JORNALISMO E PRECONCEITO: UM DIAGNÓSTICO … · Atualmente, o movimento homossexual encontra-se...

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1 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13 th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X JORNALISMO E PRECONCEITO: UM DIAGNÓSTICO DO SILENCIAMENTO DAS DEMANDAS DO UNIVERSO LGBT NA ESCOLHA DAS NOTÍCIAS Ingrid Pereira de Assis 1 Resumo: Este artigo é resultado de uma pesquisa que observou a divulgação das notícias relacionadas ao universo LGBT dentro de um veículo de comunicação, e mais especificamente, notícias relacionadas à violência cometida contra este grupo social para, a partir desta observação, compreender que há um silenciamento das notícias com relação a este universo. Tal ocultação acaba funcionando como uma segunda violência, eclipsando as demandas da comunidade LGBT em busca de melhores condições sociais e colocando em cheque a função humana e social do jornalismo. Palavras-chave: Jornalismo. LGBT. Preconceito. Introdução A rotina de produção jornalística tem características próprias, nas quais pesam alguns fatores, tais como: público-alvo, canal e intenção comunicativa etc. Várias teorias foram elaboradas com o objetivo de tentar compreender o que transforma um fato em notícia e quais são os critérios utilizados pelos profissionais da impressa para avaliar o que deve ou não ser noticiado. No livro Teorias da Comunicação, Mauro Wolf enumera alguns fatores que ampliam os critérios de noticiabilidade, tais como: importância dos envolvidos, quantidade de pessoas atingidas, interesse nacional, feitos excepcionais, atualidade, novidade, brevidade etc. No dia a dia de uma redação, percebe-se a influência de outros fatores ligados, sobretudo, à manutenção das crenças e interesses dos hierarquicamente melhor posicionados. Observando reuniões de pauta, percebe-se que concepções de gênero, etnia, cultura e religião, são consideradas por aqueles que têm o poder na hora de decidir qual pauta será produzida, como será o enfoque da matéria e que destaque determinado assunto terá no jornal. O último relatório divulgado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, intitulado “Relatório sobre violência homofóbica no Brasil: ano de 2012”, revelou que o Maranhão é o quarto Estado brasileiro com o maior número de denúncias de violência contra a população LGBT 2 apresentadas ao poder público. A capital, São Luís, concentra o maior número de ocorrências de casos de homofobia no Estado. De acordo com a pesquisa, são 358 casos por 100 1 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC - Brasil); mestre em Ciências Sociais, pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA - Brasil); e bacharel em Comunicação Social Hab. Jornalismo, também pela UFMA, Brasil. E-mail: [email protected]. 2 Esta sigla designa lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Em alguns locais do país, o T, que representa a presença de travestis e transexuais no movimento, também, refere-se à transgêneros, ou seja, pessoas cuja identidade de gênero não se alinha de modo contínuo ao sexo que foi designado no nascimento (crossdressers, drag queens, transformistas, entre outros).

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Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),

Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X

JORNALISMO E PRECONCEITO: UM DIAGNÓSTICO DO SILENCIAMENTO DAS

DEMANDAS DO UNIVERSO LGBT NA ESCOLHA DAS NOTÍCIAS

Ingrid Pereira de Assis1

Resumo: Este artigo é resultado de uma pesquisa que observou a divulgação das notícias

relacionadas ao universo LGBT dentro de um veículo de comunicação, e mais especificamente,

notícias relacionadas à violência cometida contra este grupo social para, a partir desta observação,

compreender que há um silenciamento das notícias com relação a este universo. Tal ocultação acaba

funcionando como uma segunda violência, eclipsando as demandas da comunidade LGBT em

busca de melhores condições sociais e colocando em cheque a função humana e social do

jornalismo.

Palavras-chave: Jornalismo. LGBT. Preconceito.

Introdução

A rotina de produção jornalística tem características próprias, nas quais pesam alguns

fatores, tais como: público-alvo, canal e intenção comunicativa etc. Várias teorias foram elaboradas

com o objetivo de tentar compreender o que transforma um fato em notícia e quais são os critérios

utilizados pelos profissionais da impressa para avaliar o que deve ou não ser noticiado.

