LONA 561 - 19/05/2010

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Curitiba, quarta-feira, 19 de maio de 2010 - Ano XII - Número 561 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected] DIÁRIO d o B R A S I L Aline Reis As greves dos funcionários das montadoras da Região Metro- politana de Curitiba terão mais um capítulo hoje. Estão marcadas reuniões em todas as empresas cujos funcionários estão em greve para que sejam tomadas decisões e o trabalho possa voltar a ser realizado. As paralisações dos trabalhadores não são novidade. As primeiras manifestações desse tipo datam de 1999 na RMC. A maior parte das reuniões feitas até agora não levou as partes inte- ressadas a um consenso. O maior motivo do conflito entre elas é a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), que não agrada os trabalhadores. Pág. 3 Funcionários negociam hoje com montadoras Três painéis foram apresentados ontem pela manhã, em Novo Hamburgo. Atenta ao tema “Comunicação, Cultura e Juventude”, a professora Saraí Schmidt falou sobre as responsabilidades dos jovens nos dias de hoje. Pág. 3 Painéis seguem agitando o Intercom Sul 2010 em Novo Hamburgo O Paraná possui uma biblioteca para cada 26 mil habitantes, a melhor média do país. Mas o que falta no estado são bibliotecári- os. O Conselho Regional de Biblioteconomia do Paraná mostra que há apenas cerca de 700 bibliotecários atuantes no Estado: um para cada 14 mil habitantes. Profissionais da área estão cada vez mais escassos. Págs. 4 e 5 Precisam-se bibliotecários

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JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO

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Curitiba, quarta-feira, 19 de maio de 2010 - Ano XII - Número 561Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected]

DIÁRIO

do

BRASIL

Aline Reis

As greves dos funcionários das montadoras da Região Metro-politana de Curitiba terão mais um capítulo hoje. Estão marcadasreuniões em todas as empresas cujos funcionários estão em grevepara que sejam tomadas decisões e o trabalho possa voltar a serrealizado. As paralisações dos trabalhadores não são novidade.As primeiras manifestações desse tipo datam de 1999 na RMC. Amaior parte das reuniões feitas até agora não levou as partes inte-ressadas a um consenso. O maior motivo do conflito entre elas é aParticipação nos Lucros e Resultados (PLR), que não agrada ostrabalhadores. Pág. 3

Funcionáriosnegociamhoje commontadoras

Três painéis foram apresentados ontem pela manhã, em NovoHamburgo. Atenta ao tema “Comunicação, Cultura e Juventude”,a professora Saraí Schmidt falou sobre as responsabilidades dosjovens nos dias de hoje. Pág. 3

Painéis seguem agitando oIntercom Sul 2010 em NovoHamburgo

O Paraná possui uma biblioteca para cada 26 mil habitantes, amelhor média do país. Mas o que falta no estado são bibliotecári-os. O Conselho Regional de Biblioteconomia do Paraná mostra quehá apenas cerca de 700 bibliotecários atuantes no Estado: um paracada 14 mil habitantes. Profissionais da área estão cada vez maisescassos. Págs. 4 e 5

Precisam-se bibliotecários

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Curitiba, quarta-feira, 19 de maio de 20102

Espaço

do Leitor

Reitor: José Pio Martins. Vice-Rei-tor: Arno Antonio Gnoatto; Pró-Reitor de Graduação: Renato Ca-sagrande ; Pró-Reitor de Planeja-mento e Avaliação Institucional:Cosme Damião Massi; Pró-Reitorde Pós-Graduação e Pesquisa ePró-Reitor de Extensão: BrunoFernandes; Pró-Reitor de Adminis-tração: Arno Antonio Gnoatto; Co-ordenador do Curso de Jornalis-mo: Carlos Alexandre Gruber deCastro; Professores-orientadores:Ana Paula Mira e Marcelo Lima;Editores-chefes : Aline Reis([email protected]), Daniel Cas-tro ([email protected]) e Di-ego Henrique da Silva([email protected]).

“Formar jornalistas com abrangen-tes conhecimentos gerais e humanís-ticos, capacitação técnica, espíritocriativo e empreendedor, sólidosprincípios éticos e responsabilidadesocial que contribuam com seu tra-balho para o enriquecimento cultu-ral, social, político e econômico dasociedade”.

O LONA é o jornal-laboratóriodiário do Curso de Jornalismo daUniversidade Positivo – UPRedação LONA: (41) 3317-3044Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300– Conectora 5. Campo Comprido.Curitiba-PR - CEP 81280-30. Fone(41) 3317-3000

Expediente

Missão do cursode Jornalismo

Opinião

Camila Franklin

Escândalo. Mais uma vezenvolvendo a Igreja Católica.Desta vez aconteceu bem debai-xo do nosso nariz, no interiordo estado.

Humanos são humanos.Passíveis de erros. Mas quandoa escolha de vida transcende,juram-se respeito e fidelidade aoque está acima dos homens, atéonde é permitido errar? Ao es-colher pelo clérigo, escolhe-setornar-se um exemplo. Ga-nham-se discípulos e fiéis.

O último erro aconteceu emIbiporã. Silvio Andrei Rodri-gues é aquele padre do tipo“Padre Marcelo Rossi”. Fazmissa-show, junta multidões eprega a palavra divina. Masatrás da batina está um homemque nem de longe pareceu ser-vir de exemplo.

Na madrugada de domingo,o padre foi preso dentro do seucarro, na entrada de Ibiporã,perto de Londrina. Segundo ospoliciais, o religioso estava nu,embriagado e ainda teria asse-diado um adolescente e o poli-cial que fez a abordagem.

Além de ter sido acusado depedófilo, foi acusado de corrup-to. Para tentar se safar, ofereceudinheiro para o policial.A jus-tificativa do padre?

Confusão mental e remédi-os antidepressivos. Ele culpaum antidepressivo tomado comvinho. Tal mistura o teria leva-do a se perder na entrada de

Quando osagrado viraprofano

Ibiporã.Mas e a falta de roupas, o jo-

vem assediado e o suborno po-licial?

