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MANUAL DE FEIRA DE SEMENTES em situação de emergência MELHORAR A EFICIÊNCIA NA DISTRIBUIÇÃO DE SEMENTES Insstituto Internacional de Investigação de Culturas para os Trópicos Semiárido (ICRISAT) Instituto Nacional de Investigação Agronómica (INIA)

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MANUAL DE FEIRA DE SEMENTESem situação de emergência

MELHORAR A EFICIÊNCIA NA DISTRIBUIÇÃO DE SEMENTES

Insstituto Internacional de Investigaçãode Culturas para os Trópicos Semiárido(ICRISAT)

Instituto Nacional de InvestigaçãoAgronómica(INIA)

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ESTA PUBLICAÇÃO FAZ PARTE DOS PRODUTOS DO PROJECTO �MELHORAMENTO DA

EFICIÊNCIA NA DISTRIBUIÇÃO DE SEMENTE EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA�, ARTICULANDO ADISTRIBUIÇÃO DE SEMENTE COM O DESENVOLVIMENTO DO MERCADO.

O PROJECTO É FINANCIADO PELA USAID, NO ÂMBITO DA ASSISTÊNCIA AMERICANA AS

CALAMIDADES OCORRIDAS NO ANO 2001 EM MOÇAMBIQUE.

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MANUAL DE FEIRAS DE SEMENTESMANUAL DE FEIRAS DE SEMENTESMANUAL DE FEIRAS DE SEMENTESMANUAL DE FEIRAS DE SEMENTESMANUAL DE FEIRAS DE SEMENTESem situação de emergênciaem situação de emergênciaem situação de emergênciaem situação de emergênciaem situação de emergência

Elaborado por:E laborado por:E laborado por:E laborado por:E laborado por:

ICRISAT - MOÇAMBIQUE

GRUPO TÉCNICO LOCAL - AUTORES:

WILSON JOSÉ LEONARDO ENG. AGRÓNOMO

CARLOS DOMINGUEZ ESPECIALISTA EM SEMENTES

MOMADE SAIDE ANTROPÓLOGO

GRUPO TÉCNICO INTERNACIONAL:

RICHARD JONES ESPECIALISTA EM TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIAS

KATE LONGLEY ANTROPÓLOGO

DAVID ROHRBACH SÓCIO-ECONOMISTA

Instituto Internacional de Investigação de Culturas paraos Trópicos Semi-Áridos - ICRISAT - Moçambique

Publ icado pelo:Publ icado pelo:Publ icado pelo:Publ icado pelo:Publ icado pelo:

Instituto Nacional de Investigação Agronómica - INIA

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Acrónimos e abreviaturas

CRS Catholic Relief ServicesDAP Departamento de Aviso PrévioDDADR Direcção Distrital de Agricultura e Desenvolvimento RuralDDIC Direcção Distrital de Indústria e ComércioDINA Direcção Nacional de AgriculturaDPADR Direcção Provincial de Agricultura e Desenvolvimento RuralFAO Food & Agricultural Organization of the United NationsFEWS NET Famine Early Warning System NetworkGPF Grupo de Preparação das FeirasICRISAT International Crops Research Institute for the Semi-Arid TropicsINIA Instituto Nacional de Investigação AgronómicaMADER Ministério de Agricultura e Desenvolvimento RuralONGs Organizações Não GovernamentaisSAP Sector de Aviso PrévioSIMA Sistema de Informação de Mercados Agrícolas

NESTE MANUAL A PALAVRA SEMENTE É ENTENDIDA COMO

AQUILO QUE É UTILIZADO PARA A SEMENTEIRA.

Distinguimos ainda entre semente local, que é o grão seleccionado

pelo agricultor ou vendedor para servir de semente e semente

certificada, que é a semente comercial produzida pelas companhias

de sementes.

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Prefácio

Em Moçambique, os 17 anos do conflito armado destruíram quasepor completo a rede comercial e, embora o conflito já tenha terminadoem 1992, até hoje a rede mantém-se fraca devido à degradação deinfra-estruturas e de vias de acesso.

O escoamento e comercialização dos produtos agrícolas das zonasrurais é crucial para o desenvolvimento local. A fraca comercializaçãofaz com que a população rural tenha um poder de compra limitadoe, consequentemente com que as redes de comercialização deprodutos para as zonas rurais se desenvolvam lentamente, incluindoas redes comerciais de distribuição de sementes e utensílios agrícolasnecessários para o desenvolvimento das zonas rurais.

Em situações de emergência, a principal ajuda ao agricultor temconsistido normalmente na distribuição gratuita de kits de sementese utensílios.

Estes kits são compostos a nível central e iguais para todos osagricultores afectados. Mas os agricultores não são todos iguais,nem o são os solos das suas machambas, nem as condições agro-climáticas nas suas zonas nem as culturas e variedades específicasque costumam semear.

Numa situação destas, quando a procura de utensílios e sementesnas zonas rurais é alta, a rede comercial de sementes podia ganhar�algum extra� e ter um impulso para se reestabelecer. Mas os fundospara a compra de sementes têm sido aplicados a nível central, nacompra de kits do estrangeiro, privilegiando um sistema �ad-hoc�de distribuição de semente.

As Feiras de Sementes podem ser uma alternativa à distribuiçãogratuita de kits de sementes. As Feiras de Sementes conseguemresponder melhor às necessidades específicas de cada zona e decada agricultor, e fazem com que os fundos da ajuda de emergênciasejam investidos na zona afectada, em vez de serem utilizados na

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importação de kits de sementes. Assim, as feiras contribuem pararevitalizar a economia local, em particular a rede comercial dedistribuição de sementes na zona afectada.

O que é uma Feira de Sementes? e Quais as suas vantagens? édescrito com mais pormenor na primeira parte deste manual. Comoorganizar uma Feira de Sementes em situações de emergência estádescrito na segunda parte.

É importante dizer aqui que este manual foi concebido para ser umguia. Em nenhum caso gostaríamos que fosse entendido como uma�receita� para ser seguida à letra. Pelo contrário, é desejo dos autoresque os leitores sejam inovativos e criativos e que adaptem este manualàs suas condições e experiências específicas, da mesma forma que oagricultor escolhe a semente de acordo com as condições agrícolasespecíficas da sua zona.

Como tal, gostaríamos sempre de receber críticas construtivas esugestões para melhorar o conteúdo deste manual.

Os editores agradecem aos técnicos da Catholic Relief Services doQuénia, que partilharam connosco as suas experiências, com destaquepara a valiosa contribuição dos senhores Paul A. Omanga e JeremiahMoroko que nos deram a oportunidade de assistir às Feiras deSementes por eles organizadas no Quénia.

Igualmente agradecemos a colaboração da FAO-IDO no testepreliminar da metodologia durante a realização das feiras nos distritosde Maringué e Macossa, com apoio da cooperação Italiana.

Agradecemos também os contributos dos técnicos da DINA,nomeadamente Cremildo Joaquim, Custódio João, Diogo Carlos,Manuel Monteiro, Marcelino Valoi, Maria Isabel Victoria, RomãoLambucene, Soares Banze e do Joaquim Cuna, coordenador da UCEA,que tiveram a paciência de ler e interpretar as primeiras versões destemanual.

Os autoresOs autoresOs autoresOs autoresOs autores

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1. Introdução

Durante séculos, os camponeses-agricultoresseleccionaram do grão das culturas as sementespara as épocas seguintes. O camponês-agricultor dispõe de um conhecimentoacumulado por gerações e ninguém melhor doque ele próprio sabe seleccionar as sementesadaptadas às suas próprias condições. Sementese camponeses são palavras quase sinónimas.

Normalmente, o agricultor satisfaz a suanecessidade de sementes a partir de várias fontes.Parte das sementes é seleccionada do grãoproduzido; outra parte é comprada ou trocadacom familiares e vizinhos; e outra parte ainda ésemente certificada, comprada na loja eproveniente de companhias de sementes.

O hábito de utilizar várias fontes de sementestambém tem como objectivo �jogar� com asincertezas climáticas. Por exemplo, umavariedade pode ser mais adaptada à secaenquanto outra pode ter melhores colheitasquando a chuva é abundante. Ao utilizar váriostipos de sementes, o agricultor diminui o risco deperda total da colheita.

Em situação de emergência, a primeira fonte aque o agricultor recorre para satisfazer a suanecessidade de sementes é a família e vizinhos;uma segunda fonte são os agricultores dascomunidades vizinhas e uma terceira fonte têmsido os mercados de grão, que depois éseleccionado para servir de semente. Para oagricultor, este sistema é rápido e garante-lhesementes adaptadas às condições da zona.

O agricultor utilizavárias fontes desementes para�jogar� com asincertezas climáticas

Em situação deemergência, oagricultor recorreprimeiro aosfamiliares e vizinhos

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A experiência em Moçambique numa situaçãode emergência é que o Estado e as ONGs, numatentativa de responder rapidamente àemergência, têm intervindo com a distribuiçãogratuita de kits de semente, excluindo osmecanismos de distribuição locais existentes.

