Matadadaerial Bom de Ozonio

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA REMOÇÃO DE COMPOSTOS FENÓLICOS DE EFLUENTES PETROQUÍMICOS COM TRATAMENTOS SEQÜENCIAIS E SIMULTÂNEOS DE OZONIZAÇÃO E ADSORÇÃO. FERNANDA BATISTA DE SOUZA FLORIANÓPOLIS FEVEREIRO 2009

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    CENTRO TECNOLGICO

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUMICA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA QUMICA

    REMOO DE COMPOSTOS FENLICOS DE

    EFLUENTES PETROQUMICOS COM TRATAMENTOS

    SEQENCIAIS E SIMULTNEOS DE OZONIZAO E

    ADSORO.

    FERNANDA BATISTA DE SOUZA

    FLORIANPOLIS

    FEVEREIRO 2009

  • ii

    FERNANDA BATISTA DE SOUZA

    Remoo de Compostos Fenlicos de Efluentes Petroqumicos com Tratamentos

    Seqenciais e Simultneos de Ozonizao e Adsoro.

    Dissertao de mestrado submetida ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Qumica do Centro Tecnolgico da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Qumica.

    Orientadora: Prof. Dr. Selene M. A. Guelli Ulson de Souza

    Co-orientador: Prof. Dr. Antnio Augusto Ulson de Souza

    Florianpolis Santa Catarina Fevereiro/2009

  • iii

    Remoo de Compostos Fenlicos de Efluentes Petroqumicos com

    Tratamentos Seqenciais e Simultneos de Ozonizao e

    Adsoro.

    Por

    Fernanda Batista de Souza

    Dissertao julgada para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Qumica, rea de concentrao Desenvolvimento de Processos Qumicos e Biotecnolgicos, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Ps-graduao em Engenharia Qumica da Universidade Federal de Santa Catarina.

    ____________________________________ ___________________________________ Prof. Dr. Selene M. A. Guelli U. de Souza Prof. Dr. Antnio Augusto Ulson de Souza Orientadora Co-orientador

    ___________________________ Prof. Dr. Leonel Teixeira Pinto Coordenador do CPGENQ

    Banca Examinadora:

    _________________________________________________ Prof. Dr. Selene M. A. Guelli Ulson de Souza (Orientadora)

    _________________________________________________ Prof. Dr. Antnio Augusto Ulson de Souza (Co-orientador)

    _________________________________________________

    Prof. Dr. Adriano da Silva membro externo

    _________________________________________________ Prof. Dr. Regina de Ftima Peralta Muniz Moreira

    Florianpolis, 13 Fevereiro de 2009.

  • iv

    AGRADECIMENTOS

    Este trabalho resultante do esforo conjunto de muitas pessoas, a elas meus agradecimentos: A Deus, razo de todo meu esforo e dedicao. Aos meus orientadores Prof. Dr Selene M. A. Guelli Ulson de Souza e Prof. Dr. Antnio Augusto Ulson de Souza, pela oportunidade e por acreditarem no meu trabalho. Muito Obrigada! Ao professor Maurcio Luiz Sens, pela ateno e pelo emprstimo do gerador de oznio. ANP/PRH 09, na pessoa do Prof. Dr. Clvis R. Maliska, coordenador do PRH 09, e do Pesquisador Visitante, Axel Dihlmann, pelo apoio e financiamento do presente trabalho. Empresa CARBOMAFRA, por fornecer o carvo ativado estudado. Aos professores componentes da banca, pela disposio para a avaliao deste trabalho e pelas valiosas observaes e sugestes. pesquisadora Dr Helosa de Lima Brando, por todos os conceitos transmitidos e por ser um grande exemplo de pesquisadora e de cidad. Universidade Federal de Santa Catarina e ao Programa de Ps-graduao em Engenharia Qumica, na pessoa de seu coordenador, secretrio, professores e demais funcionrios. minha Famlia, por todo amor recebido a cada chegada. Aos amigos Andressa, Franciele e Alessandro, pelo incentivo e pela acolhida; Gheise, Cristiane, Adriana, Fernanda e Suzy, por tornarem os momentos de trabalho mais divertidos; Karin, pela ajuda na construo do sistema de ozonizao e por sua pacincia, muito obrigada; Karina, Marcus Vincius, Aparecida e Ivel, por serem meu sustento nos momentos mais difceis; a todos vocs, com muito carinho, Obrigada!

  • v

    Aos meus pais Vera Lcia e Osmar,

    pelo incentivo, dedicao e exemplo

    em todos os momentos da minha vida.

  • vi

    "A cincia humana de maneira nenhuma nega a existncia de Deus. Quando considero quantas e quo maravilhosas coisas o homem compreende, pesquisa e consegue realizar, ento reconheo claramente que o esprito humano obra de Deus, e a mais notvel."

    Galileu Galilei

  • vii

    SUMRIO

    LISTA DE TABELAS .......................................................................................... x

    LISTA DE FIGURAS ........................................................................................... xi

    SIMBOLOGIA E NOMENCLATURA ........................................................... xiv

    RESUMO ............................................................................................................... xvii

    ABSTRACT ........................................................................................................... xviii

    1 INTRODUO .................................................................................... 19

    2 OBJETIVOS ......................................................................................... 22

    2.1 Objetivo Geral ...................................................................................... 22

    2.2 Objetivos Especficos ............................................................................ 22

    3 REVISO BIBLIOGRFICA ............................................................ 24

    3.1 Efluentes Lquidos na Indstria Petroqumica ................................. 24

    3.2 Legislao Ambiental ........................................................................... 25

    3.3 Ozonizao ............................................................................................ 26

    3.3.1 Propriedades Qumicas do Oznio ......................................................... 26

    3.3.2 Mecanismos de Reao do Oznio Dissolvido em gua ...................... 27

    3.3.2.1 Reao do Oznio por Via Direta ou Molecular .................................... 29

    3.3.2.2 Reao do Oznio por Via Indireta ou Radicalar .................................. 31

    3.3.3 Gerao, Estabilidade e Transferncia do Oznio na gua ................... 32

    3.3.4 Oznio no Tratamento de Efluentes ...................................................... 34

    3.3.4.1 Utilizao de Oznio na Remoo de Fenis ......................................... 36

    3.3.5 Toxicidade do Oznio ............................................................................ 37

    3.4 Adsoro ................................................................................................ 38

    3.4.1 Isotermas de Adsoro ........................................................................... 39

    3.4.2 Cintica de Adsoro ............................................................................. 43

    3.4.3 Adsoro em Leito Fixo ......................................................................... 47

  • viii

    3.4.4 Adsorventes ............................................................................................ 49

    3.4.4.1 Carvo Ativado ...................................................................................... 50

    3.5 Ozonizao e Adsoro ........................................................................ 52

    4 PARTE EXPERIMENTAL ................................................................. 55

    4.1 Proposta de Tratamentos ..................................................................... 55

    4.2 Materiais ............................................................................................... 55

    4.2.1 Reagentes e Solues ............................................................................. 55

    4.2.2 Adsorvente ............................................................................................. 56

    4.3 Mtodos ................................................................................................. 57

    4.3.1 Gerao de Oznio ................................................................................. 57

    4.3.2 Sistema de Ozonizao ........................................................................... 58

    4.3.3 Ensaios de Ozonizao Tratamento 1 ................................................. 63

    4.3.3.1 Experimentos em Batelada ..................................................................... 63

    4.3.3.2 Experimentos em Sistema Contnuo ...................................................... 63

    4.3.3.3 Determinao do Coeficiente de Transferncia de Massa (KLa) ........... 65

    4.3.4 Preparao do Adsorvente ...................................................................... 67

    4.3.5 Caracterizao do Adsorvente ................................................................ 67

    4.3.6 Ensaios de Adsoro Tratamento 2 ..................................................... 69

    4.3.6.1 Determinao das Condies Experimentais de Adsoro ................... 69

    4.3.6.2 Experimentos Cinticos .......................................................................... 69

    4.3.6.3 Experimentos de Equilbrio .................................................................... 70

    4.3.6.4 Experimentos em Coluna ....................................................................... 71

    4.3.7 Tratamentos Seqenciais (Pr-Ozonizao e Ps-Adsoro)

    Tratamento 3 .......................................................................................... 73

    4.3.8 Tratamentos Simultneos (Ozonizao e Adsoro) Tratamento 4 .... 75

    5 RESULTADOS E DISCUSSES ....................................................... 77

    5.1 Eficincia de Transferncia de Massa ................................................ 77

    5.2 Tratamento 1 ........................................................................................ 78

    5.2.1 Ozonizao em Batelada ........................................................................ 78

    5.2.2 Ozonizao em Sistema Contnuo........................................................... 83

    5.2.3 Determinao do Coeficiente de Transferncia de Massa (KLa) ........... 85

    5.3 Caracterizao do Adsorvente ............................................................ 88

    5.4 Tratamento 2 ........................................................................................ 93

  • ix

    5.4.1 Testes Preliminares ................................................................................ 93

    5.4.2 Estudo Cintico ...................................................................................... 95

    5.4.3 Estudo de Equilbrio ............................................................................... 97

    5.4.4 Adsoro de Fenol em Leito Fixo .......................................................... 100

    5.5 Tratamento 3 ........................................................................................ 103

    5.6 Tratamento 4 ........................................................................................ 109

    6 CONCLUSES E SUGESTES ........................................................ 115

    7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................... 118

    ANEXOS ................................................................................................................ 127

