MARQUES DA VILA REAL DA PRAIA GRANDE: CAETANO PINTO DE ... · perrnitem 0 reconhecimento do leitor,...

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MARQUES DA VILA REAL DA PRAIA GRANDE: CAETANO PINTO DE MIRANDA MONTENEGRO - ASCENDENTES, DESCENDENTES E HISTORIA: PORTUGAL E BRASIL. AMILCAR MONTENEGRO OSORIO - PESQUISADOR SONITA CERQUEIRA MONTENEGRO OSORIO DE FREITAS ALVES - ORGANIZADORA RIO DE JANEIRO, A ORGANIZADORA, 2003 - 470 PG. IL Roberto Melle~es de Moraes Urn livro de gene alogia e sempre 0 resultado final de urn processo, muitas vezes demorado e quase sempre dificil, que envolve pesquisas, duvidas, erros, acertos e permanentes obst<iculos e dificuldades diversas. Com isso e comum existirem pesquisas interrompidas, esquecidas, perdidas, destruidas e ate mesmo usurpadas. Na genealogia nacional sao conhecidos os casos de pesquisadores detalhistas, que ainda que com muito afinco, seriedade e dedica<;ao, na busca de urn elo impossivel ou oculto, ou mesmo das informa<;6es sobre parentes perdidos, nao conseguiram veneer a etapa que permitiria a publica<;ao e divulga<;ao de sua pes qui sa. Com isso sao perdidas informa<;6es preciosas, muitas despesas e horas de vida e dedica<;ao. Urn pensamento consciente para todos que intentam uma pesquisa e sua posterior publica<;ao e a conforma<;ao humana de que em genealogia, nunca existirao os tratados perfeitos, completos e imutaveis. No dia seguinte que umlivro geneal6gico e publicado, a dinamica de qualquer familia, 0 nascer, viver, casar, separar e marrer, ja 0 faz desatualizado e incompleto. 0 reconhecimento exato dessa incapacidade, curiosamente, muito teria enriquecido a bibliografia geneal6gica brasileira. Por isto, e e com satisfa<;ao que vemos, agora esta integrada it bibliografia nacional, de maneira muito ordenada, a extensa pesquisa - 60 anos! - deixada por Amilcar Montenegro Os6rio, falecido em 1993, que foi s6cio atuante e prestante do Colegio Brasileiro de Genealogia. Seu antepassado, Caetano Pinto de Miranda Montenegro, 0 enfocado central da pesquisa e recente publica~ao foi uma figura honrada no primeiro Reinado. Bern aquinhoado pelo destino desde 0 nascimento, 0 Marques de Vila Real da Praia Grande proveio de uma distinta farmlia,integrante da pequena nobreza portuguesa. Alem das raizes brasonadas, seus costados remontam a extensa parentela de Santo Antonio de Lisboa, integrantes da antiga familia Bulhoes. Bern colocado na estrutura administrativa do Reino Unido e do Primeiro Reinado, ocupando cargos e postos de destaque, nao seria dificil que sua descendencia imediata, e 0 circulo de seus mais pr6ximos parentes integrasrem urn seleto e distinto modelo da farmlia carioca tradicional do Bra siI Imperial. Cons tam da publica<;ao diversos personagens aliados aos Miranda Montenegro, e que tambem integravam a galeria nobiliarquica brasileira: os Duques de Caxias, os Bar6es de Santa Monica, os Viscondes de Ururahy, os Condes de Tocantins, os Bar6es de Suruhy, os Viscondes da Penha, de Mage e 0 Marques da Gavea. E tambem divers os outros sobrenomes, vultos e familias conhecidas e reconhecidas como integrantes da sociedade brasileira aristocrlitica do seculo XIX. A obra que tern prefacio assinado pelo s6cio titular do Colegio Brasileiro de Genealogia, Atila Augusto Cruz Machado, e extensamente ilustrada, apresentando os retratos dos familiares, os objetos de uso do titular, a sepultura da farmlia, os bras6es, os documentos e as vistas do solar natal do Marques da Vila Real da Praia Grande, a ancestral e nobre Quinta da Boavista, situada em Castelo de Paiva, Portugal. Essas ilustra<;6es formam urn importante subsidio e documenta<;ao visual dos dados historicos e sociais expostos no texto. Hoje, na genealogia nacional e sempre urn:' ~)C-, norma desconfiar de obras pretensame aristocraticas que nao estejam alicer<;adas t fotografias de pessoas, imoveis, objetos, sepultura, documentos e publica<;6es da epoca, bem como testemunhos dos contemporaneos, pois esses sao os melhores e mais fieis validadores da forma de nascer, viver, agir, relacionar, possuir, amealhar e morrer, que com suas distin<;6es e grada<;6es, perrnitem 0 reconhecimento do leitor, da validade ou nao da historia apresentada. Com is so tudo a pesquisa de Anulcar Montenegro Osorio, carinhosamente preservada e cuidadosamente publicada por sua filha Sonita Montenegro Os6rio de Freitas Alves, ern urn volume de 470 paginas, numa tiragem de 500 exernplares, ainda que com pre<;o elevado de compra ern cornpara<;ao com 0 mercado livreiro nacional, preenche plenamente as condi<;6es de integr0r enriquecendo, a bibliografia genealogica brasileira. > NACIONALIDADESJETNIAS -INSULANOS NO BRASIL MERIDIONAL I Walter FPia~za No inicio do seculo XVIII, mais precisamente em 1712, 0 engenheiro frances Amedee Fran<;ois Frezier esteve na llha de Santa Catarina, da qual desenhou 0 perfil e ali realizou sondagens batimetricas e da sua permanencia restou-nos uma "Relation de voyage de la mer Sud aux cotes du Chily et du Per6u". Na aludida obra diz que no hoje territorio catarinense "havia entao 147 brancos, alguns indios e negros libertos, dos quais, uma parte acha-se dispersa pela orIa da terra firme". E esta popula<;ao que frei Agostinho Trindade, missionario carrnelita, natural de Sao Paulo, vai encontrar, em 1714, na Ilha de Santa Catarina, quando, ali, chega, com seu companheiro de !labito frei Tome Bueno e dao inicio ao pastoreio sistematico e continuado das almas, naquelas passagens. Acres<;a-se a estes povoadores outros poucos que ali se localizaram paulatinamente, apos aquela data. Neste sentido vale salientar que, em 1737, ja por sugestao de Jose da Silva Paes, ap6s seu retorno da Colonia do Sacramento e funda<;ao do forte "Jesus, Maria, Jose' - fulcro da povoa<;ao de Sao Pedro do Rio Grande -, da-se a fixa<;ao na llha de Santa Catarina de urn destacamento da Pra<;a de Santos, por ordem do Govemador da citada Pra<;a, Joao dos Santos Ala, sob a chefia do Capitao de Infantaria Antonio de Oliveira Bastos, composto de urn Alferes, dois Sargentos, cinqiienta e dois soldados e sete artilheiros. Assim, no litoral sul-brasileiro 0 contingente populacional nao ultrapassaria quatro mil almas, em 1746. As ilhas dos Arquipelagos dos A<;ores e da Madeira estavam superpovoadas, alem de sofrerern, notadamente 0 Arquipelago a<;oriano, corn constantes erup<;6es vulcanicas e tremores de terra, que os faziam temerem pelo futuro e ensejavam solicita<;6es it Coroa Portuguesa que lhes dessem rnelhor destino. De outra parte a superpopula<;ao dessas ilhas, agravava-se, tambem, pela falta de alimentos ea extrema pobreza, origin an do regras de comportamento religioso, como aquelas estipuladas pelo Bispo de Angra, Dom Frei Valerio do Sacramento, sobre 0 comparecimento aos atos religiosos pelos "mal-enroupados". Deve-se aqui salientar que desde 0 primeiro povoamento das Ilhas - quer dos A<;ores, quer da Madeira - viveram estas ern grande isolamento cultural, tomando os seus habitantes hermeticos e conservadores, alem de estarem em regime de semi- servidao. Deve-se, ainda, considerar que aspectos politicos de hegemonia territorial e estrategicos fizeram com que a Coroa Portuguesa olhasse, com especial interesse, os apelos dos insulanos.

