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    O IMPRIO DOS FRAGMENTOSLlansol sobre a escrita fragmentria

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    I EM LIVRO

    LC =O Livro das Comunidades (1977; 1999)RV = A Restante Vida (1983; 2001)

    FP =Um Falco no Punho. Dirio I (1985; 1998)CME =Contos do Mal Errante (1986; 2004)Fin =Finita. Dirio II (1987; 2005)

    LL =Lisboaleipzig (1994; 2014)EE = O Espao Ednico [1995]

    IQC =Inqurito s Quatro Confidncias. Dirio III (1996)OVDP =Onde Vais, Drama-poesia? (2000)Par =Parasceve. Puzzles e ironias (2001)

    SH =O Senhor de Herbais (2002) AA = Amigo e Amiga. Curso de silncio de 2004 (2006)

    CL =Os Cantores der Leitura (2007)LH3 =Numerosas Linhas. Livro de Horas III (2013)LH4 = A Palavra Imediata. Livro de Horas IV (2014)

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    se eu me concentrar num fragmento do tempono hoje, nem amanhmas se eu me concentrar num fragmento do tempo,agora,esse fragmento revelar todo o tempo. (LC: 67)

    !

    Noutros tempos, ela a tinha penetrado, mas depois, vinda apoca do esquecimento, a sua memria sem cessar se exercitavaa murmurar fragmentos at que chegasse o momento em que,tendo-se dado a enorme exploso, ela prpria fizesse parte dotapete em qualquer ponto obscuro. (RV: 36)

    !

    Entro depois num jardim-sala da manso selado para oexterior , e invoco, por necessidade imperiosa, um interlocutorque me socorra com um pouco de semelhana;que aos nossos dois membros preciso acrescentar um terceiro,romper a chaga de fragmentos. (CME: 227)

    !

    Mesmo sem rvores, o isolamento mutilado de Herbais fecundo. Mas sinto-me tambm atrada para os dirios, noescritos act almente pelo me prprio p nho mas como se e j

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    !

    H, neste tipo de texto, como que a possibilidade de produzir significao em cadeia, a que poderemos chamarprodutividade; se assim for, o texto curto no reenviaria parafragmento, como espelho do conhecimento fragmentrio que

    temos da realidade, mas como processo de conhecer algo queexigiria ser acompanhado e sentido, antes de nomeado, numasequncia de contacto/distncia . (FP: 162. Do posfcio deAugusto Joaquim)

    !

    A maior parte dos livros que comeo, no os acabo de ler.Fico triste ou paralisada. Ser que j no me interessam os livros?Sim, de uma maneira geral, os livros j no me________.Interesso-me por uma frase, por um fragmento de texto, e, muito

    raramente, por todo um livro que leio lentamente. (Fin: 86)!

    Entretanto, o livro sobre a Quinta de Jacob espera. Estetempo um tempo de fragmentos, de impulsos cujo sentido, como decorrer dos dias, talvez chegue a poder vislumbrar-se.(Fin: 174-75)

    !

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    fragmento; tudo est datado; nada segue uma ordem cronolgica.Muitas vezes preciso esperar pelo passado para compreender ofuturo. Outras vezes, no. Que o tempo no conduz. Que o fiocondutor est na lgica dos encontros. (IQC: 26)

    !

    Tudo o que eu disse verdadeiro, ou seja, no musical. A msica, pensou rsula, e no disse, parte o que

    verdadeiro, a verdadeira msica do inteiro no existe, e o inteiro,mal subimos ao horizonte, fragmento. (IQC: 149)

    !

    Suspendo a construo deste texto porque todos osfragmentos que o compem so, de facto, umDirio; escritos nasdatas que indico e que escrevi em paralelo com livros que, na

    altura, estava escrevendo; no entanto, o texto que aqui resultano um dirio.Fao-o por vontade prpria, e compelida.Por vontade prpria, seria um dirio comoUm Falco no

    Punho ; por compulso, aparece outra forma de texto, prximo deUm Beijo Dado Mais Tarde e que, no tom, preparaLisboaleipzig, que eu prossigo h anos.

    Como se eu investigasse, no dia a dia de outrora, um fiocondutor, correspondncias temticas e de preocupao, sob aforma geral da partida e da mudana: sada de Jodoigne paraHerbais, e desta para Colares, e entrada em Portugal, aps vinte

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    Colares acabaram por encontrar-se os membros dispersos dacomunidade, nos seus extractos de poca, distintos, idnticos eevolutivos.

