lit3ratura bras1leira

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Ana Tereza Pinto de Oliveira

1a Edição

Proibida qualquer reprodução, seja mecânica ou eletrônica,total ou parcial, sem prévia permissão por escrito do editor.

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Expediente

Editor Italo AmadioEditora Assistente Katia F. Amadio

Assistente Editorial Edna Emiko NomuraRevisão Cecília Beatriz Alves Teixeira

e Ivani Martins CazarimProjeto Gráfico e Diagramação Exata Editoração

Elaboração do Encarte Benedicta Aparecida Costa dos ReisColaboração na Contextualização Silvia Sampaio

Capa Antonio Carlos Ventura

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Oliveira, Ana Tereza Pinto deLiteratura brasileira: teoria e prática / Ana Tereza Pinto de

Oliveira. – 1. ed. – São Paulo : Rideel, 2006.

ISBN 85-339-0812-1

1. Literatura brasileira I. Título.

06-0011 CDD-869.9

Índice para catálogo sistemático:1. Literatura brasileira 869.9

© Copyright - Todos os direitos reservados à

Av. Casa Verde, 455 – Casa VerdeCep 02519-000 – São Paulo – SP

e-mail: [email protected]

APRESENTAÇÃO

Esta obra possui uma linguagem clara, objetiva econtextualizada, além de ilustrações e fotos que dialogam como texto auxiliando a sua compreensão, segue uma ordem cro-nológica – do século XVI aos nossos dias, sempre relacionan-do a produção artística com o momento histórico, destacandopara cada estilo de época, os principais acontecimentos eco-nômicos, políticos e sociais.

Após o enfoque de cada item, o livro ainda apresenta ques-tões de vestibulares para fazer com que o leitor avalie seunível de compreensão, bem como se exercite para diversostipos de exames.

O Editor

Sobre a autora

Ana Tereza Pinto de Oliveira é graduada pela Faculdade de Letrase Ciências Humanas da Universidade de São Paulo em Português, Fran-cês e Italiano.

Mestre em Língua Portuguesa pela Pontífica Universidade Católicade São Paulo.

Pós-graduada em Comunicação e Semiótica pela Pontíficia Univer-sidade Católica de São Paulo.

Especialista em Metodologia do ensino de terceiro grau pelas Facul-dades Metropolitanas Unidas.

ÍndiceCapítulo 1 – Introdução .................................................................................................. 9

Capítulo 2 – Quinhentismo .......................................................................................... 12Contexto histórico ......................................................................................................... 14A literatura informativa: Pero Vaz de Caminha ............................................................. 15A literatura dos jesuítas: Pe. José de Anchieta ............................................................. 17Questões de Vestibular ................................................................................................. 19

Capítulo 3 – Barroco .................................................................................................... 22Contexto histórico ......................................................................................................... 24Manifestações artísticas ............................................................................................... 25Produção Literária: Bento Teixeira, Gregório de Matos Guerra, Pe. AntônioVieira, Manuel Botelho de Oliveira. ............................................................................... 27Questões de Vestibular ................................................................................................. 38

Capítulo 4 – Arcadismo ................................................................................................ 54Contexto histórico ......................................................................................................... 56Manifestações artísticas ............................................................................................... 57Produção Literária: Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga,Santa Rita Durão, Basílio da Gama .............................................................................. 59Período de transição ..................................................................................................... 69Produção Literária. ........................................................................................................ 70Questões de Vestibular ................................................................................................. 71

Capítulo 5 – Romantismo ............................................................................................ 92Contexto histórico ......................................................................................................... 94Manifestações artísticas. .............................................................................................. 95Produção Literária – Poesia – Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias, Álvares deAzevedo, Junqueira Freire, Fagundes Varela, Casimiro de Abreu, Castro Alves,Sousândrade ................................................................................................................. 99Produção Literária – Ficção: Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, BernardoGuimarães, Visconde de Taunay, Franklin Távora, Manuel Antônio de Almeida. ....... 108Produção Literária – Teatro: Martins Pena .................................................................. 116Questões de Vestibular ................................................................................................ 118

Capítulo 6 – Realismo/Naturalismo/Parnasianismo ................................................... 163Contexto histórico ....................................................................................................... 165Manifestações artísticas ............................................................................................. 166Produção Literária – Machado de Assis, Raul Pompéia, Aluísio Azevedo ................. 168Parnasianismo ............................................................................................................ 175Produção Literária – Alberto de Oliveira, Raimundo Correia, Olavo Bilac .................. 176Questões de Vestibular ............................................................................................... 180

Capítulo 7 – Simbolismo ............................................................................................ 214Contexto histórico ....................................................................................................... 216Manifestações artísticas ............................................................................................. 216

Literatura: características ............................................................................................ 217Produção literária: Cruz e Sousa, Alphonsus de Guimaraens, Pedro Kilkerry ........... 218

Capítulo 8 – Pré-Modernismo .................................................................................... 229Contexto histórico ....................................................................................................... 231Manifestações artísticas ............................................................................................. 233Características ............................................................................................................ 234Produção literária: Euclides da Cunha, Lima Barreto, Monteiro Lobato,Graça Aranha, Augusto dos Anjos .............................................................................. 234Questões de Vestibular ............................................................................................... 242

Capítulo 9 – Modernismo: A Semana de Arte Moderna e primeira fase .................... 254Contexto histórico ....................................................................................................... 256Manifestações Artísticas ............................................................................................. 256Divulgação das idéias da Semana .............................................................................. 261Primeira fase do Modernismo ..................................................................................... 262Produção Literária: Mário de Andrade, Oswald de Andrade,Manuel Bandeira, Antônio de Alcântara Machado ...................................................... 263Questões de Vestibular ............................................................................................... 270

Capítulo 10 – Modernismo: Segunda fase ................................................................. 290Contexto histórico. ...................................................................................................... 291Manifestações artísticas ............................................................................................. 292Poesia – Produção Literária na poesia: Carlos Drummond de Andrade,Cecília Meireles, Vinicius de Morais, Murilo Mendes, Jorge de Lima ......................... 292Produção Literária: Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos,José Lins do Rego ...................................................................................................... 301

Capítulo 11 – Modernismo: terceira fase ................................................................... 323Literatura – Prosa: Guimarães Rosa, Clarice Lispector,João Cabral de Melo Neto .......................................................................................... 326Tendências atuais. Poesia: Concretismo, poesia social, poesia marginal .................. 332Prosa: prosa regionalista, prosa política, prosa urbana, prosa intimista,prosa memorialista ...................................................................................................... 337Bibliografia ................................................................................................................ 363Respostas das questões de vestibular ................................................................... 364

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Introdução

A literatura brasileira, desde suas origens (com a

Carta de Pero Vaz de Caminha) até meados do sécu-

lo XVIII, foi reflexo e prolongamento da portuguesa,

pois as precárias condições da Colônia impediram

que houvesse um processo literário autônomo.

Por isso, alguns críticos falam em isoladas manifes-

tações literárias nesse período ou “ecos” da literatu-

ra portuguesa.

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* Não devemos nos esquecer de que, nos primeiros tempos denossa história, a comunicação entre os agrupamentos urbanos

era praticamente nula. Predominava o isolamento das capitanias emque se explorava a cana-de-açúcar em latifúndios.

** A maioria da população da Colônia, nessa época,era analfabeta e preocupava-se antes com problemas práticos

de sobrevivência do que com literatura.

*** A vida cultural na Colônia foi abafada pela proibiçãode atividade editorial, pela censura, pela inexistência de centros

ou instituições culturais e pela precariedade do ensino.

Não houve no Brasil, pelo menos até a primeira metade do século XVIII,as condições necessárias para o surgimento da literatura, ou seja:

a) grupo de escritores conscientes de seu papel e que, num processocoeso de intercomunicação e interdependência, assegurassem acontinuidade literária*;

b) grupo de receptores ativos que pudessem influenciar a produçãodos escritores**;

c) vida cultural intensa***.

Esse quadro perdurou até o momento em que, em função do ciclo damineração, começaram a surgir não só as cidades, mas também escritoresunidos pelo sentimento de independência da Colônia e comprometidos coma Inconfidência Mineira. No entanto, nossa literatura, que se esboçou comosistema na primeira metade do século XVIII, só adquiriu plena nitidez e au-tonomia no século XIX, quando o Brasil deixou de ser colônia.

Em função desse quadro, a literatura brasileira divide-se em duas gran-des eras: a Colonial e a Nacional.

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Quinhentismo – 1500-1601

ERA COLONIALSeiscentismo ou “ecos” do Barroco –

(1500-1808)1601-1768

Setecentismo ou Arcadismo –1768-1808

PERÍODO DE TRANSIÇÃO – 1808-1836

Romantismo – 1836-1881

Realismo/Naturalismo/Parnasianismo –

ERA NACIONAL 1881-1893

(a partir de 1836) Simbolismo – 1893-1902

Pré-Modernismo – 1902-1922

Modernismo – 1922 ➟

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QUINHENTISMO(1500-1601)

A primeira impressão quea nova terra causou ao colonizador foi

de surpresa e deslumbramento.

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Homem tapuia, de Albert Eckhout.

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QUINHENTISMO: século XVI

Contexto histórico: a) na Europa• ascensão da burguesia• invenções• progresso científico• Reforma• Contra-Reforma• Grandes Navegações

b) no Brasil• 1500 – descobrimento do Brasil – exploração

do pau-brasil• 1530 – início das expedições de exploração e

povoamento• 1534 – criação das capitanias hereditárias• 1549 – vinda dos jesuítas – catequese dos

índios e fundação dos primeiros colégios

Características: — literatura documental sobreo Brasil escrita por portugueses (queacompanhavam as expedições) e porviajantes estrangeiros— literatura pedagógica dos jesuítasvisando à catequese dos índios e àorientação moral e espiritual dos colonos

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Quinhentismo(1500-1601)

A literatura do século XVI foi uma literatura sobre o Brasil. Refletindoideais do Renascimento e da Contra-Reforma, traduziu o espírito de aven-tura, a sedução do exótico, o expansionismo geográfico e a propagação dacristandade.

Contexto HistóricoA Europa do século XVI assistiu à desestruturação da sociedade feudal.

Os florescentes centros urbanos atraíam a população rural e neles se de-senvolveu o comércio que propiciou o aparecimento da burguesia mercan-til. Por sua vez, esta financiou as Grandes Navegações, cujo objetivo era aprocura de novos mercados produtores e consumidores.

Portugal gozava de uma situação privilegiada: a precoce centralizaçãopolítica na figura do rei, a posição geográfica estratégica (seus portos erampassagem obrigatória entre as cidades italianas, que monopolizavam o co-mércio do Oriente, e o norte da Europa), a rápida formação de uma burgue-sia mercantil, a Escola de Sagres – o mais completo e inovador centro deestudos náuticos da época – propiciaram a expansão de Portugal na procu-ra de novas rotas comerciais, uma vez que o comércio no Mediterrâneo eramonopólio das cidades italianas. Essa expansão iniciou-se com a Tomadade Ceuta, em 1415, e estendeu-se da conquista e colonização da África eda Ásia até a descoberta do Brasil.

No entanto, o Feudalismo não foi minado somente pelo aparecimentoda burguesia mercantil, mas também pela Reforma Protestante, que atraiuessa mesma burguesia. A reação da Igreja não se fez esperar e a Contra-Reforma, sustentada pela Companhia de Jesus, iniciou um movimento dereconquista espiritual.

As Grandes Navegações e a Contra-Reforma determinaram as duastendências da produção literária do século XVI:

a) preocupação com a conquista material: literatura informativa quedescreve as riquezas da terra;

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b) preocupação com a conquista espiritual: literatura dos jesuítas, vol-tada para a catequese do índio e para a orientação moral e espiritualdos colonos.

A Literatura InformativaEm 1500, Cabral “descobriu” o Brasil e Pero Vaz de Caminha, cronista

de sua armada, escreveu a Carta a EL-Rei Dom Manuel sobre o achamentodo Brasil, documento que marca o início da literatura brasileira.

Portugal, no entanto, não explorou de imediato a nova terra. Interessa-do no ouro da África e no comércio garantido com o Oriente, de onde vi-nham especiarias, sedas e pedrarias, arrendou a exploração da costa brasi-leira a comerciantes que exploravam o pau-brasil, mas que eram impoten-tes para evitar ataques de estrangeiros.

Endividado com os investimentos nas viagens ao Oriente, Portugal ini-ciou a colonização do Brasil com a expedição de Martim Afonso de Sousa,em 1530, esperando aqui encontrar metais e pedras preciosas.

Nesse cenário, cronistas portugueses e estrangeiros escreveram tex-tos que revelam seu deslumbramento frente à nova terra tropical, exótica,misteriosa. Não são textos propriamente literários, mas têm um valor do-cumental inestimável para a história de nossos primeiros tempos e já con-têm um sentimento nativista que encontrará sua expressão máxima noRomantismo.

A origem do nome BrasilMuita gente diz que o nome Brasil deriva do pau-brasil, umamadeira que era extraída do litoral brasileiro e a partir daqual se fabricava uma tinta cor de brasa, usada para tingir

tecidos. A história não é bem assim. Nos mapas medievais, o mundo co-nhecido aparecia rodeado de ilhas imaginárias. Uma delas era a Ilha Bra-sil, que se situava a oeste da Irlanda. Essa localização foi encontradaem um mapa de 1324 e repetida em diversos planisférios. Também cha-mada “Hy Brazil”, essa ilha mitológica afastava-se no horizonte sempreque os marujos se aproximavam.

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Pero Vaz de Caminha (1437?-1500)

Com a Carta de 1o de maio de 1500, Caminha fundou a literatura brasi-leira. Numa linguagem pitoresca e agradável, que revela um observadorminucioso, relatou ao rei D. Manuel tudo o que vira na nova terra:

De ponta a ponta é toda praia rasa, muito plana e bem formo-sa. Pelo sertão, pareceu-nos do mar muito grande, porque a es-tender a vista não podíamos ver senão terra e arvoredos, pare-cendo-nos terra muito longa. Nela, até agora, não pudemos saberque haja ouro nem prata, nem nenhuma coisa de metal, nem deferro; nem as vimos. Mas, a terra em si é muito boa de ares, tãofrios e temperados, como os de Entre-Douro e Minho, porque,neste tempo de agora, assim os achávamos como os de lá. Águassão muitas e infindas. De tal maneira é graciosa que, querendoaproveitá-la dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem. Maso melhor fruto que nela se pode fazer, me parece que será salvaresta gente; e esta deve ser a principal semente que Vossa altezanela deve lançar.

Nesse texto podemos perceber os dois objetivos que nortearam as Gran-des Navegações: conquista de bens materiais (ouro, prata, metais) e con-quista espiritual (conversão dos indígenas, dilatação da fé cristã).

A raiz de Brasil é bress, que, na língua celta, significa “feliz, encantado,sortudo”. A Ilha Brasil seria, portanto, a ilha da felicidade, um verdadeiroparaíso. Logo, o nome Brasil é de origem celta, grupo de línguas faladaspelos antigos habitantes da Irlanda, da Escócia e do País de Gales.Já o pau-brasil era conhecido entre os italianos, que o importavam doOriente, durante a Idade Média. O nome científico da madeira é Lignumbrasile rubrum, derivado da Ilha Brasil, pois se acreditavaque o pau-brasil seria seu produto principal. O nome Bra-sil, logo adotado pela maioria das pessoas, fez com quetodos os outros fossem deixados de lado, tornando-seoficial em poucos anos.

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Anchieta escrevendo na areia,de Benedito Calixto.

Muitos outros cronistas, portugueses e estrangeiros, descreveram nos-sa terra. Entre eles destacam-se:

a) Pero de Magalhães Gândavo, português de origem flamenga, amigode Camões, cujas obras Tratado da terra do Brasil e História da Pro-víncia de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos de Brasil (1576),além de descreverem a gente, os bens e o clima da Colônia, acon-selham os portugueses, que vivem em extrema miséria na Metrópo-le, a que venham para cá.

b) Gabriel Soares de Sousa escreveu Tratado descritivo do Brasil (1587),a mais rica fonte de informações sobre o Brasil no século XVI. Nelefez um inventário da flora e da fauna da Bahia e alertou o rei para anecessidade de povoar e fortificar certas regiões para que estran-geiros não as tomassem.

c) Hans Staden, alemão que esteve no Brasil por volta de 1520, escre-veu Viagem ao Brasil (1557).

A Literatura dos JesuítasDesde que chegaram à Bahia em 1549 com Tomé de Sousa (o primeiro

governador-geral do Brasil), os jesuítas, comandados pelo Padre Manuel daNóbrega, incumbiram-se de catequizar os indígenas, educar e dar orientaçãomoral e espiritual aos colonizadores. Escreveram poesia, teatro pedagógico,sermões e cartas, nas quais informavam os superiores da Companhia de Je-sus sobre o desenvolvimento de seus trabalhos na Colônia.

Quem mais se destacou entre os jesuítas foi Padre José de Anchieta.

Padre José de Anchieta (1534-1597)

O fundador de São Paulo chegou aoBrasil em 1553 com o segundo governa-dor-geral, D. Duarte da Costa. Foi uma dasfiguras mais importantes do século XVI pelarelevância literária de sua obra e por tersido o primeiro a escrever para brasileiros.

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Sempre com intenção pedagógica, produziu sermões, autos (de inspi-ração medieval, seguindo o modelo de Gil Vicente) e poemas simples eingênuos, mas cheios de lirismo. Dentre estes destaca-se “De Beata VirgineDei Matre Maria” (“Poema à Virgem”).

Devido à intenção didática de seus textos, usa linguagem de fácil assi-milação e imagens claras. Anchieta escreveu em latim, tupi e português efoi o autor da primeira gramática em língua tupi: Arte da gramática da línguamais usada na costa do Brasil.

Observe neste fragmento, como as redondilhas menores e as rimas(sem esquema rígido) dão ao texto um ritmo que facilita a memorização,enfatizando sua função pedagógica.

A Santa Inês

Cordeirinha linda,como folga o povoporque vossa vindalhe dá lume novo!

Cordeirinha santa,de Iesu querida,vossa santa vindao diabo espanta.

Por isso vos cantacom prazer, o povo,porque vossa vindalhe dá lume novo.................................

Engenho,de Franz Post.

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Questões de Vestibular

Quinhentismo

1 (Fuvest-SP) Entende-se por literatura informativa no Brasil:a) o conjunto de relatos de viajantes e missionários europeus, sobre a

natureza e o homem brasileiros.b) a história dos jesuítas que aqui estiveram no século XVI.c) as obras escritas com a finalidade de catequese do indígena.d) os poemas do Padre José de Anchieta.e) os sonetos de Gregório de Matos.

2 (UE-Londrina) Na Carta de Pero Vaz de Caminha:a) reconhecemos um texto de informação que em nada pode ter influ-

enciado os escritores que se sucederam na Literatura Brasileira.b) vemos a preocupação do conquistador com a exploração do solo da

terra conquistada, atitude única dos escritores da época, tal como oPadre Anchieta.

c) identificamos um escrito que, pela maneira nacionalista como apre-senta a terra, será tomado como modelo para o modernismo deOswald de Andrade.

d) temos um texto que, como todos os outros dos séculos XVI, XVII eXVIII, até o Romantismo, nada contribui para a Literatura Brasileira.

e) encontramos os germes da atitude de louvor à terra que terá granderelevo no Romantismo.

3 (UF-RO) A Literatura brasileira do período colonial:a) sofreu grande influência da França.b) foi mero instrumento da política lusitana.c) foi uma continuação da literatura portuguesa.d) apresenta já bons ficcionistas.e) tem em Basílio da Gama seu poeta maior.

4 (UF-PA) Caetano Veloso em Língua usa expressões como “Lusamé-rica”, chegando mesmo a confessar:

“Gosto de sentir minha língua roçarA Língua de Luís de Camões”;

através disto percebe-se:

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(a) um protesto claramente exposto contra o colonialismo português.(b) a atitude extasiada com que o autor se coloca ante o elemento europeu.(c) as origens portuguesas renascentistas das nossas manifestações

culturais, em especial, da nossa literatura.(d) que funcionam apenas como figuras de retórica, dispensáveis, pois,

no texto como um todo.(e) o registro da presença da tirania na cultura brasileira.

5 (CESCEM) A literatura brasileira do período colonial, em seus primei-ros tempos, teve como preocupação acentuada a catequização doselvagem. É o que se vê revelado:a) nos Diálogos das Grandezas do Brasilb) na Prosopopéiac) no teatro de Anchietad) no Tratado da Terra do Brasile) no poemeto épico O Uraguai

6 (OSEC) A literatura jesuítica, nos primórdios de nossa história:a) tem grande valor informativob) marca nossa maturação clássicac) visa à catequese do índio, à instrução ao colono e à sua assistência

religiosa e morald) estava a serviço do poder reale) tem fortes doses nacionalistas

7 (UF-MS) ”Além das aves que se criam em casa: galinhas, patos, pom-bos e perus, há no Brasil muitas galinhas bravas e uma aves chamadasjacus, que na feição e grandeza são quase como perus. Há perdizes erolas, mas as perdizes têm alguma diferença das de Portugal.””Há muitas castas de palmeiras, de que se comem os palmitos e ofruto, que são uns cachos de cocos, e se faze deles azeite para comere para a candeia, e das palmas se cobrem as casas.”A descrição detalhada da faunas e da flora, de que são exemplos osfragmentos acima, constituiu uma das preocupações da:a) literatura de informação do período colonial.b) prosa cientificista dos naturalistas.c) semonística barroca do século XVII.

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d) crônica de costumes do século XIX.e) prosa dos folhetins do século XIX.

8 (UF-PA) A gênese da nossa formação literária se encontra no séculoXVI. Dela fazem parte:a) as obras produzidas pelos degredados que eram obrigados a se ins-

talar no Brasil.b) os escritos que os donatários das capitanias hereditárias faziam ao

rei de Portugal.c) os relatos dos cronistas viajantes.d) as produções arcádicas.e) as poesias de Gregório de Matos.

9 (DRHU-SP) A “Carta” de Pero Vaz de Caminha:a) relata o primeiro contato dos portugueses com populações não eu-

ropéias.b) expõe a atitude compreensiva dos portugueses diante da barbárie

dos índios.c) descreve as habitações indígenas, a organização social tribal e os

mecanismos de comando dela.d) revela a extensão e fertilidade da terra, seus produtos naturais como

ouro, prata e especiarias.e) mostra o indígena brasileiro alternadamente como selvagem e como

inocente.

10 (FCC) São identificados como literatura de informação:a) os textos coloniais em que viajantes e missionários europeus retra-

tam a natureza e o homem de nossa terra.b) os romances naturalistas empenhados mais na descrição da realida-

de observada que na elaboração estética.c) os textos românticos preocupados com a divulgação dos ideais re-

publicanos e abolicionistas.d) os contos contemporâneos que empregam recursos da linguagem

jornalística.e) os tratados científicos em que se combinam a exatidão dos dados

objetivos e a perfeição do estilo.

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BARROCO(1601-1768)

Franz Post, pintor trazido para Pernambuco pelo holandês Maurício de Nassau,registrou cenas do cotidiano da Colônia à época do Barroco.

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ção

Detalhe da vista do Itamaracá, de Franz Post.

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BARROCO: séculos XVII e XVIII

CONTEXTO HISTÓRICO: a) na Europa• estados absolutistas• Contra-Reforma – Companhia de Jesus e

Concílio de Trento• desaparecimento de D. Sebastião em

Alcácer-Quibir• domínio espanhol sobre Portugal (1580-1640)

b) no Brasil• ciclo da cana-de-açúcar• Bahia e Pernambuco: centros econômicos e

culturais• bandeiras• invasões

CARACTERÍSTICAS: rebuscamento da forma (gongorismo)rebuscamento do conteúdo (conceptismo)tentativa de conciliação de opostos

AUTORES: Bento TeixeiraGregório de Matos GuerraPadre Antônio VieiraManuel Botelho de Oliveira

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Barroco(1601-1768)

As manifestações literárias do Barroco no Brasil iniciaram-se com apublicação do poema épico Prosopopéia, de Bento Teixeira, em 1601, eencerraram-se, teórica e oficialmente, em 1768, com a fundação da ArcádiaUltramarina e a publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa.No entanto, em 1724, com a fundação da Academia Brasílica dos Esqueci-dos, registra-se o início de uma consciência grupal com a socialização dofenômeno literário, assinalando, pois, a decadência dos valores defendidospelo Barroco e a ascensão do movimento árcade. Vale lembrar que o poe-ma Prosopopéia é uma imitação de Os Lusíadas, cujo objetivo é louvar Jor-ge Albuquerque Coelho, donatário da capitania de Pernambuco.

Contexto HistóricoO final do século XVI assistiu ao término do ciclo das Grandes Navega-

ções e à derrocada política e econômica de Portugal que, em 1580, depoisda morte de D. Sebastião na batalha de Alcácer-Quibir, cai sob o domínioespanhol. A dominação, que durou 60 anos, terminou em 1640.

A unificação da Península Ibérica deu força à Contra-Reforma, queprocurava não só recuperar os fiéis perdidos para a Reforma Protestante,mas também conquistar novos seguidores. O vigilante Tribunal do SantoOfício da Inquisição não deixou que os avanços científicos e culturais doresto da Europa chegassem à Península, impondo severa censura a todaprodução. Judeus e muçulmanos foram convertidos pela força ao catoli-cismo. Com a fundação da Companhia de Jesus, em 1534, por SantoInácio de Loyola, os jesuítas dominaram o ensino tanto em Portugal quan-to no Brasil.

O domínio espanhol, no entanto, não exerceu muita influência noplano político brasileiro, uma vez que a Colônia continuou a ser adminis-trada por portugueses. Durante esse período, começou o processo deexpansão territorial com as bandeiras, que, penetrando o sertão, procu-ravam escravos, ouro e pedras preciosas. Com a conquista do litoral doNorte e do Nordeste, os franceses foram expulsos. Os holandeses, de-

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pois de uma tentativa frustrada de se estabelecerem na Bahia entre 1624e 1625 (o episódio foi objeto de um dos mais importantes sermões deVieira), ocuparam a capitania de Pernambuco. Aí permaneceram de 1630a 1654, explorando a cana-de-açúcar. Expulsos, os holandeses come-çaram a produzir açúcar nas Antilhas e forçaram a queda dos preçosinternacionais do produto, por isso o ciclo da cana-de-açúcar entrou emdeclínio no Brasil.

Manifestações ArtísticasO Barroco europeu — expressão artística da crise espiritual vivida

pelo homem do século XVII, dividido entre a racionalidade e o antropo-centrismo do Renascimento e a volta ao teocentrismo e à espiritualidademedievais — caracterizou-se pela ostentação, cujo objetivo era impres-sionar e influenciar o receptor: a fé deveria ser atingida mais pelos senti-dos e pela emoção do que pelo raciocínio. A arquitetura, a escultura e apintura, freqüentemente misturadas, perseguem esse fim usando de re-cursos como:

a) assimetria – o estilo é retorci-do, opondo-se à simetria e aoequilíbrio do Renascimento; R

epro

duçã

o

Colunas negras doVaticano.

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b) impressão de movimento – opondo-seà estaticidade clássica, são escolhidasas cenas de maior intensidade dramá-tica (rostos contraídos pelo sofrimentoou pelo êxtase) para serem represen-tadas na escultura e na pintura;

c) a técnica do claro-escuro, na pintura, dá a sensação de profundidade.

Êxtase daSanta Teresa de Bernini.

Descida da cruz,Pieter Paul Rubens.

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Produção Literária

O Barroco brasileiro foi fruto de manifestações isoladas, visto que aColônia ainda não dispunha de um grupo intercomunicante de escrito-res, nem de um público leitor influente, nem de vida cultural intensa,situação agravada pela proibição da imprensa e pela falta de liberdadede expressão.

Reflexo da literatura escrita na Península Ibérica, a produção dessa épocatambém revela a crise do homem do século XVII, dividido entre os valoresantropocêntricos do Renascimento e as amarras do pensamento medievalreabilitado pela Contra-Reforma. Essa tensão manifesta-se no confrontopecado/perdão, terreno/celestial, vida/morte, amor platônico/amor carnal,fé/razão, céu/inferno.

No Brasil, embora o Barroco englobe as primeiras manifestações dearquitetura jesuítica do século XVI, sua forma mais exuberante, tanto nasartes plásticas como na arquitetura, só ocorreu no século XVIII, com asigrejas baianas e mineiras, as esculturas de Aleijadinho, pinturas de Ataíde,e a música de Lobo Mesquita e José Maurício Nunes Garcia.

O Barroco literário não coincidiu, portanto, com as outras manifesta-ções culturais.

As igrejas barrocas eram construídas detaipa de pilão, uma técnica que consisteem socar blocos de barro em uma fôrma de

madeira, depois desmontada.Foi no século XVII que se popularizou a ópera, espetá-culo tipicamente barroco. Na ópera, o teatro, a músi-ca, os cenários, os figurinos, a iluminação e a dança,juntos, atingem um clímax emocional.

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Observe essa dualidade neste último terceto do soneto A Jesus Cristocrucificado estando o poeta para morrer, de Gregório de Matos:

Esta razão me obriga a confiar,que, por mais que pequei, neste conflitoespero em vosso amor de me salvar.

Como as outras artes, a literatura empregou uma linguagem adequadaà monumentalidade e à ostentação, exagerando no rebuscamento formalao abusar de:

a) antíteses, que refletem a contradição do homem barroco, seudualismo. Dessa vez o exemplo é do soneto A instabilidade dascousas do mundo, do mesmo Gregório:

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,Depois da luz, se segue a noite escura,Em tristes sombras morre a formosura,Em contínuas tristezas, a alegria.

b) metáforas, que revelam as semelhanças subjetivas que o poeta des-cobre na realidade e a tentativa de apreendê-la pelos sentidos. Oúltimo terceto do soneto A Jesus Cristo Nosso Senhor de Gregóriode Matos nos fornece o exemplo:

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,Perder na vossa ovelha a vossa glória.

c) hipérboles, que traduzem a pompa, a grandiosidade do Barroco.Também de Gregório é o exemplo que vem do soneto Aos afetos elágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem, refe-rindo-se o poeta ao pranto:

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Ardor em firme coração nascido;Pranto por belos olhos derramado;Incêndio em mares de água disfarçado;Rio de neve em fogo convertido.

d) utilização freqüente de interrogações, que revelam incerteza einconstância. Outra vez Gregório em A instabilidade das cousas domundo:

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?Se é tão formosa a luz, por que não dura?Como a beleza assim se transfigura?Como o gosto da pena assim se fia?

Há duas correntes barrocas em literatura:

a) cultismo – estilo marcado pelo rebuscamento formal que abusa deantíteses, paradoxos, hipérboles, jogos de palavras, ordem inversa.Essa tendência é também chamada de gongorismo, devido à influên-cia do poeta espanhol Luís de Gôngora. Outro exemplo de Gregóriode Matos, neste fragmento do soneto Ao braço do mesmo MeninoJesus quando appareceo:

O todo sem a parte não é todo,A parte sem o todo não é parte,Mas se a parte o faz todo, sendo parte,Não se diga, que é parte, sendo todo.

b) conceptismo – estilo desenvolvido sobretudo na prosa, preocupadoem expor idéias e conceitos por meio do raciocínio lógico. O seguin-te fragmento do Sermão da Sexagésima, de Vieira, exemplifica essatendência:

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Fazer pouco fruto a palavra de Deus no Mundo, pode pro-ceder de um de três princípios: ou da parte do pregador, ou daparte do ouvinte, ou da parte de Deus. Para uma alma se con-verter por meio de um sermão, há de haver três concursos:há de concorrer o pregador com a doutrina, persuadindo; háde concorrer o ouvinte com o entendimento, percebendo; há deconcorrer Deus com a graça, alumiando. Para um homem se vera si mesmo, são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz.Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; setem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta deluz. Logo, há mister luz, há mister espelho e há mister olhos.Que coisa é a conversão de uma alma, senão entrar um homemdentro em si e ver-se a sim mesmo? Para esta vista são neces-sários olhos, é necessária luz e é necessário espelho. O prega-dor concorre com o espelho, que é a doutrina; Deus concorrecom a luz, que é a graça; o homem concorre com os olhos, queé o conhecimento. Ora suposto que a conversão das almas pormeio da pregação depende destes três concursos: de Deus, dopregador e do ouvinte, por qual deles devemos entender quefalta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou porparte de Deus?

Bento Teixeira (1560-1618)

No Barroco literário destacam-se Gregório de Matos Guerra e PadreAntônio Vieira (também estudado no Barroco português) entre outros.

Gregório de Matos Guerra (1633?-1696)

Nascido na Bahia, foi para Coimbra, onde se formou em Direito. Suassátiras valeram-lhe o apelido de “Boca do Inferno” e foram responsáveispor sua expulsão de Portugal. Voltou para o Brasil e a seguir foi degredadopara Angola (pelo mesmo motivo). De lá voltou para morrer no Recife, poisestava proibido de voltar à Bahia, bem como de apresentar suas sátiras.

31

Sua obra não foi publicada na época e só no final do século XIX Gregório foiredescoberto. Entre 1923 e 1933, a Academia Brasileira de Letras publicouseis volumes com a compilação de sua poesia.

Seguindo modelos barrocos europeus, o poeta escreveu uma lírica queengloba poesias amorosas, religiosas, satíricas e filosóficas.

Nas amorosas está presente o dualismo carne/espírito, mulher-anjo/mulher-demônio. Observe que neste soneto o nome da amada sugere asduas imagens em torno das quais se organiza toda a expressão poética.

A mesma D. Angela

Anjo no nome, Angélica na cara!Isso é ser flor, e Anjo juntamente:Ser Angélica flor e Anjo florente,Em quem, senão em vós, se uniformara:

Quem vira uma tal flor, que a não cortara,Do verde pé, da rama florescente;E quem um Anjo vira tão luzente;Que por seu Deus o não idolatrara?

Se pois como anjo sois dos meus altares,Fôreis o meu Custódio*, e a minha guarda, * protetor

Livrara eu de diabólicos azares.

Mas vejo, que por bela, e por galharda*, * elegante

Posto que os Anjos nunca dão pesares,Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.

Nas filosóficas discute-se os temas da transitoriedade da vida, da pas-sagem do tempo, da instabilidade das coisas e do desconcerto do mundo.Leia o exemplo:

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Desenganos da vida humana metaforicamente

É a vaidade, Fábio, nesta vida,Rosa, que da manhã lisonjeada,Púrpuras mil, com ambição dourada,Airosa* rompe, arrasta presumida*. * elegante * vaidosa

É planta, que de abril favorecida,Por mares de soberba desatada,Florida galeota* empavesada*, * barquinho * enfeitada

Sulca ufana*, navega destemida. * vaidosa

É nau* enfim, que em breve ligeireza, * navio

Com presunção de Fênix generosa,Galhardias* apresta*, alentos preza: * elegâncias

* prepara rápido

Mas ser planta, ser rosa, nau vistosaDe que importa, se aguarda sem defesaPenha* a nau, ferro* a planta, tarde a rosa? * penhasco, rochedo

* no sentido de machado

Nas sacras manifesta-se o conflito pecado/perdão, vida mundana/bus-ca da pureza.

A Jesus Cristo Nosso Senhor

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,Da vossa alta clemência me despido*; * despeço

Porque quanto mais tenho delinqüido,Vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto pecado,A abrandar-vos sobeja um só gemido:

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Que a mesma culpa, que vos há ofendido,Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida e já cobrada* * recuperada

Glória e prazer tão repentinoVos deu, como afirmais na Sacra História*, * Sagradas Escrituras

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada*, * perdida, pecadora

Cobrai-a: e não queirais, Pastor divino,Perder na vossa ovelha a vossa glória.

Em suas poesias satíricas, responsáveis por sua expulsão de Portugal edo Brasil, encontram-se termos indígenas e africanos, gírias, palavrõese expressões locais. Nelas, Gregório satiriza o clero, os administradoresportugueses, a sociedade baiana da época e até o rei.

A uma freira, que satirizando a delgadafisionomia do poeta lhe chamou “Pica-Flor”

Décima

“Se Pica-Flor* me chamais, * beija-flor

Pica-Flor aceito ser,mas resta agora saber,se no nome que me dais,meteis a flor, que guardaisno passarinho melhor!Se me dais este favor,sendo só de mim o Pica,e o mais vosso, claro fica,que fico então Pica-Flor.”

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Padre Antônio Vieira (1608-1697)

Vieira nasceu em Portugal e aos seis anos veio para o Brasil. Aqui orde-nou-se padre jesuíta e, em 1640, quando terminou o período de dominaçãoespanhola, voltou a Portugal. Atacado pela Inquisição por defender cris-tãos-novos (judeus convertidos ao catolicismo), voltou ao Brasil em 1652.Expulso do Maranhão por criticar a escravidão a que os colonos submetiamos indígenas, foi proibido de pregar e condenado a prisão domiciliar.Suspensa a pena, Vieira seguiu para Roma para pedir a anulação do pro-cesso. Voltou ao Brasil, onde morreu.

Missionário, homem de ação, político doutrinador e mestre no uso dapalavra, Vieira talvez tenha vivido na época ideal, pois a Colônia não dis-punha de imprensa, o público leitor era extremamente reduzido, sendo alinguagem oral o meio mais adequado para divulgar idéias e persuadirauditórios.

Sua obra divide-se em:

1) obras de profecia: em que conjuga seu estilo alegórico de interpre-tação da Bíblia à crença no Sebastianismo, segundo a qual um futu-ro de glórias estaria reservado a Portugal: História do futuro, Espe-ranças de Portugal e Clavis Prophetarum.

2) cartas: em que discorre sobre sua atuação, a situação da Colônia ea política da época — as relações entre Portugal e Holanda, aInquisição, os cristãos-novos.

Rep

rodu

ção

Padre Antônio Vieira

35

3) sermões (cerca de 200): longos e elaborados segundo raciocíniosclaros. Seus sermões compõem-se de:

• intróito ou exórdio: a parte introdutória, de apresentação;

• desenvolvimento ou argumento: defesa da idéia, com base, qua-se sempre, na exemplificação bíblica;

• peroração: a conclusão, a parte final do sermão.

Seus principais sermões são:

a) Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as deHolanda (Igreja Nossa Senhora da Ajuda, Salvador, 1640): nele Vieiraconclama o povo a combater os holandeses que cercam a cidade;

b) Sermão do Mandato (Capela Real de Lisboa, 1645): nele o pregadordesenvolve o tema do amor divino em oposição ao humano;

c) Sermão de Santo Antônio aos Peixes (Maranhão, 1654): aqui Vieiracritica os colonos do Maranhão e pede que libertem os índios escra-vizados;

d) Sermão da Sexagésima (Capela Real de Lisboa, 1655): em que resu-me a arte de pregar.

Observe, neste fragmento do Sermão da Sexagésima, o uso das metá-foras para os quatro tipos de corações e sua opinião sobre a efemeridadedas coisas no mundo (tema barroco por excelência):

Sêmen est verbum Dei*

O trigo, que semeou o pregador evangélico, diz Cristo que é a pala-vra de Deus. Os espinhos, as pedras, o caminho e a terra boa emque o trigo caiu, são os diversos corações dos homens. Os espi-nhos são os corações embaraçados com cuidados, com riquezas,com delícias; e nestes afoga-se a palavra de Deus. As pedras sãoos corações duros e obstinados; e nestes seca-se a palavra de Deus,

* A semente é a palavra de Deus.

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e se nasce, não cria raízes. Os caminhos são os corações inquietose pertubados com a passagem e tropel das coisas do Mundo, umasque vão, outras que vêm, outras que atravessam, e todas passam;e nestes é pisada a palavra de Deus, porque a desatendem ou adesprezam. Finalmente, a terra boa são os corações bons ou o ho-mens de bom coração; e nestes prende e frutifica a palavra divina,com tanta fecundidade e abundância, que se colhe cento por um:Et fructum fecit centuplum.

Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711)

Brasileiro, estudou em Coimbra e foi amigo de Gregório de Matos. Pu-blicou Música do Parnaso, uma coletânea de poemas escritos em portu-guês, castelhano, italiano e latim. Foi o primeiro poeta brasileiro a editarseus poemas. Dessa obra consta o poema “Ilha da Maré”, em que se perce-bem traços de nativismo:

Frutas do Brasil

E, tratando das próprias, os coqueirosGalhardos e frondososCriam cocos gostosos,

E andou tão liberal a naturezaQue lhes deu por grandeza,

Não só para bebida, mas sustento,O néctar doce, o cândido alimento.De várias cores são os cajus belos;Uns são vermelhos, outros amarelos,E, como são vários nas coresTambém se mostram vários nos sabores,

E criam castanha,Que é melhor que a de França, Itália, Espanha. (...)

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No período barroco apareceram entre nós as primeiras academias lite-rárias centralizadas na Bahia: em 1724, é fundada a Academia Brasílica dosEsquecidos e, em 1759, a Academia Brasílica dos Renascidos. Elas foramimportantes porque, além de intensificarem o sentimento nativista, repre-sentaram a primeira tentativa de intercomunicabilidade literária (reuniramintelectuais e escritores e estabeleceram uma aproximação cultural entre osprincipais centros urbanos de então) e de contato com o público. As acade-mias também fizeram um importante trabalho de pesquisa histórica. Sebas-tião da Rocha Pita, cujo pseudônimo era Vago, pertenceu à Brasílica dosEsquecidos e escreveu História da América Portuguesa.

Rep

rodu

ção

Frutas tropicais, de Eckhout.

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Questões de Vestibular

(Barroco)

1 (UMC-SP) O culto do contraste, pessimismo, acumulação de elemen-tos, niilismo temático, tendência para a descrição e preferência pelosaspectos cruéis, dolorosos, sangrentos e repugnantes, são caracte-rísticas do:a) Barroco.b) Realismo.c) Rococó.d) Naturalismo.e) Romantismo.

2 (F. C. Chagas-BA) Assinale o texto que, pela linguagem e pelas idéias,pode ser considerado como representante da corrente barroca:

a) “Brando e meigo sorriso se deslizava em seus lábios; os negros cara-cóis de suas belas madeixas brincavam, mercê do zéfiro, sobre suasfaces... e ela também suspirava.”

b) “Estiadas amáveis iluminavam instantes de céus sobre ruas molha-das de pipilos nos arbustos dos squares. Mas a abóbada de garoadesabava os quarteirões.”

c) “Os sinos repicavam numa impaciência alegre. Padre Antônio conti-nuou a caminhar lentamente, pensando que cem vezes estivera acair, cedendo à fatalidade da herança e à influência do meio que oarrastavam para o pecado.

d) “De súbito, porém, as lancinantes incertezas, as brumosas noitespesadas de tanta agonia, de tanto pavor de morte, desfaziam-se,desapareciam completamente como os tênues vapores de umletargo...”

e) “Ah! Peixes, quantas invejas vos tenho a essa natural irregularidade!A vossa bruteza é melhor que o meu alvedrio. Eu falo, mas vós nãoofendeis a Deus com as palavras: eu lembro-me, mas vós não ofendeisa Deus com a memória: eu discorro mas vós não ofendeis a Deuscom o entendimento: eu quero, mas vós não ofendeis a Deus com avontade.”

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3 (FUVEST-SP) “Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-teTe lembra hoje Deus por sua Igreja;De pó te faz espelhos, em que se vejaA vil matéria, de que quis formar-te”

Pelas características do quarteto acima podemos dizer que ele se en-quadra no:a) Barroco.b) Arcadismo.c) Romantísmo.d) Parnasianismo.e) Modernismo.

4 (FUVEST-SP) O bifrontismo do homem, santo e pecador; o impulsopessoal prevalecendo sobre normas ditadas por modelos; o culto docontraste; a riqueza de pormenores – são traços constantes da:a) composição poética parnasiana.b) poesia simbolista.c) produção poética arcádica de inspiração bucólica.d) poesia barroca.e) poesia candoreirista.

5 (Positivo-PR) O estilo rebuscado que retrata os dilemas entre os apelosde ordem espiritual e os atrativos de ordem material, mais o exagero noemprego dos recursos estilísticos são características da Escola:a) barroca.b) arcádica.c) romântica.d) realista.e) modernista.

6 (Positivo-PR) Preencha as lacunas com a alternativa que completa ade-quadamente o texto:

“O...., formalismo que se distingue pelo jogo de palavras, de constru-ções e de imagens; e o ..... em que a temática se torna sutil pelo jogodas idéias e dos conceitos dão origem ao chamado..... .

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a) universalismo – individualismo – classicismo.b) cultismo – conceptismo – barroco.c) subjetivismo – sentimentalismo – romantismo.d) objetivismo – universalismo – realismo.e) idealismo – pragmatismo – simbolismo.

7 (UF-RO) O Barroco foi o primeiro estilo literário do ocidente a romper, decerta forma, com o padrão clássico na literatura ocidental. Assinale aalternativa que só contém características desse estilo de época.a) Jogos de palavras e idéias, deformação e contraste.b) Fusionismo, convencionalismo clássico, o equilíbrio.c) Individualismo, jogos de palavras e culto da liberdade.d) Deformação, racionalismo e equilíbrio.e) Mistura do sagrado e do profano, fusionismo e culto à natureza.

8 (UF-RS) Com relação ao Barroco brasileiro, assinale a alternativaINCORRETA.

a) Os Sermões, do padre Antônio Vieira, elaborados numa linguagemconceptista, refletiram as preocupações do autor com problemasbrasileiros da época, por exemplo, a escravidão.

b) Os conflitos éticos vividos pelo homem do Barroco corresponderam,na forma literária, ao uso exagerado de paradoxos e inversõessintáticas.

c) A poesia barroca foi a confirmação, no plano estético, dos preceitosrenascentistas de harmonia e equilíbrio, vigentes na Europa no sécu-lo XVI, que chegaram ao Brasil no século XVII, adaptados, então, àrealidade nacional.

d) Um dos temas principais do Barroco é a efemeridade da vida, ques-tão que foi tratada no dilema de viver o momento presente e, aomesmo tempo, preocupar-se com a vida eterna.

e) A escultura barroca teve no Brasil o nome de Antônio Francisco Lis-boa, o Aleijadinho, que, no século XVIII, elaborou uma arte de temareligioso com traços nacionais e populares, numa meseta represen-tativa do Barroco.

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9 (MAUÁ-LINS) Que características do Barroco se deixam entrever notexto abaixo:

A vós correndo vou, Braços sagrados,Nessa Cruz sacrossanta descobertos;Que para receber-me estais abertos,E por não castigar-me estais cravados.(Gregório de Matos)

10 (UF-SE) A literatura dessa época caracteriza-se pela abundância de or-natos, pela elaboração formal que redunda em um estilo trabalhado,ricamente entretecido de figuras, em especial a antítese, o paradoxo e ahipérbole. Esse movimento estético é o:a) Barroco.b) Arcadismo.c) Naturalismo.d) Pré-modernismo.e) Modernismo.

11 (Centec-BA) Não é característica do Barroco a:a) preferência pelos aspectos científicos da vida.b) tentativa de reunir, num todo, realidades contraditórias.c) angústia diante da transitoriedade da vida.d) preferência pelos aspectos cruéis, dolorosos e sangrentos do mun-

do, numa tentativa de mostrar ao homem a sua miséria.e) intenção de exprimir intensamente o sentido da existência, expressa

no abuso da hipérbole.

12 (FCMSC-SP) A preocupação com a brevidade da vida induz o poetabarroco a assumir uma atitude que:a) descrê da misericórdia divina e contesta os valores da religião.b) desiste de lutar contra o tempo, menosprezando a mocidade e a

beleza.c) se deixa subjugar pelo desânimo e pela apatia do céticos.d) se revolta contra os insondáveis desígnios de Deus.e) quer gozar ao máximo seus dias, enquanto a mocidade dure.

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13 (FAAP-SP) “Eu sou aquele, que os passados anosCantei na minha lira maldizenteTorpezas do Brasil, vícios e enganos.”

Assim se apresenta, na sua obra satírica, esse poeta baiano do séculoXVII, autor também de poesia lírica e de poesia sacra. Trata-se de ..........,cuja obra ilustra bem o estilo de época ..........

14 (FUVEST-SP) “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia.Depois da luz, se segue a noite escura,Em tristes sombras morre a formosura,Em contínuas tristezas a alegria.”

Na estrofe acima, de um soneto de Gregório de Matos Guerra, a princi-pal característica do Barroco é:a) o culto da Natureza.b) a utilização de rimas alternadas.c) a forte presença de antíteses.d) o culto do amor cortês.e) o uso de aliterações.

15 (UF-RS) Considere as afirmações abaixo.

I - A obra de Gregório de Matos centrava-se em dois pólos temáticos,a religião e a vida amorosa, que se concretizam, na sua poesia, noconflito entre o pecado e o prazer.

II - Para concretizar esses conflitos, Gregório de Matos fez uso freqüentede figuras retóricas como antíteses e paradoxos.

III - A crítica social que se pode encontrar nos poemas de Gregório deMatos dirige-se principalmente aos homens públicos da Bahia doséculo XVII.

Quais estão corretas?a) Apenas I.b) Apenas II.c) Apenas I e II.d) Apenas I e III.e) I, II e III.

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16 (UF-PA) A vós correndo vou, braços sagrados,Nessa cruz sacrossanta descobertos.Que, para receber-me, estais abertos,E, por não castigar-me, estais cravados.

A vós, divinos olhos, eclipsadosDe tanto sangue e lágrimas cobertos,Pois, para perdoar-me, estais despertos,E, por não condenar-me, estais fechados.

A vós, pregados pés, por não deixar-me,A vós, sangue vertido, para ungir-me,A vós, cabeça baixa, para chamar-me.

A vós, lado patente, quero unir-me,A vós, cravos precisos, quero atar-me,Para ficar unido, atado e firme.

Os dois últimos versos do segundo quarteto expressam o (a)a) rebuscamento de linguagem próprio da época a que pertence o

texto.b) simplicidade do estilo do autor.c) estado de espírito de equilíbrio e harmonia do estilo seiscentista.d) ausência de conflito Deus-Homem.e) influência dos ideais da Revolução Francesa.

17 (PUC/Campinas-SP) Observe os dois textos abaixo.

A. Ofendi-vos, meu Deus, bem é verdade,É verdade, Senhor, que hei delinqüido,Delinqüido vos tenho, e ofendido,Ofendido vos tem minha maldade.

B. A cada canto um grande conselheiroQue nos que governar cabana e vinha,Não sabem governar sua cozinha,E podem governar o mundo inteiro.

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Estes dois textos pertencem ao mesmo poeta e identificam:

a) texto A: gênero lírico-sacro; texto B: gênero satírico. São versos deTomás Antônio Gonzaga, escritor barroco do século XVIII.

b) texto A: gênero lírico-religioso; texto B: gênero satírico. São versosde Santa Rita Durão, poeta lírico do Neoclassicismo.

c) Texto A: poesia de caráter religioso; texto B: poesia de caráter social.São versos de Castro Alves, autor da segunda metade do século XIX,época do Ultra-Romantismo.

d) texto A: poesia que reconhece a condição pecadora do homem; tex-to B: versos satíricos. São versos de Gregório de Matos, autor daépoca barroca.

e) texto A: poesia do arrependimento; texto B: poesia satírica. São ver-sos de José de Anchieta, na época do Quinhentismo.

18 (PUCC-SP) “Que falta nesta cidade? VerdadeQue mais por sua desonra? Honra.Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.

O demo a viver se exponha,Por mais que a fama a exalta,Numa cidade onde faltaVerdade, honra, vergonha,”

Pode-se reconhecer nos versos acima, de Gregório de Matos:

a) o caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço de umacrítica, em tom de sátira, do perfil moral da cidade da Bahia.

b) o caráter de jogo verbal próprio da poesia religiosa do século XVI,sustentando piedosa lamentação pela falta de fé do gentio.

c) o estilo pedagógico da poesia neoclássica, por meio da qual o poetase investe das funções de um autêntico moralizador.

d) o caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço da ex-pressão lírica do arrependimento do poeta pecador.

e) o estilo pedagógico da poesia neoclássica, sustentando em tom líri-co as reflexões do poeta sobre o perfil moral da cidade da Bahia.

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19 (DRHU-SP) “Triste Bahia! ó quão desemelhanteEstás e estou do nosso antigo estado!Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,Rica te vi eu já, tu a mi abundante.

A ti trocou-te a máquina mercante,Que em tua larga barra tem entrado,A mim foi-me trocando, e tem trocado,Tanto negócio e tanto negociante.”

Nestas estrofes, Gregório de Matos dirige-se à “cidade da Bahia” e con-sidera os efeitos da passagem do tempo na relação entre ambos. Nopresente, tal relação é expressa por uma:a) identidade de estados, como conseqüência da exploração econômi-

ca sofrida tanto no plano coletivo quanto no individual.b) identidade de estados, como conseqüência de um processo de tran-

sações econômicas que acabaram por beneficiar tanto a cidade quan-to o poeta.

c) dessemelhança de estados, resultante da incompatibilidade de inte-resses entre os negócios do poeta, no plano particular, e os da eco-nomia colonialista, no plano geral.

d) dessemelhança de estados, resultante das trocas comerciais quedegradaram o nível de vida da cidade sem ter afetado a condiçãosocial do poeta.

e) oposição de estados, já que os negócios levaram o poeta à abastan-ça ao mesmo tempo em que a vida empobrecia pela ação da “má-quina mercante”.

20 (UF-PA) Nas produções poéticas de Gregrório Matos Guerra o fato deencontrarmos, lado a lado, poesias que atingem alto grau de lirismo epoesias que satirizam veementemente fatos e acontecimentos, numaatitude claramente antilírica, é suficiente paraa) demonstrar o quanto o poeta estava distante do estilo de época do

seu tempo.b) representar o reflexo de valores medievais que nortearam a confec-

ção dos seus poemas.c) demostrar como ele deseja ter a sua nacionalidade reconhecida.

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d) perceber-se a oscilação típica do homem do barroco e que se repeteem outros níveis na sua poesia.

e) mostrar a supervalorização amorosa que ele praticava enquanto ho-mem do barroco.

21 (OSEC) Gregório de Matos foi nosso primeiro grande poeta e:a) chegou a publicar toda a sua obra.b) teve vida moral exemplar.c) manteve-se independente, criando estética peculiar.d) sua obra permaneceu inédita até o século XX.e) teve medo de satirizar o clero.

22 (FUND. STO. ANDRÉ) “Cultivou a poesia sacra, lírica e satírica. Tam-bém escreveu poemas graciosos e pornográficos. Essa diversidade decaminhos percorridos pela inspiração do vate baiano se explica acimade tudo pela riqueza plástica de seu talento literário e, ao fim, pela esté-tica barroca, que lhe serviu de pano de fundo”.Tais palavras, de Massaud Moisés, em A Literatura Brasileira Atravésdos Textos, aplicam-se a:a) Manuel Botelho de Oliveira.b) Domingos Caldas Barbosa.c) Gregório de Matos.d) Bento Teixeira.e) Eusébio de Matos.

23 (FAU -SANTOS) A respeito de Gregório de Matos Guerra afirma-se que:a) foi o primeiro poeta brasileiro a publicar sua obra.b) como escritor, político, sacerdote e pregador foi a maior figura brasi-

leira do século XVII.c) foi escritor sem profundidade, todo superficial que construiu seus

enredos de modo fácil e agradável.d) foi o primeiro poeta brasileiro, grande representante do cultismo e do

conceptismo, e introdutor da sátira política com sabor de nativismo.e) pertenceu ao Arcadismo e sua obra retrata a vida e o sonho dos

Inconfidentes.

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24 (CESCEM) É possível, nos textos reproduzidos abaixo, apreender al-guns temas constantes na poesia barroca, tratados mais de uma vezpor Gregório de Matos em sua obra poética.

I. “Que és terra, homem, e em terra hás de tomar-te,te lembra hoje Deus por sua igreja; ...”

II. “Não vi, depois que o monte discorremos,Há tantos anos, sempre atrás do gado,Noite tão clara, como a que hoje temos; ...”

III. “Tupã, ó Deus Grande! Cobriste o teu rostoCom denso velame de penas gentis; ...”

IV. “Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa,De que importa, se aguarda sem defesaPenha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?”

V. “Ó não aguarde que a madura idadeTe converta essa flor, essa beleza,Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada”.

Assinale a alternativa que contém os números correspondentes aos trêstextos de Gregório de Matos que apresentam tais constantes.a) II — III — V.b) I — IV — V.c) I — II — V.d) II — III — IV.e) III — I — IV.

25 (UF-PA) A SÉ DA BAHIAA nossa Sé da Bahia,Com ser um mapa de festas,É um presepe de bestas,Se não for estrebaria;Várias bestas cada diaVejo que o sino congrega:Caveira - mula galega,Deão - burrinha bastarda,Pereira - rossim de albarda,Que tudo da Sé carrega.

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Sobre o autor do texto anterior é incorreto afirmar que:a) pertence ao Período Colonial da Literatura Brasileira.b) reflete influência do processo de transplantação cultural européia para

o Brasil.c) é um dos poetas mais importantes do estilo neoclássico no Brasil.d) revela decisiva influência do espírito contra-reformista.e) em sua poesia Iírica utiliza linguagem altamente retorcida.

26 (UF-PB) Leia o texto seguinte:

Ardor em coração firme nascido!Pranto por belos olhos derramado!Incêndio em mares de água disfarçado!Rio de neve em fogo convertido!

Tu, que um peito abrasas escondido,Tu, que em um rosto corres desatado,Quando fogo em cristais aprisionado,Quando cristal em chamas derretido. .’...

Se és fogo como passas brandamente?Se és neve, como queimas com porfia?Mas ai! que andou Amor em ti prudente.

Pois para temperar a tirania,Como quis, que aqui fosse a neve ardente,Permitiu, parecesse a chama fria.

MATOS, Gregório de. Poesias selecionadas. São Paulo: FTD, 1993, p. 49.

a) É perceptível, no soneto acima, o encadeamento de metáforas, ali-nhadas em contraste, a fim de caracterizar o pranto. Esse procedi-mento é típico de que vertente barroca?

b) Diferentemente da antítese, que é uma oposição meramente formalentre os termos, o paradoxo é uma oposição das idéias, expressanum único juízo acerca de alguém ou de algo. Extraia do texto doisexemplos de paradoxo.

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27 (UF-BA) Assinale a proposição ou proposições em que o poeta Gregóriode Matos, afastando-se da proposta estética do Barroco, assume umapostura crítico-satírica ante à realidade e, depois, some os valores:

(01) “Sol de justiça divino/sois, Amor onipotente,/porque estais conti-nuamente/no luzimento mais fino:/porém, Senhor, se o contino/res-plandecer se vos deve,/fazendo um reparo breve/desse sol noluzimento,/sois sol, mas no Sacramento/Com razão divina neve.”

(02) “E que justiça a resguarda? ............................................ BastardaÉ grátis distribuída? ......................................................... VendidaQue tem, que a todos assusta? ........................................ Injusta.Valha-nos Deus, o que custa,/o que EI-Rei nos dá de graça,/queanda a justiça na praça/Bastarda, Vendida, Injusta.”

(04) “Valha-me Deus, que será/desta minha triste vida,/que assim mallogro perdida,/onde, Senhor, parará?/que conta se me fará/láno fim, onde se apura/o mal, que sempre em mim dura,/o bem,que nunca abracei,/os gozos, que desprezei, por uma eternaamargura.”

(08) “Entre os nascidos só vós/por privilégio na vida/fostes, Senhora,nascida/isenta da culpa atroz:/mas se Deus (sabemos nós)/quepode tudo, o que quer,/e vos chegou a eleger/para Mãe sua tãoalta,/impureza, mancha, ou falta/nunca em vós podia haver.”

(16) “O Mercador avarento,/quando a sua compra estende,/no que com-pra, e no que vende,/tira duzentos por cento:/não é ele tão jumen-to,/que não saiba, que em Lisboa/se lhe há de dar na gamboa;/mas comido já o dinheiro/diz, que a honra está primeiro,/e que hon-rado a toda Lei:/esta é a justiça, que manda EI-Rei.”

(32) “Senhor Antão de Souza de Meneses,/Quem sobe a alto lugar, quenão merece,/Homem sobe, asno vai, burro parece,/Que o subir édesgraça muitas vezes.A fortunilha autora de entremezes/Transpõe em burro o Herói, queindigno cresce:/Desanda a roda, e logo o homem desce,/Que édiscreta a fortuna em seus reveses.”

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(64) “De um barro frágil, e vil,/Senhor, o homem formastes,/cuja obraexagerastes/por engenhosa, e sutil:/graças vos dou mil a mil,/pois em conhecido aumento/tem meu ser o fundamento/na ra-zão, em que se estriba,/se lhe infundis alma viva,/Que muito, quevivo alento.”

Soma

28 (UF-SE) Em língua portuguesa, um autor elevou ao mais alto nível umgênero literário destinado a persuadir e comover os ouvintes, obede-cendo a normas tradicionais da retórica, que prescrevem invenção, dis-posição, elocução, memória, declamação e ação.Essa afirmação identificaa) Gregório de Matos Guerra e sua poesia satírica.b) Tomás Antonio Gonzaga e suas liras.c) Basílio da Gama e seu poema épico.d) Castro Alves e sua poesia de caráter social.e) Padre Antônio Vieira e seus sermões.

29 (UFMS) “Célebre como orador, epistológrafo e prosador em geral, con-ciliou muito bem os fundamentos de sua formação jesuítica com o es-tilo da época. Atingiu o máximo de virtuosidade nos sermões, carrega-dos de alegorias e antíteses.”O autor e o estilo a que se refere o texto acima são:a) Pero Vaz de Caminha — classicista.b) Pe. Antônio Vieira — barroco.c) Gregório de Matos — barroco.d) Pe. Antônio Vieira — arcádico.e) Gregório de Matos — arcádico.

30 (FUVEST-SP) A respeito do Padre Antônio Vieira, pode-se afirmar:a) Embora vivesse no Brasil, por sua formação lusitana, não se ocupou

de problemas locais.b) Procurava adequar os textos bíblicos às realidades de que tratava.c) Dada sua espiritualidade, demonstrava desinteresse por assuntos

mundanos.

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d) Em função de seu zelo para com Deus, utilizava-O para justificar to-dos os acontecimentos políticos e sociais.

e) Mostrou-se tímido diante dos interesses dos poderosos.

31 (UF-BA) Vós, diz Cristo Senhor nosso, falando com os Pregadores, soiso sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam naterra, o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção, mas quandoa terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela, quetêm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção?Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou éporque o sal não salga, e os Pregadores não pregam a verdadeira dou-trina; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, sendo verda-deira a doutrina, que Ihes dão, a não querem receber; ou é porque o salnão salga, e os Pregadores dizem uma cousa, e fazem outra, ou porquea terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que elesfazem, que fazer o que dizem: ou é porque o sal não salga, e os Prega-dores se pregam a si, e não a Cristo; ou porque a terra se não deixasalgar, e os ouvintes em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites.Não é tudo isto verdade? Ainda mal.

(Pe. Antônio Vieira)

A. O autor aponta como causa da corrupção na terra:a. A doutrina pregada é fraca ou os homens não lhe são receptivos.b. Os pregadores pregam uma falsa doutrina ou a doutrina é ineficiente.c. Os homens não são receptivos à doutrina, porque ela é verdadeira.d. A ação dos pregadores não testemunha o que eles pregam.e. Os homens tentam imitar os pregadores, seguindo-lhes a doutrina.

B. São características do autor e da época, presentes no texto:a. Recurso às antíteses, como suporte das idéias.b. Argumentação construída através de jogo de idéias conduzindo a

uma resposta.c. Visão negativa do caráter do homem.d. Niilismo temático encobrindo o vazio de idéias.e. Abordagem da dualidade inerente à condição humana.

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32 (PUC-SP) “Há de tomar o pregador uma só matéria, há de defini-Ia paraque conheça, há de dividi-Ia para que se distinga, há de prová-la com aEscritura, há de declará-la com a razão, há de confirmá-la com o exem-plo, há de amplificá-la com as causas, com os efeitos, com as circunstân-cias, com as conveniências que se hão de seguir, com os inconvenientesque se devem evitar; há de responder às dúvidas, há de satisfazer àsdificuldades, há de impugnar e refutar com toda a força da eloqüênciaos argumentos contrários, e depois disto há de colher, há de apertar, háde concluir, há de persuadir, há de acabar.”(Padre Antônio Vieira)

Este trecho do “Sermão da sexagésima” aponta as partes que com-põem o discurso argumentativo e ilustra o Barroco, em seu estiloconceptista. Em que consiste este estilo? Exemplifique-o com o textoacima.

33 (OSEC) Música do Parnaso, de Manuel Botelho de Oliveira, publicadaem 1705, apresenta:a) poemas escritos em três línguas.b) poemas carregados de erotismo.c) poemas Iírico-amorosos de cunho platônico.d) cantos de fundo religioso.e) novelas exóticas.

34 (OSEC) A “Silva Descritiva da Ilha da Maré” do mesmo Manuel Botelhoé notável:a) pelo nacionalismo marcante.b) por seu cunho nativista.c) por seu valor pré-arcádico.d) pelas notas românticas.e) por ser o primeiro poema em versos livres.

35 (FUVEST)a) Indique uma obra da Era Colonial brasileira influenciada por Os

lusíadas.b) Como se manifesta essa influência?

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36 (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS)

Cantem Poetas o poder Romano,Submetendo Nações ao jugo duro;o Mantuano pinte o Rei Troiano,descendo à confusão do Reino escuro;que eu canto um Albuquerque soberano,da Fé, da cara Pátria firme muro,cujo valor e ser, que o Céu lhe inspira,pode estancar a Lácia e Grega lira.

O poema Prosopopéia, de Bento Teixeira, de que é exemplo o fragmen-to acima, pode ser diretamente vinculado, pelas suas influências e res-sonâncias, à:a) sátira vicentina.b) lírica petrarqueana.c) narrativa homérica.d) épica camoniana.e) poética anchietana.

37 (UF-SE) “Primeiramente só Cristo amou, porque amou sabendo. Parainteligência desta amorosa verdade, havemos de supor outra não me-nos certa, e é que, no mundo e entre os homens, isto que vulgarmentese chama amor não é amor, é ignorância. Pintaram os Antigos ao amormenino. E a razão, dizia eu o ano passado, que era porque nenhumamor dura tanto que chegue a ser velho”.O texto exemplificaa) a prosa conceptista do Padre Antônio Vieira.b) a forma cultista do Barroco.c) o exagero do estilo barroco, conhecido por Barroquismo.d) a obra religiosa de Gregório de Matos.e) o cultismo de Bento Teixeira.