Rodrigues justifica que esta-va em Londrina, onde haviatrabalhado havia alguns anos,para realizar um casamento. Nafesta, tomou dois copos de vi-nho, apesar de fazer uso de me-dicamento controlado para de-pressão e de ter tomado com-primidos para relaxamentomuscular.

Quando retornava paracasa, teria passado mal e seperdeu no trajeto, indo pararem Ibiporã. Como teria vomita-do e sujado as roupas, ele as ti-rou ficando apenas de camisa ecueca. Confuso, parou na cida-de apenas para pedir informa-ções. Quanto ao jovem e ao su-borno, nada lembra.Acreditaquem quer. Desconfia quempode.

Já que o divino está envolvi-do, vale lembrar três manda-mentos que o policial, o joveme o padre devem ter tido emmente ao relatar e justificar oacontecido.

3º Não tomarás o nome doSenhor teu Deus em vão; porqueo Senhor não terá por inocenteaquele que tomar o seu nomeem vão;

7º Não adulterarás;9º Não dirás falso testemu-

nho contra o teu próximo;Que a justiça humana seja

feita. A justiça divina os esperalogo mais.

Humanos são humanos. Passíveis deerros. Mas quando a escolha de vidatranscende, juram-se respeito efidelidade ao que está acima doshomens, até onde é permitido errar?

Eu não concordo com o quefoi dito no Espaço do Leitor deontem sobre os editores doLONA só publicarem matériasdos amigos. Estou todos os diascom os estagiários e vejo a de-dicação e empenho deles emprocurar matérias interessantese em incentivar os estudantes acada vez mais participarem dojornal.

Maria Ester Niespodzinski,estudante de Jornalismo, viatwitter.

Na edição anterior, algumasalunas criticaram o LONA porsupostamente só publicar textosdos amigos dos editores. Essaspessoas já mandaram textospara serem publicados? Achoque não...

Diego Sarza, estudante dejornalismo, via twitter.

Daniel Zanella

A palestra está revestidade certa carga de suspeita epreocupação. E não é pra me-nos. Os repórteres da série Di-ários Secretos enumeram mo-tivos diversos para que os es-tudantes não façam fotos.Seus investigados são muitoperigosos, portanto, tenhamosdiscrição.

Os repórteres que estão adizer um pouco de seus recei-os são bem novos, rostos en-tregando cansaço, explicaçõescalorosas sobre o perigoso ofí-cio a que se propuseram, umaempreitada praticamente iné-dita em temos regionais; olhosfixos e vibrantes na plateia,também alguma coisa de umhumor suicida e aventureiro.

Um dos repórteres gague-ja de tanta paixão. Sua prosaé um tanto confusa, mas vis-ceral e autêntica. São palavrasmais intensas que a respira-ção, verve que não dá conta detanta energia. Ele está a dizersobre a mecânica que move acorrupção.

“Lançaram há pouco tem-po um livro chamado ‘O Si-lêncio dos Vencedores’. Se-gundo o autor, para que a cor-rupção se concretize é precisoque exista uma delicada teiade conivência. Vejam só, pen-semos num esquema de des-vio de verbas públicas. Nósimaginamos que somente ospolíticos ricos são corruptos,que amealham quantias quenem saberíamos como gastar,entretanto, o que acontece ébem mais complexo. Pra quese estabeleça um esquema quebeneficie um determinadogrupo, é preciso que todos quepairam nesse cenário se cor-

O silêncio dosvencedores

rompam, em diversos níveis eextratos sociais, que se vendampor uma cesta básica ou tre-zentos reais, que aceitem divi-dir seu supersalário ou umaregalia polpuda, aquela velhahistória de ‘eu te ajudo, vocême ajuda’. Só assim, esse gru-po consegue vencer e solidifi-car as bases da corrupção, sóse todos aceitarem silenciar, osricos, os pobres, todos. Só as-sim eles vencem: esse é o silên-cio dos vencedores.”

O repórter diz o que diz eanda pra todos os lados, emen-da outras teses, e não sei se aspalavras que agora enfatizosão suas palavras exatas, atéporque também estou a pensarem outras coisas simultâneas.Tenho alguns amigos que, dealguma forma, se beneficiamde ligações perigosas, que si-lenciam, gente que cresceu co-migo e hoje habita as entra-nhas do poder, compra carronovo, bebidas caras, trabalhaem funções à margem de suasqualificações oficiais e faz va-ler sua rede de contatos. Nãosei muito que dizer a elesquando encontro-os em suasrepartições ou nas cafeteriasapós o almoço. Diversas vezes,até me considero covarde pornão expressar em letras garra-fais o que penso, acabo por mesentir impotente, incapaz, em-burrecido, idiotizado.

Penso muito nessas coisas.Agora estou escutando os jo-vens repórteres a dizer de seuslivros e lutas. Uma estudantepergunta se eles dormem tran-quilos de noite, afinal, ameaçasveladas, perigos evidentes,possíveis retaliações às famíli-as, essas coisas.

Nunca dormi melhor, res-ponde o mais novo.

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Aline Reis e Maria CarolinaLippi, de Novo Hamburgo(RS)

No segundo dia de trabalhosno XI Intercom Sul - Comunica-ção, Cultura e Juventude, emNovo Hamburgo, houve trêspainéis no período da manhã:Novas mídias e jovens, com aprofessora Gisela Castro ESMP/SP; Produção audiovisual parajovens, com o professor ValérioBrittos (Unisinos) e Publicaçõesvoltadas para jovens, com aprofessora Saraí Schmidt, queaconteceu no auditório do blo-co azul da Feevale, no qual otema principal de apresentaçõesde estudo foi a relação do joveme a mídia.

Saraí Schmidt, educadora naFeevale há dez anos, falou so-bre um estudo que se baseou naRevista MTV, voltada ao públi-

Atividades do Intercom Sul 2010 discutem arelação da produção midiática e a recepção do jovem

co jovem. Para isso, foi feitauma análise na linguagemusada na mídia que remete aouniverso do jovem. As carac-terísticas vistas por ela nosmeios são de criar uma liga-ção do jovem com a expressão“ter atitude”, no sentido deque a sociedade acredita queo jovem deve resolver todos osproblemas no meio em queestá inserido.