No livro Teorias da Comunicação, Mauro Wolf enumera alguns fatores que ampliam os

critérios de noticiabilidade, tais como: importância dos envolvidos, quantidade de pessoas atingidas,

interesse nacional, feitos excepcionais, atualidade, novidade, brevidade etc.

No dia a dia de uma redação, percebe-se a influência de outros fatores ligados, sobretudo, à

manutenção das crenças e interesses dos hierarquicamente melhor posicionados. Observando

reuniões de pauta, percebe-se que concepções de gênero, etnia, cultura e religião, são consideradas

por aqueles que têm o poder na hora de decidir qual pauta será produzida, como será o enfoque da

matéria e que destaque determinado assunto terá no jornal.

O último relatório divulgado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência

da República, intitulado “Relatório sobre violência homofóbica no Brasil: ano de 2012”, revelou

que o Maranhão é o quarto Estado brasileiro com o maior número de denúncias de violência contra

a população LGBT2 apresentadas ao poder público. A capital, São Luís, concentra o maior número

de ocorrências de casos de homofobia no Estado. De acordo com a pesquisa, são 358 casos por 100

1 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC - Brasil); mestre em

Ciências Sociais, pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA - Brasil); e bacharel em Comunicação Social – Hab. Jornalismo,

também pela UFMA, Brasil. E-mail: [email protected]. 2 Esta sigla designa lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Em alguns locais do país, o T, que representa a

presença de travestis e transexuais no movimento, também, refere-se à transgêneros, ou seja, pessoas cuja identidade de

gênero não se alinha de modo contínuo ao sexo que foi designado no nascimento (crossdressers, drag queens,

transformistas, entre outros).

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mil habitantes no Maranhão, o que equivale a 5,44%. Em primeiro lugar está o Piauí, com 9,23% e

em segundo o Distrito Federal, com 8,75% e em terceiro o Ceará, com a taxa de 5,63%.

Outro dado significativo deste relatório é de que o Maranhão, mesmo apresentando este

índice alto de violência, é o segundo Estado com menor divulgação pela mídia dos casos de crimes

cometidos contra homossexuais. Considerando este contexto, o objetivo principal desta análise foi

identificar se, passados alguns anos da pesquisa da Secretaria Especial de Direitos Humanos da

Presidência da República, ainda há um baixo número de matérias relacionadas as demandas da

comunidade LGBT, sobretudo, no que concerne a violências sofridas. Posteriormente, a partir deste

diagnóstico, que mescla observação dos telejornais e observação participante, tal estudo poderá ser

aprofundado tentando identificar o porquê de a violência contra os diferentes grupos pertencentes à

comunidade LGBT ser tão pouco pautada entre os veículos de comunicação maranhenses

considerando a formação dos agentes envolvidos.

Dado o grande número de veículos de pequeno (principalmente), médio e grande porte no

Maranhão e a intensa oscilação de surgimento e desaparecimento destes, optou-se nesta pesquisa

por focar no veículo de comunicação de maior alcance no Estado, a Rede Mirante de Televisão, ou

TV Mirante. A Rede Mirante de Televisão abrange 216 municípios maranhenses e mais de cinco

milhões de telespectadores potenciais, com sedes localizadas nas cidades de São Luís, Imperatriz,

Santa Inês, Região dos Cocais e Açailândia. Em todas, é líder de audiência. Estas particularidades

tornam o veículo um objeto de observação do foco da pesquisa adequado e relevante. Para chegar às

conclusões expostas mais a frente, foram analisados os três principais telejornais da emissora: o

Bom Dia Mirante, JMTV 1ª edição e JMTV 2ª Edição, do dia 1º de janeiro de 2015 ao dia 31 de

dezembro de 2015, portanto, um ano de cada telejornal.

1 Qual a importância de tais notícias?

O jornalismo está intimamente relacionado à prestação de serviço social. Sua base deve ser,

sobretudo, legalista, ou seja, a mídia enquanto Quarto Poder, tem como função fiscalizar a atuação

dos outros três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e denunciar tudo que atente contra a

dignidade humana, principalmente, em sentido jurídico.

