MASP 8D
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ENGENHARIA
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO
Gilberto Lus Kupper Terner
AVALIAO DA APLICAO DOS
MTODOS DE ANLISE E SOLUO DE
PROBLEMAS EM UMA EMPRESA METAL-
MECNICA
Porto Alegre
2008
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Gilberto Lus Kupper Terner
AVALIAO DA APLICAO DOS MTODOS DE ANLISE E SOLUO DE
PROBLEMAS EM UMA EMPRESA METAL-MECNICA
Dissertao submetida ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito parcial obteno do ttulo de Mestre em Engenharia de Produo, modalidade Profissional, na rea de concentrao em Sistemas de Produo.
Orientador: Professor, Dr. Jos Luis Duarte
Ribeiro
Porto Alegre
2008
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Gilberto Lus Kupper Terner
AVALIAO DA APLICAO DOS MTODOS DE ANLISE E SOLUO DE
PROBLEMAS EM UMA EMPRESA METAL-MECNICA
Esta dissertao foi julgada adequada para a obteno do ttulo de Mestre em Engenharia de
Produo na modalidade Profissional e aprovada em sua forma final pelo Orientador e pela
Banca Examinadora designada pelo Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
__________________________________
Prof. Orientador, Dr. Jos Luis Duarte Ribeiro
Orientador PPGEP/UFRGS
___________________________________
Prof. Flvio Sanson Fogliatto, Ph.D.
Coordenador PPGEP/UFRGS
Banca Examinadora:
Professora Dra. ngela de Moura Ferreira Danilevicz PUCRS
Professora Dra. Christine Tessele Nodari PPGEP/UFRGS
Professora Dra. Liane Werner PPGEP/UFRGS
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A formulao de um problema a parte mais essencial na
soluo do problema Albert Einstein
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AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Jos Luis Duarte Ribeiro, pela orientao precisa contribuindo assim para
que este trabalho se desenvolvesse.
Aos professores da banca por terem se disponibilizados a participar deste trabalho.
A GKN do Brasil pela oportunidade e confiana para realizao deste projeto. E a
todos que colaboraram direta ou indiretamente para o desfecho desta obra.
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RESUMO
O tema desta dissertao consiste da aplicao de diversos mtodos e sistemticas de anlise e soluo de problemas, abordados no cenrio da indstria metal-mecnica. O objetivo principal deste trabalho investigar e comparar a utilizao dos mtodos de anlise e soluo de problemas aplicados no cho de fbrica de uma empresa do setor automotivo com os modelos tericos. As anlises foram realizadas comparando os modelos tericos com os aplicados na empresa, resultando desta anlise as proposies e concluses. Complementando o objetivo principal, tambm foram analisados fatores organizacionais necessrios ao trabalho em equipe, como a prpria formao das equipes e as questes referentes aprendizagem organizacional. Os resultados obtidos confirmam outros estudos sobre o assunto, mostrando uma lacuna entre os modelos tericos e sua aplicao eficaz. So sugeridas propostas de melhorias para minimizar esta lacuna. Palavras-chave: anlise e soluo de problemas, MASP, aprendizagem organizacional.
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ABSTRACT
The subject of this work is the aplication of the diverse methods of problem solving, in the scene of the metal-mechanics industry. The main purpose of this work is to investigate and to compare the use of the methods of problem solving applied on the shop floor of a factory of auto parts with the theoretical models. The analyzes were carried through comparing the theoretical models with those applied in the company, resulting of this analysis proposals and conclusions. Complementing the main objective, necessary organizacionais factors to the work in team were also analyzed, as the proper formation of the teams and the referring questions to the organizacional learning. The results obtained confirm other studies on the subject, showing a gap between the theoretical models and its efficient application. Proposals of improvements are suggested to minimize this gap.
Key words: Problem Solving, PDCA, learning organization.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Interligao entre os conceitos................................................................................. 11 Figura 2 - Fluxo de problemas na organizao......................................................................... 15 Figura 3 - Os efeitos da no resoluo de problemas ............................................................... 16 Figura 4 -Evoluo da Qualidade no sculo XX ...................................................................... 21 Figura 5 - Sistema de Produo Enxuta ................................................................................... 24 Figura 6 - Diagrama de Venn para as ferramentas da Qualidade............................................. 28 Figura 7- Exemplo de Grfico de Tendncia............................................................................ 29 Figura 8 - Exemplo de Grfico de Pareto................................................................................. 30 Figura 9 - Exemplo de diagrama de causa-e-efeito .................................................................. 30 Figura 10 - Exemplo de Folha de verificao .......................................................................... 31 Figura 11 - Exemplo de grfico de correlao ......................................................................... 32 Figura 12- Exemplo de histograma .......................................................................................... 32 Figura 13 - Exemplo de anlise dos Cinco Por qus ................................................................ 33 Figura 14 - Exemplo diagrama de afinidade ............................................................................ 34 Figura 15 - Exemplo de Diagrama de rvore .......................................................................... 34 Figura 16 - Exemplo de Diagrama de rvore .......................................................................... 35 Figura 17- Exemplo de Diagrama do Processo Decisrio........................................................ 36 Figura 18 - Lista de verificao de Osborne............................................................................. 37 Figura 19 - Tipos de Problemas................................................................................................ 40 Figura 20 - Ciclo PDCA de controle de processos................................................................... 42 Figura 21- Ciclo PDCA para melhorias QC Story................................................................ 43 Figura 22 - Mtodo de Soluo de Problemas QC Story...................................................... 45 Figura 23 - Relao entre as fase do Ciclo PDCA e as ferramentas da qualidade ................... 45 Figura 24 - 8 Disciplinas (8D).................................................................................................. 47 Figura 25 - Modelo de relatrio A3.......................................................................................... 48 Figura 26 Distribuio normal e sua relao com trs e seis sigmas .................................... 51 Figura 27 - Partes por milho (ppm) fora da especificao para vrios desvios-padres ........ 51 Figura 28 - Distribuio normal e o efeito do desvio de mdia no PPM ................................. 52 Figura 29 - Principais atividades e ferramentas do Ciclo DMAIC........................................... 53 Figura 30 - Comparao entre metodologias de anlise e soluo de problemas .................... 55 Figura 31 - Os quatro modos de criao e os tipos de conhecimentos..................................... 58 Figura 32 - As cinco disciplinas essenciais nas organizaes que aprendem .......................... 59 Figura 33 - Indicadores de desempenho de tarefas e pessoas.................................................. 61 Figura 34- Organograma simplificado da fbrica .................................................................... 65 Figura 35- Organograma simplificado das UMs ...................................................................... 66 Figura 36 Qualificao tcnica da equipe de analistas .......................................................... 66 Figura 37 Mapa do NRFT ..................................................................................................... 68 Figura 38 - lay out do Mapa de NRFT ..................................................................................... 69 Figura 39 - Questionrio aplicado junto aos analistas.............................................................. 72 Figura 40- Questionrio para os gerentes ................................................................................. 72 Figura 41 Porcentagem de relatos de aplicao de uma metodologia.................................. 74 Figura 42 Porcentagem de comprovao da aplicao de uma metodologia ........................ 74 Figura 43 Porcentagem de relatos de aplicao de ferramentas........................................... 75 Figura 44 Porcentagem de comprovao da aplicao de ferramentas ................................. 75 Figura 45 Porcentagem de relato de realizao de testes e simulaes................................. 77 Figura 46 Porcentagem de comprovao de testes e simulaes .......................................... 77 Figura 47- Porcentagem de relato de verificao da eficcia atravs de dados ....................... 78 Figura 48 - Porcentagem de comprovao da verificao da eficia com dados ..................... 78 Figura 49 - Percepo e comprovao de uso de metodologias pelos analistas entrevistados. 78
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Figura 50- Resumo das recomendaes dos mtodos de anlise e identificao de problemas na fase de identificao...................................................................................................... 83
Figura 51 - Resumo das recomendaes dos mtodos de anlise e identificao de problemas na fase de anlise ............................................................................................................... 85
Figura 52 - Resumo das recomendaes dos mtodos de anlise e identificao de problemas na fase de implementao .................................................................................................. 87
Figura 53 - Resumo das recomendaes dos mtodos de anlise e identificao de problemas na fase de verificao......................................................................................................... 89
Figura 54 - Resumo das melhores prticas propostas .............................................................. 91
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NDICE
1. Introduo............................................................................................................................. 11 1.1Tema e Objetivos................................................................................................................. 13 1.2 Justificativa do tema e objetivos......................................................................................... 14 1.3 Mtodo de trabalho............................................................................................................. 17 1.4 Delimitaes ....................................................................................................................... 18 1.5 Estrutura do trabalho .......................................................................................................... 19 2. Referencial Terico .............................................................................................................. 20 2.1 Qualidade............................................................................................................................ 20 2.1.1 Histrico da qualidade ..................................................................................................... 20 2.1.2 Definio de qualidade .................................................................................................... 23 2.2 Ferramentas da qualidade ................................................................................................... 26 2.3 Anlise e soluo de problemas.......................................................................................... 37 2.3.1 Oito Disciplinas ............................................................................................................... 45 2.3.2 Modelo A3 da Toyota...................................................................................................... 47 2.3.3 Seis Sigma ....................................................................................................................... 50 2.3.4 Resumo dos Mtodos de Anlise e Soluo de Problemas ............................................. 53 2.4 Aprendizado Organizacional .............................................................................................. 55 2.5 Equipes multidisciplinares.................................................................................................. 59 3. Descrio e avaliao do cenrio.......................................................................................... 64 3.1 Descrio da empresa ......................................................................................................... 64 3.2 Descrio da equipe de solucionadores de problemas........................................................ 66 3.3 Elaborao do Questionrio ............................................................................................... 70 4. Descrio das entrevistas...................................................................................................... 73 4.1 Identificao dos problemas ............................................................................................... 73 4.2 Anlise dos problemas........................................................................................................ 74 4.3 Implementao da soluo.................................................................................................. 76 4.4 Verificao da soluo........................................................................................................ 77 4.5. Anlise e discusso dos resultados .................................................................................... 78 4.6 Identificao das melhores prticas utilizadas atualmente na empresa.............................. 79 4.7 Sugesto de melhores prticas considerando o referencial terico e a realidade da empresa.................................................................................................................................................. 79 4.7.1 Metodologia..................................................................................................................... 80 4.7.2 Fase de definio: ............................................................................................................ 82 4.7.3 Fase de anlise:................................................................................................................ 84 4.7.4 Fase de implementao.................................................................................................... 86 4.7.5 Fase de verificao .......................................................................................................... 88 4.7.6 Resumo das melhores prticas propostas ........................................................................ 90 4.8 Proposta de melhoria .......................................................................................................... 91 4.8.1 O papel das equipes de soluo de problemas................................................................. 91 4.8.2 O papel da empresa na consolidao das melhores prticas ........................................... 93 5. Comentrios finais................................................................................................................ 94 5.1 Resultados obtidos.............................................................................................................. 94 5.2 Sugestes de trabalhos futuros ........................................................................................... 96 Referncias ............................................................................................................................... 98 Apndice 1.............................................................................................................................. 103
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1. Introduo
A busca pela competitividade empreendida por empresas de todos os setores faz
com que a eliminao do desperdcio seja uma questo de sobrevivncia. O mercado no tem
mais espao para empresas ineficientes. A concorrncia pelo cliente segue muito alm de
preo, hoje o cliente procura valor. Valor que pode ser percebido como, por exemplo, pelo
cumprimento de prazos de entrega, padres de qualidade e preo justo.
