eléctricas ou a construção de um
submarino-robô para a exploração
do mar em grandes profundidades
(em parceria com o Instituto Su-
perior de Engenharia do Porto),
entre investigação para a EDP ou o
desenvolvimento de uma tecnolo-
gia que capta imagens em tanques
de aquacultura para determinar
o número e o estado de desenvol-
vimento dos peixes, o INESC foi
crescendo, mas sofreu os apertos
da crise entre 2010 e 2013. Ago-
ra, pensa novamente num novo
salto. Um terço das suas receitas
depende do Orçamento do Estado
(e dos fundos estruturais); outro
terço vem de programas europeus
e a parte que falta resulta de con-
tratos com empresas. O caminho
passa por aqui.
Uma das suas maiores fontes de
confi ança está na mudança que os
seus responsáveis e mentores di-
zem estar a acontecer nas empre-
sas portuguesas, que começam
a deixar de olhar com suspeição
para os “doutores” das universida-
des. “Há uns anos éramos génios
num país de ‘grunhos’. Isso desa-
pareceu”, diz, com um sorriso,
Pedro Guedes de Oliveira.
Sem deixar de ser um centro de
saber e de investigação, o INESC
Tec (agora com esta designação
porque agrega unidades das uni-
versidades do Minho e de Trás-os-
Montes) segue uma preocupação:
“Trabalhar com mais empresas”,
diz José Manuel Mendonça, que
após dez anos começa a pensar
na sua sucessão no instituto que
no seu mandato conheceu um
enorme desenvolvimento. Ou se-
ja, cumprir a sua missão. Porque
para Mendonça, que trabalhou na
indústria em vários países euro-
peus, para Guedes de Oliveira ou
para Pimenta Alves, os engenhei-
ros são gente que gosta de pôr as
máquinas a andar.
FOTOS: FERNANDO VELUDO/NFACTOS
“Os nossos investigadores não têm problemas com o desemprego”, diz Pedro Guedes de Oliveira (à direita), que presidiu ao INESC no Porto entre 1995 e 2005, ao lado de Pimenta Alves (à esquerda), que integrou a primeira direcção, e José Manuel Mendonça (ao centro), o actual presidente
lada logo nos primórdios do INESC
no Porto. Após a sua criação, foi
possível construir e equipar uma
base de investigação que na altura
estava muito à frente da que exis-
tia no mundo académico nacional.
Pimenta Alves tinha acabado de se
doutorar em Manchester (em 1982)
e, até que as empresas públicas de
telecomunicações investissem 250
mil contos no projecto, recorda-se
de “não haver computadores nas
universidades” e de sentir um clima
de “penúria total” que impedia os
recém-doutorados de prosseguir as
suas investigações. O INESC do Por-
to, que pertencia metade à univer-
sidade e metade às duas empresas
públicas CTT e TLP, foi a abertura
de uma porta para essa geração de
jovens doutorados no estrangeiro
que se acolhia sob a égide de um
guru: Manuel Ferreira de Oliveira,
que até Abril deste ano foi presi-
26 | CULTURA | PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015
Ricardo Araújo Pereira participou numa sessão apoteótica com o escritor brasileiro Luis Fernando Veríssimo e, no final, foi muito solicitado para autógrafos
MUNICÍPIO DE ÓBIDOS
Folio, um festival que teve sabor brasileiro
Tocam os sinos na igreja, cheira a
pão quente, acabado de cozer em
forno de lenha. A meio da manhã
deste domingo já choveu, mas há em
Óbidos pessoas em movimento con-
tínuo, a fotografar de telemóvel na
mão, pelas ruas estreitas. Há quem
beba ginjinha em copos de choco-
late e esteja só a descobrir o castelo
e quem saiba que está a decorrer a
primeira edição do Folio — Festival
Literário Internacional de Óbidos,
embora a sinalética do festival na vila
seja inefi caz.
A Fanfarra dos Bombeiros, indi-
ferente ao repique, percorre as ruas
da vila. Na Tenda Editores, o escri-
tor David Machado dá autógrafos e,
mais à frente, na Tenda Autores, os
portugueses Valério Romão e Bru-
no Vieira Amaral conversam com
o brasileiro João Paulo Cuenca so-
bre ser-se jovem escritor. A tenda
está mais para o vazio, são 11h, na
primeira edição do Folio — Festival
Literário Internacional de Óbidos,
onde se pagam cinco euros para as-
sistir às conversas com escritores e
12 euros para entrar nos concertos
ou se compra um passe para todo o
festival que começou a 15 de Outubro
e terminou ontem.
Paixão por livrosA brasileira Ana Carolina Camargos
tem uma paixão por livros. Tinha
cinco dias de férias, não queria via-
jar para um sítio que não conhecia
para fazer um turismo tradicional,
por isso quando viu numa livraria
online portuguesa propaganda ao
Folio decidiu: “É lá que quero ir.
Óbidos é o lugar certo.” Correu tu-
do bem. “Foi mais acessível e muito
mais fácil fazer as reservas e chegar
aqui do que em Paraty”, diz Ana Ca-
rolina, 47 anos, natural de Brasília
mas a viver na Alemanha ligada à
área vinícola.
“Sempre quis ir à FLIP — Festa Li-
terária Internacional de Paraty, mas
sempre achei difi cílimo porque nun-
ca conseguia hotel, não conseguia
comprar ingressos.” Já visitou muitos
festivais — nomeadamente o Fipside
de Francisco José Viegas, para uma
dezena de pessoas (incluindo as da
editora, da organização e jornalistas
convidados).
À mesma hora, um pouco mais
abaixo, decorria no Museu Munici-
pal, gratuita, uma aula sobre o es-
critor clássico brasileiro Machado
de Assis, dada pelo professor uni-
versitário Abel Barros Baptista. Em-
bora o espaço fosse mais pequeno
do que o da Tenda Autores, estava
cheio. “Competir às 11h da manhã
com Machado de Assis e ainda por
cima grátis, é difícil!”, lamentava o
brasileiro. O que o escritor ainda não
sabia é que a sessão de lançamento
do seu livro, à hora do jantar, iria ser
cancelada por falta de público. Dias
antes também o brasileiro Francisco
Bosco vira ser cancelado, pela mes-
ma razão, o lançamento do seu livro.
Houve vários casos que revelaram
algum amadorismo e megalomania
em termos de programa.
O escritor José Eduardo Agualu-
sa, curador do Folio Autores, área
responsável pelas conversas entre
escritores na tenda principal, tem
ido a festivais em todo o mundo
nos últimos 15 anos e é peremptó-
rio: “Nunca estive numa primeira
edição de um festival que corresse
tão bem quanto este. As primeiras
edições em que estive, o que as ca-
racteriza é que normalmente têm
pouco público. As segundas edições
têm mais público mas ele não está
bem preparado. Só a partir da tercei-
ra edição é que há público e público
que realmente lê”, defende.
“O que aconteceu neste festival é
que conseguimos ter público rela-
tivamente sofi sticado para muitos
eventos, alguns deles acontecendo
ao mesmo tempo.” Faz o contrapon-
to com o Flipside, que vai na terceira
edição e onde participou como con-
vidado. “A minha mesa com o Cris-
tóvão Tezza e Juan Pablo Villalobos
A primeira edição do Festival Literário Internacional de Óbidos, apesar de alguns percalços, quadruplicou o que ganham na vila com outros eventos
FestivalIsabel Coutinho
em Inglaterra (festival literário orga-
nizado em Inglaterra pela criadora
da FLIP, Liz Calder) e vai sempre à
Feira do Livro de Frankfurt, cidade
onde vive. “Achei o Folio fantástico,
principalmente as escolhas dos es-
critores de uma diversidade enorme.
Ao mesmo tempo que você vê uma
palestra de um historiador portu-
guês, daqui a pouco é o Ruy Castro
falando.” Gostou muito da sessão de
Mia Couto, escritor e biólogo, com
o neurocientista Sidarta Ribeiro
sobre neurociência, e da de Javier
Cercas, porque já conhecia a obra
dele. “Estava pouca gente na sala, o
que é uma pena”, disse. Agradou-lhe
a ideia de poder comprar na Tenda
Editores os livros dos participantes
e fi cou maravilhada com a livraria
na Igreja Santiago.
“Gostei muito da cubana Karla Su-
arez e o livro dela esgotou, mas nas
livrarias mandaram vir para mim.”
Está pela primeira vez em Óbidos e
só lamenta estar quase a ir embora
sem ter visto Óbidos direito. “Eu ia
de uma palestra para outra.”
Daniel Santana, 74 anos, reforma-
do, vive em Itália desde 1961, onde
teve uma empresa de venda de pei-
xe, e veio ao Folio porque uma amiga
o alertou. Não podia estar em Por-
tugal, de visita, e perder uma confe-
rência com Eduardo Lourenço, “o
último dinossauro europeu”, conta.
Valeu a pena ter comprado bilhete,
deu o dinheiro por bem empregue.
Mas se a sessão que juntou o profes-
sor com a Prémio Camões Hélia Cor-
reia correu muito bem em termos
de público, e a que se seguiu de Pa-
checo Pereira e Ferreira Fernandes
sobre crónica também, a apoteose
do Folio aconteceu com 400 pessoas
(números da organização) a assisti-
rem à conversa entre Ricardo Araújo
Pereira e o escritor brasileiro Luis
Fernando Veríssimo, moderados por
Nuno Artur Silva, que partilha com
Anabela Mota Ribeiro a curadoria da
parte do Folio — a Folia — que inclui
espectáculos no festival.
Palmas, palmas e de péA sessão de stand-up poetry do hu-
morista brasileiro Gregorio Duvi-
vier foi aplaudida de pé, bem como
o concerto do Mário Laginha Trio,
com Cristina Branco a cantar Chico
Buarque num palco com o castelo
de Óbidos por trás. Outro momento
mágico foi o do concerto de Moreno
Veloso acompanhado pelos músicos
Doménico Lancelloti, Pedro Sá e To-
más Cunha Ferreira. Ao som de uma
bossa meio triste, Moreno emocio-
nado disse que se estava a sentir ali,
no palco do Folio, tal como se sentia
na sua infância, no quintal da sua
avó — Dona Canô, mãe de Caetano
Veloso e Maria Bethânia. Aplausos
de pé, palmas e mais palmas.
Mas se estes músicos levam para o
outro lado do Atlântico uma memó-
ria de uma noite mágica do Folio, o
escritor brasileiro Sérgio Rodrigues,
autor do romance O Drible, vencedor
do último Grande Prémio Portugal
Telecom de Literatura, não sentirá
o mesmo. Com uma sessão marcada
para as 11h da manhã de sexta-feira,
na Tenda Autores, viu-se a falar so-
bre “Literatura e Futebol”, ao lado
PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015 | CULTURA | 27
tinha 13 pessoas a assistir. A sessão
com a Fernanda Torres tinha três. O
público ou a falta dele não tem que
ver com a entrada ser paga ou não
ser paga. O que conta é a visibilidade
das pessoas”, afi rma. “A grande arte
de organizar festivais é juntar uma
pessoa muito conhecida, que traz
público, com alguém desconheci-
do e muito interessante. Tal como
aconteceu na mesa em que vieram
ver o Mia Couto e saíram encantados
com Sidarta Ribeiro. Nem sempre
é possível fazê-lo, mas isto é o ideal
em termos de projecto.”
Também um dos outros organiza-
dores do festival, José Pinho, cura-
dor do “Folio Paralelo” — programa-
ção relacionada com autores, edi-
tores e livreiros —, “manteria tudo
igual neste festival”, que foi apoiado
em 500 mil euros pelo Turismo do
Centro e pela Comissão de Coorde-
nação e Desenvolvimento Regional
do Centro. “Mudaria só as mesas de
autores marcadas para a parte da
manhã e as actividades que tivemos
de marcar para a hora do jantar, que
não resultaram”, diz.
O administrador da Ler Devagar
e impulsionador de Óbidos como
vila literária com várias livrarias
acrescentaria ainda mais activida-
des, embora as organizasse de ou-
tra maneira. “Conseguimos quadru-
plicar as vendas, se compararmos
o valor obtido neste festival com
o obtido quando há outro festival
não-literário, como o do chocolate,
a vila natal ou mercado medieval”,
afi rma José Pinho, que defende um
projecto de 11 livrarias e de cinco
festivais literários para que Óbidos
seja uma cidade do livro e o projecto
tenha sentido.
Durante a semana e contando
com o primeiro o fi m-de-semana
do Folio, José Pinho vendeu nas su-
as livrarias em Óbidos o sufi ciente
para sobreviver até ao Natal. “Este
festival não pode demorar um dia,
tem de estar integrado na susten-
tabilidade fi nanceira das livrarias.
Senão será parecido com o festival
de Paraty para pior, porque nunca
terá a dimensão da FLIP”, defen-
de. As pessoas têm de ter apetên-
cia para vir a Óbidos e permane-
cer, não fi carem as duas horas da
praxe a tirar fotografi as e partir.
No entanto, o Folio irá mudar de
datas, pois este ano coincidiu com
a Feira do Livro de Frankfurt, o fes-
tival Escritaria, em Penafi el, a Ama-
dora BD e o DocLisboa.
O PÚBLICO está em Óbidos a convite do Folio
GUILHERME MARQUES
Naeem Mohaiemen apresenta três filmes no Doc
“Onde é que uma pessoa vai bus-
car motivação para se juntar a um
movimento? Onde é que se encon-
tra essa motivação quando a pos-
sibilidade de êxito é muito fraca?
O que é que motivava as pessoas
a juntarem-se a estes movimentos
nos anos 1970?”
Foi a estas perguntas, entre ou-
tras, que Naeem Mohaiemen quis
responder quando, faz agora dez
anos, encetou o projecto a que cha-
mou The Young Man Was. Artista
multidisciplinar natural do Ban-
gladesh mas trabalhando a partir
de Nova Iorque, vencedor de uma
bolsa Guggenheim em 2014, Mo-
haiemen tem explorado a dimen-
são humana, pessoal, das utopias
revolucionárias radicais da década
de 1970; o projecto tem vindo a ga-
nhar forma ao longo de uma série
de instalações, exposições, textos
e fi lmes mostrados um pouco por
todo o mundo, incluindo passagens
pelo Kunsthalle de Basileia ou pela
Bienal de Veneza. “O meu trabalho
é mais reconhecido no contexto das
galerias,” explica Mohaiemen ao
PÚBLICO, ainda sob os efeitos do
jet-lag, num dos foyers da Cultur-
gest. “E a minha presença nos festi-
vais de cinema acontece porque eu
vou atrás deles, mas é outro mundo
com mecanismos próprios...”
É no âmbito desse “outro” mun-
do que o artista está entre nós. Os
três fi lmes já realizados no âmbito
de The Young Man Was fazem parte
da selecção do DocLisboa — os dois
primeiros, United Red Army (2012)
e Afsan’s Long Day (2014) na retros-
pectiva Terrorismo, Representação;
o terceiro, Last Man in Dhaka Cen-
tral, em estreia mundial a concurso
na selecção ofi cial. Trata-se, para
Mohaiemen, de explorar “os erros
e as esperanças utópicas que leva-
vam as pessoas a juntar-se a estes
movimentos”, criar paralelos entre
as próprias convulsões da história
do Bangladesh na década de 1970 e
os radicalismos violentos que leva-
ram à criação do Exército Vermelho
Unido japonês, das Brigadas Verme-
lhas italianas ou do grupo Baader-
Meinhof na Alemanha.
“Sentia que um projecto de esquerda está condenado à partida a falhar”
Custers, acusado de conspirar para
derrubar o regime bangladeshi; é
também o único dos fi lmes onde
há uma entrevista fi lmada de raiz
com o sujeito (rodada ainda antes
da morte de Custers, em Setembro
último, aos 66 anos).
Os três fi lmes são claramente
obra do mesmo autor, embora se-
jam formalmente diferentes entre
si. “Estou muito investido em con-
tar as histórias de maneiras dife-
rentes”, explica Mohaiemen. “Em
United Red Army tirei a imagem e
usei apenas a pista sonora, para
deixar os espectadores às escuras
e ir construindo a história aos pou-
cos. Gosto disso, porque quando as
pessoas se sentem um pouco per-
didas isso abre novas possibilida-
des de leitura do fi lme. Mas uma
vez isso feito, não quis repetir o
dispositivo. Em Afsan’s Long Day
uso uma narração em capítulos
que funciona em circuito fechado.
“Sinto que a minha geração cres-
ceu num momento em que as pos-
sibilidades do activismo se iam pro-
gressivamente reduzindo”, explica
o realizador. “Ainda nos investimos
em algumas acções, como os pro-
testos contra as duas guerras do
Golfo, a Primavera Árabe, ou o mo-
vimento Occupy Wall Street. Mas
sentia já então que a minha geração
habitava um tempo onde um pro-
jecto de esquerda, ou mesmo um
projecto utópico, está condenado
à partida a falhar. E os anos 1970
foram um dos últimos períodos em
que os jovens ainda acreditavam
num certo tipo de causas.”
The Young Man Was desenvolve-
se como um percurso por momen-
tos-chave da década; cada fi lme é
independente dos restantes, mas
ganha em ser visto conjuntamen-
te. United Red Army acompanha o
sequestro de um avião de passagei-
ros japonês pelo Exército Vermelho
Unido em 1977, e a sua escala no
Bangladesh para negociar com as
autoridades as exigências dos se-
questradores, recorrendo às gra-
vações áudio das conversas entre
o avião e o negociador militar ban-
gladeshi. Afsan’s Long Day utiliza
o diário do jornalista e historiador
bangladeshi Afsan Chowdhury e a
sua prisão em 1971 para meditar so-
bre o modo como muitos dos inter-
venientes nestes movimentos, de
ambos os lados, foram reduzidos
a caricaturas e arquétipos. Final-
mente, Last Man in Dhaka Central
relata a prisão e tortura em 1975 do
jornalista e activista holandês Peter
CinemaJorge Mourinha
DocLisboa apresenta os filmes do projecto The Young Man Was, em que Naeem Mohaiemen explora as utopias revolucionárias
E em Last Man in Dhaka Central há
duas narrativas em direcções dife-
rentes — as imagens de arquivo de
época e a entrevista que fi z com o
Peter, montada de modo a que o
fi nal esteja no princípio do fi lme e
vá andando para trás até terminar
no início da conversa.”
Há, segundo o artista, uma razão
especial para estes formatos dife-
rentes. “A estrutura formal torna-
se um modo de assinalar o modo
como olhamos hoje para este perí-
odo,” afi rma Mohaiemen. “Vivemos
num tempo em que existe uma di-
minuição das possibilidades revo-
lucionárias, utópicas, transforma-
tivas, e estamos a olhar para uma
altura em que essas possibilidades
ainda existiam. Mas já não temos a
possibilidade de habitar hoje esse
momento. Estamos sempre a olhar
para este período a partir de um
tempo mais cínico e com o conheci-
mento do modo como a história se
desenrolou. Mas, em 1973, as coisas
podiam ter acontecido de outra ma-
neira, e não me parece correcto jul-
gar estas pessoas por não saberem
o que o futuro lhes ia trazer.”
Daí que Mohaiemen crie uma his-
tória dos “vencidos” da história ou,
nas suas palavras, uma “história de
perda”: “Há uma sensação de perda
que atravessa toda a história da es-
querda global. Aqueles que morre-
ram jovens nesses tempos terríveis
fi caram parados no tempo, enquan-
to alguém como o Joschka Fischer
[veterano político alemão do parti-
do Os Verdes] se torna no exemplo
do que acontece quando um radical
vive o tempo sufi ciente para ter de
entrar na política e assumir a neces-
sidade do compromisso.”
Certo é que Naeem Mohaiemen
ainda não “fechou” The Young Man
Was, que já foi mais longe do que
originalmente pensara. “No início
achei que só iria fazer dois fi lmes
mas já estou a pesquisar a parte 4,
há mais possíveis instalações e pelo
menos mais três histórias que quero
contar. Mas até posso acabar antes
de chegar lá, se chegar a um ponto
em que sinta que o caminho já foi
sufi cientemente aberto para outros
poderem pegar no testemunho.”
As partes 1 e 2 de The Young
Man Was, United Red Army e
Afsan’s Long Day, são exibidas
conjuntamente, hoje, às 22h15,
no cinema Ideal; e quinta, 29,
às 19h30, na Culturgest. A parte
3, Last Man in Dhaka Central, é
exibida em estreia mundial ama-
nhã, às 21h45, na Culturgest; e
sexta, 30, às 22h15, no Ideal
“Sinto que a minha geração cresceu num momento em que as possibilidades do activismo se iam progressivamente reduzindo”, explica o realizador
28 | CULTURA | PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015
ingleses, que tinham partido do
Quénia e, após três anos de pres-
são, tinham empurrado os alemães
do Tanganica, a sua África Oriental,
para a região do Niassa. Os homens
que restavam das últimas expedi-
ções nacionais arrastavam-se na ro-
tina em postos remotos, lutavam
contra a malária e a dureza do cli-
ma ou, como a coluna do alferes
Jacinto, procuravam apenas um re-
fúgio onde pudessem recuperar as
forças após semanas de ansiedade,
privação e medo.
Para eles, a guerra deixara de
existir. Sem inimigos para defron-
tar, a vitória mais desejada era a
da sobrevivência e, principalmen-
te, a de um lugar num vapor que
os levasse para casa. A profética
declaração de vergonha proferida
pelo tenente Manuel de Oliveira,
que num raro acto de solidariedade
se voluntariara para salvar a colu-
na com uns mil homens cercados
no forte de Nevala um ano antes,
ÁO desastre esquecido da Grande Guerra em Em 2014, dois jornalistas do PÚBLICO foram à procura da guerra contra os alemães em Moçambique, que permanece desconhecida. E, na sequência da série de reportagens que venceu o Prémio Gazeta, nasceu um livro, assinado por Manuel Carvalho. Esta é uma parte do primeiro capítulo
Por volta das quatro
e meia da tarde de
19 de Dezembro
de 1917, o grupo
avançado de uma
coluna de 350 ho-
mens arrastava-se
para o interior do
forte de Unango,
nos confins da
província do Niassa, no Norte de
Moçambique. Tinha começado a
sua fuga dos montes Macolos há
mais de 40 horas. Pelo caminho,
fi zera duas breves paragens em
pontos elevados para evitar um
ataque-surpresa dos alemães. Ao
longe, num cume dos Macolos on-
de tinham passado as três últimas
semanas, uma nuvem de fumo
erguia-se no ar, dando conta de
que a destruição do equipamento
que não conseguiram transportar
fora bem-sucedida. Durante a fuga
em marcha forçada, os soldados
tinham consumido as rações de
combate que sobraram, refres-
caram-se com frutos da selva que
os soldados indígenas sabiam dis-
tinguir e deliciaram-se com duas
galinhas e umas espigas de milho
furtadas numa das aldeias algures
no trajecto. Os doentes, incapazes
de acompanhar o passo, tinham
fi cado para trás. Os que resistiram
agarravam-se em paus, gemiam,
vergados pela dureza do caminho,
pelo cansaço, pelo medo e pelo
sentimento da derrota.
Quando, fi nalmente, passou
pela porta da entrada do forte de
Unango, o alferes José Teixeira Ja-
cinto, 37 anos, retirou a bandeira
de Portugal que trouxera enrolada
no corpo e içou-a no mastro no
centro do forte. Depois, os corne-
teiros deram o toque de armas e
os soldados em formatura fi zeram
uma prolongada continência. Um
tenente inglês, que chegara pouco
antes a Unango, não queria acre-
ditar no que estava a ver. Os rostos
esquálidos, a pele tisnada, “o cabe-
lo e a barba de mais de dois meses
por cortar”, a sujidade, “os fatos e o
calçado dos europeus a cair aos pe-
daços e os soldados indígenas qua-
se todos seminus, sendo os casacos
tristes farrapos em cima do dorso”,
levaram os presentes a chamar à
infeliz tropa de José Teixeira Jacinto
a “Companhia Pirata”.
A sua aparência e condição eram
uma boa imagem do que restava do
Exército português enviado a Mo-
çambique para combater os ale-
mães na Primeira Guerra Mundial.
No fi nal de 1917, era um Exército
derrotado, acossado pela fome e
pela sede, sem comando nem des-
tino. Os alemães haviam sido ex-
pulsos pelos ingleses do seu terri-
tório, a actual Tanzânia, e levaram
a Primeira Grande Guerra em Áfri-
ca para o solo do império colonial
português. No seu avanço, desba-
rataram a frágil linha de resistência
na Batalha de Negomano, em 25 de
Novembro de 1917, e acabaram de
vez com os últimos sonhos de con-
quista e de glória que a República
projectara para África. “Fui daque-
les que entraram nesta guerra com
os olhos mais cheios de belas uto-
pias e o coração largo abrasado de
fé e lusismo, esperançado de que a
minha raça, como todas as raças, se
salvaria sob a cinza deste braseiro”,
escreveria anos mais tarde António
de Cértima. Naqueles dias de De-
zembro de 1917, as “belas utopias”
estavam destroçadas. Portugal so-
frera a maior derrota militar em
África desde Alcácer Quibir.
Poucos dias depois de José Teixei-
ra Jacinto ter hasteado a bandeira
nacional no Unango, a condução
das operações militares em terri-
tório português seria entregue aos
cumprira-se: “Adeus Portugal! Já
não há portugueses.”
