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LUTO ACAOE!01CO I As autoridades governamentais persistem na violac;B:o do direito a informa9!!o do povo portugues. 0 tempo passa a crise mantem-se e, nao obstante a acuidade dos problemas pendentes, o cidad!o por- tugues continua a sentir amargamente a viola9!o dos seus direitos. Esta recusa babilmente conjugada com "pseudo-not:!cias-descuidadas", como conse!'to orquestrado dos editoriais de prov:!ncia, com as noturnas distribui9C5es de panfletos ancSnimos e .Q. bedece a uma tecnica tl!o quanto desonesta de prepara9ao, ·de :forma9ao, de de uma opiniao pUblica que, embora das verd.ades oficiais desconfiada, Illii tas velZes nao tem tempo ..e nao tem cultura para um juizo cr!tico, alias, condicionado por uma estrutura mental planificada dEB de de o ber9o por uma pedagogia pol!tica-propagandistica. 0 governo sabe que o portugues pobre e o portuiues medic que preenchem a grande maioria populacional pouco ou nada le porque lhes falta tem poe dinheiro. A grande maioria toma conhecimento do que se passa no ' mundo nacional ou internacio- nal atraves de uma ou atraves de - pelo ecran da Dominando a TV e a EN, censurando todos os orgaos de imprensa o governo sabe que esta de posse do universe da palavra, que esse dominic lhe permite auto-nivelar 0 pensamento de uma maioria, in- cessante e monopoliticamente bombardeada com as verdades oficiais ouinjectada - oom noticias doras de reac9ao e que desta forma. pode promover uma falsa consciencsa que ignora a sua propria falsidade. Hoje a ditadura da procura criar obedientes porque capazes apenas de reagir na forma desejada pelos legisladores da info£ nia.c;ao. Importa pois alertar os cidadaos portugueses contra esta forma de totalitarismo intelectual e alertar os estudantes qontra esta forma insidiosa pela qual hAbilmente se procura forj8r uma opini ao publica portuguese que seja hostil ao estudante e que de hoje para amanh!J de a sua passividada ou ate 0 seu' aplauso a uma repressao violenta. Todo o estudante deve ser consciente deste facto e estar alerta para todas as manobras de dou- trina9ao .das massas no sentido de as pr6-determinar de forma hostil a causa estudantil. A necessidade de criar uma consciencia hostil aos estudantes tem encontrado· nestes lfitimos di- as algumas manifestac;C5es que vamo.s procurar denunciar e que cada estudante deve detiunciar para a&- sim suprir a inferioridade de expansao e comunicabilidade dos nossos "comunicados" face aos poten- tes porta-vozes do governo. uma luta bem desigual mas com a participa9ffo activa e consciente de todos os estudantes· a verdade e a justi9a da nossa luta sera conhecida em todo o ais e este toma- ra consciEmcia da falsidade da consciencia que· lhe querem dar.

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LUTO ACAOE!01CO

I

As autoridades governamentais persistem na violac;B:o do direito a informa9!!o do povo portugues.

0 tempo passa a crise mantem-se e, nao obstante a acuidade dos problemas pendentes, o cidad!o por­

tugues continua a sentir amargamente a viola9!o dos seus direitos.

Esta recusa babilmente conjugada com "pseudo-not:!cias-descuidadas", como conse!'to orquestrado

dos editoriais de prov:!ncia, com as noturnas distribui9C5es de panfletos ancSnimos e caluniado~s, .Q.

bedece a uma tecnica tl!o int~ligente quanto desonesta de prepara9ao, ·de :forma9ao, de mental~a~o

de uma opiniao pUblica que, embora das verd.ades oficiais desconfiada, Illii tas velZes nao tem tempo ..e

nao tem cultura para um juizo cr!tico, alias, condicionado por uma estrutura mental planificada dEB

de de o ber9o por uma pedagogia pol!tica-propagandistica. 0 governo sabe que o portugues pobre e o

portuiues medic que preenchem a grande maioria populacional pouco ou nada le porque lhes falta tem

poe dinheiro. A grande maioria toma conhecimento do que se passa no' mundo nacional ou internacio­

nal atraves de uma vista-de-olhos-pelo-jornal-a-caminho-d~·emprego ou atraves de uma-viata~de-o~

- pelo ecran da TV~a-mesa-do-cafe.