A eficincia das empresas em se manter no negcio depende do desempenho,
confivel e seguro, de produtos e servios. No h tolerncia para a perda de tempo ou custos
de falhas, e a qualidade tornou-se estratgia bsica para a competitividade (FEIGENBAUN,
1994). De acordo com Campos (1992), o que garante a sobrevivncia das empresas a sua
competitividade, onde competitividade decorre da produtividade, e produtividade decorre da
qualidade (valor agregado) como mostrado na Figura 1.
Figura 1 - Interligao entre os conceitos Fonte: Adaptado de Campos (1992)
Campos (1992) j indicava que as empresas brasileiras perdem entre 20% e 40%
do seu faturamento em problemas internos. Estas perdas so representadas por descontos nas
vendas associadas a produtos com qualidade inferior, perdas de produo por paradas
indesejadas de equipamentos, excesso de estoques, excesso de consumo de energia, refugos
por m qualidade, retrabalhos de toda natureza e erros de faturamento. Palady & Olyay (2002)
Sobrevivncia
Competitividade
Produtividade
Qualidade (Preferncia do Cliente)
Projeto Perfeito
Fabricao Perfeita
Segurana Do Cliente
Assistncia Perfeita
Entrega no Prazo
Custo Baixo
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complementam que os custos e perdas de desempenho relacionadas a problemas de qualidade
justificam uma ateno especial para sua soluo.
No decorrer das ltimas dcadas, o gerenciamento das organizaes deixou de ser
poltico para ser cientfico, onde a permanncia no mercado somente ser garantida pelo
atendimento das metas impostas pelo mercado, onde o conhecimento humano o mais
importante recurso para a competitividade (CAMPOS, 1996).
Conforme Alvarez (1996), a excelncia nas organizaes se divide em duas
grandes reas. A primeira delas caracteriza-se em questes estratgicas, e a segunda baseia-se
em questes ttico operacionais, como por exemplo, na melhoria contnua de processos,
geralmente problemas especficos de qualidade, engenharia industrial ou programao de
produo. Assim sendo, existem nveis diferenciados de tratamento de problemas.
Nas empresas orientadas para a qualidade, a busca pela excelncia envolve todos
os indivduos, do topo base. Essas empresas percebem que qualidade no um custo e sim
investimento. Neste contexto, as falhas devem ser encaradas como pontos onde uma ao
corretiva deve ser aplicada, com o intuito de corrigir defeitos e avanar para outro estgio de
qualidade. A resoluo sistemtica de problemas empregada por essas organizaes visando
eliminar as causas dos problemas e implantar solues adequadas para aumentar a eficincia
nos processos, garantindo-lhes sua eficcia. Porm, segundo Campos (1996), as empresas
ocidentais, diferentemente das japonesas, apresentam dificuldade de aplicar os conceitos de
qualidade que conhecem na teoria.
De acordo com Bohn (2000), no atual cenrio industrial, onde o desenvolvimento
dos negcios extremamente dinmico as palavras-chaves para as pessoas no comando so
inovao, melhoria e lidar com o inesperado. O inesperado aparece na forma de problemas,
onde a soluo pode abrir as portas para o desenvolvimento e inovao, se estes problemas
forem tratados de maneira correta.
Porm, em muitas empresas, a anlise e soluo de problemas confundida com o
que, no jargo da indstria, chamado de apagar incndio. Nestes casos, o problema no
resolvido, apenas contido ou adiado, pois nada, ou quase nada, efetivamente feito na causa
raiz do problema (BOHN, 2000).
O tpico sobre como lidar com problemas e produzir uma mudana sustentvel,
segundo Gosh & Sobek (2002), continua a desafiar pesquisadores organizacionais. Os tericos
afirmam, de acordo com os autores que nas organizaes, quando os colaboradores se
deparam com uma crise, estes deveriam adotar medidas de curto prazo para conter o problema
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como um primeiro passo, mas como um segundo passo deveriam investigar o processo
criticamente para encontrar e remover a causa raiz para prevenir a recorrncia do problema.
Contudo, Feigenbaun (1994) relata a raridade em aplicar a segunda etapa, e de acordo com
outros autores esta tendncia persiste atualmente (Tucker et al., 2002; Tucker & Edmondson,
2002). As organizaes, conseqentemente, continuam encontrando na mudana sustentvel
dos sistemas de trabalho um desafio significativo.
Ishikawa (1985) aponta que o sucesso comercial das empresas japonesas
conseqncia do gerenciamento metdico, praticado por todos na empresa, atravs do controle
dos processos pelo Ciclo PDCA.
1.1Tema e Objetivos
O tema desta dissertao consiste da aplicao dos diversos mtodos e
sistemticas de anlise e soluo de problemas, abordados no cenrio da indstria metal-
mecnica.
Assim, este trabalho aborda o uso de mtodos de anlise e soluo de problemas
(MASP) aplicados ao cho de fbrica. A discusso sobre a aplicao de determinada
ferramenta de qualidade necessariamente precisa ser realizada considerando a magnitude e
complexidade do problema bem como o ambiente de aplicao. De acordo com Campos
(1992), o conhecimento das ferramentas da qualidade no suficiente para a soluo de
problemas, pois o principal fator o mtodo a ser utilizado.
O objetivo principal deste trabalho investigar e comparar a utilizao dos
mtodos de anlise e soluo de problemas aplicados no cho de fbrica de uma empresa do
setor automotivo com os modelos tericos. As anlises so realizadas comparando os modelos
tericos com os aplicados na empresa, resultando desta anlise as proposies e concluses.
Complementando o objetivo principal, tambm so analisados fatores organizacionais
necessrios ao trabalho em equipe, como a prpria formao das equipes e as questes
referentes aprendizagem organizacional.
Pretende-se, atravs da comparao dos procedimentos utilizados pelas diferentes
equipes, propor pontos de melhoria a serem aplicados em um ambiente onde o nmero de
problemas superior aos recursos disponveis. Assim, este trabalho investiga se as equipes
conduzem predominantemente para solues rpidas e pouco eficientes ou se conseguem
aprofundar a anlise e chegar causa raiz dos problemas de cho de fbrica. Com isso, espera-
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se propor melhorias no processo para reduzir o desperdcio de recursos humanos e materiais
aplicados em aes pouco eficazes.
1.2 Justificativa do tema e objetivos
Nas organizaes modernas, segundo Bohn (2000), percebe-se o conflito entre a
quantidade de problemas e a quantidade de pessoas para resolv-los. Esta realidade em
organizaes que possuem uma grande quantidade de problemas e quantidade insuficiente de
pessoas para solucion-los conduz a um processo de solues rpidas. Nestes casos, as
pessoas so chamadas a dar solues rpidas. No entanto nem sempre a soluo rpida
eficaz, podendo acarretar maior tempo em retrabalhos.
As abordagens de curto prazo, de acordo com Gosh & Sobek (2002), a
modalidade predominantemente escolhida para resolver problemas nas organizaes. Em
conseqncia, os problemas retornam e impedem o funcionamento suave. Os lderes das
organizaes apiam diversas filosofias e teorias de qualidade para produzir a mudana
sustentvel, mas, ainda segundo os autores a literatura existente sugere que muitas iniciativas
se encontram com sucesso limitado ou se encontram com aceitao limitada.
Na melhor das hipteses, esta situao levar a condio que problemas menores
sero ignorados. No pior cenrio, incndios crnicos consumiro os recursos operacionais da
organizao. Neste caso, engenheiros, gerentes e analistas correro de uma tarefa a outra, no
completando o que esto fazendo antes de serem interrompidos para comear a prxima.
Grandes esforos de anlise e soluo de problemas transformam-se em solues simples e
rpidas. A produtividade sofre, o gerenciamento se torna um constante ato de julgamento de
onde e em que problema alocar as pessoas j sobrecarregadas e quais crises incipientes ignorar
no momento (BOHN, 2000).