Um século passado, esse desastre
militar em Moçambique não passa
de um vestígio remoto na memória
da Primeira Guerra Mundial. No dia
26 de Junho de 2014, o primeiro-
ministro de Portugal, Pedro Passos
Coelho, foi ao cemitério militar de
Richebourg, no Norte da França,
“prestar a nossa homenagem colec-
tiva” aos soldados que morreram
na guerra, mas se em vez de ter es-
colhido para a cerimónia o teatro
europeu optasse pelos cemitérios
militares portugueses que persis-
tem no Norte de Moçambique,
difi cilmente teria condições para
manifestar o “respeito e sentimen-
to de enorme orgulho” que o país
supostamente “tem por todos aque-
les que se sacrifi caram ao serviço
da nação”. Porque nesses lugares
remotos não encontraria cemité-
rios com cruzes brancas, alinhadas
e conservadas, a recortar o verde
da paisagem. Descobriria sim lápi-
des a emergirem entre o lixo que
alimenta galinhas e cabras, tumbas
engolidas pelo avanço da selva, tú-
mulos profanados, campas onde
só com esforço se consegue ler o
nome dos que morreram nas praias
do Índico, na selva do planalto dos
Macondes ou nas margens do rio
Rovuma.
Dulce et decorum est Patria mo-
ri. O verso de Horácio que atesta
a beleza e a nobreza da morte ao
serviço da pátria soa assim vazio e
mentiroso na porta de entrada no
mausoléu em ruínas no cemitério
de Mocímboa da Praia, erigido pe-
lo Estado Novo para perpetuar a
memória dos soldados que morre-
ram em Moçambique entre 1914 e
1918. O mausoléu conserva ainda a
estátua imponente de uma fi gura
feminina que segura a espada com
a mão direita e ampara um escu-
do com as armas nacionais com a
Pré-publicação Os rostos esquálidos, “o cabelo e a barba de mais de dois meses”, “os fatos e o calçado a cair aos pedaços”, levaram os presentes a chamar à infeliz tropa de José Teixeira Jacinto a “Companhia Pirata”
esquerda. Mas no seu interior de-
vastado pelo tempo, pelo saque e
pelo vigor da natureza tropical, as
tumbas onde se encontram deposi-
tadas as ossadas dos soldados são a
prova de que nada, nem a paz eter-
na, fez sentido naquela guerra. As
pesadas pedras de mármore que ta-
pavam as sepulturas no interior do
mausoléu foram arrastadas depois
da independência de Moçambique
PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015 | CULTURA | 29
Áfricacio, e silenciosamente morrendo
pela Pátria, é desconhecida”, no-
tava, em 1924, o capitão António
J. Pires. Nada justifi ca esse desco-
nhecimento. Em África combateu-
se, de acordo com a ideologia e o
direito da era colonial, pela defesa
do território nacional. No Norte
de Moçambique, morreram mais
soldados portugueses do que nas
trincheiras da Flandres. Em África,
os soldados tombaram não tanto
pelo poder de fogo dos alemães,
mas principalmente por causa da
impreparação e falta de treino dos
soldados, da incúria com a alimen-
tação e o vestuário, da insensibili-
dade dos comandantes, da sede, do
paludismo e da disenteria.
Foi por isso uma derrota em
parte auto-infl igida, cheia de en-
sinamentos e signifi cados que não
justifi ca a omissão da História nem
o apagamento que o Estado Novo
lhe impôs. Como escreveria mais
tarde o higienista Ricardo Jorge,
foi uma guerra na qual “o inimigo
foi o próprio português, com a sua
leviandade, irrefl exão, desmazelo
e birras, a sua vara na mão, o seu
cego quero posso e mando. Velar
pela alimentação, pela saúde e pela
assistência das tropas, prevenir e
atacar os fl agelos que sobre elas in-
cidem letalmente, ouvir e respeitar
as vozes da higiene e da medicina,
não são predicados da simples ca-
serna”. Nos anos conturbados da
“renovação nacional” do Estado
Novo, falar das falhas do Exército
só fazia sentido para recriminar o
republicanismo jacobino. Era preci-
so esquecer essa nódoa na bandeira
das glórias ultramarinas. Quando
o 25 de Abril abriu uma nova pági-
na, essa guerra estava já distante
de mais para merecer curiosidade
e estudo. Afi nal, o império colonial
era coisa do passado.
(...) Em condições normais, não
seria difícil a Portugal bater-se de
igual para igual contra os alemães.
Os portugueses frequentavam as
costas do Índico há 400 anos, en-
quanto os alemães tinham chegado
à actual Tanzânia apenas em 1885.
O conhecimento acumulado pelos
portugueses da fl ora, da fauna, das
exigências sanitárias e dos hábitos
indígenas era claramente superior.
Mesmo que a ocupação se tivesse
limitado, durante séculos, às zonas
costeiras, os portugueses manti-
nham operações militares contra
indígenas sublevados em África
desde a década de 1880. Quando
a Grande Guerra defl agrou, deze-
nas de ofi ciais portugueses tinham
passado pela experiência das cam-
panhas africanas. Pedro Massano
de Amorim, Pereira d’Eça, Gomes
da Costa ou Alves Roçadas faziam
parte dessa longa estirpe de africa-
nistas que em algum momento das
suas carreiras enfrentaram o mato,
o calor, a malária e a difi culdade
em manter uma cadeia de abasteci-
mentos capaz de sustentar colunas
de tropas a longas distâncias do
seu ponto de partida. Muito pou-
co dessa experiência, porém, foi
aproveitada.
(...) Quando a primeira expe-
dição comandada pelo coronel
Pedro Francisco Massano de
Amorim, director militar das Co-
lónias, chega a Porto Amélia e de-
sembarca do Durham Castle, no
dia 1 de Novembro de 1914, é já
possível perceber a dimensão do
improviso, da negligência ou do
amadorismo. Não se tinham defi -
nido objectivos militares concre-
tos, a instrução dos soldados fora
esquecida, a criação de reservas,
bens de primeira necessidade, ne-
gligenciada. Cedo se perceberam
os custos dessas falhas — a expe-
dição foi dizimada pelas doenças
e fi cou confi nada a Porto Amélia.
Mas nada mudou na preparação
das expedições seguintes, que de-
pois de Março de 1916 tiveram de
viver em estado de guerra decla-
rada com os alemães. Numa das
sessões secretas da Câmara de
Deputados e do Senado da Repú-
blica destinadas a discutir a situ-
ação da guerra, que decorreram
entre 11 e 31 de Julho de 1917, o
líder do Partido Unionista, Brito
Camacho, daria conta da lassidão
e negligência com que essas ex-
pedições eram preparadas: “Não
é segredo para ninguém que se
têm mandado tropas para a África
como se não mandam reses para
o matadouro.”
Mais de dois mil soldados euro-
peus mortos, uma derrota copiosa
em todas as frentes, a cedência
aos ingleses do comando opera-
cional após o desastre do verão
austral de 1917: a linha de frontei-
ra traçada pelo curso do Rovuma
tornou-se “o mais fantástico ato-
leiro da história militar portugue-
sa moderna”, na opinião do histo-
riador francês René Pélissier, um
especialista no estudo do passado
das ex-colónias portuguesas em
África. No fi nal da guerra, Portu-
gal estava do lado dos vencedores
apesar de ter perdido as princi-
pais batalhas em que se envolveu.
África tornou-se, neste paradoxo,
uma memória incómoda. Quan-
do, seis anos depois do fi nal da
guerra, a República sucumbiu a
um golpe militar que criaria os es-
teios do Estado Novo, começou a
construir-se uma cortina de silên-
cio sobre esse passado traumático
e aviltante para uma nação que se
projectava à sombra da grande-
za do seu império colonial. Era
preciso esquecer essa nódoa na
bandeira das glórias ultramarinas,
até porque em breve Portugal vol-
taria ao Niassa para combater a
Frelimo.
A Guerra Que Portugal Quis Esquecer é apresentado em Lisboa, hoje, às 19h, no El Corte Inglés (piso 7).
MANUEL ROBERTO
“O soldado desconhecido de África é bem mais desconhecido que o da Flandres”, nota Marco Arrifes
e restos de fémures, de caveiras,
de cúbitos assim fi caram ao ar. Em
2014, o projecto Conservação das
Memórias da Liga dos Combatentes
exumou 24 restos mortais em Mo-
címboa da Praia e previa recuperar
um ano depois o ossário.
O historiador Marco Arrifes escre-
veu que “o soldado desconhecido
de África é bem mais desconhecido
que o da Flandres”, e não faltam
argumentos para comprovar a sua
tese. Já no tempo da guerra essa
discriminação era sentida. “Para
a França foram os políticos, os es-
critores, os literatos e os militares
conhecidos; para Moçambique fo-
ram os que apenas eram militares
ou soldados, e por isso a campa-
nha, lá longe, lutando contra todos
os inconvenientes possíveis ou ima-
ginários, combatendo-se em silên-
SE OS SUPER-HERÓIS TE CORREM NAS VEIAS, CORRE ATÉ ÀS BANCAS.
VOLUME 15 MARVELS: ATRAVÉS DA OBJECTIVA KURT BUSIEK E JAY ANACLETO
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Mensagens
CONVOCATÓRIAASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA
Nos termos do Artigo 47.º do Código Cooperativo, con-voco a Assembleia Geral da Cooperativa de Serviços dos Pilotos da Aviação Civil, a reunir-se em Sessão Ordinária, no dia 09 de Novembro de 2015, pelas 15.00 horas, na sede da COOPAC, sita na Rua Frei Tomé de Jesus, n.º 8, em Lisboa, com a seguinte ordem de trabalhos:Ponto Único - Apreciação e votação do Orçamento e Programa de Acção para 2016.NOTA: A Assembleia Geral terá início á hora marcada, desde que se encontrem presentes mais de metade dos cooperadores, ou uma hora depois, com qualquer núme-ro de cooperadores (Artigo 48.º).O voto pode ser efectuado por representação nos termos dos artigos 48.º e 53.º do Código CooperativoLisboa, 19 de Outubro de 2015
O PRESIDENTE DA MESA DAASSEMBLEIA GERAL
Fernando Vitorino Sousa Cristina Lopes
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CONVOCATÓRIA
ASSEMBLEIA-GERAL ORDINÁRIA
Nos termos da alínea d), do Artigo 27.º dos Estatutos, convoco a Assembleia- Geral da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), a reunir em Sessão Ordinária, em Fá-tima, no Hotel Cinquentenário, no próximo dia 14 de Novem-bro, pelas 9h45, com a seguinte
ORDEM DE TRABALHOS1 - Apreciação do orçamento e programa de ação para 2016;2 - Apreciação do relatório emitido pelo Conselho Fiscal sobre
o programa de ação e orçamento para 2016;3 - Votação do orçamento e programa de ação para 2016.
Se à hora atrás referida não estiver a maioria das associadas, a Assembleia-Geral terá início quinze minutos depois, pelas 10h00 (dez horas), em segunda convocatória, com qualquer número de presenças, conforme o ponto 2, do Artigo 31.º.
A Presidente da Mesa da Assembleia-GeralProf.ª Doutora Manuela Mendonça
Porto, 26 de Outubro de 2015
Rua da Reboleira, 47 | 4050-492 PORTO 226 068 614 | 226 065 932 226 001 774
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Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, EPE
RECRUTAMENTO / RETIFICAÇÃO
O Centro Hospitalar Trás-os-Montes e Alto Douro, E.P.E., no anúncio publicado em 21/10/2015, por lapso publicitou Ref. E - Técnico de Diagnóstico e Terapêu-tica - Análises Clínicas e Saúde Pública (2), indicando que estaria em recrutamento dois lugares neste Grupo Profi ssional.Deste modo, vem agora retifi car para Ref. E - Técnico de Diagnóstico e Terapêutica - Análises Clínicas e Saú-de Pública (1), na medida em que, este recrutamento apenas visa a contratação de um profi ssional.
O Presidente do Conselho de AdministraçãoDr. Carlos Cadavez
PROPOSTA EM CARTA FECHADA
Processo n.º 428/13.6TBCLD - Comarca de LeiriaAlcobaça - Instância Central - 2.ª Seção de Comércio - J1
Insolvência de: Miguel Rodrigues & Isidro Silva, Lda.
Abertura de Propostas09 de Novembro de 2015 - 10h30(Local: Escritório Dr. Ricardo Passagem)
Bens Imóveis:Lote N.º 1: Prédio Urbano, na proporção de 12/21, da fração A correspondente a cave ampla sob dois blocos destinada a parqueamento
automóvel com 21 espaços, demarcados de 1 a 21. Têm acesso direto à Rua 15 de Agosto, através de rampa e com duas escadas interiores que fazem a ligação aos blocos respetivos, descrito sob o n.º 243/19870521-A, inscrita na matriz predial sob o Art.º 2247-A da União de freguesias de Caldas de Rainha - Santo Onofre e Serra do Bouro, que proveio do artigo n.º 6395-A, da extinta freguesia de Nossa Senhora do Populo - Caldas da Rainha, e do artigo n.º 1569-A, da extinta freguesia de Santo Onofre - Caldas da Rainha. Valor-Base: 14.125,00 €urosLote N.º 2: Fração Autónoma, identifi cada pela letra “D” composta de Divisão na Cave, descrito na Conservatória sob o n.º 577/19891219-D,
inscrita na matriz predial sob o Art.º 1738-D nas Caldas da Rainha, Santo Onofre. Valor-Base: 590,00 €uros.Lote N.º 3: Fração Autónoma, identifi cada pela letra “M”, composta de Divisão na Cave descrito na Conservatória sob o n.º 577/19891219-M,
inscrita na matriz predial sob o Art.º 1738 - M, nas Caldas da Rainha - Santo Onofre. Valor-Base: 590,00 €uros.Lote N.º 4: 4/22 da fração A correspondente a espaço amplo na cave destinado a estacionamento de 22 automóveis descrito na Conservatória
sob o n.º 764/199111007-A, inscrita na matriz predial sob o Art.º 2076 -A, União de freguesias de Caldas de Rainha - Santo Onofre e Serra do Bouro, que proveio do artigo 1380-A, da extinta freguesia de Santo Onofre - Caldas da Rainha. Valor-Base: 4.710,00 €uros.Lote N.º 5: Prédio em Construção em Regime de Propriedade Horizontal, composto de cave, rés do chão, 1.º, 2.º, 3.º e 4.º Andares, composto
pelas frações autónomas A, B, C, D, E, F, G, H, I, descrito na Conservatória sob o n.º 1254/19950831-A; B; C; D; E; F; G; H, I, inscrito na matriz sob o n.º 113 da União de freguesias de Caldas de Rainha - Santo Onofre e Serra do Bouro, que proveio do artigo 59, da extinta freguesia de Santo Onofre - Caldas da Rainha.
Edifício habitacional situado em Caldas da Rainha, composto por cave, rés do chão, 1.º, 2.º, 3.º e 4.º andar.Características e áreas de construção:
- Cave tem uma área bruta de construção de 402.04 m2 e é composta por uma garagem fechada e oito lugares de estacionamento, sendo a área útil de 363,90 m2.- Rés do chão com uma área bruta de construção de 285,88m2 e é composto por um apartamento tipo T3 com uma área útil de 187,90m2, com um logradouro de 94,5m2.- Primeiro piso com área bruta de construção de 290,32m2, composto por um apartamento tipo T2 com área útil de 108,10m2 e um apartamento tipo T3 com área útil de 120,25m2.
- Segundo piso com área bruta de construção de 290,32m2, composto por um apartamento tipo T2 com área útil de 108,10m2 e um apartamento tipo T3 com área útil de 120,25m2.- Terceiro piso com área bruta de construção de 290,32m2, composto por um apartamento tipo T2 com área útil de 108,10m2 e um apartamento tipo T3 com área útil de 120,25m2. - Quarto piso com área bruta de construção de 290,32m2, composto por um apartamento tipo T2 com área útil de 108,10m2 e um apartamento tipo T3 com área útil de 120,25m
Todos os apartamentos têm varandas nas duas frentes.Alguns pormenores dos acabamentos- Alguns apartamentos têm madeiras aplicadas. - Mosaico colocado em algumas cozinhas. Valor-Base: 352.125,00€
Lote N.º 6 Prédio urbano, Fração C, correspondente ao estacionamento na cave n.º 6 do prédio em regime de propriedade horizontal, situado
em Rua José Fuller, n.ºs 20 e 20-A descrito na Conservatória sob o n.º 1980/20020809-C e inscrita na matriz predial sob o art.º 2897 - C, União de freguesias de Caldas de Rainha - Santo Onofre e Serra do Bouro, que proveio do artigo 2324-C, da extinta freguesia de Santo Onofre - Caldas da Rainha. Valor-Base: 1.185,00 €uros.Lote N.º 7: Prédio urbano, Fração D, correspondente ao estacionamento na cave n.º 8 do prédio em regime de propriedade horizontal, situado
em Rua José Fuller, nºs. 20 e 20-A descrito na Conservatória sob o n.º 1980/20020809-D e inscrita na matriz predial sob o art.º 2897 - D, União de freguesias de Caldas de Rainha - Santo Onofre e Serra do Bouro, que proveio do artigo 2324-D, da extinta freguesia de Santo Onofre - Caldas da Rainha. Valor-Base: 1.185,00 €uros.Lote N.º 8 Prédio Urbano, Fração E, correspondente ao estacionamento na cave n.º 10 do prédio em regime de propriedade horizontal, situado
em Rua José Fuller, n.ºs 20 e 20-A descrito na Conservatória sob o n.º 1980/20020809-E, e inscrita na matriz predial sob o art.º 2897 - E, União de freguesias de Caldas de Rainha - Santo Onofre e Serra do Bouro, que proveio do artigo 2324-E, da extinta freguesia de Santo Onofre - Caldas da Rainha. Valor-Base: 1.185,00 €uros.Bens Móveis:Lote N.º 9 3 Secretárias com gavetas, 2 secretárias de apoio, 3 Sofás individuais em ferro de tecido alaranjado, 1 Cadeira de rodízios preta, 1
Cadeira de rodízios vermelha, 1 Cadeira em armação de ferro, 1 Mesa de apoio com tampo em vidro, 1 Máq. Escrever de Marca Regis (Avariada) e 1 Armário de 2 portas com 3 prateleiras. Valor-Base: 590,00€Visitas: Estão sujeitas a marcação, e realizar-se-ão nos dias 30 e 31 de Outubro de 2015 e dia 02 de Novembro de 2015 - Mar-cações através do Telm.: 917 585 693Local da Abertura de Propostas: Escritório do Administrador de Insolvência, sito na Rua Dr. Luís Torres, Edif. Galerias do Marquês, N.º 23, Bloco C, 2.º Andar, Sala B, 3100-464 PombalAdministrador de Insolvência: Dr. Ricardo Joel Passagem Rodrigues
Regulamento e Condições Gerais para VendaVenda de Bens Imóveis através de Proposta por Carta Fechada
1 - Todos os interessados podem participar na venda, desde que cumpram com as regras do regulamento e condições gerais para venda.2 - Os Bens pertencentes à Massa Insolvente serão vendidos Lote a Lote.3 - Os Bens da presente venda são vendidos conforme o estado físico e jurídico em que se encontram, sem qualquer tipo de garantia de eventuais vícios que existam ou venham a surgir, sendo da responsabilidade do proponente, além desses, os encargos da com-pra, remoção, limpeza e obrigações fi scais.4 - A venda dos Bens será efetuada nos seguintes termos e condições:a) A venda de cada Lote será efetuada pelo mínimo do Valor-Base, ou seja 85% do Valor-Base ou acima deste;b) As propostas terão de ser rececionadas no escritório do Administrador de Insolvência, através de carta fechada, dentro de um envelope, até às 18h do dia 06 de Novembro de 2015;c) Na carta fechada onde contém a Proposta, deve constar a indicação no exterior, de que a mesma se refere a “Proposta para aquisição da Verba n.º xx” pertencente à “Massa Insolvente de Miguel Rodrigues & Isidro Silva Lda.”;Na Proposta deve constar:- O n.º do Processo de Insolvência, o nome, morada e contribuinte do Proponente;- O valor da proposta para cada Lote, não podendo ser inferior a 85% do Valor-Base do respetivo Lote;d) As propostas deverão ser remetidas ao cuidado do Administrador de Insolvência, Ricardo Joel Passagem Rodrigues, para o seu escritório sito em, Rua Dr. Luís Torres, Edif. Galerias do Marquês, N.º 23, Bloco C, 2.º Andar, Sala B, 3100-464 Pombal;e) A abertura das propostas será efetuada no dia 09 de Novembro de 2015, pelas 10h30, no escritório do Sr Administrador de Insolvência, Dr. Ricardo Passagem;5 - O proponente deverá remeter cheque visado ou bancário de montante igual a 5%, ref. a caução, do valor total dos Lotes que se propõe a adquirir, à ordem da “Massa Insolvente de Miguel Rodrigues & Isidro Silva Lda.”6 - As propostas não serão aceites caso o valor da oferta seja inferior a 85% do Valor-Base das Verbas, caso não remetam cheque visado ou bancário descrito no ponto 5 e caso sejam rececionadas com data posterior à indicada na alínea b) do ponto 4.7 - O adquirente terá ainda que pagar sobre o valor de venda dos Lotes, uma comissão de 5%, acrescida de IVA à taxa normal, sobre o valor dos bens imóveis e comissão de 10%, acrescida de IVA à taxa normal, sobre o valor dos Bens Móveis, através de cheque com boa cobrança, emitido a favor de “Lusoleilões, Leilões e Avaliações, Lda.”, sendo que só após esse bom pagamento é que se passará o título de transmissão/Auto de Adjudicação dos respetivos Bens Imóveis e Móveis.8 - Qualquer situação de incumprimento imputável ao(s) Proponente(s), determinará a perda dos montantes já pagos seja a que título for.9 - Todos os que participarem na presente venda, desde já aceitam as condições gerais do presente regulamento.
A Encarregada da Venda, Leiloeira Lusoleilões, Lda.
Agente de Execução, Alexandra Gomes CPN 4009, com endereço profi ssional em Rua Dom Sancho I, n.º 17 A/B , 2800-712 Almada.Nos termos do disposto no artigo 817.º do Código de Processo Civil, anuncia-se a venda dos bens adiante designados:Bens em VendaTIPO DE BEM: ImóvelVERBA 1 - ARTIGO MATRICIAL: 6272 da Fre-guesia de Sesimbra (Castelo) – Serviço de Finanças de Sesimbra.DESCRIÇÃO: Prédio Urbano sito em Alto das Vinhas, inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 6272 da Freguesia de Sesimbra e descri-to na Conservatória dos Registos Civl, Predial, Comercial e Automóveis de Sesimbra sob o n.º 11305 da Freguesia de Sesimbra (Castelo), correspondendo ao R/c, arrecadação, terra-ço, garagem, piscina e sotão para arrumos e 2 anexos um com arrecadação e alpendre e outro com 2 assoalhadas. PENHORADO EM: 19/12/2013INTERVENIENTES ASSOCIADOS AO BEM:EXECUTADOS: João Fonseca de Almeida, com NIF: 121.185.060 e BI: 568896 e Maria He-lena da Conceição Urbano de Almeida, com o NIF: 121.185.079, casados entre si sob o regi-me de comunhão geral com residência na Av.ª
Elias Garcia, n.º 20, 3.º Esq.º Em Lisboa.MODALIDADE DA VENDA: Venda mediante propostas em carta fechada, a serem entre-gues na Secretaria do supra-mencionado Tri-bunal, pelos interessados na compra, fi cando como data para abertura das propostas o dia 09 de Novembro de 2015, pelas 10:45 Horas.VALOR-BASE DA VENDA: Verba 1 - 278.580,00 euros, sendo que serão aceites propostas iguais ou superiores a 236.793,00 euros, correspondente a 85% do valor de base atribuído, nos termos do art.º 816.º, n.º 2 do C.P.C.Será aceite a proposta de melhor preço, acima dos valores acima identifi cados, correspon-dente a 85% do valor-base de cada verba.A sentença que se executa está pendente de recurso ordinário: NãoEstá pendente oposição à execução: NãoEstá pendente oposição à penhora: NãoEstá pendente de sentença de reclamação de créditos: Não
A Agente de Execução Alexandra Gomes
Rua Dom Sancho I, n.º 17 A/B , 2800-712 AlmadaE-mail: [email protected]
Telf.: 212 743 259 - Fax: 217 743 259
Público, 26/10/2015 - 2.ª Pub.
COMARCA DE SETÚBAL Setúbal - Inst. Central - Secção de Execução - J1
EDITAL DE VENDA
Processo 174/13.0TBSSB - Execução ComumRef. Interna: PE/67/2013
Exequente: Administração Conjunta da Augi 54– Alto das Vinhas
Executados: João Fonseca de Almeida e outra.ALEXANDRA GOMES
Agente de ExecuçãoCPN 4009
Agente de Execução, Alexandra Gomes CPN 4009, com endereço profi ssional em Rua Dom Sancho I, n.º 17 A/B , 2800-712 Almada.Nos termos do disposto no artigo 817.º do Có-digo de Processo Civil, anuncia-se a venda dos bens adiante designados:Bens em VendaTIPO DE BEM: ImóvelVERBA 1 - ARTIGO MATRICIAL: 4834 da União de Freguesias de Moncarapacho e Fuseta - Serviço de Finanças de Olhão - 1104DESCRIÇÃO: Prédio urbano, sito em Murtais, Moncarapacho, Freguesia de Moncarapacho, em Olhão, Faro, inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 4834 da União de Freguesias de Monca-rapacho e Fuseta e descrito na Conservatória do Registo Predial de Olhão sob o número 841 da freguesia de Moncarapacho, correspondendo a um prédio em propriedade total sem andares nem divisões susceptíveis de utilização indepen-dente, constituído por dois pisos, constituindo um só fogo destinado à habitação composto de rés-do-chão com duas divisões assoalhadas, cozinha, vestiário, hall, arrumo, pátio, piscina, sauna, casa de máquinas, garagem, casa de banho, logradouro, e primeiro andar com três divisões assoalhadas, casa de banho e dois terra-ços. Área total: 650m2, área coberta: 261m2, área descoberta: 389m2.PENHORADO EM: 22/10/2012INTERVENIENTES ASSOCIADOS AO BEM:EXECUTADOS: Célia Maria Silva Reis Brito Xavier, viúva, NIF: 130258644, BI: 1114671, Miguel Ânge-
lo Reis Brito Xavier, divorciado, NIF: 205605400, BI: 10082166, Pedro Manuel Reis Brito Xavier, solteiro, NIF: 205605397, BI: 10495731, Luís Filipe Reis Brito Xavier, solteiro, NIF: 205605419, BI: 11068123, todos residentes em Rua Manuel Vas-concelos, n.º 120 - 3.º Esq.º, Carcavelos.MODALIDADE DA VENDA: Venda mediante pro-postas em carta fechada, a serem entregues na Secretaria do supra-mencionado Tribunal, pelos interessados na compra, fi cando como data para abertura das propostas o dia 06 de Novembro de 2015, pelas 10.00 Horas.VALOR-BASE DA VENDA: 250.000,00 euros, sendo que serão aceites propostas iguais ou superiores a 212.500,00 euros, que corresponde a 85% do valor-base, por força de aplicação do disposto no artigo 6.º n.º 1 e artigo 816.º n.º 2 ambos do C.P. Civil.Será aceite a proposta de melhor preço, acima dos valores acima identifi cados, correspondente a 85% do valor-base de cada verba.A sentença que se executa está pendente de re-curso ordinário: NãoEstá pendente oposição à execução: NãoEstá pendente oposição à penhora: NãoEstá pendente de sentença de reclamação de créditos: Não
A Agente de Execução - Alexandra GomesRua Dom Sancho I, n.º 17 A/B , 2800-712 Almada
E-mail: [email protected].: 210 833 058 - Fax: 212 743 259
Público, 26/10/2015 - 2.ª Pub.