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MARQUES DA VILA REAL DA PRAIA GRANDE: CAETANO PINTO DE MIRANDAMONTENEGRO - ASCENDENTES, DESCENDENTES E HISTORIA: PORTUGAL E BRASIL.AMILCAR MONTENEGRO OSORIO - PESQUISADORSONITA CERQUEIRA MONTENEGRO OSORIO DE FREITAS ALVES - ORGANIZADORARIO DE JANEIRO, A ORGANIZADORA, 2003 - 470 PG. IL Roberto Melle~es de Moraes

Urn livro de gene alogia e sempre 0 resultado finalde urn processo, muitas vezes demorado e quasesempre dificil, que envolve pesquisas, duvidas, erros,acertos e permanentes obst<iculos e dificuldadesdiversas. Com isso e comum existirem pesquisasinterrompidas, esquecidas, perdidas, destruidas e atemesmo usurpadas.

Na genealogia nacional sao conhecidos os casosde pesquisadores detalhistas, que ainda que commuito afinco, seriedade e dedica<;ao, na busca deurn elo impossivel ou oculto, ou mesmo dasinforma<;6es sobre parentes perdidos, naoconseguiram veneer a etapa que permitiria apublica<;ao e divulga<;ao de sua pes qui sa. Com issosao perdidas informa<;6es preciosas, muitas despesase horas de vida e dedica<;ao.

Urn pensamento consciente para todos queintentam uma pesquisa e sua posterior publica<;ao ea conforma<;ao humana de que em genealogia, nuncaexistirao os tratados perfeitos, completos eimutaveis. No dia seguinte que umlivro geneal6gicoe publicado, a dinamica de qualquer familia, 0

nascer, viver, casar, separar e marrer, ja 0 fazdesatualizado e incompleto. 0 reconhecimento exatodessa incapacidade, curiosamente, muito teriaenriquecido a bibliografia geneal6gica brasileira.

Por isto, e e com satisfa<;ao que vemos, agora estaintegrada it bibliografia nacional, de maneira muitoordenada, a extensa pesquisa - 60 anos! - deixadapor Amilcar Montenegro Os6rio, falecido em 1993,que foi s6cio atuante e prestante do ColegioBrasileiro de Genealogia.

Seu antepassado, Caetano Pinto de MirandaMontenegro, 0 enfocado central da pesquisa erecente publica~ao foi uma figura honrada noprimeiro Reinado. Bern aquinhoado pelo destino

desde 0 nascimento, 0 Marques de Vila Real da PraiaGrande proveio de uma distinta farmlia,integranteda pequena nobreza portuguesa. Alem das raizesbrasonadas, seus costados remontam a extensaparentela de Santo Antonio de Lisboa, integrantesda antiga familia Bulhoes. Bern colocado naestrutura administrativa do Reino Unido e doPrimeiro Reinado, ocupando cargos epostos de destaque, nao seria dificilque sua descendenciaimediata, e 0 circulo de

seus maispr6ximos

parentes

integrasremurn seleto edistinto modeloda farmlia cariocatradicional do Bra s i IImperial.

Cons tam da publica<;ao diversospersonagens aliados aos Miranda Montenegro, eque tambem integravam a galeria nobiliarquicabrasileira: os Duques de Caxias, os Bar6es de SantaMonica, os Viscondes de Ururahy, os Condes deTocantins, os Bar6es de Suruhy, os Viscondes da

Penha, de Mage e 0 Marques da Gavea. E tambemdivers os outros sobrenomes, vultos e familiasconhecidas e reconhecidas como integrantes dasociedade brasileira aristocrlitica do seculo XIX.

A obra que tern prefacio assinado pelo s6cio titulardo Colegio Brasileiro de Genealogia, Atila AugustoCruz Machado, e extensamente ilustrada,apresentando os retratos dos familiares, os objetosde uso do titular, a sepultura da farmlia, os bras6es,os documentos e as vistas do solar natal do Marquesda Vila Real da Praia Grande, a ancestral e nobreQuinta da Boavista, situada em Castelo de Paiva,Portugal.

Essas ilustra<;6es formam urn importante subsidioe documenta<;ao visual dos dados historicos e sociaisexpostos no texto.

Hoje, na genealogia nacional e sempre urn:' ~)C-,

norma desconfiar de obras pretensamearistocraticas que nao estejam alicer<;adas t

fotografias de pessoas, imoveis, objetos, sepultura,documentos e publica<;6es da epoca, bem comotestemunhos dos contemporaneos, pois esses sao os

melhores e mais fieis validadores da forma denascer, viver, agir, relacionar, possuir, amealhar

e morrer, que com suas distin<;6es e grada<;6es,perrnitem 0 reconhecimento do leitor, da

validade ou nao da historia apresentada.Com isso tudo a pesquisa de Anulcar Montenegro

Osorio, carinhosamente preservada ecuidadosamente publicada por sua filha SonitaMontenegro Os6rio de Freitas Alves, ern urn volumede 470 paginas, numa tiragem de 500 exernplares,ainda que com pre<;o elevado de compra erncornpara<;ao com 0 mercado livreiro nacional,preenche plenamente as condi<;6es de integr0r

enriquecendo, a bibliografia genealogica brasileira.

> NACIONALIDADESJETNIAS -INSULANOS NO BRASIL MERIDIONAL IWalter FPia~za

No inicio do seculo XVIII, maisprecisamente em 1712, 0 engenheiro francesAmedee Fran<;ois Frezier esteve na llha de SantaCatarina, da qual desenhou 0 perfil e ali realizousondagens batimetricas e da sua permanenciarestou-nos uma "Relation de voyage de la merSud aux cotes du Chily et du Per6u".

Na aludida obra diz que no hoje territoriocatarinense "havia entao 147 brancos, alguns indiose negros libertos, dos quais, uma parte acha-sedispersa pela orIa da terra firme".

E esta popula<;ao que frei Agostinho Trindade,missionario carrnelita, natural de Sao Paulo, vaiencontrar, em 1714, na Ilha de Santa Catarina,quando, ali, chega, com seu companheiro de !labitofrei Tome Bueno e dao inicio ao pastoreiosistematico e continuado das almas, naquelaspassagens.

Acres<;a-se a estes povoadores outros poucos

que ali se localizaram paulatinamente, apos aqueladata.

Neste sentido vale salientar que, em 1737, japor sugestao de Jose da Silva Paes, ap6s seu retornoda Colonia do Sacramento e funda<;ao do forte"Jesus, Maria, Jose' - fulcro da povoa<;ao de SaoPedro do Rio Grande -, da-se a fixa<;ao na llha deSanta Catarina de urn destacamento da Pra<;a deSantos, por ordem do Govemador da citada Pra<;a,Joao dos Santos Ala, sob a chefia do Capitao deInfantaria Antonio de Oliveira Bastos, composto deurn Alferes, dois Sargentos, cinqiienta e doissoldados e sete artilheiros.

Assim, no litoral sul-brasileiro 0 contingentepopulacional nao ultrapassaria quatro mil almas, em1746.