    Anexo I ................................................................................................................... 127

    Anexo II .................................................................................................................. 129

    Anexo III ................................................................................................................ 131

  • x

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Processos de tratamento de efluentes lquidos ................................. 25

    Tabela 2: Potenciais de oxidao de compostos oxidantes .............................. 27

    Tabela 3: Fator de separao e tipo de isoterma .............................................. 42

    Tabela 4: Reagentes e marcas utilizados no trabalho ....................................... 56

    Tabela 5: Descrio do adsorvente utilizado .................................................... 57

    Tabela 6: Caractersticas do processo de ozonizao em sistema contnuo ..... 64

    Tabela 7: Caractersticas dos ensaios de adsoro em coluna ......................... 73

    Tabela 8: Dados de eficincia de transferncia de massa ................................ 77

    Tabela 9: Caracterizao qumica do material adsorvente ............................... 88

    Tabela 10: Quantificao da anlise qumica do carvo ativado utilizando

    MEV ................................................................................................. 89

    Tabela 11: Valores da rea superficial, volume e tamanho do poro do

    adsorvente ......................................................................................... 93

    Tabela 12: Parmetros cinticos obtidos atravs da linearizao dos modelos

    propostos .......................................................................................... 96

    Tabela 13: Parmetros das Isotermas de Adsoro para o efluente sinttico ..... 98

    Tabela 14: Parmetros de adsoro em leito fixo .............................................. 102

    Tabela 15: Concentrao de fenol e DQO residuais dos efluentes pr-

    ozonizados ........................................................................................ 103

    Tabela 16: Remoo de Fenol e DQO para os processos aplicados no

    Tratamento 3 .................................................................................... 108

    Tabela 17: Parmetros cinticos obtidos atravs da linearizao dos modelos

    propostos para efluentes ozonizados ................................................ 110

    Tabela 18: Resumo dos resultados dos processos estudados em sistema

    contnuo ............................................................................................ 113

  • xi

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Disponibilidade de gua no Planeta ............................................... 19

    Figura 2: Possveis formas da estrutura molecular do oznio ......................... 27

    Figura 3: Reaes entre o oznio e compostos orgnicos na gua .................. 28

    Figura 4: Cicloadio do oznio em compostos insaturados Dor, 1989 (In:

    LPEZ, 2004) .................................................................................. 29

    Figura 5: Substituio eletroflica em um carbono aromtico Decoret et al.,

    1984 (In: LPEZ, 2004) .................................................................. 30

    Figura 6: Esquema de ozonizao de uma base de Schiff em solvente inerte

    Bailey, 1982 (In: LPEZ, 2004) ...................................................... 30

    Figura 7: Tolerncia do ser humano ao oznio (In: DI BERNARDO, 1993).. 38

    Figura 8: Isotermas de Adsoro classificadas por Brunauer et al. (1938) ..... 40

    Figura 9: Curva de Breakthrough (In: RAMALHO, 1983) ............................. 48

    Figura 10: Gerador de Oznio ........................................................................... 58

    Figura 11: (a) Coluna de transferncia de oznio, b) Difusores porosos .......... 59

    Figura 12: Rotmetro para gs ........................................................................... 59

    Figura 13: Cilindro de Oxignio ........................................................................ 60

    Figura 14: Sistema de ozonizao em batelada ................................................. 61

    Figura 15: Sistema de medida de concentraes de oznio na fase gasosa, (a)

    no incio e (b) no final do processo ............................................... 62

    Figura 16: Sistema de ozonizao em sistema contnuo .................................... 64

    Figura 17: Sistema de adsoro em leito fixo .................................................... 74

    Figura 18: Sistema dos processos simultneos de ozonizao e adsoro ..... 76

    Figura 19: Remoo de Fenol em diferentes pHs ([fenol] inicial = 50 mg.L-1) .... 78

    Figura 20: Ajuste cintico de primeira ordem ( )ktFF = ]ln[]ln[ 0 na

    degradao de fenol em diferentes pHs ............................................ 79

    Figura 21: Variao do pH em funo do tempo nos processos de ozonizao

    estudados .......................................................................................... 80

    Figura 22: Variao da DQO em funo do tempo nos processos de

    ozonizao estudados ....................................................................... 81

    Figura 23: Variao da DQO terica e DQO experimental em funo do

  • xii

    tempo para experimento em batelada, (a) em pH 2, (b) em pH 7 e

    (c) em pH 10 .....................................................................................

    82

    Figura 24: Variao de C/C0 e DQO com tempo de ozonizao ....................... 84

    Figura 25: Variao da DQO terica e DQO experimental em funo do

    tempo para experimento em sistema contnuo de ozonizao ......... 85

    Figura 26: Variao da concentrao de oznio no meio aquoso em funo do

    tempo, (a) em pH 2, (b) em pH 7 e (c) em pH 10 ............................ 86

    Figura 27: Anlise qualitativa das amostras de adsorvente do carvo virgem .. 89

    Figura 28: Anlises de imagem do carvo ativado antes do processo de

    adsoro utilizando MEV, (a) ampliao de 30 vezes, (b)

    ampliao de 250 vezes e (c) ampliao de 1000 vezes .................. 90

    Figura 29: Anlises de imagem do carvo ativado virgem com ampliao de

    1000 vezes ........................................................................................ 91

    Figura 30: Isotermas de adsoro e dessoro de N2 a 77K para os Carves

    Ativados ........................................................................................... 92

    Figura 31: Remoo de fenol versus quantidade de massa necessria (Sem

    ajuste de pH, [Fenol] inicial = 50 mg.L-1) ........................................... 94

    Figura 32: Influncia do pH na adsoro de Fenol em carvo ativo

    (mcarvo=0,3 g, e [Fenol]inicial= 50mg.L-1) .......................................... 94

    Figura 33: Cintica de adsoro mcarvo = 0,3 g, pH = 5, [Fenol]inicial = 50

    mg.L-1)............................................................................................... 95

    Figura 34: Isoterma de adsoro do efluente sinttico (mcarvo = 0,3 g, pH=5) .. 97

    Figura 35: Variao da concentrao inicial em funo da concentrao de

    equilbrio de fenol de efluentes sinttico ozonizados ....................... 99

    Figura 36: Isoterma de adsoro do efluente sinttico ozonizado ..................... 99

    Figure 37: Mecanismo da ozonlise do Fenol (In: HSU et al., 2007) ............... 100

    Figura 38: Curva de Breakthrough (ruptura) ..................................................... 101

    Figura 39: Variao da DQO em funo do tempo em coluna de leito fixo ..... 102

    Figura 40: Variao da concentrao de fenol em funo do tempo de

    efluentes ps-tratados por adsoro e pr-tratados com oznio por

    (a) 3 min, (b) 6 min e (c) 9 min ........................................................ 104

    Figura 41: Variao da DQO em funo do tempo de efluentes ps-tratados

    por adsoro e pr-tratados com oznio por (a) 3 min, (b) 6 min e

  • xiii

    (c) 9 min ........................................................................................... 106

    Figura 42: Variao de C/C0 em funo do tempo obtida utilizando processos

    combinados de ozonizao e adsoro ............................................. 109

    Figura 43: Variao da DQO em funo do tempo obtida utilizando processos

    combinados de ozonizao e adsoro ............................................. 112

    Figura 44: Variao de C/C0 em funo do tempo obtida utilizando os

    processos combinados de ozonizao e adsoro e individuais de

    ozonizao e adsoro em leito fixo ................................................ 113

  • xiv

    SIMBOLOGIA E NOMENCLATURA

    Angstroms

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    AC cidos Carboxlicos

    b Parmetro Caracterstico para cada Sistema.

    BET Brunauer, Emmet e Teller

    C0 Concentrao Inicial (mg.L-1)

    Ce Concentrao de Equilbrio do Soluto na Fase Fluida (mg.L-1)

    CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

    de So Paulo

    CL Concentrao de oznio na soluo (mg.L-1)

    CL0 Concentrao de oznio inicial (mg.L-1)

    CLsat Concentrao de saturao do oznio no lquido (mg.L-1)

    CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

    Cref Qualquer Concentrao de Equilbrio da Fase Lquida

    DNN Rede Neural Dinmica

    DQO Demanda Qumica de Oxignio (mgO2.L-1)

    E Eficincia de transferncia de oznio para a gua (%)

    EDAX Espectrometria de Energia Dispersiva de Raios-X

    EPA Agncia de Proteo Ambiental

    EUA Estados Unidos da Amrica

    F Fenis

    GAT Grupos cidos Totais

    GBT Grupos Bsicos Totais

    h Velocidade de Adsoro Inicial (mg.g-1.h-1)

    H2O2 Perxido de Hidrognio

    k Constante de Equilbrio de Adsoro (L.mg-1)

    kf Constante de Equilbrio de Adsoro de Freundlich (L.mg-1)

    kin Constante da Velocidade para Difuso dentro da

    Partcula

    (mg.g-1.h-1/2)

    kL Constante de Equilbrio de Adsoro de Langmuir (L.mg-1)