Segundo o Art. 3º do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros: “O exercício da profissão

de jornalista é uma atividade de natureza social, estando sempre subordinado ao presente Código de

Ética”. E é o Art. 6º, deste mesmo código, que determina que é dever do jornalista se opor ao

arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração

Universal dos Direitos Humanos.

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Tal Declaração destaca, em seu Art. 1º, que: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em

dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras

com espírito de fraternidade”. E em seu Art. 2º que: “Toda pessoa tem capacidade para gozar os

direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de

raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social,

riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição”.

Considerando tudo isto, percebe-se, então, que o jornalismo deve denunciar qualquer que

seja a prática discriminatória. O apagamento de práticas de violência contra indivíduos que se

identificam com a comunidade LGBT, ou das suas demandas em um veículo de comunicação,

acaba sendo um segundo tipo de violência. Isto se torna ainda mais complicado quanto se fala em

uma televisão, por ser uma concessão pública.

Trata-se de um problema que, diariamente, entra nas casas dos telespectadores por meio dos

jornais locais, que, em primeira instância, deveriam colaborar para o incentivo do respeito mútuo e

diminuição do preconceito, e não incentivá-lo ou abafar qualquer discussão sobre o assunto.

Portanto, uma pesquisa como esta se fez necessária por levantar a discussão acerca da conduta

jornalística, do impacto da mídia no fortalecimento dos preconceitos estimulados ou não

combatidos via telinha. Espera-se que este tipo de discussão possa, em longo prazo, contribuir para

o ideal de respeito entre as diversidades.

2 Comunidade LGBT e Jornalismo

O movimento LGBT passou por muitas transformações nas últimas décadas. Ao longo desse

período, organizações não-governamentais trabalharam para estabelecer uma identidade para o

grupo e intensificar os diálogos com a sociedade, respaldadas, sobretudo, por redes de defesa dos

direitos humanos.

A tarefa não é fácil. Trata-se de uma tentativa de unificação em uma sigla (LGBT)

conceitos, conflitos e disputas sociais extremamente diversificados. Alguns autores pontuam que o

grupo das lésbicas, por exemplo, é eclipsado nas discussões a respeito do universo homossexual por

sofrer um duplo processo de preconceito, tanto pela sexualidade quanto pelo próprio fato de serem

mulheres. Os travestis, por sua vez, vivenciam um processo de estigmatização pelo estranhamento

da modificação corporal e pela relação com a prostituição.

Os pesquisadores Bruno Souza Leal e Carlos Alberto Carvalho, da Universidade Federal de

Minas Gerais (UFMG), em artigo intitulado “A grande mídia brasileira e identidades LGBT: um

retrato em 2008”, frisam que:

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Dessa forma, é fundamental observar que as identidades LGBT organizam-se diversamente

em meio não só às tensões de gênero, às práticas sexuais, mas também de uma vasta gama

de outros fatores, entre eles as diferentes conformações econômicas, culturais, regionais e

políticas (LEAL; CARVALHO, 2012, p. 7)

A pesquisadora Glaucia da Silva Destro de Oliveira avalia que, mesmo com todas essas

diferenças, o movimento LGBT se estabeleceu e conseguiu avanços significativos com relação ao

debate contra a homofobia. Segundo ela:

Atualmente, o movimento homossexual encontra-se sob nova estrutura social: forte

presença da mídia e de outros movimentos sociais, diálogo com redes internacionais de

defesa de direitos humanos, atuação junto às agências estatais, respostas diante das

organizações religiosas, manifestações de dia do Orgulho Gay. Seu formato institucional é

regido pelo modelo das organizações não-governamentais (ONGs) em que certa

infraestrutura e organização são exigidas pela necessidade do financiamento e

institucionalização. Os autores apresentam a identidade homossexual atual, denominada

LGBT, sobre bases mais porosas, cujas fronteiras estão entre a diversão, o comércio e a

militância. A mobilização em torno do combate à homofobia tem estado no centro da busca

por conquistas no campo dos direitos e da política, num movimento homossexual tão

multifacetado, aglutinando demandas e reivindicações (OLIVEIRA, 2010, p.380).