De acordo com ela, a popu-lação remete que é o dever dojovem solucionar as questõesque permeiam crises no país.“O que eu tenho percebido éque não é fácil ser jovem emnosso tempo”, observou.

No entanto, de acordo coma pesquisadora, a mesma so-ciedade que culpa os jovenspor todos os problemas os in-cumbe de resolvê-los. “Cria-sea ideia de que hoje o jovem tem

oportunidade e só precisa iratrás, mas sabemos que nem to-dos têm oportunidade. Cria-se alógica dos vencedores e venci-dos”.

A professora ainda analisoua expressão “ter atitude” pormeio das Revistas MTV a partirdo ano de 2001. A pesquisa coma revista foi feita com seus pró-prios alunos, dos cursos de Jor-nalismo e Publicidade e Propa-ganda da Feevale. Eles tiveramque analisar as publicações eresponder: o que é ter atitude? Asrespostas foram feitas em formasde colagens. Os estudantes co-laram imagens de grandes espor-tistas, artistas e cantores. “É abusca de um exemplo a ser segui-do. Ou você tem atitude ou nãotem”, diz a professora.

Nesse sentido surge umquestionamento no que diz res-peito aos conteúdos veiculados

pelos impressos joviais. “É di-fícil fazer algo para os jovensporque a gente não sabe o queescrever, mas ao mesmo tem-po, os jovens são interativos,então a publicação é feita poreles. Por isso não adianta co-locar coisas mais de cultura seeles não querem ler”, analisaa estudante do sétimo períododa Universidade de SantaCruz do Sul (UCISC), do RioGrande do Sul, Ananda Dele-vati, que participa de um pro-jeto para uma publicação dejovens dentro da academia.

Em relação à Revista MTV eoutras que foram estudadas, foivisto por Saraí que, as matériase propagandas nas publicaçõesjovens que tratam de “ter atitu-de” são relacionadas à indivi-dualidade. “Há um discurso doindividualismo muito forte. Énecessário ser diferente para ser

igual”, explica. Sua preocupa-ção em relação à imagem cria-da do jovem pela mídia, aqueleque só busca estar na moda econquistar um namorado (a) ouseja, a generalização do concei-to. “Sabemos que há muitos jo-vens que gostam de ler e se in-teressar por outros assuntos”.

Entre esses jovens está o es-tudante de Jornalismo AntonioCarlos Senkovski. Ele concordacom o estudo da professoraSchmidt e percebe a responsa-bilidade indevida que é dada aojovem atualmente.

“O jovem carrega uma fardomuito pesado. O jornalismotambém é culpado desse fardo,porque o jornalista quer fazertudo rápido com a única inten-ção de vender. É a reproduçãodo neoliberalismo, o individua-lismo é fruto da lógica de mer-cado”, afirma.

Cariem de Lucena

Funcionários das montado-ras de Curitiba e Região Metro-politana estão em greve parareivindicar por uma melhor par-ticipação nos lucros e resulta-dos das empresas. A decisãopela greve ocorreu após as no-vas propostas das empresas te-rem sido rejeitas pelos funcioná-rios.

Na Renault 4 mil funcioná-rios entraram em greve na últi-ma sexta-feira. A empresa aindanão apresentou nova propostaaos trabalhadores, e a grevecontinua por tempo indetermi-nado.

Na Volvo, a reivindicação épara a Participação nos Lucrose Resultados (PLR) de R$ 10 mile pagamento da primeira parce-la em 28 de maio, com valor se-melhante a de outras montado-ras. Na manhã de ontem, a em-presa apresentou uma propostaque foi rejeitada pelos funcioná-

Funcionários de montadorasda RMC mantêm greveTrabalhadores pedem maiores valores nos programas de participação nos lucros das empresas

rios.Os metalúrgicos da Vo-

lkswagen-Audi reivindicamque a proposta da empresaque está localizada em SãoJosé dos Pinhais seja a mesmaoferecida aos trabalhadoresda fábrica de São Paulo, comvalor R$ 4,3 mil para a primei-ra parcela da PLR.

Deve ocorrer na manhã dehoje a assembleia da New Ho-lland. A reivindicação é de queo valor seja no mínimo 80% doque for acertado nas outrasmontadoras instaladas no Pa-raná.

Além das montadoras, osfuncionários de outras meta-lúrgicas, como Bosch, locali-zada no bairro CIC, e a Brafer,que fica em Araucária, RegiãoMetropolitana, também aderi-ram à greve.

De acordo com Nelson Sil-va de Souza, do Sindicato dosMetalúrgicos, os trabalhado-res do primeiro turno da Bos-

ch aceitaram a proposta apresen-tada pela empresa na assembleiaque aconteceu na frente da fábri-ca ontem. Ficou acertado o valormínimo da Participação nos Lu-cros e Resultados de R$ 4 mil e omáximo em R$ 5 mil, e o valor daprimeira parcela, R$ 3,1 mil, queserá paga em 29 de maio. Os de-mais turnos da empresa continu-am as paralisações.

Os 900 funcionários da Brae-fer rejeitam a proposta da empre-sa e manterão a greve por tempoindeterminado.

Nelson Silva de Souza afirmaque os funcionários só voltarama trabalhar se as empresas acei-tarem as propostas oferecidaspor eles. Todas empresas terãonovas assembleias hoje para de-cidirem os rumos das paralisa-ções.

HistóricoAs primeiras greves que ocor-

rem nas montadoras de Curitibae Região Metropolitana acontece-

ram em outubro de 1999. Osfuncionários das empresas Vo-lkswagen-Audi, Renault e Vol-vo, entre muitos pontos reivin-dicavam a negociação de umcontrato coletivo nacional, e umpiso salarial de R$ 800 para to-das as montadoras estabeleci-das no país.

Em abril de 2003, ocorreramvárias paralisações nas monta-doras Renault, Volvo e Vo-lkswagem-Audi. As reivindica-ções foram por um reajuste sa-larial de 14,61%. Os metalúrgi-cos conquistaram, além do rea-juste salarial, a redução da jor-nada de trabalho e Participaçãonos Lucros das Empresas.