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ARCADISMO(1768-1808)

A frustrada Inconfidência Mineira foi um movimento decisivo para a emancipação políticado Brasil.

Rep

rodu

ção

Detalhe da leiturada sentença deTiradentes, de

Eduardo de Sá.

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ARCADISMO: século XVIII

CONTEXTO HISTÓRICO: a) na Europa• ascensão política da burguesia• liberalismo econômico• Primeira Revolução Industrial• despotismo esclarecido• Iluminismo• Revolução Francesa

b) na América• Independência dos Estados Unidos

c) no Brasil• ciclo da mineração• mudança do eixo econômico e cultural para• Minas Gerais e Rio de Janeiro• Inconfidência Mineira

CARACTERÍSTICAS: • novo interesse pelos clássicos• racionalismo• equilíbrio• simplicidade• desprezo aos exageros barrocos (inutilia truncat)• aurea mediocritas• fugere urbem• poesia épico-nativista (prenúncio do Romantismo)

AUTORES: Cláudio Manuel da Costa (Glauceste Satúrnio)Tomás Antônio Gonzaga (Dirceu)Silva Alvarenga (Termindo Sipílio)Basílio da GamaSanta Rita Durão

Barroco Arcadismo

• rebuscamento formal • simplicidade (inutilia truncat)

• preferência por aspectos • retorno à estaticidade edinâmicos, dramáticos sobriedade clássicas

• cultos dos contrastes • equilíbrio, harmonia

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* A Enciclopédia foi a principal expressão do pensamento iluminista.Coordenada por d’Alembert, Diderot e Voltaire, seu objetivo era organizar

o conhecimento da época sobre Artes, Ciências, Filosofia e Religião.A obra traduzia a nova concepção de organização social

e política baseada no culto à razão, ao progresso,às ciências e na rejeição de todo o saber ligado à religiosidade.

** Voltaire, filósofo francês, um dos ideólogos do despotismo esclarecido.

*** Jean-Jacques Rousseau, autor de Discurso sobre a origem edesigualdade dos homens, Do contrato social, Emílio, defendia a

teoria do “bom selvagem”, postulando que só a volta ànatureza era garantia de felicidade.

Arcadismo ou Neoclassicismo(1768-1808)

Didaticamente o Arcadismo iniciou-se em 1768 com a publicação deObras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa, e com a fundação da ArcádiaUltramarina, em Vila Rica. Esse período encerrou-se com a chegada da Fa-mília Real portuguesa ao Rio de Janeiro, em 1808, quando se iniciou o pe-ríodo de transição para o Romantismo.

Contexto HistóricoVale lembrar que são poucos os estudiosos da literatura brasileira que

falam desse período de transição (1808-1836). A maioria deles estende oArcadismo até o início do Romantismo.

A Europa, no século XVIII, vivia uma época de transformações radicais.O espírito científico — baseado na razão, na observação e na experimenta-ção — propiciou o desenvolvimento do Iluminismo e marcou a produçãocientífico-cultural: a física de Newton, a filosofia de Locke, as idéias dosenciclopedistas*.

O Iluminismo, uma visão de mundo da burguesia intelectual da época,defendia a idéia de Voltaire** de que, como Deus está na natureza, o homempode descobri-lo por meio da razão, sem necessidade da intervenção daIgreja. Defendia também a idéia de Rousseau*** de que os homens são na-turalmente bons e iguais entre si, a sociedade é que os corrompe. Era pre-ciso, pois, modificar a sociedade para garantir a liberdade, a igualdade e afraternidade (lema da Revolução Francesa).

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A Primeira Revolução Industrial, caracterizada pela aplicação da ciência naindústria, registrou a mudança de uma economia agrária e manual para umaeconomia dominada pela indústria e mecanização da manufatura e fortale-ceu a burguesia, cujo objetivo, agora, era ascender politicamente.

Os déspotas esclarecidos, soberanos absolutistas inspirados peloracionalismo iluminista, limitaram o poder da Igreja, reduziram os privilégiosda aristocracia e do clero, estimularam as artes e a pesquisa científica eprotegeram os interesses da burguesia.

Esse quadro preparou o terreno para a independência dos EstadosUnidos (1776) e para a Revolução Francesa (1789).

Em Portugal, o déspota esclarecido Marques de Pombal, ministro de D. JoséI, reformulou o ensino universitário segundo os ideais iluministas e expulsou osjesuítas de Portugal e do Brasil, pondo fim ao monopólio jesuítico do ensino.

No Brasil, na passagem do século XVII para o XVIII, a descoberta dejazidas de ouro e diamante deslocou a atividade econômica e cultural doNordeste para a região de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, iniciando o cicloda mineração. Diferentemente da sociedade do ciclo da cana-de-açúcar rígi-da e patriarcal, assentada na monocultura e na escravidão, os núcleos urba-nos (que se desenvolveram em função da atividade mineradora), com suavariedade de serviços e funções, permitiram uma maior mobilidade social.

Nas últimas décadas do século XVIII, com o declínio da mineração, aopressão fiscal da Coroa e a corrupção das autoridades, as vilas empobre-ceram. A reação contra Portugal, aliada às idéias iluministas, que encontra-ram eco no crescente sentimento nativista, desembocaram na Inconfidên-cia Mineira, da qual participaram advogados, intelectuais e poetas.

Manifestações Artísticas

O Neoclassicismo (o novo Classicismo, o retorno aos ideais clássicos erenascentistas), baseado na visão científica e nas idéias racionalistas doIluminismo, foi uma reação ao estilo extravagante do Barroco e representouum retorno à simplicidade, sobriedade, simetria e equilíbrio clássicos, quese refletiram na arquitetura e na escultura.

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Pantheon, de Pierre-Antoine de Machy.

O juramento dos Horácios, de David.

Foto

s: R

epro

duçã

o

Escultura de Aleijadinho, pinturas de Ataíde.

A pintura inspirou-se em temashistóricos e na mitologia clássica.

No Brasil, curiosamente, embo-ra fosse século XVIII e a produçãoartística da época estivesse ligadaaos ideais iluministas, assistiu-seao desabrochar exuberante do Bar-roco, também chamado de Barro-co brasileiro ou ainda Barroco mi-neiro. Em Ouro Preto (antiga VilaRica) predominam esculturas emmadeira e pedra-sabão do Aleija-dinho e pinturas de Manuel da Cos-ta Ataíde. Na Bahia, Rio de Janeiroe Pernambuco, destacam-se a ar-quitetura e a ornamentação de al-gumas igrejas. Lobo de Mesquita eo padre José Maurício foram osprincipais compositores de músicabarroca sacra.

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Literatura

O Arcadismo insurgiu-se contra os exageros do Barroco, produzindouma poesia que retornou à simplicidade e equilíbrio clássicos erenascentistas. No Brasil, ocorreu um entrosamento acentuado entre vidaintelectual e preocupações político-sociais: o selvagem foi valorizado, hou-ve uma visão crítica da política colonial e um crescente nativismo. Pela pri-meira vez, desde “o descobrimento”, o momento histórico permitiu a exis-tência de uma relação sistemática entre escritor, obra e público, preparandoo campo para a Era Nacional de nossa literatura.

Três foram os princípios básicos do Arcadismo:

1) fugere urbem (fugir da cidade) em busca do locus amoenus (lugarameno, aprazível): o poeta voltava-se para a natureza, para o campoà procura de uma vida simples, bucólica, longe dos centros urbanos(todos os nossos poetas árcades, no entanto, foram urbanos, inte-lectuais e burgueses, daí falar-se em fingimento poético que se con-cretiza no uso de pseudônimos pastoris);

2) carpe diem (aproveita o dia): máxima do poeta latino Horácio com aqual o poeta convida a aproveitar o momento presente (este foi tam-bém um dos temas preferidos do Barroco);

3) Inutilia truncat (cortem-se as inutilidades): os árcades queriam cor-tar todos os excessos barrocos, por isso usavam palavras simples,períodos curtos e mais comparações que metáforas.

Produção Literária

Cláudio Manuel da Costa (Glauceste Satúrnio) (1729-1789)

Escritor de transição entre o estilo barroco cultista e as novas tendên-cias, nasceu no Brasil, mas, como a maioria dos nossos escritores, foipara Portugal, tendo estudado Direito em Coimbra. Em 1768 lança o livroObras, que iniciou o Arcadismo entre nós. Nesse mesmo ano fundou a

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Rep

rodu

ção

Cláudio Manuel da Costa

Arcádia Ultramarina. Participou da Inconfidên-cia Mineira, foi preso e enforcou-se na prisãoem 1789.

Ele foi o primeiro e mais acabado poetaárcade. Suas poesias anteriores a Obras sãoainda barrocas. Depois de 1768, voltou-se paramotivos bucólicos e a natureza brasileira foipano-de-fundo de seus textos e também suaconfidente (traço que antecipa o Romantis-mo). Sua musa era Nise e seus sonetos têm

nít i - da influência de Camões.

Destes penhascos fez a naturezaO berço, em que nasci! Oh quem cuidara,Que entre penhas tão duras se criara

Amor, que vence os tigres, por empresaTomou logo render-me; ele declaraContra o meu coração guerra tão rara,Que não me foi bastante a fortaleza.

Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,A que dava ocasião minha brandura,Nunca pude fugir ao cego engano:

Vós, que ostentais a condição mais dura,Temei, penhas, temei; que Amor tirano,Onde há mais resistência, mais se apura.

Escreveu também o poemeto épico Vila Rica, no qual exalta a aventurados bandeirantes, descreve a fundação da cidade e os acontecimentos daépoca da mineração.

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Rep

rodu

ção

Tomás AntônioGonzaga

Tomás Antônio Gonzaga (Dirceu) (1744-1810)

Nasceu em Portugal. Viveu a infância e a adoles-cência no Brasil. Voltou a Portugal e estudou Direitoem Coimbra. Voltou ao Brasil já com 38 anos e apai-xonou-se por Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, aMarília, com quem pretendia casar-se. Mas, durante aInconfidência Mineira, foi preso e condenado ao de-gredo em Moçambique, onde se casou com uma ricaviúva e morreu em 1810, sem ter voltado ao Brasil.

As liras de Marília de Dirceu, que idealizam a mu-lher amada, têm como tema o ideal da vida simplesem que a honradez e o trabalho são essenciais, alémdo sentimento de transitoriedade da vida, que leva opoeta ao carpe diem. Elas dividem-se em duas partes:

a) na primeira, usando uma linguagem simples, quase ingênua, descrevea amada, fala sobre o namoro e traça planos de felicidade conjugal:

Lira XXI

Não sei, Marília, que tenhoDepois que vi o teu rosto;Pois quanto não é MaríliaJá não posso ver com gosto.

Noutra idade me alegava,Até quando conversavaCom o mais rude vaqueiro:Hoje, ó bela, me aborreceInda o trato lisonjeiroDo mais discreto pastor.Que efeitos são os que sinto!

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Serão efeitos de Amor?Saio da minha cabanaSem reparar no que faço;Busco o sítio aonde moras,Suspendo defronte o passo.Fito os olhos na janelaAonde, Marília bela,Tu chegas ao fim do dia;Se alguém passa, e te saúda,Bem que seja cortesia,Se acende na face a cor.Que efeitos são os que sinto!Serão efeitos de Amor?......................................

b) na parte final, escrita na prisão, quando seus sonhos foram desfei-tos, revela amargura, abatimento e revolta:

Lira XV

Eu, Marília, não fui nenhum Vaqueiro,Fui honrado Pastor da tua aldeia;Vestia finas lãs, e tinha sempreA minha choça do preciso cheia.Tiraram-me o casal*, e o manso gado, * casa

Nem tenho, a que me encoste, um só cajado.

Para ter que te dar, é que eu queriaDe mor rebanho ainda ser o dono;Prezava o teu semblante, os teus cabelosAinda muito mais que um grande Trono.Agora que te oferte já não vejoAlém de um puro amor, de um são desejo.

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Se o rio levantado me causava,Levando a sementeira, prejuízo,Eu alegre ficava apenas viaNa tua breve boca um ar de riso.Tudo agora perdi; nem tenho o gostoDe ver-te ao menos compassivo o rosto.

Propunha-me dormir no teu regaçoAs quentes horas da comprida sesta,Escrever teus louvores nos olmeiros,Toucar-te de papoulas na floresta.Julgou o justo Céu, que não convinhaQue a tanto grau subisse a glória minha.

Ah! Minha Bela, se a Fortuna volta,Se o bem, que já perdi, alcanço, e provo;Por essas brancas mãos, por essas facesTe juro renascer um homem novo;Romper a nuvem, que os meus olhos cerra,Amar no Céu a Jove*, e a ti na terra * Jove – Júpiter, principal

divindade da antiga Roma

Gonzaga foi autor também de Cartas Chilenas, poemas satíricos quecircularam anonimamente por Vila Rica pouco antes da Inconfidência Mi-neira. Nelas, Critilo, o próprio Tomás Antônio, morador de Santiago do Chile(Vila Rica) satirizou o governador Luís Cunha de Meneses, o FanfarrãoMinésio, cujos desmandos administrativos e morais criticou. As cartas fo-ram endereçadas a Doroteu, provavelmente Cláudio Manuel da Costa. Es-sas cartas são um importante documento histórico da época da mineração.Observe a descrição ferina que faz do governador:

Escuta a história de um moderno chefeQue acaba de reger a nossa Chile:.......................................................

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Capa da primeiraedição de Caramuru,de Santa Rita Durão.

Tem pesado semblante, a cor é baça* * sem brilho

O corpo de estatura um tanto esbelta,Feições compridas e olhadura feia,Tem grossas sobrancelhas, testa curta,Nariz direito e grande, fala poucoEm rouco, baixo som de mau falsete,Sem ser velho, já tem cabelo ruço* * grisalho

E cobre este defeito a fria calvaA força de polvilho que lhe deita.

Ainda me parece que estou vendoNo gordo rocinante* escarranchado *cavalo ruim

As longas calças pelo umbigo atadas,Amarelo colete e sobre tudoVestida uma vermelha e justa farda.De cada bolso da fardeta, pendemListadas pontas de dois brancos lenços;Na cabeça vazia se atravessaUm chapéu desmarcado, nem sei comoSustenta o pobre só do laço o peso.

Santa Rita Durão (1722-1784)

Embora fosse brasileiro, ainda jovem foi paraPortugal e nunca mais voltou ao Brasil. Publicouem 1781 o poema épico Caramuru.

Denotando considerável influência camo-niana, seu poema compõe-se de dez cantos, ver-sos decassílabos, oitava rima (ABABABCC) e, em-bora não utilize a mitologia pagã, tem a divisão daepopéia clássica: proposição, invocação, dedica-tória, narração e epílogo. Santa Rita foi o primeiroautor brasileiro a utilizar uma lenda nacional como

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Basílio da Gama

assunto: o naufrágio de Diogo Álvares Correia, o Caramuru, na costabaiana, seu amor por Paraguaçu e a partida dos dois para a Europa, mo-mento em que várias índias apaixonadas perseguem o navio a nado. Dentreelas, destaca-se Moema, a amante preterida no casamento. Leia um frag-mento do episódio da morte de Moema:

Perde o lume dos olhos, pasma e treme,Pálida a cor, o aspecto moribundo;Com mão já sem vigor, soltando o leme,Entre as salsas escumas desce ao fundo.Mas na onda do mar, que, irado, freme,Tornando a aparecer desde o profundo,—”Ah! Diogo cruel!”— disse com mágoa,E sem mais vista ser, sorveu-se na água.

Basílio da Gama (Termindo Sipílio) (1740-1795)

Brasileiro, estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janeiro. Em1768, quando estava em Lisboa, foi acusado de ligação com os jesuítas.Julgado pelo Tribunal da Inquisição, foi condenado ao degredo em Ango-la. Mas o poeta soube atrair as simpatias e o perdão do Marquês de Pom-bal, dedicando um epitalâmio (poema que celebra o casamento de alguém)a sua filha.

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Agradecido ao Marquês, escreveu o poema épico e antijesuíticoO Uraguai, em 1769.

O assunto é a luta entre os índios dos Sete Povos das Missões (noUruguai) contra o exército luso-espanhol que deveria transferir as missõespara os domínios portugueses na América e a Colônia do Sacramento paraa Espanha.

Basílio da Gama quebra a estrutura da epopéia clássica e começa seupoema pela narração. Ele constitui-se de cinco cantos, em versosdecassílabos brancos (sem rima) e sem divisão em estrofes. No primeirocanto, as tropas espanholas juntam-se às portuguesas. No segundo, des-creve a batalha entre índios e as tropas, com a derrota dos primeiros. Noterceiro, Cacambo, o indígena marido de Lindóia, ateia fogo ao acampa-mento dos brancos. Balda, o vilão jesuíta, prende e envenena o índio. Lindóiatem visões, mero pretexto para Basílio da Gama contar os feitos do Mar-quês de Pombal, que reconstrói Lisboa após o terremoto. No quarto canto,vemos a preparação para o casamento forçado de Lindóia com Baldetta(sucessor de Cacambo) e a seguir o suicídio de Lindóia. No último cantodescrevem-se os crimes dos jesuítas e sua prisão.

Leia este fragmento da morte de Lindóia, em que, estando todos reuni-dos para o casamento, estranham a demora da noiva. Seu irmão, o índioCaitutu, vai procurá-la no jardim onde se refugiara:

Morte de Lindóia (fragmento)

Este lugar delicioso e triste,

Cansada de viver, tinha escolhido

Para morrer a mísera Lindóia.

Lá reclinada, como que dormia,

Na branda relva e nas mimosas flores,

Tinha a face na mão, e a mão no tronco

De um fúnebre cipreste, que espalhava

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Melancólica sombra. Mais de perto

Descobrem que se enrola em seu corpo

Verde serpente, e lhe passeia, e cinge

Pescoço e braços, e lhe lambe o seio.

Fogem de a ver assim, sobressaltados,

E param cheios de temor ao longe,

E nem se atrevem a chamá-la, e temem

Que desperte assustada, e irrite o monstro

E fuja, e apresse no fugir a morte.

Porém o destro Caitutu, que treme

Do perigo da irmã, sem mais demora

Dobrou as pontas do arco, e quis três vezes

Soltar o tiro, e vacilou três vezes

Entre a ira e o temor. Enfim sacode

O arco e faz voar a aguda seta,

Que toca o peito de Lindóia, e fere

A serpente na testa, e a boca e os dentes

Deixou cravados no vizinho tronco.

Açouta o campo coa ligeira cauda

O irado monstro, e em tortuosos giros

Se enrosca no cipreste, e verte envolto

Em negro sangue o lívido veneno.

Leva nos braços a infeliz Lindóia

O desgraçado irmão, que ao despertá-la

Conhece, com que dor! no frio rosto

Os sinais do veneno, e vê ferido

Pelo dente sutil o branco peito.

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Os olhos, em que Amor reinava, um dia,

Cheios de morte; e muda aquela língua

Que ao surdo vento e aos ecos tantas vezes

Contou a larga história de seus males.

Nos Olhos Caitutu não sofre* o pranto.

E rompe em profundíssimos suspiros,

Lendo na testa da fronteira gruta

De sua mão já trêmula gravado

O alheio crime e a voluntária morte.

É por todas as partes repetido

O suspirado nome de Cacambo.

Inda conserva o pálido semblante

Um não sei quê de magoado e triste;

Que os corações mais duros enternece.

Tanto era bela no seu rosto a morte!

Outros autores do Arcadismo, porém de menor expressão, foram:

• Alvarenga Peixoto (1744-1793) – participou da Inconfidência Mineirae propôs o lema Libertas quae sera tamen (Liberdade ainda que tar-dia) que deveria figurar na bandeira republicana. Preso, é deportadopara Angola. Em seus versos, de extremado apuro formal, combateuo colonialismo.

• Silva Alvarenga (1749-1814) – reorganizou a Academia Científica doRio de Janeiro, que passou a chamar-se Sociedade Literária (1786).Acusado de propagar idéias subversivas, foi preso e depois per-doado pela rainha D. Maria. Para sua musa escreveu os rondós emadrigais de Glaura. Compôs ainda Poesias diversas e O desertorda letras, poema herói-cômico, satirizando o sistema escolásticode Coimbra.

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O jantar, de Debret.

Rep

rodu

ção

Período De Transição (1808-1836)

No início do século XIX, Portugal achava-se numa situação difícil: optarentre a dependência econômica inglesa e o poderio militar francês. Afugen-tada pelas tropas de Napoleão, que invadiram Portugal no início do séculoXIX, a Família Real portuguesa chegou ao Brasil em 22 de janeiro de 1808.

O Brasil foi, subitamente, elevado da condição de Colônia à de ReinoUnido a Portugal e Algarve e, o Rio de Janeiro transformou-se em sedepolítica, econômica e cultural da Monarquia. Estava próxima nossa emanci-pação política, apressada pelas reformas de D. João VI. Ele remodelou acidade do Rio de Janeiro e o Brasil começou a ganhar os contornos de umanação. A abertura dos portos brasileiros às “nações amigas” permitiu quecirculassem novas idéias, gostos e hábitos. Fundaram-se escolas de ensinosuperior e academias, liberou-se a imprensa.

Contratada por D. João VI, chegou ao Brasil, em 1816, a Missão France-sa com a tarefa de ensinar artes e ofícios aos brasileiros. O arquiteto Montigny,os escultores Auguste-Marie Taunay e Marc Ferrez, os pintores Nicolas AntoineTaunay e Jean-Baptiste Debret introduziram no Brasil o Neoclassicismo e inau-guraram o gosto pelos temas históricos e nacionais (em oposição ao Barrocodas igrejas). Com eles o Brasil ganhou imagem própria, distanciando-se damatriz. Em 1821, D. João VI voltou para Portugal e aqui ficou o príncipe re-gente D. Pedro I, que proclamou nossa independência em 1822.

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Produção Literária

A literatura desse período, chamado também de Pré-Romantismo, ca-racterizou-se pela tentativa de abolir os modelos clássicos. No entanto, numaépoca em que ocorreram mudanças tão intensas em todos os setores dasociedade, floresceu uma poesia de segunda linha, uma poesia retórica,cujo objetivo era ensinar, persuadir, moralizar: o poema sacro, em que sedestacaram Elói Ottoni, Sousa Caldas e Américo Elísio (pseudônimo de JoséBonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência).

Desenvolveram-se também nesse período os gêneros públicos: sermão,discurso, artigo e ensaio de jornal. Neste último campo destacaram-seHipólito da Costa Pereira, fundador do jornal Correio Braziliense, e Evaristoda Veiga. Ambos foram indispensáveis para a formação e expansão de umpúblico leitor no Brasil.

É na oratória, porém, que se prenuncia o Romantismo. Frei MonteAlverne, em seus sermões, funde à fé, ao sentimento religioso as “harmoni-as da natureza” e as “glórias da pátria”.

As ladeiras de Ouro Preto, antiga Vila Rica,hoje patrimônio cultural da humanidade, guar-dam as lembranças do século do ouro. Poe-tas, inconfidentes, músicos, pintores e escul-

tores deixaram suas marcas na cidade-símbolo do de-senvolvimento urbano brasileiro.A Igreja São Francisco de Paula foi a última igreja le-vantada em Ouro Preto durante o período colonial. Suaconstrução demorou um século, de 1804 a 1904.

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Questões de Vestibular

(Arcadismo)

1 (UF-RO) O período literário que se seguiu ao Barroco apresentou trêstendências paralelas e complementares entre si. Juntas, essas tendêciasformam a essência do movimento aludido.Essas tendências são:a) Neoclassicismo, Egocentrismo, Exotismo.b) Subjetivismo, Perfeição Formal, Musicalidade.c) Iluminismo, Arcadismo e Neoclassicismo.d) Arcadismo, Protesto Social, Literatura-Documento.e) Determinismo, Musicalidade, Culto da Liberdade.

2 (UF-RO) O Neoclassicismo brasileiro, em um certo aspecto, antecipouem alguns temas o nosso Romantismo. Assinale a alternativa que con-tém os temas dessa antecipação.a) Subjetivismo e Emancipação.b) Indianismo e Melancolia.c) Indianismo e Culto à Natureza.d) Perfeição Formal e Nacionalismo.e) Culto da Liberdade e Evasão.

3 (CESESP-PE)I – “O momento ideológico na literatura do Setecentos traduz a crítica

da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero.”II – “O momento poético, na literatura do Setecentos, nasce de um

encontro, embora ainda amaneirado, com a natureza e os afetos co-muns do homem.”

III – “Façamos, sim, façamos, doce amada,Os nossos breves dias mais ditosos”

A característica que está presente nestes versos é o carpe diem (gozara vida).a) Só a proposição I é correta.b) Só a proposição II é correta.c) Só a proposição III é correta.d) São corretas as proposições I e II.e) Todas as proposições são corretas.

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4 (UF-PB) Das afirmações abaixo, em torno do Barroco e do Arcadismono Brasil,

I – O cultismo (jogo de palavras) e o conceptismo (jogo de idéias) são típi-cos do Arcadismo brasileiro, preso a uma concepção neoclássica de arte.

II – Pessimismo, gosto pelo paradoxo e pelas antíteses, culto do con-traste são algumas das características do estilo barroco.

III – Profundamente relacionado com a Contra-Reforma, o estilo barro-co procura a síntese entre o teocentrismo e o antropocentrismo.

IV – Os poetas Gregório de Matos, Tomás Antônio Gonzaga e Basílioda Gama são representantes típicos do Arcadismo no Brasil.

são corretas apenas,a) I e II.b) II e III.c) III e IV.d) I, II e III.e) II, III e IV.

5 (FUND. STO. ANDRÉ) “Entremos, Amor, entremosentremos na mesma esfera;venha Palas, venha Juno,venha a deusa de Citera.

Vai-te, amor, em vão socorresao mais grato empenho meu:para formar-lhe o retrato,não bastam tintas do céu”.

O empenho em comparar a beleza da amada às perfeições da Nature-za, as personificações, o apelo à mitologia grega, são recursosabusivamente empregados pela estética:a) barroca.b) arcádica.c) romântica.d) parnasiana.e) simbolista.

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6 (Positivo-PR) “Magnífica idéia de banir da poesia o inútil adorno daspalavras empoladas, conceitos estudados, freqüentes antíteses, metá-foras exorbitantes e hipérboles sem modo, introduzindo em nossos ver-sos o delicioso e apetecido ar de simplicidade.”Este excerto pode muito bem representar um resumo das intenções do:a) Modernismo.b) Barroco.c) Simbolismo.d) Arcadismo.e) Romantismo.

7 (Mackenzie-SP) Aponte a alternativa cujo conteúdo não se aplica aoArcadismo:a) Desenvolvimento do gênero épico, registrando o início da corrente

indianista na poesia brasileira.b) Presença da mitologia grega na poesia de alguns poetas desse

período.c) Propagação do gênero lírico em que os poetas assumem a postura

de pastores e transformam a realidade num quadro idealizado.d) Circulação de manuscritos anônimos de teor satírico e conteúdo

político.e) Penetração da tendência mística e religiosa, vinculada à expressão

de ter ou não ter fé.

8 (ABC-SP) “....”, um dos termos usuais para caracterizar o estilo da épo-ca, se prende, por um lado, à tendência a imitar os clássicos franceses,comum na Europa de setecentos, e, no que se refere à literatura portu-guesa e brasileira, identificaria a preocupação de combater o Cultismo,imitar gregos e romanos, como Virgílio, Horácio, Teócrito e Anacreonte,tomar como modelo as atitudes literárias do século XVI. A lacuna seriacorretamente preenchida por:a) Barroco.b) Neoclassicismo.c) Romantismo.d) Parnasianismo.e) Simbolismo.

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9 (FUVEST-SP) “Por fim, acentua o polimorfismo cultural dessa épocao fato de se desenrolarem acontecimentos historicamente relevantes,como a Inconfidência Mineira e a transladação da Corte de D. João VIpara o Rio de Janeiro.” (Massaud Moisés)A época histórica a que se refere o crítico é a do:a) Simbolismo.b) Arcadismo.c) Parnasianismo.d) Realismo.e) Romantismo.

10 (FATEC-SP) Sobre o Arcadismo brasileiro só não se pode afirmar que:a) tem suas fontes nos antigos grandes autores gregos e latinos, dos

quais imita os motivos e as formas.b) teve em Cláudio Manuel da Costa o representante que, de forma

original, recusou a motivação bucólica e os modelos camonianos dalírica amorosa.

c) nos legou os poemas de feição épica Caramuru (de Frei José deSanta Rita Durão) e O Uraguai (de Basílio da Gama), no qual se reco-nhece qualidade literária destacada em relação ao primeiro.

d) norteou, em termos dos valores estéticos básicos, a produção dosversos de Marília de Dirceu, obra que celebrizou Tomás AntônioGonzaga e que destaca a originalidade de estilo e de tratamento lo-cal dos temas pelo autor.

e) apresentou uma corrente de conotação ideológica, envolvida com asquestões sociais do seu tempo, com a crítica aos abusos de poderda Coroa Portuguesa.

11 (UF-PE) “Tanto a busca da simplicidade formal, quanto a da clareza eeficácia das idéias, se ligam ao grande valor dado à natureza, comobase da harmonia e da sabedoria. Daí o apreço pela convenção pasto-ral, isto é, pelos gêneros bucólicos que visam representar a inocência ea sadia rusticidade pelos costumes rurais, sobretudo dos pastores.” (A.Cândido e J. A. Castello)Esse excerto relaciona-se a um determinado estilo Iiterário. Assinale,então, o autor que não pertence ao estilo em questão:

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a) Tomás Antônio Gonzaga.b) Cláudio Manuel da Costa.c) Santa Rita Durão.d) Manuel Botelho de Oliveira.e) Basílio da Gama.

12 (FMTM/MG) Enquanto pasta alegre o manso gado,minha bela Marília, nos sentemosà sombra deste cedro levantado.Um pouco meditemosna regular beleza,que em tudo quanto vive nos descobrea sábia Natureza.

Como sugerem os versos acima, a celebração da vida campestre e oculto à Natureza são próprios da estética:a) arcádica.b) romântica.c) parnasiana.d) simbolista.e) modernista.

13 (FFCL/BA) Todas as características abaixo pertencem ao Arcadismo,exceto:a) “lnutilia truncat”.b) despersonalização do lirismo.c) delegação poética.d) razão maior que emoção.e) fusionismo.

14 (MAUÁ-LINS) Identifique no texto abaixo duas características doArcadismo:

Aquele adora as roupas de alto preçoUm siga a ostentação, outro vaidade,Todos se enganam com igual excesso.

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Não chamo a isto já felicidade;Ao campo me recolho e reconheçoQue não há maior bem que a soledade.(Cláudio Manuel da Costa)

15 (UF-SE:) Aquele adora as roupas de alto preço,Um siga a ostentação, outro a vaidade;Todos se enganam com igual excesso.

Eu não chamo a isto já felicidade:Ao campo me recolho, e reconheço,Que não há maior bem que a soledade.

A temática do soneto de que se destacam os versos acima assinala umpoeta voltado integralmente para um mundo e um estilo de cultura iden-tificados com os greco-latinos e os clássicos portugueses, sobretudoCamões. Trata-se dea) Cláudio Manuel da Costa.b) Álvares de Azevedo.c) Castro Alves.d) Casimiro de Abreu.e) Cruz e Sousa.

16 (FAU-SANTOS) No primeiro quarteto de um soneto de CIáudio Manuelda Costa lê-se:

“Fatigado de calma se acolhiaJunto o rebanho à sombra dos salgueiros;E o sol, queimando os ásperos oiteiros,Com violência maior no campo ardia”.

Encontra-se no texto as seguintes características do poeta:a) Artificialismo, uso da mitologia greco-romana, natureza adormecida.b) Contrastes, bucolismo, existência de pastores.c) Simplicidade de forma, contato com a natureza, bucolismo.d) Natureza adormecida, liberdade formal, idealização da realidade.e) Simplicidade de forma, presença de pastores, mitologia greco-latina.

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17 (SANTA CASA)

Texto I

É a vaidade, Fábio, nessa vida,Rosa, que da manhã lisonjeadaPúrpuras mil, com ambição douradaAirosa rompe, arrasta presumida

Texto II

Depois que nos ferir a mão da morte,ou seja neste monte, ou noutra serra,nossos corpos terão, terão a sortede consumir os dous a mesma terra.

O texto I é barroco; o II é arcádico. Comparando-os é possível afirmarque os árcades optaram por uma expressão:

a) impessoal e, portanto, diferenciada do sentimentalismo barroco, emque o mundo exterior era projeção do caos interior do poeta.

b) despojada das ousadias sintáticas da estética anterior, com predo-mínio da ordem direta e de vocábulos de uso corrente.

c) que aprofunda o naturalismo da expressão barroca, fazendo comque o poeta assuma posição eminentemente impessoal.

d) em que predomina, diferentemente do barroco, a antítese, a hipérbole,a conotação poderosa.

e) em que a quantidade de metáforas e de torneios de linguagem supe-ra a tendência denotativa do barroco.

18 (UNIFOR-CE) Assinale a alternativa que preenche corretamente as la-cunas da frase apresentada.

Texto I

“É a vaidade, Fábio, nesta vidaRosa que, da manhã lisonjeada,Púrpuras mil, com ambição dourada,Airosa rompe, arrasta presumida.”

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Texto II

“Fatigado de calma se acolhiaJunto o rebanho à sombra dos salgueiros,E o sol, queimando os ásperos oiteiros,Com violência maior no campo ardia.”

A natureza, para os poetas .........., era fonte de símbolos (rosa, cristal,água), que transcendiam do material para o espiritual (Texto I); para ospoetas .........., era sobretudo o cenário idealizado, dentro do qual sepodia ser feliz (Texto II).a) românticos – parnasianos.b) parnasianos – simbolistas.c) árcades – românticos.d) simbolistas – barrocos.e) barrocos – árcades.

19 (FCC) Encontra-se alusão a um importante ciclo econômico do séculoXVIII na seguinte passagem de Cláudio Manuel da Costa:

a) Árvores aqui vi tão florescentesQue faziam perpétua a primavera:Nem troncos vejo agora decadentes.

b) Turvo banhando as pálidas areiasNas porções do riquíssimo tesouro (...)O vasto campo da ambição recreias

c) De um ramo desta faia pendurado.Vejo o instrumento estar do pastor Fido.

d) O mel dourado dos carvalhos duros.

e) Não vês nas tuas margens o sombrioFresco assento de um álamo copado.

20 (UFMS) No prefácio de suas Obras, escreveu Cláudio Manuel da Costa:

“Não são estas as venturosas praias da Arcádia, onde o som das águasinspirava a harmonia dos versos. Turva e feia, a corrente destes ribeiros,primeiro que arrebate as idéias de um Poeta, deixa ponderar a ambicio-sa fadiga de minerar a terra, que Ihes tem pervertido as cores.”

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Afirma o poeta, portanto, quea) a natureza de sua região natal guarda harmoniosa correspondência

com a da Arcádia.b) a inspiração, que brota harmoniosa da natureza arcádica, é perturba-

da pela realidade das águas turvas dos rios em mineração.c) a harmonia dos versos arcádicos é embalada pelo som dos ribeiros

de sua terra, graças à mineração que Ihes turva as águas.d) é preciso esquecer a harmonia dos versos arcádicos, em vista da

beleza maior dos inspiradores rios de mineração.e) a beleza natural dos rios da Arcádia e dos de sua terra é afetada pela

ambição econômica, que perverte a uns e a outros.

21 (FUVEST-SP) Assinale a alternativa que apresenta dois poetas que par-ticiparam da Inconfidência Mineira.a) Cláudio Manuel da Costa – Tomás Antônio Gonzaga.b) Castro Alves – Tomás Antônio Gonzaga.c) Gonçalves Dias – Cláudio Manuel da Costa.d) Gonçalves Dias – Gonçalves de Magalhães.e) Gonçalves de Magalhães – Castro Alves.

22 (UCMG) O elemento neoclássico que identifica de modo mais significa-tivo a poesia de Tomás Antônio Gonzaga é:a) constantes idealizações da natureza.b) idealização do sentimento amoroso.c) racionalização dos sentimentos pessoais.d) referências a entidades mitológicas.e) uso de formas simples de linguagem.

23 (UFPA) A pastora Marília, conforme nos é apresentada nas liras de To-más Antônio Gonzaga, carece de unidade de enfoques; por isso é muitodifícil precisar, por exemplo, seu tipo físico. Esta imprecisão da pastora:a) é suficiente para seu autor ser apontado como pré-romântico.b) é fundamental para situar o leitor dentro do drama amoroso do

autor.c) reflete o caráter genérico e impessoal que a poesia neoclássica deve-

ria assumir.

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d) é responsável pela atmosfera de mistério, essencial para a poesianeoclássica.

e) mostra a intenção do autor em não revelar o objeto do seu amor.

24 (UCMG) Das características abaixo, presentes na obra de Tomás Antô-nio Gonzaga, a única que se refere às convenções do neoclassicismo é:a) apresentação objetiva da natureza brasileira.b) consciente manifestação de estados emocionais.c) elogio da vida burguesa numa linguagem coloquial.d) freqüentes referências a figuras mitológicas.e) versos com nítida caracterização de crônica amorosa.

25 (UF-PB) Das afirmações abaixo, em torno do Barroco e do Arcadismono Brasil,I – O cultismo (jogo de palavras) e o conceptismo (jogo de idéias) são

tlpicos do Arcadismo brasileiro, preso a uma concepção neoclássicade arte.

II – Pessimismo, gosto pelo paradoxo e pelas antíteses, culto do con-traste são algumas das características do estilo barroco.

III – Profundamente relacionado com a Contra-Reforma, o estilo barro-co procura a síntese entre o teocentrismo e o antropocentrismo.

IV – Os poetas Gregório de Matos, Tomás Antônio Gonzaga e Basílio daGama são representantes típicos do Barroco e do Arcadismo no Brasil.são corretas, apenas,a) l e ll. c) III e IV. e) II, III e IV.b) ll e III. d) I, II e III.

26 (VUNESP-SP) Há no Arcadismo brasileiro uma obra satírica de formaepistolar que suscitou dúvidas de autoria durante mais de um século.Assinale abaixo a alternativa que apresente o nome correto dessa obrae seu autor mais provável:a) O Reino da estupidez e Francisco de Melo Franco.b) Viola de Lereno e Domingos Caldas Barbosa.c) O desertor e Manuel lnácio da Silva Alvarenga.d) Cartas Chilenas e Tomás Antônio Gonzaga.e) Os Bruzundangas e Lima Barreto.

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27 (PUCC-SP) Pode-se afirmar que Marília de Dirceu e as Cartas Chilenassão, respectivamente:a) altas expressões do lirismo amoroso e da sátira política, na literatura

do século XVIII.b) exemplos da poesia biográfica e da literatura epístolar cultivadas no

século XVII.c) exemplos do lirismo amoroso e da poesia de combate, cultivados

sobretudo pelos poetas românticos da chamada “terceira geração”.d) altas expressões do lirismo e da sátira da nossa poesia barroca.e) expressões menores da prosa e da poesia de nosso Arcadismo, cul-

tivadas no interior das Academias.

28 (Santa Casa-SP) Com as seguintes características:I – É a mais Importante obra literária satírica do século XVIII, no Brasil.II – Nela, critica-se a administração do governador de Minas Gerais,

Cunha Meneses.lII – Foi escrita em decassílabos brancos.Identificamos:a) O Fanfarrão Minésio de Cláudio Manuel da Costa.b) Cartas Chilenas de Tomás Antônio Gonzaga.c) O Pirralho de Oswald de Andrade.d) Glaura de Silva Alvarenga.e) Critilo de Gregório de Matos.

29 (UF-BA) Em Marília de Dirceu, Tomás Antônio Gonzaga aborda um dostemas trabalhados pelo Arcadismo a busca do prazer, o gozar o mo-mento presente.Assinale a proposição ou proposições que comprovam a afirmativa acima.(01) “Marília, de que te queixas?/De que te roube Dirceu/o sincero coração?/

Não te deu também o seu?/E tu, Marília, primeiro/não lhe lançaste o gri-lhão?/Todos amam; só Marília/desta lei da Natureza/queria ter isenção?”

(02) “Que havemos de esperar, Marília bela?/que vão passando os flo-rescentes dias?/As glórias que vêm tarde, já vêm frias,/e pode, en-fim, mudar-se a nossa estrela./Ah! não, minha Marília,/aproveite-seo tempo, antes que faça/ o estrago de roubar ao corpo as forcas,/e ao semblante a graça!”

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(04) “Ornemos nossas testas com as flores,/e façamos de feno um bran-do leito;/prendamo-nos, Marília, em laço estreito,/gozemos do pra-zer de sãos amores./Sobre as nossas cabeças,/sem que o pos-sam deter, o tempo corre;/e para nós o tempo que se passa/tam-bém, Marília, morre.”

(08) “O voraz tempo/ligeiro corre;/com ele morre/a perfeição...................................................................................................Ah! vem, ó bela,/ e o teu querido,/ao deus Cupido/louvores dar! /pois faz que todos/com igual sorte/do tempo e morte/possam zom-bar:/tu por formosa,/e ele, Marília,/por te cantar.”

(16) “O ser herói, Marília, não consiste/em queimar os impérios: move aguerra,/ espalha o sangue humano,/e despovoa a terra/também omau tirano./Consiste o ser herói em viver justo:/ e tanto pode serherói o pobre, / como o maior Augusto.”

(32) “Pega na lira sonora,/pega, meu caro Glauceste;/e ferindo as cor-das de ouro,/mostra aos rústicos pastores/a formosura celeste/deMarília, meus amores./Ah! pinta, pinta/a minha bela,/e em rada acópia/se afaste dela.”

(64) “O tempo, ó bela, que gasta/os troncos, pedras e o cobre,/o véurompe, com que encobre/ à verdade a vil traíção./Muda-se a sortede tudo;/só a minha sorte não?”

30 (UF-PA) Lerás em alta voz, a imagem bela;eu, vendo que lhe dás o justo apreço,gostoso tornarei a ler de novoo cansado processo.

Se encontrares louvada uma beleza,Marília, não lhe invejes a ventura,Que tens quem leve à mais remota idadea tua formosura.

Sobre o autor do texto anterior é incorreto afirmar que

a) sua obra inspira-se na relação amorosa entre o poeta e sua noiva.b) em linhas gerais, obedeceu aos princípios do estilo árcade.c) seus poemas traduzem uma linguagem clara, simples e objetiva.

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d) sua principal obra é Marília de Dirceu.e) o domínio do racionalismo setencentista impediu qualquer manifes-

tação dos sentimentos do autor.

31 (OSEC) – As Cartas Chilenas têm:a) como autor Cláudio Manuel da Costa.b) como autor Tomás A. Gonzaga.c) provavelmente dupla autoria.d) valor inestimável para o Arcadismo.

32 (CESCEA) (Nele) “a poesia parece fenômeno mais vico e autêntico (...)por ter brotado de experiência humanas palpitantes”. (Ele) “é dos rarospoetas brasileiros, certamente o único entre os árcades, cuja vida amo-rosa importa para a compreensão da obra”. “O lírico ouvidor soltava osseus amores em liras apaixonadas, que tinham, naquele ambiente deVila Rica, um sabor novo e raro”.

Assim a crítica literária tem-se manifestado sobre o poeta:a) Cláudio Manuel da Costa. d) Gonçalves de Magalhães.b) Tomás Antônio Gonzaga. e) Basílio da Gama.c) Alvarenga Peixoto.

33 (CESCEM) O URAGUAI e CARAMURU, poemas de caráter épico doarcadismo, são, respectivamente, obras de:a) Basílio da Gama e Santa Rita Durão.b) Cláudio Manuel da Costa e Basílio da Gama.c) Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa.d) Basílio da Gama e Cláudio Manuel da Costa.e) Santa Rita Durão e Basílio da Gama.

34 (UNESP) “Quem vê girar a serpe da irmã no casto seio,Pasma, e de ira e temor ao mesmo tempo cheioResolve, espera, teme, vacila, gela e cora,Consulta o seu amor e o seu dever ignora.Voa a frapada seta da mão, que não se engana;Mais ai, que já não vives, ó mísera indiana!”

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Nestes versos de Silva Alvarenga, poeta árcade e ilustrado, faz-se alu-são ao episódio de uma obra em que a heroína morre. Assinale a alter-nativa correta em que se mencionam o nome da heroínan (I), o título daobra (2) e o nome do autor (3):a) (I) Moema; (2) Caramuru; (3) Santa Rita Durão.b) (I) Marabá; (2) Marabá; (3) Gonçalves Dias.c) (I) Lindóia; (2) O Uraguai; (3) Basílio da Gama.d) (I) Iracema; (2) lracema; (3) José de Alencar.e) (I) Marília; (2) Marilia de Dirceu; (3) Tomás A. Gonzaga.

35 (UnB-DF) Marque a opção que identifica autor, obra e escola a quepertence o seguinte trecho:

“lnda conserva o pálido semblanteUm não sei quê de magoado e triste,Que os corações mais duros enternece.Tanto era bela no seu rosto a morte!”

a) Gonçalves Dias – I-Juca Pirama – Romantismo.b) Castro Alves – Vozes d’África – Romantismo.c) Santa Rita Durão – Caramuru – Arcadismo.d) Basílio da Gama – O Uraguai – Arcadismo.e) n.d.a.

36 (UM-SP) Sobre o poema O Uraguai, é correto afirmar que:a) o herói do poema é Diogo Álvares, responsável pela primeira ação

colonizadora da Bahia.b) o índio Cacambo, ao saber da morte de sua amada, Lindóia,

suicida-se.c) escrito em plena vigência do Barroco, filiou-se à corrente cultista.d) os jesuítas aparecem como vilões, enganadores dos índios.e) segue a estrutura épica camoniana, com versos decassílabos e es-

trofes em oitava rima.

37 (ESAN-SP) Assinale a alternativa correta quanto a autores e obrasneoclássicas e arcádicas:

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a) Vila Rica, poema épico que trata da descoberta do ouro em MinasGerais e a fundação de Vila Rica. Autoria: Cláudio Manuel da Costa.

b) “Minha bela Marília, tudo passa;A sorte deste mundo é mal segura;Se vem depois dos males a ventura,Vem depois dos prazeres a desgraça.”(Fragmentos de Marília de Dirceu. Autoria: Tomás Antônio Gonzaga.)

c) Frei Santa Rita Durão, a exemplo de Os Lusíadas, de Camões, compõeCaramuru, em dez cantos, em oitava rima, observando as unidades tra-dicionais: proposição, invocação, dedicatória, narrativa e epílogo.

d) O Uraguai é poema épico escrito por Basílio da Gama. Rompe omodelo camoniano, pois está dividido em cinco cantos, comestrofação livre e versos brancos.

e) todas são corretas.

38 (UF-RS) Instrução: Os fragmentos abaixo referem-se à questão nº- 03.

1 “Nise? Nise? onde estás? Aonde esperaAchar-te uma alma, que por ti suspira (...)”

2 “Glaura! Glaura! não respondes?E te escondes nestas brenhas?Dou às penhas meu lamento;Ó tormento sem igual!”

3 “Minha bela Marília, tudo passa;A sorte deste mundo é mal segura;Se vem depois dos males a ventura,Vem depois dos prazeres a desgraça.”

03.Os poetas árcades brasileiros tinham as suas musas inspiradoras, a quemse dirigiam freqüentemente em seus poemas. Pelas musas evocadasnos versos anteriores, pode-se dizer que os seus autores são, respecti-vamente,a) Cláudio Manuel da Costa, Silva Alvarenga e Tomás Antônio Gonzaga.b) José Basílio da Gama, Cláudio Manuel da Costa e Alvarenga Peixoto.c) Tomás Antônio Gonzaga, Silva Alvarenga e AIvarenga Peixoto.

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d) Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Frei Santa RitaDurão.

e) José Basílio da Gama, Frei Santa Rita Durão e Tomás Antônio Gonzaga.

39 (FUND. STO. ANDRÉ) Aponte a alternativa onde aparece uma relaçãoerrada entre autor e obra:a) Viola de Lereno – Domingos Caldas Barbosa.b) O Desertor das Letras – Alvarenga Peixoto.c) Cartas Chilenas – Tomás Antônio Gonzaga.d) História do Brasil – Frei Vicente do Salvador.e) História da América Portuguesa – Sebastião da Rocha Pita.

(UNESP) INSTRUÇÃO: As questões de números 40 e 41 tomam porbase os seguintes textos.

O Uraguai (Canto IV)fragmento

Este lugar delicioso, e triste,Cansada de viver, tinha escolhidoPara morrer a mísera Lindóia.Lá reclinada, como que dormia,Na branda relva e nas mimosas flores,Tinha a face na mão, e a mão no troncoDe um fúnebre cipreste, que espalhavaMelancólica sombra. Mais de pertoDescobrem que se enrola no seu corpoVerde serpente, e lhe passeia, e cingePescoço, e braços, e lhe lambe o seio.Fogem de a ver assim sobressaltados,E parar cheios de temor ao longe;E nem se atrevem a chamá-la, e tememQue desperte assustada, e irrite o monstro,E fuja, e apresse no fugir a morte.

BASÍLIO DA GAMA, José. O Uraguai. Rio de Janeiro:Public. da Academia Brasileira, 1941, pp. 78-9.

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Caramuru (Canto VI, Estrofe XLII)

Perde o lume dos olhos, pasma e trema,Pálida a cor, o aspecto moribundo,Com mão já sem vigor, soltando o leme,Entre as salsas escumas desce ao fundo.Mas na onda do mar, que irado freme,Tornando a aparecer desde o profundo:“Ah Diogo cruel!” disse com mágoa,E, sem mais vista ser, sorveu-se n´água.

SANTA RITA DURÃO, Fr. José de. Caramuru.São Paulo: Edições Cultura, 1945, p. 149.

40 Os textos apresentados correspondem, respectivamente, a fragmen-tos marcantes dos poemas épicos o Uraguai (1769), de Basílio daGama, e Caramuru (1781), de Santa Rita Durão, poetas neoclássicosbrasileiros. No primeiro, a Índia Lindóia, infeliz com a morte do mari-do Cacambo, deixa-se picar por uma serpente, e falece. No segun-do, enfoca-se a Índia Moema que, ao ver partir seu amado DiogoÁlvares, segue a embarcação a nado e se deixa morrer afogada. Releiaos textos e, a seguir:a) aponte o componente nacionalista de ambos os poemas que pre-

nuncia uma das linhas temáticas mais características do Romantis-mo brasileiro;

b) cite dois escritores românticos brasileiros que se utilizaram dessa li-nha temática.

41 A epopéia Os Lusíadas (1572) tem servido de modelo aos demais poe-mas épicos escritos em língua portuguesa, não sendo exceções O Ura-guai e Caramuru. As comparações destes com a obra-prima de LuísVaz de Camões são inevitáveis. Releia atentamente os textos apresen-tados e, a seguir,a) aponte, do ponto de vista da versificação, em qual deles o autor re-

vela seguir mais à risca o modelo camoniano;b) cite duas características do texto escolhido que evidenciam essa

aproximação com a versificação de Os Lusíadas.

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42 (UF-GO) Leia atentamente os poemas que se seguem antes de respon-der à questão:

TEXTO A

SONETO II

Leia a posteridade, ó pátrio Rio,Em meus versos teu nome celebrado,Por que vejas uma hora despertadoO sono vil do esquecimento frio:

Não vês nas tuas margens o sombrio,Fresco assento de um álamo copado;Não vês Ninfa cantar, pastar o gadoNa tarde clara do calmoso estio.

Turvo banhando as pálidas areiasNas porções do riquíssimo tesouroO vasto campo da ambição recreias.

Que de seus raios o Planeta louro,Enriquecendo o influxo em tuas veias,Quanto em chamas fecunda, brota em ouro.

Cláudio Manuel da Costa. In: PériclesRamos (org.). Poemas escolhidos. Rio de Janeiro:

Ediouro, s/d., p. 29.

TEXTO B

LIRA XIX

Enquanto pasta alegre o manso gado,Minha bela Marília, nos sentemosÀ sombra deste cedro levantado.Um pouco meditemosNa regular beleza,Que em tudo quanto vive, nos descobreA sábia natureza.

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Atende, como aquela vaca pretaO novilhinho seu dos mais separa,E o lambe, enquanto chupa a lisa teta.Atende mais, ó cara,Como a ruiva cadelaSuporta que lhe morda o filho o corpo,E salte em cima dela..............................................Que gosto não terá a esposa amante,Quando der ao filhinho o peito brando,E refletir então no seu semblante!Quando, Marília, quandoDisser consigo: “É esta“De teu querido pai a mesma barba,“A mesma boca, e testa.”

Que gosto não terá a mãe, que toca,Quando o tem nos seus braços, c´o dedinhoNa faces graciosas, e na bocaDo inocente filhinho!Quando, Marília bela,O tenro infante já com risos mudosComeça a conhecê-la!

Que prazer não terão os pais ao veremCom as mães um dos filhos abraçados;Jogar outros a luta, outros correremNos cordeiros montados!Que estado de ventura!Que até naquilo, que de peso serve,Inspira Amor, doçura.Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu. Rio

de Janeiro, Ediouro, s/d., p. 40-41.

A partir da leitura dos poemas de Cláudio Manuel da Costa e TomásAntônio Gonzaga, pode-se concluir que:

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(01) a existência de interlocutor nos dois poemas é um dos traçosmarcantes da poesia árcade. Esta caracteriza-se por uma lingua-gem poética que busca uma comunicabilidade e sociabilidade;

(02) os deslocamentos sintáticos no soneto de Cláudio Manuel da Cos-ta apontam para uma permanência de elementos barrocos em suapoesia;

(04) o poema de Tomás Antônio Gonzaga expressa uma visão e umsentimento do mundo conflitivos, apesar (da simplicidade de sualinguagem;

(08) a preocupação do eu-lírico no texto A, de que o “pátrio Rio” nãocaia no “esquecimento vil”, evidencia a Iigação afetiva do poetacom os elementos locais. Esta ligação é uma constante na poesiade Cláudio Manuel da Costa;

(16) a convenção literária do poeta-pastor e do retorno à natureza é umdos elementos marcantes da poesia árcade. No texto A, entretan-to, essas convenções não estão presentes;

(32) “As porções de riquíssimo tesouro“, muito provavelmente, referem-se à exploração das terras de Minas Gerais pelos grandes proprie-tários plantadores de cana-de-açúcar no séc. XVIII.

Soma

43 (UF-GO)

LIRA XIII

Tomás Antônio Gonzaga

(...)Ornemos nossas testas com as flores,E façamos de feno um brando leito,Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,Gozemos do prazer de sãos Amores.Sobre as nossas cabeças,Sem que o possam deter, o tempo corre,E para nós o tempo, que se passa,Também, Marília, morre.

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(...)Que havemos d´esperar, Marília bela?Que vão passando os florescentes dias?As glórias, que vêm tarde, já vêm frias;E pode enfim mudar-se a nossa estrela.Ah! não, minha Marília,Aproveite-se o tempo, antes que façaO estrago de roubar ao corpo as forças,E ao semblante a graça.

(GONZAGA, Tomás, A Marília de Dirceu.Lisboa: Sá da Costa, 1961, p. 38-39).

Com relação ao fragmento acima transcrito, bem como ao Arcadismo,época literária em que se insere, pode-se dizer o seguinte:

(01) o Arcadismo demonstra preocupação com a vida material, aban-donando as inquietações religiosas e espirituais que haviam mar-cado boa parte da produção poética do Barroco;

(02) o bucolismo, o retorno à simplicidade da vida rural, ideal almejadopelos árcades, transparece no poema acima nas referências às flo-res e ao feno (versos 1 e 2);

(04) o Arcadismo recorreu, em suas imagens, à mitologia greco-latina,como se pode perceber nos versos 4, 12 e 16;

(08) a linguagem dos poetas árcades é simples, direta, sem os malaba-rismos de frases ou de idéias que caracterizavam os textosbarrocoso. Nesta “Lira” de Gonzaga, por exemplo, não se obser-vam antíteses nem trocadilhos;

(16) a busca de um “locus amoenus” (lugar aprazível) nos campos, efe-tuada esteticamente pelos poetas .árcades em plena era da Revo-lução Industrial confere artificialidade ao Arcadismo enquanto mo-vimento;

(32) o texto se constrói sobre o princípio clássico da valorização domomento presente (“carpe diem”).

Soma

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ROMANTISMO(1836-1881)

O Romantismo, cuja palavra de ordem era liberdade, coincidiu com nossa independênciapolítica.

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rodu

ção

Proclamação da Independência, de Pedro Américo.

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ROMANTISMO: século XIX

CONTEXTO HISTÓRICO: a) na Europa• triunfo da burguesia, liberalismo econômico

b) no Brasil• independência, Primeiro Reinado, Abdicação,

Regência, Segundo Reinado, revoltas internas eguerras, Guerra do Paraguai, Abolição,Proclamação da República

CARACTERÍSTICAS: individualismosubjetivismofuga da realidade através do sonho, da morte, danatureza (indianismo) e do tempo

POESIA: 1a geração (nacionalista ou indianista):Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias

2a geração (byroniana ou do mal-do-século):Álvares de Azevedo, Junqueira Freire,Fagundes Varela, Casimiro de Abreu

3a geração (condoreira):Castro Alves, Sousândrade

PROSA: romance urbano, indianista, regionalista e histórico:Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar,Bernardo Guimarães, Visconde de Taunay, FranklinTávora, Manuel Antônio de Almeida

TEATRO: Martins Pena

Arcadismo Romantismo

• razão • emoção

• convenções • liberdade de criação

• universalismo • nacionalismo (indianismo)

• mitologia pagã • religiosidade cristã

• linguagem erudita • linguagem popular

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* Liberais de Pernambuco não aceitam aConstituição outorgada, que centraliza o poder nas mãos de

D. Pedro I, e proclamam a Confederação doEquador, que imitava o modelo federalista norte-americano.

O movimento é sufocado e seus líderes,entre os quais Frei Caneca, são executados.

Romantismo (1836-1881)

O Romantismo foi o primeiro movimento literário brasileiro da Era Na-cional. Nosso país acabara de tornar-se politicamente independente e rei-vindicava, agora, uma literatura autônoma que refletisse nossa realidade.Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães, iniciou, em 1836,o Romantismo, que se encerrou em 1881. A estética romântica foi fértil empoesia e prosa e viu nascer o teatro nacional.

Contexto Histórico

A Europa do século XIX assistiu a transformações radicais, resultado daRevolução Industrial (que fez surgir uma nova classe, o proletariado) e daRevolução Francesa, que, com seu ideal de Liberdade, Igualdade eFraternidade, subverteu as relações sociais. A burguesia, econômica e poli-ticamente forte, impulsionou a livre concorrência e foi responsável por umasociedade materialista.

Independente desde 1822, o Brasil, no entanto, conservou a mes-ma estrutura da sociedade colonial: patriarcal, assentada na mão-de-obra e nos latifúndios. Da independência até a abdicação de D. PedroI, em 1831, o país viveu um período difícil. Cedo começaram os proble-mas resultantes da personalidade autoritária de D. Pedro: dissoluçãoda Assembléia Constituinte por ordem do imperador; outorga da pri-meira Constituição em 1824; Confederação do Equador*; GuerraCisplatina (e a criação da República Independente do Uruguai). Nesseperíodo, o Brasil pediu um empréstimo de dois milhões de libras ester-linas à Inglaterra para pagar a indenização por nossa independência aPortugal. Todo esse quadro levou à abdicação de D. Pedro I em favorde seu filho de apenas cinco anos, em 1831.

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ção

O sono da Razão produzmonstros, de Goya.

Seguiu-se o período da Regência, quando o Brasil foi sacudido por algu-mas revoltas: Cabanagem (1834, Guerra dos Farrapos (1835), Sabinada (1837),Balaiada (1838). Nesse quadro surgiu, em 1836, o Romantismo brasileiro.

O Segundo Reinado começou em 1840 quando D. Pedro II, com ape-nas 14 anos, foi declarado maior. Esse período estendeu-se até 1889 com aProclamação da República. Foi um período de consolidação das institui-ções nacionais e de desenvolvimento econômico apoiado pela economiacafeeira e pela crescente industrialização (em que se destaca IrineuEvangelista de Sousa, o Barão de Mauá). Revoltas e guerras também ocor-reram: Revolução Liberal em São Paulo (1842); Revolução Praieira emPernambuco (1848); inúmeros levantes populares; guerras com o Uruguai ea Argentina e, em 1865, a Guerra do Paraguai. O Segundo Reinado aindaassistiu à campanha abolicionista e à libertação dos escravos.

Manifestações Artísticas

Na Europa, o Romantismo representouuma revolução na concepção de vida e de arte.Pregando a liberdade de criação, o predomíniodo sentimento, o individualismo, insurgiu-secontra os valores clássicos: o equilíbrio, a so-briedade, a imitação da Antigüidade, oracionalismo, as convenções. A fascinação doexótico e os temas nacionalistas são uma tô-nica na pintura, mas a arquitetura e a escultu-ra continuam sendo neoclássicas.

A música, marcada pelo individualismo,aproveitou as canções populares e refletiupreocupações coletivas relacionadas aosmovimentos de unificação, que marcaram o pe-ríodo. Beethoven, Lizt, Chopin, Schumann eSchubert foram alguns dos expoentes desseperíodo.

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Família do chefeCamacã, de Debret.

No Brasil, a pintura e a arquitetura neoclássicas dominaram o Roman-tismo. Debret retratou em seus quadros os costumes e personagens daépoca. Vítor Meireles, Almeida Júnior e Pedro Américo voltaram-se paratemas históricos e mitológicos.

Na música destacaram-se Carlos Gomes, que em 1860 tornara-sepreparador de óperas na Imperial Academia de Música e Ópera Nacional, eElias Álvares Lobo.

Aquarelas brasileiras

Um pouco d’água, um pincel, tinta. Alguns traços coloridosnuma folha de papel branco e eis que surge uma aquarela.

Assim trabalhava o pintor Jean-Baptiste Debret – o maior cronistavisual do Brasil na época da Independência. Debret também foi umdos integrantes da Missão Francesa que veio ao Brasil em 1816 emuito contribuiu para revelar ao resto do mundo os usos e costumesde um país de cores, odores e sons tão diversos quanto o nosso.

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LiteraturaO Romantismo teve suas origens no final do século XVIII, na Alemanha

e Inglaterra. Na Alemanha, o movimento pré-romântico Sturm und Drang(Tempestade e Ímpeto), de acentuado caráter nacionalista, desencadeou oRomantismo. Goethe, com o seu Werther, romance que conta os sofrimen-tos amorosos de um jovem e seu suicídio, foi responsável por uma ondaeuropéia de emotividade e imitações.

Na Inglaterra, Sir Walter Scott escreveu romances históricos, uma ten-dência fundamental no Romantismo, e Lord Byron é a expressão do idealromântico: o poeta como libertador dos povos, pois, além de escrever poe-sia ultra-romântica, participou das lutas pela independência da Grécia.

Mas foi a França a responsável pela divulgação das novas idéias, influen-ciadas, em grande parte, pela teoria do bom selvagem de Jean-JacquesRousseau, segundo a qual o homem nasce bom, mas a sociedade civiliza-da o corrompe.

O Romantismo coincide com a ascensão econômica e política da bur-guesia e expressa os sentimentos dos descontentes com as novas estrutu-ras e relações sociais: de um lado, a nobreza que já não desfruta dos mes-mos privilégios e, de outro, a pequena burguesia que ainda não ascendeu.

Esse movimento foi marcado por três fatos fundamentais:

1) aparecimento de um novo público leitor, resultado de uma literaturamais popular, expressa numa linguagem mais acessível a leitoressem cultura clássica;

2) surgimento do romance como forma mais difundida e acessível decomunicação literária;

3) consolidação do teatro, que ganha novo impulso e, abolindo a rígidaestrutura clássica, cria o drama.

Principais características do estilo romântico:

1) sentimentalismo: a valorização das emoções e dos sentimentos levaao subjetivismo e ao egocentrismo (o eu é o centro do universo);

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2) supervalorização do amor: o amor passou a ser o valor mais impor-tante em relação àquele cultivado pela burguesia: o dinheiro;

3) mal-do-século: o desajustamento do poeta sentimental, introver-tido, face à realidade gera uma sensação de angústia, melanco-lia, insatisfação e tédio, que o leva a buscar saídas, refúgios paraseu mal;

4) evasão: a saída para o mal-do-século é a idealização, um mecanis-mo de fuga da realidade que se dá por meio de:

a) evasão no espaço: exaltação da natureza concebida como exten-são do eu do poeta: o cenário mimetiza os estados de espírito dapersonagem;

b) evasão no tempo: volta à infância, volta aos primórdios da consti-tuição da nação na busca de heróis nacionais (no Brasil essa bus-ca concretizou-se no indianismo);

c) idealização: da sociedade, do amor, da mulher;

d) morte: a fuga mais radical e decisiva para todos os conflitos.

Formalmente, a ordem é liberdade: são usados o verso livre (sem métri-ca nem estrofação) e o verso branco (sem rima) ao mesmo tempo em querenascem as formas medievais de estrofação, dando-se preferência a metrosbreves, de cadência popular (as redondilhas maiores e menores), usados aolado de decassílabos.

No Brasil, o Romantismo inicia-se com Gonçalves de Magalhães, em1836, com a publicação de Suspiros Poéticos e Saudades. Durante seuperíodo de vigência, desenvolveram-se a poesia, a prosa e o teatro.

As gerações românticas

1a GERAÇÃO (NACIONALISTA OU INDIANISTA): caracterizou-se, so-bretudo, pela criação do herói nacional, pelo lirismo amoroso e pelopaisagismo. Os principais autores são: Gonçalves de Magalhães, Gonçal-ves Dias e Araújo Porto-Alegre.

2) supervalorização do amor: o amor passou a ser o valor mais impor-tante em relação àquele cultivado pela burguesia: o dinheiro;

3) mal-do-século: o desajustamento do poeta sentimental, introver-tido, face à realidade gera uma sensação de angústia, melanco-lia, insatisfação e tédio, que o leva a buscar saídas, refúgios paraseu mal;

4) evasão: a saída para o mal-do-século é a idealização, um mecanis-mo de fuga da realidade que se dá por meio de:

a) evasão no espaço: exaltação da natureza concebida como exten-são do eu do poeta: o cenário mimetiza os estados de espírito dapersonagem;

b) evasão no tempo: volta à infância, volta aos primórdios da consti-tuição da nação na busca de heróis nacionais (no Brasil essa bus-ca concretizou-se no indianismo);

c) idealização: da sociedade, do amor, da mulher;

d) morte: a fuga mais radical e decisiva para todos os conflitos.

