Livro bibliologia novo testamento

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teologia sistemática

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AULA Nº 5

5. AS CARTAS (EPÍSTOLAS)

Introdução às epístolas

Iniciamos agora a seção da Epístolas do Novo testamen-to. Todas elas somam 21 espístolas, de Romanos até Judas. Nelas estão contidas as explicações da obra, mensagem e dou-trina de Cristo, ou seja, as epístolas compõem toda estrutura doutrinária de Cristo para a Igreja. Das 21, treze foram escri-tasporPaulo;porissosãocamadasde“CartasPaulinas”.Eleescreveu essas Epístolas às igrejas de Tessalônica, Gálatas, Co-rínto e Roma durante suas viagens missionárias. Quando pri-sioneiro em Roma, escreveu Efésios, Colossenses, Filipenses e Filemon. Por último escreveu as Epístolas a Timóteo e a Tito, denominadas de Epístolas pastorais. Há também as “Epístolas Gerais” que são os escritos nos quais os autores mencionam os destinatários em termos gerais e não relacionado com uma localidade específica.

Enquanto as Epístolas são, em geral, para os cristãos, para relatar-lhes como viver a vida cristã, nem todas as instruções se aplicam a qualquer pessoa num dado tempo, por exemplo: Há instruções para novos cristãos ou “meninos em Cristo”. Há instruçõesparaaquelesquevivememCristohámaistempo;para diáconos e anciãos (presbíteros) que se aplicam somente aeles;háinstruçõesparaasviúvasdaigreja,paraascrianças,para os pais, para as mães, para os ministros. Algumas delas são gerais e se aplicam a todos os cristãos, em qualquer lugar e em todos os tempos.

5.1 EPÍSTOLAS PAULINAS

5.1.1 ROMANOS Autor: O apóstolo Paulo.

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Destinatários: Os cristãos romanos (Rm 1.7).

Textos-chave: Romanos1.16;5.1.

Temas principais: O plano da salvação — a justificação pela fé e a santifi-

cação por meio do Espírito Santo são assuntos abordados na epístola. Esse assunto pode ser visto do capítulo 1 a 11. Para esclarecer o propósito de Paulo podemos citar aqui a pergun-ta de dois personagens da Bíblia Sagrada. Um deles é Jó, e o outro o carcereiro de Filipos:

Jó perguntou: “... como pode o homem ser justo para comDeus?”(Jó9.2);

O carcereiro de Filipos perguntou: “... que devo fazer para que seja salvo?” (At 16.30).

Esses dois homens deram expressão a uma das mais im-portantes perguntas que se possa fazer: como o homem pode ficar de bem com Deus e ter certeza da sua aprovação?

A Epístola aos romanos é uma resposta explicativa, deta-lhada e acima de tudo inspirada a essa pergunta. O tema do livro é claríssimo em Rm 1.16,17:

“Pois não me envergonho do evangelho, porque é o po-der de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro dojudeuetambémdogrego;vistoqueajustiçadeDeusserevela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.”

Este texto pode ser anunciado com as seguintes palavras: o evangelho é o poder de Deus para a salvação dos homens, porque demonstra como a posição e a condição dos pecado-res pode ser alterada de tal modo que fiquem reconciliados com Deus.

Os capítulos restantes tratam da santificação por meio do Espírito Santo. São assuntos abordados na epístola de exorta-

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ções, principalmente, acerca dos deveres cristãos e vida con-sagrada (caps. 12, 13, 14, 15, 16).

Um argumento poderoso

O apóstolo prova que o ser humano está rodeado por três barreiras intransponíveis e insuperáveis:

a)Abarreiradaculpabilidadeuniversal(At1,2,3);b) A barreira das tendências pecaminosas e das concu-piscênciascarnais(At7:15-24);c)AbarreiradaeleiçãosoberanadeDeus(At9:7-18);Contudo, em meio ao argumento de que é terrível a situ-ação do homem natural, ele acentua as portas da miseri-córdia divina mediante a provisão do plano de salvação, por meio das quais todos os que desejam podem escapar dos iminentes juízos de Deus.