  • xv k1 Constante da Velocidade Pseudo 1 Ordem (L.h

    -1)

    k2 Constante da Velocidade Pseudo 2 Ordem (g.mg-1.h-1)

    K Kelvin

    Kd Constante de decomposio do oznio (min-1)

    KLa Coeficiente de Transferncia de Massa (min-1)

    La Lactonas

    MEV Microscopia Eletrnica de Varredura

    n Constante de Freundlich;

    N Normalidade

    OH Radicais Hidroxilas

    [O3]feed-gas Concentrao de oznio afluente s colunas (mg.L-1)

    [O3]off-gas Concentrao de oznio efluente das colunas (mg.L-1)

    [O3]transf Concentrao de oznio transferida para a gua (mg.L-1)

    pH Potencial Hidrogeninico

    pHpcz Ponto de Carga Zero

    PM Massa Molecular (g.gmol-1)

    POAs Processos Oxidativos Avanados

    qe Quantidade de Fenol Adsorvida no Equilbrio (mg.g-1)

    qm Capacidade Mxima de Adsoro (mg.g-1)

    R2 Coeficiente de correlao

    RL Parmetro de Equilbrio Adimensional

    Rpm Rotao por minuto (min-1)

    t Tempo (min, h)

    T Temperatura (C)

    V Volume da Soluo (L)

    W Massa de Adsorvente (g)

  • xvi Letra Grega

    Taxa de Adsoro Inicial (mg.g-1.h-1)

    Extenso da Cobertura da Superfcie de Energia de

    Ativao para Quimissoro

    (g.mg-1)

    Massa especfica do slido (g.L-1)

    Porosidade (adimensional)

  • xvii

    RESUMO

    A contaminao das guas pela indstria petroqumica, que gera contaminantes de alta

    toxicidade, como os fenis, desperta interesse em relao ao seu tratamento. O oznio

    uma alternativa para o tratamento de efluentes, mostrando-se eficaz na descontaminao

    ambiental, reduzindo a DQO e degradando os fenis. A adsoro tambm tem se

    mostrado muito eficiente na remoo de fenis da gua; por isso, a combinao dos

    processos de ozonizao e adsoro, de forma seqencial e simultnea, pode aumentar

    ainda mais a eficincia de degradao-remoo do fenol, bem como diminuir custos de

    tratamento. Este trabalho objetivou investigar a eficincia de remoo de compostos

    fenlicos presentes em efluentes petroqumicos sintticos, mediante ao uso de processos

    combinados de oxidao, utilizando oznio como agente oxidante, e adsoro com

    carvo ativado. O sistema de ozonizao foi constitudo de um gerador de oznio, uma

    coluna de transferncia de oznio com difusores porosos, um rotmetro para gs e

    cilindro de gs oxignio; um carvo ativado derivado de cascas de coco foi utilizado

    como adsorvente. Verificou-se que, em pHs cidos, o oznio apresenta maior

    estabilidade. No processo de ozonizao, a degradao de fenol foi mais rpida em meio

    alcalino (pH=10), onde em 15 min de tratamento 99,7% do fenol foi consumido e a

    remoo de DQO foi de 87,8% em 30 min. O maior percentual de adsoro de fenol

    ocorre num perodo de 4 horas, sendo o modelo cintico de Pseudo 2 ordem o que

    melhor se ajustou aos dados experimentais . Pela curva de Breakthrough o tempo de

    ruptura obtido foi de 19,55 horas, com q = 61,04 mg.g-1. No tratamento seqencial

    pode-se concluir que a combinao que apresenta maior eficincia na degradao-

    remoo do fenol e DQO para o efluente em pH 10, pr-tratado com oznio durante 3

    min, seguido do processo de adsoro por 3 horas. A combinao dos processos de

    ozonizao e adsoro de forma simultnea mostrou-se muito eficiente, pois se

    observou que, para alcanar o limite permitido de concentrao de fenol para descarte

    de efluentes, segundo resoluo 397/08 do CONAMA, foram necessrias 17 horas.

    Palavras chave: Ozonizao; Adsoro; Fenol; Efluentes Petroqumicos

  • xviii

    ABSTRACT

    The water contamination by the petrochemical pollutants with high toxicity, such as

    phenols, is a subject of interest of several researchers. The ozone is an alternative for the

    effluents treatment, being effective in environmental decontamination, reducing the

    COD and degrading the phenols. The adsorption has also been very efficient in the

    removal of phenols from water; so the combination of ozonation and adsorption

    processes of simultaneous and sequential manner, may further increase the efficiency of

    phenol degradation-removal, and reduce costs of treatment. This study aimed to

    investigate the efficiency of removal of phenolic compounds in synthetic petrochemical

    effluent through oxidation processes using ozone as oxidizing agent and adsorption with

    activated carbon. The ozonation system consisted of an ozone generator, a column for

    ozone transfer with porous diffusers, a flowmeter for gas and oxygen gas cylinder; an

    activated carbon derived from coconut shells was used as adsorbent. It was found that at

    acidic pH, the ozone stability has increased. In the process of ozonation, the degradation

    of phenol was faster in alkaline (pH = 10), where in 15 minutes of treatment 99.7% of

    phenol was consumed and the removal of COD was of 87.8% in 30 min. The largest

    percentage of adsorption of phenol occurs in a time of 4 hours and the kinetic model that

    best fits the experimental data was the Pseudo 2nd order. The curve of Breakthrough

    pointed to a time of rupture of 19,55 hours with a q = 61,04 mg.g-1. In the sequential

    treatment it can be concluded that the combination shows great efficiency in

    degradation-removal of phenol and COD in an effluent pH 10 with pre-treated with

    ozone for 3 min, then followed for a process of adsorption for at least 3 hours. The

    combination of ozonation and adsorption processes at the same time was very efficient,

    since it was observed that to achieve the maximum permissible concentration of phenol

    for disposal of effluents, according to resolution 397/08 CONAMA, it was necessary 17

    hours.

    Keywords: Ozonation; Adsorption; Phenol; Petrochemicals Effluents

  • 19 1 INTRODUO

    A gua, elemento natural imprescindvel vida, vem rareando em qualidade e

    quantidade no Planeta. Embora seja um recurso renovvel, sua capacidade finita. A

    Terra tem 70% de sua superfcie recoberta por gua e apenas 30% de rea continental;

    por esse motivo, conhecida como Planeta gua.

    Observa-se que a quase totalidade - 97,0% - deste recurso no se encontra em

    disponibilidade para uso, por se tratar de gua salgada. 3,0% correspondem gua

    doce, dos quais 2,3% se encontram nas calotas polares, portanto, indisponvel para uso;

    enquanto os 0,7% restantes correspondem parcela disponvel para consumo humano.

    A Figura 1 apresenta a disponibilidade de gua no Planeta.

    Figura 1: Disponibilidade de gua no Planeta.

    Ainda considerando o percentual de gua doce, constata-se que, do volume total,

    77% so guas congeladas; 22% compem os lenis subterrneos e apenas 1% refere-

    se s guas superficiais (PIMENTEL, 1999).

    O alto grau de contaminao das guas, do solo e da atmosfera, aliado

    tendncia do esgotamento de recursos naturais renovveis, possibilidade de perdas

    irreparveis na biodiversidade e ocorrncia de acidentes ambientais de grandes

  • 20 propores, resultam na discusso sobre a possibilidade de sobrevivncia do homem e,

    at mesmo, da vida no Planeta Terra, modificando a crena prvia de que o ambiente

    teria inesgotvel capacidade de absorver impactos e regenerar-se e de fornecer matria-

    prima e elementos essenciais vida indefinidamente.

    A indstria do petrleo, que se iniciou h mais de 150 anos atrs com a

    explorao comercial do primeiro poo, no Texas, EUA em 1859, e com a abertura da

    primeira refinaria para a produo de querosene dois anos depois, evoluiu para uma

    atividade industrial de grande porte, com processos altamente sofisticados de prospeco

    e produo. Apesar de esta indstria preocupar-se com prticas de trabalho seguras,

    somente nos ltimos 20 anos o interesse com a preservao ambiental e o

    desenvolvimento de tecnologias mais limpas recebeu destaque. Assim, a indstria

    petroqumica investe atualmente no desenvolvimento de tecnologias de menor impacto

    ambiental, que sejam, entretanto, compatveis com a eficincia e produtividade dos

    processos de produo e tambm no tratamento de resduos e efluentes (MUSTAFA,

    1998).

    Os fenis so reconhecidos como contaminantes prioritrios, ou seja, so

    substncias txicas, que podem ser introduzidas nas guas dos rios atravs das emisses

    de efluentes industriais como os de papel e celulose, refino de petrleo, petroqumica,

    siderrgica e plstica. Devido a sua alta volatilidade e solubilidade em gua, os fenis

    conferem problemas de gosto e odor em guas potveis, mesmo em concentraes de

    uma parte por bilho. Entre os processos que geram efluentes fenlicos, pode-se citar: a

    coqueificao do carvo, onde os fenis so os principais contaminantes, podendo ser

    encontrados em at alguns gramas por litro; o processo de branqueamento da celulose,

    onde se encontram os clorofenis; nas indstrias qumicas que processam resinas

    fenlicas e nas indstrias de fabricao de insumos agrcolas (ROSA, 1995). Na

    indstria petroqumica, podem ser encontrados em diferentes processos industriais como

    o processamento das diferentes fraes do leo bruto, na fabricao de tintas, resinas e

    plsticos e ainda em resduos da converso do coque.