As desvantagens desta forma de intervenção sãoa morosidade do processo que faz com que asemente chegue tardiamente e a poucaadaptabilidade da semente às condições agro-ecológicas e sócio-económicas das populaçõeslocais.

O Estado e as ONGs têmintervindo com adistribuição gratuita dekits de semente,excluindo osmecanismos locaisexistentes

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Outra desvantagem é que o dinheiro de ajudade emergência estimula um sistema centralizadoe �ad-hoc� de venda de sementes em vez de ser�investido� no sistema local de distribuição.

Experiências da Catholic Relief Services noQuénia com Feiras de Sementes mostram queesta alternativa, baseada na compra local desementes, é muitas das vezes possível e vantajosa.

É por isso que se torna imperioso, numa situaçãode emergência, antes de propôr a compracentralizada de kits de semente importados,verificar as fontes locais existentes que podem seraproveitadas para satisfazer a necessidade desemente da população.

Uma intervenção de emergência baseada nosconhecimentos e recursos locais existentes ajudaa população afectada, por um lado, a reiniciar aprodução agrícola e, ao mesmo tempo, estimulaos produtores e comerciantes de sementes ainvestirem num sistema local de distribuição desemente.

A única pré-condição é que a semente procuradaexista localmente e que o problema da populaçãoafectada seja apenas a falta de dinheiro para asua compra.

A distribuição gratuitaestimula um sistemacentralizado de vendade sementes

A única pré-condiçãopara a organizaçãode uma feira é que asemente existalocalmente

A feira de sementeestimula um sistemalocal de distribuiçãode semente

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2. Feiras de Sementes

A Feira � um ponto de encontro

Uma feira é, no fundo, um mercado, um espaçoonde os vendedores expõem os seus produtos eonde os compradores vêm comprar aquilo queprecisam.

Mas uma feira é mais do que um simples mercadoonde uma pessoa vai vender ou comprar o seuproduto. Uma feira é um mercado especializado,geralmente à volta de um tema, por exemplo aFeira de Pesca, a Feira de Habitação, ou a FeiraAgrícola.

Por ser um mercado especializado, a Feira atrai�pessoas especiais� e torna-se um ponto deencontro para o sector. A Feira Agrícola, porexemplo, atrai agricultores, produtores desementes, agentes de tractores, vendedores decharruas, moinhos de vento e moageiras,comerciantes, etc. São estas pessoas especiaisque tornam a Feira um �ponto de encontro�,onde o agricultor se informa sobre novasvariedades e tecnologias, onde compartilhaexperiências com outros agricultores e onde seiniciam contactos para novos negócios.

Por exemplo, o agricultor que vai à feira paracomprar semente de tomate talvez se encontrecom o director da fábrica de pasta de tomateque, mais tarde, pode ser um cliente para a suacolheita.

Para os produtores de tecnologias e seus agentes,a feira é um lugar onde encontram os seus clientes

A Feira é um pontode encontro para o

sector

A feira ofereceoportunidades denegócio aos seus

participantes

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e obtêm informação sobre as necessidades eexigências do agricultor. É esta informação quelhes permite inovar o seu produto e\oudesenvolver novos produtos.

É a dinâmica entre os compradores e vendedoresque faz da feira, �um ponto de encontro�, ondea troca de experiência e de informação é às vezes,mais importante do que a compra e venda doproduto.

A Feira de Sementes

Uma Feira de Sementes é, como o nome indica,uma feira especializada à volta da �semente�.

A semente pode ser semente certificada decompanhias especializadas ou grão seleccionadopor agricultores locais. Devido às várias exigênciasque a semente tem em relação ao solo, rega etemperatura, a Feira de Sementes é normalmenteorganizada a nível da localidade ou da aldeia.

Os agricultores não vão à Feira de Sementes sópara comprar as sementes que precisam. Comoem qualquer feira, a Feira de Sementes é um pontode encontro, onde os agricultores aproveitampara descobrir o que há de novo no mercado eos produtores de sementes aproveitam paraconhecer �os gostos e as preocupações� dos seusclientes.

Os agricultores têm a possibilidade de analisar aqualidade da semente com os seus colegas, dedialogar àcerca das vantagens e desvantagens

A dinâmica de troca deexperiência e deinformação é, àsvezes, maisimportante do que acompra e venda doproduto

Na feira osagricultores compramas sementes da suaescolha

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da semente melhorada em relação à semente lo-cal e ainda de discutir o preço das sementesoferecidas entre colegas.

Aos vendedores e às companhias de sementes,a Feira de Sementes oferece a oportunidade derecolher informações sobre as preferências e osgostos dos agricultores, sobre as condiçõesespecíficas da zona e outras informações valiosaspara os melhoradores e produtores de sementes.

A interacção entre colegas e entre agricultores eprodutores de sementes é uma componentevaliosa e importante das Feiras.

Numa feira osagricultores analisam,

dialogam e discutema qualidade, a

utilidade e até opreço das sementes

Na feira, ascompanhias de

sementes recolheminformações valiosas

para melhorar osseus produtos

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A Feira de Sementes em situação deemergência

A Feira de Sementes em situação de emergêncianão difere muito de uma feira de sementes nor-mal. Para se realizar uma feira de sementesexistem apenas três condições:

1- deve haver procura por parte dosagricultores;

2- deve haver oferta de sementes;

3- deve haver dinheiro entre os agricultorespara a compra de sementes.

Numa situação de emergência, a procura desemente por parte dos agricultores énormalmente alta. Muitos agricultores perderamas suas culturas devido à seca ou a cheias eprecisam de semear de novo. O Comité deEmergência local é normalmente encarregue deestimar esta procura.

Em relação à oferta, é de facto de estranhar que,numa situação de emergência, o Comité deEmergência que faz o inventário das necessidadesde semente, não verifique, ao mesmo tempo, aoferta de semente a nível local.

A experiência mostra que, mesmo em situaçõesde emergência, existem na zona ou na vizi-nhança, stocks de sementes e de grão que podemsatisfazer a procura de sementes. Estas sementestêm geralmente a vantagem de serem asvariedades mais adaptáveis às condições agro-climáticas locais.

Mesmo em situaçõesde emergência, aprocura e a ofertaexistem normalmenteno local

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Numa situação de emergência, as populaçõesestão financeiramente debilitadas e a condiçãoem falta é geralmente o dinheiro. Mas, é nestassituações que o Estado e a Comunidade Inter-nacional têm respondido com a disponibilizaçãode fundos para assistência às populações.

Se a semente existe localmente e a falta dedinheiro no seio das populações fôr o únicoconstrangimento para esta população ter acessoa esta semente, a solução é simples: distribuadinheiro às populações afectadas para poderemcomprar a semente.

Mas a solução mais simples nem sempre é a maisconveniente. O Estado ou o doador, por exemplo,querem ter garantias que o seu apoio é realmenteutilizado para a compra de semente e o re-arranque da produção agrícola. Eles queremevitar que as pessoas vão gastar o dinheiro emoutras necessidades, em vez da compra desemente.

Por esta razão, tem-se optado pela distribuiçãode senhas. Cada senha tem o seu valormonetário, por exemplo 1,000 Mts ou 5,000Mts. As senhas são �o dinheiro da feira� e dentroda feira são utilizadas como se fosse dinheiro. Assenhas servem só para a compra de sementes eoutros utensílios agrícolas autorizados. Fora dafeira, as senhas não têm valor.

Na feira, o agricultor escolhe livremente assementes da variedade e da qualidade da suapreferência e paga com as senhas. No fim dodia, os vendedores trocam as senhas por dinheirojunto dos organizadores da feira.

Se há apenas falta dedinheiro, a solução é

simples: distribuirdinheiro às

populações afectadas

Na feira, o agricultorescolhe livremente as

sementes da varie-dade e da qualidade

da sua preferência

As senhas são odinheiro da feira

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O sistema de senhas parece talvez uma medidapaternalista que burocratiza desnecessariamentea feira. �Porquê complicar e não dar logo150,000 Mt à entrada?�, argumentam alguns.Mas algumas experiências mostram que, mesmoa população pode preferir o sistema de senhasem vez da distribuição de dinheiro. Por issorecomendamos aqui o sistema de senhas, mas aescolha final deixamos ao critério dosorganizadores e do doador de cada feira.

A Feira versus a Distribuição Gratuita deKits de Sementes

A organização de uma feira local é geralmentemais simples e mais rápida do que a organizaçãode distribuição gratuita de kits de sementes.

Os kits são geralmente importados do estrangeiroe todo o processo em si é moroso: a recolha dosdados àcerca das necessidades das diferentes zo-nas afectadas, a procura de fornecedores e aavaliação das diferentes cotações, o transportee o processo de importação, tudo leva o seutempo e faz com que muitas das vezes a sementechegue tardiamente ao local.

A Feira de Semente procura mobilizar a sementeque já está no local ou nas comunidades vizinhas.Geralmente esta semente é adaptada àscondições locais e corresponde às preferênciase aos gostos da população.