Formalmente, a ordem é liberdade: são usados o verso livre (sem métri-ca nem estrofação) e o verso branco (sem rima) ao mesmo tempo em querenascem as formas medievais de estrofação, dando-se preferência a metrosbreves, de cadência popular (as redondilhas maiores e menores), usados aolado de decassílabos.

No Brasil, o Romantismo inicia-se com Gonçalves de Magalhães, em1836, com a publicação de Suspiros Poéticos e Saudades. Durante seuperíodo de vigência, desenvolveram-se a poesia, a prosa e o teatro.

As gerações românticas

1a GERAÇÃO (NACIONALISTA OU INDIANISTA): caracterizou-se, so-bretudo, pela criação do herói nacional, pelo lirismo amoroso e pelopaisagismo. Os principais autores são: Gonçalves de Magalhães, Gonçal-ves Dias e Araújo Porto-Alegre.

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* Todos os poetas da segunda geração morreram muito jovens.

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Gonçalves de Magalhães

2a GERAÇÃO (BYRONIANA OU DO MAL-DO-SÉCULO)*: caracterizou-se pela obsessão à morte, sentimento de tédio, pessimismo, individualis-mo, melancolia e morbidez. Os principais autores são: Álvares de Azevedo,Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Junqueira Freire.

3a GERAÇÃO (CONDOREIRA): seu emblema foi uma poesia de carátersocial – patriótica, antiescravagista, abolicionista. Seu mais importante po-eta foi Castro Alves.

A presença do nacional nos motivos e na linguagem foi a característicacomum às três gerações românticas.

Produção Literária na Poesia

Gonçalves de Magalhães (1811-1882)

Embora sua poesia tenha pouco valor literário, opoeta foi importante porque introduziu o Romantismono Brasil, em 1836, com Suspiros poéticos e sauda-des, poesia religiosa publicada em Paris. Mais tarde,em 1857, lançou uma epopéia indianista: A Confedera-ção dos Tamoios. Escreveu, também, a peça AntônioJosé ou O poeta e a Inquisição (veja o capítulo sobre oBarroco no Minimanual de Literatura Portuguesa, Rideel,2003) que, segundo o autor, era “a primeira tragédiaescrita por um brasileiro e única de assunto nacional”.

Gonçalves Dias (1823-1864)

Gonçalves Dias é o poeta consolidador do Romantismo brasileiro. De suaobra lírica e indianista fazem parte: Primeiros cantos, Segundos cantos, Sextilhasde Frei Antão, Últimos cantos e “Os Timbiras”, poema épico incompleto.

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Gonçalves Dias

Na obra indianista – que reúne natureza, pátriae religião –, o poeta enfatiza a bondade natural doíndio, sua honra e valentia. Na lírica, inspirada emseu amor frustrado por Ana Amélia Ferreira do Vale,canta o amor impossível, a saudade, a tristeza, amelancolia.

Observe, neste fragmento do poema indianista“I-Juca Pirama”, o ritmo dado ao verso pelo uso daredondilha menor, pela exploração dos recursos rít-micos e musicais (o som dos tambores), queenfatizam a atmosfera guerreira:

Meu canto de morte,Guerreiros, ouvi:Sou filho das selvas,Nas selvas cresci;Guerreiros, descendoDa tribo tupi.Da tribo pujante,Que agora anda errantePor fado inconstante,Guerreiros, nasci:Sou bravo, sou forte,Sou filho do Norte;Meu canto de morte,Guerreiros, ouvi.

Na obra lírica, Gonçalves Dias segue os modelos portugueses de Garrette Herculano. Leia o texto:

Se se Morre de Amor!

Se se morre de amor! – Não, não se morre,Quando é fascinação que nos surpreendeDe ruidoso sarau entre os festejos;

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Quando luzes, calor, orquestra e floresAssomos de prazer nos raiam n’alma,Que embelezada e solta em tal ambienteNo que ouve, e no que vê prazer alcança!Simpáticas feições, cintura breve,Graciosa postura, porte airoso,Uma fita, uma flor entre os cabelos,Um quê mal definido, acaso podemNum engano d’amor arrebatar-nos.Mas isso amor não é; isso é delírioDevaneio, ilusão, que se esvaeceAo som final da orquestra, ao derradeiroClarão, que as luzes no morrer despedem:Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,D’amor igual ninguém sucumbe à perda.Amor é vida; é ter constantementeAlma, sentidos, coração – abertosAo grande, ao belo; é ser capaz d’extremos,D’altas virtudes, té capaz de crimes!Compreender o infinito, a imensidade,E a natureza e Deus; gostar dos campos,D’aves, flores, murmúrios solitários;Buscar tristeza, a soledade, o ermo,E ter o coração em riso e festa;E à branda festa, ao riso da nossa almaFontes de pranto intercalar sem custo;Conhecer o prazer e a desventuraNo mesmo tempo, e ser no mesmo pontoO ditoso, o misérrimo dos entes;Isso é amor, e desse amor se morre! (...)

Sua composição mais conhecida é “Canção do exílio”, alvo de inúme-ras paráfrases nos séculos XIX e XX:

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Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;As aves que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais flores,Nossas flores têm mais vida,Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,Que tais não encontro eu cá;Em cismar – sozinho, à noite –Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morraSem que eu volte para lá;Sem que desfrute os primoresQue não encontro por cá;Sem qu’inda aviste as palmeiras,Onde canta o Sabiá.Coimbra, julho, 1843

Gonçalves Dias também escreveu as peças teatrais: Leonor de Men-donça, Beatriz Cenci, Boabdil e Patkull.

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Álvares de Azevedo

Junqueira Freire

Álvares de Azevedo (1831-1852)

Em sua curta vida, encerrada pela tuberculose, contaminado pelomal-do-século, Álvares de Azevedo não apresenta o vigor nacionalista

da geração precedente. Sua poesia é in-fluenciada por Lord Byron e Alfred Musset.Morbidez, inclinação para o enigmático,aspectos sombrios e tenebrosos, a presen-ça constante da morte caracterizam seuspoemas cheios de melancolia e pessimis-mo. Sua dor só é aplacada pela lembran-ça da mãe e da irmã, como você verá nofragmento do poema “Se eu morresseamanhã”:

Se eu morresse amanhã viria ao menosFechar meus olhos minha triste irmã;Minha mãe de saudades morreriaSe eu morresse amanhã!

Álvares de Azevedo escreveu Lira dos Vinte Anos (poesia), Noite naTaverna (contos fantásticos) e um drama cujo título é Macário.

Junqueira Freire (1832-1855)

Sua obra lírica divide-se em religiosa, amo-rosa, filosófica, popular (ou sertaneja) e algumapoesia social, de tom declamatório, precursorade Castro Alves. Escreveu Inspirações do Claus-tro, Contradições Poétias, Tratado de EloqüênciaNacional e o drama Ambrósio.

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Fagundes Varela (1841-1875)

Varela desenvolveu a maioria dos temasromânticos: pessimismo, lirismo amoroso,exaltação da natureza e presença da morte.Seu poema mais conhecido é “Cântico doCalvário”, escrito em memória do filho mortocom poucos meses de idade, de onde extraí-mos o fragmento:

Eras na vida a pomba prediletaQue sobre um mar de angústias conduziaO ramo da esperança. – Eras a estrelaQue entre as névoas do inverno cintilavaApontando o caminho ao pegureiro*. * pastor

Eras a messe de um dourado estio*. * verão

Eras o idílio de um amor sublime.Eras a glória, – a inspiração, – a pátria,O porvir de teu pai! – Ah! No entanto,Pomba, – varou-te a flecha do destino!Astro, – engoliu-te o temporal do norte!Teto, caíste! – Crença, já não vives!

Correi, correi, oh! lágrimas saudosas,Legado acerbo* da ventura extinta, * herança amarga

Dúbios archotes que a tremer clareiamA lousa fria de um sonhar que é morto!

Suas obras mais importantes são: Noturnas, O estandarte auriverde,Vozes da América e Anchieta ou O evangelho na selva.

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Fagundes Varela

Fagundes Varela (1841-1875)

Varela desenvolveu a maioria dos temasromânticos: pessimismo, lirismo amoroso,exaltação da natureza e presença da morte.Seu poema mais conhecido é “Cântico doCalvário”, escrito em memória do filho mortocom poucos meses de idade, de onde extraí-mos o fragmento:

Eras na vida a pomba prediletaQue sobre um mar de angústias conduziaO ramo da esperança. – Eras a estrelaQue entre as névoas do inverno cintilavaApontando o caminho ao pegureiro*. * pastor

Eras a messe de um dourado estio*. * verão

Eras o idílio de um amor sublime.Eras a glória, – a inspiração, – a pátria,O porvir de teu pai! – Ah! No entanto,Pomba, – varou-te a flecha do destino!Astro, – engoliu-te o temporal do norte!Teto, caíste! – Crença, já não vives!

Correi, correi, oh! lágrimas saudosas,Legado acerbo* da ventura extinta, * herança amarga

Dúbios archotes que a tremer clareiamA lousa fria de um sonhar que é morto!

Suas obras mais importantes são: Noturnas, O estandarte auriverde,Vozes da América e Anchieta ou O evangelho na selva.

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Casimiro de Abreu

Casimiro de Abreu (1839-1860)

Seus temas são os mesmos dos outros poetas de sua geração,enfatizando a temática da saudade (da pátria, família, infância), marcada,portanto, pela evasão no tempo e no espaço. Leia esta estrofe de um deseus mais conhecidos poemas, também alvo de paráfrase de Oswald deAndrade no Modernismo:

Meus oito anos

Oh! que saudades que tenhoDa aurora da minha vida,Da minha infância queridaQue os anos não trazem mais!Que amor, que sonhos, que flores,Naquelas tardes fagueirasÀ sombra das bananeiras,Debaixo dos laranjais!

Casimiro de Abreu escreveu Primaveras, uma coletânea de versos, e odrama Camões e o Jaú.

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Castro Álves

Castro Alves (1847-1871)

O poeta baiano começou a estudar Direito em Recife, transferindo-sedepois para São Paulo, onde adoece e não conclui o curso. Morre aos 24anos, na Bahia, em conseqüência da tuber-culose. O romance com a atriz portuguesaEugênia Câmara rendeu-lhe inspiração parasua poesia lírica.

Castro Alves é considerado por muitoso maior poeta do Romantismo. Sua poesiasocial, chamada de condoreira, em referên-cia ao condor, pois usava uma linguagem ele-vada como o vôo dessa ave, debruçou-sesobre a realidade em que o poeta viveu. Sin-tonizado com os acontecimentos do Segun-do Reinado, falou sobre a Guerra do Paraguaie o advento da locomotiva:

Filhos do novo Mundo! ergamos nós um gritoQue abafe dos canhões o horríssono rugir,Em frente do oceano! em frente do infinito!Em nome do progresso! em nome do porvir.

ou

Agora que o trem de ferroAcorda o tigre no cerroE espanta os caboclos nus,Fazei desse rei dos ventosGinete dos pensamentos,Arauto da grande luz!...

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Pregou a República e a igualdade entre os homens. Nesta última partedo poema “Navio negreiro”, vemos o poeta da abolição manifestar-se:

E existe um povo que a bandeira emprestaPra cobrir tanta infâmia e cobardia!E deixa-a transformar-se nessa festaEm manto impuro de bacante* fria! *mulher

Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, devassaQue impudente na gávea tripudia*?! *humilha

Silêncio!... Musa! chora, chora tantoQue o pavilhão* se lave no teu pranto *bandeira

Auriverde pendão* de minha terra, *bandeira

Que a brisa do Brasil beija e balança,Estandarte que a luz do sol encerra,E as promessas divinas da esperança...Tu, que da liberdade após a guerra,Foste hasteado dos heróis na lança,Antes te houvessem roto na batalha,Que servires a um povo de mortalha*! *manto em que se

envolve o cadáver

Fatalidade atroz que a mente esmaga!Extingue nesta hora o brigue* imundo *navio

O trilho que Colombo abriu na vaga,Como um íris no pélago* profundo! *oceano

...Mas é infâmia de mais... Da etérea plagaLevantai-vos, heróis do Novo MundoAndrada! arranca este pendão dos ares!Colombo! fecha a porta de teus mares!

Como lírico, afastou-se tanto da morbidez dos poetas da segunda ge-ração quanto da idealização da mulher inatingível. É mais realista, sensual eaté erótico:

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Sousândrade

Uma noite, eu me lembro... Ela dormiaNuma rede encostada molemente...Quase aberto o roupão, solto o cabelo,E o pé descalço do tapete rente.

Suas obras são Espumas flutuantes, A cachoeira de Paulo Afonso, Osescravos, de que fazem parte os célebres poemas “Vozes d’África” e “Navionegreiro”, Hinos do Equador.

Sousândrade (1833-1902)

O maranhense Sousândrade foi um poeta originalís-simo para sua época, por isso morreu quase desconheci-do. Seu estilo ousado – baseado em efeitos sonoros inusi-tados, plurilingüismo, construção sintática inovadora – re-vela-se em Obras poéticas, Harpa selvage m e Guesa er-rante. O poeta, que viveu muitos anos nos Estados Unidos,conheceu um mundo totalmente diferente da realidade brasi-leira – grandes concentrações urbanas, capitalismo (feroz e com-petitivo) em ascensão – que transportou para seu livro Guesa errante. Nesse livro,retomando uma lenda quíchua, o autor narra o sacrifício de um adolescente indí-gena cujo coração é extraído pelos sacerdotes e seu sangue recolhido em vasossagrados. A novidade é que os sacerdotes estão disfarçados de empresários eespeculadores de Wall Street, em Nova York, onde Guesa refugiou-se. Sousân-drade só foi redescoberto recentemente pelos críticos de vanguarda.

FicçãoA formação de um público leitor que buscava distração, entretenimen-

to, estimulou o aparecimento da prosa literária romântica. A esse público,composto por moços e moças das classes mais altas, profissionais liberaise pessoas da aristocracia rural, agradavam o enredo cheio de peripécias, adescrição da paisagem nacional, o final feliz.

A primeira tentativa de romance, no Brasil, foi O Filho do Pescador, deTeixeira e Sousa, publicado em 1843, uma obra de valor secundário,

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Joaquim Manuel de Macedo

simples imitação de folhetins estrangeiros de segunda categoria.

Em 1844, Joaquim Manuel de Macedo inaugurou o romance brasileirocom A Moreninha, livro que teve maior receptividade do público em funçãoda trama e da linguagem acessível.

Floresceram no Romantismo vários tipos de romance, segundo atemática e o ambiente:

1) urbano: focaliza situações da burguesia que habita a Corte (a cidadedo Rio de Janeiro), apresentando conflitos sentimentais;

2) indianista: descreve costumes e tradições do índio brasileiro e o con-tato com o colonizador. Esse tipo de romance reflete o caráter na-cionalista da literatura da época (como o Brasil não teve Idade Mé-dia, o indianismo foi a saída para a criação do herói nacional);

3) regionalista: espelha a realidade (sempre idealizada) de diferentesregiões do Brasil;

4) histórico: relata fatos de nosso passado colonial.

Produção Literária

Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882)

Foi jornalista, professor, dramaturgo e romancista. Escreveu, entrevárias outras obras, A Moreninha e O moço loiro. Escritor de romances ur-banos, soube interpretar o gosto popular em romances de tramas fáceis,

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idealização e finais felizes. Seu romance mais importante, A Moreninha, temuma ação bastante linear e vale como documento da sociedade carioca daépoca, com seus saraus, hábitos e costumes.

(...)

E o mais é que nós estamos num sarau. Inúmeros batéis condu-ziram da corte para a ilha de... senhoras e senhores, recomendáveispor caráter e qualidade; alegre, numerosa e escolhida sociedade en-che a grande casa, que brilha e mostra em toda a parte borbulhar oprazer e o bom gosto.

Entre todas essas elegantes e agradáveis moças, que com atu-rado empenho se esforçam por ver qual delas vence em graças,encantos e donaires, certo sobrepuja a travessa Moreninha, prince-sa daquela festa.

Hábil menina é ela! Nunca seu amor-próprio produziu com tan-to estudo seu toucador e, contudo, dir-se-ia que o gênio da simpli-cidade a penteara e vestira. Enquanto as outras moças haviam es-gotado a paciência de seus cabeleireiros, posto em tributo toda ahabilidade das modistas da Rua do Ouvidor e coberto seus coloscom as mais ricas e preciosas jóias, d. Carolina dividiu seus cabe-los em duas tranças, que deixou cair pelas costas; não quis ador-nar o pescoço com seu adereço de brilhantes nem com seu lindocolar de esmeraldas; vestiu um finíssimo, mas simples vestido degarça, que até pecava contra a moda reinante, por não ser sobeja-mente comprido. Vindo assim aparecer na sala, arrebatou todas asvistas e atenções.

Porém, se um atento observador a estudasse, descobriria queela adrede se mostrava assim, para ostentar as longas e ondeadasmadeixas negras, em belo contraste com a alvura de seu vestidobranco, e para mostrar, todo nu, o elevado colo de alabastro, que

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José de Alencar

tanto a aformoseava, e que seu pecado contra a moda reinante nãoera senão um meio sutil de que se aproveitara para deixar ver opezinho mais bem feito e mais pequeno que se pode imaginar.

José de Alencar (1829-1877)

Nascido no Ceará, Alencar mudou-se ainda me-nino para o Rio de Janeiro. Formou-se em Direitoem São Paulo. Participou da vida política comodeputado e chegou a Ministro da Justiça em 1877.Retirou-se da carreira política porque seu nome, quetinha sido indicado para senador, não foi aceito peloImperador.

Considerado o mais importante romancista doperíodo, José de Alencar consolidou o gênero (ro-mance) no Brasil e tentou criar uma linguagem bra-sileira que se afastasse do modelo lusitano. Comsua obra narrativa, pretendeu cobrir o passado e opresente da história brasileira, a cidade, o campo,

o litoral e o sertão. Como bom romântico, sua obra representa um profundodesejo de evasão no tempo e no espaço. Didaticamente, suas obras podemser divididas em:

1) romances indianistas: criação de um herói nacional e exaltação danatureza brasileira. Em Ubirajara, Alencar retrata o índio ainda nãotocado pela civilização, em estado puro. Em Iracema, conta a lendada fundação do Ceará, descrevendo os primeiros contatos do índiocom o colonizador. Em O guarani, revela um índio vivendo entre oscolonizadores. Peri é retratado como um autêntico cavaleiro medie-val, que põe sua vida a seviço de sua dama (Ceci). Este romance foitema da ópera do mesmo nome de Carlos Gomes.

2) romances históricos: lembram os tempos coloniais, mas sempre a tra-ma sentimental ganha destaque. As minas de prata é o primeiro roman-ce histórico brasileiro e retrata o início do ciclo de exploração dos me-tais. A guerra dos mascates narra a revolução de 1710 em Pernambuco.

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3) romances urbanos: retrata a vida na Corte, a sociedade burgue-sa do Segundo Reinado. São romances cujo final feliz prova queo amor tudo vence: Cinco minutos, A viuvinha, Encarnação, So-nhos d’ouro, Pata da gazela e três perfis de mulher — Diva,Lucíola (a heroína é uma prostituta regenerada, que morre aofinal) e Senhora.

4) romances regionalistas: reproduzem paisagens e tipos humanos donordeste (O sertanejo) e da região sul (O gaúcho). Til e O tronco do ipêvoltam-se para o meio rural. A ação do primeiro passa-se numa fa-zenda de café no interior de São Paulo e a do segundo, numa fazendano norte do Rio de Janeiro.

Leia agora um fragmento de Iracema e perceba a idealização da mulhere o aproveitamento dos elementos da paisagem brasileira:

Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte,nasceu Iracema.

Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelosmais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe depalmeira.

O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilharecendia no bosque como seu hálito perfumado.

Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria osertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, dagrande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava ape-nas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.

Alencar também escreveu peças de teatro: Verso e reverso, O demôniofamiliar, As asas de um anjo, Noite de São João são comédias; Mãe e Ojesuíta, dramas.

3) romances urbanos: retrata a vida na Corte, a sociedade burgue-sa do Segundo Reinado. São romances cujo final feliz prova queo amor tudo vence: Cinco minutos, A viuvinha, Encarnação, So-nhos d’ouro, Pata da gazela e três perfis de mulher — Diva,Lucíola (a heroína é uma prostituta regenerada, que morre aofinal) e Senhora.

4) romances regionalistas: reproduzem paisagens e tipos humanos donordeste (O sertanejo) e da região sul (O gaúcho). Til e O tronco do ipêvoltam-se para o meio rural. A ação do primeiro passa-se numa fa-zenda de café no interior de São Paulo e a do segundo, numa fazendano norte do Rio de Janeiro.

Leia agora um fragmento de Iracema e perceba a idealização da mulhere o aproveitamento dos elementos da paisagem brasileira:

Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte,nasceu Iracema.

Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelosmais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe depalmeira.

O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilharecendia no bosque como seu hálito perfumado.

Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria osertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, dagrande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava ape-nas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.

Alencar também escreveu peças de teatro: Verso e reverso, O demôniofamiliar, As asas de um anjo, Noite de São João são comédias; Mãe e Ojesuíta, dramas.

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Bernardo Guimarães

Franklin Távora

Visconde de Taunay

Bernardo Guimarães (1825-1884)

Seu romance mais popular foi o romance detese abolicionista A escrava Isaura. Nele, Bernardoexplorou o drama do mestiço, retratando o bran-co como concupiscente e opressor e o mestiçocomo a perfeição.

É indianista em O índio Afonso, Jupira e Oermitão de Muquém. Em O seminarista, seu me-lhor romance, aborda o tema do celibato clerical.

Visconde de Taunay (1843-1899)

Alfredo d’Escragnole Taunay é considerado umde nossos melhores paisagistas. Inocência, seu ro-mance mais conhecido, retrata o sudeste mato-grossense, onde, Inocência, prometida a Manecão,conhece Cirino, forasteiro que a cura de maleita. Apai-xonam-se. Manecão descobre e mata Cirino. Inocên-cia morre de saudade dois anos depois.

O Brasil de Taunay é produto da observaçãoatenta dos costumes e da fala regional, o que odistancia do Brasil de Alencar.

Franklin Távora (1842-1888)

Um dos fundadores do regionalismo, retratoufiguras típicas do nordeste — o vaqueiro, o matuto,o cangaceiro. Lutou pela criação da “literatura doNorte”. Em sua obra mais conhecida, O cabeleira,retratou um famoso cangaceiro.

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Manuel Antônio de Almeida

Manuel Antônio de Almeida (1831-1861)

Em seu único livro, Memórias de um sargen-to de milícias, primeiramente publicado em fo-lhetins, o autor abandona a visão da burguesiaurbana para retratar tipos e situações própriosda cidade do Rio de Janeiro na época de D. JoãoVI. O romance possui fraca unidade, centraliza-da na figura de Leonardo, filho do meeirinho Leo-nardo Pataca e de Maria-da-Hortaliça. Abando-nado pelos pais por suas traquinagens e atitu-des escandalosas, Leonardinho foi educado pelopadrinho (o barbeiro) e pela madrinha (a partei-ra). Todas essas personagens envolvem-se em acontecimentos pitorescos,numa seqüência que prende a atenção pelo tom de crônica e pela lingua-gem adequada aos tipos, ambientes e costumes da época.

Manuel Antônio de Almeida chega a ser um precursor do Realismo,pois sua maior preocupação não está em realizar um romance de acordocom as regras do gênero, senão em trazer a cor local, com toda sua au-tenticidade, retratada com malícia, humor e sátira. O protagonista é o pri-meiro herói-malandro, anti-herói ou herói picaresco da literatura brasileira.No entanto, comprovando a tese romântica do primeiro amor, Leonardinhoregenera-se ao final, entra para as milícias como sargento e casa-se comLuisinha.

Observe a descrição de Leonardinho:

Sua história tem pouca cousa de notável. Fora Leonardoalgibebe em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se porém do negócio, eviera ao Brasil. Aqui chegando, não se sabe por proteção de quem,alcançou o emprego de que o vemos empossado, e que exercia,como dissemos, desde tempos remotos. Mas viera com ele nomesmo navio, não sei fazer o quê, uma certa Maria-da-Hortaliça,quitandeira das praças de Lisboa, saloia rechonchuda e bonitona.

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Leonardo, fazendo-se-lhe justiça, não era nesse tempo de sua mo-cidade mal apessoado, e sobretudo era maganão. Ao sair do Tejo,estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu quepassava distraído por junto dela, e com o ferrado sapatão assen-tou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se jáesperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, edeu-lhe também em ar de disfarce um tremendo beliscão nas cos-tas da mão esquerda. Era isto um declaração em forma, segundoos usos da terra; levaram o resto do dia de namoro cerrado; aoanoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e beliscão, comdiferença de serem desta vez um pouco mais fortes; e no dia se-guinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, quepareciam sê-lo de muitos anos.

Quando saltaram em terra começou a Maria a sentir certos en-jôos; foram os dois morar juntos: e daí a um mês manifestaram-seclaramente os efeitos da pisadela e do beliscão; sete meses depoisteve Maria um filho, formidável menino de quase três palmos decomprido, gordo e vermelho, cabeludo, esperneador e chorão; oqual, logo depois que nasceu, mamou duas horas seguidas semlargar o peito. E este nascimento é certamente de tudo o que temosdito o que mais nos interessa, porque o menino de quem falamos éo herói desta história. (...)

Logo que pôde andar e falar tornou-se um flagelo; quebrava erasgava tudo que lhe vinha à mão. Tinha uma paixão decididapelo chapéu armado do Leonardo; se este o deixava por esqueci-mento em algum lugar ao seu alcance, tomava-o imediatamente,espanava com ele todos os móveis, punha-lhe dentro tudo queencontrava, esfregava-o em uma parede, e acabava por varrer comele a casa; até que a Maria, exasperada pelo que aquilo lhe haviade custar aos ouvidos, e talvez às costas, arrancava-lhe das mãosa vítima infeliz. Era, além de traquinas, guloso; quando nãotraquinava, comia. A Maria não lhe perdoava; trazia-lhe bem mal-tratada uma região do corpo; porém ele não se emendava, que

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era também teimoso, e as travessuras recomeçavam mal acabavaa dor das palmadas.

Assim chegou aos sete anos. (...)

TeatroO Romantismo assistiu à implantação do teatro nacional. Se Gonçalves

de Magalhães, em 1838, com a apresentação da peça Antônio José ou Opoeta e a Inquisição, inaugurou o teatro brasileiro, coube a Martins Penasua consolidação. É necessário salientar, nesse período, o importante papeldesempenhado por João Caetano, o primeiro grande ator brasileiro.

Martins Pena (1815-1848)

Criador da comédia nacional O juiz de paz na roça. Em suas obras MartinsPena retrata, de forma irônico-humorística, numa linguagem simples e coti-diana, os costumes da cidade e do campo:

– o brasileiro do campo, sua ingenuidade e fala simples;

– a classe média e seus casamentos interesseiros, visando à ascensãosocial;

– moças casadouras;

– velhas solteironas;

– contrabandistas de escravos;

– comerciantes inescrupulosos.

O seguinte fragmento é de A família e a festa na roça: Quitéria e Juca,um estudante de medicina da Corte, arquitetam um plano para poderemcasar-se:

JUCA — O que há de novo?

JOANA — Senhor doutor, minha filha está pra morrer.

JUCA chega-se para Quitéria e toma-lhe o pulso e diz — Não énada; mande vir um copo com água. (Sai Joana.)

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JUCA, para Domingos — Quando digo que não é nada, falto umpouco à verdade, porque sua filha tem uma inflamação de carbona-to de potassa.

DOMINGOS JOÃO, muito espantado — Inflamação de quê?

JUCA — De carbonato de potassa.

ANTÔNIO — E isto é perigoso, senhor doutor?

JUCA — Muito; não só para ela, como para a pessoa que com elase casar.

ANTÔNIO, à parte — Mau! (Entra Joana com um copo de água.)

JOANA — Aqui está a água. (Juca toma o copo de água, faz que tirauma coisa da algibeira e a deita dentro do copo.)

JUCA — Este remédio vai curá-la imediatamente. (Dá a Quitéria,que logo que bebe o primeiro gole abre os olhos.)

DOMINGOS JOÃO — Viva o senhor licenciado!

QUITÉRIA, levantando-se — Minha mãe...

JOANA — Minha filha, o que tem?

JUCA — Esta menina é preciso ter muito cuidado na sua saúde, eeu acho que se ela casar com um homem que não entenda de me-dicina, está muito arriscada a sua vida.

DOMINGOS JOÃO — Mas isto é o diabo; já prometi-a ao senhor...(Apontando para Antônio.)

ANTÔNIO — Mas eu...

JUCA — Arrisca assim a vida de sua filha.

DOMINGOS JOÃO — Já dei minha palavra. (Juca coça a cabeça.)

QUITÉRIA — Ai, ai, eu morro! (Cai na cadeira.)

(...)

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Questões de Vestibular

(Romantismo – Poesia)

1 (CESESP-PE)

I – Preferência pela realidade exterior sobre a interior.

II – Anteposição da fé à razão, com valorização da mística e da intuição.

III – Poesia descritiva, de representação dos fenômenos da natureza.

IV – Gosto pelo pitoresco, pela descrição de ambientes exóticos.

V – Atenção do escritor aos detalhes para retratar fielmente o que des-creve.

Características gerais do Romantismo se acham expressas nas propo-sições acima.a) somente na Il e na lV.b) somente na I e na II.c) somente na Il e na III.d) somente na I e na IV.e) somente na II e na V.

2 (UNITAU-SP) Indicar a assertiva correta:a) O Romantismo teve como características, a liberdade na forma, indi-

vidualismo subjetivo e sentimentalismo excessivo.b) A poesia romântica apresentava uma maneira complexa de escrever,

virtuosidade e concisão no estilo.c) O Romantismo teve a preocupação exagerada do rebuscamento das

idéias e da forma.d) A obra romântica marca-se pelo regresso à natureza, às figuras da

mitologia greco-Iatina, ao objetivismo na análise da realidade.

3 (UF-PR) Analise as proposições I, II e IlI e assinale:a) se for verdadeira apenas a proposição I.b) se for verdadeira apenas a proposição III.c) se forem verdadeiras as proposições I e II.d) se forem verdadeiras as proposições I e IlI.e) se forem verdadeiras todas as proposições.

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I) Com o Romantismo criou-se a ficção brasileira, consolidou-se a poe-sia em nossa terra.

II) Os escritores românticos despreocuparam-se com a Iíngua falada eprocuraram obedecer a uma sintaxe lusitana.

III) Com o Romantismo o culto da natureza encontrou campo propíciona exuberante paisagem nacional.

4 (OSEC) A época romântica caracteriza-se por:a) lusófoba e nacionalista.b) de influência inglesa.c) atéia e influenciada pelo positivismo.d) carente de bons poetas.

5 (MEDICINA - ABC) Assinale a alternativa em que se encontram trêscaracterísticas do movimento literário ao qual se dá o nome deRomantismo:a) predomínio da razão, perfeição da forma, imitação dos antigos gre-

gos e romanos.b) reação anticlássica, busca de temas nacionais, sentimentalismo e

imaginação.c) anseio de liberdade criadora, busca de verdades absolutas e univer-

sais, arte pela arte.d) desejo de expressar a realidade objetiva, erotismo, visão materialista

do universo.e) preferência por temas medievais, rebuscamento do conteúdo e da

forma, tentativa de expressar a realidade inconsciente.

6 (UnB-DF) Marque a opção que traz a obra considerada marco inicial doRomantismo no Brasil:a) Iracema.b) Marília de Dirceu.c) O guarani.d) Suspiros poéticos e saudades.

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7 (UFJF-MG) Em relação ao Romantismo brasileiro, todas as afirmaçõessão verdadeiras. Exceto:a) expressão do nacionalismo através da descrição de costumes e re-

giões do Brasil.b) análise crítica e científica dos fenômenos da sociedade brasileira.c) desenvolvimento do teatro nacional.d) expressão poética de temas confessionais, indianistas e humanistas.e) caracterização do romance como forma de entretenimento e

moralização.

8 (VUNESP-SP) Leia com atenção os textos a seguir:

1.“Triste Bahia! Ó quão dessemelhanteEstás e estou do nosso antigo estado!Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,Rica te vi eu já, tu a mi abundante.

A ti trocou-te a máquina mercante,Que em tua larga barra tem entrado,A mim foi-me trocando, e tem trocadoTanto negócio e tanto negociante.”

2.Prólogo“Amigo leitor, arribou a certo porto de Brasil, onde eu vivia, um galeão,que vinha das Américas espanholas. Nele se transportava um mance-bo, cavalheiro instruído nas humanas letras. Não me foi dificultoso travarcom ele uma estreita amizade, e chegou a confiar-me os manuscritosque trazia. Entre eles encontrei as Cartas chilenas, que são um artificio-so compêndio das desordens que fez no seu governo Fanfarrão Minésio,general do Chile.”

3.Tragédia no lar“Na senzala, úmida, estreita,Brilha a chama da candeia,

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No sapé se esgueira o vento.E a luz da fogueira ateia.Junto ao fogo, uma africana,Sentada, o filho embalando,Vai lentamente cantando

Uma tirania indolenteRepassada de afliçãoE o menino ri contente...Mas treme e grita gelado,Se nas palhas do telhadoRuge o vento do sertão.”

Assinale a alternativa correta:a) Os textos 1, 2 e 3 foram escritos respectivamente por autores barro-

co, árcade e romântico.b) Os textos 1, 2 e 3 apresentam características dos movimentos ro-

mântico, parnasiano e simbolista.c) Os textos 1, 2 e 3 foram escritos por autores de diferentes fases do

modernismo.d) Os textos 1, 2 e 3 pertencem ao mesmo movimento literário e se

caracterizam por uma postura satírica.e) Os textos 1, 2 e 3 são de autoria de Gregório de Matos, Olavo Bilac e

Álvares de Azevedo.

9 (UFPE-PE) “Seja qual for o lugar em que se ache o poeta, ou apunhala-do pelas dores, ou ao lado de sua bela, embalado pelos prazeres; nocárcere, como no palácio; na paz, como sobre o campo de batalha; seele é verdadeiro poeta, jamais deve esquecer-se de sua missão, e achasempre o segredo de encantar os sentidos, vibrar as cordas do cora-ção, e elevar o pensamento nas asas da harmonia até as idéiasarquétipas.”O trecho acima foi extraído da Advertência ao leitor feita por DomingosJosé Gonçalves de Magalhães nas páginas iniciais de seu livro Suspirospoéticos e saudades. Que representa esta obra na história da literaturabrasileira?

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10 (FEI-SP) Quais as características românticas que se opõem, respecti-vamente, às seguintes características clássicas: objetivismo, linguagemerudita, paganismo, uso da razão?

11 (Mapofei-SP) Que têm em comum os poetas Gonçalves de Magalhãese Gonçalves Dias?

12 (FMU/FIAM-SP) O homem de todas as épocas se preocupa com anatureza. Cada período a vê de modo particular. No Romantismo, anatureza aparece como:a) um cenário cientificamente estudado pelo homem; a natureza é mais

importante que o elemento humano.b) um cenário estático, indiferente; só o homem se projeta em busca de

sua realização.c) um cenário sem importância nenhuma; é apenas pano de fundo para

as emoções humanas.d) confidente do poeta, que compartilha seus sentimentos com a pai-

sagem; a natureza se modifica de acordo com o estado emocionaldo poeta.

e) um cenárío idealizado, onde todos são felizes e os poetas são pastores.

13 (FCMSCSP) A renovação das formas, a liberdade de expressão e a ten-tativa de incorporar à literatura nossas coisas mais típicas – como particu-laridades regionais e termos indígenas – são marcas freqüentes do:a) Barroco.b) Arcadismo.c) Romantismo.d) Realismo.e) Pré-Modernismo.

14 (UFV-MG) Assinale a alternativa falsa:a) O Romantismo, como estilo, não é modelado pela individualidade do

autor; a forma predomina sempre sobre o conteúdo.b) O Romantismo é um movimento de expressão universal, inspirado

nos modelos medievais e unificado pela prevalência de característi-cas comuns a todos os escritores da época.

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c) O Romantismo, como Estilo de Época, consistiu basicamente numfenômeno estético-literário desenvolvido em oposição aointelectualismo e à tradição racionalista e clássica do século XVIII.

d) O Romantismo, ou melhor, o espírito romântico, pode ser sintetizadonuma única qualidade: a imaginação. Pode-se creditar à imaginaçãoa capacidade extraordinária dos românticos de criarem mundos ima-ginários.

e) O Romantismo caracterizou-se por um complexo de características,como o subjetivismo, o ilogismo, o senso de mistérío, o exagero, oculto da natureza e o escapismo.

15 (FUVEST -SP)

I – “Ah! enquanto os destinos impiedososNão voltam contra nós a face irada,Façamos, sim façamos, doce amada,Os nossos dias mais ditosos.”

II – “É a vaidade, Fábio, nesta vida,Rosa, que da manhã lisonjeada,Púrpuras mil, com ambição dourada,Airosa rompe, arrasta presumida.”

III – “E quando eu durmo, e o coração aindaProcura na ilusão tua lembrança,Anjo da vida, passa nos meus sonhosE meus lábios orvalha de esperança!”

Associe os trechos acima com os respectivos movimentos literários, cujascaracterísticas estão enunciadas abaixo.Romantismo: evasão e devaneio na realização de um erotismo difuso.Arcadismo: aproveitamento do momento presente (carpe diem).Barroco: efemeridade da beleza física, brevidade enganosa da vida.a) I – Romantismo; II – Arcadismo; III – Barroco.b) I – Barroco; II – Romantismo; III – Arcadismo.c) I – Arcadismo; II – Romantismo; III – Barroco.d) I – Arcadismo; II – Barroco; III – Romantismo.e) I – Barroco; II – Arcadismo; III – Romantismo.

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16 (Positivo-PR) O período literário dominado pelo espírito liberal e nacio-nalista, em que houve predomínio da emotividade, do individualismo,mais o indianismo, a identificação com a natureza e a exaltação dosideais patrióticos foi o:a) Parnasianismo.b) Romantismo.c) Barroco.d) Simbolismo.e) Pré-modernismo.

17 (UFPR) “Dá grande ênfase à vida sentimental, tornando-se intimista eegocêntrico, enquanto o coração é a medida mais exata da sua existên-cia. Cultiva o amor e a confidência, ou se dispõe à renúncia e ao isola-mento, e por aí procura uma identificação essencial com a natureza.Também alimenta o sentimento religioso, vibra com a pátria e se irmanacom a humanidade. Pula assim do círculo fechado de sua fantasia inte-rior, da sua realidade alimentada de idealizações e de fugas, luminosaou sombria, entre o bem e o mal, para as cogitações morais e espiri-tuais, para a defesa das grandes causas sociais e da realidade”.

O texto se refere a um dos seguintes movimentos literários:a) Arcadismo.b) Barroco.c) Romantismo.d) Parnasianismo.e) Simbolismo.

18 (UFPR) Assinale a(s) alternativa(s) que caracteriza(m) a produção ro-mântica e, depois, some os valores:

01 – Atitude subjetivista marcada por intenso sentimentalismo.

02 – Decadência do romance entre os gêneros narrativos.

04 – Crença no papel do poeta como gênio portador de verdades,cumpridor de missões.

08 – Presença da natureza com função expressiva, significando e re-velando.

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16 – Culto do mito da nação, num momento de grande afirmaçãocultural.

32 – Idealização do herói, visto como ser extraordinário, poderoso, jus-ticeiro e bom.

64 – Conservação dos gêneros poéticos herdados da Renascença.

Soma

19 (VUNESP) Leia atentamente a seguinte composição:

A minha musa

A minha musa é triste: ama o segredoE a muda quietação;A noite na cidade, o sol no campo,E Deus na solidão!

Ama os ramos espessos, enredadosNa mata suspirosaO dia refulgente, a roxa auroraE a tarde harmoniosa

Enleva-se no céu, quando enrubeceO outeiro levantado,E o silvestre caminho se enche ao longeDe fulvo pó dourado.

Ama a terna oração nas aras santasE as heras sepulcrais,E o vago amor, e os pudicos afetosDas almas virginais.

A composição acima transcrita pertence a uma época literária que foi amais envolvente da cultura ocidental. Pode-se dizer que ninguém, naciência, na arte, e sobretudo na literatura, conseguiu ficar imune à suainfluência, que acabou por ser o espírito de um século. A composiçãotranscrita é um modelo dessa época literária. Em uma das alternativasabaixo está indicada a época literária e os segmentos textuais que, nacomposição, a caracterizam indiscutivelmente.

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a) Época medieval – silvestre caminho; pó dourado; terna oração.b) Época clássica – muda quietação; Deus na solidão; ramos espessos.c) Época romântica – mata suspirosa, roxa aurora; heras sepulcrais.d) Época realista – dia refulgente; tarde harmoniosa; outeiro levantado.e) Época moderna – vago amor; pudicos afetos; almas virginais.

20 (UCBA)

Do tamarindo a flor jaz entreaberta,Já solta o bogari mais doce aroma;Também meu coração, como estas flores,Melhor perfume ao pé da noite exala!

É possível reconhecer, na estrofe acima, um exemplo da corrente:a) barroca, pela imagem que evoca a natureza como um símbolo da

transitoriedade da vida.b) arcádia, pois o poeta revela seu amor a uma natureza idealizada,

que, para ele, representa o mundo ordenado.c) romântica, pela identificação de sentimentos humanos com aspec-

tos da natureza.d) parnasiana, pela visão da natureza como imagem escultural da per-

feição.e) simbolista, pois a natureza é aí apenas um recurso que o poeta trans-

cende, atingindo um nível de espiritualidade plena.

21 (SANTA CASA) Afrânio Coutinho aponta as seguintes qualidades quecaracterizam o espírito romântico:

I – Individualismo e subjetivismoII – EscapismoIII – Exagero

e explica:

A – Na sua busca de perfeição, o romântico cria o mundo em que colo-ca o que imagina de bom, bravo, belo, amoroso, puro, um mundode perfeição e sonho.

B – O Romantismo é o primado exuberante da emoção, imaginação,paixão, intuição, liberdade pessoal e interior.

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C – Nem fatos nem tradições despertam o respeito do romântico. Pelaliberdade, revolta, fé e natureza, constrói o mundo novo à base dosonho.

A melhor associação de “qualidades” e “ explicações” é:a) I – B; II – C; III – A.b) I – C; II – A; III – B.c) I – A; II – B; III – C.d) I – C; II – B; III – A.e) I – B; II – A; III – C.

22 (SANTA CASA) “Em decorrência das qualidades do Romantismo”, con-tinua Afrânio Coutinho, “há ausência de regras e formas prescritas noromântico”. Sobre isso escreve-se:

I – A regra suprema é a inspiração individual.

II – É uma constante a predominância da forma sobre o conteúdo.

III – Como o CLÁSSICO, o romântico prende-se aos fatos, e como oREALISTA, prende-se às regras.

Escreveu-se corretamente em:a) I apenas.b) II apenas.c) III apenas.d) duas das frases apenas.e) nenhuma das frases.

23 (UF MARINGÁ) Assinale a alternativa que NÃO contém característicasou tema do Romantismo brasileiro.

a) Ó Guerreiros da Taba Sagrada,Ó Guerreiros da Tribo Tupi,Falam Deuses nos cantos do Piaga,Ó Guerreiros, meus cantos ouvi.

b) Se eu morresse amanhã, viria ao menosFechar meus olhos minha triste irmã;Minha mãe de saudades morreriaSe eu morresse amanhã!

128

c) Que auroras, que sol, que vida,Que noites de melodia,Naquela doce alegria,Naquele ingênuo folgar!A terra de aromas cheia,As ondas beijando a areia,E a lua beijando o mar!

d) Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,Casualmente, uma vez, de um perfumadoContador sobre o mármore luzidio,Entre um leque e o começo de um bordado

e) Deus! Ó Deus! onde estás que não respondes?Em que mundo, em qu’estrelas tu t’escondes?Embuçado nos céus?Há dois mil anos te mandei meu grito,Que embalde desde então corre o infinito...Onde estás, Senhor Deus?

24 (FAU-SANTOS) O indianismo de nossos poetas românticos é:a) Forma de apresentar o índio em toda sua realidade objetiva. O índio

como elemento étnico da futura raça brasileira.b) Meio de reconstruir o grave perigo que o índio representava durante a

instalação da Capitania de São Vicente.c) Modelo francês, seguido no Brasil. Uma necessidade de exotismo,

em que nada difere do modelo europeu.d) Meio de eternizar liricamente a aceitação pelo índio, da nova civiliza-

ção que se instalava.e) Forma de apresentar o índio como motivo estético, idealização com

simpatia e piedade. Exaltação da bravura e de todas qualidades moraissuperiores.

25 (FUVEST-SP) “Não permita Deus que eu morra/Sem que eu volte paralá;/Sem que desfrute os primores/Que não encontro por cá;/Sem qu’indaaviste as palmeiras,/Onde canta o Sabiá.”

129

a) Aponte um aspecto temático da poesia lírica de Gonçalves Dias queressalta no texto.

b) Onde é lá? E cá?

26 (UNESP)

“lá?ah!sabiá...papá...maná...sofá. ..sinhá ..cá?bah!”

O poema acima, do poeta contemporâneo José Paulo Paes, aludeparodisticamente ao poema:a) Voz do poeta, de Fagundes Varela.b) As pombas, de Raimundo Correia.c) Círculo vicioso, de Machado de Assis.d) Canção do exílio, de Gonçalves Dias.e) Meus oito anos, de Casimiro de Abreu.

27 (UE-Londrina) Gonçalves Dias se destaca no panorama da primeirafase romântica pelas suas qualidades superiores de artista. Nele:a) a pátria é retratada de maneira que se tenha um registro fiel da sua

fauna e flora, sem interferência da emoção do poeta, como em “Can-ção do Exílio”.

b) a persistência de traços do espírito clássico impede o exagero dosentimentalismo, encontrado, por exemplo, em Casimiro de Abreu.

c) o indianismo é fiel à verdade da vida indígena, não apresentando adistorção poética observada em outros escritores.

d) protótipo do byroniano, convivem lado a lado o humor negro e oextremo idealismo.

e) predomina a poesia lírica de recuperação da infância, com acentua-do tom saudosista, tão evidente em “Meus Oito Anos”.

130

28 (U.F.BAHIA) Na poesia indianista de Gonçalves Dias encontram-se, emfalas atribuídas aos índios, expressões como “ação tão nobre vos hon-ra”, “senhores em gentileza”, “nobreza nos atos”, e outras que indicam:a) preocupação do poeta em bem traduzir a naturalidade da fala de

suas personagens.b) a idealização de uma figura convencional do índio, em moldes que o

aproximam do cavaleiro medieval.c) o desejo do poeta de documentar a elevação dos costumes dos

índios, já aculturados pelas missões religiosas.d) a intenção satírica de contrapor ao mundo inocente dos índios a fal-

sidade e o polimento da linguagem burguesa.e) o propósito do poeta de registrar a admiração que tinham os índios

pela fala e pelos hábitos dos nobres portugueses.

29 (FUND. STO. ANDRÉ) Com relação ao poema “I - Juca-Pirama”, sóNÃO está correto afirmar que:a) consta de dez partes, cujo ritmo varia de acordo com a sequência do

que vai sendo enunciado em cada uma.b) um moço guerreiro tupi cai preso entre os timbiras.c) o pai do moço aprisionado é cego e amaldiçoa o filho quando desco-

bre que ele não fora sacrificado.d) o filho, que pedira pela própria vida, pensando em valer de olhos ao

pai cego, vendo-se amaldiçoado, retorna a aldeia para lutar e morrer.e) em todas as partes de que se compõe o Poema, prevalece a voz do

“narrador”, não havendo discurso direto.

30 (MEDICINA ABC)

“Possa tu, isolado na terra,Sem arrimo e sem pátria vagando,Rejeitado da morte na guerra,Rejeitado dos homens na paz,Ser das gentes o espectro execrado;Não encontras amor nas mulheres,Teus amigos, se amigos tiveres,Tenham alma inconstante e falaz!”

131

A estrofe anterior, do poema indianista “I - Juca-Pirama”:a) é de autoria de José de Alencar.b) expressa uma visão negativa do índio, do ponto de vista do europeu.c) expressa a condenação do branco pelo índio.d) amaldiçoa o índio que fugiu ao código de honra heróico da tribo.e) expressa o gosto pelo macabro e pelo exótico, constante no Roman-

tismo.

31 (UF OURO PRETO) A afirmativa correta é:a) Gonçalves Dias em sua poesia busca a perfeição formal e o absoluto

rigor da métrica, de acordo com o que preconiza a estética romântica.b) Gonçalves Dias, quase unanimemente considerado pela crítica o nosso

primeiro grande poeta romântico, explorou o tema indianista comoafirmação da nossa nacionalidade, segundo a crença romântica, e foimais além ao mostrar-se talentoso na exaltação da natureza e pro-fundamente lírico em poemas como, por exemplo: Ainda uma vez —Adeus!, Como! És tu?, dentre outros.

c) Para Gonçalves Dias a poesia não narra, não descreve e não é didá-tica. A poesia deve apenas sugerir, pois faz uso da linguagem poéticaem oposição à linguagem utilitária da prosa, da filosofia e da ciênciaque faz uso dos signos ordinários do cotidiano.

d) Talvez tenha sido Gonçalves Dias o único grande poeta brasileiro aalcançar almejado ideal da “impassibilidade”, possibilitando, com isso,uma poesia reveladora da realidade exterior, formando, com CastroAlves, a verdadeira poesia empenhada de nossa literatura.

e) Nenhuma das alternativas está correta.

32 (CFET-PR) “Para ser poeta era necessário sofrer com desespero osembates da paixão desordenada e sentir na vida boêmia os negros pe-sares do infortúnio; era preciso descrer da felicidade e morrer jovem.”

Esta citação caracteriza a estética..., mais especificamente..., tambémconhecida como... Ela sintetiza um estado de espírito que tomou contade uma época e que chamou-se......

As lacunas acima deverão ser preenchidas, respectivamente com ostermos:

132

a) romântica – a 1a geração – ultra-romântica – Mal do Século.b) simbolista – a 3a geração – byroniana – ultra-romântica.c) romântica – a 2a geração – byroniana – Mal do Século.d) ultra-romântica – o romantismo – byroniana – Período Social.e) simbolista – a 2a geração – Mal do Século – byroniana.

33 (FAC. MED. TRIÂNGULO MINEIRO)

Já da morte o palor me cobre o rostonos lábios meus o alento desfalece,surda agonia o coração fenece,e devora meu ser mortal desgosto!

Nos versos acima, revela-se uma visão de mundo nitidamente... e deconfiguração...a) barroca – conceptista.b) barroca – cultista.c) árcade – neoclássica.d) romântica – byroniana.e) romântica – condoreira.

34 (UF-GO) O Romantismo Brasileiro passou por três fases sucessivas,também conhecidas como “gerações”, cada uma delas com caracterís-ticas marcantes. Com relação à segunda geração romântica, pode-sedizer que apresentou:

01 – poesias inspiradas na obra do poeta inglês Lord Byron.

02 – temas amorosos, preferentemente amores frustrados ou impossíveis.

04 – poemas abolicionistas, denunciando a miséria da escravidão negrano país.

08 – grandiloqüência, sendo, por isso, chamada “condoreira” a poesiadessa fase.

16 – temática indianista, como em Os Timbiras e Canção do Tamoio.

32 – poemas inspirados em lembranças da infância, como o conhecidopoema Meus Oito Anos.

64 – temas relacionados com a morte, tristeza e desencanto de viver.

Soma

a) romântica – a 1a geração – ultra-romântica – Mal do Século.b) simbolista – a 3a geração – byroniana – ultra-romântica.c) romântica – a 2a geração – byroniana – Mal do Século.d) ultra-romântica – o romantismo – byroniana – Período Social.e) simbolista – a 2a geração – Mal do Século – byroniana.

33 (FAC. MED. TRIÂNGULO MINEIRO)

Já da morte o palor me cobre o rostonos lábios meus o alento desfalece,surda agonia o coração fenece,e devora meu ser mortal desgosto!

Nos versos acima, revela-se uma visão de mundo nitidamente... e deconfiguração...a) barroca – conceptista.b) barroca – cultista.c) árcade – neoclássica.d) romântica – byroniana.e) romântica – condoreira.

34 (UF-GO) O Romantismo Brasileiro passou por três fases sucessivas,também conhecidas como “gerações”, cada uma delas com caracterís-ticas marcantes. Com relação à segunda geração romântica, pode-sedizer que apresentou:

01 – poesias inspiradas na obra do poeta inglês Lord Byron.

02 – temas amorosos, preferentemente amores frustrados ou impossíveis.

04 – poemas abolicionistas, denunciando a miséria da escravidão negrano país.

08 – grandiloqüência, sendo, por isso, chamada “condoreira” a poesiadessa fase.

16 – temática indianista, como em Os Timbiras e Canção do Tamoio.

32 – poemas inspirados em lembranças da infância, como o conhecidopoema Meus Oito Anos.

64 – temas relacionados com a morte, tristeza e desencanto de viver.

Soma

133

35 (PUCCAMP) Observe os versos abaixo:

Eu deixo a vida como deixo o tédioDo deserto, o poento caminheiroComo as horas de um longo pesadeloQue se desfaz ao dobre de um sineiro;Só levo uma saudade – é dessas sombrasQue eu sentia velar nas noites minhas...De ti, ó minha mãe, pobre coitadaQue por minha tristeza te definhas.

A seqüência de versos acima identifica, pela sugestão de suas palavrase conteúdo:

a) poeta parnasiano brasileiro, em cuja obra predomina, ao lado doamor, profunda identificação com o mar. Trata-se de Vicente deCarvalho.

b) poeta romântico brasileiro, em cuja obra predomina acentuada ten-dência byroniana. Trata-se de Alvares de Azevedo.

c) poeta romântico brasileiro da 1a geração, em cuja obra predominamo lirismo amoroso e o indianismo. Trata-se de Gonçalves Dias.

d) poeta parnasiano brasileiro, em cuja obra predominam, além do liris-mo amoroso, temas greco-latinos. Trata-se de Olavo Bilac.

e) poeta simbolista brasileiro, em cujos poemas predominam a tôni-ca da amargura e certa obsessão pelo branco. Trata-se de Cruz eSouza.

36 (PUC-RS)

“Se eu tenho de morrer na flor dos anos,Meu Deus! não seja já;Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde.Cantar o sabiá!Meu Deus, eu sinto e tu bem vês que eu morroRespirando este ar;Faz que eu viva, Senhor! dá-me de novoOs gozos do meu lar!”

134

A meiguice, a leveza, a ingenuidade e a nostalgia caracterizam esta “Can-ção do Exílio” de:a) Gonçalves Dias.b) Casimiro de Abreu.c) Álvares de Azevedo.d) Fagundes Varela.e) Castro Alves.

37 (CESCEM) Saudade da pátria, atribuição dos próprios sentimentos ànatureza, idéia de morte, medo ao amor – eis alguns dos temas român-ticos constantes que marcam a obra poética de:a) Tomás Antônio Gonzaga.b) Casimiro de Abreu.c) Olavo Bilac.d) Vicente de Carvalho.e) Alphonsus de Guimaraens.

38 (MAPOFEI-SP)

“Deus! O Deus! onde estás que não respondes?Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondesEmbuçado nos céus?Há dois mil anos te mandei meu grito,Que embalde desde então corre o infinito...Onde estás, Senhor Deus?...”

a) De quem são esses versos?b) Que contexto social revelam?

39 (FEI-SP)

“Era um sonho dantesco... O tombadilho,que das luzernas avermelha o brilho,em sangue a se banhar...”

a) Por que Castro Alves é chamado condoreiro?b) De que obra são extraídas as linhas acima?

135

40 (CESESP-PE) Sua poesia caracteriza-se pelos temas abolicionistas, pelolirismo amoroso e pela exaltação da paisagem brasileira. Sua linguagemé repleta de imagens enfáticas e hipérboles arrojadas.Esses conceitos descrevem o mundo poético de:a) Araújo Porto Alegre.b) Castro Alves.c) Casimiro de Abreu.d) Gonçalves de Magalhães.e) Gonçalves Dias.

41 (SANTA CASA)

Ó mãe do cativo, que fias à noiteà luz da candeia na choça de palha!Embala teu filho com essas cantigas...ou tece-Ihe o pano da branca mortalha.

O texto de Castro Alves faz lembrar que:a) os temas sociais, a combatividade política, o partidarismo ideológico

constituíram a tônica dominante em nossa evolução literária.b) nossa literatura, desde as primeiras manifestações literárias, esteve

prioritariamente voltada para a nova realidade que se criava nos tró-picos.

c) o romantismo elegeu temas próprios da realidade nacional, vazadosem uma linguagem despojada do elitismo clássico – o que ensejou acriação de novos públicos para a literatura.

d) a literatura que se criou entre nós marcou-se acentuadamente pelasofisticação, pelo alto nível de composição, sendo consumida, as-sim, apenas por uma elite letrada.

e) a literatura portuguesa, até o início do modernismo, foi o padrão queguiou nossa composição literária, determinando o que aqui se fez,em termos de expressão e de ideologia.

42 (UE-LONDRINA)

Mulher do meu amor! Quando aos meus beijosTreme a tua alma, como a lira ao vento,

136

Das teclas de teu seio que harmonias,Que escalas de suspiros, bebo atento;

A franqueza com que Castro Alves exprime seus desejos em relação àmulher amada, como acima se vê, permite afirmar que:a) o seu sentimentalismo amoroso é adulto, no sentido de que percorre

a gama completa da carne e do espírito.b) seus poemas falam de amores não realizados, na medida em que a

mulher é idealizada ao extremo.c) o tédio existencial da segunda geração romântica, de que é típico

representante, explica a sua concepção do amor aliado à morte.d) a Plenitude amorosa não é seu objetivo, pois preocupam-no unica-

mente problemas sociais.e) o ressentimento que envolve seu espírito impregna de aspectos ne-

gativos tudo o que o rodeia, inclusive a mulher.

43 (FIUbe-MG) Na poesia lírico-amorosa de Castro Alves, observa-se:a) uma posição platônica em relação ao amor, sobre o qual versifica em

linguagem racional e contida.b) a idealização da mulher, cantada constantemente como objeto ina-

cessível ao poeta.c) a preocupação de ocultar, por meio do excesso de figuras de lingua-

gem, os mais recônditos desejos do poeta.d) uma renovação em relação à de seus antecessores, pela expressão

ousada dos impulsos eróticos.e) a mesma timidez revelada nos devaneios líricos dos poetas da gera-

ção byroniana.

44 (PUC-RS)

“Eras na vida a pomba prediletaQue sobre o mar de angústia conduziaO ramo da esperança – Eras a estrelaQue entre névoas do inverno cintilavaApontando o caminho ao pergureiro.Eras a messe de um dourado estio.Eras o idílio de um amor sublime.”

137

O fragmento acima transcrito pertence ao poema ... de Fagundes Varela,que a crítica considera o mais significativo do poeta.a) O Cântico do Calvário.b) Juvenília.c) A Flor de Maracujá.d) A Rosa.e) O Evangelho nas Selvas.

45 (UF-GO)

01 – Castro Alves cultivou o egocentrismo, mas também, por toda umarealidade que o rodeava, num processo de universalização, cantouo amor, a mulher, a morte, o sonho e cantou a igualdade, a Repú-blica, os oprimidos.

02 – Gonçalves Dias conseguiu conciliar, em sua poesia, sua extraordi-nária inspiração, com um conhecimento profundo da língua, tiran-do dela todos os recursos estilísticos de que dispõe.

04 – A poesia de Álvares de Azevedo está quase toda vazada em triste-za e melancolia nascidas do sofrimento amoroso, muito mais ima-ginário do que real.

08 – A poesia de Fagundes Varela caracteriza-se pela simplicidade dalinguagem, fluente e sempre cativante, ao lado de uma pintura maisrealista da natureza brasileira.

16 – Mas eu, Senhor!... Eu triste, abandonada.Em meio dos desertos desgarrada,Perdida marcho em vão!Se choro... bebe o pranto a areia ardente!Talvez ... pra que meu pranto, Ó Deus clemente!Não descubras no chão!...E nem tenho uma sobra de floresta...Pra cobrir-me nem um templo restaNo solo abrasador...Quando subo às pirâmides do Egito

138

Embalde aos quatro céus chorando grito:Abriga-me, Senhor!...

No texto, extraído de Vozes d’África, de Castro Alves, a África fala elamenta sua sorte. Tal circunstância denota a firme figura de estilochamada prosopopéia.

32 – O texto anterior caracteriza, ainda, uma poesia de cunho científico.

64 – O poema acima é uma apóstrofe aos demais continentes.

Soma

46 (UNIP-SP) Assinale a característica não-aplicável à poesia romântica:a) o artista goza de liberdade na metrificação e na distribuição rítmica.b) o importante é o culto da forma, a arte pela arte.c) a poesia é primordialmente pessoal, intimista e amorosa.d) enfatiza-se a auto-expressão, o subjetivismo, o individualismo.e) a linguagem do poeta é a mesma do povo: simples, espontânea.

47 (UF-RS) O texto abaixo refere-se à questão no 48.

“A revolução romântica altera e subverte quase tudo o que era tido comoconsagrado no Classicismo. Assim, na proposta classicista, o valor bá-sico é situado na própria obra. O artista apaga-se por trás de sua reali-zação (...). O Romantismo não aceita essa concepção. Para ele, o pesonão está mais no produto; o que lhe importa é o artista e a sua auto-expressão. A objetividade da obra como valor por si deixa de ser umelemento vital do fazer artístico. A criação (...) serve apenas de recursode via de comunicação para a mensagem interior do criador.” (A.Rosenfeld – J. Guinsburg)

Em relação ao texto acima, é correto afirmar:a) o Romantismo altera os padrões clássicos de Verdade e Beleza, mas

o artista mantém sua posição de objetividade diante da obra.b) na concepção romântica de arte, o mais importante é a subjetividade

do criador e o seu modo de expressá-la na obra.

139

c) no Classicismo, o artista desaparece da obra como forma de melhorexpressar o seu eu interior.

d) por não aceitar a concepção clássica, o Romantismo acabaenfatizando a obra em si mesma e isentando o artista de uma partici-pação efetiva nela.

e) embora Classicismo e Romantismo discordem quanto à presençado artista na obra, a concepção de valor artístico, em ambos, perma-nece inalterada.

48 (ABC-SP) “Mal-do-Século” é a expressão que designa:a) O pessimismo realista que substitui a fantasia romântica.b) A angústia modernista em face da necessidade de renovação de uma

literatura nacional.c) O escândalo em que consistiu o cientificismo naturalista.d) A irreverência da poesia de Gregório de Matos, o Boca do Inferno.e) Os mórbidos excessos do sentimentalismo romântico.

49 (UF- RS) Considere as seguintes afirmações.

I – Pode-se afirmar que o Romantismo brasileiro foi a manifestação ar-tística que mais bem expressou o sentimento nacionalista desen-volvido com a Independência do país.

II – Os romancistas românticos, preocupados com a formação de umaliteratura que expressasse a cor local, criaram romances considera-dos regionais, mais pela temática do que pela liguagem.

III – A tendência indianista do Romantismo brasileiro tinha por objetivo adesmistificação do papel do índio na história do Brasil desde a colo-nização.

Quais estão corretas?a) Apenas I.b) Apenas II.c) Apenas I e II.d) Apenas I e III.e) I, II e III.

140

50 (UF-RS)Considere as afirmações abaixo sobre o Romantismo no Brasil.

I – A primeira geração de poetas românticos no Brasil caracterizou-sepela ênfase no sentimento nacionalista, tematizando o índio, a natu-reza e o amor à pátria.

II – Álvares de Azevedo, Casemiro de Abreu e Fagundes Varela,representates da segunda geração da poesia romântica, expres-sam, sobretudo, um forte intimismo.

III – A poesia de Castro Alves, cronologicamente inserida na terceirageração romântica, apresenta importantes ligações com a estéticabarroca, pela religiosidade e o tom místico da maioria dos poemas.

Quais estão corretas?a) Apenas I.b) Apenas Il.c) Apenas I e II.d) Apenas II e III.e) I, II e III.

51 (UF-PB) Os três fragmentos poéticos abaixo:

“Adeus, meu canto! É a hora da partida...O oceano do povo s’encapelaFilho da tempestade, irmão do raio,Lança teu grito ao vento da procela.”

“O guerreiro parou, caiu nos braçosDo velho pai, que o cinge contra o peito,Com lágrimas de júbilo bradando:“Este, sim, que é meu filho muito amado!“E pois que o acho enfim, qual sempre o tive,“Corram livre as lágrimas que choro,“Estas lágrimas, sim, que não desonram.”

“Era mais bela! o seio palpitando...Negros olhos as pálpebras abrindo...Formas nuas no leito resvalando...”

141

traduzem, respectivamente, as seguintes tendências do Romantismo:a) indianismo – indianismo – saudosismo.b) abolicionismo – abolicionismo – saudosismo.c) indianismo – indianismo – sensualismo.d) nacionalismo – abolicionismo – mal-do-século.e) abolicionismo – indianismo – sensualismo.

52 (UF-RO) Os fragmentos abaixo são caracteristicamente representativosdas três gerações de poetas românticos. Assinale a alternativa que ex-pressa a relação correta entre o fragmento e a geração romântica a quepertenceram.

TEXTO A

A praça! A praça é do povocomo o céu é do condor.É o antro onde a liberdadecria águias em seu calor.

TEXTO B

Se eu morresse amanhã, viria ao menosfechar meus olhos minha triste irmã;minha mãe de saudades morreria,se eu morresse amanhã.

TEXTO C

Minha terra têm palmeiras,onde canta o Sabiá;as aves, que aqui gorjeiam,não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,nossas várzeas têm mais flores,nossos bosques têm mais vida,nossa vida mais amores.

