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FAUNA AMEAÇADA DE EXTINÇÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO V E R T E B R A D O S G O V E R N O D O E S T A D O D E S Ã O P A U L O S E C R E T A R I A D O M E I O A M B I E N T E FUNDAÇÃO PARQUE ZOOLÓGICO DE SÃO PAULO

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  • F A U N A A M E A A D AD E E X T I N O N OE S T A D O D E S O P A U L O

    V E R T E B R A D O S

    G O V E R N O D O E S T A D O D E S O P A U L O

    S E C R E T A R I A D O M E I O A M B I E N T E

    F U N D A O P A R Q U E Z O O L G I C O D E S O P A U L O

  • F A U N A A M E A A D AD E E X T I N O N OE S T A D O D E S O P A U L O

    coordenao geralPaulo Magalhes Bressan

    Maria Ceclia Martins KierulffAnglica Midori Sugieda

    So Paulo2009

    G O V E R N O D O E S T A D O D E S O P A U L O

    S E C R E T A R I A D O M E I O A M B I E N T E

    F U N D A O P A R Q U E Z O O L G I C O D E S O P A U L O

  • FAUNA AMEAADA DE EXTINO NO ESTADO DE SO PAULO: VERTEBRADOS / coordenao geral: Paulo Magalhes Bressan, Maria Ceclia Martins Kierulff, Anglica Midori Sugieda. -- So Paulo: Fundao Parque Zoolgico de So Paulo: Secretaria do Meio Ambiente, 2009.

    Vrios colaboradoresBibliografiaISBN 978-85-63001-00-9

    1. Espcies em extino 2. Vertebrados - So Paulo (SP) I. Bressan, Paulo Magalhes. II. Kierulff, Maria Ceclia Martins. III. Sugieda, Anglica Midori.

    09-08895 CDD-596

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    FAUNA AMEAADA DE EXTINO NO ESTADO DE SO PAULOVERTEBRADOS

    Design grficoGriphos Comunicao & Design

    www.griphos.art.br

    Confeco dos mapasCiro Koiti Matsukuma e Srgio Camargos Borgo

    RevisoNewton Mizuho Miura e Hilda Arajo

    CTP, Impresso e AcabamentoImprensa Oficial

    ndices para catlogo sistemtico:1. So Paulo : Vertebrados : Espcies em extino : Zoologia 596

  • vCompromisso com a fauna

    So Paulo inovou, em 1998, ao publicar pela primeira vez a lista das espcies ameaadas de extino no Estado. Agora, passada uma dcada, o Estado atualiza a lista e investe como nunca na proteo de sua fauna silvestre. Adota, desta vez, a metodologia internacional de avaliao, possibilitando realizar comparativos com as demais regies do mundo. Mais, compromete-se o governo, por meio da Secretaria do Meio Ambiente, a realizar a atualizao da lista a cada quatro anos.

    Listas de espcies ameaadas representam importante instrumento para a conservao da fauna, pois a partir da identificao das espcies ameaadas e das ameaas possvel propor medidas que revertam o processo de declnio e extino das espcies. Estas publicaes tambm auxiliam na tomada de decises sobre o licenciamento de empreendimentos, ajudando na definio de reas e habitats prioritrios para a conservao. Estratgias de conservao da fauna e de educao ambiental ficam mais bem aliceradas a partir da lista das espcies ameaadas.

    As principais novidades da lista atual compreendem, primeiro, o elevado nmero de espcies do Cerrado ameaadas de extino, devido ao estado de destruio e fragmentao do bioma no Estado de So Paulo; segundo, o expressivo nmero de espcies classifi-cadas como Dados Deficientes (DD) 161 espcies muito pouco pesquisadas e sobre as quais no existem informaes suficientes; e, terceiro, a divulgao, pela primeira vez, da lista de espcies marinhas ameaadas no Estado.

    Agora publicada essa nova lista, precisamos nos apoiar em dois pilares complementares: o da fiscalizao e o da pesquisa am-biental. Vem a muito trabalho para garantir que estas espcies ameaadas permaneam coexistindo conosco, bem como outras no passem a integrar esse preocupante livro vermelho. Os animais merecem o respeito da civilizao humana.

    Xico GrazianoSecretrio de Estado do Meio Ambiente

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    Apresentao

    com imensa satisfao que a Fundao Parque Zoolgico de So Paulo (FPZSP) apresenta esta edio revisada e atualizada da lista da fauna ameaada do Estado de So Paulo. Esta publicao condensa as mais recentes informaes sobre a atual situao das espcies de vertebrados que ocorrem nos diversos ecossistemas presentes em nosso Estado. A seriedade na conduo de todas as etapas percorridas ao longo deste trabalho nos permite afirmar que ele resultou em um retrato fiel da nossa realidade faunstica. Uma realidade inquietante, que nos convida a todos, entidades pblicas e privadas, estudantes e pesquisadores, formadores de opinio e cidados em geral, a refletir sobre as reais implicaes dos dados aqui apresentados e buscar solues efetivas para a conservao da nossa biodiversidade.

    Esta atualizao foi realizada sob a coordenao geral da Fundao Parque Zoolgico de So Paulo, que em 2005 passou a presidir o Programa de Proteo Fauna Silvestre (PPFS), no mbito da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de So Paulo (SMA), qual a FPZSP est vinculada. A partir de 2007, o PPFS veio a integrar a lista dos programas prioritrios da atual gesto da Secretaria, sob a denominao de Projeto Ambiental Estratgico da Fauna Silvestre, cujos principais objetivos so a normatizao da proteo da fau na silvestre; a instalao de locais de recebimento de animais silvestres capturados; e o combate ao comrcio ilegal de animais silvestres.

    O processo de atualizao da lista das espcies ameaadas do Estado foi concludo com a publicao do Decreto n 53.494, de 2 de outubro de 2008, que constitui um instrumento de carter cientfico e legal por meio do qual so traadas as polticas pblicas de preservao ambiental, entre muitos outros desdobramentos.

    Para esse trabalho, a FPZSP contou com apoio incondicional de seu Conselho Superior, e a indispensvel colaborao de diver-sas instituies ligadas SMA, como o Instituto Florestal e a Fundao Florestal, institutos de pesquisa e museus ligados s mais importantes universidades no Estado, como USP, UNESP, ESALQ, UFSCar, entre outras entidades. Os crditos relativos a todas as colaboraes, incluindo os nomes dos pesquisadores especialistas que participaram dos trabalhos, seja como coordenadores dos grupos temticos de discusso, seja como autores, compilando as preciosas informaes que constam das fichas de cada espcie, esto todos devidamente registrados nos seis captulos que compem esta publicao: Aves, Mamferos, Rpteis, Anfbios, Peixes Continentais e Peixes Marinhos.

    importante esclarecer que, pelas dificuldades e complexidade do tema, a lista da fauna das espcies de invertebrados ameaa-das de extino encontra-se ainda em fase de elaborao e ser publicada como um anexo ao decreto de outubro de 2008.

    Vale ressaltar tambm que a presente lista no mera compilao de dados. O processo demandou vrias etapas de trabalho, que envolveram desde uma ampla consulta a especialistas por meio de questionrios at uma srie de reunies nas quais os integran-tes dos seis grupos temticos analisaram e discutiram exaustivamente os dados coletados at chegar a um consenso sobre a atual situao de cada txon. A metodologia empregada no processo, bem como crditos para os coordenadores e demais participantes dos grupos temticos, podem ser consultados no captulo Mtodos. A todos que participaram desta importante tarefa, dirigimos os nossos sinceros agradecimentos.

    Estamos certos de que esta publicao trar grandes contribuies para a conservao da fauna. Alm de valioso instrumento para a tomada de decises no mbito governamental, os dados aqui apresentados sero de grande ajuda para estudantes, pes-quisadores e entidades ligadas conservao. Sob esse enfoque, vale destacar alguns fatos apontados na sntese desta publicao. Embora o nmero de txons avaliados na atual lista seja superior ao da lista anterior, de 1998, mostrando que um grande nmero de novas espcies foi estudado ao longo dos ltimos dez anos, existe ainda um nmero considervel de txons sobre os quais no h informaes suficientes para avaliar seu estado de conservao. Do total de 2.583 txons avaliados, 161 (6%) apresentaram dados insuficientes. Esta uma informao relevante para os institutos de pesquisa, que podem ento direcionar seus esforos a fim de preencher essa lacuna.

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    No cabe aqui uma longa discusso sobre os dados apurados nesta lista. Mas no podemos deixar de chamar a ateno para o fato de que 17% das espcies de vertebrados conhecidas para o Estado de So Paulo, isto , 436 espcies e subespcies, correm o risco de desaparecer em pouco tempo se nada for feito.

    Comprovar essa dura realidade, embora nos cause comoo, certamente o maior mrito deste trabalho, porque significa que demos o primeiro passo para reverter o curso dos acontecimentos. Com esta publicao, iniciamos um novo ciclo de atualizaes pe-ridicas da lista das espcies ameaadas do Estado de So Paulo, de modo a fornecer os melhores subsdios para que os mais diversos setores da sociedade possam fazer a sua parte na grande tarefa que temos pela frente.

    Paulo Magalhes BressanDiretor Presidente da Fundao Parque Zoolgico de So Paulo

    Coordenador Geral do projeto de atualizao da Lista das Espcies da Fauna Silvestre Ameaadas de Extino do Estado de So Paulo, Resoluo SMA n 32, de 26/04/08

    - referente ao Projeto Ambiental Estratgico e Decreto n 53.494 de 02/10/2008.

    Coordenador Geral do Livro Fauna Ameaada de Extino no Estado de So Paulo - Vertebrados

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    Agradecemos s instituies que participaram ativamente deste projeto:

    Fundao Parque Zoolgico de So Paulo (FPZSP)Pela cesso dos tcnicos que atuaram na Coordenao Geral, representando o PPFS e como elo entre este e os demais coordenadores envolvidos no processo e na Coordenao Executiva responsvel por toda a logstica do projeto:Coordenao Geral Paulo Magalhes Bressan Diretor Presidente Maria Ceclia Martins Kierulff Assessora da DiretoriaCoordenao Executiva Maria Luiza Gonalves Ctia de Paula Dejuste Marina Galvo Bueno

    Fundao para Conservao e Produo Florestal do Estado de So PauloPela cesso do tcnico que atuou na Coordenao Geral: Anglica Midori Sugieda

    Instituto FlorestalPela cesso dos tcnicos que produziram os mapas: Ciro Koiti Matsukuma (Pesquisador Cientfico) e Srgio Camargos Borgo (Agente de Apoio Pesquisa).

    Gabinete da Secretaria do Meio AmbientePela coordenao e elo entre a Coordenao Geral e a SMA: Roberta Buendia Sabbagh

    Aos coordenadores dos grupos temticos e s Instituies que cada um representaPor todo empenho no processo:Aves: Lus Fbio Silveira (USP)Anfbios: Paulo Christiano de Anchietta Garcia (USP) Ricardo Sawaya (Instituto Butantan)Mamferos: Alexandre Reis Percequillo (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - USP/Piracicaba)Peixes de gua doce / Continentais: Osvaldo Takeshi Oyakawa (Museu de Zoologia - USP)Peixes marinhos: Carmen Lucia Del Biando Rossi Wongtschowski (Instituto Oceanogrfico - USP) Andr M. Vaz-dos-Santos (Instituto Oceanogrfico - USP)Rpteis: Otvio Augusto Vuolo Marques (Instituto Butantan)e a todos os pesquisadores que participaram das consultas amplas e das reunies temticas.