COMARCA DE FAROLoulé - Inst. Central - 1.ª Secção de Execução - J1
EDITAL DE VENDA
Processo 35/12.0TBOLH - Execução ComumRef. Interna: PE/42/2012
Exequente: Parvalorem, SAExecutado(s): Continental Relógios - Fábrica de
Relojoaria, Lda. e outros
ALEXANDRA GOMESAgente de Execução
CPN 4009
31EG 26 OUT 2015 CLASSIFICADOS
Edif. Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte,1350-352 [email protected]
Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30De seg a sex das 09H às 19HSábado 11H às 17H
PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015
31EG 26 OUT 2015 CLASSIFICADOS
32 | PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015
SAIR
CINEMALisboa@CinemaAv. Fontes Pereira de Melo - Edifício Saldanha Residence. T. 210995752Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 16h15, 18h40, 21h30; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 14h (V.Port.) Cinema City AlvaladeAv. de Roma, nº 100. T. 218413040Homem Irracional M12. 11h25, 13h25, 15h20, 17h15, 20h; As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 17h30; A Hora do Lobo M12. 13h30, 16h, 18h30, 21h20; Um Momento de Perdição 13h20, 15h25, 21h55; Perdido em Marte M12. 21h35; Praia do Futuro M12. 19h45; O Prodígio M12. 13h, 15h15, 17h30, 21h50; A Ovelha Choné - O Filme M6. 11h25 (V.Port.); As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 19h10; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 11h20 (V.Port.) Cinema IdealRua do Loreto, 15/17. T. 210998295Johnny Guitar M12. 16h; Doclisboa 2015 18h, 22h15; As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 13h45; As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 20h CinemaCity Campo PequenoCentro de Lazer do Campo Pequeno.T. 217981420Divertida-mente 11h40 (V.Port.); Mínimos M6. 11h10 (V.Port.); Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 11h35 (V.Port.); Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 11h25, 3h25, 15h25, 17h25 (V.Port.); Black Mass - Jogo Sujo M16. 15h30, 17h50, 21h45, 00h20; Sicario - Infiltrado M12. 13h10, 19h40, 22h, 00h30; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h40, 16h10, 18h50, 21h20, 23h50; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 11h20, 13h35, 15h10, 17h30 (V.Port.), 19h25, 00h15 (V.Orig.); Um Momento de Perdição 13h10, 20h10, 22h10; Perdido em Marte M12. 15h45, 21h25, 00h15 (2D), 18h35 (3D); A Ovelha Choné - O Filme M6. 11h20, 15h35, 17h30 (V.Port.); Evereste M12. 13h15, 21h50; À Procura de Uma Estrela M12. 13h50, 15h50, 17h50, 19h50, 21h55, 00h05; The Walk - O Desafio M12. 19h30, 00h10 Cinemas Nos Alvaláxia Estádio José Alvalade, Campo Grande.T. 16996O Estagiário M12. 12h50, 15h30, 18h20, 21h10; Black Mass - Jogo Sujo M16. 13h15, 16h, 18h45, 21h30; Evereste M12. 13h20, 16h05, 18h45, 21h25; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h10, 15h50, 18h30, 21h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h30, 16h20 (V.Port./2D), 18h55 (V.Port./3D), 21h40 (V.Orig./2D); Sicario - Infiltrado M12. 13h10, 15h55, 18h35, 21h15; Perdido em Marte M12. 13h40, 16h50, 21h; À Procura de Uma Estrela M12. 13h35, 16h30, 19h10, 21h45; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 11h, 13h25, 15h40, 18h (V.Port.); The Walk - O Desafio M12. 20h50; Sem Compromissos M16. 13h50, 16h40, 19h, 21h50; A Ovelha Choné - O Filme M6. 11h15, 13h45, 16h10 (V.Port.); A Visita M16. 18h25, 22h; Maze Runner: Provas de Fogo 14h, 17h, 21h35 Cinemas Nos AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996À Procura de Uma Estrela M12. 13h, 15h40, 18h20, 21h20, 24h; Sicario - Infiltrado M12. 13h20, 16h, 18h40, 21h40, 00h20; O
Estagiário M12. 12h40, 15h20, 18h, 21h, 23h40; Um Momento de Perdição 16h30, 19h, 21h50; Adama M12. 13h50; Homem Irracional M12. Sala VIP3 ? 18h30; A Hora do Lobo M12. 13h30, 16h10, 18h50, 21h30, 00h15; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 10h50, 12h50, 15h30, 18h10 (V.Port.), 20h50, 23h50 (V.Orig.); O Prodígio M12. 13h10, 15h50, 21h10, 24h Cinemas Nos ColomboAv. Lusíada. T. 16996A Hora do Lobo M12. 12h50, 15h25, 18h10, 21h15, 00h05; O Prodígio M12. 13h, 15h35, 18h20, 21h10, 23h55; Perdido em Marte M12. 12h40, 15h45, 21h25, 00h30; Um Momento de Perdição 18h50; Sicario - Infiltrado M12. 12h55, 15h40, 18h25, 21h30, 00h15; O Estagiário M12. 21h, 23h45; Black Mass - Jogo Sujo M16. 13h25, 16h10, 21h35, 00h20; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. Sala IMAX ? 13h15, 16h, 18h45 21h40, 00h25; Sem Compromissos M16. 18h55; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 10h50, 13h20, 15h55, 18h30 (V.Port.); À Procura de Uma Estrela M12. 13h10, 15h50, 18h35, 21h20, 24h Cinemas Nos Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996Sicario - Infiltrado M12. 12h50, 15h20, 18h10, 21h, 23h50; O Estagiário M12. 21h20, 00h10; Perdido em Marte M12. 12h40, 15h30, 18h30, 21h30, 00h40; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 11h, 13h30, 16h10, 18h50 (V.Port.); À Procura de Uma Estrela M12. 13h, 15h40, 18h20, 21h10, 24h; Black Mass - Jogo Sujo M16. 13h10, 15h50, 19h, 21h50, 00h30; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h20, 16h, 18h40, 21h40, 00h20 Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 12h40, 14h55, 17h10, 19h25, 21h40; Hiroshima, Meu Amor M12. 13h; A Uma Hora Incerta + Coro dos Amantes 15h, 17h, 19h, 21h30; Sicario - Infiltrado M12. 12h10, 14h30, 16h50, 21h50; Perdido em Marte M12. 19h10; Johnny Guitar M12. 17h35; João Bénard da Costa: Outros Amarão as Coisas Que Eu Amei M12. 16h05; Homem Irracional M12. 12h15, 14h10; Black Mass - Jogo Sujo M16. 19h40, 22h NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 16h30; As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 19h; As Mil e Uma Noites: Volume 3, O Encantado M12. 14h, 21h30 UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221A Família Bélier M12. 18h50; A Uma Hora Incerta + Coro dos Amantes 11h30, 14h05; Sem Compromissos M16. 16h35, 21h35, 23h55; ‘71 M12. 19h15; Por Aqui e Por Ali M12. 11h30, 14h20, 16h50, 21h35, 24h; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 11h30, 14h, 16h40 (V.Port.), 19h15, 21h45 (V.Orig.), 00h15 (V.Orig./3D); As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 13h50; As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 16h25; Evereste M12. 21h45; The Walk - O Desafio M12. 19h15; Perdido em Marte M12. 11h30, 15h, 21h20 (3D), 18h, 00h20 (2D); O Estagiário M12. 13h40, 16h20, 19h, 21h50, 00h30; Um Momento de Perdição 11h30, 14h10, 16h50, 19h20, 21h40, 24h; Homem Irracional M12. 11h30, 14h10, 16h40, 18h55, 21h30; As Mil e Uma Noites: Volume 3, O Encantado M12. 23h45; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h50, 16h35, 19h10, 21h50, 00h25; A Hora do
Lobo M12. 13h45, 16h20, 18h55, 21h30, 00h05; O Prodígio M12. 11h30, 13h55, 16h25, 19h, 21h35, 00h10; À Procura de Uma Estrela M12. 13h40, 16h20, 19h, 21h40, 00h15; Black Mass - Jogo Sujo M16. 13h45, 16h30, 19h10, 21h50, 00h30; Sicario - Infiltrado M12. 13h40, 16h25, 19h15, 21h50, 00h30
Almada Cinemas Nos Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de Mourelos. T. 16996Perdido em Marte M12. 13h25, 17h, 20h55, 24h; À Procura de Uma Estrela M12. 12h55, 15h30, 18h10, 21h05, 00h15; Sicario - Infiltrado M12. 13h, 15h45, 18h30, 21h20, 00h10; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 12h50, 15h35, 18h20, 21h40, 00h25; O Estagiário M12. 13h10, 16h, 18h45, 21h30, 00h15; A Ovelha Choné - O Filme M6. 11h, 13h25, 16h, 18h10 (V.Port.); Evereste M12. 12h45, 15h30, 18h15, 21h05, 23h55; The Walk - O Desafio M12. 21h, 23h50; Black Mass - Jogo Sujo M16. 12h40, 15h25, 18h15, 21h05, 23h55; Sem Compromissos M16. 13h05, 15h35, 21h, 23h30; Um Momento de Perdição 18h15; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 11h, 13h15, 15h40, 17h55 (V.Port.); Por Aqui e Por Ali M12. 21h45, 00h15; A Hora do Lobo M12. 12h55, 15h45, 18h30, 21h20, 00h10; Maze Runner: Provas de Fogo 12h45, 15h40, 21h05, 00h10; A Uma Hora Incerta + Coro dos Amantes 18h45; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 11h, 13h40, 16h20, 19h (V.Port.), 21h40, 00h20 (V.Orig.); O Prodígio M12. 13h, 15h50, 18h35, 21h15, 24h
Amadora CinemaCity Alegro AlfragideC.C. Alegro Alfragide. T. 214221030Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h30, 16h, 18h30, 21h20, 23h50; À Procura de Uma Estrela M12. 11h35, 3h35, 15h40, 17h50, 19h50, 21h50 24h; Mínimos M6. 11h20, 15h55 (V.Port.); O Estagiário M12. 13h50, 16h20, 19h10, 21h40, 00h10; Evereste M12. 13h20, 18h50, 23h55; Black Mass - Jogo Sujo M16. 13h40, 19h, 21h35, 00h10; The Walk - O Desafio M12. 19h20, 21h25; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 11h30, 13h30, 15h20, 17h20 (V.Port.); Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 11h20, 13h40, 15h15, 17h35 (V.Port.), 13h05, 16h10, 19h45, 21h55, 00h15 (V.Orig.); A Ovelha Choné - O Filme M6. 11h15, 17h40 (V.Port.); Maze Runner: Provas de Fogo 21h45, 00h25; O Prodígio M12. 13h10, 15h25, 19h35, 21h55, 00h20; Perdido em Marte M12. 15h50, 18h40, 21h30, 00h20; Divertida-mente 11h40 (V.Port.); Mínimos M6. 11h20 (V.Port.); Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 11h25, 17h50 (V.Port.); Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 11h10 (V.Port.); Sicario - Infiltrado M12. 13h10, 15h30, 19h40, 22h, 00h30 UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, Estrada Nacional 249/1, Venteira. T. 707232221Missão Impossível: Nação Secreta M12. 19h05; Maze Runner: Provas de Fogo 13h35, 16h20, 21h45; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 11h30, 14h, 16h35, 19h (V.Port./2D), 21h35 (V.Orig./2D), 00h05 (V.Orig./3D); Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 14h05, 16h35, 19h10, 21h55; O Pátio das Cantigas M12. 18h45; A Ovelha Choné - O Filme M6. 11h30, 13h50, 16h10 (V.Port.); Evereste M12. 21h25; ‘71 M12.
A Hora do LoboDe Jean-Jacques Annaud. Com Shaofeng Feng, Shawn Dou, Ankhnyam Ragchaa. FRA/China. 2015. 121m. Aventura. M12. Ano de 1967. Chen Zhen é um
jovem estudante de Pequim
(China) que é enviado para uma
zona rural da Mongólia para
educar uma tribo de pastores
nómadas. Ali vai descobrir uma
ligação antiga entre os pastores,
o seu gado e os lobos selvagens
que vagueiam pelas estepes.
Para os mongóis, o lobo é uma
criatura quase mítica que é parte
integrante da sua comunidade
e os liga à natureza. Quando o
Governo cria uma nova lei que
obriga a população a eliminar
os lobos da região, o equilíbrio
entre todos é ameaçado...
À Procura de Uma EstrelaDe John Wells. Com Bradley Cooper, Sienna Miller, Omar Sy. EUA. 2015. 100m. Comédia Dramática. M12. O “chef“ Adam Jones
conheceu a fama, a fortuna e o
reconhecimento internacional.
Mas a sua carreira colapsou
quando, por fraqueza e excesso
de vaidade, se deixou levar pelo
consumo de drogas. Agora,
para refazer a sua vida pessoal
e profi ssional, decide começar
do zero em Londres (Inglaterra),
na esperança de abrir um
restaurante que arrebate os
clientes e o faça ser merecedor
de mais uma estrela Michelin.
Mas, para que isso se torne
realidade, precisa de uma equipa
de sonho...
AdamaDe Simon Rouby. Com Pascal N’Zonzi (Voz), Oxmo Puccino (Voz), Azize Diabaté (Voz). FRA. 2015. 95m. Drama, Animação. M12. Adama, de 12 anos, vive
numa aldeia remota na África
Ocidental. Quando o seu irmão
mais velho desaparece sem
deixar rasto, ele decide partir
em sua busca. Movido pelo
amor, enceta assim uma corajosa
viagem de iniciação à idade
adulta, enquanto percorre um
longo caminho que o levará até
Verdun (França), cenário da
batalha mais longa - e uma das
mais devastadoras - da I Guerra
Mundial.
Crimson Peak: A Colina VermelhaDe Guillermo del Toro. Com Charlie Hunnam, Jessica Chastain, Tom Hiddleston. EUA. 2015. 119m. Drama, Terror, Fantasia. M12.
Inglaterra, séc. XIX. A jovem
Edith Cushing apaixona-se por
Sir Thomas Sharpe, um homem
misterioso que, tal como ela,
se interessa pelo sobrenatural.
Apesar dos avisos de alguns
amigos próximos, que temem
aquela união, Edith e Thomas
casam-se. Ela muda-se para a
casa de família do marido, uma
mansão em ruínas numa região
montanhosa no Norte do país.
E depressa descobre que a sua
nova família guarda segredos
aterradores...
O ProdígioDe Edward Zwick. Com Tobey Maguire, Liev Schreiber, Peter Sarsgaard. EUA. 2014. 114m. Drama, Biografia. M12. Bobby Fischer nasceu em
Chicago (EUA) a 9 de Março
de 1943 e atraiu a atenção do
público norte-americano para
o xadrez quando, com apenas
15 anos de idade, se tornou
o mais jovem Grande Mestre
internacional da história da
modalidade. Considerado
um dos melhores jogadores
de sempre, Fischer ganhou
fama mundial quando, em
1972, derrotou o russo Boris
Spassky, na altura campeão
mundial, num confronto
memorável em Reiquejavique
(Islândia), em plena Guerra
Fria. Com realização de
Edward Zwick, esta é a sua
história.
Em [email protected]@publico.pt
PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015 | 33
A temporada lírica do Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, programada pelo britânico Patrick Dickie, abre com uma das maiores obras do repertório italiano: Madama Butterfly, de Giacomo Puccini. Tim Albery, compatriota de Dickie, assina a encenação da ópera que conta a comovente e trágica história de Cio-Cio-san, uma bela e jovem gueixa que arrisca
tudo, até a própria vida, por amor a um oficial norte--americano. O papel principal está entregue à soprano sul-coreana Hye-Youn Lee, numa produção que conta com o Coro do São Carlos e a Orquestra Sinfónica Portuguesa. A ópera está em cena até 1 de Novembro, com récitas hoje e quarta, às 20h; e domingo, às 16h. O preço dos bilhetes varia entre 10€ e 50€.
Tragédia de amorDANIEL ROCHA
A s AS ESTRELAS DO PÚBLICO
JorgeMourinha
Luís M. Oliveira
Vasco Câmara
a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente
A Hora do Lobo mmmmm – –Johnny Guitar mmmmm mmmmm mmmmm
Crimson Peak mmmmm – –Praia do Futuro mmmmm – mmmmm
Perdido em Marte mmmmm – mmmmm
O Prodígio mmmmm mmmmm –Sicario- Infiltrado mmmmm mmmmm –‘71 mmmmm mmmmm –A Uma Hora Incerta A – –The Walk-O Desafio mmmmm mmmmm mmmmm
18h55; Sem Compromissos M16. 13h55, 16h15, 21h30; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 11h30, 14h, 16h20 (V.Port.); Sicario - Infiltrado M12. 13h50, 16h25, 19h10, 21h45; The Walk - O Desafio M12. 18h30, 21h25 (2D); O Estagiário M12. 13h45, 16h30, 19h05, 21h45; Perdido em Marte M12. 14h15, 21h15 (2D), 17h35 (3D); À Procura de Uma Estrela M12. 13h55, 16h30, 19h, 21h40; Black Mass - Jogo Sujo M16. 14h05, 16h40, 19h15, 21h55
Cascais Cinemas Nos CascaiShoppingCascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996Sicario - Infiltrado M12. 13h, 15h40, 20h50, 23h30; Sem Compromissos M16. 18h30; Perdido em Marte M12. 12h25, 15h25, 18h25, 21h20, 00h20; A Hora do Lobo M12. 12h50, 15h30, 18h10, 21h10, 23h50; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 11h, 13h (V.Port.); O Estagiário M12. 15h05, 17h50, 21h15, 23h55; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 12h30, 15h20, 18h, 21h, 24h; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 10h50, 13h20, 15h50, 18h20 (V.Port.), 21h05, 23h40 (V.Orig.); À Procura de Uma Estrela M12. 12h40, 15h10, 17h40, 21h30, 00h10 O Cinema da Villa - CascaisAvenida Dom Pedro I, Lote 1/2 (CascaisVilla Shopping Center). T. 215887311Sicario - Infiltrado M12. 14h, 16h20, 18h45, 21h30; Black Mass - Jogo Sujo M16. 19h10, 21h30; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 14h, 16h15 (V.Port.); O Prodígio M12. 15h, 17h20, 19h45, 22h
Sintra Cinema City BelouraBeloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9, Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 11h45, 13h45 (V.Port.); A Ovelha Choné - O Filme M6. 11h30, 15h25, 17h30 (V.Port.); Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 11h20, 13h10, 15h20, 17h45 (V.Port.), 11h10, 13h20, 15h30, 19h45, 21h55 (V.Orig.); Evereste M12. 22h; Por Aqui e Por Ali M12. 19h55; Homem Irracional M12. 19h40; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 11h40, 13h40, 15h40, 17h40 (V.Port.); O Prodígio M12. 13h40, 15h55, 18h40, 21h30; O Estagiário M12. 15h45, 21h35; A Hora do Lobo M12. 13h25, 16h, 18h50, 21h40; Um Momento de Perdição 13h20, 21h55; A Família Bélier M12. 17h40; Perdido em Marte M12. 18h30, 21h20; The Walk - O Desafio M12. 19h35; Mínimos M6. 11h35 (V.Port.); À Procura de Uma Estrela M12. 13h35, 15h35, 17h50, 19h50, 21h50 Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789Sicario - Infiltrado M12. 18h50, 21h40; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 13h, 15h, 17h (V.Port.); Perdido em Marte M12. 15h40, 21h10 (2D), 12h55, 18h30 (3D); Maze Runner: Provas de Fogo 12h50, 15h30, 18h10, 21h15; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h10, 16h, 18h40, 21h30; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h15 (V.Port.); Black Mass - Jogo Sujo M16. 15h45, 21h20; The Walk - O Desafio M12. 18h15; O Estagiário M12. 18h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h20, 15h50 (V.Port.), 21h20 (V.Orig.); À Procura de Uma Estrela M12. 13h, 15h15, 17h20, 19h30, 21h40
Leiria
Cineplace - Leiria ShoppingCC Leiria Shopping, IC2. Perdido em Marte M12. 12h50, 18h30, 21h20; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 14h, 16h30, 19h, 21h30; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h50, 16h20, 18h40, 21h; Sicario - Infiltrado M12. 16h50, 21h50; Black Mass - Jogo Sujo M16. 14h20, 19h20; O Estagiário M12. 16h10, 21h20; The Walk - O Desafio M12. 13h40, 18h50; Maze Runner: Provas de Fogo 15h; À Procura de Uma Estrela M12. 12h50, 17h40, 19h50, 22h; O Prodígio M12. 16h40, 19h10, 21h40; Mínimos M6. 16h (V.Port.); Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 14h40 (V.Port.)
Odivelas Cinemas Nos Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996Perdido em Marte M12. 15h, 18h, 20h50; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 12h50, 15h30, 18h10, 21h30; A Ovelha Choné - O Filme M6. 11h, 13h10, 15h10, 17h50 (V.Port.); Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 10h45, 13h20, 15h50, 18h30 (V.Port.), 21h10 (V.Orig.); Evereste M12. 21h20; Black Mass - Jogo Sujo M16. 13h, 15h40, 18h20, 21h
Oeiras Cinemas Nos Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996Sicario - Infiltrado M12. 13h, 15h50, 21h20, 00h10; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h30, 00h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 10h30, 12h35, 15h10, 18h (V.Port.); Um Momento de Perdição 18h35; Um Momento de Perdição 21h10, 23h50; À Procura de Uma Estrela M12. 12h40, 15h20, 18h10, 21h15, 24h; O Prodígio M12. 12h30, 15h15, 18h05, 21h05, 23h55; O Estagiário M12. 12h45, 15h30, 21h25; Perdido em Marte M12. 18h15, 00h15; A Hora do Lobo M12. 13h10, 15h55, 18h40, 21h40, 00h25
Torres Novas Castello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220Crimson Peak: A Colina Vermelha M12.
13h20, 15h50, 18h30, 21h40; O Estagiário M12. 13h, 15h30, 18h20, 21h30; Black Mass - Jogo Sujo M16. 21h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h10, 15h40 (V.Port.), 18h40 (V.Orig.)