Em maio de 2004, os meta-lúrgicos da Volks-Audi entra-ram em greve reivindicando aParticipação nos Lucros ou Re-sultados e redução da jornadade trabalho, de 42 para 40 ho-ras semanais e o fim do bancode horas. Após a luta, metalúr-gicos conquistaram PLR de R$

Na Renault 4 milfuncionáriosentraram em grevena última sexta-feira. A empresaainda nãoapresentou novaproposta

2.950 e o fim do banco de horas.Em 2006, os funcionários da

Volks-Audi do Paraná inicia-ram protestos contra a demis-são em massa proposta pelaempresa. Várias paralisaçõesforam realizadas.

Em 2009, na Volks, foram 17dias de paralisação. Os meta-lúrgicos reivindicavam por rea-juste salarial, abonos de até R$2.800 e outros benefícios.

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Desde pequenos pensamosem uma profissão. Ou você seráapenas velho quando crescer?Pensar no futuro profissionalparece inerente à cultura ociden-tal, assim como associar o traba-lho futuro a uma faculdade. As-sim, um bibliotecário seria comcerteza o dono da biblioteca, jáque leu todos os seus livros.Para mim, parecia a profissãoperfeita. Mas, das minhas crian-cices, junto com o amor pelos li-vros veio o pavor pelos números.Desisti quando ouvi a palavrabiblioteconomia pela primeiravez, afinal, qualquer coisa comeconomia não poderia ser bom.

Não sei se outros amantesdos livros pensaram assim, maso fato é que hoje faltam bibliote-cários no Brasil. Estudos feitoscom base em padrões internaci-onais mostram que é viável umarelação de um bibliotecário paracada dois mil habitantes, médiada Austrália e dos Estados Uni-dos. O Brasil tem cerca de 30 milbibliotecários. O que já seria umdéficit enorme, considerando-seuma população de mais de 190

milhões, é ainda maior pelo fatode muitos desses profissionaisnão atuarem na área.

No Paraná, o número é ain-da mais preocupante. Segundo oConselho Regional de Biblioteco-nomia do Paraná (CRB9), sãomenos de 700 bibliotecários atu-antes, uma proporção de um bi-bliotecário para cada 14 mil ha-bitantes. Para entrar nos pa-drões mundiais, só o Paranáprecisaria de mais 4300 profis-sionais.

Essa falta é sentida no mer-cado. Cristiane Piasecki, mem-bro da comissão de divulgaçãodo CRB9, considera muito difí-cil a situação da biblioteconomiaparanaense. “Há dois anos oconselho está fazendo um traba-lho de fiscalização nas institui-ções, e muitas não estão dentrodas normas. O problema é quequando cobramos a presença deum bibliotecário, eles afirmamque não encontraram um profis-sional e, se pedem indicação,nós também não temos muito aoferecer”, afirma Piasecki. NoParaná, somente a Universidade

Caroline Evelyn

Bibliotecas precisam enfrentar a falta de profissionais preparados

em extinçãoBibliotecários

Estadual de Londrina oferece ocurso de Biblioteconomia, e for-ma uma média de apenas 30profissionais por ano.

Essa concentração faz com

que seja necessário contratarprofissionais de outros locais, oque complica ainda mais as coi-sas. Bibliotecários que moramna capital dificilmente querem

mudar para o interior, que é umaárea especialmente carente deprofissionais. Ao mesmo tempo,Curitiba precisa atrair mão-de-obra, não só porque não forma

Ambiente adequado pode colaborar consideravelmentepara que a leitura seja mais agradável

Caroline Evelyn

Caroline Evelyn

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Passado e futuro

seu contingente, mas tambémporque tem um grande númerode bibliotecas.

Na capital, existe uma bibli-oteca para cada 26 mil habitan-tes, a melhor média do país (amédia nacional é de uma paracada 33 mil habitantes). ParaNêmora Rodrigues, presidentedo Conselho Federal de Bibliote-conomia (CFB), Curitiba não éapenas a cidade com o maiornúmero de bibliotecas, mas tam-bém com a melhor distribuiçãogeográfica das mesmas. Aindaassim, a cidade está bem aquémdo necessário. O total de volu-mes das bibliotecas públicas éde 1,2 milhão, o que correspon-de a 0,67 livros por habitante. Secada curitibano quisesse empres-tar um único livro, não teria osuficiente para todos. Um estu-do da Federação Internacional

Encarar o curso de biblioteco-nomia exige muita coragem. Noentanto, essa visão pode revelardesconhecimento. Talvez sejamedo de ser apenas um atenden-te de biblioteca, ou da imagemdistorcida e caricata que existedo bibliotecário. “O profissionalque vive atrás de sua mesa e deseus livros”. Seja qual for o mo-tivo, ainda é difícil encontrar in-teressados no curso.

A prova de que o medo sur-ge da falta de conhecimento éque a maioria das pessoas queprocuram o curso de biblioteco-nomia são as que já trabalhamna área, como Dionize Zanela.Ela trabalhou 19 anos como au-xiliar na biblioteca da Universi-dade Positivo, e se formou naprimeira e única turma do cur-so que foi oferecido pela PUC-PR. “A maioria dos alunos eram

das Associações Bibliotecárias(Ifla) aconselha que as bibliote-cas públicas tenham uma médiade 2,5 livros por habitante. A re-comendação do CFB é aindamais ambiciosa, e prevê cinco li-vros por pessoa.

O resultado é que faltam li-vros, bibliotecas e bibliotecários.Para Regina Céli de Sousa, ex-presidente do CRB de São Pau-lo, o ideal seria que toda biblio-teca com mais de 200 volumes ti-vesse ao menos um desses pro-fissionais. No entanto, poucasbibliotecas conseguem isso noParaná. Um exemplo contrário éa biblioteca da PUC-PR, que temdois funcionários por andar.“Mas para conseguir isso, temosprofissionais de Santa Catarina,Londrina e outros lugares”, diza Coordenadora técnica da bibli-oteca, Sandra Helena.

mais velhos, já formados em ou-tro curso, e trabalhavam há mui-to tempo em bibliotecas, esperan-do apenas uma oportunidadepara se profissionalizar, contaZanela.