    A todos os pesquisadoresAo irem alm de suas atividades de pesquisa para registrar fotograficamente e catalogar muitas espcies, com o objetivo de tornar este livro o mais completo possvel.

    Agradecimentos

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    Alexandre R. Percequillo Departamento de Cincias Biolgicas, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, SP.

    Alexandre Uezu Instituto de Pesquisas Ecolgicas IP, Nazar Paulista, SP.

    Alexandre Vogliotti Departamento de Zootecnia, Universidade Estadual Paulista Jlio de Mes-quita Filho, Jaboticabal, SP.

    Alexandre W.S. Hilsdorf Ncleo Integrado de Biotecnologia, Universidade de Mogi das Cruzes, Mogi das Cruzes, SP.

    Alexsander Z. Antunes Diviso de Dasonomia, Instituto Florestal do Estado de So Paulo, So Paulo, SP.

    Ana Paula Carmignotto Universidade Federal de So Carlos, Campus Sorocaba, SP.

    Andre de LucaSociedade para a Conservao das Aves do Brasil - SAVE Brasil, So Paulo, SP.

    Andr M. Vaz-dos-Santos Curso de Cincias Biolgicas, Universidade So Judas Tadeu, So Paulo, SP.

    Anglica M. Sugieda Gerncia de Desenvolvimento Sustentvel, Diretoria de Assistncia Tcnica, Fundao Florestal, So Paulo, SP.

    Antnio Olinto vila-da-Silva Centro Avanado de Pesquisa Tecnolgica do Agronegcio do Pescado Mari-nho, Instituto de Pesca - SAA/APTA, Santos, SP.

    Brbara M. Tomotami Departamento de Zoologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Beatriz M. BeisiegelCentro Nacional de Pesquisas para Conservao dos Predadores Naturais, Insti-tuto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade, Atibaia, SP.

    Bianca M. Berneck Departamento de Zoologia, Universidade Estadual Paulista Jlio de Mes-quita Filho, Rio Claro, SP.

    Bruna B. Brancalion Departamento de Cincias Biolgicas, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, SP.

    Carla S. Pavanelli Nuplia (Ncleo de Pesquisa em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura), Uni-versidade Estadual de Maring, Maring, PR.

    Carlos O.A. Gussoni Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho, Rio Claro, SP.

    Carmen Lcia D. B. Rossi-Wongtschowski Laboratrio de Ictiofauna, Instituto Oceanogrfico da Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Clio F. B. Haddad Departamento de Zoologia, Universidade Estadual Paulista Jlio de Mes-quita Filho, Rio Claro, SP.

    Cinthia A. Brasileiro Departamento de Zoologia, Universidade Estadual Paulista Jlio de Mes-quita Filho, Rio Claro, SP.

    Cludia T. Shaalmann Departamento Estadual de Proteo de Recursos Naturais (DEPRN), Secreta-ria de Estado do Meio Ambiente, So Paulo, SP.

    Cristiano C. Nogueira Conservao Internacional, Braslia, DF.

    Cynthia P. A. Prado Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho, Jaboticabal, SP.

    Dalton T. B. Nielsen Autnomo.

    Daniela L. Ingui Departamento de Zoologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Denise C. Rossa-Feres Departamento de Zoologia e Botnica, Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho, So Jos do Rio Preto, SP.

    Edison Barbieri Diviso de Maricultura, Instituto de Pesca - SAA/APTA, Cananeia, SP.

    Elisandra A. Chiquito Programa de Ps-graduao Interunidades - Ecologia Aplicada, Escola Supe-rior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, SP.

    Erika Hingst-Zaher Museu de Zoologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Lista de autores

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    rika Machado Departamento de Zoologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Fbio S. R. Amaral Departamento de Gentica e Biologia Evolutiva, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Fbio Schunck Departamento de Zoologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Fausto P. Campos Assessoria Tcnica da Diviso de Reservas e Parques Estaduais, Instituto Flo-restal do Estado de So Paulo, So Paulo, SP.

    Fernanda C. Azevedo Centro Nacional de Pesquisas para Conservao dos Predadores Naturais, Instituto Chico Mendes, Atibaia, SP.

    Flvio B. Molina Universidade Ibirapuera, So Paulo, SP.

    Flvio C.T. Lima Museu de Zoologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Francisco L. Franco Laboratrio de Herpetologia, Instituto Butantan, So Paulo, SP.

    Francisco Langeani Laboratrio de Ictiologia, Departamento de Zoologia e Botnica, Universi-dade Estadual Paulista, So Jos do Rio Preto, SP.

    Frederico G. Lemos Centro Nacional de Pesquisas para Conservao dos Predadores Naturais, Insti-tuto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade, Atibaia, SP.

    Gilson E. Iack-Ximenes Departamento de Cincias Biolgicas, Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhus, BA.

    Gisele Levy Departamento de Ecologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Giulyana A. Benedicto Departamento de Zoologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Guilherme R. R. Brito Departamento de Zoologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Gustavo S. Cabanne Departamento de Biologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Hebert Ferrarezzi Laboratrio de Ecologia e Evoluo, Instituto Butantan, So Paulo, SP.

    Hussam E. Zaher Museu de Zoologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Itamar A. Martins Departamento de Biologia, Universidade de Taubat, Taubat, SP.

    Jorge Jim Departamento de Zoologia, Universidade Estadual Paulista Jlio de Mes-quita Filho, Botucatu, SP.

    Jos Carlos Motta-Junior Departamento de Ecologia Geral, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Jos Lima de Figueiredo Museu de Zoologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Jos Maurcio B. DuarteNcleo de Pesquisa e Conservao de Cervdeos, Departamento de Zootecnia, Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho, Jaboticabal, SP.

    Luis Felipe Toledo Museu de Zoologia Prof. Dr. Ado Jos Cardoso, Universidade Estadual de Campinas, SP.

    Lus Fbio Silveira Departamento de Zoologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP e Mu-seu de Zoologia, Universidade de So Paulo, SP.

    Luiz Fernando A. Figueiredo Centro de Estudos Ornitolgicos, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Magno V. Segalla Laboratrio de Herpetologia, Museu de Histria Natural Capo da Imbuia, Curitiba, PR.

    Marcio Martins Departamento de Ecologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Marcio Port-CarvalhoDiviso de Florestas e Estaes Experimentais, Instituto Florestal do Estado de So Paulo, So Paulo, SP.

    Marco Antonio M. Granzinolli Departamento de Ecologia Geral, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Marco Antonio Rego Departamento de Zoologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

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    Marcus R. da Costa Centro Universitrio Mdulo, So Paulo, SP.

    Maria Ceclia M. Kierulff Fundao Parque Zoolgico de So Paulo, So Paulo, SP.

    Marina Somenzari Departamento de Zoologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Mario de Vivo Museu de Zoologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Mario M. Rollo Jr Campus Experimental do Litoral Paulista, Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho, So Vicente, SP.

    Michel Miretzki Autnomo.

    Mieko Kanegae Departamento de Ecologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Miguel T. U. Rodrigues Departamento de Zoologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Narcio A. Menezes Museu de Zoologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Natlia F. Rossi Departamento de Zoologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Olvia G. S. Arajo Departamento de Zoologia, Universidade Estadual Paulista Jlio de Mes-quita Filho, Rio Claro, SP.

    Oscar A. Shibatta Departamento de Biologia Animal e Vegetal da Universidade Estadual de Londrina, PR.

    Osvaldo T. Oyakawa Museu de Zoologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Otvio A. V. Marques Laboratrio de Ecologia e Evoluo, Instituto Butantan, So Paulo, SP.

    Patrcia Lopes Departamento de Zoologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Paulo C. A. Garcia Departamento de Zoologia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Ho-rizonte, SP.

    Pedro F. Develey Sociedade para a Conservao das Aves do Brasil - SAVE Brasil, So Paulo, SP.

    Renata Pardini Departamento de Zoologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

    Renato Gregorin Departamento de Biologia, Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.

    Renato S. Brnils Departamento de Vertebrados, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ.

    Ricardo J. Sawaya Laboratrio de Ecologia e Evoluo, Instituto Butantan, So Paulo, SP.

    Rodrigo L. Moura Programa Marinho, Instituto Conservation International do Brasil, Caravelas, BA.

    Rogrio C. Paula Centro Nacional de Pesquisas para Conservao dos Predadores Naturais, Insti-tuto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade, Atibaia, SP.

    Rogrio V. Rossi Departamento de Biologia e Zoologia, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiab, MT.

    Ronaldo G. Morato Centro Nacional de Pesquisas para Conservao dos Predadores Naturais, Insti-tuto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade, Atibaia, SP.

    Tatiana Neves Projeto Albatroz, Santos, SP.

    Valdir A. Taddei Instituto de Biocincias, Letras e Cincias Exatas, Universidade Estadual Pau-lista Jlio de Mesquita Filho, So Jos do Rio Preto, SP.

    Valdir J. Germano Laboratrio de Herpetologia, Instituto Butantan, So Paulo, SP.

    Vanessa K. Verdade Departamento de Zoologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, SP.

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    Introduo .........................................................................................................................................................................................17Mtodos .............................................................................................................................................................................................21Mamferos ..........................................................................................................................................................................................31 Tabelas .........................................................................................................................................................................................37 Fichas ...........................................................................................................................................................................................41Aves ...................................................................................................................................................................................................87 Tabelas .........................................................................................................................................................................................93 Fichas .........................................................................................................................................................................................101Rpteis .............................................................................................................................................................................................285 Tabelas .......................................................................................................................................................................................289 Fichas .........................................................................................................................................................................................291Anfbios ............................................................................................................................................................................................329 Tabelas .......................................................................................................................................................................................333 Fichas .........................................................................................................................................................................................335Peixes de gua Doce.........................................................................................................................................................................349 Tabelas .......................................................................................................................................................................................353 Fichas .........................................................................................................................................................................................357Peixes Marinhos ...............................................................................................................................................................................425 Tabelas .......................................................................................................................................................................................435 Fichas .........................................................................................................................................................................................439Sntese .............................................................................................................................................................................................569Anexo 1 Questionrio para a Consulta Ampla ...............................................................................................................................577Anexo 2 Lista dos consultores que responderam Consulta Ampla ..............................................................................................583Anexo 3 Lista de participantes das reunies temticas .................................................................................................................589Anexo 4 Dirio Oficial do Estado de So Paulo - Decreto N 53.494/08 ..........................................................................................593Anexo 5 Lista de Mamferos do Estado de So Paulo .....................................................................................................................599Anexo 6 Lista de Aves do Estado de So Paulo ..............................................................................................................................607Anexo 7 Lista de Rpteis do Estado de So Paulo ..........................................................................................................................625Anexo 8 Lista de Anfbios do Estado de So Paulo .........................................................................................................................631Anexo 9 Lista de Peixes de gua Doce do Estado de So Paulo ......................................................................................................637

    Sumrio

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    A preservao da biodiversidade um dos mais relevantes dilemas e desafios da sociedade humana moderna. Nas ltimas dcadas, as mudanas climticas globais, a utilizao desenfreada dos recursos naturais e a degradao acentuada dos ecossistemas contriburam, de forma decisiva, para a deteriorao das condies gerais do meio ambiente (So Paulo, 2005).

    H anos se debate o estabelecimento de um programa de proteo fauna no mbito da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de So Paulo (SMA), pois a retirada da fauna silvestre do seu ambiente natural e a destinao desses animais apreendidos pelos rgos fiscalizadores so problemas cruciais a serem resolvidos (So Paulo, 1999).