A feira local conseguegeralmente respondermais rápido àsnecessidades

A semente local éadaptada àscondições e aosgostos locais

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Outra vantagem da Feira é que, além de fornecer sementes às famíliasafectadas, a feira �injecta� os fundos de emergência na própriacomunidade afectada, em vez de gastar o dinheiro ao nível central ena importação de sementes. �Como?�, é explicado no exemploseguinte:

Suponhamos que, numa zona, 1,000 (mil) famílias são afectadas porum desastre. Imaginemos que, através dos fundos de emergência, é

A Feira de Sementesbeneficia a economia

local

disponibilizado um valor de 150,000 Mts por família para a comprade semente. Isto corresponde a um valor total para a compra desemente de: 1,000 famílias * 150,000 Mt = 150,000,000 Mts (centoe cinquenta milhões de Meticais). Se este valor for usado para a comprade kits de sementes importados, este valor não beneficia a economialocal.

Se organizarmos no local do desastre uma Feira de Sementes, ondeos agricultores e os comerciantes locais vendem as suas sementes,este valor é investido directamente na própria comunidade afectada,revitalizando o negócio e a economia local.

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As Feiras de Sementes começaram a ser introduzidas como alternativaà distribuição gratuita de sementes a partir de 1999 no Quénia, pelaCatholic Relief Services. Nos últimos anos, as feiras têm-se mostradoum grande sucesso em vários outros países tais como: Tanzânia,Sudão e Uganda.

As experiências mostram que, mesmo em situações de emergência,as Feiras de Sementes são uma alternativa possível e têm como efeitoadicional o restabelecimento rápido do sistema normal de produçãoe distribuição de semente.

A Feira versus a Distribuição Gratuita de Kits de Sementes

Distribuição Gratuita de Kits de Sementes Feira de Sementes

Os agricultores recebem um kit desementes único e igual para todos.

A semente pode não ser adaptada àscondições agro-climáticas das zonas e\oudos solos das machambas.

Os agricultores não trocam experiências,informação e semente entre eles.

Os agricultores e vendedores não trocaminformações e opiniões.

Os Fundos de Emergência são investidosfora da zona afectada e no estrangeiro.

Não contribui para a revitalização daprodução e comércio local de sementes.

Distribui apenas semente certificada que éaté 5 vezes mais cara.

Os agricultores compram livremente avariedade e qualidade que preferem

A semente é adaptada às condiçõesagro-climáticas da zona e\ou dos solosdas machambas individuais.

Os agricultores trocam experiências,informação e semente entre eles.

Os agricultores e vendedores trocaminformações e opiniões.

Os Fundos de Emergência sãoinvestidos na economia local e na zonaafectada.

Contribui para a revitalização daprodução e do comércio local desementes.

Distribui também semente local que éaté 5 vezes mais barata

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Publicidade

Passos para a realização de Feiras de Sementes

Formação do Grupo de Preparação das Feiras (GPF)Formação do Grupo de Preparação das Feiras (GPF)Formação do Grupo de Preparação das Feiras (GPF)Formação do Grupo de Preparação das Feiras (GPF)Formação do Grupo de Preparação das Feiras (GPF)

Planificação das actividadesPlanificação das actividadesPlanificação das actividadesPlanificação das actividadesPlanificação das actividades

Identificação das localidades para a realização das feirasIdentificação das localidades para a realização das feirasIdentificação das localidades para a realização das feirasIdentificação das localidades para a realização das feirasIdentificação das localidades para a realização das feiras

Avaliação da disponibilidade e qualidade de semente a nível localAvaliação da disponibilidade e qualidade de semente a nível localAvaliação da disponibilidade e qualidade de semente a nível localAvaliação da disponibilidade e qualidade de semente a nível localAvaliação da disponibilidade e qualidade de semente a nível local

Avaliação dadisponibilidade equalidade de �grão� juntodos agricultores locais

Avaliação dadisponibilidade equalidade de �grão� juntodos comerciantes

Avaliação dadisponibilidade equalidade de sementesjunto das companhias

Identificação dos participantesIdentificação dos participantesIdentificação dos participantesIdentificação dos participantesIdentificação dos participantes

Identificação dospotenciais vendedores

Identificação dospotenciais beneficiários

Preparação do dia da FeiraPreparação do dia da FeiraPreparação do dia da FeiraPreparação do dia da FeiraPreparação do dia da Feira

Identificação do localfísico e dia ideal para arealização da feira

Determinação dosvalores a atribuir

Produção de Cadernetasde Senhas

Promoção da FeiraPromoção da FeiraPromoção da FeiraPromoção da FeiraPromoção da Feira

Sensibilização dosvendedores

Sensibilização dapopulação

Realização da FeiraRealização da FeiraRealização da FeiraRealização da FeiraRealização da Feira

Inspecção de qualidade Registo de quantidades Acordo de preços

Distribuição de senhas Compra de sementes Troca de senhas

AvaliaçãoAvaliaçãoAvaliaçãoAvaliaçãoAvaliação

Avaliação do processo deorganização da feira

Avaliação do Impacto daFeira

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3. O Processo de Realização de Feiras de Sementes

Uma boa preparaçãoé o segredo dosucesso

Passo 1: Formar o Grupo de Preparaçãodas Feiras (GPF)

Para garantir uma boa preparação da feira, osinteressados devem juntar os seus esforços numGrupo de Preparação das Feiras (GPF).

O GPF enquadra, além de um representante doGoverno Local, elementos com um bomconhecimento da região e do sistema normal deaquisição de sementes, tais como: um lídercomunitário, elementos da DDADR, DDIC epossivelmente duma ONG que trabalha na zona.Se na zona já existe experiência na organizaçãode feiras, é aconselhável procurar enquadrar noGPF pessoas com esta experiência.

É aconselhável instalar também um Comité deSementes. O Comité de Sementes incluiidealmente: uma pessoa do GPF; 2 agricultoreslocais, incluindo uma mulher, com bomconhecimento dos gostos, preferências econdições locais; e ainda um técnico deagricultura com conhecimentos de sementecertificada.

Passo 2: Planear as actividades do GPF

Como segundo passo, é bom fazer umcronograma das actividades propostas, assimcomo uma lista dos recursos necessários para asua realização, (veja página 48).

Procure enquadrar noGPF pessoas comexperiência naorganização de Feiras

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Para a realização daFeira de Sementes

tem que haverdisponibilidade de

semente de boaqualidade

Passo 3: Identificar os locais maisafectados

Embora o desastre possa afectaruma zona inteira, há semprelocais mais e menos afectados.A tarefa do GPF é identificar oslocais afectados onde se justificauma intervenção de emergência.Isto depende da gravidade dodesastre em cada local, dacapacidade da população emsuperar as dificuldades, dasprioridades do GPF e da suaprópria capacidade deintervenção.

A informação disponível no Sector de Aviso Prévio(SAP) pode ser muito útil na execução desta tarefa.

Passo 4: Identificar e avaliar aspotenciais fontes de semente

Para a realização da Feira de Sementes tem quehaver disponibilidade de semente de boaqualidade.

Uma tarefa do GPF é, por isso, verificar estadisponibilidade e a qualidade da semente.

As potenciais fontes locais de semente são osagricultores locais e as comunidades vizinhas, oscomerciantes de grão e as companhias desementes.

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A comunidade pode escolher alguns elementosque conheçam bem as variedades e condiçõeslocais da semente para ajudarem e facilitarem aavaliação. As mulheres, em especial, têm umdom natural para a selecção de semente.

Avaliar a disponibilidade de grão juntodos agricultores locais

Para identificar o grão que pode ser utilizado paraa selecção de sementes, o GPF deve verificar aquantidade, qualidade, limpeza e sanidade dasvariedades nos celeiros e a sua adaptabilidadeàs condições locais.

Caso a disponibilidade local seja pouca, o GPFpode ainda visitar as comunidades vizinhasindicadas pelos agricultores locais.

Nesta avaliação, é importante recolherinformação não só da quantidade e qualidadede grão existente, mas também sobre apossibilidade e disposição dos agricultores parao vender na feira.

Avaliar a disponibilidade de grão juntodos retalhistas

O GPF, em conjunto com agricultores locais, deveverificar se o grão disponível corresponde àsvariedades utilizadas pelos agricultores e se éapropriado para ser seleccionado para fins desementeira.

Uma primeira fonte desemente é o grão nosceleiros da populaçãolocal

Uma segunda fontede semente é o grãoarmazenado pelosretalhistas

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É importante verificar a variedade e a proveniência do grão que está aser vendido pelos comerciantes.

Alguns indicadores que poderão ser usados para avaliar adisponibilidade de sementes junto dos comerciantes de grão, são:

1. O preço da semente e do grão no mercado comparado com opreço histórico;

2. A variedade e a origem do grão nos retalhistas (adaptabilidadelocal);

3. O nível de limpeza e sanidade do grão;

4. A quantidade de grão armazenado;

5. O número de retalhistas e a sua capacidade financeira;

Avaliar adisponibilidade desemente certificada

As companhias desementes e os seus agentesformam a terceira fonte desementes.

