MASP 8D

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Artigo 8D

Transcript of MASP 8D

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

    ESCOLA DE ENGENHARIA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO

    Gilberto Lus Kupper Terner

    AVALIAO DA APLICAO DOS

    MTODOS DE ANLISE E SOLUO DE

    PROBLEMAS EM UMA EMPRESA METAL-

    MECNICA

    Porto Alegre

    2008

  • 2

    Gilberto Lus Kupper Terner

    AVALIAO DA APLICAO DOS MTODOS DE ANLISE E SOLUO DE

    PROBLEMAS EM UMA EMPRESA METAL-MECNICA

    Dissertao submetida ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito parcial obteno do ttulo de Mestre em Engenharia de Produo, modalidade Profissional, na rea de concentrao em Sistemas de Produo.

    Orientador: Professor, Dr. Jos Luis Duarte

    Ribeiro

    Porto Alegre

    2008

  • 3

    Gilberto Lus Kupper Terner

    AVALIAO DA APLICAO DOS MTODOS DE ANLISE E SOLUO DE

    PROBLEMAS EM UMA EMPRESA METAL-MECNICA

    Esta dissertao foi julgada adequada para a obteno do ttulo de Mestre em Engenharia de

    Produo na modalidade Profissional e aprovada em sua forma final pelo Orientador e pela

    Banca Examinadora designada pelo Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo

    da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

    __________________________________

    Prof. Orientador, Dr. Jos Luis Duarte Ribeiro

    Orientador PPGEP/UFRGS

    ___________________________________

    Prof. Flvio Sanson Fogliatto, Ph.D.

    Coordenador PPGEP/UFRGS

    Banca Examinadora:

    Professora Dra. ngela de Moura Ferreira Danilevicz PUCRS

    Professora Dra. Christine Tessele Nodari PPGEP/UFRGS

    Professora Dra. Liane Werner PPGEP/UFRGS

  • 4

    A formulao de um problema a parte mais essencial na

    soluo do problema Albert Einstein

  • 5

    AGRADECIMENTOS

    Ao Prof. Dr. Jos Luis Duarte Ribeiro, pela orientao precisa contribuindo assim para

    que este trabalho se desenvolvesse.

    Aos professores da banca por terem se disponibilizados a participar deste trabalho.

    A GKN do Brasil pela oportunidade e confiana para realizao deste projeto. E a

    todos que colaboraram direta ou indiretamente para o desfecho desta obra.

  • 6

    RESUMO

    O tema desta dissertao consiste da aplicao de diversos mtodos e sistemticas de anlise e soluo de problemas, abordados no cenrio da indstria metal-mecnica. O objetivo principal deste trabalho investigar e comparar a utilizao dos mtodos de anlise e soluo de problemas aplicados no cho de fbrica de uma empresa do setor automotivo com os modelos tericos. As anlises foram realizadas comparando os modelos tericos com os aplicados na empresa, resultando desta anlise as proposies e concluses. Complementando o objetivo principal, tambm foram analisados fatores organizacionais necessrios ao trabalho em equipe, como a prpria formao das equipes e as questes referentes aprendizagem organizacional. Os resultados obtidos confirmam outros estudos sobre o assunto, mostrando uma lacuna entre os modelos tericos e sua aplicao eficaz. So sugeridas propostas de melhorias para minimizar esta lacuna. Palavras-chave: anlise e soluo de problemas, MASP, aprendizagem organizacional.

  • 7

    ABSTRACT

    The subject of this work is the aplication of the diverse methods of problem solving, in the scene of the metal-mechanics industry. The main purpose of this work is to investigate and to compare the use of the methods of problem solving applied on the shop floor of a factory of auto parts with the theoretical models. The analyzes were carried through comparing the theoretical models with those applied in the company, resulting of this analysis proposals and conclusions. Complementing the main objective, necessary organizacionais factors to the work in team were also analyzed, as the proper formation of the teams and the referring questions to the organizacional learning. The results obtained confirm other studies on the subject, showing a gap between the theoretical models and its efficient application. Proposals of improvements are suggested to minimize this gap.

    Key words: Problem Solving, PDCA, learning organization.

  • 8

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Interligao entre os conceitos................................................................................. 11 Figura 2 - Fluxo de problemas na organizao......................................................................... 15 Figura 3 - Os efeitos da no resoluo de problemas ............................................................... 16 Figura 4 -Evoluo da Qualidade no sculo XX ...................................................................... 21 Figura 5 - Sistema de Produo Enxuta ................................................................................... 24 Figura 6 - Diagrama de Venn para as ferramentas da Qualidade............................................. 28 Figura 7- Exemplo de Grfico de Tendncia............................................................................ 29 Figura 8 - Exemplo de Grfico de Pareto................................................................................. 30 Figura 9 - Exemplo de diagrama de causa-e-efeito .................................................................. 30 Figura 10 - Exemplo de Folha de verificao .......................................................................... 31 Figura 11 - Exemplo de grfico de correlao ......................................................................... 32 Figura 12- Exemplo de histograma .......................................................................................... 32 Figura 13 - Exemplo de anlise dos Cinco Por qus ................................................................ 33 Figura 14 - Exemplo diagrama de afinidade ............................................................................ 34 Figura 15 - Exemplo de Diagrama de rvore .......................................................................... 34 Figura 16 - Exemplo de Diagrama de rvore .......................................................................... 35 Figura 17- Exemplo de Diagrama do Processo Decisrio........................................................ 36 Figura 18 - Lista de verificao de Osborne............................................................................. 37 Figura 19 - Tipos de Problemas................................................................................................ 40 Figura 20 - Ciclo PDCA de controle de processos................................................................... 42 Figura 21- Ciclo PDCA para melhorias QC Story................................................................ 43 Figura 22 - Mtodo de Soluo de Problemas QC Story...................................................... 45 Figura 23 - Relao entre as fase do Ciclo PDCA e as ferramentas da qualidade ................... 45 Figura 24 - 8 Disciplinas (8D).................................................................................................. 47 Figura 25 - Modelo de relatrio A3.......................................................................................... 48 Figura 26 Distribuio normal e sua relao com trs e seis sigmas .................................... 51 Figura 27 - Partes por milho (ppm) fora da especificao para vrios desvios-padres ........ 51 Figura 28 - Distribuio normal e o efeito do desvio de mdia no PPM ................................. 52 Figura 29 - Principais atividades e ferramentas do Ciclo DMAIC........................................... 53 Figura 30 - Comparao entre metodologias de anlise e soluo de problemas .................... 55 Figura 31 - Os quatro modos de criao e os tipos de conhecimentos..................................... 58 Figura 32 - As cinco disciplinas essenciais nas organizaes que aprendem .......................... 59 Figura 33 - Indicadores de desempenho de tarefas e pessoas.................................................. 61 Figura 34- Organograma simplificado da fbrica .................................................................... 65 Figura 35- Organograma simplificado das UMs ...................................................................... 66 Figura 36 Qualificao tcnica da equipe de analistas .......................................................... 66 Figura 37 Mapa do NRFT ..................................................................................................... 68 Figura 38 - lay out do Mapa de NRFT ..................................................................................... 69 Figura 39 - Questionrio aplicado junto aos analistas.............................................................. 72 Figura 40- Questionrio para os gerentes ................................................................................. 72 Figura 41 Porcentagem de relatos de aplicao de uma metodologia.................................. 74 Figura 42 Porcentagem de comprovao da aplicao de uma metodologia ........................ 74 Figura 43 Porcentagem de relatos de aplicao de ferramentas........................................... 75 Figura 44 Porcentagem de comprovao da aplicao de ferramentas ................................. 75 Figura 45 Porcentagem de relato de realizao de testes e simulaes................................. 77 Figura 46 Porcentagem de comprovao de testes e simulaes .......................................... 77 Figura 47- Porcentagem de relato de verificao da eficcia atravs de dados ....................... 78 Figura 48 - Porcentagem de comprovao da verificao da eficia com dados ..................... 78 Figura 49 - Percepo e comprovao de uso de metodologias pelos analistas entrevistados. 78

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    Figura 50- Resumo das recomendaes dos mtodos de anlise e identificao de problemas na fase de identificao...................................................................................................... 83

    Figura 51 - Resumo das recomendaes dos mtodos de anlise e identificao de problemas na fase de anlise ............................................................................................................... 85

    Figura 52 - Resumo das recomendaes dos mtodos de anlise e identificao de problemas na fase de implementao .................................................................................................. 87

    Figura 53 - Resumo das recomendaes dos mtodos de anlise e identificao de problemas na fase de verificao......................................................................................................... 89

    Figura 54 - Resumo das melhores prticas propostas .............................................................. 91

  • 10

    NDICE

    1. Introduo............................................................................................................................. 11 1.1Tema e Objetivos................................................................................................................. 13 1.2 Justificativa do tema e objetivos......................................................................................... 14 1.3 Mtodo de trabalho............................................................................................................. 17 1.4 Delimitaes ....................................................................................................................... 18 1.5 Estrutura do trabalho .......................................................................................................... 19 2. Referencial Terico .............................................................................................................. 20 2.1 Qualidade............................................................................................................................ 20 2.1.1 Histrico da qualidade ..................................................................................................... 20 2.1.2 Definio de qualidade .................................................................................................... 23 2.2 Ferramentas da qualidade ................................................................................................... 26 2.3 Anlise e soluo de problemas.......................................................................................... 37 2.3.1 Oito Disciplinas ............................................................................................................... 45 2.3.2 Modelo A3 da Toyota...................................................................................................... 47 2.3.3 Seis Sigma ....................................................................................................................... 50 2.3.4 Resumo dos Mtodos de Anlise e Soluo de Problemas ............................................. 53 2.4 Aprendizado Organizacional .............................................................................................. 55 2.5 Equipes multidisciplinares.................................................................................................. 59 3. Descrio e avaliao do cenrio.......................................................................................... 64 3.1 Descrio da empresa ......................................................................................................... 64 3.2 Descrio da equipe de solucionadores de problemas........................................................ 66 3.3 Elaborao do Questionrio ............................................................................................... 70 4. Descrio das entrevistas...................................................................................................... 73 4.1 Identificao dos problemas ............................................................................................... 73 4.2 Anlise dos problemas........................................................................................................ 74 4.3 Implementao da soluo.................................................................................................. 76 4.4 Verificao da soluo........................................................................................................ 77 4.5. Anlise e discusso dos resultados .................................................................................... 78 4.6 Identificao das melhores prticas utilizadas atualmente na empresa.............................. 79 4.7 Sugesto de melhores prticas considerando o referencial terico e a realidade da empresa.................................................................................................................................................. 79 4.7.1 Metodologia..................................................................................................................... 80 4.7.2 Fase de definio: ............................................................................................................ 82 4.7.3 Fase de anlise:................................................................................................................ 84 4.7.4 Fase de implementao.................................................................................................... 86 4.7.5 Fase de verificao .......................................................................................................... 88 4.7.6 Resumo das melhores prticas propostas ........................................................................ 90 4.8 Proposta de melhoria .......................................................................................................... 91 4.8.1 O papel das equipes de soluo de problemas................................................................. 91 4.8.2 O papel da empresa na consolidao das melhores prticas ........................................... 93 5. Comentrios finais................................................................................................................ 94 5.1 Resultados obtidos.............................................................................................................. 94 5.2 Sugestes de trabalhos futuros ........................................................................................... 96 Referncias ............................................................................................................................... 98 Apndice 1.............................................................................................................................. 103

