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  • 21

    Congruncia de

    Tringulos

    Sumrio

    2.1 Os casos LAL, ALA e LLL . . . . . . . . . . . . . . 2

    2.2 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

    2.3 Aplicaes de congruncia . . . . . . . . . . . . . . 11

    2.4 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

  • Unidade 2

    Os casos LAL, ALA e LLL

    Congruncia de Tringulos

    Esta unidade devotada ao estudo de condies necessrias e sucientes

    para que dois tringulos possam ser considerados iguais, num sentido a ser pre-

    cisado. Discutimos, ainda, vrias consequncias interessantes de tais conjuntos

    de condies, notadamente o quinto axioma de Euclides (tambm conhecido

    como o axioma das paralelas), a desigualdade triangular e os vrios tipos de

    quadrilteros notveis.

    2.1 Os casos LAL, ALA e LLL

    Consideremos, inicialmente, o exemplo a seguir.

    Exemplo 1

    Construa com rgua e compasso um tringulo equiltero ABC de lados

    iguais a l.

    Soluo

    l

    Descrio dos passos.

    1. Marque um ponto arbitrrio A no plano.

    2. Com a abertura do compasso igual a l, centre-o em A e construa o crculo

    de centro A e raio l.

    3. Marque um ponto arbitrrio B sobre tal crculo.

    4. Com a abertura do compasso igual a l, centre-o em B e construa o crculo

    de centro B e raio l.

    5. Denotando por C uma qualquer das intersees dos dois crculos traados,

    construmos um tringulo ABC, equiltero e de lado l.

    2

  • Unidade 2

    Congruncia de Tringulos

    No exemplo acima, construmos um tringulo tendo certas propriedades

    pr-estabelecidas (ser equiltero, com comprimento dos lados conhecido). Ao

    resolv-lo, aceitamos implicitamente o fato de que s havia, essencialmente, um

    tringulo satisfazendo as propriedades pedidas; de outro modo, qualquer outro

    tringulo que tivssemos construdo mereceria ser qualicado como igual ao

    tringulo construdo, uma vez que s diferiria desse por sua posio no plano.

    A discusso acima motiva a noo de igualdade para tringulos, a qual

    recebe o nome especial de congruncia: dizemos que dois tringulos so con-

    gruentes se for possvel mover um deles no espao, sem deform-lo, at faz-lo

    coincidir com o outro.

    Assim, se dois tringulos ABC e ABC forem congruentes, deve existir

    uma correspondncia entre os vrtices de um e do outro, de modo que os

    ngulos internos em vrtices correspondentes sejam iguais, bem como o sejam

    os lados opostos a vrtices correspondentes. A Figura 2.1 mostra dois tringulos

    congruentes ABC e ABC , com a correspondncia de vrtices

    A A; B B; C C .Para tais tringulos, temos ento

    A

    B C A

    B

    C

    Figura 2.1: dois tringulos congruentes.

    {A = A; B = B; C = C

    AB = AB; AC = AC ; BC = BC .

    imediato que a congruncia de tringulos possui as duas propriedades

    interessantes a seguir

    1

    :

    1

    O leitor com algum conhecimento prvio de Geometria Euclidiana notar que, no que

    segue, no listamos a propriedade reexiva da congruncia de tringulos. Nesse sentido,

    sempre que nos referirmos, em um certo contexto, a dois tringulos, car implcito que os

    mesmos so, necessariamente, distintos.

    3

  • Unidade 2

    Os casos LAL, ALA e LLL

    1. Simetria: tanto faz dizermos que um tringulo ABC congruente a

    um tringulo DEF quanto que DEF congruente a ABC, ou mesmo

    que ABC e DEF so congruentes. Isso porque, se pudermos mover

    ABC, sem deform-lo, at faz-lo coincidir com DEF , ento certamente

    poderemos fazer o movimento contrrio com DEF , at superp-lo a

    ABC.

    2. Transitividade: se ABC for congruente a DEF e DEF for congruente

    aGHI, ento ABC ser congruente aGHI. Isso porque podemos mover

    ABC at faz-lo coincidir comGHI por partes: primeiro, movemosABC

    at que ele coincida com DEF e, ento, continuamos a mov-lo at que

    coincida com GHI.

    Doravante, escreveremos

    ABC ABC

    para denotar que os dois tringulos ABC e ABC so congruentes, com a

    correspondncia de vrtices

    A A; B B; C C .

