Lição Bíblica 3° Trimestre de 2014 - Livro

148
7/13/2019 Lição Bíblica 3° Trimestre de 2014 - Livro http://slidepdf.com/reader/full/licao-biblica-3-trimestre-de-2014-livro 1/148

Transcript of Lição Bíblica 3° Trimestre de 2014 - Livro

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    1/148

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    2/148

    Ensinos de Immparauma VidaCrist

    Autntica

    A le x iw re C oelho e S ilas Oaniei

    Ia Edio

    CB4D

    Rio de Janeiro

    2014

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    3/148

    Todos os direitos reservados. Copyright 2014 para a lngua portuguesa da Casa Publicadora

    das Assemb leias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.

    Preparao dos originais: Vernica ArajoCapa: Wagner de AlmeidaProjeto grfico e editorao: Fagner Machado

    CDD: 220 - Comentrio BblicoISBN: 978-85-263-1156-5

    As citaes bblicas foram extradas da verso Almeida Revista e Corrigida, edio de 1995, da

    Sociedade B blica do Brasil, salvo indicao em contrrio.

    Para maiores informaes sobre livros, revistas, peridicos e os ltimos lanamentos da CPAD,visite nosso site: http://www.cpad.com.br.

    SAC Servio de Atendimento ao Cliente: 0800-021-7373

    Casa Publicadora das Assembleias de Deus

    Av. Brasil, 34.401 - Bangu - Rio de Janeiro - R J

    http://www.cpad.com.br/http://www.cpad.com.br/
  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    4/148

    Sumrio

    Prefcio.................................................................................7

    1. Tiago F que se mostra pelas obras...........................

    132. O propsito da tentao....................... ...........................25

    3. A importncia da sabedoria humilde........................... 35

    4. Gerados pela Palavra da Verdade..................................47

    .O cuidado ao falar e a religio pura................................596. A verdadeira f no faz acepo de pessoas.....................71

    7. A f se manifesta em obras............................................... 85

    8. O cuidado com a lngua.................................................. 95

    9. A verdadeira sabedoria se manifesta na prtica..........105

    10.O perigo da busca pela autorrealizao humana.......11511.O julgamento e a soberania pertencem a Deus.........12512.Os pecados de omisso e opresso..............................137

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    5/148

    Prefcio

    AEpstola de Tiago um dos mais antigos escritos do NovoTestamento e um dos mais importantes textos bblicos so

    bre a verdadeira vida de piedade. Simplesmente, nenhum

    outro texto do Novo Testamento mais direto e enftico sobre arelao entre a f e as obras na vida do verdadeiro cristo.

    Os dois propsitos dessa carta apostlica esto explicitados j

    em seu primeiro captulo: encorajar os cristos judeus dispersospelo Imprio Romano devido perseguio (Tg 1.1) a encararem

    positivamente as vrias provaes pelas quais passavam por causa

    da sua f (Tg 1.2), de maneira a serem edificados e fortalecidos

    na f em meio a essas provaes (Tg 1.3,4); e ensinar qual a

    verdadeira religio (Tg 1.27), no que consiste a verdadeira vida de

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    6/148

    F & O b r a s

    (Tg 1.22-26). A sntese de tudo : ...a f, se no tiver as obras,

    morta em si mesma (Tg 2.17).

    Outra caracterstica marcante da Epstola de Tiago a suarelao ntima com os ensinos de Jesus expressos nos Evangelhos. No que as outras epstolas tambm no tenham essa rela

    o, mas esses ensinos do Mestre geralmente aparecem nas epstolas de Paulo, Pedro, Joo e Judas aplicados ao tratamento deproblemas especficos que surgiram no caminhar da Igreja no

    primeiro sculo da Era Crist, enquanto na Epstola de Tiagoainda encontramos uma proximidade dos ensinos do bispo de

    Jerusalm com as aplicaes mais imediatas dos ensinos de Jesus.

    Talvez isso acontea porque essa epstola foi escrita provavelmente durante a primeira gerao de cristos da Igreja Primiti

    va. Nessa poca, ainda estava vivo um grande nmero daquelesque haviam conhecido Jesus pessoalmente e, por isso, algumas

    necessidades apologticas, que tomariam boa parte dos escritosapostlicos nos anos seguintes, ainda no haviam surgido.

    O Comentrio Bblico Pentecostal do Novo Testamento(CPAD)

    traz um excelente paralelo entre os ensinos de Tiago e as palavras

    de Jesus, o que denotam a imensa familiaridade que o meio-irmode Cristo tinha com os ensinos de seu Senhor. Se no, vejamos.

    Tiago fala de jbilo na perseguio (Tg 1.2; Mt 5.11,12;

    Lc 6.22,23); do propsito de ser perfeito e maduro (Tg 1.4; Mt5.48); pedir e receber de Deus (Tg 1.5; Mt 7.7; Lc 11.19); de pedir com f e sem duvidar (Tg 1.6; Mt 21.21,22; Mc 11.22-24); da

    mudana do orgulho humildade (Tg 1.9,10; 4.6,10; Mt 23.12;Lc 14.11; 18.14); da metfora do sol escaldante, que faz com queas plantas definhem (Tg 1.11; Mt 13.6; Mc 4.7); de Deus comoprovedor dos dons (Tg 1.17; Mt 7.11; Lc 11.13); da necessidade de no s ouvir, mas tambm praticar a Palavra de Deus (Tg1.22; 2.14,17; Mt 7.21-27; Lc 6.46-49); da compaixo pelos ne

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    7/148

    P r e f c i o

    herdaro o Reino de Deus (Tg 2.5; Mt 5.3; Lc 6.20); de amar oprximo com a si mesmo (Tg 2.8; Mt 22.39; Lc 12.31); de no

    infringir o menor mandamento sequer (Tg 2.10; Mt 5.19); dojulgamento daqueles que no demonstram misericrdia (Tg 2.13;Mt 18.23-34; 25.41-46); de tornar-se amigo de Deus pela obedincia (Tg 2.23; Jo 15.13-15); dos mestres sendo julgados commaior severidade (Tg 3.1; Mc 9.38,40; Lc 20.45,47); de sermos

    julgados pelo que dizemos (Tg 3.2; Mt 12.37); que o que cor

    rompe aquilo que sai de nossas bocas (Tg 3.6; Mt 15.11,18; Mc7.15,20; Lc 6.45); que a mesma fonte no pode produzir o bem e0 mal (Tg 3.11,12; Mt 7.16-18; Lc 6.43,44); que os pacificadoressero abenoados (Tg 3.18; Mt 5.9); de um povo espiritualmenteadltero (Tg 4.4; Mt 12.39; Mc 8.38); da amizade com o mundosignificado inimizade com Deus e vice-versa (Tg 4.4; Jo 15.18-

    21); do riso transformado em pranto (Tg 4.6; Lc 6.25); sobrejulgarmos os semelhantes (Tg 4.11,12; 5.9; Mt 7.1,2); que Deuspode tanto salvar como destruir (T g4 .12; Mt 10.28); da tolice deplanejar o futuro de modo independente de Deus (Tg 4.13,14;Lc 12.18-20); da punio para aqueles que conhecem a vontadede Deus e se recusam a cumpri-la (Tg 4.17; Lc 12.47); de um Ai

    sobre os ricos injustos (Tg 5.1; Lc 6.24); da riqueza removida pelatraa e pela ferrugem (Tg 5.2,3; Mt 6.19,20); da autoindulgnciasem qualquer preocupao pelos pobres (Tg 5.5; Lc 16.19,20,25);que o retorno do Juiz est s portas (Tg 5.9; Mt 24.33; Mc 13.39);sobre a perseguio aos profetas (Tg 5.10; Mt 5.10-12); de nofazer juramentos (Tg 5.12; Mt 5.33-37); e de recuperar os irmos

    e as irms que haviam se perdido (Tg 5.19-20; Mt 18.15)-1Esta epstola tambm especial porque Tiago foi o primeiro

    lder da Igreja Primitiva. Sua liderana transparece em passagens

    como Atos 12.17, quando Pedro, aps sair milagrosamente da

    1 ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger; Comentrio Bblico

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    8/148

    F & O b r a s

    priso, pede para que sua libertao seja anunciada a Tiago e

    aos irmos; em Atos 15, quando ele ocupa uma posio de li

    derana no primeiro conclio da Igreja, resumindo a questo emdebate (w. 13-18), dando a sentena sobre a questo (w. 19-21)

    e tendo o seu conselho fielmente seguido por todos (w.22-31); eem Atos 21.18, quando Paulo, ao chegar a Jerusalm aps a sua

    terceira viagem missionria, foi encontrar-se com Tiago e todosos presbteros (v. 18). Portanto, estudar a Epstola de Tiago ter

    o privilgio de sentar-se aos ps de um dos maiores nomes daIgreja Primitiva, com algum que conviveu pessoalmente comJesus desde a sua infncia e, depois de um perodo inicial de

    resistncia, teve conversas particulares com o Cristo ressuscitado(1 Co 15.7) as quais mudaram a sua vida para sempre.

    Tiago foi to especial em seus dias que conta o historiador judeu Flvio Josefo, seu contemporneo, em trecho desaparecido desua obra Antiguidades Judaicas,que aps a destruio de Jerusalmno ano 70 d.C., muitos judeus creditaram a destruio da cidade a

    um castigo de Deus pelo martrio do santo Tiago, chamado de OJusto. Pais da Igreja como Orgenes (185-254 d.C.), Eusbio de

    Cesareia (260-339 d.C.) e Jernimo (347-420 d.C.) comentamessa passagem de Josefo, conhecida ainda na poca deles.2 Segundo eles, dizia Josefo expressamente: Essas coisas [a destruio de

    Jerusalm] aconteceram com os judeus em represlia pelo que fizeram a Tiago, o Justo, que era irmo de Jesus, conhecido como oCristo, pois embora ele fosse o mais justo dos homens, os judeus

    o mataram.3 Josefo cita o martrio de Tiago e a revolta pela injustia ocorrida contra ele em um trecho s. Antiguidades Judaicas

    que permanece ainda entre ns. Diz ele, inclusive, que Albino,ento governador da Judeia, atendendo a protestos de muitos ju

    2ASLAN, Reza, Zelota: a Vida e a poca d Jesus de Nazar,Zahar, 2013,captulo 15.

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    9/148

    P r e f c i o

    deus, deps o sumo sacerdote Anano, da seita dos saduceus, pelainjustia cometida contra Tiago, que fora assassinado por apedre

    jamento a mando de Anano.4Por todas essas razes, a Epstola de Tiago uma preciosidade,

    sobretudo pelos seus ensinos preciosos acerca da vida crist prtica,a respeito da essncia do verdadeiro cristianismo.

    Estudemos, pois, os escritos de Tiago, o Justo, e aprendamosum pouco mais sobre a verdadeira vida de piedade.

    Bibliografia utilizada neste prefcioARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger; Coment-

    rio Bblico Pentecostal do Novo Testamento.Rio de Janeiro: CPAD,2004.

    ASLAN, Reza, Zelota: a Vida e a poca de Jesus de Nazar.Riode Janeiro: Zahar, 2013.

    JOSEFO, Flvio, Histria dos Hebreus,Rio de Janeiro: CPAD,2000 .Ou: JOSEFO, Flvio, Antiguidades Judaicas,Livro XX, Cap

    tulo VIII, Pargrafo 856.

    JOSEFO, Flvio, Histria dos Hebreus, Rio de Janeiro: CPAD, 2000,p.

