Marketing em Mídias Sociais

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setembro2012 42 Q uando as redes sociais começaram a conquistar pessoas em todo o mundo, talvez as empresas ainda não entendessem bem que pa- pel teriam nestas novas ferramentas. Acontece que, querendo ou não, elas foram parar dentro das redes, levadas por um consumidor exi- gente e participativo.Toda essa movimentação resultou em um ambiente digital fortemente capaz de influenciar a decisão de compra das pessoas, que compartilham, recomendam e criticam marcas e produtos. REDES SOCIAIS SE TRANSFORMAM EM PODEROSAS FERRAMENTAS DE MARKETING E AMPLIAM POSSIBILIDADES DE PROPAGAÇÃO DE MARCAS DE OLHO NO MUNDO Foi nestas ferramentas que as empresas encon- traram um novo mercado, amplo e inovador, para estruturar ações de marketing. A prova do poten- cial desse mercado está no faturamento do setor: segundo uma pesquisa da Gartner, em 2012 a pu- blicidade baseada em mídias sociais (termo que en- globa todas as ferramentas de geração de conteúdo na internet) deve gerar receita global de US$ 8,8 bilhões. Em 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil, este valor deve crescer ainda mais – conforme le- vantamento da eMarketer, a previsão é que sejam investidos em torno de UR$ 12 bilhões em publici- dade somente nas redes sociais neste período. De acordo com o executivo de contas do portal Terra para região Sul e professor dos cursos de Marketing e Mídia Digital da ESPM e Escola do Marketing Digital, Jessé Rodrigues, o potencial das mídias digitais está no compartilhamento. “Nós consumimos mais daquilo que nossos ami- gos também consomem. Assim, conseguimos in- troduzir nas redes sociais uma forma de explorar melhor a publicidade. Cada pessoa no Facebook tem, segundo a média internacional, cerca de 130 amigos. Se uma pessoa curtir a minha fanpage, portalmercadobrasil.com.br marketing kamila schneider 42-47 marketing na rede.indd 2 42-47 marketing na rede.indd 2 4/9/2012 16:19:23 4/9/2012 16:19:23

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Entrevista para a Revista Mercado Brasil (Edição 99) sobre o uso de redes sociais como ferramentas de Marketing.

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Q uando as redes sociais começaram a conquistar pessoas em todo

o mundo, talvez as empresas ainda não entendessem bem que pa-

pel teriam nestas novas ferramentas. Acontece que, querendo ou

não, elas foram parar dentro das redes, levadas por um consumidor exi-

gente e participativo.Toda essa movimentação resultou em um ambiente

digital fortemente capaz de influenciar a decisão de compra das pessoas,

que compartilham, recomendam e criticam marcas e produtos.

REDES SOCIAIS SE TRANSFORMAM EM PODEROSAS FERRAMENTAS DE MARKETING E AMPLIAM POSSIBILIDADES DE PROPAGAÇÃO DE MARCAS

DE OLHO NO MUNDO

Foi nestas ferramentas que as empresas encon-

traram um novo mercado, amplo e inovador, para

estruturar ações de marketing. A prova do poten-

cial desse mercado está no faturamento do setor:

segundo uma pesquisa da Gartner, em 2012 a pu-

blicidade baseada em mídias sociais (termo que en-

globa todas as ferramentas de geração de conteúdo

na internet) deve gerar receita global de US$ 8,8

bilhões. Em 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil,

este valor deve crescer ainda mais – conforme le-

vantamento da eMarketer, a previsão é que sejam

investidos em torno de UR$ 12 bilhões em publici-

dade somente nas redes sociais neste período.

De acordo com o executivo de contas do portal

Terra para região Sul e professor dos cursos de

Marketing e Mídia Digital da ESPM e Escola do

Marketing Digital, Jessé Rodrigues, o potencial

das mídias digitais está no compartilhamento.

“Nós consumimos mais daquilo que nossos ami-

gos também consomem. Assim, conseguimos in-

troduzir nas redes sociais uma forma de explorar

melhor a publicidade. Cada pessoa no Facebook

tem, segundo a média internacional, cerca de 130

amigos. Se uma pessoa curtir a minha fanpage,

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marketing

kamila schneider

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outras 130 pessoas podem ver. Se elas também

compartilharem, esse número cresce anda mais. É

um potencial aumento da exposição”.