Torres Vedras Cinemas Nos Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996Perdido em Marte M12. 14h, 17h40, 21h; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h, 16h, 18h45, 21h30; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 11h, 13h40, 16h15, 19h (V.Port.); Evereste M12. 21h45; Black Mass - Jogo Sujo M16. 21h40; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h20, 15h20, 17h25, 19h30 (V.Port.); À Procura de Uma Estrela M12. 13h10, 15h45, 18h30, 21h15
Setúbal Auditório CharlotAv. Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446O Prodígio M12. 16h, 21h30 Cinema City Alegro SetúbalC. Comercial Alegro Setúbal. T. 265239853Maze Runner: Provas de Fogo 11h25, 16h30; Evereste M12. 13h55, 19h10, 23h50; Black Mass - Jogo Sujo M16. 11h20, 13h20, 19h40, 22h, 00h30; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 11h10, 13h, 15h10, 17h30, 19h45, 00h15 (V.Port.), 17h35, 21h55 (V.Orig.), ; Um Momento de Perdição 13h30, 17h30, 19h35, 21h45; À Procura de Uma Estrela M12. 13h30, 15h30, 17h40, 19h40, 21h50, 24h; A Ovelha Choné - O Filme M6. 11h35, 15h35 (V.Port.); Sicario - Infiltrado M12. 11h20, 13h40, 16h10, 18h50, 21h35, 00h20; O Estagiário M12. 15h45, 18h20, 21h25, 23h55; The Walk - O Desafio M12. 21h40, 00h15; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 11h45, 13h45 (V.Port.) ; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 11h30, 13h30, 15h30 (V.Port.); Perdido em Marte M12. 15h40, 18h30, 21h20, 00h10; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h25, 16h, 18h40, 21h30, 00h05
Faro Cinemas Nos Fórum AlgarveC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Black Mass - Jogo Sujo M16. 21h, 23h40; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 10h40, 13h20, 15h50, 18h20
(V.Port.); Sicario - Infiltrado M12. 12h40, 15h30, 21h10, 23h50; Um Momento de Perdição 18h10; Perdido em Marte M12. 12h25, 15h25, 18h25, 21h20, 00h15; À Procura de Uma Estrela M12. 13h10, 15h55, 18h40, 21h35, 24h; A Ovelha Choné - O Filme M6. 11h (V.Port.); Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h, 15h40, 18h30, 21h25, 00h05
EXPOSIÇÕESLisboaA MontraCalçada da Estrela, 132. T. 213954401 Cabelo e Mãos De Pedro Barateiro. De 24/10 a 29/11. Todos os dias 24h. Performance, Outros. Arquivo FotográficoRua da Palma, 246. T. 218844060 (Ante) Câmara – Cibachrome De 5/10 a 27/11. 2ª a Sáb das 10h às 19h. Fotografia, Objectos. Mi.nús.cu.lo De Eduardo Portugal. De 25/9 a 23/1. 2ª a Sáb das 10h às 19h. Fotografia. Arquivo Nacional da Torre do TomboAlameda da Universidade. T. 217811500 Anões às Costas dos Grandes Gigantes do Passado. Poder, Mitos, Memórias na Sociedade Medieval: Contributos de Luís Krus De 1/10 a 31/10. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 12h30. Documental. Biblioteca Nacional de PortugalCampo Grande, 83. T. 217982000 Aldo Manuzio (ca 1450-1515): o inventor do itálico De 22/9 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental, Outros. Arte de ser português De 1/10 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental, Objectos. Da Inquietude à Transgressão: eis Bocage... De 17/9 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental, Objectos. Imprensa Empresarial em Portugal: 145 Anos de Jornais de Empresa (1869-2014) De 6/10 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental, Objectos. Ramalho Ortigão. Um publicista em fim de século De 25/9 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental, Objectos. Casa dos BicosRua dos Bacalhoeiros. T. 218802040 Núcleo Arqueológico da Casa dos Bicos A partir de 14/7. 2ª a Sáb das 10h às 18h. Objectos, Documental. Centro de Arte ModernaR. Doutor Nicolau Bettencourt. T. 217823474 Tensão e Liberdade De Bruce Nauman, Antoni Muntadas, Martin Kippenberger, Asier Mendizabal, Roni Horn, Ana Hatherly, Ângela Ferreira, entre outros. De 19/6 a 26/10. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 17h45. Escultura, Fotografia, Vídeo. X de Charrua De António Charrua. De 19/6 a 26/10. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 17h45. Pintura. ChiadoLargo do Chiado. Coming Out De vários autores. De 29/9 a 1/1. Todos os dias 24h. Outros. Chiado 8 - Arte ContemporâneaLargo do Chiado, 8. T. 213237335 Ângela Ferreira e Fernanda Fragateiro De 24/7 a 30/10. 2ª a 6ª das 12h às 20h. Escultura. Fundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 Lourdes Castro. Todos os Livros De 9/7 a
26/10. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 17h45. Objectos, Documental. Meeting Point: Fantin-Latour/Manuel Botelho De 25/6 a 26/10. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 17h45. Fotografia, Pintura. Fundação José SaramagoRua dos Bacalhoeiros. T. 218802040 José Saramago: a Semente e os Frutos A partir de 13/6. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 10h às 14h. Documental, Biográfico, Outros. Galeria João Esteves de OliveiraRua Ivens, 38. T. 213259940 Caderno de Alhambra De Manuel Aires Mateus. De 17/9 a 7/12. 2ª das 15h às 19h30. 3ª a 6ª das 11h às 19h30. Sáb das 11h às 13h30 e das 15h às 19h30. Desenho, Arquitectura. Galeria MillenniumRua Augusta, nº84. Within Light. Inside Glass De vários autores. De 16/9 a 9/1. 2ª a Sáb das 10h às 18h. Objectos, Instalação. Galeria Quadrado AzulR. Reinaldo Ferreira, 20-A. T. 213476280 Make do De Paulo Nozolino. De 2/10 a 24/12. 2ª a Sáb das 15h às 19h30. Fotografia. Galeria RattonR. da Academia das Ciências. T. 213460948 O Azulejo e a Palavra De Andreas Stöcklein, Pedro Proença. De 17/9 a 15/11. 2ª a 6ª das 10h às 13h e das 15h às 19h30. Cerâmica.
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S E S S Ã O R E C O M E N D A D A A FA M Í L I A S
34 | PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015
Tirée par... a Rainha D. Amélia e a Fotografia no Palácio Nacional da Ajuda
DR
SAIRGaleria São MamedeRua da Escola Politécnica, 167. T. 213973255 Friso das Consequências da Noite De Fala Miriam. De 15/10 a 10/11. 2ª a 6ª das 11h às 20h. Sáb das 11h às 19h. Pintura. Pintura Recente De Manuel Salinas. De 15/10 a 10/11. 2ª a 6ª das 11h às 20h. Sáb das 11h às 19h. Pintura. GiefarteRua Arrábida, 54B. T. 213880381 Caminhando pelos céus De Maria Pia Oliveira. De 6/10 a 5/11. 2ª a 6ª das 11h às 14h e das 15h às 20h. Desenho. Jardim Botânico de LisboaRua da Escola Politécnica, 58. T. 213921800 As Plantas do Tempo dos Dinossáurios A partir de 23/11. Todos os dias das 09h às 20h (Horário de Verão), das 09h às 18h (Horário de Inverno). Botânica. Jardim Botânico Tropical Largo dos Jerónimos - Belém . T. 213637023 Pato Mudo A partir de 25/10. Todos os dias 24h. Instalação, Azulejo. Largo do IntendenteLargo do Intendente. Kit Garden De Joana Vasconcelos. A partir de 5/10. Todos os dias. Escultura, Instalação. Lisboa Story CentreTorreão Nascente. T. 916440827 Memórias da Cidade A partir de 11/9. Todos os dias das 10h às 20h (última admissão às 19h). Documental, Interactivo, Outros. Museu da CervejaTerreiro do Paço. T. 210987656 Contos Murais De Júlio Pomar. A partir de 3/4. Todos os dias das 12h às 23h. Azulejo. Museu da FarmáciaRua Marechal Saldanha, 1. T. 213400680 Arte e Ciência em Luís Dourdil De 21/3 a 14/11. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Pintura. Museu das ComunicaçõesRua do Instituto Industrial, 16. T. 213935000 Casa do Futuro A partir de 1/3. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb às 16h. Design, Outros. Exposição Permanente. Elogio do Selo De 10/10 a 30/11. 2ª a 6ª das 10h às 18h (Última 5ª do mês até às 22h). Sáb das 14h às 18h. Objectos, Documental. Ida e Volta - Arte Postal De Carlos Barroco, Paul St-Jean. De 10/10 a 31/12. 2ª a 6ª das 10h às 18h (Última 5ª do mês até às 22h). Sáb das 14h às 18h. Objectos, Outros. Mala Posta A partir
Leiria
Mimo - Museu da Imagem em MovimentoLg de S. Pedro - Cerca Castelo. T. 244839675 O Fascínio do Olhar A partir de 12/3. 2ª a 6ª das 14h às 18h. Objectos, Outros. Exposição Permanente. Território Comum. Imagens do Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa, 1955-1957 De 1/6 a 31/12. 2ª a 6ª das 10h às 13h e das 14h às 17h30. Sáb das 14h às 17h30. Fotografia.
MoraFluviário de MoraParque Ecológico do Gameiro. T. 266448130 Biodiversidade dos Rios Portugueses A partir de 22/3. Todos os dias das 10h às 17h. Ciência, Outros. Biotério A partir de 11/9. Todos os dias das 10h às 17h. Biologia.
SetúbalBela VistaO Museu está na Rua De João Limpinho, entre outros. A partir de 15/9. Todos os dias 24h. Escultura.
SintraPalácio Nacional da PenaEstrada da Pena. T. 219237300 Vitrais e Vidros: Um Gosto de D. Fernando II A partir de 21/9. Todos os dias das 10h às 18h. Pintura, Outros.
TomarConvento de CristoConvento de Cristo. T. 249313481 Caixa - Considerações Sobre o Lugar De 17/10 a 27/12. Todos os dias das 09h às 17h30. Desenho, Outros. Erosão De 27/6 a 22/11. Todos os dias das 09h às 17h30.
Vila Nova da BarquinhaVila Nova da Barquinha Parque de Escultura Contemporânea Almourol A partir de 6/7. Todos os dias. Escultura.
MÚSICALisboaPalácio FozPç. dos Restauradores. T. 213221200 Dryads Duo Com Carla Manuel Santos (violino), Saul Batista Picado (piano). Dia 26/10 às 18h. Sabotage ClubRua de São Paulo, 16. T. 213470235 Bell Witch + Monarch + Vaee Solis Hoje às 22h. Teatro Nacional de São CarlosLargo de São Carlos, 17. T. 213253045 Madama Butterfly Com Coro do Teatro Nacional de São Carlos. Com Hye-Youn Lee, Cátia Moreso, Carolina Figueiredo, Antonio Gandia, Luís Rodrigues, Mário João Alves, Marco Alves dos Santos, Mário Redondo, João Oliveira, Costa Campos, Nuno Cardoso, Ana Serôdio, Ana Luísa Cardoso, Maria do Anjo Albuquerque. Orq.: Orquestra Sinfónica Portuguesa. Enc. Tim Albery. Mús. Giacomo Puccini. De 20/10 a 1/11. Todos os dias às 20h (dias 20, 22, 24, 26 e 28 Outubro). Dom às 16h (dia 1 Novembro). Tragédia japonesa em 2 actos.
FESTIVAISLisboaMaria Matos Teatro MunicipalAvenida Frei Miguel Contreiras, 52. T. 218438801 Nenhuma Entrada Entrem Comp.: Projecto Teatral. De 22/10 a 27/10. 2ª, 3ª, 5ª, Sáb e Dom às 21h30 (apresentação da peça “Ditado”, na Sala Principal). 6ª às 19h. De 24/10 a 27/10. 2ª, 3ª, Sáb e Dom às 19h (apresentação da peça “Teatro”, na Sala Principal). De 19/11 a 21/11. 5ª a Sáb às 21h30 (apresentação da peça “Coro”, na Sala Principal). De 17/12 a 19/12. 5ª a Sáb às 21h30 (apresentação da peça “Transiberiano”, na Sala Principal).
SAIRde 1/12. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 14h às 18h. Objectos, Outros. Exposição Permanente. Vencer a Distância - Cinco Séculos de Comunicações em Portugal A partir de 2/5. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 14h às 18h. Exposição permanente. Museu do Combatente no Forte do Bom SucessoForte do Bom Sucesso. T. 213017225 A História da Aviação Militar A partir de 16/10. Todos os dias das 10h às 17h. Documental. Exposição permanente. Guerra do Ultramar - 50 anos depois A partir de 11/2. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb, Dom e feriados das 10h às 17h. Documental, Objectos, Outros. Permanente. O Combatente Português do Século XX A partir de 10/12. Todos os dias das 10h às 17h. Documental, Objectos, Outros. Permanente. Oceanário de LisboaEsplanada Dom Carlos I . T. 218917000 Florestas Submersas De Takashi Amano. A partir de 22/4. Todos os dias das 10h às 20h (Verão); das 10h às 19h (Inverno). Dia 25 de Dezembro das 13h às 18h, dia 1 de Janeiro das 12h às 18h. Palácio Nacional da AjudaLargo da Ajuda. T. 213637095 Ricordo di Venezia. Vidros de Murano da Casa Real Portuguesa De vários autores. De 21/7 a 29/11. 2ª, 3ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Objectos. Tirée par... a Rainha D. Amélia e a Fotografia De 30/9 a 20/1. 2ª, 3ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h (última entrada às 17h30). Fotografia, Documental. São Roque TooRua de São Bento, 269. T. 213970197 Costa Pinheiro, O Pintor Ele-Mesmo De 24/9 a 31/12. 2ª a Sáb das 10h30 às 19h30. Sociedade Nacional de Belas ArtesR. Barata Salgueiro, 36. T. 213138510 Índios e Outras Gentes De Ema Berta. De 6/10 a 27/10. 2ª a 6ª das 12h às 19h. Pintura.
AlmadaMuseu NavalOlho de Boi - Ginjal. T. 212724982 Na Rota do Progresso: a Indústria Naval em Almada A partir de 26/5. 2ª a Sáb das 09h30 às 13h e das 14h às 17h30.
Amadora
Academia Militar - Aquartelamento da AmadoraAv. Conde Castro Guimarães. T. 214985660 Portugal e a Grande Guerra De 5/10 a 11/11. 2ª a 6ª das 09h às 13h e das 14h às 18h. Sáb e Dom das 14h às 19h. Documental, Objectos. Biblioteca Municipal Fernando Piteira SantosAv. Conde Castro Guimarães. T. 214369054 As Viagens Portuguesas e o Encontro de Civilizações De 16/3 a 29/1. 3ª a 6ª das 10h às 19h e das 20h às 00h. 2ª e Sáb das 10h às 18h e das 20h às 00h. Documental.
BarcarenaFábrica da Pólvora de BarcarenaEstrada das Fontaínhas. T. 214387460 Exposição Permanente de Arqueologia do Concelho de Oeiras A partir de 16/6. 2ª a 6ª das 14h às 17h. Arqueologia. Na Casa do Salitre.
DafundoAquário Vasco da GamaRua Direita do Dafundo, 1. T. 214196337 Selvas da América Central – Diário Gráfico de Luísa Ferreira Nunes De 24/1 a 31/12. Todos os dias das 10h às 18h Bilheteira. Desenho, Ciência, Crianças.
EstorilGaleria de Arte do Casino do EstorilPç José Teodoro dos Santos. T. 214667700 Terra Separada II De Fernando Gaspar. De 17/10 a 18/11. Todos os dias das 15h às 00h Maiores de 18. Pintura.
FARMÁCIASLisboaServiço PermanenteDa Luz (Luz - Metros Laranjeiras) - Estrada da Luz, 124 - A / Rua Ginestal Machado, 14 - Tel. 217210990 Esperança - Rua Carlos Mardel, 101-B - Tel. 218482868 Marbel (Alvalade - Avª. do Brasil) - Avª. de Roma, 131 - A - Tel. 217993770 Sousa Martins - Rua Sousa Martins, 21-A - Tel. 213162468 Principe Real (São Mamede) - Rua da Escola Politécnica, 16-18 - Tel. 213425455 Exposul (Santa Maria dos Olivais) - Alameda dos Oceanos, Lote 2.06.05, Loja H - Tel. 218967033
Outras LocalidadesServiço PermanenteAbrantes - Silva Tavares (Alferrarede) Alandroal - Santiago Maior , Alandroalense Albufeira - Piedade Alcácer do Sal - Alcacerense Alcanena - Correia Pinto Alcobaça - Epifânio Alcochete - Cavaquinha , Póvoas (Samouco) Alenquer - Higiene (Carregado) Aljustrel - Pereira Almada - Moderna (Laranjeiro) , Pepo (Vila Nova da Caparica) Almeirim - Central Almodôvar - Ramos Alpiarça - Leitão
Alter do Chão - Alter , Portugal (Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama , Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Casal do Mira , São Jorge Ansião - Teixeira Botelho , Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Misericórdia Arronches - Batista , Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva , Nova, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Barreiro - Palhais (Charneca de Caparica) Batalha - Ferraz , Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Palma Belmonte - Costa , Central (Caria) Benavente - Miguens , Mendes (Porto Alto) Bombarral - Miguel Borba - Carvalho Cortes Cadaval - Central , Luso (Fev,Abr,Jun) (Vilar Cadaval (Fev,Abr,Jun)) Caldas da Rainha - Caldense Campo Maior - Campo Maior Cartaxo - Pereira Suc. Cascais - Carvalho (Alcabideche) , Santos Ferreira (Carcavelos), Guimarães
(São Domingos de Rana) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco - Leal Mendes Castelo de Vide - Roque Castro Verde - Alentejana Chamusca - Joaquim Maria Cabeça , Pinto Rodrigues (Parreira) Constância - Baptista , Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Misericórdia Covilhã - da Alameda Crato - Misericórdia Cuba - Da Misericórdia Elvas - Europa Entroncamento - Almeida Gonçalves Estremoz - Costa Évora - Paços Faro - Caniné Ferreira do Alentejo - Singa Ferreira do Zêzere - Graciosa , Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda) , Serra Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide) Fundão - Avenida Gavião - Gavião , Pimentel Golegã - Salgado Grândola - Costa Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova) , Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - Lagoa Lagos - Ribeiro Lopes Leiria - Vida Loulé - Miguel Calçada , Martins, Maria Paula (Quarteira), Paula (Salir) Loures - Alto da Eira , Faria (Santo António dos Cavaleiros) Lourinhã -
Quintans (Foz do Sousa) , Liberal (Reguengo Grande) Mação - Catarino Mafra - Marques (Azueira) , Coral Marinha Grande - Roldão Marvão - Roque Pinto Mértola - Pancada Moita - Cristina Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Central Montijo - São Pedro Mora - Canelas Pais (Cabeção) , Falcão, Central (Pavia) Moura - Nova de Moura Mourão - Central Nazaré - Sousa , Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos) , Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Gonçalves , Universo (Caneças) Oeiras - Marta (Linda-a-Velha) , Dias (Paço de Arcos) Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros) , Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Rocha Ourém - Beato Nuno , Leitão Ourique - Nova (Garvão) , Ouriquense Palmela - Tavares de Matos (Pinhal Novo) Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Melo Peniche - Central Pombal - Barros Ponte de Sor - Cruz Bucho Portel - Fialho Portimão - Carvalho Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda , Daniel de Matos (Sobreira Formosa)
Reguengos de Monsaraz - Paulitos Rio Maior - Candido Barbosa Salvaterra de Magos - Martins Santarém - Verissimo Santiago do Cacém - Jerónimo Sardoal - Passarinho Seixal - Duarte Ramos (Amora) Serpa - Oliveira Carrasco Sertã - Lima da Silva , Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - da Cotovia Setúbal - Brasil , Higiene Silves - Dias Neves , Guerreiro Sines - Atlântico , Monteiro Telhada (Porto Covo) Sintra - Campos , Almargem (Algueirão - Mem Martins), Domus Massamá (Massamá) Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Mendes Dordio (Cano) , Andrade Tavira - Sousa Tomar - Torres Pinheiro Torres Novas - Lima Torres Vedras - Torreense Vendas Novas - Ribeiro Viana do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Mercado (Alverca) , Romeiras (Forte da Casa), Roldão Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) , Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira Vila Real de Santo António - Carmo Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Monte Alvito - Baronia
PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015 | 35
RTP16.30 Bom Dia Portugal 10.00 A Praça - Directo 13.00 Jornal da Tarde 14.30 Os Nossos Dias 15.45 Agora Nós - Directo 18.00 Portugal em Directo 19.00 O Preço Certo 20.00 Telejornal 21.15 Bem-vindos a Beirais 22.00 Prós e Contras 00.15 5 Para a Meia-Noite 1.15 O Direito e o Avesso 2.15 Os Nossos Dias 3.00 Agora Nós
RTP 27.00 Zig Zag 11.00 Desalinhado 12.58 Plauteau 14.00 Sociedade Civil 15.00 A Fé dos Homens 15.30 Euronews 16.00 Zig Zag 20.30 Pais Desesperados 21.00 Jornal 2 21.40 Página 2 - Directo 21.55 Hora da Sorte - Lotaria 2015 22.00 Mad Men 22.50 Visita Guiada 23.36 Tadao Ando 00.10 Portugal 3.0 1.10 Esec-TV 1.40 Sociedade Civil 2.40 Euronews
SIC6.15 Violetta 7.00 Edição da Manhã 8.30 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.15 Queridas Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.40 Dancin Days 15.20 Duas Caras 15.45 Grande Tarde 18.40 Babilónia 20.00 Jornal da Noite 21.30 Coração d´Ouro 22.30 Poderosas 23.55 A Regra do Jogo 00.55 Investigação Criminal 1.30 Investigação Criminal Los Angeles 2.30 Podia Acabar o Mundo
TVI6.30 Diário da Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.45 Mundo Meu 16.00 A Tarde é Sua 19.15 A Quinta 20.00 Jornal das 8 21.45 A Única Mulher 22.45 Santa Bárbara 23.45 A Quinta 1.00 Os Irmãos Donnelly 2.00 Ora Acerta 3.15 Fascínios 4.00 Dr. House
TVC110.20 Quando Tudo Está Perdido 12.10 Duas Vidas 13.50 Janela Aberta 15.30 De Qualquer Lugar 17.00 Bem Vindo à Selva 18.35 Nightcrawler - Repórter na Noite 20.35 Paixões Unidas 22.30 John Wick 00.15 Quando Tudo Está Perdido 2.05 Nightcrawler - Repórter na Noite 4.05 Paixões Unidas 5.55 Pudsey: Este Cão é Um Herói
FOX MOVIES9.41 21 Gramas 11.38 Um Golpe em Itália 13.26 O Pacificador 15.32 Jogos de Poder 17.06 Os Miseráveis 19.16
Ágora 21.15 Icarus, Máquina de Guerra 22.45 D-Tox 00.16 Academia de Polícia 3 - De Volta aos Treinos 1.38 Fanaticamente Apaixonados 3.19 A Águia da Nona Legião
HOLLYWOOD9.10 Um Polícia no Jardim-Escola 11.00 A Terra do Sol 13.15 George - O Rei da Selva 14.45 Red Eye 16.15 John Carter 18.30 A Máquina 20.15 O Candidato da Verdade 22.30 Tombstone 00.45 A Janela Secreta 2.25 A Última Caminhada 4.30 Silverado
AXN13.33 Inesquecível 15.13 Castle 16.57 Mentes Criminosas 18.39 Inesquecível 20.19 Castle 22.15 Quantico 23.13 Castle 00.10 Mentes Criminosas 1.50 Perception 3.16 Inesquecível 4.41 Quantico
AXN BLACK13.35 22 Balas 15.26 Círculo de Confiança 17.01 Os Crimes dos Rios de Púrpura 18.46 Reino Animal 20.38 Crank - Veneno no Sangue 22.00 Gangster Americano 00.37 Resistentes 2.42 Reino Animal 4.32 Crank - Veneno no Sangue
AXN WHITE12.08 Filme: Mulheres Giras 13.59 Filme: Zack e Miri Fazem um Porno 15.39 Filme: Mulheres Giras 17.30 A Teoria do Big Bang 19.04 Era Uma Vez 20.40 Trocadas à Nascença 21.30 Filme: Zack e Miri Fazem um Porno 23.11 Filme: Boas Vibrações 00.47 Trocadas à Nascença 1.34 Traição 2.21 Pequenas Mentirosas 3.53 Trocadas à Nascença 4.39 Pequenas Mentirosas
FOX13.00 Os Simpsons 13.42 Hawai Força Especial 15.20 Investigação Criminal: Los Angeles 16.56 Sob Suspeita 18.39 Hawai Força Especial 20.27 Investigação Criminal: Los Angeles 22.15 The Walking Dead 23.10 Sleepy Hollow 00.06 Investigação Criminal: Los Angeles 00.58 Hawai Força Especial 1.52 Sob Suspeita 3.26 Spartacus, Sangue e Arena
FOX LIFE12.25 A Patologista 14.00 Filme: In the Dark 15.33 A Patologista 17.08 Filme: The Good Mother 18.42 Rizzoli & Isles
19.34 A Patologista 21.24 Rizzoli & Isles 22.20 Filme: Alfie e as Mulheres 00.08 Filme: The Perfect Boyfriend 1.53 Masterchef USA 2.38 Em Contacto 4.19 Ossos
DISNEY15.10 Lab Rats 15.35 O Meu Cão Tem um Blog 16.00 Aladdin 16.50 Galáxia Wander 17.05 Gravity Falls 17.30 Phineas e Ferb 17.55 Os 7A 18.25 K.C. Agente Secreta 18.47 Tsum Tsum 19.00 Violetta 19.55 O Meu Cão Tem um Blog 20.45 Crash e Bernstein 21.06 The Next Step 21.30 Violetta 22.25 Riley e o Mundo 22.50 A Minha Babysitter é Um Vampiro 23.13 Sabrina: Segredos de uma Bruxa 23.35 Randy Cunningham: Ninja 23.57 Rekkit Rabbit 00.20 Casper - O Fantasminha 00.45 Randy Cunningham: Ninja Total 1.10 Sabrina: Segredos de uma Bruxa 1.33 Casper - O Fantasminha 1.57 Rekkit Rabbit 2.45 Randy Cunningham: Ninja Total 3.30 Casper - O Fantasminha 4.20 W.I.T.C.H. 5.04 Casper - O Fantasminha 5.53 Rekkit Rabbit
DISCOVERY17.25 Pesca Radical: Os Novatos 18.20 Pesca Radical 20.10 A Febre do Ouro - América do Sul 21.05 A Febre do Ouro 22.00 NASA, Ficheiros Secretos 3.20 Alasca, Batalha no Mar 4.50 Os Caçadores de Mitos 5.35 Caçadores de Leilões
HISTÓRIA17.08 Os Segredos da Bíblia 18.36 Alienígenas 19.20 Em Busca de Extraterrestres 20.03 Caça Tesouros 22.17 O Preço da História 23.00 Treblinka 23.47 Os Libertadores 00.42 Loucos por Carros 2.46 O Preço da História 3.29 Perdidos no Alasca 4.58 Mistérios Enterrados
ODISSEIA17.28 Plantas Carnívoras 18.22 Natureza Letal 360 19.20 Invasores Letais 20.11 Medicina do Mundo 21.04 A CIA a Nu 21.54 A Origem das Coisas 22.38 Rude Tube 23.30 Negócios do Lado Obscuro 00.14 Fantasias! Sexo, Ficção e Tentação 1.07 A Origem das Coisas 1.52 Rude Tube 2.44 Negócios do Lado Obscuro 3.29 Fantasias! Sexo, Ficção e Tentação 4.24 Natureza Letal 360 5.26 Freakshow
FICAR
CINEMAReino Animal [Animal Kingdom]AXN Black, 18h46Primeira longa-metragem de
fi cção de David Michod, que
ganhou o Prémio de Melhor
Filme no Festival de Sundance,
em 2010. No submundo do
crime de Melbourne (Austrália),
os delinquentes e uma polícia
igualmente perigosa travam
uma batalha sem fi m. Neste
contexto, conhecemos o dia-
a-dia da família Cody: Janine
“Smurf”, a matriarca da
família; Pope e o seu parceiro,
Barry Brown, criminosos
constantemente perseguidos
por polícias que os querem
ver mortos; Craig, amante
de velocidade e trafi cante de
drogas; e, fi nalmente, Joshua
“J”, o mais jovem da família, que
ingenuamente se vai iniciando
naquele modo de vida. Entre
eles intromete-se Nathan Leckie,
um perseverante detective.