    Sendo assim, no incio de 2000, a SMA lanou o Programa de Proteo Fauna Silvestre do Estado de So Paulo (PPFS), por meio da Resoluo SMA 08 (25/4/2000), indicando um grupo gestor coordenado pela Fun-dao para a Conservao e Produo Florestal do Estado de So Paulo (Fundao Florestal FF) e composto por integrantes da Coordenadoria de Informaes Tcnicas, Documentao e Pesquisa Ambiental (CINP); Instituto Florestal (IF); Departamento Estadual de Proteo de Recur-sos Naturais (DEPRN/CPRN); Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) e Polcia Florestal e de Mananciais. Os primeiros ob-jetivos definidos por esse grupo foram elaborar e estruturar o PPFS; im-plantar o Projeto do Centro de Manejo, Reabilitao e Triagem de Animais Silvestres CEMAS no Parque Estadual Albert Lefgren e propor aes complementares para atendimento e integrao dos servios de norma-tizao, fiscalizao e manejo da fauna silvestre no Estado de So Paulo.

    No final de 2004, a Fundao Parque Zoolgico de So Paulo (FPZSP) passou a ser vinculada SMA, por meio do Decreto Estadual N 49.098 (3/11/2004); e, em 2005, a coordenao do PPFS e a gesto do CEMAS foram transferidas FPZSP (Resoluo SMA 03, de 7/1/2005). Desde en-to, o grupo gestor passou a ser formado por membros da FF, do IF, do DEPRN e da Polcia Militar Ambiental (PolAmb), alm da FPZSP. A coor-denao pela FPZSP representa o PPFS perante o Gabinete do Secretrio do Meio Ambiente e tem a sua rotina de trabalho estabelecida no regi-mento interno, aprovado e publicado por meio da Resoluo SMA 53, de 18 de dezembro de 2006. Atualmente, o programa tem por objetivos a conservao da diversidade do patrimnio gentico e a proteo da integridade da fauna silvestre do Estado de So Paulo, os quais podero ser alcanados por meio de vrias aes, como a atualizao da lista de

    fauna ameaada do Estado de So Paulo.Em 2007, o Secretrio do Meio Ambiente instituiu 21 Projetos Am-

    bientais Estratgicos que traam diretrizes para sua atuao frente s diferentes pastas e rgos vinculados Secretaria (Resoluo SMA 21, de 16 de maio de 2007). Essas aes ambientais tm como diretrizes as mudanas climticas e os reflexos do aquecimento global; o desenvolvi-mento sustentvel e a gesto eficiente, com resultados e transparncia. O PPFS foi ento incorporado como um desses projetos e passou a ser chamado Projeto Ambiental Estratgico Fauna Silvestre, com os seguin-tes objetivos: normatizao da proteo da fauna silvestre; instalao de locais de recebimento de animais silvestres capturados; e combate ao comrcio ilegal de animais silvestres.

    O Brasil considerado, atualmente, o pas que concentra a maior biodiversidade do planeta (Mittermeir et al, 1997). Uma das expresses dessa grande biodiversidade a sua rica e exuberante fauna, constitu-da de mais de 100 mil espcies, entre mamferos, aves, anfbios, pei-xes, rpteis, insetos e outros invertebrados (Machado et al, 2005). Em uma recente anlise sobre a biodiversidade, Lewinsohn e Prado (2002) estimaram que entre 10% e 20% de toda a diversidade conhecida no planeta (180 a 220 mil espcies) est no Brasil, apesar de apenas 10% ser conhecida.

    Com a perda da biodiversidade, estima-se que, em poucas dcadas, diversas espcies podero desaparecer por completo, sobretudo as en-dmicas, isto , aquelas que s existem em determinados ambientes aos quais esto bem adaptadas. A extino de espcies configura um dos problemas ambientais mais dramticos deste incio de sculo. A populao humana tem crescido exponencialmente h 500 anos, e no coincidentemente a grande destruio de habitats e o forte impulso para a extino de muitas espcies tm ocorrido nos ltimos 150 anos. Atu-almente, as florestas tropicais esto desaparecendo a uma taxa anual de 13 milhes de hectares (FAO, 2005), dando lugar a plantaes, reas de pastagens, rodovias, hidreltricas, reas urbanas e outros empreen-dimentos decorrentes da presso humana que transformam as grandes reas de florestas contnuas em fragmentos de diversos tamanhos e graus de isolamento.

    Mais que nunca, precisamos conhecer a biodiversidade existente, identificar os principais fatores que a ameaam e estabelecer priorida-des de ao. Nesse contexto, as listas de espcies ameaadas, elaboradas

    IntroduoIntroduoAnglica Midori Sugieda

    Claudia Terdiman Schaalmann

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    com rigor cientfico e oficialmente reconhecidas, constituem instrumen-tos poderosos para orientar e aglutinar os esforos conservacionistas, dando-lhes maior racionalidade e eficcia.

    O Brasil elaborou sua primeira lista de fauna ameaada em 1973 (Portaria n 3.481 DN/73), citando 86 espcies. Em 1989, a lista foi atualizada pela Portaria IBAMA n 1.522, de 19/12/1989, na qual fo-ram classificadas 207 espcies sob algum grau de ameaa e mais sete espcies provavelmente extintas em nosso pas. Em 2003, o Ministrio do Meio Ambiente, por meio da Instruo Normativa n 3, revisou a lista vermelha de espcies da fauna brasileira ameaadas de extino, chegando a 627 txons sob algum grau de ameaa e mais nove classi-ficados como extintos ou extintos na natureza (Machado et al, 2005). Tal lista tem o intuito de servir como um instrumento de conservao da biodiversidade do governo brasileiro, onde so apontadas as esp-cies que, de alguma forma, esto ameaadas quanto sua existncia, constituindo, ainda, elemento de referncia na aplicao da Lei de Cri-mes Ambientais.

    A primeira lista estadual de fauna ameaada no Brasil foi publicada no Paran em 17 de fevereiro de 1995 (Lei n 11.067/95). No mesmo ano, a Fundao Biodiversitas, atendendo solicitao do Instituto Esta-dual de Florestas de Minas Gerais, elaborou a lista mineira (Deliberao COPAM 041/95).

    Em fevereiro de 1998, o Estado de So Paulo acatou a recomendao de especialistas reunidos na Universidade Federal de So Carlos e decla-rou como ameaadas de extino ou como provavelmente ameaadas as espcies da fauna silvestre listadas nos anexos do Decreto n 42.838/98. O Estado do Rio de Janeiro homologou sua lista no mesmo ano, median-te a Portaria SEMA n 1, de 4 de junho de 1998.

    As listas estaduais, alm de incorporar as caractersticas peculiares de cada estado, tm o mrito de envolver de forma definitiva a ao do governo estadual no processo de conservao dos recursos naturais, que, assim, pode instituir instrumentos de controle, fiscalizao e proteo mais eficazes desses recursos. A necessidade de atualizao das listas j publicadas demonstra a rapidez com que a dinmica das populaes da fauna silvestre est sendo alterada, em vista dos crescentes e cons-tantes processos antrpicos de degradao ambiental destruio de ecossistemas, mudanas climticas, urbanizao, introduo de espcies exticas invasoras, dentre outros.

    Esta publicao apresenta as 436 espcies ameaadas ou quase ame-aadas de extino e as espcies de peixes colapsadas, sobre-explotadas e ameaadas de sobre-explotao no Estado de So Paulo, oficializadas por meio do Decreto Estadual no 53.494, de 2 de outubro de 2008. O ob-jetivo divulgar quais so as principais causas dessas ameaas e trazer informaes que contribuam para a formulao de projetos e progra-mas especficos voltados para a conservao dessas espcies. Apresenta tambm as espcies com dados insuficientes para uma avaliao segura do seu status de conservao, sugerindo a necessidade de maior inves-timento em pesquisa sobre esses animais pelas instituies cientficas e agncias de fomento.

    Referncias BibliogrficasFAO, 2005. Global Forest Resource Assessment 2005. Rome Italy, Food and Agriculture

    Organization of the United Nations, n.p.

    Lewinsohn, T. M. & Prado, P.I., 2002. Biodiversidade Brasileira: Sntese do Estado Atual do Conhecimento. Editora Contexto, So Paulo, SP. 176 pp.

    Machado, A. B. M.; Martins, C. S. & Drummond, G. M., 2005. Lista da Fauna Brasileira Ameaada de Extino: Incluindo as Espcies Quase Ameaadas e Deficientes em Dados. Belo Horizonte: Fundao Biodiversitas, 160p.

    Mittermeier, R. A.; Robles-Gil, P. & Mittermeier, C., 1997. Megadiversity: Earths Biologically Wealthiest Nations. Agrupacin Sierra Madre, Mxico: CEMEX. 501 pp.

    So Paulo (Estado), 1998. Decreto Estadual N 42.838 de 4 de fevereiro de 1998. De-clara as Espcies da Fauna Silvestre Ameaadas de Extino e as Provavelmente Ameaadas de Extino no Estado de So Paulo e d providncias correlatas. Dirio Oficial do Estado de So Paulo, So Paulo, seo 1, 108 (25).

    So Paulo (Estado), 1999. Secretaria do Meio Ambiente. Seminrio de Recepo e Destina-o de Animais Silvestres Relatrio. So Paulo: Srie Relatrios Ambientais. 88p.

    So Paulo (Estado), 2000. Secretaria do Meio Ambiente. Resoluo SMA 8 de 25 de abril de 2000. Institui no mbito desta Secretaria o Programa de Proteo Fauna Silvestre do Estado de So Paulo, a ser desenvolvido junto vinculada Fundao para a Conservao e a Produo Florestal do Estado de So Paulo. Dirio Oficial do Estado de So Paulo, So Paulo, seo 1, 110 (78).

    So Paulo (Estado), 2004. Decreto Estadual N 49.095 de 3 de novembro de 2004. Al-tera a vinculao da Fundao Parque Zoolgico de So Paulo e d providncias correlatas. Dirio Oficial do Estado de So Paulo, So Paulo, seo 1, 114 (207).

  • 19

    So Paulo (Estado), 2005. Secretaria do Meio Ambiente. Programa de Proteo Fauna Silvestre do Estado de So Paulo Memrias dos Trabalhos. So Paulo: Documento tcnico no publicado.

    So Paulo (Estado), 2005. Secretaria do Meio Ambiente. Resoluo SMA 03 de 7 de janeiro de 2005. Altera a Resoluo SMA 8 de 25 de abril de 2000 e d outras pro-vidncias. Dirio Oficial do Estado de So Paulo, So Paulo, seo 1, 115 (5).

    So Paulo (Estado), 2006. Secretaria do Meio Ambiente. Resoluo SMA 53 de 18 de de-zembro de 2006. Aprovar o Regimento Interno do Programa de Proteo Fauna Silvestre do Estado de So Paulo. Dirio Oficial do Estado de So Paulo, So Paulo, seo 1, 116 (239).

    So Paulo (Estado), 2007. Secretaria do Meio Ambiente. Resoluo SMA 21 de 16 de maio de 2007. Dispe sobre a instituio dos Projetos Ambientais Estratgicos da Secretaria do Meio Ambiente. Dirio Oficial do Estado de So Paulo, So Paulo, seo 1, 117 (92).

    So Paulo (Estado), 2008. Decreto Estadual N 53.494 de 2 de outubro de 2008. Declara as Espcies da Fauna Silvestre Ameaadas, as Quase Ameaadas, as Colapsadas, as Sobre-explotadas, as Ameaadas de Sobre-explotao e com dados insuficientes para avaliao no Estado de So Paulo e d providncias correlatas. Dirio Oficial do Estado de So Paulo, So Paulo, seo 1, 118 (187).