Síntese dos assuntos de Romanos:

I. Introduçãoetema-Rm1.1-17;

II.TodomundoéculpadodiantedeDeus-Rm1.18-3.20;

III.JustificaçãopelaféemCristo-Rm3.21-5.21;

IV. Santificação por meio da união com Cristo em Sua morteeressurreição-Rm6-8;

V.Problemadaincredulidadedosjudeus_Rm9-11;

VI. A vida e o serviço cristão para a glória de Deus - Rm 12.1-15.13;

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VII.OsplanosdePaulo-Rm15.14-33;

VIII. Saudações pessoais, advertências e bênçãos - Rm 16.1-27.

5.1.2 I CORÍNTIOS

Autor: O apóstolo Paulo.

Contexto histórico: A igreja de Corinto foi fundada por Paulo em sua se-

gunda viagem missionária (At 18.1-11). Essa igreja havia sido contaminada com os males que a rodeavam, pois Corinto era uma cidade depravada. Os gregos estavam orgulhosos de seus conhecimentos e de sua filosofia, mas ao mesmo tempo, eram muito imorais. Eram especialmente amantes da eloquência (fala elegante e com poder de convencimento e persuasão).

A sociedade de Corinto adorava os prazeres, as divisões e cultivavam jogos da força e perícia atlética. Celebravam-se todos os anos os jogos ístmicos, semelhantes aos jogos olím-picos dos nossos dias, jogos estes, nascidos na Grécia anti-ga e praticados em homenagem a Zeus, o deus principal dos gregos. Mas o atletismo não era a maior diversão dos corín-tios! A palavra Coríntos tornou-se sinônimo de prostituição, alcoolismo e vida descontrolada. Até a sua religião apoiava tais práticas. O templo de Afrodite, suposta deusa da beleza e do amor, ficava numa colina de seiscentos metros de altura, ao sul de Corínto. Um historiador informa que mil escravas, chamadas sacerdoti-sas, serviam ali na categoria de prostitu-tas. Todo tipo de pecado era comum e notório na cidade, e a imoralidade reinante nesta sociedade já tinha se infiltrado na igreja de Corínto e Paulo precisava entrar em ação imediata-mente e evitar que a igreja fosse destruída.

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Paulo escreveu para responder as perguntas que os co-ríntios lhe haviam feito, mas ele tinha também outras preocu-pações, que apesar de a igreja possuir muitos dons e conheci-mento (I Co 1.4-7), lhes faltava maturidade e espiritualidade (I Co 3.1-4).

Paulo tratou de diversos problemas nesta epístola. Ele soube dessas questões pelo relato dos membros da família de Cloe (I Co 1.1), por rumores generalizados: “Geralmente se ouve que há entre vós” (I Co 5.1).

O desejo de purificar a igreja das facções espirituais e da imoralidade foi o que motivou levou Paulo escrever a carta.

Tema principal: São vários os assuntos abordados no livro de Coríntios,

porém todos podem ser relacionados e resumidos com um tema geral: conduta cristã.

Logo na introdução Paulo demonstra o reconhecimento da riqueza de dons e conhecimento que a igreja havia recebi-do de Cristo por intermédio do seu ministério, para em segui-da apresentar os fatos de irregularidades:

Reconhecimento: “Sempre dou graças a meu Deus a vosso respeito, a propósito da sua graça, que vos foi dada em Cristo Jesus;porque, em tudo, fostes enriquecidosnele, emtodaapalavraeemtodooconhecimento;assimcomootes-temunho de Cristo tem sido confirmado em vós, porque, em tudo, fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento;assimcomootestemunhodeCristotemsidoconfirmado em vós, de maneira que não vos falte nenhum dom, aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cris-to, o qual também vos confirmará até ao fim, para serdes irre-preensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo” (I Co 1.4-8).