    465. Ou: JOSEFO, Flvio,Antiguidades Judaicas,Livro XX, Captulo VIII,

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    10/148

    1

    Captulo

    Tiago F que se mostra pelas obrasAlexandre Coelho

    IntroduoA Carta de Tiago a primeira do grupo de epistolas conside

    radas como escritos gerais. Tais epstolas recebem essa designaopor no serem endereadas especificamente a qualquer grupo quepossa ser identificado de imediato. Outra denominao dada aeste grupo de escritos escritos catlicos, por serem cartas gerais. Essa designao nada tem a ver com o nome da Igreja Catlica Apostlica Romana.

    AutorComecemos nosso breve estudo pela questo da autoria des

    ta Carta. O nome Tiago no era incomum nos dias de Jesus, eno Novo Testamento ocorrem ao menos quatro citaes a pessoasque tinham esse nome:

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    11/148

    F & O b r a s

    Tiago, filho de Zebedeu e irmo de Joo; Tiago, filho de Alfeu. H estudiosos que o identificam

    como Tiago, o pequeno, filho de Maria (Mc 15.40).Tiago, irmo do Senhor. Esta tem sido a teoria mais correnteem relao autoria desta Carta. Paulo o destaca como apstolo(G1 1.19), um homem que era considerado um dos pilares daigreja.

    D. A. Carson aborda dessa forma a pluralidade de candidatos

    autoria:Destes quatro [Carson cita Tiago, filho de Zebedeu e irmo

    de Joo, Tiago filho de Alfeu, Tiago o menor e Tiago, irmo doSenhor], o ltimo de longe o mais bvio candidato autoria destacarta. Tiago, o pai de Judas por demais obscuro para ser seriamente considerado; o mesmo vale, num grau menor, para Tiago, o filho

    de Alfeu. Por outro lado, Tiago, o filho de Zebedeu, tem um papelde destaque entre os Doze, mas a data de seu martrio 44 d.C.(Veja At 12.2) provavelmente muito cedo para que o liguemos carta. Resta, ento, Tiago, o irmo do Senhor, que certamente oTiago mais proeminente na Igreja Primitiva.1

    H ainda estudiosos que entendem que essa carta de autoria

    annima. Sobre esse assunto, Carson comenta:Poucos estudiosos tm atribudo a carta a um Tiago desco

    nhecido. Mas embora isso seja possvel e no conflite em nenhumaspecto com nada existente na prpria carta, a simplicidade daidentificao do autor indica um indivduo bem conhecido euma pessoa to bem conhecida seria provavelmente mencionada

    no Novo Testamento.

    Depois de brevemente apresentadas as teorias, a Igreja Crist temtido em Tiago, o irmo de Jesus e bispo em Jerusalm, o autor dessacarta que atravessou os sculos e at hoje fala com toda a igreja.

    1 CARSON, D. A.,Introduo ao Novo Testamento.So Paulo: Vida Nova, 2002, p.

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    12/148

    T i a g o F q u e s e m o s t r a p e l a s o b r a s

    DataA carta de Tiago j recebeu diversas propostas de datao.

    Esta tem sido determinada por alguns especialistas como tendosido escrita em 45 ou 62 d.C. Os argumentos orbitam da seguinteforma para se deduzir que foi escrita em um desses perodos. Para Tiago, a s obras

    Conforme Josefo, o mart- uma forma derio de Tiago ocorreu em 62 d.C, demonstrar queportanto, ele teve de escrever uma pe sso a salva,

    , , , A afastando assim oantes desse perodo sua carta. A, , , r , pensam ento de que

    epistola nao raz menao sobre a . . ~______v , o cristo nao tem

    controvrsia de judeus e cristos compromissoentre os anos 50 e 60. Como re- ^ demonstrar seulata o livro de Atos, Tiago foi o evangelho com prticaschamado moderador do Con- adequadas,clio de Jerusalm, evento queprovavelmente teria sido realizado o ano 50 d.C. e que discutiua chegada de gentios no seio da igreja crist. E h estudiosos queentendem que como a Carta de Tiago no cita o apstolo Paulo, provvel que Tiago escreveu sua Carta antes de Paulo ter sidoconsiderado um obreiro de destaque.

    DestinatriosO autor da carta indica que seus destinatrios so as 12 tribos

    que esto dispersas. Como os judeus foram os primeiros convertidos f crist, principalmente porque o evangelho de Jesus foiprimeiramente pregado a eles, e a Igreja Primitiva teve sua origem

    em Jerusalm, no difcil entender que esse escrito teria sido inicialmente para eles, mas isso no exclui a possibilidade de os gentiosestarem sendo posteriormente includos nos sermes dessa epstola.

    Timothy B. Cargal diz que

    Essa referncia claramente simblica, se considerarmos que a

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    13/148

    F & O b r a s

    doze tribos desde pelo menos a conquista da Assria do Reino do Norteem 722 a. C. A questo que se apresenta, ento, : at que ponto Tiagoestende aos seus leitores os elementos metafricos de sua designao?

    A interpretao mais literal da saudao que cpias dessacarta foram enviadas aos judeus (s doze tribos) que estavam vivendo fora da Palestina (dispersos entre os gregos; cf Jo 7.35). Noentanto, levando em conta que a carta obviamente no representaum tratado evangelstico destinado a converter os judeus ao cristianismo, esse entendimento pode ser rapidamente excludo.

    Os destinatrios so apresentados como j possuindo a f emJesus Cristo (2.1) e, sendo assim, a linguagem a respeito das dozetribos geralmente aceita como simbolizando a crena de que cristos so agora o povo de Deus, e formam o novo Israel ou Israelespiritual.2

    Partindo dessa orientao, podemos entender que os destinat

    rios no eram apenas judeus, mas igualmente gentios que se tinhamchegado f em Jesus Cristo e agora fariam parte da igreja crist.

    LocalJerusalm tem sido considerada o local da confeco desta

    carta, apesar de ela mesma no trazer qualquer indicao de que

    tenha sido escrita l. A base para essa teoria est mais vinculada tradio da igreja. Pelo fato de essa carta ter circulado primeiramente na Palestina, como registram alguns pais da igreja comoOrgenes, acredita-se que Jerusalm foi de fato a localidade deorigem dessa epstola.

    Acerca da Canonicidade da Carta de TiagoRobert H. Gundry comenta que

    A epstola de Tiago encontrou algumas dificuldades para adquirir lugar no cnon do Novo Testamento. Diversos fatores aju

    2 CARGAL, Timothy B., Comentrio Bblico Pentecostal: Novo Testamento.

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    14/148

    T i a g o F q u e s e m o s t r a p e l a s o b r a s

    dam-nos a explicar a hesitao da Igreja Primitiva quanto a isso: (1)a brevidade da epstola, sua natureza proeminentemente prtica eno doutrinria, e a limitao do seu endereo a cristos judeus

    tudo o quWe, sem dvida, retardou uma mais ampla circulao damesma; (2) o fato que Tiago no fora um dos doze apstolos originais; e (3) a incerteza a respeito da identidade de Tiago...3

    Erich Mauerhofer diz que Eusbio cita Tiago entre as cartasainda no aceitas universalmente, mas que no deixaram de ser lidas pubicamente e so consideradas cannicas em grande nmero

    de igrejas.4 Esse mesmo escritor diz que Cirilo de Jerusalm considera Tiago entre os escritores cujas cartas catlicas pertencem aocnon do Novo Testamento, e Jernimo disse que Tiago, chamado irmo do Senhor, com o cognome Justo [...] escreveu somenteuma carta que se encontra entre as sete cartas catlicas. Foi publicada e acrescentada sob o nome dele, ainda que tenha alcanado

    (sua) autoridade (somente) aos poucos com o passar do tempo.5Lutero se posicionou contrrio a essa carta, especialmente

    quando escreveu o prefcio de sua traduo do Novo Testamentoem 1522:

    O evangelho de Joo e sua primeira epstola, as epstolas dePaulo, especialmente Romanos, Glatas e Efsios, e a primeira eps

    tola de Pedro so livros que te mostram Cristo e te ensinam tudoo que necessrio e salvfico conhecer, ainda que jamais vejas ouescutes outro livro ou doutrina. Por isso, a epstola de Tiago, comparada com eles, realmente uma epstola de palha, j que no hnenhuma caracterstica evanglica nela.

    De acordo com Werner Fuchs, Na segunda edio, Lutero

    retirou a expresso epstola de palha (refugo). Sua conceituaode Tiago transparece melhor no prefcio prpria carta, tambmem 1522:

    3 GUNDRY, Robeit H.,Panorama do Novo Testamento.So Paulo: Vida Nova, p. 385.

    4 MAUERHOFER, Erick., Uma Introduo aos Escritos do Novo Testamento.

    So Paulo: Editora Vida, 2010, p. 508.

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    15/148

    F & O b r a s

    Mesmo que tenha sido rejeitada pelos antigos, eu louvo estaepstola e a considero boa, pelo fato dela no propor doutrina humana, e por promover duramente a lei de Deus. Para dar minhaopinio, porm, sem prejuzo de ningum, considero-a no escritapor apstolo. Primeiro porque, contrariamente a Paulo e toda aEscritura, ela d justia s obras [...] Segundo, porque ao quererensinar a cristos, no lembra em sua longa doutrina o sofrimento,a ressurreio, o Esprito de Cristo [...] Tiago no faz outra coisado que instar para a lei e suas obras, misturando to confusamente

    uma coisa na outra que imagino que tenha sido algum homembom e piedoso que captou alguns ditos de discpulos dos apstolose assim os lanou sobre o papel [...] Designa a lei como lei da liberdade (1.25), sendo que Paulo a chama de lei da servido, da ira,da morte e do pecado (G1 3.23s e Rm 7.11,23) [...] Em suma, elequis combater os que confiavam na f sem obras, e foi fraco demais.

    Quer alcan-lo pela promoo da lei, quando os apstolos o conseguem atraindo para o amor. Por isso eu no posso coloc-lo entreos livros principais, mas com isso no quero impedir ningum a faz-lo, e a destac-lo como lhe apetece, pois no mais contm muitasboas afirmaes.6

    Por esses escritos, percebemos que Lutero reconsiderou seu

    pensamento sobre a Carta de Tiago, e corroborou seus ensinos,ainda que com certa reserva por causa dos temas abordados.

    PropsitosJ foi dito que a ...epstola de Tiago a menos doutrinria

    e mais prtica de todos os livros do Novo Testamento.7 umverdadeiro manual de conduta crist, o que no diminui em nadao seu valor diante dos textos considerados mais teolgicos. Issodeve deter nossa ateno de forma peculiar. No raro, somos con

    6 http://www.luteranos.com.br/conteudo/tiago-l-12-18, acessado no dia27/04/2014.

    7 GUNDRY, Robert H.,Panorama do Novo Testamento.So Paulo: Vida

    http://www.luteranos.com.br/conteudo/tiago-l-12-18http://www.luteranos.com.br/conteudo/tiago-l-12-18
  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    16/148

    T i a g o F q j j e s e m o s t r a p e l a s o b r a s

    frontados no por nosso pensamento teolgico, mas pela nossaprtica cotidiana. triste ouvir um comentrio acerca de umapessoa que detm um conhecimento teolgico apurado mas cujasprticas no condizem com a teologia que ela ensina ou pesquisa.Pensamento teolgico correto desejvel, mas a prtica corretados preceitos bblicos mais importante. Um pensamento teolgico estril ser manifesto em uma vida estril de boas obras.

    A atualidade da Carta de TiagoA Carta de Tiago uma obra para os nossos dias. Se ob

    servarmos as nfases que o escritor d em seus breves sermes,perceberemos que a Igreja do sculo XXI se encaixa devidamentecomo leitora e destinatria, da mesma forma que a igreja dosculo I.