Difícil Renúncia [Loves Labours Lost]Cinemundo, 21h00Kenneth Branagh transpôs a peça
de Shakespeare Loves Labours
Lost para o século XX, num
registo de comédia musical, cuja
banda sonora inclui temas de
Cole Porter e Irving Berlin, entre
outros. Difícil Renúncia passa-se
no fi nal dos anos 1930, quando
a ameaça nazi paira sobre a
Europa. Completamente alheios
à realidade, o rei de Navarra e
três dos seus melhores amigos
fazem um juramento de honra:
durante um largo período de
tempo terão uma vida monástica,
dedicada ao estudo da fi losofi a,
estando proibida qualquer relação
amorosa ou mesmo a presença de
mulheres…
Bekas e o Sonho Americano [Bekas]TVC2, 23h30Comédia dramática escrita e
dirigida pelo jovem realizador
curdo Karzan Kader, que usa o
humor para fazer uma refl exão
sobre a guerra sob o ponto de
vista de duas crianças. Zana e
Dana são dois irmãos, de sete e
nove anos, a viver no Curdistão
iraquiano, em 1990. Sobrevivem
nas ruas, órfãos de pai e mãe
mortos na guerra de Saddam
Hussein. Um dia, quando se
introduzem em segredo num
cinema, descobrem a existência
de uma personagem que julgam
ser a solução para todos os seus
problemas: o Super-Homem.
Desejosos de conhecer de perto
o homem mais forte e justo de
que alguma vez ouviram falar
— e sem nada que os prenda
àquele lugar devastado —,
decidem pegar na sua velha
mula chamada Michael Jackson e
seguir viagem rumo à América.
Quando Tudo Está Perdido [All is Lost]TVC1, 00h15Com realização e argumento
de J.C. Chandor, um fi lme
dramático quase sem diálogos,
que conta com Robert Redford
como único protagonista.
SÉRIE
Madam SecretaryTVSéries, 22h00Estreia. O drama político criado
por Barbara Hall e produzido
por Lori McCreary e Morgan
Freeman torna a seguir os passos
de uma ex-agente da CIA que vê
a sua vida mudar por completo
depois de aceitar um cargo como
secretária de Estado. A segunda
temporada da série apresenta-
se com uma particularidade
interessante: Madeleine Albright,
que foi secretária de Estado dos
Estados Unidos no mandato do
presidente Bill Clinton, faz parte
do elenco e interpreta o papel
de… Madeleine Albright. É ela
quem vai aconselhar Elizabeth
Adams McCord (Téa Leoni)
numa situação complicada com
um conselheiro da Segurança
Nacional.
DOCUMENTÁRIO
PlateauRTP2, 12h58Filmado maioritariamente no
Teatro Municipal São Luiz, em
Lisboa, Plateau afi rma-se como
uma “versão desglamourizada
do universo do espectáculo e dos
seus intervenientes”. Ruy Otero e
Steve Stoer fi zeram uma viagem
aos bastidores da peça Durações
de Um Minuto, da coreógrafa Clara
Andermatt e do realizador Marco
Martins, escrita por Gonçalo M.
Tavares, apresentada naquela sala
em 2010.
Tadao Ando, RTP2, 23.36TaRT
36 | PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015
JOGOSCRUZADAS 9325
BRIDGE SUDOKU
TEMPO PARA HOJE
A M A N H Ã
Açores
Madeira
Lua
NascentePoente
Marés
Preia-mar
Leixões Cascais Faro
Baixa-mar
Fonte: www.AccuWeather.com
PontaDelgada
Funchal
Sol
20º
Viana do Castelo
Braga14º 21º
Porto15º 20º
Vila Real12º 17º
14º 21º
Bragança9º 15º
Guarda11º 13º
Penhas Douradas9º 12º
Viseu13º 15º
Aveiro17º 20º
Coimbra16º 19º
Leiria16º 20º
Santarém16º 21º
Portalegre13º 16º
Lisboa16º 21º
Setúbal16º 21º Évora
15º 20º
Beja16º 20º
Castelo Branco14º 18º
Sines17º 19º
Sagres18º 21º
Faro18º 21º
Corvo
Graciosa
FaialPico
S. Jorge
S. Miguel
Porto Santo
Sta Maria
15º 18º
16º 21º
Flores
Terceira14º 18º
17º 23º
17º 23º
15º 18º
20º
20º
06h57
Cheia
17h44
12h0527 Out.
1m
4-6m
21º
4-6m
23º0,5-1m
23º 2m
13h43 3,702h08* 3,6
07h30 0,419h55 0,2
13h18 3,701h43* 3,6
07h04 0,519h29 0,4
13h25 3,601h50* 3,5
07h02 0,419h27 0,3
2-2,5m
1-2m
4-6m
18º
19º
*de amanhã
Horizontais: 1. Elogio. Limpar o nariz de mucosidades. 2. Grande vegetal le-nhoso, cujos ramos saem a certa altu-ra do tronco. Tombam. 3. Abençoado. Redução das formas linguísticas “de” e “a” numa só. 4. Grupo de cem unidades. Cloreto de sódio. 5. Multiplicativo de unidades de medida, com o símbolo T, a significar 1 bilião de vezes. Vento brando e aprazível. 6. Peixe muito consumido, essencialmente, em conserva. Africano. 7. Opinião política (fig.). Interjeição que designa repulsa ou raiva. Variante do pronome “o”. 8. Charrua. Mamífero carnívoro da família dos Ursídeos. 9. Publica. Nosso Senhor (abrev.). 10. Partícula de negação. Espaço de 12 me-ses. Elemento de formação de palavras que exprime a ideia de eu. 11. Regular por dose. Que é de pedra ou da nature-za dela.
Verticais: 1. Sexta nota musical. Molusco que vive nos rochedos ou no costado dos navios. Neodímio (s.q.). 2. Globo. Pedaço de terra endurecido. 3. Peripécia. Eles. 4. Dia anterior ao de hoje. Preposição que designa posse. 5. Sensação de calor intenso. Misturar com iodo. 6. Estou informado. Rio suí-ço. Prefixo (negação). 7. A tua pessoa. Carpo (pl.). 8. Vazio. Ave da família dos psitacídeos, de plumagem rica e cau-da longa. 8. Autores (abrev.). Transpiro. Prefixo (separação). 10. Lançar a rede. Distante. 11. Carneiro de meia idade ou de um ano (regional). Produzo som. Depois do problema resolvido encon-tre o provérbio nele inscrito (7 pala-vras).
Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Anafar. Agir. 2. Balir. Drama. 3. Ataviar. 4. Es. IGREJA. 5. UM. Cena. 6. Amarelo. Sic. 7. Girafa. Coze. 8. Irene. Pra. 9. Acudia. Mu. 10. Todo. Lavrar. 11. Amora. Ronda.Verticais: 1. Abre. Agiota. 2. NA. Sumir. Om. 3. Ala. Mareado. 4. Fita. Rancor. 5. Ara. Cefeu. 6. Viela. Dl. 7. Digno. Piar. 8. Arara. CRAVO. 9. Gare. Soa. Rn. 10. Im. Juiz. Mad. 11. Rapa. Cesura.Título da Obra: Um Cravo na Igreja.
Oeste Norte Este Sul 2STpasso 3♣ passo 3♦
passo 3ST Todos passam
Leilão: Equipas ou partida livre.
Carteio: Saída: 5♥. O adversário em Este apresenta a Dama de copas e o seu Rei faz a vaza. Como continuaria?
Solução: Depois de indagar sobre os ricos, Norte fechou em 3ST sobre a res-posta negativa de Sul.Se as copas estiverem divididas 5-2, jo-gar pelos paus poderá oferecer à defe-sa cinco vazas: três copas e Ás e Rei de paus. Um resultado semelhante poderá suceder mesmo se a Dama de ouros for apresentada à segunda vaza e devida-mente respeitada pelos adversários.Uma ideia melhor é planear apurar o nai-pe de ouros. Depois de fazer o Rei de co-pas, encaixe Ás e Rei de espadas. Se to-dos assistirem, jogue Ás e Dama de ou-ros. Vamos assumir que a defesa deixa fazer (ou o problema ficaria resolvido), tire mais duas voltas de espadas e balde o 10 de copas da mão, e continue com o Valete de ouros, onde balda o Valete
Dador: SulVul: Todos
Problema 6424 Dificuldade: fácil
Problema 6425 Dificuldade: médio
Solução do problema 6422
Solução do problema 6423
NORTE♠ QJ83♥ 983♦ J10985♣ 2
SUL♠ AK6♥ KJ10♦ AQ♣ QJ1095
OESTE♠ 104♥ A7652♦ K64♣ A87
ESTE♠ 9752♥ Q4♦ 732♣ K643
João Fanha/Luís A.Teixeira ([email protected]) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
de copas! Dado que necessita apenas de duas vazas a paus (ou a ouros) para cumprir o contrato, a defesa ficará sem recursos.Se as espadas se apresentarem 5-1 (ou 6-0) continuar com uma terceira volta de espadas seria perigoso. Nessa altu-ra seria mais sensato mudar de plano. Jogue a Dama de ouros. Se for captura-da, pode mais tarde baldar o Ás de ouros na quarta volta de espadas e apresentar os ouros firmes do morto. Se a Dama de ouros fizer a vaza, mude para paus na es-perança de que os adversários não con-seguirá fazer mais do que duas vazas a copas (copas 6-1 ou 4-3).
Considere o seguinte leilão:Oeste Norte Este Sul 1♦ 1♠ ?
O que marca em Sul, com cada uma das seguintes mãos?1. ♠7 ♥A83 ♦QJ943 ♣Q972 2. ♠102 ♥Q107 ♦K109543 ♣8623.♠83 ♥AJ84 ♦AJ5 ♣A1092 4. ♠2 ♥10932 ♦KJ1094 ♣AQJ
Respostas: 1. 2♠ – Dado que o salto para 3 ouros está reservado para mãos mais fracas, o cue-bid pode servir também para po-der mãos que tem fit a ouros e alguma esperança de partida. Na volta seguinte irá marcar 3 ouros para completar a des-crição da sua mão.2. 3♦ – Eis uma mão indicada para apoiar em salto, depois de uma intervenção.3. X – Para começar, indique as suas quatro cartas de copas, depois o cue-bid para mostrar a força.4. X – Um cue-bid negaria quatro cartas de copas. È primordial explorar primei-ro o fit num rico antes de apoiar o menor de abertura do parceiro.
MeteorologiaVer mais emwww.publico.pt/tempo
PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015 | DESPORTO | 37
“Leões” apresentaram-se na Luz como conjunto coeso, solidário e pressionante
RAFAEL MARCHANTE/REUTERS
Jesus assombrou a Luz com a maior vitória do Sporting desde 1948
Vencer o Benfi ca no Estádio da Luz
por três golos de diferença é uma si-
tuação anómala, pelo menos para o
Sporting, que não o fazia há 68 tem-
poradas, mas ontem estava sentado
no banco “leonino” Jorge Jesus e isso
fez toda a diferença. O regresso do
técnico a uma casa onde ganhou 11
títulos em seis temporadas foi demo-
lidor, assim como a exibição da sua
equipa, que interrompeu um jejum
de 10 anos sem triunfos no recinto
“encarnado”. O “mestre da táctica”
bateu por KO Rui Vitória, aumentou
para oito pontos a diferença para os
bicampeões nacionais e aproveitou o
empate do FC Porto para se isolar no
comando da tabela classifi cativa.
Da panela de pressão em que se
transformou o derby lisboeta, foram
Jesus e o Sporting que emergiram co-
mo vitoriosos, numa partida em que
o Benfi ca até chegou a prometer, mas
em que sucumbiu a três golpes fatais
dos “leões” na primeira metade. Mui-
tas culpas para a defesa da casa, que
tremeu a cada ataque do adversário,
acumulando erros que lhe foram fa-
tais. Depois, na segunda parte, valeu
a maior frescura física da equipa de
Alvalade (que mudou dez jogadores
em relação à partida com o Skender-
beu, para a Liga Europa) para gerir a
vantagem e causar ainda um ou ou-
tro calafrio a Júlio César.
Na antevisão do clássico, Rui Vi-
tória tinha sugerido que este encon-
tro iria colocar frente a frente uma
equipa, a sua, contra 11 jogadores
do Sporting, que não sabia se for-
mariam uma equipa. A frase, pro-
vocatória ou não, teve o condão de
espicaçar os “leões”, que realizaram
a sua melhor exibição na presente
temporada. Apresentaram-se na Luz
como um conjunto coeso, solidário
e pressionante, que soube aprovei-
tar com mestria os momentos cru-
ciais do jogo para golpear a equipa
da casa.
Apostando no mesmo “onze” que
perdera na Turquia, na última quar-
ta-feira, frente ao Galatasaray para
a Liga dos Campeões, Rui Vitória
procurou explorar alguma eventu-
al intranquilidade do Sporting nos
momentos iniciais. Mas o adversário
trazia a lição bem estudada e não se
deixou intimidar pela dinâmica ata-
cante do Benfi ca, procurando sem-
pre precipitar o erro do adversário e
pressionar logo na primeira fase de
construção “encarnada”. Foi assim
que surgiu o primeiro golo, aos 9’,
quando um passe errado de André
Almeida à saída da sua área foi in-
terceptado por Adrien, com o mé-
dio sportinguista a desmarcar rapi-
damente Teo Gutiérrez. Júlio César
antecipou-se, mas afastou a bola
contra as pernas do colombiano,
que inaugurou o marcador.
Foi o primeiro balde de água gela-
da nas bancadas da Luz, enfeitadas
com 63 mil adeptos. A desvantagem
não trouxe uma reacção determi-
nada do Benfi ca. Pelo contrário, a
equipa até baixou o ritmo de jogo e
os “leões” agradeceram. E, aos 21’,
deram mais uma alfi netada no en-
contro. Com espaço, Jeff erson cru-
zou na esquerda directamente para
a cabeça de Slimani que, à vonta-
de entre os centrais, atirou para o
fundo das redes, concluindo com
uma efi cácia desarmante o tercei-
ro lance de ataque da sua equipa.
O melhor que o Benfi ca conseguiu
produzir em toda a primeira meta-
de foi um remate de Jonas, servido
por André Almeida, que saiu ligeira-
mente por cima, à passagem da meia-
uma defesa incompleta de Júlio Cé-
sar, sobrando a bola para a recarga
efi caz de Bryan Ruiz. Contido nos
dois primeiros golos, Jorge Jesus não
reprimiu o festejo do terceiro.
Os “leões” não baixaram o ritmo
no segundo tempo. A equipa até su-
biu as suas linhas, impedindo o Benfi -
ca de pensar o seu jogo ofensivo e foi
controlando efi cazmente os aconteci-
mentos até fi nal. Sem soluções, nem
arte, o Benfi ca apenas obrigou Rui
Patrício a aplicar-se aos 69’, quan-
do Naldo perdeu uma bola na linha
para Raul Jiménez, com o avançado
a permitir a defesa do guarda-redes.
A impotência e desnorte do conjunto
de Rui Vitória fi cou expressa aos 80’,
quando um atraso mal medido de
Luisão para Júlio César só não aca-
bou em autogolo porque o dono da
baliza, em esforço, desviou a bola
quase em cima da linha.
Depois de oito tentativas que aca-
baram em derrotas, Jorge Jesus con-
seguiu a primeira vitória da sua car-
reira no Estádio da Luz, na condição
de treinador visitante. Já Rui Vitória
somou o segundo desaire da tem-
porada frente ao Sporting, mas no
horizonte surge já um novo embate
entre os dois técnicos, agora para a
Taça de Portugal, em Alvalade.
REACÇÕES
“Foi um jogo atípico, em que começámos bem, a equipa estava segura. Depois é um ressalto a dar golo, que acaba por mexer com as cabeças”
“Foi uma vitória brilhante. O Sporting fez um jogo extraordinário, de grande qualidade. A vitória vai para os jogadores e para os adeptos”
Rui Vitória Benfica
Jorge Jesus Sporting
Crónica de jogoPaulo Curado
Três golos dos “leões” na primeira parte sentenciaram o derby. Rui Vitória somou a segunda derrota frente ao seu antecessor no banco do Benfi ca e fi cou a oito pontos do primeiro lugar
Benfica 0
Sporting 3Teo Gutiérrez 9’, Slimani 21’, Bryan Ruiz 36’
Positivo/Negativo
Estádio da Luz, em Lisboa.Espectadores 63.054
Benfica Júlio César, Sílvio, Luisão, Jardel, Eliseu (Fejsa, 45’ a47’, Pizzi, 67’), Samaris a40’, André Almeida, Gonçalo Guedes (Mitroglou, 77’ a83’), Gaitán a43’, Jonas a50’, Jiménez. Treinador Rui Vitória
Sporting Rui Patrício, João Pereira, Paulo Oliveira, Naldo, Jeff erson, William Carvalho a50’, Adrien Silva a58’ (Aquilani, 77’), João Mário, Bryan Ruiz a44’, Teo Gutiérrez, Slimani a43’ (Gelson Martins, 85’). Treinador Jorge Jesus
Árbitro Carlos Xistra (AF Cast. Branco)
Jorge JesusAvisara que tinha preparado muito bem o derby e demonstrou-o em campo. Nunca tinha vencido na Luz como treinador adversário, mas levou o Sporting ao maior triunfo em casa do rival desde o 4-1 de 1947-48.
SlimaniUm grande jogo do argelino, que somou o sexto golo na Liga e o quarto de cabeça. Foi uma fonte de problemas para a defesa do Benfica e solidário sempre que o Sporting perdia a bola.
Ataque do SportingSoma 17 golos nos últimos quatro jogos. Uma média impressionante que não se ressentiu com as mudanças drásticas na equipa titular.
BenficaPrevisível no ataque, constrangedor a defender. Rui Vitória perdeu o seu terceiro clássico da época e está a oito pontos do primeiro lugar.
hora. Mas, seis minutos depois, uma
nova perda de bola dos “encarnados”
precipitou o terceiro do Sporting,
que sentenciou o encontro. Slimani
conduziu o contra-ataque com total
liberdade, rematou forte para mais
38 | DESPORTO | PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015
MIGUEL RIOPA/AFP
Tello e Djavan lutam pela posse da bola
Paulo Fonseca deu um nó cego no FC Porto de Julen Lopetegui
Duas dezenas de jogos depois, o FC
Porto escorregou no Dragão. Os por-
tistas somavam até ontem 20 vitórias
consecutivas em todas as competi-
ções como anfi triões, mas um orga-
nizado Sp. Braga de Paulo Fonseca
anulou a equipa “azul e branca” e
somou um precioso ponto. Com este
empate sem golos, a equipa de Julen
Lopetegui deixa fugir o Sporting, que
passa a ser o líder isolado do cam-
peonato.
Principalmente nos últimos 15 mi-
nutos, quando o FC Porto arriscou
tudo jogando com três defesas e o Sp.
Braga acusou o desgaste da partida
contra o Marselha três dias antes, os
“dragões” provocaram muitas difi -
culdades aos minhotos e estiveram
perto do golo, mas, durante mais de
dois terços da partida, a estratégia de
Paulo Fonseca resultou em pleno.
Com um “onze” que incluía qua-
tro jogadores de características ofen-
sivas (Rui Fonte e Stojiljkovic, Alan
e Rafa), o Sp. Braga entrou melhor
e, na primeira metade dos primei-
ros 40 minutos, com uma pressão
alta, retirou iniciativa ofensiva ao
FC Porto. Com algumas alterações
na equipa inicial (Ruben Neves e
Corona começaram no banco), os
portistas demoraram a acertar a es-
tratégia, mas acabariam por criar
relativo perigo para Kritciuk por
Aboubakar (9’), Tello (39’) e André
André (40’).
O intervalo serviu para o Sp. Braga
recarregar baterias e seriam os mi-
nhotos a entrar novamente bem em
jogo, embora sem provocar calafrios
a Casillas. Com a equipa a revelar di-
fi culdades, Lopetegui fez o que não
se viu noutros jogos. Começou por
arriscar trocando Imbula por Bueno,
passando a jogar em 4x4x2, e a 15
minutos do fi m jogou no risco total,
retirando um defesa (Cissokho) e lan-
çando um médio (Rúben Neves).
A partir desse momento, o jogo
mudou e, com alguns jogadores bra-
carenses em difi culdades físicas, o FC
Porto empurrou o rival para dentro
da sua área e benefi ciou de uma mão-
cheia de oportunidades. A reacção,
no entanto, pecou por tardia e o Sp.
Braga soube resistir, retirando os
“azuis e brancos” da liderança do
campeonato.
Com este resultado, o FC Porto
permite que o Sporting passe a ser
o líder isolado, com 20 pontos, mais
dois do que os “dragões”.
REACÇÕES
“Estamos no bom caminho e no final vamos ser campeões, sem dúvida”
“Nunca chutámos para a frente, tentámos ter critério. É um bom ponto”
Julen Lopetegui FC Porto
Paulo Fonseca Sp. Braga
FC Porto 0
Sp. Braga 0
Positivo/Negativo
Estádio do Dragão, no Porto.Espectadores 40.809
FC Porto Casillas, Layún, Marcano a44’, Indi, Cissokho a68’ (Rúben Neves, 76’), André André, Danilo, Imbula (Bueno, 62’), Tello, Aboubakar, Brahimi (Corona, 58’). Treinador Julen Lopetegui
Sp. Braga Kritciuk, Baiano, Ricardo Ferreira a73’, Boly, Djavan (Goiano, 17’), Alan (Wilson, 84)’, Vukcevic a13’ (Luiz Carlos, 67’), Mauro, Rafa, Stojiljkovic, Rui Fonte. Treinador Paulo Fonseca
Árbitro Artur Soares Dias (AF Porto)
Willy BolyO defesa central francês, de 23 anos, não começou a época como titular, mas tem aproveitado bem as lesões no plantel do Sp. Braga para consolidar a sua posição. Travou uma luta interessante com Aboubakar e mostrou sempre frieza e segurança.
Paulo FonsecaOfensivamente, o Sp. Braga não conseguiu ter a acutilância que o seu treinador esperava, mas a estratégia de Paulo Fonseca revelou-se acertada. Apenas na parte final viu a sua equipa passar por dificuldades.
TelloJulen Lopetegui deu mais uma oportunidade ao seu conterrâneo, mas Cristian Tello voltou a mostrar muito pouco. O extremo espanhol raramente conseguiu criar perigo, não dando a largura de que o ataque portista necessitava.
ImbulaJogou sempre para o lado ou para trás. O francês nunca conseguiu encontrar soluções ofensivas para ajudar a sua equipa.
Crónica de jogoDavid Andrade
Outros jogos
Rui Bento estreou-se ao comando do Tondela com uma igualdade, que valeu o quinto ponto à equipa que nesta época chegou à I Liga. O Arouca é agora o rei dos empates na competição (cinco), pecúlio que o mantém no meio da classificação.
O bom início de época do V. Setúbal foi confirmado no Minho, com o terceiro triunfo na Liga e a subida ao primeiro terço da tabela. O Moreirense é cada vez mais último, já que os adversários directos na classificação pontuaram.