142

a) Texto A – 3a Geração, Texto B – 1a Geração, Texto C – 1a Geração.b) Texto A – 3a Geração, Texto B – 2a Geração, Texto C – 1a Geração.c) Texto A – 1a Geração, Texto B – 3a Geração, Texto C – 3a Geração.d) Texto A – 3a Geração, Texto B – 1a Geração, Texto C – 2a Geração.e) Texto A – 2a Geração, Texto B – 3a Geração, Texto C – 3a Geração.

53 (UF-RS)

“Ontem a Serra Leoa,A Guerra, a caça ao leão,O sono dormido à toaSob as tendas da amplidão...Hoje...o porão negro, o fundolnfecto, apertado, imundo,Tendo a peste por jaguar...E o sono sempre cortadoPelo arranco de um finado,E o baque de um corpo ao mar...”

Nesta estrofe de .........., de Castro Alves, os versos de ............ sílabasmétricas evocam, num primeiro momento, a........... dos negros em suaterra natal, contrastando, na segunda parte, com imagens que indiciamos rigores da ............ .

Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas do textoacima.a) “Vozes d’África” — dez — luta — partida.b) “Canção do Exílio” — sete — tranqüilidade — solidão.c) “Navio Negreiro” — sete — liberdade — escravidão.d) “Mocidade e Morte” — oito — passividade — prisão.e) “Cachoeira de Paulo Afonso” — dez — caçada — luta.

54 (UF-RO) Castro Alves, na sua poesia de inspiração social:a) Toma o escravo como motivo, desenha-o com fidelidade e sem

idealização romântica.b) Difere dos outros românticos brasileiros por exprimir suas idéias e

imagens liberais com cuidado formal, equilíbrio e moderação.

a) Texto A – 3a Geração, Texto B – 1a Geração, Texto C – 1a Geração.b) Texto A – 3a Geração, Texto B – 2a Geração, Texto C – 1a Geração.c) Texto A – 1a Geração, Texto B – 3a Geração, Texto C – 3a Geração.d) Texto A – 3a Geração, Texto B – 1a Geração, Texto C – 2a Geração.e) Texto A – 2a Geração, Texto B – 3a Geração, Texto C – 3a Geração.

53 (UF-RS)

“Ontem a Serra Leoa,A Guerra, a caça ao leão,O sono dormido à toaSob as tendas da amplidão...Hoje...o porão negro, o fundolnfecto, apertado, imundo,Tendo a peste por jaguar...E o sono sempre cortadoPelo arranco de um finado,E o baque de um corpo ao mar...”

Nesta estrofe de .........., de Castro Alves, os versos de ............ sílabasmétricas evocam, num primeiro momento, a........... dos negros em suaterra natal, contrastando, na segunda parte, com imagens que indiciamos rigores da ............ .

Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas do textoacima.a) “Vozes d’África” — dez — luta — partida.b) “Canção do Exílio” — sete — tranqüilidade — solidão.c) “Navio Negreiro” — sete — liberdade — escravidão.d) “Mocidade e Morte” — oito — passividade — prisão.e) “Cachoeira de Paulo Afonso” — dez — caçada — luta.

54 (UF-RO) Castro Alves, na sua poesia de inspiração social:a) Toma o escravo como motivo, desenha-o com fidelidade e sem

idealização romântica.b) Difere dos outros românticos brasileiros por exprimir suas idéias e

imagens liberais com cuidado formal, equilíbrio e moderação.

143

c) Usa a linguagem dos românticos da 2a Geração, cujas idéias e ima-gens reflete.

d) Retira sua força expressiva de metáforas e termos de comparaçãogeralmente referentes a aspectos grandiosos do universo.

e) Analisa o problema da escravatura, sem, contudo, condenar a utiliza-ção da mão-de-obra servil.

55 (UF-BA) Castro Alves – como poeta romântico da quarta geração –rejeita o escapismo e assume uma atitude de compromisso reformistaante a realidade social de sua época.Assinale a proposição ou proposições que comprovam a afirmativa acima.

(01) “Branco cisne, que vogavas/Das harmonias no mar,/Pomba erran-te de outros climas,/Vieste aos cerros pousar./Inda bem. Sob ospalmares/Na voz do condor, dos mares,/Nas serranias, dos céus.../Sente o homem – que é poeta./Sente o vate – que é profeta/Senteo profeta – que é Deus.”

(02) “Assim, minh’alma, assim um dia adormeceste/Na floresta ideal daardente mocidade.../Abria a fantasia – a pétala celeste.../Zumbia osonho d’ouro em doce obscuridade...Assim, minh’alma deste o seio (ó dor imensa!)/Onde a paixão corriaindômita e fremente!/Assim bebeu-te a vida, a mocidade e a cren-ça,/Não boca de mulher... mas de fatal serpente!...”

(04) “República!...Vôo ousado/Do homem feito condor!/Raio de aurorainda oculta/Que beija a fronte ao Tabor!/Deus! Por qu’enquanto queo monte/Bebe a luz desse horizonte,/Deixas vagar tanta fronte,/Novale envolto em negror?!...”

(08) “É o grito dos Cruzados/Que brada aos moços – ‘De pé!’/É o soldas liberdades/Que espera por Josué!.../São bocas de mil escra-vos/Que transformaram-se em bravos/Ao cinzel da abolição./E – àvoz dos libertadores –/Reptis saltam condores,/A topetarn’amplidão!...”

(16) “Basta!...Eu sei que a mocidade/É o Moisés no Sinai;/Das mãos doEterno recebe/As tábuas da lei! – Marchai!/Quem cai na luta com

144

glória,/Tomba nos braços da História,/No coração do Brasil!/Mo-ços, do topo dos Andes,/Pirâmides vastas, grandes,/Vos contem-plam sécl’os mil!”

(32) “Parei...Volvi em torno os olhos assombrados.../Ninguém! A soli-dão pejava os descampados.../Restava inda um segundo...um sóp’ra me salvar;/Então reuni as forças, ao céu ergui o olhar..../E dopeito arranquei um pavoroso grito,/Que foi bater em cheio às por-tas do infinito!/Ninguém! Ninguém me acode...”

56 (UNICAMP-SP) Casimiro de Abreu é um poeta romântico e Cacasoé um poeta contemporâneo. “E com vocês a Modernidade”, deCacaso, remete-nos ao poema “Meus oito anos”, de Casimiro deAbreu. Leia, com atenção, os dois textos a seguir transcritos e, apro-ximando seus elementos comuns e distinguindo os elementos diver-gentes, explique como o poema contemporâneo dialoga com a tra-dição romântica.

“Oh! que saudades que tenhoDa aurora da minha vida,Da minha infância querida,Que os anos não trazem mais!

Que amor, que sonhos, que floresNaquelas tardes fagueirasÀ sombra das bananeirasDebaixo dos laranjais!”

(Casimiro de Abreu, “Meus oito anos”)

“Meu verso é profundamente romântico.Choram cavaquinhos luares se derramam e vaipor aí a longa sombra de rumores e ciganos.Ai que saudade que tenho de meus negros verdes anos!”

(Cacaso, “E com vocês a Modernidade”,poema de Beijo na boca, 1975)

145

57 (FUVEST)

“Em frente do meu leito, em negro quadroA minha amante dorme. É uma estampaDe bela adormecida. A rósea faceParece em visos de um amor lascivoDe fogos vagabundos acender-se...”

Esses versos de Álvares de Azevedo, da Lira dos Vinte Anos apóiam aseguinte afirmação sobre o conjunto “Idéias íntimas”, de onde foramextraídos:

a) Em versos brancos e em ritmo fluente, o discurso poético combinanotações realistas e fantasias amorosas.

b) A lascívia, combinada com a sátira, elimina a possibilidade de lirismoamoroso, reservado para a segunda parte do livro.

c) No espaço do quarto, o poeta vinga-se das frustrações amorosas,satirizando a imagem de sua amada.

d) Imaginando-se pintor, o poeta vai esboçando num quadro as figurasda virgem romântica e da amante calorosa.

e) Os decassílabos e o lirismo intimista são traços que já fazem anteveras tendências poéticas da geração seguinte.

58 (FUVEST) Tomadas em conjunto, as obras de Gonçalves Dias, Álva-res de Azevedo e Castro Alves demonstram que, no Brasil, a poesiaromântica:

a) pouco deveu às literaturas estrangeiras, consolidando de forma ho-mogênea a inclinação sentimental e o anseio nacionalista dos escri-tores da época.

b) repercutiu, com efeitos locais, diferentes valores e tonalidades da lite-ratura européia: a dignidade do homem natural, a exacerbação daspaixões e a crença em lutas libertárias.

c) constituiu um painel de estilos diversificados, cada um dos poetascriando livremente sua linguagem, mas preocupados todos com aafirmação dos ideais abolicionistas e republicanos.

146

d) refletiu as tendências ao intimismo e à morbidez de alguns poetaseuropeus, evitando ocupar-se com temas sociais e históricos, tidoscomo prosaicos.

e) cultuou sobretudo o satanismo, inspirado no poeta inglês Byron, e amemória nostálgica das civilizações da Antigüidade clássica, repre-sentadas por suas ruínas.

(Romantismo – Prosa/Teatro)

1 (UFP)Em linhas gerais, o romance A Moreninha, de Joaquim Manoel deMacedo, é:a) o relato de uma história de fidelidade ao amor de infância, na socie-

dade brasileira do século passado.b) a crônica de um caso amoroso ocorrido em fins do século XVII nas

imediações do Rio de Janeiro.c) uma história baseada no problema da escravidão, na sociedade bra-

sileira do Segundo Império.d) a história dramática de uma heroína às voltas com um amor impossível.e) uma história que mostra a oposição Roça/Corte no século passado,

através de um episódio amoroso.

2 (UFP) Entre os períodos da História da Literatura Brasileira, aponte aqueleque conteve, em germe, as propostas nacionalistas, quanto à temáticae à língua, do Movimento Modernista de 1922:a) Romantismo.b) Parnasianismo.c) Simbolismo.d) Naturalismo.e) Neo-Parnasianismo.

3 (FUVEST-SP) “Sua ambição literária era, contudo, imensa e pode seraferida, não só por sua produção romanesca, como pelo projeto gigan-tesco que delineara de maneira bem significativa, na sua discutidíssimaintrodução ao romance Sonhos d’ouro. Está fora de dúvida que (o ro-

147

mancista) considerava sua obra como fator primacial da criação real-mente orgânica de nossa literatura.” (Eugênio Gomes)O romancista a que se refere o crítico é:a) João Guimarães Rosa.b) Machado de Assis.c) Coelho Neto.d) José de Alencar.e) Jorge Amado.

4 (UF-MS) Avaliando-se a contribuição de José de Alencar para a literatu-ra brasileira, pode-se afirmar que é extremamente significativa, porque oautor:a) empenhou-se no projeto nacionalista de expressar esteticamente tem-

pos e espaços distintos da realidade.b) foi quem primeiro utilizou a figura do índio em nossas letras.c) se concentrou inteiramente na expressão da sociedade rural, anali-

sando com finura os hábitos burgueses.d) se concentrou na produção de uma literatura dramática em que era

proeminente a figura do escravo.e) superou o Romantismo de seus contemporâneos, lançando entre

nós um romance realista de universal.

5 (UF-RO) A obra de José Alencar expressa a tentativa romântica de pro-porcionar um painel do Brasil do século XIX. Didaticamente, ela costu-ma ser dividida em quatro modalidades. Assinale a alternativa que ex-pressa essas tendências básicas da prosa alencarina.a) Romance urbano, romance histórico, romance regional e romance

indianista.b) Romance engajado, romance político, romance rural e romance

histórico.c) Romance histórico, romance urbano, romance engajado e romance

picaresco.d) Romance picaresco, romance urbano, romance de costumes e ro-

mance rural.e) Romance rural, romance urbano, romance picaresco e romance

político.

148

6 CESCEM-SP) “A sua ficção abrange tanto,as regiões urbanas quantoas rurais; sem limitar-se à sua época, deu uma visão histórica, e às ve-zes mítica, de nossa formação como povo”.Esse trecho descreve a obra de:a) Graciliano Ramos.b) José de Alencar.c) Manuel Antonio de Almeida.d) Guimarães Rosa.e) Lima Barreto.

7 (UFRN) O Guarani e Iracema destacam-se dos romances românticosbrasileiros porque José de Alencar, na tentativa de retomar ao passado,procura:a) criar um ambiente medieval, cheio de mistérios.b) na cidade, o lugar de refrigério, de tranqüilidade, onde o seu espírito

pode encontrar a paz.c) novas situações que o conduzem às terras distantes, às paisagens

exóticas orientais.d) mostrar o sofrimento do homem escravizado, nas terras baianas dos

senhores do cacau.e) identificar-se com as origens da nacionalidade brasileira exaltando o

índio.

8 (FUVEST-SP) Sobre o romance indianista de José de Alencar, pode-seafirmar que:a) analisa as reações psicológicas da personagem como um efeito das

influências sociais.b) é um composto resultante de formas originais do conto.c) dá forma ao herói amalgamando-o à vida da natureza.d) representa contestação política ao domínio português.e) mantém-se preso aos modelos legados pelos clássicos.

9 (UF-MG) Leia a afirmativa a seguir, em que José de Alencar critica avisão dos cronistas europeus sobre os indígenas.

Os historiadores, cronistas e viajantes da primeira época, se não de todoo período colonial, devem ser lidos à luz de uma crítica severa. (...) Ho-

149

mens cultos, filhos de uma sociedade velha e curtida por longo trato deséculos, queriam esses forasteiros achar nos indígenas de um mundonovo e segregado da civilização universal uma perfeita conformidade deidéias e costumes.

Apesar de sua visão crItica, Alencar, em Iracema, adota a mesma atitu-de, quandoa) apresenta metaforicamente o índio como representante do homem

brasileiro.b) atribui às personagens indígenas um comportamento baseado em

códigos europeus.c) recupera, para a literatura, a memória da fauna, da flora e da toponímia

indígenas.d) tenta ser fiel ao espírito da Iíngua índígena na composição das

imagens.

10 (CESCEM) Em uma de suas obras mais importantes, José de Alencarapresenta uma visão Iírica da miscigenação no Brasil. A propósito desseromance, o Autor afirma: “Quem não pode ilustrar a terra natal, canta assuas lendas, sem metro, na rude toada de seus antigos filhos.” A obraem questão é:a) Diva.b) Senhora.c) O Gaúcho.d) Cinco Minutos.e) Iracema.

11 (UF-SC) Marque a(s) proposição(ões) que se refere(m) à obra Iracemade José de Alencar.

01. O sentimento que Peri nutre por Cecília é sempre mostrado comoadoração.

02. A fala de Seixas é totalmente baseada em leis, lucros, dever e haver,desenvolvendo o tema deixado por Aurélia da primeira vez, quandoo acusou de ser um homem vendido.

150

04. O romance desenvolve a lenda da fundação do Ceará, a históriados amores de uma índia com um branco, e do ódio entre as tribostabajara e potiguara.

08. A personagem principal é claramente identificada com a naturezalocal: “virgem dos lábios de mel”; “cabelos mais negros que a asada graúna e mais longos que o talhe da palmeira”; “mais rápida quea ema selvagem”.

16. A poesia indianista é como antevisão Iírica e épica das nossas ori-gens, revigorando as intenções nacionalistas do Romantismo.

Soma

12 (FUVEST-SP) “O primeiro cearense, ainda no berço, emigrava da terrada pátria. Havia aí a pré-destinação de uma raça?”

Eis aí uma reflexão sob a forma de pergunta que o autor, ............., faz asi mesmo – com toda propriedade, e por motivos que podemos inter-pretar como pessoais –, ao finalizar o romance .......... .

Assinale a alternativa que completa os espaços.a) José Lins do Rego – Menino de Engenho.b) José de Alencar – Iracema.c) Graciliano Ramos – São Bernardo.d) Aluísio Azevedo – O Mulato.e) Graciliano Ramos – Vidas Secas.

13 (Mackenzie-SP) Assinale a alternativa que não se aplica ao romanceIracema, de José de Alencar.a) Iracema, virgem tabajara, apaixona-se por Martim, jovem cavaleiro

português.b) Do amor da índia com Martim, nasce Moacir, o primeiro cearense.c) O livro tem correspondentes históricos, pois é inspirado na história

dos primeiros colonizadores portugueses.d) A jovem heroína é defendida por Peri, um índio goitacá.e) Iracema morre, segundo os preceitos anunciados pelas divindades

indígenas.

151

14 (UF-PI) Em O Guarani, de José de Alencar, a ação ocorre no período daa) transferência da família real para o Brasil.b) dominação do Brasil pela Espanha.c) invasão do Brasil pelos franceses.d) divisão do Brasil em capitanias hereditárias.e) Inconfidência Mineira.

15 (UFG)

“... um índio na flor da idade.Uma simples túnica de algodão, a que os indígenas chamavam aimará,apertada à cintura por uma faixa de penas escarlates, caía-lhe dos om-bros até o meio da perna, e desenhava o talhe delgado e esbelto comoum junco selvagem.Sobre a alvura diáfana do algodão, a sua pele, cor de cobre, brilhavacom reflexos dourados; os cabelos pretos cortados rentes, a tez lisa, osolhos grandes com os cantos exteriores erguidos para a fronte; a pupilanegra, móbil, cintilante; a boca forte, mas bem modelada e guarnecidade dentes alvos, dava ao rosto um pouco oval a beleza inculta da graça,da força e da inteligência.”

(José de Alencar, O Guarani)

Esse trecho pertence a um dos mais conhecidos romances brasileirosda época do Romantismo. Pode-se afirmar que:

01 – O Guarani está de acordo com a doutrina, então corrente, do “bomselvagem”, proposta por Rousseau, que dizia ser o homem primiti-vo essencialmente bom. Sua corrupção, quando ocorria, devia-seà sociedade.

02 – Na descrição acima, o autor retrata o índio Ubirajara, protagonistado romance.

04 – A escolha do vocabulário, em especial dos adjetivos, assim comoas metáforas utilizadas, denunciam claramente o objetivo deidealização do índio por parte do autor.

152

08 – Percebe-se uma afinidade muito grande entre Alencar e GonçalvesDias na forma como abordaram a questão do índio brasileiro emseus textos literários. Um confronto entre O Guarani e I-Juca Piramacomprova isso.

16 – Alencar não se restringiu a escrever romances indianistas, tendoproduzido também textos com temática urbana, regionalista e his-tórica.

Soma

16 (OSEC) Quais destes romances de Alencar são urbanos:a) Til e O Sertanejo.b) Senhora e Diva.c) Senhora e Iracema.d) Iracema e Lucíola.

17 (FUVEST) Texto para as questões A e B.

“Era o cavaleiro moço de vinte e dois anos quando muito, alto, de talhedelgado, mas robusto. Tinha a face tostada pelo sol e sombreada porum buço negro e já espesso. Cobria-lhe a fronte larga um chapéu desa-bado de baeta preta. O rosto comprido, o nariz adunco, os olhos vivose cintilantes davam à sua fisionomia a expressão brusca e alerta dasaves de altaneria. Essa alma devia ter o arrojo e a velocidade do vôo dogavião.” (José de Alencar, O Gaúcho)

A. 1) A que grupo das obras de Alencar pertence O Gaúcho?2) Cite dois outros grupos de romances do mesmo autor.

B. 1) Quanto ao tipo de composição, como se pode classificar o textotranscrito?

2) Que recurso lingüístico mais caracteriza esse tipo de composição?

18 (Santa Casa-SP) Analisando as várias linhas de seu projeto de escritor,José de Alencar vincula-se às grandes fases da vida brasileira. Assim,sua ficção abrange:

153

I – as lendas e mitos da terra selvagem e conquistada.

II – o romance histórico, ambientado no período colonial.

III – uma literatura de cor local, regionalista, capaz de apanhar “tradi-ções, costumes e linguagens” do nosso povo.

Prendem-se a essas três linhas, respectivamente, seus romances:a) As Minas de Prata, Senhora e Iracema.b) Senhora, O Gaúcho e A Viuvinha.c) Iracema, O Guarani e O Gaúcho.d) O Guarani, Iracema e Senhora.e) A Viuvinha, O Gaúcho e As Minas de Prata.

19 (UF-SE)A imagem da mulher triparte-se na mulher-pureza, que enobrece com oseu amor sincero; na mulher-sedução, que se torna corruptora; e na-quela que, envilecida, pode ser redimida pelo amor. Esse tratamentodado à figura feminina pode ser encontrado ema) O Cortiço, de Aluísio Azevedo.b) romances de José de Alencar.c) Dom Casmurro, de Machado de Assis.d) romances de Lima Barreto.e) O Ateneu, de Raul Pompéia.

20 (CESCEM) Obedecendo embora a uma visão do mundo e a uma estrutu-ra romântica, certo romance de José de Alencar releva, no tratamento dotema, inquietações de caráter sociológico, que, mais tarde, figurariam entreas preocupações realistas: é o problema da degenerescência emocio-nal em face do lucro. A obra em questão é:a) Diva.b) Senhora.c) Cinco Minutos.d) A Viuvinha.e) Iracema.

154

21 (FAU-SANTOS)Em Senhora, romance de José de Alencar, encontra-se:a) A decadência de uma mulher que se deixa envolver pelas seduções

e entrega-se à paixão.b) O heroísmo de virtude na altivez de uma mulher, que resiste a todas

as seduções, aos impulsos da própria paixão, como ao arrebata-mento dos sentidos.

c) A inocência de uma jovem que não sabe reagir às agressões da socie-dade e à indiferença do amor.

d) A experiência de uma mulher vivida, que, ao narrar a uma amiga, aslembranças da juventude, reencontra o verdadeiro sentido do amor.

e) O egoísmo de uma mulher sem caráter, que destrói irremediavelmen-te a própria família e a sociedade que a cerca.

22 (UF-SC) Assinale a(s) proposição(ões) cujo(s) texto(s) pertence(m) à obraSenhora, de José de Alencar.

01. “Então Seixas abriu a carteira e tirou com o cheque vinte e ummaços de notas, de um conto de réis cada um, além dos quebra-dos que depositou em cima da mesa.”

02. “Os artifícios do galanteio com que muitas realçam seus encan-tos: a tática de ratear seus sorrisos e carinhos, ou negaceá-lospara irritar o desejo, nem os sabia Aurélia, nem teria coragempara usá-los.”

04. “– Agora, meu marido, se quer saber a razão por que o comprei depreferência a qualquer outro, vou dizê-la; e peço que não me inter-rompa. Deixe-me vazar o que tenho dentro desta alma, e que háum ano a está amargurando e consumindo.”

08. “Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos maisnegros que a asa da graúna e mais longos que o talhe da palmeira.”

16. “Peri estava de novo junto de sua senhora quase inanimada; e,tomando-a nos braços. disse-lhe com aceno de ventura suprema:– Tu viverás!”

Soma

155

23 (UNICAMP) O narrador de Senhora, romance de José de Alencar, des-creve assim o aposento de Fernando Seixas:

A um canto do aposento notava-se um sortimento de guarda-chuvas ebengalas, algumas de muito preço. Parte destas naturalmente provinhade mimos, como outras curiosidades artísticas, em bronze e jaspe, ati-radas para baixo da mesa, e cujo valor excedia de certo ao custo detoda a mobília da casa.Um observador reconheceria nesse disparate a prova material de com-pleta divergência entre a vida exterior e a vida doméstica da pessoa queocupava esta parte da casa.Se o edifício e os móveis estacionários e de uso pessoal denotavamescassez de meios, senão extrema pobreza, a roupa e os objetos derepresentação anunciavam um trato de sociedade, como só tinham ca-valheiros dos mais ricos e francos da corte.

a) A descrição acima dá especial atenção a uma característica de Seixasque está diretamente relacionada ao rompimento de seu noivado comAurélia. Que característica é essa?

b) Explique por que essa característica terá grande importância no mo-mento da reconciliação das duas personagens.

24 (UF-ES) A leitura de Lucíola, de José de Alencar, revela a(o)a) preferência pelo uso de regionalismos.b) visão idealizada da mulher, mesmo em seus aspectos negativos.c) sentimento indianista do autor.d) preocupação em exaltar a natureza.e) descrição materialista e carnal do amor.

25 (UF-ES) Em relação ao romance Lucíola, de José de Alencar, só NÃO écorreto dizer quea) analisa o drama íntimo de uma mulher, dividida entre o amor conjugal

e a riqueza material.b) é escrito em forma de cartas, que serão reunidas e publicadas pela

senhora que aparece no texto.c) o narrador em 1a pessoa retrata um perfil de mulher aparentemente

mundana e frívola.

156

d) o protagonista relata, através de sua visão romântica, a sina da pros-tituição de Lúcia.

e) o autor revela aspectos negativos dos costumes burgueses do Riode Janeiro de cem anos atrás.

26 (UF-MG) Todas as afirmativas podem ser comprovadas em Lucíola, deJosé de Alencar, exceto:a) a narrativa, feita em terceira pessoa, revela a objetividade do autor na

análise das personagens.b) o passado revela-se como elemento condutor da narrativa e critério

de desvendamento psicológico das personagens.c) o narrador, por meio de antíteses, traça-nos o perfil da heroína – mulher

a um tempo demoníaca e angélica.d) o amor assume papel preponderante como retificador de condutas e

de sentimentos humanos.e) o romance critica a sociedade burguesa da época, que tudo sujeita

ao dinheiro e às aparências.

27 (CESGRANRIO-RJ) Assinale a afirmativa falsa:a) Diva é protagonista de um dos romances urbanos de José de Alencar.b) Peri é herói mítico de nossa literatura.c) Na referência a Peri, vê-se a réplica a uma crítica que, indevidamente,

quer conferir a realidade poética pela realidade histórica.d) Diva é um dos romances de José de Alencar que pertence ao mes-

mo grupo de As Minas de Prata.e) José de Alencar pretendeu que sua obra abrangesse toda a realida-

de espaço-temporal do Brasil.

28 (MEDICINA-ABC) Assinale a alternativa correta:Romance único no Romantismo, a rigor uma novela “picaresca”, apre-ende, ironiza e fixa o Brasil do Primeiro Império. Assim é:a) A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo.b) Guerra dos Mascates, de José de Alencar.c) Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida.d) A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães.e) O Cabeleira, de Franklin Távora.

157

29 (UF-RO) Trata-se de uma obra totalmente inovadora para a sua épocana proporção em que abandona a visão ingênua e idealizada da bur-guesia urbana para retratar o povo em toda a sua simplicidade. Poder-se-ia afirmar que esse romance faz a transição entre a prosa românticae a prosa realista. Referimo-nos a ...................................., de................................... .Assinale o item que completa as lacunas.a) Grande Sertão: Veredas, Guimarães Rosa.b) O Ateneu, Raul Pompéia.c) A Moreninha, J. Manuel de Macedo.d) Memórias de um Sargento de Milícias, Manuel Antônio de Almeida.e) Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis.

30 (FUVEST) Indique a alternativa que se refere corretamente ao protago-nista de Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio deAlmeida.a) Ele é uma espécie de barro vital, ainda amorfo, a que o prazer e o

medo vão mostrando os caminhos a seguir, até sua transformaçãofinal em símbolo sublimado.

b) Enquanto cínico, calcula friamente o carreirismo matrimonial; mas osujeito moral sempre emerge, condenando o próprio cinismo ao in-ferno da culpa, do remorso e da expiação.

c) A personalidade assumida de sátiro é a máscara de seu fundo Iírico,genuinamente puro, a ilustrar a tese da “bondade natural”, adotadapelo autor.

d) Este herói de folhetim se dá a conhecer sobretudo nos diálogos, nosquais revela ao mesmo tempo a malícia aprendida nas ruas e o idea-lismo romântico que busca ocultar.

e) Nele, como também em personagens menores, há o contínuo e di-vertido esforço de driblar o acaso das condições adversas e a avidezde gozar os intervalos da boa sorte.

31 (PUC-RS)A vida carioca na época de .................. é retratada com vivacidade, demaneira intencionalmente ............., numa linguagem ................, emMemórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida.

158

a) Mem de Sá – histórica – desalinhada.b) Duarte Coelho – biográfica – retórica.c) D. Maria I – folhetinesca – pedante.d) D. João VI – humorística – simples.e) D. Pedro I – sentimental – popular.

(FEI-SP) Leia com atenção o texto abaixo, para responder às questões32 e 33.

“Luisinha pôs-se a chorar, mas como choraria por qualquer vivente, por-que tinha coração terno.Estavam presentes algumas pessoas da vizinhança, e uma delas dissebaixinho à outra, vendo o pranto de Luisinha:– Não são lágrimas de viúva.E não eram, nós já o dissemos. O mundo faz disso as mais das vezesum crime. E os antecedentes?Por ventura ante seu coração fora José Manoel marido de Luisinha?Nunca o fora senão ante as conveniências, e para as conveniênciasaquelas lágrimas bastavam. Nem o médico nem D. Maria se haviamenganado: à noitinha, José Manoel expirou.No dia seguinte fizeram-se os preparativos para o enterro. A comadre,informada de tudo, compareceu pesarosa a prestar seus bons ofícios,suas consolações.O enterro saiu acompanhado pela gente da amizade: os escravos dacasa fizeram uma algazarra tremenda. A vizinhança pôs-se toda à janelae tudo foi analisado, desde as argolas do caixão até o número e qualida-de dos convidados; e sobre cada um desses pontos apareceram trêsou quatro opiniões diversas.Naqueles tempos ainda se não usavam os discursos fúnebres, nem osnecrológios, que hoje andam tanto em voga; escapamos, pois, de maisessa. José Manoel dorme em paz no seu derradeiro jazigo.”

32 a) Por que as lágrimas de Luisinha não eram de viúva?b) Em que expressão do texto o autor estabelece um dialogo com o

leitor?

33 De que elementos se serviu a vizinhança para avaliar o falecido?

159

* gracioso

34 (FUVEST)

“Em 1853, levado pelo seu trabalho de jornalista em busca de assunto,forçado pelas exigências da publicação periódica, mas dominando agil-mente essas condições, .... iniciava em folhetins do Correio Mercantil assuas .... . Estes folhetins iriam constituir um dos romances mais Interes-santes da ficção americana.”

(Mário de Andrade)

a) Escreva os nomes do romancista e do romance que preenchem, res-pectivamente, os claros do texto acima.

b) Indique duas personagens principais desse romance.

35 (FUVEST) Entre as obras mais comentadas do Visconde de Taunayestão: O Encilhamento, A Retirada da Laguna e, principalmente, o ro-mance:a) A Moreninha. d) Rosa.b) Inocência. e) A Escrava Isaura.c) Clarissa.

36 (PUC-PR)

“A tez é como o marfim do teclado, alva que não deslumbra, embaçadapor uma nuança delicada, que não sabereis dizer se é leve palidez oucor-de-rosa desmaiada. O colo donoso* e do mais puro lavor sustentacom graça inefável o busto maravilhoso. Os cabelos soltos e fortementeondulados se despenham caracolando pelos ombros em espessos eluzidios rolos...”

Bernardo Guimarães, nesta passagem, não está certamente copiandoa realidade quando descreve de maneira tão peculiar uma escrava doperíodo pré-republicano. Esse procedimento associa-o naturalmente aomovimentoa) modernista.b) parnasiano.c) realista.

160

d) romântico.e) simbolista.

37 (UF-RS)Considere as seguintes afirmações.I – Em O Seminarista e A Escrava Isaura, Bernardo Guimarães revelou

o drama vivido pelos sertanejos, vítimas da miséria e do abandono.II – Em Lucíola e Senhora, José de Alencar discute, criticamente, os

preconceitos, a hipocrisia e outros problemas morais da sociedadeurbana carioca do século XIX.

III – Joaquim Manuel de Macedo, seguindo os padrões literários dosfolhetins europeus, criou o primeiro romance romântico brasileiro,revelando sua visão idealista da realidade.

Ouais estão corretas?a) Apenas I.b) Apenas II.c) Apenas III.d) Apenas II e III.e) I, II, III.

38 (FGV) A literatura teatral, no Brasil,a) teve larga tradição, desde os tempos coloniais, e desenvolveu-se

amplamente a partir do século XVIII.b) tem seu início com o simbolismo, por efeito de influências européias.c) data da fase realista, com a introdução do teatro de revistas e de

operetas.d) começou a ser significativa a partir da época romântica, quer pela

quantidade de produção, quer pelo interesse por temas nacionais.e) é relativamente recente, pois surgiu somente com o modernismo,

época em que foram introduzidos os temas nacionais.

39 (UFPA-PA) Marque a única alternativa certa a respeito de GonçalvesDias e de Martins Pena:a) escreveram peças de teatro rigorosamente de acordo com as leis do

teatro clássico.b) deixaram-nos excelentes poemas líricos.

161

c) escreveram peças teatrais em que se constata influência do Roman-tismo.

d) tiveram seus dramas históricos representados, na época, com gran-de sucesso.

e) evitaram em suas peças de teatro o uso de linguagem simples e direta.

40 (CESCEM)“É a fatalidade da terra a que eu quis escrever, aquela fatalidade quenada tem de Deus e tudo dos homens, que é filha das circunstâncias eque dimana toda dos nossos hábitos de civilização.” Este pressupostoorientou a composição de um drama romântico de Gonçalves Dias.Trata-se de:a) O Demônio Familiar.b) Verso e Reverso.c) Leonor de Mendonça.d) O Juiz de Paz na Roça.e) Gonzaga.

41 (CESCEM-SP) Martins Pena é considerado um dos criadores do teatroromântico brasileiro.Escreveu:a) comédias em verso, filiadas à mais pura tradição vicentina, versando

situações cômicas universais.b) comédias em prosa, de ação rápida, em linguagem coloquial, ricas

em traços caricaturescos.c) tragédias em verso, inspiradas em problemas universais e ricas de

significado humano.d) dramas inspirados em episódios da história do Brasil, enriquecidos

de incidentes fictícios.e) dramas de crítica social, inspirados na observação dos costumes

regionais brasileiros.

42 (PUC-RS) Entre as características do teatro de Martins Pena, salien-tam-se o mundo .............. e a linguagem ................ .a) da roça, coloquial.b) da cidade, irônica.

162

c) nobre, sentimental.d) histórico, sóbria.e) trágico, culta.

43 (UCP-PR)Coube a ............... atingir o ponto mais alto do teatro romântico brasilei-ro. Numa linguagem simples e correta, retratou os variados tipos dasociedade do século XIX:a) Martins Pena.b) Procópio Ferreira.c) Joaquim Manuel de Macedo.d) Machado de Assis.e) Cornélio Pena.

44 (F.C.C.-Medicina S.J. do Rio Preto e Jundiaí)O Noviço, de Martins Pena e O Demônio Familiar, de José de Alencar,entre tantas outras obras do gênero, lembram o fato de que os român-ticos:a) buscaram criar um teatro nacional.b) fizeram teatro indianista, inspirado no medievalismo e no primitivismo

dos autos de Anchieta.c) compuseram produção teatral orientada pela tragédia clássica.d) deram, com a revista e o “vaudeville”, início ao teatro popular.e) deram seguimento à intensa produção teatral que marcou, desde as

origens, nosso desenvolvimento literário.

45 (PUC-RS) Como bem demonstrou em O Judas em sábado de aleluia, apreferência teatral de Martins Pena recaiu sobre a comédia ......., escritaem ....... .a) social – verso rimado.b) de costumes – prosa simples.c) psicológica – versos brancos.d) histórica – prosa rimada.e) clássica – verso alexandrino.

163

REALISMO /NATURALISMO /PARNASIANISMO(1881-1893)

Rep

rodu

ção

Os trabalhadores foram tema do Realismo,aqui demonstrado por Os raspadores de

assoalho, de Caillebotte, de 1875.

164

REALISMO/NATURALISMO/

PARNASIANISMO: século XIX

CONTEXTO HISTÓRICO: • Segunda Revolução Industrial• cientificismo: socialismo científico

positivismoevolucionismodeterminismo

• conseqüências da Guerra do Paraguai• libertação dos escravos• fim da Monarquia e proclamação da República• imigração

CARACTERÍSTICAS: • objetividade• predomínio da razão• observação, análise e denúncia dos males sociais• criação do romance de análise (Realismo)• aceitação de determinismos científicos (Naturalismo)

AUTORES: Realismo: Machado de Assis/Raul PompéiaNaturalismo: Aluísio Azevedo/Inglês de Sousa/Júlio Ribeiro/Adolfo Caminha/Domingos OlímpioParnasianismo: Alberto de Oliveira/Raimundo Correia/Olavo Bilac

Parnasianismo (poesia)

• racionalismo, objetivismo, impessoalidade

• perfeição formal

RomantismoRealismo/

Naturalismo (prosa)

• subjetivismo • objetivismo

• sentimentalismo • materialismo/racionalismo

• fantasia/imaginação • observação da realidade

• volta ao passado/ • comprometimento com o indianismo momento presente

• verdade individual • verdade universal

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Realismo/Naturalismo/Parnasianismo(1881-1893)

O Realismo e o Naturalismo, surgidos como reação ao sentimentalismoromântico, iniciaram-se em 1881, respectivamente, com a publicação deMemórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e O mulato, deAluísio de Azevedo; manifestações poéticas do Parnasianismo já se faziamsentir desde 1870. Assinala-se o ano de 1893 como início do simbolismo efinal, portanto, do Realismo. No entanto, essa data é puramente didática,uma vez que, até as duas primeiras décadas deste século, é possível en-contrar produções orientadas por todas essas estéticas.

Contexto Histórico

A Europa, na segunda metade do século XIX, foi marcada por novosinventos (telefone, telégrafo, locomotiva a vapor), pela utilização de novasfontes de energia (petróleo, eletricidade) e pelas novas descobertas científi-cas, que explicaram ao homem o, até então, inexplicável. No entanto, aacelerada industrialização, resultado da Segunda Revolução Industrial e docapitalismo, determinaram o aparecimento de uma nova classe, o proleta-riado, constituída por uma massa de trabalhadores miseráveis, sem direitoa nenhuma vantagem trazida por esse progresso.

Criticando o misticismo, a religião, o sentimentalismo e o subjetivismo, ohomem passou a basear-se na observação e na experimentação para estu-dar os mais diversos fenômenos. Valeu-se para isso de algumas doutrinas:

1) positivismo: filosofia de Augusto Comte, segundo a qual só importa-va o que podia ser medido e provado, isto é, todos os fenômenosdeviam ser explicados pela ciência;

2) evolucionismo: teoria de Charles Darwin, que colocava em xeque aorigem divina do homem, defendida pela Igreja, e explicava a evolu-ção das espécies pelo processo de seleção natural, pela sobrevi-vência do mais forte e do mais apto;

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Reprodução

Mulheres peneirando trigo, deGustave Coubert.

3) determinismo: teoria de Hipólito Taine que explicava a obra de artecomo conseqüência de três fatores: raça (hereditariedade), meio emomento histórico. Segundo ele, o homem era produto do meio emque vivia;

4) socialismo científico: Engels e Karl Marx denunciaram a exploraçãodo proletariado;

5) experimentalismo: o médico Claude Bernard deu bases científicas àmedicina (observação, investigação) e demonstrou a importância daFisiologia no comportamento humano.

O Brasil viveu, nesse período, as conseqüências da Guerra do Paraguai,o movimento abolicionista e a perspectiva da República. O surtomodernizador sustentado pela exportação cafeeira fez surgirem comercian-tes e pequenos empresários que aderiram às novas idéias. A economiafortalecida exigia trabalho livre e começaram, então, as primeiras imigra-ções. Essas transformações socioeconômicas apressaram o fim da Monar-quia: federalistas, abolicionistas e positivistas opunham-se à centralizaçãodo poder e lutavam pela República. Em 1888, a escravatura foi abolida e,em 1889, proclamada a República.

Manifestações Artísticas

“A pintura, arte essencialmente ob-jetiva, consiste na representação dascoisas reais existentes. A beleza nãoestá no característico, mas na verdade”,afirmava o pintor francês Courbet.Antiburguês convicto, deu espaço emseus quadros aos trabalhadores, aoscamponeses, retratando cenas da vidapopular e cotidiana.

A arquitetura e a escultura insur-gem-se contra o academicismo.

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Arrufos, de Belmiro de Almeida.

Caipira picando fumo, de JoséFerraz de Almeida Júnior.

No Brasil o que se vê retratado é o cotidiano da burguesia: Arrufos deBelmiro de Almeida mostra a briga de um casal. Almeida aproxima-se deum realismo mais comprometido com as classes populares:

LiteraturaO Realismo iniciou-se na França, em 1857, com a publicação do ro-

mance Madame Bovary, em que seu autor, Gustave Flaubert, conta a histó-ria do adultério e suicídio de uma jovem burguesa romântica. Dez anos de-pois, Émile Zola inaugurou o romance naturalista com a publicação de seuromance experimental Thérèse Raquin, em que lança mão da observaçãocientífica da sociedade e das reações humanas.

Os escritores realistas/naturalistas, opondo-se aos românticos e impul-sionados pela filosofia e ciência da época, pretendiam reproduzir integral-mente o real. Antimonárquicos, antiburgueses e anticlericais, em sua maio-ria republicanos e até socialistas, ao sentimentalismo opunham o materia-lismo e o racionalismo; ao subjetivismo, o objetivismo; à fantasia e à imagi-

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Machado de Assis

nação, a observação do real; ao retorno ao passado, o comprometimentocom o momento presente; ao nacionalismo, o universalismo.

O romance realista, cujo maior representante é Machado de Assis, preo-cupou-se com a análise psicológica das personagens, em função da qualcritica a sociedade. Trata-se de um romance documental, que pretende sero retrato da época. Já o romance naturalista valorizou o coletivo, a análisesocial, entendendo o homem como um animal sujeito ao instinto, por isso apredileção temática pelas taras e desvios sexuais. Numa confrontação en-tre as duas estéticas, temos:

Realismo Intersecção Naturalismo

• análise psicológica influenciados pelo • análise socialpositivismo e pelodeterminismo

• romance documental anticlericais • romanceantiburgueses científico,antimonárquicos experimentalanti-românticos

• expressão indireta retrato do real • expressão direta

Produção Literária

Machado de Assis (1839-1908)

Filho de pais humildes, Joaquim MariaMachado de Assis começou trabalhandocomo aprendiz de tipógrafo e chegou a dire-tor-geral do Ministério da Viação, em 1892.Foi um dos fundadores, em 1897, da Acade-mia Brasileira de Letras (também chamadade Casa de Machado de Assis), da qual foi oprimeiro presidente. Casado com a portugue-sa Carolina Xavier de Novais, que muito oincentivou, não teve filhos e, após a morteda esposa, recolheu-se à solidão.

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Machado é considerado o maior romancista do século XIX, mas, alémde romances, escreveu contos, crônicas, peças de teatro e poesias. Estasúltimas sofrem influência romântica no início e, depois, parnasiana. Crisáli-das, Falenas e Americanas são obras de temática lírica e nacionalista. Oci-dentais já revela a preocupação formal do perfeito parnasiano, aliada a umapostura filosófica e pessimista.

Seu talento, no entanto, aplica-se à prosa, que se divide em duas fases:a romântica e a realista. Conheça-as:

1) Fase romântica

Também chamada de fase de preparação, marca-se por um sentimenta-lismo controlado. É nela, no entanto, que Machado apresenta o embrião dascaracterísticas que marcarão sua segunda fase: ironia, preocupação comanálise psicológica, humor, ceticismo.

Pertencem a essa primeira fase os romances Ressurreição, A mão e aluva, Helena, Iaiá Garcia; os contos de Histórias da meia-noite e Contosfluminenses; as peças Os deuses de casaca, O protocolo, Queda que asmulheres têm para os tolos, Quase ministro e Caminho da porta.

2) Fase realista

Aqui, Machado volta-se para o interior das personagens. O fato de ne-nhuma delas ter preocupações materiais de sobrevivência permite ao autorfazer uma análise detalhada de suas almas. O humor que beira o cinismo, opessimismo e o negativismo, a cruel e fina ironia, o diálogo com o leitor, oscapítulos curtos, a correção de linguagem e a crítica aos valores românticossão as principais características dos textos realistas.

Conheça um trecho do primeiro romance realista brasileiro – MemóriasPóstumas de Brás Cubas.

Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáverdedico com saudosa lembrança estas Memórias Póstumas.

... Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos deréis, nada menos.

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Raul Pompéia

Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará quenão houve míngua nem sobra, e consegüintemente que saí quitecom a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado domistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira ne-gativa deste capítulo de negativas: — Não tive filhos, não transmitia nenhuma criatura o legado da nossa miséria.

Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre asmocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autorsobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas.

Narrado em primeira pessoa, este livro conta a história de um defunto-autor que, morto, não tendo vínculo com a sociedade nem com a própriavida, pode narrá-la com total isenção. O enredo desenvolve-se em capítu-los curtos que não obedecem à lógica temporal e contam vários episódiosda vida de Brás Cubas.

Usando os mesmos recursos, Machado escreveu outros romances,dentre os quais destacam-se Dom Casmurro e Quincas Borba. O primeirogira em torno do suposto adultério de Capitu que leva Bentinho ao isola-mento. O segundo conta a história do mineiro Rubião que ganha uma fortu-na do tio, o filósofo Quincas Borba (que já aparecera em Memórias Póstu-mas), mas, enganado, morre pobre e louco.

Seus contos, apesar das diferenças peculiares a cada gênero, utilizamos mesmos recursos que os romances.

Raul Pompéia (1863-1895)

O Ateneu, o livro mais importante de Raul Pompéia,foi publicado primeiramente sob a forma de folhetim,em 1888, na Gazeta de Notícias. Autobiográfico (umavez que Raul Pompéia fora também aluno interno), oromance, narrado em primeira pessoa, conta a vida doadolescente Sérgio, dentro do internato. Caricaturandoseus colegas, professores e o diretor do internato, o autoracentua-lhes defeitos, erros, hostilidades, hipocrisias,corrupções física e moral.

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Em seus doze capítulos, este livro desvenda as impressões deixadaspelos acontecimentos na memória do adolescente. O romance admite duasleituras que se completam e enriquecem:

1) denotativamente, o romance é resultado da experiência de Sérgio,aluno interno do Ateneu;

2) conotativamente, pode-se, partindo dos nomes, ver no romance umametáfora crítica da época:

• Ateneu, do grego Athénaion, simboliza a importação (até de mo-delos culturais), típica da época;

• Aristarco, o diretor egocêntrico e despótico do colégio, tem nonome a própria representação do poder:

aristos (radical presente em aristocracia) quer dizer ótimo e arché,governo;

o aluno Américo (referência ao continente da América) provoca oincêndio, que destrói o colégio, símbolo da Monarquia.

• Ema, esposa de Aristarco é a única mulher no colégio. Ela simbo-liza ao mesmo tempo a mãe e o sexo, o amor. Seu nome é oanagrama perfeito de mãe e ame.

Conheça algumas características de Aristarco neste fragmento de texto.O diretor explica a Sérgio e seu pai como é a escola:

Durante o tempo da visita, não falou Aristarco senão das suaslutas, suores que lhe custava a mocidade e que não eram justa-mente apreciados. “Um trabalho insano! Moderar, animar, corrigiresta massa de caracteres, onde começa a ferver o fermento dasinclinações; encontrar e encaminhar a natureza na época dos vio-lentos ímpetos; amordaçar excessivos ardores; retemperar o ânimodos que se dão por vencidos precocemente; espreitar, adivinhar ostemperamentos; prevenir a corrupção; desiludir as aparências se-

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Aluísio Azevedo

dutoras do mal; aproveitar os alvoroços do sangue para os nobresensinamentos; prevenir a depravação dos inocentes; espiar ossítios obscuros; fiscalizar as amizades, desconfiar das hipocrisias;ser amoroso, ser violento, ser firme; triunfar dos sentimentos decompaixão para ser correto; proceder com segurança, para depoisduvidar; punir para pedir perdão depois... Um labor ingrato, titânico,que extenua a alma, que nos deixa acabrunhados ao anoitecer dehoje, para recomeçar com o dia de amanhã... Ah! Meus amigos,concluiu ofegante, não é o espírito que me custa, não é o estudodos rapazes a minha preocupação... É o caráter! Não é a preguiça oinimigo, é a imoralidade!” Aristarco tinha para esta palavra umaentonação especial, comprimida e terrível, que nunca mais esque-ce quem a ouviu dos seus lábios. “A imoralidade!”

Aluísio Azevedo (1857-1913)

Com O mulato, Aluísio Azevedo inaugurou, em 1881, o Naturalismo. Foium dos poucos escritores do século XIX a viver da atividade literária, pois,ao lado de seus romances naturalistas mais importantes — O mulato, Casade pensão, O cortiço —, escreveu romances românticos de forte apelo po-pular, publicados em folhetins, que lhe garantiam o sustento.

Seus romances naturalistas, também chamados de romance de tese,refletem o cientificismo dominante na época: omeio e a hereditariedade determinam o com-portamento humano, guiado pelo instinto. Alu-ísio Azevedo denunciou a hipocrisia e acorrupção moral do clero e da burguesia, des-creveu as misérias (física e moral) e as injusti-ças que sofriam as camadas populares.

Em O mulato, tratou do racismo e dacorrupção dos padres na sociedade doMaranhão. Raimundo, filho de escrava e portu-guês (fato que ele desconhece), embora dou-tor, bem-apessoado e sedutor, não entende por

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que a sociedade de São Luís não o aceita. Apaixona-se pela prima, AnaRosa. A família da moça opõe-se ao casamento, ajudada pelo inescrupulosocônego Diogo, que arquiteta o assassinato de Raimundo pelo caixeiro Dias.Ana Rosa aborta. Seis anos depois, ela se casa com o assassino, tem trêsfilhos e vive feliz. Leia esta passagem em que Ana Rosa, em confissão aocônego Diogo, revela-lhe estar grávida:

E o velho apalpava com o olhar o corpo inteiro da afilhada,como pretendendo descobrir nele a confirmação material do queela dizia.

— Sim senhora!...

E tomou uma pitada.

— Bem vê... arriscou afinal a rapariga, entre lágrimas, que nãotenho outro remédio senão...

— Está muito enganada! interrompeu o cônego energicamente.Está muito enganada! O que tem a fazer é casar com o Dias! E logo!Antes que a sua culpa se manifeste!

Ela não deu palavra.

— Quanto a isso... acrescentou o lobo velho, apontando, des-denhoso, com o beiço, o ventre da afilhada, eu me encarregarei delhe dar remédio para...

Ana Rosa ergueu-se com um só movimento e ferrou o olhar nocônego...

— Matar meu filho!... exclamou lívida.

E, como se temesse que o padre lhe arrancasse ali mesmo dasentranhas, precipitou-se correndo para fora da igreja.

Em Casa de pensão, Aluísio Azevedo faz a análise de um grupo socialvivendo no ambiente pegajoso de uma pensão para provar que o meio de-termina a conduta dos seres humanos. Conta a vida de Amâncio e seu as-sassinato.

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O proletariado urbano em formação é tema de O Cortiço, outra análisede um grupo social, cuja personagem central é o próprio cortiço, personifi-cado neste trecho:

Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo não osolhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.

No ambiente promíscuo, misturam-se negros, mulatos, brancos, todosexplorados por poucos portugueses e brasileiros endinheirados e reduzi-dos à animalidade instintiva. As personagens são comparadas a todo mo-mento com animais: a negra Bertoleza “tinha ancas de vaca do campo” e aomorrer “emborcou para frente, rugindo e esfocinhando moribunda, numalameira de sangue”. O português Jerônimo tinha “construção de touro”; Fir-mo, “agilidade de maracajá”. Rita Baiana “era a cobra verde e traiçoeira, alagarta viscosa, a muriçoca doida”. O ambiente do cortiço é assim descrito:“ E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodo-sa, começou a minhocar, a fervilhar, a crescer um mundo, uma coisa viva,uma geração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro emultiplicar-se como larvas no esterco.” Mesmo Pombinha, uma cândidamenina, não conseguindo fugir ao determinismo do meio, transforma-se emmeretriz.

Ainda merecem destaque no panorama do romance naturalista:

• Inglês de Sousa (1853-1918) — Em O missionário desenvolve a tesedo celibato clerical: padre Antônio de Morais, em função da heredita-riedade (seu exacerbado temperamento sensual lhe viera do pai) eda atuação do meio (a selva amazônica), acaba se unindo à mamelucaClarinha.

• Júlio Ribeiro (1845-1890) — Em A carne, Lenita é totalmente domina-da pelos instintos.

• Adolfo Caminha (1867-1897) — Escreveu dois romances que seorientam pelo determinismo do meio e o gosto pelos temas esca-brosos: A normalista e O bom crioulo.

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• Domingos Olímpio (1850-1906) — Em Luzia-homem, as personagenssão esmagadas pelo meio hostil. O autor conta a história de umasobrevivente da seca de 1877, cujos modos másculos ocultam umaalma feminina.

Vilas e cortiços

O cortiço era uma construção grande com um corredorcentral para onde se abriam as portas e as janelas dosquartos; no fundo, ficavam os banheiros e a lavanderia

de uso comum. Água encanada e rede de esgotos eram raridades, oque tornava os cortiços lugares sujos e ideais para a transmissãode doenças. Os trabalhadores mais disciplinados, que não partici-pavam dos sindicatos, moravam nas vilas operárias, junto às in-dústrias. As casas das vilas eram construídas pelos empresáriose tinham dois quartos, sala, cozinha, banheiro, lavanderia e quin-tal. É claro que os aluguéis eram caros e a vida particular dos ope-rários era controlada: o horário de entrada e saída das vilas, asvisitas, o barulho.

ParnasianismoO Parnasianismo, manifestação poética do Realismo, ocorreu só na

França (onde nossos poetas foram buscar todos os modelos) e no Brasil. Asprimeiras poesias parnasianas datam de 1870 e, teoricamente, terminamem 1922, com a Semana de Arte Moderna. Não foi o que ocorreu na prática,pois nas primeiras décadas do século XX ainda ocorreram manifestaçõesparnasianas.

Reagindo contra os excessos emotivos do Romantismo, os parnasianosvisavam à objetividade, impassibilidade e impessoalidade e cultivavam aperfeição formal. Nos poemas (com predileção pelo soneto) havia prepon-

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derância da descrição impessoal de objetos (vasos, leques, etc.) e da natu-reza. A Antigüidade Clássica foi retomada e os poetas recolheram-se, fican-do à margem dos acontecimentos do seu tempo. Como disse Olavo Bilac:

Longe do estéril turbilhão da rua,Beneditino, escreve! No aconchegoDo claustro, na paciência e no sossego,Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua.

Os poetas procuraram uma apresentação gramatical que chegou àsvezes ao pedantismo, procurando a rima rica, rara e perfeita e usando ovocabulário das artes plásticas, sobretudo da escultura.

Rima rica — São chamadas ricas as rimas que se fazemcom palavras de classe gramatical diferente ou de ter-minação pouco freqüente. “Vê-la” produz com “estrela”uma rima rica.

Rima pobre — O uso acentuado de palavras da mesma classe gra-matical ou com a mesma terminação numa composição torna arima pobre.

Produção LiteráriaA Trindade Parnasiana brasileira foi composta por Alberto de Oliveira,

Raimundo Correia e Olavo Bilac, o “Príncipe dos Poetas”.

Alberto de Oliveira (1857-1937)

Cultor brilhante da forma em sua poesia altamente descritiva, Albertode Oliveira cultivou temas que vão desde objetos até a natureza e a sauda-de. Observe neste soneto a presença de características da estética:

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Alberto de Oliveira

Raimundo Correia

Vaso grego

Esta, de áureos relevos, trabalhadaDe divas mãos, brilhante copa, um dia,Já de aos deuses servir como cansada,Vinda do Olimpo, a um novo Deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendiaEntão e, ora repleta ora esvazada*, *esvaziada

A taça amiga aos dedos seus tiniaToda de roxas pétalas colmada*. *cheia

Depois...Mas o lavor da taça admira,Toca-a, e, do ouvido, aproximando-a, às bordasFinas hás de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se da antiga liraFosse a encantada música das cordas,Qual se essa a voz de Anacreonte fosse.

Alberto de Oliveira escreveu Canções românticas, Meridionais, Sonetose poemas, Poesias escolhidas, Versos e rimas.

Raimundo Correia (1859-1911)

O início da carreira de Raimundo Correia foi ro-mântico. Os poemas de Primeiros sonhos revelam ainfluência de Gonçalves Dias e Castro Alves. ComSinfonias, aderiu ao Parnasianismo: manifestou in-tensa preocupação formal, usando linguagem rica-mente trabalhada. Ficou conhecido como o poetade “Mal secreto” e “As pombas”, dois de seus sone-tos mais conhecidos.

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Olavo Bilac

As pombas

Vai-se a primeira pomba despertada...Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenasDe pombas vão-se dos pombais, apenasRaia sanguínea e fresca a madrugada...

E à tarde, quando a rígida nortadaSopra, aos pombais de novo elas, serenas,Ruflando as asas, sacudindo as penas,Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,os sonhos, um por um, céleres voam,Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,E eles aos corações não voltam mais...

Olavo Bilac (1865-1918)

Eleito o “Príncipe dos Poetas” num concursorealizado pela revista Fon-Fon em 1907, Bilac foi omais importante poeta parnasiano e, ainda hoje, con-tinua a ser lido e admirado. Promoveu campanhascívicas de alfabetização e serviço militar obrigatórioe, em 1916, fundou a Liga de Defesa Nacional. Alémdos temas parnasianos característicos, inspirou-se namitologia, sobretudo romana. Sua poesia mesclaperfeição formal, pureza lingüística e invulgar habili-dade para a versificação. Observe neste trecho do

poema “Profissão de fé”, como Bilac tematiza o ideal estético da poesiaparnasiana:

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Torce, aprimora, alteia, limaA frase; e, enfim,

No verso de ouro engasta a rimaComo um rubim* * rubi

Quero que a estrofe cristalina,Dobrada ao jeito

Do ourives, saia da oficinaSem um defeito.

Três aspectos destacam-se na sua obra:

• o amor — foi tratado em todas suas manifestações. Em Sarças defogo, a objetividade mistura-se ao sensualismo e paixão carnal.

• o lirismo — os 35 sonetos de Via Láctea revelam uma postura intimistae subjetiva. Em Tarde, o lirismo mistura-se a temas filosóficos querevelam a proximidade da morte.

• o patriotismo — seus versos exaltam os símbolos pátrios. No poema“O Caçador de Esmeraldas” glorifica os feitos do bandeirante FernãoDias Pais Leme.

Sinta, neste conhecido soneto (que será objeto de uma paráfrase satíri-ca no Modernismo), a subjetividade e o lirismo de Bilac:

Via Láctea

Ora (direis) ouvir estrelas! CertoPerdeste o senso! Eu vos direi, no entanto,Que, para ouvi-las, muita vez despertoE abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquantoA Via Láctea, como um pálio aberto,Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,Inda as procuro pelo céu deserto.

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Direis agora: “Tresloucado amigo!Que conversas com elas? Que sentidoTem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!Pois só quem ama pode ter ouvidoCapaz de ouvir e de entender estrelas.

Questões de Vestibular

(Realismo/Naturalismo)

1 (UF-PB)

I – A antítese foi utilizada como recurso estilístico para expressar umavisão de mundo, marcada pelos contrastes entre o sensual e oespiritual, o prazer e o sofrimento, a essência e a aparência.

II – A reação aos modelos clássicos assinalou a preocupação por umatotal liberdade criadora.

III – O predomínio da simplicidade e da razão levou o escritor a buscarinspiração na sobriedade do estilo clássico.

IV – O enfoque objetivo do mundo traduz-se na substituição do senti-mento pela razão.

correspondem, respectivamente, aoa) Barroco – Arcadismo – Romantismo – Realismo.b) Barroco – Romantismo – Arcadismo – Realismo.c) Romantismo – Barroco – Realismo – Arcadismo.d) Barroco – Romantismo – Realismo – Arcadismo.e) Romantismo – Arcadismo – Barroco – Realismo.

2 (CESGRANRIO) Sobre o Realismo, assinale a afirmativa correta.a) O romance é visto como distração e não como meio de crítica às

instituições sociais decadentes.b) Os escritores realistas procuram ser pessoais e objetivos.c) O romance sertanejo ou regionalista originou-se no Realismo.d) O Realismo constitui uma oposição ao idealismo romântico.e) O Realismo vê o Homem somente como um produto biológico.

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3 (UF-RO) Qual das afirmações abaixo pode ser considerada correta quan-to ao Realismo?a) Apesar das intenções céticas, acaba por fazer a apologia dos valores

burgueses e de suas instituições, como o casamento e a igreja.b) Desenvolveu principalmente uma literatura voltada para os proble-

mas rurais, mostrando como o progresso das cidades estava cor-rompendo a vida campestre.

c) Procurou analisar com objetividade e senso crítico os problemas so-ciais denunciando os vícios e corrupções da sociedade.

d) Desenvolveu o romance nacionalista, exaltando o modo de vida danova sociedade brasileira que estava surgindo no final do século XIX.

e) É uma continuação do Romantismo, porém o amor é visto comouma forma de ser feliz.

4 (CEFET-PR) Assinale a alternativa que melhor caracteriza o Realismo:a) Preocupação em justificar, à luz da razão, as reações das persona-

gens, seus procedimentos e os problemas sentimentais e metafísicosapresentados.

b) A apresentação do homem como um ser dominado pelos instintos,taras, pela carga hereditária, em detrimento da razão.

c) A preocupação em retratar a realidade como ela é, sem transformá-la. O autor, ao relatar, deverá estar baseado na documentação e ob-servação da realidade.

d) O amor é visto unicamente sob o aspecto da sexualidade e apresen-tado como uma mera satisfação de instintos animais.

e) Aspectos descritivos e minuciosos, sempre que possível, baseadosna observação da realidade e do subjetivismo e sentimentalismo doautor.

5 (CEFET-PR) Assinale a alternativa que não diz respeito ao Realismo:a) Finalidade subjetiva da emoção na prosa.b) Causa e efeito é preocupação do autor.c) As causas e circunstâncias são importantes.d) Atitude mais contida que a do Romantismo.e) Empenho na defesa de opiniões.

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6 (PUC-PR) Assinale a afirmativa correta.a) O Romantismo é conseqüência do surto de cientificismo e da fadiga

da repetição das fórmulas subjetivas.b) O poeta parnasiano deixa-se arrebatar pelo conflito entre o mundo

real e imaginário, expresso num sentimentalismo acentuado.c) O Realismo é conseqüência do surto de cientificismo e da fadiga da

repetição das fórmulas subjetivas.d) No Romantismo, o escritor mergulha no interior das personagens,

mostrando ao leitor seus dramas e sua angústia.e) No Simbolismo, predominou a prosa.

7 (UF-PR) Eça de Queirós afirmava:

“O Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte quenos pinta a nossos próprios olhos – para nos conhecermos, para quesaibamos se somos verdadeiros ou falsos, para condenar o que houverde mau na nossa sociedade.”

Para realizar esta proposta literária, quais os recursos utilizados no dis-curso realista? Selecione-os na relação abaixo e depois assinale a alter-nativa que os contém:1. preocupação revolucionária, atitude de crítica e de combate;2. imaginação criadora;3. personagens frutos da observação; tipos concretos e vivos;4. linguagem natural, sem rebuscamento;5. preocupação com mensagem que revela concepção materialista do

homem;6. senso do mistério;7. retorno ao passado;8. determinismo biológico e social.

a) 1, 2, 3, 5, 7, 8.b) 1, 3, 4, 5, 8.c) 2, 3, 4, 6, 7.d) 3, 4, 5, 6, 8.e) 2, 3, 4, 5, 8.

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8 (UCSal-BA)

“O pior é que era coxa. Uns olhos tão lúcidos, uma boca tão fresca, umacompostura tão senhoril; e coxa! Esse contraste faria suspeitar que anatureza é às vezes um imenso escárnio.Por que bonita, se coxa? por que coxa, se bonita? Tal era a perguntaque eu vinha fazendo a mim mesmo ao voltar para casa, de noite, sematinar com a solução do enigma.”

Assinale a alternativa cujas propostas, preenchendo as lacunas da fraseabaixo, completariam uma análise adequada do texto apresentado inicial-mente.No excerto transcrito, o narrador, que é o protagonista da história, questiona-se porque se sente dividido: ele percebe o mundo de um modo ..............,mas aspiraria a que ele fosse organizado de acordo com princípios .............a) romântico – modernos.b) realista – modernos.c) realista – românticos.d) moderno – realistas.e) romântico – realistas.

9 (CESGRANRIO) Em Quincas Borba, de Machado de Assis, lê-se:

“Rubião lembrou-se de uma comparação velha, mui velha, apanhadaem não sei que décima de 1850 ou qualquer outra página em prosa detodos os tempos. Chamou aos olhos de Sofia as estrelas da terra, e àsestrelas os olhos do céu. Tudo isso, baixinho e trêmulo”.

A que fase da Literatura Brasileira o autor faz alusão no trecho transcri-to? Justifique sua resposta, apresentando três observações compatí-veis com o trecho citado.

10 (UF-PI) Quando dizemos: análise da pessoa como ser totalmente pro-duto de momento/raça/meio, sem possibilidade de reação subjetiva;tentativa de consertar uma sociedade tida como degenerada são as-pectos de que movimento literário?a) Realismo.b) Romantismo.

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c) Modernismo.d) Naturalismo.e) Pré-Modernismo.

11 (UF-ES)“Todavia, esses pequenos episódios da infância, tão insignificantes naaparência, decretaram a direção que devia tomar o caráter de Amâncio.Desde logo habituou-se a fazer uma falsa idéia de seus semelhantes;julgou os homens por seu pai, seu professor e seus condiscípulos.(...)Nunca lhe deram liberdade de espécie alguma: Se lhe vinha uma idéiaprópria e desejava pô-Ia em prática, perguntavam-Ihe ‘a quem vira elefazer semelhante asneira’.(...)Com semelhante esterco não podia desabrochar melhor no seu tempe-ramento o leite que lhe deu a mamar uma preta da casa.”(Aluísio Azevedo – Casa de pensão)

Este texto é característico do período naturalista porque apresentaa) determinismo do meio ambiente.b) linguagem subjetiva e indireta.c) metáfora imprópria para o assunto que desenvolve.d) concepção idealista da vida.e) domínio do livre arbítrio.

12 (OF-ES) Todos os fragmentos seguintes são de “perfis de mulheres”. Oque pertence à estética NATURALISTA é:a) “Um vestido de chita ordinária azul clara desenhava-lhe perfeitamen-

te com encantadora simplicidade o porte esbelto e a cintura delica-da.” (B.G.)

b) “Uma noite, eu me lembro... Ela dormia numa rede encostadamolemente...Quase aberto o roupão... solto o cabelo” (C.A.)

c) “Ao erguer a cabeça para tirar o braço de sob o lençol, descera umnada a camisinha de crivo que vestia deixando nu um colo defascinadora alvura.” (A.E.T.)