  • 11

    1. Introduo

    A busca pela competitividade empreendida por empresas de todos os setores faz

    com que a eliminao do desperdcio seja uma questo de sobrevivncia. O mercado no tem

    mais espao para empresas ineficientes. A concorrncia pelo cliente segue muito alm de

    preo, hoje o cliente procura valor. Valor que pode ser percebido como, por exemplo, pelo

    cumprimento de prazos de entrega, padres de qualidade e preo justo.

    A eficincia das empresas em se manter no negcio depende do desempenho,

    confivel e seguro, de produtos e servios. No h tolerncia para a perda de tempo ou custos

    de falhas, e a qualidade tornou-se estratgia bsica para a competitividade (FEIGENBAUN,

    1994). De acordo com Campos (1992), o que garante a sobrevivncia das empresas a sua

    competitividade, onde competitividade decorre da produtividade, e produtividade decorre da

    qualidade (valor agregado) como mostrado na Figura 1.

    Figura 1 - Interligao entre os conceitos Fonte: Adaptado de Campos (1992)

    Campos (1992) j indicava que as empresas brasileiras perdem entre 20% e 40%

    do seu faturamento em problemas internos. Estas perdas so representadas por descontos nas

    vendas associadas a produtos com qualidade inferior, perdas de produo por paradas

    indesejadas de equipamentos, excesso de estoques, excesso de consumo de energia, refugos

    por m qualidade, retrabalhos de toda natureza e erros de faturamento. Palady & Olyay (2002)

    Sobrevivncia

    Competitividade

    Produtividade

    Qualidade (Preferncia do Cliente)

    Projeto Perfeito

    Fabricao Perfeita

    Segurana Do Cliente

    Assistncia Perfeita

    Entrega no Prazo

    Custo Baixo

  • 12

    complementam que os custos e perdas de desempenho relacionadas a problemas de qualidade

    justificam uma ateno especial para sua soluo.

    No decorrer das ltimas dcadas, o gerenciamento das organizaes deixou de ser

    poltico para ser cientfico, onde a permanncia no mercado somente ser garantida pelo

    atendimento das metas impostas pelo mercado, onde o conhecimento humano o mais

    importante recurso para a competitividade (CAMPOS, 1996).

    Conforme Alvarez (1996), a excelncia nas organizaes se divide em duas

    grandes reas. A primeira delas caracteriza-se em questes estratgicas, e a segunda baseia-se

    em questes ttico operacionais, como por exemplo, na melhoria contnua de processos,

    geralmente problemas especficos de qualidade, engenharia industrial ou programao de

    produo. Assim sendo, existem nveis diferenciados de tratamento de problemas.

    Nas empresas orientadas para a qualidade, a busca pela excelncia envolve todos

    os indivduos, do topo base. Essas empresas percebem que qualidade no um custo e sim

    investimento. Neste contexto, as falhas devem ser encaradas como pontos onde uma ao

    corretiva deve ser aplicada, com o intuito de corrigir defeitos e avanar para outro estgio de

    qualidade. A resoluo sistemtica de problemas empregada por essas organizaes visando

    eliminar as causas dos problemas e implantar solues adequadas para aumentar a eficincia

    nos processos, garantindo-lhes sua eficcia. Porm, segundo Campos (1996), as empresas

    ocidentais, diferentemente das japonesas, apresentam dificuldade de aplicar os conceitos de

    qualidade que conhecem na teoria.

    De acordo com Bohn (2000), no atual cenrio industrial, onde o desenvolvimento

    dos negcios extremamente dinmico as palavras-chaves para as pessoas no comando so

    inovao, melhoria e lidar com o inesperado. O inesperado aparece na forma de problemas,

    onde a soluo pode abrir as portas para o desenvolvimento e inovao, se estes problemas

    forem tratados de maneira correta.

    Porm, em muitas empresas, a anlise e soluo de problemas confundida com o

    que, no jargo da indstria, chamado de apagar incndio. Nestes casos, o problema no

    resolvido, apenas contido ou adiado, pois nada, ou quase nada, efetivamente feito na causa

    raiz do problema (BOHN, 2000).

    O tpico sobre como lidar com problemas e produzir uma mudana sustentvel,

    segundo Gosh & Sobek (2002), continua a desafiar pesquisadores organizacionais. Os tericos

    afirmam, de acordo com os autores que nas organizaes, quando os colaboradores se

    deparam com uma crise, estes deveriam adotar medidas de curto prazo para conter o problema

  • 13

    como um primeiro passo, mas como um segundo passo deveriam investigar o processo

    criticamente para encontrar e remover a causa raiz para prevenir a recorrncia do problema.

    Contudo, Feigenbaun (1994) relata a raridade em aplicar a segunda etapa, e de acordo com

    outros autores esta tendncia persiste atualmente (Tucker et al., 2002; Tucker & Edmondson,

    2002). As organizaes, conseqentemente, continuam encontrando na mudana sustentvel

    dos sistemas de trabalho um desafio significativo.

    Ishikawa (1985) aponta que o sucesso comercial das empresas japonesas

    conseqncia do gerenciamento metdico, praticado por todos na empresa, atravs do controle

    dos processos pelo Ciclo PDCA.

    1.1Tema e Objetivos

    O tema desta dissertao consiste da aplicao dos diversos mtodos e

    sistemticas de anlise e soluo de problemas, abordados no cenrio da indstria metal-

    mecnica.

    Assim, este trabalho aborda o uso de mtodos de anlise e soluo de problemas

    (MASP) aplicados ao cho de fbrica. A discusso sobre a aplicao de determinada

    ferramenta de qualidade necessariamente precisa ser realizada considerando a magnitude e

    complexidade do problema bem como o ambiente de aplicao. De acordo com Campos

    (1992), o conhecimento das ferramentas da qualidade no suficiente para a soluo de

    problemas, pois o principal fator o mtodo a ser utilizado.

    O objetivo principal deste trabalho investigar e comparar a utilizao dos

    mtodos de anlise e soluo de problemas aplicados no cho de fbrica de uma empresa do

    setor automotivo com os modelos tericos. As anlises so realizadas comparando os modelos

    tericos com os aplicados na empresa, resultando desta anlise as proposies e concluses.

    Complementando o objetivo principal, tambm so analisados fatores organizacionais

    necessrios ao trabalho em equipe, como a prpria formao das equipes e as questes

    referentes aprendizagem organizacional.

    Pretende-se, atravs da comparao dos procedimentos utilizados pelas diferentes

    equipes, propor pontos de melhoria a serem aplicados em um ambiente onde o nmero de

    problemas superior aos recursos disponveis. Assim, este trabalho investiga se as equipes

    conduzem predominantemente para solues rpidas e pouco eficientes ou se conseguem

    aprofundar a anlise e chegar causa raiz dos problemas de cho de fbrica. Com isso, espera-

  • 14

    se propor melhorias no processo para reduzir o desperdcio de recursos humanos e materiais

    aplicados em aes pouco eficazes.

    1.2 Justificativa do tema e objetivos

    Nas organizaes modernas, segundo Bohn (2000), percebe-se o conflito entre a

    quantidade de problemas e a quantidade de pessoas para resolv-los. Esta realidade em

    organizaes que possuem uma grande quantidade de problemas e quantidade insuficiente de

    pessoas para solucion-los conduz a um processo de solues rpidas. Nestes casos, as

    pessoas so chamadas a dar solues rpidas. No entanto nem sempre a soluo rpida

    eficaz, podendo acarretar maior tempo em retrabalhos.

    As abordagens de curto prazo, de acordo com Gosh & Sobek (2002), a

    modalidade predominantemente escolhida para resolver problemas nas organizaes. Em

    conseqncia, os problemas retornam e impedem o funcionamento suave. Os lderes das

    organizaes apiam diversas filosofias e teorias de qualidade para produzir a mudana

    sustentvel, mas, ainda segundo os autores a literatura existente sugere que muitas iniciativas

    se encontram com sucesso limitado ou se encontram com aceitao limitada.

    Na melhor das hipteses, esta situao levar a condio que problemas menores

    sero ignorados. No pior cenrio, incndios crnicos consumiro os recursos operacionais da

    organizao. Neste caso, engenheiros, gerentes e analistas correro de uma tarefa a outra, no

    completando o que esto fazendo antes de serem interrompidos para comear a prxima.

    Grandes esforos de anlise e soluo de problemas transformam-se em solues simples e

    rpidas. A produtividade sofre, o gerenciamento se torna um constante ato de julgamento de

    onde e em que problema alocar as pessoas j sobrecarregadas e quais crises incipientes ignorar

    no momento (BOHN, 2000).

    Uma situao onde o gerenciamento de crises uma constante pode ser melhor

    caracterizada, segundo Bohn (2000), quando pelo menos trs dos itens abaixo so

    reconhecidos:

    - No h tempo suficiente para resolver todos os problemas, h mais problemas

    que analistas ou engenheiros podem lidar adequadamente;

    - Solues so incompletas, muitos problemas so atenuados com aes sobre os

    efeitos e no sobre as causas;

  • 15

    - Recorrncia de problemas, solues incompletas permitem que o problema

    reaparea ou crie outros, s vezes em outras reas da organizao;

    - Urgncia supera a importncia, anlise de problemas complexos ou de longo

    prazo so constantemente interrompidos para lidar com crises;

    - Muitos problemas tornam-se crises, problemas no resolvidos ficam fermentando

    at o momento de virarem crise freqentemente pouco antes do limite de prazo e exigem

    esforos hericos para a soluo;

    - Queda de desempenho, problemas demais so mal resolvidos e tantas

    oportunidades so perdidas que o desempenho geral da organizao decresce.