As ilhas dos Arquipelagos dos A<;ores e daMadeira estavam superpovoadas, alem de sofrerern,notadamente 0 Arquipelago a<;oriano, cornconstantes erup<;6es vulcanicas e tremores de terra,

que os faziam temerem pelo futuro e ensejavamsolicita<;6es it Coroa Portuguesa que lhes dessemrnelhor destino.

De outra parte a superpopula<;ao dessas ilhas,agravava-se, tambem, pela falta de alimentos e aextrema pobreza, origin an do regras decomportamento religioso, como aquelas estipuladaspelo Bispo de Angra, Dom Frei Valerio doSacramento, sobre 0 comparecimento aos atosreligiosos pelos "mal-enroupados".

Deve-se aqui salientar que desde 0 primeiropovoamento das Ilhas - quer dos A<;ores, quer daMadeira - viveram estas ern grande isolamentocultural, tomando os seus habitantes hermeticos econservadores, alem de estarem em regime de semi-servidao.

Deve-se, ainda, considerar que aspectospoliticos de hegemonia territorial e estrategicosfizeram com que a Coroa Portuguesa olhasse, comespecial interesse, os apelos dos insulanos.

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Os dominios portugueses e espanh6is naAmerica Meridional, notadamente na regiao doRio da Prata, desde a assinatura do Tratado deTordesilhas, eram objeto de continuadacontroversia.

Acresc;:a-se que tal territ6rio nao tinha ocupac;:aohumana que definisse a posse, por qualquer urn doscontendores.

As povoac;:oes eram humildes e distanciadasentre si, tomando-se 6bvio 0 vazio demognifico. Daia razao politica do povoamento da regiao, quemotivou a Coroa Portuguesa.

Face a tais circunstancias teve a CoroaPortuguesa que planejar e executar 0 transplante deac;:orianos e madeirenses para alem-Atlantico, comopondenivel argumento para a definic;:ao do futuroTratado de Madri, cujo apoio topografico foraefetivado pelos chamados "Padres Matematicos",Diogo Soares e Domingos Capacci, ambos daCompanhia de Jesus.

Por outro lado e necessario salientar 0 papel deaconselhamento ao Rei, exercido, no ConselhoUltramarino, pelos Conselheiros Alexandre deGusmao - santista - e Rafael Pires Pardinho - queexercera as func;:oes de Ouvidor na Capitania de SaoPaulo e ajudiciaria no Brasil-Meridional, alcanc;:andoLaguna.

Assim, devidamente instrumentalizada, foipossivel a Coroa Portuguesa emitir Provisoes Regias,quer ao Capitao General do Rio de Janeiro, GomesFreire de Andrada, a quem se subordinada 0 Brasil-Meridional, quer ao Brigadeiro Jose da Silva Paes,Govemador da Capitania da "llha de Santa Catarina"e a outras autoridades civis e eclesiasticas, quedeveriam, dill em diante, ter parte no grandiose planoa ser executado.

A primeira e ingente tarefa coube ao Corregedorda Comarca das IIhas (dos Ac;:ores), qual fossesupervisionar 0 "alistamento" daqueles quepretendessem passar ao Brasil, tarefa que teve inicioa 20 de fevereiro de 1746.

Nas vinte e uma cidades e vilas das llhas dosAc;:ores com os seus sessenta e tres lugares,cornpreendendo cento e seis paroquias procedeu-seo aludido "alistamento", executando-se nas IIhas deSanta Maria, Flores e Corvo, 0 que nao significa aausencia de naturais dessas llhas na epopeia que tevecomo palco 0 Brasil-Meridional.

A totalizac;:ao dos alistados alcanc;:ou 7.817pessoas, que, entretanto, sofreria alterac;:oes devidoaos problemas da mais variada ordem.

Enquanto na llhas dos Arquipelagos dos Ac;:orese da Madeira erarn efetuados os "alistarnentos", 0

Brigadeiro Jose da Silva Paes dava andarnento aospreparativos para receber os povoadores.

As Camaras Municipais da IIhas tiveram, entao,como obrigac;:ao, escolher entre os alistados, ern suasjurisdic;:oes, aqueles que serianl, nas novas povoac;:oesa serem eretas no Brasil, os seus "oficiais deordenanc;:as" .

De outra parte a burocracia lusitana teve quedecidir sobre 0 trans porte da irnensa rnassa quedesejava vir para 0 Brasil-Meridional, em busca dernelhores condic;:6es de vida.

Foi, entao, elaborado urn "Regimento que se hade observar no trans porte dos casais da IIha daMadeira e dos Ac;:ores para 0 Brasil", que gerou,como nao podia deixar de ser, varias propostas aCorte Lisboeta e a Feliciano Velho Oldenberg e Cia,ja contratadores gerais do comercio de tabaco noBrasil, coube 0 prirneiro assento (contrato) paraconduzir ac;:orianos e madeirenses ao suI do Brasil.

Este assento, firmado a sete de agosto de 1747,com vinte e quatro condic;:oes, estabelecendo que asembarcac;:6es deveriam sornente transportar osalistados e seus trastes, alem de comestiveis e aguadanecessaria a viagern, partindo de Lisboa corn escalasnos Ac;:ores e na Madeira, e dispoe sobre as

acornodac;:oes a bordo, fala das rac;:oes, trata daalimentac;:ao a bordo e do seu preparo, fixa 0

prec;:o do transporte das llhas para Santa Catarina,alude as dietas para os doentes, bem como diz defiscalizac;:ao dos alimentos, apontando, ainda, asindicancia que deveria ser efetuada peloGovemador de Santa Catarina quando da chegadade cada embarcac;:ao, nao deixando de indicar aassistencia medica a bordo, bem como 0

atendirnento religioso. Sao, tanlbem, estipuladas ascondic;:oes de conhecimento do "Regimento dotranspolte" pelo Mestre ou Capitao do navio, alemde tratar do retorno do navio, das possiveisarribadas, de adiantamento ao assentista e sobreconhecimento do "assento" pelos "casais".

De imediato foram expedidas instruc;:oes aoBrigadeiro Jose da Silva Paes para atender aalimentac;:ao dos "casais", com farinhas, peixes ecarne do gada tirado das estiincias reais de Bojurue Torotama, alem de outras rnedidas, atinentes a boarecepc;:ao dos ac;:orianos.

Nos navios tambern se rernetiam as ferramentase as espingardas que caberiam aos "casais".

Enquanto dos Ac;:ores Feliciano VelhoOldenberg conduzia 1.000 (hum mil) pessoas paraa llha de Santa Catarina, havia irnpaciencia na IIhada Madeira, de tal modo que, pela corveta "N. Sra.das Maravilhas, Santo Antonio e Almas" foramdespachadas sessenta pessoas, a 08 de abril de 1749.

No porto de Angra de Heroismo, na IIhaTerceira, ha muito rnais gente para ernbarcar e logose trata de urn segundo "assento" para 0 trans portede quatro mil pessoas, com Francisco de SouzaFagundes, assinado a 04 de julho de 1749.

A 20 de fevereiro de 1750 0 GovernadorManoe! Escudeiro Ferreira de Souza informa aLisboa que, em tres navios, Francisco de SouzaFagundes transportara 277 "casais", totalizando1.513 pessoas, das quais 1.334 eram de "rac;:aointeira".

E, Francisco de Souza Fagundes continua aexecuc;:ao do seu 2° contrato e 0 finda e assina, deirnediato, urn outro "assento" para transportar rnais1.000 (hum mil) pessoas dos Ac;:ores para a IIha deSanta Catarina, que foi cumprido.

Mas, as solicitac;:oes da llha da Madeira fizeramcorn que a Corte de Lisboa autorizasse urn "assento"corn Francisco de Souza Fagundes para transportar500 pessoas daquela llha para a de Santa Catarina,a 26 de seternbro 1754, que 0 repassa a 15 deoutubro de 1755 para Jose Rodrigues Lisboa, que,por sua vez, fez preparar 0 navio "N. Sra. daConceic;:ao e Porto Seguro", que parte a 26 de abrilde 1756, conduzindo 520 pessoas.