  • M T O D O S

  • 22 M T O D O S

    Autor

    Maria Ceclia Martins Kierulff

  • 23M T O D O S

    Processo operacional A primeira lista da fauna ameaada de So Paulo foi publicada em

    1998 (Decreto n 42.838) e deveria ser atualizada a cada quatro anos. A atualizao da Lista da Fauna de Vertebrados Ameaados de So Paulo foi definida como ao prioritria para a conservao da fauna do Esta-do pelo PPFS (Programa de Proteo Fauna Silvestre de So Paulo da Secretaria do Meio Ambiente), que apresentou uma proposta e coorde-nou as atividades para a definio da nova lista. A atualizao da lista de invertebrados ameaados de extino no Estado de So Paulo ainda est sendo preparada e ser includa como um anexo ao decreto. Devido complexidade e diversidade do grupo de invertebrados, os prazos para a definio dos critrios, consulta ampla e avaliao das categorias de ameaa das espcies de invertebrados foram maiores do que o previsto para os vertebrados. Para no prejudicar a publicao da lista atualizada dos vertebrados ameaados, ficou decidido que o processo para a elabo-rao da lista dos txons ameaados de vertebrados e invertebrados no Estado de So Paulo seria coordenado separadamente.

    O processo de atualizao da lista teve incio em 10 de maro de 2008, quando houve a primeira reunio com os coordenadores temti-cos dos grupos de mamferos, aves, rpteis, anfbios, peixes de gua doce e peixes marinhos, e foram decididos critrios, atividades e cronograma. Os especialistas convidados para coordenar cada grupo temtico traba-lham (ou trabalhavam na poca) para instituies de ensino e pesquisa do Estado de So Paulo e foram selecionados devido a sua comprovada experincia em trabalhos de conservao e/ou participao na elabora-o de outras listas estaduais e/ou nacional.

    As etapas para a definio da Lista de Espcies de Vertebrados Ame-aadas do Estado de So Paulo atualizada incluram, inicialmente, con-sulta a pesquisadores de cada grupo animal, que responderam a ques-tionrios enviados pela internet (Anexo 1). Essa consulta ampla serviu para a atualizao das informaes e avaliao do estado atual de con-servao das espcies de vertebrados que ocorrem em So Paulo. Para a elaborao da relao de espcies candidatas lista da fauna ameaada, foram enviadas, junto com o questionrio, a lista anterior de So Paulo, publicada em 1998 (decreto n 42.838) (So Paulo, 1998), a lista global das espcies ameaadas (IUCN, 2008), a lista brasileira de 2003 (Macha-do et al., 2008) e as listas mais recentes das espcies ameaadas nos estados de Minas Gerais (Biodiversitas, 2007), Rio de Janeiro (Bergallo

    et al., 2000) e Paran (Mikich & Brnils, 2004). No total foram enviados 262 questionrios para pesquisadores envolvidos com vertebrados no Estado de So Paulo, assim divididos: 111 para mamferos, 41 em aves, 27 para rpteis, 36 para anfbios, 16 para peixes de gua doce e 31 para peixes marinhos. Os pesquisadores que responderam os questionrios esto listados no Anexo 2.

    Aps o prazo para recebimento dos questionrios respondidos, fo-ram organizadas reunies com no mximo dez especialistas de cada rea, que avaliaram o estado de conservao de cada txon que ocorre em So Paulo. Os participantes dessas reunies foram aqueles que mais contriburam com a consulta ampla, conheciam mais a fauna geral do Estado de So Paulo e/ou poderiam contribuir por seu conhecimento da fauna em biomas especficos e experincia em outras listas de espcies ameaadas. Entre 30 de julho a 13 de agosto de 2008 foram organizadas separadamente as reunies temticas, com durao de dois a trs dias cada. Mais de 60 pesquisadores de vrias instituies participaram (Ane-xo 3), discutiram os resultados da consulta ampla e definiram o estado de ameaa de cada txon. O resultado final foi encaminhado Secretaria do Meio Ambiente e o decreto com a Lista das Espcies da Fauna Sil-vestre Ameaadas de So Paulo foi publicado em 2 de outubro de 2008 (Decreto n 53.494) (Anexo 4).

    As atividades e a logstica para as reunies de preparao da lista fo-ram coordenadas pela Fundao Parque Zoolgico de So Paulo (FPZSP), a cargo de Paulo Magalhes Bressan (FPZSP), Maria Ceclia Martins Kie-rulff (FPZSP) e Anglica Midori Sugieda (Fundao Florestal), com coor-denao executiva de Maria Luiza Gonalves, Ctia de Paula Dejuste e Marina Galvo Bueno (FPZSP).

    Os coordenadores de cada grupo temtico, que gerenciaram as con-sultas e reunies para a definio da lista, foram: para mamferos, Ale-xandre dos Reis Percequillo (USP/ESALQ); para aves, Lus Fbio Silveira (USP/IB); para rpteis, Otvio Augusto Vuolo Marques (Instituto Butan-tan); para anfbios, Paulo Christiano Anchietta Garcia (USP/MZ) e Ricardo Janinni Sawaya (Instituto Butantan); para peixes continentais, Osvaldo Takeshi Oyakawa (USP/MZ); e para peixes marinhos, Carmen Lcia Del Bianco Rossi e Andr Vaz dos Santos (USP/IO).

    Sistema de avaliaoA atualizao da Lista das Espcies de Vertebrados Ameaados no

  • 24 M T O D O S

    Estado de So Paulo foi feita a partir das categorias (Fig. 1 e 2) e dos critrios propostos pela verso 3.1 da IUCN (2001), sem qualquer mo-dificao. Esse sistema foi empregado na redefinio da Lista da Fauna Brasileira Ameaada de Extino (Machado et al., 2005; Machado et al. 2008) e nas listas recentes dos estados de Paran, Minas Gerais, Esprito Santo e Par. O emprego de um mesmo sistema em diferentes listas per-mite comparaes e o uso de parmetros iguais para a categorizao das espcies, bem como tratamento equivalente nas diferentes legislaes estaduais.

    Alm disso, para a avaliao do estado de conservao da fauna de vertebrados do Estado de So Paulo, foram usadas as adaptaes re-gionais das categorias e critrios conforme proposto por Gardenfors et al. (2001). A avaliao das populaes regionais das es-pcies permitiu um upgrade ou downgrade das categorias em relao s listas brasileira ou global. Dessa maneira, al-guns txons avaliados nacio-nalmente, que no correm risco de extino, podem estar ameaados de extino no Estado de So Paulo de-vido a problemas regionais, ou algumas espcies extintas regionalmente, podem ainda ser encontradas em outros estados.

    Segundo a IUCN (2001), os txons so avaliados e classificados de acordo com os tipos de ameaas sofridas e do percentual de perda da populao dentro de um perodo de tem-po definido, e so feitas anlises de declnio populacional (no passado, no presente ou em projees para o futuro), das causas desse declnio (destruio ou degradao do habitat; espcies invasoras, patgenos, poluio etc.), do tamanho da distribuio geogrfica atual e rea de ocorrncia da espcie, do tamanho atual de cada populao da espcie,

    do estado de fragmentao das populaes e, quando existem informa-es suficientes, so tambm considerados os resultados de anlises de viabilidade populacional (PVA) (Fig. 3).

    Para a apresentao das categorias foram usadas abreviaturas refe-rentes aos nomes em ingls, para padronizao com as listas mundial, brasileira e de outros estados. Dentro das categorias de ameaa, as esp-cies que correm um risco maior de extino so classificadas como Cri-ticamente em Perigo (CR), seguidas pelas categorias Em Perigo (EN) e Vulnervel, em graus decrescentes de risco de extino (Fig. 2). As principais diferenas entre as categorias de ameaa so: a proporo da populao que j desapareceu ou pode vir a desaparecer dentro de um intervalo de tempo, e que pode variar de 90% at 30%; uma rea de

    distribuio com tamanho entre 100 e 20.000 km2 (ex-tenso de ocorrncia); uma rea total de ocupao pela espcie variando entre 10 a 2.000 km2; o nmero total de indivduos na natureza aptos a reproduzir, que pode variar de menos de 250 em apenas uma populao, at 10.000 distribudos em 10 popu-laes (Fig. 3). Assim, se o nmero total de indivduos de uma espcie sofreu 90% ou mais de reduo no pas-sado, presente ou futuro, e se as informaes foram basea-das nas premissas listadas no Critrio A1 da IUCN (2001), a espcie avaliada como

    Criticamente em Perigo; se sofreu reduo entre 90 e 70%, classifica-da como Em Perigo; e assim sucessivamente para cada um dos critrios descritos pela IUCN (2001). Os critrios usados para classificar uma esp-cie dentro de cada categoria de ameaa devem ser citados. Por exemplo, usando o mesmo exemplo acima, uma espcie considerada Criticamente em Perigo porque sua populao sofreu uma reduo de mais de 90%

    Categorias de IUCN (2001)

    Avaliada

    No Avaliada (NE)

    Com informaesinsucientes

    Dados insucientes (DD)

    Ameaada

    Extinto (EX)

    Extinto na natureza (EW)Criticamente em Perigo (CR)

    Em Perigo (EN)

    Vulnervel (VU)Quase Ameaado (NT)

    No ameaada - menor risco (LC)

    Com informaessucientes

    Figura 1.Categorias da IUCN (2001) verso 3.1 usadas para a avaliao das espcies.

    Modificado a partir de IUCN (2001).

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    Extinto (EX) Um txon est Extinto quando no h dvida de que o ltimo indivduo morreu na natureza. Presume-se que um txon esteja Extinto quando inventrios exaustivos em seu habitat conhecido e/ou esperado e em perodos apropriados (diurno, sazonal, anual) ao longo de toda a sua distribuio histrica no registraram nenhum indivduo. Os inventrios devem ser feitos em uma escala de tempo apropriada ao ciclo e forma de vida do txon.Regionalmente Extinto (RE) Um txon est Regionalmente Extinto quando no h dvida de que o ltimo indivduo morreu na natureza, dentro da regio avaliada, no caso, no estado de So Paulo. Presume-se que um txon esteja Regionalmente Extinto quando inventrios exaustivos ao longo de sua distribuio histrica, dentro da regio avaliada, no registraram nenhum indivduo. Extinto na Natureza (EW) Um txon est extinto na Natureza quando se sabe que ele existe somente em cultivo, cativeiro ou em populaes inseridas na natureza em reas completamente distintas de sua distribuio original.Criticamente em Perigo (CR) Um txon est Criticamente em Perigo quando existem evidncias para enquadr-lo em qualquer dos critrios A a E (Fig. 3) para Criticamente em Perigo e enfrenta um risco extremamente alto de extino na natureza. Em Perigo (EN) Um txon est Em Perigo quando existem evidncias para enquadr-lo em qualquer dos critrios A a E (Fig. 3) para Em Perigo e enfrenta um risco muito alto de extino na natureza.Vulnervel (VU) Um txon est Vulnervel quando existem evidncias para enquadr-lo em qualquer dos critrios A a E (Fig. 3) para Vulnervel e enfrenta um risco alto de extino na natureza.Quase Ameaado (NT) Um txon est Quase Ameaado quando sua avaliao no o qualifica para as categorias Criticamente em Perigo, Em Perigo e Vulnervel, mas indica que est em vias de entrar para uma dessas categorias em um futuro prximo.De Menor Risco (LC) (No ameaado) Um txon considerado como de Menor Risco (Least Concern) quando sua avaliao no o qualifica para as categorias Criti-camente em Perigo, Em Perigo e Vulnervel ou Quase Ameaado. Nesta categoria esto includos os txons de distribuio ampla e abundante.Dados Deficientes (DD) Um txon qualifica-se como Deficiente em Dados quando as informaes existentes sobre ele so inadequadas para se fazer uma avaliao sobre seu risco de extino. Um txon nessa categoria pode ser bem estudado e sua biologia conhecida, mas faltam informaes apropriadas sobre sua abundncia e/ou distribuio geogrfica. A categoria DD no uma categoria de ameaa e a colocao de um txon nessa categoria indica que mais informaes so necessrias sobre ele, reconhecendo-se a possibilidade de futuras pesquisas mostrarem que o txon se enquadra em alguma das categorias de ameaa. No Avaliado (NE) Um txon No Avaliado quanto ele no foi avaliado quanto aos critrios de ameaa e no se enquadra na categoria DD.Colapsados (CO) - Txons (de peixes marinhos) cuja explorao foi to intensa que reduziu a um nvel crtico a biomassa, o potencial de reproduo e as capturas, com-prometendo severamente sua eventual recuperao.Sobrexplotados (SO) Txons (de peixes marinhos) (a) cuja explorao foi to intensa que reduziu significativamente a biomassa, o potencial de reproduo e as capturas ou (b) aqueles cujo habitat foi to intensamente degradado que reduziu sua presena a poucas localidades, em ambos os casos (a e b) podendo colapsar caso um monitoramento e medidas de gesto no sejam efetivamente implementados. Ameaadas de Sobrexplotao (AS) Txons (de peixes marinhos) cuja reduo da biomassa ou do potencial de reproduo ou das capturas ou da rea de ocorrncia evidente, requerendo monitoramento e medidas de gesto.