    Seria interessante dispormos de critrios para decidir se dois tringulos dados

    so ou no congruentes. Tais critrios deveriam ser os mais simples possveis,

    a m de facilitar a vericao da congruncia. Esses critrios existem e so

    chamados casos de congruncia de tringulos.

    No que segue, vamos estudar os vrios casos de congruncia de tringulos

    sob um ponto de vista informal. Cada caso precedido de um problema de

    construo com rgua e compasso, cuja soluo motiva sua formalizao.

    Exemplo 2

    Construa com rgua e compasso o tringulo ABC, conhecidos BC = a,

    AC = b e C = .

    Soluo

    a b

    4

  • Unidade 2

    Congruncia de Tringulos

    Descrio dos passos.

    1. Marque um ponto C no plano e, em seguida, trace uma semirretaCX

    de origem C.

    2. Transporte o ngulo dado para um ngulo XCY = , de vrtice C,

    determinando a semirreta

    CY de origem C.

    3. Sobre as semirretas

    CX e

    CY marque, respectivamente, os pontos B e

    A tais que AC = b e BC = a.

    Analisando os passos da construo acima notamos que, escolhendo outra

    posio para o vrtice C e outra direo para os lados do ngulo XCY , aconstruo do tringulo ABC continuaria determinada pelos dados do exemplo

    e obteramos um tringulo que, intuitivamente, gostaramos de qualicar como

    congruente ao tringulo inicial. Essa discusso motiva nosso primeiro caso de

    congruncia, conhecido como o caso LAL.

    Axioma 3

    LAL

    Se dois lados de um tringulo e o ngulo formado por esses dois lados forem

    respectivamente iguais a dois lados de outro tringulo e ao ngulo formado por

    esses dois lados, ento os dois tringulos so congruentes.

    A

    B C A

    B

    C

    Figura 2.2: o caso de congruncia LAL.

    Em smbolos, o caso de congruncia acima garante que, dados tringulos

    ABC e ABC , temos:

    AB = AB

    AC = AC

    A = A

    LAL= ABC ABC ,5

  • Unidade 2

    Os casos LAL, ALA e LLL

    com a correspondncia de vrtices A A, B B, C C . Em particular,segue, da, que

    B = B, C = C e BC = BC .

    Consideremos, agora, o exemplo a seguir.

    Exemplo 4

    Construa com rgua e compasso o tringulo ABC, conhecidos BC = a,

    B = e C = .

    Soluo

    a

    Descrio dos passos.

    1. Trace uma reta r e, sobre a mesma, marque pontos B e C tais que

    BC = a.

    2. Construa uma semirreta

    BX tal que CBX = .

    3. No semiplano determinado por r e X construa a semirretaCY tal que

    BCY = .

    4. Marque o ponto A como interseo das semirretasBX e

    CY .

    Aqui novamente, analisando os passos da construo acima, notamos que,

    escolhendo outra posio para o lado BC e mantendo BC = a, a construo

    do tringulo ABC continuaria determinada pelas medidas impostas aos ngulos

    B e C, de modo que obteramos um tringulo que gostaramos de qualicarcomo congruente ao tringulo inicial. Essa discusso motiva nosso segundo

    caso de congruncia, o caso ALA.

    6

  • Unidade 2

    Congruncia de Tringulos

    Axioma 5

    ALA

    Se dois ngulos de um tringulo e o lado compreendido entre esses dois

    ngulos forem respectivamente iguais a dois ngulos de outro tringulo e ao lado

    compreendido entre esses dois ngulos, ento os dois tringulos so congruentes.

    A

    B C A

    B

    C

    Figura 2.3: o caso de congruncia ALA.

    Em smbolos, dados dois tringulos ABC e ABC , temos:

    A = A

    B = B

    AB = AB

    ALA= ABC ABC ,com a correspondncia de vrtices A A, B B, C C . Em particular,tambm devemos ter

    C = C , AC = AC e BC = BC .

    Examinemos, agora, o exemplo que motivar nosso terceiro caso de con-

    gruncia.

    Exemplo 6

    Construa com rgua e compasso o tringulo ABC, conhecidos AB = c,

    AC = b e BC = a.

    Soluo

    a bc

    7

  • Unidade 2

    Os casos LAL, ALA e LLL

    Descrio dos passos.