    Obras e salvao. Esse assunto dividiu em diversos momentos o pensamento teolgico cristo. Lutero chamou a Car-ta de Tiago de Carta de Palha,

    e questionou sua validade no

    Cnon por entender que Tia

    go d mais nfase s obras do

    que salvao pela f. O reformador que viveu em uma

    cultura em que as obras eram

    tidas pela igreja romana como

    uma forma de se chegar ao cu,

    sem a necessidade da f em Je

    sus Cristo tinha em men

    te o apreo ao que o apstolo

    Paulo falava sobre a salvao pela f. Entretanto, precisamos

    saber que Paulo e Tiago tratam desses dois temas para pblicos

    diferentes e situaes diferentes. Em Paulo, as obras no justi

    A Carta de Tiago umverdadeiro manual de

    conduta crist, o que nodiminui em nada o seu

    valor diante dos textosconsiderados maisteolgicos. Isso deve

    deter nossa ateno deforma peculiar. No raro,somos confrontados no

    por nosso pensamento

    teolgico, mas pelanossa prtica cotidiana.

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    17/148

    F & O b r a s

    da, pois os sinais dela esto cada dia mais visveis. Entretanto, hpessoas que mesmo na congregao esto como adormecidas em

    relao ao retorno do Senhor, esquecendo-se desse evento prome

    tido nas Escrituras. Vivem como se Jesus demorasse a voltar, e h

    aqueles que duvidam que um dia o Senhor Jesus retorne. Entre a

    indiferena e a incredulidade, devemos ter esperana. Tiago usa o

    exemplo de um agricultor, que semeia e espera a chuva a seu tem

    po, e com pacincia v o fruto do seu trabalho. O retorno do Se

    nhor certo, e devemos estar prontos para que subamos com Ele.A orao. Tiago completa sua obra falando sobre orao. Eleargumenta que a orao de um justo pode muito em seus efeitos,

    e nos insta que estejamos no altar do Senhor, buscando-o. Ele falasobre a orao da f, pela cura de um enfermo e pelo perdo dospecados. O maior exemplo que Tiago oferece o do profeta Elias,

    um homem que pouco difere de ns, mas que orou e viu o resultado de sua orao na ausncia de chuvas em Israel. Tido por heri,Elias foi um exemplo de homem dedicado orao e comunhocom Deus, e esse mesmo exemplo pode ser seguido pelos crentesem nossos dias. Claro que no vamos orar pedindo que no chovaem nosso pas, mas precisamos ter em mente que nossas oraes

    so ouvidas por Deus, e que apesar de nossa pequenez, temos umDeus que tem prazer em nos ouvir.

    A Teologia na Carta de TiagoJ foi dito que a Carta de Tiago no teolgica. Na verdade, a

    teologia de Tiago muito mais voltada ptica do que contemplao. A preocupao dele demonstrada nas muitas recomendaes a que a f crist seja manifesta por meio de atitudes.

    Sobre esse tema, Buist M. Fanning comenta que

    A epstola de Tiago conhecida e amada por suas exortaespenetrantes a respeito da vida prtica crist. Geralmente no lembrada por sua teologia. Na verdade, um comentarista proemi

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    18/148

    T i a g o F q j j e s e m o s t r a p e l a s o b r a s

    nente afirma que a epstola de Tiago no tem teologia. De fato,Tiago no enfatiza temas teolgicos como fazem outros escritoresbblicos. Por exemplo, a epstola no faz meno explcita encar

    nao, cruz nem ressurreio de Jesus. Talvez no haja menoao Esprito Santo (debate-se Tg 4.5), muito pouca meno novavida em Cristo e doutrina clara da igreja e muito pouca ao planoda salvao de Deus operado na histria.

    O que Tiago fornece exortao evidente, e deve-se esperarisso luz do propsito indicado por ele em sua epstola para es-

    crev-la. Ele no escreve com a finalidade de corrigir problemasdoutrinrios, mas para incentivar os cristos a agir de acordo como que acreditam, a serem cumpridores da palavra e no somenteouvintes (1.22). Embora Tiago enfatize a vida prtica crist, elerevela seus fundamentos teolgicos e contribui com percepes distintas para a teologia crist.

    Este o panorama da Epstola de Tiago. Nos prximos captulos abordaremos outros assuntos dessa carta to atual e necessria para a igreja crist

    Bibliografia utilizada neste captulo:Manual da Bblia de Aplicao Pessoal. CPADVincentEstudo no Vocabulrio Grego do Novo Testamento.

    CPAD

    Mathew HenryComentrio Bblico do Novo Testamento. Atosa Apocalipse. CPAD

    Comentrio Bblico BeaconVolume 10. CPAD

    Comentrio Bblico pentecostal do Novo TestamentoVolume2. CPAD

    Comentrio do Novo Testamento Aplicao Pessoal. CPAD

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    19/148

    F ScO b r a s

    Dicionrio Vine. CPADDicionrio Bblico Wyclijfe. CPAD.

    O Novo Testamento Interpretado Versculo por Versculo. RusselNorman Champlin. Milenium.

    Uma Introduo aos Escritos do Novo Testamento. ErickMauerhofer, Editora Vida.

    Estudos no Cristianismo no Paulino.F F Bruce. Shedd Publicaes.

    Homens com uma Mensagem.John Stott. Cultura CristIntroduo ao Novo Testamento. D. A. Carson, Douglas J.

    Moo e Leon Morris. Vida Nova.

    O Novo Testamento, sua Origem e Anlise. Merril C. Tenney.Vida Nova.

    Panorama do Novo Testamento.Robert H. Gundry. Vida Nova.

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    20/148

    2Captulo

    O propsito da tentaoSilas Daniel

    Por estar escrevendo s doze tribos que andam dispersas

    (Tg 1.1), isto , provavelmente aos cristos judeus que seencontravam espalhados entre as naes devido primeira

    onda de perseguio ao Cristianismo no incio da Igreja Primitiva(At 8.1; 11.19), o primeiro assunto que o bispo de Jerusalm trataem sua epstola justamente a provao. Mais especificamente,ao dirigir-se a seu rebanho disperso, o apstolo Tiago demonstra

    sua preocupao com a necessidade de esses cristos entenderemcorretamente o propsito das aflies pelas quais estavam passando bem como o posicionamento que deveriam ter diante dessasterrveis intempries. E ao faz-lo, ele apresenta, resumidamente,o significado da provao na vida dos filhos de Deus.

    Neste captulo, abordaremos esse tema da provao luz dos

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    21/148

    F & O b r a s

    Tiago, porque eles tratam mais diretamente sobre esse assunto.Entretanto, os versculos intermedirios, isto , aqueles que se

    encontram entre esses dois blocos de versculos, sero tambm eeventualmente citados quando for necessrio para melhor compreenso do assunto. Comecemos, ento, pela anlise dos versculos de 2 a 4.

    O propsito da provao na vida do cristo

    A afirmao que abre esse primeiro bloco de versculos sobre0 tema na Epstola de Tiago expressa contundentemente algumasverdades sobre as provaes um tanto esquecidas hoje em dia pormuitos cristos. Declara Tiago: Meus irmos, tende grande gozoquando cairdes em vrias tentaes (Tg 1.2). S esse versculo jseria suficiente para jogar por terra, por exemplo, todos os pressu

    postos da Teologia da Prosperidade e da Confisso Positiva. Antes,porm, de mergulharmos nas verdades nele contidas, precisoentender corretamente o que Tiago quer dizer quando fala detentaes aqui.

    O vocbulo que aparece no original grego dessa passagempara tentaes Peirasmos, que significa literalmente prova,

    provao ou teste.1 O termo sugere uma situao difcil,uma presso dolorosa,2 da algumas verses do texto sagradopreferirem a traduo tentaes, que traz a ideia de teste,enquanto outras a maioria preferem a traduo provaes, que traz a ideia de uma situao aflitiva. Na verdade, asduas tradues esto corretas, uma vez que Peirasmos utilizado

    nessa passagem em aluso s aflies decorrentes de perseguiessofridas pelos crentes por causa da sua f (Tg 1.3) e tais adversi-dades so tambm tentaes, porque elas testam a fidelidade dos

    1 VINE, W. E.; UNGER, Merril F.; WHITE JR, William,Dicionrio Vine,Rio deJaneiro: CPAD, 2002, pp. 910, 911 e 1014.

    2 RICHARDS, Lawrence O., Comentrio D evocional da Bblia.Rio de Janeiro:

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    22/148

    O PROPSITO DA TENTAO

    cristos a seu Senhor. Alis, aflies, de forma geral, funcionamquase sempre tambm como tentaes. Ou seja, Peirasmosdescreve perfeitamente a situao dos cristos judeus dispersos pelo

    Imprio Romano: eles estavam tendo a sua fidelidade ao evangelho provada pela fornalha da perseguio.

    Esclarecido isso, vamos agora s lies extraordinrias queessa declarao inicial de Tiago nos traz.

    Em primeiro lugar, essa afirmao do apstolo implica que ocristo, o servo de Deus, o filho de Deus, aquele que ama e serveao Senhor, passa, sim, por dificuldades. Tiago se dirige aos seusleitores no como falsos crentes, mas como irmos em Cristo,e conta-nos que esses irmos, apesar da sua f e principalmentepor causa da sua f, esto passando por vrias provaes, nopor poucas. Isso se coaduna com o que Jesus j havia dito a seusdiscpulos, que no mundo teramos aflies (Jo 16.33), e com oque o salmista Davi asseverou em Salmos 34.19, que o justosofre muitas aflies. Ento, absolutamente falsa a crena deque todas as provaes na vida de uma pessoa so resposta diretaa algum pecado na vida dela. Santos, justos, irmos em Cristo,tambm passam por dificuldades pelo simples fato de estaremneste mundo.

    Em segundo lugar, diferentemente do que a maioria esmagadora dos seres humanos faz diante das aflies, a afirmaode Tiago deixa claro que devemos reagir a elas com alegria e nocom desolao. O problema que, infelizmente, como declaraLawrence Richards, a ltima coisa que fazemos normalmente, quando vm as tentaes, alegrar-nos. Alis, a primeirapergunta que o homem natural faria diante de uma declaraocomo a de Tiago seria, como tambm frisa Richards: Ns podemos compreender porque os cristos de Jerusalm, foradosa deixar seus lares e fugir para terras estrangeiras, enfrentariamvrias tentaes, mas teriam grande gozo?.3

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    23/148

    F & O b r a s

    O clebre telogo puritano Matthew Henry ressalta brilhantemente a razo mais bvia para essa reao do cristo, e que tambm est subentendida nas palavras de Tiago. Frisa Henry: Nodevemos afundar numa disposio mental triste e desconsolada,que nos faria desfalecer nas provaes, mas precisamos nos empenhar em manter o nosso esprito elevado e firme para melhordiscernir a nossa situao; e para maior vantagem nossa, devemosempenhar-nos em fazer o melhor dela.4 Ou seja, qualquer pessoaque reage com desnimo completo diante das provaes est se

    rendendo a elas e, portanto, j est derrotado; logo, se queremosvenc-las, temos que enfrent-las com disposio de nimo, nocom abatimento de alma.

    Entretanto, mesmo aps essa explicao mais bvia para areao do cristo frente s adversidades, ainda h uma indagao que incomoda aquele que no cristo: E at compreen

    svel tentar manter-se calmo oucom um esprito elevado em meio tempestade, mas alegrar-se grandemente diante dela?. por issoque Matthew Henry acrescenta emseguida: A filosofia pode instruir

    os homens a permanecerem calmosem suas dificuldades, mas o Cristianismo lhes ensina [algo mais:] aserem alegres.5

    Sim, os cristos podem tergrande alegria em meio s aflies.

    Mas, como isso possvel? Comoo Cristianismo ensina o cristo ase alegrar em meio s dificuldades? A explicao de Tiago est nosversculos 3 e 4: o entendimento do propsito das provaes leva o

    4 HENRY, MATTHEW, Comentrio Bblico Novo Testamento Atos aApocalipse.Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 824.