Apesar da experiencia do Mestre CustodioFrancisco a referida embarcac;:ao naufraga na fozdo rio Joanes, no litoral da Bahia, no lugar"Buraquinhos", e do qual se salvaram algumasrnulheres e uns poucos homens, sendo que estes seintemaram nos matos proximos, para escapar a urnpossivel reernbarque.

Chegados a IIha de Santa Catarina, os primeirosilheus forarn recebidos pelo Governador daCapitania, 0 Brigadeiro Jose da Silva Paes, e 0 foramhumanamente atendidos, nao so no tocante it sande,porquanto debilitados pela longa e penosa viagern,mas, tambem, no tocante a sua instalac;:ao.

Alguns foram, desde logo, instalados na pr6priavila-capital, a povoa de N. Sra. do Desterro (hojeFlorianopolis), principalmente nas cercanias doPalacio do Govemo e da Igreja Matriz, na rua "dosIIMus".

A partir dai forarn sendo distribuidos, aproporc;:ao que chegam, em pequenas comunidadesde pouco, rnais ou menos, sessenta "casais", naforma do fixado na Provisao Regia de 09 de agostode 1747, "desde 0 Rio de Sao Francisco do SuI ateo Serro de S. Miguel".

E, assim, foram estabelecidas as freguesias de

N. Sra. da Conceic;:ao da Lagoa, na llha de SantaCatarina, eN. Sra. do Rosario de Enseada deBrito, no continente fronteiro, instaladas ern1750, Sao Jose "da terra firrne" em 1751, SaoMiguel "da terra firnle", Sant' Ana e Vila Novaern 1752 e N. Sra. das Necessidades e SantoAntonio, na parte norte da llha de Santa Catarinaem 1755.

Deve-se acentuar que a Provisao de criac;:aodasfreguesias e de 1747, pois a de Sao Miguel "da terrafirme" e de 09 de agosto, e a sua erec;:ao,e de 1750e a nomeac;:ao do seu primeiro vigario (Pe. DomingosPereira Machado) e datada de 08 de fevereiro de1752, 0 que produz discrepancia entre oshistoriadores, baseados em documentoseclesiasticos.

A partir de 1751, ja 0 Governador ManuelEscudeiro Ferreira de Souza fazia com que novospovoadores demandassem para 0 suI, tendo em vistaa dificuldade de penetrac;:ao para 0 oeste diante dabarreira montanhosa da Serra Geral.

Por outro lade as dificuldades ernergentes faceaos solos areno-argilosos e a dificuldade de cultivodo trigo, diante da hostilidade clirnatica, fez comque os insulanos tivessern como substituto amandioca. Aliado a este problema alimentar tern-seque registrar as distancias entre os pr6prios vizinhos,dificultando 0 convivio social, que induziu rnuitagente a nao querer se internar ern terras entaocobertas de mata virgem e espessa.

Ja, ern fevereiro de 1748, 0 Brigadeiro Jose daSilva Paes falava ern remeter ac;:orianos para 0 RioGrande de Sao Pedro, "donde 0 terreno e rnaisregular, e tern passagens donde se podem fOfUlar oslugares que V. Majestade tern determinado seestabelec;:am", 0 que se fez a partir de 1752.

E, a "diaspora" se intensifica no Rio Grande deSao Pedro com a tomada da vila do Rio Grande,pelos espanh6is, em 1763, e tern novos contomoscom a tornada da llha de Santa Catarina, ern 1777,tambem pelos espanhois, 0 que significa a fixac;:aode trac;:osculturais da matriz luso-ac;:oriana ern todoBrasil-Meridional e a sua expansao para 0 atualUruguai e parte da Argentina.

E, diga-se, aqui, ate que ponto as prornessasregias foram conferidas aos ac;:orianos e madeirenses.

o primeiro ponto a ser exarninado e a concessaode "urn quarto de Iegua ern quadra", a cada casal.

As medic;:oes foram efetuadas na IIha de SantaCatarina e no seu continente fronteiro, "mas, desdelogo, tiveram dificuldades, porquanto haviarnflorestas que se opunham entre os vizinhos e queexigiam grandes forcas para lirnpar os terrenos e que,desde logo, os "casais" acharam inconvenientes",porque querem "ficar perto urn dos outros".

Ern junho de 1753 0 Governador ManuelEscudeiro Ferreira de Souza fez abertura do Livro"para nele se lanc;:arem as datas de terras que SuaMajestade manda dar aos casais que passam dasllhas dos Ac;:ores", e nele se tern anotados a data daconcessao, 0 nnrnero de brac;:as, 0 nome doconcessionario e 0 lugar da concessao.

Como se sabe os "casais" vinham em busca deme!hores dias e nao podiam arcar corn as despesasda medic;:ao e os encargos burocrMicos da emissaoda "carta de sesmaria", que deveria ter a chancel areal.

Tal fate vai fazer corn que ate 1850, quando dasanc;:ao da "Lei de Terras" (Lei n° 601 de18.09.1850), que ordenou a legitimac;:ao erevalidac;:ao das terras, poucos tivessem docurnentosdeclarando-os proprietarios, 0 que vai ser supridoquando, face a mesrna Lei, se tern a partir de 1854(Decreto n° 1318, de 30.01.1854), os chamados"Registros de Vigarios", tarnbern denominado"Registro Paroquial de Terras" que validam a posse,ate entao exercida.

No tocante as sementes que se deveriam daraos "casais", no volume de dois alqueires, nao

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construidos moinhos, dentro da tradi9aoa90riana.

Foram, tambem, entregues aos "casais" armase ferramentas, estas confeccionadas pelos mestresferreiros de Lisboa, bem como houve a entrega degado, extraido das "fazendas reais" existentes noRio Grande de Sao Pedro.

Houve, ainda, 0 sustento dos "casais", noprimeiro ano, com farinha e peixes.

A provisao Regia de 9 de agosto de 1747,ordenando 0 povoamento pelos "casais", foiexpedida aos Bispos de Angra e do Funchal nosentido de serem providos vigarios para as"freguesias a serem criadas e, de imediato, criaram-se algumas e a elas foram remetidos objetos deculto".

Atendendo, ainda, as instru90es e 0 contido nos"assentos" deveria haver atendimento medico-sanitario a bordo, 0 que se constata ter havido, peloexpresso na documenta9ao compulsada.

No que concerne a vinda de sacerdotes,acompanhando os "casais" vale assinalar que houvealguns que, aqui, se fixaram.

Deve-se considerar que a Coroa Portuguesadentro do espirito que norteava suas rela90es com aIgreja Cat6lica, a partir da institui9ao do "Padroado",era regidas por uma explicita subordina9ao doespiritual ao temporal.

Dai a determina9ao do Rei aos Bispos,notadamente ao de Sao Paulo, a quem cabia entao 0govemo das terras do Brasil Meridional, que aossacerdotes que acompanhariam os "casais" se dariao sustento durante urn ano, e mais "comodo" (terras)e ainda ajuda-de-custo a chegada no valor "dez milreis".

Dessa forma se organiza a vida religiosa na Ilhade Santa Catarina e no seu continente fronteiro.

Com a explosao demografica vao surgir novas"freguesias", quer na Ilha, quer no continentefronteiro, que, entretanto, nao suportam a debilidadeecon6mica com que se defrontam, ja no seculoseguinte e surge dai a necessidade de "coloniza9aonacional".