Dominando a TV e a EN, censurando todos os orgaos de imprensa o governo sabe que esta de posse

do universe da palavra, que esse dominic lhe permite auto-nivelar 0 pensamento de uma maioria, in­

cessante e monopoliticamente bombardeada com as verdades oficiais ouinjectada -oom noticias provoc~

doras de reac9ao pr~determitlada e que desta forma. pode promover uma falsa consciencsa que ignora

a sua propria falsidade. Hoje a ditadura da informa~ao procura criar esc~vos obedientes porque s~

~pensam:O-que-devem-pensar, capazes apenas de reagir na forma desejada pelos legisladores da info£

nia.c;ao.

Importa pois alertar os cidadaos portugueses contra esta forma de totalitarismo intelectual e

alertar os estudantes qontra esta forma insidiosa pela qual hAbilmente se procura forj8r uma opini

ao publica portuguese que seja hostil ao estudante e que de hoje para amanh!J de a sua passividada

ou ate 0 seu' aplauso a uma repressao violenta.

Todo o estudante deve ser consciente deste facto e estar alerta para todas as manobras de dou­

trina9ao .das massas no sentido de as pr6-determinar de forma hostil a causa estudantil.

A necessidade de criar uma consciencia hostil aos estudantes tem encontrado· nestes lfitimos di­

as algumas manifestac;C5es que vamo.s procurar denunciar e que cada estudante deve detiunciar para a&­

sim suprir a inferioridade de expansao e comunicabilidade dos nossos "comunicados" face aos poten­

tes porta-vozes do governo. ~ uma luta bem desigual mas com a participa9ffo activa e consciente de

todos os estudantes· a verdade e a justi9a da nossa luta sera conhecida em todo o ais e este toma­

ra consciEmcia da falsidade da consciencia que· lhe querem dar.

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Vejamos alguns factos:

l - Noticiava o jornal Di~rio de Coimbra em 11 de ~~io de 1969:

INCIDEN~ N.AS CI.DADES UNIVERSITARIAS DE LISBOA E DE COIMBRA . . . . . ..

"Com o t!tulo acima, publicaram alguns nossos colegas, .nas edigoes de ontem," a seguinte n.Q.

t:!cia:

"No gabinete do Sr. Presidente do Conselho tem sido recebidos numerosos telegramas de

estudantes das v~rias Universidades a protestar contra os actos de desordem e de destruig~o prati­

c'ados nas Cidades Univers·itarias de Lisboa e Co·imbra, considerando-os ~omo_ contr~rios ao esp!rito

acad~mico e prejudicando os verdadeiros interesses dos estudantes .universiMrios".

Nestes mesmos (ou aproximadamente) termos, a BM.:io Televisao Portuguesa divulgara j~ na ~

missao do seu Telejornal das 21,30 horas de sexta feira, i~tica informac!o.

A cidade _ol'lviu-a surpresa, e os protestos que ate junto deste · jorna.l chegaram lev~nos a

que a eles nos associemos, sabido como ~ . de todos, que se nao regi~~ram, na · Cidade Universi t~ria

de Coimbra, para honra da Academia que a povoa, quaisquer aetas d~ d~sti-uig!'!o.''

Ressalvamos, clara, nesta not!~ia a destruigao de uma universidade velha e caduca, que ali~s, ·

sevai destruir para se salvar.

Esta informac;ao. inicial que o Di~rio de _Lisboa correctamente critica, 6 tendenciosa e inteli ...

gente. Ela procura divulgar o bin6mio- estudante. = vandalo, estudante = d{scolo, estudant~ ' parasi ta econ6mico ••• Procura-se conscientemente inter,..relacionar este~ dais c~nceitos na mente dos ·· go­

vernados ••. Volvido pouco tempo de bombardeamento propagandistico ·haveria· toda uma habituagao de ' ~ . . .

pensamento, toda uma imagem motivadora a funcionar no interesse dos poderes· existentes. A funciona . . ·, .. . ' . .· ·. -

lizayao da l~em e da informac;ao esta para o homem como os reflexes condfcionados estao para

os ani!Jiais pr6-de.1;e.~ados par uma eerta habi tuagao.