O gerente de planejamento digital da Mercado

Propaganda, Lito Aguiar, explica que hoje todas as

experiência de produto ou marca estão nas redes

sociais, por isso é extremamente benéfico para

as empresas integrarem este espaço. “A comu-

nicação digital passou de one-to-many (um para

muitos) para many-to-many (muitos para muitos)

e falar a mesma língua dos consumidores é muito

vantajoso”, indica.

Estudo da Burson-

-Marsteller mostrou

que 87% das 100 empresas listadas no ranking global da Fortune utilizam as plataformas de mídias sociais mais

populares como meio

de comunicação.

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Basicamente, duas características diferem o marke-

ting digital do tradicional, aponta Aguiar: a grande

interação com o usuário; e as métricas de campa-

nha, já que a internet permite que a empresa meça

praticamente tudo. Com isso, as empresas podem

impactar um número maior de pessoas e também

adquirir dados concretos sobre os resultados de

suas ações, destaca o especialista.

Outro benefício é o custo da publicidade digital, que cos-

tuma ser muito menor do que o de outras ferramentas

de marketing. Conforme a consultora de marketing di-

gital e editora do blog “marketingdrops.com.br”, Camila

Renaux Zadrozny, este é o principal chamariz das mí-

dias digitais: é fácil, rápido e barato integrar estas redes.

Entretanto, é preciso ter em mente que “baixo investi-

mento” não significa “nenhum investimento”, ressalta a

consultora. “Estar na internet exige esforço e recursos

da empresa, é um investimento de pessoal e de tempo”.

Assim como em outros ramos do mercado, o plane-

jamento é o segredo para uma boa ação dentro das

redes sociais. Como nestes ambientes conteúdo e

marketing estão integrados – pois o engajamento é

que atrela as pessoas à marca -, é fundamental bo-

lar estratégias que possibilitem à empresa construir

um público participante.

“Quem tem estratégia está preparado para lidar

com esse ambiente. Estudou, sabe o que o públi-

co está procurando. Na internet conteúdo é tudo.

Quem sabe o que fazer está melhor preparo e cor-

rendo menos risco”, comenta Camila.

Também é importante ter em mente que as redes

sociais não substituem outros investimentos na

web, ressalta Rodrigues.

Cada ferramenta tem uma função e uma não é ca-

paz de suprir a falta de outra. “Temos três ferra-

mentas importantes: buscadores, para quem está

procurando seus serviços; portais, que auxiliam na

geração de demanda e informação; e mídias digi-

tais, para trabalhar conexão com a marca. Utili-

zando essas três grandes plataformas a chance de

‘marcar gol’ são muito maiores”, explica o especia-

lista. “Minha advertência é: cuidado para não achar

que as redes sociais são a solução de todos os pro-

blemas. Elas são uma parte do processo”.

PUBLICIDADE DIGITAL

PLANEJAR PARA ENGAJAR

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marketing

CONSEGUIMOS INTRODUZIR NAS MÍDIAS SOCIAIS UMA

FORMA DE EXPLORAR MELHOR A PUBLICIDADE, ASSOCIANDO A

MARCA ÀS PESSOAS, ESTIMULANDO A INTERAÇÃO.”

Jessé Rodrigues, executivo de contas do portal Terra para região Sul

De acordo

com a

ComScore,

o Brasil é o País da América

Latina com o maior

número de internautas: 81 milhões,

em 2011. Também é lí-

der em tempo

de perma-

nência online

– 44 horas

mensais.

É FUNDAMENTAL TER PESSOAS TREINADAS E COM

CONHECIMENTO DA MARCA, QUE POSSAM DE FORMA CLARA E OBJETIVA, INTERAGIR COM OS USUÁRIOS.”

Lito Aguiar, gerente de planejamento digital da Mercado Propaganda.

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QUEM TEM ESTRATÉGIA ESTÁ PREPARADO PARA LIDAR

COM ESSE AMBIENTE. ESTUDOU, SABE O QUE O PÚBLICO ESTÁ PROCURANDO. NA INTERNET CONTEÚDO É TUDO.”

Camila Renaux Zadrozny, consultora de marketing digital.

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CONTEÚDO:

é preciso conhecer o comportamento do consu-

midor online - o ambiente digital potencializa as

características de cada usuário, sejam negativas

ou positivas. Depois, estabelecer um canal de co-

municação, criando conteúdos relevantes para que

o público possa se relacionar com a marca.

ANÚNCIOS:

é preciso estudar cada forma de publicidade que

as redes possuem. A mais conhecida e popular, o

Facebook, possui uma publicidade específica e bem

intuitiva. A operação deve estar alinhada a uma

estratégia bem definida e integrada com as demais

mídias da campanha, sejam online ou offline.