Paralelamente, para atender aquela popula9aono tocante aos estudos 0 Aviso Regio de 03 de

CADASTRO NACIONAL DEPESQUISADORES VINCULADOS AINSTITUTOS mSTORICOS - CNPIH

o II Col6quio Nacional de Institutos Hist6ricosrealizado, sob os auspicios do Instituto Hist6rico eGeografico Brasileiro, emoutubro de 2001, aprovouresolucao no sentido de organizar urn CadastroNacional de Pesquisadores vinculados aos InstitutosHist6ricos existentes no pais, com vistas a recensearas respectivas atividades de pesquisa e produ9aobibliografica.

A iniciativa se insere no projeto de implanta9aode urn Sistema Nacional de Institutos Hist6ricos,englobando 0 IHGB, os institutos estaduais emunicipais e, numa segunda etapa, levara apublica9ao de urn catillogo para dissemina9ao dasinforrna90es recolhidas.

Se voce e membro efetivo ou titular de algumadessas institui90es e ainda nao se cadastrou, naodeixe de solicitar ao Instituto estadual ou municipalde que participe 0 respectivo formulario, preencha-o e devolva-o a institui9ao de origem, para que ela 0encaminhe ao IHGB, sendo certo que, no caso defilia9ao a mais de uma institui9ao, a estadual preferesempre a municipal. Na eventualidade, porem, defilia9ao apenas como correspondente, 0cadastramento sera feito via Colegio, bastando paratanto que nos avise para que the possamos enviar 0referido fommlario.

Nao fique a margem. E importante que a suaprodu9ao, ja reconhecida a nivel de sua cidade ouestado, venha a figurar nesse cadastro depesquisadores ligados as Casas de Mem6ria porexcelencia, que sao os Institutos Hist6ricos de nossopais.

dezembro de 1750 determinava a cria9ao de urnColegio de Jesuitas na Ilha de Santa Catarina e elevai durar ate a execu9ao do Decreto de 03 desetembro de 1759, detemunando a expulsao dosjesuitas de POltugal e seus dominios ultramarinos.

A fixa9ao de mais de 6.000 a90rianos e poucomais de meia centena de madeirenses no litoral sul-brasileiro e a sua "diaspora" para 0 Uruguai eArgentina, teriam, for90samente, que deixargravados tra90s culturais, quer de forma material,quer na cultura espiritual, popular ou nao, dessasregioes.

Acresce, lado a lado, com 0 volume dosa90rianos e madeirenses, 0 isolamento de doisseculos, sem contato com outras culturas naoibericas.

Para bem aquilatar 0 que foi a migra9ao dasIlhas para 0 Brasil-Meridional deve-se salientar 0custo de tal empreendimento.

A Coroa Portuguesa teve que tomar dinheiroemprestado de particulares, em Lisboa, como D.Joao Luiz de Menezes e das freiras do Mosteiro deN. Sra. de Nazare, do bairro do Mocambo, da cidadede Lisboa, no montante de 20 contos de reis a jurosde 4% ao ano.

E, tem-se, assim, a grande marca do contributoluso-a96rico-madeirense, indelevelmente fixada noBrasil-Meridional e no Cone SuI.

BIBLIOGRAFlA1.. I1ha de Santa Catarina - Relatos de viajanres esrranQeiros nos

seculos XVIII e XIX. Florian6polis, 1~ ed., AssembleiaLegislativa do Estado de Santa Catarina.

2. PIAZZA, WaIter F. As aventuras de frei AgQstinho daTrindade. Florian6polis, Revistp do Instituto Hisr6ricQ eGeolJnificQ de Santa Catarina.

3. ALMEIDA COELHO, ManuelJoaquim de. Mem6riahist6ricado extima Regimento d'Infantaria de I john du Provincia deSanta Catarina. Desterro.

4. PIAZZA, Walter F. A epopeia ac6ricQ-madeirense (1746-.!1.2Ql. Florian6polis.

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00. Instituto Hist6rico da Ilha Terceira.6. ESPIRITOSANTO,MiguelFredericodo.0 RioGrandede

Sao Pedro e seus confins entre a fe e a razao. Sao Leopoldo,RS.

7. CORTESAo, Jaime. Alexandre de Gusmao e 0 Tratado deMadri. Rio de Janeiro.

8. PIAZZA, Walter F. As rotas do AtHintico as escalas insulares·o caso do Contrato do Tabaco. Angra do Herofsmo, A<;ores,Col6quio "A<;ores e as dinamicas do Atlantico", Boletim do

• BASTOS, Wilson de Lima - Os Sirios emJuiz de ForaR$ 10,00• SILVA, Salvador da Mata - Eles Nasceram emit ~~AR, Adamo -Roteiro GeneaI6gid&,aeMato Grosso Vol. I e II, cada 20,00• BASTOS, Wilson de Lima - A Fazenda daBorda de Campo e 0 Inconfidente JoseAires Gomes 20,00• RIBEIRO, ARMANDO Vidal Leite- FamiliaVidal Leite Ribeiro 35,00• CBG - Bibliografia Preliminar sobreGenealogia 40,00• BREVES, Padre Renato - Santana do Pirai ea sua Historia25,00• FERREIRA, Ottoni Barbosa - Os Ottoni,Descendentes e Colaterais 30,00• MIRANDA, Victorino Chermont de -Iconografia e B. dos Titulares doImperio V Letras I e J 20,00• LACERDA NETO, Artur VirmondeTR!IIIWi1l~~QJlirioo G. - Familias Pri~&sde Bage - Fasciculos I e II cada 20,00• GENTIL, Jose da Mota S.J. -Os Frotas do Suido Brasil 20,00• VIDIGAL,Pedro Maciel - Amador Buena, 0Aclamado na Familia Lagoana 50,00• OLIVEIRA, Betty Antunes - NorthAmerican Imigration to Brazil20,00• RIBEIRO, Paulo Fernandes Telles eLINHARES, Eliana - Comendador GuilhermeTelles Ribeiro 35,00

Pedidos para 0 CBG, acompanhado de chequecruzado e nominal ao Instituto Hist6rico eGeografico Brasileiro no valor, acrescido de R$ 5,00por volume.

• ADAUTO RAMOS, socio titular, lanc;:ou, em

J oao Pessoa, levantamento genealogicointitulado Os Mello A::.edo da Parafba, sobreos proprietarios do engenho Poxi de Cima.• FRANCISCO TEOTONIO DA Luz NETO, sociocolaborador, lanc;:ou em Picos, PI, em janeiro,seu livro Genealogia da familia Lu::.,registrando 300 anos da historia da familia noBrasil.

• ARMINDO L. MULLER, socio titular, foientrevistado pelo jornal AVo::. da Serra, de 12de fevereiro p.p., de Nova Friburgo, sobre os180 anos da imigrac;:ao alema naquelemunicipio e sua contribuic;:ao para a formac;:aodo povo friburguense.

• JoAo LIMA, socio colaborador, publicou,no boletim do Rotary Club de Bonsucesso, defevereiro p.p., artigo em homenagem amemoria de PAULO CARNEIRODA CUNHA.• CYBELLE DE IpANEMA, socia honoraria, foiescolhida pelo Conselho Nacional de Mulheresdo Brasil como uma das "Dez Mulheres do anode 2003", pOI' seu trabalho, no campo dahistoriografia, pela integrac;:ao da Mulher noprocesso de desenvolvimento socio-potitico-econ6mico do pais.• LUlZ HuGO GUIMARAEs,socio colaborador, foiagraciado com a Medalha D.Helder Camarapela Assembleia Legislativa da Paraiba.

Agradecemos a doa<;ao das seguintespublica<;6es:

• OLIVEIRA, Betty Antunes de. Genesedos Batistas no Brasil. Rio de Janeiro: ed.daautora, 2004. 38 p. (Doa<;ao da consocia eautora.)