Arouca 1Ivo Rodrigues 60’
Tondela 1Romário Baldé 48’
Estádio Municipal de Arouca.Espectadores cerca de 700
Arouca Bracalli, Dabó a14’ (Leandro, 60’), Gegé (Adilson, 68’), Hugo Basto a83’, Lucas Lima, Nuno Coelho a30’, Nuno Valente, David Simão (Artur, 54’), Ivo Rodrigues, Zéquinha, Maurides. Treinador Lito Vidigal
Tondela Matt Jones, Edu Machado, Bruno Nascimento a59’, Markus Berger, Dolly Menga a79’aa90+3’, Lucas Souza, Bruno Monteiro, Luís Alberto, Hélder Tavares, Wagner (Jhon Murillo, 78’) Romário Baldé (Nathan Júnior, 63’). Treinador Rui Bento
Árbitro Manuel Mota (AF Braga)
Moreirense 0
V. Setúbal 2André Claro 43’, Fábio Pacheco 85’
Estádio Com. J. Almeida Freitas, em Moreira de Cónegos Espectadores 1078
Moreirense Stefanovic, Coronas, André Micael, Marcelo Oliveira a76’, Evaldo, Battaglia a86’, Filipe Gonçalves (André Fontes, 46’), Palhinha (Luís Carlos, 80’), Vítor Gomes (Boateng, 61’), Iuri Medeiros. Rafael Martins. Treinador Miguel Leal
V. Setúbal Ricardo, William Alves, Frederico Venâncio, Rúben Semedo, Nuno Pinto, Dani, Fábio Pacheco, Arnold (André Horta, 69’), Costinha, André Claro (Hassan, 89’), Suk (Ruca, 79’). Treinador Quim Machado
Árbitro João Pinheiro (AF Braga)
CLASSIFICAÇÃOI LIGAJornada 8Nacional-Boavista 0-0Marítimo-Paços de Ferreira 0-2Estoril-Rio Ave 2-2V. Guimarães-Académica 1-1Arouca-Tondela 1-1Moreirense-V. Setúbal 0-2Benfica-Sporting 0-3FC Porto-Sp. Braga 0-0Belenenses-U. Madeira 20h, SP-TV
J V E D M-S P1. Sporting 8 6 2 0 17-5 202. FC Porto 8 5 3 0 16-4 183. Rio Ave 8 4 3 1 14-9 154. Sp. Braga 8 4 2 2 12-4 145. Paços de Ferreira 8 4 2 2 9-9 146. Estoril 8 4 1 3 8-10 137. V. Setúbal 8 3 4 1 16-12 138. Benfica 7 4 0 3 16-7 129. Arouca 8 2 5 1 8-7 1110. Boavista 8 2 3 3 5-8 911. Marítimo 8 2 2 4 10-14 812. Nacional 8 2 2 4 6-8 813. Belenenses 7 1 4 2 9-17 714. V. Guimarães 8 1 4 3 6-13 715. União da Madeira 6 1 3 2 3-4 616. Tondela 8 1 2 5 4-8 517. Académica 8 1 1 6 3-14 418. Moreirense 8 0 3 5 5-14 3
Próxima jornada Tondela-Benfica, Sp. Braga-Belenenses, União Madeira-FC Porto, Sporting-Estoril, Académica-Moreirense, V. Setúbal-Arouca, Rio Ave-Nacional, Boavista-Marítimo, P. Ferreira-V. Guimarães
II LIGAJornada 12Leixões-Sp. Braga B 2-3Atlético -Desp. Aves 0-1Olhanense-Ac. Viseu 2-2Oriental-Portimonense 1-2Santa Clara-Sporting B 2-3FC Porto B-Oliveirense 2-2Famalicão-Farense 2-1Freamunde-Mafra 1-0Varzim-Desp. Chaves 3-0Penafiel-Sp. Covilhã 2-2V. Guimarães B-Gil Vicente 1-0Benfica B-Feirense 18h, BTV
J V E D M-S P1. FC Porto B 12 8 2 2 25-14 262. Portimonense 12 6 5 1 20-14 233. Sporting B 12 6 3 3 17-12 214. Atlético 12 6 2 4 14-11 205. Desp. Chaves 12 5 4 3 14-10 196. Sp. Braga B 12 5 4 3 15-13 197. Desp. Aves 12 5 4 3 13-11 198. Ac. Viseu 12 5 4 3 12-11 199. Benfica B 11 5 2 4 15-12 1710. Olhanense 12 4 4 4 12-12 1611. Famalicão 12 3 7 2 15-15 1612. Varzim 12 5 1 6 15-18 1613. Penafiel 12 4 4 4 13-14 1614. Gil Vicente 12 4 3 5 13-12 1515. Freamunde 12 4 3 5 11-10 1516. Farense 12 4 2 6 14-15 1417. Santa Clara 12 4 2 6 13-14 1418. Feirense 11 2 8 1 14-14 1419. V. Guimarães B 12 3 5 4 13-16 1420. Sp. Covilhã 12 3 5 4 11-16 1421. Mafra 12 3 4 5 10-11 1322. Oriental 12 2 3 7 15-22 923. Leixões 12 2 3 7 10-17 924. Oliveirense 12 1 4 7 8-18 7
Próxima jornada Sp. Braga B-Penafiel. Desp. Chaves-FC Porto B, Desp. Aves-V. Guimarães B, Sp. Covilhã-Freamunde, Feirense-Santa Clara, Gil Vicente-Olhanense, Mafra-Oriental, Sporting B-Varzim, Oliveirense-Atlético, Ac. Viseu-Leixões, Farense-Benfica B, Portimonense-Famalicão
MELHORES MARCADORESI Liga7 golos Jonas (Benfica), Slimani (Sporting), 6 golos Suk (V. Setúbal)5 golos André Claro (V. Setúbal)
II Liga9 golos André Silva (FC Porto B)6 golos Stanley (Varzim), Pires (Portimonense) 5 golos Denis (V. Guimarães B), Platiny (Feirense)
Os “dragões” não conseguiram vencer os minhotos, permitindo que o Sporting assuma a liderança do campeonato
PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015 | DESPORTO | 39
A 31.ª edição do Campeonato da
Europa de clubes, que se disputou
na capital da Macedónia, Skopje, foi
conquistada pela equipa russa Sibé-
ria, que assim sucede ao anterior
campeão do Azerbaijão, o Socar, que
teve de se contentar com a prata.
O momento decisivo da prova
ocorreu à 5.ª jornada, quando os
dois líderes, até aí 100% vitoriosos,
Sibéria e Socar, se encontraram, com
a equipa russa a levar a melhor. No
primeiro e terceiro tabuleiros, Vladi-
mir Kramnik e Alexander Grischuk
Sibéria é a nova campeã da Europa de clubes
superiorizaram-se, respectivamente,
a Veselin Topalov e Fabiano Carua-
na, com Michael Adams, no quarto, a
atenuar a derrota ao vencer Li Chao,
tendo-se registado empates nas ou-
tras três partidas do encontro.
Na 6.ª ronda, Kramnik voltava a
estar em destaque, ao vencer Ivan-
chuk, no difícil triunfo perante os
representantes locais do Alkaloid,
para na sétima gerir a vantagem, em-
patando frente à formação italiana
do Objettivo Risarcimento.
A representação portuguesa, a car-
go do Grupo Desportivo Dias Ferrei-
ra, esteve em bom plano, terminan-
do com 50% dos pontos possíveis, na
25.ª posição entre 50 participantes.
Xadrez Jorge Guimarães
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CLASSIFICAÇÕESINGLATERRA ESPANHAJornada 10Aston Villa-Swansea 1-2Leicester City-Crystal Palace 1-0Norwich-West Bromwich 0-1Stoke City-Watford 0-2West Ham-Chelsea 2-1Arsenal-Everton 2-1Sunderland-Newcastle 3-0Bournemouth-Tottenham 1-5Manchester United-Manchester City 0-0Liverpool-Southampton 1-1
Jornada 9Rayo Vallecano-Espanyol 3-0Celta de Vigo-Real Madrid 1-3Granada-Betis 1-1Sevilha-Getafe 5-0Málaga-Dep. Corunha 2-0Levante-Real Sociedad 0-4Las Palmas-Villarreal 0-0Barcelona-Eibar 3-1Atlético Madrid-Valência 2-1Athletic Bilbau-Sporting Gijón 20h30
J V E D M-S P J V E D M-S P1. Manchester City 10 7 1 2 24-8 222. Arsenal 10 7 1 2 18-8 223. West Ham 10 6 2 2 22-13 204. Manchester United 10 6 2 2 15-8 205. Leicester City 10 5 4 1 20-17 196. Tottenham 10 4 5 1 16-8 177. Crystal Palace 10 5 0 5 12-11 158. Southampton 10 3 5 2 16-13 149. Liverpool 10 3 5 2 9-11 1410. West Bromwich 10 4 2 4 8-11 1411. Everton 10 3 4 3 13-13 1312. Swansea City 10 3 4 3 12-12 1313. Watford 10 3 4 3 8-10 1314. Stoke City 10 3 3 4 9-12 1215. Chelsea 10 3 2 5 15-19 1116. Norwich City 10 2 3 5 14-21 917. Bournemouth 10 2 2 6 12-22 818. Newcastle 10 1 3 6 12-22 619. Sunderland 10 1 3 6 11-19 620. Aston Villa 10 1 1 8 9-17 4
1. Real Madrid 9 6 3 0 21-3 212. Barcelona 9 7 0 2 20-12 213. Atlético Madrid 9 6 1 2 14-5 194. Celta Vigo 9 5 3 1 18-11 185. Villarreal 9 5 2 2 13-7 176. Deportivo Corunha 9 3 4 2 14-11 137. Eibar 9 3 4 2 12-10 138. Sevilha 9 3 3 3 13-12 129. Valência 9 3 3 3 8-7 1210. Betis 9 3 3 3 9-13 1211. Espanyol 9 4 0 5 10-20 1212. Getafe 9 3 1 5 10-13 1013. Rayo Vallecano 9 3 1 5 11-17 1014. Real Sociedad 9 2 3 4 10-9 915. Sporting Gijón 8 2 3 3 10-11 916. Málaga 9 2 3 4 5-7 917. Athletic Bilbau 8 2 2 4 10-12 818. Granada 9 1 3 5 9-17 619. Levante 9 1 3 5 6-19 620. Las Palmas 9 1 3 5 6-13 6
Mohamed Salah fez o primeiro golo da tarde, em Florença
Foi seguramente difícil de digerir, pa-
ra os adeptos da Fiorentina, a derrota
de ontem frente à Roma (1-2). Não
só porque a equipa orientada por
Paulo Sousa perdeu a liderança da
Liga italiana mas também porque um
dos carrascos foi Mohamed Salah,
um jogador que deixou saudades no
Estádio Artemio Franchi, onde ac-
tuou, por empréstimo, no primeiro
semestre deste ano. E, para piorar o
cenário, o Nápoles assaltou o segun-
do lugar da Serie A.
O arranque auspicioso de época da
nova Fiorentina, versão Paulo Sousa,
adoçou a boca aos adeptos, mas três
desaires consecutivos (dois para o
campeonato) já fi zeram os mais op-
timistas descer à terra. Num jogo que
decidia a liderança da prova, Salah
inaugurou o marcador para a Roma
aos 6’ — festejou um pouco e depois
pediu desculpa na direcção da ban-
cadas —, Gervinho ampliou aos 34’,
e o golo de honra dos viola só chegou
aos 90’, depois da expulsão de... Sa-
lah. O autor foi Babacar.
Com este desaire, e com o triunfo
do Nápoles graças a um golo solitário
de Higuaín no terreno do Chievo, a
Fiorentina não só deixa fugir o co-
mando da Serie A, como perde a se-
gunda posição, ocupada agora pelos
napolitanos. De resto, são quatro as
equipas com 18 pontos: Fiorentina,
Nápoles, Inter Milão e Lazio.
Igualmente pressionado, mas pelo
triunfo da véspera do Real Madrid,
estava o Barcelona, que superou sem
difi culdades acrescidas um desafi o
chamado Eibar na Liga espanhola.
E tudo graças a Luis Suárez. O avan-
çado uruguaio assinou um hat-trick
(21’, 48’ e 85’) no triunfo em Camp
Nou por 3-1, dando a volta à vanta-
gem surpreendente que os visitantes
tinham alcançado logo aos 10’, com
um golo de Borja Baston.
Estes três pontos permitem à for-
mação orientada por Luis Enrique
manter-se colada no topo da tabela
ao Real Madrid, com mais três pon-
tos que o outro gigante da capital,
o Atlético, que derrotou o Valência
por 2-1. Jackson Martínez inaugurou
o marcador aos 32’, oito minutos vol-
vidos Ferreira-Carrasco ampliou e
Espiral descendente da Fiorentina custou-lhe a liderança em Itália
a baliza e já dentro dos 10 minutos
fi nais. Resultado? Os “citizens” parti-
lham agora o comando da prova com
o Arsenal.
Na Turquia, o Fenerbahçe e o Gala-
tasaray também dividiram os pontos,
na 9.ª ronda do campeonato, e deixa-
ram o caminho livre para o Besiktas
(caso ganhe hoje ao Antalyaspor)
descolar para quatro pontos de van-
tagem no primeiro lugar. Em Istam-
bul, a equipa de Vítor Pereira marcou
por Diego, aos 37’, mas o Galatasaray,
adversário do Benfi ca na Champions,
empatou a seis minutos do fi m, com
um golo do suplente Olcan Adin.
Paco Alcácer, no segundo tempo,
de penálti, reduziu para o 2-1 fi nal.
Nuno Espírito Santo soma agora três
vitórias, três empates e outras tantas
derrotas no campeonato.
Derby amorfo em ManchesterPara além do Benfi ca-Sporting, on-
tem foi dia de mais dois derbies de pe-
so. Em Inglaterra, porém, as expec-
tativas saíram defraudadas. Os dois
vizinhos de Manchester, o United e o
City, empataram na 10.ª jornada da
Premier League (0-0), num jogo em
que as duas equipas só conseguiram
fazer dois remates enquadrados com
Futebol internacionalNuno Sousa
Salah foi uma das figuras da Roma no encontro frente à antiga equipa. Barcelona colou-se ao Real e em Manchester houve empate
ALBERTO PIZZOLI/AFP
PROCESSO DE CANDIDATURAS AO PROGRAMA ESCOLHAS
No seguimento do Despacho normativo n.º 19-A/2015, publicado em D.R., 2.ª Série - n.º 199, de 12 de Outubro de 2015, serve o presente para informar que se encontra aberto o processo de candidaturas ao Programa Escolhas. O Regulamento, bem como toda a documentação necessária para o processo de candidatura, encontra-se disponível no sítio https://candidatura.programaescolhas.pt/
O Programa Escolhas é um programa de âmbito nacional, que visa promover a inclusão social de crianças e jovens provenientes de contextos socioeconómicos mais vulneráveis, tendo em vista a igualdade de oportunidades e o reforço da coe-são social.
As candidaturas deverão ser entregues até ao dia 30 de Novembro de 2015.
As entidades interessadas poderão ainda recorrer ao Serviço de Apoio às Can-didaturas, que dará resposta a dúvidas que surjam durante o período de apresenta-ção das mesmas. Este serviço encontra-se disponível através dos números de tele-fone (00351) 21 810 30 60/ (00351) 22 207 64 50 ou através do e-mail [email protected]
Mais informações em: www.programaescolhas.pt
Prémio Artístico para Atores de Cinema 2014
em longas-metragens de ficção, faladas em português,
seleccionadas por júri.
Os atores ou produtores interessados podem contactar a
Fundação GDA até 10 de novembro de 2015
Fundação GDA
Rua Joaquim Agostinho 14-B, 1750-126 Lisboa | Telf. 218 411 6 50
VIII Prémio de Atores de Cinema Fundação GDA
40 | DESPORTO | PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015
CLASSIFICAÇÕES
GP de Austin
Próxima prova: GP do México, dia 1 de Novembro
Mundial de construtores
Mundial de pilotos
1. Lewis Hamilton (Mercedes) 1h50m52.703s
2. Nico Rosberg (Mercedes) a 2.850s
3. Sebastian Vettel (Ferrari) a 3.381s
4. Max Verstappen (Toro Rosso) a 22.359s
5. Sergio Perez (Force India) a 24.413s
6. Jenson Button (McLaren) a 28.058s
7. Carlos Sainz Jr (Toro Rosso) a 30.619s
8. Pastor Maldonado (Lotus) a 32.273s
9. Felipe Nasr (Sauber) a 40.257s
10. Daniel Ricciardo (RedBull) a 53.371s
11. Fernando Alonso (McLaren) a 54.816s
12. Alexander Rossi (Marussia ) a 1m15.277s
1. Lewis Hamilton 327 pts2. Sebastian Vettel 2513. Nico Rosberg 2474. Kimi Räikkönen 1235. Valtteri Bottas 1116. Felipe Massa 1097. Daniil Kvyat 768. Daniel Ricciardo 74
1. Mercedes 574 pts2. Ferrari 3743. Williams 2204. RedBull 1505. Force India 102
MARK RALSTON/AFP
Lewis Hamilton e o salto para o título, em Austin
“Este é o melhor momento da mi-
nha vida”. Foi uma das primeiras
frases dirigidas por Lewis Hamilton
à equipa, através do rádio, enquanto
sacudia as mãos no ar ao passar pe-
los milhares de fãs que assistiram ao
Grande Prémio de Austin, nos Esta-
dos Unidos. Hamilton é tricampeão
do mundo de Fórmula 1, tendo con-
cluído as 56 voltas ao Circuito das
Américas em 1h50m52,703s.
No circuito de Austin, o britânico
conquistou a 10.ª vitória da tempo-
rada — e a 43.ª da carreira —, em 15
corridas disputadas, o que lhe valeu
o título de campeão do mundo quan-
do faltam três corridas para o fi nal do
campeonato, confi rmando assim o
domínio absoluto da Mercedes (que
já tinha assegurado o título de cons-
trutores) na modalidade. Hamilton
é matematicamente campeão com
uns inalcançáveis 327 pontos, mais
76 do que Sebastian Vettel.
Hamilton partiu do segundo lu-
gar da grelha, com o companheiro
de equipa, Nico Rosberg, a agarrar a
pole position na sessão de qualifi ca-
ção que decorreu cinco horas antes
da partida. Mas foram precisos ape-
nas alguns segundos para o britânico
superar o alemão, encostando-o logo
na largada, com um ligeiro toque na
curva 1. Na anterior corrida de Hamil-
ton em Austin, em 2014, também par-
tira do segundo lugar, com Rosberg
na pole, e acabou por sair vencedor.
Ontem, a história repetiu-se.
A vitória e a conquista do título
ainda fi zeram suar o britânico. Nas
primeiras voltas, o primeiro lugar foi
bastante disputado pelos dois carros
da Mercedes e os dois monolugares
da Red Bull, com Daniil Kyvat e Da-
niel Ricciardo. Nessa altura, Rosberg
alcançou novamente o primeiro lugar
e Hamilton chegou a ser quarto.
Com a entrada do safety car por
duas vezes na corrida, a ordem dos
carros baralhou-se. Da primeira
vez, Rosberg aguentou a primeira
posição, com Hamilton a seguir em
segundo. No entanto, Kvyat e Ric-
ciardo, prejudicados pelo safety car
e pelas paragens nas boxes, perde-
ram na luta contra Vettel (Ferrari).
Se tudo se mantivesse, Hamilton não
Hamilton repetiu o guiãodo ano passado em Austin e já é tricampeão mundial
seria campeão do mundo. O britâni-
co precisava de ganhar a corrida e
esperar que Vettel não chegasse ao
segundo lugar.
Numa corrida em que aconteceu
de tudo — muitos falam mesmo na
corrida da temporada —, apenas 12
carros continuaram em pista, após
vários acidentes e retiradas.
Na 49.ª volta, surgiu o momento
decisivo. Rosberg cometeu um erro
na aceleração numa parte molhada
da pista e foi ultrapassado por Hamil-
ton. Faltavam sete voltas para o bri-
tânico se sagrar tricampeão e, com
quatro segundos de vantagem sobre
o colega de equipa, era só esperar
que o alemão da Mercedes aguentas-
se a pressão do compatriota da Ferra-
ri até à última curva. E assim foi.
Max Verstappen (Toro Rosso) es-
teve também no centro das atenções
durante a corrida, em grande medida
pela grande performance em Austin,
terminando em quarto lugar. Sergio
Perez (Force India) foi quinto, Jenson
Button (McLaren) conseguiu um sex-
to lugar e Carlos Sainz (Toro Rosso)
acabou em sétimo.
A completar o top 10 seguiram-se
Pastor Maldonado (Lotus), Felipe
Nars (Sauber) e Ricciardo, piloto da
Red Bull que a dada altura liderou a
corrida mas que terminou em 10º.
Kvyat saiu na 44.ª volta depois de
um despiste que culminou com um
choque contra as barreiras.
Fórmula 1Adriana Reis
Britânico da Mercedes venceu nos EUA e, a três corridas do final da época, entrou para o clube dos pilotos com três títulos
Fernando Alonso (McLaren) foi
penúltimo, terminando sem pontu-
ação. No último lugar está Alexander
Rossi, piloto da Manor.
Se esta que foi uma das melhores
corridas dos últimos tempos para
alguns fãs, foi também uma corrida
desastrosa para a Williams, que ter-
minou com o abandono dos dois car-
ros — Felipe Massa e Valtteri Bottas.
Mas tudo isso se revelou secundá-
rio. Os holofotes estavam apontados
para Lewis Hamilton (2008, 2014 e
2015), o primeiro britânico a ganhar
dois títulos consecutivos, igualando o
compatriota Jackie Stewart com três
campeonatos. O piloto da Mercedes
faz agora parte do restrito grupo de
dez pilotos a conquistar, pelo menos,
três títulos mundiais — Michael Schu-
macher (sete), Juan Manuel Fangio
(cinco), Alain Prost e Sebastian Vettel
(quatro), Ayrton Senna, Niki Lauda,
Nelson Piquet, Jack Brabham, Jackie
Stewart e Hamilton (três).
O britânico festejou efusivamente,
abraçando vários elementos da Mer-
cedes no fi nal. Quando teve tempo
para tirar o capacete, ajoelhou-se
numa das mesas da zona de acesso
ao pódio. “Não tenho palavras para
descrever isto. Não conseguiria fazê-
lo sem a minha equipa. Muito obri-
gado por tudo o que fi zeram”, disse
um emocionado Hamilton já no pó-
dio, entrevistado por Sir Elthon John.
Texto editado por Nuno Sousa
A imagem no fi nal do jogo de Da-
niel Hourcade, seleccionador da
Argentina que trabalhou em Portu-
gal entre 2004 e 2008, emocionado
e de lágrimas nos olhos, refl ecte a
enorme decepção que o râguebi ar-
gentino viveu ontem, em Londres.
Após um excelente Mundial 2015,
os Pumas depararam-se nas meias-
fi nais com uma pragmática Austrá-
lia, que soube aproveitar os erros
dos sul-americanos para vencer (29-
15) e marcar encontro, no próximo
sábado, com os All Blacks, na fi nal
da competição.
A garra e o enorme coração que a
Argentina colocou sempre em cam-
po neste Mundial voltou a ser visto
em Twickenham, mas, perante uma
experiente Austrália, os Pumas ce-
deram e a estratégia de Hourcade
começou a ruir aos 68 segundos:
um passe denunciado de Sanchez
foi interceptado por Rob Simmons
e o segunda-linha, do alto dos seus
200 centímetros, fez um sprint de
30 metros que só terminou depois
da linha de ensaio.
Com menos quilómetros nas per-
nas do que o rival em jogos desta
responsabilidade, os argentinos
mostravam-se nervosos e acabaram
por sofrer o segundo ensaio, aos 10’:
excelente passe de Foley para Ash-
ley-Cooper que, na ponta, fez o seu
primeiro toque de meta no jogo.
Com Hooper e Pocock em desta-
que na luta dos packs avançados, os
Wallabies começaram a gerir o jogo
com inteligência e a reacção dos Pu-
mas fi cou comprometida, aos 26’,
após Lavanini ver um cartão ama-
relo. E a vantagem numérica não
foi desperdiçada pelos australianos:
seis minutos depois, Ashley-Cooper
voltou a marcar na ponta.
Apesar dos 10 pontos de desvanta-
gem (19-9), o regresso dos balneários
mostrou uma Argentina decidida a
não deitar a toalha ao chão e após
um pingue-pongue de penalidade
entre Sanchez e Foley, chegou-se aos
últimos 10 minutos com tudo por
decidir e apenas sete pontos de van-
tagem para a Austrália (22-15).
A necessitarem de um ensaio
convertido para empatar, os Pumas
acreditavam que era ainda possível
fazerem história e chegaram pe-
la primeira vez a uma fi nal de um
Mundial, mas, a oito minutos do
fi m, Ashley-Cooper completou o seu
hat-trick e acabou com a resistência
argentina.
Wallabies quebraram o coração argentino
RâguebiDavid Andrade
PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015 | DESPORTO | 41
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Miguel Oliveira era o único que podia
impedir o título do britânico Danny
Kent e foi isso que conseguiu ao ter-
minar no primeiro lugar no Grande
Prémio da Malásia de Moto 3 pela
quinta vez esta época. Esta é tam-
bém a quinta vitória da carreira do
piloto e o quinto pódio consecutivo,
sempre entre os dois primeiros. O
português está agora a 24 pontos de
Kent na corrida pelo título, que se vai
decidir no Grande Prémio de Valên-
cia, dentro de duas semanas.
Quinta vitória do ano para Miguel Oliveira no Grande Prémio da Malásia
O piloto português, que partiu da
terceira posição da grelha em Sepang,
terminou a corrida em 40m33,277s,
à frente de Brad Binder e Jorge Na-
varro. Danny Kent, actual líder do
campeonato, terminou em sétimo.
“Corri pela vitória e como tinha pla-
neado. Estou muito contente com es-
ta vitória e por ainda estar vivo no
campeonato. É difícil, mas vou lutar
até ao fi m”, referiu Oliveira.
A vitória de Miguel Oliveira na 17.ª
e penúltima prova do Mundial de ve-
locidade deixou Kent sem a oportu-
nidade, para já, de conquistar o títu-
lo. O britânico, com 253 pontos, tem
Oliveira logo atrás, com 229. Para ser
campeão, o português terá que ven-
cer em Valência e esperar que Kent
não vá além do 15.º lugar.
Em MotoGP, Dani Pedrosa venceu
a corrida, com Jorge Lorenzo e Valen-
tino Rossi a completarem o pódio,
em segundo e terceiro lugar.
MotociclismoAdriana Reis
Com o primeiro lugar do pódio em Sepang, o português encurta a distância que o separa de Danny Kent para 24 pontos
Protagonista fora da pista nos úl-
timos dias como autor de vários ata-
ques ao espanhol Marc Márquez, o
italiano Rossi foi também a grande
personagem do dia ao pontapear
Márquez numa altura em que am-
bos disputavam o terceiro lugar com
sucessivas ultrapassagens. O espa-
nhol acabou por cair e abandonar
a corrida na 14.ª volta, terminando
sem pontos. Como consequência, o
italiano da Yamaha sofreu uma pe-
nalização de três pontos na luta pelo
título e parte do último lugar no pró-
ximo Grande Prémio, em Valência, a
última corrida do Mundial. Na troca
de palavras que antecedeu a corrida,
Rossi acusou Márquez de correr para
lhe criar problemas e ajudar Lorenzo
a conquistar o título.