    Dentre os recursos naturais, os recursos hdricos, so os que mais tm sofrido

    conseqncias com o descarte imprprio de efluentes industriais contendo compostos

    fenlicos. Sabe-se que o processo de ozonizao tem sido amplamente utilizado no

    tratamento de gua potvel para a desinfeco, bem como para a remoo de

    contaminantes indesejados. Estudos recentes mostram que o processo de ozonizao

  • 21 um mtodo eficaz que permite a degradao de um grande nmero de compostos

    orgnicos, tais como os fenis.

    Como o processo de ozonizao ainda hoje um processo de alto custo devido ao

    grande consumo energtico e com o intuito de reduzir ainda mais a quantidade de fenol

    nos descartes lquidos, as indstrias tm buscado novas tecnologias. Dentre os processos

    de tratamento para a remoo de compostos fenlicos, encontram-se os processos

    biolgicos, que apresentam a desvantagem de no tolerar altas concentraes de fenol,

    devido toxicidade que este apresenta sobre os microrganismos. A adsoro, processo

    de tratamento largamente usado na remoo de compostos fenlicos, considerada um

    processo muito atrativo, considerando a elevada eficincia quando se trata da remoo

    deste composto (TANCREDI et al., 2004).

    Com o intuito de promover um mtodo eficaz e de custo reduzido de tratamento

    de efluentes contaminados por compostos fenlicos, neste trabalho apresentada uma

    metodologia acoplando dois processos de tratamento: ozonizao e adsoro, de forma

    seqencial, realizando um pr-tratamento com oznio e ps-tratamento com adsoro, e

    de forma simultnea, promovendo uma sinergia no tratamento. Tambm foram

    estudados os processos de forma individual para efeito de comparao.

  • 22 2 OBJETIVOS

    2.1 Objetivo Geral

    O objetivo principal do presente trabalho avaliar a eficincia de remoo de

    compostos fenlicos presentes em efluentes petroqumicos sintticos, mediante

    utilizao isolada e seqencial de processos de oxidao, utilizando oznio como agente

    oxidante e adsoro com carvo ativado.

    Procura-se com isso contribuir para que se estabelea um processo de tratamento

    mais efetivo utilizando os dois processos individuais, seqenciais e simultneos, de

    forma que seja capaz de oferecer gua dentro dos padres de qualidade exigidos pela

    legislao.

    2.2 Objetivos Especficos

    Avaliar a transferncia de oznio para a gua destilada em diferentes pHs;

    Avaliar a remoo de fenol por ozonizao em diferentes pHs;

    Avaliar a remoo de DQO em diferentes pHs;

    Estudar cinticas de adsoro do carvo ativo utilizando efluente sinttico e

    efluente ozonizado;

    Construir isotermas de adsoro em batelada para efluente sinttico e efluente

    ozonizado;

    Caracterizar o adsorvente utilizado atravs da anlise de imagem (MEV),

    composio qumica e determinar a porosidade do material adsorvente;

    Estudar a adsoro em sistema contnuo (coluna de adsoro), obtendo curva de

    ruptura;

    Estudar o pr-tratamento com oznio seguido por adsoro, avaliando a remoo

    de fenol e DQO;

    Realizar ensaios de tratamentos simultneos de ozonizao e adsoro;

  • 23

    Realizar um estudo comparativo entre os tratamentos aplicados.

    No captulo a seguir ser apresentada uma reviso da literatura considerando os

    aspectos relevantes a esta pesquisa.

  • 24 3 REVISO BIBLIOGRFICA

    3.1 Efluentes Lquidos na Indstria Petroqumica

    Diversos compostos orgnicos perigosos so encontrados no efluente das

    indstrias qumica e petroqumica. Por causa de sua toxicidade para o homem e para a

    vida marinha, foram impostos restritos regulamentos para a concentrao desses

    compostos em efluentes para garantir um descarte seguro (LIN e HUANG, 1999).

    O petrleo uma mistura complexa de hidrocarbonetos e de pequenas

    quantidades de compostos orgnicos, contendo: enxofre, nitrognio e oxignio, assim

    como, baixas concentraes de compostos orgnicos metlicos, principalmente: nquel e

    vandio (PEDROZO et al., 2002).

    Dentro de uma refinaria de petrleo, os fenis podem estar presentes em vrios

    tipos de efluentes. Nos efluentes no contaminados pode haver em torno de 0,1 mg.L-1

    de fenis, segundo Mustafa (1998). Segundo o mesmo autor, nos efluentes orgnicos, os

    compostos fenlicos esto presentes na drenagem de gua de processo, onde a gua pode

    ser utilizada em contato direto com as correntes de processo, na concentrao de 20

    mg.L-1, assim como na drenagem de intermitentes e de tanques, onde alguns tanques de

    armazenamento de matrias-primas, produtos finais e intermedirios podem acumular

    certa quantidade de gua proveniente do processo. Devido imiscibilidade da gua com

    esses compostos orgnicos, ocorre a formao de duas fases; a fase aquosa, que

    normalmente a mais densa, drenada periodicamente pelo fundo do tanque. Essa

    drenagem considerada contaminada, devido ao contato ntimo da gua com compostos

    orgnicos.

    Os principais contaminantes encontrados nos efluentes lquidos das indstrias

    petroqumicas podem ser classificados como: slidos dissolvidos, slidos suspensos e

    compostos orgnicos. Os metais pesados, gases dissolvidos, contaminantes biolgicos e

    radioativos aparecem com menor intensidade nesses efluentes.

    Na Tabela 1 esto relacionados alguns dos principais processos de tratamento de

    efluentes lquidos utilizados na indstria petroqumica.

  • 25

    Tabela 1: Processos de tratamento de efluentes lquidos.

    PROCESSOS Slidos

    Dissolvidos

    Slidos Suspensos Compostos Orgnicos

    Osmose Reversa X

    Troca Inica X

    Eletrodilise Reversa X

    Evaporao X

    Macrofiltrao X

    Microfiltrao X

    Ultrafiltrao X

    Nanofiltrao X

    Clarificao X

    Ozonizao X

    Carvo Ativado X

    Destilao X

    Lodo Ativado X

    Fonte: MUSTAFA, 1998.

    3.2 Legislao Ambiental

    As leis ambientais tm contribudo e avanado muito para minimizar a

    quantidade de contaminantes produzidos nos processos industriais. Uma classe de

    contaminantes em destaque recentemente so os compostos fenlicos, considerados

    contaminantes prioritrios, por apresentar periculosidade aos organismos, mesmo em

    baixas concentraes. Muitos desses compostos so classificados como contaminantes

    perigosos devido a seu potencial dano sade humana (HAITAIO et al., 2004 e JUANG

    e SHIAU, 1999). Os fenis tm sido includos na lista de contaminantes prioritrios

    elaborada pela Agncia de Proteo Ambiental (EPA) dos Estados Unidos, que coloca

    os fenis ocupando o 11 lugar entre 126 contaminantes (CALACE et al., 2002). O fenol

    txico aos peixes em concentraes de 1-10 mg.L-1 (BRAILE e CAVALCANTI,

    1993).

  • 26

    Nas guas naturais, os padres para os compostos fenlicos so bastante

    restritivos, tanto na Legislao Federal quanto na Legislao do Estado de Santa

    Catarina. O problema mais grave do fenol o apresentado na utilizao das guas

    contaminadas para fins potveis. guas com concentrao de 0,008 mg.L-1 de fenol, em

    combinao com o cloro, ficam com um sabor reconhecidamente desagradvel de

    clorofenol. Provocam cheiro e sabor desagradveis na gua potvel, em concentraes

    mnimas de 50-100 ppb (BRAILE e CAVALCANTI, 1993).

    Por este motivo, os fenis constituem-se em padro de potabilidade, sendo

    imposto o limite mximo bastante restritivo de 0,001 mg.L-1 pela Portaria 518/2004 do

    Ministrio da Sade (CETESB). J a Resoluo 397/08 do CONAMA define que os

    efluentes de qualquer fonte poluidora somente podero ser lanados, direta ou

    indiretamente, nos corpos de gua desde que obedeam s condies de 0,5 mg.L-1 de

    fenis totais (substncias que reagem com 4-aminoantipirina).

    A legislao ambiental em vigor no estado de Santa Catarina impe os limites

    mximos de compostos fenlicos presentes em guas naturais para os corpos d gua,

    classe 1 e 2 que so destinadas ao abastecimento domstico, em 0,001 mg.L-1 e, em

    despejos industriais, em 0,2mg.L-1 (Decreto n 14.250 de 1981, FATMA).

    3.3. Ozonizao

    3.3.1. Propriedades qumicas do oznio

    O oznio uma forma molecular do oxignio, pouco estvel. O oznio um

    agente oxidante extremamente forte, seu poder de oxidao 52% maior do que o do

    cloro e s excedido pelo flor, conforme mostrado na Tabela 2. O oznio um gs

    incolor que parcialmente solvel na gua e facilmente detectvel em concentraes

    muito baixas (0,01 a 0,05 mg.L-1).