• FAIGUENBOIN, Guilherme /VALADARES, Paulo / CAMPAGNANO,Ana Rosa. Dicionario Sefaradi desobrenomes. Sao Paulo: Fraiha, 2003. 527 p.(Doac;:ao do consocio GuilhermeF aiguenboin.)• HOZ, Dulce Liberal Martinez de.Recuerdos. Buenos Aires: Taller de AldoSessa, 1980. 116 p. (Doa<;ao da socia ElianeQuintela de Linhares.)• BRAZIL, Paulo M.Assis. Bravos setanejosdo Serido - Fann1ias de Portugal e do Brasil:o Dantas e os Ribeiro Dantas. Natal: SeboVermelho, 2002. 122 p. (Doac;:ao do autor.)• SANTA CATARINA, Instituto Historico eGeognifico de. Boletim. Florianopolis: a.VI,n.n, mar<;o 2004.

• FUNDA\=A.O CULTURAL DEBLUMENAU. Blumenau em cadernos -XLV, 1/2. Blumenau: Cultura emMovimento, janeiro / fevereiro 2004.• LIMA, Roberto Guiao de Souza. Fazendasde Volta Redonda. Volta Cultural. VoltaRedonda: Drumond, fev.2003 / 2004 (l7a a19a ed., 21 a a 27a ed.). (Doac;:ao do socio e

autor.)

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NOVA FRIBURGO . 0 BER<;O DA COLONIZA<;AO ALEMA NO BRASILRev. Armindo L. Miiller

A colOnia alema teve 0 seu inicio, em Nova Friburgo, no dia 3de maio de 1824. As 342 pessoas (128 casados e 214 solteiros),que para ca vieram, haviam sido destinadas, originalmente, paraa colonia de Almada no suI da Bahia. Mas - desconhecemos osmotivos - foram enviadas para ca. Osirnigrantes rebelaram-se contra esta decisaomas nao tiveram escolha.

Os pioneiros vieram em dois navios ate 0

porto do Rio de Janeiro. A grande maioriados passageiros constava de soldados, quehaviam sido angariados pelo GovernoImperial para formarem os Batalh6es deEstrangeiros. Estes ultimos foram engajadosno seus respectivos batalh6es. Os demaisimigrantes, em sua grande maiorialavradores, permaneceram por mais de tresmeses nos armazens ciaArmac;ao das Baleias.Foram, depois, levados por via fluvial ateperto de Itaborai, e dali seguiram a pe ateNova Friburgo.

o os irnigrantes que vieram no primeironavio, 0 Argus, tiveram uma viagem muito acidentada. Tiveramque enfrentar violentas tempestades e ate foram atacados porpiratas. Entre os passageiros contamos 0 pastor luterano FriedrichOswald Sauerbronn, que perdeu a esposa durante a travessia.Acompanharam-no, entre outras, as fanulias Baum, Berbert,BrOder, Darr, Eller, Jonas Emerich, Fals, Grieb, Heiderich,Heringer, Hermann, JUnger, Klein, Laubach, Nanz, Riegel,Schenckel, Schneider, Schott, Schwab, Schwenck, Schwind,Spamer, Ulrich e Winter. A viagem durou longos sete meses.

No segundo navio, 0 Caroline, que teve uma viagem tranqiiilavieram as fanulias Brust, Dietrich, Johann Emerich, Gradwohl,HOfel, Kaiser, Meyer, Nagel, Oberlander, Schmidt, Stork, Wolf

e outras mais.Dados geneal6gicos destas fanulias pioneiras constam do livro

"Os comec;os do Protestantismo no Brasil" de autoria de ArrnindoL. Muller.

A vida desses pioneiros nao foi nada facil:encontravam se, agora, num pais diferente, comcostumes e dimas diferentes, nao falavam amesma lingua, e foram assentados em terraspraticamente impr6prias para a agricultura. Emvista disso, grande parte destas famfliasdebandou e foi it procura de terras maisapropriadas nos municipios vizinhos. Algumastomaram 0 rumo de Manhuac;u e outras do RioGrande do SuI onde se estabeleceram.

E ja que a maioria destes irnigrantes era deconfissao luterana, foi-Ihes perrnitido exerceremaqui a sua fe, sob a lideranp do pastor que osacompanhava. Este fato e importante, pois atea Proclamac;ao da Republica em 1889, 0

catolicismo continuou sendo a religiao oficialdo pais. Os luteranos podiam exercer 0 seu culto

em casas sem forma exterior de tempo. Tambem os matrimoniosefetuados pelo pastor luterano nao tinham valor legal. Tudo istotrouxe muitas situac;6es de conflito e desavenc;as.

No dia 14 de maio de 1 824 foi instalado 0 Cerniterio Luterano- hoje conhecido por Cerniterio Luterano Jardim da Paz - talvezo cerniterio nao cat6lico mais antigo do Brasil, onde se encontramas sepulturas de diversos pioneiros, entre os quais a do PastorSauerbronn.

Em principios do seculo XX fixaram se em Nova Friburgo,diversos empresanos alemaes que aqui instalaram suas empresas,o que trouxe urn surto de progresso e desenvolvimento para 0

municipio.

PROGRAMA<;AO COMEMORATIVA PELOS 180 ANOS DE IMIGRA<;AO AIEMA NOBRASIL E DA FUNDA<;AO DA IGREJA LUTERANA, ORGANIZADA PELO CONFRADE REV.• ~NDO L. MULLERDia 6- F6rum Luterano Fluminense - Encontro de lideran\;as dascomunidades luteranas do Estado do Rio de Janeiro (Niter6i) Ilha doGovernador; Ipanema, Martin Luther, Petr6polis, Nova Friburgo eResendeMaioDia 2 -Celebra\;ao festiva na Igreja Luterana, com a participa\;ao dopastores presidente da IECLB (lgreja Evangelica de ConfissaoLuterana do Brasil) e das Comunidades Luteranas do Sinodo Sudestee autoridadesDia 4 - Sessao solene da Camara dos Vereadores em homenagem aIgreja Luterana.Dia 16 - Solenidade no Cemiterio Luterano Jardirn da Paz - Culto ecelebra\;ao da Santa Ceia.JunhoDia 13 - Realiza\;ao do Seminario Nacional de Hist6ria, com apoio da

Associa\;ao Nacional de Pesquisadores da Hist6ria das ComunidadesTeuto-Brasileiras, Academia Friburguense de Letras (AFL) e NovaFriburgo Country Clube.Agosto'Dia 10

- Culto de A\;ao de Gra\;as e Festa do Colonizador, comexposi\;ao e venda de artesanato, e gastronomia tipica.

Outras atividades confirmadas*Lan\;amento de selo personalizado.* Concurso nacional e local de poesia e reda\;ao, com apoio da AFL,sobre 0 tema -Nova Friburgo -0 ber\;o da coloniza\;ao alema no Brasil.* Concurso nacional de trovas, com apoio da Uniao Brasileira deTrovadores (UBT), tambem alusivo aos 180 anos da imigra\;ao alema.* Concerto de Musica Classica orgao e violinos, com musicos dacomunidade.*Concerto de 6rgao - "A hist6ria da musica atraves do 6rgao", comThiago Tavares de Petr6polis.* Publica\;ao dos anais do Seminario Nacional de Hist6ria.

Q INSTITUTO HISTORICO, GEOGRAFI:CO E GENEALOGICO DE SOROCABA,

comemorou em mar\;o seu Jubileu de Quro com extenso programa:• Exposi\;ao da Produ\;ao Cultural• Missa em A\;ao de Gra\;aspelo 500 aniversario• Sessao especial da Camara Municipal de Sorocaba

41»

• Cerim6nia de outorga do Colar Cruz do Alvarenga e dos Her6isAnonimos

• Reuniao Comemorativa do IHGGS: Hist6ria Viva• Sessao do IHGGS para posse de novos s6cios seguida de Almo\;o

de Confraterniza\;ao.