Tais ONGs que trabalham em prol da defesa do orgulho gay conseguiram, por meio de

eventos (passeatas, por exemplo), marcados pela grande participação popular, visibilidade na

grande mídia. Esse passo inicial, no entanto, ainda não permitiu que muitos veículos atribuíssem a

devida importância aos materiais relativos ao universo LGBT, tanto em matérias do cotidiano (de

comportamento como do Dia dos Namorados, por exemplo, nas quais casais homossexuais

raramente aparecem), como em materiais sobre a violência contra homossexuais.

Michel Foucault apontou a que história da sexualidade, em si, já é marcada por momentos

de repressão. O autor destaca que no século XVII surgem as grandes proibições além da

“valorização exclusiva da sexualidade adulta e matrimonial, imperativos de decência, esquiva

obrigatória do corpo, contenção e pudores imperativos da linguagem” (FOUCAULT, 1988, p. 109).

Tal repressão sexual tem uma função apontada pelo autor: “...a repressão funciona, decerto, como

condenação ao desaparecimento, mas também como injunção ao silêncio, afirmação de inexistência

e, consequentemente, constatação de que, em tudo isso, não há nada para dizer, nem para ver, nem

para saber” (FOUCAULT, 1988, p. 10).

Mais do que simplesmente eclipsar o discurso sobre o sexo, as diferentes instituições

(educacionais ou mesmo religiosas, e por que não midiáticas?!) criam modos de abordar e de se

falar sobre a sexualidade. Para Foucault, cria-se um discurso polimorfo e regulado:

Em vez da preocupação uniforme em esconder o sexo, em lugar do recato geral da

linguagem, a característica de nossos três últimos séculos é a variedade, a larga dispersão

dos aparelhos inventados para dele falar, para fazê-lo falar, para obter que fale de si mesmo,

para escutar, registrar, transcrever e redistribuir o que dele se diz (FOUCAULT, 1988, p.

35).

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A partir do século XIX, pode-se dizer que as sociedades são perpassadas pelos meios de

comunicação de massa. José Marques de Melo aponta que a atuação desses meios de comunicação

coletiva influencia comunidades. Segundo o autor:

Entendemos que os meios de comunicação coletiva, através dos quais as mensagens

jornalísticas penetram na sociedade, bem como os demais meios de reprodução simbólica,

são ‘aparatos ideológicos’, funcionando, se não monoliticamente atrelados ao Estado, como

dá entender Althusser, pelo menos atuando como uma ‘indústria da consciência’, de acordo

com a perspectiva que lhes atribui Enzensberger, influenciando pessoas, comovendo

grupos, mobilizando comunidades, dentro das contradições que marcam as sociedades”

(MELO, 2003, p. 73).

Tendo isso em vista, torna-se importante compreender o discurso produzido pelos veículos

de comunicação a respeito do grupo LGBT. Para entender de que forma ele se estabelece na

atualidade, faz-se necessário questionar a relação entre o Jornalismo, em ideal, e a prática cotidiana

da profissão. Muitas teorias foram elaboradas para responder a intrigante pergunta: o que faz um

fato se tornar notícia? As teorias a respeito do fazer jornalístico evoluíram ao longo dos anos. Se por

volta da década de 40, o lead americano e o modelo de pirâmide invertida fortaleceram um ilusório

ideal de objetividade, com o passar dos anos a visão a respeito dos critérios de escolha das

publicações nos veículos de comunicação se tornou mais crítica.

A Teoria do Espelho defendia a premissa de que as notícias eram um reflexo da realidade.

Tal concepção foi, mais tarde, questionada pela abordagem construtivista da Teoria do

Newsmaking, que defendia a ideia de que as notícias ajudavam a construir a realidade.

Estudos posteriores fortalecem a concepção de que o jornalista seria um gatekeeper e a

escolha do que passaria ou não pelo “portão” estaria vinculada às rotinas de produção da notícia e à

eficiência e velocidade do que, necessariamente, a uma avaliação individual da noticiabilidade.