    O odor caracterstico do oznio foi relatado pela primeira vez por van Mauren,

    em 1785, nas proximidades de uma descarga eltrica. Em 1840 foi verificado que o odor

  • 27 era resultante da presena de um composto no estabilizado, cuja estrutura foi

    confirmada em 1872 como um tringulo triatmico alotrpico.

    A configurao triangular da molcula de oznio forma um ngulo de ligao de

    11649 entre os trs tomos de oxignio, de acordo com estudos de microondas, ou

    127, em conformidade com estudos de difrao de eltrons. A ressonncia das

    estruturas das molculas de oznio mostrada na Figura 2.

    Tabela 2: Potenciais de oxidao de compostos oxidantes.

    Oxidantes Potenciais de Oxidao (Volts)

    Flor 2,87

    Oznio 2,07

    Perxido de Hidrognio 1,77

    Hipoclorito 1,49

    Cloro 1,36

    Radical OH 2,80

    Figura 2: Possveis formas da estrutura molecular do oznio.

    3.3.2 Mecanismos de reao do oznio dissolvido em gua

    Quando o oznio est dissolvido na gua, os seguintes mecanismos de reao

    podem ocorrer:

    - Reao direta com compostos dissolvidos;

    - Decomposio em oxidantes secundrios altamente reativos ( 2, OHOH );

    - Formao de oxidantes secundrios adicionais, a partir da reao do oznio com outros

    solutos.

  • 28 - Subseqentes reaes destes oxidantes secundrios com solutos.

    As reaes citadas podem ou no ocorrer simultaneamente, dependendo das

    condies da reao e da composio qumica das substncias dissolvidas na gua.

    A Figura 3 apresenta de forma esquemtica os mecanismos de reao do oznio

    com compostos orgnicos na gua.

    Figura 3: Reaes entre o oznio e compostos orgnicos na gua (In: MORAIS, 2006).

    Enquanto a reao direta altamente seletiva e relativamente lenta, a reao

    indireta atravs do radical OH pode reagir fcil e rapidamente com muitos compostos

    presentes na gua, porm no seletiva.

    Algumas condies contribuem para que um dado mecanismo ocorra (pH,

    natureza do substrato, presena de sais dissociados). A presena de substratos facilmente

    oxidados, em meio cido, favorece a via direta; j o ataque, em meio alcalino, de solutos

    dificilmente oxidados, tem lugar principalmente por via do radical (LPEZ, 2004).

    De acordo com Bollyky e Siler (1989), sob condies de pH cido ou neutro, o

    oznio molecular dissolvido reage com materiais orgnicos. Em condies de pH

    alcalino, o oznio decompe-se e origina inicialmente radicais hidroxilas ( OH ), os

    quais reagem rapidamente com a maioria dos compostos orgnicos. Os radicais

  • 29 hidroxilas so conhecidos por serem mais reativos e menos seletivos em suas reaes

    que o oznio molecular.

    3.3.2.1 Reao do oznio por via direta ou molecular

    Representa a ao direta da molcula de oznio com outras molculas orgnicas

    ou inorgnicas. O oznio com suas estruturas de ressonncia pode agir como um dipolo,

    sendo um agente eletroflico ou um agente nucleoflico. Estas reaes diretas so

    consideradas como muito seletivas (SILVA et al., 2006).

    Na reao de cicloadio de oznio, o oznio pode reagir com as ligaes

    insaturadas com a formao de ozonide primrio, como mostra a Figura 4. Na presena

    da gua, o oznio se decompe para formar os aldedos, cetonas e perxido de

    hidrognio.

    Figura 4: Cicloadio do oznio em compostos insaturados, Dor, 1989 (In: LPEZ, 2004).

    J na reao eletroflica do oznio, o oznio ataca os stios de alta densidade

    eletrnica, compostos aromticos, aminas, compostos de enxofre, etc. No caso dos

    compostos aromticos, o ataque eletroflico favorecido em compostos cujo anel

    aromtico ativado por grupamentos doadores de eltrons OH, NH2, OCH3, etc. Isto

  • 30 porque os grupamentos induzem a uma densidade eletrnica elevada sobre o ciclo

    aromtico, que facilita a substituio eletroflica. A ao do oznio molecular sobre os

    compostos aromticos favorece a formao de compostos hidroxilados e quinnicos,

    pois a formao de compostos alifticos originada da ruptura do ciclo aromtico,

    ilustrado na Figura 5.

    Figura 5: Substituio eletroflica em um carbono aromtico, Decoret et al., 1984 (In: LPEZ, 2004).

    O ataque nucleoflico do oznio se d sobre os stios que apresentam um dficit

    eletrnico, como mostra a Figura 6.

    Figura 6: Esquema de ozonizao de uma base de Schiff em solvente inerte, Bailey, 1982 (In: LPEZ,

    2004).

  • 31 3.3.2.2 Reao do oznio por via indireta ou radicalar

    Este mecanismo favorecido em meio alcalino. O oznio uma molcula muito

    reativa, mas sua decomposio na gua conduz formao de espcies mais reativas, os

    radicais hidroxilas OH . Esta decomposio composta de trs fases distintas: a

    iniciao radicalar, a propagao e a finalizao por ruptura da corrente radicalar.

    Na iniciao a molcula de oznio se decompe para formar radicais livres,

    espcies extremamente reativas e pouco seletivas. Esta decomposio do oznio

    depende de vrios parmetros como: pH, velocidade com a qual o oznio molecular

    reage com o substrato e os solutos e a presena de substncias que favorecem a

    formao do radical OH . Os iniciadores de radicais livres so os compostos capazes de

    induzir a formao do on superoxidado 2O a partir de uma molcula de oznio. Entre

    esses compostos, pode-se citar: OH-, HO 2 , diversos ctions metlicos, cido frmico,

    o perxido hidrognio e a luz ultravioleta que permite fornecer a energia necessria para

    a ruptura homoltica de uma ligao oxignio-oxignio (von GUNTEN, 2003a).

    ++ 223 HOOOHO

    + + HOHO 22

    Na etapa de propagao, os radicais reagem para gerar outros radicais. Esta etapa

    diretamente influenciada pela presena de propagadores de radicais, isto , os

    compostos capazes de regenerar o on superxido a partir de um radical hidroxila OH .

    2323 OOOO ++

    + + HOHO 33

    23 OOHHO +

    O OH pode reagir com o oznio da seguinte maneira:

    + 43 HOOOH

    + 224 HOOHO

  • 32 Com o decaimento de 4HO para 2O e

    2HO a reao em cadeia pode comear

    de novo. Substncias que convertem OH para radicais 2O e/ou

    2HO promovem a

    reao em cadeia e, devido a isto, so chamados promotores.

    Molculas orgnicas tambm podem agir como promotores:

    OHHROHRH 22 ++

    Se o oxignio est presente, radicais orgnicos peroxi ( ROO ) podem ser

    formados. E estes podem reagir em seguida, eliminando 22 / HOO e entrando na reao

    em cadeia:

    + 22 HROOHR

    + 22 HORHRO

    + OHROHRO2

    Na finalizao os radicais reagem entre si ou com outras molculas para formar

    uma molcula inerte. As reaes finais produzem espcies no radicalares a partir de

    espcies radicalares.

    OHOHOOH 222 ++

    3.3.3 Gerao, Estabilidade e Transferncia do Oznio na gua

    O mtodo de gerao do oznio mais utilizado efetuado a partir de descargas

    eltricas entre dois eletrodos separados por placas dieltricas. Outros mtodos para

    gerao de oznio podem ser: a gerao fotoqumica, a gerao eletroltica e a gerao

    radioqumica.

    Todavia, o oznio pode ser gerado de diversas maneiras, sendo que a maioria

    delas requer que as ligaes estveis da molcula de oxignio sejam divididas em dois

    tomos de oxignio, que reagem quase imediatamente com a molcula do oxignio para

    formar o oznio.

    OOO +2

    32 OOO +

  • 33

    Quando se necessita de grandes quantidades de oznio e maiores concentraes

    desse gs, a tecnologia da descarga corona deve ser aplicada. uma descarga eltrica

    silenciosa, que fornece aos eltrons energia cintica suficiente para dividir a dupla

    ligao do oxignio-oxignio no impacto com a molcula de oxignio. Os dois tomos

    de oxignio, produtos dessa coliso, reagem em outra coliso de oxignio para formar o

    oznio (MONDARDO, 2004).

    Quando o oznio utilizado para tratar guas de abastecimento pblico ou

    guas residurias, deve ser transferido da fase gasosa, na qual gerado, para a fase

    lquida.

    O oznio instvel na gua. A estabilidade do oznio depende na maior parte da

    matriz da gua, especialmente seu pH, o tipo e o ndice da matria orgnica natural

    (MON) e sua alcalinidade (von GUNTEN, 2003b).

    A transferncia do oznio para a gua, segundo Gould e Ulirsch (1989), citado

    em DI MATTEO,1992, usualmente baseada em processos heterogneos que envolvem

    transferncia de massa do oznio por meio de bolhas, atravs da interface gs/lquido

    para a gua. A transferncia do oznio para a gua comea com a disperso do gs na

    fase lquida, em forma de pequenas bolhas. Posteriormente o oznio incorporado

    massa lquida atravs da interface gs-lquido.