    A Figura 2 ilustra como os problemas fluem pela organizao e o que acontece

    quando o nmero de problemas maior que o nmero de pessoas para resolv-los.

    Figura 2 - Fluxo de problemas na organizao Fonte: Adaptado de Bohn (2000)

    Resolver um problema uma atividade que necessita de tempo para: estudar os

    sintomas, confirmar o problema, conduzir estudos preliminares, reunir a equipe, diagnosticar

    as causas, pesquisar uma boa soluo e implement-la. medida que os problemas no

    resolvidos vo se acumulando, os analistas e gerentes experimentam vrios tipos de presses.

    Presses auto-impostas por saberem que tm mais problemas para resolver, presso do cliente

    que quer a soluo, presso dos gerentes que esto recebendo presso dos clientes. nesta

    condio que muitos problemas so sobrepostos a outros passando a frente na fila de tarefas

    por questes polticas e hierrquicas. Neste cenrio, os analistas gastam mais tempo em

    explicaes do porque prazos no foram cumpridos do que analisando e resolvendo problemas

    efetivamente (BOHN, 2000). A Figura 3 ilustra o efeito da no resoluo de problemas e suas

    conseqncias.

    O mundo: clientes, chefes outros

    departamentos novas idias.

    Fila de problemas

    Gerente ou comit

    Problemas negligenciados

    Analista 1

    Analista 2

    Analista 3

  • 16

    Figura 3 - Os efeitos da no resoluo de problemas

    Fonte: Adaptado de Bohn (2000)

    Campos (1992) considera que todas as empresas possuem problemas que as

    privam de obter melhor qualidade e produtividade de seus produtos, alm de prejudicar sua

    posio competitiva. Mais ainda, freqentemente os gerentes acreditam que conhecem a

    soluo destes problemas baseado em seus prprios julgamentos ou experincias, ao invs de

    buscar fatos e dados para assegurar a tomada da deciso correta. Esta opinio compartilhada

    por Palady & Olyay (2002) que consideram que para os altos gerentes a opinio de

    profissionais experientes suficiente e que treinamento e habilidade na soluo de problemas

    no so necessrios.

    Ainda de acordo com Bohn (2002), na situao de caos onde os analistas sofrem

    extrema presso para resolverem logo um problema e partirem para outro a anlise torna-se

    mais pobre e menos eficiente. A pressa faz com que no se dedique tempo suficiente para

    descobrir a causa raiz e, ao invs disto, uma gama maior de causas potenciais so

    consideradas. Ao invs de se validar a anlise com testes de hipteses, suposies so

    consideradas como verdades. Em suma, os problemas no so resolvidos porque no se aplica

    tempo suficiente para resolv-los sistematicamente.

    Muitas empresas que apresentam o cenrio de focos de incndio, onde os analistas

    atuam como bombeiros, conhecem e trabalham com as ferramentas da qualidade e

    metodologias de anlise e soluo de problemas. Porm, quando a presso para a soluo

    muito grande, as pessoas acreditam que podem resolver mais rpido se pularem etapas. De

    acordo com Bohn (2000), pular etapas para soluo mais rpida de problemas pura iluso.

    Na verdade, o tempo das diversas anlises que um problema mal resolvido toma e os recursos

    Fila de problemas

    Gerente define prioridades e pressiona por resultados rpidos

    Isto critico Analista 1

    Analista 2

    Analista 3

    Soluo Soluo fraca e ineficaz

    Fila invisvel de problemas esperando

    para ressurgir

    Novos problemas

    e oportunidades

    Problemas repetitivos

    importante, mas no critico.

    Adiado indefinidamente

    Soluo boa e definitiva

  • 17

    de tempo e dinheiro empregados em aes que no tero efeito muito maior que se fosse

    empregado tempo suficiente para encontrar a causa raiz e elimin-la.

    Para evitar que a organizao entre na espiral da crise, consumindo todo seu corpo

    de engenheiros nas atividades de gerenciar crises, Bohn (2000) cita algumas tcnicas. Dentre

    elas est a possibilidade de desenvolver maior quantidade de pessoas com capacidade de

    solucionar problemas. Segundo Bohn (2000) e Ishikawa (1993), um dos postulados do

    Controle da Qualidade Total (CQT) desenvolver a capacidade de anlise e soluo de

    problemas em toda a equipe. Desta maneira, pequenos problemas podem ser resolvidos

    diretamente pelas pessoas envolvidas liberando tempo para que engenheiros, analistas e

    tcnicos se dediquem a problemas mais complexos.

    Campos (1992) considera que a melhoria dos padres da empresa deva ser feita

    atravs do mtodo de soluo de problemas QC Story, que ser explicado com mais detalhes

    no captulo 2. No entanto, para que se possam resolver os problemas, primeiro necessrio

    saber identific-los.

    A motivao deste trabalho surgiu a partir da necessidade de avaliar equipes de

    anlise e soluo de problemas relacionados a um programa de reduo de refugos e

    reclamaes de clientes em uma empresa metalrgica. Apesar de existirem diversas

    ferramentas de anlise e soluo de problemas e que, por muitos anos, esto sendo difundidas

    no setor industrial brasileiro existe uma dvida com relao a quanto as empresas empregam

    estas ferramentas formal e sistematicamente, ou se as etapas dos referidos mtodos so

    seguidos.

    1.3 Mtodo de trabalho

    O trabalho proposto adota o mtodo de pesquisa-ao para seu desenvolvimento.

    A pesquisa-ao concebida e realizada em estreita associao com uma ao ou com a

    resoluo de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes representativos da

    situao ou do problema esto envolvidos de modo cooperativo ou participativo (GIL, 1996).

    A pesquisa-ao indicada para o desenvolvimento deste trabalho, porque tanto o pesquisador

    quanto os pesquisados esto inseridos no contexto do problema a ser analisado.

    O mtodo de trabalho foi dividido em quatro etapas: (i) estudo da literatura, (ii)

    conduo de anlise de benchmarking, (iii) identificao de melhores prticas e (iv)

    proposio de melhorias.

  • 18

    A primeira etapa contempla a reviso da literatura, importante para o

    embasamento deste estudo. Assim, foi reunido o referencial necessrio para o entendimento

    dos conceitos e tcnicas aplicadas. Especificamente, foram estudados os conceitos

    relacionados a qualidade, anlise e soluo de problemas e benchmarking, equipes

    multidisciplinares e aprendizagem organizacional.

    A segunda etapa envolve a conduo de anlise de benchmarking. Seguindo os

    preceitos do benchmarking, foi realizado o estudo do cenrio da organizao em anlise, a

    descrio dos grupos de anlise e soluo de problemas, a anlise de cada um destes grupos. A

    anlise de cada grupo foi executada atravs de entrevista e observao.

    A terceira etapa contempla a anlise dos resultados e identificao das melhores

    prticas. Nesta etapa do trabalho, foram analisados os resultados obtidos com as entrevistas e

    observaes e identificadas as melhores prticas adotadas.

    A quarta etapa contempla a proposio de melhorias. A proposio de melhorias

    foi feita comparando o resultado da anlise realizada com o proposto nos modelos tericos e

    propondo mudanas, onde necessrias, para melhorar os resultados da anlise e soluo de

    problema praticada na empresa.

    1.4 Delimitaes

    As limitaes do presente estudo so descritas a seguir.

    O estudo de caso envolve uma empresa do ramo automobilstico com propores e

    caractersticas descritas no captulo 3. As generalizaes devem ser feitas com reservas ao

    setor, condies tcnicas e culturais da organizao.

    Este trabalho no pretende esgotar o assunto ferramentas da qualidade e mtodos

    de soluo de problemas, nem como abordar todas as implicaes da implantao de

    ferramentas de suporte. So comparados os procedimentos utilizados por diferentes equipes e,

    a luz desta comparao, so identificadas as melhores prticas, que serviram de base para a

    construo do modelo proposto.

    Ao discutir a utilizao das ferramentas de anlise e soluo de problemas, o

    trabalho enfatiza os resultados obtidos atravs de observaes, entrevistas e pesquisa, sem

    considerar os aspectos comportamentais dos participantes. As alteraes comportamentais so

    abordadas estritamente do ponto de vista da compreenso da ferramenta.

  • 19

    1.5 Estrutura do trabalho

    O presente trabalho est organizado em cinco captulos. No primeiro captulo

    constam s informaes necessrias para a compreenso geral do trabalho. So apresentados

    os comentrios iniciais, o tema e objetivo, bem como suas justificativas, seguindo com a

    descrio do mtodo utilizado para realizao do trabalho e as limitaes do estudo.

    O segundo captulo aborda as ferramentas e mtodos de anlise e soluo de

    problemas. realizada uma reviso bibliogrfica contemplando: (i) qualidade, (ii) mtodos de

    anlise e soluo de problemas, (iii) aprendizagem organizacional e (iv) equipes

    multidisciplinares.

    O terceiro captulo apresenta a descrio da empresa onde o estudo de caso

    aplicado, descreve a dinmica dos grupos em estudo e apresenta a pesquisa e as observaes

    reunidas junto a esses grupos.

    O quarto captulo trata da anlise dos dados adquiridos no terceiro captulo,

    compara os resultados e prope um modelo de soluo de problemas apropriado para a

    empresa.

    No quinto e ltimo captulo, so apresentadas as concluses obtidas a partir do

    trabalho desenvolvido, esclarecendo as limitaes da pesquisa. Neste captulo tambm so

    propostas sugestes para trabalhos futuros que possam dar continuidade ao trabalho

    desenvolvido.

  • 20

    2. Referencial Terico

    2.1 Qualidade

    2.1.1 Histrico da qualidade

    A histria da qualidade remonta aos tempos primitivos, iniciando com a evoluo

    do trabalho artesanal passando pelo incio da produo industrial, chegando at os dias de hoje

    e aos conceitos de qualidade assegurada.