    Qualquer p e sso aque reage comdesnim o completodiante das provaesest se rendendoa elas e, portanto,

    j est derrotado;logo, se queremosvenc-las, temosque enfrent-las comdisposio de nimo,no com abatimento

    de alma.

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    24/148

    O PROPSITO DA TENTAO

    crente a ver as suas adversidades como oportunidades para seu crescimento, amadurecimento e fortalecimento espirituais.

    Tiago diz que o cristo tem grande gozo quando se v mer

    gulhado em vrias provaes porque ele sabe (sabendo, v.3)que a prova da vossa f produz a pacincia (v.3). O vocbulogrego traduzido aqui como pacincia Hupomone, que significa literalmente permanncia em baixo de, ficar em baixode, trazendo a ideia de tolerncia, resignao, persistncia,perseverana.6 No por acaso, a maioria das verses da Bblia

    traduz esse vocbulo nessa passagem como perseverana. Ouseja, o que Tiago est dizendo nesse texto que uma vez confirmada a nossa f em meio s provaes, esta fortalecida, porqueo resultado da provao a pacincia ou a perseverana. So nasprovaes que aprendemos a perseverana, que a capacidade demantermo-nos firmes mesmo quando tudo est dando errado,

    mesmo quando tudo parece estar conspirando contra ns. Nose engane: ningum aprende a perseverar, ningum cresce e amadurece na f, sem passar por provaes.

    Alguns cristos so mais provados do que outros, mas todosso provados de alguma forma, porque so as provas que exercitama nossa f. Essa a razo pela qual Deus permite provaes na vida

    dos seus filhos. Como dizia A. W. Tozer, Deus no mima os seusfilhos, por isso as provaes na vida do cristo. Quando mimamos nossos filhos, eles se estragam, eles crescem com um carterdefeituoso. E a disciplina que aperfeioa o carter da criana, comoSalomo enfatiza inmeras vezes no Livro de Provrbios. Da mesmaforma, so as provaes que aperfeioam a f e o carter cristos.

    Como assevera o apstolo Pedro: agora importa, sendo necessrio, que estejais por um pouco contristados com vrias tentaes[Peirasmos],para que a prova da vossa f, muito mais preciosa que oouro que perece e provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra,e glria na revelao de Jesus Cristo (1 Pe 1.6,7).

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    25/148

    F & O b r a s

    A importncia de no esmorecer nas provaes e dasabedoria para o completo crescimento espiritual

    interessante notar que Tiago estava preocupado no apenas em seus leitores entenderem o propsito das provaes, mastambm em ajud-los a cumprirem esse propsito. Isso porque,no versculo 4, ele afirma: Tenha, porm, a pacincia a sua obraperfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma. Ou seja, ele estava dizendo a seus leitores: A obra

    da perseverana deve ser completada em suas vidas para que vocs sejam realmente aperfeioados, maduros, fortalecidos na f.Isto , no basta entender o propsito das provaes; precisoenfrentar at o fim esse processo, no parar no meio do caminho, para finalmente se chegar ao resultado desejado.

    Mas, e se depois desse processo o cristo ainda sentir que

    est lhe faltando alguma coisa? Nos versculos 5 a 8, Tiago responde a essa questo que eventualmente um de seus leitores poderia fazer. Ele diz aos cristos judeus dispersos que para garantirque o crescimento espiritual deles seja completo, alm de noesmorecerem em meio s provaes, eles devem tambm, casosintam necessidade, pedir sabedoria a Deus. E aqui Tiago estava

    confrontando uma antiga corrente da tradio judaica sobre asabedoria, que afirmava que toda sabedoria que precisamos seria alcanada apenaspor meio das provaes. Ao contrrio dessacrena, diz Tiago aos seus irmos em Cristo que se a pacinciativer a sua obra completa em suas vidas e, mesmo assim, elessentirem que ainda lhes falta alguma coisa, que no tm ainda

    toda a sabedoria almejada, devem, ento, pedi-la a Deus: E, sealgum de vs tem falta de sabedoria, pea-a a Deus, que a todosd liberalmente e no o lana em rosto; e ser-lhe- dada (v.5).

    Finalmente, consideremos ainda os versculos 9 a 11 docaptulo primeiro de Tiago, porque eles so uma continuaodo raciocnio do apstolo sobre como as provaes podem ser

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    26/148

    O PROPSITO DA TENTAO

    Cristo (apesar de esses versculos, isoladamente, tambm trazerem outras lies especficas que sero analisadas no captulo

    4 deste livro). Nos versculos de 9 a 11, Tiago fala que assimcomo o cristo pobre deve alegrar-se em sua melhora de vida(v.9), o cristo rico tambmdeve alegrar-se nas circunstncias difceis (v. 10a), porque as

    riquezas terrenas so passageiras, transitrias, no devemosnos apegar a elas (w. 10b-11).Ou seja, luz dos versculos anteriores, o que o apstolo Tiagoest afirmando nesses versculos , em sntese, que o cristodeve aceitar as ordens da providncia divina com gratido.

    Portanto, o cristo transforma a sua provao em grandealegria quando ele reconhece na provao uma oportunidadepara amadurecer e fortalecer-se na f (w.2-4); quando ele seaproxima de Deus em orao, pedindo-lhe sabedoria (w.5-8); equando ele aceita com gratido a soberania e a providncia divinas em todas as circunstncias de sua vida (w.9-11), sabendo

    que Deus est no controle de tudo e Ele sabe o que faz e o que melhor para a sua vida (Rm 8.28; 12.2). Mas, no termina a.

    Ainda h um quarto ponto, que se encontra no versculo 12, e

    sobre o qual falarei ao final deste captulo.

    A origem das tentaes

    No segundo bloco de versculos sobre provaes (Tg 1.12-15 o vocbulo grego para tentaes nessa passagem Peirasmos tambm), Tiago claro quanto origem das tentaes. Eledeclara que elas no provm de Deus (v. 13) e tambm no faznenhuma referncia a elas procederem diretamente do Diabo oudo mundo. O apstolo assevera que a tentao tem a sua origem,

    O cristo transforma asu a provao em grande

    alegria quando elereconhece na provaouma oportunidade para

    amadurecer e fortalecer-se na f.

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    27/148

    F & O b r a s

    sa (w. 14,15). Ou seja, o mundo e o Diabo so apenas agentesindutores externos da tentao.

    Como afirma o telogo Millard J. Erickson, a Bblia enfatiza que o problema do pecado est no fato de que os homens so pecadores por natureza. [...] Muitas vezes, a tentaoenvolve induo externa, [...] porm, o pecado uma escolhada pessoa que o comete. O desejo de fazer o que se faz podeestar presente de forma natural e tambm pode haver induo

    externa, mas o indivduo basicamente responsvel.7 Como oprprio Jesus afirmou, o pecado no vem de fora para dentro;ele est dentro de ns, resultado de nossa natureza (Mc 7.15).O que vem de fora so apenas estmulos para que o pecado semanifeste dentro de ns.

    Entendido isso, percebemos que as tentaes, na verdade,no exercem alguma fora sobre a pessoa para faz-la cair, masapenas revelam a natureza interior da pessoa e a verdadeiraqualidade de sua f. Basta lembrar que se no houvesse natureza pecaminosa, nenhuma tentao seria de fato tentao. Oque torna a tentao de fato uma tentao porque temos umanatureza pecaminosa. Como bem explica Tiago, cada um tentado quando atrado e engodado pela sua prpria concupiscncia (v. 14).

    Finalmente, importante frisar ainda que ser tentado no pecado; pecado ceder tentao. E, inclusive, ser provado ,como afirma Tiago, motivo de contentamento do cristo, porque se ele no buscou aquela dificuldade, mas foi confrontado

    por ela, ele sabe que essa situao poder se transformar em uma

    oportunidade para o seu crescimento; ele poder suportar e ven

    cer essa provao pela graa de Deus, fortalecendo-se no Senhor

    e na fora do seu poder (Ef 6.10), vencendo no dia mal (Ef 6.13)

    e crescendo na f (1 Pe 1.6,7).

    ERICKSON, Millard J., Introduo Teologia Sistemtica. So Paulo: Vida

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    28/148

    O PROPSITO DA TENTAO

    O prmio eterno para quem sofree vence as tentaes

    O prmio eterno do cristo que sofre e vence as provaesj est garantido: Bem-aventurado o varo que sofre a tenta

    o; porque, quando for provado, receber a coroa da vida, a

    qual o Senhor tem prometido aos que O amam (Tg 1.12).

    Aleluia! Est a quarta razo pela qual o cristo pode transfor

    mar suas provaes em grandes alegrias: ele sabe que maior o

    galardo daquele que, mesmo sendo muito provado, permanece firme em sua f.

    No toa, a palavra pacincia (ou perseverana, em ou

    tras verses), que o resultado de suportar as provaes (Rm

    5.3; Tg 1.3), aparece no texto bblico ligada no apenas s tri

    bulaes (Rm 5.3), s aflies (2 Co 6.4) e s perseguies (2 Ts1.4; Tg 1.2,3), mas tambm vida eterna (Lc 21.19; Rm 2.7;

    Hb 10.36), esperana (Rm 5.3; 15.4,5; lTs 1.3) e alegria

    (Cl 1.11). Logo, ser provado motivo de alegria porque nosso

    prmio por suportar as provaes sero a vida eterna, a coroa da

    vida, a esperana que no murcha e a alegria que no tem fim.

    Portanto, louve a Deus nas suas provaes! Tende grande gozoquando cairdes em vrias provaes (Tg 1.2), porque em todas

    essas coisas, somos mais do que vencedores por aquele que nos

    amou (Rm 8.37)!

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    29/148

    F & O b r a s

    Bibliografia utilizada neste captuloERICKSON, Millard J., Introduo Teologia Sistemtica.

    So Paulo: Vida Nova, 2008.HENRY, Matthew. Comentrio Bblico Novo Testamento

    Atos a Apocalipse Edio Completa. Rio de Janeiro: CPAD,2012.RICHARDS, Lawrence O., Comentrio Devocional da B-

    blia.Rio de Janeiro: CPAD, 2012.

    VINE, W. E.; UNGER, Merril E; WHITE JR, William,Dicionrio Vine.Rio de Janeiro: CPAD, 2002.

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    30/148

    3Captulo

    A importncia da sabedoria humildeAlexandre Coelho

    Apalavra sabedoria tem uma importncia especial para ocristo. Como servos de Deus, somos chamados por Elepara uma vida que espelhe decises e prticas advindas de

    uma sabedoria espelhada na sabedoria divina.

    I. A NECESSIDADE D E SE PEDIR SABEDORIA A DEUSTiago enxerga a sabedoria como sendo uma necessidade para

    as pessoas, mas faz questo de mostrar os tipos de sabedoria quepodemos encontrar nossa volta. E para o apstolo, mais do que

    ter, ou no, sabedoria, imprescindvel saber a quem pedir, preciso utiliz-la.

    Tipos de Sabedoria identificados por TiagoQuando tratamos da expresso sabedoria e de suas implica

    es, devemos reconhecer que h pelo menos trs tipos de sabedo

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    31/148

    F & O b r a s

    Comecemos pela sabedoria humana, partindo do pressuposto de que sabedoria pode ser considerada como a capacidadede tomar decises de forma correta. O ser humano foi dotado

    de uma capacidade prpria de demonstrar sabedoria em diversasesferas. Somos capazes de trabalhar e aprender a guardar recursos financeiros a fim de serem utilizados em ocasies propcias,para realizar um sonho, estudar ou fazer uma viagem, mas tambm podemos trabalhar e esgotar esses mesmos recursos sem nospreocuparmos de forma responsvel com nosso futuro, mas uma

    pessoa sbia entende que noconseguir formar um patrimnio com aquilo que gasta, e simcom aquilo que consegue guardar. Uma pessoa pode escolherque tipo de roupa deve usar

    para uma determinada ocasio,ou mesmo que caminho usarpara chegar a determinado des

    tino. Esses traos envolvem a capacidade de raciocinar e tomardecises, o que sem dvida requer discernimento. Essas so caractersticas da sabedoria humana.