Uma situao onde o gerenciamento de crises uma constante pode ser melhor
caracterizada, segundo Bohn (2000), quando pelo menos trs dos itens abaixo so
reconhecidos:
- No h tempo suficiente para resolver todos os problemas, h mais problemas
que analistas ou engenheiros podem lidar adequadamente;
- Solues so incompletas, muitos problemas so atenuados com aes sobre os
efeitos e no sobre as causas;
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- Recorrncia de problemas, solues incompletas permitem que o problema
reaparea ou crie outros, s vezes em outras reas da organizao;
- Urgncia supera a importncia, anlise de problemas complexos ou de longo
prazo so constantemente interrompidos para lidar com crises;
- Muitos problemas tornam-se crises, problemas no resolvidos ficam fermentando
at o momento de virarem crise freqentemente pouco antes do limite de prazo e exigem
esforos hericos para a soluo;
- Queda de desempenho, problemas demais so mal resolvidos e tantas
oportunidades so perdidas que o desempenho geral da organizao decresce.
A Figura 2 ilustra como os problemas fluem pela organizao e o que acontece
quando o nmero de problemas maior que o nmero de pessoas para resolv-los.
Figura 2 - Fluxo de problemas na organizao Fonte: Adaptado de Bohn (2000)
Resolver um problema uma atividade que necessita de tempo para: estudar os
sintomas, confirmar o problema, conduzir estudos preliminares, reunir a equipe, diagnosticar
as causas, pesquisar uma boa soluo e implement-la. medida que os problemas no
resolvidos vo se acumulando, os analistas e gerentes experimentam vrios tipos de presses.
Presses auto-impostas por saberem que tm mais problemas para resolver, presso do cliente
que quer a soluo, presso dos gerentes que esto recebendo presso dos clientes. nesta
condio que muitos problemas so sobrepostos a outros passando a frente na fila de tarefas
por questes polticas e hierrquicas. Neste cenrio, os analistas gastam mais tempo em
explicaes do porque prazos no foram cumpridos do que analisando e resolvendo problemas
efetivamente (BOHN, 2000). A Figura 3 ilustra o efeito da no resoluo de problemas e suas
conseqncias.
O mundo: clientes, chefes outros
departamentos novas idias.
Fila de problemas
Gerente ou comit
Problemas negligenciados
Analista 1
Analista 2
Analista 3
-
16
Figura 3 - Os efeitos da no resoluo de problemas
Fonte: Adaptado de Bohn (2000)
Campos (1992) considera que todas as empresas possuem problemas que as
privam de obter melhor qualidade e produtividade de seus produtos, alm de prejudicar sua
posio competitiva. Mais ainda, freqentemente os gerentes acreditam que conhecem a
soluo destes problemas baseado em seus prprios julgamentos ou experincias, ao invs de
buscar fatos e dados para assegurar a tomada da deciso correta. Esta opinio compartilhada
por Palady & Olyay (2002) que consideram que para os altos gerentes a opinio de
profissionais experientes suficiente e que treinamento e habilidade na soluo de problemas
no so necessrios.
Ainda de acordo com Bohn (2002), na situao de caos onde os analistas sofrem
extrema presso para resolverem logo um problema e partirem para outro a anlise torna-se
mais pobre e menos eficiente. A pressa faz com que no se dedique tempo suficiente para
descobrir a causa raiz e, ao invs disto, uma gama maior de causas potenciais so
consideradas. Ao invs de se validar a anlise com testes de hipteses, suposies so
consideradas como verdades. Em suma, os problemas no so resolvidos porque no se aplica
tempo suficiente para resolv-los sistematicamente.
Muitas empresas que apresentam o cenrio de focos de incndio, onde os analistas
atuam como bombeiros, conhecem e trabalham com as ferramentas da qualidade e
metodologias de anlise e soluo de problemas. Porm, quando a presso para a soluo
muito grande, as pessoas acreditam que podem resolver mais rpido se pularem etapas. De
acordo com Bohn (2000), pular etapas para soluo mais rpida de problemas pura iluso.
Na verdade, o tempo das diversas anlises que um problema mal resolvido toma e os recursos
Fila de problemas
Gerente define prioridades e pressiona por resultados rpidos
Isto critico Analista 1
Analista 2
Analista 3
Soluo Soluo fraca e ineficaz
Fila invisvel de problemas esperando
para ressurgir
Novos problemas
e oportunidades
Problemas repetitivos
importante, mas no critico.
Adiado indefinidamente
Soluo boa e definitiva
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de tempo e dinheiro empregados em aes que no tero efeito muito maior que se fosse
empregado tempo suficiente para encontrar a causa raiz e elimin-la.
Para evitar que a organizao entre na espiral da crise, consumindo todo seu corpo
de engenheiros nas atividades de gerenciar crises, Bohn (2000) cita algumas tcnicas. Dentre
elas est a possibilidade de desenvolver maior quantidade de pessoas com capacidade de
solucionar problemas. Segundo Bohn (2000) e Ishikawa (1993), um dos postulados do
Controle da Qualidade Total (CQT) desenvolver a capacidade de anlise e soluo de
problemas em toda a equipe. Desta maneira, pequenos problemas podem ser resolvidos
diretamente pelas pessoas envolvidas liberando tempo para que engenheiros, analistas e
tcnicos se dediquem a problemas mais complexos.
Campos (1992) considera que a melhoria dos padres da empresa deva ser feita
atravs do mtodo de soluo de problemas QC Story, que ser explicado com mais detalhes
no captulo 2. No entanto, para que se possam resolver os problemas, primeiro necessrio
saber identific-los.
A motivao deste trabalho surgiu a partir da necessidade de avaliar equipes de
anlise e soluo de problemas relacionados a um programa de reduo de refugos e
reclamaes de clientes em uma empresa metalrgica. Apesar de existirem diversas
ferramentas de anlise e soluo de problemas e que, por muitos anos, esto sendo difundidas
no setor industrial brasileiro existe uma dvida com relao a quanto as empresas empregam
estas ferramentas formal e sistematicamente, ou se as etapas dos referidos mtodos so
seguidos.
1.3 Mtodo de trabalho
O trabalho proposto adota o mtodo de pesquisa-ao para seu desenvolvimento.
A pesquisa-ao concebida e realizada em estreita associao com uma ao ou com a
resoluo de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes representativos da
situao ou do problema esto envolvidos de modo cooperativo ou participativo (GIL, 1996).
A pesquisa-ao indicada para o desenvolvimento deste trabalho, porque tanto o pesquisador
quanto os pesquisados esto inseridos no contexto do problema a ser analisado.
O mtodo de trabalho foi dividido em quatro etapas: (i) estudo da literatura, (ii)
conduo de anlise de benchmarking, (iii) identificao de melhores prticas e (iv)
proposio de melhorias.
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A primeira etapa contempla a reviso da literatura, importante para o
embasamento deste estudo. Assim, foi reunido o referencial necessrio para o entendimento
dos conceitos e tcnicas aplicadas. Especificamente, foram estudados os conceitos
relacionados a qualidade, anlise e soluo de problemas e benchmarking, equipes
multidisciplinares e aprendizagem organizacional.
A segunda etapa envolve a conduo de anlise de benchmarking. Seguindo os
preceitos do benchmarking, foi realizado o estudo do cenrio da organizao em anlise, a
descrio dos grupos de anlise e soluo de problemas, a anlise de cada um destes grupos. A
anlise de cada grupo foi executada atravs de entrevista e observao.
A terceira etapa contempla a anlise dos resultados e identificao das melhores
prticas. Nesta etapa do trabalho, foram analisados os resultados obtidos com as entrevistas e
observaes e identificadas as melhores prticas adotadas.
A quarta etapa contempla a proposio de melhorias. A proposio de melhorias
foi feita comparando o resultado da anlise realizada com o proposto nos modelos tericos e
propondo mudanas, onde necessrias, para melhorar os resultados da anlise e soluo de
problema praticada na empresa.
1.4 Delimitaes
As limitaes do presente estudo so descritas a seguir.
O estudo de caso envolve uma empresa do ramo automobilstico com propores e
caractersticas descritas no captulo 3. As generalizaes devem ser feitas com reservas ao
setor, condies tcnicas e culturais da organizao.
Este trabalho no pretende esgotar o assunto ferramentas da qualidade e mtodos
de soluo de problemas, nem como abordar todas as implicaes da implantao de
ferramentas de suporte. So comparados os procedimentos utilizados por diferentes equipes e,
a luz desta comparao, so identificadas as melhores prticas, que serviram de base para a
construo do modelo proposto.
Ao discutir a utilizao das ferramentas de anlise e soluo de problemas, o
trabalho enfatiza os resultados obtidos atravs de observaes, entrevistas e pesquisa, sem
considerar os aspectos comportamentais dos participantes. As alteraes comportamentais so
abordadas estritamente do ponto de vista da compreenso da ferramenta.
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1.5 Estrutura do trabalho
O presente trabalho est organizado em cinco captulos. No primeiro captulo
constam s informaes necessrias para a compreenso geral do trabalho. So apresentados
os comentrios iniciais, o tema e objetivo, bem como suas justificativas, seguindo com a
descrio do mtodo utilizado para realizao do trabalho e as limitaes do estudo.
O segundo captulo aborda as ferramentas e mtodos de anlise e soluo de
problemas. realizada uma reviso bibliogrfica contemplando: (i) qualidade, (ii) mtodos de
anlise e soluo de problemas, (iii) aprendizagem organizacional e (iv) equipes
multidisciplinares.
O terceiro captulo apresenta a descrio da empresa onde o estudo de caso
aplicado, descreve a dinmica dos grupos em estudo e apresenta a pesquisa e as observaes
reunidas junto a esses grupos.
O quarto captulo trata da anlise dos dados adquiridos no terceiro captulo,
compara os resultados e prope um modelo de soluo de problemas apropriado para a
empresa.
No quinto e ltimo captulo, so apresentadas as concluses obtidas a partir do
trabalho desenvolvido, esclarecendo as limitaes da pesquisa. Neste captulo tambm so
propostas sugestes para trabalhos futuros que possam dar continuidade ao trabalho
desenvolvido.
-
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2. Referencial Terico
2.1 Qualidade
2.1.1 Histrico da qualidade
A histria da qualidade remonta aos tempos primitivos, iniciando com a evoluo
do trabalho artesanal passando pelo incio da produo industrial, chegando at os dias de hoje
e aos conceitos de qualidade assegurada.