Atualmente, o bibliotecáriopossui um campo de ação mui-to maior do que o original, quan-do simplesmente catalogava li-vros. Ele pode trabalhar em mu-seus, hospitais, editoras, portaisde informação na internet e con-sultoria para arquivos pessoaisou de associações. Até mesmoempresas de grande porte preci-sam destes profissionais. Hoje, énecessário trabalhar com bancode dados, meios multimídia einformações on-line. “Se eu pu-desse, ainda faria muito mais.Nossa profissão precisa se des-ligar da idéia única do impres-so” afirma a membro do CRB9.

Em 1811, foi inaugurada a primeira biblioteca do Brasil, fundada porDom João VI. Exatamente um século depois, surgiu o primeiro curso debiblioteconomia do Brasil, na Biblioteca Nacional. No entanto, a profis-são só foi legalizada em 1962.

Em Curitiba, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) oferecia a gra-duação em biblioteconomia até 1998. A partir desta data, foram muda-dos o enfoque e a grade. O curso passou a chamar-se Gestão da Informa-ção, não sendo mais aceito para o cadastro no CRB9. O resultado foi aperda do espaço de formação de profissionais da área na capital.

Para os futuros bibliotecários que esperam o retorno do curso, Piase-cki deixa um pedido. “Vamos mudar a cara da nossa profissão. Nadado profissional egoísta e assustador. Precisamos ser cada vez mais o pro-fissional que serve e media, e não o que atravanca a informação”.

“Sou a que só se desfaz por acidentePor incêndio - ou dementeTenho páginas de rostos no meu SerEm belo acervo de aventura e prazer”.Trecho de “Poema da Biblioteca”Trecho de “Poema da Biblioteca”Trecho de “Poema da Biblioteca”Trecho de “Poema da Biblioteca”Trecho de “Poema da Biblioteca”Silas Corrêa LeiteSilas Corrêa LeiteSilas Corrêa LeiteSilas Corrêa LeiteSilas Corrêa Leite

Tomandocoragem

A profissão

Caroline Evelyn

Caroline Evelyn

A bibliotecária Cristiane Piasecki: poucos profissionais disponíveis

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Cinema

Anna Luiza GarbeliniEscreve quinzenalmentesobre cinema, sempre às [email protected]

Parabéns aos acadêmicos deDireito! Hoje, 19 de maio, é co-memorado o dia dos estudan-tes que futuramente, bem oumal, representarão o elo entreo cidadão e o Estado. A área,apesar de muito antiga, aindaé fascinante e intrigante porestar intimamente ligado aoemocional humano e, por con-ta disso, com as mudanças so-fridas pela sociedade.

Tendo em vista tais ques-tões e somando-as às amplasramificações da área, é naturalque existam tantos campeõesde bilheteria que tratem do as-sunto da forma mais variadapossível.

É dispensável, porém, gastar muito tempopara falar sobre os filmes já consagrados comoo “Advogado do diabo”, “O Júri” e “Elen Bro-ckovich- uma mulher de talento”. Portanto,para não cair no lugar comum e nem fugir dadata comemorativa do dia, acredito que exis-ta um filme que merece ser comentado pelasensibilidade das cenas e dos diálogos, foto-grafia e interpretação: “O Leitor” (2008), adap-tado do livro homônimo escrito em 1995 peloalemão Bernhard Schlink.

Na verdade, o Direito é só um dos temastratados no longa dirigido por Stephen Dal-dry. As cenas no tribunal são ganchos paraque vários outros pontos sejam expostos pe-los atores e repensados pelo público. A histó-ria se passa na década de 50, em Berlim, quan-do Hanna Schmtiz (Kate Winsley) socorre ojovem de 15 anos, Michael Berg (o alemão Da-vid Kross), que está passando mal. Do encon-tro nasce uma relação não só de amor, mas deencantamento mútuo.

Michael descobre o primeiro amor e o fas-cínio de estar com uma mulher mais velha emais experiente, enquanto Hanna, que é anal-fabeta, aprecia a companhia do garoto que lhelê vários livros como “A Odisséia” ou “AsAventuras de Hukleberry Finn”. A relação sebaseia principalmente no carnal e na leitura.Também são vários encontros e desencontrosaté que, para o desespero do garoto, Hannasome de vez, sem deixar notícias.

Anos se passam e Michael, que cresceramarcado pela perda, torna-se um estudante de

Direito, ficção, amor ehistória em “O Leitor”

direito em uma renomada universidade ale-mã. Durante o curso, ele tem a chance de re-alizar um sonho compartilhado por muitosacadêmicos de direto da época: a turma deMichael é levada para ver um julgamento deguardas nazistas.

O ambiente é um verdadeiro espetáculopara aqueles que se interessam pela área: sãoadvogados, fotógrafos, civis e testemunhas,todos eles com o objetivo de penalizar os réusou pelo menos encontrar um bode expiatóriopara aliviar essa mancha negra da história ale-mã.

Preparado para analisar friamente o julga-mento, o estudante fica sem ação quando vêsua antiga amante entre as acusadas. O garo-to é consumido por dúvidas e fica divididoentre a vergonha que a sua geração tinha doholocausto e os seus sentimentos, que lhe di-ziam que aquela mulher que conhecera anosantes não poderia ser um ser tão cruel quan-to o que tentavam expor.

O filme versa sobre sentimentos comoamor e vergonha, fatos históricos e sociais,como a segunda guerra e analfabetismo, pormeio de uma direção caprichada, interpreta-ções excelentes - que renderam à Kate Wins-ley o Oscar de Melhor Atriz- e uma fotogra-fia memorável.

Como toda a boa adaptação, o filme deStephen Daldry não tem a pretensão de co-piar o livro, mas de apresentar uma possívelleitura para o expectador. No caso de “O lei-tor”, essa leitura é sutil e, por que não dizerum tanto melancólica e inquietante?