A participação dos agentese companhias de semente

na feira é importante. A introdução de novasvariedades aumentará a diversidade genética naregião. E os agricultores estão provavelmenteinteressados em semear uma parte com sementecertificada ou com novas variedades, paraexperimentar.

A introdução de novasvariedades aumenta a

diversidade genéticana região

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A população local tem poucos conhecimentospara poder avaliar a qualidade e adaptabilidadede semente certificada, que muitas das vezes está�pintada� de produtos de conservação. Por isso,é importante para o GPF verificar se as sementescertificadas se adaptam às condições locais. Éimportante a participação de técnicos deagricultura nesta tarefa.

A visita aos agentes ou companhias deve seraproveitada para motivar as empresas aparticipar na Feira de Sementes. A feira oferece-lhes uma oportunidade de expôr e promover assuas sementes. Se a qualidade da semente e orendimento for realmente superior, os agricultorespoderão tornar-se clientes fiéis das companhiasde semente. E, quando os agentes e ascompanhias de semente começarem a ver aspopulações rurais como um mercado , vãocomeçar a estabelecer uma rede de distribuiçãonas zonas rurais.

Depois de recolher toda a informação, éimportante analisar se a quantidade totaldisponível corresponde às necessidades previstas.

Passo 5: Identificar os participantes

Identificar os potenciais vendedores

À medida que se avalia a quantidade e aqualidade da semente disponível, vão-seidentificando os potenciais vendedores.

É importante verificarse a quantidade totaldisponívelcorresponde àsnecessidadesprevistas

É importante para oGPF verificar se asemente certificadase adapta àscondições locais

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O hábito de distribuição gratuita de semente fazcom que, normalmente, o número de vendedoresidentificados nesta fase seja inferior ao númerode vendedores no dia da feira. Muitos agricultoresafirmarão que não têm semente para vender, masexperiências recentes de Moçambique e deoutros países como Tanzânia, Sudão e Quéniamostram que, no dia da feira, o número devendedores aumenta consideravelmente.

Para assegurar uma participação massiva dosvendedores, é importante que estes saibam osmontantes envolvidos. Por exemplo: se 1,000famílias receberem 300,000 Mts cada, para acompra de semente, o bolo total a dividir entreos vendedores na feira é de 300 (trezentos)milhões de Meticais.

Identificar os beneficiários

Definir os beneficiários é a tarefa mais controversaem quase todas as intervenções de emergência:�Quem tem direito a receber ajuda e quem nãotem?�.

A identificação de quem é afectado nem sempretem sido pacífica. Há também casos em quelíderes comunitários se aproveitam da ajuda deemergência para consolidar o seu poder em trocada inclusão de certos nomes na lista dosbeneficiários.

Dificilmente o GPF é capaz de identificar os maisnecessitados no seio da população. Mas tambémnão será a primeira vez que se identificam

Adopte as experiên-cias locais e, se for

necessário, adapte-asàs exigências do

momento

Para motivar oscomerciantes,

informe-os dosmontantes envolvidos

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beneficiários para ajuda deemergência. Em muitosdistritos e comunidades jáexiste alguma experiência. Omelhor conselho é adoptarestas experiências comobase e, se for necessário,adaptá-las às exigências domomento.

Normalmente, ninguémmelhor que a comunidadepode conhecer os maisnecessitados no seu meio. Oimportante é que o GPF e a

Ninguém melhor quea comunidadeconhece os maisnecessitados

população cheguem a um consenso sobre oscritérios e o método para identificar osbeneficiários. Apresentamos aqui dois métodosmuito diferentes.

Quando se tem pouco tempo podem-se usar osseguintes métodos: Divida a comunidade em doisgrupos. Alternadamente, cada grupo aponta nooutro grupo �o mais necessitado�.

Outro método é formar um comité localenvolvendo várias estruturas, como líderescomunitários, líderes religiosos, conselhosescolares e outros, com conhecimento darealidade das famílias afectadas. O GPFresponsabiliza este conjunto de estruturas locaispor compor a lista prioritária. É de evitarresponsabilizar uma só estrutura, por exemplo osecretário ou régulo, pois pode abusar do seupoder.

Evite responsabilizaruma só estrutura,pois pode abusar doseu poder

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Os critérios podem ser diferentes de local paralocal. Os critérios poderão excluir famíliasafectadas, mas que possuam, por exemplo:

- Outras fontes de rendimento;- Outra machamba numa área não afectada;- Gado bovino, suíno, ovino, caprino, etc.;- Um membro da família com emprego fixo;- Sementes e grãos alimentares armazenados.

Depois de identificar os beneficiários é importantereconciliar este número com o dinheiro disponível.

Passo 6: Preparar o dia da Feira

Identificar o local físico e o dia ideal paraa realização da feira

O local da feira deve ser de fácil acesso paratodos. Poderá ser uma escola, um lugar deencontro dos residentes, o campo de futebol, etc.;de preferência, um local possível de cercar parafacilitar o controlo da entrada. O mercado localnão é o ideal, a não ser que, nesse dia, seja sódedicado à Feira de Sementes.

O dia da feira deve ser do consenso de todos edeverão ser respeitados os aspectos religiosos ouas festividades locais.

Devem-se evitar os dias em que há venda deprodutos agrícolas a grosso. Nestes dias, oscomerciantes trazem grão de outras áreas paravender como alimento. O uso deste grão parasemente poderá ter problemas de adaptabilidade.

O local da feira deveser de fácil acesso

O dia deve ser doconsenso de todos e

respeitar aspectosreligiosos

Os critérios podemser diferentes de

local para local

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Contudo, em situação de extrema emergência,pode ser necessário a venda de grão para oconsumo junto com a venda de sementes, demodo a garantir que a falta de alimentação nãocoloque em perigo a porção dedicada à semente.

Normalmente, uma Feira de Semente é realizadaantes das primeiras chuvas e de acordo com ocalendário agrícola. Mas, em caso deemergência, as feiras podem ser realizadas emqualquer altura que se achar apropriada, tendoem conta as condições agro-climáticas.

Produção das Senhas e valores a atribuirpor beneficiário

Como já foi dito, as senhas são �o dinheiro dafeira�, entregues aos beneficiários à entrada dafeira. Com as senhas, os beneficiários compramlivremente a variedade e qualidade de sementedesejada.

Durante a sensibilização das comunidades e naaltura da entrega das senhas, é necessárioexplicar aos beneficiários o seu valor e comofuncionam. Assim se poderá evitar quevendedores �espertos� se aproveitem da falta deconhecimento dos compradores para lhestrocarem as senhas por uma quantidade desemente insignificante.

É muito importante haver uma explicaçãominuciosa sobre o valor de cada senha, para quehaja uma correcta utilização da mesma. Propõe-se que, na própria feira, haja uma ou mais

Ao pagar pelassenhas, os benefi-ciários apercebem-semelhor do seu valormonetário

As senhas são odinheiro da Feira

As feiras devem serorganizadas emalturas apropriadastendo em conta ascondições agro-climáticas

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pessoas a circular constantemente e a explicar o funcionamento dassenhas aos beneficiários.

Das feiras realizadas em Maringuè e Macossa, surgiu a ideia de osbeneficiários comprarem as senhas a um preço acessível, por exemplo,5% do valor da senha. Desta forma, os beneficiários terão a ideia quea senha tem um valor monetário.

Esta sugestão fica ao critério dos organizadores e deve ser consideradaapós uma análise da situação económica familiar. Os estudos do �Perfildas Economias Alimentares� da FEWS NET e o �Guia para PlanificarIntervenções no Sistema Local de Sementes� do ICRISAT-Moçambiquepodem servir de base para uma decisão.

Determinar o valor a atribuir aos beneficiários

O valor a atribuir a cada beneficiário deve ter em consideração aprática agrícola local. Por exemplo, um mesmo valor poderá ter umimpacto diferente no distrito de Maringuè e no distrito de Chókwè.

A informação disponível no SAP em relação à área cultivada por culturae à quantidade de semente por cultura, pode ajudar a calcular asnecessidades de sementes. A informação do SIMA referente aos preçosdo grão local pode ser útil na determinação dos valores necessários.Cuidado com valores muito altos, que poderão provocar uma inflacçãodo preço da semente.

Exemplo de determinação do valor a atribuir por beneficiário

Suponhamos que, no distrito de Panda, de acordo com o SAP, a áreamédia de cultivo por família é de 1,2 Ha e que as principais culturascultivadas em regime consociado são: milho, amendoim e feijãonhemba. O padrão de cultura média na zona é de 80, 15 e 5%,respectivamente. A seguir determinamos o valor a atribuir porbeneficiário.

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Determinação do valor a atribuirDeterminação do valor a atribuirDeterminação do valor a atribuirDeterminação do valor a atribuirDeterminação do valor a atribuir

Segundo a Norma Técnica de Cultivo são necessárias:

1. Milho 20 Kg de semente por Ha2. Amendoim 50 Kg de semente por Ha (Variedades prostradas)3. Feijão nhemba 60 Kg de semente por Ha (Variedades erectas)(É importante saber qual é a preferência do agricultor, pois a quantidade de semente para as

variedades erectas é muito maior do que para as variedades prostadas.)