Durante o desenvolvimento da produo em massa, cujo desenvolvimento
atribudo a Henry Ford, comeou-se a perceber que, para se conseguir montar carros em uma
esteira de movimento contnuo era necessria uma perfeita intercambialidade entre as peas e
facilidade de ajust-las entre si (WOMACK, 2004). Ainda segundo Womack (2004), Ford
insistiu na padronizao de medidas por todo o processo, pois percebeu os benefcios
financeiros que a facilidade de montagem e reduo dos retrabalhos que a padronizao traria.
O incio do controle da qualidade de forma estruturada comeou por volta de
1920, quando Walter Shewhart desenvolveu um sistema de medio de variao no processo
produtivo conhecido como controle estatstico do processo (CEP). Este sistema ainda muito
utilizado para ajudar a monitorar a estabilidade dos processos. Neste perodo Shewhart
tambm criou o ciclo Plan-Do-Check-Act (PDCA), que em portugus significa planejar-fazer-
verificar-padronizar. Quando aplicado sistematicamente este ciclo ajuda a se alcanar
melhorias de processo (BAUER et al., 2002).
Feigenbaun (1994) considera que a qualidade evoluiu durante todo o sculo
passado, onde mudanas significativas aconteceram a cada vinte anos e podem ser resumidas
na Figura 4.
No primeiro estgio, a qualidade era controlada pelo prprio operador, no caso um
arteso. Num segundo momento estes trabalhadores foram agrupados em pequenos grupos
sendo a qualidade responsabilidade do supervisor. Essa poca marcou o inicio da produo
industrial. Com o aumento dos volumes de fabricao, veio o terceiro estgio, onde
comearam a surgir inspetores em tempo integral, perodo que pode ser considerado como
perodo do controle da qualidade por inspeo. Perante as exigncias de aumento de escala de
produo durante a 2 Guerra Mundial, e devido ao surgimento dos conceitos de controle
estatsticos de processo estes inspetores foram dotados de ferramentas que tornaram suas
-
21
inspees mais eficientes, onde as inspees 100% passaram a serem realizadas por
amostragem. Este perodo pode ser denominado de controle estatstico da qualidade, no
entanto estas ferramentas e conceitos estavam ainda restritos s reas de produo
(FEIGENBAUN, 1994).
Figura 4-Evoluo da Qualidade no sculo XX
Fonte: adaptado de Feigenbaun (1994)
Ainda de acordo com Feigenbaun (1994), o quinto estgio corresponde ao perodo
do controle da qualidade total onde neste momento as empresas comearam a desenvolver
procedimentos de tomada de deciso e estrutura operacional voltada para a qualidade do
produto, onde era possvel realizar revises regulares de projetos, analisar os resultados de
processamento durante sua execuo e, finalmente, interromper a produo quando
necessrio. Adicionalmente, forneceu a estrutura na qual s ferramentas de controle estatstico
de processo poderiam ser incorporadas tcnicas de metrologia, confiabilidade, motivao para
qualidade. Neste perodo, as empresas alcanaram resultados genunos em avanos de
qualidade e reduo de custos.
No final do sculo passado, comeou a surgir outra tendncia evolutiva da
qualidade, o Seis Sigma. De acordo com Barney (2002) citado por Flemming (2003), o Seis
Sigma, na sua origem, estava relacionado a uma medida de qualidade e uma abordagem para
soluo de problemas de qualidade, mas na seqncia evoluiu para uma metodologia de
melhoria geral do negcio.
No Japo ps 2 Guerra Mundial, a qualidade comeou a tomar forma de cincia e
passou por mais uma etapa de desenvolvimento. Com os trabalhos realizados pelo Doutor
Edwards Deming, envolvendo a disseminao dos conceitos de CEP e qualidade, a industria
1900 1919 1937 1960 1980
Operador
Inspeo
Estatstica
Supervisor
Controle da Qualidade Total
Evoluo
-
22
japonesa apresentou crescimento significativo (BAUER et al., 2002). Posteriormente vieram a
se juntar a Deming outros dois americanos, o Dr. Joseph Juran e Armand Feigenbaun. Nesta
poca, comeou a se associar qualidade satisfao do cliente (BAUER et al., 2002). Em
1951, a Unio Japonesa de Cientistas e Engenheiros (JUSE) lanou o Deming Prize, primeiro
prmio para atestar a qualidade no mundo. Trs dcadas depois, montadoras e empresas de
autopeas do Japo se estabeleceram nos Estados Unidos, e logo suas plantas obtiveram
melhor desempenho, em termos de produtividade e competitividade, comparado ao
desempenho apresentado pelas tradicionais marcas locais (FNQ, 2006).
Posteriormente, Kaoru Ishikawa complementou os trabalhos de Feigenbaun
incluindo todos os colaboradores, e no somente os gerentes, nos conceitos de qualidade.
Ishikawa ajudou a criar os crculos da qualidade (CCQ), que eram pequenos times de gerentes,
supervisores e operadores treinados em conceitos estatsticos, PDCA e soluo de problemas.
Atravs destas tcnicas, foi criado um fluxo de novas idias de melhoria de cada um e,
conseqentemente, uma performance melhor da companhia. Por volta dos anos de 1970, a
maioria das empresas japonesas havia adotado o que Ishikawa denominou de companywide
quality control (CWQC) ou Total Quality Control (TQC) ou em portugus Controle da
Qualidade Total (CQT) (FLEMMING, 2005).
Este conjunto de medidas adotado pelo Japo criou uma percepo mundial de que
seus produtos eram de primeira linha, o que despertou curiosidade no mundo ocidental. Por
volta da dcada de 80, as empresas dos Estados Unidos comearam a implementar os
conceitos e tcnicas aplicadas no Japo (FLEMMING, 2003).
No Brasil, na dcada de 80, o conceito de Tecnologia Industrial Bsica (TIB)
incorpora a gesto da qualidade. Instituies como o Instituto Brasileiro de Qualidade Nuclear
(IBQN) e as Fundaes Christiano Ottoni e Vanzolini passaram a ter um papel fundamental
no aprendizado e disseminao dos conceitos de qualidade. Em 1984, o movimento pela
qualidade no Brasil ganhou um novo impulso com emprstimos do Banco Mundial.
Metrologia, Normalizao e Certificao alm das Tecnologias de Gesto foram incorporadas
nos processos e passaram a fazer parte do dia-a-dia das empresas brasileiras (FNQ, 2006).
Nos Estados Unidos, o governo incentivava a busca de um conjunto de conceitos
para que suas organizaes pudessem enfrentar os competidores japoneses. Foram criados,
ento, os fundamentos para formar uma cultura de gesto voltada para resultados para o
mercado. Em 1987, esses fundamentos deram origem ao Malcolm Baldrige National Quality
Award (MBNQA). O Prmio Baldrige, ainda hoje, o principal meio de reconhecimento da
excelncia em gesto nos Estados Unidos. Este feito veio a influenciar a criao de outras
-
23
premiaes ao redor do mundo, como o Prmio Europeu, concedido pela European
Foundation for Quality Management (EFQM), e, posteriormente, o Prmio Nacional da
Qualidade (PNQ) (FNQ, 2006).
Em 1990, surge no Brasil o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade
(PBQP), que acelera a necessidade da criao de uma instituio que mobilizasse as empresas
rumo a excelncia da gesto fora do mbito governamental.
Em 11 de outubro de 1991, 39 organizaes privadas e pblicas instituem, em So
Paulo, a Fundao para o Prmio Nacional da Qualidade (FPNQ), uma entidade privada sem
fins lucrativos cujo objetivo era administrar o Prmio Nacional da Qualidade e todas as
atividades decorrentes do processo de premiao, no territrio nacional, alm de representar
institucionalmente o PNQ nos fruns internacionais (FNQ, 2006).
De fato, Total Quality Management (TQM), Total Quality Control (TQC),
Controle da Qualidade Total (CQT) e Seis Sigma so iniciativas que apregoam uma rotina ou
um conjunto de medidas especificas. Estes trs itens podem ser vistos em trs nveis: uma
filosofia, um conjunto de ferramentas ou uma rotina que integra a filosofia com as
ferramentas. O CQT pode ser entendido como filosofia no sentido de que o objetivo principal
de uma organizao se manter no negcio produzindo produtos que satisfaam seus
consumidores e ao mesmo tempo promovendo a satisfao e crescimento de seus membros.
No centro da satisfao dos clientes internos e externos est a reduo da variabilidade do
processo. No nvel das ferramentas, CQT pode ser visto como uma coleo de sete
ferramentas clssicas e sete ferramentas gerenciais. Conectando a filosofia com as ferramentas
est uma abordagem sistemtica de anlise e soluo de problemas conhecida como PDCA.
(GOSH & SOBEK, 2002).
2.1.2 Definio de qualidade
A qualidade pode ser definida de diversas maneiras. Segundo a norma ISO 9000, a
qualidade definida como o grau no qual um conjunto de caractersticas inerentes satisfaz a
requisitos, onde requisito significa condio, necessidade ou expectativa. Ainda segundo a
norma ISO 9000, o termo qualidade pode ser empregado com adjetivos tais como m, boa,
pobre ou tima. Por sua vez, Deming considera a definio de qualidade incluindo a
percepo da qualidade pelo agente, englobando assim os demais interessados como, por
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exemplo, acionistas e comunidade, aproximando assim do conceito de qualidade total
(FLEMMING, 2005).
Feigenbaun (1994) define qualidade como a combinao de caractersticas de
produtos e servios referentes a marketing, engenharia, produo e manuteno, atravs das
quais produtos e servios em uso correspondero s expectativas do cliente. Para Juran
(1974), qualidade pode ser definida como adequao ao uso e livre de defeitos.