    E, o mais curioso, que me encontro face a um texto queno pressentira porque no me dera conta de quando queriamencontrar-se, enfim, os membros visveis e invisveis dessa

    comunidade. (LL1 [2 ed.]: 49-50)!

    escrevo numa partitura virgem, por falta de folhas brancas.Tm escrito: fragmentos e variaes. (LL1 [2 ed.]: 72)

    !

    Se fui quase obrigada a escrever fragmentos, a batalharcontra os gneros literrios e os paradigmas, a abrir clareiras derespirao na lngua, porque a nossa quase no tem tufossemnticos (a no ser soterrados) para exprimir a pujana.(EE: 157)

    !

    uma espcie de poema sem-eu.

    Em silncio e cega,deixo que me dispa da claridade penetrante,da claridade nova

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    me torne um fragmento completo e sem restopara que passem a clorofila e a sombra da rvore. (OVDP: 13)

    !

    eu, fragmento completo, sou uma coisa de sentimentos,

    mesmo quando penso e procuro manter a minha memria fria eapagada (OVDP: 83)

    !

    a Casa, o jardim e todos os seus habitantes evoluam, como bvio, mas cada fragmento seguia o ritmo inconstante das suaspartes,as imagens perdiam nitidez, feitas de sobreimpresses ou deaparentes defeitos de tiragem,com o vento a dar-lhes nas copas, era impossvel que ospinheiros no imprimissem a todo o movimento uma oscilaoentre sere vir a ser o que a criao sonhara para cada parte

    minha vontade a noite que sopra e o corpo,

    finalmente gil, sobe do cho a todos os fragmentos da paisagem.Sei que passei para o lado da natureza (OVDP: 117)

    !

    m pssaro q e plana alto m simples pssaro no tem

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    retm a aurora, que estremece. Lembras-te do pssaro deHlderlin? Este no da,

    apenas daqui,o seu alvo a gua em que, descendo a pique,se banha num milsimo de segundo. Inteiro e s, fragmento

    completo do nosso mistrio, nesse nfimo instante,projecta-nos com o seu voo no extremo do nosso prpriofragmento, ou ramo,por detrs da neblina,

    e essa neblina ondula sobre o tanque. (OVDP: 152)

    !

    O rutilante [o Texto?] pareceu no gostar. Havia no dilogodemasiada enxndia, gordura a mais para um mecanismo hbridoe veloz.

    Brinquemos aos fragmentos!, props ele.O piano resolveu voar. Tocava no ar. Brincar aos frag-

    mentos no brincar aos sonhos?, perguntava ele sem, narealidade, perguntar. Era apenas umLied muito amado.Eu sou feito de fragmentos leves, esclarecia o rutilante.Sou uma cano que no perturba qualquer unidade. O

    piano ouviu e deu a sua anuncia. As teclas, os pedais, osmartelos a percusso o arranhar das cordas e at o brilho da sua

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    cacos do vaso que, como berlindes, andavam de um lado para ooutro do rutilante aos solavancos. (Par: 84)

    !

    Convencera-me de que havia deixado esquecidos em

    Herbais fragmentos de texto. As nossas vidas haviam continuado,no saberia dizer quando os perdera de vista e, entretanto, bempossvel, admito, que tenham adquirido vida prpria. Psalmodia um bom exemplo. Durante anos, deixara de pensar na suafigura e ei-la, agora, a meu lado, bem diferente do que a haviadeixado.

    Somos ventos e sementes, trajectos e fragmentos. (SH: 84)

    !

    O que se vai seguir, esta manh, percorrer, de novo, o meudesejo de todos os dias,permanecer no inseguro, subtra-lo de algumas das suaspartes, atirar-lhe o salva-vidas dos fragmentos. Inquieto-meporque, quotidianamente,devemos fazer os despejos do presente. (AA: 14)

    !

    Estou a chamar aos peixes fragmentos, ou fragmentos aospeixes, a mergulh-los na operao do azul. O que eu desejopara a morte de Nmada p lsa em card me de fragmentos

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    Estes fragmentos, curso de silncio de 2004, estodesprovidos de um elo lgico. (AA: 35)

    !

    As folhas so fragmentos de pregas invisveis. (AA: 60)!

    Sendo, afinal, indecidido o destinatrio da sua prpria carta,verifiquei que o fulgor estava em mim e que, de modo algum,podia fugir-lhe, ou suspend-lo.

    Se o fulgor no abolia os fragmentos,o seu corpo cantante era unidade e unificao,

    a fora de coeso do H. (AA: 98)

    !

    arriscou que o piano deveria ter-se transferido para essapalavraevocativa, ondulante na ntima coeso dos fragmentos (AA:

    145)!