Um dos fatos de irregularidades na igreja: “Pois a vosso respeito, meus irmãos, fui informado, pelos da casa de Cloe, dequehácontendasentrevós”(ICo1.11);

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A Epístola nasceu com o propósito de corrigir desordens que havia surgido na igreja de Corinto e estabelecer aos ir-mãos, um modelo de conduta cristã tirando dúvidas sobre as-suntostaiscomo:Ocasamento;eousodealimentossacrifica-dosaosídolos(ICo7.1-40;8.1-13),éaindanotórioquePauloestava muito preocupado com o comportamento e estilo de vida dos irmãos em Corínto (I Co 3.1-9). Não havia proble-mas graves de heresias propriamente ditas, porem a carnali-dade na igreja levou o apóstolo a repreendê-los em diversas áreas. Entre os assuntos abordados por Paulo estão:

a) Divisões e partidos dentro da igreja: “Pois a vosso res-peito, meus irmãos, fui informado, pelos da casa de Cloe, de que há contendas entre vós. Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas,eeu,deCristo.”(ICo1,11,12;lertambém3.4);b) Indiferença da igreja com problemas de um in-cesto: “Geralmente, se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade tal, como nem mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher de seu próprio pai. E, contudo, andais vós ensoberbecidos e não chegas-tes a lamentar, para que fosse tirado do vosso meio quem tamanhoultrajepraticou?”(ICo5.1-2);c)Litígiosentreosirmãos(ICo6.1-11);d)Dúvidassobrecasamento(ICo7.1-40);e)Usodealimentosoferecidoaosídolos(ICo8.1-13);f) Pauloesuaautoridadeapostólica(ICo9.1.27);g)Orientaçãoparaoculto(ICo11.2-16);h)DesordemnaCeiadoSenhor(ICo11.17-34);i) UsodosDonsEspirituais(ICo12.1-1440);j) Apreeminênciadoamor(ICo13.1-13);k) Questões da ressurreição do corpo (I Co 15.1-58 e etc.).

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Podemos resumir desta maneira o propósito de Paulo ao escrever a Epístola:

• Acondutacristãnaigreja,nolarenomundo.

Síntese dos assuntos de I Coríntios:

I. Introdução-ICo1.1-9;

II.DivisõesnaigrejadeCoríntios-ICo1.10-4.21;

III.Repreensãoà imoralidade;Disciplinaordenada_ ICo5.1-6.8;

IV.A santidade do corpo; oCasamento cristão - ICo6.9-7.40;

V.Coisasoferecidasaosídolos;Limitaçõesdaliberdadecristã-ICo8.1-11.1;

VI.AordemcristãeaCeiadoSenhor-ICo11.2-34;

VII. Os Dons Espirituais e o seu uso em amor - I Co 12.1-14.40;

VIII.AressurreiçãodeCristoeanossa-ICo15;

IX. Conclusão: Instruções e Saudações finais - I Co 16.

5.1.3 II CORÍNTIOS

Autor: O apóstolo Paulo. Tema principal:

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Embora não pareça, enquanto Paulo escrevia, a finalida-de era defender seu apostolado, e isso é percebido logo no início da Carta:

“Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus...” (II Co 1.1).

Ainda que a maioria das cartas de Paulo fosse escrita com saudação, informações sobre o autor (isto é, Paulo e seu apostolado) e destinatário, sua identificação nesta epístola como “apóstolo de Jesus Cristo” é especialmente importante na carta de II Coríntios, porque os falsos apóstolos estavam opondo-se a ele em Corínto e causando confusão:

“Mas o que faço e farei é para cortar ocasião àqueles que a buscam com o intuito de serem considerados iguais a nós, naquilo em que se gloriam. Porque os tais são falsos após-tolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus própriosministrossetransformememministrosdejustiça;eo fim deles será conforme as suas obras”.