    Durante o desenvolvimento da produo em massa, cujo desenvolvimento

    atribudo a Henry Ford, comeou-se a perceber que, para se conseguir montar carros em uma

    esteira de movimento contnuo era necessria uma perfeita intercambialidade entre as peas e

    facilidade de ajust-las entre si (WOMACK, 2004). Ainda segundo Womack (2004), Ford

    insistiu na padronizao de medidas por todo o processo, pois percebeu os benefcios

    financeiros que a facilidade de montagem e reduo dos retrabalhos que a padronizao traria.

    O incio do controle da qualidade de forma estruturada comeou por volta de

    1920, quando Walter Shewhart desenvolveu um sistema de medio de variao no processo

    produtivo conhecido como controle estatstico do processo (CEP). Este sistema ainda muito

    utilizado para ajudar a monitorar a estabilidade dos processos. Neste perodo Shewhart

    tambm criou o ciclo Plan-Do-Check-Act (PDCA), que em portugus significa planejar-fazer-

    verificar-padronizar. Quando aplicado sistematicamente este ciclo ajuda a se alcanar

    melhorias de processo (BAUER et al., 2002).

    Feigenbaun (1994) considera que a qualidade evoluiu durante todo o sculo

    passado, onde mudanas significativas aconteceram a cada vinte anos e podem ser resumidas

    na Figura 4.

    No primeiro estgio, a qualidade era controlada pelo prprio operador, no caso um

    arteso. Num segundo momento estes trabalhadores foram agrupados em pequenos grupos

    sendo a qualidade responsabilidade do supervisor. Essa poca marcou o inicio da produo

    industrial. Com o aumento dos volumes de fabricao, veio o terceiro estgio, onde

    comearam a surgir inspetores em tempo integral, perodo que pode ser considerado como

    perodo do controle da qualidade por inspeo. Perante as exigncias de aumento de escala de

    produo durante a 2 Guerra Mundial, e devido ao surgimento dos conceitos de controle

    estatsticos de processo estes inspetores foram dotados de ferramentas que tornaram suas

  • 21

    inspees mais eficientes, onde as inspees 100% passaram a serem realizadas por

    amostragem. Este perodo pode ser denominado de controle estatstico da qualidade, no

    entanto estas ferramentas e conceitos estavam ainda restritos s reas de produo

    (FEIGENBAUN, 1994).

    Figura 4-Evoluo da Qualidade no sculo XX

    Fonte: adaptado de Feigenbaun (1994)

    Ainda de acordo com Feigenbaun (1994), o quinto estgio corresponde ao perodo

    do controle da qualidade total onde neste momento as empresas comearam a desenvolver

    procedimentos de tomada de deciso e estrutura operacional voltada para a qualidade do

    produto, onde era possvel realizar revises regulares de projetos, analisar os resultados de

    processamento durante sua execuo e, finalmente, interromper a produo quando

    necessrio. Adicionalmente, forneceu a estrutura na qual s ferramentas de controle estatstico

    de processo poderiam ser incorporadas tcnicas de metrologia, confiabilidade, motivao para

    qualidade. Neste perodo, as empresas alcanaram resultados genunos em avanos de

    qualidade e reduo de custos.

    No final do sculo passado, comeou a surgir outra tendncia evolutiva da

    qualidade, o Seis Sigma. De acordo com Barney (2002) citado por Flemming (2003), o Seis

    Sigma, na sua origem, estava relacionado a uma medida de qualidade e uma abordagem para

    soluo de problemas de qualidade, mas na seqncia evoluiu para uma metodologia de

    melhoria geral do negcio.

    No Japo ps 2 Guerra Mundial, a qualidade comeou a tomar forma de cincia e

    passou por mais uma etapa de desenvolvimento. Com os trabalhos realizados pelo Doutor

    Edwards Deming, envolvendo a disseminao dos conceitos de CEP e qualidade, a industria

    1900 1919 1937 1960 1980

    Operador

    Inspeo

    Estatstica

    Supervisor

    Controle da Qualidade Total

    Evoluo

  • 22

    japonesa apresentou crescimento significativo (BAUER et al., 2002). Posteriormente vieram a

    se juntar a Deming outros dois americanos, o Dr. Joseph Juran e Armand Feigenbaun. Nesta

    poca, comeou a se associar qualidade satisfao do cliente (BAUER et al., 2002). Em

    1951, a Unio Japonesa de Cientistas e Engenheiros (JUSE) lanou o Deming Prize, primeiro

    prmio para atestar a qualidade no mundo. Trs dcadas depois, montadoras e empresas de

    autopeas do Japo se estabeleceram nos Estados Unidos, e logo suas plantas obtiveram

    melhor desempenho, em termos de produtividade e competitividade, comparado ao

    desempenho apresentado pelas tradicionais marcas locais (FNQ, 2006).

    Posteriormente, Kaoru Ishikawa complementou os trabalhos de Feigenbaun

    incluindo todos os colaboradores, e no somente os gerentes, nos conceitos de qualidade.

    Ishikawa ajudou a criar os crculos da qualidade (CCQ), que eram pequenos times de gerentes,

    supervisores e operadores treinados em conceitos estatsticos, PDCA e soluo de problemas.

    Atravs destas tcnicas, foi criado um fluxo de novas idias de melhoria de cada um e,

    conseqentemente, uma performance melhor da companhia. Por volta dos anos de 1970, a

    maioria das empresas japonesas havia adotado o que Ishikawa denominou de companywide

    quality control (CWQC) ou Total Quality Control (TQC) ou em portugus Controle da

    Qualidade Total (CQT) (FLEMMING, 2005).

    Este conjunto de medidas adotado pelo Japo criou uma percepo mundial de que

    seus produtos eram de primeira linha, o que despertou curiosidade no mundo ocidental. Por

    volta da dcada de 80, as empresas dos Estados Unidos comearam a implementar os

    conceitos e tcnicas aplicadas no Japo (FLEMMING, 2003).

    No Brasil, na dcada de 80, o conceito de Tecnologia Industrial Bsica (TIB)

    incorpora a gesto da qualidade. Instituies como o Instituto Brasileiro de Qualidade Nuclear

    (IBQN) e as Fundaes Christiano Ottoni e Vanzolini passaram a ter um papel fundamental

    no aprendizado e disseminao dos conceitos de qualidade. Em 1984, o movimento pela

    qualidade no Brasil ganhou um novo impulso com emprstimos do Banco Mundial.

    Metrologia, Normalizao e Certificao alm das Tecnologias de Gesto foram incorporadas

    nos processos e passaram a fazer parte do dia-a-dia das empresas brasileiras (FNQ, 2006).

    Nos Estados Unidos, o governo incentivava a busca de um conjunto de conceitos

    para que suas organizaes pudessem enfrentar os competidores japoneses. Foram criados,

    ento, os fundamentos para formar uma cultura de gesto voltada para resultados para o

    mercado. Em 1987, esses fundamentos deram origem ao Malcolm Baldrige National Quality

    Award (MBNQA). O Prmio Baldrige, ainda hoje, o principal meio de reconhecimento da

    excelncia em gesto nos Estados Unidos. Este feito veio a influenciar a criao de outras

  • 23

    premiaes ao redor do mundo, como o Prmio Europeu, concedido pela European

    Foundation for Quality Management (EFQM), e, posteriormente, o Prmio Nacional da

    Qualidade (PNQ) (FNQ, 2006).

    Em 1990, surge no Brasil o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade

    (PBQP), que acelera a necessidade da criao de uma instituio que mobilizasse as empresas

    rumo a excelncia da gesto fora do mbito governamental.

    Em 11 de outubro de 1991, 39 organizaes privadas e pblicas instituem, em So

    Paulo, a Fundao para o Prmio Nacional da Qualidade (FPNQ), uma entidade privada sem

    fins lucrativos cujo objetivo era administrar o Prmio Nacional da Qualidade e todas as

    atividades decorrentes do processo de premiao, no territrio nacional, alm de representar

    institucionalmente o PNQ nos fruns internacionais (FNQ, 2006).

    De fato, Total Quality Management (TQM), Total Quality Control (TQC),

    Controle da Qualidade Total (CQT) e Seis Sigma so iniciativas que apregoam uma rotina ou

    um conjunto de medidas especificas. Estes trs itens podem ser vistos em trs nveis: uma

    filosofia, um conjunto de ferramentas ou uma rotina que integra a filosofia com as

    ferramentas. O CQT pode ser entendido como filosofia no sentido de que o objetivo principal

    de uma organizao se manter no negcio produzindo produtos que satisfaam seus

    consumidores e ao mesmo tempo promovendo a satisfao e crescimento de seus membros.

    No centro da satisfao dos clientes internos e externos est a reduo da variabilidade do

    processo. No nvel das ferramentas, CQT pode ser visto como uma coleo de sete

    ferramentas clssicas e sete ferramentas gerenciais. Conectando a filosofia com as ferramentas

    est uma abordagem sistemtica de anlise e soluo de problemas conhecida como PDCA.

    (GOSH & SOBEK, 2002).

    2.1.2 Definio de qualidade

    A qualidade pode ser definida de diversas maneiras. Segundo a norma ISO 9000, a

    qualidade definida como o grau no qual um conjunto de caractersticas inerentes satisfaz a

    requisitos, onde requisito significa condio, necessidade ou expectativa. Ainda segundo a

    norma ISO 9000, o termo qualidade pode ser empregado com adjetivos tais como m, boa,

    pobre ou tima. Por sua vez, Deming considera a definio de qualidade incluindo a

    percepo da qualidade pelo agente, englobando assim os demais interessados como, por

  • 24

    exemplo, acionistas e comunidade, aproximando assim do conceito de qualidade total

    (FLEMMING, 2005).

    Feigenbaun (1994) define qualidade como a combinao de caractersticas de

    produtos e servios referentes a marketing, engenharia, produo e manuteno, atravs das

    quais produtos e servios em uso correspondero s expectativas do cliente. Para Juran

    (1974), qualidade pode ser definida como adequao ao uso e livre de defeitos.