185

d) “O seu moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal embrasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante, ...”(A.A.)

e) “Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquelafeição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, umaforça que arrastava para dentro, ...” (M.A.)

13 (Positivo-PR) São características da escola naturalista, menos a da al-ternativa:a) Visão materialista do mundo, da vida e das pessoas.b) Linguagem freqüentemente vulgar, cenas macabras, patéticas e as-

querosas.c) Enfoque das classes sociais mais baixas, com personagens corrom-

pidas e muitas vezes anormais.d) Preocupação em demonstrar a veracidade das teorias materialistas,

científicas e filosóficas do século XIX.e) Análise profunda do comportamento e da alma das personagens.

14 (UFRS)

“Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões erezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se.Sentia-se naquela fermentação sangüínea, naquela gula viçosa de plan-tas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutrienteda vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirarsobre a terra.”

O texto acima, insistindo nos aspectos biológicos dos fatos, mostra serde autor:a) romântico.b) realista.c) naturalista.d) simbolista.e) modernista.

15 (Mackenzie-SP) Assinale a alternativa incorreta sobre a prosa naturalista.a) As personagens expressam a dependência do homem às leis naturais.

186

b) O estilo caracteriza-se por um descritivismo intenso capaz de refletiruma visualização pictórica dos ambientes.

c) Os tipos são muito bem delimitados, física e moralmente, compondoverdadeiras representações caricaturais.

d) Tem como objetivo maior aprofundar a dimensão psicológica daspersonagens.

e) O comportamento das personagens e sua movimentação no espaçodeterminam-lhe a condição narrativa.

16 (USF-SP) Pode-se entender o Naturalismo como uma particularizaçãodo Realismo que:a) se volta para a Natureza a fim de analisar-lhe os processos cíclicos

de renovação.b) pretende.expressar com naturalidade a vida simples dos homens rús-

ticos nas comunidades primitivas.c) defende a arte pela arte, isto é, desvinculada de compromissos com

a realidade social.d) analisa as perversões sexuais, condenando-as em nome da moral

religiosa.e) estabelece um nexo de causa e efeito entre alguns fatores sociológi-

cos e biológicos e a conduta dos personagens.

17 (UM-SP) Assinale a alternativa incorreta sobre a prosa naturalista:a) as personagens expressam a dependência do homem para com as

leis naturais.b) o estilo caracteriza-se por um descritivismo intenso, capaz de refletir

uma visualização pictórica dos ambientes.c) os tipos são muito bem delimitados, física e moralmente, compondo

verdadeiras representações caricaturais.d) tem como objetivo maior aprofundar a dimensão psicológica das

personagens.e) o comportamento das personagens e sua movimentação no espaço

determinam-lhe a condição narrativa.

18 (FEI-SP) Uma literatura se ocupa com os aspectos sociológicos da obrae faz um romance de tese documental, e outra se preocupa com os

187

aspectos patológicos da obra e faz um romance de tese experimental.Aponte, respectivamente, o nome dessas estéticas (escolas literárias).

19 (CESGRANRIO) Leia, atentamente, os trechos abaixo:

I – “Não me mates de felicidade, Aurélia! Que posso eu mais desejarnesse mundo do que viver a teus pés, adorando-te, pois que ésminha divindade na terra. (...) Estes lábios nunca tocaram a face deoutra mulher, que não fosse minha mãe. O meu primeiro beijo deamor, guardei-o para minha esposa ...”

II – “Ele tinha ‘paixa’ pela Rita, e ela, apesar de volúvel como toda mes-tiça, não podia esquecê-lo por uma vez; metia-se com outros, écerto, de quando em quando, e o Firmo então pintava o caneco,dava por paus e por pedras, enchia-a de bofetadas ...”

Estabeleça um paralelo entre os dois trechos acima, que permita fica-rem explicitamente caracterizados os estilos de época a que pertenceme que você identificará em seguida.ParaleloEstilos de época - trecho I

trecho II

20 (UF-Mato Grosso) Sobre o período Realismo-Naturalismo, somente umaalternativa não é correta:a) os naturalistas concebiam o homem como um ser incapaz de supe-

rar as pressões exercidas pelo meio e pela hereditariedade.b) os realistas eram críticos por desnudarem as fantasias românticas,

por verem a realidade sob o ângulo da razão.c) o Realismo está mais voltado para a relação homem e sociedade,

homem e psicologia.d) o Naturalismo volta-se à observação dos seres humanos sob o pris-

ma fisiológico, genético.e) realistas e naturalistas buscavam transcender a realidade sensível para se

refugiar dos aspectos contingenciais, passageiros e finitos da vida terrena.

21 (UFG) No período compreendido entre 1881 e 1893, na Literatura Bra-sileira predominaram os movimentos estéticos de oposição ao Romantis-

188

mo, conhecidos como Realismo e Naturalismo. Acerca dessa etapa denossa história literária, pode-se dizer que:

01 – no Brasil, são considerados romancistas realistas, entre outros,Machado de Assis, Raul Pompéla e Joaquim Manuel de Macedo.

02 – A origem das espécies, de Charles Darwin, influenciou grandementeos escritores dessa fase, em especial os naturalistas.

04 – 0 Realismo surgiu na Europa em meio a circunstâncias históricasparticularmente dinâmicas, marcadas por profundas alterações noscampos científico, filosófico e social.

08 – o romance naturalista foi também influenciado pelo positivismo deComte e pelo determinismo de Taine.

16 – a prosa de ficção realista é uma obra de crítica e de ataque à men-talidade burguesa predominante na sociedade da época.

32 – são também características desse tipo de narrativa a veracidade, aobjetividade e o senso documental.

Soma

22 (Universidade do Amazonas) Sobre a obra de Machado de Assis,Alfredo Bosi faz diversas considerações. Entre as que se encontramabaixo relacionadas, assinale a que NÃO corresponde à verdade, porabsurda e por fugir à linha de pensamento do historiador:a) Os romances iniciais parecem fracos mesmo para o nível de cons-

ciência do autor na época de redigi-los.b) A reflexão se extraviou pelas veredas da ciência do tempo, apesar do

humor, que jogava com os signos do cotidiano.c) O ponto mais alto e mais equilibrado da prosa realista brasileira está

na ficção machadiana.d) Menos do que “pessimismo” sistemático, melhor seria ver como suma

da filosofia machadiana um sentido agudo do relativo.e) Em seus romances só aparecem variantes de uma mesma lei: não há

heróis; há apenas destinos, destinos sem grandeza.

23 (UF-Mato Grosso) Das alternativas abaixo uma única não pode ser ditasobre a obra de Machado de Assis:

189

a) o pessimismo advém da consciência de que o homem fica à mercêdo destino, sua vida muda independentemente de sua vontade.

b) apesar de citações literárias de autores de diferentes séculos, de ci-tações bíblicas, revela a nossa realidade, especialmente o homembrasileiro do Segundo Império e da Primeira República.

c) as personagens são criadas e estruturadas de modo a represen-tarem os valores, os preconceitos, as contradições da sociedadebrasileira.

d) o leitor é presença constante na obra, geralmente tratado por tu,insinuando certa intimidade com o narrador.

e) a natureza humana, retratada a partir de “casinhos miúdos”, é revela-da com grande ceticismo.

24 (UFMS) A ação de quase todas as narrativas realistas de Machado deAssis se passa:a) em províncias fictícias, nos últimos anos do Brasil-lmpério.b) no Rio de Janeiro, no decênio que precedeu a I Grande Guerra.c) em várias regiões do Brasil, no primeiro período republicano.d) no Rio de Janeiro, ao tempo do Império e da Primeira República.e) no Rio de Janeiro, nos anos em que se preparava a Independência.

25 (UFCE) Assinale as afirmativas corretas relativamente à personalidadeliterária de Machado de Assis.01 – Iniciou sua carreira literária sob o signo do Romantismo.02 – Em seus romances Helena e laiá Garcia, ainda se encontra esteti-

camente vinculado à maneira romântica.04 – O autor repartiu a sua produção por vários gêneros, atingindo o

seu ponto mais alto na crítica literária.08 – Como romancista, Machado de Assis é mais perfeito do que como

contista.16 – A obra poética do autor revela-o como um criador de fina sensibili-

dade.32 – Na linha do romance psicológico, afirma-se o autor como um dos

pioneiros dentro da ficção brasileira.Soma

190

26 (UEM-PR) Assinale a afirmativa incorreta sobre Machado de Assisa) Estilo sóbrio, com descrições moderadas.b) Linguagem vibrante, cheia de metáforas.c) Senso de humor, sutil e velado.d) Personalidade um tanto melancólica, pessimista.e) Enfatiza os aspectos psicológicos das personagens.

27 (FGV) Há, no romance brasileiro do século XIX, um filão que se caracte-riza por criar quadros da sociedade carioca, com visão crítica dessasociedade, e “perfis femininos”, que foram inicialmente esboços de aná-lise psicológica. Nele podemos Incluir autores de momentos diferentes,tais como:a) Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar e Machado de Assis.b) Joaquim Manuel de Macedo, Martins Pena e Manuel Antônio de

Almeida.c) José de Alencar, Machado de Assis e Álvares de Azevedo.d) Martins Pena, Machado de Assis e Álvares de Azevedo.e) Manuel Antônio de Almeida, Martins Pena e José de Alencar.

28 (UE-Ponta Grossa) A ironia, apontada como uma das característicasmarcantes da obra realista de Machado de Assis, tem como fonte:a) a origem humilde do autor que o leva a satirizar a burguesia.b) os preconceitos sociais da época que marginalizaram o autor.c) uma visão crítica da sociedade que caracteriza a ficção realista.d) as idéias republicanas do autor dentro de uma sociedade monar-

quista.e) O saudosismo do autor em relação à época do Império.

29 (UF-ES) A eterna dúvida deixada por Machado de Assis quanto à trai-ção de Capitu, no romance Dom Casmurro, se deve a (à)a) inesperada morte de Escobar.b) só conhecermos os fatos sob o ponto de vista de Bentinho.c) Capitu ter olhos de cigana oblíqua e dissimulada.d) Sancha ter ciúmes de Capitu.e) Bentinho não ter ficado no seminário.

191

30 (UF-PI) É correto afirmar, com relação a Dom Casmurro, quea) o tempo narrativo do romance é de, aproximadamente, 10 anos.b) o livro demonstra o propósito do autor em exaltar determinadas virtu-

des do comportamento feminino, como recato, fidelidade, submissão.c) sendo o narrador da história uma das suas personagens, ou seja,

Bentinho, só se tem a sua versão dos fatos, o que deixa dúvidasquanto à infidelidade de Capitu.

d) o seminário descrito no romance deixa transparecer sérias críticas aoclero da época.

e) as personagens masculinas do romance são, à exceção de Bentinho,autoritárias e dominadoras.

31 (UF-MG) No último capítulo de Dom Casmurro, diz o narrador do ro-mance ao seu leitor:

...se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que umaestava dentro da outra, como a fruta dentro da casca.

Das frases acerca da Capitu menina, expressas a seguir, ASSINALE AALTERNATIVA que, de acordo com o ponto de vista do narrador, pode-ria servir para confirmar a afirmação citada.a) Calçava sapatos de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera

alguns pontos.b) Capitu chamava-me às vezes bonito, mocetão, uma flor; outras pe-

gava-me nas mãos para contar-me os dedos.c) Capitu foi ao muro, e, com o prego, disfarçadamente, apagou os

nossos nomes escritos.d) Lia os nossos romances, folheava os nossos livros de gravuras, que-

rendo saber das ruínas, das pessoas, das campanhas, o nome, ahistória, o lugar.

32 (UF-PB) Em Dom Casmurro, romance de Machado de Assis, constata-se quea) o narrador, Bentinho, recorre apenas aos aspectos físicos de Capitu

para construir o caráter da personagem.b) a busca da infância e do passado tem o caráter de evasão e devaneio.

192

c) o objetivo do autor, ao criar a personagem Capitu, é retratar a típicamulher do século XIX, dissimulada nas suas atitudes.

d) a preocupação com o tema do ciúme impede Bentinho de elaborarperfis psicológicos e formular análises de comportamento.

e) a ambigüidade do comportamento de Capitu é realçada pelo próprioenvolvimento do narrador com a personagem.

33 (FMTM) O romance Dom Casmurro, de Machado de Assis,a) filia-se à corrente naturalista, uma vez que o autor, entusiasmado pelas

teses cientificistas da época, elegeu o meio e a hereditariedade comoas forças básicas de construção do seu universo ficcional.

b) é considerado um representante tardio do romance social urbano, nalinha inaugurada por José de Alencar, pelo tratamento ousado e dire-to dado ao tema do adultério.

c) representa um dos pontos altos do Realismo brasileiro, pois ultrapas-sa os limites de um banal caso de adultério e tem, na condição hu-mana, captada pelo viés da ironia, a matéria de sua narrativa.

d) deve ser encarado como uma produção independente em relaçãoà nossa tradição literária, visto que inaugura a chamada prosa poé-tica de cunho introspectivo, precursora do romance intimista dosanos 30.

e) está comprometido com os postulados da estética pré-modernista,não só pela escolha corajosa do tema, mas também pela linguagemagressiva, de denúncia, que investe contra os valores burgueses.

34 (UF-MG) Todas as afirmações sobre Dom Casmurro, de Machado deAssis, estão certas, exceto:a) O discurso em primeira pessoa favorece o clima de dúvida que paira

sobre o adultério de Capitu, pois o que prevalece na narrativa são asimpressões de Bentinho, o narrador.

b) Além da semelhança de Ezequiel com Escobar, outro fator acentua adúvida de Bentinho sobre a paternidade do filho: a capacidade dedissimulação de Capitu.

c) O adultério, núcleo da narrativa, é um pretexto para se discorrer so-bre a existência humana, subordinada ao poder desintegrador dotempo, que atua de forma irreversível sobre todas as coisas.

193

d) A alegoria do tenor italiano, que apresenta a vida como uma óperacomposta por Deus e pelo diabo, projeta-se em todo o romance,mostrando que, na luta entre as virtudes e os vícios, o Bem sempretriunfa.

e) Ao tentar reproduzir no Engenho Novo a casa em que se havia criadona antiga rua de Mata-cavalos, ou ao escrever suas memórias, DomCasmurro tenta reconstruir o passado, logrando invocar-Ihe as ima-gens e não as sensações.

35 (UFPR-PR) Nesta questão, some os pontos correspondentes às alter-nativas corretas.

“Enfim chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis des-pedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos.Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, am-parando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, que-ria arrancá-Ia dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhoualguns instantes para o cadáver, tão fixa, tão apaixonadamente fixa, quenão admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas...”

A partir do fragmento acima de Dom Casmurro, de Machado de Assis,assim como de informações gerais desse romance, é correto afirmar:

01 – A cena descrita é tipicamente romântica, em consonância com oestilo da obra, que tematiza os infelizes amores de Bentinho e Capitu.

02 – Como os fatos posteriores comprovarão, entre Escobar e Capitunão houve qualquer relacionamento além de uma sólida amizade.

04 – O momento descrito é crucial para o relacionamento de Bentinho eCapitu. Instalada a dúvida na mente do marido, o casamento sedeteriorará, encaminhando-se para a inevitável separação.

08 – O fragmento acima comprova que Sancha é uma personagemtrágica, pois, após a morte dos filhos, ela perde o marido numnaufrágio.

16 – Para Bentinho, a irrefutável prova da traição de Capitu será a se-melhança física de Ezequiel com o amigo morto.

194

32 – Conforme observamos pela linguagem do narrador Dom Casmur-ro, a atitude de Capitu diante do cadáver testemunha apenas aamizade que ela sentia por Escobar.

Soma

36 (UF-PI)Com seu romance (...) dá um salto para a modernidade, de que é umantecipador, em vários aspectos: a crítica à linguagem e à estrutura tra-dicional da narrativa; os microcapítulos e o enredo não-linear, descontínuo;a constante metalinguagem; o estilo substantivo, anti-retórico; a análisepsicológica das personagens; o humor sutil e constante, destruindo asilusões e as pieguices românticas através de uma linguagem refinada,ambígua, etc. Falamos de:a) Aluísio Azevedo e de seu livro O Mulato.b) Machado de Assis e de suas Memórias póstumas de Brás Cubas.c) José de Alencar e de Senhora.d) Graciliano Ramos e de São Bernardo.e) Guimarães Rosa e de Grande sertão: Veredas.

37 (UFRGS-RS)

“Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossamiséria.”

O texto acima é:a) o final do testamento de Quincas Borba, que faz de Rubião seu her-

deiro, sob a condição de que cuide de seu cachorro.b) um comentário de Bentinho, o protagonista de Dom Casmurro, cujo

temperamento azedo e melancólico lhe valeu o apelido.c) a conclusão pessimista do Dr. Bacamarte, ao final de O alienista,

após dedicar sua vida ao estudo da “patologia cerebral”.d) o desabafo do “defunto-autor” das Memórias póstumas de Brás Cu-

bas, ao final do livro.e) a reflexão do Conselheiro Aires ao encerrar a narrativa do drama de

Flora, em Esaú e Jacó.

195

38 (UM-SP) Sobre o romance Memórias póstumas de Brás Cubas, não écorreto afirmar que:a) é uma obra inovadora do processo narrativo, que introduz o Realis-

mo no Brasil.b) Brás Cubas atua como defunto-narrador, capaz de alterar a seqüên-

cia do tempo cronológico.c) o memorialismo exacerbado acaba por conferir à obra um caráter de

crônica.d) constitui um romance de crítica ao Romantismo, deixando entrever

muita ironia em vários momentos da narrativa.e) revela crítica intensa aos valores da sociedade e ao próprio público

leitor da época.

39 (FCC-BA) Memórias póstumas de Brás Cubas é considerado romancedivisor de águas da obra machadiana porque, a partir dele, o autora) assume de vez a visão romântica da realidade, apenas esboçada nos

romances da chamada primeira fase.b) se insere na estética naturalista, ao denunciar as mazelas soci-

ais, os casos patológicos e os aspectos mais repugnantes dasociedade.

c) procede a uma retificação da própria obra, através da voz de perso-nagens por meio das quais renega os valores da primeira fase.

d) antecede as conquistas modernistas, com uma postura crítica dianteda civilização industrial e uma atitude de denúncia das misérias domundo rural.

e) desmitifica as idealizações românticas e assume uma visão críticaque, despindo as aparências que encobrem a realidade, busca asrazões últimas das ações humanas.

40 (UF-PB) Lendo-se o texto abaixo, de Machado de Assis,

“Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatasapenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire for-ças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas emabundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas docampo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição.

196

A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma dastribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória,os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitosdas ações bélicas.Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se,pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe éaprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoacanoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou com-paixão; ao vencedor, as batatas.”

verifica-se que se trata dea) uma passagem de Memórias póstumas de Brás Cubas, em que pre-

valece a ironia como forma de compreensão da história da civilizaçãobrasileira.

b) uma manifestação de pessimismo, presente na narrativa de O alienista,em que as fronteiras entre a normalidade e a loucura quase não sedefinem.

c) uma metáfora usada pelo narrador de Dom Casmurro para mostraras dificuldades de relacionamento entre Bentinho e Capitu.

d) uma reflexão do Conselheiro Aires, no romance Memorial de Aires,que, numa postura estóica, analisa a relação entre a guerra e apaz.

e) um trecho do romance Quincas Borba, em que o personagem demesmo nome defende o princípio naturalista da lei do mais forte.

41 (FUVEST-SP)

“— Ao vencedor, as batatas!”

A frase acima aparece num romance de Machado de Assis.a) Qual o título do romance?b) Explique o significado da frase.

42 (UFRGS-RS) No romance O Cortiço, de Aluísio Azevedo, a sintonia com osideais naturalistas é acentuada pela seguinte característica básica da história:a) o personagem sobrepõe-se ao ambiente.b) o coletivo sobrepõe-se ao individual.

197

c) o psicológico sobrepõe-se ao social.d) o trabalho sobrepõe-se ao capital.e) a força sobrepõe-se à razão.

43 (FMTM)

Aquilo já não era ambição, era uma moléstia nervosa, uma loucura,um desespero de acumular, de reduzir tudo a moeda, E seu tipobaixote, socado, de cabelos à escovinha, a barba sempre por fazer,ia e vinha da pedreira para a venda, da venda às hortas e ao capinzal...

Nesse retrato de João Romão, personagem de O Cortiço, patenteia-sea adesão de Aluísio Azevedo à estética naturalistaa) na insistência em destacar as causas patológicas do comportamen-

to, na preocupação com os detalhes de descrição do físico.b) no uso freqüente de hipérboles, na constância dos paradoxos na

descrição do comportamento.c) no contraste entre a exacerbação dos sentimentos atribuídos à figura

central e a simplicidade da pessoa física.d) na idealização dos motivos do comportamento, no embelezamento

dos traços físicos mencionados na descrição.e) na preferência pela narração de episódios, desligados de qualquer

ordenação cronológica.

44 (Unioeste-PR) O que é correto afirmar sobre a obra O Cortiço e seu autor?

01 – A obra apresenta a oposição das personagens masculinas: JoãoRomão e Jerônimo, sendo que no transcorrer da narrativa as per-sonagens passam de elementos maus para bons.

02 – São personagens femininas importantes na obra: Bertoleza, Estela,Zulmira, Pombinha, Rita Baiana, Leónie. O que as aproxima é o fatode habitarem o mesmo espaço e de possuírem a mesma condiçãosocial.

04 – Aluísio Azevedo revelou-se moralista ao retratar, na obra, as rela-ções homossexuais entre Leónie e Pombinha, contrariando as pro-postas do Naturalismo.

198

08 – A obra se enquadra no Naturalismo principalmente por apresentaras seguintes características: personagens condicionadas pelo meiofísico e social, o homem dominado pelo instinto, a zoomorfizaçãodo ser humano.

16 – A obra termina ironicamente, pois João Romão é condecoradocomo abolicionista, embora tivesse explorado Bertoleza durantetoda a narrativa.

Soma

45 (PUC-RS) A redução dos seres humanos ao nível animal, a naturezahumana vista como uma selva onde os fortes, representados por JoãoRomão, devoram os fracos, são princípios básicos do romance ...... de......, expressão do Naturalismo brasileiro.a) A Mortalha de Alzira – Aluísio Azevedo.b) Memorial de Aires – Machado de Assis.c) Casa de Pensão – Aluísio Azevedo.d) O Cortiço – Aluísio Azevedo.e) Esaú e Jacó – Machado de Assis.

46 (UFMG) Todas as referências a O Mulato, de Aluísio Azevedo, estãocertas, exceto:a) Embora realizado conforme os padrões do Realismo, o final do ro-

mance ainda reflete os desenlaces característicos das narrativasromânticas.

b) Com traços exagerados de caricatura, o Cônego Dias encarna, deforma virulenta, a hipocrisia religiosa, evidenciando o anticlericalismoda obra.

c) Um dos pontos altos do realismo de Aluísio Azevedo, neste romance,é a descrição da festa de Maria Bárbara, verdadeiro painel de costu-mes da sociedade maranhense.

d) Os contos publicados por Raimundo em São Luís, como a próprianarrativa de Aluísio Azevedo, pintavam realisticamente os hábitos eos tipos ridículos do Maranhão.

199

e) Na sua crítica aos maranhenses, Aluísio Azevedo refere-se aos ho-mens de letras como indivíduos arraigados às tradições acadêmicas,incapazes de quaisquer inovações.

47 (UFRGS-RS) Leia o seguinte texto:

“A Praça da Alegria apresentava um ar fúnebre. De um casebre miserá-vel, de porta e janela, ouviam-se gemer os armadores enferrujados deuma rede e uma voz tísica e aflautada de mulher, cantar em falsete a‘gentil Carolina era bela’; doutro lado da praça, uma preta velha, vergadapor imenso tabuleiro de madeira, sujo e seboso, cheio de sangue e co-berto por uma nuvem de moscas, apregoava em tom muito arrastado emelancólico: ‘Fígado, rins e coração’. Era uma vendeira de fatos de boi.As crianças nuas, com as perninhas tortas pelo costume de cavalgar asilhargas maternas, as cabeças avermelhadas pelo sol, a pele crestada,os ventrezinhos amarelentos e crescidos, corriam e guinchavam, empi-nando papagaios de papel.”

A descrição acima caracteriza o ambiente, focalizando ao mesmo tem-po a paisagem física e a paisagem humana e acentuando a grande iden-tidade entre ambas. Ao fazê-Io, o autor retrata a realidade sem adornos,buscando a exatidão, embora carregue nas tintas para enfatizar os as-pectos mais sórdidos. Tal parágrafo pode pertencer à obra de:a) José de Alencar.b) Aluísio Azevedo.c) Joaquim Manuel de Macedo.d) Clarice Lispector.e) Bernardo Guimarães.

48 (FMTM)

Assim, pela primeira vez irrompe na ficção brasileira a psicologiainfantil, visto que o romance romântico preferira focalizar o adoles-cente ou adulto enredado nas malhas do amor e da honra, reser-vando à criança um olhar complacente e via de regra puxado aofolclórico ou ao melodramático, o que redundava fatalmente emestereotipia e superficialidade.

200

Esse filão, que procura aprofundar a análise da alma infantil, foi aberto pora) Aluísio de Azevedo, em O Mulato.b) Raul Pompéia, em O Ateneu.c) Machado de Assis, em Memórias Póstumas de Brás Cubas.d) José de Alencar, em O Sertanejo.e) Manuel Antônio de Almeida, em Memórias de um Sargento de Milícias.

49 (FUVEST-SP)

“Ardia efetivamente o Ateneu. Transpus a correr a porta de comunica-ção entre a casa de Aristarco e o colégio.”

Considerando a obra a que pertence o trecho acima:a) Cite o nome do narrador-personagem.b) Saliente a importância do episódio a que se refere esse trecho.

50 (CÁSPER LÍBERO)

“Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. “Cora-gem para a luta”. Bastante experimentei depois a verdade deste aviso,que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exotica-mente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico, diferen-te do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cui-dados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fa-zer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento,têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima vigoroso”.

O trecho acima transcrito pertence ao romance O Ateneu. Quem escre-veu essa obra e qual o nome da personagem principal?a) Inglês de Souza – Padre Antônio de Morais.b) Adolfo Caminha – Amaro.c) Raul Pompéia – Sérgio.d) Aluísio Azevedo – Amâncio.e) Júlio Ribeiro – Barbosa.

51 (CESCEM)

“As eminências de sombria pedra e a vegetação selvática debruçavamsobre o edifício um crepúsculo de melancolia, resistente ao próprio sol a

201

pino dos meios-dias de novembro. Esta melancolia era um plágio aodetestável pavor monacal de outra casa de educação, o negro Caraçade Minas.”

O Ateneu, de Raul Pompéia – de que é extraído o texto acima relataa experiência vivida pelo Autor num internato. Essa obra caracteriza-se por:a) linguagem cruamente realista, que aponta com fidelidade as experi-

ências do passado.b) linguagem preciosa, que esbate a realidade passada, criando um qua-

dro impressionista da experiência vivida.c) linguagem parca e enxuta, que apresenta a realidade passada como

um golpe desferido no leitor.d) linguagem próxima ao tom científico, visto que procura, à moda natu-

ralista, explicar os fatos à luz das ciências naturais e sociais.e) linguagem de marca acentuadamente romântica, por traduzir uma

visão suavizada de um passado de sofrimentos.

52 (UM-SP) Assinale a alternativa correta sobre o romance O Ateneu, deRaul Pompéia.a) O romance se realiza pelo processo memorialista do narrador,

permeado por uma profunda visão crítica.b) Trata-se de uma crônica de saudades, em que o narrador revela, a

cada instante, vontade de voltar.c) O Ateneu representa uma apologia aos colégios internos como for-

ma ideal para a formação do adolescente.d) Apesar da tentativa de atingir um estilo realista, a obra mantém uma

estrutura romântica aos moldes de José de Alencar.e) Todas as personagens do romance buscam identificar-se com o dire-

tor do Ateneu.

53 (PUC-PR) O gosto dos temas escabrosos e a crença na fatalidade domeio aproximam Adolfo Caminha, autor de O bom crioulo, da estética do:a) Modernismo.b) Naturalismo.c) Parnasianismo.

202

d) Romantismo.e) Simbolismo.

54 (UFPR)

“Macas de lona suspensas em varais de ferro, umas sobre outras,encardidas como panos de cozinha, oscilavam à luz moribunda e maci-lenta das lanternas. Imagine-se o porão do navio mercante carregado demiséria. No intervalo das peças, na meia escuridão dos recôncavos movi-am-se corpos seminus, indistintos. Respirava-se um odor nauseabundode cárcere, um cheiro acre de suor humano diluído em urina e alcatrão.Negros, de boca aberta, roncavam profundamente, contorcendo-se nainconsciência do sono. Viam-se dorsos nus abraçando o convés, aspec-tos indecorosos que a luz evidenciava cruelmente. De vez em quandouma voz entrava a sonambular coisas ininteligíveis. Houve um marinheiroque se levantou, do meio dos outros, nu em pêlo, os olhos arregalados,medonho, gritando que o queriam matar. No fim de contas o pobre diaboera vítima de um pesadelo, nada mais. Tudo voltou ao silêncio.”

Com relação a esse fragmento da obra O Bom Crioulo, de Adolfo Cami-nha, é correto afirmar que apresenta a(s) seguinte(s) característica(s)naturalista(s):

01 – Tentativa de impessoalidade em relação à voz narrativa.

02 – Despreocupação com pormenores descritivos, o que torna o ritmonarrativo extremamente rápido.

04 – Subjetividade na descrição do espaço.

08 – Valorização de ambientes exóticos, objetivando a recuperação es-tética de figuras marginalizadas socialmente.

16 – Preferência por espaços miseráveis e socialmente inferiores.

Soma

55 (CESCEM)

“Começou a Ier Casa de Pensão em voz alta, em tom recitativo, pausa-damente, repetindo frases inteiras, aplaudindo o romancista com entu-

203

siasmo, exclamando de vez em vez: ‘– Bonito, seu Zuza’, como se fos-se ele próprio o autor do livro. Depois, sacudindo o romance sobre umacadeira, levantou-se espreguiçando-se com estalinhos nas articulações,escancarando a boca num bocejo largo”.

Neste trecho de A Normalista, Adolfo Caminha revela claramente, atra-vés de suas personagens, sua filiação literária à corrente:a) romântica, de Joaquim Manuel de Macedo.b) realista, de Machado de Assis.c) naturalista, de Aluísio Azevedo.d) pré-modernista, de Graça Aranha.e) modernista, de Jorge Amado.

56 (UE-CE) Domingos Olímpio e Manuel de Oliveira Paiva são dois roman-cistas que, ainda na época do Naturalismo, retrataram o interior cearensecom suas repetidas secas e seu declínio econômico. Tendo como figuracentral uma mulher, um descreve o pesadelo da seca de 1877 e outro, olatifúndio nordestino com seu mundo de interações morais.Essas obras são, respectivamente:a) A Normalista e Os Sertões.b) Aves de arribação e A carne.c) laiá Garcla e A Afilhada.d) O bom crioulo e O mulato.e) Luzia-Homem e D. Guidinha do Poço.

57 (Med. Rio Preto-SP) Na segunda metade do século XIX, obras de Do-mingos Olímpio e Manuel de Oliveira Paiva evidenciam a criação, noNordeste, de um romance:a) romântico tardio, cujo interesse maior decorre dos conflitos que se

geram dos dramas do indivíduo contraposto à sociedade (Diva e OGuarani).

b) de inspiração regionalista e com traços naturalistas (Luzia-Homem eD. Guidinha do Poço).

c) de tendência nitidamente moderna e neo-realista, em que o dramagerado entre o meio e o homem é posto como a mola mestra doenredo (Angústia e Bangüê).

204

d) de forte influência simbolista, em que a expressão do narrador e atendência filosofante valem mais que a paisagem concreta (Canaã eRei Negro).

e) de caráter regionalista e enraizadamente romântico, em que osubjetivismo e o gosto pelo folhetim contrapõem-se à importância domeio (Inocência e O Ermitão de Muquém).

58 (FAU-SANTOS) Determinismo literário nascido da famosa teoria de Taine(meio, raça e momento). Exatidão científica conferida à representaçãoda vida. Análise dos casos patológicos e anômalos. Observância dosprincípios da hereditariedade e da análise psicológica. Essas caracterís-ticas são próprias da escola:a) Realista.b) Parnasiana.c) Romântica.d) Simbolista.e) Naturalista.

59 (Mackenzie) Em O Cortiço, só não se encontra:a) narrativa rápida, despreocupada com minúcias.b) rigorosa lógica entre causas biológicas e sociais que determinam o

comportamento dos protagonistas.c) preocupação com o contemporâneo, objeto de observação e análise.d) nos diálogos, emprego de linguagem simples, próxima da realidade

cotidiana.e) concepção materialista do Homem.

60 (FEDERAL-SÃO CARLOS) O que sobressai na atividade criadora deMachado de Assis é:a) a minuciosa busca de soluções aperfeiçoadoras, o que só conseguiu

após inúmeros e continuados exercícios.b) a grande capacidade de inspiração, uma vez que a quantidade de

romance que escreveu foi facilitada pela improvisação.c) o equilíbrio entre o improvisador, o inspirado e o artista, que é de-

monstrado pelas obras de valor desigual, que ocorrem no decorrerde sua produção literária.

205

d) a sinceridade com que manifesta, por linguagem desprovida de metáfo-ras, em cada romance que escreveu, as várias fases de sua biografia.

e) ter iniciado a carreira escrevendo romances realistas, convertendo-se, mais tarde, ao Naturalismo.

(Parnasianismo)

1 (CEFET-MG)

“O .............. se tingirá de ................, no romance e no conto, sempreque fizer personagens e enredos submeterem-se no destino cego das‘leis naturais’ que a ciência da época julgava ter codificado; ou se dirá........., na poesia, à medida que se esgotar no lavor do verso tecnica-mente perfeito.”

No texto acima, preenchem-se as lacunas, respectivamente, com:a) Realismo – Naturalismo – Parnasianismo.b) Romantismo – Naturalismo – Parnasianismo.c) Realismo – Naturalismo – Simbolismo.d) Romantismo – Modernismo – Parnasianismo.e) Romantismo – Modernismo – Simbolismo.

(FUVEST-SP) Leia o texto com atenção e responda às questões 2 e 3:

“Fulge de luz banhado, esplêndido e suntuoso,0 palácio imperial de pórfiro luzenteE mármor da Lacônia. O teto caprichosoMostra, em prata incrustado, o nácar do Oriente.”

2 O texto dado é a primeira estrofe do soneto “A sesta de Nero”, de Olavo Bilac.a) A que estilo de época (ou “escola literária”) pertence o referido

soneto?b) Cite uma característica desse estilo que se comprove pelo texto.

3 a) Cite dois outros poetas que se possam considerar da mesma “esco-la literária”.

b) Cite, pelo menos, um título de obra ou de poema de cada um dessesautores.

206

4 (UM-SP) Assinale a alternativa que não se aplica à estética parnasiana.a) predomínio da forma sobre o conteúdo.b) tentativa de superar o sentimento romântico.c) constante presença da temática da morte.d) correta linguagem, fundamentada nos princípios dos clássicos.e) predileção pelos gêneros fixos, valorizando o soneto.

5 (UEM-PR)I“Se não tivermos lãs e peles finas,podem mui bem cobrir as carnes nossasas peles dos cordeiros mal curtidas,e os panos feitos com as lãs mais grossas.Mas ao menos será o teu vestidopor mãos de amor, por minhas mãos cosido.”

II“Torce, aprimora, alteia, lima

A frase, e enfim,No verso de ouro engasta a rima,

Como um rubim.Quero que a estrofe cristalina,

Dobrada ao jeitoDo ourives, saia da oficina

Sem um defeito.”

Baseando-se na leitura dos trechos acima, assinale o que for correto e,depois, some os valores atribuídos:01 – O excerto I ilustra a afirmação: O bucolismo árcade visava represen-

tar a sadia rusticidade dos costumes rurais, sobretudo dos pastores.02 – O excerto II denota a preocupação do parnasiano pela forma re-

quintada.04 – Os excertos I e II denotam despreocupação com a forma.08 – O excerto I é constituído de 6 versos.16 – No excerto II ocorrem rimas ricas.32 – Todos os versos do excerto I são decassílabos.

207

64 – Em todos os versos do excerto II, há correspondência entre o nú-mero de sílabas métricas e o número de sílabas gramaticais.Soma

6 (FAU-SANTOS) Assinale a única afirmativa INCORRETA:a) O Parnasianismo é de origem francesa.b) O Parnasianismo tem ligações com a tradição clássica (greco-latina).c) O Parnasianismo procura a objetividade na Arte.d) O Parnasianismo revela uma atitude impessoal.e) O Parnasianismo mantém afinidades com o Romantismo, principal-

mente quanto aos princípios formais.

7 (ALVARES PENTEADO) Assinale a alternativa que contenha apenascaracterísticas parnasianas:a) linguagem rebuscada, dualismo, sentimentalismo.b) sentimentalismo, rigor formal, temas históricos.c) perfeição formal, poesia descritiva, objetivismo.d) poesia filosófica, misticismo, subjetivismo.

8 (CFET-PA) Todas as afirmações abaixo estão corretas, com exceçãode:a) O Parnasianismo é a manifestação poética do Realismo, mais volta-

da para o concreto.b) Os parnasianos assumiram o sentimentalismo quanto à observação

da realidade, pregando uma atitude pessoal.c) Os parnasianos, negando a emoção, cultuaram a Razão e

revalorizaram a Antiguidade Clássica.d) O Parnasianismo é uma estética preocupada com a arte pela arte, a

poesia pela poesia.e) Os parnasianos fixam-se na observação de regras poéticas e têm,

por isso, uma linguagem rebuscada e artificial.

9 (UFMS) Rimas ricas, métrica rigorosa, trabalho artesanal com a lingua-gem, vocabulário requintado – eis algumas das características da poesia:a) cultivada por Casimiro de Abreu.

208

b) em que se afirmou Oswald de Andrade.c) contra a qual se voltou Olavo Bilac.d) vinculada à estética do Realismo.e) centrada nos temas bucólicos.

10 (Positivo-PR) A contenção lírica, a preferência pelo descritivo, o cultoda forma, certa preocupação pela rima rica, a “arte pela arte” são carac-terísticas da poesia que teve como principais representantes no Brasil:a) Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira.b) Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Basílio da Gama.c) Cruz e Sousa, Alphonsus de Guimaraens e Emiliano Perneta.d) Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Manuel Bandeira.e) Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e Castro Alves.

11 (FAAP-SP) Identifique o novo estilo artístico que, no Brasil, nos anos de1880, definiu os rumos da nossa poesia.

12 (FAAP-SP) Mencione os postulados básicos desse novo estilo e seusprincipais cultores brasileiros.

13 (FAAP-SP) É possível estabelecer alguma relação entre a produção deRaul Pompéia e o estilo mencionado em sua resposta à questão anterior?Justifique.

14 (PUC-RS)

“Esta de áureos relevos, trabalhadaDe divas mãos, brilhante copa, um dia,Já de aos deuses servir como cansada,Vindo do Olimpo, a um novo deus servia.”

A poesia que se concentra na reprodução de objetos decorativos, comoexemplifica a estrofe de Alberto de Oliveira, assinala a tônica da:a) espiritualização da vida.b) visão do real.c) arte pela arte.

209

d) moral das coisas.e) nota do intimismo.

15 (PUC-PR) Das características abaixo, apenas uma não pode ser consi-derada do Realismo/Naturalismo/Parnasianismo.a) A obra está sujeita a três sortes de influências deterministas – raça,

momento e meio.b) Apego à ciência, forma de conhecimento objetivo da realidade.c) Uso da razão para surpreender os aspectos perenes, constantes e

universais da realidade.d) Temática litúrgica e mortuária, com formas esfumadas e diáfanas.e) Rigor e economia na linguagem.

16 (FEI-SP) Através das características abaixo, indique o movimento literá-rio que elas definem:a) culto do contraste; oposição do homem voltado para o céu ao ho-

mem voltado para a terra.b) simplicidade, mas nobreza de linguagem: busca de motivos bucólicos.c) culto da forma; arte pela arte.

17 (OSEC-SP)

“Sonhei que me esperavas. E, sonhando,Saí, ansioso por te ver: Corria ...E tudo ao ver-me tão depressa andando,Soube logo o lugar para onde eu ia”.

O autor desse quarteto foi poeta de grande cultura e sua obra manifestapatente dualidade romântico-parnasiana. O poeta:a) é contemporâneo de Gonçalves Dias.b) nasceu sob o domínio português.c) chama-se Olavo Bilac.d) morreu em meados do século XIX.

18 (OSEC-SP) Os versos anteriores apresentam:a) rimas pobres e doze sílabas.

210

b) rimas pobres e emparelhadas.c) rimas ricas e dez sílabas.d) rimas pobres e dez sílabas.e) rimas preciosas e alternadas.

19 (PUCC-SP) A respeito de Via Láctea, de Olavo Bilac, é lícito dizer:a) que contém poemas onde o autor compara o trabalho do poeta com

o lavor do ourives.b) que há uma profunda influência da Ilíada, mas também da Odisséia,

ainda que em pequena escala.c) que é uma coletânea de poemas, cujo tema é o amor sensual, vazado

em versos de ritmos neo-clássicos, em que se observa, muitas vezes,uma estruturação intencional com vistas à chave de ouro do soneto.

d) que é uma coletânea onde o principal tema é o céu noturno.e) n.d.a.

20 (F.M.U.)“Nos trinta e cinco sonetos de Via Láctea, o poeta encontra o seu moti-vo mais caro, o amor sensual, vivido numa fugaz exaltação”. Estamosfalando de:a) Fagundes Varela.b) Alberto de Oliveira.c) Olavo Bilac.d) Castro Alves.e) Cruz e Souza.

21 (Unioeste-PR)

A um poeta

Longe do estéril turbilhão da rua,Beneditino, escreve! No aconchegoDo claustro, na paciência e no sossego,Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o empregoDo esforço: e a trama viva se construa

211

De tal modo, que a imagem fique nua,Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplícioDo mestre. E, natural, o efeito agrade,Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade,Arte pura, inimiga do artifício,É a força e a graça na simplicidade.

Em relação ao poema A um poeta, e a seu autor Olavo Bilac, podemosafirmar que:

01 – o texto tematiza a arquitetura do poema.

02 – a gradação que aparece na primeira estrofe funde o trabalho dopoeta ao do operário.

04 – ao comparar a imagem do poema com um templo grego, o poetapretende atingir a imortalidade de sua obra.

08 – o texto tematiza uma das propostas do movimento parnasiano queé o zelo pela composição perfeita dos versos.

16 – só se atinge a arte pura com a perseverança de um beneditino.

32 – no texto em questão, Olavo Bilac sugere que o poeta deve mostrarnos versos todo o suplício por que passou para compor sua obra.

64 – Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira formam a Trin-dade Parnasiana. O primeiro é autor do texto antológico, O Caça-dor de Esmeraldas.

Soma

22 (UF-PA) À subjetividade romântica os parnasianos contrapuseram aimpessoalidade objetiva; Bilac, parnasiano por excelência, por vezes fogedo rigorismo objetivista de sua escola como, por exemplo, nos versosem que o eu do poeta se manifesta claramente. E o que se vê em:a) Fernão Dias Paes Leme agoniza. Um lamento/Chora largo, a rolar na

longa voz do vento.

212

b) Pára! Uma terra nova ao teu olhar fulgura!/Detém-te! Aqui, de encon-tro a verdejantes plagas.

c) E eu, solitário, solto a face, e tremo,/Vendo o teu vulto que desaparece.d) Chega do baile. Descansa/Move a ebúrnea ventarola.e) E ei-Ia, a morte! E ei-Io, o fim! A palidez aumenta; Fernão Dias se

esvai, numa síncope lenta.

23 (USF-SP)

“Nunca morrer assim! Nunca morrer num diaAssim! de um sol assim!Tu, desgrenhada e fria,Fria! postos nos meus os teus olhos molhados,E apertando nos teus os meus dedos gelados...”

O excerto acima, de “In extremis”, de Olavo Bilac, lembra o fato de quenossos poetas parnasianos:a) são autores de uma poesia apaixonada e mórbida, voltada para o

culto da sensualidade da matéria, da emoção fugaz, da morte e daeternidade,

b) nem sempre mostraram obediência exclusiva aos princípios da esté-tica que professaram, e compuseram textos ricos do sentimento eda emoção particularizadora do eu lírico,

c) fizeram uma poesia torturada pelo mal-do-século, pela angústia ex-tremada que apontava para a morte e para a destruição da ordem domundo.

d) se caracterizaram pela manifestação emotiva, pelo sentimentalismodesabrido, que opõe a liberdade de expressão ao rigor da forma,

e) usaram uma expressão livre das normas e das formas clássicas, paradar vazão à torrente emocional característica de seus textos.

24 (CESCEA-SP) O poeta é festejado como um dos mais expressivos re-presentantes da poesia parnasiana brasileira. No seu último livro, po-rém, encontram-se poemas que fogem à propalada impassibilidade,como é exemplo o conhecido soneto “O vale”, ao qual pertence a se-guinte estrofe:

213

“Sou como um vale, numa tarde fria,Quando as almas dos sinos, de uma em uma,No soluçoso adeus da ave-mariaExpiram longamente pela bruma”.

O poeta é:a) Olavo Bilac.b) Raimundo Correia.c) Vicente de Carvalho.d) Alberto de Oliveira.e) Francisca Júlia.

25 (Fund. Santo André) Poemas como “Anoitecer” e “A cavalgada”, deRaimundo Correia ou “Vaso chinês” e “Vaso grego”, de Alberto de Oli-veira, exemplificam uma feição típica do Parnasianismo. É ela:a) o descritivismo.b) o pendor filosofante.c) a preocupação com temas particulares e individuais.d) a valorização da antiguidade greco-latina.e) a expressão indireta do autor.

26 (UFPR)

“Se se pudesse, o espírito que chora,Ver através da máscara da face;Quanta gente, talvez, que inveja agora”,Nos causa, então piedade nos causasse!”(Raimundo Correia, Mal Secreto)

Assinale a alternativa que exprime a oposição fundamental deste texto:a) corpo versus espírito.b) gente feliz versus gente infeliz.c) piedade versus falsidade.d) essência do ser versus aparência.e) dor versus falsidade.

214

SIMBOLISMO(1893-1922)

Mais do que representar, tanto o Impressionismo quanto o Simbolismo querem sugerir,evocar.

Rep

rodu

ção

Amigos, de Eliseu Visconti

215

SIMBOLISMO: século XIX

CONTEXTO HISTÓRICO: neocolonialismo no Brasil:Primeira República• Revolta da Armada• Revolta Federalista• Canudos

CARACTERÍSTICAS: • musicalidade• sugestão• mistério

AUTORES: Cruz e SousaAlphonsus de GuimaraensPedro Kilkerry

Parnasianismo Simbolismo

• positivismo/materialismo/ • idealismo/misticismo/ cientificismo metafísica

• racionalismo • valorização da intuição

• representação objetiva e • sugestão, evocação da realidade nítida da realidade

• objetividade • mergulho no inconsciente

216

Rep

rodu

ção

Simbolismo (1893-1922)O Simbolismo iniciou-se em 1893 com a publicação de Missal (prosa) e

Broquéis (poesia), dois livros de Cruz e Sousa e, terminou, teoricamente,em 1922 com a Semana de Arte Moderna, que inaugurou uma literaturaautenticamente brasileira, cem anos depois de nossa independência políti-ca. No entanto (como já dissemos), tanto o Simbolismo, quanto oParnasianismo, sobreviveram ao divisor de águas, que foi a Semana, e con-viveram com o Pré-Modernismo.

Contexto HistóricoO neocolonialismo dominou a cena político-econômica de final do sé-

culo XIX e início deste. As grandes potências rivalizaram-se na disputa deregiões da África e da Ásia para conseguir matéria-prima para a indústria emercados consumidores para os produtos industrializados. Essa disputa jácomeçava a preparar o clima para a Primeira Guerra Mundial.

No Brasil, as cidades cresciam e as populações mais carentes amon-toavam-se em subabitações, ao mesmo tempo que fortunas nasciam danoite para o dia, propiciadas pela especulação financeira e pela inflação. Ocapital estrangeiro estava presente em todos os setores da sociedade.

A República recém-proclamada já encontrava focos de resistência comoa Revolta da Armada (1893) e a Revolta Federalista (1893-95). Em 1897, oArraial de Canudos, considerado outra ameaça à República, foi destruídopelas tropas federais.

Manifestações ArtísticasO Impressionismo, na pintura, correspon-

deu ao Simbolismo literário. Importava paraseus pintores mais o efeito geral, a sugestãodo que a representação nítida do objeto. Empinceladas rápidas, eles queriam captar o ins-tante e os efeitos da luz. Confira esses dadosno quadro A catedral de Rouen,de Monet.

217

Moça no Trigal, de Eliseu Visconti.

Rep

rodu

çãoA música, abandonando a temática

épica do Romantismo, inspirou-se no ex-tremo-oriente e valorizou a sonoridade dosinstrumentos e os jogos harmônicos. ClaudeDebussy foi seu maior representante.

No Brasil, a influência impressionistarevela-se em algumas obras de EliseuVisconti. Observe a ilustração ao lado cujonome é Moça no Trigal.

LiteraturaO Simbolismo surgiu como reação à objetividade e descritivismo

parnasianos. Entre nós, no entanto, foi abafado pela produção parnasianaque correspondia mais intensamente aos anseios da burguesia em ascensão.

À confiança ilimitada na ciência, sucederam um descrédito e um desâ-nimo sem formas definidas; ao racionalismo e ao materialismo, a valoriza-ção da intuição e as manifestações espirituais e metafísicas.

Características LiteráriasO Simbolismo caracterizou-se pela musicalidade dos versos, pela cria-

ção de uma atmosfera de mistério e pela sugestão (para seus poetas, aspalavras deveriam sugerir, evocar, não definir nem descrever como faziamos parnasianos).

1) musicalidade: o simbolista francês Paul Verlaine decretara “de lamusique avant toute chose” (música antes de qualquer coisa) e essafoi a característica mais perseguida por todos. Para conseguir esseefeito, usavam repetições, aliterações, inovações métricas:

Velho vento vagabundo!No teu rosnar sonolentoLeva ao longe este lamento,Além do escárnio do mundo. (Cruz e Sousa)

218

Rep

rodu

ção

Cruz e Sousa

2) mistério: o uso de vocabulário litúrgico e os adjetivos de significaçãovaga e imprecisa enfatizam a atmosfera de mistério da maioria dostextos simbolistas:

Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...Incensos dos turíbulos das aras (Cruz e Sousa)

3) sugestão: as metáforas polivalentes (os símbolos) e as analogiassensoriais (sinestesias) sugerem estados d’alma e representam ummergulho no caos do inconsciente do poeta:

Era um som feito luz, eram volatasEm lânguida espiral que iluminava,Brancas sonoridades de cascatas...Tanta harmonia melancolizava. (Cruz e Sousa)

Produção Literária

Cruz e Sousa (1861-1898)

Catarinense de Florianópolis, Cruz e Sousanasceu escravo, mas, criado pelo senhor, freqüen-tou boas escolas. Vítima de preconceito racial, foipara o Rio de Janeiro onde se empregou na Estra-da de Ferro Central do Brasil. Casou-se, mas osfilhos morreram, sua mulher enlouqueceu e elemorreu tuberculoso. Passou seus últimos diasnuma cidadezinha de Minas Gerais, de onde seucorpo foi transportado num vagão de animaispara o Rio de Janeiro. O professor francês Roger Bastide considerou-oum dos três maiores simbolistas do mundo, ao lado de Mallarmé eStefan George.

219

Racialmente discriminado, Cruz e Sousa manifesta obsessão pela cor bran-ca, presente em toda a evolução por que passou sua poesia. Essa obses-são é reveladora da sua condição racial e da tentativa de superá-la.

Numa primeira fase, o “Cisne Negro” ou “Dante Negro”, como foi chama-do o poeta, tematiza a dor, o sofrimento de ser negro e o conflito entre osapelos sensuais e o transcendentalismo. Já nesse primeiro momento perce-be-se, em sua poesia, a utilização de recursos tipicamente simbolistas comoas sinestesias, aliterações, repetições — para efeito melódico —, maiúsculas— para expressar o absoluto (Mistério, Dor, Luz, Morte) —, vocabulário litúrgico— para criação de atmosfera mística, misteriosa. Os poemas de Broquéis sãorepresentativos dessa fase. Confira tudo isso nesse fragmento do poema“Antífona” e perceba como o poeta sugere um quadro impressionista:

Ó Formas alvas, brancas, Formas clarasde luares, de neves, de neblinas!...Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...Incensos dos turíbulos das aras...

Formas do Amor, constelarmente puras,de Virgens e de Santas vaporosas...Brilhos errantes, mádidas frescurase dolências de lírios e de rosas...

Indefiníveis músicas supremas,harmonias da Cor e do Perfume...Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...

Visões, salmos e cânticos serenos,surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...Dormências de volúpicos venenossutis e suaves, mórbidos, radiantes...

220

Infinitos espíritos dispersos,inefáveis, edênicos, aéreos,fecundia o Mistério destes versoscom a chama ideal de todos os mistérios.(...)

Sua segunda fase, correspondente à publicação de Faróis, revela an-gústia e melancolia. Seus poemas têm como tema a morte, o tédio, o de-sespero interior, como revela este trecho de “Violões que choram”:

Quando os sons dos violões vão soluçando,Quando os sons dos violões nas cordas gemem,E vão dilacerando e deliciando,Rasgando as almas que nas sombras tremem.

Harmonias que pungem, que laceram,dedos nervosos e ágeis que percorremCordas e um mundo de dolências geram,Gemidos, prantos, que no espaço morrem...

E sons soturnos, suspiradas mágoas,Mágoas amargas e melancolias,No sussurro monótono das águas,Noturnamente, entre ramagens frias.

Vozes veladas, veludosas vozes,Volúpias dos violões, vozes veladas,Vagam nos velhos vórtices velozesDos ventos, vivas,vãs, vulcanizadas.(...)

221

Alphonsus de Guimaraens

Rep

rodu

ção

Os versos de Últimos Sonetos revelam sua terceira fase, período deresignação e sublimação da dor através do sofrimento:

Vê como a Dor te transcendentaliza!Mas no fundo da Dor crê nobremente,Transfigura o teu ser na força crenteque tudo torna belo e diviniza.

Alphonsus de Guimaraens (1870-1921)

Na obra de Afonso Henriques da Costa Guimarães, o tema constante éa morte da mulher amada ao qual os outros — natureza, religião, arte — serelacionam. Influenciado pelo poeta simbolista francês Verlaine, Alphonsusprivilegia a camada sonora do signo, trabalhando as aliterações,onomatopéias, repetições. Em versos simples manifesta uma constantepreocupação mística atestada, também, em seus poemas dedicados à Vir-gem Maria em Setenário das dores de Nossa Senhora. “Ismália” é um deseus poemas mais conhecidos:

Quando Ismália enlouqueceu,Pôs-se na torre a sonhar...Viu uma lua no céu,Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,Banhou-se toda em luar...Queria subir ao céu,Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,Na torre pôs-se a cantar...Estava perto do céu,Estava longe do mar...

222

Pedro Kilkerry

Rep

rodu

ção

E como um anjo pendeuAs asas para voar...Queria a lua do céu,Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deuRuflaram de par em par...Sua alma subiu ao céu,Seu corpo desceu ao mar...

Pedro Kilkerry (1885-1917)

Como o romântico Sousândrade, Kilkerry foi ignorado em seu tempo eos críticos de vanguarda o redescobriram. Sua linguagem, ao contrário dados outros simbolistas, é concreta, condensada, com fortes rupturas sintá-ticas e semânticas. Neste fragmento do poema “É o silêncio”, o poeta relatao processo de criação:

É o silêncio

É o silêncio, é o cigarro e a vela acesa.Olha-me a estante em cada livro que olha.E a luz nalgum volume sobre a mesa...Mas o sangue da luz em cada folha.

Não sei se é mesmo a minha mão que molhaA pena, ou mesmo o instinto que a tem presa.Penso um presente, num passado. E enfolhaA natureza tua natureza.Mas é um bulir das cousas... ComovidoPego da pena, iludo-me que traçoA ilusão de um sentido e outro sentido,Tão longe vai!

223

Tão longe se aveluda esse teu passo,Asa que o ouvido anima...E a câmara muda. e a sala muda, muda...

Afonamente rufa. A asa da rimaPaira-me no ar. Quedo-me como um BudaNovo, um fantasma ao som que se aproxima.Cresce-me a estante como quem sacudaUm pesadelo de papéis acima...

Questões de Vestibular

(Simbolismo)

1 (CESESP)

1. Combatia o individualismo poético, o subjetivismo romântico, e pre-gava que o poeta devia ser apenas um artista. Preocupação bastan-te acentuada com a composição, com a técnica dos poemas e aseleção vocabular.

2. Desaparece o culto exagerado da forma, para ceder o seu lugar aoimpério do coração. As palavras adquirem valor de imagens repre-sentativas do sentimento; os versos passam a revestir-se de maiorsonoridade e de um caráter místico; perdendo a rigidez métrica.

As assertivas acima exprimem, respectiva e sucessivamente, caracte-rísticas do:a) Romantismo/Realismo.b) Barroco/Arcadismo.c) Naturalismo/Modernismo.d) Romantismo/Naturalismo.e) Parnasianismo/Simbolismo.

2 (UF-PI)

“A Música da Morte, a nebulosa,Estranha, imensa música sombria

224

passa a tremer pela minh’alma e friagela, fica a tremer, maravilhosa...

Onda nervosa e atroz, onda nervosa,Letes sinistro e torvo da agonia,recresce a lancinante sinfonia,sobe, numa volúpia dolorosa...”

Pelo uso sugestivo da música e de processos indiretos de associação deidéias, como a metáfora, pela presença de uma concepção mística davida, pela musicalidade dos versos, estas estrofes pertencem à estética:a) barroca.b) simbolista.c) parnasiana.d) romântica.e) modernista.

Instruções: Os versos abaixo referem-se à questão de número 03:

“Ó Lua triste, amargurada,fantasma de brancuras vaporosas,a tua nívea luz ciliciadafaz murchecer e congelar as rosas.”

3 (CESCEM)A luz difusa, esbatendo as linhas e diluindo as formas, produz uma trans-figuração do objeto, o que caracteriza o ........................ e o faz aproxi-mar-se do ................... .a) romantismo – modernismo.b) simbolismo – impressionismo.c) realismo – surrealismo.d) simbolismo – naturalismo.e) romantismo – realismo.

4 (FMU-SP)Contemporâneo ao Parnasianismo, o Simbolismo de Cruz e Sousae Alphonsus de Guimaraens apresenta, entre outras, as seguintescaracterísticas:

225

a) efeitos de ruptura e reformulação; mistério; materialismo.b) efeitos de sugestão de musicalidade; mistério; espiritualidade.c) mistério; subjetivismo; materialismo científico.d) efeitos de sugestão e musicalidade; vocabulário científico; materialismo.e) predomínio da prosa; neo-realismo; regionalismo.

5 (Santa Casa-SP)

Do sonho as mais azuis diafaneidadesque fuljam, que na Estrofe se levantem,e as emoções, todas as castidadesda Alma do Verso, pelos versos cantem.

O uso incomum do substantivo abstrato no plural e a aplicação de adje-tivos denotativos de qualidades físicas a substantivos abstratos são tra-ços estilísticos que permitem enquadrar a estrofe acima na estéticaa) simbolista.b) parnasiana.c) romântica.d) arcádica.e) barroca.

6 (PUC-PR)

“Visões, salmos e cânticos serenos,surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...Dormências de volúpicos venenossutis e suaves, mórbidos, radiantes...”(Cruz e Sousa, Antífona)

O Simbolismo representa uma atitude subjetiva, em oposição à objetivi-dade do Parnasianismo. Esta atitude revela-se, nos versos acima:a) numa expressão do mundo mais interior do artista, nas correspon-

dências entre o concreto e o abstrato, numa atmosfera de abstração.b) num mergulho no inconsciente, na associação entre material e ideal,

numa liberdade criadora.c) num subjetivismo tipo romântico, no misticismo, num mergulho no

inconsciente coletivo.

226

d) na escrita automática, no verso livre, na religiosidade exacerbada.e) na musicalidade do verso, no verso livre, no abuso da metonímia.

7 (F. Objetivo-SP)A negação do Positivismo, do Materialismo, e das estéticas neles funda-mentadas; a criação poética como fruto do inconsciente, da intuição, dasugestão, da associação de imagens e idéias; o tom vago, impreciso,nebuloso; o uso acentuado de sinestesias e intensa musicalidade sãocaracterísticas do:a) Realismo. d) Romantismo.b) Simbolismo. e) Parnasianismo.c) Naturalismo.

8 (PUC-PR) Das alternativas apresentadas, assinale a que registra ape-nas características do Simbolismo:a) Busca solução para o problema existencial, a poesia é misteriosa e

simbólica, a linguagem torna-se direta, clara e precisa.b) Busca o divino e o transcendental, as palavras são escolhidas pela

sonoridade e pela inter-relação com os sentidos, a poesia torna-semetafórica e simbólica. Reaparece o sentido do mistério.

c) Colocam-se, em primeiro plano, os valores da pessoa humana,várias doutrinas contribuem para dar ao homem uma concep-ção materialista da vida. Temas preferidos: a morte e o homemsocial.

d) Procura abolir a realidade concreta e objetiva para substituí-Ia por ummundo mais espiritual e, por outro lado, divulga o afastamento doritmo e da métrica tradicionais.

e) A poesia reveste-se de religiosidade e mistério com a predominânciado espírito cético e mórbido da vida, do gosto pela arte popular e dofolclore.

9 (UFG)

02 – A poesia de Cruz e Sousa expressa o sentido trágico da existência.

04 – No Parnasianismo, a prosa foi uma das maiores expressões.

227

08 – O autor naturalista, em sua obra, trabalha com exceções, procu-rando antes o indivíduo anormal, que o ajustado.

16 – A primeira conseqüência realista foi o término do tom apaixonadodo Barroco.

32 – O Naturalismo crê que o homem seja realmente condicionado, epor inteiro, à natureza, ao cientificismo e à fantasia.

64 – Na estrofe:“Invejo o ourives, quando escrevo.Imito o amorCom que ele, em ouro, o alto-relevoFaz de uma flor”percebemos a preocupação formal.

Soma

10 (UFG)

01 – A estrofe:Ó Formas alvas, brancas, Formas clarasde luares, de neves, de neblinas!...Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...Incensos dos turíbulos das aras...é simbolista, pois usa da sugestão da vaguideze cadências de ritmos novos.

02 – Em Dom Casmurro, o autor procura mostrar como, apesar da sus-peita de adultério, o amor consegue superar tudo, provocando areconciliação do casal.

08 – Apesar dos termos científicos, a poesia de Augusto dos Anjos re-vela-se nitidamente parnasiana pelo preciosismo da linguagem epelo tom impessoal e objetivo.

16 – O Naturalismo, com sua influência científica, derivou-se do Realis-mo. Seu objetivo é, além de relacionar o homem à sociedade emque vive, observar os seres humanos sob o prisma fisiológico, gené-tico. Teorias sobre o racismo, sobre homossexualidade, sobre here-ditariedade serão utilizadas no estudo das personagens naturalistas.

228

32 – A poesia de Gonçalves Dias, por ser romântica, não se apega nemao misticismo nem à religiosidade, ligando-se à temática naciona-lista, como, por exemplo, o índio.

64 – O Arcadismo utilizou-se de elementos da mitologia greco-romana.

Soma

11 (CESESP):É considerado uma das traves-mestras da literatura nacional. Nosprimeiros livros, reflete a luta interior entre a condição social e a raciale o desejo de superá-la, consubstanciando-o no emprego contínuodo vocábulo “branco” e outros com ele relacionados. Em trabalhosposteriores, a revolta diminui, levando-o a transmitir uma verdadeiraresignação cristã, uma serenidade de espírito, a despeito dos gran-des dramas familiares que o envolveram nos últimos anos da exis-tência. A dor passa a ser algo que purifica a alma humana: “Vê comoa Dor te transcendentaliza”. Esses conceitos correspondem ao mun-do poético de:a) Machado de Assis.b) Castro Alves.c) Cruz e Sousa.d) Gonçalves Dias.e) Alphonsus de Guimaraens.

12 (PUC-CAMPINAS-SP)Examine as características possíveis para as várias escolas literárias noBrasil: sentido dilemático da vida espiritual e material; ampla e total liber-dade de temática; ambiência para o desenvolvimento do romance his-tórico; retratação objetiva do mundo; exploração fônica das palavras;preocupação com o cientificismo; culto às formas poéticas fixas; a natu-reza tomada de modo artificial como cenário; ambiência para o roman-ce social.Reescreva:a) o que é relevante para o Romantismo.b) o que é relevante para o Simbolismo.

229

PRÉ-MODERNISMO(1902-1922)

Os pré-modernistas voltaram-se para a realidade brasileira a fim de denunciar asdesigualdades.

Rep

rodu

ção

O violeiro, de Almeida Jr.

230

PRÉ-MODERNISMO: século XX

CONTEXTO HISTÓRICO: a) No mundo• Primeira Guerra Mundial• Revolução Russa• ascensão dos Estados Unidos

b) no Brasil• República do café-com-leite• economia cafeeira• imigrações• urbanização de São Paulo• agitações sociais

CARACTERÍSTICAS: produção conservadora comcaracterísticas realistas/naturalistase parnasiano-simbolistas

produção inovadora: visão críticada realidade para denunciardesequilíbrios sociais

231

Pré-ModernismoO Pré-Modernismo iniciou-se em 1902 com a publicação de Os Ser-

tões, de Euclides da Cunha, e Canaã, de Graça Aranha. Terminou em 1922com a Semana de Arte Moderna. Menos do que uma nova estética literária,ele representou o momento de transição e de preparação para a fase deemancipação da literatura brasileira, o Modernismo. O Pré-Modernismo, queconviveu com o Simbolismo e o Parnasianismo, denunciou os problemasde nossa realidade social e cultural.

