Livro do médiuns - Do maravilhoso ao Sobrenatural

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Livro do Médiuns capítulo II Do Maravilhoso e do Sobrenatural Itens 12 a 17

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  • 1. Livro do Mdiuns captulo II Do Maravilhoso e do Sobrenatural Itens 12 a 17

2. 12. Em lgica elementar, para se discutir uma coisa, preciso se faz conhec-la, porquanto a opinio de um crtico s tem valor, quando ele fala com perfeito conhecimento de causa. Ento, somente, sua opinio, embora errnea, poder ser tomada em considerao Que peso, porm, ter quando ele trata do que no conhece? A legitima crtica deve demonstrar, no s erudio, mas tambm profundo conhecimento do objeto que versa, juzo reto e imparcialidade a toda prova, sem o que, qualquer menestrel poder arrogar-se o direito de julgar Rossini e um pinta-monos o de censurar Rafael. 3. Gioachino Rossini Nasceu em Psaro, na Itlia no dia 29 de fevereiro de 1792 , faleceu em Passy, Paris, 13 de novembro de 1868) foi um compositor erudito italiano, muito popular em seu tempo, que criou 39 peras, assim como diversos trabalhos para msica sacra e msica de cmara. Entre seus trabalhos mais conhecidos esto Il barbiere di Siviglia ("O Barbeiro de Sevilha"), La Cenerentola ("A Cinderela") e Guillaume Tell ("Guilherme Tell"). 4. Rafael Sanzio (6 de abril de 1483 Roma, 6 de abril de 1520) Frequentemente referido apenas como Rafael, foi um mestre da pintura e da arquitetura da escola de Florena durante o Renascimento italiano, celebrado pela perfeio e suavidade de suas obras Deposio de Cristo, Galeria Borghese, 1507, Roma Transfigurao, 1518-1520, Museus Vaticanos 5. Madonna Sistina,Querubins 6. Machado de Assis Machado de Assis era um homem a frente de seu tempo. Detestava credulidades e tinha ojeriza s supersties e comportamentos msticos religiosos. Vejamos o que Machado falou sobre o espiritismo: O espiritismo uma fbrica de idiotas e alienados, que no pode subsistir. [...] Quando eles me vm contar uns ditos de Samuel e de Jesus Cristo, sublinhados de filosofia de armarinho, para dar na perfeio sucessiva das almas, segundo estas mesmas relatam a quem as quer ouvir, palavra que me d vontade de chamar a polcia e um carro. Os espritas que me lerem ho de rir-se de mim, porque balda certa de todo manaco lastimar a ignorncia dos outros. Eu, legislador, mandava fechar todas as igrejas dessa religio, pegava dos religionrios e fazia-os purgar espiritualmente de todas as suas doutrinas; depois, dava-lhes uma aposentadoria razovel. Obra Completa de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, Vol. III, 1994. 7. 13. Assim, o Espiritismo no aceita todos os fatos considerados maravilhosos, ou sobrenaturais. Longe disso, demonstra a impossibilidade de grande nmero deles e o ridculo de certas crenas, que constituem a superstio propriamente dita. exato que, no que ele admite, h coisas que, para os incrdulos, So puramente do domnio do maravilhoso, ou por outra, da superstio. Seja. Mas, ao menos, discuti apenas esses pontos, porquanto, com relao aos demais, nada h que dizer e pregais em vo. Atendo-vos ao que ele prprio refuta, provais ignorar o assunto e os vossos argumentos erram o alvo. 8. Revista Esprita de 1858 O Sr. Home O S r. D a n i e l D u n g l a s H o m e n a s c e u p e r t o d e Edimburgo no dia 15 de maro de 1833. Tem, pois, hoje 24 anos. (...) um rapaz de estatura mediana, louro, cuja fisionomia melanclica nada tem de excntrica; de compleio muito delicada, de maneiras simples e suaves, de carter afvel e benevolente, sobre o qual o contato com os poderosos no lanou arrogncia nem ostentao. Dotado de excessiva modstia, jamais faz alarde de sua maravilhosa faculdade, nunca fala de si mesmo e se, numa expanso de intimidade, conta coisas pessoais, com simplicidade que o faz e jamais com a nfase prpria das pessoa s com a s q u a i s a malevolncia procura compar-lo. Diversos fatos ntimos, de nosso conhecimento pessoal, provam seus sentimentos nobres e uma grande elevao de alma; ns o constatamos com tanto maior prazer quanto se conhece a influncia das disposies morais sobre a natureza das manifestaes. 