    O setor automotivo japons no trouxe somente melhorias isoladas na qualidade,

    estas melhorias vieram como parte de um sistema revolucionrio de produo que

    contrapunha o modelo fordista de produo em massa. Este sistema conhecido como

    Sistema de Produo Enxuta, conhecido tambm por Sistema Toyota de Produo, ou, ainda,

    Lean Manufacturing, onde o aumento da competitividade, e por sua vez do lucro,

    conseguido com a reduo dos custos. Esta reduo obtida com a eliminao, ou

    minimizao, das perdas, onde perdas entendem-se no s perdas de qualidade, mas tambm

    perda de tempo e recursos (WOMACK, 2004).

    Dentro do Sistema de Produo Enxuta (SPE), a qualidade ganha outra dimenso,

    estando presente no topo dos dois pilares do sistema, Just in Time (JIT) e autonomao. Uma

    representao simplificada deste sistema pode ser observada na Figura 5.

    Figura 5 - Sistema de Produo Enxuta Fonte: Adaptado de Ghinato (2000)

    Ao se trabalhar no sistema JIT as operaes s devem ser realizadas quando

    demandadas. E quando demandadas, devem ser precisas, sob risco de impedir o pleno

    atendimento da entrega. Isso significa que necessria a existncia de um sistema capaz de

    fazer certo da primeira vez. A autonomao consiste em facultar ao operador (ou mquina) a

    Tempo Custo Qualidade

    Just in Time JidokaAutonomao

    Trabalhadores com autonomia de interromper a

    mquina/clula

    Heijunka Trabalho Padro Kaizen

    Estabilidade de emprego

    Tempo Custo Qualidade

    Just in Time JidokaAutonomao

    Trabalhadores com autonomia de interromper a

    mquina/clula

    Heijunka Trabalho Padro Kaizen

    Estabilidade de emprego

  • 25

    autonomia de interromper a operao sempre que ocorrer alguma situao anormal ou quando

    a quantidade planejada de produo for atingida. Pode ser aplicada em operaes manuais,

    mecanizadas ou automatizadas (SHINGO, 1996). No SPE, autonomao busca Qualidade

    Assegurada, pois permite que a linha, ou uma mquina seja parada no caso de deteco de

    peas defeituosas, gerando ao imediata de correo da anormalidade.

    De maneira geral, a qualidade de uma unidade de produo gerenciada atravs

    de indicadores e relatrios onde os defeitos so estratificados estatisticamente pelo tipo de

    defeito (SHINGO, 1996). Estes dados so baseados em inspees realizadas aps a ocorrncia

    do problema. Os valores numricos podem variar de um perodo a outro, mas as fontes dos

    defeitos, a causas razes dos problemas permanecem inalteradas. Para reduzir efetivamente as

    taxas de defeitos, o processamento deve ser informado sempre que um defeito encontrado,

    de modo que medidas sejam tomadas para corrigir o mtodo ou a condio de processamento,

    e o que mais importante, impedindo a repetio do defeito.

    Existem basicamente dois tipos de inspeo: por objetivo e por abrangncia

    (SHINGO, 1996). A inspeo por objetivo se divide em: inspeo de julgamento para

    encontrar defeitos e inspeo informativa para prevenir defeitos posteriores. E a inspeo por

    abrangncia dividida em: inspeo por amostragem e inspeo 100%.

    A inspeo informativa cumpre a funo de informar imediatamente ao

    processamento a ocorrncia do defeito, direcionando para uma melhoria no mtodo de

    processamento. Essa transferncia de informao chamada funo de feedback da

    inspeo, que por sua ao determina a reduo contnua de defeitos. Por sua vez, a inspeo

    de julgamento deve ser evitada, pois sua execuo no favorece ao processo de melhoria,

    apenas separa as peas dentro das especificaes das peas fora. A inspeo na fonte, com o

    questionamento dos defeitos e tentar preveni-los no atuando somente na deteco a que

    mais benefcio trar ao sistema (SHINGO, 1996).

    As inspees por amostragem foram introduzidas no Japo na dcada de 50 e

    tiveram grandes impactos na melhoria de qualidade alcanadas neste pas. Com os mtodos de

    Controle Estatsticos de Processo (CEP) consegue-se garantir qualidade atravs de inspeo

    por amostragem em processo que admitam alguma variabilidade to bem quanto se fosse

    realizada inspeo 100% (SHINGO, 1996).

    A inspeo na fonte previne a ocorrncia de defeitos, controlando as condies

    que influenciam a qualidade na sua origem. Inspeo vertical na fonte rastreia o problema ao

    longo do fluxo do processo para identificar e controlar condies externas que afetam a

  • 26

    qualidade. Inspeo horizontal na fonte identifica e controla condies dentro de uma

    operao que afeta qualidade (SHINGO, 1996). A inspeo realizada por inspetores ou

    operadores fora do processo regular no agrega valor ao produto aumentando assim o custo

    homem-hora ao produto, por isso as inspees devem ser evitadas atravs da qualidade

    assegurada no processo gerador.

    A inspeo horizontal na fonte une os conceitos de preveno de defeitos com a

    inspeo 100%, pois atravs do controle dos parmetros que geram os defeitos, a qualidade

    assegurada (SHINGO, 1996).

    Outro conceito importante incorporado no SPE a produo em fluxo contnuo,

    pois diminuindo o tempo de atravessamento entre a chegada da matria prima e os bens

    acabados e o inventrio em processo, consegue-se uma melhor qualidade, reduo de custos e

    reduo do prazo de entrega (LIKER, 2004).

    Quando se adota a produo em fluxo contnuo e se diminui o inventrio em

    processo outras ferramentas e filosofia leans tais como manuteno preventiva e qualidade

    assegurada so necessrias, pois com fluxo contnuo e baixo inventrio os problemas ficam

    expostos. Neste sistema, as ineficincias exigem solues rpidas, pois o processo (operando

    em regime de fluxo contnuo) ficar parado at que as falhas, peas defeituosas ou mquina

    quebrada sejam resolvidas. Em contrapartida, no sistema de produo sem fluxo e com alto

    inventrio, quando se descobre uma pea com defeito, na operao seguinte pode haver muito

    mais peas com problemas perdidas no inventrio entre operaes, e as pequenas paradas de

    equipamentos no recebem a importncia devida at que isto venha a gerar falta de peas no

    processo subseqente (LIKER, 2004).

    2.2 Ferramentas da qualidade

    Definies de alguns termos so importantes, neste ponto do trabalho, para

    entendimento e compreenso do trabalho: Ferramentas - so procedimentos pr-estabelecidos

    para auxiliar no planejamento, execuo, controle e verificao de atividades de coleta de

    dados, gerao de hipteses e execuo de planos. Metodologias so seqncias de etapas

    com aplicao j comprovada, tambm pr-estabelecidas e que podem usar uma ou vrias

    ferramentas durante a execuo. Mtodo tambm definido como seqncia de etapas, porm

    sem aplicao prvia (PARENZA, 2004).

  • 27

    Uma ferramenta pode ser compreendida como um dispositivo utilizado para ajudar

    na realizao de uma atividade. No caso da qualidade as ferramentas de melhorias da

    qualidade so dispositivos grficos e numricos utilizados por indivduos ou grupos para

    ajudar a entender e melhorar os processos (BAUER et al., 2002).

    Conforme apresentado por Bauer et al. (2002), as ferramentas da qualidade

    comearam a serem desenvolvidas por Shewhart e Deming, por volta de 1930 e 1940. Estas

    ferramentas estatsticas permitiram uma melhor compreenso sobre variabilidade de processos

    e expandiram sua aplicao. Com a utilizao pelos japoneses, em meados do sculo passado,

    amparada pelos estudos de Kaoru Ishikawa, estas ferramentas iniciais foram desenvolvidas,

    resultando por volta de 1960, em um conjunto de sete ferramentas, conhecidas hoje como as

    ferramentas clssicas ou bsicas de controle da qualidade.

    Por outro lado, Campos (1992) considera que no Brasil, por influncia americana,

    d-se muita nfase as ferramentas e pouca importncia ao mtodo. Gerando, por

    conseqncia, timos conhecedores das ferramentas, mas que no conseguem utiliz-las em

    conjunto. As sete ferramentas so: grfico ou diagrama de pareto, grfico ou diagrama de

    causa-e-efeito, histograma, folha de verificao, grfico de disperso, fluxograma e grfico de

    tendncia ou carta de controle. Outra ferramenta muito utilizada atualmente so os Cinco Por

    qus (SHINGO, 1996).

    De acordo com Flemming (2005), a maior parte dos problemas em uma

    organizao pode ser resolvida com as ferramentas bsicas da qualidade. No entanto estas

    ferramentas so, em sua maioria, de ordem quantitativa, exceto fluxograma e diagrama de

    causa-e-efeito, que so qualitativas, pois trabalham com informaes no numricas (idias).

    As ferramentas quantitativas so utilizadas tipicamente para a comunicao e organizao das

    informaes, enquanto as qualitativas possuem foco no processo de informao para a tomada

    de decises.

    Percebendo uma lacuna deixada pelas ferramentas bsicas, uma dcada mais tarde,

    por volta de 1970, a Japanese Society for Quality Control Tecnhique Development props

    outras sete ferramentas de melhoria da qualidade. Estas outras sete ferramentas gerenciais da

    qualidade, tambm conhecidas como ferramentas do planejamento da qualidade ou novas

    ferramentas da qualidade foram criadas para trabalhar com a organizao de idias e

    informaes e, a partir da, visualizar o que est ocorrendo, possibilitando o planejamento de

    aes para a melhoria de uma situao e a soluo de problemas (FLEMMING, 2005).

  • 28

    As sete ferramentas gerenciais da qualidade so: diagrama de afinidades, diagrama

    de rvore, diagrama de inter-relaes, diagrama de matriz, diagrama do processo decisrio,

    diagrama de setas e matriz de priorizao (BAUER et al., 2002).

    As ferramentas da qualidade podem ser utilizadas para diferentes propsitos, em

    vrios estgios do processo de soluo de problemas. Por exemplo, as ferramentas indicadas

    na parte comum do diagrama de Venn (Figura 6) podem ser usadas tanto na identificao do

    problema quanto na fase de anlise do problema (BAUER et al., 2002).

    Figura 6 - Diagrama de Venn para as ferramentas da Qualidade Fonte: Adaptado de Bauer et al., 2002.