(II Co 11.12-15).A segunda epístola aos Coríntios é uma das cartas mais

pessoais de Paulo, na qual ele fala principalmente de seu mi-nistério e abre o coração, revelando seus motivos, sua paixão espiritual e seu entranhável amor pela igreja:

“Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas. Pois, em que tendes vós sido inferiores às outras igrejas, a não ser que eu mesmo vos não fui pesado? Perdoai-me este agra-vo. Eis aqui estou pronto para pela terceira vez ir ter convosco, e não vos serei pesado, pois que não busco o que é vosso, mas sim a vós: porque não devem os filhos entesourar para os pais, mas os pais para os filhos. Eu de muito boa vontade gastarei, e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos

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cada vez mais, seja menos amado.” (II Co 12-15).A epístola é mais do que um manual doutrinário ou uma

instrução corretiva, é uma defesa pessoal de Paulo frente à situação que se agravou na igreja, isto é, a presença de falsos mestres em Corínto, que punha em dúvida sua autoridade com acusações caluniosas, gerando uma onda de desconfian-ça e pondo em dúvida o seu caráter. Parece que isso indu-ziu alguns membros da igreja a contestar seu apostolado. Foi uma ação que tornou necessária uma reação: “uma defesa do seu ministério e chamado”.

Ao fazer essa defesa, foi obrigado relatar evidências ir-resistíveis de sua sinceridade no serviço prestado a Deus e se vê obrigado a compor uma espécie de currículo, por meio do qual se defende das acusações e apresenta suas credenciais como ministro, tanto por seu sofrimento como por suas rea-lizações e experiências (II Co 11.16-33).

Ambas as cartas aos coríntios indicam a existência, nessa igreja, de alguém que pretendia desacreditar o ministério e a autoridade de Paulo (Ler I Co 9.1-27). Portanto é nítido que a epístola foi redigida em uma época difícil entre Paulo e os coríntios, época esta, em que os seus opositores, chamados “super apóstolos” (veja II Co caps. 10-13), haviam questio-nado a condição de Paulo como apóstolo e sua autoridade de líder, que respondendo, confirma seu chamado e ministério de apóstolo.

A fala vigorosa sobre seu papel de autoridade o fez des-crever um autorretrato que é um dos aspectos mais fascinante da epístola, pois ela contém informações autobiográficas va-liosíssimas.

Os principais temas são:

a)AgratidãodePauloparacomDeus(IICo1.3;5.14);b) SeuministérioemcontínuotriunfoemCristo(IICo2.14);

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c) Sua participação da vida ressurreta de Cristo (II Co 4.10-11);d) Ao mesmo tempo, orgulhava-se das fraquezas e con-tentava-se com enfermidades, perseguições e calamida-desporamoraCristo(IICo12.9);e) Ministério marcado por integridade e sofrimento (II Co1.8-12;6.3-10;11.23-29),quesãosinaisdeumapós-tolo genuíno.

Os itens acima pontuados formam o retrato que são as credenciais de um verdadeiro apostolado.

Considerando que II Coríntios é a vigorosa defesa pes-soal do ministério apostólico de Paulo, podemos resumir seu tema do seguinte modo:

• Oministério de Paulo, suas razões, sacrifícios, res-ponsabilidades e eficiência.

Síntese dos assuntos de II Coríntios:

I. Introdução_IICo1.1-2;II.Aexperiênciaapostólica-IICo1.3-11;III.Aexplanaçãoapostólica-IICo1.12-2.11;IV.Oministérioapostólico-IICo2.12-7.16;V.Acomunhãoapostólica-IICo8.1-9.15;VI. A defesa do apostolado - II Co 10.1-13.14.

5.1.4 GÁLATAS

A carta magna da igreja Essa carta é chamada assim por alguns escritores. O

principal argumento é a defesa da liberdade cristã em oposi-ção ao ensino dos judaizantes. Esses falsos mestres insistiam que a observância das cerimônias da Lei era parte essencial do

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plano de salvação.

Autor: O apóstolo Paulo.

Data: Provavelmente 55-60 a.C.

Destinatários: As igrejas da Galácia, região da Ásia Me-nor, cujos limites não podem ser determinados com seguran-ça.

Temas principais:A defesa da doutrina da justificação pela fé, advertências

contra a reversão ao judaísmo e a vindicação do apostolado de Paulo.