Segundo dados do DAP da zona, a área ocupada por cultura é:

1. Milho: 80% de 1,2 Ha = 0,96 Ha2. Amendoim: 15% de 1,2 Ha = 0,18 Ha3. Feijão nhemba: 5% de 1,2 Ha = 0,06 Ha

Total 1,2 Ha

A seguir determinam-se as quantidades de sementes necessárias:

1. Milho: 0,96 Ha * 20 Kg/Ha =19,2 Kg » 20 Kg (arredondados)2. Amendoim: 0,18 Ha * 50 Kg/Ha = 9 Kg3. Feijão nhemba: 0,06 Ha * 60 Kg/Ha = 3,6 Kg » 4 Kg (arredondados)

Para comprar semente local, cada beneficiário precisa de:(preços do mercado da Maxixe após as cheias de 2000)

1.Milho: 20 Kg x 1,200 Mt/Kg = 24,000 Mts2.Amendoim: 9 Kg x 9,500 Mt/Kg = 85,500 Mts3.Feijão nhemba: 4 Kg x 2,200 Mt/Kg = 8,800 Mts

Total: 118,300 Mts

Para comprar semente certificada, cada beneficiário precisa de:

1. Milho (var. matuba): 20 Kg x 17,000 Mt/Kg = 340,000 Mts2. Amendoim (var. comum): 9 Kg x 31,500 Mt/Kg = 283,500 Mts3. Feijão nhemba (IT 18) 4 Kg x 27,000 Mt/Kg = 108,000 Mts

Total: 731,500 Mts

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No caso de semente local, aconselhamos queseja acrescentado mais 20%, devido às rejeiçõesna selecção de semente pelos agricultores, naaltura da sementeira. Assim o valor porbeneficiário sobe para 1,2 * 118,300 Mts =142,000 Mts (arredondados).

Note que para comprar a mesma quantidade desemente certificada, o valor de ajuda necessárioé 5 vezes mais alto: 730,000/142,000 = 5,14.Ou seja, ao preço de semente local, com omesmo fundo de emergência, podemos ajudar5 vezes mais famílias.

Cabe ao GPF decidir sobre o valor a distribuir acada beneficiário. O valor depende do dinheirototal disponível, do número de afectados, daprática agrícola na zona e da quantidade desemente local disponível.

Por exemplo, numa zona onde os agricultoresestão acostumados a semear semente local e nãoconhecem a semente certificada, o valor adistribuir pode ser aproximado aos 142,000Mts/família. É sempre aconselhável acrescentarum valor que permita a aquisição de algumasemente certificada, uma vez que os comerciantesdeste semente foram sensibilizados e convidadosa participar na feira.

Também quando, por exemplo, a semente localconsegue satisfazer apenas 50% dasnecessidades, o valor a distribuir por beneficiáriodeve subir para: (1/2 * 730,000 + 1/2 *142,000) = 436,000 Mts/família.

O valor a distribuirdepende do dinheiro

disponível, do númerode afectados, da

prática agrícola nazona e da quantidade

de semente disponível

Ao preço de sementelocal, podemos ajudar

4,3 vezes maisfamílias

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Numa zona onde os agricultores já estãoacostumados a semear só semente certificada,o valor a distribuir deve-se basear nos preçosdeste tipo de semente e atingir 730,000 Mts/família.

Suponhamos que numa zona afectada osagricultores estão acostumados a semear os doistipos de semente na relação de 1/3 � 2/3, numaestratégia de fazer face às incertezas agro-climáticas e de dimuir o risco de falha total decolheita. Neste caso, sugerimos que osbeneficiários recebam um valor que lhes permitaseguir esta estratégia e comprar os dois tipos desemente na relação de 33% de sementecertificada e 67% de semente local.

Assim, o valor a distribuir por beneficiário é de:(1/3 * 730,000 + 2/3 * 142,000) = 338,000Mts/família.

Contudo, o beneficiário terá a liberdade deescolher como gastar o montante recebido.

Podem-se calcular, da mesma forma, os valorescorrespondentes a outros insumos que sepretendam distribuir aos beneficiários. Essesvalores devem ser acrescentados ao montantepara a compra de sementes.

No fim, deve-se reconciliar o valor a distribuir porbeneficiário, o total dos beneficiários e o montantetotal disponível.

Deve-se reconciliar onúmero debeneficiários e o valorpor beneficiário como montante disponível

Idealmente o valordeve permitir-lhesseguir a suaestratégia habitual

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10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt0.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 1.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.00,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.00,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.00,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.00000Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,0Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,0Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00t 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00Mt 10.000,00M

A Produção das Senhas

As senhas têm valores definidos. Convém ter senhas com valores ecores correspondentes aos valores de notas e moedas existentes, porexemplo: cor verde para senhas de 10,000 Mts, violeta para as senhasde 5,000 Mts, etc.

Para evitar enganos, alguns propõem senhas com um único valor, porexemplo 5,000 Mts.

Para fins de controlo e avaliação, as senhas devem permitir identificaro beneficiário, o lugar e a data da feira.

Para facilitar a entrega das senhas aos beneficiários no dia da feira,deve-se preparar uma caderneta de senhas para cada beneficiário.Cada caderneta contém senhas correspondentes ao valor total areceber pelo beneficiário, por exemplo, cada caderneta contém:

20 senhas de 10,000 Mt = 200,000 Mt21 senhas de 5,000 Mt = 105,000 Mt35 senhas de 1,000 Mt = 35,000 Mt

Total 340,000 Mt

Todas as senhas duma única caderneta devem ter o mesmo �númerode beneficiário�. Este número é registado na lista dos beneficiáriosjunto do respectivo nome.

Recomenda-se que cada caderneta contenha uma quantidaderazoável de senhas de valores pequenos, para facilitar os trocos.

É importante informara todos que assenhas só têmvalidade no dia dafeira

Feira de Sementes de Dondo, 23 de Setembro de 2002

Número deBeneficiário

176

MADER/DPADR - UGC - INIAMADER/DPADR - UGC - INIAMADER/DPADR - UGC - INIAMADER/DPADR - UGC - INIAMADER/DPADR - UGC - INIA

10.000,00Mt10.000,00Mt

10.000,00Mt

mer

o d

e B

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iciá

rio

17

6

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Passo 7: Promover a Feira

A promoção da feira tem como objectivoassegurar uma boa participação dos agricultores-compradores e vendedores da semente e, assim,o sucesso do evento.

Para o agricultor, a feira é um sucesso quandoencontrar lá a semente de qualidade, dasvariedades da sua preferência e a um preçoacessível. Para o vendedor, a feira é um sucessoquando ele conseguir vender o seu produto.

A promoção da feira deve ser uma actividadecontínua durante toda a preparação da feira, apartir da identificação dos locais mais afectados,e deve ser continuada em todos os encontros coma comunidade, com os potenciais beneficiários,com os armazenistas e com os agentes desemente certificada.

Encontros de sensibilização

Nos encontros com os potenciais participantes(vendedores e compradores) é importante explicarclaramente os objectivos, a metodologia e asvantagens deste sistema de distribuição desementes, tais como:

� O agricultor escolhe a semente conforme aqualidade e a variedade da sua preferência

� A compra local faz com que a maior parte dodinheiro de emergência fique na comunidade;

� A feira estimula a produção local de sementes;

A feira é um sucessoquando a oferta desemente correspondeà procura em termosde variedade,qualidade e preço

Todos os participantesdevem estar beminformados sobre afeira

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� A feira estimula a rede local de comer-cialização de sementes;

� As sementes locais adquiridas na feira sãoadaptáveis às condições locais;

� A feira mantém a diversidade genética local;

� A feira permite a introdução selectiva de no-vas variedades e de variedades certificadasadaptadas às condições dos camponeses;

� A feira estimula a troca de informações e deexperiências entre os agricultores.

Sensibilização dos vendedores

Os vendedores serão provavelmente fáceis demobilizar, se lhes for revelado o montante total aser distribuído para a compra de sementes, porexemplo:

Se 1,000 famílias recebem 150,000 Mt, o bolototal para os vendedores é de 150 Milhõesde Meticais.

Mas é preciso chamar atenção dos vendedores :se a variedade, a qualidade e\ou o preço dasemente não corresponder às expectativas doscompradores, a feira tem poucas chances de serepetir no futuro.

Os vendedores devem ser sensibilizados paratrazerem semente de qualidade, adaptável àscondições agro-climáticas da zona e a um preçoacessível. Por isso, a selecção de grão parasemente deve ser feita com muito cuidado. Masnão só a qualidade de semente é importante,

A variedade e aqualidade de

sementes éimportante para o

sucesso da feira

A compra local fazcom que a maior

parte do dinheiro deemergência fique na

comunidade

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também a qualidade de informação aos clientessobre a origem da semente e as especificaçõescorrectas para o seu cultivo.

Para os vendedores, é importante toda ainformação disponível sobre as necessidades desemente e as condições locais. Quanto mais aoferta corresponder às necessidades dosagricultores, melhor será o negócio, e maior osucesso da feira.