O setor automotivo japons no trouxe somente melhorias isoladas na qualidade,
estas melhorias vieram como parte de um sistema revolucionrio de produo que
contrapunha o modelo fordista de produo em massa. Este sistema conhecido como
Sistema de Produo Enxuta, conhecido tambm por Sistema Toyota de Produo, ou, ainda,
Lean Manufacturing, onde o aumento da competitividade, e por sua vez do lucro,
conseguido com a reduo dos custos. Esta reduo obtida com a eliminao, ou
minimizao, das perdas, onde perdas entendem-se no s perdas de qualidade, mas tambm
perda de tempo e recursos (WOMACK, 2004).
Dentro do Sistema de Produo Enxuta (SPE), a qualidade ganha outra dimenso,
estando presente no topo dos dois pilares do sistema, Just in Time (JIT) e autonomao. Uma
representao simplificada deste sistema pode ser observada na Figura 5.
Figura 5 - Sistema de Produo Enxuta Fonte: Adaptado de Ghinato (2000)
Ao se trabalhar no sistema JIT as operaes s devem ser realizadas quando
demandadas. E quando demandadas, devem ser precisas, sob risco de impedir o pleno
atendimento da entrega. Isso significa que necessria a existncia de um sistema capaz de
fazer certo da primeira vez. A autonomao consiste em facultar ao operador (ou mquina) a
Tempo Custo Qualidade
Just in Time JidokaAutonomao
Trabalhadores com autonomia de interromper a
mquina/clula
Heijunka Trabalho Padro Kaizen
Estabilidade de emprego
Tempo Custo Qualidade
Just in Time JidokaAutonomao
Trabalhadores com autonomia de interromper a
mquina/clula
Heijunka Trabalho Padro Kaizen
Estabilidade de emprego
-
25
autonomia de interromper a operao sempre que ocorrer alguma situao anormal ou quando
a quantidade planejada de produo for atingida. Pode ser aplicada em operaes manuais,
mecanizadas ou automatizadas (SHINGO, 1996). No SPE, autonomao busca Qualidade
Assegurada, pois permite que a linha, ou uma mquina seja parada no caso de deteco de
peas defeituosas, gerando ao imediata de correo da anormalidade.
De maneira geral, a qualidade de uma unidade de produo gerenciada atravs
de indicadores e relatrios onde os defeitos so estratificados estatisticamente pelo tipo de
defeito (SHINGO, 1996). Estes dados so baseados em inspees realizadas aps a ocorrncia
do problema. Os valores numricos podem variar de um perodo a outro, mas as fontes dos
defeitos, a causas razes dos problemas permanecem inalteradas. Para reduzir efetivamente as
taxas de defeitos, o processamento deve ser informado sempre que um defeito encontrado,
de modo que medidas sejam tomadas para corrigir o mtodo ou a condio de processamento,
e o que mais importante, impedindo a repetio do defeito.
Existem basicamente dois tipos de inspeo: por objetivo e por abrangncia
(SHINGO, 1996). A inspeo por objetivo se divide em: inspeo de julgamento para
encontrar defeitos e inspeo informativa para prevenir defeitos posteriores. E a inspeo por
abrangncia dividida em: inspeo por amostragem e inspeo 100%.
A inspeo informativa cumpre a funo de informar imediatamente ao
processamento a ocorrncia do defeito, direcionando para uma melhoria no mtodo de
processamento. Essa transferncia de informao chamada funo de feedback da
inspeo, que por sua ao determina a reduo contnua de defeitos. Por sua vez, a inspeo
de julgamento deve ser evitada, pois sua execuo no favorece ao processo de melhoria,
apenas separa as peas dentro das especificaes das peas fora. A inspeo na fonte, com o
questionamento dos defeitos e tentar preveni-los no atuando somente na deteco a que
mais benefcio trar ao sistema (SHINGO, 1996).
As inspees por amostragem foram introduzidas no Japo na dcada de 50 e
tiveram grandes impactos na melhoria de qualidade alcanadas neste pas. Com os mtodos de
Controle Estatsticos de Processo (CEP) consegue-se garantir qualidade atravs de inspeo
por amostragem em processo que admitam alguma variabilidade to bem quanto se fosse
realizada inspeo 100% (SHINGO, 1996).
A inspeo na fonte previne a ocorrncia de defeitos, controlando as condies
que influenciam a qualidade na sua origem. Inspeo vertical na fonte rastreia o problema ao
longo do fluxo do processo para identificar e controlar condies externas que afetam a
-
26
qualidade. Inspeo horizontal na fonte identifica e controla condies dentro de uma
operao que afeta qualidade (SHINGO, 1996). A inspeo realizada por inspetores ou
operadores fora do processo regular no agrega valor ao produto aumentando assim o custo
homem-hora ao produto, por isso as inspees devem ser evitadas atravs da qualidade
assegurada no processo gerador.
A inspeo horizontal na fonte une os conceitos de preveno de defeitos com a
inspeo 100%, pois atravs do controle dos parmetros que geram os defeitos, a qualidade
assegurada (SHINGO, 1996).
Outro conceito importante incorporado no SPE a produo em fluxo contnuo,
pois diminuindo o tempo de atravessamento entre a chegada da matria prima e os bens
acabados e o inventrio em processo, consegue-se uma melhor qualidade, reduo de custos e
reduo do prazo de entrega (LIKER, 2004).
Quando se adota a produo em fluxo contnuo e se diminui o inventrio em
processo outras ferramentas e filosofia leans tais como manuteno preventiva e qualidade
assegurada so necessrias, pois com fluxo contnuo e baixo inventrio os problemas ficam
expostos. Neste sistema, as ineficincias exigem solues rpidas, pois o processo (operando
em regime de fluxo contnuo) ficar parado at que as falhas, peas defeituosas ou mquina
quebrada sejam resolvidas. Em contrapartida, no sistema de produo sem fluxo e com alto
inventrio, quando se descobre uma pea com defeito, na operao seguinte pode haver muito
mais peas com problemas perdidas no inventrio entre operaes, e as pequenas paradas de
equipamentos no recebem a importncia devida at que isto venha a gerar falta de peas no
processo subseqente (LIKER, 2004).
2.2 Ferramentas da qualidade
Definies de alguns termos so importantes, neste ponto do trabalho, para
entendimento e compreenso do trabalho: Ferramentas - so procedimentos pr-estabelecidos
para auxiliar no planejamento, execuo, controle e verificao de atividades de coleta de
dados, gerao de hipteses e execuo de planos. Metodologias so seqncias de etapas
com aplicao j comprovada, tambm pr-estabelecidas e que podem usar uma ou vrias
ferramentas durante a execuo. Mtodo tambm definido como seqncia de etapas, porm
sem aplicao prvia (PARENZA, 2004).
-
27
Uma ferramenta pode ser compreendida como um dispositivo utilizado para ajudar
na realizao de uma atividade. No caso da qualidade as ferramentas de melhorias da
qualidade so dispositivos grficos e numricos utilizados por indivduos ou grupos para
ajudar a entender e melhorar os processos (BAUER et al., 2002).
Conforme apresentado por Bauer et al. (2002), as ferramentas da qualidade
comearam a serem desenvolvidas por Shewhart e Deming, por volta de 1930 e 1940. Estas
ferramentas estatsticas permitiram uma melhor compreenso sobre variabilidade de processos
e expandiram sua aplicao. Com a utilizao pelos japoneses, em meados do sculo passado,
amparada pelos estudos de Kaoru Ishikawa, estas ferramentas iniciais foram desenvolvidas,
resultando por volta de 1960, em um conjunto de sete ferramentas, conhecidas hoje como as
ferramentas clssicas ou bsicas de controle da qualidade.
Por outro lado, Campos (1992) considera que no Brasil, por influncia americana,
d-se muita nfase as ferramentas e pouca importncia ao mtodo. Gerando, por
conseqncia, timos conhecedores das ferramentas, mas que no conseguem utiliz-las em
conjunto. As sete ferramentas so: grfico ou diagrama de pareto, grfico ou diagrama de
causa-e-efeito, histograma, folha de verificao, grfico de disperso, fluxograma e grfico de
tendncia ou carta de controle. Outra ferramenta muito utilizada atualmente so os Cinco Por
qus (SHINGO, 1996).
De acordo com Flemming (2005), a maior parte dos problemas em uma
organizao pode ser resolvida com as ferramentas bsicas da qualidade. No entanto estas
ferramentas so, em sua maioria, de ordem quantitativa, exceto fluxograma e diagrama de
causa-e-efeito, que so qualitativas, pois trabalham com informaes no numricas (idias).
As ferramentas quantitativas so utilizadas tipicamente para a comunicao e organizao das
informaes, enquanto as qualitativas possuem foco no processo de informao para a tomada
de decises.
Percebendo uma lacuna deixada pelas ferramentas bsicas, uma dcada mais tarde,
por volta de 1970, a Japanese Society for Quality Control Tecnhique Development props
outras sete ferramentas de melhoria da qualidade. Estas outras sete ferramentas gerenciais da
qualidade, tambm conhecidas como ferramentas do planejamento da qualidade ou novas
ferramentas da qualidade foram criadas para trabalhar com a organizao de idias e
informaes e, a partir da, visualizar o que est ocorrendo, possibilitando o planejamento de
aes para a melhoria de uma situao e a soluo de problemas (FLEMMING, 2005).
-
28
As sete ferramentas gerenciais da qualidade so: diagrama de afinidades, diagrama
de rvore, diagrama de inter-relaes, diagrama de matriz, diagrama do processo decisrio,
diagrama de setas e matriz de priorizao (BAUER et al., 2002).
As ferramentas da qualidade podem ser utilizadas para diferentes propsitos, em
vrios estgios do processo de soluo de problemas. Por exemplo, as ferramentas indicadas
na parte comum do diagrama de Venn (Figura 6) podem ser usadas tanto na identificao do
problema quanto na fase de anlise do problema (BAUER et al., 2002).
Figura 6 - Diagrama de Venn para as ferramentas da Qualidade Fonte: Adaptado de Bauer et al., 2002.