    1. Trace uma reta r e, sobre a mesma, marque pontos B e C tais que

    BC = a.

    2. Trace os crculos de centro B e raio c e de centro C e raio b.

    3. Marque o ponto A como um dos pontos de interseo dos crculos traa-

    dos no item anterior.

    Uma vez mais, os passos da construo evidenciam que, com outro posi-

    cionamento inicial para o lado BC (mantida, claro, a condio BC = a),

    obteramos um tringulo que gostaramos de qualicar como congruente ao

    tringulo inicial. Isto motiva, ento, nosso terceiro caso de congruncia, o caso

    LLL, enunciado a seguir.

    Axioma 7

    LLL

    Se os trs lados de um tringulo so, em alguma ordem, respectivamente

    congruentes aos trs lados de outro tringulo, ento os dois tringulos so

    congruentes.

    A

    B C A

    B

    C

    Figura 2.4: o caso de congruncia LLL.

    Em smbolos, dados dois tringulos ABC e ABC , temos:

    AB = AB

    BC = BC

    CA = C A

    LLL= ABC ABC ,com a correspondncia de vrtices A A, B B, C C . Em particular,tambm temos

    A = A, B = B e C = C .

    8

  • Unidade 2

    Congruncia de Tringulos

    Vale observar que os casos de congruncia ALA e LLL decorrem do caso

    LAL no seguinte sentido: dados, no plano, dois tringulos quaisquer, pode

    ser mostrado que a validade de um qualquer dos conjuntos de condies ALA

    ou LLL para os mesmos acarreta a validade de uma condio do tipo LAL.

    No entanto, como tais dedues no implicariam em ganho substancial para

    o propsito destas notas, no as apresentaremos aqui (para uma exposio,

    referimos o leitor a [3]). Por m, apresentaremos os dois ltimos casos de

    congruncia de tringulos no Corolrio 4.8 e no Problema 1 da Unidade 4,

    mostrando como tais casos podem ser deduzidos a partir dos casos ALA e LLL,

    estudados acima.

    Por m, observamos que, uma vez estabelecida a congruncia de dois trin-

    gulos, sempre que no houver perigo de confuso omitiremos a correspondncia

    entre seus vrtices. Essa praxe ser utilizada vrias vezes no restante dessas

    notas, de forma que exortamos o leitor, em cada uma de tais oportunidades, a

    checar com cuidado a correspondncia apropriada entre os vrtices envolvidos,

    para o bem da compreenso do texto.

    9

  • Unidade 2 Problemas

    2.2 Problemas

    1. (a) D um exemplo mostrando dois tringulos congruentes para os quais

    no seja possvel mover rigidamente (i.e., sem deformar) um deles

    no plano at faz-lo coincidir com o outro.

    (b) Em que diferem os dois tringulos congruentes do item (a) que

    justique no podermos fazer tal movimento no plano?

    (c) Para o exemplo do item (a), mostre como mover rigidamente um

    dos tringulos no espao at faz-lo coincidir com o outro.

    (Sugesto: para o item (a), considere tringulos escalenos ABC e ABC

    no plano, tais que AB = AB e AC = AC. A razo da impossibilidade

    de mover (no plano) um deles at faz-lo coincidir com o outro o fato

    de que eles tm orientaes distintas.)

    10

  • Unidade 2

    Congruncia de Tringulos

    2.3 Aplicaes de congruncia

    Colecionamos, nesta seo, algumas aplicaes teis dos casos de congrun-

    cia de tringulos estudados na seo anterior. Tais aplicaes aparecero do-

    ravante com tanta frequncia que o leitor deve se esforar por memoriz-las o

    quanto antes.

    Definio 8Dado um ngulo AOB, a bissetriz de AOB a semirretaOC que

    o divide em dois ngulos iguais. Neste caso, dizemos ainda que

    OC bissecta

    AOB. Assim,OC bissecta AOB AOC = BOC.

    Assumiremos, aqui, que a bissetriz interna de um ngulo, caso exista,

    nica. O prximo exemplo ensina como construi-la.

    Exemplo 9

    Construa com rgua e compasso a bissetriz do ngulo AOB dado abaixo.

    Soluo

    O

    B

    A

    Descrio dos passos.