    Descrio das ferramentas Grfico de tendncia

    Um grfico de tendncia apresenta as medies no eixo vertical (y) em relao ao

    tempo no eixo horizontal (x). semelhante a uma carta de controle, porm no apresenta

    limites de controle (BAUER et al., 2002). O grfico de tendncias pode ser usado para medir e

    comparar o desempenho antes e aps a implementao de uma ao, permitindo assim avaliar

    a eficcia da ao implementada. Um grfico de tendncia, como mostrado na Figura 7,

    tambm possibilita o estudo dos dados observados ao longo do tempo para observao de

    -Fluxograma -Folha de verificao -Brainstorming -Tcnica de grupo

    -Diagrama de Pareto -Diagrama de causa e efeito -Carta de tendncia -Estratificao

    -Histograma -Diagrama de disperso -Cartas de controle -Capacidade do processo

    Identificao do Problema

    Anlise do Problema

  • 29

    tendncias ou padres. uma maneira lgica comear representando graficamente como a

    varivel em estudo se comporta ao longo do tempo (FLEMMING, 2005).

    Os grficos de tendncia consistem em uma alternativa mais rpida e simples de

    implementar que as cartas de controle, no entanto, existe uma propenso de tratar toda a

    variao como importante, e assim, reagir a cada ponto fora do padro aparente como se fosse

    uma causa especial (BAUER et al., 2002).

    0

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    6000

    7000

    jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

    ms

    ppm ppm

    mdia

    Situao do processo antes da interveno

    Situao do processo depois da interveno

    0

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    6000

    7000

    jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

    ms

    ppm ppm

    mdia

    Situao do processo antes da interveno

    Situao do processo depois da interveno

    Figura 7-Exemplo de Grfico de Tendncia

    Fonte: Adaptado de Flemming (2005)

    Diagrama de Pareto

    O diagrama de Pareto, conforme mostrado na Figura 8, um grfico formado por

    colunas que representam a freqncia de ocorrncia em ordem decrescente de importncia. O

    grfico mostra visualmente os motivos mais importantes, separando aqueles que realmente so

    relevantes para anlise (FLEMMING, 2005).

    A principal utilidade do grfico de Pareto para a priorizao das atividades,

    possibilitando a concentrao dos esforos de melhoria nas causas mais importantes. usual

    que 80% dos problemas sejam provocados por cerca de somente 20% das causas potenciais.

    Esta caracterstica muito til, na medida em que existem recursos limitados para serem

    mobilizados na soluo de problemas (FLEMMING, 2005).

  • 30

    Figura 8 - Exemplo de Grfico de Pareto Fonte: elaborado pelo autor

    Diagrama de Causa-e-Efeito

    um diagrama que relaciona as causas com os efeitos, permitindo a identificao

    e apresentao de todas as possveis causas relacionadas a um problema ou situao.

    Tipicamente utilizado em conjunto com sesses de brainstorming (BAUER et al., 2002). O

    diagrama de causa-e-efeito possibilita que praticamente todas as possveis causas do problema

    sejam levantadas. Possibilita a incorporao e organizao do conhecimento do pessoal

    envolvido no processo de melhoria. Essas informaes sobre o problema podem estar

    dispersas na organizao, sendo o diagrama de causa-e-efeito uma forma de reunir e organizar

    essas informaes. A Figura 9 representa um exemplo tpico de diagrama causa e efeito.

    Figura 9 - Exemplo de diagrama de causa-e-efeito Fonte: Adaptado de Flemming (2005)

    Pareto dos responsveis pela Disperso de Classes

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    Operao Regulagem Setup Outros

    Responsveis

    Porc

    enta

    gem

    0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%100%

    Acu

    mul

    ado

    Problema ou oportunidade

    Medio Mo-de-obra Mquina

    Material Mtodo Meio Ambiente

    Causa Efeito

  • 31

    O diagrama de causa-e-efeito tambm conhecido por diagrama de Ishikawa, em

    meno a seu criador, ou diagrama de espinha de peixe, devido a sua forma (BAUER et al.,

    2002).

    Folha de verificao (Coleta de dados)

    A folha de verificao um formulrio utilizado para a coleta de dados a serem

    utilizados no processo de melhoria. Os dados consistem na entrada dos dados de anlise. A

    qualidade, organizao, clareza e confiabilidade dos dados de entrada so essenciais para a

    correta anlise da situao ou problema, a Figura 10 apresenta um exemplo desta ferramenta.

    A coleta destes dados fornece uma viso do processo, possibilitando a percepo dos padres

    existentes (BAUER et al., 2002).

    Uma variao da folha de verificao tradicional a measles chart, ou carta

    sarampo. Neste tipo de verificao os dados so coletados atravs da marcao em uma figura,

    desenho ou mapa, mostrando assim onde ocorre a maior concentrao de marcaes

    (FLEMMING, 2005).

    1/jul 2/jul 3/julFalha Mecnica III I III 7Acidente IIII II 6Engarrafamento I IIIII IIII 10....

    DataMotivo do atraso Total

    Figura 10 - Exemplo de Folha de verificao Fonte: Adaptado de Flemming (2005)

    Diagrama de disperso

    O diagrama de disperso, Figura 11, um grfico que apresenta a relao de causa

    e efeito entre dois tipos de dados proporcionando uma compreenso da relao de causa e

    efeito entre duas variveis (BAUER et al., 2002). indicado para verificao da influncia de

    uma determinada varivel, varivel de entrada, e o efeito, varivel de sada. Esta ferramenta

    pode ser aplicada tanto na fase de anlise do problema ou quanto na fase dos testes de

    hipteses. Para aprimorar a anlise de disperso pode-se utilizar a tcnica de correlao. A

    relao pode ser linear ou seguir outra relao matemtica.

  • 32

    Figura 11 - Exemplo de grfico de correlao

    Fonte: Adaptado de Flemming (2005)

    Histograma

    Um histograma uma representao grfica, geralmente em colunas, utilizada

    para traar a freqncia de ocorrncia de cada valor de uma determinada varivel.

    Histogramas so utilizados para examinar a existncia de padres, identificar a escala (limites)

    e sugerir tendncias centrais (BAUER et al., 2002). Um clssico exemplo de histograma para

    distribuio de altura de alunos pode ser verificado na Figura 12.

    Esta ferramenta ajuda a identificar a causa dos problemas no processo atravs do

    formato e da largura da distribuio. O histograma, quando combinado com os conceitos da

    distribuio normal e conhecimentos do processo em particular, se torna uma ferramenta

    eficiente e prtica para ser utilizada nos estgios iniciais da anlise do problema (BAUER et

    al., 2002).

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    16

    1,50 - 1,55

    1,56 - 1,60

    1,61 - 1,65

    1,66 - 1,70

    1,71 - 1,75

    1,76 - 1,80

    1,81 - 1,85

    1,86 - 1,90

    1,91 - 1,95

    Altura (m)

    Freq

    unc

    ia

    Figura 12- Exemplo de histograma

    Fonte: Adaptado de Bauer et al. (2002)

    Correlao positiva Sem correlao Correlao negativa

  • 33

    Fluxograma

    Fluxograma um tipo de diagrama, e pode ser entendido como uma representao

    esquemtica de um processo, muitas vezes feita atravs de grficos que ilustram de forma

    descomplicada a transio de informaes entre os elementos que o compem. Podemos

    entend-lo, na prtica, como a documentao dos passos necessrios para a execuo de um

    processo qualquer. Muito utilizada em fbricas e industrias para a organizao de produtos e

    processos (BAUER et al., 2002).

    Cinco Por qus

    Os cinco porqus uma tcnica bastante simples para se chegar causa raiz de

    um problema. Essa tcnica implementada perguntando por qu aps cada resposta at se

    conseguir responder cinco porqus. Esta uma das ferramentas preferidas pelos japoneses

    para descobrir a causa raiz de um problema (BAUER et al., 2002). Na Figura 13 apresentada

    uma representao esquemtica dos Cinco Porqus.

    Perguntando por qu seguidamente (cinco apenas um numero figurativo) os

    sintomas comeam a serem revelados at que a verdadeira causa do problema, a causa raiz

    revelada. De acordo com Shingo (1996), tradicionalmente os Cinco Por qus vem associado

    ao 5W1H, que so as iniciais em ingls de Who, What, When, Where, Why e How, e podem

    ser traduzidas ao portugus como Quem, O qu, Quando, Onde, Por qu, Como. Ainda

    segundo Shingo (1996), ao perguntar porque cinco vezes para os quatro primeiros W, o como

    solucionar o problema tambm estar esclarecido.

    Figura 13 - Exemplo de anlise dos Cinco Por qus

    Problema: o carro parou

    Por qu?: faltou combustvel

    Por qu?: no foi reabastecido no momento certo

    Por qu?: marcador de combustvel marcava tanque cheio

    Por qu?: marcador estava inoperante

    Por qu?: a bia eltrica est queimada

    Problema: o carro parou

    Por qu?: faltou combustvel

    Por qu?: no foi reabastecido no momento certo

    Por qu?: marcador de combustvel marcava tanque cheio

    Por qu?: marcador estava inoperante

    Por qu?: a bia eltrica est queimada

  • 34

    Diagrama de afinidades

    um mtodo para reunir grande quantidade de informaes, por exemplo, fatos,

    opinies e idias, que inicialmente esto apresentados de uma forma desorganizada. De

    acordo com esta tcnica, as informaes so reunidas em grupos, baseadas nas similaridades

    de cada item com os demais com o objetivo de entender melhor o problema. indicado para

    problemas complexos, e seu uso pode vir associado ao brainstorming, auxiliando a organizar

    as idias geradas. O diagrama de afinidades um processo muito mais criativo de que lgico

    (BAUER et al., 2002). A Figura 14 apresenta um diagrama de afinidades elaborado para

    agrupar as idias aps uma sesso de brainstorming para quebra de ferramenta.

    Figura 14 - Exemplo diagrama de afinidade Fonte: elaborado pelo autor

    Diagrama de rvore

    Conforme Bauer et al. (2002), o diagrama de rvore, Figura 15, desdobra de forma

    estruturada objetivos e atividades que necessitam serem trabalhadas para o alcance de uma

    meta. Tambm pode ser usado para estratificar uma determinada situao. Atravs do

    diagrama de rvore possvel organizar os objetivos e aes de forma lgica, pois essa tcnica

    permite que objetivos e informaes amplos sejam desdobrados e focalizados em crescente

    nvel de detalhe, facilitando seu alcance.