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Irmandades tem 4. 1° do SSMO, que foi criadano ano de 1751 porautoridade, e Provisilo do Exmo.Sr. Bispo D. Fr. Antonio do Desterro, comCompromisso aprovado, e confrrmado pelo mesmoSenhor. A ela foi anexada a 1° Irmandade doPadroeiro, cuja cria<;;i1o ignorei, por falta dedocumentos. Em tempo, que se conservava sujeitaao Ordinario das suas contas cuidou sempre nocumprimento de seus deveres e na satisfa<;;i1o, doque the estava a cargo pelo seu Compromisso, comose mostra pelos seus Livros, Assentos, e etc. mas doano de 1787 por diante / tempo em que foi compelidaa subtrair-se da sujei<;;i1oOrdinaria / e ficou afeta aoJuizo da Provedoiria das Capelas / principiou adecair daquele fervor, e zelo, com que se conduzianas suas obriga<;;6es porque vendo-se isenta dainspe<;;i1odos Parocos, que as despertavam em seusdescuidos a encher os seus deveres, tern caido namais deploravel relaxa<;;i1oque apenas assiste comazeite para a Lampada, e cera para a banqueta doAltar; sendo ali preciso que 0 Paroco se nilo descuidede solicitar esse pequeno servi<;;o, para que niloaconte<;;am as faltas, que muitas vezes hilo sucedido,assim que cessa 0 cuidado, e 0 requerimento domesmo Paroco. Tendo sido determinado a estaIrmandade, na Visita de 1786, que mandasse fazerurn purificatorio de prata ou estanho para apurifica<;;i1o dos dedos do R. Sacerdote, queadministrasse a Sagrada Eucaristisa, porque nilo sedevia fazer uso de purificadores de loi<;;a,ou de outramateria ftagil; e que a mesma pertencia 0 proveraquele Altar das Alfaias necessarias, para aadministra<;;i1o dos Santos Sacramentos, e muitoparticularmente do SSmo; ate agora nada seexecutou. Chega a tanto 0 descuido, a negligencia,que ja se nilo cobram os seus anuais, nem se fazem/ senilo com muita frouxidilo / todas as outrasobriga<;;6es: e os devedores nilo cuidam mais empagar, 0 que estilo a dever. Por esta mesma razilonilo se cumpre a maior parte dos suftagios; porquenilo havendo dinheiro, nilo pode ela mandarsatisfazer todos os encargos de Missas a que eobrigada; padecendo por isso mesmo as Almas dosIrmiios defuntos, pela indevo<;;i1o,e falta de caridadedos vivos. Ja nilo se congregam as Mesas, todas asvezes, que e necessario, e ordena 0 Compromisso.Nilo assiste com as Missas necessarias para 0 Servi<;;odo Senhor, estando umas, ja indignas do mesmoservi<;;o, outras totalmente estragadas; de sorte que,para se poder continuar a celebrar no mesmo Altarmaior, foi necessario, que depois de muitasinfrutuosas advertencias, se resolvesse 0 R. Parocoa fazer, a sua custa, 0 jogo de toalhas, que atualmenteservem no dito Altar: ao mesmo tempo, que antesda sobredita adjudica<;;i1oao Juizo Secular, constade suas contas, e Assentos, que contribuiam todosos Irmiios / com os seus anuais, os oficiais cumpriamas suas obriga<;;6es, e a Irmandade assistia com 0precise para 0 servi<;;odo Senhor

2° - Das Almas. Pelo que consta dos seus antigos

FREGUEZIA DE SANTO ANTONIOORAGO DE JACUTINGA (Parte 2/2)

Publicadas pela Secretaria Municipal de Cultuta da Prefeitura de Nil6polis-RJLivros, foi ereta em 0 ana 1719 talvez comAutoridade Ordinaria. 0 seu Compromisso foicassada pelo Ministro Secular, quando no ano dito,1787 principiou a tomar-Ihes conta, ordenando-Ihe,que fizesse outro, e que 0 remetesse para Lisboa, aser aprovado pela Mesa de Consciencia: 0 queexecutou, mais ate agora nilo voltou. Ate aquele anadito cumpriu as fun<;;6es: porem depois que passoupara a administra<;;i1p Secular, foi descaindo, ateaniquilar-se, com notavel detrimento dos FieisDefuntos, e lamentavelmente escandalo dos vivos.Ficou enfim reduzida ao miseral estado de niloparecer, que houvera nesta Freguezia tal Irmandade.

Mais 0 zelo do atual R. Vigario atendendo asconsequencias prejudiciais a Igreja, por estadesordem, fez convocar, no ana de 1794, os antigosIrmilos, e adquiria outros de novo, com os quaisajustou uma especie de regulamento, fim de secontinuarem por ele os sufragios dos defuntos, ateque Deus seja servido dar a Providencia de que Elesabe necessitar a sua Igreja.

3° Da Senhora do Socorro dos Homens Pardos.Pelos seus antigos Livros, e Manuscritos que pormuito estragados nilo deixam colher toda certeza,que se deseja faz-se certo, que existia muito antesdo ano de 1686, tempo que ainda se conservava estaFreguezia como Capela Curada, com disse emprimeiro a Fl. 78: e por isso, ou foi do mesmo anoou pouco menos, que a de Santo Antonio Padtoeiro,criada por Autoridade Ordinaria segundo parece,olhando para a cria<;;i1ode todas elas, e pela razilo deter sido sujeita nas suas contas ao mesmo JuizoEclesiastico. No ana de 1787, avocada peloProvedor das Capelas, principiou a ser sujeita aoJuizo Secular: e cornela houve-se aquele Juiz mesmaforrnalidade de procedimento, que com a das Almas,arrrependido de seu Compromisso; 0 qual ficou acopia para seu govemo, nos Livros competentes. Nadecadencia seguiu a mesma sorte da das Almas: ede fonna decaiu, que hoje nilo existe: por que ha 4anos que se nilo congrega a Mesa, nao se fazemElei<;;6es, nilo tern Administradores, e s6 se dizemalgumas poucas Missas pelos vivos, defuntos, porzelo do antigo Escrivilo, que procuta cobrar algumanual para 0 dito fim.

4° Da Senhora dos Rosarios dos Pretos. Foi eretapor Autoridade do lImo. Sr. Bispo D. Fr. Antoniode Guadalupe, emProvisiio de 1724. Nas suas contasesteve igualmente sujeita ao Ordinario, ate 0 ana de1786, em que, assim como as outras, foi avocada aoJuizo Secular. Consta de seus Livros, que fora muitoformosa; e aplicada ao Culto de seu Orago,celebrando gran des festas, tratando com muitoasseio 0 seu Altar, que foi omado com Sacras eCasti<;;ais de prata, tendo bastante Alfaias de sedae urn born Guiilo de Damasco com remate e cruz deprata, e outras muitas coisas, que bem mostrava 0seu zelo e devo<;;i1o. Mas desde a epoca daInfelicidade comum das Irmandades, decaiu eesfriou de modo que apenas conserva hoje osvestigios do que fora: a tanto assim que para pintarde novo a Imagem de sua Padtoeira, no ano de 94,foi necessario tirarem-se esmolas fora da Innandadeporque esta, se nilo achava com a modica quantiado 32Rs., em que importou a pintura: e a nilo ser 0grande zelo do seu Escrivilo perpetuo, Cap. Joakimde Veras Nascentes nem estes mesmos vestigios deIrmandade se conservariam.