Mais recentemente, alguns autores de teorias do jornalismo passaram a defender a

concepção de que as notícias servem objetivamente a determinados interesses. Esse

instrumentalismo está baseado em análises de parcialidade, cujo objetivo é verificar se existem, ou

não, distorções nos textos noticiosos. Chomsky é um dos grandes representantes da teoria

instrumentalista de esquerda. Para ele, a imprensa está submetida aos interesses da elite política e

econômica. Já os autores de direita (Efron, Kristol, Lichter e Rothman), defendem que os jornalistas

formam uma classe social e distorcem as notícias com o objetivo de veicular ideias anticapitalista,

usando assim da mesma lógica, mas, às avessas.

Perseu Abramo (2003), no livro “Padrões de manipulação na grande imprensa”, relaciona

cinco estratégias para distorcer a notícia, dentre elas: padrão de ocultação – ausência de fatos reais;

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padrão de fragmentação – o real é dividido e desconectado dos fatos anteriores, não permitindo uma

consciência crítica do contexto; e padrão de inversão – há troca de lugares e de importância dos

fatos.

Felipe Pena resume da seguinte forma o desenvolvimento de teorias a respeito das práticas

jornalísticas:

De forma sintética, a teoria do jornalismo ocupa-se de duas questões básicas: 1) Por que as

notícias são como são? 2) Quais são os efeitos que essas notícias geram? A primeira parte

preocupa-se fundamentalmente com a produção jornalística, mas também envereda pelo

estudo da circulação do produto, a notícia. Esta, por sua vez, é resultado da interação

histórica e da combinação de uma série de vetores: pessoal, cultural, ideológico, social,

tecnológico e midiático (PENA, 2012, p. 17 e 18).

Com esse pequeno recorte histórico das teorias que se propuseram a compreender o fazer

jornalístico, percebe-se que, não é de hoje, que é realizado um esforço para compreender que

critérios são utilizados para desvendar o que pode ser ou não notícia. E o que se têm é um padrão

mercadológico que se afasta paulatinamente dos ideais estabelecidos na academia sobre o savoir-

faire da profissão. Segundo Bruno Souza Leal e Carlos Alberto Carvalho:

Visto dessa forma, ‘quebrado’ em sua aparente inteireza, o jornalismo é concebido como

uma rede de tensões peculiar, se inserindo como sujeito nas tramas de força e fuga da vida

social. Capaz de ação, o jornalismo é também conformado por tais relações. Nesse sentido,

observa-se que as identidades LGBT surgem como particularmente desafiadoras dos modos

de falar do jornalismo brasileiro, não apenas por se inscreverem de modo peculiar nos

regimes de poder, de luz e sombra, voz e silêncio que constituem a vida social, como por

sua diversidade interna. Qualquer abordagem às identidades LGBT tem como pano de

fundo as tensões que envolvem, por exemplo, a necessidade de evitar a essencialização e/ou

naturalização de realidades cristalizadas, seja a partir de uma concepção biologizante do

sexo, seja de concepções de gênero como algo fixo, não cambiante (LEAL; CARVALHO,

2012, p. 5 e 6).

Portanto, tal diagnóstico de silenciamento das informações relativas aos crimes de

homofobia, e ao universo LGBT como um todo, evidencia uma violência simbólica tão perigosa

quanto a efetivação física da mesma. Afinal, como os greco-romanos já afirmavam, a violência é a

violação do equilíbrio por meio do uso de uma força. Na violência há o dano, a perda, o

desequilíbrio. Para Michaud:

Há violência quando, numa situação de interação, um ou vários atores agem de maneira,

direta ou indireta, maciça ou esparsa, causando danos há uma ou várias pessoas em graus

variáveis, seja em sua integridade física, seja em sua integridade moral, em suas posses, ou

em suas participações simbólicas e culturais (MICHAUD, 1989, p. 11).

Ao silenciar uma demanda, um grupo, uma voz que necessita ser ouvida para ser respeitada,

para ter seus direitos garantidos, para obter uma equidade legal, o jornalismo está praticando um

tipo de violência.