    1. Centre o compasso em O e, com uma mesma abertura r, marque pontos

    X OA e Y

    OB.

    2. Fixe uma abertura s > 12XY e trace, dos crculos de raio s e centros X e

    Y , arcos que se intersectem num ponto C. A semirretaOC a bissetriz

    de AOB.

    11

  • Unidade 2

    Aplicaes de congruncia

    De fato, em relao aos tringulos XOC e Y OC construdos acima, temos

    OX = OY = r e XC = Y C = s; uma vez que o lado OC comum aos

    dois tringulos, segue do caso de congruncia LLL que XOC Y OC. Logo,XOC = Y OC ou, ainda, AOC = BOC.

    Em um tringulo ABC, a bissetriz interna relativa a BC (ou ao vrtice

    A) a poro AP da bissetriz do ngulo interno A do tringulo, desde A ato lado BC; o ponto P BC o p da bissetriz interna relativa a BC.Analogamente, temos em ABC as bissetrizes internas relativas aos lados AC

    e AB (ou aos vrtices B e C, respectivamente), de modo que todo tringulo

    possui exatamente trs bissetrizes internas. Neste momento, instrutivo o

    leitor desenhar um tringulo ABC, juntamente com a bissetriz interna relativa

    ao vrtice A e o p da bissetriz correspondente; a esse respeito, veja tambm

    o Problema 1, pgina 17.

    Combinando os casos LLL e LAL podemos contruir tambm o ponto mdio

    de um segmento, i.e., o ponto que o divide em duas partes iguais. O prximo

    exemplo explica como construi-lo.

    Exemplo 10

    Construa com rgua e compasso o ponto mdio do segmento AB.

    Soluo

    A

    B

    Descrio dos passos.

    1. Fixe uma abertura r > 12AB e trace, dos crculos de raio r e centros A

    e B, arcos que se intersectem nos pontos X e Y .

    2. O ponto M de interseo da retaXY com o segmento AB o ponto

    mdio de AB.

    De fato, em relao aos tringulos AXY e BXY , temos AX = BX e AY =

    BY ; uma vez que o lado XY comum aos dois tringulos, segue do caso de

    12

  • Unidade 2

    Congruncia de Tringulos

    congruncia LLL que AXY BXY . Portanto, AXY = BXY ou, ainda,AXM = BXM . Agora, nos tringulos AXM e BXM , temos que AX =

    BX e AXM = BXM ; mas, como o lado XM comum aos mesmos, segue

    do caso LAL que AXM BXM . Logo, AM = BM .

    Em um tringulo ABC, a mediana relativa ao lado BC (ou ao vrtice A)

    o segmento que une o vrtice A ao ponto mdio do lado BC. Analogamente,

    temos em ABC medianas relativas aos lados AC e AB (ou aos vrtices B

    e C, respectivamente), de modo que todo tringulo possui exatamente trs

    medianas. Sugerimos ao leitor desenhar um tringulo ABC, juntamente com

    sua mediana relativa ao vrtice A e o ponto mdio do lado correspondente; veja

    tambm o Problema 2, pgina 17.

    Dadas duas retas r e s no plano, dizemos que r perpendicular a s, que

    s perpendicular a r ou, ainda, que r e s so perpendiculares quando r e s

    tiverem um ponto em comum e formarem ngulos de 90 nesse ponto. Escreve-

    mos rs para denotar que duas retas r e s so perpendiculares. O prximoexemplo mostra como usar os casos de congruncia estudados anteriormente

    para construir a reta perpendicular a uma reta dada e passando por um ponto

    dado.

    Exemplo 11

    Dados, no plano, uma reta r e um ponto A, construa com rgua e compasso

    uma reta s tal que rs e A s.

    Soluo

    H dois casos a considerar:

    (a)

    r

    A

    Descrio dos passos.

    1. Com o compasso centrado em A, descreva um arco de crculo que inter-

    secte a reta r em dois pontos distintos B e C.

    13

  • Unidade 2

    Aplicaes de congruncia

    2. Construa o ponto mdio M de BC e faa s =AM .

    De fato, em relao aos tringulos ABM e ACM , temos AB = AC e

    BM = CM ; como AM lado de ambos os tringulos, segue do caso LLL que

    ABM ACM e, da, AMB = AMC. Mas, como AMB + AMC = 180,devemos ter, ento, que AMB = AMC = 90 ou, ainda,

    AMr.