    Figura 2 Definio das categorias de classificao das espcies. Com exceo das categorias usadas para os peixes marinhos, todas as outras foram definidas em IUCN (2001). Modificado a partir de Machado et al. (2005).

  • 26 M T O D O S

    Critrios A-E Criticamente em Perigo Em Perigo Vulnervel

    A. Populao em declnio Declnio medido ao longo de 10 anos ou 3 geraes, considerando o mais longo.

    A1 >90% >70% >50%

    A2, A3, A4 >80% >50% >30%

    A1. Reduo da populao observada, estimada, inferida ou suspeita, no passado (nos ltimos 10 anos ou 3 geraes, o que for mais longo), e as causas da reduo so reversveis E conhecidas E cessaram baseado em:a) observao direta;b) ndice de abundncia apropriado para o txon;c) reduo na rea de ocupao, na extenso da ocorrncia, e/ou qualidade do habitat;d) nveis reais ou potenciais de explorao;e) efeitos da introduo de taxa, hibridao, patgenos, poluentes, competidores ou parasitas.

    A2. Reduo da populao observada, estimada, inferida ou suspeita, no passado (nos ltimos 10 anos ou 3 geraes, (o mais longo), onde as causas da reduo no cessaram OU no so conhe-cidas OU podem ser irreversveis, baseados qualquer um dos itens (a) at (e) de A1.

    A3. Reduo de populao projetada ou suspeita para os prximos 10 anos ou 3 geraes, o que for mais longo (at um mximo de 100 anos), baseado em qualquer um dos itens (a) at (e) de A1.

    A4. Reduo da populao observada, estimada, inferida ou suspeita ao longo de 10 anos ou 3 geraes, o que for mais longo (at um mximo de 100 anos no futuro),onde o perodo de tempo inclui tanto o passado quando o futuro, e onde as causas da reduo no cessaram OU no so conhecidas OU podem ser irreversveis, baseado em qualquer um dos itens a) at (e) de A1.

    B. Distribuio geogrfica na forma de BI (extenso da ocorrncia) OU B2 (rea de ocupao) ou ambos

    B1. Extenso da ocorrncia

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    nos ltimos 10 anos devido reduo de sua rea de ocorrncia, deve ser classificada como CR A1c.

    Alm disso, as espcies que ainda no esto ameaadas, mas que se nada for feito e as ameaas persistirem podem vir a ser consideradas em risco de extino em futuro prximo, foram classificadas como Quase Ameaadas (NT = Near Threatened) (Fig.1 e 2); espcies sobre as quais no existem informaes suficientes para avaliar seu estado atual de conservao, como aquelas com registros nicos duvidosos ou com pro-blemas taxonmicos, foram includas na categoria Dados Deficientes (DD); espcies comprovadamente extintas no Estado de So Paulo foram categorizadas como Regionalmente Extintas (RE); e txons introduzidos ou vagrants (que apenas passam pelo territrio do Estado de So Paulo e, durante essa passagem, no dependem de qualquer recurso para ali-mentao ou reproduo), no foram avaliadas (NE = Not Evaluated).

    Na lista atual os peixes marinhos foram classificados de acordo com sua rea de ocorrncia e explorao (recursos de interesse socioeconmi-co) (ver Captulo Peixes Marinhos). Posteriormente ser proposta uma re-soluo com recomendaes especficas para a conservao/recuperao dessas espcies.

    A lista das espcies de vertebrados Ameaados de Extino no Estado de So Paulo includos nas trs categorias: Criticamente Em Perigo (CR), Em Perigo (EN) e Vulnervel (VU); a lista dos peixes marinhos ameaados e includos nas categorias Colapsados (CO), Sobrexplotado (SO) e Ame-aados de Sobrexplotao (AS); a lista das espcies Quase Ameaadas (NT) e com Dados Deficientes (DD) foram publicadas no dia 2 de outubro de 2008, Decreto n 53.494 (Anexo 4).

    Comparao com a primeira lista da fauna ameaada de So PauloPara a elaborao da primeira lista da fauna ameaada de So Paulo

    (Decreto n 42.838, de 1998), a avaliao do grau de ameaa das esp-cies foi baseada em um sistema de notas de 0 a 3, de acordo com carac-tersticas como o tamanho da rea de distribuio da espcie, alteraes ambientais, plasticidade, tamanho populacional e variao da popula-o, e a soma de todas as notas indicava a categoria de ameaa; no se usou propores ou tamanhos pr-determinados como descrito nos critrios da verso 3.1 da IUCN (2001).

    Na lista de 1998 algumas espcies foram classificadas como Prova-velmente Extintas (PE), o que hoje seria equivalente categoria Regio-

    nalmente Extinto (RE) apesar de que as exigncias e o esforo de pro-cura para considerar uma espcie extinta atualmente so muito maiores (IUCN, 2001). Outra diferena na apresentao dos dados diz respeito s abreviaturas usadas para as categorias, e na lista anterior foram usadas abreviaturas a partir dos nomes das categorias em portugus. Ainda, na lista de 1998, quando os dados disponveis foram insuficientes para se chegar a uma concluso, as espcies foram consideradas presumivel-mente ameaadas de extino e includas na categoria Provavelmente Ameaada (PA). Na atualizao da lista de So Paulo, e de acordo com os novos critrios da IUCN, as espcies sobre as quais no existem informa-es suficientes foram classificadas como Dados Deficientes (DD), pois a falta de informaes sobre um txon no o coloca necessariamente como ameaado.

    A lista atual de espcies ameaadas no Estado de So Paulo no pode ser comparada lista de 1998, pois a verso anterior no seguiu os crit-rios da IUCN, que foram publicados apenas em 2001. Assim, os mtodos usados tanto para a avaliao quanto para a classificao das espcies foram diferentes. Por isso no correto estabelecer paralelos entre as duas listas em afirmaes sobre aumento ou diminuio do nmero de espcies ameaadas, de 1998 para hoje.

    Organizao do livroO livro da Fauna de Vertebrados Ameaados de So Paulo foi dividido

    em nove captulos: introduo geral, mtodos, sntese da situao atual de conservao da fauna de vertebrados em So Paulo e um captulo para cada grupo de vertebrados. No incio do livro foi includa, tambm, uma lista de todos os autores com suas respectivas instituies.

    Para vrios grupos, os especialistas que participaram das reunies para a definio das espcies ameaadas de So Paulo tambm auxilia-ram no levantamento e compilao das informaes e na redao dos textos dos captulos e das fichas de cada espcie, sendo assim includos como coautores. Nesse caso, para a citao de qualquer informao do captulo todos os autores includos no incio devem ser citados. Para os trabalhos de outros grupos foram convidados especialistas alm dos que participaram do processo de definio da lista; nestes casos, a introdu-o do captulo e cada txon possui uma ficha com autores distintos, que devem ser referidos quando as informaes contidas na respectiva ficha forem citadas.

  • 28 M T O D O S

    Cada captulo inclui introduo descrevendo a situao geral de con-servao das espcies de cada grupo no Estado de So Paulo, tabelas com as espcies ameaadas (CR, EN, VU e RE), Quase Ameaadas (NT) e com Dados Deficientes (DD), e fichas com informaes gerais sobre cada espcie ameaada (Figura 4).

    As espcies no includas nas tabelas no foram avaliadas ou foram classificadas como De Menor Risco (LC = Least Concern). No final do li-vro (Anexos 05 a 10) so apresentadas listas gerais relacionando todos os txons de mamferos, aves, rpteis, anfbios e peixes de gua doce com ocorrncia comprovada para o Estado de So Paulo. Foram includas

    Nome vernacularR-achatada-de-Alcatrazes-de-Fausto.

    Categoria proposta para So PauloCR B1abiii+2abiii.

    JustificativaOcorre em rea restrita (1,35 km2). O habitat original foi reduzido em fun-o dos exerccios de tiro efetuados pela Marinha, que ocasionam incn-dios na ilha.

    Situao em outras listasIUCN (2008): CR; Brasil (2003): no citada; So Paulo (1998): no citada; Minas Gerais (2007): no ocorre; Rio de Janeiro (1998): no ocorre; Paran (2004): no ocorre.

    Distribuio e habitatRestrita Ilha dos Alcatrazes, possivelmente em uma nica rea reduzida de vale, no Saco do Funil, em floresta ombrfila densa.

    Presena em unidades de conservaoSem registro em unidades de conservao (UCs) de So Paulo.

    Biologia da espcieEncontrada em leito seco de riacho, formado por rochas grandes, em pe-queno vale, no qual a gua escorre durante a estao chuvosa (Brasileiro et al., 2007a). Machos e fmeas podem ser encontrados sobre as rochas, expostos, ou em frestas midas de rochas, onde depositam seus ovos e se escondem quando perturbados (Brasileiro et al., 2007a; R. J. Sawaya, obs. pess.). Foi encontrada ativa nos meses de maro, agosto e setembro, e a atividade de vocalizao de cinco machos em frestas de rochas foi registra-da em uma noite de agosto, aps uma tarde chuvosa; na mesma noite uma fmea foi observada protegendo um ninho com 31 ovos, depositados em uma fresta de rocha (Brasileiro et al., 2007). Parece ser uma espcie rara na ilha, com no mximo 11 indivduos observados em uma noite (Brasileiro et al., 2007a).

    AmeaasBombardeios no habitat realizados periodicamente pela Marinha do Brasil.

    Medidas para conservaoSuspenso dos tiros efetuados pela Marinha e manejo das reas destru-das pelos bombardeios e incndios para acelerar a regenerao da mata original.

    FOTOGRAFIA: RJ Sawaya

    Cycloramphus faustoi Brasileiro, Haddad, Sawaya & Sazima, 2007Anura, Cycloramphidae

    Mapa da distribuio conhecida (registros histricos e atuais) da espcie.

    Figura 4. Informaes apresentadas nas fichas das espcies de mamferos, aves, rpteis, anfbios e peixes de gua doce ameaadas de extino no Estado de So Paulo.