Nesta fase, é aconselhável assumir algunsacordos entre o GPF e os vendedores:

� a fonte da semente deve ser indicada na feira;

� a semente híbrida deve ser acompanhada deexplicações idóneas sobre as vantagens edesvantagens deste tipo e as tecnologiasapropriadas, de modo a ajudá-los a decidirsobre a compra e a obter os rendimentosanunciados.

Em situações de emergência, pode ser melhorevitar a venda de semente híbrida, pois amaioria dos compradores terão dificuldadesfinanceiras para comprar esta semente e osinsumos necessários para atingir orendimento potencial (fertilizantes, água,pesticidas).

� os vendedores não se devem aproveitar dasituação de emergência para aumentar ospreços só para o evento.

� os vendedores devem ter a garantia que, nofinal do dia, os organizadores irão converteras senhas em �dinheiro vivo� ou em cheque.

Quanto mais a ofertacorresponder àsnecessidades, melhorserá o negócio

Para os vendedores éimportante ter toda ainformação sobre osgostos, asnecessidades e ascondições locais

É importante fornecerexplicações idóneassobre as vantagens,desvantagens etecnologias apropria-das da sementehíbrida

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Sensibilização da comunidade

A comunidade deve estar bem informada sobrea feira:

� que produtos se podem encontrar na feira (sósemente? Também utensílios?, etc.);

� quem garante a qualidade das sementes àvenda;

� qual é o valor que vão receber e quem vaireceber;

� que os beneficiários vão receber o valor emsenhas à entrada da feira

� que todos podem comprar semente com o seupróprio dinheiro;

� que todos podem comprar a semente da suapreferência a qualquer vendedor.

No dia da feira, é importante contar com pessoasidóneas para dar explicações aos beneficiáriossobre o uso correcto das senhas e sobre assementes à venda.

Publicidade para a feira

O sucesso depende da participação. Todo oesforço torna-se em vão se a Feira não for bemanunciada. A regra é: não vale a pena organizara Feira e não dizer nada a ninguém. Por isso, énecessário reservar um montante razoável parapublicitar o evento.

Cartazes, panfletos em lugares de concentraçãotais como mercados, escolas, postos de saúde elojas rurais, podem ser úteis. Não tem dinheirosuficiente para imprimir cartazes? Compre papel

A regra é: não vale apena organizar aFeira e não dizernada a ninguém

É importante informarque todos podem

comprar a sementeda sua preferência a

qualquer vendedor

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e lápis de cores e solicite o apoio da escola paraque as crianças façam os cartazes para os seuspais.

Uma entrevista no rádio em língua local podeatingir muita gente e é fácil de arranjar. A maioriados jornalistas está à espera de pessoas que lhespossam trazer notícias dos distritos e localidades.Procure uma hora em que os agricultorescostumem escutar rádio.

Os líderes comunitários, extensionistas, líderesreligiosos e professores são outros canais dedivulgação do evento que podem ser utilizados.

Não se esqueça de publicitar a data e o local.

A maioria dos jornalistas estáà espera de pessoas que lhespossam trazer notícias dosdistritos e localidades

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Passo 8: O dia da Feira deSementes

Se os passos anteriores foram seguidoscuidadosamente, é de esperar que tudo estejapronto para o dia da feira. Em seguidaapresentamos a organização no dia darealização da feira.

Inspecção da semente a ser vendida nafeira

No dia da realização da feira, o Comité deSementes ou outra equipa formada para o efeito,deve inspeccionar a semente à entrada da feira.Esta equipa deve incluir também um beneficiário,de preferência uma mulher.

A inspecção consiste na avaliação do nível dequalidade entendida como: sanidade, limpeza dasemente, origem e adaptabilidade da semente àlocalidade. O vendedor deve indicar a origem dasemente.

Avaliar a adaptabilidade da semente pela simplesaparência é difícil, por isso é importantíssimoincluir no comité pessoas locais, consideradasespecialistas, que conhecem bem as sementes.Inclua nestas pessoas mulheres, elas têm um domespecial, um �sexto sentido� para avaliar semente.

Mas, apesar do sexto sentido, os agricultoresdificilmente conseguem avaliar sementescertificadas, até porque estas normalmente estão�pintadas� de produtos com que são tratadas. É

A inspecção confere asanidade, limpeza da

semente, origem eadaptabilidade da

semente à localidade

As mulheres têm um�sexto sentido� para

avaliar a semente

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37

aqui que os organizadores têm que contar compessoal técnico qualificado. São estes técnicosque podem fazer juízos de valor das sementescertificadas, por exemplo se a variedade érecomendada para zonas do planalto ou dolitoral.

Um bom equilíbrio entre agricultores e técnicosno Comité de Sementes será uma garantia paraum bom sucesso da feira de sementes emcondição de emergência.

O GPF pode propor um teste de germinação dassementes, mas alguns podem dizer que esteprocesso é moroso e que as populações já sehabituaram a semear três (3) grãos no mesmoburaco. Mas o teste pode ser útil, quando sepretende organizar uma série de feiras em alturasdiferentes.

Há uns que defendem que oComité de Sementes nãodeve ter poder para rejeitarsemente dos vendedores.Rejeitar vendedores pode terefeitos muito negativos eprejudicar o ambiente e asboas relações já estabe-lecidas.

A inspecção serve mais parasensibilizar e prevenir do quepara sancionar. A sanção éfeita pelos próprioscompradores, ao rejeitarema semente de má qualidade.

A inspecção servemais para sensibilizare prevenir do quepara sancionar

Procure um bomequilíbrio entreagricultores etécnicos no comité desementes

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Registo das quantidades de sementes trazidas pelosvendedores

As quantidades e tipos de semente são registados na entradado recinto da feira. Use para o efeito o formulário no 1 doanexo ou similar.

Estes formulários servem para efectuar o pagamento aosvendedores no fim da feira, assim como para avaliar oimpacto da feira.

A maioria da semente local é trazida em sacos e latas evendida em latas, latinhas e copos e outras medidas. Utilizeuma balança ou a tabela em baixo para converter estasmedidas em Kilogramas.

Volume (litros) Peso (Kg) Aprox.1

Amendoim grande com casca 20 6.92 7Amendoim grande sem casca 20 15.46 15.5Amendoim pequeno com casca 20 7.40 7Amendoim pequeno sem casca 20 15.82 16Arroz com casca 20 14.20 14Arroz sem casca 20 19.60 20Castanha de cajú 20 13.60 14Feijão boer 20 15.72 16Feijão Manteiga 20 17.40 17Feijão Nhemba 20 16.60 17Gergilim 20 13.29 13Girasol 20 8.85 9Mandioca seca 20 12.00 12Mapira 20 17.44 17Mexoeira 20 16.73 17Milho branco 20 17.50 17.5Tapioca 20 11.11 11

Tabela 1 Conversão de volumes em peso, fonte SIMA1aproximação feita pelo ICRISAT-Moçambique / INIA

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Controle do preço

Algumas experiências mostram que osvendedores podem combinar e aumentar ospreços no dia da feira, limitando assim o poder ea capacidade de compra dos beneficiários. Logona preparação da feira o GPF deve sensibilizaros vendedores para não inflacionarem os preços.

A melhor forma de ajudar a manter os preçosbaixos, é assegurar que haja uma grandedisponibilidade de sementes através de umasensibilização mais abrangente junto dospotenciais vendedores.

O GPF pode ter uma ideia do preço da sementequando está a avaliar as fontes. E o agricultornormalmente também conhece os preços. Esteconhecimento já contribui para evitar a inflação.

Tentativas do GPF para concertar preços com osvendedores podem levantar muita polémica edevem ser consideradas só em última instância.

Distribuição das senhas

A distribuição das senhas aos beneficiários énormalmente feita no próprio dia à entrada dafeira . Recomenda-se que a equipa de distribuiçãoseja composta por um elemento do GPF e porum líder da comunidade. No caso de se preveruma grande afluência, pode ser necessárioinstalar mais equipas, cada uma com uma parteda lista dos beneficiários.

A melhor estratégia ésensibilizar osvendedores para nãoinflacionarem ospreços

Tentar impor preçospode provocar muitapolémica

Inclua um elementoda comunidade nadistribuição dassenhas

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Quando o beneficiário mandatar alguém,recomendamos que seja o líder comunitário aconfirmar a entrega ao mandatário, uma vez queeste conhece a sua comunidade.

Se foram preparadas cadernetas de senhas e alista de beneficiários, a distribuição das senhas ésimples e rápida. À entrada da feira, cadabeneficiário recebe uma caderneta de senhas eo número da caderneta é registado junto ao seunome, na lista dos beneficiários.

É importante informar que as senhas só têm valordentro do recinto da feira e naquele dia.

O número dacaderneta é registado

junto ao nome dobeneficiário

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A compra de sementes na feira

Na feira, os beneficiários utilizam as senhas paracomprarem a semente da sua preferência. Se assenhas acabarem, podem utilizar o seu própriodinheiro para comprar mais semente.