    Os elementos separadosb i f di

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    quando os fragmentos so imersos em clorofila,retir-los desse pigmento estimula as estruturas tudo estimulao crebro.

    Os fragmentos sublinho para a luz do candeeiro separam o meio do ambiente.

    Ter quem fragmentauma linha de envolvimentocom omudo que unifique estas estruturas? (AA: 221-222)

    !

    CLXVIII. estas estruturas?

    estere sonhou que tomava banho nas pequenas bolhas dofragmento escrito deixado aos ps do metrosideros e queaglomeravam, dentro da gua, os ritmos dos seus fogos; nosonho, a luz j batia novamente na manh; sonhava que queriareler com a unidade que a caracterizava , a disperso saparente (AA: 223)

    !

    No primeiro instante, no livro presente, eu tinha chamadoaos fragmentos partculas, duplos, contextos. (CL: 13)

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    de um admite iniciao o seguinte na passagem. Umaespcie de morte com ingresso, ou legitimidade para sustentar aenergia e redistribu-la num ininterrupto sem falha.

    Ler , constantemente, um trabalhode levantar, um acasalamento entre mentes / sementes, entre

    mentes e sementes, que se pem em determinado stio da terrade uma e depois no hmus de outra, com paixo. (CL: 182)

    !

    Atravesso o primeiro volume das Obras Completas deGeorges Bataille. O que me interessa so os fragmentos, asreflexes. No,L histoire de loeil . (LH3: 163)

    !

    Recolho fragmentos que um dia organizarei. Quando?Quando chegar o tempo em que a casa estar outra vez de p eeu voltarei a ter foras? (LH3: 280)

    !

    Esta a razo por que fragmento:Para acolher muitos todos e a prpria totalidade. (LH4:

    101)

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    II INDITOS

    (de cadernos e agendas manuscritos)

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    6 de Maio 1988

    Nasce a ideia de um textoautnomo a que chamarei AUnidade dos Fragmentos /Inqurito s Quatro Confi-dncias. (Agenda n 24, 72)

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    27 de Fevereiro 1989Um escritor como eu notem trabalho. Passa a vida

    a fiar os seus nadas(Agenda n 25, 5)

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    20 de Maio 1991Na lum[inosidade]da m[inha]inf[ncia]_____Eu erauma aranhadentro deuma cena fulgor.(Agenda n 27, 52)

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    6 de Maio 1991

    Uma tristeza vesperal inva-de o lago onde os peixesso fragmentos de viagensquebradas; sobre ele, huma confluncia de linhasesquemticas, ainda sem

    paisagem traduzvel(Agenda n 27, 2)

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    8 de Maio 1994

    Estou debruada a uma velha varanda, de costas voltadas para aEstao a trocar saudaes com o que escrevo. O soldespontou ligeiramente, e uma pequena vibrao circunscritanasceu. O Augusto tambm chegar em breve para apanhar oautocarro, como eu e ir cada um ao seu encontro, a uma parte

    fragmentada da sua vida.Por que me persegue tanto a ideia de fragmento? Se euapanhasse do cho a unidade uma simples obra v-la-ia umas? (Caderno 1.40, 56-57)

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    8 de Abril 1996Texto II:

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    coincidente, nasce a disperso profundamente destrutiva ao nvelda normalidade que deve abranger um livro.

    []Tenho a sensao de que nenhum veio de mais, que todos so

    bem-vindos, que separ-los dificultaria e macularia o meutrabalho,que devo escrever o Dirio Universal da Minha Vida, obra emvrios volumes unificados e dispersos at eu morrer. (Agenda n35, 17; 18-19)

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    17 de Dezembro 1997Nesse jardim h jarros sempre molhados e uma multiplicidade depequenas habitaes encaixando-se em portas e janelas que

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    O que domina o tempo amatria; o que domina o espao o fio de verde. Os gneros dodiscurso esto ausentes e alngua renova-se porque chove, na sua densidade material. A

    lngua uma concentraoabrindo-se para um alvo______alva neve.Foi a neve ausente aqui que,hoje, disse_________(Caderno 1.49, 76-78)

    "

    18 de Setembro de 1999Em face de mim h uma rvore magnlia cuja folhagemlacada encobre o tronco. Sesurgisse uma gazela nos meusolhos, eu teria de correr atrsdela, por uma espcie de

    territrio encoberto, como nosonho.Onde encontrei obra foi nofrag[mento]. Exactamente, eusou um fragmento do humano.M l id

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    11 de Fevereiro 2001Eram balbucios de frases, fragmentos. Mas com eles pudereconstituir meu pensamento.Rugia o mar nas virilhas do universo. Eu sentia-me csmica

    (Caderno 1.61, 7)