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Hannah Arendt (p. 37, 1994) pontua que a violência não deve ser confundida com o mero

emprego da força. Para esta autora, a força pode ser empregada de forma propiciar movimentos

físicos e sociais. No entanto, quando está relacionada ao poder e a autoridade, a força pode ser um

gatilho para a violência e, posterior, dominação do homem. E existem várias violências:

De acordo com Sodré (2002: 12), a primeira é a violência anômica, dotada de crueldade e

está cada vez mais perceptível no cotidiano da sociedade. A segunda é a violência

representada, alimentada especialmente pelo jornalismo, ‘que tende a visibilizar

publicamente a agressão recorrente na vida cotidiana’, e pela indústria do entretenimento,

que explora a questão em filmes, programas televisivos em busca de uma maior audiência.

A terceira é a violência sociocultural, composta, por exemplo, pela violência racial e contra

homossexuais. Já a quarta é a violência sociopolítica, constituída, geralmente, pela

repressão imposta pelo Estado. Para Sodré (2002), tal modalidade inclui a violência

anômica, originando, por exemplo, o etnocídio (PERUZZOLO; CASAGRANDE, 2012, p.

241).

Aqui, nesta investigação, a preocupação é tanto com a violência sociocultural, quanto com à

violência representada, pois, indo além do que Muniz Sodré pontua, a violência alimentada pelos

jornalistas não está apenas na divulgação da agressão na vida cotidiana, mas, também, está no

silenciamento da violência sofrida por certos grupos sociais e na indução do receptor da mensagem

a colocar em cheque as reinvindicações desses agentes. Regina Facchini e Isadora Lins França

analisam uma pesquisa de opinião aplicada pela Fundação Perseu Abramo e chegam à conclusão de

que tal violência é legitimada socialmente. Segundo elas:

O que essa pesquisa parece indicar é que, além da legitimidade social que a violência contra

LGBT possui, há a ação importante de convenções sociais acerca do caráter natural da

heterossexualidade e que apontam para a homossexualidade como escolha individual - que

deve ser mantida no âmbito do privado. A força de tais convenções se expressa na

compreensão de que dificuldades decorrentes dessa ‘escolha’ (a violência é encarada nesse

sentido) devem ser manejadas pelo próprio sujeito (70% dos entrevistados pela Fundação

Perseu Abramo acreditavam que ‘a discriminação contra homossexuais, bissexuais,

travestis e transexuais é uma questão que as pessoas devem resolver entre elas’ ao invés de

ser objeto de políticas governamentais) (FACCHINI; FRANÇA, 2013, p. 15).

A pergunta que fica é: estaria o jornalismo intimamente relacionado à legitimação da

violência praticada contra a comunidade LGBT? Este é o foco desta investigação.

3 Metodologia

Para identificar se há um silenciamento das notícias com relação a este universo. Foram

utilizadas metodologias qualitativas e quantitativas. Trabalhar com aspectos sociais exige do

pesquisador uma maleabilidade com relação aos recursos metodológicos utilizados. Segundo Martin

W. Bauer, George Gaskell e Nicholas C. Allum:

Uma cobertura adequada dos acontecimentos sociais exige muitos métodos e dados: um

pluralismo metodológico se origina como uma necessidade metodológica. A investigação

da ação empírica exige: a) a observação sistemática dos acontecimentos; inferir os sentidos

desses acontecimentos das (auto-)observações dos atores e dos expectadores exige b)

técnicas de entrevista; e a interpretação dos vestígios materiais que foram deixados pelos

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atores e expectadores exige c) uma análise sistemática (BAUER; GASKELL; ALLUM,

2002, p. 18 e 19).

Portanto, esta investigação se dividiu em três momentos distintos, porém, complementares.

O primeiro consistiu na coleta e análise dos três telejornais do canal já mencionado. Posteriormente,

tais impressões foram confrontadas com dados fornecidos em uma entrevista com o Airton Ferreira

da Silva, superintendente de Promoção e Educação em Direitos Humanos da Secretaria dos Direitos

Humanos e Participação Popular (SEDIHPOP). E o terceiro momento foi o de observação

participante neste um ano de produção jornalística dentro do veículo de comunicação analisado.

Estes diferentes métodos permitiram chegar aos dados quantitativos e de conteúdo, ambos

importantes para que se chegasse ao objetivo desta análise. Os dados sozinhos não ajudarão na

compreensão do objeto de estudo aqui detalhado. Conforme frisam Bauer, Gaskell e Allum: os

dados “não falam por si mesmos” (p. 24, 2002).