_Importa pais que todo o estudante de13trua e denuncie esse bin6mio; que espaihe aos quatro ve11

tos que nao houve destruic;oes em Coimbra que nao queremos destruigoes em Coimbra ·mas que n!ro pe:rm,!

tiremos de forma alguma a mais dolorosa das destruigoes - a da pessoa humana.

2-- A funcionali~acao da informagao nao se revela apenas na criagao de b~6Inios motivadores e§_

perando-se que a palavra tenha como reacgao o comportamento desejado mas revela-se ainda no desta­

que seleccionador das noticias, n.o. t:!tulo, no lugar obscuro que outfas ocupam, nos factos que nao t3m a honra de se ver em not!cia.

Denunq,ia.ndo esta t~ctica, queremos n6s destacar o maraV'~lhoso recorte inserto no Primeiro • de '

Janeiro em 13-5-69 ~ .{

"FOGUETES NA ALDEIA"

"Os homens erani daquela aldeia, aldeia onde M muitos anos viveram os problemas da terra e

os dramas da sua gente, que mais tarde abandonaram para se insta,:).arem longe do l'\lgB.r onde para se1a

pre lhes ficou preso o coragao.

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E, numa rornagem de saudade, todos os anos' vein de longe visi tar a terra da sua juventude, sentir

a. sensac;ao do recuar dos an~s, r~viver as horas felizes que a velha aldeia lhes proporcionou.

Agora, ma.is uma vez, eles chegaram, mas, ao contmrio do que sempre sucedia,. o povo da aldeia

nao os recebeu com as costumadas manifestagoes de jubilo, com a tradicionccl euforia que a todos~

tu...-ava.

As grandes cheias haviam destruido as sementeiras, parecendo perder-se todo o grao, as terras

mostravam-se encbarcadas pantanosas e, perante os prejuizos _causados, os homens dos campos anda-

vam como se lhes tivesse morrido algu~m, como luto na pr6pria alma •••

Mas os homens que vieram de lcmge vinham para fazer uma festa e, nao querendo ver as semente.i­

ras perdidas, os camp~s transformados em pantanos, os olhos tristes do povo a que pertenceram ,la,u

garam foguetes ao ar,quebrando o sil~ncio respeitavel que pairava sabre os campos.

Eo deflagrar desses foguetes caiu .no espirito dos homens tristes como uma gargalhada junto de

urn leito de morte--- .essa gargalhada foi dada pelos antigos homens da sua terra,que parecia tere~ . I

... sa esquecido das grandes enxurrad.as que alagaram os terrenos nos sa13 tempos de alJl.anhadores da n.2.

va_seara"

Passado um ou dois dias recebemos carta do Dr. Joao de Almeida que vamos reproduzir integral -

mente e que elutidando informara. ·

Caros Colegas:

Nos passados dies 11, 12 e 13 reuniu o. Curso Jur!dico de 1939/44 de que fa9o parte,

comemorando a sua :Soda de Prata.

Embora os jornais te~m no~iciado a visita ao Reiter da Universidade e ao Director '

da Faculdade de Direito, a verdade ~ _ que nao foi o "Curse" que efectuou tal visita. . . . .

Dados OS ultimos acontecimentos U.l'liversitarios, .. a grande rnaioria do Curso eutendeu

que aquela visi ta., embora programada, nao tinha razao de ser e assim foi que apenas 6 den,

tre os 25 componentesdo Curso teimaram na visita!

Outra: grave e censuravel actuac;a':o cujaautoria s6 tambem aparentemente pede sera­

tribuida ao Ourso foi o lan9amento de fogu~tes, na tarde do dia 12, sem o m!nimo respei­

to pelo luto da Academia.

Amargurados por estas tristes e lamentaveis ocorrencdas,contra as quais lut~os sem

conseguir evit8.-las, procuramos, eu e outros Colegas,_ na _terc;a-feira, dia 13, da parte

da manha, e no edif!cio da Associagao Academica, avistarmo~nos com a Exma. Direcg§:o afim

de transmitirmos estas explicac;oes justamente devidas.

Na impossibilidade de 0 fazermo~ por ausencia de todos OS elementos da .Direcc;ao da

Associac;ao Academica e porque., pessoalrnente, nao me sentiria bern deixando tudo no esque­

cimento, aqui vos trago o meu protesto e a minha repulsa pelo sucedido ao meamo tempo ~

vos manifesto o meu respeito e a minha c~radagem.