    "

    22 de Maio 2001O que prefiro? Os pormenores, os pequenos fragmentosabandonados que so a longa espera desse todo, dessa casagalxica que se fragmenta em quartos. (Caderno 1.61, 167-168)

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    21 de Julho 2003Scriptural mais que escritural. No osabia. Avancemos por essa vereda. Alua, esta noite, ser breve leve.Scriptural . []1 Um dos primeiros dos meus afectos aos livros abertos,que se suicidam em cada pgina,para renascer na prxima linha______2 Um livro uma assembleia devozes,um banquete de muitos convivas oude alguns. Isto um livro para mim.No talvez para os outros. Mas eu squero falar do ponto de vista da minhaexperincia pessoal. Sem generali-zaes, Porque onde est o supostotodo, eu, do ponto de vista da minhaexperincia, suponho que est a pedra.3 Nestes cadernos eu deponho,

    escritos primeira mo da madrugada,a base de meus textos. este verdadei-ramente o impulso estruturador dotrabalho subsequente.4 um desses cadernos que vos douh j l Si l fl fl

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    30 de Dezembro 2003

    Notas para a elaborao / fixao deum / deste texto

    Todos os fragmentos so ininter-ruptos e naturalmente ligados.

    Iluminados desde o alto da folha,percorrem o texto mansamente, lem-brando um cigarro suave. No apre-ciando a imagem cigarro suave,substituo-a por ardncia suave,que me invade desde o desapa-recimento, aqui, do meu compa-nheiro, a submerso no nevoeiro dealgum que eu muito amava Socinco da manh, e a casa estrepleta de silncio e da vida que

    bate nos meus pulsos. []Nota muito importante, melhor,determinante: todos os fragmentosininterruptos esto ligados e orien-tados por uma seta_________

    fragmento___# espao

    fragmento___# espao

    fragmento___# espao (Caderno 1 67 7 9)

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    9 de Maro 2004

    _______ o desconhecido, como o revelado no decorrer destefragmento, no um estranho, uma possibilidade remota que se aproxima,e se interroga sobre________ quais as dimenses da morte ____

    se ela mesmo esta palavra, sufocada em si mesma, ou por simesma,ou se esconde outro rosto redondo onde o sol se inscreve______(Caderno 1.67, 45)

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    Pensei nessa ponte constantemente aberta e nas margens,separadas e as mesmas. Eu estava debruada sobre o declive dorio, e contemplava cada onda como letra, como segundo, comointerstcio (Caderno 1.67, 49)

    "

    19 de Maio 2004______ h, por vezes, amatria irresolvel da inser-o dos textos. Onde? Paraque fiquem no lugar certodo acervo dos livros, desti-nados, desde o incio, aoseu destino. Bom dia, bom dia,fragmento, depois de tantotempo! poderia dizer aosblocos de escrita queesperavam.

    / ou deixar a ordem da pg.? / (Caderno 1.67, 160)

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    19 de Junho 2004

    O uno dos fragmentosO uno dos fragmentos / delinea-mentos como uma rvorevoltada para o seu ninho; a frase

    diz, no me responde; tudo oque eu fao aqui / neste stioque erra tem o mesmo com-primento de onda____ flutuaentre o todo e a fixao rpidanum ponto.Onde est a ausncia noausente? (Caderno 1.67, 188)

    "

    15 de Janeiro 2004 / Bibliotecade Sintra

    De facto, h 3 cadernos porconcluir, este ano, em circula-

    o. Deve ser o imprio dosfragmentos, da diversidade e daadaptao nova vida quedesejo muito que seja tambmuma vida de novo a que eudi (C d 1 68 D)

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    21 de Junho 2004

    Era fcil voltar rua, e passear sobre as datas, os delrios, ostextos, os fragmentos. Somente, em vida, nunca mais teria a suapresena real, a daquele que agora, por influncia da morte, setornara um desconhecido que tanto a quisera. Encontrara, sobreum pequeno carto, um fragmento seu entre as pginas de um

    livro da Pliade, comum aos dois:conhecer mais sobre o mundo em que estais, e para onde irei.(Caderno 1.68, 14-15)

    "

    25 de Julho de 2004O que se vai seguir esta manh percorrer, de novo, o meudesejo de todos os dias continuar o futuro / permanecer noinseguro, contribuir para salvar-lhe as partes, atirar-lhe o salva-vidas dos fragmentos________ (Caderno 1.68, 108)