Descrio das ferramentas Grfico de tendncia
Um grfico de tendncia apresenta as medies no eixo vertical (y) em relao ao
tempo no eixo horizontal (x). semelhante a uma carta de controle, porm no apresenta
limites de controle (BAUER et al., 2002). O grfico de tendncias pode ser usado para medir e
comparar o desempenho antes e aps a implementao de uma ao, permitindo assim avaliar
a eficcia da ao implementada. Um grfico de tendncia, como mostrado na Figura 7,
tambm possibilita o estudo dos dados observados ao longo do tempo para observao de
-Fluxograma -Folha de verificao -Brainstorming -Tcnica de grupo
-Diagrama de Pareto -Diagrama de causa e efeito -Carta de tendncia -Estratificao
-Histograma -Diagrama de disperso -Cartas de controle -Capacidade do processo
Identificao do Problema
Anlise do Problema
-
29
tendncias ou padres. uma maneira lgica comear representando graficamente como a
varivel em estudo se comporta ao longo do tempo (FLEMMING, 2005).
Os grficos de tendncia consistem em uma alternativa mais rpida e simples de
implementar que as cartas de controle, no entanto, existe uma propenso de tratar toda a
variao como importante, e assim, reagir a cada ponto fora do padro aparente como se fosse
uma causa especial (BAUER et al., 2002).
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
ms
ppm ppm
mdia
Situao do processo antes da interveno
Situao do processo depois da interveno
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
ms
ppm ppm
mdia
Situao do processo antes da interveno
Situao do processo depois da interveno
Figura 7-Exemplo de Grfico de Tendncia
Fonte: Adaptado de Flemming (2005)
Diagrama de Pareto
O diagrama de Pareto, conforme mostrado na Figura 8, um grfico formado por
colunas que representam a freqncia de ocorrncia em ordem decrescente de importncia. O
grfico mostra visualmente os motivos mais importantes, separando aqueles que realmente so
relevantes para anlise (FLEMMING, 2005).
A principal utilidade do grfico de Pareto para a priorizao das atividades,
possibilitando a concentrao dos esforos de melhoria nas causas mais importantes. usual
que 80% dos problemas sejam provocados por cerca de somente 20% das causas potenciais.
Esta caracterstica muito til, na medida em que existem recursos limitados para serem
mobilizados na soluo de problemas (FLEMMING, 2005).
-
30
Figura 8 - Exemplo de Grfico de Pareto Fonte: elaborado pelo autor
Diagrama de Causa-e-Efeito
um diagrama que relaciona as causas com os efeitos, permitindo a identificao
e apresentao de todas as possveis causas relacionadas a um problema ou situao.
Tipicamente utilizado em conjunto com sesses de brainstorming (BAUER et al., 2002). O
diagrama de causa-e-efeito possibilita que praticamente todas as possveis causas do problema
sejam levantadas. Possibilita a incorporao e organizao do conhecimento do pessoal
envolvido no processo de melhoria. Essas informaes sobre o problema podem estar
dispersas na organizao, sendo o diagrama de causa-e-efeito uma forma de reunir e organizar
essas informaes. A Figura 9 representa um exemplo tpico de diagrama causa e efeito.
Figura 9 - Exemplo de diagrama de causa-e-efeito Fonte: Adaptado de Flemming (2005)
Pareto dos responsveis pela Disperso de Classes
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Operao Regulagem Setup Outros
Responsveis
Porc
enta
gem
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%100%
Acu
mul
ado
Problema ou oportunidade
Medio Mo-de-obra Mquina
Material Mtodo Meio Ambiente
Causa Efeito
-
31
O diagrama de causa-e-efeito tambm conhecido por diagrama de Ishikawa, em
meno a seu criador, ou diagrama de espinha de peixe, devido a sua forma (BAUER et al.,
2002).
Folha de verificao (Coleta de dados)
A folha de verificao um formulrio utilizado para a coleta de dados a serem
utilizados no processo de melhoria. Os dados consistem na entrada dos dados de anlise. A
qualidade, organizao, clareza e confiabilidade dos dados de entrada so essenciais para a
correta anlise da situao ou problema, a Figura 10 apresenta um exemplo desta ferramenta.
A coleta destes dados fornece uma viso do processo, possibilitando a percepo dos padres
existentes (BAUER et al., 2002).
Uma variao da folha de verificao tradicional a measles chart, ou carta
sarampo. Neste tipo de verificao os dados so coletados atravs da marcao em uma figura,
desenho ou mapa, mostrando assim onde ocorre a maior concentrao de marcaes
(FLEMMING, 2005).
1/jul 2/jul 3/julFalha Mecnica III I III 7Acidente IIII II 6Engarrafamento I IIIII IIII 10....
DataMotivo do atraso Total
Figura 10 - Exemplo de Folha de verificao Fonte: Adaptado de Flemming (2005)
Diagrama de disperso
O diagrama de disperso, Figura 11, um grfico que apresenta a relao de causa
e efeito entre dois tipos de dados proporcionando uma compreenso da relao de causa e
efeito entre duas variveis (BAUER et al., 2002). indicado para verificao da influncia de
uma determinada varivel, varivel de entrada, e o efeito, varivel de sada. Esta ferramenta
pode ser aplicada tanto na fase de anlise do problema ou quanto na fase dos testes de
hipteses. Para aprimorar a anlise de disperso pode-se utilizar a tcnica de correlao. A
relao pode ser linear ou seguir outra relao matemtica.
-
32
Figura 11 - Exemplo de grfico de correlao
Fonte: Adaptado de Flemming (2005)
Histograma
Um histograma uma representao grfica, geralmente em colunas, utilizada
para traar a freqncia de ocorrncia de cada valor de uma determinada varivel.
Histogramas so utilizados para examinar a existncia de padres, identificar a escala (limites)
e sugerir tendncias centrais (BAUER et al., 2002). Um clssico exemplo de histograma para
distribuio de altura de alunos pode ser verificado na Figura 12.
Esta ferramenta ajuda a identificar a causa dos problemas no processo atravs do
formato e da largura da distribuio. O histograma, quando combinado com os conceitos da
distribuio normal e conhecimentos do processo em particular, se torna uma ferramenta
eficiente e prtica para ser utilizada nos estgios iniciais da anlise do problema (BAUER et
al., 2002).
0
2
4
6
8
10
12
14
16
1,50 - 1,55
1,56 - 1,60
1,61 - 1,65
1,66 - 1,70
1,71 - 1,75
1,76 - 1,80
1,81 - 1,85
1,86 - 1,90
1,91 - 1,95
Altura (m)
Freq
unc
ia
Figura 12- Exemplo de histograma
Fonte: Adaptado de Bauer et al. (2002)
Correlao positiva Sem correlao Correlao negativa
-
33
Fluxograma
Fluxograma um tipo de diagrama, e pode ser entendido como uma representao
esquemtica de um processo, muitas vezes feita atravs de grficos que ilustram de forma
descomplicada a transio de informaes entre os elementos que o compem. Podemos
entend-lo, na prtica, como a documentao dos passos necessrios para a execuo de um
processo qualquer. Muito utilizada em fbricas e industrias para a organizao de produtos e
processos (BAUER et al., 2002).
Cinco Por qus
Os cinco porqus uma tcnica bastante simples para se chegar causa raiz de
um problema. Essa tcnica implementada perguntando por qu aps cada resposta at se
conseguir responder cinco porqus. Esta uma das ferramentas preferidas pelos japoneses
para descobrir a causa raiz de um problema (BAUER et al., 2002). Na Figura 13 apresentada
uma representao esquemtica dos Cinco Porqus.
Perguntando por qu seguidamente (cinco apenas um numero figurativo) os
sintomas comeam a serem revelados at que a verdadeira causa do problema, a causa raiz
revelada. De acordo com Shingo (1996), tradicionalmente os Cinco Por qus vem associado
ao 5W1H, que so as iniciais em ingls de Who, What, When, Where, Why e How, e podem
ser traduzidas ao portugus como Quem, O qu, Quando, Onde, Por qu, Como. Ainda
segundo Shingo (1996), ao perguntar porque cinco vezes para os quatro primeiros W, o como
solucionar o problema tambm estar esclarecido.
Figura 13 - Exemplo de anlise dos Cinco Por qus
Problema: o carro parou
Por qu?: faltou combustvel
Por qu?: no foi reabastecido no momento certo
Por qu?: marcador de combustvel marcava tanque cheio
Por qu?: marcador estava inoperante
Por qu?: a bia eltrica est queimada
Problema: o carro parou
Por qu?: faltou combustvel
Por qu?: no foi reabastecido no momento certo
Por qu?: marcador de combustvel marcava tanque cheio
Por qu?: marcador estava inoperante
Por qu?: a bia eltrica est queimada
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Diagrama de afinidades
um mtodo para reunir grande quantidade de informaes, por exemplo, fatos,
opinies e idias, que inicialmente esto apresentados de uma forma desorganizada. De
acordo com esta tcnica, as informaes so reunidas em grupos, baseadas nas similaridades
de cada item com os demais com o objetivo de entender melhor o problema. indicado para
problemas complexos, e seu uso pode vir associado ao brainstorming, auxiliando a organizar
as idias geradas. O diagrama de afinidades um processo muito mais criativo de que lgico
(BAUER et al., 2002). A Figura 14 apresenta um diagrama de afinidades elaborado para
agrupar as idias aps uma sesso de brainstorming para quebra de ferramenta.
Figura 14 - Exemplo diagrama de afinidade Fonte: elaborado pelo autor
Diagrama de rvore
Conforme Bauer et al. (2002), o diagrama de rvore, Figura 15, desdobra de forma
estruturada objetivos e atividades que necessitam serem trabalhadas para o alcance de uma
meta. Tambm pode ser usado para estratificar uma determinada situao. Atravs do
diagrama de rvore possvel organizar os objetivos e aes de forma lgica, pois essa tcnica
permite que objetivos e informaes amplos sejam desdobrados e focalizados em crescente
nvel de detalhe, facilitando seu alcance.