A polêmica questão nesta carta é: como os cristãos de-veriam se comportar diante da lei de Moisés? A questão se os gentios deveriam guardar a lei de Moisés foi resolvida no concílio de Jerusalém (At 15). A decisão foi que os gentios eram justificados pela fé sem as obras da lei. Esta decisão, no entanto, não parecia satisfazer ao partido dos judaizantes , o qual insistia em que, apesar de serem salvos os gentios pela fé, esta seria aperfeiçoada pela observância da lei de Moisés.

Ao pregar a mensagem da mistura da Lei e da Graça, os judaizantes faziam todo o possível para incitar os seus segui-dores novos convertidos contra Paulo e contra a mensagem que pregava. Conseguiram seu objetivo ao ponto de traze-rem sob a observância da Lei toda a igreja dos gálatas - uma igreja gentílica: “Paulo, apóstolo (...) às igrejas da Galácia (...) Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo” (Gl 1.1,2,6,7). Contra esta pretensão, que contrariava frontalmente a Nova Aliança, que

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Paulo levantou-se.Na epístola aos Gálatas, o apóstolo sublinha que a salva-

ção em Cristo não é obtida pela observância da Lei, mas pela fé no Filho de Deus: “E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.” (Gl 3.11). Paulo cita Habacuque 2.4 para mostrar que o indivíduo só pode ser justificado por meio da fé.

Entre suas abordagens o apóstolo cita seu confronto com Pedro (Gl 2.11,12), porque antes ele comia com os gentios, mas depois passou a contradizer o que a muito ele mesmo ha-via reconhecido: que o evangelho era também para os gentios:

“Depois que eles terminaram, falou Tiago, dizendo: Irmãos atentai nas minhas palavras: expôs Simão como Deus, primeira-mente, visitou os gentios, a fim de constituir dentre eles um povo para o seu nome. Conferem com isto as palavras dos profetas, como está escrito: Cumpridas estas coisas, voltarei e reedifica-reiotabernáculocaídodeDavi;e,levantando-odesuasruínas,restaurá-lo-ei. Para que os demais homens busquem o Senhor, e também todos os gentios sobre os quais tem sido invocado o meu nome, diz o Senhor, que faz estas coisas conhecidas desde séculos”.(At 15.13-18)

Para restaurar esta igreja ao seu estado anterior de graça, Paulo escreveu esta epístola que podemos resumir com o se-guinte tema:

• Ajustificaçãoeasantificação,nãopelasobrasdaLei,mas, sim pela fé.

Texto-chave: “Para a liberdade foi que Cristo nos liber-tou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão” (Gl 5.1).

Palavras-chave de Gálatas: “Fé”, “graça”, “liberdade” e “cruz”.

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Síntese dos assuntos de Gálatas:

I. Introdução-Gl1.1-5;

II. Motivo por que foi escrita a Epístola: o afas-tamento dosgálatasdoverdadeiroevangelho-Gl1.6-9;

III. A defesa de Paulo do seu ministério apostólico - Gl 1.10-2.21;

IV.Ajustificaçãoétodapelafé,àpartedalei-Gl3.1-24;

V. O governo da vida do crente é da graça, não da lei - Gl 3.25-5.1;

VI. Características visíveis na vida de um cristão somen-tepelafé-Gl5.2.26;

VII.AoperaçãodanovavidaemCristoJesus-Gl6.1-16;

VIII. Conclusão - Gl 6.17-18.

5.1.5 EFÉSIOS

Esta é uma das quatro epístolas escritas por Paulo quando aprisionado em Roma também conhecidas como: “epístolas da prisão”. As outras foram Filipenses, Colossenses e Filemon.

Autor: O apóstolo Paulo. Data: Provavelmente escrita em Roma entre 60 e 64 d.C.

O ministério de Paulo em Éfeso

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Suaprimeiravisita(At18.18-21);emsuasegundavisita,oEspíritoSantofoidadoaoscrentes(At19:2-7);continuaseutrabalhocomêxitoextraordinário(At19.9-20);seuconflitocomosartífices(At19.23-41;suapalavraaosanciãosefésios(At 20.17-35)).