A Fabrica, ate agora se conserva sujeita nas suascontas ao Juizo da Visita; e por elas ficou emsuplemento, ou Receita a quantia de 13$850Rs.,bens patrimoniais nilo tern, a excessilo de 50bra<;;asde terras em quadta as quais havendo sidedoadas por Jose de Azeredo, Senhor e possuidordelas no Engenho, chamado do Santo Antonio, nolugar do Calhanla<;;o, quando ali existiu a Freguezia;depois de transferida para 0 lugar em que hoje existe,Antonio de Azeredo, filho daquele doador, comutoupor aquelas, sitas no morro ao pe do Rio de SantoAntonio, outra igual por<;;ao no lugar, em que sefundou de novo a Matriz. Desta doa<;;i1o, ecomuta<;;i1o,nilo aparece documento, e Testamentoalgum, senilo a memoria dos antigos freguezes queainda consta por tradi<;;i1o. Por ocasiilo de sernomeado 0 R. atual Vigario para Juiz Comissarioda Justifica<;;i1o, e medi<;;ao das terras, que foramdadas pelo Mestre de Campo Inacio do Andrade

Sotto-Maior, para Patrimonio do R. Manoe! Pereirade Lemos, no ano de 1794; este, em presen<;;a detestemunhas, dos avaliadores do Juizo deste Distrito,do procutador bastante do dito R. e na sua, fez fazera medi<;;i1odas 50 bra<;;asdoadas para Patrimonio deSanto Antonio, e as separou das 250 bra<;;as doPatrimonio do dito Padre, em que estavamencravadas; e de tudo, no Livro da Fabrica da Igrejaa Fl. 171 fez lavrar urn temlo, em que assinaramtodas as pessoas ditas, e 0 mesmo R. Vigario, paraque ficasse este servindo de monumento, etestamento autentico a fim de constar para 0 futuroa realidade existencia das ditas 50 bra<;;asde terra enos Autos do Patrimonio do dito Padte informou-me 0 mesmo Vigario, que havia feito a precisadeclara<;;i1opara que se nilo perdesse a memoria eTestamento do Patrimonio desta Igreja, assim comohavia acontecido ate 0 presente com esta, e outrasmais. Como ate este tempo se tem conservado estaFreguezia com Parocos Encomendados, apesar deter side elevada a natureza Colativa; por esta causanem a Fabrica nem 0 Paroco percebe coisa algumada Real Fazenda, havendo-se alias deputadoC6ngrua, e guizamento, quando se criou Colada,mas sem efeito, por nao tomar posse 0 nomeadoParoco. Os reditos, de que a Fabrica, e 0 mesmoParoco se mantem, silo os contingentes malsatisfeitos, que resultam de Sepulturas, e maisOficios funerais, e dos donativos, que the fazem osfteguezes, pelos Oficios Paroquiais.

Nao tern funda<;;i1oalguma de Missas perpetuas:apenas se poderia dizer tais, as que anualmentemandam dizer as Irmandades mais estas mesmasfalham, pe!a decadencia, em que elas se conservam.Se algumas obla<;;6es se fazem aos Santos, saoconsumidas nos seus Altares respectivos.

A povoa<;;i1o tern sentido aumento: porquecontando no ano de 1792 Fogos 333 e Almas capazesde Sacramento 2015; no ana de 93 Fogos 349 eAlmas no seu total 2235; no ana do 1797 foram osFogos 343; Almas, capazes de Sacramentos 2340;Menores 597; fazendo a seu total de 2937.

E muito certo que 0 total de Almas compreendemais uma terceira parte; porque ordinariamente osbrancos, e pardos solteiros, e libertos, que tememser apreendidos para soldados, jamais semanifestam; antes procuram ocultar-se quantopodem. Os Senhores de Escravos igualmenteocultam ao Rol, todos os que tem, subtraindo muitasvezes uma boa parte deles, e alguns ate a metade,desde que os Dizimeiros excogitaram 0 meio deobterem Portarias de V. Excia., para tirarem dos Roesdas Freguezias 0 numero de Escravos, a fazerem osseus ladtoados ajustes; que por isso, e por excessivos,e que tern feito lembrar aos Povos a subtra<;;i1odosEscravos, e mais pessoas do Rol das Freguezias. Emcon sequencia deste procedimento, padecem osparocos com as faltas de satisfa<;;ao aos seus reditos.

Acha-se situada a Igreja Matriz a urn canto doseu largo territ6rio, que compreende nove leguas,em toda sua extensao que e de E e W; na sua larguraque e muito irregular, em umas partes 2leguas; emoutras, pouco mais, em outras menos.

Da Matriz para a Fazenda do Mosteiro de SaoBento, que fica na margem meridional do RioIgua<;;u, distam 3 leguas; e seguindo esta mesmamargem por N. ate 0 morro Grande, em distancia de1.1/2 legua, e ate 0 lugar, chamado por Porto dosSaveiros, se divide com as Freguesia de N. Sra. doPilar, N. Sra. da Piedade, ambas do Igua<;;u, para amargem oriental do Rio Santo Ant6nio do Mato,onde divide com a Freguesia de S. Fanu1ia,6Ieguas:para 0 S., onde divide com a Freguesia de Silo JoiloBatista de Trairaponga , ou de Meriti, pelo limitedas terras do Engenho da Cachoeira, 3/4 de legua:pelo Poente com a Freguesia de N. Sra. da Concei<;;i1ode Mariapicu, no rumo das terras do Engenhochamado Madureira, onde se principiam as doEngenho de Cabossu, 1.l/2 legua: seguindo amargem Ocidental do Rio Santo Ant6nio, desde 0Engenho da Cachoeira, atravessando a EstradaGeral, que guia a esta cidade e continuando a carreirado dito Rio / que dal1i por diante tern 0 nome deSerapuhy / ate 0 Mar, tendo atravessado os chanladosPantanais, vai fazendo divisa com a sobreditaFreguesia de Silo Joilo de Trairaponga.

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o pagamento da j6ia de ingresso e dasanuidades - obriga~ao primeira dos associadosa tanto obrigados - passou a ser condi~aoessencial nao apenas para a subsistencia dovinculo associativo, mas para 0 exercicio dospr6prios direitos, equiparando-se 0 naoatendimento de tal obriga~ao, ap6s notifica~aoda Tesouraria, a renuncia a condi~ao de s6cio,para quaisquer fins.

Para maior simplifica~ao da materia,optou-se ainda por fundir 0 Regimento com 0

Estatuto, eliminando redundilncias e conflitosde dispositivos, e pela consolida~ao da novareda~ao, ao inves de remi~ao a emendassubstitutivas.

o novo Estatuto, ap6s registro no cart6riocompetente, sera publicado na primeira edi~aodo Brasil Geneal6gico que se The seguir.

A Biblioteca do CBG esta sendomodernizada passando por urn processo deInformatiza~ao, para:- Cataloga~ao de todo 0 acervo atraves doprograma Access, por autor, titulo e assunto- arrranjo dos livros nos armariosdevidamente identificados- organiza~ao do sistema paraenquadramento em rede no futuro

Nossos votos de Boas Vindas ao novosS6cios Correspondentes, aprovados emReuniao de Diretoria de 3 Dez 2003:

• ENRIQUEJAVIERYARZARovIRa-Montevideu, Uruguai

• GRACIELAGALMES- Montevideu, Uruguai• HERNANCARLOSLUX-WURM- BuenosAires, Argentina• OLGAMENDEZALGORTA-Montevideu,Uruguai

REMETENTEColegio Brasileiro de Genealogia

Av. Augusto Severo, 8 _120

20021-040 - Rio de Janeiro - RJ

DESTINATARIO

IMPREssa