Figura 15 - Exemplo de Diagrama de rvore
Fonte: Adaptado Quality First Manual, GKN (2000)
Ferramenta mal afiada Ferramenta no fim da vida til
Cabeote mal alinhado Avano excessivo Refrigerao fraca Rotao muito alta
leo contaminado leo vencido leo trocado
Ferramenta Mquina Refrigerao
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35
Diagrama de inter-relaes
um mtodo para estabelecer relaes lgicas e geralmente de causa e efeito entre
fatos ou idias com o objetivo de encontrar solues. Neste diagrama, tanto o efeito como a
causa, podem ser includos (BAUER et al., 2002).
O diagrama de inter-relaes indicado para problemas que envolvam complexas
e inter-relacionadas causas, pois auxilia no entendimento dessas relaes atravs de um
processo que possibilita a identificao das causas bsicas. Este diagrama muito utilizado
junto a sesses de brainstorming para definir relaes de causa e efeito entre as idias
(FLEMMING, 2005). A Figura 16 exemplifica uma aplicao desta ferramenta.
Figura 16 - Exemplo de Diagrama de rvore
Fonte: Adaptado de Bauer et al. (2002)
Diagrama de matriz
O diagrama de matriz apresenta graficamente a fora da relao entre dois ou mais
grupos de informaes. Os elementos (dados e causas) so dispostos em linhas e colunas onde
se pode quantificar a relao entre cada par. O diagrama de matriz pode ser usado na
priorizao de aes ou projetos (BAUER et al., 2002).
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Diagrama do processo decisrio
O diagrama do processo decisrio possui a mesma representao grfica do
diagrama de rvore com a incluso de aes de contingncia para idias, processos e projetos,
conforme demonstrado na Figura 17. Esta tcnica auxilia na previso de obstculos e falhas
que possam surgir durante a execuo de um plano de atividades (BAUER et al., 2002).
Esta tcnica deve ser empregada para prever aes de contingncia que
solucionem problemas potenciais na elaborao de planos de aes complexos ou quando a
probabilidade de ocorrerem falhas na implementao das aes muito alta (FLEMMING,
2005).
Figura 17- Exemplo de Diagrama do Processo Decisrio Fonte: Adaptado de Flemming (2005)
Diagrama de setas
O diagrama de setas estabelece um plano e mostra a ordem requerida das tarefas
em um projeto ou processo. O diagrama de setas permite o clculo do caminho crtico do
projeto. O caminho crtico constitudo das atividades cujos atrasos iro afetar o projeto como
um todo. Esta ferramenta auxilia no planejamento de projetos complexos onde existam tarefas
inter-relacionadas (BAUER et al., 2002).
Lista de verificao de Osborne
A lista de verificao de Osborne utilizada tanto na fase de levantamento de
possveis causas do problema como na busca por solues. Esta ferramenta indicada para
atravs de uma lista de perguntas genricas pr-estabelecidas forar o grupo a abordar
diversos aspectos de problema, possibilitando assim a gerao de novas e incomuns idias
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(TANIYAMA, 1997). A Figura 18 apresenta as perguntas pr-estabelecidas com os
respectivos desdobramentos.
Outros usos?
Maneiras novas de usar sem modificar? Outros usos se modificado?
Adaptar? Existe outro como este? Que outras idias isto sugerem? O que poderia ser copiado? H alguma oferta do passado?
Modificar? Mudar cores, movimento, odor, gosto, composio e forma? Outras modificaes?
Ampliar? O que a adicionar? Mais tempo? Maior freqncia? Mais forte? Mais alto? Maior? Mais denso? Mais pesado? Valor agregado? Mais ingredientes? Duplicar? Multiplicar?
Minimizar? O que a subtrair? Menor? Diminuir? Mais baixo? Mais curto? Mais claro? Dividir? Suavizar? Diminuir a freqncia?
Substituir? Trocar por outro? Outro ingrediente? O outro material? O outro processo? Outro parecido? O outro tom de voz? Outro tempo? Outra abordagem?
Rearranjar? Intercambiar componentes? Outro padro? Outra disposio? Outra seqncia? Mudar o lugar? Mudar a programao? Mais cedo? Mais tarde?
Reverter? Oposto? Transpor positivo e negativo? Inverter papis? De cabea pra baixo? Dentro de para fora?
Combinar? Liga? Mistura? Combinar unidades? Variedade? Conjunto?
Figura 18 - Lista de verificao de Osborne Fonte: adaptado de Taniyama (1997)
2.3 Anlise e soluo de problemas
A rotina diria dos gerentes, cientistas, engenheiros, dentre outros amplamente
dedicada ao trabalho de soluo de problemas e de tomada de deciso (PERPTUO &
TEIXEIRA, 2001, PARENZA, 2004) em funo disto vrias tcnicas foram desenvolvidas
para ajudar na resoluo de problemas organizacionais. A resoluo sistemtica de problemas
pode ser o caminho, tambm, para construir uma organizao que aprende e evolui, conforme
afirma Garvin (2000).
Os problemas relacionados produo, em geral afetando qualidade e
produtividade, segundo MacDuffie (1997), no so relacionados a uma causa claramente, e
no podem ser resolvidos aplicando um procedimento padro ou metodologia, pois requerem
um alto grau de interao e coordenao de times multidisciplinares.
Desde meados do sculo passado, uma srie de abordagens para a soluo de
problemas foi descrita e documentada. Inclusive, trabalhos comparando estas metodologias j
foram executados, como o de Alvarez (1996) onde este compara os mtodos de Kepner e
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Tregoe, o Qc Story da Qualidade Total -, e o Processo de Pensamento da Teoria das
Restries. A lista de metodologias, segundo Palady & Olyay (2002), ainda inclui: as cartas de
controle de Shewhart para descrio de problemas estatsticos, o ciclo Plan-Do-Check-Act de
Deming para separar as fases de uma soluo de problema e o modelo DMAIC (definir-
medir-analizar-melhorar-controlar) do Seis Sigma.
Alm das metodologias clssicas, outras foram criadas por diversas organizaes
para melhor tratar seus problemas de acordo com suas realidades e filosofias. A Ford Motor
Co criou a metodologia das 8 Disciplinas (8D) com nfase em aes corretivas e disposio de
produtos no conformes (DOANE, 2002), a General Motors desenvolveu a metodologia Drill
Deep baseada nos 5 Por qus, a Toyota o formulrio A3, que leva este nome porque toda a
anlise, aes e concluses devem ser preenchidas em uma folha deste tamanho de papel
(SOBEK, 2008), e h tambm uma metodologia intitulada Problem Solving da empresa onde
este trabalho foi realizado.
Estas e outras metodologias coletivamente contribuem para a soluo dos
problemas nas organizaes, porm, segundo Palady & Olyay (2002), poucos esforos tem
sido feitos para unificar ou condensar estas metodologias e muitas vezes elas so vistas como
competitivas e excludentes. Prpetuo & Teixeira (2001) consideram que todos estes mtodos
tm em comum que ao estruturar um problema o que se procura representar uma situao
para, ento, entend-la e, se for o caso, fazer algum tipo de interveno tendo como referncia
um objetivo ou uma meta. Uma metodologia de anlise e soluo de problema deve ser vista
como uma ferramenta gerencial para pensar e auxiliar no processo decisrio.
A soluo de problema um processo que segue uma seqncia lgica,
comeando pela identificao do problema, continuando pela anlise e terminando com a
tomada de deciso, a anlise do problema um processo de estreitar um corpo de informao
durante a busca por uma soluo (ROSSATO, 1996).Gosh & Sobek (2002) consideram que a
aplicao de uma rotina, um procedimento padro para anlise e soluo de problemas que
contemple comunicao, compartilhamento das informaes e experimentao conduz a
resultados melhores. Como resultados melhores, estes autores, entendem solues onde a
causa eliminada, aes de preveno so consideradas e com isso as melhorias so
sustentveis. Por outro lado, rotinas e metodologias podem inibir a inovao por sistematizar o
processo criativo, Tyre et al. (1995) citado por Gosh & Sobek (2002) concluem atravs de
suas pesquisas de campo que no ambiente industrial que os colaboradores obtm melhor
qualidade e solues mais robustas usando uma abordagem sistemtica comparado com
abordagem intuitiva.
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Palady & Olyay (2002) dividem as metodologias de anlise e soluo de
problemas em dois grupos: (i) tentativa e erro e (ii) soluo de problema estruturado.
Para Palady & Olyay (2002), a aplicao da tentativa e erro pode ser efetiva
quando se est perto da soluo e somente pequeno ajuste necessrio. Caso contrrio, as
tentativas e erros levaro a todas as direes, e toda tentativa mal sucedida consome tempo e
recursos e no aproxima da soluo. Alm disso, a soluo por tentativa e erro favorece a se
aceitar a primeira soluo encontrada, mesmo que esta no seja a melhor ou ainda no se
tenha descoberto todas as fontes de variao ou causas potenciais. Para a soluo de
problemas crnicos ou complexos os autores recomendam a aplicao de uma abordagem
estruturada, comeando com a descrio do problema, seguido por uma investigao
detalhada das causas e concluindo com o desenvolvimento e confirmao da soluo. Este
processo exige a sntese de diferentes disciplinas, tcnicas estatsticas e outras ferramentas
analticas.
Muitos procedimentos ou processos apresentam variao ou problemas anormais.