Do colega e sempre estudante da nossa querida Unive-rsidade,

a)

JOAO DE ALivlEIDA

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"Querem6s que bs estUdantes de Coimb~a saibam que a quase totalidade do Curso Jur!­

dico de 19~9/44 ~o ap~ottou esta ~rtifesta.9ffo. E que a lamentou e sentiu tanto, que no dia segul.nte, de man})g, antes de deixar Co­

imbra, eu e mais dois coiegas, urn da Figueira da .Foz e outro morador em Lisboa,' fomos as ' .

Instalac;5es Acad~micas, em nos so nome e a pedido de 01itros coiegas, ··com o prop6si to de ~

presentar a Academia, na pessoa de quaiqu~r.do~ seus directo;es eleitos, as . desculpas da

quase totalidade do Gurso ·· e tod~s as e)!Jliicar,;5es do nos so pesar.

Pec;o encareci:aa.IIiente· · ~ ·v. -- Ei~ ~c~·ite e. ~ trarismi ta ·a Academia de Coimbra '0 ·pesar · da ·

quasi totalidade dos e"stu.d.ruites 'de> C~so --de Direi to 19'39/44 e a afirma:c;ao de que a· com •

preendem, admiram e respeitain."

3 - Damos agora not!cias duma outra atitude. Estranha desta vez, com ar de sigilo e silencio

com que, nao rare, certas forc;as se acobertam. ·

Na noite de 13 ou 14 de Maio foi visto na Cidade Universitaria, por urn grupo de estudantes,U!n

carro cujos ocupantes iam distribuindo comunicados que na habitual assinatura do anonimato co ti­

puavam a apologetica da delacgao e da repressao policial.

A atitude desses estudantes foi a de apanhar rapidamente os comunicados e os levarem por cer­

to no intuito de os destruir, destruindo nas folhas brancas da mentira e·dit provocac;ao a mesqui -

nhes de quem nao tern a coragem de na nudez dos dias a dos faotos por a doscoberto as suas inten -. .

c;5es. Atendamos, porem, numa. estranheza, ja menos estranha, que o esconderijo, o silericio·, a noi-

te e as esquinas sl!o poiso de deleite para os furtivos deferisores da Mentira.

Quando estava a chega.r ·a Se Velha o referidO grupo de 6ito estudantes foi perseguido por urn

carro-patrulha dentro do qual urn cavalheiro fardado de PoHcia de ·seguranc;a. 'PUblica lhes apontava

\1liiB. pistola. A fugados estudantes ericontrou poiso salvador ·na porta' aberta da Republica dos ~

~os.

Dois elementos da referida Republica, que entretanto e alertados sa-iram para. saber o que se ·

passava ( pois nenhurndos oito estU:dantes eram da. Republica ·)foram imediatamente interpelados pe­

+o referido cavalheiro fardado de P~S.P. que n'ervosainente segu<.rav~ uma pistola que Hies apontava.

Com toda ·a serenidade e precauc;ao oe·· dais colegas fizeram saber ao presurn:Lvel agente, que deu

pelo n11mero de 144, dos perigos que havia em continUa.r ria sua patente excita9ao a empU!lhar urna a,r.

ma que a qualquer momenta podia destravar-se e disparar.

Ap&s a habitual identificac;ao, osdois estU:d.antes continuaram a insistir no motivo eexplica­

<;~o de todo este aparato gerado pela atitude inoferisiva e louvavel ao que criam, de querer destr:g·

ir aquele monte vulgar de papel de palavras·falsas~

0 re£erido senhor £ardado de P .• s .P. apen9_S re_~pondeu . q)le 0 motivo porque. OS referidos papeis

nao podiam ser destruidos e a sua conservac;ao tinha o seu apoio era "SIDREDO PROFISSIONAL".