Camila PichethEscreve quinzenalmentesobre televisão, sempre às [email protected]

Começa a lutacontra asmáquinas

Desde que a Recordcolocou CSI em suaprogramação no horá-rio nobre (21h), outroscanais abertos tentamemplacar a audiência.O SBT tentou com Gos-sip Girl, Smallville,Cold Case, The Menta-list e agora joga comTerminator: The SarahConnor Chronicles.

A série chamada noBrasil de “O Extermi-nador do Futuro” é de-rivada do filme homô-nimo, que tem comoícone ArnoldSchwarzenegger e a di-reção de James Cameron (Avatar).

Os eventos do seriado se situam logo após o segundo fil-me e apresentam uma realidade alternativa quanto ao tercei-ro. A história base é praticamente a mesma – Sarah, John eum Exterminador bonzinho enviado do futuro tentam impe-dir que a tecnologia da Skynet se desenvolva, enquanto fo-gem do Exterminador malvado. A diferença do filme para asérie é a mudança da perspectiva do Exterminador (assimcomo seu estereótipo) e a exploração da mitologia criada porCameron.

A primeira temporada possui nove episódios, e a segun-da 22. Infelizmente, Terminator:SCC, que de acordo com JoshFriedman (Produtor Executivo) teria sido a melhor tempora-da, foi cancelada antes do terceiro ano.

Mesmo com apenas 31 episódios, a série merece ser vista,pois além das lutas e explosões básicas, o roteiro mostra adifícil tarefa de Sarah - proteger seu filho do perigo e ao mes-mo tempo criá-lo para ser o futuro líder da revolução contraas máquinas.

Como Sarah Connor e Exterminadora Cameron (sim, umahomenagem a James Cameron) temos Lena Headey (Os IrmãosGrimm) e Summer Glau (Firefly).

O elenco também conta com Brian Austin Green (BeverlyHills, 90210), como o irmão de Kyle Reese (pai de John), e aépica participação de Shirley Manson (vocalista da bandaGarbage) durante a segunda temporada. Manson também co-escreveu e cantou uma versão da música gospel “Samson andDelilah”, que é tocada durante os primeiros minutos do epi-sódio de estreia do segundo ano. O resto da trilha sonora foidesenvolvida por Bear McCreary, responsável por músicas deBattlestar Galactica, Caprica e Eureka.

Terminator: The Sarah Connor Chronicles já está disponí-vel em Blu-Ray/DVD e começa a ser exibida no SBT a partirde segunda-feira (24), às 21h. Não deixem de conferir.

Televisão

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Curitiba, quarta-feira, 19 de maio de 2010 7

Diair Portes

Com fama de serem “clíni-co gerais” das pessoas e teremopinião formada sobre tudo,os taxistas, além de prestaremum serviço de interesse públi-co, são bons ouvintes.

Da política ao futebol, os ta-xistas têm fama no mundo in-teiro por representarem a opi-nião do homem comum, comdoses de pessimismo. Duranteas campanhas eleitorais, elessão considerados termômetrosdo que anunciam as urnas.Aproveitam a conversa duran-te uma corrida pelas ruas da ci-dade e têm muitos segredos dosseus anônimos passageiros.

Airton Coimbra Gonçalveslembra que o perfil do seu pas-sageiro mudou muito com opassar do tempo. “Antigamen-te, a minha principal demandaera do cliente conhecido aquida Lapa, que precisava fazer

algo urgente no interior ou ar-redor da cidade. Antes a gentefazia o dobro e percorria o in-terior do município. Os temposmudaram. Hoje rodo por diauma média de 40 quilômetrosem corridas para lugares pró-ximos, desde um trajeto sim-ples como do mercado à casado cliente quanto trajetos no-turnos, onde dois ou mais cli-entes dividem o custo da corri-da para irem do boteco paracasa ou do boteco para outradiversão noturna. Antes a gen-te fazia o dobro e percorria ointerior do município. Pela de-manda ter diminuído, os gan-hos com o táxi não trazem tan-to retorno como antes, mas ain-da é do ‘amarelinho’ que sobre-vivo e crio meus três filhos”.

Alguns taxistas passam porsituações inusitadas com seusclientes. Casos de amor e traiçãonão faltam na história profissi-onal de Emerson Olegário Ribas,

o “Ribinha”. Com 37 anos e 19anos de “praça”, o motoristalembra ter carregado toda “es-pécie de gente” que vive na Re-gião Metropolitana de Curitiba.“Numa corrida em Campo doTenente, carreguei dois homensbem vestidos que pediram paralevá-los ao motel depois de umafesta de casamento. Até aí tudobem. Quando fui buscá-los navolta, entraram no meu carro ecomeçaram a se beijar. Não in-terferi, mas quando começarama tirar a roupa falei que iria dei-xá-los na estrada e então secontrolaram um pouco. Mulhercom mulher também é bastantecomum e até três travestis jácarreguei de uma só vez. Essepessoal é um tipo de cliente ho-nesto, já os drogados são umgrande problema.”

O motorista ressalta que osbêbados são mais fáceis decontrolar do que os viciadosem drogas. Por muitas vezes

taxistaHistórias de

Dois terços dos curiti-banos não costumam usartáxi. O grau de satisfaçãodo usuário chega a quase80%, enquanto 68,6% achaa frota suficiente.

A frota de mais de doismil táxis de Curitiba é uti-lizada por cerca de 37% dapopulação. Foram os dadosencontrados por uma pes-quisa que avaliou o com-portamento do curitibanoquanto ao serviço.

De acordo com o levan-tamento realizado pela Pa-raná Pesquisas:

1. Entre as pessoas queutilizam táxi, 11,21% o fazemcom frequência. 29,15% o fa-

HistóricoO serviço de táxi é quase tão

antigo quanto a civilização. Oprimeiro serviço desse géêneroapareceu com a invenção do ri-queço, um carro de duas rodaspuxado por um só homem. Nasprincipais cidades da antiguida-de esse serviço era exclusivo daselites, que possuía escravos parapuxar esses carros.