9. Revista Esprita, maio de 1858 Leu-se, h pouco tempo, nos jornais de Lyon, o anncio seguinte, afixado igualmente sobre as paredes da cidade:"O senhor Hume, o clebre mdium americano, que teve a honra de fazer suas experincias diante de S.M. o Imperador, dar, a partir de quinta- feira, 1 de abril, no grande teatro de Lyon, sesses de espiritualismo. Produzir aparies, etc., etc. Assentos sero dispostos no teatro para os senhores mdicos e os sbios, a fim de que possam se assegurar de que nada est preparado. As sesses sero variadas pelas experincias da clebre vidente senhora ...., sonmbula extra-lcida, que reproduzir, alternada mente, todos os sentimentos ao gosto dos expectadores. Preo do lugar 5 francos as primeiras, 3 francos as segundas." 10. Os antagonistas do senhor Home, no esto muito longe de perder essa ocasio de lan-lo, no ridculo. No seu ardente desejo de encontrar onde criticar, acolheram essa grosseira mistificao com uma pressa que testemunha pouco em favor do seu julgamento, e ainda menos quanto ao seu respeito pela verdade, porque, antes de lanar a pedra em algum, preciso ao menos se assegurar de que ela no errar o alvo; mas a paixo cega, no raciocina e, frequentemente, ela prpria se descaminha querendo prejudicar os outros. "Eis, pois, exclamaram com alegria, esse homem to elogiado reduzido a subir nos palcos para dar sesses a tanto por lugar!" E seus jornais de darem crdito ao fato sem maior exame. Sua alegria, infelizmente para eles, no foi de longa durao. Apressaram-se em nos escrever de Lyon, para terem notcias que pudessem ajudar a desmascarar a fraude, e isso no foi difcil, sobretudo graas ao zelo de numerosos adeptos que o Espiritismo conta nessa cidade. Desde que o diretor dos teatros soube com quem ia ter relaes, imediatamente, dirigiu aos jornais a carta seguinte: "Senhor redator, apresso-me em vos anunciar que a sesso indicada para quinta-feira, 1 de abril, no grande teatro, no ocorrer. Acreditei ceder a sala ao senhor Home e no ao senhor Lambert Laroche, dito Hume. As pessoas que tomaram adiantadamente camarotes ou lugares marcados podero se apresentar na secretaria para retirarem seu dinheiro." 11. 14. Resumimos nas proposies seguintes o que havemos expendido: Todos os fenmenos espritas tm por principio a existncia da alma, sua sobrevivncia ao corpo e suas manifestaes. Fundando-se numa lei da Natureza, esses fenmenos nada tm de maravilhosos, nem de sobrenaturais. no sentido vulgar dessas palavras. Muitos fatos so tidos por sobrenaturais, porque no se lhes conhece a causa; atribuindo-lhes uma causa, o Espiritismo os repe no domnio dos fenmenos naturais. Entre os fatos qualificados de sobrenaturais, muitos h cuja impossibilidade o Espiritismo demonstra, incluindo-os em o nmero das crenas supersticiosas. Se bem reconhea um fundo de verdade em muitas crenas populares, o Espiritismo de modo algum d sua solidariedade a todas as histrias fantsticas que a imaginao h criado. Julgar do Espiritismo pelos fatos que ele no admite dar prova de ignorncia e tirar todo valor opinio emitida. A explicao dos fatos que o Espiritismo admite, de suas causas e conseqncias morais, forma toda uma cincia e toda uma filosofia, que reclamam estudo srio, perseverante e aprofundado. O Espiritismo no pode considerar crtico srio, seno aquele que tudo tenha visto, estudado e aprofundado com a pacincia e a perseverana de um observador consciencioso; que do assunto saiba tanto quanto qualquer adepto instrudo; que haja, por conseguinte, haurido seus conhecimentos algures, que no nos romances da cincia; aquele a quem no se possa opor fato algum que lhe seja desconhecido, nenhum argumento de que j no tenha cogitado e cuja refutao faa, no por mera negao, mas por meio de outros argumentos mais peremptrios; aquele, finalmente, que possa indicar, para os fatos averiguados, causa mais lgica do que a que lhes aponta o Espiritismo. Tal crtico ainda est por aparecer. 