    (b)

    rA

    Descrio dos passos.

    1. Com o compasso centrado em A, descreva um semicrculo que intersecta

    a reta r nos pontos B e C.

    2. Trace, agora, crculos de raio r > 12BC e centros respectivamente em B

    e em C; sendo A um dos pontos de interseo de tais crculos, temosAAr.

    De fato, temos ABA ACA por LLL e, da, AAB = AAC. Mas, comoAAB + AAC = 180, segue que AAB = AAC = 90.

    Nas notaes do exemplo anterior, se A / r, ento o ponto de interseoda reta s, perpendicular a r por A, denominado o p da perpendicular

    baixada de A a r.

    Observao 12 Dados, no plano, um ponto A e uma reta r, possvel mostrar que existe

    uma nica reta s, perpendicular a r e passando por A (a esse respeito, veja o

    Problema 19 da Unidade 4.

    Dados, no plano, um ponto A e uma reta r, com A / r, a distncia doponto A reta r denida como o comprimento do segmento AP , onde P

    o p da perpendicular baixada de A a r (cf. Figura 2.5). Denotando por

    d a distncia de A a r, temos ento d = AP . Provaremos na Unidade 5

    que o comprimento do segmento AP menor que o comprimento de qualquer

    14

  • Unidade 2

    Congruncia de Tringulos

    r

    A

    P

    d

    P

    Figura 2.5: distncia do ponto A reta r.

    outro segmento unindo A a um ponto P r, com P 6= P ; nas notaes daFigura 2.5, d < AP .

    Em um tringulo ABC, a altura relativa ao lado BC (ou ao vrtice A) o

    segmento que une o vrtice A ao p da perpendicular baixada de A retaBC.

    Nesse caso, denominamos o p da perpendicular em questo de p da altura

    relativa a BC. Analogamente, temos em ABC alturas relativas aos lados AC

    e AB (ou aos vrtices B e C, respectivamente), de modo que todo tringulo

    possui exatamente trs alturas. A esta altura, sugerimos ao leitor desenhar um

    tringulo ABC, juntamente com sua altura relativa ao vrtice A e o p da

    altura correspondente; a esse respeito, veja tambm o Problema 3, pgina 17.

    Finalizamos essa seo estudando uma propriedade muito importante dos

    tringulos issceles:

    Proposio 13Se ABC um tringulo issceles de base BC, ento B = C.

    Demonstrao

    A prova dessa proposio est embutida na justicativa que demos para a

    construo do ponto mdio de um segmento. Em todo caso, vamos repeti-la.

    A

    B CM

    Figura 2.6: ABC issceles B = C.

    15

  • Unidade 2

    Aplicaes de congruncia

    Seja M o ponto mdio do lado BC (Figura 2.6). Como BM = CM ,

    AB = AC e AM lado comum de AMB e AMC, segue do caso de con-

    gruncia LLL que tais tringulos so congruentes. Logo, ABM = ACM .

    Corolrio 14

    Os ngulos internos de um tringulo equiltero so todos iguais.

    Demonstrao

    Basta observar que todos os lados de um tringulo equiltero podem ser

    vistos como bases do mesmo, considerado como tringulo issceles.

    16

  • Unidade 2

    Congruncia de Tringulos

    2.4 Problemas

    1. Construa com rgua e compasso as bissetrizes internas do tringulo ABC

    da Figura 2.7.(Sugesto: siga os passos da construo descrita no Exem-

    plo 9.)

    A

    C

    B

    Figura 2.7: bissetrizes internas de um tringulo.

    2. Construa com rgua e compasso as medianas do tringulo ABC da

    Figura 2.8.(Sugesto: siga os passos da construo descrita no Exem-

    plo 10.)

    A

    C

    B

    Figura 2.8: medianas de um tringulo.

    3. Construa com rgua e compasso as alturas do tringuloABC da Figura 2.8.

    Aps os trs problemas acima, vale a pena tecermos alguns comentrios.

    Em primeiro lugar, imediato, a partir das denies dadas, que as bis-

    setrizes internas e as medianas de um tringulo esto sempre contidas

    no mesmo; isso no necessariamente verdadeiro para as alturas, con-

    forme voc pde notar no ltimo problema acima. Por outro lado, voc

    deve ter notado que, nas construes efetuadas nos trs problemas referi-

    dos, as bissetrizes internas do tringulo ABC passaram todas por um

    17

  • Unidade 2 Problemas

    mesmo ponto, o mesmo tendo ocorrido para as medianas e as alturas.