Os primeiros táxis motoriza-dos apareceram em 1896 na cida-de alemã de Estugarda. Um anodepois, Friedrich Greiner abreuma empresa concorrente namesma cidade. O diferencial danova empresa é que os carros es-tavam equipados com um siste-ma inovador de cobrança, o ta-xímetro. Na Roma Antiga o táxiera a liteira, um carro puxadopor dois ou quatro escravos, osquais levavam quem quer que os

O telefone toca.É outra corrida

para o taxista émais um relato ou

história pralembrar por um

bom tempo

viu seu táxi ensopado de vômi-to de passageiros que exagera-ram na bebida. Também relataque já encontrou objetos pesso-ais de clientes deixados no car-ro como calcinha, preservativo,um pé de sapato de mulher,chaves e celulares, itens co-muns esquecidos no banco detrás.

Roberto da Costa Domin-gues, 23 anos como taxista, é es-pecializado na noite. Seus prin-cipais clientes são garotas deprogramas, travestis, drogados,bêbados e maridos traídos. “Tra-balhar no período noturno émuito perigoso, mas ao mesmotempo a gente acaba participan-do de momentos da vida daspessoas e de seus segredos edesgraças”, conta Roberto.

O motorista lembra que émuito assediado por gente detodo tipo de opção sexual.“Quando o passageiro prefereser transportado no banco da

frente tem jeito de homossexuale a cantada é certa. Aí é precisodar um chega para lá no cara. Jáentre as mulheres, o perfil maiscomum são as senhoras que fre-quentam bailes de dança no Clu-be Recreativo Congresso, no Cen-tro Histórico da Lapa. Na ma-drugada, elas insistem para agente entrar na casa delas, tomarum banho, relaxar e outras coi-sas que não posso dizer”, relatao taxista.

O perfil dos principais cli-entes de Roberto é o do maridoou da mulher cismado com atraição do companheiro. “Nãofoi só uma vez que tive de se-guir gente casada e até esperaro flagrante. Uma vez o maridotraído seguiu a esposa e quan-do ela e o amante chegaram aohotel, meu cliente não acredita-va no que via, pois o amante daesposa era irmão dele. Foi umacena de novela e a confusão foigrande”.

Táxi em dados

Die

go H

. Silv

a/ L

ona

zem pouco e 59,64% de vez emquando. De qualquer forma,apenas pouco mais de um ter-ço da população utiliza essetransporte.

2. O grau de satisfação dousuário com os serviços de táxiem Curitiba: ótimo e bom:79,51%, serviço regular: 16,03%,ruim e péssimo: 1,49%

3. Segurança: 78,92% daspessoas que costumam usar otáxi consideram o transporte se-guro. Para 12,56%, a perguntanão teve resposta e apenas8,52% não se sentem segurosandando de táxi pelas ruas daCapital. 20,66% consideram quea frota atual é insuficiente paraatender a demanda de Curitiba,

enquanto 68,6% a acham su-ficiente, e 10,74% não soube-ram responder. Estas per-guntas foram feitas aos usu-ários que responderam quecostumam usar esse meio detransporte.

4. Se a tarifa fosse pelomenos 30% mais barata,78,84% dos entrevistados fa-laram que usariam mais otáxi. 14,55% disseram quenão; 5,62% responderam tal-vez. O levantamento da Pa-raná Pesquisas ouviu 605pessoas maiores de 16 anospara efetuar esse pequeno di-agnóstico do usuário de tá-xis, com entrevistas pessoaisrealizadas na Capital.

solicitasse, já que o cliente paga-va pela corrida ao amo desses es-cravos. Na Idade Média, o trans-porte de pessoas era feito por car-ruagens movidas pela tração ani-mal. Após o Resnacimento, essescarros ganharam acessórioscomo cobertura e até cortinas. Noséculo XIX, toda grande cidade ti-nha centenas ou mesmo milha-res de carruagens de aluguel.

Em Curitiba, no ano de 1976,surge o primeiro serviço de rádio-chamada (rádio-táxi) do Brasil.Todo motorista tinha um rádio emseu táxi. Com o nome de RadioTaxi Vermelha, criada por ArouldArmstrong, as pessoas ligavampara a central de atendimento e atelefonista anotava o endereço docliente e passava para um opera-dor de rádio que transmitia os da-dos para os pontos táxi mais pró-ximos do endereço.

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MenuMatheus Chequim

Dilair QueirozEli Antonelli

O quinteto Helinho Brandãose apresenta hoje pela terceiravez no Projeto Jazz no Campus.O show é baseado numa peçamusical chamada Carrossel,uma homenagem às mulheres.Uma vez por mês, o intervalodas aulas na Universidade Po-sitivo tem um gostinho diferen-te. Apresentações de Jazz e MPBestão no cardápio cultural da

Quinteto Helinho Brandão recebeRogéria Holtz no jazz no campus

UP sempre alternadamente.Nesta edição, a convidada espe-cial é a cantora Rogéria Holtz,que interpretará as dez compo-sições de autoria de Helinho.

A cantora paulista moraem Curitiba há 27 anos e é re-conhecida por seu trabalhoinserido na cultura paranaen-se. Foi integrante por oitoanos no Grupo Vocal Brasilei-rão do Conservatório de Mú-sica Popular Brasileira. Donade uma voz potente, Rogéria

é prestigiada por músicos detodo país. “Tem cantores queusam música para mostrartoda sua técnica. Rogéria usaa técnica para mostrar suamúsica”, afirmou o cantorArnaldo Antunes, no siteMPBnet.

Além de Rogéria, o showcontará com os artistas FabioCardoso (piano), Mario Conde(violão), Boldrini (baixo), En-drigo Betega (bateria) e Leonar-do Gorositto (percussão).

Duas bandas curitibanas se apresentam amanhã em maisuma edição da James Sessions, no James Bar. A festa marca aprimeira apresentação da banda Criaturas com a formação com-pleta, já que a vocalista, guitarrista e compositora Xanda Lemosestá há mais de um ano morando nos Estados Unidos. O grupodivulga o disco “O Sexto Dedo”, gravado no fim de 2008. Tam-bém sobe ao palco a banda Mordida, conhecida no circuito al-ternativo da cidade, que conta com a participação do públicopara a gravação um videoclipe.