    Figura 15 - Exemplo de Diagrama de rvore

    Fonte: Adaptado Quality First Manual, GKN (2000)

    Ferramenta mal afiada Ferramenta no fim da vida til

    Cabeote mal alinhado Avano excessivo Refrigerao fraca Rotao muito alta

    leo contaminado leo vencido leo trocado

    Ferramenta Mquina Refrigerao

  • 35

    Diagrama de inter-relaes

    um mtodo para estabelecer relaes lgicas e geralmente de causa e efeito entre

    fatos ou idias com o objetivo de encontrar solues. Neste diagrama, tanto o efeito como a

    causa, podem ser includos (BAUER et al., 2002).

    O diagrama de inter-relaes indicado para problemas que envolvam complexas

    e inter-relacionadas causas, pois auxilia no entendimento dessas relaes atravs de um

    processo que possibilita a identificao das causas bsicas. Este diagrama muito utilizado

    junto a sesses de brainstorming para definir relaes de causa e efeito entre as idias

    (FLEMMING, 2005). A Figura 16 exemplifica uma aplicao desta ferramenta.

    Figura 16 - Exemplo de Diagrama de rvore

    Fonte: Adaptado de Bauer et al. (2002)

    Diagrama de matriz

    O diagrama de matriz apresenta graficamente a fora da relao entre dois ou mais

    grupos de informaes. Os elementos (dados e causas) so dispostos em linhas e colunas onde

    se pode quantificar a relao entre cada par. O diagrama de matriz pode ser usado na

    priorizao de aes ou projetos (BAUER et al., 2002).

  • 36

    Diagrama do processo decisrio

    O diagrama do processo decisrio possui a mesma representao grfica do

    diagrama de rvore com a incluso de aes de contingncia para idias, processos e projetos,

    conforme demonstrado na Figura 17. Esta tcnica auxilia na previso de obstculos e falhas

    que possam surgir durante a execuo de um plano de atividades (BAUER et al., 2002).

    Esta tcnica deve ser empregada para prever aes de contingncia que

    solucionem problemas potenciais na elaborao de planos de aes complexos ou quando a

    probabilidade de ocorrerem falhas na implementao das aes muito alta (FLEMMING,

    2005).

    Figura 17- Exemplo de Diagrama do Processo Decisrio Fonte: Adaptado de Flemming (2005)

    Diagrama de setas

    O diagrama de setas estabelece um plano e mostra a ordem requerida das tarefas

    em um projeto ou processo. O diagrama de setas permite o clculo do caminho crtico do

    projeto. O caminho crtico constitudo das atividades cujos atrasos iro afetar o projeto como

    um todo. Esta ferramenta auxilia no planejamento de projetos complexos onde existam tarefas

    inter-relacionadas (BAUER et al., 2002).

    Lista de verificao de Osborne

    A lista de verificao de Osborne utilizada tanto na fase de levantamento de

    possveis causas do problema como na busca por solues. Esta ferramenta indicada para

    atravs de uma lista de perguntas genricas pr-estabelecidas forar o grupo a abordar

    diversos aspectos de problema, possibilitando assim a gerao de novas e incomuns idias

    Passar no vestibular

    Recursos

    Estudo

    Cursos

    Pr-vestibular

    Colgio

    Plano de estudo

    Casa

    Livros

    Anotaes de aula

    Biblioteca

    Internet

    Grupo de estudo

  • 37

    (TANIYAMA, 1997). A Figura 18 apresenta as perguntas pr-estabelecidas com os

    respectivos desdobramentos.

    Outros usos?

    Maneiras novas de usar sem modificar? Outros usos se modificado?

    Adaptar? Existe outro como este? Que outras idias isto sugerem? O que poderia ser copiado? H alguma oferta do passado?

    Modificar? Mudar cores, movimento, odor, gosto, composio e forma? Outras modificaes?

    Ampliar? O que a adicionar? Mais tempo? Maior freqncia? Mais forte? Mais alto? Maior? Mais denso? Mais pesado? Valor agregado? Mais ingredientes? Duplicar? Multiplicar?

    Minimizar? O que a subtrair? Menor? Diminuir? Mais baixo? Mais curto? Mais claro? Dividir? Suavizar? Diminuir a freqncia?

    Substituir? Trocar por outro? Outro ingrediente? O outro material? O outro processo? Outro parecido? O outro tom de voz? Outro tempo? Outra abordagem?

    Rearranjar? Intercambiar componentes? Outro padro? Outra disposio? Outra seqncia? Mudar o lugar? Mudar a programao? Mais cedo? Mais tarde?

    Reverter? Oposto? Transpor positivo e negativo? Inverter papis? De cabea pra baixo? Dentro de para fora?

    Combinar? Liga? Mistura? Combinar unidades? Variedade? Conjunto?

    Figura 18 - Lista de verificao de Osborne Fonte: adaptado de Taniyama (1997)

    2.3 Anlise e soluo de problemas

    A rotina diria dos gerentes, cientistas, engenheiros, dentre outros amplamente

    dedicada ao trabalho de soluo de problemas e de tomada de deciso (PERPTUO &

    TEIXEIRA, 2001, PARENZA, 2004) em funo disto vrias tcnicas foram desenvolvidas

    para ajudar na resoluo de problemas organizacionais. A resoluo sistemtica de problemas

    pode ser o caminho, tambm, para construir uma organizao que aprende e evolui, conforme

    afirma Garvin (2000).

    Os problemas relacionados produo, em geral afetando qualidade e

    produtividade, segundo MacDuffie (1997), no so relacionados a uma causa claramente, e

    no podem ser resolvidos aplicando um procedimento padro ou metodologia, pois requerem

    um alto grau de interao e coordenao de times multidisciplinares.

    Desde meados do sculo passado, uma srie de abordagens para a soluo de

    problemas foi descrita e documentada. Inclusive, trabalhos comparando estas metodologias j

    foram executados, como o de Alvarez (1996) onde este compara os mtodos de Kepner e

  • 38

    Tregoe, o Qc Story da Qualidade Total -, e o Processo de Pensamento da Teoria das

    Restries. A lista de metodologias, segundo Palady & Olyay (2002), ainda inclui: as cartas de

    controle de Shewhart para descrio de problemas estatsticos, o ciclo Plan-Do-Check-Act de

    Deming para separar as fases de uma soluo de problema e o modelo DMAIC (definir-

    medir-analizar-melhorar-controlar) do Seis Sigma.

    Alm das metodologias clssicas, outras foram criadas por diversas organizaes

    para melhor tratar seus problemas de acordo com suas realidades e filosofias. A Ford Motor

    Co criou a metodologia das 8 Disciplinas (8D) com nfase em aes corretivas e disposio de

    produtos no conformes (DOANE, 2002), a General Motors desenvolveu a metodologia Drill

    Deep baseada nos 5 Por qus, a Toyota o formulrio A3, que leva este nome porque toda a

    anlise, aes e concluses devem ser preenchidas em uma folha deste tamanho de papel

    (SOBEK, 2008), e h tambm uma metodologia intitulada Problem Solving da empresa onde

    este trabalho foi realizado.

    Estas e outras metodologias coletivamente contribuem para a soluo dos

    problemas nas organizaes, porm, segundo Palady & Olyay (2002), poucos esforos tem

    sido feitos para unificar ou condensar estas metodologias e muitas vezes elas so vistas como

    competitivas e excludentes. Prpetuo & Teixeira (2001) consideram que todos estes mtodos

    tm em comum que ao estruturar um problema o que se procura representar uma situao

    para, ento, entend-la e, se for o caso, fazer algum tipo de interveno tendo como referncia

    um objetivo ou uma meta. Uma metodologia de anlise e soluo de problema deve ser vista

    como uma ferramenta gerencial para pensar e auxiliar no processo decisrio.

    A soluo de problema um processo que segue uma seqncia lgica,

    comeando pela identificao do problema, continuando pela anlise e terminando com a

    tomada de deciso, a anlise do problema um processo de estreitar um corpo de informao

    durante a busca por uma soluo (ROSSATO, 1996).Gosh & Sobek (2002) consideram que a

    aplicao de uma rotina, um procedimento padro para anlise e soluo de problemas que

    contemple comunicao, compartilhamento das informaes e experimentao conduz a

    resultados melhores. Como resultados melhores, estes autores, entendem solues onde a

    causa eliminada, aes de preveno so consideradas e com isso as melhorias so

    sustentveis. Por outro lado, rotinas e metodologias podem inibir a inovao por sistematizar o

    processo criativo, Tyre et al. (1995) citado por Gosh & Sobek (2002) concluem atravs de

    suas pesquisas de campo que no ambiente industrial que os colaboradores obtm melhor

    qualidade e solues mais robustas usando uma abordagem sistemtica comparado com

    abordagem intuitiva.

  • 39

    Palady & Olyay (2002) dividem as metodologias de anlise e soluo de

    problemas em dois grupos: (i) tentativa e erro e (ii) soluo de problema estruturado.

    Para Palady & Olyay (2002), a aplicao da tentativa e erro pode ser efetiva

    quando se est perto da soluo e somente pequeno ajuste necessrio. Caso contrrio, as

    tentativas e erros levaro a todas as direes, e toda tentativa mal sucedida consome tempo e

    recursos e no aproxima da soluo. Alm disso, a soluo por tentativa e erro favorece a se

    aceitar a primeira soluo encontrada, mesmo que esta no seja a melhor ou ainda no se

    tenha descoberto todas as fontes de variao ou causas potenciais. Para a soluo de

    problemas crnicos ou complexos os autores recomendam a aplicao de uma abordagem

    estruturada, comeando com a descrio do problema, seguido por uma investigao

    detalhada das causas e concluindo com o desenvolvimento e confirmao da soluo. Este

    processo exige a sntese de diferentes disciplinas, tcnicas estatsticas e outras ferramentas

    analticas.

    Muitos procedimentos ou processos apresentam variao ou problemas anormais.