    Satans tem sua prpria sabedoria? Se observarmos o queTiago diz quando qualifica a sabedoria que no vem de Deus,podemos entender que sim, Satans tem sua prpria sabedoria. preciso acrescentar que a expresso sabedoria deve serentendida como sendo capacidade de pensar, tomar decises,influenciar pessoas e agir de acordo com um padro conhecido.

    Satans pensa sempre em destruir os cristos e dificultar o trabalho dos que servem a Deus? Sim. Ele toma decises com basenos seus intentos? Sim. Ele pode influenciar pessoas no mundotodo e agir de uma forma j conhecida? Sim. Portanto, Tiagono erra quando comenta que a sabedoria que se contrape sabedoria divina diablica. E evidente que Satans, como

    Alm de bondoso, Deusno inconveniente. Eleno nos d a sabedoriae depois joga nanossa cara, como diz

    a expresso popular, asabedoria quenos deu.

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    32/148

    A IMPORTNCIA DA SABEDORIA HUM ILDE

    criatura, est muito bem limitado dentro de seus intentos, eque no pode impedir o que Deus deseja fazer. Ele no pode

    exercer sua autoridade sobre qualquer coisa, pois est limitadopelo poder de Deus. Apenas Deus todo poderoso, e Isaas43.13 diz: Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ningumh que possa fazer escapar das minhas mos; operando eu,quem impedir?. Apesar de Satans estar limitado por Deus, astucioso para levar a cabo seus intentos, e que no podemos

    permitir que tal influncia seja a fora motriz da nossa formade pensar e agir.

    Deus d sabedoriaUma das caractersticas de Deus apresentadas por Tiago

    inerente sua bondade. Deus d generosamente a sabedoria ne

    cessria para que possamos viver neste mundo de forma que oagrademos e sejamos tambm referenciais para as pessoas quenos cercam.

    Uma das partes mais interessantes em relao a Deus darsabedoria aos homens est no fato de que Tiago diz que Deusd a todos a sua sabedoria. Aqui entra uma questo: essa ex

    presso todos se refere apenas aos que o servem, ou a todasas pessoas que de alguma forma buscam a sabedoria, independente de suas crenas? O texto no claro nesse aspecto, masse tomarmos como referncia o fato de que esses escritos estorelacionados a pessoas que, como se entende, conheciam a Jesus Cristo, possvel fechar o crculo de abrangncia dentro da

    esfera crist.E, se algum de vs tem falta de sabedoria, pea-a a Deus, que

    a todos d liberalmente... (Tg 1.5)Tiago nos apresenta outro fator que deve ser aqui coloca

    do: a busca da sabedoria por meio da orao. Devemos rogar aoSenhor a sabedoria de que precisamos, e Ele certamente a dar

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    33/148

    F & O b r a s

    buscar a sabedoria em outros lugares, mas pura e simplesmenteem Deus. Ele o detentor da sabedoria que nos necessriaem todos os momentos, e Ele faz questo de que a tenhamos.

    Alm de bondoso, Deus no inconveniente. Ele no nos da sabedoria e depois joga na nossa cara, como diz a expressopopular, a sabedoria que nos deu. Como qualquer dos dons querecebemos do Senhor, a sabedoria deve ser de fato bem utilizada,e que tenhamos a conscincia de que daremos contas a Deus daquilo que dEle recebemos. Portanto, usemos a sabedoria recebidade acordo com os padres de Deus.

    Pedindo sabedoria a DeusNo incomum nos aproximarmos de Deus para pedir dEle

    bnos. No errado desejar ser abenoado por Deus, pois

    mesmo as pessoas que no tem em Jesus o seu Senhor desejamigualmente receber bnos dos cus. Pois bem, se cremos queDeus pode nos abenoar, porque no pedimos a Deus sabedoria?

    Tiago nos deixa evidente duas coisas: A sabedoria umabno, e ela deve ser pedida a Deus. E Deus se importa comesse tipo de pedido? Sim, pois o apstolo mostra o motivo

    mximo pelo qual devemos pedir a sabedoria a Deus: ... eser-lhe- dada. Deus tem prazer em oferecer aos seus filhosa sabedoria, e Tiago deixa claro que Ele nos dar a sabedoria que pedimos. A sabedoria que Deus tem para dar no custosa. Quando oramos de acordo com a vontade de Deus,temos a certeza de que receberemos respostas de nossas ora

    es e uma dessas respostas sem dvida a sabedoria comoum presente divino.

    II. DEM ONSTRANDO SABEDORIA NA PRTICANo item I, chegamos concluso de que necessrio pedir a

    sabedoria divina para o nosso dia a dia. Nesta parte, trataremos da

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    34/148

    A IMPORTNCIA DA SABEDORIA HUM ILDE

    A sabedoria precisa ser praticadaUm talento no utilizado pode se perder com o tempo. Da

    mesma forma, se recebemos um presente de Deus, devemos utiliz-lo para a glria dEle, e isso inclui a sabedoria. Quando o textode Tiago fala que o sbio e inteligente deve demonstrar sua sabedoria, ele est dizendo que essa demonstrao deve ser realizadaentre as pessoas, publicamente.

    Tiago espera que a sabedoria seja pedida por meio da orao,

    recebida como um presente de Deus e manifesta na comunidadedos santos. A sabedoria no um presente que recebemos paraficar guardada, mas para ser disponibilizada por meio de aesinteligentes.

    A humildade como prtica crist

    Na concepo de Tiago, sabedoria e humildade devem andar juntas. O sbio tem atitudes humildes, no arrogantes. Damesma forma que a sabedoria de que precisamos encontra suafonte em Deus, a humildade nos faz ser sempre mais dependentes de Deus. Curiosamente falando, a obedincia a Deus umademonstrao de humildade, e no de arrogncia. A desobedi

    ncia a Deus e aos seus preceitos mostra o quanto podemos serarrogantes, mas a dependncia de Deus e a humildade demonstram o quanto somos obedientes a Ele.

    A humildade tem um alto preo? Com certeza. Um exemploque vale a pena ser lembrado o caso de Naam, o general doexrcito da Sria, que foi curado por Eliseu em 2 Reis 5. Naam

    era um heri nacional, e por seus feitos era sempre honrado. ABblia descreve Naam como um homem poderoso diante dorei e respeitado, pois atravs de Naam Deus dera livramentoaos srios. Ele ainda descrito como um homem valoroso, mastambm possuidor de um mal: a lepra.

    Mesmo com essa doena, Naam era muito bem quisto

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    35/148

    F & O b r a s

    rael que poderia cur-lo, Naam foi atrs do homem de Deus,Eliseu, que aparentemente, fez pouco caso do general, quando

    ordenou que o militar fosse tomar banho nas guas do Jordo.Naam no gostou da ordem e pegou o caminho de volta parasua terra, mas convencido pelos seus servos, voltou, banhou-seno rio e foi curado. Sua humildade e obedincia, mesmo emsua posio, garantiram-lhe a cura daquela doena mortal.

    Naam no era um cristo, mas seu exemplo de humildade

    serve de inspirao a todos ns. Se ele pde ouvir seus servos, humilhou-se e banhou-se em um rio que aos seus olhos era inferior, e por

    isso foi curado, porque no podemos ns buscar essa caracterstica

    em nossas vidas?

    Obras em mansido de sabedoria

    Tiago destaca a pessoa sbia e inteligente como uma pessoaque sabe tratar pessoas prximas (e pessoas distantes tambm).Isso nos leva a crer que a sabedoria no uma qualidade quedeve ser trancafiada em um escritrio, distante das pessoas.O sbio no se mostra, na perspectiva de Tiago, como aquelapessoa que tem ttulos e conhecimento (Tiago no menciona

    esses elementos titulares como sendo inteis nem desprezveis,como se estudar ou buscar o conhecimento acadmico fossealgo em que o crente no deveria se empenhar. Eles apenas noso relacionados nessa linha de raciocnio.), mas como a pessoaque sabe lidar com outras pessoas de forma afvel. Como o texto no designa que tipo de pessoa deve ser tratado dessa forma,

    nem designa tambm a situao em que esse tratamento afveldeve ser ministrado, podemos entender que uma regra quedeve ser aplicada em todas as situaes e para qualquer pessoa,sem distino.

    Essa definitivamente uma grande prova de sabedoria. E fciltratar bem pessoas que nos tratam bem. Mas como deveramos

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    36/148

    A IMPORTNCIA DA SABEDORIA H UMILDE

    portadas? Como lidar com pessoas grossas e mal educadas? Combom trato em mansido e sabedoria.

    A mansido no sinal de fraqueza, mas sim de capacidadede dominar a si mesmo. Mansido sinnimo de cortesia, e essacaracterstica sem dvida oriunda de uma relao vvida comDeus e com seus preceitos.

    Como diz Champlin,

    Tiago compartilha do conceito bblico geral que a sabedoriano consiste apenas em no conhecimento, na astcia e na habilidade, mas antes em uma profunda compreenso sobre o que edeve ser a vida piedosa. Tal sabedoria produz concrdia e harmoniaentre as pessoas e os grupos.1

    III. O VALOR DA VERDADEIRA SABEDORIA EA ARROGNCIA DO SABER CONTENCIOSO

    A Sabedoria verdadeira e a arrogncia do saber possvel que o saber nos torne pessoas arrogantes? Sim.

    aceitvel aos olhos de Deus que uma pessoa instruda seja arrogante no trato com as pessoas que a cercam? No. O acmulo deconhecimento no pode obstruir nossa vida espiritual de tal forma

    que nos tornemos arrogantes. Tiago aqui no est condenandopessoas que estudaram e que se valem de seus conhecimentos aolongo de suas vidas, mas est colocando em cheque o hbito dealgumas pessoas acharem-se superiores a outras porque possuemconhecimento. Estudar muito bom, e nos torna pessoas maiscapacitadas para servir a Deus e ao prximo com muitos talentos,

    mas no pode nos tornar pessoas altivas. A soberba to duramente condenada por Deus que Ele resiste ao soberbo, mas dgraa ao humilde. Portanto, usufruamos do conhecimento queDeus nos permite ter, mas busquemos acima de tudo aproveitaresse conhecimento de forma sbia e com humildade.

    Champlin, Russel Norma. O Novo Testamento Interpretado Versculo por

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    37/148

    F & O b r a s

    Atitudes que devemos evitar

    Tiago lista duas caractersticas prprias de pessoas arrogantes:

    amarga inveja e sentimento faccioso.A inveja descrita por Tiago com o adjetivo amarga, e no

    sem razo. Pessoas invejosas costumam ser amarguradas, por terem uma dor moral dentro de si, e vivem aflitas. No incomumque haja inveja entre as pessoas, mas pior ainda quando essesentimento encontra abrigo no corao dos servos de Deus. E jus

    tamente aqui encontra-se o desafio de Tiago.A inveja um sentimento inconveniente para o servo do Se

    nhor. E uma raiva existente contra pessoas que conseguiram realizar algum feito digno de louvor, por mais simples que sejam.Lderes invejam outros lderes, estudantes invejam outros estudantes, e por a vai. A inveja , sem dvida, um mal da proximida

    de, onde o corao invejoso se irrita com as realizaes de pessoasque lhe esto prximas.