    Tais concorrncias no so devidas aos tringulos ABC escolhidos, de

    fato, prova-se que bissetrizes internas, medianas e alturas de um trin-

    gulo qualquer sempre passam por um mesmo ponto.

    4. * Sejam dados, no plano, um ponto A e uma reta r, com A / r. Dize-mos que um ponto A o simtrico de A em relao reta r quandoAAr e r passar pelo ponto mdio do segmento AA. Mostre comoconstruir A com rgua e compasso2. (Sugesto: comece construindo a

    reta perpendicular a r e passando por A.)

    5. Construa com rgua e compasso o tringulo ABC, conhecidos os com-

    primentos AB = c, BC = a e ma da mediana relativa a A. (Sugesto:

    comece construindo o tringulo ABM , onde M o ponto mdio do lado

    BC.)

    6. Construa com rgua e compasso o tringulo ABC, conhecendo os com-

    primentos AB = c, AC = b e ma da mediana relativa a BC. (Sugesto:

    no tringulo ABC, sejam M o ponto mdio do lado BC e A AM tal

    que AM = AM . Mostre que AMC AMB e, em seguida, use estaconcluso para construir o tringulo AAC. Construa, agora, o ponto

    mdioM de AA e obtenha o vrtice B como o ponto sobreCM tal que

    BM = CM .)

    7. Construa com rgua e compasso o tringulo ABC, conhecidos os compri-

    mentos AB = c e a da bissetriz interna relativa ao lado BC, bem como

    a medida BAC = . (Sugesto: divida o ngulo em duas partesiguais (com o auxlio da construo da bissetriz) e, em seguida, construa

    o tringulo ABP , onde P o p da bissetriz interna de ABC relativa ao

    lado BC. Em seguida, obtenha o vrtice C como a interseo deBP

    com

    AX, onde BAX = .)

    8. * Se ABC um tringulo issceles de base BC, prove que a bissetriz, a

    mediana e a altura relativas a BC coincidem. (Sugesto: seM o ponto

    2

    Para estudar sistematicamente reexo como uma transformao geomtrica (cf. [10]),

    necessrio denirmos o simtrico A de um ponto A em relao reta r quando A r;nesse caso, pomos A = A.

    18

  • Unidade 2

    Congruncia de Tringulos

    mdio do lado BC, mostramos na Proposio 13 que os tringulos ABM

    e ACM so congruentes por LLL. Conclua, da, que AM bissetriz de

    BAC e que BMA = CMA. Por m, use o fato de BMA+CMA =180 para concluir que AM altura.)

    9. * Sejam ABC um tringulo e P , M e H respectivamente os ps da

    bissetriz interna, mediana e altura relativas ao lado BC. Se P e H ou

    M e H coincidirem, prove que ABC issceles de base BC. (Sugesto:

    se P e H coincidirem, mostre que ABP ACP por ALA; se M e Hcoincidirem, use LAL em vez de ALA.)

    10. * Seja um crculo de centro O e AB uma corda de . Se M um

    ponto sobre AB, prove que

    OMAB AM = BM.

    (Sugesto: uma vez que OA = OB, suciente combinar os resultados

    dos dois problemas anteriores.)

    19

  • Referncias Bibliogrcas

    [1] AKOPYAN, A. V. e ZASLAVSKY A. A. (2007). Geometry of Conics. Amer-

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    [2] DE BARROS, A. A. e ANDRADE, P. F. DE A. (2009). Introduo Geo-

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    [3] BARBOSA, J. L. M. (2004). Geometria Euclidiana Plana. Sociedade

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    [4] BARBOSA, J. L. M. (1995). Geometria Hiperblica. Instituto Nacional de

    Matemtica Pura e Aplicada.

    [5] CAMINHA, A. (2012). Temas de Matemtica Elementar, Volume 1.

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    [13] YAGLOM, I. M. e SHENITZER, A. (2009). Geometric Transformations IV.

    The Mathematical Association of America.

    20

    Congruncia de TringulosOs casos LAL, ALA e LLLProblemasAplicaes de congrunciaProblemas

    Referncias Bibliogrficas