No recinto da feira, deve haver pessoas daorganização a explicarem o uso correcto dassenhas e a controlarem para que não hajaoportunismo nos preços ou nas práticas de vendados vendedores.

Quando há pouca oferta de semente em relaçãoà procura, o GPF pode dar prioridade aos maisnecessitados. Por exemplo, durante as primeirasduas ou três horas, a feira está aberta somentepara as pessoas na lista de beneficiários, sódepois podem entrar outros da comunidade.

Uma vez feitas as compras, o agricultor devolveas senhas não utilizadas, ao sair do recinto.

Troca de senhas por dinheiro

No fim da feira, os vendedores trocam as suassenhas por dinheiro junto dos organizadores. Osvalores são pagos em �dinheiro vivo� ou�cheque�, conforme previamente acordado.

Nesta altura, recorre-se ao formulário no 1, anexo1, onde se registou a quantidade declarada pelovendedor à entrada da feira. À saída regista-se a

Ao sair da Feira oagricultor devolve assenhas não utilizadas

Ao sair do recinto, osvendedores trocam assuas senhas pordinheiro ou umcheque

Na feira, os agricul-tores compram asemente da suapreferência com assenhas

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quantidade não vendida que o vendedor leva devolta para casa. Calcula-se a quantidade vendidae o valor correspondente a esta quantidade.

Este registo permite avaliar as variedades maisvendidas, a relação preço e venda, e o impactoeconómico da feira em termos de valor equantidade da semente vendida; e em termos dapotencial área e produção agrícolacorrespondente.

Note que o valor de semente vendida, econsequentemente o impacto económico, podeser mais alto do que o valor das senhasdistribuídas.

Passo 9: Avaliar a feira

O objectivo da feira é revitalizar a produçãoagrícola numa situação de emergência e estimulara produção e distribuição local de semente.

Para poder saber se a feira atingiu os seusobjectivos e para desenvolver cada vez mais estaactividade, é importante avaliar a feira.

A avaliação da Feira de Sementes deve ser feitaem duas partes. A primeira parte avalia oprocesso da organização da feira: o que correubem, o que correu mal? A segunda, procuraavaliar o impacto da feira face ao seu objectivoprincipal: a revitalização da produção agrícola eo estímulo para o comércio de sementes.

O registo dasvariedades e quanti-

dades vendidaspermite avaliar os

gostos locais e umaprimeira avaliação da

feira

A avaliação deveanalisar a

organização e oimpacto da feira

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Avaliação do processo da organização dafeira

O que correu bem e o que correu mal naorganização? Como correu o processo deselecção de beneficiários? Houve ofertasuficiente? Qual foi a qualidade da oferta?Existiam as variedades procuradas? O que nãose conseguiu encontrar? Os beneficiáriosentenderam as senhas? Houve inflação depreços? Houve participação? O dia foi bemescolhido? Etc. etc.

Todas estas perguntas podem-nos ajudar amelhorar a organização de uma próxima feira.

Para responder a estas perguntas, éimprescindível recolher a impressão dosbeneficiários, dos compradores e dos vendedores.Não é necessário inquirir todos os participantes.Sugerimos apenas uma amostra de 10% doscompradores e de 20% dos vendedores. Oinquérito pode ser feito com a utilização dosformulários Nºs. 2 e 3 em anexo. Os inquéritosdevem ser feitos durante a realização da feira.Os dados desta avaliação podem serposteriormente utilizados na Avaliação doImpacto.

Basicamente, procura-se avaliar as acções edecisões do GPF, tomadas durante a preparaçãoda feira, se foram correctas e se tiveram o seuefeito desejado. É aconselhável que o GPF analiseos dados do inquérito e todo o processo deorganização, poucos dias depois da feira.

Avaliar a organizaçãotem como objectivomelhorar as feirasseguintes

Os inquéritos devemser feitos durante arealização da feira

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Avaliação do impacto da feira

A Avaliação do Impacto da Feira na produção agrícola é feita noscampos dos agricultores. Sugerimos a utilização da mesma amostrade 10% que participou na avaliação, no dia da feira.

Aqui apresentamos uma orientação prática sobre o que e quandoavaliar, contudo os métodos de avaliação podem ser definidos pelosorganizadores. Aconselhamos a coordenação com a DDADR, quepode executar esta avaliação em diferentes fases.

A primeira fase da Avaliação do Impacto deve ser feita após asementeira e antes da colheita. Sugerimos que esta fase cubra osseguintes aspectos:

� Área preparada e área cultivada;

� Quantidade de semente própria, semente comprada e sementeutilizada;

� Qualidade de semente: % de germinação

� Condições agro-climáticas após a sementeira: época? choveu?

� Adaptabilidade da variedade às condições locais:

� Desenvolvimento/comportamento agronómico geral;

� Tolerância a insectos e doenças da zona;

� Enquadramento nas condições agro-climáticas (solos,precipitação, foto período etc.)

� Enquadramento no sistema de cultivo do agricultor (consociações,ciclo vs épocas de sementeira/ colheita, etc.)

� Os gostos e preferências dos agricultores pelas variedades;

� Inclua sempre mulheres e homens na avaliação.

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A segunda fase da Avaliação do Impacto é feita pós-colheita e cobreaspectos como:

� Rendimento;

� Compatibilidade com usos e costumes dos agricultores;

� Adaptabilidade às condições de armazenamento;

� Gosto/preferência dos agricultores;

� Novas variedades: vão continuar a usar essa variedade?

Inclua sempre umbom número demulheres naavaliação!

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4. Recursos necessários para arealização da feira

Os recursos necessários para a realização dafeira dependerão, em parte, das condiçõesgeográficas, do grau de conhecimento do local,do grau de gravidade do desastre e daexperiência das pessoas na organização de feiras.

No quadro ao lado apresentamos as actividadesprincipais e uma recomendação quanto àspessoas e o tempo necessário para realizar cadaactividade.

Na página 48 apresentamos um calendário paraestas actividades.

Estes dois quadros sugerem que é necessário umgrupo de aproximadamente 9 pessoas parapreparar e realizar uma feira de sementes,trabalhando durante 18 dias úteis.

No dia de realização de feira, essas mesmas 9pessoas podem garantir a organização da feira.Mas, para algumas tarefas específicas, tais comoos inquéritos aos vendedores e compradores,talvez seja preciso um reforço.

Note que estes quadros partem do pressupostoque se organiza uma só feira. Caso se organizemais do que uma feira, deve-se ajustar o tempoe/ou a equipa de acordo com as necessidades.

Os recursosnecessários

dependerão dascondições

geográficas, doconhecimento do

local, da gravidade dodesastre e da

experiência daspessoas

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47

Preparação da FeiraPreparação da FeiraPreparação da FeiraPreparação da FeiraPreparação da Feira

PPPPPassosassosassosassosassos

3

4&

5.1

5.2

6.2

7

Ac t i v idadesAc t i v idadesAc t i v idadesAc t i v idadesAc t i v idades

Identificação dos locaisafectados

Avaliação da disponi-bilidade de semente &identificação de poten-ciais vendedores

Identificação dosbeneficiários

Produção das senhas- maquete- multiplicação- fabrico de cadernetas

Promoção da Feira- encontros desensibilização comcomunidade e potenciaisvendedores

Publicidade

RecursosRecursosRecursosRecursosRecursos

5 pessoas comconhecimento da zona

Transporte

4 pessoas comconhecimento sobresementes

4 pessoas comconhecimento da zona

1 pessoareprografia\gráfica

4 pessoastransporte

2 pessoas

RecomendaçãoRecomendaçãoRecomendaçãoRecomendaçãoRecomendação

GPF composto por:- rep. Gov. local- elemento DDADR- elemento DDCI- Líder comunitário- agricultor local

Comité de Sementes- 1 membro do GPF- 1 membro da DDADR- 2 agricultores (1 do sexo feminino)

2 rep. da comunidade2 elementos do GPF

Considere contrataruma reprografia paraestes serviços

- Rep. Gov. local- Líder comunitário- 2 elementos DDADR

1 elemento do GPF + 1

D i a sD i a sD i a sD i a sD i a s

2

10

10

10

4

7

O dia da FeiraO dia da FeiraO dia da FeiraO dia da FeiraO dia da Feira

PPPPPassosassosassosassosassos

8

9

Ac t i v idadesAc t i v idadesAc t i v idadesAc t i v idadesAc t i v idades

Inspecção de Semente

Registo de quantidades

Distribuição de Senhas

Registo de quantidades compradas

Registo de quantidades vendidas

Troca de senhas por dinheiro

Avaliação da Feira

ResponsávelResponsávelResponsávelResponsávelResponsável

- Comité de Sementes

- Comité de Sementes

- GPF + Líder Comunitário

- GPF + Comité de Sementes

- GPF

- GPF

- Professores ou outros (4-6)