    O sentimento faccioso outra caracterstica de quem alega tera sabedoria e no consegue demonstr-la na prtica.

    Tiago prope igreja um desafio queles que afirmavam

    ter a verdadeira sabedoria: eles precisavam observar a verdadeirasabedoria que vem do cu. A igreja qual Tiago estava escrevendo era uma igreja que estava sob presso. Sob presso, umaigreja pode se dividir em faces. No havia um clero formal, ouum processo de ordenao, de modo que pretensos professorespoderiam surgir, afirmando ter sabedoria. Como cada professorpromovia seu ramo de sabedoria e ganhava seguidores, a comu

    nidade de crentes ficou dividida. A igreja do Novo testamentotinha muitos problemas com faces ou com um esprito partidrio...

    Jesus ensinou que ns saberamos diferenar os verdadeirosprofessores dos falsos pela maneira como vivem (Mt 7.15-23).Os bons professores exemplificam a boa disciplina na vida. As

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    38/148

    A IMPORTNCIA DA SABEDORIA HUMILDE

    de sua f crist. Nesta seo, as boas obras esto em contrastecom a amargura, e a humildade est em contraste com a ambioegosta.2

    Dois conselhos Tiago oferece a pessoas que se descobrem

    possuidoras desses dois sentimentos: no se glorie disso e no

    minta. No h motivo para que uma pessoa se sinta alegre porser invejosa, e nem pode manter oculto seu sentimento por mui

    to tempo. A amarga inveja e o sentimento faccioso produzem

    dois frutos equivalentes aos seus genitores: o gloriar-se de maneira indevida e a mentira. Quem abriga e cultiva a inveja em

    seu corao e com ela torna-se arrogante, tem a oportunidade

    de voltar-se para o caminho certo com a advertncia de Tiago:

    No se glorie e no minta. um caminho longo e duro de vol

    ta verdadeira sabedoria. No fcil tratar com um invejoso

    sobre seu hbito e mostrar para

    ele que no pode haver moti

    vos para que ele se glorie se ele

    nutre em seu corao um senti

    mento reprovado por Deus.No fcil tambm lidar

    com pessoas na igreja que insistem em mentir, em esconderseus sentimentos ruins em relao a outras pessoas. O caminho de resgate desse tipo de pessoa j

    foi apresentado pelo apstolo, mas precisa ser trilhado por quem alvo dessa advertncia. Quem vive nesse caminho ter uma sabedoria, mas essa descrita por Tiago como terrena, animal ediablica. Resumindo, a sabedoria pode ser encontrada tanto poraqueles que andam no caminho do Senhor como por aqueles que

    2 Comentrio do Novo Testamento Aplicao Pessoal.Vol 2. Rio de Janeiro:

    Tiago nos deixa evidentedu as co isas: A sabedoria

    uma bno, e eladev e ser pedida a Deus.E Deus se importa com

    e sse tipo de pedido?

    Sim, pois o apstolomostra o motivo mximopelo qual devem os pedira sabedoria a Deus: "... e

    ser-lhe- dada.

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    39/148

    F & O b r a s

    preferem desobedec-lo. O que teme ao Senhor acha a sabedoriadivina, e o que despreza ao Senhor achar uma outra forma desabedoria nada recomendvel.

    Caractersticas da Sabedoria que devemos terSe h atitudes que devemos evitar no trato com as pessoas

    que nos cercam, h caractersticas que devemos cultivar tomandocomo base as caractersticas da Sabedoria Divina. Neste captulo,

    destaco pelo menos 3 aspectos:Ela pura. Deus no se deixa contaminar pelo mal, e asabedoria que devemos ter no pode ser influenciada pelomundo, perdendo sua pureza. Deus espera que sua sabedoriamantenha-se ntegra em nossas vidas. Pureza fala de integridade, da capacidade de no se diluir, de no perder suas pro

    priedades.Ela pacfica. Tiago refora essa caracterstica da sabedoria

    como um instrumento de paz. Ela no busca brigas. Lembremo-nos de que um pouco acima, Tiago nos diz que a sabedoria demonstrada na forma com que nos tratamos uns aos outros. Sesou uma pessoa sbia, certamente isso ser visto na forma mansa

    com que trato as pessoas que me cercam, mas se me julgo inteligente e perspicaz, e sou grosseiro no trato com meu prximo,no posso ser chamado de sbio, mesmo que tenha vrios ttulosao meu favor.

    Pessoas sbias no arrumam confuso, ou vivem de brigaem briga, esperando a prxima oportunidade de demonstrar

    o quo so inteligentes e que possuem uma grande disposioem no levar desaforos para casa. Deus d a sabedoria paraque tenhamos paz em nossa relao com Ele e com os nossosprximos.

    Ela tratvel. Essa caracterstica parece estar ligada capacidade de uma pessoa sbia ser convencida de forma tranqui

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    40/148

    A IMPORTNCIA DA SABEDORIA HUMILDE

    corrigido, conforme nos diz Provrbios 9.8,9, No repreendas

    o escarnecedor, para que te no aborrea; repreende o sbio, e

    amar-te-. D instruo ao sbio, e ele se far mais sbio; ensinaao justo, e ele crescer em entendimento. De forma diferente,os que mesmo ouvindo tudo o que a sabedoria tem a oferecer,preferem manter-se em seus caminhos inflexveis, sendo condu

    zidos, portanto, runa.Assim conclumos este captulo. Que possamos conjugar

    mentes sbias e coraes humildes para a glria de Deus.

    Bibliografia utilizada neste captulo:Manual da Bblia de Aplicao Pessoal. CPAD

    Vincent Estudo no Vocabulrio Grego do Novo Testamento.CPAD

    Mathew Henry Comentrio Bblico do Novo TestamentoAtos a Apocalipse. CPAD

    Comentrio Bblico Beacon Volume 10. CPAD

    Comentrio Bblico pentecostal do Novo Testamento Volume2. CPAD

    Comentrio do Novo Testamento Aplicao Pessoal. CPAD

    Teologia do Novo Testamento.Roy B Zuck. CPADDicionrio Vine. CPAD

    Dicionrio Bblico Wycliffe. CPAD.

    O Novo Testamento Interpretado Versculo por Versculo.RusselNorman Champlin. Milenium.

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    41/148

    Uma Introduo aos Escritos do Novo Testamento. ErickMauerhofer, Editora Vida.

    Estudos no Cristianismo no Paulino.F F Bruce. Shedd Publicaes.

    Homens com uma Mensagem.John Stott. Cultura Crist

    Introduo ao Novo Testamento. D. A. Carson, Douglas J.Moo e Leon Morris. Vida Nova.

    O Novo Testamento, sua Origem e Anlise. Merril C. Tenney.Vida Nova.

    Panorama do Novo Testamento.Robert H. Gundry. Vida Nova.

    F & O b r a s

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    42/148

    4Captulo

    Gerados pela Palavra da VerdadeSilas Daniel

    A

    Epstola de Tiago apresenta, ainda nos primeiros versculos do seu primeiro captulo, outros importantestemas. Um deles consiste em um esclarecimento sobre

    a forma como o cristo deve encarar a pobreza e a riqueza. Essas condies sociais so enfatizadas pelo apstolo como circunstncias transitrias da vida, como situaes passageiras,porquanto terrenas, e tambm como conjunturas em meios quais o cristo deve aprender a estar sempre satisfeito (Tg

    1.9-11).

    Outro tema abordado Deus como a fonte de todo bemverdadeiro (Tg 1.16,17); e, na sequncia desse assunto, oapstolo fala do maior de todos os dons que o Senhor nosconcede: o de sermos gerados de novo pelo poder da Palavrade Deus (Tg 1.18). Vejamos com ateno esses trs importantes ensinos.

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    43/148

    F & O b r a s

    Satisfao na riqueza ou na pobrezaOs versculos 9 e 10 do primeiro captulo da Epstola de Tia

    go simplesmente jogam por terra tanto a teologia da pobreza, queadvoga que riqueza pecado, quanto a teologia da prosperidade,que afirma que pobreza pecado. Diz Tiago: Mas glorie-se oirmo abatido na sua exaltao, e o rico, em seu abatimento. Aexpresso abatido, no original grego, Tapeinos, uma refernciaa um estado de necessidade, de pobreza. Tapeinos significa, mais

    especificamente, De classe baixa, de condio social baixa, ooposto de classe nobre,1razopela qual a Nova Traduo naLinguagem de Hoje traduz corretamente este versculo da seguinte maneira: O irmo que

    pobre deve ficar contente quando Deus faz com que melhorena vida; e quem rico deve sentir o mesmo quando Deus fazcom que piore de vida. Ou seja,

    a Bblia apresenta como absolutamente natural tanto um servo de

    Deus pobre enriquecer quanto um servo de Deus rico empobrecer, e ambos devem, segundo o texto de Tiago, se alegrar e ficarcontentes em quaisquer circunstncias.

    Essa importante passagem da abertura da Epstola de Tiagolembra outra passagem bblica, que se encontra no final da Epstola de Paulo aos Filipenses em que o termo abatido tambmTapeinos,no original grego aparece com o significado de pobre. Na referida passagem, Paulo declara: ...j aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei tambm ter emabundncia; em toda maneira, e em todas as coisas, estou instrudo, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundncia,

    1 VINE, W. E.; UNGER, Merril F.; WHITE JR, William,Dicionrio Vine.Rio de

    O rico Salomolembrava que comono podem os levar a sriquezas conosco paraa eternidade (Ec 5.15),

    no faz sentido apoiar-se em algo passageiro,fugaz. O rico J afirmouo mesmo.

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    44/148

    G e r a d o s p e l a P a l a v r a d a V e r d a d e

    como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele queme fortalece (Fp 4.11-13). O que Tiago e Paulo esto dizendonessas passagens que, seja rico ou pobre, o cristo deve ser sempre humilde e temperante; o cristo deve aprender a ser contentee satisfeito em todas as situaes da vida. Em 1 Timteo 6.8, oapstolo aos gentios ainda dir: Tendo, porm, sustento, e comque nos cobrirmos, estejamos com isso contentes.

    Como afirma Matthew Henry, comentando essa passagem deTiago, o meio-irmo do Senhor Jesus est dizendo aqui que apobreza no deve destruir a relao entre os cristos e [...] a graae a riqueza no so completamente incompatveis. Abrao, o paidos fiis, era rico em ouro e prata. Ambos [pobres e ricos] tmpermisso de se alegrarem. Nenhuma posio social nos exclui dacapacidade de nos alegrarmos em Deus.2

    A pobreza e a riqueza na vida do cristoA no ser em casos especficos em que a condio espiritual

    da pessoa a leva a comportamentos que acabam afetando negativamente a sua vida financeira, ou em casos tambm muito especficos em que o juzo de Deus sobre algum, afeta a sua vida

    financeira, ser pobre ou rico materialmente no tem nada a vercom a condio espiritual. H mpios pobres e h mpios muito ricos, assim como h servos de Deus ricos e pobres, servosde Deus ricos que empobreceram e servos de Deus pobres queenriqueceram. Por exemplo: Abrao foi rico; Isaque tambmfoi rico; Jac nasceu em uma famlia rica, depois foi ganhara vida como empregado de seu tio Labo at que Deus o fezenriquecer sem precisar da ajuda de seus pais; o rico J era umhomem justo e reto diante de Deus, mas se tornou miservel edepois voltou a ser rico; Jeremias era pobre, permaneceu assime morreu assim; os profetas Sofonias e Isaas foram aristocratas

    2 HENRY, Matthew, Comentrio Bblico Novo Testamento Atos a Apocalipse

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    45/148

    F & O b r a s

    palacianos, mas o profeta Ams foi um simples campons; opobre Lzaro da histria contada por Jesus em Lucas 16, e quemorreu pobre e na misria, era um homem justo; a Bblia diz

    que um profeta que realmente temia ao Senhor e auxiliava noministrio do profeta Eliseu morreu pobre e endividado (1 Rs4.1), mas sua esposa acabou prosperando aps um milagre deDeus (1 Rs 4.7); etc.