Par volta das 5 horas da manha foi vista uma outra pessoa fardada de P.S.P. a distribuir os

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; .:)

mesmos'"papeis em frente 'do· Tetitro Gil- :V:icent~. Como ~ se .va ·Ei -,apesar d0- ~eg::redQ _ d,.e pro~~i?sao,. de ,.es­

tim8vel respei to por certo, nao · t>e pOde manter ctesta · vez .'o segredo <:1~: ·t\Ul<;§:o -~ ~~ta terr_:!vel inc£_

modidad~ · dos olhares :atentos. : '-· > ·. ~ - · · · " _ . Estanids po{s eluCidados, •e 'C·remb-lo 'a disp€lrisar olitro ·comentahot: . so"re ·estes J;nUi, interessados

e interessantes segredos de profisi3ao·. ··:· · .. ' , .. ·;:. ·. ·J· 1::.:' _·

' : }. : .. :· . · :;· · ·: · .... i '.: j ~

II

PROPOSTA ,- . : .,: . . ,. . .. .. ··· .. .. ' i <.:. .: . . _ . .. ' .. ,

"Que·se mantenham as posigoes ja definidas e que se decrete desde ja a manuten9ao do lute

academico durante o periodo de exames, caso nao sejam satisfeitas as reivindicagoes defi

nidas de serem:

- levantadas as suspensoes;

~ levantados os processes de inquerito;

- nao sejam rnarcadas quaisquer faltas durante o per:lodo de luto academico"

Proposta aprovada na Ultima. Assembleia :t-'Iagna

Assim se exprimiu a vontade consciente dm:~ Academia empenhada numa inquebrantavel manifesta­

c_;:ao de solidariedade para com os estudantes suspensos e todos 'aqueles que perderam o ana par fal­

tas ao cumprirem sem vacilar a palavra de ordem de uma Academia ultrajada: o LUTO ACADEMICO.

0 Encerramento da Universidade teve desta forma uma, tambem, resposta ao saberem os estudan~

encontrar uma vez mais o melhor can1inho, o mais digno, aquele que a coerencia 16gica da sua gene­

rosidade e justiga lhes exigiam.

Prossegue-se, pais, numa luta abnegada num per{odo particularmente grave, assim se tern a co~

gem de lan9ar o repto da dignidade e da intransigencia lucida mantendo o Luto Academico em Exruues.

E que representariam os exames a correr normalmente neste momenta em que a Universidade e ab~ lada por uma profunda crise pela qual s6 as autoridades academicas sao responsaveis? Se sempre os

exames sumarian1 a farsa duma inadequada apreciagao dos conhecimentos, agora com os estudantes oc~

pados na defesa da sua Universidade tornou-se de todo inviavel a habitual preparagao. Exames nes­

te instante significam a farsa rr~ior para o mais baLxo dos rendimentos escolares.

Os Exames sao urn dos muitos aspectos retr6grados duma u.niversidade retr6grada. Significam o ~

caso e a lotaria de que resulta a percentagem media de 33~ de aprova9oes na Universidade de Cairn­

bra. E quando uma escola repudia, em termos de prestagao de provas, 67% dos seus alunos, ou estes

nao estao no seu lugar, ou e entao a Universidade que ba muito se demitiu do seu lugar,. sua fun-

9ao.

A substitui9ao dos exames par outro processo de controle de conhecimentos deve surgir numa U­

niversidade autenticamente renovada que nao recorra ao sistema das notas ou exames para desencade -ar o trAbalho e o estudo. 0 pr6prio conteudo do ensino, os seus metodos e as suas finalidades im­

porao aos estudantes o trabalho indispensavel.

Nao queremos mais que a ilusao do saber tenha de ano a ano a sua maratona . 0 holocausto da

mem6ria e do lud{brio e fossil medievo que a historia e a ciencia nao suportarJ.

Como diz o Prof. Marcelo Caetano , o exame nao deve ser para o estudante "torneio em que o

professor, incontestavelmente mais bern apetrechado, procura derrota-lo, enquanto ele trata porseu

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lado de empregar todos os meios de leg:!tima .._ ou il~g:!tima ••• - defesa, na lu~a desigual: o

trabalho, o engenho, a amiacia, a ',.ajuda dos santos, ,e a pr6pria fraude~"

Ngo queremos pois um regresso simples a normalid~de duma pr~tica que esp:!rito lucido ~o vi~

lumbra, queremos sim o regresso a normalidade da disciphna Acad,emica e Un;versi't<iria que foi Jli.2.

judicada por aqueles que do Boder usam, abusando, que em no~e" da j:usti9a julgam, p\mindo, e , que

em nome dos factos e da verdade esclarecem mentindo.

Pelas Reivindica9oes da Academia de Coinbra

0 LUTO ACADEMICO NOS EXAMES

."-· :.

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