    Laplanche et al. (1989) e Masschelein (1988) relataram que a transferncia do

    oznio depende da turbulncia entre as fases gasosa e lquida, do nmero e tamanho das

    bolhas e da rea de transferncia interfacial entre as duas fases dos fluidos.

    A mistura do gs na gua realizada por difusores porosos ou tubos

    sintetizados, acoplados no fundo da cmara. A escolha do dispositivo de dissoluo e

    mistura baseada na qualidade da gua e no objetivo da aplicao do oznio. O difusor

    de bolhas finas (placa porosa) e a unidade de contato compartimentada so os mais

    utilizados para as mais diversas aplicaes (LANGLAIS et al., 1991).

    Laplanche et al. (1989) realizaram experimentos utilizando uma cmara com

    dispersor que libera gs em formas de bolhas, em sistema contnuo em contracorrente.

    Observaram que, por meio da coleta de amostras em vrios pontos da cmara, com o

    aumento da altura da cmara, o residual de oznio diminua, devido ao seu consumo

    pelos compostos existentes na gua. Em um ponto de amostragem, situado logo acima

    da placa difusora de oznio e na seo da sada da gua ozonizada, que se localizou num

    ponto pouco abaixo da placa difusora, as concentraes de oznio foram maiores,

  • 34 significando que, praticamente, no h consumo de oznio devido autodecomposio

    ou oxidao de compostos na gua.

    3.3.4 Oznio no Tratamento de Efluentes

    Muitos estudos tm sido realizados com intuito de desenvolver tecnologias

    capazes de minimizar o volume e a toxicidade dos efluentes industriais, de forma a

    permitir no somente a remoo de substncias contaminantes, mas tambm sua

    completa mineralizao.

    Sano e colaboradores (2007) relatam que, recentemente, a purificao de gua

    com oznio para degradar compostos orgnicos tem sido amplamente desenvolvida

    devido a alguns motivos como segue:

    Reatividade do oznio bastante forte para degradar de forma eficaz os

    compostos orgnicos;

    O oznio pode ser facilmente gerado pelo uso de luz ultravioleta ou

    descarga eltrica;

    O oznio pode ser facilmente convertido em O2;

    A reao com oznio pode ser combinada com outro mtodo para obter

    uma maior purificao da gua.

    Oznio e os processos oxidativos avanados (POAs) relacionados, tais como

    O3/UV, O3/H2O2 O3/ TiO2, tm servido como alternativa para o tratamento de efluentes,

    mostrando-se bastante eficazes no processo de descontaminao ambiental (ALMEIDA

    et al., 2004).

    O oznio capaz de reagir com uma numerosa classe de compostos orgnicos,

    devido, principalmente, ao seu elevado potencial de oxidao (E0 = 2,08 V), superior ao

    de compostos reconhecidamente oxidantes, como H2O2 e o prprio cloro. No entanto,

    muitos compostos orgnicos como os organoclorados reagem lentamente com o oznio

    molecular. Contudo, em determinadas condies, o oznio leva formao de radicais

    hidroxilas ( OH ), cujo potencial de oxidao ainda mais elevado (E0 = 2,80V). Os

    processos que implicam na formao do radical hidroxila so denominados Processos

    Oxidativos Avanados (POAs).

  • 35

    O oznio utilizado no tratamento de efluente industriais reduz a DQO e destri

    alguns compostos qumicos como fenis e cianetos. considerado eficiente na remoo

    de cor por oxidar matria orgnica dissolvida e formas coloidais presentes nos corantes,

    restabelecendo a colorao natural do efluente.

    O oznio tambm tem sido estudado h muitos anos e sua utilizao tem sido

    citada em um nmero cada vez maior de trabalhos, pois eficiente na degradao de

    uma grande variedade de contaminantes, como os microcontaminantes presentes em

    fontes de gua potvel (KANG et al., 1997), os de gua residurias resultantes do

    processo da indstria txtil (TZITZI et al., 1994; PERKOWSKI et al.,2000) e as

    indstrias de papel e celulose (ZHOU e SMITH, 1997). Alm disso, utilizado na

    remoo de ferro e mangans ao nvel de trao (NIEMINSKI e EVANS, 1995), na

    inativao de bactrias (FACILE et al., 2000), com efluentes industriais e urbanos

    combinados (TOFFANI e RICHARD, 1995), na degradao de efluentes agrcolas

    (BELTRAN-HEREDIA et al., 2001), etc. Camel e Bernond (1998) relataram em seu

    trabalho os diferentes usos de oznio, como pr-tratamento, oxidao e desinfeco para

    gua potvel. Alm disso, pode ser utilizado tanto na degradao de contaminantes na

    fase lquida, como na remoo de odores na fase gasosa (TEIXEIRA e JARDIM, 2004).

    As principais aplicaes incluem:

    Tratamento de gua para consumo humano;

    gua de Resfriamento;

    Efluentes industriais, com alto teor de orgnicos (Indstria Qumica e

    Petroqumica, Alimentcia, Farmacutica, Celulose e Papel, Txtil, etc.);

    Reduo de Cor, Odor, NOX;

    gua Mineral (Enxge de desinfeco de reatores, tanques e garrafas);

    Processos de lavagem e desinfeco de frutas, verduras e carnes;

    Tratamento de lixvia e chorume;

    Uso em Lavanderias Industriais;

    Processos de Branqueamento;

    Tratamento de efluentes domsticos e industriais;

    Limpeza de Piscinas.

    Todas estas aplicaes utilizam-se das vantagens e das propriedades

    extremamente reativas e fortemente oxidantes do oznio.

  • 36 3.3.4.1 Utilizao de Oznio na Remoo de Fenis

    Mvula e von Sonntag (2003) relataram em seu trabalho a ozonizao de fenol em

    soluo aquosa em pH 3, 7 e 10 e observaram que os seguintes produtos puderam ser

    quantificados: catecol, hidroquinona, 1,4-benzoquinona , cido cis,cis-mucnico, H2O2,

    2,4-dihidroxibifenil e 4,4-dihidroxibifenil. Para medir a degradao de fenol em funo

    da concentrao do oznio, foi utilizada uma concentrao mais baixas de fenol (2,5 x

    10-4 mol/L) e, sob estas circunstncias e em pH = 7, somente 0,48 mol de fenol foram

    destrudos por o mol de oznio consumido.

    Poznyak et al. (2005) propuseram em seu trabalho um estudo de uma rede neural

    dinmica (DNN), empregada para estimar a dinmica dos estados do sistema fenis-

    oznio-gua. Aplicaram uma tcnica nova baseada no observador dinmico da rede

    neural (DNNO), para estimar a dinmica de decomposio dos fenis e para identificar

    seus parmetros cinticos, sem uso de nenhum modelo matemtico. Realizaram a

    ozonizao de fenol, 4-clorofenol e 2,4-diclorofenol, a diferentes valores de pHs (2, 7 e

    12). O ozonizao da soluo de fenis com a concentrao inicial de 50 mg/L foi

    realizada em um reator de 0,5 L, que usa um gerador do oznio com a concentrao

    inicial do oznio 25 mg/L e o fluxo do gs 0,5 L/min. Observaram que a concentrao

    de fenol aps 3000s de ozonizao era de 2,9x10-4 mol/L para pH=2, 3,3x10-4 mol/L

    para pH=7 e 0,22 mol/L para pH=12.

    A fim de melhorar a taxa da remoo da demanda qumica de oxignio (DQO)

    pela ozonizao de uma soluo de fenol, a ozonizao combinada com a presena de

    clcio foi investigada por Hsu e colaboradores (2004). Os autores observaram que, com

    at 10 min de ozonizao, a taxa da remoo de DQO foi similar para as solues de

    fenol com e sem o Ca2+, indicando que o Ca2+ no teve quase nenhum efeito na remoo

    de DQO no estgio inicial da ozonizao. Neste estgio, a diminuio da DQO para

    ambas as solues principalmente devido reatividade elevada do on fenolato com o

    oznio. Entretanto, aps 10 min de ozonizao, o efeito de Ca2+ na taxa de remoo de

    DQO tornou-se significativo. Para a soluo sem Ca2+, a taxa da remoo de DQO foi

    retardada. Isto devido ao fato de que o fenol foi decomposto em produtos

    intermedirios menos reativo com oznio, tais como cidos orgnicos, tendo por

    resultado uma taxa mais baixa da remoo de DQO. Mais de 120 minutos de

  • 37 ozonizao foram requeridos para conseguir a remoo de DQO de 90% para a soluo

    sem Ca2+. Para a soluo com Ca2+, a taxa da remoo de DQO foi mais rpida do que

    para o caso anterior aps 10 min do ozonizao. Alm disso, observou-se a formao de

    precipitados insolveis, indicando que os produtos intermedirios podem interagir com o

    Ca2+. Somente 47 min do ozonizao foram requeridos para conseguir a remoo de

    DQO de 90% para a soluo com Ca2+. Para a soluo sem Ca2+, a taxa da utilizao do

    oznio em 120 minutos (UO3; 120 minutos) foi igual a 77%, sendo que a remoo de

    DQO foi de 88%. Para a soluo com Ca2+, a taxa da utilizao do oznio em 47 min

    (UO3; a DQO de 90%) foi igual a 98,6%, sendo que a remoo de DQO alcanou 90%.