Já após ter conhecimento da puni-
ção, o italiano deixou no ar a hipóte-
se de não correr em Valência. Texto editado por Nuno Sousa
Miguel Oliveira está a fazer uma grande temporada
CLASSIFICAÇÕES
GP da MalásiaMotoGP1. Dani Pedrosa (Honda) 40m37.691s 2. Jorge Lorenzo (Yamaha) 40m41.303s Mundial de pilotos1. Valentino Rossi (Yamaha) 312 pts2. Jorge Lorenzo (Yamaha) 305 Moto21. Johann Zarco (Kalex) 40m37.772s 2. Thomas Luethi (Kalex) 40m38.370sMundial de pilotos1. Johann Zarco (Kalex) 343 pts2. Alex Rins (Kalex) 214 Moto31. Miguel Oliveira (KTM 40m33.277s 2. Brad Binder (KTM) 40m33.366s Mundial de pilotos1. Danny Kent (Honda) 253 pts2. Miguel Oliveira KTM) 229
42 | PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015
Os surfi stas portugueses Frederico
Morais e Vasco Ribeiro fi zeram on-
tem história em Peniche, ao elimina-
rem, respectivamente, o australiano
Mick Fanning e o brasileiro Adriano
de Souza, números um e dois do
ranking mundial, no Moche Rip Curl
Pro Portugal, a etapa portuguesa do
circuito mundial de surf.
Depois de, em 2013, ter deixado
uma marca signifi cativa em Peni-
che, ao vencer o 11 vezes campeão
do mundo Kelly Slater, Frederico
Morais voltou ontem a surpreender
tudo e todos ao eliminar o principal
candidato ao título deste ano. “Ki-
kas” apurou-se para a quarta ronda
da prova — algo nunca conseguido
por um português, ao alcançar 16,03
pontos (9,13 e 6,90), melhor do que
os 14,40 pontos do australiano Mick
Fanning (8,40 e 6,00).
Com as centenas de pessoas pre-
sentes na praia de Supertubos a
aplaudirem a vitória do português,
Mick Fanning abraçou “Kikas” ainda
na água, a felicitá-lo pela vitória. “É
um dia inesquecível e memorável,
sem dúvida. O que me deixa ainda
mais feliz são os bons scores, os he-
ats sólidos e o bom surf. É um dia
muito feliz para mim”, afi rmou o
português.
Mick Fanning, que era o único sur-
fi sta que tinha hipótese de se sagrar
campeão mundial já em Peniche, vê,
assim, cair por terra essa possibili-
dade, remetendo a decisão do título
para a última etapa do circuito, em
Pipeline.
Também Vasco Ribeiro conseguiu
superiorizar-se ao número dois do
circuito mundial de surf, o brasileiro
Adriano de Souza, para gáudio do
muito público que acorreu às areias
de Peniche. O português campeão do
mundo de juniores — que, tal como
Frederico Morais, está em Peniche
a competir por convite (wild card) —
conseguiu 14,36 pontos (5,93 e 8,43)
e venceu o “mineirinho”, que fez
apenas 11,80 pontos (5,77 e 6,03).
Vasco Ribeiro afastou assim o bra-
sileiro, um dos principais candidatos
ao título mundial de surf, e juntou-
se a Frederico Morais na história do
evento como primeiros portugueses
na quarta ronda. PÚBLICO/Lusa
Dia histórico para o surf português em Peniche
Moche Rip Curl Pro
Frederico Morais e Vasco Ribeiro eliminaram Mick Fanning e Adriano de Souza, os números um e dois do mundo
Breves
Ténis
Automobilismo
Marin Cilic vence em Moscovo, Berdych impõe-se na Suécia
Mikkelsen vence Rali da Catalunha, após acidente de Ogier
O croata Marin Cilic, primeiro cabeça de série, conquistou ontem, pelo segundo ano consecutivo, o torneio de Moscovo, ao derrotar o espanhol Roberto Bautista Agut, por 6-4, 6-4. Numa reedição da final do ano passado, Cilic precisou de 1h28m para bater o espanhol pelo mesmo resultado que tinha conseguido em 2014.O croata, de 27 anos e 14.º do mundo, conquistou o primeiro título da temporada e o 14.º da carreira. Já o checo Tomas Berdych venceu pela terceira vez o torneio de Estocolmo, na Suécia, ao derrotar na final o norte-americano Jack Sock, por 7-6 (7-1) e 6-2. Frente ao 32.º do ranking, o número cinco mundial precisou de 1h24m para revalidar a conquista de 2014 e alcançar o 12.º título da carreira.
O norueguês Andreas Mikkelsen (Volkswagen) venceu ontem o Rali da Catalunha, naquele que foi o seu primeiro triunfo no Mundial de ralis, beneficiando da desistência do francês Sébastien Ogier (Volkswagen) no último sector. Já coroado campeão do mundo, Ogier entrou para o 23.º e derradeiro troço da penúltima etapa do Mundial, a power stage de Dosaigues, de 12,1km, com 54 segundos de vantagem sobre Mikkelsen, mas acabou por bater numa barreira de segurança e perder uma roda. Com esta desistência, Mikkelsen somou o primeiro triunfo, na sua 64.ª prova, terminando com 3,1 segundos de avanço sobre o finlandês Jari-Matti Latvala (Volkswagen) e 21,2 sobre o espanhol Dani Sordo (Hyundai).
PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015 | 43
ESPAÇOPÚBLICO
EDITORIAL
CARTAS À DIRECTORA
A incerteza de Passos e a obrigação de Costa
Afi nal, que poderá fazer Passos Coelho
se o seu programa de governo vier a
ser rejeitado no Parlamento, como já
prometeram os partidos da oposição?
O quadro ainda está muito confuso e há
informações contraditórias sobre a vontade
real do primeiro-ministro indigitado. Uns
dizem que sim, que a sua intenção é fi car à
frente de um governo de combate; outros
garantem que não, que tudo o que Passos
não quer é “fi car a assar [no Governo] para
depois vir limpar o que os outros fi zeram”,
uma frase que, segundo o jornal i, proferiu na
Comissão Política do PSD de quinta-feira, já
depois de ter ouvido o controverso discurso
de Cavaco Silva. Ora, nessa altura, Cavaco foi
claríssimo: em seu entendimento, um governo
PS apoiado pelo BE e pelo PCP é mais gravoso
para o país do que um executivo em gestão
por tempo indeterminado. Mas, entretanto, há
A releitura do discurso de Cavaco tem um objectivo
quem proponha uma exegese menos radical
e taxativa do discurso presidencial. Talvez
em Belém não tivessem sido sufi cientemente
medidos os efeitos perversos da intervenção
do Presidente, não só como elemento
agregador das indecisões que ainda subsistem
nas negociações à esquerda, mas também
pelo incómodo provocado em sectores
da própria órbita presidencial. O discurso
proferido, no sábado, por Marcelo Rebelo
de Sousa, na Voz do Operário, foi talvez o
mais claro, quer ao nível dos princípios e à
leitura dos poderes constitucionais do chefe
de Estado, quer quanto às críticas políticas
— implícitas e explícitas — à alocução feita
por Cavaco. Mas outros se distanciaram.
O presidente da CIP não apreciou o “tom
crispado”, porque percebeu logo os custos da
instabilidade; Fernando Negrão, o candidato
derrotado na eleição para a presidência da
Assembleia da República, optou por dar
uma lição de maturidade democrática ao
sublinhar, em entrevista ao DN, que se o
Governo minoritário de Passos for chumbado,
o Presidente “deve chamar o líder do segundo
maior partido e exigir-lhe, obviamente, que
apresente uma coligação consistente”; e
até Manuela Ferreira Leite surgiu no seu
comentário semanal, na TVI24, sem teses
sobre golpes de Estado e a descortinar
“sinais” de mudança no PCP.
Por tudo isto, o mais natural é mesmo a
incomodidade de Passos face a um cenário
que o amarra a um governo de gestão por
tempo incerto, de mãos atadas e com grande
espaço de manobra por parte da oposição,
que naturalmente tenderá a unir-se perante
uma solução que considera errada do
ponto de vista institucional e político. Daí
a releitura do discurso de Cavaco, abrindo
portas à indigitação de António Costa para
chefi ar um governo à esquerda. Mas para
isso é obrigatório que o secretário-geral
do PS tenha um acordo para mostrar. Por
várias razões. Em primeiro lugar, para não
dar ao Presidente da República um (justo)
pretexto contra a sua nomeação; depois,
porque qualquer acordo desta natureza
deve ser absolutamente transparente, e
nunca houve entendimentos deste tipo à
esquerda; fi nalmente, para salvaguardar
surpresas futuras. Após as novidades sobre
o reembolso da sobretaxa, não se sabe o que
mais pode estar debaixo do tapete.
A decisão “inábil”
A “inabilidade” ou a má-fé
continuada de Cavaco Silva,
Presidente da República (PR)
de uma larga faixa dos eleitores
portugueses, e de uma franja
de elite, acompanhada de uma
pretensiosa camada de sonhadores
que nela quer entrar ou pertencer,
veio toda à tona na noite mais
noite em que anunciou ao país e
ao mundo da euro-especulação
que nomeava o actual primeiro-
ministro para formar o próximo
governo e assim mantê-lo primeiro-
ministro por mais outra legislatura.
Nomeação “votada” ao fracasso,
como todos sabem. Cavaco Silva não
surpreendeu. Apenas confi rmou
aquilo que todos suspeitavam que
iria acontecer, já que ele veste o
agoiro desde há muito, embora se
lhe apresentasse uma alternativa
com menos fato e gravata, que
ele hoje como ontem demonstrou
As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar
e eventualmente reduzir os textos
não solicitados e não prestará
informação postal sobre eles.
Email: [email protected]
Contactos do provedor do Leitor
Email: [email protected]
Telefone: 210 111 000
não ser adepto, e no seu jeito
de boca seca provou que até lhe
custa ter de mastigar e engolir
os resultados desta democracia.
O ainda inquilino de Belém e PR
no Palácio do Povo, morada e
cargo que ele deve à Revolução
dos Cravos, também anterior ex-
primeiro-ministro, e ainda mais
ex-do-antigamente, tem vindo, ao
longo do seu reinado, a impor a sua
retrógrada vontade ao povo que o
sustenta e a satisfazer políticas dos
sectores revanchistas da sociedade
portuguesa e interesses externos,
com medidas que denunciam a sua
nostalgia. A decisão agora tomada
de nomear Passos Coelho contra
o sentido da maioria dos eleitores
lusos, e as consequências que dela
advirão no imediato e nos obscuros
dias seguintes, a ele, e só a ele,
deverão ser atribuídas e ele delas
vir a ser responsabilizado, com
consequências, e não com discursos
de “o que está feito feito está, não há
mais nada a fazer”. O mal é que esta
prática, como se fosse boa regra de
conduta, é que tem feito caminho
no pobre e tomado Portugal de
Abril, e por isso estamos como não
devíamos estar — reféns presos nas
calças remendadas!
Joaquim A. Moura, Penafi el
“Ganda” comício
Apoteótico, no mínimo, o
comício abrilhantado pelo
superstar Cavaco. Era apanágio
dos presidentes da República
arvorarem-se presidentes de
todos os portugueses. Este não:
borrifou-se em três dúzias de
deputados e em mais de um
milhão de eleitores. Não por ter
indigitado Passos Coelho, mas por
diabolizar PCP e BE, apondo-lhes o
ferrete de banidos da governação.
Passos Coelho foi, a meu ver,
bem indigitado, constitucional e
legitimamente. Mas era preciso o
Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores
resto do discurso? Não lhe bastava
optar pela PaF: era preciso fazer
campanha para denegrir aqueles
de quem não gosta, só que o
tiro pode sair-lhe pela culatra. A
incontinência verbal que tantas
vezes o trai, como a que o levou
a dizer que não daria posse a
um governo minoritário, vai cair
mal pelo descarado convite ao
divisionismo entre as hostes do PS
que, provavelmente, só precisam
de um elemento catalisador para
a sua própria coesão. Além disso,
a “historinha” dos papões e dos
infortúnios futuros com que nos
acenou já começa a não dar efeito.
Viremos a perder as “invejáveis”
posições conquistadas pelo
Governo cessante nos rankings
da União Europeia, segundo o
recentíssimo relatório do Eurostat?
Isto é, “só” o segundo pior défi ce
e “só” a terceira maior dívida
pública. Que desgraça!
José A. Rodrigues, Vila Nova de Gaia
44 | PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015
Sedução falhada
Duvido que o Doutor Cavaco
Silva tivesse antecipado todos
os efeitos do seu gesto de
hostilidade aos partidos da
esquerda. Não se entende o
porquê de tamanha agressão.
Na verdade, anunciar que
não conta com os partidos
à esquerda do PS para as
funções normais da vida
política, nomeadamente para a constituição
de governos, afastando-os da mesa
constitucional, parece longe do senso
comum. Mas o Presidente não se fi cou por
aqui. Lançou uma tentativa de sedução-
sedição aos deputados socialistas que
estivessem dispostos a rebelarem-se contra
a liderança. Pior ainda, açulou os mercados
a ladrarem e morderem o pequeno e frágil
país a cuja República preside. A resposta
do sistema político foi a incredulidade,
a rejeição liminar da atitude, e um coro
enfraquecido e pouco convicto dos tenores
do PSD e do CDS. A resposta dos partidos
da nova maioria foi demolidora: se tinham
dúvidas sobre a coligação, esqueceram-
nas; se estavam titubeantes na parceria,
tornaram-se lázaros que dispensam
muletas; se estavam mudos passaram
a audaciosos opositores ao Presidente;
se tinham receios passaram a afoitos; se
temiam cisões fratricidas, esqueceram o
risco e suturaram feridas. Poucas vezes se
viu o imediato impacto de uma peça política
tão contrário ao que pretendia o emissor.
Se não passámos a reconhecer o Doutor
Cavaco como socialista militante, passámos
a ver nele, ao menos, o grande aglutinador
e o principal ator do processo político de
união das esquerdas. O PS, relutante em
moção própria de rejeição, passou a propô-
la. Se receava no Parlamento uma derrota
anónima para Ferro Rodrigues presidir, ou
pelo menos uma arrastada negociação em
várias votações inconclusivas, reconheceu
na vitória à primeira um poder que quase
ignorava. De nada valeram os remoques:
que a proposta ia contra a tradição, que
Ferro deveria ter engolido em silêncio
a injúria presidencial, que doravante o
Parlamento passava a estar de risco ao
meio, apesar de ter mais cabelo do lado
esquerdo. Dos argumentos de vitória
eleitoral da coligação já pouco mais resta
que a retórica pomposa de Portas a roçar o
ridículo. Até os media, fi nalmente, parecem
ter caído em si e dado conta de que tudo
mudou. Habituar-se-ão a nova distribuição
de poder. E como se alimentam de notícias,
depressa reconhecerão que agora elas
nascem à esquerda. São as regras da
fi siologia do poder.
Há quem diga que a decisão que Cavaco
teria já tomado de nunca dar posse a Costa
apoiado à esquerda teria efeitos para
memória futura. Se assim for, tentou ler
um jornal com binóculos. O futuro não se
constrói com ressentimento e vingança,
mas com grandeza, o que aqui parece
faltar. O que mais surpreende em Cavaco,
não é a mercearia de cartucho. O que mais
nos intriga é a falta de visão de futuro, de
perspetiva do país na Europa e no mundo.
Cavaco tratou este assunto como uma dona
de casa alimenta galinhas: dá milho às que
considera poedeiras e farelo às restantes.
Assim nunca terá ovos das segundas.
E agora? Cavaco insinua, sem ser
explícito, que recusará o governo de Costa
e entronará Passos em governo de gestão.
O que signifi caria meses de espera, de
instabilidade, de protesto, de não-resposta
à Europa, de álibis decisórios em temas
que não esperam. Recorre-se ao Tribunal
Constitucional a cada lei canhestra e
arrogante? Retomam-se os cortes ou
abatem-se desde já, por omissão? Mantém-
se o sistema fi scal
intocado ou afi na-
se? Financiam-se
os hospitais por
duodécimos ou
modelam-se os
recursos segundo
o desempenho?
Sancionam-se
os dirigentes
que violam no
quotidiano a regra
dos compromissos,
ou muda-se a
lei? Mantém-se o
sistema de pensões
tal como está, ou
tenta-se algum
aperfeiçoamento?
Corta-se a gasolina
aos aviões da Força
Aérea, ou aceitamos
as obrigações
internacionais
de cooperação militar? Saímos com os
submarinos, ou deixamo-los acostados
no Alfeite? Nomeiam-se os altos cargos da
República por consenso, ou atrasa-se tal
nomeação? Preferimos gastar os recursos
de Bruxelas na agricultura ou no terminal
do Barreiro? Usamos os fundos para
crescimento e emprego ou continuamos
a desperdiçá-los no alindamento das
estatísticas? Em cada setor as alternativas
confrontar-nos-ão.
Um governo de gestão não governa,
fl utua. Sem rumo, o país deixa de ter
comando interno, de ter voz externa, de
pensar, de prever o futuro. Instabilidade
governativa gera incerteza económica,
fuga do investimento, menos emprego. Em
breve faltará o pão, culpa exclusiva dos que
não respeitam as regras do jogo. Goste-se
ou não de quem ganha, a democracia é o
governo das maiorias.
Mas a alternativa tem de ser sólida. Os
O futuro não se constrói com ressentimento e vingança, mas com grandeza, o que aqui parece faltar
Professor catedrático reformado.Escreve à segunda-feira
acordos têm de ser passados a escrito.
Nada está acordado até tudo ser acordado,
como se aprende em qualquer manual de
negociação. O programa económico do PS,
tão apreciado ele foi, pode ser certamente
negociado, mas não desfi gurado. Os limites
são para cumprir. Se a relutância de muitos
portugueses assenta nos compromissos
internacionais, pois então o acordo tem
de ser explícito nessa matéria, não pode
tomar a omissão por consentimento.
Quanto ao compromisso temporal,
claro que não são exigíveis cheques em
branco, nem anos de fi delização como
nos contratos de telecomunicações.
Mas o tempo é elemento essencial da
estabilidade. Tempo e vinculação, sem
duplicidades. Entre gente séria não pode
haver ambiguidades.
Sinais prudentes
Em Malta, Draghi anuncia novos es-
tímulos ao sistema fi nanceiro face à
travagem da economia pela defl ação
e à enorme fadiga reformista que sub-
merge os países do Sul, com austeri-
dade. Em dezembro, novas projeções ma-
croeconómicas e novas medidas de política
monetária do BCE acomodarão tensões per-
sistentes na zona euro, entre outras a queda
do comércio mundial, as complicações nas
economias da China e dos países emergen-
tes, a crise dos refugiados. Assim, os 60 mil
milhões de euros de compras mensais de
ativos (quantitative easing) previstos até se-
tembro de 2016 poderão ser reforçados, o
programa prolongado no tempo, o tipo de
obrigações elegíveis alargado ou até, adicio-
nalmente, baixarem os juros de depósitos.
Draghi não defrauda. Atua. As bolsas rea-
giram em alta, o euro desvalorizou face ao
dólar, os juros da dívida soberana caíram.
Não bastam medidas não convencionais, as
políticas fi scais são também necessárias à
recuperação. Recados dados às capitais, em
particular, Berlim. Numa semana, em que a
Comissão Europeia condenou a Fiat Finance
& Trade e a Starbucks Manufacturing ao
pagamento de 20 a 30 milhões de euros
por vantagens tributárias indevidas propor-
cionadas por acordos fi scais antecipados
(tax rulings) concedidos no Luxemburgo
e na Holanda. A Europa dá sinais de que-
rer inverter o declínio que alguns julgam
irreversível. Os novos estímulos afastam
incertezas quanto à dívida e uma agenda
de coordenação e gradual harmonização
fi scal europeia permitirá outra previsibili-
dade nos investimentos. Sinais prudentes de
que benefi ciarão todos, se a Europa souber
salvar-se de si própria.
João Ferreira da Cruz, economista
PEDRO NUNES
António Correia de CamposTerra e Lua
PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015 | 45
BARTOON LUÍS AFONSO
O povo é sereno... é só fumaça
Receio que o nosso debate
político esteja a sofrer uma
radicalização desnecessária
e indesejável. E que essa
radicalização assente,
pelo menos em parte, em
asserções emotivas que não
estão a ser tranquilamente
confrontadas com a
experiência acumulada ao
longo dos 40 anos da nossa democracia.
Uma dessas asserções consiste em
apresentar a chamada “maioria de
esquerda” no actual Parlamento como
se se tratasse de um facto novo na nossa
história parlamentar. Negar essa maioria
seria, por isso, “excluir um milhão de
eleitores [do BE e do PCP] do sistema
democrático”. Seria, fi nalmente, um
“atentado contra a Constituição” e contra a
“soberania da Assembleia da República”.
Deve ser recordado que a maioria
numérica da esquerda existiu em 22 dos
40 anos de vida do nosso Parlamento. No
entanto, nunca houve governos de maioria
de esquerda. Porquê?
A resposta é dada pelos factos: em 22
anos de maioria numérica de esquerda,
nunca houve governos de maioria de
esquerda porque o Partido Socialista
nunca deixou. Porque o Partido Socialista
nunca aceitou coligar-se com o Partido
Comunista.
Já recordei aqui que, logo a seguir ao
25 de Abril, Manuel Serra liderava no
PS a defesa de uma aliança com o PCP.
Mário Soares derrotou-o com clássica
compostura.
Em 1980/81, Mário Soares recusou
apoiar a recandidatura presidencial do
General Eanes, apesar de este concorrer
contra um candidato comum da chamada
“direita”, o General Soares Carneiro. Mário
Soares inventou então uma nova fi gura
estatutária: “auto-suspendeu-se” do cargo
de secretário-geral do PS, para poder não
apoiar Ramalho Eanes — que era apoiado
pelo Secretariado do PS e apresentado
como candidato da “esquerda unida”. Foi
uma decisão gravíssima, que podia ter
marcado o fi m da sua carreira política.
Ramalho Eanes ganhou as presidenciais
de 1980/81. Mário Soares foi dado como
“acabado” pelos membros do “ex-
secretariado” — que preconizavam uma
“maioria de esquerda”. Mas Soares
reconquistou a liderança do PS e... ganhou
as eleições de 1983, sem maioria absoluta.
De novo contra a ala esquerda do PS,
recusou qualquer entendimento com os
comunistas e... promoveu o Bloco Central
com o PSD de Mota Pinto e depois Rui
Machete.
Em 1985/86, como também já recordei
aqui, Mário Soares lançou quase sozinho
a sua candidatura presidencial contra
dois candidatos à sua esquerda: Salgado
Zenha e Lourdes Pintasilgo. Foi nessa
altura que o Clube da Esquerda Liberal e
a revista RISCO, que eu na altura dirigia, o
apoiámos: ele tinha 8% nas sondagens, mas
acabou eleito Presidente.
Finalmente, em 1987, o Presidente
Mário Soares recusou as propostas de
maioria de esquerda que o PS e o PRD lhe
apresentaram. A “maioria de esquerda”
PS, PRD e PCP tinha votado uma moção de
censura e derrubado o Governo minoritário
do PSD de Cavaco Silva. Foram a Belém
dizer que havia uma maioria de esquerda
no Parlamento e que o Presidente Soares
tinha de lhes dar o Governo. Mário Soares
recusou e convocou eleições antecipadas
— que deram a primeira de duas maiorias
absolutas a Cavaco Silva e ao PSD.
Por outras palavras, a recusa da “maioria
de esquerda” foi um traço constitutivo
do Partido Socialista de Mário Soares. Ele
pensava que o que separa o PS do PCP
não são meras divergências políticas de
circunstância, mas sim dois conceitos de
sociedade. Não estão no mesmo campo no
que diz respeito à democracia e à liberdade.
Os actuais líderes socialistas não estão
obviamente impedidos de romper com esse
legado do PS. Mas manda a decência que
digam publicamente que estão a fazê-lo. E
mandam as boas práticas democráticas que
os eleitores possam a curto prazo dar o seu
parecer sobre o tema.
Quando anunciou as eleições antecipadas
de 1987, disse o Presidente Mário Soares:
“Como sabem, a regra de ouro nas
democracias é, em caso de dúvida — ou
de bloqueamento —, restituir a palavra ao
povo soberano, que é, como se diz, ‘quem
mais ordena’. Porque, como ensinou
Alexis de Tocqueville, se é indiscutível
que os deputados
são os legítimos
representantes do
povo soberano, não
é menos verdade
que eles não
são, nem podem
considerar-se, os
representantes
soberanos do
povo.”
E, como disse o
Almirante Pinheiro
de Azevedo em
pleno PREC: “O
povo é sereno... é
só fumaça.”
Mais vale tarde...
Jeremy Corbyn,
o novo líder
esquerdista do
Partido Trabalhista
britânico, teve
de se vestir a rigor e cumprimentar a
Rainha num banquete em Londres, na
semana passada. Há cerca de um mês,
impropriamente vestido, recusara cantar
o hino nacional, God Save the Queen, na
Catedral de São Paulo, numa homenagem
aos aviadores e civis caídos na Batalha de
Inglaterra, em 1940.
Professor universitário, IEP-UCP Escreve à segunda-feira
A recusa da “maioria de esquerda” foi um traço constitutivo do Partido Socialista de Mário Soares
João Carlos EspadaCartas do Atlântico
Sigamos o UTC
Ainda bem que Cláudia
Carvalho Silva entrevistou
o claríssimo Rui Agostinho,
director do Observatório
Astronómico de Lisboa, para
o PÚBLICO.
Afi nal, o GMT (tempo médio
de Greenwich) já não existe. É
uma snobice anglófi la ter em
Tavira a mesma hora do que na
terra mais nortenha, fria e escura da Escócia.
Hoje, o fuso horário de referência,
apesar de continuar a ser descaradamente
eurocêntrico, é o UTC. Que quer dizer UTC?
Diplomacia. Os francófonos queriam que
fosse, como as bolachinhas, TUC (temps
universel coordonné) e os anglófonos
queriam que fosse CUT (coordinated
universal time). Ficou UTC, que a nada
corresponde, como compromisso.
No domingo atrasámos os relógios para
voltar ao UTC. O UTC não é um devaneio ou
uma panca: “corresponde à hora atómica,
isto é, à média dos relógios atómicos”. Sim,
é afl itivo que nem os relógios atómicos
concordem. Mas a média já não é má. O UTC
não muda. É científi ca e leal e admirável
segundo todos os pontos de vista possíveis.