    O que a Bblia classifica como mal no a riqueza, mas oamor s riquezas, a confiana depositada nelas. Isso est mais do

    que claro em vrias passagens das Escrituras. A Bblia nos diz que,no que tange a bens materiais, passamos a ser mpios quando:

    1) Passamos a amar as riquezas, o que o princpio do fim, porque o amor ao dinheiro a raiz de toda espcie de males(lTm 6.10).

    2) A riqueza passa a ser senhora de nossas vidas e no nossa serva:

    No podeis servir a Deus e a Mamom (Mt 6.24).3) Tornamo-nos avarentos, isto , apegados demasiadamente, e de

    forma repugnante, ao dinheiro (Lc 12.15a).4) Passamos a medir a qualidade da nossa vida pela abundncia do

    que possumos (Lc 12.15b).5) Passamos a colocar a nossa prioridade nas riquezas (Mt 6.19-21).6) Passamos a colocar a nossa esperana nas riquezas

    (lTm 6.17b).7) Tornamo-nos altivos, soberbos e arrogantes por causa das rique

    zas (lTm 6.17a).8) Praticamos a usura (SI 15.5).9) Somos possudos pela cobia (lTm 6.10), as riquezas se tornam

    uma obsesso em nossa vida (lTm 6.9).

    10) Nossos bens so bens mal adquiridos, ou seja, conquistadosdesonestamente, seja ilegalmente (Hc 2.9) ou no (Pv 28.20),pois nem sempre o que legal moral. O pagamento de salriosinjustos um desses casos, inclusive mencionado pelo apstoloTiago (Tg 5.4).

    Como vemos, no que diz respeito s riquezas, o pecado est

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    46/148

    G e r a d o s p e l a Pa l a v r a d a V e r d a d e

    homens de Deus ricos so J e Abrao (Gn 13.2; J 1.3; 42.10,12).Iles enriqueceram honestamente dentro do sistema econmico desuas pocas e no eram avarentos. Eles eram generosos, desape

    gados s suas riquezas e colocavam seus bens a servio da obrade Deus, ajudando o prximo (leia com ateno J 31.14-41).O prprio apstolo Tiago cita Abrao como grande exemplo deverdadeira piedade, de f com obras (Tg 2.21-23). Jesus criticou

    a avareza, o amor ao dinheiro, e no o desejo simples (que no

    deve ser confundido com desejo obsessivo) de prosperar financei

    ramente (Mt 6.19-21,24). Jesus no pregou a pobreza como uma

    virtude. Ser rico e ser pobre no tm nada a ver com carter ou

    qualidade de vida espiritual.Quando Jesus citou a metfora do camelo no fundo da agu

    lha, estava falando no da impossibilidade de um rico entrar noReino de Deus, mas da dificuldade (Mt 19.23,24), porque o serhumano tendente a valorizar o material mais do que o espiritual.Jesus no estava ensinando, e nunca ensinou, que, para nos mantermos firmes espiritualmente, devemos ser avessos a qualquertipo de desejo de prosperar financeiramente. Tanto que Jesusconclui sua ilustrao dizendo que Deus salvar, sim, ricos (Mt19.26). A metfora s um alerta para no se apegar s riquezas,o que Jesus j havia feito em seu Sermo da Montanha (Mt 6.24).Na mesma linha do Mestre, o apstolo Paulo no d recomendaes aos cristos ricos para que deixem de ser ricos, mas para quesejam bno como ricos (lTm 6.17-19), e assevera que o dinheiro no a raiz de todos os males, mas, sim, o amor ao dinheiro(lTm 6.10).

    A transitoriedade das riquezasPor isso, o apstolo Tiago, aps mencionar que tanto o rico

    quanto o pobre cristos podem se alegrar em meio s circunstncias, destaca ainda, no caso do rico, que ele deve se lembrar de queas riquezas terrenas so passageiras: ...porque ele [o ser rico] pas

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    47/148

    F & O b r a s

    sar como a flor da erva. Porque o sol se levanta com seu ardentecalor, e a erva seca, e a sua flor cai, e desaparece a formosura doseu aspecto; assim tambm se murchar o rico em seus caminhos(Tg 1.10b, 11). Logo, se as riquezas so passageiras, no devemosnos apegar a elas, no devemos supervaloriz-las.

    O rico Salomo lembrava que como no podemos levar asriquezas conosco para a eternidade (Ec 5.15), no faz sentidoapoiar-se em algo passageiro, fugaz. O rico J afirmou o mesmo.Diante da perda de seus bens e filhos, declarou ele: Nu sa doventre da minha me e nu tornarei para l; o Senhor o deu e oSenhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor (J 1.21). Escrevendo aos crentes em Corinto, o apstolo Paulo afirma que,tendo em vista a brevidade da vida aqui e, em perspectiva, a eternidade, deveramos tratar as coisas deste mundo como se no estivssemos ocupados com elas, pois este mundo, como est agora,no vai durar muito (1 Co 7.31, NTLH). Ou, como aparecemnas verses ARC e ARA desse mesmo versculo, devemos usaras coisas deste mundo em vez de abusar delas ou utilizar domundo, como se dele no usssemos, porque a aparncia destemundo passa. Escrevendo a Timteo, Paulo assevera ainda: Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto que nada

    podemos levar dele. Tendo, porm, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes (lTm 6.7,8). Nossa vidano se resume a bens. Estes so benesses agradveis e importantes,mas no fazem parte da essncia da vida.

    Mas, alm de apegar-se s riquezas significar a perda do senti

    do da vida e, consequentemente, caminha para a perdio eterna,

    a Bblia tambm nos diz que, ainda aqui na Terra, essa atitude

    traz muitos males. O apstolo Paulo ressalta que a supervalori-

    zao dos bens materiais e a cobia levam o homem a cair em

    tentao e em lao; a muitas concupiscncias loucas e nocivas,

    que submergem os homens na perdio e runa; a toda a espcie

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    48/148

    G e r a d o s p e l a Pa l a v r a d a V e r d a d e

    isso, aquele que teme a Deus foge destas coisas, e segue a justia,

    a piedade, a f, o amor, a pacincia, a mansido (lTm 6.9-11). ESalomo, o homem mais rico de

    todos os tempos, j alertava emseu tempo que o apego aos bens

    materiais provoca vcios e malestais como o desejo incontrolvel

    de ganhar mais e mais (Ec 5.10),

    o gasto desenfreado (Ec 5.11),preocupaes e noites mal dormidas (Ec 5.12) e a perda desnecessria de bens (Ec 5.13,14).Enfim, algum pode ser muito rico, mas, sem Jesus, sem Deus,

    ser infeliz.Outro detalhe que o tipo de sentimento que alimentamos em

    relao aos nossos bens determina o propsito das nossas aes, onosso comportamento. Portanto, se alimentamos um sentimentocorreto em relao s riquezas, no seremos to afetados emocionalmente e muito menos espiritualmente se as perdermos; mas, secultivamos um sentimento errado em relao a elas, uma eventualperda levar-nos- ao desmoronamento do nosso ser interior, pois

    nossa alma estava apoiada em areia movedia.O sentido e a alegria de nossas vidas no devem estar fundamentados em bens materiais, mas na solidez e perfeio dosvalores divinos.

    Deus: a fonte de todo bem verdadeiro

    Por falar em bens, no versculo 17 do captulo primeiro, oapstolo Tiago afirma que a origem de todo bem est em Deus.Ele declara expressamente que o Pai celestial a fonte de todobem verdadeiro: Toda boa ddiva e todo dom perfeito vmdo alto, descendo do Pai das luzes, em quem no h mudana,nem sombra de variao (v. 17). E mais: ao se referir a Deus

    No h dvida deque muitas da s crisesespirituais que muitos

    cristos tm vivenciadonos dias de hoje estrelacionada su a m

    compreenso

    de Deus.

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    49/148

    F ScO b r a s

    trevas, isto , no h fingimento, falsidade, maldade, mentira,erro, imperfeio. E Ele no muda: nEle, no h mudana,nem sombra de variao. Como o prprio Deus afirma atravs da instrumentalidade do profeta Malaquias: Eu, o Senhor,no mudo (Ml 3.6). Ou seja, Deus e continuar sendo aFonte de todo bem.

    O versculo anterior, o 16, o que faz a ligao entre o assunto dos versculos 12 a 15 e o assunto dos versculos 17 e 18.Nele, Tiago diz: No vos enganeis, amados irmos. Mas, no

    vos enganeis em relao a que, especificamente? Nos versculos de12 a 15, o apstolo fala sobre a tentao e explica que Deus notenta a ningum (v. 13). Portanto, a preocupao de Tiago nessapassagem, ao esclarecer o que Deus no faz (v. 13) e enfatizar o queEle (v. 17), que os seus leitores tenham uma compreenso clarade Deus. O seu Senhor no um tentador, no algum que quer

    o seu mal; Ele o Pai das luzes, a Fonte de todo bem.No h dvida de que muitas das crises espirituais que muitos

    cristos tm vivenciado nos dias de hoje est relacionada sua mcompreenso de Deus. Em meu livro Como vencer a frustraoespiritual(CPAD), escrevi a respeito disso:

    No tenho a menor dvida de que muitas frustraes e neuroses espirituais que vemos hoje, bem como um nvel raso de vidacrist, so, na maioria esmagadora das vezes, fruto de uma visodistorcida acerca de Deus. O pastor Aiden Wilson Tozer talvez tenha sido o primeiro a denunciar enfaticamente esse sintoma negativo de nossos dias a perda do conceito bblico de Deus. Em1961, ele escreveu: O baixo conceito de Deus mantido quase universalmente entre os cristos a causa de uma centena de males menores em toda parte. Uma filosofia de vida crist inteiramente novaresultou desse nico erro bsico em nosso pensamento religioso.Na poca, Tozer ainda arremataria uma frase que se tornaria clebre: O que nos vem mente quando pensamos em Deus a coisamais importante a nosso respeito {Mais perto de Deus,A.W.Tozer,

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    50/148

    G e r a d o s p e l a Pa l a v r a d a V e r d a d e

    Muita gente que pensa estar se aproximando de Deus est, naverdade, se relacionando com uma imagem que criou dEle, umamera sugesto mental, em vez de o Deus da Bblia. Sua relao

    no com o Deus vivo e verdadeiro, mas com uma caricatura dodivino, uma fantasia construda pela sua prpria imaginao, umaconcepo equivocada de quem Deus. Essa concepo pode teradvindo absolutamente de sua prpria cabea (achismo) ou tersido importada de algum discurso bonito, atraente, mas despido derespaldo bblico (o que acontece na maioria dos casos). Afinal, h

    muita falsa teologia popularizada por a.Infelizmente, no difcil encontrar pessoas [...] que um dia

    aceitaram Jesus e suas vidas foram transformadas, mas estacionaram por a. Porque no se aprofundaram no conhecimento acercado seu Senhor, se tornaram presas fceis, aceitando caricaturas deDeus como se fossem verses verdadeiras dEle, e hoje vivem espi

    ritualmente frustradas e doentes. Houve um encontro seguido dedesencontro e, agora, preciso um reencontro. O reencontro como verdadeiro Deus, que as salvou. E esse reencontro s pode ocorreratravs da Palavra de Deus.

    S o conhecimento verdadeiro de Deus tem o poder de curartodas as feridas de nossa alma. S a verdade pode libertar (Jo 8.32).