D i a sD i a sD i a sD i a sD i a s

1

PPPPPassosassosassosassosassos

9

Ac t i v idadesAc t i v idadesAc t i v idadesAc t i v idadesAc t i v idades

Avaliação do Impacto

RecursosRecursosRecursosRecursosRecursos

4 pessoas

RecomendaçãoRecomendaçãoRecomendaçãoRecomendaçãoRecomendação

- elementos DDADR

D i a sD i a sD i a sD i a sD i a s

5 + 5

Avaliação da FeiraAvaliação da FeiraAvaliação da FeiraAvaliação da FeiraAvaliação da Feira

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48

Resp.Resp.Resp.Resp.Resp.InteressadosGPFGPFCom. de SementeCom. de SementeGPF + ComunidadeGPFGPF\GráficaGPF+Com. de SementeGPF + ComunidadeGPF+Com. de SementeGPFGPF\DDA\ONGGPF\DDA\ONG

Dias de TrabalhoAc t i v idadeAc t i v idadeAc t i v idadeAc t i v idadeAc t i v idadeFormação do GPFPlan. de ActividadesIdent. de locais afectadosAval. de disp. de sementeIdent. potenciais vendedoresIdent. dos beneficiáriosDeterminar o valorProdução de senhasPromoção da FeiraPreparação do LocalRealização da FeiraAvaliação da OrganizaçãoAvaliação pós-sementeiraAvaliação pós-colheita

DuraçãoDuraçãoDuraçãoDuraçãoDuração11210101015

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 111213 1415 16 17 18 30-35 100-105

Calendário das actividades principais para realizar feiras de sementes

PPPPPassoassoassoassoasso12345.15.26.16.27889.19.29.2

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49

5. Referências bibliográficas

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LLLLLongleyongleyongleyongleyongley, C., Richard Jones, Mohamed, C., Richard Jones, Mohamed, C., Richard Jones, Mohamed, C., Richard Jones, Mohamed, C., Richard Jones, MohamedHussein e PHussein e PHussein e PHussein e PHussein e Patrick Audi. atrick Audi. atrick Audi. atrick Audi. atrick Audi. Seed sector study ofSouthern Somalia: Final report submitted to ECSomalia Unit. ODI & ICRISA. ODI & ICRISA. ODI & ICRISA. ODI & ICRISA. ODI & ICRISATTTTT, 2001, 2001, 2001, 2001, 2001

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GRUPO CRIATIVO:

Iris Imaginações, Maputo

Bert Sonnenschein Editor

Roberto Macanja Maquetizador

Vasco Chichava Desenhador

Brithol Michcoma Impressora

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Anexos

Formulários para avaliação das feiras

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Formulário nº 1Formulário nº 1Formulário nº 1Formulário nº 1Formulário nº 1

MODELMODELMODELMODELMODELO DE REGISTO DE REGISTO DE REGISTO DE REGISTO DE REGISTO DE PO DE PO DE PO DE PO DE PAAAAAGAMENTGAMENTGAMENTGAMENTGAMENTOS AOS AOS AOS AOS AOS VENDEDORESOS VENDEDORESOS VENDEDORESOS VENDEDORESOS VENDEDORES

INFORMAÇÃO INICIAL INFORMAÇÃO FINAL

Cultura Variedade Quant. Quant. Quant. Preço Valor dasna entrada não vendida vendida médio vendas

Kg Kg Kg Mt/Kg Mt

TTTTTo t a lo t a lo t a lo t a lo t a l

O VENDEDOR:

Nome: ________________________ assinatura: _______________ data: ____/____/____

O PAGADOR:

Nome: ________________________ assinatura: ________________ data: ___/____/____

Cor da Senha

Valor da Senha 10,000 Mt 5,000 Mt 1,000 Mt

Quantidade

Valor Total das Senhas

Local da feira:________________________________ Data da Feira ____/____/____

Nome do vendedor: __________________________ Homem Mulher

Empresa:____________________________________

VVVVValor totalalor totalalor totalalor totalalor total

a recebera recebera recebera recebera receber

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AAAAAVVVVVALIAÇÃO DALIAÇÃO DALIAÇÃO DALIAÇÃO DALIAÇÃO DA FEIRA PELA FEIRA PELA FEIRA PELA FEIRA PELA FEIRA PELOS BENEFICIÁRIOSOS BENEFICIÁRIOSOS BENEFICIÁRIOSOS BENEFICIÁRIOSOS BENEFICIÁRIOS(Amostra: 10%, máx 50 pessoas)(Amostra: 10%, máx 50 pessoas)(Amostra: 10%, máx 50 pessoas)(Amostra: 10%, máx 50 pessoas)(Amostra: 10%, máx 50 pessoas)

Formulário nº 2Formulário nº 2Formulário nº 2Formulário nº 2Formulário nº 2

3. Qual é o critério que usa para avaliar a qualidade da semente?

____________________________________________________________________________

5. Se adquiriu também semente com dinheiro próprio, por quanto? _________________Mt

6. O preço de sementes na feira é menos igual mais alto do que normal.

7. Como é que soube da feira? _______________________________________________

4. Que culturas e variedades gostaria de semear que não estavam disponíveis na feira?

Cultura Variedade

Local da feira:____________________________ Data da Feira ____/____/____

Nome do comprador: _____________________ Homem Mulher

muito bom bom mais ou menos maudia da feiralugarépoca

observações

1. Qual é o seu sentimento em relação à feira

Cultura Variedade Empresa1 Quant. Preço Qualidade visual

(Kg) (Mt) Boa Razoável Má

2. Que culturas adquiriu e como avalia a qualidade da semente adquirida?

1 Pannar, Semoc, Mayford, Goldpack, etc

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Local da feira:________________________________ Data da Feira ____/____/____

Nome do vendedor: _________________________ Homem Mulher

Empresa:___________________________________

Formulário nº 3Formulário nº 3Formulário nº 3Formulário nº 3Formulário nº 3

AAAAAVVVVVALIAÇÃO DALIAÇÃO DALIAÇÃO DALIAÇÃO DALIAÇÃO DA FEIRA PELA FEIRA PELA FEIRA PELA FEIRA PELA FEIRA PELOS VENDEDORESOS VENDEDORESOS VENDEDORESOS VENDEDORESOS VENDEDORES(Amostra 20%, máx. 10 vendedores)

5. Tem-se especializado em umas ou mais culturas?

muito bom bom mais ou menos maudia da feiralugarépoca

observações

1. Qual é o seu sentimento em relação à feira

2. Como o senhor/senhora se classifica

Vendedor de Semente Certificada

Vendedor de Semente Local

Vendedor de ambos os tipos

Outro:

3. Há quanto tempo vende semente

Ocasionalmente

1 ano

2-5 anos

Mais de 5 anos

Empresa: SEMOC, PANNAR, MAYFORD, GOLDPACK, etc.; Fonte: 1. Própria 2. Outros agricultores 3. Mercado (qual?) 4. Empresa de semente

4. Qual é a sua fonte de semente?

Cultura Variedade Empresa Fonte

Cultura Variedade Cultura Variedade

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ANOTAÇÕES

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ANOTAÇÕES

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Àcerca do ICRISAT

Os trópicos semi-áridos abrangem zonas de 48 países em curso dedesenvolvimento, que incluem a maior parte da Índia, zonas doSudoeste da Ásia, uma faixa que cruza a África Sub-sahariana, amaior parte da África Meridional e Oriental e zonas da AméricaLatina. Muitos destes países encontram-se entre os mais pobres domundo. Cerca de um sexto da população mundial vive nos SAT, osquais se caracterizam pelo clima imprevisível, precipitações limitadase irregulares, bem como por solos dificientes em nutrientes.

As culturas investigadas pelo ICRISAT são sorgo, milho pérola,coracán, grão, guandú, e amendoim, seis culturas fundamentaispara a vida das populações dos trópicos semi-áridos em contínuocrescimento. A missão do ICRISAT consiste em investigar a formade aperfeiçoar estas culturas e melhorar a gestão dos limitadosrecursos naturais do SAT.

O ICRISAT divulga informações sobre as tecnologias à medida queestas se desenvolvem através de cursos, redes, formação, serviçode biblioteca e publicações.

O ICRISAT foi fundado em 1972. É um dos 16 centros não lucrativosconsagrados a pesquisa e formação criado pelo Grupo Consultativode Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR). O CGIAR é umaAssociação Informal com cerca de 50 doadores públicos e privados,patrocinado pela Organização das Nações Unidas para Agriculturae Alimentação (FAO), o Banco Mundial, o Programa das NaçõesUnidas para o Desenvolvimento (PNUD), e programa das NaçõesUnidas para o Ambiente (PNUA).

Em 2001, o ICRISAT e o Governo de Moçambique representadopelo Ministério da Agriculrura e Desenvolvimento Ruralestabeleceram um convênio através do qual permitiu ao ICRISATinstalar uma representação nacional em Moçambique onde a partirda qual desenvolve as suas actividades.

Page 60: Manual Feira de Sementes RGB - ICRISAToar.icrisat.org/379/1/CO_0032.pdfAQUILO QUE É UTILIZADO PARA A SEMENTEIRA. Distinguimos ainda entre semente local, que Ø o grªo seleccionado