12. Milagres: 15. (...)Na sua acepo primitiva e pela sua etimologia, o termo milagre significa coisa extraordinria, coisa admirvel de se ver. Mas como tantas outras, essa palavra se afastou do seu sentido originrio e hoje, por milagre, se entende (segundo a Academia) um ato do poder divino, contrrio s leis comuns da Natureza. (...) (...) O milagre no se explica; os fenmenos espritas, ao contrrio, se explicam racionalissimamente. No so, pois, milagres, mas simples efeitos, cuja razo de ser se encontra nas leis gerais. O milagre apresenta ainda outro carter, o de ser inslito e isolado. Ora, desde que um fato se reproduz, por assim dizer, vontade e por diversas pessoas, no pode ser um milagre. Todos os dias a cincia opera milagres aos olhos dos ignorantes. 13. 16. (...)Esclarecendo-nos com relao a essa potncia, o Espiritismo nos d a explicao de uma imensidade de coisas inexplicadas e inexplicveis por qualquer outro meio e que, falta de toda explicao, passaram por prodgios, nos tempos antigos.(...) (...)Explicando a maior parte deles, o Espiritismo lhes assina uma razo de ser. Vem, pois, em auxlio da religio, demonstrando a possibilidade de muitos que, por perderem o carter de miraculosos, no deixam, contudo, de ser extraordinrios, e Deus no fica sendo menor, nem menos poderoso, por no haver derrogado suas leis. (...) 14. Supersties 15. So Jos de Cupertino (17 de junho de 1603 - 18 de setembro de 1663) foi um italiano franciscano frei que honrado como um mstico e um santo. Ele disse ter sido notavelmente ignorante, mas propenso a milagrosa levitao e intensa vises de xtase que o deixou boquiaberto. Por sua vez, ele reconhecido como o santo padroeiro dos viajantes areos , os aviadores , astronautas , pessoas com deficincia mental , examinandos, e os estudantes pobres. Ele foi canonizado em 1767. 16. Nossa Senhora de La Salette o nome dado Santssima Virgem Maria nas suas aparies na montanha de La Salete, Isre, nos Alpes franceses. Nossa Senhora ter alegadamente aparecido a 19 de Setembro de 1846 a duas crianas, Maximin Giraud de 11 anos e Mlanie Calvat de 15 anos. 17. (...)Apenas reconhecemos que pode ter havido uma apario; quanto ao mais, escapa nossa competncia. A esse respeito, cada um est no direito de manter suas convices, nada tendo o Espiritismo que ver com isso. Dizemos to-somente que os fatos que o Espiritismo produz nos revelam leis novas e nos do a explicao de um mundo de coisas que pareciam sobrenaturais. Desde que alguns dos que passavam por miraculosos encontram, assim, explicao lgica, motivo este bastante para que ningum se apresse a negar o que no compreende. (...) 17. 17. (...) Algumas pessoas contestam os fenmenos espritas precisamente porque tais fenmenos lhes parecem estar fora da lei comum e porque no logram achar- lhes qualquer explicao. Dai-lhes uma base racional e a dvida desaparecer. A explicao, neste sculo em que ningum se contenta com palavras, constitui, pois, poderoso motivo de convico. Da o vermos, todos os dias, pessoas, que nenhum fato testemunharam, que no observaram uma mesa agitar-se, ou um mdium escrever, se tornarem to convencidas quanto ns, unicamente porque leram e compreenderam. Se houvssemos de somente acreditar no que vemos com os nossos olhos, a bem pouco se reduziriam as nossas convices.