    Segundo Gosh & Sobek (2002) atravs de uma extensiva pesquisa de campo em empresas

    industriais, eles observaram que os membros das organizaes enfrentam os problemas com

    dois tipos de controle do processo: controle reativo e controle preventivo. O controle reativo

    envolve alguma medida imediata para fazer retornar o processo sua escala aceitvel quando

    este saiu de seus limites devido a alguma variao anormal. No controle preventivo, o esforo

    focalizado em localizar e em eliminar as fontes subliminares da variao anormal com uma

    investigao mais profunda das causas e de seus efeitos. Na maioria de situaes do mundo

    real, os membros de organizao devem executar alguma forma de controle reativo para atuar

    sobre a crise imediatamente para manuteno da produo antes que uma investigao mais

    profunda das fontes reais do problema possa seguir (Hayes et al., 1988). Assim, os controles

    reativos geralmente precedem os preventivos porque isto auxilia as pessoas a alcanarem de

    imediato seus objetivos. Porm, tais melhorias tendem a serem efmeras visto que em sua

    natureza raramente previnem a recorrncia.

    As rotinas organizacionais que resultam em solues imediatas so classificadas

    por Gosh & Sobek (2002) como solues de problemas de primeira ordem, ou somente de

    solues de primeira ordem. Por outro lado, as rotinas que investigam a causa raiz,

    implementam aes de conteno para prevenir a recorrncia e com isso resultam em uma

    melhoria sustentvel so consideradas como solues de problemas de segunda ordem.

    A definio da palavra problema para Taniyama (1997) pode ser compreendida

    com a diferena (gap) entre o padro ou objetivo e a situao atual. Assim sendo, s pode

  • 40

    haver um problema se existe algum padro ou objetivo para que possa ser feita a comparao.

    Por sua vez, Campos (1992) define problema como o resultado indesejvel de um trabalho.

    Taniyama (1997) classifica os problemas em dois tipos: (i) no atendimento de

    padres existentes e (ii) determinao de novos padres. A Figura 19 apresenta esta

    classificao.

    O primeiro caso ocorre quando por alguma razo o padro existente no

    atendido e o segundo caso ocorre quando novos padres mais desafiadores so estabelecidos.

    Como exemplo podemos citar o no atendimento das metas de vendas e metas de reduo de

    custos para cada caso respectivamente.

    Figura 19 - Tipos de Problemas Fonte: Adaptado de Taniyama (1997)

    Os problemas, segundo Palady & Olyay (2002), ainda podem ser divididos em

    duas categorias: causas comuns e causas especiais. Os problemas com causas especiais

    envolvem instabilidade e freqentemente exigem uma estratgia de resoluo menos rigorosa

    e a combinao de diversas ferramentas para solucion-los. Por outro lado, os problemas com

    causas comuns exigem diferentes meios para resolv-los e estabelecer um novo patamar, visto

    causas comuns so inerentes ao processo e apresentam comportamento randmico (BAUER et

    Padro Anterior

    Novo Padro

    Presente

    Gap

    Presente

    Atingido

    Gap

    Padro

    Padro

    Gap

    Presente

    Atingido

    No atendimento de padres existentes Determinao de novos padres

  • 41

    al., 2002). Os problemas com causas especiais devem ser solucionados antes dos de causa

    comuns. Assim sendo, primeiro deve-se estabilizar o processo para ento melhor-lo.

    Spence & Brucks (1997) afirmam que os problemas podem ser caracterizados em

    trs categorias: Estruturados, Estruturveis e No-Estruturados. Um problema Estruturado

    se o solucionador pode identificar uma estratgia de soluo vivel. Estruturveis quando

    informaes adicionais podem produzir uma estratgia de soluo, ou se o problema pode ser

    desdobrado em subproblemas gerenciveis. Um problema no estruturado se uma soluo

    no pode ser localizada por qualquer recurso, ou por j estar limitado ao melhor possvel.

    MacDuffie (1997) complementa que os problemas em geral se apresentam aos responsveis

    pela soluo na condio de Estruturveis e tornam-se Estruturados no processo de

    preparao para anlise.

    Lobos (1991) considera que as metodologias de soluo de problemas podem

    ativar o pensamento das pessoas dentro das organizaes quando foradas a buscar solues.

    Lobos (1991) separa as metodologias em dois grupos: as analticas e as criativas. As primeiras

    exprimem a capacidade de coletar, ordenar, classificar e comparar informaes no intuito de

    entender o que existe ou de testarem alternativas. As criativas servem para descobrir coisas

    atravs das potencialidades da mente humana e, sendo assim apelam para a criatividade e suas

    mltiplas variaes.

    Porm, a aplicao de uma metodologia de anlise e soluo de problemas no

    assegura a soluo definitiva dos problemas (ROSSATO, 1996):

    - Em muitas ocasies, as causas para os efeitos indesejveis so descobertas,

    porm as aes tomadas no so totalmente eficazes;

    - Muitas vezes, o que se consegue somente a minimizao dos efeitos

    indesejveis a nveis passveis de serem suportados e/ou mantidos sob controle;

    - No tocante aos problemas de desempenho, de custo e de ciclo de tempo nos

    processos das organizaes, existem problemas que no tem fcil soluo ou que extrapolam

    muitas vezes o estado da arte e conhecimentos dos times em ao;

    - s vezes, requerem pesquisas mais profundas com a utilizao de tcnicas e

    ferramentas mais sofisticadas, ou o concurso de consultores e especialistas;

    - Outras vezes, requerem mudanas radicais ou reengenharia nos processos para

    que possam ser eliminados.

  • 42

    PDCA

    O ciclo Plan-Do-Check-Act (PDCA) foi desenvolvido por Walter A. Shewart, na

    dcada de 20 do ltimo sculo, mas comeou a ser conhecido como ciclo de Deming em 1950,

    por ter sido amplamente difundido por este. uma tcnica simples que visa o controle do

    processo, podendo ser usado de forma contnua para o gerenciamento das atividades de uma

    organizao (BAUER et al., 2002, SOUZA, 1997, ANDRADE, 2003).

    O ciclo PDCA um mtodo que visa controlar e conseguir resultados eficazes e

    confiveis nas atividades de uma organizao. um modo eficiente de planejar e implantar

    uma melhoria no processo. Padroniza as informaes do controle da qualidade, evita erros

    lgicos nas anlises, e torna as informaes mais fceis de se entender. Pode tambm ser

    usado para facilitar a transio para o estilo de administrao direcionada para melhoria

    contnua (CAMPOS, 1992).

    Este ciclo est composto em quatro fases bsicas: planejar, executar, verificar e

    atuar corretivamente. Segundo Campos (1992), implementada em seis etapas conforme

    mostrado na Figura 20.

    Figura 20 - Ciclo PDCA de controle de processos

    Fonte: Adaptado de Campos (1992)

    O Ciclo PDCA pode ser utilizado para manuteno dos resultados tanto como para

    melhoria de resultados. O Ciclo PDCA para melhorias, definido por Campos (1992) como o

  • 43

    mtodo de anlise e soluo de problemas ou MASP e tambm conhecido como QC

    Story, segundo este autor, o mtodo que todos na empresa deveriam dominar para que toda

    a empresa fosse constituda de exmios solucionadores de problemas. O Ciclo PDCA para

    melhorias apresentado na Figura 21.

    O Ciclo PDCA est relativamente bem disseminado e utilizado em larga escala

    na indstria, servios e comrcio de grande porte em geral e tambm instrumento e

    inspirao de diversos trabalhos acadmicos. Andrade (2003) e Souza (1997) relatam a

    implementao do Ciclo PDCA na construo civil como fator de melhoria de desempenho,

    Witt (2002) apresenta o Ciclo PDCA como fator de aprendizagem organizacional numa

    indstria metal-mecncia, Salviato (1999) retrata a aplicao do PDCA numa instituio

    financeira e Pagano (2000) utiliza o Ciclo PDCA na implementao do sistema de qualidade

    total.

    Por outro lado, Gosh & Sobek (2002) citando Zbaracki (1998) que estudou 69

    empresas americanas nos setores de defesa, governo, sade, hospedagem e manufatura aponta

    o uso limitado de ferramentas estatsticas e pouca evidncia de que o Ciclo PDCA seguido

    na anlise e soluo de problemas. Gosh & Sobek (2002) consideram que o CQT passou de

    uma abordagem cientfica de anlise e soluo de problemas para um conceito retrico,

    colocando assim o PDCA em segundo plano.

    Figura 21- Ciclo PDCA para melhorias QC Story Fonte: Adaptado de Campos (1992)

    Segue a descrio dos passos do PDCA, conforme propostos por Campos (1992).

  • 44

    Passo 1 Traar um plano (PLAN)

    Este passo estabelecido com bases nas diretrizes da empresa. Quando traado

    um plano, h trs pontos importantes para considerar: (i) estabelecer os objetivos, sobre os

    itens de controles, (ii) estabelecer o caminho para atingi-los e (iii) decidir quais os mtodos a

    serem usados para consegu-los. Como pode ser visto, depois de definidos os objetivos, deve-

    se estabelecer uma metodologia adequada para atingir os resultados.

    Passo 2 Executar o plano (DO)

    Este passo pode ser abordado em trs pontos importantes: (i) treinar no trabalho o

    mtodo a ser empregado, (ii) executar o mtodo e (iii) coletar os dados para verificao do

    processo.

    Passo 3 - Verificar os resultados (CHECK)

    Esta etapa compreende a verificao do processo e avaliao dos resultados

    obtidos obedecendo aos seguintes itens: (i) verificar se o trabalho est sendo realizado de

    acordo com o padro, (ii) Verificar se os valores medidos variaram, e comparar os resultados

    com o padro e (iii) verificar se os itens de controle correspondem com os valores dos

    objetivos.

    Passo 4 Fazer aes corretivamente (ACT)

    Neste passo so tomadas aes baseadas nos resultados apresentados no passo 3

    obedecendo aos seguintes critrios: (i) se o trabalho desviar do padro, aes devem ser

    tomadas para corrigir estes desvios, (ii) se um resultado estiver fora do padro, deve-se

    investigar as causas e tomar aes para prevenir e corrigir e (iii) melhorar o sistema de

    trabalho e o mtodo.

    A anlise do processo (conhecimento do processo atravs de dados e fatos) uma

    seqncia de procedimentos lgicos, baseada em fatos e dados, que visa encontrar a causa raiz

    dos problemas e, segundo Campos (1992), deveria ser praticada por todos dentro das

    organizaes, do presidente ao operador. Na Figura 22, Campos (1992) apresenta um roteiro

    para aplicao do mtodo QC Story. Campos (1992) tambm apresenta a relao entre as

    fases do ciclo PDCA e a utilizao das ferramentas da qualidade, esta relao mostrada na

    Figura 23.