    Nome da espcie, autor(es) da espcie e ano que a espcie

    foi descrita.

    Ordem, Famlia.

    Categoria de ameaa proposta de

    acordo com a IUCN (2001) e

    critrios usados.

    Justificativa para o uso dos critrios.

    Categorias de ameaa nas quais

    a espcie foi classificada na Lista

    global de espcies ameaadas (IUCN

    2008); na lista nacional, na lista de espcies ameaadas

    de SP (1998) e nas listas mais recentes

    dos estados que fazem divisa com So Paulo: Minas

    Gerais, Rio de Janeiro e Paran.

  • 29M T O D O S

    tambm espcies exticas introduzidas espcies que originalmente no ocorriam no estado, mas foram introduzidas acidental ou inten-cionalmente e, atualmente, encontram-se estabelecidas em So Paulo. Essas espcies podem competir, introduzir doenas etc., representando potenciais ameaas fauna nativa.

    Alguns autores que contriburam para a elaborao das listas gerais de vertebrados ocorrentes em So Paulo no participaram da redao dos captulos de ameaados e vice-versa. Portanto, cada lista deve ser citada separadamente e com seus devidos autores.

    Devido s particularidades do grupo e s dificuldades para definir os limites da rea de ocorrncia de vrias espcies, o captulo de peixes marinhos seguiu um modelo diferente e no foram includos mapas de distribuio (Captulo Peixes Marinhos). Alm disso, no foi possvel ela-borar uma lista geral das espcies de peixes marinhos que ocorrem no Estado de So Paulo.

    Referncias bibliogrficasBergallo, H.G.; Rocha, C.F.D.& Alves, M.A.S.; Van Sluys, M. (orgs.). 2000. A Fauna Amea-

    ada de Extino do Estado do Rio de Janeiro. Ed. UERJ. 168 p.

    Grdenfors, U.; Hilton-Taylor, C.; Mace, G.M. & Rodrigues, J.P. 2001. The application of IUCN red list criteria at regional levels. Conservation Biology 15(5):1206-1212.

    Machado, A.B.M., Martins, C.S. & Drummond, G.M. 2005. Lista da fauna brasileira ame-aada de extino: incluindo as espcies quase ameaadas e deficientes em dados Belo Horizonte: Fundao Biodiversitas, 160p.

    Machado, A.B.M.; Drummond G.M. & Paglia, A.P. (ed.). 2008. Livro Vermelho da fauna brasileira ameaada de extino. MMA, Braslia, DF. Fundao Biodiversitas, 1420 p. (http://www.mma.gov.br/port/sbf/fauna/index.html)

    Mikich, S.B. & Brnils, R.S. (ed.). 2004. Livro Vermelho da Fauna Ameaada no Estado do Paran. Instituto Ambiental do Paran / Mater Natura, Curitiba, PA. (http://celepar7.pr.gov.br/livrovermelho/)

    IUCN - International Union for Conservation of Nature and Natural Resources. 2001. IUCN Red List Categories and Criteria: Version 3.1. IUCN Species Survival Comission. IUCN, Gland, Switzerland and Cambridge, UK. ii + 30 pp.

    IUCN - International Union for Conservation of Nature and Natural Resources. 2008. The IUCN Red List of Threatened Species. http://www.iucnredlist.org/ Consulta feita em 13 de fevereiro de 2009.

    So Paulo. 2008. Fauna Ameaada do Estado de So Paulo. Secretaria do Meio Ambien-te, So Paulo. CETESB. 60 p.

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    Agradecimentos

    Em primeiro lugar, eu gostaria de agradecer aos responsveis por esta iniciativa pelo convite para participar e coordenar o grupo temtico dos mamferos. Tambm gostaria de agradecer queles que contriburam de forma significativa com a elaborao da lista e de seus desdobramentos, dedicando seu tempo e compartilhando seu conhecimento conosco, por meio dos dados disponibiliza-dos durante a consulta ampla e o workshop: Alexandre Vogliotti, Ana Paula Carmignotto, Beatriz Beisiegel, Ceclia Kierulff, Jos Maurcio Barbanti Duarte, Flvia Miranda, Mrcio Port Carvalho, Mrio Rollo, Michel Miretzki, Renata Pardini, Rogrio Cunha de Paula, Ronaldo Gonalves Morato e Yuri Leite. Foi fundamental para o desenvolvimento dos trabalhos a participao de Bruna Bassi Brancalion e Elisandra de Almeida Chiquito, estagirias do Laboratrio de Mamferos da ESALQ/USP. Gostaria de manifestar minha gratido Ana Paula Carmignotto e Renata Pardini, pela leitura crtica do texto: sua avaliao criteriosa foi importante para clarear alguns aspectos nebulosos do texto; os eventuais erros que permaneceram so de minha responsabilidade. Por fim, agradeo a Beatriz Beisiegel, Ricardo Boulhosa, Frederico Gemesio Lemos, Rogrio Cunha, Jos Maurcio Barbanti, Flvia Miranda, Miguel Rico, Paula Hanna Valdujo, Ana Paula Carmignotto, Anglica Midori, Karla Monteiro, Alexandre Nascimento, Maurcio Talebi e Marcos Rossi pelo esforo para conseguir as fotos e a todos que to gentilmente cederam fotos para o captulo.

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    Os mamferos so um dos grupos mais carismticos de vertebrados viventes, em decorrncia de sua notvel diversidade morfolgica, ecolgica e comportamental (Rose, 2006). So animais altamen-te especializados, que exibem intrincadas relaes e interaes com o ambiente em que vivem e com outras espcies animais e vegetais nas diversas comunidades em que ocorrem ao redor do globo, das zonas rticas s florestas tropicais, passando por reas desrticas e regies pantanosas (Wilson et al., 1996). Tambm so animais de grande com-plexidade reprodutiva, produzindo, de forma geral, um nmero reduzi-do de filhotes e investindo uma grande quantidade de energia em sua gestao e criao. Em suma, so animais com biologia semelhante dos humanos, a espcie de mamfero dominante no planeta. E por esta razo, encontram-se seriamente ameaados ao redor do globo.

    So conhecidas, atualmente, cerca de 5.400 espcies de mamferos no mundo (Wilson & Reeder, 2005), mas este nmero vem aumentando ano a ano com a descrio de novas espcies descobertas em invent-rios de reas pouco conhecidas ou nas gavetas dos museus. As ordens mais diversas tanto global quanto regionalmente (em nveis globais e regionais), so Rodentia e Chiroptera, que juntas abrigam cerca de 3.400 espcies, aproximadamente 62% da riqueza total da classe Mammalia. No Brasil, estima-se que existam aproximadamente 652 espcies (Wil-son & Reeder, 2005; Reis et al. 2006), pertencentes a 11 ordens, o que representa em torno de 14% da diversidade global.

    No Estado de So Paulo, existe uma estimativa da presena de cerca de 220 espcies (Anexo 5), o que representa 36% da diversidade nacio-nal, com representantes de todas as ordens de mamferos presentes no Brasil. Esta lista dos mamferos do Estado de So Paulo foi elaborada a partir de espcimes depositados em colees cientficas. De um modo geral, todas as espcies includas na presente lista so atestadas por es-pcimes depositados nessas colees, em especial na coleo do Museu de Zoologia da Universidade de So Paulo (MZUSP). A nomenclatura se-guiu, em geral, Wilson & Reeder (2005), exceto nos casos em que discor-damos com base em dados do grupo de autores ainda no publicados ou quando h literatura taxonmica mais recente. Nesses casos, emprega-mos Voss et al. (2005) para Cryptonanus; Gregorin (2006) para Alouatta; Silva Jnior (2001) para Cebus; Vivo (dados no publicados) para Guerlin-guetus; Weksler et al. (2006) para Cerradomys, Euryoryzomys, Hylaeamys e Sooretamys; Oliveira (1998) para Oxymycterus; Iack-Ximenes (1999)

    para Dasyprocta; e Bezerra (2002) para Clyomys.Considerando-se o habitat onde ocorrem no Estado de So Paulo,

    aproximadamente 190 espcies so terrestres e ao redor de 30 espcies so marinhas, com representantes das ordens Cetacea e Carnivora (das famlias Otaridae e Phocidae). Contudo, importante salientar que mui-tas das espcies marinhas (47%) so visitantes ocasionais, com registros pontuais e espordicos na costa do Estado por essa razo esses txons, como por exemplo, os cetceos Feresa attenuata, Lisodelphis peronii, Ko-gia breviceps, Berardius arnuxii, e o elefante-marinho Mirounga leonina, no foram considerados na elaborao da lista de espcies ameaadas.

    Considerando as espcies terrestres, existem elementos faunsticos associados s diferentes formaes fitofisionmicas encontradas no Esta-do de So Paulo. Existem espcies que exibem maior afinidade com reas mais midas da poro leste do Estado, que so recobertas por florestas pereniflias situadas nas plancies arenosas e das encostas da Serra do Mar, no Planalto Atlntico e na vertente leste da Serra da Mantiqueira: este o caso de alguns roedores cricetdeos da subfamlia Sigmodontinae (por exemplo, dos gneros Euryoryzomys, Thaptomys, Phaenomys, Delomys, Abrawayaomys, entre outros), de alguns marsupiais (como algumas es-pcies dos gneros Monodelphis e Marmosops, e a cuca Metachirus nudi-caudatus), e de alguns primatas (como Brachyteles arachnoides e Alouatta clamitans). H tambm espcies mais intimamente associadas s reas mais secas do interior, que so recobertas por formas vegetacionais que variam desde tipos mais florestados, como as florestas semideciduais, at as formaes abertas, como as mais variadas fisionomias do Cerrado: este o caso de alguns marsupiais (gneros Thylamys e Lutreolina), de alguns roedores (gneros Cerradomys, Calomys, Clyomys) e de alguns mamferos de mdio e grande porte, como o lobo-guar (Chrysocyon brachyurus), o tatu-peba (Euphractus sexcinctus), e o bugio (Alouatta caraya). Existem ainda espcies associadas s vrzeas e plancies de inundao de rios, como o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus). Finalmente, exis-tem espcies que no apresentam uma dependncia em relao ao tipo de formao vegetacional e ocupam de forma homognea tanto reas mais abertas quanto reas de floresta, como alguns mamferos de mdio a grande porte, entre eles a capivara (Hydrochoerus hydrochaeris), a paca (Cuniculus paca), os porcos-do-mato (Tayassu pecari e Pecari tajacu) e v-rios carnvoros, como a ona-parda (Puma concolor), o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), e o coati (Nasua nasua), entre outras espcies.

    IntroduoAlexandre Reis Percequillo

    Maria Ceclia Martins Kierulff

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    Com base nos critrios da IUCN (2001), que envolvem distribuio geogrfica e parmetros populacionais, os quais so desconhecidos para a vasta maioria das espcies de mamferos brasileiras, foram reconheci-das 38 espcies ameaadas de extino no Estado de So Paulo (17% das espcies reconhecidas para o Estado; Tabela 1): nove espcies tiveram seu estado de ameaa classificado como Criticamente em Perigo (CR), seis espcies foram identificadas como Em Perigo (EN) e as 23 esp-cies restantes foram classificadas no menor grau de ameaa, Vulnervel (VU). Para boa parte das espcies, os critrios utilizados na identificao das ameaas esto relacionados a suspeitas de reduo nas populaes decorrentes de reduo na rea de ocupao, na extenso de ocorrncia e/ou qualidade do habitat; ou a distribuio geogrfica limitada ou res-trita a reas de grande fragmentao.