Esta estreita relação entre o enfoque qualitativo e o aspecto quantitativo ajudou quando a

tarefa foi corroborar algo pouco claro, seja por parte dos dados, do material coletado ou da

entrevista. Vale ressaltar que foi a partir da entrevista que conseguiu-se identificar fatores externos,

e ao mesmo tempo imprescindíveis ao fazer jornalístico, e que influenciam no silenciamento com

relação ao tema violência contra comunidade LGBT.

4 Resultados

Após observação dos três telejornais, ao longo de um ano, percebeu-se que as temáticas

relativas à comunidade LGBT, como um todo ou segmentada pelos diferentes grupos que a

integram, apareceram nas seguintes edições:

- Um debate realizado no JMTV 1ª Edição, em junho de 2015, com dois entrevistados em

estúdio extra, abordando o caso da transexual Stheffany Pereira, de 23 anos, que foi proibida de usar o

banheiro feminino na escola pública Liceu Maranhense.

- Uma nota seca, no JMTV 2ª Edição do dia 19/08/2015. Com o seguinte texto: “Foi aberta

hoje em São Luís, a 12ª edição da Semana do Orgulho LGBT. Na programação deste evento, o

destaque é para as discussões acerca da homofobia. No G1 Maranhão você encontra a programação

completa da semana, que termina no domingo, com a Parada do Orgulho LGBT, na Avenida

Litorânea”.

- Três matérias veiculadas no dia 24/08/2015, uma em cada telejornal, com a cobertura da

Parada do Orgulho LGBT, referida acima.

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Percebe-se com isto, que, poucas vezes, a comunidade LGBT entra na pauta do grande

veículo e, quando entra, em sua maioria, é pela organização de eventos de defesa dos direitos, tal

como a Parada do Orgulho LGBT, que já se institucionalizou nacionalmente e no âmbito local,

também. Eventos como este, são difíceis de ignorar dado, principalmente, o número de pessoas

envolvidas. No ano de 2015, por exemplo, acompanharam a Parada realizada em São Luís (MA)

mais de 50 mil pessoas, segundo estimativa da organização do evento.

Ao mesmo tempo, é possível perceber que há um espaço para que temas relativos à

comunidade LGBT sejam discutidos pela impressa, sobretudo, quando se trata de violência. Nota-se

isto pela abordagem dada ao caso da transexual Stheffany Pereira, que ocupou um bloco inteiro da

programação do telejornal e, além da matéria, trouxe ainda dois entrevistados para debater sobre o

assunto. Entretanto, é válido notar que a emissora só pautou o assunto depois que ele já havia sido

pautado há dias por outros veículos (O Imparcial e O Estado do Maranhão, por exemplo), e tais matérias

estavam repercutindo muito na internet. Só então, a emissora tomou a decisão de transformar o fato em

notícia. Houve, durante as primeiras reuniões de pauta na qual o assunto foi mencionado, resistência da

chefia de redação em permitir que se fizesse uma matéria sobre o assunto.

Ou seja, quando se trata de um caso de preconceito sofrido por uma transexual, este só passa a

valer enquanto pauta para a grande mídia a partir do momento que os concorrentes o abordam,

invertendo a máxima jornalística de correr atrás do “furo jornalístico”. Mesmo que tal debate represente

uma quebra no padrão de silenciamento, ainda é permeado por situações que evidenciam a dificuldade de

inserção da comunidade LGBT na mídia tradicional, até em casos extremos, como são os de violência e

preconceito.

Vale relatar, também, que no dia do debate, vários jornalistas reunidos na redação faziam

comentários jocosos sobre o caso, alguns, insistindo em nomear a Stheffany Pereira com seu nome

masculino de nascença. Isto demonstra, claramente, a falta de preparo para lidar com o assunto e os

preconceitos enraizados na figura do jornalista, que, de tão profundos, o agente já nem faz uma

autorreflexão sobre suas ações no ambiente de trabalho. Trata-se de algo tão comum, naturalizado e

socialmente aprovado que não há necessidade de esconder tais preconceitos no ambiente coletivo e

formal do trabalho. Mesmo com esse tipo de discurso, o jornalista recebe acolhimento entre seus pares.