Durante metade do ano (a parte mais
soalheira) Portugal submete-se com
snobismo ao British Summer Time, dizendo
que está apenas a cumprir o Daylight Saving
Time, que todos os países europeus seguem,
excepto a Arménia, a Bielorússia, a Geórgia e
a Rússia, que tem mais fusos horários do que
Portugal tem maneiras de fazer caldeirada.
Tem graça que ambas as nomenclaturas
sejam intransigentemente inglesas.
Voltámos ao juízo. Ainda bem. Daqui a
seis meses aguentemo-nos, fi rmes.
Miguel Esteves CardosoAinda ontem
46 | PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015
A hora negra do regime
A crise política que vivemos já
causou danos profundos no
nosso sistema político. Abalou,
com consequências nesta altura
imprevisíveis, a sã convivência
entre instituições e partidos. E
pode mesmo provocar a mais
séria transformação do regime
tal como tem sido entendido
entre nós ao longo de 40 anos.
O Presidente da República fez bem em
recordar alguns desses aspectos. Quero aqui
acrescentar outros.
a) A escolha para primeiro-ministro do líder
da força política mais votada em eleições é
uma regra. É uma convenção constitucional.
É impreciso falar-se apenas de “tradição”
ou “precedente”. Um regime político e um
sistema de governo dependem, e muito, de
convenções constitucionais, no nosso caso
reconhecidas e seguidas pelos partidos há 40
anos. Modifi car abruptamente a convenção
contra a vontade de dois dos partidos
com representação parlamentar, um dos
quais o partido maioritário, só iria ferir os
equilíbrios da nossa democracia e corromper
as expectativas do eleitorado que, quando
vota em eleições legislativas, vota também
para defi nir quem governa, escolhendo ou
rejeitando candidatos a primeiros-ministros.
São tantos, na universidade ou nos jornais, os
que têm defendido que assim é, e mais, que
deve continuar a sê-lo. Veja-se, por exemplo,
o constitucionalista Jorge Reis Novais: “as
eleições parlamentares são cada vez mais,
nos nossos dias e para a maioria dos eleitores,
uma escolha do novo Governo, especialmente
do novo Primeiro-Ministro”, pelo que
“desde que o anterior Primeiro-Ministro —
ou o partido que o apoia — se reapresente a
eleições, o voto individual é determinado,
para a maioria do eleitorado, por uma
intenção de premiar ou sancionar a actuação
desse Governo, renovando-lhe o mandato ou
votando pelas alternativas das oposições”.
Estamos de acordo.
b) Por isso, na nossa democracia que,
como veremos, não é nem uma democracia
de parlamentarismo puro e muito menos
de governo de assembleia, os mandatos
não podem ser tratados apenas como
números. O que está em confronto não
são (não podem ser) 107 mandatos vs. 122
mandatos. Subjacente a estes números está
uma vontade, democraticamente expressa
através do voto, de escolher uma maioria
(PSD-CDS) e, por essa via, de a legitimar a
formar governo. É uma espécie de lógica
fi nalista que falha na construção mirabolante
daquilo a que se tem chamado “maioria de
esquerda”. Respeitar a vontade do povo não
é juntar os perdedores e, com isso, criar uma
nova maioria; é obrigar a maioria vencedora
a ceder, a negociar, a transigir. A democracia
não é uma conta de matemática.
c) Portugal é uma democracia
representativa, mas não é um sistema de
cariz puramente parlamentar. O Presidente,
dotado de legitimidade democrática directa,
tem poderes autónomos de intervenção
política — e por isso tantos caracterizam o
nosso sistema como semipresidencial. Como
escreveu Vital Moreira, “o Presidente da
República funciona como um ‘quarto poder’
ou como poder moderador, com funções
de fi scalização, supervisão e regulação do
sistema de governo”. Surpreende-me que seja
necessário recordar este princípio consensual
àqueles que sempre o defenderam com mais
afi nco. A nomeação do primeiro-ministro
e do Governo constitui uma competência
própria do Presidente da República. Não
cabe à Sra. Deputada Catarina Martins, à
saída de reuniões secretas, decretar o fi m
de um governo ou a designação de outro
primeiro-ministro, qualquer que ele seja,
apresentando-o como um facto consumado.
Não compete ao Sr. Deputado António Costa,
rejeitado em eleições para primeiro-ministro,
autoproclamar-se líder de uma suposta
solução de governo, independentemente do
juízo de apreciação política do Presidente
sobre a consistência ou viabilidade dessa
solução. Essas competências pertencem,
repito, ao Presidente. O condicionamento,
senão mesmo a desconsideração, do espaço
de decisão do
Presidente da
República atingiu
níveis impensáveis
nestas duas
últimas semanas.
Como também
escreveu Vital
Moreira aquando
da substituição de
Durão Barroso por
Santana Lopes em
2004, “só falta que
o autodesignado
‘governo’ se
apresente por sua
iniciativa perante a
AR para apresentar
o programa do
governo”. Os teóricos
da liberdade de
decisão presidencial
mostram-se afi nal
pouco convictos
dessa liberdade
quando o Presidente
não provém da sua
área política.
d) De igual
modo, as funções
do Presidente da
República não
passam apenas,
no nosso sistema,
por velar pela
estabilidade política
Ao ser mudada a regra de que quem ganha com maioria (relativa) afinal não governa, são os equilíbrios políticos entre a esquerda e a direita que sairão destroçados. Com isto regredimos anos e anos
RUI GAUDÊNCIO
Debate Nova legislaturaPedro Lomba
e pela regular formação dos governos. O
regime não corresponde só a um instrumento
de governo. O regime assenta em opções,
valores, obrigações, consensos. A margem
de actuação presidencial passa também
por defender os fundamentos de um
regime comprometido com a participação
europeia, cumpridor das suas alianças
externas e respeitador das suas obrigações
internacionais. Não se pode esperar outra
coisa do Presidente, qualquer que ele seja,
senão ser o guardião destas fundações
(também elas constitucionais) do regime.
E, nota à parte, outra coisa não se poderia
esperar deste Presidente para quem a nossa
pertença europeia foi sempre um elemento
defi nidor da sua acção política.
e) O espírito de condicionamento — dizendo
aqui melhor: de autêntica obstrução —
chegou ainda, desastrosamente, à posição
sobre o papel da Assembleia da República
no processo de formação de um governo.
Quando se vai ao limite de considerar
dispensável — e uma “perda de tempo” — a
nomeação de um governo formado pela força
política vencedora das eleições por causa
do risco antecipado e redobrado que esse
governo teria, ou terá, de ver rejeitado o seu
programa, fi ca claro aquilo que se pensa e
não se pensa sobre a soberania democrática
do Parlamento, a legitimidade democrática
dos governos minoritários, a publicidade dos
debates parlamentares e o mandato individual
dos deputados que, sendo responsáveis
perante os seus partidos, são também
responsáveis perante os eleitores e o país. É,
com efeito, grave e inédito.
e) É inédito ainda por outra razão. Portugal
não tem um sistema parlamentar puro, não
só porque o Presidente da República detém
poderes políticos ampliados, mas porque
a nossa democracia integra a “família” das
chamadas democracias parlamentares
racionalizadas. Por parlamentarismo
racionalizado entende-se, nas palavras
de quem há muito criou o conceito, “um
conjunto de mecanismos constitucionais
destinados a assegurar a estabilidade do
executivo”. Permitir a formação e viabilização
de governos minoritários foi sempre um meio
de racionalização e estabilidade da nossa
democracia, considerando em particular que
o nosso sistema eleitoral proporcional não
facilita a criação de maiorias absolutas. Daí
que os governos tivessem sido dispensados
pela Constituição de obter uma aprovação
formal do seu programa no Parlamento,
bastando que esse mesmo programa não
seja rejeitado. Por isso, a prática política,
desde 1976, conheceu numerosos governos
minoritários, o último dos quais em 2009
com José Sócrates. A mesma prática conduziu
a que, de 1976 a 2009, e em todas as situações
em que o PS ganhou as eleições sem maioria
absoluta, PSD e CDS não se opusessem à
viabilização de governos minoritários. Como
escreveu Jorge Reis Novais, “um governo
minoritário não é uma anormalidade
constitucional nem suscita quaisquer
problemas de legitimidade democrática, de
título ou de exercício. É expressão da vontade
do eleitorado manifestada no quadro do
sistema eleitoral e nele se podem descobrir
virtudes”. Estamos novamente de acordo.
f ) Ora, ao abandonar-se agora a convenção de
quem ganha as eleições, governa, a apreciação
do programa de governo ameaça converter-
se estrepitosamente no seu contrário: de um
mecanismo que na democracia portuguesa
sempre facilitou a viabilização de governos
minoritários para uma forma de imposição de
governos maioritários e, consequentemente, de
oposição à formação de governos minoritários
de centro-direita. Daqui para a frente, e se tal se
consumar, o centro-direita só poderá governar
Portugal se dispuser de uma maioria absoluta,
condição que, como sabemos, o sistema
eleitoral propicia com especial difi culdade. É
bom sublinhar que não há qualquer novidade
nos resultados das eleições de 2015. Foram
muito semelhantes a 1985 em que o PSD obteve
29,87% e o CDS 9,96%, ou a 2009 em que o PS
alcançou uma maioria relativa com 36,56%
dos votos e PSD e CDS respectivamente com
29,11 e 10,43. A verdadeira novidade é esta: a
alteração das condições de legitimidade em
Portugal para formar governo. Os governos
minoritários (do PS ou PSD) foram sempre
uma opção tida como viável e legítima não
podendo o Presidente obrigar o partido
ou partidos vencedores a uma maioria que
estes não pudessem construir. A mudança
abrupta das regras de legitimidade signifi ca
que os governos minoritários do centro-
direita passarão a ser uma opção impossível
podendo um grupo de partidos derrotados
unir-se para impor ao Presidente uma
maioria, mesmo que este a considere
inconsistente. Os equilíbrios do nosso
sistema político serão assim rompidos.
g) Aliás, outro ponto quase em forma de
parêntesis: é precisamente porque somos
uma democracia parlamentar racionalizada
que foi criada outra convenção constitucional,
segundo a qual sempre coube ao partido ou
coligação de partidos mais votada assumir
o cargo de Presidente da Assembleia da
República. Esta convenção não era nenhum
“prémio” ao vencedor. Ela tinha por objectivo
conferir maior estabilidade e racionalidade
ao funcionamento do trabalho parlamentar,
em particular na sua relação com o Governo,
evitando que o Parlamento se transformasse
numa câmara meramente negativa e instável,
mas servindo também para moderar, através
PÚBLICO, SEG 26 OUT 2015 | 47
O preço das Artes
Há um par de meses, quando
se preparava o ano lectivo,
António Araújo, no seu
blogue Malomil, dava-nos a
conhecer a sua indignação
perante o custo de alguns
manuais escolares envolvidos
em “blocos pedagógicos” que
as editoras apresentam aos
alunos e respectivas famílias
como material indispensável para o
sucesso, quantas vezes com a conivências,
por omissão, de escolas e professores,
acrescento eu. No caso era um bloco
pedagógico para o 11.º ano de Biologia e
Geologia, daqueles que incluem cadernos
de actividades e mais alguma coisa que
sirva para somar parcelas na factura. Com
a extensão da escolaridade para 12 anos
e a generalização do Ensino Secundário,
esta prática dos blocos pedagógicos — já
muito comum nos 2.º e 3.º ciclos do Ensino
Básico — tem-se estendido ao Secundário,
benefi ciando as editoras com as mudanças
de metas de aprendizagens e de conteúdos
programáticos que, ano a ano, vão
inutilizando os manuais comprados
anteriormente.
Mas se o negócio dos manuais e demais
“materiais auxiliares”, com destaque para
os livrinhos com as provas fi nais de ciclo
e exames que estão online gratuitamente
no site do Iave, tem andado de vento em
popa em tempos de redução do número de
alunos, o que dizer dos encargos que implica
a frequência, mesmo no Ensino Básico, de
disciplinas como Educação Visual?
Há umas semanas, com uma folha
A4 pautada com as linhas quase todas
preenchidas com todo o tipo de materiais
imagináveis, lá fomos nós, petiza, mãe e
pai, fazer uma visita a uma grande cadeia
de materiais escolares e de escritório,
acabando a expedição com uma conta
acima dos 50 euros, apesar de em casa já
existirem alguns dos materiais solicitados e
de em vários casos a opção ter sido mesmo
pela marca branca e, caso se parta ou
extravie, que é o mais certo ao longo do
ano, logo se compra outro.
E estamos a falar de Ensino Básico, de
uma disciplina de frequência obrigatória,
numa escola pública, num sistema de ensino
obrigatório, universal e alegadamente
gratuito. Tudo para além da aquisição do
próprio manual ou bloco pedagógico.
Entendamo-nos sobre um ponto: eu
até concordo que alguns materiais, para
trabalhos específi cos, mais onerosos,
possam fi car a cargo dos orçamentos
familiares com essa capacidade. Agora,
pedir que se comprem borrachas e lápis
específi cos, folhas de papel de três ou
quatro variedades, incluindo as brancas
mais comuns, faz-me lembrar o pedido feito
há alguns anos — talvez ainda seja — por
algumas escolas do 1.º ciclo para que os
alunos levassem rolos de papel higiénico de
casa, porque o fornecimento lhes chegava
tarde e em quantidades insufi cientes.
Estamos a falar do Ensino Básico, do ensino
público obrigatório e a mim quer parecer,
como professor
(em escola onde
tal não acontece)
e encarregado de
educação, que
começamos a entrar
num território
muito complicado
quando é necessário
solicitar aos alunos
a aquisição de
todo este material
para uma área
curricular já de si tão
maltratada quanto
é a das Artes. Eu sei
que para Educação
Física é necessário
comprar sapatilhas,
fatos de treino e
camisolas. E sei que
em algumas escolas,
à maneira das
privadas, se exige
que sejam camisolas
compradas na
própria escola,
ajudando a “gerar
receitas”.
Sei de tudo isso,
mas acho que no
caso das Artes — e
nem imagino como
será no Ensino
Secundário — isto
gera uma dupla
NUNO FERREIRA SANTOS
Debate Educação e Artes VisuaisPaulo Guinote
situação de injustiça relativa, não apenas em
relação a alunos com menos recursos, como
quanto à forma como estas disciplinas são
encaradas, quando são feitas tais exigências.
Porque, mesmo que queiramos o contrário,
estes são factores repulsivos, que sacrifi cam
uma área de estudos que parece cada vez
mais desprezada.
E considero isto ainda mais grave porque,
em matéria de desporto ou mesmo do
chamado “ensino artístico”, existe uma
oferta de actividades dentro e fora das
escolas públicas (há, por exemplo, subsídios
e ensino articulado para alunos que sigam
estudos na área da Música) que não se
encontra em relação às Artes Visuais, em
que os alunos que sintam especial apetência
por esse tipo de expressão fi cam restringidos
a uma aula semanal e a uma quase total
ausência de ofertas para aperfeiçoar as suas
competências, sem ser à custa de um forte
investimento familiar e, mesmo assim, só em
grandes centros urbanos.
Se as Humanidades estão a ser trucidadas,
em especial no Ensino Secundário, pela
ideologia redutora das STEM, as Artes
Visuais (desenho, pintura, ilustração, seja
no sentido tradicional ou em variantes
mais actuais, como os suportes digitais ou a
chamada arte urbana) são completamente
ignoradas e sobrevivem num espartilho
curricular que só se compreende num
contexto de miopia intelectual.
E quando no meu país há escolas públicas
que não têm condições — ou optam por fazer
essa poupança — para colocar umas folhas
de papel, lápis, borrachas, réguas e algum
material básico de pintura nas mesas dos
alunos, há algo que está profundamente
errado nas prioridades estabelecidas para
uma Educação a que se exige que entre em
competição com as melhores do mundo.
Professor do 2.º ciclo do ensino básico
de um espírito de equidistância, a maioria
que sustenta o Governo. A regra impôs-se,
inclusive, diante de governos minoritários,
como sucedeu em 2009 com a eleição
de Jaime Gama. Ontem [sexta-feira], pela
primeira vez, foi quebrada. Viu-se no que
deu: um discurso sectário de Ferro Rodrigues
que entendeu agir como presidente de
metade da Assembleia contra a outra metade,
exactamente o oposto da razão que justifi cou
a criação dessa convenção parlamentar.
h) Mas: e lá fora? Por estes dias têm sido
apresentados cinco exemplos de países
europeus cujos governos assentam em
coligações pós-eleitorais compostas por
partidos que não venceram as eleições. Esses
exemplos seriam, nomeadamente, Bélgica,
Dinamarca, Luxemburgo, Letónia e Noruega.
Pergunto se houve tempo para perceber
como funcionam os sistemas políticos
nestes países. Quatro dos cinco citados são
monarquias constitucionais parlamentares,
em que o Chefe de Estado assume um
papel muito reduzido. Os respectivos
sistemas eleitorais produzem uma elevada
proliferação de partidos, vários deles com
votação semelhante na casa dos 20%. Os
sistemas partidários assentam em coligações
entre partidos centristas, que oscilam
entre centro-esquerda e centro-direita. Os
partidos radicais, como aconteceu com os
comunistas, passaram por percursos longos
de convergência e modernização, tanto nos
seus programas, prática política e organização
interna. A formação de coligações nunca é
vista como inesperada pelo eleitorado. Como
acontece na Dinamarca ou na Suécia, os
eleitores sabem à partida com o que contam.
Em suma, o comparativismo apressado pode
não ser o método mais feliz.
i) Por tudo isto, e sem que saibamos todos
os desenvolvimentos deste processo, há desde
já um facto a que possivelmente já não iremos
conseguir escapar: a ruptura das regras de
confi ança política na nossa democracia.
Uma ruptura que afectará as relações entre
PSD, CDS e PS, mas também entre todos os
restantes partidos. Uma ruptura nas regras
de legitimidade na formação dos governos
e nas fronteiras e equilíbrios que sempre
nos habituámos a respeitar. Uma ruptura
que impedirá a construção de consensos ao
centro, ora mais para a esquerda, ora mais
para a direita, o que atendendo às decisões
parlamentares que carecem de maiorias de
dois terços só irá agravar o bloqueio e a erosão
do nosso sistema político. Ao ser mudada
a regra de que quem ganha com maioria
(relativa) afi nal não governa, são os equilíbrios
políticos entre a esquerda e a direita que
sairão destroçados. Com isto regredimos anos
e anos; e podemos regredir ainda mais. E
não sei quantos mais levaremos depois para
recuperar. A estabilidade de Portugal é o bem
mais valioso. Boa sorte para todos nós.
Secretário de Estado adjunto do ministro adjunto e do Desenvolvimento Regional
Se as Humanidades estão a ser trucidadas, as Artes Visuais são completamente ignoradas e sobrevivem num espartilho curricular que só se compreende num contexto de miopia intelectualintelectual
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ESCRITO NA PEDRA
“Os homens, quando não são forçados a lutar por necessidade, lutam por ambição”Nicolau Maquiavel (1469-1527), historiador, poeta e diplomata italiano
SEG 26 OUT 2015
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Coimbra e Caldas da Rainha, destacaram-se pela positiva no período 1991-2011 p11
Situação no pré-escolar faz com que os estereótipos de género se eternizem p10
Festival literário fez quadruplicar as vendas nas livrarias de Óbidos p26
Porto e Amadora são dos municípios menos saudáveis
Só 1% dos nossos educadores de infância são homens
Primeira edição do Folio soube a Brasil e já se fala da próxima
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CONSOANTE MUDA
Evitar a armadilha
A situação que Portugal
está a viver não tem
particular mistério numa
democracia parlamentar.
Só a falta de sentido de
responsabilidade dos
principais agentes políticos pode
tornar complicado e até perigoso
aquilo que é simples.
A esquerda tem a maioria
absoluta no parlamento e — coisa
inédita — diz-se disposta a usar essa
maioria para apoiar um governo
liderado pelo PS (que, segundo
este, respeitará as condições
apresentadas pelo Presidente
da República: estabilidade,
durabilidade, maioria parlamentar
e continuidade dos compromissos
internacionais pelo país).
Face a isto, há três coisas
preocupantes.
A primeira, o conteúdo de
parte do discurso de Cavaco
Silva na semana passada. Não
a decisão de indigitar Pedro
Passos Coelho primeiro-ministro
e convidá-lo a formar governo —
legítima, constitucional e como tal
entendida por todos. Mas a forma
como se referiu a dois partidos
que são parte do nosso arco
constitucional — BE e PCP — e deu
a entender que nunca empossaria
Rui Tavares
um governo apoiado por eles.
Esta sugestão é tão grave que
me limitarei a dizer que, se fosse
levada a sério, equivaleria a passar
um atestado de incapacidade à
nossa democracia. E em termos
práticos, seria pior ainda: Cavaco
Silva forçaria o país a viver com um
governo de gestão durante vários
meses, o que seria neste contexto
catastrófi co para o país.
A segunda — o facto de o governo
estar voluntariamente a violar as
regras do “semestre europeu”.
Não tem merecido muita atenção
o facto de Passos Coelho se
recusar a enviar o cenário-base
orçamental à Comissão Europeia,
levando Portugal a ser o primeiro
país do euro a violar esta regra.
Independentemente da nossa
opinião sobre esta regra (eu
votei contra ela no Parlamento
Europeu), não deixa de ser
perturbante que um governo que
a apoiou entusiasticamente queira
deixar esta pedra no caminho
de quem vier a seguir. O governo
conhecia este calendário — todos
sabíamos que assim seria quando
Cavaco Silva decidiu manter as
eleições para esta data — e dá assim
motivos de suspeita a quem teme
que haja surpresas desagradáveis
nas contas do Estado.
Ora, por falar nisso, voltemos
a Cavaco Silva e às menções que
fez às reações dos mercados
internacionais em relação a
Portugal. Seria o pior sinal de
imaturidade do nosso sistema
político que, ao mesmo tempo em
que se alerta contra as reações
dos mercados, se deixe Portugal
vulnerável perante os mesmo
mercados. Os responsáveis
políticos em funções — Presidente
e primeiro-ministro — não podem
deixar ao país essa armadilha.
Nestes dias, o ambiente político
e social em Portugal anda muito
polarizado. Mas nota-se também
que os argumentos contra uma
governação ancorada à esquerda
começam a escassear. Com a
eleição de Ferro Rodrigues,
a direita entendeu que não
tem maioria no parlamento.
Contemplando as difi culdades
insuperáveis — práticas e legais
mas sobretudo de legitimidade
— de um governo de gestão por
vários meses, espera-se que o
Presidente da República entenda
fi nalmente que não pode excluir
dois partidos da governação.
Resta à esquerda completar
as suas negociações e contribuir
para que a democracia portuguesa
funcione plenamente.
Historiador, dirigente do Livre
O designer gráfi co Ricardo Mealha
morreu ontem de manhã, aos 47
anos, na sequência de um cancro
no cérebro. Mealha foi responsável
pela imagem gráfi ca de várias mar-
cas nas últimas décadas, cruzando
desde instituições mais tradicionais,
como o Ministério da Cultura (MC) ou
o Banco Espírito Santo, com outras
mais vanguardistas como a discoteca
Lux e o restaurante Bica do Sapato,
em Lisboa.
Bárbara Coutinho, directora do
MUDE — Museu do Design e da Mo-
da, em Lisboa, diz que a sua morte “é
uma perda para o design português”.
“Era um dos grandes designers grá-
fi cos portugueses das últimas déca-
das.” Para Bárbara Coutinho, Mea-
lha destacava-se porque “conseguia
imprimir uma marca de reinvenção
gráfi ca com um sentido muito cos-
mopolita”. “Era um homem muito
atento ao seu tempo. É conhecida
a sua ligação com a vida cultural,
urbana, nocturna, que ele ajudou
a criar.”
Nascido em Lisboa a 22 de Outubro
de 1968, fundou o atelier RMAC-Ri-
cardo Mealha/Ana Cunha, que depois
vendeu ao grupo BBDO Portugal.
Desde 2014 era director criativo da
Brand Gallery.
O designer gráfi co Jorge Silva, que
esteve mais próximo de Mealha na
época da RMAC, sublinha o trabalho
produzido pela dupla que fez com
Ana Cunha: “Fui jurado em alguns
concursos de design e publicidade
e era quase embaraçoso porque eles
ganhavam quase todas as categorias.
Era um trabalho extraordinário, foi
pioneiro e veio criar uma leitura mui-
to hedonista do design.” Silva desta-
ca a qualidade do trabalho de Mealha
pela “gramática gráfi ca fresca, nova,
alinhada por tendências contemporâ-
neas, estrangeiras, e grande requinte
e cuidado com materiais, com méto-
dos de impressão que eram muito
diferentes e sofi sticados”.
Na página da Brand Gallery, Ma-
nuel Reis, dono da Lux, testemunha:
“Foi com ele que trabalhei a identida-
de gráfi ca de quase todos os projectos
em que me envolvi. Entre as muitas
qualidades que lhe reconheço talvez
a mais importante seja a sua capaci-
dade de arriscar, de experimentar e
de fazer diferente.” Na década de 90,
Ricardo Mealha trabalhou na agência
de publicidade Young&Rubicam e na
Novodesign. O designer trabalhou
ainda para a ModaLisboa, a loja de
decoração Área, A Vida Portuguesa,
Vista Alegre, Casa das Histórias Paula
Rego, grupo Jerónimo Martins, hotéis
Tivoli, azeite Gallo, entre outros. Foi
distinguido com mais de 80 prémios
em concursos portugueses e interna-
cionais. Editado por Isabel Salema
ÓbitoBeatriz Dias Coelho
Morreu o designerRicardo Mealha
Ricardo Mealha era “um dos grandes designers gráficos portugueses das últimas décadas”
O ambiente anda muito polarizado, mas nota-se que os argumentos contra uma governação à esquerda começam a escassear
Ponha à prova os seus sentidos.
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