    Alm das espcies ameaadas, foram identificadas 58 espcies (Ta-bela 3) para as quais o conhecimento cientfico disponvel to limitado que no foi possvel atribuir a estas uma categoria de ameaa, e assim foram classificadas como Deficientes de Dados (DD). A falta de conhe-cimento sobre suas distribuies (atuais ou histricas), suas ocorrncias no Estado de So Paulo e problemas de definio taxonmica foram os principais fatores que impediram a avaliao dessas espcies. Nesta categoria foram includas espcies que no so usualmente capturadas ou so raramente capturadas ou observadas em inventrios ou estudos ecolgicos de curta e longa durao. Muitas delas constam de menos de uma dezena de espcimes presentes em colees cientficas, provenien-tes de poucas localidades. Todas essas espcies so conhecidas apenas por informaes pontuais e anedticas, no que diz respeito a parmetros de sua biologia. Por conseguinte, esse estado de conhecimento pre-ocupante, porque muitas dessas espcies podem estar sofrendo algum grau de ameaa sem nenhum tipo de proteo que conferido s es-pcies ameaadas, mesmo que esta proteo seja mais conceitual que pragmtica. imperativo que o conhecimento sobre as espcies DD au-mente exponencialmente, com incentivo e subsdios de rgos governa-mentais e no-governamentais, com o propsito de preenchermos uma importante lacuna no conhecimento da nossa diversidade e dos padres ecolgicos associados a essas espcies.

    Tambm foram inseridas 22 espcies (Tabela 2) na categoria Quase Ameaadas (NT); as espcies contempladas nesta categoria apresen-tam reduo de populao estimada ou distribuio geogrfica limitada

    (em extenso de ocorrncia ou rea de ocupao), mas no dentro dos limites e valores estabelecidos pelos outros critrios de ameaa utiliza-dos neste estudo. Todavia, importante que essas espcies sejam moni-toradas e protegidas para que no venham a entrar na lista das espcies ameaadas no futuro.

    De forma geral, os mamferos terrestres considerados ameaados so aqueles de mdio e grande porte, como o tatu-canastra (Priodon-tes maximus) e o tamandu-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), os primatas (Leontopithecus caissara, L. chrysopygus, Callithrix aurita, Alou-atta caraya, Brachyteles arachnoides), os felinos (Leopardus pardalis, L. wiedii, L. tigrinus, Panthera onca, Puma concolor), os candeos (Lycalopex vetulus, Chrysocyon brachyurus), a ariranha (Pteronura brasiliensis; esp-cie para a qual no so conhecidos registros cientficos recentes em So Paulo, apenas registros anedticos, e que est presumivelmente extinta no Estado), os cervdeos (Mazama americana, M. bororo, M. nana, Ozo-tocerus bezoarticus, Blastocerus dichotomus), o queixada (Tayassu pecari) e a anta (Tapirus terrestris). Estas representam 58% de todas as espcies ameaadas e 63% das espcies terrestres do Estado de So Paulo. Em-bora pertenam a linhagens evolutivas distintas na Classe Mammalia e apresentem caractersticas ecolgicas e comportamentais bastante distintas, as espcies acima listadas apresentam em comum alguns aspectos biolgicos: exibem reas de vida relativamente extensas, po-dendo ocorrer em uma ampla variedade de habitat, desde que estes se encontrem em bom estado de conservao e apresentem alguma con-tinuidade; so sensveis perturbao ambiental e presso de caa; e so especialistas de habitat ou guilda trfica. Como o Estado de So Paulo encontra-se recoberto por uma poro mnima de sua cobertura vegetacional original (seja de floresta pereniflia, floresta semidecidual ou Cerrado, que representam as principais fitofisionomias do Estado), e este processo de perda de habitat natural, juntamente com uma presso contnua de caa e alterao da estrutura dos remanescentes de vegeta-o nativa, vem se acumulando ao longo dos ltimos dois sculos, estas espcies mais exigentes so as mais afetadas.

    Considerando as espcies ameaadas de pequeno porte, temos trs espcies de marsupiais, seis espcies de roedores e quatro espcies de morcegos. Para os pequenos mamferos no voadores foram utilizados dados de abundncia das espcies que habitam a Floresta Atlntica (Par-dini & Umetsu, 2006; Umetsu & Pardini, 2007; Bueno, 2008), os quais

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    mostram declnio para as espcies como Monodelphis iheringi, Mar-mosops paulensis, Thaptomys nigrita e Euryoryzomys russatus em reas fragmentadas. Para as formas de Cerrado, foram considerados dados de distribuio geogrfica e abundncia em algumas reas do Estado (Car-mignotto, 2005); estes resultados mostram que as espcies de Cerrado (Thylamys velutinus, Cerradomys scotti e Pseudoryzomys simplex) tm uma distribuio pontual e restrita, alm de baixa abundncia nas reas amostradas. As espcies de morcegos consideradas ameaadas foram assim definidas por critrios de suspeita de reduo populacional em consequncia de alteraes na qualidade do habitat; so espcies pouco abundantes naturalmente e que vm sendo afetadas pela supresso de cobertura vegetal nativa.

    Em se tratando de uma associao entre fitofisionomia e espcies ameaadas, podemos chamar a ateno para as espcies de Cerrado, que representam aproximadamente 26% da lista de espcies ameaadas, considerando pequenos, mdios e grandes mamferos. Esses nmeros so sintomticos do estado de conservao do Cerrado, e agravados pelo fato de existir um nmero reduzido de unidades de conservao nesse bioma e, alm disso, de tamanho pequeno, insuficiente para manter populaes viveis da maioria das espcies ameaadas (Rodrigues & Bononi, 2008).

    Finalmente, as espcies de cetceos includas na presente lista repre-sentam duas espcies ocenicas e uma espcie costeira. As duas espcies ocenicas so espcies que possuem valor comercial e apresentam po-pulaes pequenas em nveis globais devido presso de caa/explora-o comercial. J a espcie costeira, Pontoporia blainvillei, encontra-se ameaada por causa de alteraes significativas nos ambientes costeiros e da pesca acidental.

    Um srio problema que tem ameaado os mamferos, principalmen-te em mbito regional, a soltura de espcies alctones. Com o bem-intencionado propsito de salvar os animais confiscados do trfico ou

    de apreenses, bem como aqueles mantidos em instituies como CETAS ou na casa das pessoas como animais de estimao, os mantenedores legais ou no desses animais tm soltado espcies em locais onde elas nunca ocorreram, ameaando de extino a fauna nativa, resultante da competio por recursos ou de eventuais alteraes no patrimnio gen-tico. Atualmente essa introduo de espcies exticas um dos maiores problemas para a conservao dos primatas e de outras espcies de ma-mferos. Um dos casos que mais chama a ateno est acontecendo com os saguis em So Paulo: Callithrix jacchus, sagui-de-tufos-brancos, que ocorre no Nordeste do Brasil, foi introduzido nas reas de ocorrncia das duas espcies nativas de Callithrix, e indivduos de Callithrix penicillata, sagui-de-tufos-pretos, que ocorre no Cerrado, foram soltos em florestas ocupadas por C. aurita (ameaado e endmico da Mata Atlntica). Es-ses diferentes saguis hibridam e ocupam o espao das espcies nativas, ameaando ainda mais a conservao de C. aurita e de C. penicillata no Estado. Outros exemplos de espcies exticas de mamferos introduzidas no Estado de So Paulo so os ratos domsticos (Rattus spp.), a lebre (Lepus europaeus) e o javali (Sus scrofa).

    Nesse sentido, o presente documento tem o papel de alertar a comu-nidade como um todo, que envolve a academia, os rgos de gesto e fiscalizao ambiental, os formadores de opinio e tomadores de deciso, e o pblico leigo, do perigo em que a fauna de mamferos do Estado de So Paulo se encontra no incio do sculo XXI. Esse perigo decorrente de falta de conhecimento das espcies (diversidade, distribuio geogrfica, histria natural e ecologia), do crescimento desordenado da populao humana (que compete por recursos com a fauna) e da falta de planeja-mento e de polticas pblicas que possibilitem a convivncia harmnica entre esses dois universos. Depende de todos ns o esforo para alterar esta tendncia e possibilitar s geraes futuras a convivncia com a ex-traordinria diversidade presente no Estado de So Paulo e no Brasil.

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    Tabela 1. Mamferos ameaados de extino no Estado de So PauloOrdem Famlia Txon Nome vernacular Categoria Didelphimorphia Didelphidae Marmosops paulensis (Tate, 1931) cuca VUDidelphimorphia Didelphidae Monodelphis iheringi (Thomas, 1888) catita VUDidelphimorphia Didelphidae Thylamys velutinus (Wagner, 1842) catita VUCingulata Dasypodidae Priodontes maximus (Kerr, 1792) tatu-canastra CRPilosa Myrmecophagidae Myrmecophaga tridactyla Linnaeus, 1758 tamandu-bandeira VUPrimates Cebidae Callithrix aurita (. Geoffroy, 1812) sagui-da-serra-escuro VUPrimates Cebidae Leontopithecus caissara Lorini & Persson, 1990 mico-leo-de-cara-preta CRPrimates Cebidae Leontopithecus chrysopygus (Mikan, 1823) mico-leo-preto ENPrimates Atelidae Alouatta caraya (Humboldt, 1812) bugio-preto VUPrimates Atelidae Brachyteles arachnoides (. Geoffroy, 1806) mono-carvoeiro ENChiroptera Phyllostomidae Diaemus youngi (Jentink, 1893) morcego-vampiro VUChiroptera Phyllostomidae Diphylla ecaudata Spix, 1823 morcego-vampiro VUChiroptera Thyropteridae Thyroptera tricolor Spix, 1823 morcego VUChiroptera Natalidae Natalus stramineus Gray, 1838 morcego VUCarnivora Felidae Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) jaguatirica VUCarnivora Felidae Leopardus tigrinus (Schreber, 1775) gato-do-mato-pequeno VUCarnivora Felidae Leopardus wiedii (Schinz, 1821) gato-maracaj ENCarnivora Felidae Puma concolor (Linnaeus, 1771) ona-parda VUCarnivora Felidae Panthera onca (Linnaeus, 1758) ona-pintada CRCarnivora Canidae Chrysocyon brachyurus (Illiger, 1815) lobo-guar VUCarnivora Canidae Lycalopex vetulus (Lund, 1842) raposinha-do-campo VUCarnivora Mustelidae Pteronura brasiliensis (Gmelin, 1788) ariranha CRPerissodactyla Tapiridae Tapirus terrestris (Linnaeus, 1758) anta VUArtiodactyla Tayassuidae Tayassu pecari (Link, 1795) queixada ENArtiodactyla Cervidae Blastocerus dichotomus (Illiger, 1815) cervo-do-pantanal CRArtiodactyla Cervidae Mazama americana (Erxleben, 1777) veado-mateiro VUArtiodactyla Cervidae Mazama bororo Duarte, 1996 veado-mateiro-pequeno VUArtiodactyla Cervidae Mazama nana (Hensel, 1872) veado-mo-curta CRArtiodactyla Cervidae Ozotoceros bezoarticus (Linnaeus, 1758) veado-campeiro CRCetacea Balaenopteridae Balaenoptera musculus (Linnaeus, 1758) baleia-azul CRCetacea Balaenopteridae Balaenoptera physalus (Linnaeus, 1758) baleia-fin CRCetacea Pontoporiidae Pontoporia blainvillei (Gervais & dOrbigny, 1844) toninha ENRodentia Cricetidae Cerradomys scotti (Langguth & Bonvicino, 2002) rato-do-mato VURodentia Cricetidae Euryoryzomys russatus (Wagner, 1848) rato-do-mato VURodentia Cricetidae Phaenomys ferrugineus (Thomas, 1894) rato-do-mato VURodentia Cricetidae Pseudoryzomys simplex (Winge, 1887) rato-do-mato VURodentia Cricetidae Thaptomys nigrita (Lichtenstein, 1829) rato-do-mato VURodentia Cricetidae Phyllomys thomasi (Ihering, 1871) rato-do-mato EN