Contexto HistóricoO início do século XX foi marcado pelo acirramento das rivalidades in-

ternacionais, que resultou na Primeira Guerra Mundial (1914-18) e nosurgimento de uma nova potência: os Estados Unidos da América.

Em 1917, com a Revolução Russa, o proletariado toma o poder. Come-çaram, então, a delinear-se dois regimes antagônicos: o comunismo e ocapitalismo.

No Brasil, o Pré-Modernismo desenvolveu-se na época de transição daRepública da Espada (marcada pela presença de militares no poder), para aRepública das Oligarquias ou República do café-com-leite, em que o Brasilfoi governado ora por donos de fazenda de café de São Paulo, ora porfazendeiros de Minas, os dois estados mais ricos do país.

Marcaram esse período:

1) época áurea da economia cafeeira, quando oligarquias rurais detêmo poder;

2) imigrações, sobretudo da Itália;

3) esplendor da Amazônia com o ciclo da borracha;

4) surto de urbanização de São Paulo;

5) surgimento da burguesia industrial em São Paulo e Rio de Janeiro;

6) inchaço das classes média e operária e do subproletariado: novosestratos socioeconômicos não representados pelo poder oficial;

232

7) agitações sociais:

as do Nordeste refletiram a situação crítica dessa região marginalizada

– Bahia: Canudos (1897)

– Ceará: Padre Cícero (1911)

– Sertão do Nordeste: cangaço e Lampião (1916)

Rio de Janeiro

– Revolta popular contra a vacinação obrigatória (1904)

– Revolta da Chibata (1910)

Santa Catarina e Paraná

– Guerra do Contestado (1912)

São Paulo

– greve geral (1917)

– atividade de grupos anarco-sindicalistas

– tendências socialistas

A Revolta da Chibata (1910)

Em 16 de novembro de 1910, o soldado rasoMarcelino Rodrigues Menezes feriu um cabo comuma navalha. Como castigo, ele recebeu 250

chibatadas. Os marinheiros que já não suportavam essaviolência, herança da escravidão, rebelaram-se seis diasdepois. Liderados pelo negro João Cândido Felisberto (1880-1969), o “Almirante Negro”, mais de 2 mil homens apodera-ram-se dos mais importantes navios da Marinha e amea-çaram bombardear a capital. Exigiam o fim dos castigosfísicos, melhorias na alimentação, aumento dos salários eanistia para os rebeldes.

233

Rep

rodu

ção

A estudante russa,de Anita Malfatti.

Menino elagartixas, deLasar Segall.

Rep

rodu

ção

Manifestações ArtísticasNo Brasil, o ecletismo acadêmico (filiação si-

multânea a várias escolas) vigorou em pintura noperíodo que se situa entre o esgotamento das pro-postas iniciadas com a instalação da Academia Im-perial e o Modernismo.

Em 1915, Lasar Segall fez a primeira exposi-ção de arte moderna, seguido por Anita Malfatti,que, em 1917, expôs seus quadros para mostraro que aprendera com mestres expressionistas ale-mães e norte-americanos.

No artigo “Paranóia ou mistificação?”,Monteiro Lobato criticou violentamente a mos-tra e provocou enorme polêmica, que seria afermentação para a Semana de Arte Moderna.

Na música, compositores brasileiros comformação erudita, como Alberto Nepomuceno,utilizam temas do folclore brasileiro. Na músi-ca popular o choro, o maxixe, a modinha e osamba substituem a polca, o tango e a valsanos salões. São importantes compositores doperíodo Ernesto Nazaré e Chiquinha Gonzaga,autora da primeira marcha carnavalesca, Ôabre alas, em 1899.

No Nordeste, existe a arte do mamulengo,bonecos que representam personagens donosso folclore.Em 1946, criou-se o primeiro curso de for-

mação de titeriteiros, com participação da poetisa Ce-cília Meirelles.Em 1973, foi inaugurada a Associação Brasileira deTeatro de Bonecos, que lançou a revista Mamulengo.

234

Rep

rodu

ção

Euclides da Cunha

Características

O Pré-Modernismo oscilou entre:

a) produção conservadora: com características realistas/naturalistas,naprosa e parnasiano-simbolistas, na poesia;

b) produção inovadora: profundo interesse e preocupação em regis-trar, na prosa, os desequilíbrios sociais da época. Na poesia, Augustodos Anjos usa palavras antipoéticas que insultam a sensibilidadeparnasiana.

Produçâo Literária

Euclides da Cunha (1866-1909)

Por ocasião dos conflitos de Canudos, no interior da Bahia, em 1897,Euclides da Cunha para lá seguiu como correspondente de guerra do jornalO Estado de São Paulo. O repórter pensava tratar-se de um levante monar-quista contra a República, mas o que encontrou foi somente um agrupa-mento de sertanejos, a expressão mais cruel de uma terra abandonada àprópria sorte. Quando volta, tem material para sua obra-prima, Os Sertões.Nessa obra, de difícil classificação pois se situa entre a sociologia e a litera-tura, Euclides da Cunha descreveu a Terra, o homem, a sociedade, a reli-gião, enfim, todos os aspectos do sertão brasileiro. Sua finalidade foi não sómostrar à nação a vida humilde e abandonada da gente do sertão, esqueci-da pelos governantes; mas, também, denunciar o erro do governo com suaexpedição punitiva, sem considerar os antecedentes de natureza sociológi-ca que deram motivo ao conflito.

235

Rep

rodu

ção

Lima Barreto

A obra divide-se em três partes:

1) a terra: descrição geográfica da região e das difíceis condições desobrevivência de seu povo;

2) o homem: caracterização dos vários tipos brasileiros. O autor de-tém-se no jagunço, a “sub-raça” com suas desgraças e torturas.Aqui apresenta Antônio Conselheiro, o líder de Canudos;

3) a luta: descrição da resistência heróica de Antônio Conselheiro e amatança de 25 000 pessoas.

O seguinte trecho corresponde ao penúltimo capítulo de Os Sertões:

“Fechemos este livro.Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, re-

sistiu até ao esgotamento completo. Expugnado* palmo a palmo,na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quandocaíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram qua-tro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frentedos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.” (...)

* conquistado à força de armas

Lima Barreto (1881-1922)

Mestiço, de família modesta, Lima Barreto pas-sou por várias internações em manicômios, em ra-zão do alcoolismo. Em 1902 seu pai enlouquece eLima Barreto começa a cuidar dele. Morre em 1922,dois dias antes de seu pai. É considerado o escritorda Primeira República por ter representado, sobre-tudo, as classes marginalizadas da sociedade cario-ca do começo deste século.

Uma de suas obras mais importantes, Triste fim de Policarpo Quares-ma, publicado primeiramente em folhetins em 1911, só em 1915 aparece

236

em livro. Nele, Lima Barreto conta a história do Major Quaresma, persona-gem quixotesca defensora do Marechal de Ferro — Floriano Peixoto —, umnacionalista ingênuo, que se dedica ao estudo da cultura brasileira e querque o Brasil seja totalmente independente a começar pela língua. Leia estetrecho:

Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário público,certo de que a língua portuguesa é emprestada ao Brasil; certo tam-bém de que, por esse fato, o falar e o escrever em geral, sobretudono campo das letras, se vêem na humilhante contingência do sofrercontinuamente censuras ásperas dos proprietários da língua (...) —usando do direito que lhe confere a Constituição, vem pedir que oCongresso Nacional decrete o tupi-guarani como língua oficial enacional do povo brasileiro.

O romance divide-se em três partes:

1) o major estuda a cultura brasileira e suas tradições;

2) Policarpo Quaresma enlouquece e vai para o sítio do “Sossego”;

3) a condenação de Quaresma à morte, ironicamente, por crime detraição à Pátria, devido às críticas que fez a seu antigo mito, FlorianoPeixoto. Pela atuação do marechal durante a Revolta da Armada, de1893, Policarpo percebe que Floriano é um déspota:

A pátria que quisera ter era um mito; era um fantasma criado por ele nosilêncio do seu gabinete. Nem a física, nem a moral, nem a intelectual, nema política que julgava existir, havia. (...) Mas, como é que ele tão sereno, tãolúcido, empregara sua vida, gastara o seu tempo, envelhecera atrás de talquimera? Como é que não viu nitidamente a realidade, não a pressentiulogo e se deixou enganar por um falaz ídolo, absorver-se nele, dar-lhe emholocausto toda sua existência?

Lima Barreto escreveu também os romances Recordações do escrivãoIsaías Caminha, Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá, Numa e a Ninfa, Clarados Anjos, contos e crônicas.

237

* Mais tarde, em um artigo, Monteiro Lobato pede desculpas ao Jeca Tatupor não tê-lo compreendido, por não ter percebido que ele era produto deum meio político-econômico-social adverso.

Rep

rodu

ção

Monteiro Lobato (1882-1948)

Monteiro Lobato é autor de obra extensa evariada. Crônicas, contos, artigos, ensaios e lite-ratura infantil da melhor qualidade. Nacionalistaconvicto, lutou pela independência cultural, eco-nômica e tecnológica do país. Fundou a Compa-nhia Editora Nacional e a Editora Brasiliense. Den-tre suas obras destacam-se os livros de contosUrupês, Negrinha, Idéias de Jeca Tatu e CidadesMortas.

Nascido em São Paulo, na cidade de Taubaté,Lobato retrata em suas obras a região do Vale doParaíba e suas decadentes fazendas de café, des-creve e analisa o tipo humano da região: o caipira

indolente personificado no Jeca Tatu do conto “Urupês”* publicado em 1918.Confira essa descrição neste trecho de “Urupês”:

Jeca Tatu é um piraquára do Paraíba, maravilhoso epitome decarne onde se resumem todas as características da espécie.

Ei-lo que vem falar ao patrão. Entrou, saudou. Seu primeiro mo-vimento após prender entre os lábios a palha de milho, sacar o roletede fumo e disparar a cusparada d’esguicho, é sentar-se jeitosamentesobre os calcanhares. Só então destrava a língua e a inteligência.

— “Não vê que...

De pé ou sentado as idéias se lhe entramam, a língua emperrae não há de dizer coisa com coisa.

De noite, na choça de palha, acocora-se em frente ao fogo para“aquentá-lo”, imitado da mulher e da prole.

Monteiro Lobato

238

Graça Aranha (1868-1931)

Seu romance Canaã, publicado em 1902, é resultado das observa-ções de uma colônia de imigrantes alemães no Espírito Santo. É aindaum romance de tese que gira em torno de dois alemães que discutem

Para comer, negociar uma barganha, ingerir um café, tostar umcabo de foice, fazê-lo noutra posição será desastre infalível. Há deser de cócoras.

Nos mercados, para onde leva a quitanda domingueira, é decócoras, como um faquir do Bramaputra, que vigia os cachimbosde brejaúva ou o feixe de três palmitos.

Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade!

Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo...

Considerado pré-modernista pelo regionalismo e pela denúncia socialde suas obras, Lobato, no entanto, atacou em um artigo no jornal O Estadode São Paulo a exposição de quadros expressionistas de Anita Malfatti. Oartigo “Paranóia ou mistificação?” foi um dos fatores responsáveis pela Se-mana de Arte Moderna. Inúmeros artistas saíram na defesa de Anita e co-meçaram a pensar numa exposição de arte coletiva para mostrar o que erao Modernismo.

Monteiro Lobato, o criador do Sítio do Pica-PauAmarelo, herdou uma fazenda no Vale do Paraíba.Ele escreveu, em 1919, um livro chamado Cida-des Mortas, a respeito das cidades que ficaram

empobrecidas e abandonadas depois da decadência do caféna região.

239

Rep

rodu

çãosobre o futuro do país. Milkau confia nos destinos

do Brasil; Lentz, prussiano defensor da superiori-dade germânica, só crê nessa possibilidade se osmestiços forem substituídos pelos europeus:

Lentz (olhando a floresta) — Vê como tudote desmente...Esta mata que atravessamos é ofruto da luta, a vitória do forte. Combates travoucada árvore destas para chegar à sua esplêndi-da florescência; a sua história é a derrota demuitas espécies, a beleza de cada uma é o preço da morte de mui-tas coisas que desde o primeiro contato da semente poderosa fo-ram destruídas... Como é magnífica aquela árvore amarela!

Milkau: — O ipê, o pau-d´arco dos gentios desta terra...

Lentz: — O ipê é uma glória de luz; é como uma umbela doura-da no meio da nave da verde floresta; o sol queima-lhe as folhas eele é o espelho do sol. Para chegar àquele esplendor de cor, de luz,de expansão carnal, quanto não matou o belo ipê... A beleza é as-sassina e por isso os homens a adoram mais... O processo é omesmo por toda a parte; e o caminho da civilização é também pelosangue e pelo crime. Para viver a vida é preciso ir até o último graude energia, é preciso não a contrariar. Aqueles que cruzam as ar-mas são os mortos, os grandes seres absorvem os pequenos. É alei do mundo, a lei monárquica, o mais forte atrai o mais fraco; osenhor arrasta o escravo; o homem, a mulher. Tudo é subordinaçãoe governo.

Graça Aranha foi o único dos pré-modernistas que participou ativamenteda Semana de Arte Moderna. Ele proferiu o discurso inaugural no dia 13 defevereiro de 1922.

Graça Aranha

240

Augusto dos Anjos (1884-1914)

Augusto dos Anjos foi o poeta mais original doinício deste século. Embora apresente influênciasformais parnasianas (gosto pelos versos alexandri-nos e decassílabos), influências naturalistas (crençano cientificismo e no determinismo) e influências sim-bolistas (musicalidade dos versos e pessimismo),produziu uma poesia singular, expressa em um úni-co livro, Eu.

Em seus versos escabrosos, macabros, desesperançados, o que sur-preende é o vocabulário, cheio de termos científicos e antipoéticos comoescarro, vômito, vermes, podridão. Perceba todas essas características nestesoneto:

Versos íntimos

Vês! Ninguém assistiu ao formidávelEnterro de tua última quimera.Somente a Ingratidão — essa pantera —Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!O homem, que, nesta terra miserável,Mora entre feras, sente inevitávelNecessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende tu cigarro!O beijo, amigo, é a véspera do escarro,A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,Apedreja essa mão vil que te afaga,Escarra nessa boca que te beija!

Rep

rodu

ção

Augusto dos Anjos

241

Destacam-se ainda na prosa:

* Valdomiro Silveira (1878-1941): retratou os costumes, as cenas e,sobretudo, o linguajar típicos dos caipiras de São Paulo.

* Simões Lopes Neto (1865-1916): descreveu os tipos humanos, oscostumes e a linguagem típica do Rio Grande do Sul.

Na poesia:

* Menotti del Picchia (1892-1988): escreveu Juca Mulato, sua obra maisconhecida, cuja temática é o caboclo. Embora tenha sido figuraatuante do Modernismo, suas obras revelam uma mistura de Simbo-lismo e Naturalismo.

242

Questões de Vestibular

(Pré-Modernismo)

1 (UFRGS-RS) Uma atitude comum caracteriza a postura literária de au-tores pré-modernistas, a exemplo de Lima Barreto, Graça Aranha,Monteiro Lobato e Euclides da Cunha. Pode ser ela definida como:a) a necessidade de superar, em termos de um programa definido, as

estéticas românticas e realistas.b) a pretensão de dar um caráter definitivamente brasileiro à nossa lite-

ratura, que julgavam por demais europeizada.c) uma preocupação com o estudo e com a observação da realidade

brasileira.d) a necessidade de fazer crítica social, já que o Realismo havia sido

ineficaz nessa matéria.e) o aproveitamento estético do que havia de melhor na herança literá-

ria brasileira, desde suas primeiras manifestações.

2 (UF-RO) A literatura do Pré-modernismo brasileiro, nas obras de Euclidesda Cunha, Lima Barreto e Monteiro Lobato, caracteriza-se pela:a) descrição e romantização da sociedade rural.b) reconstrução e fabulação da sociedade indígena.c) análise e idealização da sociedade urbana.d) interpretação e polêmica voltadas para a problemática social.e) restauração e mitificação da temática histórica.

3 (UF-ES) Em relação aos autores pré-modernos, é incorreto afirmar:a) Monteiro Lobato cria a personagem Jeca Tatu, símbolo do caboclo

brasileiro.b) Euclides da Cunha, em Os Sertões, focaliza problemas cruciais do

nordeste.c) Lima Barreto, em Triste fim de Policarpo Quaresma, ironiza os exage-

ros do nacionalismo ufanista.d) Graça Aranha, em Canaã aborda a imigração alemã no Espírito

Santo.e) Augusto dos Anjos, em Eu, compõe uma poesia profundamente sen-

timental.

243

4 (UE-Ponta Grossa) A prosa dos primeiros anos do século XX diferen-cia-se da ficção realista por apresentar:a) uma visão crítica da realidade nacional.b) uma preocupação com aspectos filosóficos.c) uma visão ufanista da sociedade brasileira.d) uma exploração de aspectos folclóricos regionais.e) uma tendência à psicanálise freudiana.

5 (PUC-RS)

“Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinhaescura, de cabelos ruços e olhos assustados. Nascera na senzala, demãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros dacozinha, sobre a velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida,que a patroa não gostava de crianças.”

O “realismo patético” que apresentava o nacional/social foi uma dascaracterísticas do período denominado por muitos críticos e historiado-res da literatura pertencente ao:a) Romantismo.b) Naturalismo.c) Impressionismo.d) Pré-Modernismo.e) Modernismo.

6 (UF-SE) “O papel que esse autor exerceu na cultura nacional transcen-de de muito a sua inclusão entre os contistas regionalistas. Ele foi, aci-ma de tudo, um intelectual participante, que empunhou a bandeira doprogresso social e mental de nossa gente. E esse pendor para a militânciafoi-se acentuando no decorrer de sua produção literária, de tal sorte queàs primeiras obras narrativas logo se seguiram livros de ficção científicaà Orwell e à Huxley, de polêmica econômica e social, que desemboca-riam, por fim, na originalíssima fusão de fantasia e pedagogia que repre-senta a sua literatura juvenil.Moralista e doutrinador aguerrido, de acentuadas tendências para umaconcepção racionalista e pragmática do homem, assumiu posiçãoambivalente dentro do Pré-Modernismo.”

244

O excerto anterior refere-se a:a) Euclides da Cunha.b) Lima Barreto.c) Valdomiro Silveira.d) Monteiro Lobato.e) Coelho Neto.

7 (CESCEM) “Depois de Euclides da Cunha e de Lima Barreto, tambémele soube apontar as mazelas físicas, sociais e mentais do Brasiloligárquico e da Primeira República, que se arrastavam por trás de umafachada acadêmica e parnasiana.”Essas palavras descrevem a atividade literária de:a) Coelho Neto.b) Olavo Bilac.c) Graça Aranha.d) Monteiro Lobato.e) Franklin Távora.

8 (FAU-SANTOS) Criador da literatura infantil brasileira. Criticado por seuagnosticismo, pois era influenciado pelo evolucionismo, positivismo ematerialismo de fins do século passado:a) Monteiro Lobato.b) Jorge de Lima.c) Rui Barbosa.d) Anchieta.e) José Lins do Rego.

9 (UNESP) Volume contendo doze histórias tiradas do sertão paulista, foicitado por Rui Barbosa, em discurso no Senado, apontando o persona-gem Jeca Tatu como o protótipo do camponês brasileiro.Aponte o autor e sua obra:a) Monteiro Lobato – Urupês.b) Lima Barreto – Cemitério dos vivos.c) Monteiro Lobato – Cidades mortas.d) Coelho Neto – Fogo-fátuo.e) Euclides da Cunha – Contrastes e confrontos.

245

10 Universidade do AmazonasAs questões a seguir, também não vinculadas a qualquer texto, foramextraídas da História concisa da Literatura Brasileira, de Alfredo Bosi.

Leia os conceitos abaixo, reproduzidos do livro mencionado:

I - “Tendo atravessado todo o Romantismo, pois escreveu desde osanos de 40 aos de 70, nem por isso nota-se-lhe progresso na técnicaliterária ou na compreensão do que deveria ser um romance. Descobriulogo alguns esquemas de efeito novelesco, sentimental ou cômico, eaplicou-os assiduamente até as suas últimas produções no gênero”.

II - “Trata-se de um espírito originalíssimo para seu tempo: tendo estre-ado como romântico da segunda geração, já se notava, em seus versosjuvenis, um maior cuidado na escolha do léxico e no meneio sintático. Opoeta não podia ser assimilado no seu tempo e, de fato, não o foi, ten-do-se provado otimista a previsão de cinqüenta anos em compasso deespera que lhe fizeram na época”.

III - “Nos romances há, sem dúvida, muito de crônica: ambientes, cenasquotidianas, tipos de café, de jornal... O tributo que o romancista pagouao jornalista (aliás, ao bom jornalista) foi considerável: mas a prosa deficção em língua portuguesa, em maré de academicismo, só veio a lu-crar com essa descida de tom, que permitiu à realidade entrar semmáscara no texto literário”.

Após a leitura e a reflexão a que ela conduz, chega-se à conclusão deque AIfredo Bosi se refere, respectivamente, a:a) Joaquim Manuel de Macedo, Laurindo Rabelo e Graça Aranha.b) Teixeira e Sousa, Sousândrade e Artur Azevedo.c) Teixeira e Sousa, Laurindo Rabelo e Euclides da Cunha.d) Teixeira e Sousa, Sousândrade e Monteiro Lobato.e) Joaquim Manuel de Macedo, Sousândrade e Lima Barreto.

11 (UE LONDRINA-PR) A ficção narrativa de Lima Barreto abrange umalarga paisagem da sociedade urbana brasileira. A crítica que faz a esta,a visão que apresenta das classes mais desvalidas e a linguagem de

246

que se serve — intencionalmente despojada, oposta ao estilo preferidoda época — permitem ver na obra de Lima Barreto:a) uma retomada dos postulados românticos exemplificados em roman-

ces como Lucíola e Inocência.b) uma adesão tardia ao Naturalismo e ao determinismo biológico, ilus-

trados em obras como O Cortiço.c) um aproveitamento, na prosa, dos recursos estilísticos dos sim-

bolistas.d) uma experimentação estilística e temática que teria continuação, na

década de 20, na primeira fase do movimento modernista.e) uma renovação do Realismo do século XIX e uma antecipação do

Neo-Realismo da década de 30.

12 (CESCEM-SP) Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, é:a) um livro de memórias em que a personagem-título, através de um

artifício narrativo, conta as atribulações de sua vida até a hora damorte.

b) a história de um visionário e nacionalista fanático que busca, inge-nuamente, resolver sozInho os males sociais de seu tempo.

c) uma autobiografia, em que o autor, sob a capa da personagem-título,expõe sua insatisfação em relação à burocracia carioca.

d) o relato das aventuras de um nacionalista ingênuo e fanático quelidera um grupo de oposição no início dos tempos republicanos.

e) o retrato da vida e morte de um humilde burocrata, conformado, acontragosto, com a realidade social de seu tempo.

13 (UFRGS-RS) Lima Barreto é um autor que se caracteriza por criartipos:a) rústicos, ligados ao campo.b) aristocratas, ligados ao campo.c) aristocratas, ligados à cidade.d) burgueses, ligados à cidade.e) populares, ligados ao subúrbio.

247

14 (FATEC) Texto A:O que mais a impressionou no passeio foi a miséria geral, a falta decultivo, a pobreza das casas, o ar triste, abatido da gente pobre. Educadana cidade, ela tinha dos roceiros idéia de que eram felizes, saudáveis ealegres. Havendo tanto barro, tanta água, por que as casas não eramde tijolos e não tinham telhas? Era sempre aquele sapé sinistro e aquele“sopapo” que deixava ver a trama das varas, como o esqueleto de umdoente.Por que, ao redor dessas casas, não havia culturas, uma horta, um po-mar? Não seria tão fácil, trabalho de horas? E não havia gado, nemgrande, nem pequeno. Era raro uma cabra, um carneiro. Por quê? (...)Não podia ser preguiça só ou indolência. (Lima Barreto, Triste Fim dePolicarpo Quaresma.)

Texto B:O silêncio de êxtase em que ficou foi interpretado pelo estudante comouma prostração de saudade. Ele fora acordar na alma do patrício a nos-talgia que o tempo consumidor havia esmaecido, lembrando-lhe a terranativa onde lhe haviam rolado as primeiras lágrimas. Céus que seusolhos lânguidos tanto namoravam nas doces manhãs cheirosas quan-do, das margens remotas dos grandes rios vinham, em abaladas, bran-cas, sob o azul do céu, as garças peregrinas; campos de moitas verdesonde, nas arroxeadas tardes melancólicas, ao som abemolado das flau-tas pastoris, o gado bravio, descendo das malhadas, em numerosoarmento, junto, entrechocando os chifres aguçados, mugia magoada-mente quando, por trás dos serros frondosos, lenta e alva, a lua subiaespalhando pela terra morna o seu diáfano e pálido esplendor. (CoelhoNeto, A Conquista.)

Assinale a alternativa correta.a) Ambos os textos são narrados em terceira pessoa. No primeiro, pelo

discurso do narrador, passa a perspectiva de um personagem que,habituado aos grandes centros urbanos, choca-se com a pobrezados subúrbios.

b) No texto B o narrador expõe as lembranças de um personagem que,exilado de sua terra natal, conta a um interlocutor suas experiênciasem contato com a natureza tropical.

248

c) No texto de Lima Barreto fica clara a acusação à indolência dos ro-ceiros como a única responsável pela realidade do seu meio – opi-nião, de resto, partilhada por Monteiro Lobato em suas referênciasao personagem Jeca Tatu.

d) Os dois textos tratam, em princípio, do espaço rural observado porpersonagens oriundos do espaço urbano e em crise com a falta deperspectiva nas cidades.

e) No texto A, depreende-se, através do contato de um personagemcitadino com a realidade rural, a perspectiva crítica dos problemas dapopulação do campo.

15 Com relação aos textos, assinale a única afirmação incorreta.a) No texto de Coelho Neto observa-se, ao lado do aproveitamento da

temática bucólica, a idealização excessiva do ambiente do campo.b) No texto de Lima Barreto, contrariamente ao de Coelho Neto, cons-

tata-se a visão questionadora e crítica dos problemas da populaçãorural e seu espaço.

c) A sugestão do bucolismo clássico no texto de Coelho Neto,exemplificado pela frase “ao som abemolado das flautas pastoris, ogado bravio, descendo das malhadas...”, contrasta com a quebra daidealização nostálgica do campo — enquanto espaço rico e harmô-nico — exposta no texto de Lima Barreto.

d) Enquanto a linguagem de Lima Barreto se caracteriza pelodespojamento sintático e vocabular (frases curtas e poucos adjeti-vos), o estilo de Coelho Neto está bastante preso ao purismo e àerudição do naturalismo art nouveau, de que são exemplos a sintaxecomplicada e as construções com muitos adjetivos.

e) O contraste verificado entre as linguagens dos dois autores explica-se pelo fato de que, sendo ambos representantes do Pré-Modernis-mo brasileiro, eles prenunciam o Modernismo, que se preocupa coma aceitação completa de todos os estilos individuais, sem preconcei-tos contra qualquer forma de linguagem.

16 (FC Chagas-BA) Obra pré-modernista eivada de informações históri-cas e científicas, primeira grande interpretação da realidade brasileira,

249

que, buscando compreender o meio áspero em que vivia o jagunçonordestino, denunciava uma campanha militar que investia contra o fa-natismo religioso advindo da miséria e do abandono do homem do ser-tão. Trata-se de:a) O Sertanejo, de José de Alencar.b) Pelo Sertão, de Afonso Arinos.c) Os Sertões, de Euclides da Cunha.d) Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.e) Sertão, de Coelho Neto.

17 (PUC-RS)

“Caiu a serenata silenciosa e molhou os pastos, as asas dos pássaros ea casca das frutas. Passou a noite de Deus e veio a manhã e o solencoberto.E três dias houve cerração forte, e três noites o estancieiro teve o mes-mo sonho.”

Cronologicamente vinculada ao ...., o que dá categoria artística à obrade João Simões Lopes Neto, como ilustra o texto acima, é ....... .a) ( ) Pré-Modernismo, o estilo.b) ( ) Neo-Simbolismo, a psicologia.c) ( ) Realismo, o diálogo.d) ( ) Impressionismo, o historicismo.e) ( ) Neo-Realismo, o pitoresco.

18 (CESCEM) O regionalismo pré-modernista apresenta em alguns auto-res, como Simões Lopes Neto, um traço novo em relação ao regionalis-mo dos românticos e realistas:a) deixa de lado a fala regional, preferindo a língua culta para a narração.b) atribui a personagens típicos regionais o falar do brasileiro urbano.c) deforma pelo exagero a fala regional, na boca das personagens, para

caracterizá-las.d) registra cientificamente os regionalismos de linguagem das persona-

gens.e) aproveita a linguagem regional, elaborando-a, para servir ao próprio

narrador.

250

19 (PUC-RS)

“Triste a escutar, pancada por pancadaA sucessividade dos segundos,Ouço em sons subterrâneos, do orbe oriundos,O choro da energia abandonada.”

A crítica reconhece na poesia de Augusto dos Anjos, como exemplificaa estrofe, a forte presença de uma dimensão:a) niilista.b) patológica.c) cósmica.d) estética.e) metafísica.

20 (VUNESP-SP) Leia os versos que se seguem:

“Como quem esmigalha protozoáriosMeti todos os dedos mercenários...Na consciência daquela multidão...

E, em vez de achar a luz que os Céus inflama,Somente achei moléculas de lamaE a mosca alegre da putrefação!”

Esses versos apresentam em conjunto características relativas a ritmo,métrica, vocabulário, sintaxe e figuras de linguagem, tornando possívela identificação de um estilo mesclado de dois estilos artísticos diferen-tes. Esse estilo foi marca inconfundível de um autor brasileiro que oscríticos em geral consideram de difícil enquadramento histórico-literário.Tendo em vista tais informações, assinale a alternativa correta.a) O autor é Machado de Assis e os estilos mesclados são Realismo e

Modernismo.b) O autor é José de Alencar da última fase e os estilos mesclados são

Romantismo e Realismo.c) O autor é Augusto dos Anjos e os estilos mesclados são Simbolismo

e Naturalismo.

251

d) O autor é Castro Alves e os estilos mesclados são Romantismo eRealismo.

e) O autor é Sousândrade e os estilos mesclados são Romantismo eModernismo.

21 (FEBASP)

“Toma um fósforo. Acende teu cigarro!O beijo, amigo, é a véspera do escarro,A mão que afaga é a mesma que apedreja”

O autor dos versos acima escreveu um só livro: Eu; seu vocabulário éimpregnado de termos científicos, relativos à putrefação de cadáveres;utiliza a técnica expressionista de composição na montagem dos tex-tos; este poeta é:a) Oswald de Andrade.b) Álvares de Azevedo.c) Casimiro de Abreu.d) Augusto dos Anjos.

(FMU) Leia o texto abaixo e, com base nele, responda as questões de22 a 24.

De repente, uma variante trágica.Aproxima-se a seca.O sertanejo adivinha-a e prefixa-a graças ao ritmo singular com que sedesencadeia o flagelo.Entretanto não foge logo, abandonando a terra a pouco e pouco invadi-da pelo limbo candente que irradia do Ceará.Buckle, em páginá notável, assinala a anomalia de se não afeiçoar nun-ca, o homem, às calamidades naturais que o rodeiam. Nenhum povotem mais pavor aos terremotos que o peruano; e no Peru as crianças aonascerem têm o berço embalado pelas vibrações da terra.Mas o nosso sertanejo faz exceção à regra. A seca não o apavora. É umcomplemento à sua vida tormentosa, emoldurando-a em cenários tre-mendos. Enfrenta-a estóico. Apesar das dolorosas tradições que co-

252

nhece através de um sem-número de terríveis episódios, alimenta a todoo transe esperanças de uma resistência impossível.

De Os Sertões, Euclides da Cunha

22 O texto é fruto das reportagens escritas para O Estado de S. Paulo notérmino da:a) Guerra do Paraguai.b) Revolução do Forte de Copacabana.c) Campanha de Canudos.d) Revolução de 1930.e) Campanha Civilista de Rui Barbosa.

23 Sobre Os Sertões é incorreto afirmar que:a) a obra divide-se em três partes: A Terra, O Homem e A Luta.b) “A Terra” consta de um apanhado geral da zona das secas e de suas

causas possíveis.c) “O Homem” estuda a gênese do jagunço e, principalmente, de Antô-

nio Conselheiro, chefe carismático de uma multidão de fanáticos.d) “A Luta” narra os sucessivos combates que levaram ao extermínio as

tropas federais pelos jagunços.e) A obra foi publicada, pela primeira vez, na cidade do Rio de Janeiro,

no início deste século.

24 Em Os Sertões patenteia-se o poder de expressão e o vasto saber deEuclides da Cunha. 0 autor só não se revela nesta obra uma) geólogo.b) etnólogo.c) místico.d) historiador.e) sociólogo.

25 Leia o texto abaixo.

Para comer, negociar uma barganha, ingerir um café, tostar um cabode foice, fazê-lo noutra posição será desastre infalível. Há de ser decócoras.

253

Nos mercados, para onde leva a quitanda domingueira, é de cócoras,como um faquir do Bramaputa, que vigia os cachimbos de brejaúva ouo feixe de três palmitos.Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade!Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo...Quando comparece às feiras, todo mundo logo adivinha o que ele traz;sempre coisas que a natureza derrama pelo mato e ao homem só custao gesto de espichar a mão e colher — cocos de tucum ou jissara,guabirobas, bacuparis, maracujás, jataís, pinhões, cestinhas, samburás,tipitis, pios de caçador; ou utensílios de madeira mole — gamelas,pilõezinhos, colheres de pau.Nada mais.Seu grande cuidado é espremer todas as conseqüências da lei do me-nor esforço — e nisto vai longe.

Sobre o criador do célebre Jeca Tatu é correto afirmar que:a) trata-se de Monteiro Lobato, que, por meio de textos críticos e since-

ros, discutiu a realidade brasileira do início deste século.b) trata-se de Menotti dei Picchia, poeta e dramaturgo da fase crítica do

Modernismo. isto é, a primeira geração.c) Monteiro Lobato, autor do fragmento acima, dedicou-se apenas à

literatura infantil.d) Mário de Andrade, criador também da figura de Macunaíma, é o cé-

lebre autor do texto dado.e) poucos autores modernos brasileiros criaram figuras regionalistas

marcantes como Jeca Tatu. Seu criador idealizou uma ilha chamada“Pasárgada”.

254

MODERNISMOA Semana de Arte Modernae a primeira fase

(1922-1930)

Tarsila do Amaral assim registrou a cidade de São Paulo, palco do surto de industrializaçãoe urbanização, da primeira greve operária e onde ocorreram as manifestações modernistasmais radicais.

Rep

rodu

ção

São Paulo, de Tarsila do Amaral.

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MODERNISMO: século XX

CONTEXTO HISTÓRICO: a) no Mundo• Revolução Russa• fim da Primeira Guerra Mundial• Vanguarda européia: futurismo

expressionismocubismodadaísmosurrealismo

b) no Brasil• imigração• industrialização• expansão das cidades• crescimento da pequena burguesia e do

proletariado

CARACTERÍSTICAS:

Primeira fase (1922-1930): ruptura com modelos tradicionais, experimentação,coloquialismo, humor e nacionalismo exacerbado.

Predomínio da poesia.

Segunda fase (1930-1945): consolidação das conquistas da primeira fase,amadurecimento formal

prosa: era do romance, obsessão regionalista

poesia: coexistência do verso livre e do metrificado;temática social e lírico-introspectiva

Terceira fase (1945-)prosa: pesquisa formal e de linguagem, tensão regional/

universal

poesia: geração de 45— preocupação universalistaconcretismo e poesia-praxis —

experimentação com a linguagempoesia social

256

ModernismoO Modernismo iniciou-se com a realização da Semana de Arte Moder-

na, nos dias 13, 15, 17 de fevereiro de 1922, e no Teatro Municipal de SãoPaulo. Apresentaram-se então, sob vaias, assobios e muita algazarra, escri-tores, pintores, escultores, arquitetos e músicos que pretendiam não só “as-sustar a burguesia que cochila na glória de seus lucros”, mas também pro-pagar as novas tendências artísticas européias para colocar a cultura brasi-leira em sintonia com elas.

Contexto Histórico

Ao fim da Primeira Guerra Mundial, impérios da Europa Central dissol-veram-se, e seguiu-se uma época de intensos conflitos sociais. Em 1917, aRevolução Russa colocou o proletariado no poder. Em vários países euro-peus, a democracia liberal começou a entrar em crise, dando lugar a regi-mes totalitários e nacionalistas, como o nazista e o fascista.

No Brasil, a imigração, a industrialização e a expansão das cidades (emque cresciam a pequena burguesia e o proletariado) começavam a ameaçara hegemonia política das oligarquias, que se mantinham no poder à custade meios fraudulentos e até da violência. São Paulo assistiu, em 1917, auma greve operária que paralisou a cidade. Com a fundação do PartidoComunista, em 1922, propagavam-se os ideais da Revolução Russa. Nopós-guerra, o intercâmbio cultural permitiu a chegada ao Brasil dos ecos darenovação artística européia: a vanguarda.

Manifestações Artísticas

O mundo artístico brasileiro é revolucionado por mecenas, represen-tantes das elites industriais. Assis Chateaubriand funda, em 1947, o Museude Arte de São Paulo (MASP); em 1951, Francisco Matarazzo Sobrinho criaa Bienal de São Paulo; e Franco Zampari, o TBC (Teatro Brasileiro de Comé-dia). Essas iniciativas procuram romper as barreiras do tradicionalismo. Napintura, o Abstracionismo, uma arte não voltada para a representação domundo visível, supera o Figurativismo.

257

Foto

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Pintura de Manabu Mabe.

Palácio do Planalto, em Brasília.

Arquitetos como Lúcio Costa e Os-car Niemeyer, com a construção de Bra-sília, projetam-se internacionalmente.

O movimento Música Vivaopõe-se ao nacionalismo de Villa-Lobos, identificado com a ditadu-ra Vargas, e introduz a músicadodecafônica no Brasil. Esse movimento é seguido pelo Música Nova, quereflete uma tendência internacionalista. A música popular descobre a bossanova com Tom Jobim e João Gilberto. O Tropicalismo, em final dos anos 60,representou uma radicalização estético-musical com a mescla do folclore, rock,ultrapassado, desenvolvido e experimentações artísticas contemporâneas.

O teatro renova-se com a representação, em 1943, de Vestido de noiva,de Nélson Rodrigues, sob a direção de Ziembinsky. Surgem não só nomescomo Ariano Suassuna, Gianfrancesco Guarnieri, Augusto Boal, Jorge deAndrade, mas também companhias teatrais que revolucionaram nosso tea-tro: Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), Teatro de Arena, Teatro Oficina.

Vanguarda Européia

A rápida industrialização da Europa — com a introdução da máquina nocotidiano, o surgimento dos transportes modernos (carro, avião) e dosmeios de comunicação de massa (rádio, cinema) — transformou o mundo eo modo de vida das pessoas.

Na estética, diversas tendências refletiram esse momento e influencia-ram mais tarde nosso Modernismo: Futurismo, Expressionismo, Cubismo,Dadaísmo e Surrealismo.

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Fillipo Tammaso Marinetti,escritor que iniciou omovimento futurista italiano.

O grito, de Edward Munch.

Futurismo“Um automóvel em movimento é mais belo que a vitória de Samotrácia”,

dizia Marinetti, o fundador, em 1909, do Futurismo. Essa estética celebravaos signos do novo mundo – a velocidade, amáquina, a eletricidade, a industrialização.Apregoando a destruição do passado e dosmeios tradicionais de expressão literária, oFuturismo (tendência que mais influencioua primeira fase do Modernismo) propunha:

• liberdade de expressão;

• destruição da sintaxe;

• abolição da pontuação

• uso de símbolos matemáticos emusicais;

• desprezo ao adjetivo e ao advérbio

ExpressionismoSurgido em 1910, foi manifesta-

ção de povos nórdicos, germânicose eslavos. Essa tendência expressoua angústia do período anterior à Pri-meira Guerra Mundial, voltando-separa os produtos artísticos dos pri-mitivos e para as manifestações domundo interior, expressas no uso ale-atório de cores intensas e distorçãodas formas, como atesta o quadroO grito, do norueguês Edvard Munch:

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ção

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A boba, de Anita Malfatti.O homem amarelo, de Anita Malfatti.

As senhoritas de Avignon, de Picasso.

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ção Pintura de

Vicente doRegoMonteiro.

O Expressionismo influenciou so-bretudo os quadros de Anita Malfatti.

CubismoEm 1907, Pablo Picasso pintou Lês demoiselles d‘Avignon (As senhori-

tas de Avignon) e inaugurou o Cubismo.Segundo essa tendência, as figuras, reduzidas a formas geométricas,

apresentam, ao mesmo tempo, o per-fil e a frente, mostrando mais de umângulo de visão. No quadros cubistas.

260

C O U C H É S

PA RE R EZ

MES MEM B R E S

E L B

M E S N E

aMANTSVOUSVOUS

A literatura cubista, inaugurada por Apollinaire, preocupou-se com aconstrução física do texto: valorizou o espaço da folha e a camada significantedas palavras e negou a estrofe, a rima, o verso tradicional. Esse seria oembrião da nossa poesia concreta, da década de 50.

DadaísmoEste foi o mais radical e destruidor movimento da vanguarda européia.

Fundado por Tristan Tzara, negava o presente, o passado, o futuro e defen-dia a idéia de que qualquer combinação inusitada promove um efeito esté-tico. O Dadaísmo refletiu um sentimento de saturação cultural, de crise so-cial e política.

SurrealismoInaugurado com a publicação do Manifesto Surrealista, em 1924, este

foi o último movimento da vanguarda, sofrendo influências das teorias deFreud, o Surrealismo caracterizou-se pela busca do homem primitivo atra-vés da investigação do mundo do inconsciente e dos sonhos. Na literatura,o traço fundamental foi a escrita automática (o autor deixa-se levar peloimpulso e registra, sem controle racional, tudo o que o inconsciente lheditar, sem se preocupar com a lógica.

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Salvador DaliIsmael Nery

Rep

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ção

Salvador Dali destacou-se entre os pin-tores surrealistas europeus; no Brasil,Ismael Nery.

Divulgação das Idéias da SemanaUma série de revistas, grupos e manifestos divulgou os resultados da

Semana por todo o país. Em 1922, surgiu a revista Klaxon, especializada emarte, que representou a primeira tentativa de sistematizar os novos ideaisestéticos. Já nesse momento delineou-se uma cisão no grupo dos moder-nistas, resultado de orientações políticas diferentes: de um lado, artistasmarcados pela ideologia marxista pregavam a destruição do passado; ou-tros, alinhados à extrema direita, aceitavam o passado como ponto de par-tida para o novo. Os primeiros, dentre os quais destacavam-se Oswald deAndrade, Mário de Andrade, Carlos Drumond de Andrade e Antônio AlcântaraMachado, ficaram conhecidos como primitivistas; os segundos, represen-tados por Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida e Cassiano Ricardo,formavam a corrente nacionalista. Cecília Meireles e Murilo Mendes forma-vam uma terceira corrente — a espiritualista —, que tentava imprimir umcaráter espiritualista ao Modernismo; no intento de conciliar presente e pas-sado valorizou a estética simbolista.

262

Primeira Fase do Modernismo (1922-1930)

Esta fase, também chamada de “heróica”, foi a que mais combateu atradição; marcou-se por intensa produção em poesia, cujas principais ca-racterísticas foram:

* utilização do verso livre;

* procura de uma língua “brasileira”, privilegiando por isso a linguagemcoloquial;

* uso de linguagem telegráfica, condensada;

* ausência de pontuação;

* valorização do cotidiano;

* uso de paródias com o sentido de dessacralizar a tradição;

* uso do humor (poema-piada);

* criação de neologismos;

* aproximação da linguagem da prosa.

Identifique algumas dessas características no texto que segue:

Pronominais

Dê-me um cigarroDiz a gramáticaDo professor e do alunoE do mulato sabidoMas o bom negro e o bom brancoDa Nação brasileiraDizem todos os diasMe dá um cigarro

(Oswald de Andrade)

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Mário de Andrade,de Tarsila do Amaral

Mário de Andrade (1893-1945)

Poeta e escritor paulista por excelência, Máriode Andrade dedicou-se a um grande número de ati-vidades culturais e foi o principal representante daprimeira fase do Modernismo. Escreveu poesia, pro-sa e ensaios.

Poesia

Há uma gota de sangue em cada poema (1917), seu primeiro livro depoemas, ainda mantém características parnasianas. Resultado do impactoque a guerra causou no poeta, foi escrito sob o pseudônimo de Mário So-bral. Em Paulicéia desvairada (1922), rompe com a tradição e, usando recur-sos como poesia telegráfica, neologismos, italianismos, constrói um docu-mentário poético da cidade de São Paulo:

Laranja da China, laranja da China, laranja da China!Abacate, cambucá e tangerina!Guardate! Aos aplausos do esfuziante clown,heróico sucessor da raça viril dos bandeirantes,passa galhardo um filho de imigrante,loiramente domando um automóvel!

ou

São Paulo, comoção de minha vida...Os meus amores são flores feitas de original...Arlequinal!... Traje de losangos... Cinza e ouro...Luz e bruma... Forno e inverno morno...

Escreve ainda Losango cáqui (1926), Clã do jabuti (1929), em que apro-veita costumes, folclore e linguagem de diferentes regiões do país. Em Re-mate de males (1930) e Lira paulistana (1946), retoma o tema de Paulicéiadesvairada.

264

* Em música, rapsódia significa composição instrumental que utilizafragmentos de melodias tiradas de cantos tradicionais ou populares.

Não devemos nos esquecer de que Mário de Andrade, além de folclorista,foi dedicado musicólogo.

Prosa

Em seu primeiro romance, Amar, verbo intransitivo (1927), Mário deAndrade desmascara a moral da burguesia paulistana.

Sua obra mais importante, Macunaíma, o herói sem nenhum caráter(1928), é uma rapsódia* em que o autor faz um retrato/colagem do Brasilatravés do seu folclore, lendas, provérbios, frases feitas, tudo num tom oral.

No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossagente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um mo-mento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo doUraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essacriança é que chamaram de Macunaíma.

Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passoumais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava:

– Ai! que preguiça!...E não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no

jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos outros e principalmenteos dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força dehomem. O divertimento dele era decepar cabeça de saúva. Viviadeitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandavapra ganhar vintém. E também espertava quando a família ia tomarbanho no rio, todos juntos e nus. Passava o tempo do banho dandomergulho, e as mulheres soltavam gritos gozados por causa dosguaimuns diz-que habitando a água-doce por lá. No mucambo sialguma cunhatã se aproximava dele pra fazer festinha, Macunaímapunha a mão nas graças dela, cunhatã se afastava. Nos machosguspia na cara. Porém respeitava os velhos e freqüentava com apli-cação a murua a poracê o torê o bacorocô a cucuicogue, todasessas danças religiosas da tribo.

265

* O texto de Pero Vaz de Caminha parodiado é:“Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem moças bem gentis,

com cabelos mui pretos e compridos pelas espáduas, e suas vergonhas tão altas,tão saradinhas e tão limpas de cabeleiras que, de as muito bem olharmos,

não tínhamos nenhuma vergonha.”

Rep

rodu

ção

Oswald de Andrade,de Tarsila do Amaral

Quando era pra dormir trepava no macuru pequeninho semprese esquecendo de mijar. Como a rede da mãe estava por debaixodo berço, o herói mijava quente na velha, espantando os mosquitosbem. Então adormecia sonhando palavras-feias, imoralidadesestrambólicas e dava patadas no ar.

Oswald de Andrade (1890-1954)

O paulista Oswald de Andrade foi uma dasfiguras mais críticas e revolucionárias do Mo-dernismo. Em 1911 fundou O Pirralho, sema-nário humorístico e combativo, em que apare-cem seus primeiros escritos.

Poesia

Em 1925 publica Pau-Brasil, livro em que,numa análise crítica da realidade brasileira,“redescobre” o Brasil, seja parodiando textosde nossos primeiros cronistas, seja recontandonossa história colonial. Observe:

as meninas da gare* * estação de trem

Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentisCom cabelos mui pretos pelas espáduasE suas vergonhas tão altas e tão saradinhasQue de nós as muito bem olharmosNão tínhamos nenhuma vergonha

266

Rep

rodu

ção

Manuel Bandeira

Oswald ainda escreveu Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald deAndrade (1927) e Poesias reunidas (1945).

Prosa

Seus romances Memórias sentimentais de João Miramar (1924) e SerafimPonte Grande (1933) surpreendem pelo trabalho com a linguagem (simulta-neidade, quase ausência de pontuação, neologismos, condensação, pala-vras em liberdade) e pela montagem (capítulos-relâmpagos, curtíssimos,que se aproximam da poesia. Leia o capítulo 66 de Memórias sentimentais:

66. Botafogo Etc.

Beiramávamos em auto pelo espelho de aluguel arborizado das ave-nidas marinhas sem sol.Losangos tênues de ouro bandeiranacionalizavam o verde dosmontes interiores.No outro lado azul da baía a Serra dos Órgãos serrava.Barcos. E o passado voltava na brisa de baforadas gostosas. Rolahia vinha derrapava entrava em túneis.Copacabana era um veludo arrepiado na luminosa noite varadapelas frestas da cidade.

Oswald de Andrade ainda escreveu peças teatrais. Dentre elas desta-ca-se O rei da vela.

Manuel Bandeira (1886-1968)

O pernambucano Manuel Bandeira caracteri-za sua obra com versos livres e uma linguagemsimples e coloquial.

Iniciou sua carreira em 1917 com A cinza dashoras, obra ainda influenciada pelas estéticasparnasiana e simbolista. Em 1922, embora Ban-deira não tenha participado da Semana de Arte

267

Moderna, Ronald de Carvalho declama, no Teatro Municipal, seu poema “Ossapos”, do livro Carnaval, de 1919, em que satiriza os poetas parnasianos:

Os sapos

Enfunando os papos,Saem da penumbra,Aos pulos, os sapos.A luz os deslumbra

Em ronco que aterra,Berra o sapo-boi:— “Meu pai foi à guerra!”— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”

O sapo-tanoeiro,Parnasiano aguado,Diz: —“Meu cancioneiroÉ bem martelado.

Vede como primoEm comer hiatos!Que arte! E nunca rimoOs termos cognatos.

O meu verso é bomFrumento sem joio.Faço rimas comConsoantes de apoio.(...)

Vai por cinqüenta anosQue lhes dei a norma:Reduzi sem danosA fôrmas a forma.

268

Rep

rodu

ção

Antônio deAlcântara Machado

Clame a sapariaEm críticas céticas:Não há mais poesiaMas há artes poéticas...”(...)

Em Carnaval e Ritmo dissoluto (1924), ensaia os primeiros passos rumoao Modernismo. Com Libertinagem (1930), adere plenamente ao movimen-to. Pertencem a esse livro alguns de seus poemas mais conhecidos comoIrene no céu, Poema tirado de uma notícia de jornal, Poética e Vou-me em-bora pra Pasárgada.

Bandeira escreveu ainda Estrela da manhã (1936), em que explora tradi-ções do folclore negro; Estrela da tarde (1958) e Estrela da vida inteira (1966),que reúne toda sua obra poética.

Antônio de Alcântara Machado (1901-1935)

Alcântara Machado foi o modernista pioneiro da pro-sa simples e de sabor popular. Estreou Pathé-Baby(1926), mas o melhor de sua ficção está em seus doislivros de contos: Brás, Bexiga e Barra Funda (1927) eLaranja da China (1928). Neles, revela um intenso senti-mento paulistano, refletindo as modificações da estru-tura social de sua cidade: aborda a industrialização, oimigrante, a transformação vertiginosa da paisagempaulistana. Em sua prosa amena e bem-humorada, uti-lizou um vocabulário ítalo-brasileiro. Leia este trecho do

conto “A sociedade”, de Brás, Bexiga e Barra Funda, de que faz parte tam-bém seu famoso conto “Gaetaninho”:

— Filha minha não casa com filho de carcamano!*A esposa do Conselheiro José Bonifácio de Matos e Arruda

disse isso e foi brigar com o italiano das batatas. Teresa Rita mistu-

269

rou lágrimas com gemidos e entrou no seu quarto batendo a porta.O Conselheiro José Bonifácio limpou as unhas com o palito, suspi-rou e saiu de casa abotoando o fraque.

O esperado grito do cláxon* fechou o livro de Henri Ardel etrouxe Teresa Rita do escritório para o terraço.

O Lancia passou como quem não quer. Quase parando. A mãoenluvada cumprimentou com o chapéu Borsalino. Uiiiiia—uiiiia!Adriano Meli calcou o acelerador. Na primeira esquina fez a curva.Veio voltando. Passou de novo. Continuou. Mais duzentos metros.Outra curva. Sempre na mesma rua. Gostava dela. Era a Rua Liber-dade. Pouco antes do número 259-C já sabe: uiiiiia-uiiiiia!

* carcamano: imigrante italiano

* cláxon: buzina

270

Questões de Vestibular

(Modernismo – 1a fase)

1 (UFG) A Semana de Arte Moderna, de 1922:01 - foi um evento cultural que se estendeu por oito dias, reunindo a

intelectualidade de São Paulo. (só 3 noites: 13, 15 e 17 de fevereiro.)02 - contou com nomes significativos nas várias sessões, como, por

exemplo, Graça Aranha, Menotti dei Picchia, Ronald de Carvalho eVilla Lobos.

04 - introduziu oficialmente no Brasil a problemática do século XX, fa-zendo a produção artística integrar-se à nova era.

08 - inaugurou uma nova fase na literatura nacional, caracterizada, noprimeiro momento, pela brasilidade dos temas e pela ruptura aospreceitos acadêmicos tradicionais na forma.

16 - pregou o direito à pesquisa estética, inclusive a fusão dos gênerosliterários e as montagens com fragmentos de textos alheios.

32 - dos princípios estéticos do passado, manteve a divisão rígida dasobras em gêneros literários definidos.

64 - propunha-se a combater (e, mesmo, ridicularizar) o culto das apa-rências e a preocupação com a ascensão social, marcas da socie-dade burguesa.Soma

2 (PUC-PR) Em que contexto social se desenvolve o Modernismo brasileiro?I – Hegemonia dos proprietários rurais de São Paulo e Rio.II – Ascensão da burguesia industrial.III – Elevado número de imigrantes se fixando no eixo centro-sul.IV – Urbanização progressiva.Estão corretas as afirmativas:a) l e lV.b) I, II, lll e IV.c) III e IV.d) II, lII e IV.e) II e III.

271

3 (PUC-PR) “Quando sinto a impulsão lírica escrevo sem pensar tudo oque meu inconsciente me grita. (...) Acredito que o lirismo, nascido nosubconsciente, acrisolado num pensamento claro ou confuso, cria fra-ses que são versos inteiros, sem prejuízo de medir tantas sílabas, comacentuação determinada.”

Esse depoimento de Mário de Andrade, exposto em seu “Prefácio Inte-ressantíssimo” à Paulicéia Desvairada, revela-se afinado ou harmonizado:a) com o movimento cubista e sua proposta de deformação abstrata.b) com o movimento expressionista e seu princípio da colagem.c) com o movimento futurista e sua reivindicação de versos compostos.

com ortodoxia gramatical e determinação acadêmica.d) com o movimento parnasiano e seu esforço no sentido da liberação

dos impulsos subjetivos.e) com o movimento surrealista e sua teoria da escrita automática.

4 (UFVi-MG) Assinale a alternativa em que há uma característica que nãocorresponde ao Modernismo em sua primeira fase (a de São Paulo, 1922).a) Ruptura radical e audaciosa em relação às posições estéticas do

passado, quebra total da rotina literária.b) Caráter turbulento, polemista, de demolição de valores.c) Exaltação exagerada de fatores como mocidade e tempo, o novo,

nesta fase, foi erigido como um valor em si.d) Movimento de inquietação e de insatisfação; os novos se lançaram à

luta em nome da originalidade, da liberdade de pesquisa estética edo direito de “errar”.

e) Apesar de toda a radicalidade do grupo, é unânime a preocupaçãodos modernistas com o purismo da linguagem.

5 (UE-Ponta Grossa) Entre as idéias dos modernistas brasileiros da pri-meira geração não estava:a) a valorização da cultura nacional.b) o respeito à liderança da Academia Brasileira de Letras.c) o repúdio à mentalidade burguesa.d) o direito à pesquisa estética.e) a atualização dos valores estéticos no Brasil.

272

6 (UFG)Gare do Infinito

Papai estava doente na cama e vinha um carro e umhomem e o carro ficava esperando no jardim.

Levaram-me para uma casa velha que fazia doces enos mudamos para a sala do quintal onde tinha umafigueira na janela.

No desabar do jantar noturno a voz toda preta demamãe ia me buscar para a reza do Anjo que carregoumeu pai.(Oswald de Andrade, Memórias Sentimentais de João Miramar.)

O texto acima, fragmento de uma obra típica da primeira fase do Moder-nismo, comporta as seguintes constatações de traços estilísticos quese opõem às correntes estéticas anteriores:

01 - períodos longos, marcados pela subordinação.

02 - recurso freqüente à elipse, compondo um estilo nervoso, telegráfico.

04 - tentativa de aproximação da sintaxe à velocidade da vida moderna.

08 - uso do símile e da metáfora como formas de visualização das ce-nas descritas.

16 - ruptura sintática, num processo de composição por pequenos blo-cos justapostos.

32 - predomínio do dissertativo sobre o descritivo.

64 - parentesco formal com outras obras narrativas da mesma época,como Brás, Bexiga e Barra Funda, de Alcântara Machado, eMacunaíma, de Mário de Andrade.

Soma

7 (CESESP) O Modernismo brasileiro:

1. tem raízes, quanto à linguagem e técnica literárias, no Simbolismo.

2. combateu a tendência realista de pesquisa da realidade brasileira,que serviu de alicerce ao nacionalismo.

273

3. é uma reação contra os movimentos artísticos europeus de vanguarda.4. tem caráter nacionalista, preocupando-se intensamente com a reali-

dade brasileira.5. é fruto da influência da Academia Brasileira de Letras.Afirmações válidas sobre o Modernismo brasileiro se encontram nasproposições citadas:a) só na 1. e 5.b) só na 1. e 4.c) só na 1. e 3.d) só na 2. e 5.e) só na 2. e 4.

8 (Santa Casa-SP) Movimentos: I – Pau-Brasil; II – Verde-Amarelo; III –Antropofagia.Objetivos:1 – resposta ao conservadorismo manifestado pelo movimento de Anta.2 – revalorização do primitivo, através de uma arte que redescobrisse o

Brasil.3 – proposição de uma estrutura nacionalista.A associação correta é:a) I-2; II-3; III-1.b) I-3; II-2; III-1.c) I-1; II-2; III-3.d) I-3; II-1; III-2.e) Nenhuma das anteriores.

9 (UF-RS) No “Manifesto Antropófago” de Oswald de Andrade, redigidosob inspiração supra-realista e anti-racional percebe-se a intenção devalorizar a cultura primitiva (através da louvação dos indígenas, de seuscultos e ritos).Identifique, entre os excertos abaixo, um trecho desse “Manifesto”.a) “Mentiste, que um tupi não chora nunca,/E tu choraste!. ..parte; não

queremos/ Com carne vil enfraquecer os fortes.”b) “Quem examinar a atual literatura brasileira reconhece-lhe logo, como

primeiro traço, certo instinto de nacionalidade.”

274

c) “Se Deus é consciência do Universo Incriado, Guaracy é a mãe dosviventes, Jacy é a mãe dos vegetais (...) Antes dos portugueses des-cobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade.”

d) “Quero antes o lirismo dos loucos/o lirismo dos bêbados/o lirismodifícil e pungente dos bêbados/o lirismo dos clowns de Shakespeare/Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.”

e) “A literatura nacional que outra coisa é senão a alma da pátria, quetransmigrou para este solo virgem com uma raça ilustre e cada dia seenriquece ao contato de outros povos e do influxo da civilização?”

10 (UF-GO) O Modernismo tem ao menos duas fases bem distintas: a pri-meira que vai de 1922 a 1930; a outra, posterior a 1930. A primeira foichamada a “fase heróica” e se caracterizou por uma revolta e por umexperimentalismo na ficção e na poética. No entanto, a herança quedeixou – segundo Mário de Andrade – foi a seguinte:a) hermetismo total na poesia, mudança radical na estrutura sintática,

nova orientação no traçado gráfico do texto.b) respeito aos estratos da linguagem literária, aos caracteres materiais

da pontuação e à estrutura sintática do discurso.c) o direito permanente à pesquisa estética, a atualização da inteligên-

cia artística brasileira e a estabilização de uma consciência criadoranacional.

d) o bom senso como critério estético, a imitação da natureza segundoa visão naturalista, o ufanismo nacionalista, enquanto literaturacompromissada.

11 (UF SANTAMARIA-RS)Estou farto do lirismo comedidoDo lirismo bem-comportado(...)— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.(Manuel Bandeira)

Através dos versos citados, apresente, comentando, a posição expres-sa pelo poeta, com relação aoa) Parnasianismob) Modernismo

275

12 (VUNESP) Leia com atenção o texto que vem a seguir:

A minha pena foi sempre dirigida contra os fracos... Olavo Bilac e Coe-lho Neto no pleno fastígio de sua glória. O próprio Graça Aranha quandoquis se apossar do modernismo. Ataquei o verbalismo de Rui, a italianitáe a futilitá de Carlos Gomes, muito antes do incidente com Toscanini.Em pintura abri o caminho de Tarsila. Bem antes, fora eu o único a res-ponder, na hora, ao assalto desastrado com que Monteiro Lobato en-cerrou a carreira de Anita Malfatti. Fui quem escreveu, contra o ambien-te oficial e definitivo, o primeiro artigo sobre Mário de Andrade e o pri-meiro sobre Portinari. Soube também enfrentar o apogeu do verdismo eo Sr. Plínio Salgado.

No trecho acima, retirado da obra Ponta de Lança, o autor define suadecisiva militância em prol do movimento modernista tanto na fase ante-rior à Semana de Arte Moderna quanto na fase posterior à eclosão domovimento. Esse autor combativo é:a) Manuel Bandeira.b) Oswald de Andrade.c) Menotti deI Picchia.d) Guilherme de Azevedo.e) Ronald de Carvalho.

13 (FCL-BA)Não quero mais o amorNem mais quero cantar a minha terra.Me perco neste mundoNão quero mais o BrasilNão quero mais geografiaNem pitoresco.

O texto acima traduz o enfaramento do poeta..., que desiste de cantartemas...a) parnasiano-românticos.b) simbolista-parnasianos.c) arcádico-barrocos.d) moderno-românticos.e) romântico-arcádicos.

276

14 (PUCCAMP)

São Paulo! Comoção de minha vida...Os meus amores são flores feitas de original...Arlequinal!... Traje de losangos... Cinza e ouro...Luz e bruma... Forno e inverno morno...Elegâncias sutis sem escândalos, sem ciúmes...Perfumes de Paris... Arys!Bofetadas líricas no Trianon... Algodoal!...

São Paulo! Comoção de minha vida...Galicismo a berrar nos desertos da América.

Na primeira fase do Modernismo brasileiro, que se estende de 1922 a1930, dá-se a síntese de duas correntes opostas: universalismo e na-cionalismo. Assim, podemos dizer, a respeito do texto acima, que:a) o nacionalismo se revela na ênfase dada às riquezas brasileiras – II

“Algodoal”; e o universalismo, pela temática de difícil compreensão.b) a temática é nacionalista, mas realizada numa linguagem inspirada nas

propostas das vanguardas européias, especialmente o futurismo.c) o universalismo se revela pela referência à cidade de Paris, e o naci-

onalismo, pela linguagem rica em expressões populares brasileiras.d) tanto o nacionalismo, quanto o universalismo, estão ausentes do texto.e) o nacionalismo se revela na ênfase dada às riquezas brasileiras –

“Algodoal”; e o universalismo, pela alusão à figura do Arlequim, deorigem européia: “Arlequinal... Traje de losangos...”

15 (UF-GO) Em dois movimentos estéticos, na literatura brasileira, há gran-de preocupação com o nacionalismo. Em um, evidencia-se postura niti-damente ufanística; em outro, frequentemente contestatória. São eles,respectivamente:a) Romantismo e Simbolismo.b) Romantismo e Modernismo.c) Parnasianismo e Simbolismo.d) Simbolismo e Modernismo.e) Barroco e Arcadismo.

277

16 (FCC) Na fase combativa do Modernismo, a prosa não teve o realce dapoesia, mas sofreu uma transformação de igual importância.São exemplos dessa transformação a que se refere o texto acima:a) Os Sertões e Canaã.b) O Ateneu e Dom Casmurro.c) Vidas Secas e Gabriela, Cravo e Canela.d) Memórias Sentimentais de João Miramar e Macunaíma.e) Fogo Morto e São Bernardo.

17 (FUVEST)

Não permita Deus que eu morraSem que volte pra São PauloSem que veja a Rua 15E o progresso de São Paulo!

O uso do poema-paródia, exemplificado na estrofe acima, é uma dascaracterísticas do movimento:a) romântico.b) simbolista.c) arcádico.d) parnasiano.e) modernista.

18 (PUC-PR) A poesia modernista revela:a) ritmo psicológico.b) cotidianismo.c) sintaxe e pontuações revolucionárias.d) estão corretas as afirmativas a e c.e) estão corretas as afirmativas a, b e c.

19 (Santa Casa-SP) Em sua fase de implantação, o Modernismo abrigou vá-rias tendências, entre elas a do movimento Pau-Brasil, caracterizado pela:a) pesquisa de novas formas romanescas, capazes de somar regionalis-

mo e futurismo, linguagem popular e engenharia verbal revolucionária.b) recuperação científica dos mitos indígenas e do folclore brasileiro,

capaz de resgatar uma tradição autenticamente nacionalista.

278

c) pesquisa de uma linguagem sintética, rigorosa, em que se expres-sassem os temas da cidade moderna e “desvairada”.

d) busca de uma poesia de feição ingênua, primitivista, voltada para a“descoberta” crítica da nossa terra e expressa em tom de humor eparódia.

e) valorização da pesquisa sociológica, vista como condição indispen-sável para a universalização de uma literatura.

20 (FEI-SP)

“Minha Londres das neblinas frias!Pleno verão. Os dez mil milhões de rosas paulistanas.Há neves de perfumes no ar,Faz frio, muito frio...E a ironia das pernas das costureirinhasparecidas com bailarinas...”