    Aparentemente, a presena de Ca2+ pode encurtar o tempo do ozonizao, diminuindo o

    custo do tratamento do ozonizao.

    3.3.5 Toxicidade do Oznio

    A alta toxicidade do oznio ao ser humano torna extremamente perigosa sua

    aspirao direta. Entretanto, a ingesto indireta, atravs de gua ozonizada, no

    representa perigo srio ao ser humano, pois a meia vida do oznio dissolvido na gua

    relativamente curta. A tolerncia do ser humano quando exposto em local com oznio no

    ar pode ser observada na Figura 7. Quando exposto durante cerca de 2 horas, a uma

    dosagem de oznio no ar da ordem de 2 mg/L, o ser humano sente secura na boca e

    garganta, dores no peito, perda de habilidade mental, dificuldade de coordenao e

    articulao, tosse e perda de 13% da capacidade vital. (DI BERNARDO, 1993).

  • 38

    Figura 7: Tolerncia do ser humano ao oznio (In: DI BERNARDO,1993).

    O oznio pouco txico para os organismos aquticos, sendo que os riscos mais

    freqentemente evocados referem-se formao de compostos mutagnicos, a partir dos

    numerosos produtos residuais industriais (CHERNICHARO et al., 2001).

    3.4 Adsoro

    O fenmeno de adsoro uma operao unitria que envolve o contato entre

    um slido e um fluido, originando uma transferncia de massa da fase fluida para a

    superfcie do slido. So duas as fases entre as quais os constituintes de distribuem

    diferentemente, havendo uma tendncia de uma acumulao de uma substncia sobre a

    superfcie da outra (BLANCO, 2001). Nesse processo as molculas presentes na fase

    fluida so atradas para a zona interfacial devido existncia de foras atrativas no

    compensadas na superfcie do adsorvente (RUTHVEN, 1997). A efetividade da adsoro

    depende de fatores como: temperatura, polaridade da substncia, pH da gua, presso e

    rea da superfcie.

    O fenmeno de adsoro ocorre porque tomos da superfcie tm uma posio

    incomum em relao aos tomos do interior do slido e seu nmero de coordenao

    inferior ao nmero de coordenao dos tomos internos. Os tomos da superfcie

    apresentam uma fora resultante para dentro que deve ser balanceada. Na direo normal

  • 39 superfcie, o campo dos elementos da rede no est balanceado; assim as molculas

    adsorvidas sobre uma superfcie so mantidas por foras que provm desta superfcie. A

    tendncia a neutralizar este tipo de ao gera uma energia superficial, a qual

    responsvel pelos fenmenos de adsoro (CIOLA, 1981).

    O tipo de ligao que se forma a partir deste tipo de energia superficial pode ser

    fraca ou forte. Quando o slido , por exemplo, inico e a molcula que se adsorve

    polarizvel, a ligao formada forte, e passa a ser conhecida como Adsoro Qumica

    ou Quimissoro. Se a ligao fraca, ao nvel de foras de van der Waals (atrao

    como a de molculas no estado lquido), a adsoro conhecida como Adsoro Fsica

    ou Fisissoro. Na adsoro fsica podem formar-se camadas moleculares sobrepostas,

    enquanto que na adsoro qumica se forma uma nica camada molecular adsorvida

    (monocamada) (FOUST, 1982).

    O processo de adsoro , por muitas vezes, reversvel, de modo que a

    modificao da temperatura e/ou presso pode provocar a fcil remoo do soluto

    adsorvido no slido (FOUST, 1982).

    3.4.1 Isotermas de Adsoro

    O estudo de um processo de adsoro de um dado adsorvente requer o

    conhecimento de informaes de equilbrio de adsoro. Os dados de equilbrio so

    obtidos das isotermas de adsoro, as quais so utilizadas, para avaliar a capacidade de

    diferentes adsorventes para adsorver uma determinada molcula. Quando um adsorvente

    est em contato com um fluido que possui uma determinada composio especfica, o

    equilbrio da adsoro acontece depois de um tempo suficientemente longo. Neste

    estado, a relao entre a quantidade adsorvida qe e a concentrao da fase fluida Ce a

    uma dada temperatura chamada de Isoterma de Adsoro.

    As isotermas de adsoro indicam:

    Como o adsorvente efetivamente adsorver o soluto e se a purificao requerida

    pode ser obtida;

    Uma estimativa da quantidade mxima de soluto que o adsorvente adsorver;

  • 40

    Informaes que determinam se o adsorvente pode ser economicamente vivel

    para a purificao do lquido.

    As isotermas so, sem dvida, a maneira mais conveniente para se especificar o

    equilbrio de adsoro e o seu tratamento terico. A forma das isotermas tambm a

    primeira ferramenta experimental para conhecer o tipo de interao entre o adsorbato e o

    adsorvente (CASTILLA, 2004).

    Dependendo do slido adsorvente, existem vrios tipos de isotermas, sendo que a

    maioria das isotermas de adsoro fsica pode ser agrupada em cinco tipos, que foram

    classificadas segundo BRUNAUER et al. (1938), freqentemente chamada de

    classificao de BET (Figura 8).

    Figura 8: Isotermas de Adsoro classificadas por Brunauer et al. (1938).

    As isotermas para slidos microporosos (microporos < 2nm), nos quais o

    tamanho do poro no muito maior do que o dimetro da molcula do adsorbato, so

    normalmente representas pelo tipo I. Isto acontece porque, com estes adsorventes, existe

    uma saturao limite correspondendo ao enchimento completo dos microporos.

    Ocasionalmente se os efeitos de atrao intermolecular so grandes, a isoterma do tipo V

    observada. Uma isoterma do tipo IV sugere a formao de duas camadas na superfcie

    plana ou na parede do poro, este muito maior do que o dimetro molecular do adsorbato

    (mesoporos: 2 a 50 nm e macroporos: >50nm). Isotermas do tipo II e III so geralmente

    observadas em adsorventes que apresentam uma grande faixa de tamanho de poros.

    Nestes sistemas, existe uma progresso contnua com aumento das camadas levando a

    uma adsoro de multicamadas e depois para condensao capilar. O aumento na

    capacidade a altas concentraes acontece devido condensao capilar nos poros de

    maior dimetro (RUTHVEN, 1984).

  • 41

    Isoterma de Langmuir

    A isoterma de Langmuir o modelo mais conhecido e empregado para

    determinar os parmetros de adsoro. A teoria de Langmuir assume que as foras que

    atuam na adsoro so similares em natureza quelas que envolvem combinao

    qumica. Considera-se implicitamente que:

    O sistema ideal;

    As molculas so adsorvidas e aderem superfcie do adsorvente em stios

    definidos e localizados, com adsoro em monocamada em superfcie

    homognea;

    Cada stio pode acomodar uma, e somente uma, entidade adsorvida;

    A energia da entidade adsorvida a mesma em todos os stios da superfcie e no

    depende da presena ou ausncia de outras entidades adsorvidas nos stios

    vizinhos, ou seja, apresenta interao desprezvel entre as molculas adsorvidas.

    Esta forma de isoterma a mais freqentemente utilizada e pode ser expressa

    pela equao 1:

    eL

    eLme CK

    CKqq

    +

    =

    1 (1)

    onde:

    qe = quantidade de soluto adsorvido na fase slida (mg.g-1);

    qm = quantidade mxima de soluto adsorvido, relacionada cobertura de uma

    monocamada (mg.g-1);

    KL = constante de equilbrio de adsoro (L.mg-1) ou constante de Langmuir;

    Ce = concentrao de equilbrio do soluto na fase fluida (mg.L-1).

    As constantes qm e KL so estimadas atravs da linearizao da equao de

    Langmuir apresentada na equao 2.

    meLme qCKqq

    111+= (2)

  • 42

    As caractersticas essenciais de uma isoterma de Langmuir podem ser expressas

    em termos de um fator de separao adimensional ou comumente chamado de parmetro

    de equilbrio, RL, que definido pela equao 3. O valor do parmetro RL indica o tipo

    de isoterma de adsoro, conforme apresentado na Tabela 3 (CIOLA, 1981).

    refLL CK

    R+

    =1

    1 (3)

    onde:

    Cref = qualquer concentrao de equilbrio da fase lquida.

    Tabela 3: Fator de separao e tipo de isoterma.

    Fator de Separao, RL Tipo de Isoterma

    RL > 1 Desfavorvel

    RL = 1 Linear

    0 < RL < 1 Favorvel

    RL=0 Irreversvel

    Fonte: BHATTACHARYYA e SHARMA, 2004.

    Isoterma de Freundlich

    Outro modelo de isoterma freqentemente aplicado o modelo de Freundlich.

    possvel interpret-lo teoricamente em termos de adsoro no ideal em superfcies

    heterogneas, bem como para uma adsoro em multicamada. Este modelo se aplica

    bem em dados experimentais de faixa de concentrao limitada (SUZUKI, 1990; AKSU,

    2001; TREYBAL, 1980):

    Originalmente emprica, a equao de Freundlich tem a forma geral da equao

    4.

    neFe CKq1

    = (4)

    onde:

    qe = a quantidade adsorvida na fase slida no equilbrio (mg.g-1 adsorvente).