Segundo Gosh & Sobek (2002) atravs de uma extensiva pesquisa de campo em empresas
industriais, eles observaram que os membros das organizaes enfrentam os problemas com
dois tipos de controle do processo: controle reativo e controle preventivo. O controle reativo
envolve alguma medida imediata para fazer retornar o processo sua escala aceitvel quando
este saiu de seus limites devido a alguma variao anormal. No controle preventivo, o esforo
focalizado em localizar e em eliminar as fontes subliminares da variao anormal com uma
investigao mais profunda das causas e de seus efeitos. Na maioria de situaes do mundo
real, os membros de organizao devem executar alguma forma de controle reativo para atuar
sobre a crise imediatamente para manuteno da produo antes que uma investigao mais
profunda das fontes reais do problema possa seguir (Hayes et al., 1988). Assim, os controles
reativos geralmente precedem os preventivos porque isto auxilia as pessoas a alcanarem de
imediato seus objetivos. Porm, tais melhorias tendem a serem efmeras visto que em sua
natureza raramente previnem a recorrncia.
As rotinas organizacionais que resultam em solues imediatas so classificadas
por Gosh & Sobek (2002) como solues de problemas de primeira ordem, ou somente de
solues de primeira ordem. Por outro lado, as rotinas que investigam a causa raiz,
implementam aes de conteno para prevenir a recorrncia e com isso resultam em uma
melhoria sustentvel so consideradas como solues de problemas de segunda ordem.
A definio da palavra problema para Taniyama (1997) pode ser compreendida
com a diferena (gap) entre o padro ou objetivo e a situao atual. Assim sendo, s pode
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haver um problema se existe algum padro ou objetivo para que possa ser feita a comparao.
Por sua vez, Campos (1992) define problema como o resultado indesejvel de um trabalho.
Taniyama (1997) classifica os problemas em dois tipos: (i) no atendimento de
padres existentes e (ii) determinao de novos padres. A Figura 19 apresenta esta
classificao.
O primeiro caso ocorre quando por alguma razo o padro existente no
atendido e o segundo caso ocorre quando novos padres mais desafiadores so estabelecidos.
Como exemplo podemos citar o no atendimento das metas de vendas e metas de reduo de
custos para cada caso respectivamente.
Figura 19 - Tipos de Problemas Fonte: Adaptado de Taniyama (1997)
Os problemas, segundo Palady & Olyay (2002), ainda podem ser divididos em
duas categorias: causas comuns e causas especiais. Os problemas com causas especiais
envolvem instabilidade e freqentemente exigem uma estratgia de resoluo menos rigorosa
e a combinao de diversas ferramentas para solucion-los. Por outro lado, os problemas com
causas comuns exigem diferentes meios para resolv-los e estabelecer um novo patamar, visto
causas comuns so inerentes ao processo e apresentam comportamento randmico (BAUER et
Padro Anterior
Novo Padro
Presente
Gap
Presente
Atingido
Gap
Padro
Padro
Gap
Presente
Atingido
No atendimento de padres existentes Determinao de novos padres
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al., 2002). Os problemas com causas especiais devem ser solucionados antes dos de causa
comuns. Assim sendo, primeiro deve-se estabilizar o processo para ento melhor-lo.
Spence & Brucks (1997) afirmam que os problemas podem ser caracterizados em
trs categorias: Estruturados, Estruturveis e No-Estruturados. Um problema Estruturado
se o solucionador pode identificar uma estratgia de soluo vivel. Estruturveis quando
informaes adicionais podem produzir uma estratgia de soluo, ou se o problema pode ser
desdobrado em subproblemas gerenciveis. Um problema no estruturado se uma soluo
no pode ser localizada por qualquer recurso, ou por j estar limitado ao melhor possvel.
MacDuffie (1997) complementa que os problemas em geral se apresentam aos responsveis
pela soluo na condio de Estruturveis e tornam-se Estruturados no processo de
preparao para anlise.
Lobos (1991) considera que as metodologias de soluo de problemas podem
ativar o pensamento das pessoas dentro das organizaes quando foradas a buscar solues.
Lobos (1991) separa as metodologias em dois grupos: as analticas e as criativas. As primeiras
exprimem a capacidade de coletar, ordenar, classificar e comparar informaes no intuito de
entender o que existe ou de testarem alternativas. As criativas servem para descobrir coisas
atravs das potencialidades da mente humana e, sendo assim apelam para a criatividade e suas
mltiplas variaes.
Porm, a aplicao de uma metodologia de anlise e soluo de problemas no
assegura a soluo definitiva dos problemas (ROSSATO, 1996):
- Em muitas ocasies, as causas para os efeitos indesejveis so descobertas,
porm as aes tomadas no so totalmente eficazes;
- Muitas vezes, o que se consegue somente a minimizao dos efeitos
indesejveis a nveis passveis de serem suportados e/ou mantidos sob controle;
- No tocante aos problemas de desempenho, de custo e de ciclo de tempo nos
processos das organizaes, existem problemas que no tem fcil soluo ou que extrapolam
muitas vezes o estado da arte e conhecimentos dos times em ao;
- s vezes, requerem pesquisas mais profundas com a utilizao de tcnicas e
ferramentas mais sofisticadas, ou o concurso de consultores e especialistas;
- Outras vezes, requerem mudanas radicais ou reengenharia nos processos para
que possam ser eliminados.
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PDCA
O ciclo Plan-Do-Check-Act (PDCA) foi desenvolvido por Walter A. Shewart, na
dcada de 20 do ltimo sculo, mas comeou a ser conhecido como ciclo de Deming em 1950,
por ter sido amplamente difundido por este. uma tcnica simples que visa o controle do
processo, podendo ser usado de forma contnua para o gerenciamento das atividades de uma
organizao (BAUER et al., 2002, SOUZA, 1997, ANDRADE, 2003).
O ciclo PDCA um mtodo que visa controlar e conseguir resultados eficazes e
confiveis nas atividades de uma organizao. um modo eficiente de planejar e implantar
uma melhoria no processo. Padroniza as informaes do controle da qualidade, evita erros
lgicos nas anlises, e torna as informaes mais fceis de se entender. Pode tambm ser
usado para facilitar a transio para o estilo de administrao direcionada para melhoria
contnua (CAMPOS, 1992).
Este ciclo est composto em quatro fases bsicas: planejar, executar, verificar e
atuar corretivamente. Segundo Campos (1992), implementada em seis etapas conforme
mostrado na Figura 20.
Figura 20 - Ciclo PDCA de controle de processos
Fonte: Adaptado de Campos (1992)
O Ciclo PDCA pode ser utilizado para manuteno dos resultados tanto como para
melhoria de resultados. O Ciclo PDCA para melhorias, definido por Campos (1992) como o
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mtodo de anlise e soluo de problemas ou MASP e tambm conhecido como QC
Story, segundo este autor, o mtodo que todos na empresa deveriam dominar para que toda
a empresa fosse constituda de exmios solucionadores de problemas. O Ciclo PDCA para
melhorias apresentado na Figura 21.
O Ciclo PDCA est relativamente bem disseminado e utilizado em larga escala
na indstria, servios e comrcio de grande porte em geral e tambm instrumento e
inspirao de diversos trabalhos acadmicos. Andrade (2003) e Souza (1997) relatam a
implementao do Ciclo PDCA na construo civil como fator de melhoria de desempenho,
Witt (2002) apresenta o Ciclo PDCA como fator de aprendizagem organizacional numa
indstria metal-mecncia, Salviato (1999) retrata a aplicao do PDCA numa instituio
financeira e Pagano (2000) utiliza o Ciclo PDCA na implementao do sistema de qualidade
total.
Por outro lado, Gosh & Sobek (2002) citando Zbaracki (1998) que estudou 69
empresas americanas nos setores de defesa, governo, sade, hospedagem e manufatura aponta
o uso limitado de ferramentas estatsticas e pouca evidncia de que o Ciclo PDCA seguido
na anlise e soluo de problemas. Gosh & Sobek (2002) consideram que o CQT passou de
uma abordagem cientfica de anlise e soluo de problemas para um conceito retrico,
colocando assim o PDCA em segundo plano.
Figura 21- Ciclo PDCA para melhorias QC Story Fonte: Adaptado de Campos (1992)
Segue a descrio dos passos do PDCA, conforme propostos por Campos (1992).
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Passo 1 Traar um plano (PLAN)
Este passo estabelecido com bases nas diretrizes da empresa. Quando traado
um plano, h trs pontos importantes para considerar: (i) estabelecer os objetivos, sobre os
itens de controles, (ii) estabelecer o caminho para atingi-los e (iii) decidir quais os mtodos a
serem usados para consegu-los. Como pode ser visto, depois de definidos os objetivos, deve-
se estabelecer uma metodologia adequada para atingir os resultados.
Passo 2 Executar o plano (DO)
Este passo pode ser abordado em trs pontos importantes: (i) treinar no trabalho o
mtodo a ser empregado, (ii) executar o mtodo e (iii) coletar os dados para verificao do
processo.
Passo 3 - Verificar os resultados (CHECK)
Esta etapa compreende a verificao do processo e avaliao dos resultados
obtidos obedecendo aos seguintes itens: (i) verificar se o trabalho est sendo realizado de
acordo com o padro, (ii) Verificar se os valores medidos variaram, e comparar os resultados
com o padro e (iii) verificar se os itens de controle correspondem com os valores dos
objetivos.
Passo 4 Fazer aes corretivamente (ACT)
Neste passo so tomadas aes baseadas nos resultados apresentados no passo 3
obedecendo aos seguintes critrios: (i) se o trabalho desviar do padro, aes devem ser
tomadas para corrigir estes desvios, (ii) se um resultado estiver fora do padro, deve-se
investigar as causas e tomar aes para prevenir e corrigir e (iii) melhorar o sistema de
trabalho e o mtodo.
A anlise do processo (conhecimento do processo atravs de dados e fatos) uma
seqncia de procedimentos lgicos, baseada em fatos e dados, que visa encontrar a causa raiz
dos problemas e, segundo Campos (1992), deveria ser praticada por todos dentro das
organizaes, do presidente ao operador. Na Figura 22, Campos (1992) apresenta um roteiro
para aplicao do mtodo QC Story. Campos (1992) tambm apresenta a relao entre as
fases do ciclo PDCA e a utilizao das ferramentas da qualidade, esta relao mostrada na
Figura 23.