Em entrevista concedida a esta pesquisadora, o representante da Secretaria dos Direitos

Humanos e Participação Popular (SEDIHPOP), Airton Ferreira da Silva, informou que, no ano de

2015 foram registrados oficialmente seis casos de homicídio no Estado do Maranhão. Sobre os

demais tipos de violência, ele aponta que não há registro em virtude da ausência de um banco de

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dados. Ainda assim, ele destaca que as principais violências sofridas por integrantes da comunidade

LGBT são: violência física e psicológica, extorsões de dinheiro e homicídios. Tal dado foi obtido

pelo acompanhamento de meios de comunicações, TV, noticiários e jornais locais.

De acordo com o superintendente, é possível falar em sub-registro de casos de violência.

“Não há uma institucionalização do monitoramento e avaliação da violência que possa contribuir

para análise e produção de relatório que aponte um diagnóstico mais preciso sobre a violência

contra a população LGBT”, afirmou na entrevista.

Cruzando essas informações repassadas por Airton Ferreira da Silva com os dados da

observação dos telejornais da maior emissora de televisão do Estado, percebe-se que os seis

homicídios de pessoas que foram identificadas como pertencentes à comunidade LGBT não foram

noticiados. Isto comprova a hipótese de apagamento aqui defendida, bem como reforça a ideia de

dupla violência sofrida pela vítima: a violência física, que culmina na morte, e a violência

simbólica, com o desmerecimento do valor notícia deste crime perante as demais pautas.

Um futuro desdobramento desta pesquisa poderá focar em identificar em qual instância se

formam as concepções dos agentes envolvidos na produção jornalística do veículo pesquisado

acerca do universo LGBT, que influenciam na seleção do que vai ser veiculado e, mais

especificamente, na abordagem que será dada ao assunto. Partindo dos resultados aqui expostos

com relação aos preconceitos dos jornalistas influenciando na abordagem ou no silenciamento de

assuntos que abordam a comunidade LGBT, questiona-se: aprendizados dentro do ambiente

familiar pesam mais que as concepções profissionais? Os critérios de noticiabilidade são esquecidos

frente aos preconceitos? É possível reverter isto? Estas são algumas perguntas que poderão ser

respondidas com a realização de entrevistas em profundidade com os jornalistas envolvidos no

processo de produção da notícia no veículo pesquisado. Algo semelhante ao que foi feito pela

pesquisadora Marcia Veiga ao analisar as rotinas produtivas de um programa jornalístico da RBS

TV Porto Alegre e identificar que as concepções sobre gênero perpassam as produções noticiosas e

acabam colaborando na reprodução, ressignificação e manutenção dos padrões desiguais com

relação aos diferentes gêneros, ou seja, é produzido nesta emissora um conteúdo heteronormativo.

A autora observou que: “Os valores e a hierarquização de profissionais, de notícias e as demais

escolhas durante a produção equiparavam-se à normatividade social vigente revelando que os

valores-notícias estavam permeados de valores socais e pessoais dos jornalistas” (p. 216).

Conclui-se, assim, que esta pesquisa pode ter uma continuidade colaborando para as

discussões acerca do fazer jornalístico, reforçando a busca por um jornalismo mais ético, melhor

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Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),

Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X

realizado e que siga os preceitos de defensor dos direitos humanos. Um jornalismo mais preocupado

com esses aspectos não ficará refém da alimentação de uma secretaria de governo com relação às

pautas que abordem o universo LGBT e conseguirá perceber que a ausência de dados devidamente

organizados e o sub-registro de casos de violência são dados, e podem inspirar pautas jornalísticas,

e não servir de impeditivo para que ocorra o processo de produção da notícia, por exemplo.

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Journalism and preconception: a diagnosis of the silence of the lgbt's universe on news

Abstract: This article is the result of a research that has observed the dissemination of news related

to the LGBT universe within a vehicle of communication, and more specifically, news related to the

violence committed against this social group to, from this observation, understand that there is a

silencing of the News about this universe. Such concealment works as a second violence, eclipsing

the demands of the LGBT community in search of better social conditions and putting in check the

human and social function of journalism.

Keywords: Journalism. LGBT. Preconception.