Contexto histórico: Os judeus convertidos nas igrejas primitivas inclinavam-se ao exclusivismo e à separação dos irmãos gentios. Essa situação pode ter motivado o apóstolo a escrever essa carta, cuja ideia fundamental é a unidade cristã.

Texto-chave: “esforçando-vos diligentemente por pre-servar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (4.13).

Tema principal: A epístola aos efésios é uma grande exposição de uma

doutrina fundamental de Paulo, a saber, a unidade de toda na-tureza de Cristo, a unidade dos judeus e gentios em seu corpo - a Igreja - e o propósito de Deus, nesse campo, é a eternidade.

A epístola é dividida em duas seções:

Em sua primeira parte é doutrinária: trata das doutrinas centrais cristãs - aborda sobre o plano de Deus em unir todas as coisas em Cristo, um propósito determinado pelo Criador, antes da fundação do mundo (Ef 1.3-14). Na cruz Jesus uniu judeus e gentios, anulando as coisas que os separava, fazen-do de ambos, um novo homem (Ef 2.11-22). Paulo também faz declarações dando testemunho do ministério da graça aos gentios (efésios) a ele confiado e lembrando-lhes que eram “co-herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho” (Ef 3.6). E ainda fala de sua intercessão a favor deles para que sejam

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fortalecidos, alicerçados, iluminados de conhecimento acerca do amor de Cristo e completos em Deus (Ef 3.1-21).

Em sua segunda parte descreve como essas verdades de-vem refletir na conduta do cristão como co-herdeiros e co-participantes da promessa de Cristo - O apóstolo discute as-pectos mais práticos do plano de Deus e seus efeitos na vida do cristão. Aborda ainda assuntos ligados ao corpo de Cristo e seus ministérios e dons, recursos espirituais de organiza-ção, fortalecimento e amadurecimento do corpo (Ef 4.1-16), do comportamento e atitude do novo homem (individual), de sua vida espiritual, de seus relacionamentos familiares e sociais (5.22-33; 6.14) eorienta a igreja acercadabuscadeproteção espiritual e de sua batalha contínua em um mundo dominado pelas forças do império de Satanás (6.10-20), aqui ele usa a armadura de um soldado romano como alegoria da proteção espiritual que o cristão desfruta.

Percebe-se que Paulo faz aqui uma série de discussões importantes, mas toda a carta enfatiza na verdade de que to-dos os cristãos estão unidos em Cristo porque a Igreja é o corpo de Cristo.

É importante notar que a Igreja tanto citada nesta carta, refere-se à Igreja verdadeira (modelo) e não local, como em Coríntios e etc., pois nela contém verdades elevadíssimas so-bre o que é realmente “A Igreja”. Paulo descreve o desejo de Deus: que a igreja local de Éfeso se alinhasse a todas as ver-dades descritas por ele em sua mensagem (coisa que todas as igrejas locais do mundo deveria fazer).

O tema da carta pode ser resumido da seguinte ma-neira:

• A Igreja escolhida, redimida e unida emCristo; desorte que a Igreja deva andar em unidade, em novidade de

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vida, na força do Senhor com a armadura de Deus.

A igreja e o plano de salvação

Nota: Ao discutir o plano de salvação nas diferentes epís-tolas, Paulo varia a ênfase. Em Romanos, ele o faz firmado sobre a fé sem as obras; emGálatas, sobre a fé sem as ob-servânciascerimoniaisdaLeideMoisés;emEfésios,sobreaunidade dos crentes.

Síntese dos assuntos de Efésios:

I. Introdução-Ef1.1-2;

II.Aposiçãodocrentenagraça-Ef1.3-21;

III.Oandareoserviçodocrente-Ef4.1-5.17;

IV. O andar e a luta do crente cheio do Espírito Santo - Ef 5.18-6.20;

V. Conclusão - Ef 6.21-24.