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    26 de Agosto 2004

    Compor este livro [ Amigo e Amiga. Curso se silncio de 2004 ] seguir um cardume de peixesque me procurou quando eu os vi evoluir no fundo / nos abismodo mar______Estou a chamar aos peixes fragmentos, ou fragmentos aos peixes,a mergulh-los na operao do azul. O que eu desejo / aspiropara a sua morte / morte de Nmada, pulsa, em cardume defrag[mentos], em azul igual.Qualquer tentativa de apodar de poesia as sobras dessa viso um insulto comunicao entre todas as partculas do universo.E por isso queimei outra vez essa palavra poesia , quederramou no mar o seu soberbo azul.____________fragm[ento] 3

    hesito em incluir este textofrag[mento] 309

    hesito em incluir este texto______ (Caderno 1.68, 146-147)"

    30 de Outubro 2004

    A rosa dos fragmentos existia, ondulando, dantima coeso dos fragmentos (Caderno 1.69, 50-51)

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    30 de Outubro 2004Para a rosa de fragmentos_____ as imagens dos fragmentos no se fixam definitivamentenum momento nico / em nicos momentos, amadurecem no

    percurso do corpo a escrever da mulher que aparece edesaparece sob a ramagem do pltano. Ao ressurgir, traz consigomais um fragmento___________ (Caderno 1.69, 55)

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    31 de Dezembro 2004

    NotaTrabalhar e escrever estes fragmentos separadamente________para depois junt-los numa sequncia final ainda porconstruir__________Partes / divisrias do livro:I O golpeII Delrio em ParasceveIII Estou bemIV estere (Caderno 1.70, 53)

    "

    16 de Fevereiro 2005 Incio do prximo livro[Os Cantores de Leitura ]

    e uma interrogaoocorre-me: como religar ostextos que so fragmentos,ou estilhaos coerentes decomplexas naturezas?

    _____ Como fizeste noCurso de Silncio de 2004 :puxar uma longa corda que,neste caso, envolve todos oscantores de leitura _______

    h fi d d

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    19 de Fevereiro 2005_____ DescubroMin (WalterBenjamin); a leitura emfragmentos quebra a mem-

    ria; quando os fragmentosesto / ficam escritos / redi-gidos / expressos, l-los esti-mula a leitura escrita / asimagens de linguagem compequenos golos de um copode vinho_______ tudo sobrea cabea.Os fragmentos, digo a Min,criam um meio e umambiente, e mergulham nelequem se aproxima. Claroque ele sabe. Ter quemfragmenta, como pessoa,uma linha de envolvimentocom o mudo que unifique

    inevitavelmente osfragmentos, estas fracturas?Sei que sim. Diz que sim eno est morto. (Caderno1.70, 121-122)

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    16 de Maro 2005

    Fala de estere, no novo livro:um cruzamento de linhas traado sobre linhas sucessivasorganizadas e em desorganizao / desorganizadas forma a rededa escrita. Luzes se acendem no caminho inseguro, e uma passapara a mo de um pequeno aluno que nem sequer tem aindaidade para alumiar traados recticulares, ou passos complicados.As escolhas so mltiplas, mas s uma serve o seu prpriodesgnio. Nesta certeza, fico espera que o impulso me guie eme revele que conscincia tenho eu do impulso, como actua aminha vontade sobre ele porque actua, um despojamentosoberano de mim mesma sobre a rede que se adensa e complica?O trabalho duro, e a cada instante a perdio pode mover-se.Somente a persistncia pode mant-lo e desloc-lo parteintegrante da conscincia que actua em rede.Posso passar para qualquer lado com a hesitao prendendo-me;mas o facto que a hesitao envolvente, mas no paralisante.

    Complica os traados de sentidos sucessivos e mistura-se a eles quando surge como guardi do ltimo suspiro do fragmento.(Caderno 1.71, 5-6)

    " 8 de Agosto 2005 noite, quase no outro dia_______Eu sentia, sob a sua voz, a movimentao dos fragmentos queestvamos a ler _______l d i i b i h i d

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    Assim ser, nesta alternncia,

    at a voz se despedir de ns,ns dos textos e os textos daimpulso reflectida que os criara.Sem a sombra da voz, norestaria sombra de qualquer dens _____ os cinco que parti-lhvamos o vu_____ e o seurasgo / e o seu rasgamento empartes (Caderno 1.71, 150)

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    1 de Julho 2006

    Fragmentos so partes perdidas de um todo, que se revelam emnotcias de jornais (Caderno 1.75, 59)

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    18 de Agosto 2005O travejamento llansoliano slido e difcil de subir. Se eufosse fcil________ eu nunca saberei facilitar_______ spero spero, suave suave_______ entre os dois fica uma curva emque espero adormecer, tua passagem. (Caderno 1.71, 162-163)

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