Quando: Amanhã, a partir das 22h.Onde: James Bar, Av. Vicente Machado, 894, Batel.Preço: R$ 8 ou R$ 4 para quem enviar o nome para lista.

Criatura e mordida

Também amanhã, No Era Só O Que Faltava, a CompanhiaMáscaras de Teatro apresenta o espetáculo Assassinato no Bar,que mistura comédia e suspense. A peça é uma sátira dos filmesde mistério ingleses, e referencia grandes personagens do gêne-ro, como Sherlock Holmes. O elenco é formado por Jader Alves,Erick Alessandro, Marcelo di Napoli, Mauro Muller, StephanieSilveira, Nariman Handar e Luisa Sheide.

Além de ser escrita especialmente para apresentação em ba-res, a peça também interage com o público, que tenta acertar quemcometeu o assassinato.

Quando: Todas as quintas até 24/6, às 21hOnde: Era Só O Que Faltava, Avenida República, 1334, Água

Verde.Quanto: R$ 20 a inteira e R$10 a meia-entrada.

Assassinato no Bar

Está em cartaz no Centro Europeu de Curitiba a exposiçãofotográfica Postais, do jornalista Ricardo Marques de Medeiros.A mostra foi inspirada na coleção de aproximadamente nove milcartões postais do autor, e conta com 20 fotos que mostram cida-des e paisagens vistas por ângulos diferentes dos normalmenteapresentados.

Quando: até 31/5. Segunda a sexta-feira, das 8 às 22 horas,e sábado, das 8 às 13 horas.

Onde: Centro Europeu, Rua Brigadeiro Franco, 1700. Quanto: Gratuito.

Postais

Talita Lima

Fã - uma pequena palavraque pode significar muitas coi-sas. A música “Exagerado”, deCazuza, pode ser um bomtema para muitos: “Eu nuncamais vou respirar, se você nãome notar. Eu posso até morrerde fome, se você não me amar”.Alguns fãs podem ultrapassartodos os limites e levar seu amoràs últimas consequências.

A palavra fã ainda causamuita confusão. Afinal o que éser fã? O que transforma um fãem um fanático? Normalmente,fã é aquele que admira e gosta deter contato com o que ama —seja um artista, uma banda ouum time de futebol. O problemaé quando o fã não tem limites epassa a ser denominado fanáti-co. Os fanáticos também amame admiram. A grande diferençaé que, para eles, o objeto amadoé o que existe de mais importan-te em sua vida.

Segundo o livro “Faces doFanatismo”, dos historiadoresJaime Pinsky e Carla BassaneziPinsky, “há fanáticos e fanáti-cos. Entretanto, parece óbvioque um fanático por novela éalgo bem diferente e bem menosperigoso que um nazista faná-tico”.

A psicóloga Silvana Dra-beski diz que o fanático é o fãque trouxe para si a vida do ído-lo, e isso pode se tornar perigo-so. Não importa o que aconteça,ele sempre estará ligado ao ído-lo. “O fanático é exagerado, ade-re ao seu ídolo incondicional-

Amor que vira doençamente e faz tudo por ele. Depen-dendo do grau desse fanatismo,é perigoso porque o indivíduopara de viver a sua vida e passaa viver a do outro, e passa a sen-tir tudo o que a outra pessoasente”, diz Silvana.

Foi o que aconteceu com aestudante de administração Mi-chelle Rodrigues. “Eu dormia eacordava pensando ‘Detonau-tas’, eu não tinha controle, eracomo uma droga”. Michelle, quena época estava casada haviaquase três anos, diz que seu ma-rido não podia nem ouvir falarna banda. “No início, ele atéachava legal, depois ele passoua dizer que odiava o Tico, eter-namente”. A situação chegou aolimite quando ela tatuou símbo-los e frases da banda pelo corpoe seu casamento terminou. “Cla-ro que a banda não foi o únicomotivo, tinha outras coisas, maspelo menos 70% da culpa foi omeu fanatismo”.

A diferença entre fã e fanáti-co pode ser diferente para cadapessoa. Para o músico Tico San-ta Cruz, o fã admira; já o fanáti-co acredita que é dono do traba-lho do outro. “O fanático pensaque pode mais que do quem fazo que ele, teoricamente, admira”,contou Tico ao LONA.

Mesmo que a ideia de fã e fa-natismo sejam diferentes paracada pessoa, fica claro que exis-te um limite. Esse limite existejustamente para tornar a relaçãoentre fã e ídolo saudável. Deixarcom que o ídolo tenha sua pró-pria vida e principalmente en-tender a diferença entre vida pú-

blica e particular. Para o guitar-rista da banda Detonautas Ro-que Clube, Philippe MachadoFernandes, o limite saudável éjustamente entender quando sepode ou não ficar próximo aoartista. “Quando é possível umbate-papo, trocar ideias, isso ésaudável, mas tem gente quepassa disso e que fica seguindoo dia todo, isso incomoda e échato.”Ter a consciência de quevocê tem uma vida independen-te da do seu ídolo faz com esseslimites sejam criados natural-mente.

Para a fã da banda Detonau-tas Anelise Brum de Oliveira éassim. Anelise é comissária debordo, mas tem consciência deque muitas vezes muda seusplanos para estar perto dos ído-los. “Eu não deixo de viver a mi-nha vida para viver a vida doDetonautas, mas eu sei que mui-tas vezes eu os coloco como pri-oridade. Mas eu não deixo dever minha família ou falto umdia de trabalho para estar comeles, tem pessoas que não con-seguem”.

Muitas vezes em busca daatenção do ídolo vale chorar,gritar, arrancar os cabelos e atéroubar objetos. Uma relação quesufoca e faz mal até para quempresencia o ato. Algumas des-sas reações foram presenciadaspela estudante de Rádio e TVCamila Francini Souza Gonçal-ves. “O que mais me assusta éque as pessoas misturam tudo,e isso faz mal. Eu não gosto depresenciar isso e confesso queaté eu me sinto sufocada.”