Dê o nome da estética literária a que pertence o texto acima, e cite 3(três) características que a identificam.

21 (F. Objetivo-SP) Entre os movimentos da vanguarda européia, no iníciodo nosso século, um deles influenciou, direta ou Indiretamente, o Mo-dernismo brasileiro. Seu nome chegou mesmo a ser confundido comModernismo, na acepção de “desvairismo”, “loucura”. Cultua a veloci-dade, o automóvel, a máquina, tendo a intenção de abolir a sintaxetradicional. Trata-se do:a) Futurismo.b) Cubismo.c) Expressionismo.d) Dadaísmo.e) Surrealismo.

22 (CESESP)

1. Liberdade formal, busca de todas as experiências expressivas, an-seio de libertação integral do passado. Insatisfação no domínio dafilosofia, da ciência e da arte.

279

2. Buscava “a realidade conforme a Intuição individual. Era a alma dascoisas, que o poeta devia transfigurar em arte e isso só poderia acon-tecer através da linguagem ‘sugestiva’ configurada pela emoção enão pelo conhecimento real e objetivo da coisa”. (Coelho, Nelly Novaes)

Preocupação obsessiva com a sonoridade das palavras. A poesiafoge da vulgaridade, procurando “o aristocrático, o raro, o requinta-do”. (Idem.)

3. Reação contra o pieguismo sentimental do romântico: reserva nasefusões pessoais. Exigia-se o burilamento da forma poética; a lingua-gem era cuidada e havia predileção pelo soneto.

4. A “independência no tocante às fôrmas coincidiu com uma grandeindependência relativa aos temas, os quais se voltaram principalmentepara os motivos regionais”. (Léllis, Raul Moreira)

O regionalismo, portanto, se constitui o grande motivo da prosa brasilei-ra, a partir da segunda década deste século.Nas assertivas acima, existem características do Modernismo brasileiro:a) Só na 1 e 3.b) Só na 1 e 4.c) Só na 2 e 3.d) Só na 2 e 4.e) Em todas.

23 (F. C. Chagas-BA) Os textos abaixo constituem o conjunto de alternati-vas para as questões de 1 a 4:

a) “Brando e meigo sorriso se deslizava em seus lábios; os negros cara-cóis de suas belas madeixas brincavam, mercê do zéfiro, sobre suasfaces... e ela também suspirava.”

b) “Estiadas amáveis iluminavam instantes de céus sobre ruas molha-das de pipilos nos arbustos dos squares. Mas a abóbada de garoadesabava os quarteirões.”

c) “Os sinos repicavam numa impaciência alegre. Padre Antônio conti-nuou a caminhar lentamente, pensando que cem vezes estivera acair, cedendo à fatalidade da herança e à influência do meio que oarrastavam para o pecado.”

280

d) “De súbito, porém, as lancinantes incertezas, as brumosas noites pe-sadas de tanta agonia, de tanto pavor de morte, desfaziam-se, desa-pareciam completamente como os tênues vapores de um letargo...”

e) “Ah! Peixes, quantas invejas vos tenho a essa natural irregularida-de!... A vossa bruteza é melhor que o meu alvedrio. Eu falo, mas vósnão ofendeis a Deus com as palavras: eu lembro-me, mas vós nãoofendeis a Deus com a memória: eu discordo, mas vós não ofendeisa Deus com o entendimento: eu quero, mas vós não ofendeis a Deuscom a vontade.”

1. Assinale o texto que, pela linguagem e pelas idéias, pode ser consi-derado como representante da corrente naturalista.

2. Assinale o texto que, pela linguagem e pelas idéias, pode ser consi-derado como representante da corrente barroca.

3. Assinale o texto que, pela linguagem e pelas idéias, pode ser consi-derado como representante da corrente modernista.

4. Assinale o texto que, pela linguagem e pelas idéias, pode ser consi-derado como representante da corrente simbolista.

24 (FIUbe-MG) A poesia modernista, sobretudo a da primeira fase (1922-1928):a) utiliza-se de vocabulário sempre vago e ambíguo que apreenda esta-

dos de espírito subjetivos e indefiníveis.b) faz uma síntese dos pressupostos poéticos que norteavam a lingua-

gem parnasiano-simbolista.c) incentiva a pesquisa formal com base nas conquistas parnasianas, a

ela anteriores.d) enriquece e dinamiza a linguagem, inspirando-se na sintaxe clássica.e) confere ao nível coloquial da fala brasileira a categoria de valor

literário.

25 As barreiras entre os gêneros literários tornaram-se tênues no Moder-nismo, que, à procura de uma expressão nova, trouxe à prosa caracte-rísticas da poesia e vice-versa; ou, algumas vezes, alternou numa mes-ma obra poesia e prosa de ficção.

281

Um texto que espelha semelhante situação é:a) Memórias sentimentais de João Miramar.b) São Bernardo.c) Triste fim de Policarpo Quaresma.d) O Auto da Compadecida.e) Lição de coisas.

26 (FCMSCSP)

3 de maio

“Aprendi com meu filho de dez anosQue a poesia é a descobertaDas coisas que eu nunca vi.”(Oswald de Andrade)

As cinco alternativas apresentam afirmações extraídas do Manifesto daPoesia Pau-Brasil; assinale a que esta relacionada com o poema “3 demaio”.a) Só não se inventou uma máquina de fazer versos – já havia o poeta

parnasiano.”b) “... contra a morbidez romântica – pelo equilíbrio geômetro e pelo

acabamento técnico.”c) “Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver

com os olhos livres.”d) A poesia Pau-Brasil é uma sala de jantar domingueira, com passari-

nhos cantando na mata resumida das gaiolas...”e) “Temos a base dupla e presente – a floresta e a escola.”

27 (UF-PR) EscapulárioNo Pão de AçúcarDe Cada DiaDai-nos SenhorA PoesiaDe Cada Dia(Oswald de Andrade)

282

Neste poema, o poeta realiza:a) uma fotografia de uma paisagem carioca.b) uma adaptação de mau gosto de uma oração católica.c) um ataque à religião cristã.d) uma paródia criativa em que a surpresa é obtida pela introdução de

um dado novo na oração consagrada.e) uma invocação para obter as bençãos do Senhor.

28 (UF-MG) Todas as alternativas referem-se a Amar, Verbo Intransitivo, deMário Andrade, exceto:a) focaliza problemas oriundos da convivência de nacionalidades dife-

rentes.b) critica os valores da burguesia, pondo a descoberto a corrupção de

seus sentimentos e moralidades.c) a descrição do mundo interior das personagens é desprezada em

favor da realidade exterior.d) seu estilo não se submete rigorosamente às normas convencionais

da linguagem.e) a narrativa é, várias vezes, interrompida por interferências e digres-

sões do autor.

29 (UF-PR)

“Meu Deus como ela era brancal...Como era parecida com a neve...Porém não sei como é a neve,Eu nunca vi a neve,Eu não gosto da neve!E eu não gostava dela...”(Mário de Andrade)

O poema trata:a) dum amor não correspondido.b) duma desilusão amorosa.c) da recusa a expressões poéticas gastas.d) do horror ao inverno.e) de uma paisagem hibernal animizada.

283

30 (Santa Casa-SP) Tomando como exemplo as obras Macunaíma e Me-mórias Sentimentais de João Miramar, é possível afirmar que a prosa deficção do primeiro momento do Modernismo (1922 a 1928)a) buscou renovar, notadamente, a estrutura da composição e os mo-

dos de expressão.b) configurou uma renovação no modo de narrar, tomando como mol-

des, entretanto, o enredo e a composição do romance do século XIX.c) ateve-se aos cânones da literatura que se fazia até então no Brasil

(concepção de personagens, estrutura, tempo e espaço), mas reno-vou profundamente a linguagem.

d) negou a força de expressão da palavra, já que usou, do léxico, ape-nas o mínimo indispensável ao esboço das idéias que se pretendiacomunicar.

e) introduziu profundas modificações temáticas e abordou assuntosnovos, vazando-os em uma Iinguagem marcada pelo rigor vernáculoe pelo sabor clássico.

(ESPECEX-SP)

Texto IMeus oito anos

Oh! que saudades que tenhoDa aurora da minha vida,Da minha infância queridaQue os anos não trazem mais!Que amor, que sonhos, que flores,Naquelas tardes fagueirasÀ sombra das bananeiras,Debaixo dos laranjais!..................................(Casimiro de Abreu)

Texto IIMeus oito anos

Oh que saudades que eu tenhoDa aurora de minha vida

284

Das horasDe minha infânciaQue os anos não trazem maisNaquele quintal de terraDa Rua Santo AntônioDebaixo da bananeiraSem nenhum laranjais..................................(Oswald de Andrade)

31 A afirmação correta em relação aos textos I e II é:a) apesar da semelhança formal entre eles, não existe identidade

temática.b) o texto II mantém o tom idealizador do texto I, introduzindo elemen-

tos mais simples do cotidiano.c) no texto I, “aurora da minha vida” e “minha infância querida” são ex-

pressões típicas do vocabulário do Romantismo.d) “À sombra das bananeiras” revela lirismo romântico, enquanto “Debaixo

da bananeira” apresenta tom clássico, caracterizador do Modernismo.

32 O texto II revela a seguinte característica do Modernismo:a) obediência aos padrões da forma tradicional.b) exaltação dos poetas do movimento romântico.c) paródia de textos famosos da tradição literária brasileira.d) vocabulário típico, idealizado e de fuga do cotidiano.

33 (PUC-PR) A poesia de Manuel Bandeira:a) de expressão acentuadamente retórica, volta-se sobretudo para os

grandes temas de cunho social.b) de caráter marcadamente regionalista, exprime aspectos pitorescos

da paisagem pernambucana.c) de inspiração subjetiva, está presa a idéias estéticas do simbolismo.d) de excessivo rigor métrico, revela uma sensibilidade totalmente volta-

da à estética parnasiana.e) de caráter confidencial e autobiográfico, exprime-se tanto através do

verso livre, quanto do tradicional.

285

34 (UFPR) Leia com atenção o texto abaixo:

Irene pretaIrene boaIrene sempre de bom humor.

Imagino Irene entrando no céu:

– Licença, meu branco!E São Pedro bonachão:– Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.(Manuel Bandeira)

Neste poema estão presentes os seguintes traços característicos dapoética modernista:01 – Temática nova, centrada no dinamismo e no aperfeiçoamento in-

dustrial.02 – Interesse maior pelo inconsciente e pela dimensão cósmica do ser.04 – Busca da pureza poética nas coisas, criaturas e atitudes mais

simples.08 – Uso da linguagem coloquial.16 – Culto dos recursos da versificação.32 – Expressão do essencial poético com o mínimo de artifícios.

Soma

35 (UFRS) “Per Bacco, doutor! Ma io tenho o capital. O capital sono io.”Tomou como tema central de sua obra de ficção o imigrante italianoradicado em São Paulo. Em seus contos, as personagens se exprimemem uma pitoresca mistura de português e italiano, de que o texto éexemplo.Trata-se de:a) Mário de Andrade.b) Oswald de Andrade.c) Antônio de Alcântara Machado.d) Cornélio Pires.e) Guilherme de Almeida.

286

Leia atentamente:

“– Xi, Gaetaninho, como é bom!Gaetaninho ficou banzando bem no meio da rua. O Ford quase o derru-bou e ele não viu o Ford. O carroceiro disse um palavrão e ele não ouviuo palavrão.”

36 (FUVEST-SP) Dê o título e o autor do conto a que pertence o trechoacima.

37 (FEI-SP) Entre Peri e Macunaíma:a) Que traço comum podemos estabelecer?b) Que diferença profunda existe?

38 (UFPR)

Descobrimento

Abancado à escrivaninha em São PauloNa minha casa da rua Lopes ChavesDe sopetão senti um friúme por dentroFiquei trêmulo, muito comovidoCom o livro palerma olhando pra mim.

Não vê que me lembrei que lá no norte, meu Deus!muito longe de mim.

Na escuridão ativa da noite que caiuUm homem pálido, magro de cabelo escorrendo nos olhos,

Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,Faz pouco se deitou, está dormindo.Esse homem é brasileiro que nem eu...

Apoiando-se neste poema de Mário de Andrade, aponte as característi-cas de sua obra poética:

01– Presença de elementos biográficos (por exemplo, São Paulo, RuaLopes Chaves).

02– Linguagem espontânea, coloquial, reproduzindo a fala cotidiana.

287

04– Manifestação sutil de um tema social: o desconhecimento que osbrasileiros do Sul têm dos habitantes do Norte do Brasil.

08– Busca do especificamente brasileiro, isto é, temática nacionalista.

16– O ritmo flui rapidamente, sem cortes abruptos: a musicalidade nas-ce da simplicidade da organização sintática dos versos.

Soma

39 (PUC-RS)

“O que eu adoro em tua natureza,Não é o profundo instinto maternalEm teu flanco aberto como uma ferida.Nem tua pureza. Nem tua impureza.O que eu adoro em ti — lastima-me e consola-me!O que eu adoro em ti, é a vida.”

A estrofe acima é um exemplo do traço de ..................... e de.............que existe na obra de Manuel Bandeira.a) rebeldia — ódio pela vida.b) melancolia — indiferença pelo mundo.c) ternura — paixão pela existência.d) saudade — medo ao cotidiano.e) amargura — conformismo com o destino.

40 (PUC-RS)

“O fazendeiro criara filhosEscravos escravasNos terreiros de pitangas e jabuticabasMas um dia trocouO ouro da carne preta e musculosaAs gabirobas e os coqueirosOs monjolos e os boisPor terras imagináriasOnde nasceria a lavoura verde do café.”

288

Este poema de Oswald de Andrade exemplifica o movimento nativista.................. O poeta. através de uma poesia reduzida ao .............., bus-cou uma interpretação de seu país.a) Antropófago — visual.b) Verde-Amarelo — simbólico.c) Terra Roxa e Outras Terras — discursivo.d) Anta — concreta.e) Pau-Brasil — essencial.

41 (F. M.ABC-SP) De Manuel Bandeira, é válido dizer que:a) foi um poeta típico do período crepuscular anterior ao Modernismo.b) voltou-se sobretudo para o mundo interior, procurando captar, com

sua sensibilidade delicada, as nuanças da sombra, do indefinido, damorte.

c) foi um dos grandes agitadores da literatura brasileira e, em sua obra,salientam-se experiências semânticas que fazem dele um precursorda poesia concreta.

d) soube conciliar a notação intimista com o registro do mundo exteriore sua obra poética abrange desde poemas de tom parnasiano atéexperiências concretistas.

e) exaltou a cidade natal, fez a apologia da preguiça criadora, valorizouos mitos amazônicos.

42 (COVEST-PE) Em toda sua obra, lutou por uma língua brasileira queestivesse mais próxima do falar do povo. Em ......, temos, talvez, a suacriação máxima: a partir desse anti-herói, o autor enfoca o choque doíndio amazônico (que nascera preto e virou branco — síntese do povobrasileiro) com a tradição e a cultura européia na cidade de São Paulo,valendo-se para tanto de profundo estudo do folclore.(José de Nicola)O item que preenche corretamente as lacunas deixadas acima é:a) Mário de Andrade — Macunaíma.b) Mário de Andrade — Amar, Verbo Intransitivo.c) Oswald de Andrade — Memórias Sentimentais de João Miramar.d) Oswald de Andrade — Serafim Ponte Grande.e) Manuel Bandeira — Cinza das Horas.

289

43 (UF-SE) A Semana de Arte Moderna foi o clímax de um processo pre-parado por uma série de acontecimentos, quer no plano das letras, querno das artes em geral. Um deles envolve a polêmica iniciada por umescritor com seu artigo, comentando a manifestação artística deAnita Malfatti, em 1917. Trata-se de:a) “O meu poeta futurista”, de Oswald de Andrade.b) “Futurista?I”, de Mário de Andrade.c) “Paranóia ou mistificação?”, de Monteiro Lobato.d) “Prefácio interessantíssimo”, de Mário de Andrade.e) “O espírito moderno”, de Graça Aranha.

44 (UF-PI) A respeito do Modernismo brasileiro, é CORRETO afirmar que:a) apesar de inovador, não revela uma profunda adesão da literatura

aos problemas da nossa terra e nem se compromete com a históriacontemporânea.

b) do ponto de vista estilístico, rompeu com os padrões gramaticaisportugueses sem, contudo, criar uma linguagem nova que se aproxi-masse do falar brasileiro.

c) contrariamente ao que se pensa, desprezou tudo o que indicasse apresença da civilização industrial, voltando ao passado para revisar ahistória brasileira.

d) no primeiro momento, rompeu as barreiras entre a poesia e a prosa,valorizando o prosaico e o humor, através de uma atitude demolidorae de uma crítica corrosiva contra o academicismo.

e) mesmo impregnado pela xenofobia, foi uma cópia do futurismo italia-no, pela abordagem dos temas do cotidiano.

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MODERNISMOSegunda fase

(1930-1945)R

epro

duçã

o

A preocupação com o regionalismo e a literatura voltada para a denúncia socialmarcaram a segunda fase do Modernismo.

Retirantes,de Portinari

291

A segunda fase do Modernismo iniciou-se com a Revolução de 30 eterminou com a deposição de Getúlio Vargas pelas Forças Armadas, em1945. O período entre 1930 e 1940 foi decisivo para o romance, que denun-ciou os males sociais, voltando-se para o homem humilde e injustiçado.Desenvolveu-se nessa época o romance regionalista, psicológico e urbano.A poesia amadureceu as conquistas de 22 e também voltou-se para temassociais.

Contexto Histórico

A euforia dos anos 20 foi interrompida com a quebra da Bolsa de NovaYork, em 1929, que produziu falências, desemprego e miséria. Momento deprofundas modificações no mundo e no Brasil.

Na Alemanha, Itália, Espanha e Portugal formavam-se governos nacio-nalistas conservadores, militaristas, anticomunistas e antiparlamentares: osEstados fascistas.

No Brasil, a Revolução de 30 depôs Washington Luís, pôs fim à Repú-blica Velha e colocou Getúlio Vargas provisoriamente no poder. Elites paulistasdeflagraram, em 1932, a frustrada Revolução Constitucionalista contra ogoverno federal. Em 1934, Getúlio foi eleito presidente pelo Congresso e em1937 iniciou uma ditadura que se estendeu até 1945, quando foi depostopelas Forças Armadas.

O período da ditadura Vargas, chamado de Estado Novo, caracterizou-se pela centralização do poder e pelas perseguições, prisões políticas edeportação de estrangeiros. O DIP (Departamento de Imprensa e Propa-ganda), órgão responsável pela propaganda do regime e pela censura aosmeios de comunicação e ao material didático, criou também a Hora do Bra-sil (hoje Voz do Brasil ).

Durante o Estado Novo, Vargas interveio nos sindicatos, sistematizou eampliou a legislação trabalhista, atendeu reivindicações operárias. O Brasilconheceu um surto de industrialização promovido por empréstimos norte-americanos, que resultou na expansão das cidades, êxodo rural eproletarização da população.

292

Rep

rodu

ção

Operários, de Tarsila do Amaral.

Rep

rodu

ção

Mestiço, de Portinari

Manifestações ArtísticasRefletindo o panorama político, a arte procurou no regionalismo nossas

raízes culturais e étnicas. O povo é retratado na pintura.

Em 1936, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer planejam o prédio do Ministério daEducação e Saúde, no Rio de Janeiro, marco da arquitetura moderna brasileira.

Empenhando-se para encontrar uma linguagem nacional, Heitor Villa-Lobos incorpora melodias populares e indígenas, além de cantos de pássa-ros brasileiros, às suas composições.

Para entretenimento das massas, o rádio produz programas de auditó-rio e o cinema, as chanchadas da Atlântica. As gravadoras editorasmutiplicam-se.

Além de toda essa produção cultural, as ciências também se desenvol-vem: em 1931, surge a Universidade do Brasil; em 1933, a Escola Livre deSociologia e Política e, em 1934, a Universidade de São Paulo.

Produção Literária

Na poesia

A segunda fase do Modernismo aproveitou e amadureceu as propostasde 22, eliminando exageros e gratuidades. Ao mesmo tempo que continuouas pesquisas estéticas, a primeira geração reabilitou algumas formas tradi-cionais, como o soneto e o verso rimado. Sua temática foi mais politizada,mas não deixou de lado o espiritualismo e a introspecção.

293

Rep

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ção

CarlosDrummondde Andrade

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

Drummond, que nasceu em Itabira, Minas Gerais, é considerado omaior poeta brasileiro. Ele inaugurou sua carreira literária em 1930, comAlguma poesia, que, ao lado de Brejo das almas, de 1934, registra o aconte-cimento banal, os fatos corriqueiros, o cotidiano, num tom irônico ou humo-rístico. Leia este poema de Alguma poesia:

Cidadezinha qualquer

Casas entre bananeirasmulheres entre laranjeiraspomar amor cantar.

Um homem vai devagar.Um cachorro vai devagar.Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham.

Êta vida besta, meu Deus!

Sentimento do mundo, de 1940, e A rosa do povo, de 1945, revelam umpoeta preocupado com a expansão do nazi-fascismo e com a destruiçãoprovocada pela guerra. Sua poesia deixa de lado o humor e a ironia para serarma de denúncia social.

José e Poesias, de 1942, mostram o anonimato, a solidão e a falta deperspectiva a que estão reduzidos os homens. Observe:

José

E agora, José?A festa acabou,a luz apagou,

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Rep

rodu

ção

Cecília Meireles

o povo sumiu,a noite esfriou,e agora, José?e agora, você?você que é sem nome,que zomba dos outros,que faz versos,que ama, protesta?e agora, José?

(...)Sozinho no escuroqual bicho-do-mato,sem teogonia,sem parede nuapara se encostar,sem cavalo pretoque fuja a galope,você marcha, José!José, para onde?

A partir de Claro enigma, de 1951, e em seus livros subseqüentes, àspreocupações anteriores somam-se as reflexões sobre a construção poéti-ca e o passado aparece como contraponto à desesperança presente.

Além de poeta, Drummond foi excelente cronista.

Cecília Meireles (1901-1964)

Aos dezoito anos, Cecília Meireles publicou seuprimeiro livro, Espectros, de inspiração neo-simbolis-ta. Ao longo de sua carreira vai cultivar uma poesiaintrospectiva em que reúne religiosidade e desesperopelo sentimento de transitoriedade da vida.

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Eu canto porque o instante existee a minha vida está completa.Não sou alegre nem sou triste:sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,não sinto gozo nem tormento.Atravesso noites e diasno vento.

Sua obra mais importante é o poema épico-lírico Romanceiro da Incon-fidência (1953), uma composição escrita em redondilhas maiores. Nela, apoetisa reconstitui a época da mineração e a Inconfidência Mineira, do sé-culo XVIII. Leia um trecho dessa obra:

Romance XXVIII ou da denúncia de Joaquim Silvério

No Palácio da Cachoeira,com pena bem aparada,começa Joaquim Silvérioa redigir sua carta.De boca já disse tudoQuanto soube e imaginava.

Ai, que o traiçoeiro invejosoJunta às ambições a astúcia.Vede a pena como enrolaArabescos de volúpia,Entre as palavras sinistrasDesta carta de denúncia!

Que letras extravagantes,Com falsos intuitos de arte!Tortos ganchos de malícia,Grandes borrões de vaidade.Quando a aranha estende a teia,Não se encontra asa que escape.

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Vede como está contente,Pelos horrores escritos,Esse impostor caloteiroQue em tremendos labirintosPrende os homens indefesosE beija os pés aos ministros!

As terras de que era dono,Valiam mais que um ducado.Com presentes e lisonjas,Arrematava contratos.E delatar um levantePode dar lucro bem alto!

Como pavões presunçosos,Suas letras se perfilam.Cada recurvo penachoÉ um erro de ortografia.Pena que assim se reforceDeixa a verdade torcida.

(No grande espelho do tempo,cada vida se retrata:os heróis, em seus degredosou mortos em plena praça;– os delatores cobrandoo preço das suas cartas...)

Romance XXXIV ou de Joaquim Silvério

Melhor negócio que Judasfazes tu, Joaquim Silvério:que ele traiu Jesus Cristo,tu trais um simples Alferes.Recebeu trinta dinheiros...— e tu muitas coisas pedes:pensão para toda a vida,perdão para quanto deves,

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agem

Vinicius de Moraes

comenda para o pescoço,honras, glórias, privilégios.E andas tão bem na cobrançaque quase tudo recebes!Melhor negócio que Judasfazes tu, Joaquim Silvério!Pois ele encontra remorso,coisa que não te acomete.Ele topa uma figueira,tu calmamente envelheces,orgulhoso e impenitente,com teus sombrios mistérios.(Pelos caminhos do mundo,nenhum destino se perde:Há os grandes sonhos dos homens,e a surda força dos vermes.)

Vinicius de Moraes (1913-1980)

Vinicius de Moraes tornou-se extremamente conhecido devido a suaatuação na música popular. No entanto, antes de músico, foi poeta lírico.No início da carreira, a tônica de sua poesia reside na religiosidade. A partirde Cinco elegias (1943), nasce um lirismo amoroso de fundo erótico em queavulta a figura feminina. Embora não abandone o erotismo, sua poesia vaiadquirindo uma conotação social e refletindo o momento presente. A bom-ba atômica inspirou-lhe estes versos:

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A rosa de Hiroxima

Pensem nas criançasMudas telepáticasPensem nas meninasCegas inexatasPensem nas mulheresRotas alteradasPensem nas feridasComo rosas cálidasMas oh não se esqueçamDa rosa da rosaDa rosa de Hiroxima

Bomba de Hiroshima

No dia 6 de agosto de 1945, foi decidido que oJapão sofreria as conseqüências de uma não ren-dição incondicional. Então, sob as ordens do pre-

sidente Harry Truman, a força aérea americana lançou so-bre a cidade japonesa de Hiroshima a 1a bomba atômica.Em 9 de agosto, foi lançada a 2a bomba sobre a tambémcidade japonesa de Nagasaki. Os EUA, após terem bombar-deado dois alvos civis e terem matado mais de 140 mil civis,em que 60 mil morreram na hora e o restante morreu até ofinal do ano em conseqüência dos ferimentos, deixando ou-tros 130 mil feridos e 5 mil órfãos, conseguiram o que queri-am: a rendição incondicional do Japão.As bombas destruíram em Hiroshima 63% dos seus prédios,outros 24% foram parcialmente destruídos e somente 10%permaneceram intactos.

O melhor de sua produção lírica está nos sonetos.

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ção

Murilo Mendes

Murilo Mendes (1901-1975)

Na trajetória poética de Murilo Mendes pode-se perceber inicialmenteuma visão irônica e satírica, ao estilo da primeira fase do Modernismo, emHistória do Brasil (1932):

homo brasiliensis

O homemÉ o único animal que joga no bicho.

Depois evolui para a tendência espiritualista de Tempo e eternidade(1935), composto em parceria com Jorge de Lima:

A anunciação

O anjo pousa de leveNo quarto onde a moça puraRemenda a roupa dos pobres.Nasceu uma claridadeNaquele quarto modesto:A máquina de costurar Costura raios de luz;Não se sabe mais se o anjoÉ ele mesmo, ou Maria.(...)

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Em O visionário (1941), escreve poemas que utilizam técnicassurrealistas:

Pré-história

Mamãe vestida de rendasTocava piano no caos.Uma noite abriu as asasCansada de tanto som,Equilibrou-se no azul,De tonta não mais olhouPara mim, para ninguém!Cai no álbum de retratos.

Mundo enigma (1945) e Poesia liberdade (1947) contêm poemassociopolíticos que refletem a realidade da Segunda Guerra Mundial, como:

Perturbação

Desta varanda se descortina o mar noturnoPoderoso.Entretanto existe alguém mais forte aindacarregando conchas de mortos.O fantasma mecânico da guerraQue passaCom seu penacho de fumaça e sangue.

Jorge de Lima (1895-1953)

Os versos de seu primeiro livro XIV alexandrinos (1914) são aindaparnasianos. Ao entrar em contato com o Modernismo, Jorge de Lima es-creve O mundo do menino impossível (1925) e Poemas (1927), em que oinconsciente e a memória o conduzem ao passado, à infância no engenho.

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Jorge de Lima

Sua poesia adquire, depois, um cunho social. A personagem central dessafase é o negro escravizado, presente em Novos poemas (1929) e Poemasescolhidos (1932). A essa fase pertencem dois famosos poemas — “Essanegra fulô” e “Pai João”, do qual transcrevemos um fragmento:

A filha de Pai João tinha um peito deTurina para os filhos de Ioiô mamar:Quando o peito secou a filha de Pai JoãoTambém secou agarrada numFerro de engomar.A pele de Pai João ficou na pontaDos chicotes.A força de Pai João ficou no caboDa enxada e da foice.A mulher de Pai João o brancoA roubou para fazer mucamas.

Em parceria com Murilo Mendes escreve, em 1935, Tempo e eternida-de, em que “quer restaurar a poesia em Cristo” para solucionar as injustiçasde um mundo materialista.

Em Invenção de Orfeu (1952), uma epopéia modernista, em linguagemhermética, Jorge de Lima aborda o tema do homem em busca da plenitudeespiritual.

Prosa

O período entre 1930 e 1940 representou a era do romance brasileiro,preocupado em enfocar a realidade brasileira e aproveitando as conquistasestilísticas de 1922. Reflexo da crise cafeeira, da Revolução de 30, do declíniodos engenhos no Nordeste e sua substituição pelas usinas, o romanceregionalista mostrou um escritor engajado, um crítico das relações sociais.Além do romance regionalista, destaca-se o romance urbano, representadopela prosa do gaúcho Érico Veríssimo.

302

Juar

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Rachel de Queiroz

Rachel de Queiroz (1917-)

Rachel de Queiroz foi a primeira mulher a en-trar para a Academia Brasileira de Letras, em1977. Como os outros escritores nordestinos,seus contemporâneos, sua obra tem um forte ca-ráter regionalista. Ela começou sua carreira comO Quinze (1930), romance que retrata o dramada seca de 1915, vivido também por ela e suafamília. Leia este fragmento:

Debaixo de um juazeiro grande, todo um bando de retirantes searranchara: uma velha, dois homens, uma mulher nova, algumascrianças.

O sol, no céu, marcava onze horas. Quando Chico Bento,com seu grupo, apontou na estrada, os homens esfolavam umarês e as mulheres faziam ferver uma lata de querosene cheia deágua, abanando o fogo com um chapéu de palha muito sujo eremendado.

Em toda a extensão da vista, nem uma outra árvore surgia. Sóaquele velho juazeiro, devastado e espinhento, verdejava a copahospitaleira na desolação cor de cinza da paisagem.

Cordulina ofegava de cansaço. A Limpa-Trilho gania e parava,lambendo os pés queimados.

Os meninos choramingavam, pedindo de comer.

(...)

Caminho de pedras (1927) é seu romance mais engajado e, em As trêsMarias, valoriza a análise psicológica. Depois de quase quarenta anos semescrever, Rachel lança, em 1992, Memorial de Maria Moura, que conta ahistória de uma cangaceira nordestina. Hoje Rachel de Queiroz dedica-se àcrônica.

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Graciliano Ramos

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çãoGraciliano Ramos (1892-1953)

O alagoano Graciliano Ramos é considerado hoje o me-lhor romancista moderno brasileiro. A tônica de sua obra,em que concilia regionalismo e psicologia, está na proble-mática do homem e sua relação conflituosa com o meionatural e a sociedade.

Em 1933 publica o primeiro romance, Caetés, e em1934 lança São Bernardo.

Vidas Secas (1938) é seu romance mais conhecido.Narrado em terceira pessoa, o livro conta a luta de retirantes pela sobrevivên-cia. Nele, Graciliano Ramos surpreende pela concisão, pela economia verbal,pela quase inexistência de adjetivos, pelo estilo duro e seco como a paisagemem que se movem suas personagens. Leia este trecho de Vidas Secas:

Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seuspés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra.Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava umalinguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro en-tendia. A pé, não se agüentava bem. Pendia para um lado, para ooutro lado, cambaio, torto e feio. Às vezes utilizava nas relações comas pessoas a mesma língua com que se dirigia aos brutos — excla-mações, onomatopéias. Na verdade falava pouco. admirava as pala-vras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir al-gumas, em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas.

(...)

José Lins do Rego (1901-1957)

Sua obra é um dos pontos altos do romance regional nordestino, fixan-do tipos e costumes da região. A análise psicológica de suas personagensnão é profunda, mas elas são invulgarmente vigorosas e reais. Estréia comMenino de engenho (1932), com o qual inicia o ciclo da cana-de-açúcar,representado por Doidinho (1933), Bangüê (1934), Moleque Ricardo (1935),Usina (1936) e Fogo morto (1943). Com impressionante força documental,

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Folh

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Jorge Amado

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José Lins do Rego

retrata nessas obras a decadência dos engenhos sufoca-dos pelas usinas modernas.

Escreveu também Pureza (1937), Pedra Bonita (1938),Riacho Doce (1939) e Cangaceiros (1953), que compõem ociclo do cangaço, misticismo e seca.

Sua obra mais significativa é Fogo morto, da qual seextraiu o texto a seguir:

— Coronel, eu me retiro. Aqui eu não vim com o intento de rou-bar a ninguém. Vim pedir. O velho negou o corpo.

— Pois eu lhe agradeço, capitão.A noite já ia alta. Os cangaceiros se alinhavam na porta. Vitorino,

quase que se arrastando, chegou-se para o chefe e lhe disse:— Capitão Antônio Silvino, o senhor sempre foi da estima do

povo, mas deste jeito se desgraça, atacar um engenho como estedo coronel Lula, é mesmo que dar surra em cego.

— Cala a boca, velho.”(...)

Jorge Amado (1912-2001)

Seus romances são ambientados na Bahia.Neles, o escritor:

• denuncia as injustiças sociais e retrata a vidaurbana de Salvador — O país do carnaval,Suor, Capitães de areia;

• focaliza o ciclo do cacau e a exploração do trabalhador rural — Ca-cau, São Jorge dos Ilhéus, Terras do sem-fim;

• faz crônica de costumes — Mar morto, Gabriela, cravo e canela.A produção de Jorge Amado, farta (infinitamente maior que a aqui elencada)

e sintonizada com o gosto do público médio, talvez seja o best seller nacional.Neste fragmento de Terras do sem-fim, considerado seu melhor romance,

Jorge Amado descreve a cidade de Ilhéus, onde se desenrola a ação do livro.

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(...) A árvore que influía em Ilhéus era a árvore do cacau, se bemnão se visse nenhuma em toda a cidade. Mas era ela que estavapor detrás de toda a vida de São Jorge dos Ilhéus. Por detrás decada negócio que era feito, de cada casa construída, de cada ar-mazém, de cada loja que era aberta, de cada caso de amor, decada tiro trocado na rua. Não havia conversação em que a palavracacau não entrasse como elemento primordial. E sobre a cidadepairava, vindo dos armazéns de depósito, dos vagões da estradade ferro, dos porões dos navios, das carroças e da gente, um chei-ro de chocolate que é o cheiro de cacau seco.

Existia outra ordenança municipal que proibia porte de armas.Mas muito poucas pessoas sabiam que ela existia e, mesmo aquelespoucos que o sabiam, não pensavam em respeitá-la. Os homenspassavam, calçados de botas ou de botinas de couro grosso, a calçacáqui, o paletó de casimia, e por baixo deste o revólver. Homens derepetição a tiracolo atravessavam a cidade sob a indiferença dosmoradores. Apesar do que já existia de assentado, de definitivo, emIlhéus os grandes sobrados, as ruas calçadas, as casas de pedra ecal, ainda assim restava na cidade um certo ar de acampamento. Porvezes, quando chegavam os navios abarrotados de emigrantes vin-dos do sertão, de Sergipe e do Ceará, quando as pensões de pertoda estação não tinham mais lugar de tão cheias, então barracas eramarmadas na frente do porto. Improvisavam-se cozinhas, os coronéisvinham ali escolher trabalhadores: Dr. Rui, certa vez, mostrara umdaqueles acampamentos a um visitante da capital:

— Aqui é o mercado de escravos...

Dizia com um certo orgulho e certo desprezo, era assim que eleamava aquela cidade que nascera de repente, filha do porto, ama-mentada pelo cacau, já se tornando a mais rica do estado, a maispróspera também. Existiam poucos ilheenses de nascimento quejá tivessem importância na vida da cidade. Quase todos fazendei-

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Érico Veríssimo

ros, médicos, advogados, agrônomos, políticos, jornalistas, mes-tre-de-obras eram gente vinda de fora, de outros estados. Masamavam estranhamente aquela terra venturosa e rica. (...)

AMADO, Jorge. Terras do sem fim, 54, ed. Rio de Janeiro,Record, s.d.p. 188-9

Érico Veríssimo (1905-1975)

A obra deste gaúcho divide-se em:

• romance urbano, em que retrata os conflitos mo-rais e espirituais de uma sociedade em crise:Clarissa, Música ao longe, Olhai os lírios do cam-po, entre outros;

• romance histórico, em que recupera a históriado Rio Grande do Sul, desde os tempos colo-niais, passando pela Revolta da Armada, de1893, até o início do governo Vargas: O tempoe o vento, obra composta de três romances —O continente, O retrato e O arquipélago;

• romance político-internacional: O prisioneiro, O senhor embaixadore Incidente em Antares.

No trecho seguinte, extraído de O Tempo e o vento, a personagem Anaterra, repudiada pelo pai — Maneco Terra —, recorda a morte da mãe:

(...) E havia períodos em que Ana perdia a conta dos dias. Mas en-tre as cenas que nunca mais lhe saíram da memória estavam a da tardeem que dona Henriqueta fora para a cama com uma dor aguda no ladodireito, ficara se retorcendo durante horas, vomitando tudo que engolia, gemendo e suando frio. E quando Antônio terminou de encilhar o ca-valo para ir até o Rio Pardo buscar recursos, já era tarde demais. A mãeestava morta. Era inverno e ventava. Naquela noite ficaram velando o

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cadáver de dona Henriqueta. Todos estavam de acordo numa coisa:ela tinha morrido de nó na tripa. Um dos escravos disse que conheciacasos como aquele. Fosse como fosse, estava morta, “Descansou” —disse Ana para si mesma; e não teve pena da mãe. O corpo dela ficouestendido em cima duma mesa, enrolado na mortalha que a filha e anora lhe haviam feito. Em cada canto da mesa ardia uma vela de sebo.Os homens estavam sentados em silêncio. Quem chorava mais eraEulália. Pedrinho, de olhos muito arregalados, olhava ora para a mortaora para as sombras dos vivos que se projetavam nas paredes do ran-cho. Ana não chorou. Seus olhos ficaram secos e ela estava até alegre,porque sabia que a mãe finalmente tinha deixado de ser escrava. Podiahaver outra vida depois da morte, mas também podia não haver. Sehouvesse, estava certa de que dona Henriqueta iria para o céu, se nãohouvesse , tudo ainda estava bem, porque sua mãe ia descansar parasempre. Não teria mais que cozinhar, ficar horas e horas pedalando naroça, em cima do estrado, fiando, suspirando e cantando as cantigastristes de sua mocidade. Pensando nessas coisas, Ana olhava para opai que se achava a seu lado, de cabeça baixa, ombros encurvados,tossindo muito, os olhos riscados de sangue. Não sentia pena dele.Por que havia de ser fingida? Não sentia. Agora ele ia ver o quanto valiaa mulher que Deus lhe dera. Agora teria de se apoiar na nora ou nela,Ana, pois precisava de quem lhe fizesse a comida, lavasse a roupa,cuidasse da casa. Precisava, enfim, de alguém a quem pudesse darordens, como a uma criada. Henriqueta Terra jazia imóvel sobre a mesae seu rosto estava tranqüilo. (...)

(O tempo e o vento (O continente). Apud MOISÉS, Massaud. A literatu-ra brasileira através dos textos. São Paulo: cultrix, 1971. p. 488)

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Questões de Vestibular

(Modernismo – 2a fase)

1 (UF-RS) Em A Bagaceira, de José Américo de Almeida, notam-se umaatitude reivindicatória, em face do meio hostil e decadente que descre-ve, e a adequação da linguagem ao assunto de que trata. Essas serão,posteriormente, características marcantes:a) do romance regionalista da década de 30.b) do romance psicológico, desenvolvido por Lygia Fagundes Telles e

Cyro dos Anjos.c) da prosa coloquial e regional dos contos de Antônio de Alcântara

Machado.d) do moderno teatro brasileiro, realizado por Oswald de Andrade e

Nélson Rodrigues.e) da poesia concreta, que busca descobrir a linguagem literária mais

adequada à descrição da realidade brasileira.

2 (FEMP-PA) Foi com ......... de .......... que se inicia o .......... da ficçãomodernista, abrindo assim uma nova fase da nossa história literária.a) Fogo morto; José Lins do Rego; 2o momento.b) A bagaceira; José Américo de Almeida; 2o momento.c) O rei da vela; Oswald de Andrade; 1o momento.d) Corpo de baile; Guimarães Rosa; 3o momento.e) Gabriela, cravo e canela; Jorge amado; 3o momento.

3 (UF-GO) O Modernismo tem ao menos duas fases bem distintas: a pri-meira que vai de 1922 a 1930; a outra, posterior a 1930. A primeira foichamada a “fase heróica” e se caracterizou por uma revolta e por umexperimentalismo na ficção e na poética. No entanto, a herança quedeixou — segundo Mário de Andrade — foi a seguinte:a) hermetismo total da poesia, mudança radical na estrutura sintática,

nova orientação no traçado gráfico do texto.b) respeito aos estratos da linguagem literária, aos caracteres materiais

da pontuação e à estrutura sintática do discurso.

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c) o direito permanente à pesquisa estética, a atualização da inteligên-cia artística brasileira e a estabilização de uma consciência criadoranacional.

d) o bom senso como critério estético, a imitação da natureza segundoa visão naturalista, o ufanismo nacionalista, enquanto literaturacompromissada.

4 (F. C. CHAGAS-SP) Relacionando o período literário que se inicia em1928 ao período imediatamente anterior, podemos dizer que:a) a década de 30 é continuação natural do movimento de 22, acres-

centando-lhe o tom anárquico e a atitude aventureira.b) o segundo momento do Modernismo abandonou a atitude destrui-

dora, buscando uma recomposição de valores e a configuração denova ordem estética.

c) a década de 20 representa uma desagregação das idéias e dos te-mas tradicionais; a de 30 destrói as formas ortodoxas de expressão.

d) as propostas literárias da década de 20 só se veriam postas em prá-tica no decênio seguinte.

e) o segundo momento do Modernismo assumiu como armas de com-bate o deboche, a piada, o escândalo e a agitação.

5 Poeta que fala com humor e ironia da mediocridade da “vida besta” quepreside o cotidiano e cuja obra (A rosa do povo, Claro enigma) é marcadapor vigoroso espírito de síntese e pelo sentido trágico da existência.Trata-se de:a) Vinicius de Moraes.b) Carlos Drummond de Andrade.c) Olavo Bilac.d) Mário de Andrade.e) Cecília Meireles.

6 (FUVEST-SP) Leia atentamente o texto:

Dados biográficos

“Mas que dizer do poetanuma prova escolar?

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Que ele é meio patetae não sabe rimar?

Que veio de Itabira,terra longe e ferrosa?E que seu verso vira,de vez em quando, prosa?.............................................Que encontrou no caminhouma pedra e, estacando,muito riso escarninhoo foi logo cercando?”

Esses “dados biográficos” são do poeta:a) Jorge de Lima.b) Manuel Bandeira.c) João Cabral de Mello Neto.d) Carlos Drummond de Andrade.e) Guilherme de Almeida.

7 (PUC-RS)

“Não faças versos sobre acontecimentos.Não há criação nem morte perante a poesiaDiante dela, a vida é um sol estático,Não aquece nem ilumina.”

Uma das constantes na obra poética de Carlos Drummond de Andrade,como se verifica nos versos acima, é:a) a louvação do homem social.b) o negativismo destrutivo.c) a violação e desintegração da palavra.d) o questionamento da própria poesia.e) o pessimismo lírico.

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8 (CESESP-PE)

“Mundo mundo vasto mundo,se eu me chamasse Raimundoseria uma rima, não seria uma solução.Mundo mundo vasto mundo,mais vasto e meu coração”.

Nessa estrofe, o poeta:a) deixa claro que desejaria mudar de nome.b) declara que seu nome é sonoro por causa da rima.c) afirma que a questão central não e o nome e sim a sua origem.d) tem dúvida quanto ao tamanho do seu coração.e) sugere que a atividade poética não consiste apenas em “fazer rimas”.

9 (UNICAMP-SP) Leia com atenção os dois fragmentos a seguir, extraí-dos do poema de Carlos Drummond de Andrade cujo título, “Procura dapoesia”, também indica seu tema. Compare-os e explique como o temaé desenvolvido em cada um deles,

Fragmento 1:“Não faças versos sobre acontecimentos.Não há criação nem morte perante a poesia.Diante dela, a vida é um sol estáticonão aquece nem ilumina.As finalidades, os aniversários, os incidentes pessoaisnão contam.Não faças poesia com o corpo,esse excelente, completo e confortável corpo, tãoinfenso à efusão lírica.”

Fragmento 2:“Penetra surdamente no reino das palavras.Lá estão os poemas que esperam ser escritos.Estão paralisados, mas não há desespero,há calma e frescura na superfície intata.Ei-los, sós e mudos, em estado de dicionário.”

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10 (CESESP-PE) Preso à vida, é o poeta participante, mãos dadas aoscontemporâneos. Em alguns momentos, foi a sua voz mais diretamenteecoante, como em A rosa do povo mas o seu sentido de equilíbrio artís-tico, a transfiguração e deposição do transitório livraram-no da retóricasem ressonância. Seus temas preferidos são: a angústia do homemescravo do progresso, emparedado nas grandes capitais, o medo, otédio, a náusea, a desintegração das personalidades... (Celso Luft)Esses conceitos caracterizam o mundo poético de:a) Manuel Bandeira.b) Mário de Andrade.c) Carlos Drummond de Andrade.d) Alphonsus de Guimaraens.e) Olavo Bilac.

11 (PUC-RS)Então desanimamos. Adeus, tudo!A mala pronta, o corpo desprendido,resta a alegria de estar só e mudo.

Os versos acima demonstram um dos traços marcantes da poesia deCarlos Drummond de Andrade que é o:a) misticismo.b) euforismo.c) desencanto.d) radicalismo.e) egocentrismo.

12 (CESESP-PE)

1. Poeta participante a quem o equilíbrio artístico evita de enredar-se notransitório, para dar dimensões mais duradouras à visão dos proble-mas do seu tempo.

2. Em sua poesia encontra-se a palavra poética por excelência, comoentendiam os românticos e parnasianos.

3. Sua poesia está impregnada de misticismo e otimismo.4. Usa do verso livre e da linguagem rica em intenções, em sutilezas e

em sarcasmos.

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Características da obra de Carlos Drummond de Andrade se achamexpressas nas afirmações acima.a) Só na 1 e 2.b) Só na 1 e 4.c) Só na 3 e 4.d) Só na 2 e 3.e) Só na 2 e 4.

13 (F. Objetivo-SP)

Soneto da perdida esperança

Perdi o bonde e a esperança.Volto pálido para casa.A rua é inútil e nenhum autopassaria sobre meu corpo.

Vou subir a ladeira lentaem que os caminhos se fundem.Todos eles conduzem aoprincípio do drama e da flora.

O autor destes versos é o conhecido itabirano:a) Guilherme de Almeida.b) Cassiano Ricardo.c) Vinicius de Moraes.d) Oswald de Andrade.e) Carlos Drummond de Andrade.

14 (PUC-PR) São obras de Carlos Drummond de Andrade, exceto:a) A Rosa do Povo, Sentimento do Mundo.b) Lição de Coisas, Claro Enigma.c) Morte e Vida Severina, Libertinagem.d) Boitempo, Menino Antigo.e) Corpo, Amar se Aprende Amando.

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(FUVEST-SP) Leia atentamente o texto para responder às três ques-tões seguintes:

Toada do amor

“E o amor sempre nessa toada:briga perdoa perdoa briga.Não se deve xingar a vida,a gente vive, depois esquece.Só o amor volta para brigar,para perdoar,amor cachorro bandido trem.Mas, se não fosse ele, tambémque graça que a vida tinha?Mariquita, dá cá o pito,no teu pito está o infinito.”

(Carlos Drummond de Andrade)

15 Neste poema, o tratamento da temática amorosa é característico daprimeira fase do Modernismo?Por quê?

16 “No poema, a utilização de rimas é uma forma de combater a estéti-ca parnasiana.” A seu ver, está correta tal afirmativa? Justifique suaresposta.

17 Transcreva do texto alguns elementos que você considere característi-cos do tipo de linguagem utilizado pelos modernistas. Explique por quevocê os considera assim.

18 (U MOGI DAS CRUZES-SP)

“Perdi o bonde e a esperança.Volto pálido para casa.A rua é inútil e nenhum autopassaria sobre meu corpo”

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Este primeiro quarteto de soneto pertence a:a) Oswald de Andrade.b) Mário de Andrade.c) Manuel Bandeira.d) Carlos Drummond de Andrade.e) Cassiano Ricardo.

19 (PUC-RS)

Minhas mãos ainda estão molhadasdo azul das ondas entreabertase a cor que escorre dos meus dedoscolore as areias desertas.

A estrofe revela um dos tópicos dominantes da poesia de Cecília Meirelesque é a percepção do mundo.a) ( ) sentimental.b) ( ) racional.c) ( ) emotiva.d) ( ) sensorial.e) ( ) onírica.

20 (FGV) Os seguintes versos, de Vinicius de Moraes,

“De repente do riso fez-se o prantoSilencioso e branco como a brumaE das bocas unidas fez-se a espumaE das mãos espalmadas fez-se o espanto.”

a) utilizou predominantemente neologismos e figuras de repetição so-nora, e tendeu à comunicação não-verbal.

b) buscou, a exemplo dos simbolistas e parnasianos, o verso precioso,o vocabulário rico, complexo e raro.

c) assumiu integralmente sua herança fundamental: o pensamento e aforma legados pelo classicismo.

d) fez, também, uso da rima e dos metros tradicionais.e) situou sua conquista estética no significado e não na expressão da

linguagem.

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21 (FAAP-SP) Cronista, crítico de arte e de cinema, cinematografista,teatrólogo e, acima de tudo, poeta. Sua poesia se caracteriza pelatempestuosidade, pelo patético, pela grande alegria de viver e pene-trante força lírica. Ele prefere sacrificar a arte à vida. O autor de ORFEUDA CONCEIÇÃO é a um tempo clássico e romântico, a sua poesia éirônica e patética, desabusada e enternecida, intencionalmente frívolapor vezes, mas sempre espontaneamente generosa. Trata-se de:a) Vinicius de Moraes.b) Millôr Fernandes.c) Fernando Sabino.d) Oton Bastos.e) n.d.a.

22 (F. C. Chagas-BA)

I – Moderno e versátil, Vinicius de Moraes compõe, com mestria, tantoletras para canções populares como poemas dentro dos mais estri-tos padrões clássicos.

II – Cecília Meireles caracterizou sua poesia pela constante sugestãode sombra, identificação e ausência; mas soube também incorpo-rar a matéria histórica, em uma de suas importantes obras.

III – A Moreninha narra, em linguagem presa ao modelo lusitano, a histó-ria de um amor impossível entre um jovem da aristocracia imperialdo Brasil e uma mestiça.

Assinale a alternativa correta:a) Só a proposição I é correta.b) Só a proposição II é correta.c) Só a proposição III é correta.d) São corretas as proposições I e II.e) São corretas as proposições II e III.

23 (UFPR)

Como ocultar a sombra em mim suspensaPelo martírio da memória imensaQue a distância criou – fria de vida?

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Imagem tua que eu compus serenaAtenta ao meu apelo e à minha penaE que quisera nunca mais perdida...(Vinicius de Moraes, Soneto de véspera.)

Os tercetos revelam:a) a expectativa pela felicidade do reencontro.b) a infelicidade do autor por ter esquecido a mulher amada.c) a certeza de que, ao reencontrá.la, poderá amá-la como antes.d) a presença viva da infelicidade que o afastou dela.e) a presença viva, em sua lembrança, da imagem serena da mulher

distante.

24 (FUVEST)Poeta, nascida no Rio de Janeiro, escreveu, além de obras para crian-ças, o Romanceiro da Inconfidência. Ela é:a) Lygia Fagundes Telles.b) Marília de Dirceu.c) Rachel de Queiroz.d) Henriqueta Lisboa.e) Cecília Meireles.

25 (UFMG)Todas as referências ao Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles,estão certas, exceto:a) Apresenta uma fusão de elementos líricos e de elementos épicos.b) Utiliza versos de várias medidas, predominando os de cinco e sete

sílabas.c) Conjuga elementos da tradição popular com fatos históricos.d) Aplica, na composição dos romances, os princípios da arte poética

do século XVIII.e) Presentifica fatos passados através do recurso da evocação.

26 (UCMG) Graciliano Ramos é autor que, no Modernismo, faz parte da:a) fase destruidora, que procura romper com o passado.b) segunda fase, em que se destaca a ficção regionalista.

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c) fase irreverente, que busca motivos no primitivismo.d) geração de 45, que procura estabelecer uma ordem no caos anterior.e) década de 60, que transcendentaliza o regionalismo.

27 (PUC-PR) Graciliano Ramos, cujos livros chegaram à publicação a par-tir de 1933, distingue-se no quadro amplo da literatura que a partir doModernismo foi produzida. É marca de sua modernidade, que se cons-titui de maneira peculiar e distinta:a) a elevação da caatinga a espaço mítico de transcendência e supera-

ção do real.b) a exaltação da cultura popular baiana.c) a procura rousseauniana do ideal na simplicidade campestre, na vida

rústica mas gratificante do sertanejo.d) a reconstituição saudosista do passado, sufocados o espírito crítico

e o impulso para a reavaliação.e) a via do despojamento, que o faz recusar o pitoresco, isentando-o de

fraquezas populistas.

28 (OSEC-SP) Suas obras traduzem a opressão que o meio natural e asestruturas sociais exercem sobre o homem, apresentando a mais altatensão entre o eu e o social. Luís da Silva torna-se um assassino,Fabiano um retirante e Paulo Honório totalmente desprovido de sen-sibilidade.A afirmação acima refere-se a obras de:a) Machado de Assis.b) Lima Barreto.c) José Lins do Rego.d) Graciliano Ramos.e) Jorge Amado.

29 (UE-Maringá) “A cachorra espiou o dono desconfiada, enroscou-se notronco e foi-se desviando até ficar no outro lado da árvore, agachada earisca, mostrando apenas as pupilas negras. Aborrecido com esta ma-nobra, Fabiano saltou a janela, esgueirou-se ao longo da cerca do cur-ral, deteve-se no mourão do canto e levou de novo a arma ao rosto...”

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O excerto anterior apresenta uma cena da obra:a) Angústia.b) Vidas Secas.c) Doidinho.d) Dom Casmurro.e) Menino do Engenho.

30 (PUCCAMP) O isolamento social e cultural de uma família de retirantesnordestinos e a tragédia do ciúme, provocada por um incontrolável sen-timento de posse, são os temas centrais de dois grandes romances deGraciliano Ramos, respectivamente:a) Vidas Secas e São Bernardo.b) São Bernardo e Vidas Secas.c) Caetés e Angústia.d) Angústia e Caetés.e) São Bernardo e Angústia.

31 (PUC-RS) “O pequeno sentou-se, acomodou-se nas pernas da cachor-ra, pôs-se a contar-lhe baixinho uma estória. Tinha o vocabulário quasetão minguado como o do papagaio que morrera no tempo da seca.”

Em Vidas Secas, de Graciliano Ramos, como exemplifica o texto, atra-vés das personagens, há uma aproximação entre:a) homem e animal.b) criança e homem.c) cão e papagaio.d) papagaio e criança.e) natureza e homem.

32 (UNIFOR-CE) “É perfeita a adequação da técnica literária à realidadeexpressa. Fabiano, sua mulher, seus filhos, rodam num âmbito exíguo,sem saída nem variedade. Daí a construção por fragmentos, quadrosquase destacados onde os fatos se arranjam sem se integrarem, suge-rindo um mundo que não se compreende, e se capta apenas por mani-festações isoladas.”

320

O texto anterior analisa a relação entre a estrutura narrativa e o tematratado em:a) Vidas Secas, Graciliano Ramos.b) Sagarana, Guimarães Rosa.c) Laços de família, Clarice Lispector.d) Menino de engenho, José Lins do Rego.e) A vida real, Fernando Sabino.

33 (F.C. Chagas-SP) Graciliano Ramos escreveu um romance cuja perso-nagem principal, lutando por riqueza e posição social, deixa-se conta-minar pela agressividade que caracteriza o meio social em que vive.Aprofundando-se, portanto, na sondagem da personalidade do prota-gonista, o autor logrou, também, uma visão crítica da sociedade quedeterminou a maneira de ser da personagem.A obra em questão é:a) Insônia.b) Infância.c) Angústia.d) Vidas secas.e) São Bernardo.

34 (FUVEST-SP) O narrador, que também é personagem, conta a sua his-tória: foi trabalhador braçal da fazenda de que se tornou proprietário,por meios lícitos e ilícitos. Casou-se porque “sentia desejo de prepararum herdeiro para as terras”. No final, reconheceu que “estragara” suavida e a de seus dependentes, por força da “profissão” que adotara.Esses dados identificam o romance:a) O sertanejo.b) Terras do sem-fim.c) Chapadão do Bugre.d) O coronel e o lobisomem.e) São Bernardo.

35 (FUVEST-SP) Assinale a seqüência de romances em que têm relevo,respectivamente, os seguintes temas: ciúme doentio – colonização doBrasil – problemas de um adolescente.

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a) A Moreninha – Ubirajara – Angústia.b) Fogo morto – Chapadão do Bugre – Vidas Secas.c) São Bernardo – O guarani – Doidinho.d) O cortiço – O Ateneu – Quincas Borba.e) Casa de pensão – Terras do sem-fim – Senhora.

36 (FUVEST-SP) Complete: O romance de estréia de José Lins do Rego,intitulado................é uma das mais altas expressões literárias do ci-clo............... .

37 (PUC-RS) Na obra de José Lins do Rego, o memorialismo da infância eda adolescência é apresentado numa linguagem de:a) forte e poética oralidade.b) límpida e perfeita correção gramatical.c) pesada e imitativa fala regional.d) fiel e disciplinada sintaxe tradicional.e) original e reinventada expressão prosaica.

38 (UF-RS) O capitão Vitorino Carneiro da Cunha, uma das personagensmais bem realizadas da literatura brasiIeira, aparece como uma das figu-ras centrais do romance de José Lins do Rego intitulado:a) Cangaceiros.b) Menino de Engenho.c) Fogo Morto.d) Usina.e) Bangüê.

39 (FUVEST-SP)a) Cite um romance de José Lins do Rego cujo tema fundamental é o

da decadência dos senhores de engenho no Nordeste do Brasil.b) A que movimento literário pertence a obra?

40 (VUNESP-SP) “E estas três partes correspondem ainda ao movimentorítmico da sonata: um alegro inicial que é a zanga destabocada de mes-tre José Amaro, um andante central que é o mais repousado Lula de

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Holanda na sua pasmaceira cheia de interioridade não dita, e finalmenteo presto brilhante e genial do Capitão Vitorino Carneiro da Cunha.”

O trecho faz parte de uma apreciação crítica feita por Mário de Andradea respeito de um romance de autor nordestino. O romance e autor ana-lisados são:a) Fogo Morto e José Lins do Rego.b) São Bernardo e Graciliano Ramos.c) A bagaceira e José Américo de Almeida.d) Vidas Secas e Graciliano Ramos.e) Usina e José Lins do Rego.

41 (FUVEST-SP) Assinale a alternativa em que ambos os romances cita-dos evocam o mundo do internato e seus problemas:a) O Ateneu – Doidinho.b) Casa de pensão – Memórias sentimentais de João Miramar.c) Memórias Póstumas de Brás Cubas – Infância.d) Menino de engenho – O Ateneu.e) O coruja – A normalista.

42 (FUVEST) Uma das características do Modernismo brasileiro é o regio-nalismo. Associe a cada obra abaixo o autor e o Estado brasileiro cor-respondentes.a) Os velhos marinheiros.b) O tempo e o vento.

43 (F.C. Chagas-SP) A obra de Jorge Amado, em sua fase inicial, abordao problema da:a) seca periódica que devasta a região da pecuária do Piauí.b) decadência da aristocracia da cana-de-açúcar diante do aparecimento

das usinas.c) luta pela posse de terras na região cacaueira de Ilhéus.d) vida nas salinas, que destrói paulatinamente os trabalhadores.e) aristocracia cafeeira, que se vê à beira da falência com a crise de 29.

323

MODERNISMOTerceira fase

(1945)

Rep

rodu

ção

Abaporu, pintura de Tarsila do Amaral.

324

MODERNISMO - terceira fase século XX

CONTEXTO HISTÓRICO: 1945 – fim da Segunda Guerra Mundial

a) no Mundo• início da Guerra Fria• conflitos localizados• em todo o mundo

b) no Brasil• 1945 – deposição de Vargas• início da redemocratização• implantação e incentivo às indústrias

automobilística, siderúrgica e mecânica1964 – golpe militar – ditadura (1964-1985)

• 1974 – governo Geisel – início da aberturapolítica

• 1989 – primeira eleição presidencial depoisde 29 anos

• 1992 – cassação de Collor• 1995 – eleição de Fernando Henrique

Cardoso

CARACTERÍSTICAS:

Prosa: • regionalismo – Guimarães Rosa• sondagem psicológica – Clarice Lispector• tendências atuais: prosa política• urbana• intimista• memorialista

Poesia: • geração de 45 – neoparnasianos• João Cabral de Melo Neto• Tendências atuais:vanguardas (Concretismo,

Poema/Processo, Poesia Práxis)• poesia social• poesia marginal

325

Modernismo - 3a faseApós a deposição de Getúlio Vargas e o término da Segunda Guerra

Mundial, a literatura brasileira entra numa fase a que muitos chamam dePós-Modernismo. Na poesia, autores da “geração de 45”, os neoparnasianos,rejeitam as propostas de 22. Concomitante a eles surge um poetainclassificável: João Cabral de Melo Neto. A intensa produção de romancese contos marcam a prosa, que se orienta para o regionalismo, com Guima-rães Rosa e, para a sondagem psicológica, com Clarice Lispector. As déca-das 1960 a 1990 vêem surgir uma prosa multifacetada.

Contexto HistóricoO término da Segunda Guerra Mundial marca o início de outra: a

Guerra Fria, travada entre as duas superpotências que emergiram desseconflito — Estados Unidos e União Soviética. Elas mantêm o mundo soba ameaça constante de uma guerra nuclear até o final da década de1980, aos primeiros prenúncios da dissolução da União Soviética. Emfunção dessa disputa, durante esse período, o mundo assiste a inúme-ros conflitos localizados.

No Brasil, com a deposição de Vargas, inicia-se um processo deredemocratização do país. Em 1951, Vargas é eleito presidente, mas suici-da-se em 1954. Com a eleição de Juscelino Kubistchek, em 1955, as indús-trias automobilística, siderúrgica e mecânica desenvolvem-se à custa decapital estrangeiro e de um processo inflacionário que só será parcialmentedomado na década de 1990 com o Plano Real.

Em 1960 funda-se Brasília. Em janeiro do ano seguinte, Jânio Quadrosassume o poder, ao qual renuncia em agosto. Essa atitude será responsávelpor um período de ditadura militar que vai vigorar de 1964 a 1985. Duranteessa fase houve repressão violenta contra todas as manifestações contrá-rias ao regime: censura aos meios de comunicação e às manifestações ar-tísticas, prisões, torturas e mortes. Esboça-se então uma tímida abertura e,em 1989, depois de 29 anos sem eleição para presidente, os brasileiroselegem Fernando Collor de Melo. Acusado de corrupção, ele tem seu man-dato cassado em 1992. Em 1995, com a economia equilibrada pelo PlanoReal, assume a presidência Fernando Henrique Cardoso.

326

Rep

rodu

ção

Guimarães Rosa

Brasília é conhecida como “Capital daEsperança” por ter nascido em ummomento em que o Brasil estava con-fiante em seu desenvolvimento e o go-

verno de Juscelino Kubitschek apostava naconstrução de uma nação próspera. Infelizmen-te, tais promessas ainda não foram cumpridas.

LiteraturaTrês escritores destacam-se pela pesquisa de linguagem na terceira fase

do Modernismo: Guimarães Rosa e Clarice Lispector na prosa, e João Cabralde Melo Neto na poesia. No entanto, a “geração de 45”, representada por PériclesEugênio da Silva Ramos, Ledo Ivo, Geir Campos, Mário Quintana, éneoparnasiana. Negando o ideário de 1922, esses poetas revalorizaram a rima,a métrica e usaram um vocabulário mais erudito, afastando-se do coloquialismo.

Prosa

Guimarães Rosa (1908-1967)

Nascido em Cordisburgo, Minas Gerais, estudouMedicina, foi diplomata e embaixador. Morreu no Riode Janeiro, três dias após ter tomado posse na Aca-demia Brasileira de Letras. É considerado um dosmaiores escritores da literatura brasileira e ocidental.

Seguindo uma tendência básica desta fase doModernismo, Guimarães Rosa preocupa-se, sobre-tudo, com a linguagem. O escritor serve-se da

oralidade da linguagem regional e, a partir do uso de arcaísmos, neologis-mos, empréstimos de outras línguas e exploração de novas estruturas sin-táticas, recria a linguagem. Leia um trecho do conto “O Burrinho Pedrês”,em que o autor narra, para salientar a poesia, o ritmo e as alterações de sualinguagem, a caminhada da boiada, intercalando quadrinhas populares can-tadas pelos vaqueiros. Faz parte do seu livro de estréia, Sagarana, (1946).

327

As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros,batendo com as caudas, mugindo no meio, na massa embolada, comatritos de couros, estralos de guampas, estrondos e baques, e o ber-ro queixoso do gado junqueira, de chifres imensos, com muita triste-za, saudade dos campos, querência dos pastos de lá do sertão...