    Tabelas de Mamferos

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    Tabela 2. Mamferos Quase Ameaados (NT) no Estado de So Paulo.Ordem Famlia Txon Nome vernacularDidelphimorphia Didelphidae Caluromys lanatus (Olfers, 1818) cuca-lanosaDidelphimorphia Didelphidae Chironectes minimus (Zimmermann, 1780) cuca-dguaDidelphimorphia Didelphidae Gracilinanus agilis (Burmeister, 1854) cucaDidelphimorphia Didelphidae Marmosops incanus (Lund, 1840) cucaDidelphimorphia Didelphidae Metachirus nudicaudatus (. Geoffroy, 1803) cuca-quatro-olhosDidelphimorphia Didelphidae Monodelphis americana (Mller, 1776) catitaDidelphimorphia Didelphidae Monodelphis scalops (Thomas, 1888) catitaPrimates Cebidae Cebus nigritus (Goldfuss, 1809) macaco-pregoPrimates Pitheciidae Callicebus nigrifrons (Spix, 1823) sauPrimates Atelidae Alouatta clamitans (Cabrera, 1940) bugio-ruivoChiroptera Furipteridae Furipterus horrens (F. Cuvier, 1828) morcegoCarnivora Mustelidae Lontra longicaudis (Olfers, 1818) lontraArtiodactyla Tayassuidae Pecari tajacu (Linnaeus, 1758) catetoCetacea Delphinidae Sotalia guianensis (van Bnden, 1864) boto-cinzaRodentia Cricetidae Abrawayaomys ruschii Cunha & Cruz, 1979 rato-do-matoRodentia Cricetidae Akodon serrensis Thomas, 1902 rato-do-matoRodentia Cricetidae Brucepattersonius soricinus Hershkovitz, 1998 rato-do-matoRodentia Cricetidae Delomys dorsalis (Hensel, 1873) rato-do-matoRodentia Cricetidae Delomys sublineatus (Thomas, 1903) rato-do-matoRodentia Cricetidae Rhipidomys mastacalis (Lund, 1840) rato-do-matoRodentia Cuniculidae Cuniculus paca (Linnaeus, 1758) pacaRodentia Dasyproctidae Dasyprocta aguti (Linnaeus, 1766) cutia

    Tabela 3. Mamferos Deficientes em Dados (DD) no Estado de So Paulo.Ordem Famlia Txon Nome vernacularDidelphimorphia Didelphidae Monodelphis theresa Thomas, 1921 catitaCingulata Dasypodidae Cabassous tatouay (Desmarest, 1804) tatu-do-rabo-mole-grandePrimates Cebidae Cebus libidinosus Spix, 1823 macaco-pregoChiroptera Emballonuridae Diclidurus scutatus Peters, 1869 morcegoChiroptera Phyllostomidae Glyphonycteris sylvestris Thomas, 1896 morcegoChiroptera Phyllostomidae Lampronycteris brachyotis (Dobson, 1879) morcegoChiroptera Phyllostomidae Macrophyllum macrophyllum (Schinz, 1821) morcegoChiroptera Phyllostomidae Micronycteris brosseti Simmons & Voss, 1998 morcegoChiroptera Phyllostomidae Phylloderma stenops Peters, 1865 morcegoChiroptera Phyllostomidae Chiroderma villosum Peters, 1860 morcegoChiroptera Phyllostomidae Platyrrhinus recifinus (Thomas, 1901) morcego

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    Tabela 3. Mamferos Deficientes em Dados (DD) no Estado de So Paulo. (CONTINUAO)Ordem Famlia Txon Nome vernacularChiroptera Phyllostomidae Uroderma bilobatum Peters, 1866 morcegoChiroptera Molossidae Cynomops planirostris (Peters, 1866) morcegoChiroptera Molossidae Eumops auripendulus (Shaw, 1800) morcegoChiroptera Molossidae Eumops bonariensis (Peters, 1874) morcegoChiroptera Molossidae Eumops glaucinus (Wagner, 1843) morcegoChiroptera Molossidae Eumops hansae Sanborn, 1932 morcegoChiroptera Molossidae Eumops perotis (Schinz, 1821) morcegoChiroptera Molossidae Molossops neglectus Williams & Genoways, 1980 morcegoChiroptera Molossidae Molossops temminckii (Burmeister, 1854) morcegoChiroptera Molossidae Nyctinomops aurispinosus (Peale, 1848) morcegoChiroptera Molossidae Nyctinomops laticaudatus (. Geoffroy, 1805) morcegoChiroptera Molossidae Nyctinomops macrotis (Gray, 1840) morcegoChiroptera Molossidae Promops nasutus (Spix, 1823) morcegoChiroptera Vespertilionidae Lasiurus ebenus Fazzolari-Crrea, 1994 morcegoChiroptera Vespertilionidae Rhogeessa hussoni Genoways & Baker, 1996 morcegoChiroptera Vespertilionidae Myotis albescens (. Geoffroy, 1806) morcegoChiroptera Vespertilionidae Myotis levis (I. Geoffroy, 1824) morcegoCarnivora Canidae Speothos venaticus (Lund, 1842) cachorro-vinagreCarnivora Felidae Leopardus colocolo (Molina, 1782) gato-palheiroCarnivora Mustelidae Galictis cuja (Molina, 1782) furoCarnivora Mephitidae Conepatus semistriatus (Boddaert, 1785) jaritatacaCetacea Balaenidae Eubalaena australis (Desmoulins, 1822) baleia-franca-do-sulCetacea Balaenopteridae Balaenoptera acutorostrata Lacpde, 1804 baleia-minkeCetacea Balaenopteridae Balaenoptera edeni Anderson, 1879 baleia-de-brydeCetacea Balaenopteridae Megaptera novaeangliae (Borowski, 1781) baleia-jubarteCetacea Delphinidae Delphinus capensis (Gray, 1828) golfinho-comum-de-bico-longoCetacea Delphinidae Orcinus orca (Linnaeus, 1758) orcaCetacea Delphinidae Stenella frontalis (G. Cuvier, 1829) golfinho-pintado-do-atlnticoCetacea Delphinidae Steno bredanensis (G. Cuvier in Lesson, 1828) golfinho-de-dentes-rugosusCetacea Delphinidae Tursiops truncatus (Montagu, 1821) golfinho-nariz-de-garrafaCetacea Physeteridae Physeter macrocephalus (Linnaeus, 1758) cachaloteRodentia Cricetidae Akodon paranaensis Christoff, Fagundes, Sbalqueiro, rato-do-mato Mattevi & Yonenaga-Yassuda, 2000Rodentia Cricetidae Akodon reigi Gonzlez, Langguth & Oliveira, 1998 rato-do-matoRodentia Cricetidae Akodon sanctipaulensis Hershkovitz, 1990 rato-do-matoRodentia Cricetidae Blarinomys breviceps (Winge, 1887) rato-do-matoRodentia Cricetidae Brucepattersonius igniventris Hershkovitz, 1998 rato-do-matoRodentia Cricetidae Holochilus brasiliensis (Desmarest, 1819) rato-do-mato

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    Tabela 3. Mamferos Deficientes em Dados (DD) no Estado de So Paulo. (CONTINUAO)Ordem Famlia Txon Nome vernacularRodentia Cricetidae Juliomys ossitenuis Costa, Pavan, Leite & Fagundes, 2007 rato-do-matoRodentia Cricetidae Oecomys catherinae Thomas, 1909 rato-do-matoRodentia Cricetidae Oligoryzomys fornesi (Massoia, 1973) rato-do-matoRodentia Cricetidae Rhagomys rufescens (Thomas, 1886) rato-do-matoRodentia Echimyidae Clyomys laticeps (Thomas, 1909) ratoRodentia Echimyidae Phyllomys kerri (Moojen, 1950) rato-de-espinho-arborcolaRodentia Echimyidae Phyllomys medius (Thomas, 1909) rato-de-espinho-arborcolaRodentia Echimyidae Euryzygomatomys spinosus (G. Fischer, 1814) ratoRodentia Echimyidae Kannabateomys amblyonyx (Wagner, 1845) rato-de-bambuRodentia Echimyidae Trinomys dimidiatus (Gnther, 1877) rato-de-espinho

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    Nome vernacularCuca.

    Categoria proposta para So PauloVU A2bc.

    JustificativaOcorre em reas de floresta primria e secundria restritas a uma faixa de al-titude acima de 800 metros (Vivo & Gregorin 2001; Vieira & Monteiro-Filho 2003). Alm de distribuio geogrfica restrita, esta espcie fortemente afetada pelo desmatamento e fragmentao das florestas montanas, ten-do sido registrada apenas em reas de mata contnua (Bueno 2008).

    Situao em outras listasIUCN (2008): LC; Brasil (2003): no citada; So Paulo (1998): no citada; Minas Gerais (2007): no citada; Rio de Janeiro (1998): no citada; Para-n (2004): no citada.

    Distribuio e habitat Endmica da poro sudeste da Mata Atlntica, restrita a reas de flo-restas montanas acima de 800 metros de altitude, ao longo de uma pequena faixa nas encostas montanhosas dos estados de Minas Gerais, Esprito Santo, Rio de Janeiro, So Paulo e Paran (Mustrangi & Patton 1997; Rossi et al. 2006; Gardner 2007).

    Presena em unidades de conservao Parque Estadual Intervales, Parque Estadual da Serra do Mar, Estao Biolgica de Boraceia.

    Biologia da espcie Espcie de pequeno porte, com comprimento total entre 243 e 365 mm, comprimento da cauda entre 145 e 212 mm e massa corporal entre 16 e 70 g (Mustrangi & Patton 1997; Rossi et al. 2006). Caracteriza-se por apresentar anis bem definidos e de colorao escura ao redor dos olhos, dorso cinza-avermelhado, ventre creme ou branco homogneo, cauda marrom-acinzentada na poro proximal e sem pigmentao na poro distal; no possui marspio (Rossi et al. 2006). Apresenta hbito noturno e explora tanto o solo quanto o sub-bosque (Vieira 2006; Leiner & Silva

    2007a). Percorre uma rea diria em torno de 0,40 ha e alimenta-se de insetos, aracndeos, gastrpodes, frutas, flores e pequenos vertebrados; mais frugvora do que se acreditava e atua como importante dispersora de plantas pioneiras, como as espcies do gnero Piper (Leiner & Silva 2007a, b). Reproduzem-se uma nica vez, durante os meses de setem-bro a maro (Leiner et al. 2008).

    Ameaas No Estado de So Paulo restam apenas 10,4% de remanescentes de flo-resta ombrfila densa montana (Instituto Florestal 2005). Alm disso, aproximadamente 83% dos remanescentes de Mata Atlntica corres-pondem a fragmentos com at 50 ha de rea (Ribeiro et al., 2009), onde aparentemente a espcie no ocorre ou bastante rara.

    Medidas para a conservao Proteger e fiscalizar as reas contnuas de floresta ombrfila densa mon-tana onde a espcie encontrada. Proteger os remanescentes menores onde a espcie eventualmente ocorre, visto que sua presena indicadora de comunidades pouco alteradas. Levantar mais informaes a respeito da distribuio geogrfica da espcie em termos dos tipos de florestas e faixas altitudinais preferenciais e de sua