    [...] O principal objetivo da nossa existncia conhecer a Deus.3Sigamos o conselho do profeta Oseias: Conheamos e pros

    sigamos em conhecer ao Senhor (...) e ele descer sobre ns comoa chuva, como a chuva serdia que rega a terra (Os 6.3).

    A mais importante de todas as ddivas divinasNo versculo 18, o apstolo Tiago destaca a mais importante

    de todas as ddivas divinas: a regenerao pela Palavra da Verdade,a Salvao em Cristo, a transformao pela qual passamos pelopoder do evangelho de Cristo: Segundo a sua vontade, Ele nos

    3 DANIEL, Silas. Como vencer a frustrao espiritual.Rio de Janeiro: CPAD,

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    51/148

    F & O b r a s

    gerou pela Palavra da Verdade, para que fssemos como primciasdas suas criaturas.

    O apstolo Pedro tambm menciona essa regenerao pelaPalavra em sua primeira epstola: Sendo de novo gerados, no desemente corruptvel, mas da incorruptvel, pela Palavra de Deus,viva e que permanece para sempre (1 Pe 1.23). Segundo define oprprio apstolo Pedro, regenerao uma operao divina, combase na ressurreio de Jesus (1 Pe 1.3), de nos tornar novas criaturas pelo poder da Palavra de Deus (1 Pe 1.23). Essa ao operadaem ns pelo Esprito Santo (Jo 3.5; Tt 3.5). E Ele quem aplica opoder do Evangelho, o poder regenerador da Palavra da Verdade,em nossas vidas.

    Tiago enfatiza que a regenerao no pode ser operada pelohomem: ela segundo a sua vontade, ou seja, segundo a vontade de Deus. E uma ao exclusivamente divina, como o apstoloJoo tambm destaca na abertura do seu Evangelho (Jo 1.13).

    Outro detalhe importante que o meio-irmo do Senhorainda declara que Deus nos gerou pela Palavra da Verdade paraque fssemos como primcias das suas criaturas. Ao usar otermo primcias, o apstolo est tomando como analogia dopropsito da obra regeneradora de Deus em nossas vidas as pri

    mcias do Antigo Testamento, que nada mais eram do que a colheita dos primeiros frutos, que eram os melhores (Lv 23.10,11;Ex 23.19; Dt 18.4). Isso significa que, ao chamar os cristos deprimcias das suas criaturas, Tiago estava querendo dizer que oEvangelho de Cristo no apenas nos transformou, mas tambmnos deu, devido a essa transformao, o privilgio de ocupar

    mos o primeiro lugar entre todas as suas criaturas.4 Esta umahonra extraordinria!

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    52/148

    G e r a d o s p e l a Pa l a v r a d a V e r d a d e

    Bibliografia utilizada neste captuloDANIEL, Silas. Como vencer a frustrao espiritual. Rio de

    Janeiro: CPAD, 2006.HENRY, Matthew. Comentrio Bblico Novo Testamento

    Atos a Apocalipse Edio Completa. Rio de Janeiro: CPAD,2012 .VINE, W. E.; UNGER, Merril E; WHITE JR, William, Di-

    cionrio Vine.Rio de Janeiro : CPAD, 2002.

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    53/148

    5Captulo

    O cuidado ao falar e a religio puraAlexandre Coelho

    Introduo

    I. PRONTO PARA OUVIR E TARDIO PARA FALAR

    Certa vez, Zenon, um pensador clssico, disse que temosdois ouvidos e uma boca por um simples motivo: para que possamos ouvir mais e falar menos. Por mais que essa ideia, paraalgumas pessoas seja engraada, traz uma realidade importantepara a nossa vida: Precisamos aprender a controlar melhor onosso tempo gasto com essas duas atitudes inerentes da nossa

    natureza: ouvir a falar.

    O Ato de OuvirPor meio da audio, podemos captar informaes que in

    fluenciaro nossas vidas. Um toque de corneta pode conduzir uma

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    54/148

    F & O b r a s

    Uma pregao direcionada pelo Esprito Santo pode trazer salva

    o a uma pessoa. Portanto, o ato de ouvir pode definitivamente

    mudar nossa vida.O ato de ouvir implica a posterior tomada de deciso. Ado

    e Eva ouviram o conselho de Deus no tocante ao fruto da cinciado bem e do mal, e obedeceram at que ouviram uma opiniocontrria, a da serpente, e resolveram acolher os conselhos que oslevariam morte. Ouvir as palavras certas das pessoas certas fazmuita diferena.

    A f vem pelo ouvir da Palavra de Deus. Ouvir o queEle diz o primeiro passo para que possamos obedec-lo.Alm de ser um exerccio que nos impulsiona humildade,o ato de ouvir o que Deus nos diz nos d a certeza de que

    estamos no caminho que Elerealmente preparou para que

    segussemos.Ouvir as pessoas tambm

    recomendado por Tiago.Provrbios diz: Porque comconselhos prudentes tu fars aguerra; e h vitria na multido

    dos conselheiros (Pv 24.6). Aotratar do repasse dos seus ensinos a outros, o apstolo Paulorecomenda a Timteo: E oque de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a

    homens fiis, que sejam idneos para tambm ensinarem os

    outros (2 Tm 2.2). O que Timteo ouvira de Paulo deveria serrepassado a outros homens que tivessem idoneidade e fidelidadepara que no alterassem a mensagem apostlica. Portanto, ouvira Deus um dever, e ouvir para aprender com os outros igual

    Nossas palavrasdevem acompanharnossas atitudes. Comoservos de Deus, somoscham ados a usarnossas palavras deforma sbiae edificante. Nosaia da v o ssa bocanenhuma palavratorpe, mas s a que forboa para promover aedificao, para que dgraa a o s q ue o ouvem

    (Ef 4.29).

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    55/148

    O CUIDADO AO FALAR E A RELIGIO PURA

    O Ato de FalarFalar um presente de Deus. Poder exprimir nossas opinies,

    desejos e anseios no apenas uma ddiva divina, mas tambmexige uma grande responsabilidade, pois nossas palavras podemtanto edificar vidas quanto podem tambm destru-las. Por isso, necessrio ter responsabilidade com aquilo que falamos.

    Nossas palavras devem acompanhar nossas atitudes. Comoservos de Deus, somos chamados a usar nossas palavras de forma

    sbia e edificante. No saia da vossa boca nenhuma palavra torpe,mas s a que for boa para promover a edificao, para que d graaaos que o ouvem (Ef 4.29). Mas tambm somos chamados a terum profundo compromisso entre o que falamos e o que vivemos.De nada adianta ter um discurso ortodoxo se nossa prtica de vidano corresponde s palavras que falamos. Se levarmos a srio isso,

    concluiremos que melhor ficar calados at que nossas atitudessejam coerentes com nossas palavras.Deus no nos impede de falar, mas pede que o faamos de

    forma coerente e com sabedoria. Lembremo-nos do conselho deProvrbios 13.3: o que guarda sua boca conserva a sua alma, maso que muito abre os lbios tem perturbao.

    Controlando sua IraTiago nos incentiva a ser pessoas que demoram a irar-se. Ele

    no diz que isso fcil. Irar-se uma das coisas mais simples domundo. Basta que nos deparemos com alguma adversidade quenos impea de realizar certos planos, ou com alguma situao que

    aos nossos olhos seja injusta.A ira uma obra da Carne. Ela tem a tendncia de despertar

    as reaes mais terrveis no ser humano. Uma pessoa irada agede uma forma que no agiria se estivesse em seu juzo perfeito.

    A ira da qual Tiago fala est vinculada com o ato de ouvir efalar: ... todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar,

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    56/148

    F & O b r a s

    Deus (Tg 1.19b, 20). Pessoas que falam muito tendem a errarmuito, e pessoas iradas costumam destilar raiva e dio em suaspalavras.

    Tiago encerra seu pensamento de forma interessante: A irado homem no opera a justia de Deus. Alm de falar sobreouvir muito e falar pouco, ele menciona dois elementos a maisem seu discurso: a ira humana e a justia divina.

    Esses dois elementos citados no mesmo verso esto extremamente distantes um do outro. A ira do homem pode ser

    justa aos seus prprios olhos, mas isso no significa que ela justa aos olhos de Deus. E um momento de indignao podecolocar muitas coisas a perder na vida de um cristo alm deno garantir a bno de Deus. O Eterno no se deixa levarpela raiva humana, ainda que essa aparente ser lcita. E se aira humana fosse o referencial para que Deus agisse, no fal

    taria julgamento divino para todas as pessoas. Por qual motivo Deus no age de acordo com a sua justia quando somosofendidos, humilhados ou perseguidos?

    Primeiro, porque Ele misericordioso. Mesmo os nossosofensores podem ser alcanados pela graa de Deus, da mesmaforma que ns fomos alcanados. Segundo, o padro de justia

    divina no como o nosso. Temos a tendncia de ser imediatis-tas, mas Deus tem seu prprio tempo para agir em nosso favore para julgar as injustias com as quais somos acometidos. Eterceiro, Deus espera que controlemos nossas reaes emocionais. Deus sabe que tendemos ira, mas Ele espera que nosejamos dominados por ela.

    Pregadores irados provavelmente no conseguiro alcanaralmas para o Reino de Deus. Professores irados certamente noconseguiro repassar seus ensinos, e crentes iracundos no conseguiro refletir a obra de Deus em suas vidas. Deus tem seuprprio senso de justia, e ele em nada se parece com o nosso.Isso pode nos parecer injusto, mas precisamos aprender a con

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    57/148

    O CUIDADO AO FALAR E A RELIGIO PURA

    II. PRATICANDO A PALAVRA DE DEUS

    Pelo que, rejeitando toda imundcia e acmulo de malcia, recebei com mansido a palavra em vs enxertada, a qualpode salvar a vossa alma. E sede cumpridores da palavra e nosomente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos. Porque, se algum ouvinte da palavra e no cumpridor, semelhante ao varo que contempla ao espelho o seu rosto natural;porque se contempla a si mesmo, e foi-se, e logo se esqueceude como era. Aquele, porm, que atenta bem para a lei perfeita

    da liberdade e nisso persevera, no sendo ouvinte esquecido,mas fazedor da obra, este tal ser bem-aventurado no seu feito. (Tg 1.21-25)

    Enxertai-vos na PalavraTiago fala que devemos receber com mansido a Palavra

    que em ns foi colocada. Mas antes disso ele diz que precisorejeitar toda a imundcia e acmulo de malcia. O que issosignifica? Que alm de receber a Palavra de Deus, precisorejeitar tudo o que a Palavra de Deus condena. uma ques

    to de cumulatividade (recebo a Palavra de Deus e rejeito opecado). Nossa tendncia acumular imundcia e malcia por

    causa de nossa natureza pecaminosa, mas esses dois elementosdevem ser substitudos pela Palavra de Deus e seus efeitos em

    nossas vidas. A expresso malcia, no grego, kakia, melhortraduzida como maldade. Em todo o contexto, a maldade

    no pode conviver com um corao sbio e dominado pelos

    princpios da Palavra de Deus. Ou praticamos o que Deus dizou privilegiaremos a maldade e as demais caractersticas rejei

    tadas pelo Senhor.A recompensa por essa atitude a salvao da alma. Aqui

    encontramos mais uma caracterstica dos escritos de Tiago: aprtica que espelha a salvao. Mais uma vez, Tiago mostra

  • 7/13/2019 Lio Bblica 3 Trimestre de 2014 - Livro

    58/148

    F & O b r a s

    Praticando a PalavraMais do que ter a Palavra em nosso corao, preciso exte

    riorizar o evangelho em nossas vidas. E curiosa a observao deLawrence O. Richards para esta parte do texto bblico:

    Tiago argumenta que olhar para a Palavra de Deus e no agir

    de acordo como que vemos ali significa que o que enc