Em Sagarana, o sertão aparece não mais dentro da tradição regionalista,mas universalizado, cheio de mitos e interrogações sobre a luta entre o beme o mal, Deus e o Diabo, amor, destino, morte. A esse livro seguiu-se o ciclode novelas de Corpo de baile (1956) que, a partir da terceira edição, deuorigem a três volumes independentes: Manuelzão e Miguilim, NoUrubuquaquá, no Pinhém e Noites do sertão. Guimarães Rosa publicou ain-da Primeiras estórias (1962), Tutaméia (1967), Estas estórias (1969) e Avepalavra (1970), todos livros de contos.

Sua obra-prima é o romance Grande sertão: veredas, do qual extraímosum fragmento. Perceba o trabalho com a linguagem e a beleza dramáticado texto:

Eu dizendo que a Mulher ia lavar o coro dele. Ela rezava rezasda Bahia. Mandou todo o mundo sair. Eu fiquei. E a Mulher abanoubrandamente a cabeça, consoante deu um suspiro simples. Ela memal-entendia. Não me mostrou de propósito o corpo. E disse...

Diadorim — nu de tudo. E ela disse:— ‘Deus dada. Pobrezinha...’E disse. Eu conheci! Como em todo o tempo antes eu não con-

tei ao senhor — e mercê preço: — mas para o senhor divulgar co-migo, a par, justo o travo de tanto segredo, sabendo somente noátimo em que eu também só soube... Que Diadorim era o corpo deuma mulher, moça perfeita... Estarreci. A dor não pode mais do quea surpresa. A coice d’arma, de coronha...

Ela era. Tal que assim se desencantava, num encanto tão terrí-vel; e levantei mão para me benzer — mas com ela tapei foi um

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soluçar, e enxuguei as lágrimas maiores. Uivei. Diadorim! Diadorimera uma mulher. Diadorim era mulher como o sol não acende a águado rio Urucúia, como eu solucei meu desespero.

O senhor não repare. Demore, que eu conto. A vida da gentenunca tem termo real.

Eu estendi as mãos para tocar naquele corpo, e estremeci, re-tirando as mãos para trás, incendiável; abaixei meus olhos. E aMulher estendeu a toalha, recobrindo as partes. Mas aqueles olhoseu beijei, e as faces, a boca. Adivinhava os cabelos. Cabelos quecortou com tesoura de prata... Cabelos que, no só ser, haviam dedar para baixo da cintura... E eu não sabia por que nome chamar;eu exclamei me doendo:

— ‘Meu amor!...’Foi assim. Eu tinha me debruçado na janela, para poder não

presenciar o mundo.A Mulher lavou o corpo, que revestiu com a melhor peça de

roupa que ela tirou da trouxa dela mesma. No peito, entre as mãospostas, ainda depositou o cordão com o escapulário que tinha sidomeu, e um rosário, de coquinhos de ouricuri e contas de lágrimas-de-nossa-senhora. Só faltou — ah! — a pedra-de-ametista, tantotrazida... O Quipes veio, com as velas, que acendemos em quadral.Essas coisas se passavam perto de mim. Como tinham ido abrir acova, cristãmente. Pelo repugnar e revoltar, primeiro eu quis: — ‘En-terrem separado dos outros, num aliso de vereda, adonde ninguémache, nunca se saiba...’ Tal que disse, doidava. Recaí no marcar dosofrer. Em real me vi, que com a Mulher junto abraçado, nós doischorávamos extenso. E todos meus jagunços decididos choravam.Daí, fomos, e em sepultura deixamos, no cemitério do Paredão en-terrada, em campo do sertão.

Ela tinha amor em mim.E aquela era a hora do mais tarde. O céu vem abaixando. Narrei

ao senhor. No que narrei, o senhor talvez até ache mais do que eu,a minha verdade. Fim que foi.”

329

Rep

rodu

ção

Clarice Lispector

Clarice Lispector (1926-1977)

A ucraniana Clarice Lispector chegou ao Brasilaos dois meses de idade. Seu primeiro romance Pertodo coração selvagem (1944) surpreende a crítica porsubverter a narrativa tradicional ligada a fatos e re-trato de uma sociedade em crise. Escrito em terceirapessoa, caracteriza-se pela fusão da voz da perso-nagem e do narrador (expressa pelo uso do discursoindireto livre) e pela sondagem do mundo interior dapersonagem. Não mais a crise da sociedade, mas oindivíduo em crise.

Situações cotidianas, banais, desencadeiam nas personagens umfluxo de consciência (mergulho no seu interior) que as leva a ver de outraforma sua relação com o mundo. Para exemplificar esse processo, quemarca toda sua obra, leia este fragmento do romance A paixão segundoG.H. (1964):

Foi então que a barata começou a emergir do fundo.Antes o tremor anunciante das antenas.Depois, atrás dos fios secos, o corpo relutante foi aparecendo.

Até chegar quase toda à tona da abertura do armário.Era parda, era hesitante como se fosse enorme de peso. Esta-

va agora quase toda visível.Abaixei rapidamente os olhos. Ao esconder os olhos, eu es-

condia da barata a astúcia que me tomara; o coração me batia qua-se como numa alegria. É que inesperadamente eu sentira que tinharecursos, nunca antes havia usado meus recursos — e agora todauma potência latente enfim me latejava, e uma grandeza me toma-va: a da coragem, como se o medo mesmo fosse o que me tivesseenfim investido de minha coragem. Momentos antes eu superficial-mente julgara que meus sentimentos eram apenas de indignação ede nojo, mas agora eu reconhecia, — embora nunca tivesse conhe-

330

Folh

a Im

agen

s

João Cabral de Mello Neto

cido antes — que o que sucedia é que enfim eu assumira um medogrande, muito maior do que eu.

O medo grande me aprofundava toda. Voltada para dentro demim, como um cego ausculta a própria atenção, pela primeira vezeu me sentia toda incumbida por um instinto. E estremeci de extre-mo gozo como se enfim eu estivesse atentando à grandeza de uminstinto que era ruim, total e infinitamente doce — como se enfimeu experimentasse, e em mim mesma, uma grandeza maior do queeu. Eu me embriagava pela primeira vez de um ódio tão límpidocomo de uma fonte, eu me embriagava com o desejo, justificado ounão, de matar.

Além dos romances O lustre (1946), Uma aprendizagem ou O livro dosprazeres (1969), A hora da estrela (1977), publicou os livros de contos Laçosde família (1960), A bela e a fera (1979), crônicas e literatura infantil.

João Cabral De Melo Neto (1920-)

O diplomata pernambucano João Cabral não aderiu à tendêncianeoparnasiana de sua época. Sua poesia caracteriza-se por uma extremaeconomia e despojamento lírico que o afastou do gosto do público médioaté o sucesso de Morte e vida severina (1956), um auto de Natal encenadopelo Tuca (Teatro da PUC de São Paulo) em 1966, com música de ChicoBuarque, que apresentamos a seguir:

– Severino, retirante,deixa agora que lhe diga:eu não sei bem a respostada pergunta que fazia,se não vale mais saltarfora da ponte e da vida;nem conheço essa resposta,se quer mesmo que lhe diga.É difícil defender,

331

só com palavras, a vida,ainda mais quando ela éesta que vê, severina;mas se responder não pudeà pergunta que fazia,ela, a vida, a respondeucom sua presença viva.E não há melhor respostaque o espetáculo da vida:vê-la desfiar seu fio,que também se chama vida,ver a fábrica que ela mesma,teimosamente, se fabrica,vê-la brotar como há poucoem nova vida explodida;mesmo quando é assim pequenaa explosão, como a ocorrida;mesmo quando é uma explosãocomo a de há pouco, franzina;mesmo quando é a explosãode uma vida severina.

A carreira de João Cabral começou em 1942 com a publicação de Pe-dra do sono, que revela influências surrealistas e alguns traços de MuriloMendes e Carlos Drummond. Com O engenheiro (1945), inicia-se a tendên-cia para uma poesia mais despojada, racional, resultado de um trabalhoexaustivo de reelaboração dos textos para chegar à concisão ideal, à lin-guagem exata, geometricamente precisa.

Suas poesias falam sobre o Nordeste (seus mocambos, canaviais e orio Capibaribe), sobre a Espanha (onde morou alguns anos e cuja paisagemele aproxima, às vezes, da nordestina) e sobre a própria poesia(metalinguagem). Neste poema do seu livro Psicologia da Composição (1947),estão presentes a metalinguagem e todas as suas características de estilo:

332

Antiode(contra a poesia dita profunda)

APoesia, te escrevia:flor! conhecendoque és fezes. Fezescomo qualquer,

gerando cogumelos(raros, frágeis, cogumelos)no úmidocalor de nossa boca.

Delicado, escrevia:flor! (Cogumelosserão flor? Espécieestranha, espécieextinta de flor, flornão de todo flor,mas flor, bolhaaberta no maduro).

Delicado, evitavao estrume do poemaseu caule, seu ovário,suas intestinações.

Tendências Atuais

Poesia

Do final da década de 1950 aos nossos dias, a poesia caracteriza-sepor propostas de inovação da linguagem poética que se estendem à músi-ca popular e à cultura de massa.

333

Décio Pignatari

Augusto de Campos

Haroldo de Campos

Fabi

ano

Acc

orsi

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ha Im

agem

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el G

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Concretismo

O movimento concretista surge em 1956 emSão Paulo e propõe o poema-objeto. O grupoNoigrandes, fundado por Décio Pignatari e os ir-mãos Augusto e Haroldo de Campos, foi porta-vozdas propostas concretistas. Revisitando poetasignorados em sua época como Sousândrade ePedro Kilkerry, resgatando sobretudo as inovaçõesde Oswald de Andrade e procedimentos da van-guarda européia de início do século, os concretistasdecretam a:

• desintegração do verso;

• exploração da camada significante do signo:– visualmente: experimentação com o es-

paço tipográfico da página;– sonoramente: aliterações, paronomásias,

neologismos (montagem e desmontagemde palavras);

• desintegração da estrutura sintático-discursiva;

• metalinguagem.

Leia estes poemas:

beba coca colababe colabeba cocababe cola cacocacocola

cloaca(Décio Pignatari)

334

O Concretismo aglutinou vários artistas em torno de suas propostas,mas houve também dissidências. Mário Chamie, em 1962, com o livro La-vra-lavra, lança a Poesia Práxis, que valoriza a palavra no contexto lingüístico.Insurgindo-se contra a palavra-objeto dos concretistas, propõe a palavra-energia:

Agiotagemumdoistrês

o juro: o prazoo pôr/o cento/ o mês/ o ágio

p o r c e n t a g i o.dezcemmil

o lucro: o dízimoo ágio/a mora/a monta em péssimo

empréstimo.muitonadatudo

a quebra: a sobraa monta/o pé/o cento/a quota

haja notaagiota.

(Mário Chamie)

Em 1968, Wlademir Dias-Pino afasta-se do grupo concretista e cria omovimento carioca Poema/processo, em que a palavra dá lugar ao símbolográfico:

335

Wla

dim

ir D

ias-

Pin

o

Poesia Social

Os anos de ditadura fizeram surgir uma poesia engajada, de resistên-cia. Essa tendência espraiou-se também à música popular, que teve emGeraldo Vandré e Chico Buarque seus mais ativos e censurados represen-tantes.

Na poesia, Ferreira Gullar, que já fora concretista, aderira ao Poe-ma/processo e fora um dos fundadores do Neoconcretismo no Rio,passa a orientar sua poesia para a temática social. Seu engajamentopolítico aumenta a partir do golpe de 64. Do livro Dentro da noite velozé este poema:

Agosto 1964

Entre lojas de flores e de sapatos, bares,mercados, butiques,

viajonum ônibus Estrada de Ferro – Leblon.Volto do trabalho, a noite em meio,fatigado de mentiras.

336

O ônibus sacoleja. Adeus, Rimbaud,relógio de lilases, concretismo,neoconcretismo, ficções da juventude, adeus,

que a vidaeu a compro à vista aos donos do mundo.Ao peso dos impostos, o verso sufoca,

a poesia agora responde a inquérito policial-militar.

Digo adeus à ilusãomas não ao mundo. Mas não à vida,meu reduto e meu reino.

Do salário injusto,da punição injustada humilhação, da tortura,do terror,

retiramos algo e com ele construímos um artefato

um poemauma bandeira

Escreveu ainda Cabra marcado para morrer (1962), Poema sujo (1976),peças teatrais e ensaios.

Poesia Marginal

Essa poesia foi assim chamada porque sua produção, edição e distri-buição eram alternativas: mimeografadas ou em off-set, as tiragens erampequenas e a distribuição feita pelos próprios poetas, de mão em mão, emportas de teatro, restaurantes, escolas. A linguagem aproxima-se da oral emantém pontos de contato com o Concretismo e o Poema/processo. Vejaalguns exemplos:

a impressão do teu corpo no meumexeu

(Paulo Leminski)

337

abaixo a carestiachega de comer angustia & solidão(Marcelo Dolabela)

Papo de Índio

Veio uns ômi di saia pretacheiu di caixinha e pó brancoqui eles disserum qui chamava açucriAí eles falarum e nós fechamu a caradepois eles arrepitirum e nós fechamu o corpoAí eles insistirum e nós comemu eles.(Chacal)

Prosa

Embora a produção do período apresente tedências variadas, em geral aprosa seguiu as linhas tradicionais, inovando quando adotou novas técnicasou abordou outros temas como violência urbana e grupos marginalizados.Paralelamente ao romance, a narrativa curta — conto e crônica — foi muitoexplorada. Podemos, grosso modo, assim agrupar as tendências em prosa:

• prosa regionalista – representada por Mário Palmério (Vila dosconfins, Chapadão do bugre), Bernardo Élis (O tronco), José Cân-dido de Carvalho (O coronel e o lobisomem), entre outros;

• prosa política – (reflexo do período de ditadura, que se caracte-riza por:

– denúncia direta – romance-reportagem: José Louzeiro (LúcioFlávio, passageiro da agonia), Ignácio de Loyola Brandão (Zero),Márcio Souza (Galvez, o imperador do Acre), Antônio Callado(Reflexos do baile);

– denúncia indireta – realismo fantástico: Murilo Rubião (Opirotécnico Zacarias), José J. Veiga (A hora dos ruminan-

338

tes, Sombras de reis barbudos), Moacir Scliar (Carnaval dosanimais);

• prosa urbana: Rubem Fonseca (A coleira do cão, Feliz ano novo),João Antônio (Malagueta, Perus e Bacanaço), Dalton Trevisan (Ovampiro de Curitiba);

• prosa intimista: Lygia Fagundes Teles (Ciranda de pedra, Antesdo baile verde), Autran Dourado (Ópera dos mortos), Osman Lins(O fiel e a pedra, Avalovara);

• prosa memorialista: Pedro Nova (Baú de ossos), Érico Veríssimo(Solo de clarineta).

Com o espaço aberto a ela nos jornais, a crônica atrai figuras de pesocomo Rubem Braga, Fernando Sabino, Lourenço Diaféria, Luis FernandoVerissimo entre tantos, que tiveram como mestre Stanislaw Ponte Preta (Sér-gio Porto).

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Questões de Vestibular

(Modernismo – Terceira fase)

1 (CESESP-PE) A partir de 1945, segundo um critério histórico, as ten-dências da literatura brasileira estruturam-se, configurando um quadrodiferente daquele advindo de 1922 (Semana de Arte Moderna). Dentreas opções apresentadas, quais as que definem a nova tendência?1) Anarquismo estético, justificado pela Segunda Guerra Mundial.2) Preocupação existencial e metafísica que se aliava ao protesto às

circunstâncias históricas.3) Volta ao metro e à rima tradicionais, ao lado de novas invenções do

verso.4) Busca de originalidade a qualquer preço.a) 1 e 2.b) 2 e 3.c) 3 e 4.d) 4 e 1.e) 4 e 2.

2 (FUVEST) Quando se considera a evolução da poesia moderna brasilei-ra, são comuns referências à “Geração de 45”. Caracterize o programapoético dessa Geração.

3 (CESESP-PE)1) Acentuada preferência pela perfeição formal.2) Preferência pelo romance histórico.3) Tendência para o hermetismo e intelectualismo.4) Tendência para um “regionalismo universalista”.5) Preocupação em elaborar a linguagem culta.Nas proposições acima, encontram-se tendências da literatura brasi-leira após 45:a) só na 1 e 2.b) só na 1 e 3.c) só na 2 e 5.d) só na 4 e 5.e) só na 3 e 4.

340

4 (UFG) Dá-se o nome de “Geração de 45” a um grupo de poetas cujaprodução iniciou-se na década de 40, quando começavam a esgotar-se as inovações estéticas que vieram na esteira da Semana de ArteModerna.Acerca da geração de 45, pode-se dizer que:1 - houve uma retomada do lirismo de teor romântico nos poemas

desses autores.2 - houve um retorno à essência do poético, com o abandono do cha-

mado poema-piada, que havia sido freqüente nas fases iniciais doModernismo.

4 - tem seu representante mais característico em João Cabral de MeloNeto, poeta pernambucano.

8 - tem, entre seus representantes mais significativos, os poetas LedoIvo, Geir Campos e Tiago de Melo.

16 - foi permeável a influências estrangeiras de grandes poetas, como,por exemplo, de Fernando Pessoa, García Lorca, Pablo Neruda eoutros.Soma:

5 (FEI-SP) “Romance da palavra”, “recriação de linguagem”, “epopéia nor-destina” (onde aparecem termos como: afracar, nãozão, desinduzir),“questionamento de Deus e do Diabo”. Indique:a) o nome da obra em que aparecem os elementos e os comentários

acima.b) o autor da obra.

6 (STO. ANDRÉ-SP) A originalidade do estilo de Guimarães Rosa baseia-se:a) na criação de uma língua brasileira.b) na transcrição da fala do sertanejo.c) no aproveitamento das virtualidades da fala regional.d) na valorização do vocabulário pitoresco.e) na exploração de um léxico adequado à narração de lendas sertanejas.

7 (PUCCAMP)Em sua obra, a tendência regionalista acaba assumindo a característicade experiência estética universal, compreendendo a fusão entre o real e

341

o mágico, de forma a radicalizar os processos mentais e verbais ineren-tes ao contexto fornecedor de matéria-prima. O folclórico, o pitoresco eo documental cedem lugar a uma maneira nova de repensar as dimen-sões da cultura, flagrada em suas articulações no mundo da linguagem.Esse conjunto de características descreve a obra de:a) Clarice Lispector.b) José Cândido de Carvalho.c) Érico Veríssimo.d) Jorge Amado.e) Guimarães Rosa.

8 (ABC-SP) Também mineiro, formado em Medicina, dedicou-se à carrei-ra diplomática. Estreou oficialmente no domínio literário em 1946, quan-do já contava 38 anos, com Sagarana, livro de contos. É considerado“um escritor absolutamente singular em nossas letras”, aquele para quem“até as palavras têm canto e plumagem”. Faleceu em 1967. Trata-se de:a) José Lins do Rego.b) João Guimarães Rosa.c) Graciliano Ramos.d) Aníbal Machado.e) Érico Veríssimo.

9 (F. M. SANTA CASA-SP)

“Sapateei, então me assustando de que nem gota de nada sucedia, e ahora em vão passava. Então, ele não queria existir? Viesse! Chegasse,para o desenlace desse passo. Digo direi, de verdade: eu estava bêba-do de meu. Ah, esta vida, às não-vezes, é terrível bonita, horrorosamen-te, esta vida é grande.”

Guimarães Rosa, autor do texto acima, renovou a prosa pós-45:a) transformando o texto em sugestão, roteiro, mais que relato comple-

to, a fim de que a obra incorpore significados de toda espécie.b) reproduzindo literalmente a linguagem sertaneja e regional, com to-

das as suas ousadias e transgressões da norma culta.c) fazendo incidir sobre ela recursos da poesia: musicalidade, ecos, ri-

mas, invenções morfológicas e sintáticas.

342

d) usando, como instrumento ideológico, a força e a ousadia deuma linguagem renovada, a fim de apontar os desníveis sociaisdo sertão.

e) usando a linguagem como instrumento anarquizador que desestruturaos códigos ortodoxos, cabendo ao leitor a tarefa de recompor-lhe osentido.

10 (UEM-PR) Livro de estréia de Guimarães Rosa, reúne um conjunto denove histórias de caráter regionalista, que vem a ser o retrato físico,psicológico e sociológico do sertão brasileiro, notadamente de MinasGerais. Trata-se de:a) Grande Sertão: Veredas.b) Os Sertões.c) Fogo Morto.d) Sagarana.e) Vidas Secas.

11 (UF-BA) Este pequeno mundo do sertão, este mundo original e cheiode contrastes, é para mim o símbolo, diria mesmo o modo de meu uni-verso. Nós, os homens do sertão, somos fabulistas por natureza. Eutrazia sempre os ouvidos atentos, escutava tudo o que podia e comeceia transformar em lenda o ambiente que me rodeava, porque este, emsua essência, era e continua sendo uma lenda.O depoimento acima é do escritor:a) Rubem Braga.b) Dalton Trevisan.c) Érico Veríssimo.d) João Guimarães Rosa.e) Mário de Andrade.

12 (PUCCAMP) O romance é narrado na primeira pessoa, em monólogoininterrupto, por um velho fazendeiro do Norte de Minas, antigo jagun-ço. Na estrutura do livro, os fatos são transpostos para uma atmosferalendária e o real se cruza com o fantástico.As afirmações acima referem-se à obra-prima de um grande escritorbrasileiro moderno:

343

a) Sagarana, de João Guimarães Rosa.b) Cangaceiros, de José Lins do Rego.c) Menino do Engenho, de José Lins do Rego.d) Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa.e) O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo.

13 (UC-BA) A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos,cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nemnão misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisasde rasa importância. De cada vivimento que eu real tive, de alegria forteou pesar, cada vez daquela hoje vejo que eu era como se fosse diferentepessoa. Sucedido, desgovernado. Assim eu acho, assim eu conto (...).Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que ou-tras, de recente data.O trecho acima, de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, escla-rece um dos aspectos do tratamento dado ao tempo nessa obra. Assi-nale a alternativa em que se explicita esse tratameto.a) O narrador alterna o relato de fatos importantes do passado com a

narração de pequenos episódios mais recentes.b) A ordem cronológica da narrativa vai conferindo aos fatos relatados a

importância real que tiveram no passado.c) A narrativa constrói-se a partir de um tempo reestruturado pela me-

mória, em que os acontecimentos se classificam segundo uma or-dem de importância subjetiva.

d) O relato dos acontecimentos não é feito em ordem cronológica, por-que, se o fosse, ficaria falseada a importância dos fatos narrados,visto que a memória é mentirosa.

e) O tempo da narrativa confunde na memória os acontecimentos signi-ficativos com aqueles que têm importância menor.

14 (FUVEST) “Fazendo um paralelo entre Os Sertões, de Euclides da Cu-nha, e Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, pode-se afirmar:a) em ambas as obras predomina o espírito científico, sendo analisados

aspectos da realidade brasileira.b) ambas têm por cenário o sertão do Brasil setentrional, sendo nume-

rosas as referências à flora e à fauna.

344

c) ambas as obras, criações de autores dotados de gênio, muito enri-queceram a nossa literatura regional de ficção.

d) ambas têm como principal objetivo denunciar o nosso subdesenvol-vimento, revelando a miséria física e moral do homem do sertão.

e) tendo cada uma suas peculiaridades estilísticas, são ambas produtode intensa elaboração da linguagem.

15 (FUND. CARLOS CHAGAS) Em Grande Sertão: Veredas, de Guima-rães Rosa, ergue-se, como presença dominadora, a Terra bruta dosconfins de Minas Gerais; as personagens figuram o Homem endurecidopela rude lida do sertão; e o enredo é a Luta épica entre grupos dejagunços. Esses três elementos estruturais lembram uma semelhançabásica com:a) O Sertão, de Coelho Neto.b) Canaã, de Graça Aranha.c) Os Caboclos, de Waldomiro Silveira.d) Urupês, de Monteiro Lobato.e) Os Sertões, de Euclides da Cunha.

16 (UE-LONDRINA) A ficção de Guimarães Rosa caracteriza-se por:a) apresentar uma linguagem em que avulta a palavra utilizada de modo

a exprimir a própria agressividade social do universo focalizado, o dohomem da classe média, do favelado, do lutador de boxe.

b) exprimir a sua sombria visão do mundo, decorrente da observaçãoda banalidade do cotidiano urbano, através da história curta, muitasvezes sintética ao extremo.

c) pesquisar os problemas existenciais de personagens mergulhadasnos dramas decorrentes do flagelo das secas.

d) inovar a crônica brasileira pela grande capacidade que o autor temde descobrir o lado significativo dos acontecimentos urbanos maistriviais.

e) opor-se, de certa forma, aos escritos mais característicos da prosaregionalista, tendendo a superar tanto o mero pitoresco quanto orealismo documental.

Com base no texto, responda às questões de 17 a 19:

345

“Essas coisas todas se passaram tempos depois. Talhei de avanço, emminha história. O senhor tolere minhas más devassas no contar. É igno-rância. Eu não converso com ninguém de fora, quase. Não sei contardireito. Aprendi um pouco foi com o compadre meu Quelemém; mas elequer saber tudo diverso: quer não é o caso inteirado em si, mas a sobre-coisa, a outra coisa. Agora, neste dia nosso, com o senhor mesmo —me escutando com devoção assim — é que aos poucos vou indo apren-dendo a contar corrigido. E para o dito volto.”O romance, do qual o trecho acima foi extraído, veio a público em 1956e é uma das mais importantes obras da literatura brasileira. Nele, umvelho fazendeiro, recolhido a uma vida de paz e descanso, conta a uminterlocutor, forasteiro e homem da cidade, os episódios de seu movi-mento passado de jagunço. Levando em conta o trecho transcrito, asponderações feitas e o conhecimento da obra, responda:

17 (UNESP) Qual é o assunto de que trata o trecho acima?

18 (UNESP) Qual é o nome do narrador-personagem do romance? Quaisos nomes de uma personagem ambígua da obra, que inicialmente seapresenta como homem e ao final se revela mulher?

19 (UNESP) Qual é o título do romance? Qual é o nome de seu autor?

20 (FUND. STO. ANDRÉ) A respeito da obra de João Guimarães Rosa,aponte a alternativa incorreta:a) A Hora e Vez de Augusto Matraga é um conto incluído em Sagarana.b) Grande Sertão: Veredas é tido como sua obra máxima.c) Nesse romance, Riobaldo, empenhado na vingança do grande chefe

Joca Ramiro, estabelece um pacto com o Diabo.d) A afeição que Riobaldo sente por Diadorim não lhe causa nenhuma

estranheza.e) Diadorim é filha de Joca Ramiro.

21 (FUVEST) “Diadorim me chamou, fomos caminhando, no meio daqueleléia do povo. Mesmo eu vi o Hermógenes: ele se amargou, engulindode boca fechada. — Diadorim — eu disse — “esse Hermógenes está

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em verde, nas portas da inveja...” Mas Diadorim por certo não me ouviubem, pelo que começou dizendo: — “Deus é servido...”No texto anterior há elementos que permitem identificar o romance doqual foi extraído. O romance é:a) Os Sertões.b) Grande Sertão: Veredas.c) O Coronel e O Lobisomem.d) O Quinze.e) Vidas Secas.

22 (FUVEST) As ações do romance acima se passam:a) Nos sertões do Ceará.b) No sertão da Bahia.c) No interior de Pernambuco.d) Nos sertões de Minas Gerais.e) No interior do Estado do Rio de Janeiro.

23 (FMTM)Pela primeira vez um autor nacional vai além, nesse campo quase vir-gem de nossa literatura, da simples aproximação; pela primeira vez umautor penetra até o fundo a complexidade psicológica da alma, alcançaem cheio o problema intelectual, vira no avesso, sem piedade nem con-cessões, uma vida eriçada de recalques.O juízo crítico acima refere-se ao romance de estréia de Clarice Lispector:a) O Quinze.b) Perto do Coração Selvagem.c) Escolha o seu Sonho.d) A Casa da Paixão.e) As Meninas.

24 (UFRS)O romance de Clarice Lispector:a) filia-se à ficção romântica do séc. XIX, ao criar heroínas idealizadas e

mitificar a figura da mulher.b) define-se como literatura feminista por excelência, ao propor uma

visão da mulher oprimida num universo masculino.

347

c) prende-se à crítica de costumes, ao analisar com grande senso dehumor uma sociedade urbana em transformação.

d) explora até às últimas conseqüências, utilizando embora a temáticaurbana, a linha do romance neonaturalista da Geração de 30.

e) renova, define e intensifica a tendência introspectiva de determinadacorrente de ficção da segunda geração moderna.

25 (FEI) “O bonde se sacudia nos trilhos e o cego mascando goma ficaraatrás para sempre. Mas o mal estava feito.A rede de tricô era áspera entre os dedos, não íntima como quando atricotara. A rede perdera o sentido e estar num bonde era um fio partido;não sabia o que fazer com as compras no colo. E como uma estranhamúsica, o mundo recomeçava ao redor. O mal estava feito. Por quê?Teria esquecido de que havia cegos? A piedade a sufocava. O mundose tornara de novo um mal-estar.”(Clarice Lispector, Laços de família)O fragmento acima caracteriza:a) uma narrativa tensa, surrealista, de denúncia social explícita.b) um estilo despojado, um assunto do cotidiano, com nenhum conteú-

do doutrinário-ideológico.c) uma narrativa a partir de situações do dia-a-dia, por meio das quais

são questionados a existência e o universo do ser humano.d) uma tendência literária voltada para o telúrico, discutindo as raízes

econômicas dos problemas que angustiam o homem.e) um texto cuja secura estilística e situação opressiva em que vive a

personagem não constituem preocupações para a autora.

26 (UFP) “Aí estava o mar, a mais ininteligível das existências não-huma-nas. E ali estava a mulher, de pé, o mais ininteligível dos seres vivos.Como o ser humano fizera um dia uma pergunta sobre si mesmo, tor-nara-se o mais ininteligível dos seres onde circulava o sangue. Ela eo mar.Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasseao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confi-ança com que se entregariam duas compreensões.”(Clarice Lispector. Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres.)

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Nesta amostra do romance de Clarice Lispector percebe-se que o tomnarrativo é o de:a) um romance de aventuras.b) um romance de ficção científica.c) um romance de tendência metafísica.d) um romance histórico.e) um romance psicológico.

27 (MED-ABC) Pode-se dizer que sua obra representa uma das vertentesdo intimismo — concebido, sobretudo, como recusa da análise e prefe-rência pela confissão, pelos sentimentos interiores — que, superando onível do psicológico, atinge o metafísico.O trecho acima refere-se a:a) José de Alencar.b) Carlos Drummond de Andrade.c) Manuel Bandeira.d) Clarice Lispector.e) Mário de Andrade.

28 (UF-RO) Observando-se o tratamento temático, bem como os traçosestilísticos da linguagem dos textos abaixo,

“Conheci que Madalena era boa em demasia, mas não conheci tudo deuma vez. Ela se revelou pouco a pouco, e nunca se revelou inteiramen-te. A culpa foi minha ou, antes, a culpa foi desta vida agreste, que medeu uma alma agreste.E, falando assim, compreendo que perco o tempo. Com efeito, se meescapa o retrato moral de minha mulher, para que serve esta narrativa?Para nada, mas sou forçado a escrever.”

“Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desdemocinho e menino, pelo que testemunharam as diversas sensatas pes-soas, quando indaguei a informação. Do que eu mesmo me alembro,ele não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os outros, conhe-cidos nossos. Só quieto. Nossa mãe era quem regia, e que ralhava nodiário com a gente — minha irmã, meu irmão e eu.”

349

“Proponho-me a que não seja complexo o que escreverei, embora obri-gado a usar as palavras que vos sustentam. A história — determinocom falso livre arbítrio — vai ter uns sete personagens e eu sou umdos mais importantes deles, é claro. Eu, Rodrigo S. M. Relato antigo,este, pois não quero ser modernoso e inventar modismos à guisa deoriginalidade.”

verifica-se que a seqüência correta das obras de onde foram extraídosos textos transcritos éa) A hora da estrela — “A terceira margem do rio” (em Primeiras estó-

rias) — São Bernardo.b) São Bernardo — “A terceira margem do rio” (em Primeiras estórias)

— A hora da estrela.c) “A terceira margem do rio” (em Primeiras estórias) — A hora da estre-

la — São Bernardo.d) A hora da estrela — São Bernardo — “A terceira margem do rio” (em

Primeiras estórias).e) São Bernardo — A hora da estrela — “A terceira margem do rio” (em

Primeiras estórias).

29 (F. OBJETIVO-SP) Poeta pernambucano, dos mais significativos da “Ge-ração de 45”, com reconhecida influência de Drummond em sua obra,autor de livros, como Pedra do Sono e A Educação pela Pedra.Escreveu-se sobre:a) Ledo Ivo.b) Geir Campos.c) Murilo Mendes.d) Peregrino Júnior.e) João Cabral de Melo Neto.

30 (CESESP) É considerado “a voz mais sonora de sua geração”, “a Ge-ração de 45”. Seus poemas são aliviados “do pesado fardo da retóri-ca, ou do sentimentalismo”. O “componente indispensável à existên-cia da poesia se encontra e se mantém vivo” — a emoção — uma“emoção contida, concentrada de forma tal que a palavra, ganhando

350

espessura, concretude, perde em quantidade, para enriquecer-se emqualidade”.(Massaud Moisés)

Os conceitos acima descrevem o mundo poético de:a) Carlos Pena Filho.b) João Cabral de Melo Neto.c) Carlos Drummond de Andrade.d) Vinicius de Moraes.e) Jorge de Lima.

31 (FATEC-SP) Assinale a alternativa incorreta.

a) No conjunto dos traços que marcam o Regionalismo dos anos 30,pode-se dar destaque à linguagem crítica e seca, aos temas queenfocam a diferença de classes e a submissão do trabalhador aolatifúndio e à natureza.

b) Pertencem à geração regionalista dos anos 30 Jorge Amado,José Lins do Rego, Rachel de Queiroz e Graciliano Ramos, entreoutros.

c) João Cabral de Melo Neto, autor de poesia de cunho regionalista,desenvolve sua obra em linguagem simples e direta, recusando pes-quisas formais em sua poesia, de temática sempre voltada para ohomem nordestino.

d) Além dos chamados romances urbanos, Érico Veríssimo, escritorgaúcho, produziu obras de investigação do passado histórico do RioGrande do Sul, das quais são exemplo os três romances reunidossob o título geral de O Tempo e o Vento.

e) Dedicando a maior parte de sua obra ao sertão mineiro e às perso-nagens daquela região, João Guimarães Rosa expõe em sua obraum real recriado pela fantasia, em linguagem inovadora epersonalíssima.

32 (UE-LONDRINA) O estilo de João Cabral de Melo Neto caracteriza-se:a) por levar ao extremo o intuito de despir o poema de traços supérfluos

e cadências sentimentais.

351

b) pelos traços neo-simbolistas que justificam imagens em que se so-bressaem lagos, lírios, cisnes, estrelas, círios, perfumes.

c) pelo lirismo intimista que recupera a riqueza do léxico e dos ritmoslusitanos.

d) por ritmos e tons perfeitamente adequados à manifestação do trans-bordamento das emoções.

e) pela utilização de uma linguagem grandiloqüente a serviço de umapoesia social regionalista.

33 (UM-SP) Este “auto de Natal pernambucano, longo poema equilibradoentre rigor formal e temática, conta o roteiro de um homem do Agresteque vai em demanda do litoral e topa em cada parada com a morte,presença anônima e coletiva, até que no último pouso lhe chega a novado nascimento de um menino, signo de que algo resiste à constantenegação da existência” (Alfredo Bosi, História concisa da literatura bra-sileira, p. 523); trata-se de:a) Pai João.b) Evocação do Recife.c) Brasil-Menino.d) Morte e vida Severina.

34 (UFMG)Sobre o adjetivo severina, da expressão Morte e Vida Severina que intitulaa peça de João Cabral de Melo Neto, todas as afirmativas estão certas,exceto:a) Refere-se aos migrantes nordestinos que, revoltados, lutam contra o

sistema latifundiário que oprime o camponês.b) Pode ser sinônimo de vida árida, estéril, carente de bens materiais e

de afetividade.c) Designa a vida e a morte dos retirantes que a seca escorraça do

sertão e o latifúndio escorraça da terra.d) Qualifica a existência negada, a vida daqueles seres marginalizados

determinada pela morte.e) Dá nome à vida de homens anônimos, que se repetem física e espi-

ritualmente, sem condições concretas de mudança.

352

(UF-RS) Instrução: O texto abaixo refere-se à questão no 36.

“Pelo Sertão não se tem comonão se viver sempre enlutado;lá o luto não é de vestir,é de nascer com, luto nato.

Sobe de dentro, tinge a pelede um fosco fulo: é quase raça;luto levado toda a vidae que a vida empoeira e desgasta.”

35 .......... retoma, nestes versos, a mesma temática daqueleque é o seu mais conhecido poema, “Morte e VidaSeverina”: o destino do sertanejo ligado irremediavelmenteà........... . Repete-se também aqui um procedimentocomum à sua poesia, ........ da linguagem.A alternativa que completa corretamente as lacunas do texto acima é:a) João Cabral de Melo Neto — morte — o despojamento.b) João Cabral de Melo Neto — religião — o espessamento.c) Carlos Drummond de Andrade — seca — o equilíbrio.d) Ferreira Gullar — morte — o lirismo.e) Ferreira Gullar — miséria — a exatidão.

(FGV) Instruções: As questões de números 36-37 têm as mesmas alter-nativas, representadas pelas estrofes transcritas a seguir.

a) A cidade é passada pelo riocomo uma ruaé passada por um cachorro;uma frutapor uma espada.

b) Ah! só da Dor o alto farol supremo,consegue iluminar, de extremo a extremo,o estranho mar genial do Sentimento!

353

c) Dentaduras duplas!Inda não sou bem velhopara merecer-vos...

d) O Rio em vosso amor todo abrasado,Fogo, Senhor, por água despedida,E cada vez mais chamas acendiaNessas mesmas correntes ateado.

e) Leva a morte a cada instanteUma esperança perdida.Sonhar, pressentir, pensar...E nisto se esvai a vida.

36 João Cabral de Melo Neto constrói uma poesia baseada em substanti-vos, partindo do concreto para atingir a abstração. Aponte um excertode sua autoria.

37 O sentido trágido da vida, a presença de um humor melancólico, a eco-nomia de palavras e o desdém pelo supérfluo e pelo sentimentalismosão alguns traços da poesia de Carlos Drummond de Andrade. Aponteum texto de sua autoria.

38 (SANTA CASA-SP) Movimento poético surgido na década de 1950,revela-se um fruto legítimo da civilização audiovisual, onde à noção depoesia se incorpora, fundamentalmente, o elemento visual. É o:a) Verde-Amarelismo.b) Grupo da Anta.c) Grupo Marajás.d) Concretismo.e) Pau-Brasil.

39 (PUC-PR) No Pequeno Dicionário de Literatura Brasileira, lemos: “Movi-mento literário lançado oficialmente em 1956, em São Paulo, no Museude Arte Moderna, com uma exposição de poemas-cartazes”.Trata-se do:

354

a) Experimentalismo.b) Concretismo.c) Cubismo.d) Tropicalismo.e) Neo-Modernismo.

40 (F. C. CHAGAS-SP) O Concretismo brasileiro caracteriza-se por:a) renovação dos temas, privilegiando a revelação expressionista dos

estados psíquicos do poeta.b) exploração estética do som, da letra impressa da linha, dos espaços

brancos da página.c) preocupação com a correção sintática, desinteresse pela exploração

de campos semânticos novos.d) descaso pelos aspectos formais do poema.e) preferência pela linguagem formalmente correta.

41 (PUC-PR) “A partir de 1956, no contexto da poesia brasileira, afirmou-se como antítese à vertente intimista e estetizante dos anos 40 um mo-vimento literário que abarca processos que visam a atingir e a exploraras camadas materiais do significante (o som, a letra impressa, a linha, asuperfície da página; eventualmente, a cor, a massa) e, por isso, levam arejeitar toda concepção que esgote os temas ou na realidade psíquicado emissor o interesse e a valia da obra.”(Bosi, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira.)

A afirmativa acima refere-se ao movimento:a) Parnasiano.b) Concretista.c) Simbolista.d) Marginal.e) Práxis.

42 (F. C. Chagas-BA) O apelo ao ideograma, ou apenas ao processoideogramático de composição, a substituição do artesanato pela utiliza-ção de elementos plásticos e visuais, enfim, a desvinculação em relaçãoà sintaxe, o poema de duas ou três palavras, reduziu, porém, ao extre-mo a área lingüística.

355

Estas palavras problematizam:a) a poética de vanguarda, representada pela poesia concreta da déca-

da de 50.b) a poesia modernista de 22, de que é particular exemplo o poema-

piada.c) a poesia da Geração de 45, universalizante e de apurado esmero

formal.d) a poética da Geração de 30, de temática social e linguagem discursiva.e) a poesia do Pré-Modernismo, oscilante entre as formas tradicionais e

as inovadoras.

43 (PUC-PR) Os poetas concretistas Augusto de Campos, Décio Pignatarie Haroldo de Campos apontam como seus precursores, no Brasil:a) Gonçalves Dias, Manuel Bandeira e Cecília Meireles.b) Gonçalves Dias, Oswald de Andrade e João Cabral de Melo Neto.c) Sousândrade, Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto.d) Sousândrade, Oswald de Andrade e João Cabral de Melo Neto.e) Sousândrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira.

44 (PUC-PR) A poesia concreta do Brasil caracteriza-se por:a) dar continuidade à corrente intimista e estetizante dos anos 40.b) descaso pelos aspectos formais do poema e preferência pela lingua-

gem correta.c) preocupação com a correção sintática, pela renovação dos temas

relacionados com os estados psíquicos do poeta.d) rigidez no nível prosódico e pela impassibilidade diante dos proble-

mas nacionais.e) visar a atingir e a explorar as camadas materiais do significante (som,

letra impressa, linhas, superfície da folha).

45 (F. C. CHAGAS-SP) “...a composição de elementos básicos de lin-guagem organizados ótico-acusticamente no espaço gráfico por fato-res de proximidade e semelhança, como uma espécie de ideologiapara uma dada emoção, visando à apresentação direta —presentificação — do objeto.” Um poeta identificado com a filosofiadesse movimento estético é:

356

a) João Cabral de Melo Neto.b) Paulo Mendes Campos.c) Décio Pignatari.d) Geir Campos.e) n.d.a.

46 (F. C. CHAGAS-SP) A pergunta anterior refere-se a qual corrente devanguarda da literatura brasileira?a) poesia-práxis.b) concretismo.c) anarco-abstratismo.d) anarco-antropofágico.e) poema-processo.

47 (FCMSCSP) Transcreve-se um poema de José Lino Grünewald:

FormaReformaDisforma

TransformaConforma

InformaForma

Este é um poema escrito dentro dos princípios do Concretismo, movi-mento poético brasileiro da década de 50, neste século XX.Escrevemos, a seguir, que no Concretismo:

I – a poesia não fica apenas no âmbito do consumo auditivo.

II – à noção de poesia se incorpora um novo elemento: o visual.

III – o apelo à comunicação não-verbal exerce papel fundamental.

Escreveu-se corretamente em:a) I e II apenas.b) I e III apenas.c) II e III apenas.d) I, II e III.e) nenhuma das frases.

357

48 (FCMSCSP) Sobre o mesmo Concretismo referido no enunciado daquestão anterior, está errado afirmar que ele:a) baseou-se, em sua formulação teórica, nos ensinamentos de

Mallarmé, Pound e Joyce.b) teria semelhanças, ou seria comparável ao movimento denominado

Pau-Brasil, de 30 anos antes.c) a brevidade e a concisão de seus poemas retomam a linha evolutiva

do poema-minuto, de Oswald de Andrade, na década de 20.d) Mário de Andrade foi figura poética de proa e líder do movimento.e) indiscutivelmente poético, o Concretismo, se não atingiu a prosa, pelo

menos influenciou a música e a pintura.

49 (VUNESP-SP)

“Por que é então que esse livrotão longamente é enviadoa quem faz uma poesiade distinta liga de aço?Envio-o ao leitor contra,envio-o ao leitor maugradoe intolerante, o que Pounddiz de todos o mais grato;àquele que me sabendonão poder ser de seu lado,soube ler com acuidadepoetas revolucionados.”

O trecho faz parte do poema-dedicatória “A Augusto de Campos” (Agres-tes, 1985). O poeta, autor também de Auto do frade, Museu de tudo, Aescola das facas, A educação pela pedra, etc., refere-se a Augusto deCampos como leitor ideal e alude à corrente a que este pertence. O autordo trecho e a corrente poética desse virtual leitor são, respectivamente:a) Ferreira Gullar e Concretismo.b) Haroldo de Campos e Neo-concretismo.c) Caetano Veloso e Tropicalismo.d) João Cabral de Melo Neto e Concretismo.e) Carlos Drummond de Andrade e “geração de 45”.

358

AMOR

AMOR

A M O R R

A M O R T R

A M O R T E R

A M O R T E M R

A M O R T E M O R

A M O R T E M O R

(Augusto de Campos)

50 (UF-ES) No poema ao lado, a relação entre otexto e o leitor se dá por diferentes recursos,exceto pelaa) recorrência a efusões líricas.b) comunicação predominantemente visual.c) composição e montagem de palavras.d) possibilidade de múltiplas direções de

leitura.e) exploração do nível fônico das

palavras.

51 (UF-SE)

UM MOVIMENTOUm

movimento

compondoalém

danuvem

umcampo

decombate

O poema acima representa a poesia concretista porquea) liga a palavra e o contexto extralingüístico, estabelecendo uma ponte

entre o poeta e a vida social.b) propõe uma arte mais comunicativa, voltada para problemas reais.c) elimina o retórico, compondo um discurso poético despojado.d) se relaciona com as artes plásticas e com a música.e) joga com as palavras, criando estruturas que se ligam visualmente.

(UNIVERSIDADE DO AMAZONAS)As questões de números 52 e 53 referem-se ao poema a seguir, deautoria da amazonense Astrid Cabral, no livro Torna-Viagem:

359

Texto 2:No

âmagoda pirâmide

a vertigem do fimfrio claustro de trevas

a lâmina do nada cravada em mim

52 Pela disposição gráfica, que representa a própria pirâmide de que trata,o poema situa-se no Movimento:a) Concretista.b) Impressionista.c) Figurativista.d) Realista.

53 Assinale a única alternativa que não pode ser aplicada ao texto:a) é um poema que supera o tradicional sistema do verso como unida-

de de composição.b) a “lâmina do nada” representa a constatação de que mesmo as

maiores obras humanas nada são ante a morte.c) o poema não possui pontuação, a fim de que não fosse esvaziada a

carga emotiva das palavras.d) as palavras “âmago”, “claustro” e “cravada” conduzem a uma mes-

ma idéia: a de fechamento ou asfixia existencial.

54 (UF-PR) O concretismo brasileiro apóia-se, principalmente, numa estru-tura dinâmica “verbi vocovisual”. Assinale a alternativa que nãocorresponde às características dessa estrutura:a) Estruturação ótico-sonora funcional.b) As palavras tornam-se polivalentes, estabelecendo novas formas de

inter-relacionamento.c) A estrutura globalizante gera um significado.d) Preferência pelo verso regular, ímpar e musical.e) Apesar de sua existência múltipla, apresenta unidade.

360

55 (CESCEA) Os poetas paulistas contemporâneos, Haroldo de Campos eMário Chamie, podem ser associados, respectivamente, aos seguintesmovimentos:a) “Desvairismo” e “Concretismo”.b) “Futurismo” e “Geração de 45”.c) “Concretismo” e “Poesia-práxis”.d) “Decadentismo” e “Verdeamarelismo”.e) “Poesia-práxis” e “Antropofagismo”.

56 (CESCEM) Movimento controvertido dentro da moderna poesia brasi-leira, propôs como programa, em princípio, alcançar a objetividade dopoema em suas relações com o espaço gráfico, atribuindo à página emque o poema é impresso a função de elemento visual na apreensão domistério poético, e tratando a palavra como objeto em si.Esse é o programa da poesia:a) Pau-Brasil.b) Verde-amarelisa.c) Da geração de 45.d) Concretismo.e) Práxis.

57 (UF-RS) Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna:.............é um poeta contemporâneo cuja trajetória dá testemunho deinquietação e criatividade, indo da poesia abstrata e experimental de Aluta corporal à vigorosa e inventiva abordagem do cotidiano e da memó-ria em Poema sujo, passando pela experiência concretista.a) Augusto de Campos.b) Décio Pignatari.c) Manuel Bandeira.d) Affonso Romano de Sant’Anna.e) Ferreira Gullar.

58 (F. C. CHAGAS) Autores como João Guimarães Rosa, Mário Palmério eJosé Cândido de Carvalho, e livros como Sagarana, Vila dos Confins eO Coronel e o Lobisomem atestam o fato de que:

361

a) não se verifica, no Pós-Modernismo, preocupação com a linguageme com inovações estilísticas.

b) os romancistas do Pós-Modernismo optaram por uma linguagem clás-sica, com base na sintaxe lusitana, a fim de preservarem nossa he-rança cultural.

c) o romance pós-modernista retomou a linha de interpretação daliteratura naturalista, preocupada com o desvelamento da patologiasocial.

d) a literatura regionalista encontrou fértil receptividade no Pós-Moder-nismo.

e) houve, no Pós-Modernismo, a ruptura definitiva com temas e formasque caracterizaram o romance da década de 30.

59 (UF-RS) Sobre a literatura brasileira contemporânea são feitas as se-guintes afirmações.

I – Com a repressão e a censura impostas pelo regime militar de64, desenvolveu-se uma literatura de cunho fantástico e oníricoque em alguns casos visava a promover, com o jogo de símbo-los e metáforas, uma crítica radical às estruturas de poder emnosso país.

II – No final dos anos 70, o advento da “abertura” e o retorno dos exi-lados fizeram com que surgisse uma literatura-depoimento, em queo escritor relatava a sua experiência dos tempos da marginalidadepolítica e da guerrilha.

III – A canção popular é, hoje em dia, uma das formas mais difundidasde manifestação da poesia no Brasil, como é o caso daquelas com-posições em que a abordagem profunda dos temas se harmonizacom a estética elaborada do verso.

Quais estão corretas?a) apenas I.b) apenas II.c) apenas I e II.d) apenas II e III.e) I, II e III.

362

60 (VUNESP) Leia com atenção o texto a seguir:

— Ara, ara, bichinha. Antes pelesses mundões, viu-que-te-viu, avisteideparado muito que assim-assim, luziluzindo, eu figurava rindo que nem-nem. Apois. A senhora tolere. Não gloso. Deus esteja, que-que vem aser isso que nem-nem o que for?

Neste trecho, extraído da obra Vencecavalo e o outro povo, o autor,João Ubaldo Ribeiro, alude parodisticamente ao estilo de:a) Graciliano Ramos. d) Osman Lins.b) José Lins do Rego. e) Dalton Trevisan.c) João Guimarães Rosa.

61 (F. M. SANTA CASA-SP) Obras de Dalton Trevisan, Rubem Fonseca,Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles atestam o fato de quea) a linguagem (desagregadora) e a visão do mundo (reivindicatória,

anárquica) dos modernistas de primeira geração constituem a fonteprimeira de inspiração dos contistas contemporâneos.

b) a poesia de caráter social e reivindicatória tem caracterizado a cria-ção literária dos autores modernos.

c) estilos muito semelhantes, com traços de neo-romantismo, domi-nam a criação literária contemporânea.

d) o conto, de tendências diversas (de denúncia social, intimista, deespeculação da existência), tem sido uma constante da produçãoliterária contemporânea.

e) romances politicamente comprometidos, neonaturalistas, de denún-cia das mazelas da sociedade, constituem o aspecto mais importan-te da literatura da geração de 30.

62 (UEM-PR) Essas Malditas Mulheres, 19o livro do contista de Curitiba,melhor do que nunca, faz a anatomia da classe média suburbana atra-vés dos grandes pólos Amor e Morte.O texto anuncia o livro de:a) Emiliano Perneta.b) Emílio de Meneses.c) Dalton Trevisan.d) Rocha Pombo.e) Domingos Pellegrini Júnior.

363

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364

RESPOSTAS DAS QUESTÕES DE VESTIBULAR

Capítulo II- Quinhentismo1- a 4- c 7- a 10- a2- e 5- c 8- c3- c 6- c 9- e

Capítulo III- Barroco1- a 3- a 5- a 7- a2- e 4- d 6- b 8- c9-uso de antíteses: “que para receber-me estais

abertos” // “e por não castigar-me estais cra-vados”.

10- a 11- a 12- e13- Gregório de Matos / barroca14- c 17- d 20- d 23- d15- b 18- a 21- d 24- b16- a 19- a 22- c 25- c26- a) cultismo b) neve ardente // chama fria27- 50(02+16+32)28- e 30- b 31- B-b29- b 31- A-d32- O estilo conceptista consiste em uma retó-rica muito apurada, com o objetivo de conven-cer (observe a repetição de “há de”). Para tan-to, Vieira utiliza em seus textos uma argumen-tação consistente e uma variedade de exem-plos.33- a 34- b35- a) Prosopopéia (1601), de Bento Teixeira

b)adoção da oitava rima, do decassílabo,da retórica e da sintaxe clássicas. Outrasobras são Caramuru, de Santa Rita Du-rão; Uraguai, de Basílio da Gama; VilaRica, de Cláudio Manuel da Costa.

36- d 37- a

Capítulo IV- Arcadismo1- c 4- b 7- e 10- b 12- a

2- c 5- b 8- b 11- d 13- e3- e 6- d 9- b14- bucolismo. “Ao campo me recolho e reco-

nheço”; simplicidade: “Um siga a ostentação,outro vaidade,/ Todos se enganam com igualexcesso.”

15- a 18- e 21- a 24- b 27- a16- c 19- b 22- a 25- c 28- b17- b 20- b 23- c 26- d29- 14 (8+4+2)30- e 32- b 34- c 36- d 38- a31- b 33- a 35- d 37- e 39- b40- a) O componente nacionalista de ambos

os poemas são as personagens indíge-nas, aliadas à descrição da paisagem bra-sileira, prenunciando uma das temáticasmais características do Romantismo, oIndianismo.

b) Os mais expressivos escritores român-ticos indianistas brasileiros são: Gonçal-ves Dias (poesia) e José de Alencar (pro-sa). Há outros autores menores comoGonçalves de Magalhães e Araújo Por-to-Alegre.

41- a) A epopéia Caramuru, de Santa Rita Du-rão, segue mais à risca, do ponto de vis-ta da versificação o modelo camoniano.

b) Tanto a obra Os lusíadas como a epo-péia Caramuru têm versos decassílabosheróicos, com acento na sexta e na dé-cima sílabas. As estrofes desses poemasclassificam-se como oitava rima ou oita-va real (ABABABCC). Os versos de OUraguai são decassílabos brancos ousoltos (sem rima).

42- 11 (8+2+1)43- 59 (1+2+8+16+32)

365

ROMANTISMO - CAPÍTULO V: Poesia1- a 3- d 5- b 7- b2- a 4- a 6- d 8- a9- Ela é considerada o marco inicial do Ro-

mantismo no Brasil.10- Subjetivismo, linguagem popular, cristianis-

mo, sentimentalismo.11- Ambos produziram poesia nacionalista,

indianista, lusófoba, típica da primeira ge-ração romântica.

12- d 14- a 16- b13- c 15- d 17- c18- 53 (1+4+16+32)19- c 21- a 23- d20- c 22- a 24- e25- a)Saudosismo nacionalista, subjetivismo

b)Lá é Brasil; cá é Portugal (a canção foicomposta no exílio)

26- d 28- b 30- d 32- c27- b 29- e 31- b 33- d34- 99 (1+2+32+64)35- b 36- b 37- b38- a)Castro Alves

b)A luta abolicionista39- a)Por sua poesia de denúncia social, que

tinha o condor como símbolo de liberda-de.

b)“Navio negreiro”40- b 41- c 42- a 43- d 44- a45- 31 (1+2+4+8+16)46- b 48- e 50- c 52- b 54- d47- b 49- c 51- e 53- c55- 28 (4+8+16)56- Casimiro de Abreu idealiza a infância, enquan-

to Cacaso assume uma posição irônica emrelação ao passado (meus negros verdesanos). Casimiro situa-se na claridade prima-veril; Cacaso caminha à noite. Cacaso reco-nhece a influência romântica, mas age criti-camente sobre ela.

57- a. A ausência de rimas regulares e osencadeamentos sintáticos dos versos

(enjambements) confirmam os “versosbrancos” e o “ritmo fluente” mencionadosna alternativa. “Amor lascivo” e “fogos va-gabundos” confirmam a notação realista;“bela adormecida” e “rósea face” reme-tem-nos à idealização amorosa caracte-rística do segundo momento de nossapoesia romântica.

58- c. A alternativa contempla a relação entre apoesia romântica brasileira e as matrizeseuropéias que ela transpôs para o plano na-cional: a idealização heróica, projetada no in-dianismo de gonçalves Dias; a exarcebaçãosentimental de Byron e Musset, assimiladapor Álvares de Azevedo; e a retórica condo-reira e libertária, que Castro Alves adaptoudo socialismo humanitário de Victor Hugopara a poesia abolicionista e republicana.

Ficção1- a 3- d 5- a 7- e 9- b2- a 4- a 6- b 8- c 10- e11- 28 (4+8+16)12- b 13- d 14- d15- 29 (1+4+8+16)16- b17- a)1) ao grupo de romances regionalistas

2) indianistas e urbanos b)1) descritivo

2) períodos curtos, adjetivação farta,comparações

18- c 19- b 20- b 21- b22- 7 (1+2+4)23- a)A descrição de Fernando Seixas enfatiza

a submissão do protagonista às conven-ções sociais, o culto das aparências, anecessidade de ostentatr uma condiçãosocial e econômica e um refinamento in-compatíveis com as possibilidades finan-ceiras dele e de sua modesta família. Essaambição de “status” determinou a prete-rição de Aurélia Camargo em favor de

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Adelaide Amaral, cujo pai lhe ofereceraum expressivo dote.

b)A reconciliação das personagens se fezpossível a partir do momento em queFernando Seixas tomou consciência de quefora moldado à imagem e semelhança dasociedade carioca de seu tempo, frívola eadepta do regime do dote de casamento.Do ponto de vista dele, o fato de Auréliater-se convertido em rica herdeira concreti-za a possibilidade de ascensão social porvia do casamento. Do ponto de vista dela,mais dilemático, a questão do orgulho feri-do ficava atenuada, se não superada, pe-los ritos de humilhação que impôs ao mari-do comprado, “purificando-o” pelo mesmoinstrumento que o havia corrompido.

24- e 26- a 28- c 30- e25- b 27- d 29- d 31- d32- a)Porque o casamento fora realizado por

conveniências sociais, por isso as lágri-mas também o eram.

b)Em “e não eram, nós já o dissemos” e“escapamos,pois, de mais essa”.

33- De elementos materiais: “desde as argolasdo caixão até o número e qualidade dos con-vidados”.

34- a)Manuel Antônio de Almeida, Memórias deum sargento de milícias.

b)Leonardo: filho ilegítimo de LeonardoPataca e Maria das Hortaliças. Enjeitadoé criado pelo padrinho, depois pela ma-drinha. Malandro e folgazão. Apaixona-se por Luisinha.Luisinha: casa-se com José Manuel. Leo-nardo é preso pelo Major Vidigal, é liber-tado. Volta à prisão, é nomeado sargen-to de milícias. José Manuel morre, e Leo-nardo casa-se com Luisinha.

35- b 38- d 41- b 44- a36- d 39- c 42- a 45- b37- d 40- c 43- a

REALISMO/NATURALISMO/PARNASIANISMO - CAPÍTULO VI:Realismo/Naturalismo1- b 3- c 5- a 7- b2- d 4- c 6- c 8- c9- Faz alusão ao Romantismo, o que se verifi-

ca: - na referência ao ano de 1850, quando vigia

o estilo: - na citação de décima-estrofe, usada em poe-

mas românticos; - na escolha das metáforas para olhos e es-

trelas. Vale lembrar ainda a caracterização do es-

tado da personagem.10- d 12- d 14- c 16- e11- a 13- e 15- d 17- d18- Literatura realista e literatura naturalista.19- O paralelo fundamenta-se na figura da mu-

lher. No texto I, ela é divinizada: o ser ama-do é visto como puro e perfeito e a ele sedevem todas as honras; no texto II, a mu-lher é vista como um ser real, com carac-terísticas próprias do ser humano.Estilos de época: trecho I - Romantismotrecho II- Naturalismo (também é aceitávelRealismo)

20- e21- 62 (2+4+8+16+32)22- b 23- c 24- d25- 35(1+2+32)26- b 30- c 34- d 38- c27- a 31- c 35- 20 (4+16) 39- e28- c 32- e 36- b 40- e29- b 33- c 37- d41- a) Quincas Borba,

b) O vencedor só ganha batatas, que, no con-texto da obra, significa que nada vale nestavida. As batatas são uma representaçãometafórica de tudo aquilo por que lutamos,a tal ponto que a sua conquista significanão só a destruição de outros, mas tam-

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bém a nossa própria. Essa frase resume afilosofia do Humanitismo, de Quincas Borba.

42- b 46- d43- a 47- b44- 24 (8+16) 48- b45- d49 a) Sérgio49 b) O incêndio que destruiu o colégio permi-

te algumas interpretações: constituiria asimples destruição daquela estrutura ar-caica e corrupta; representaria a quedada Monarquia, simbolizada pelo colégiodecadente; seria a “vingança” de RaulPompéia contra o internato em que es-tudara.

50- c 54- 25(1+8+16) 58- e51- b 55- c 59- a52- a 56- e 60- a53- b 57- bParnasianismo1- a2- a) Parnasianismo b) A linguagem clássica; o passado clássico;

a forma: métrica, rima, estrofe.3- a) Raimundo Correia, Alberto de Oliveira b) Sinfonias, Raimundo Correia: Meridionais,

Alberto de Oliveira4- c 8- b5- 59 (1+2+8+16+32) 9- d6- e 10- a7- c 11- Parnasianismo12- Postulados: rigor métrico e rímico, descri-

tivismo; impessoalidade e impassividadedo poeta; sentimento contido. Principaisautores: Olavo Bilac, Raimundo Correia,Alberto de Oliveira, Vicente de Carvallho,Francisca Júlia.

13- Sim. Como os parnasianos, Raul Pompéiafoi hábil cultor da língua e procurou, pormeio de vários recursos literários, atingira perfeição.

14- c 15- d

16- a) Barroco b) Arcadismo ou Neoclassicismo c) Parnasianismo

17- c 22- c18- d 23- b19- c 24- a20- c 25- a21- 91 (1+2+8+16+64) 26- d

SIMBOLISMO - CAPÍTULO VII:1- e 3- b 5- a 7- b2- b 4- b 6- a 8- b

9- 74 (2+8+64)

10- 81 ( 1+16+64)11- c

12- a)São relevantes para o Romantismo ascaracterísticas:-sentido dilemático da vida espiritual ematerial;

-ampla e total liberdade temática;-ambiência para o desenvolvimento doromance histórico.

b) São características do Simbolismo:-sentido dilemático da vida espiritual ematerial (atitude constante também doBarroco e Romantismo);

-exploração fônica das palavras.

PRÉ-MODERNISMO - CAPÍTULO VIII:1- c 6- d 11- e 16- c 21- d2- d 7- d 12- b 17- a 22- c3- e 8- a 13- e 18- e 23- c4- a 9- a 14- e 19- c 24- c5- d 10- e 15- e 20- c 25- a

MODERNISMO 1a FASE - CAPÍTULO IX:1- 94 (2+4+8+16+64) 5- b 9- c2- d 6- 30(2+4+8+16) 10- c3- e 7- b4- e 8- a

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11- No primeiro fragmento, o poema faz umarejeição crítica ao Parnasianismo; no segundo,uma opção libertária pelo Modernismo.12- b 14- b 16- d 18- e13- d 15- b 17- e 19- d20- Modernismo. Ironia – aspectos cotidianos– Figuras (sinestesia)21- a 25- a 28- c 32- c22- b 26- c 29- c 33- e23-1c; 2e; 3b; 4d 30- a 34- 44(4+8+32)24- e 27- d 31- c 35- c36- Gaetaninho, Antônio de Alcântara Machado.37- a) ambos são índios

b) Peri é idealizado, romântico, super heróicheio de virtudes; Macunaíma é o anti-herói preguiçoso, imprevidente.

38- 11(1+2+8) 40- e 42- a 44- d39- c 41- d 43- c

MODERNISMO 2a FASE - CAPÍTULO X:1- a 3- c 5- b 7- e2- b 4- b 6- d 8- e9- Fazer poesia é trabalhar com as palavras,visitar o seu mundo.10- c 11- c 12- b13- e 14- c15-Sim. Amor não idealizado16- Não. Não há preocupação com a rima nemcom crítica ao Parnasianismo.17- Construções populares e oralidade18- d 22- d 26- b 30- a 34- e19- d 23- e 27- e 31- a 35- c20- d 24- e 28- d 32- a21- d 25- d 29- b 33- e36- Menino de engenho, cana-de-açúcar37- a 38- c

39- Fogo Morto, Modernismo, segunda fase40- a 41-a42- a) Jorge Amado – Bahia.

b) Érico Veríssimo – Rio Grande do Sul43-c

MODERNISMO 3a FASE – CAPÍTULO XI:1- a2- Reagiram contra a primeira fase, voltan-

do à métrica tradicional e retomando a lin-guagem culta; é uma poesia intimista eesteticizante.

3- e4- 30 (2+4+8+16)5- a) Grande sertão: veredas

b) Guimarães Rosa6- c 9- c 11- d 13- c 15- e7- e 10- d 12- d 14- e 16- e8- b17- A dificuldade que o personagem-narrador

tem para sustentar o longo monólogo e suapreocupação em contar tudo por inteiro,uma vez que o interlocutor não é do sertão.

18- Riobaldo/Reinaldo/Deadorim19- Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa20- d 31- c 42- a 53- c21- b 32- a 43- d 54- d22- d 33- d 44- e 55- c23- b 34- a 45- c 56- d24- e 35- a 46- b 57- e25- c 36- a 47- d 58- d26- c 37- c 48- d 59- e27- d 38- d 49- d 60- c28- b 39- b 50- a 61- d29- e 40- b 51- e 62- c30- b 41- b 52- a