MARKETING NA REDE:

IMAGEM DIGITAL

Veja as dicas dos especialistas Jessé Rodrigues

e Camila Renaux Zadrozny para divulgar sua marca

e atrair os consumidores de maneira eficaz.

De acordo com o gerente de planejamento digital da

Mercado Propaganda, Lito Aguiar, existem duas formas

básicas de se trabalhar o marketing nas redes sociais:

Antes de tudo, faça um planejamento

e tenha em mente exatamente o que a

empresa quer - reposicionamento, enga-

jamento, reconhecimento de marca etc.

Tenha frequência - nada pior do

que empresas que postam uma

“avalanche” de conteúdo e depois

ficam semanas sem postar nada;

Adeque a linguagem e o conteúdo ao seu

público e publique conteúdo relevante.

Assim, será mais fácil atrair as pessoas e

engajá-las em prol de sua marca;

Conheça os canais e as diretrizes desses

canais. Esteja atento ao formato e às re-

gras de cada rede social, cada canal tem

ferramentas e linguagens específicas;

Procure formar um público participante.

É melhor ter menos seguidores, mas que

divulguem suas ações, dialoguem sobre

sua empresa e comprem seus produtos.

Depois, pense em como atingir estes objetivos:

com quais mídias trabalhar, quem é o público-

alvo, que mensagem transmitir e quanto vai

custar, por exemplo;

Entenda a sua marca e como você quer

que ela seja vista. Se sua empresa precisa

passar um ar sério, não faça ações que

transmitam humor, por exemplo.

Internet é interação: então, dia-

logue, questione, peça opinião, crie

ações que incentivem a conversa.

Interação gera engajamento;

Entenda as redes sociais como um canal de

relacionamento, sem confundir com a proposta

de outras ferramentas da web;

Defina indicadores chave para monitorar o que

acontece nas redes sociais (três é um bom núme-

ro), assim é mais fácil ter clareza e objetividade na

hora de acompanhar as informações.

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Aguiar afirma que “o potencial das redes sociais é

percebido pela maioria das empresas, porém, exis-

te ainda uma forte deficiência no entendimento das

funcionalidades e possibilidades delas, principal-

mente pelas pequenas e médias empresas”.

O foco do problema está na falta de conhecimento,

principalmente dos profissionais ligados à comuni-

cação. Segundo Rodrigues, conhecer ferramentas

como Facebook e Twitter não representa domínio

das redes sociais. “Um profissional deve ter domínio

sobre gestão de marca, gestão de relacionamento

com o consumidor, produção de conteúdo, para que

ele passe nas redes sociais aquilo que a empresa

construirem sua marca durante anos”.

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marketing

MARKETING DIGITAL NO BRASIL

Na rede, assim como as conquistas, os erros se alas-

tram rapidamente, e este é, sem dúvida, o maior medo

de quem resolve participar ativamente destas ferra-

mentas. Infelizmente, não há fórmula do sucesso e não

existe garantia de que uma empresa nunca errará: no

Brasil, já tivemos inúmeros exemplos de iniciativas bem

intencionadas que percorreram o caminho oposto e ca-

íram no desgosto do público.

Há, entretanto, maneiras eficazes de reduzir as chances

de erro, aponta Camila – e já que errar é humano, o jei-

to é estar preparado, caso eles ocorram. “Uma empre-

sa precisa ter regras, bolar diretrizes, estar preparada

para a crise. Estude, entenda, seja bem assessorado,

faça um plano para gestão da crise, esteja pronto para

os problemas. A pior coisa que se pode fazer durante a

crise é voltar a errar”, aconselha.

O ideal é pensar em todas as possibilidades – inclu-

sive as mais improváveis – e buscar alternativas que

ajudem a resolver a situação da melhor maneira. A

mesma regra, aliás, se aplica às críticas, relembra

Aguiar. “É preciso ter muito cuidado em responder a

críticas ou ter uma ação sem o efeito esperado. O an-

tigo ditado de que um cliente não satisfeito fala mal

da marca ou produto para 15 outros consumidores,

triplica-se diversas vezes nas redes sociais”, alerta o

especialista. “É fundamental ter pessoas treinadas e

com conhecimento da marca, que possam de forma

clara e objetiva, interagir com os usuários”.

OS CUIDADOS DENTRO DA REDE

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