  • 43 Ce = a concentrao na fase lquida no equilbrio (mg.L

    -1).

    KF e n so as constantes de Freundlich. A grandeza do expoente representa

    adsoro favorvel quando n est na faixa de 1 a 10, indicando a capacidade de adsoro

    do sistema adsorvente/adsorbato (PERUCH, 1997).

    Isoterma de Radke-Prausnitz

    A relao emprica proposta por Radke & Prausnitz (1972) foi baseada no

    modelo de Langmuir. O modelo apresenta a introduo de um novo termo na isoterma

    de Langmuir e representado pela equao 5:

    beL

    eLme

    CK

    CKqq

    +

    =

    1 (5)

    onde qe, Ce e KL so as mesmas variveis presentes na isoterma de Langmuir e b um

    parmetro caracterstico para cada sistema. Para altas concentraes de soluto, a

    isoterma equivalente ao modelo de Freundlich, descrito pela equao 4 e, para o caso

    especfico em que b= 1, o modelo equivalente isoterma de Langmuir, equao 1.

    3.4.2 Cintica de Adsoro

    A cintica de adsoro descreve a velocidade de remoo do soluto, sendo

    dependente das caractersticas fsicas e qumicas do adsorbato, adsorvente e sistema

    experimental. Vrios modelos foram estudados, para verificar qual o mecanismo ou

    etapa limitante em cada processo adsortivo especfico. Dentre os vrios modelos

    cinticos, os que sero apresentados neste trabalho so: Cintica de Pseudo 1 Ordem;

    Cintica de Pseudo 2 Ordem e Difuso intrapartcula.

    O processo de adsoro de um fluido em um slido poroso envolve as seguintes

    etapas:

  • 44

    Transporte das molculas do fluido do interior da fase fluida at a camada limite

    que circunda o slido;

    Movimento das molculas do fluido atravs da camada limite at a superfcie

    externa do slido e adsoro nos stios superficiais externos;

    Difuso das molculas do fluido no interior dos poros do slido;

    Adsoro das molculas do fluido nos stios disponveis na superfcie interna do

    slido.

    Um dos vrios processos anteriores pode ser muito mais lento que outros e, neste

    caso, ele determina a taxa de adsoro (CIOLA, 1981). A primeira etapa de adsoro

    pode ser afetada pela concentrao do adsorbato e pela agitao. Portanto, um aumento

    da concentrao do adsorbato pode acelerar a difuso das molculas da soluo para a

    superfcie do slido (SOARES, 1998).

    Cintica de Pseudo 1 Ordem

    Uma anlise simples de cintica de adsoro a equao de pseudo 1 ordem

    apresentada na equao 6 (WANG et al., 2005 e GULNAZ et al., 2005).

    )( 11 tet qqk

    dt

    dq= (6)

    Aps a integrao e aplicao das condies qt = 0, t = 0 e qt = qt, t = t, tem-se a

    equao 7.

    tk

    qqq ete 303,2log)log( 11 = (7)

    onde k1 a constante da velocidade de adsoro pseudo 1 ordem (L.h-1); t o tempo de

    adsoro (h); qe e qt so as quantidades adsorvidas de fenol no equilbrio e no tempo t,

    respectivamente, dados em mg.g-1.

    Atravs da equao 7, apresentada na forma linearizada, pode-se por meio do

    grfico de log (qe-qt) versus t encontrar os valores de qe e k1. Em muitos casos, a equao

    de pseudo-primeira ordem no possui bons ajustes para todo o perodo de adsoro;

  • 45 ento, a equao geralmente aplicada acima dos 20 a 30 minutos iniciais do processo

    de adsoro (AKSU e TEZER, 2000).

    Cintica de Pseudo 2 Ordem

    Baseada na adsoro de equilbrio, a equao pseudo 2 ordem pode ser expressa

    na forma da equao 8 (AZIZIAN, 2004 e GULNAZ et al., 2005).

    222 )( te

    t qqkdt

    dq= (8)

    Integrando, nos mesmos limites da equao 7, a equao pode ser apresentada na

    forma da equao 9.

    tkqqq ete

    222

    1

    )(

    1+=

    (9)

    A equao 9 pode ser linearizada, obtendo-se a equao 10.

    tqqkq

    t

    eet 2222

    11+= (10)

    onde k2 a constante da velocidade de adsoro pseudo 2 ordem (g.mg-1.h); qe2 a

    quantidade de fenol adsorvida no equilbrio (mg.g-1). Esses parmetros podem ser

    obtidos atravs do grfico (t/qt) versus t.

    A velocidade de adsoro inicial (mg.g-1.h-1) pode ser calculada pela equao 11.

    222 eqkh = (11)

    Difuso intrapartcula

    A etapa limitante do processo de adsoro pode ser conseqncia de um

    mecanismo de difuso intrapartcula muito lento, sendo a etapa de adsoro sobre a

  • 46 superfcie interna um processo instantneo (HO e McKAY, 1998). Neste caso, a

    adsoro dada por uma equao simplificada (equao 12).

    21

    tkq int = (12)

    A velocidade da difuso dentro da partcula obtida por linearizao da curva qt

    = f(t1/2). Tal grfico pode apresentar uma multi-linearidade, indicando que duas ou mais

    etapas limitam o processo de adsoro. A primeira etapa a adsoro instantnea ou

    adsoro na superfcie externa. A segunda etapa o estgio de adsoro gradual onde a

    difuso dentro da partcula a etapa limitante. A terceira etapa o estgio de equilbrio

    final, onde a difuso dentro da partcula comea a diminuir, devido a concentraes

    extremamente baixas do adsorbato na soluo (CHEN et al., 2003). Em todos os casos, a

    boa qualidade das retas obtidas dada pelo coeficiente de correlao R2.

    Equao de Elovich

    Na reao, envolvendo quimissoro de gases na superfcie slida, sem

    dessoro de produtos, a velocidade decresce com o tempo, devido ao aumento da

    cobertura da superfcie (TSENG et al., 2003). Um dos modelos mais usados para

    descrever a quimissoro ativada a equao de Elovich, que pode ser expressa pela

    equao 13.

    )exp( tt q

    dt

    dq = (13)

    onde e so constantes.

    A constante considerada a velocidade inicial devido =

    dt

    dqt com qt = 0.

    Integrando-se a equao 13, obtm-se a equao 14.

    tttqt ln1

    )ln(1

    0

    +

    =

    (14)

  • 47

    onde 1

    0 =t quando t >>> t0, sendo assim a equao simplificada na equao 15.

    tqt ln1

    )ln(1

    += (15)

    O parmetro da equao de Elovich indica o nmero de stios adequados para

    adsoro em cada sistema; tambm relatado como a extenso da cobertura da

    superfcie de energia de ativao para quimissoro (g.mg-1). E a velocidade de

    adsoro inicial (mg.g-1.h-1). A aplicabilidade desse modelo verificada pela construo

    do grfico linear qt versus ln t.

    3.4.3 Adsoro em Leito Fixo

    Quando o fluxo de gua atravessa a coluna de adsoro, contaminantes so

    progressivamente removidos e o efluente fica ento purificado. No existe uma clara

    demarcao dos valores de concentrao do resduo alimentado e purificado no interior

    da coluna, ao invs disso uma zona de transio formada a qual se desloca com o

    tempo, cuja concentrao de adsorbato a montante a concentrao de alimentao e a

    concentrao a jusante praticamente zero. O movimento da zona de adsoro pode ser

    graficado e denominado Curva de Breakthrough conforme mostra a Figura 9. A

    ordenada da curva a concentrao, e a abscissa o tempo de fluxo atravs da coluna,

    freqentemente expresso em termos de volume de leito (RAMALHO, 1983).

  • 48

    Figura 9: Curva de Breakthrough (In: RAMALHO, 1983).

    Em um escoamento descendente vertical, um adsorbato contido numa soluo

    passa atravs de uma camada de adsorvente inicialmente livre de adsorbato. A camada

    superior de adsorvente, em contato com o lquido contaminado que ingressa, adsorve o

    contaminante rpida e efetivamente, e aos poucos o contaminante que fica no lquido

    removido quase em sua totalidade pelas camadas de adsorvente da parte baixa do leito.

    Neste instante de tempo, o efluente na camada de sada praticamente livre de

    contaminante (ponto C1). A parte superior da camada praticamente saturada e o

    volume de adsoro tem lugar sobre uma estreita zona denominada zona de adsoro na

    qual rapidamente muda a concentrao. Conforme o lquido continua o fluxo, o

    comprimento da zona de adsoro se movimenta no sentido de cima para baixo, similar

    a uma onda, em uma taxa usualmente menor que a velocidade linear do lquido atravs

  • 49 do leito. Em algum instante de tempo, a metade do leito saturada com contaminante,

    porm a concentrao do efluente C2 na sada praticamente zero.

    Finalmente em C3 a parte baixa da zona de adsoro tem alcanado o fundo do

    leito e a concentrao de contaminante tem um valor aprecivel pela primeira vez. Diz-

    se que o contaminante atingiu o Breakpoint (ponto de quebra). A concentrao de

    contaminante no lquido efluente agora aumenta rapidamente porque a zona de adsoro

    passa atravs do fundo da coluna e em C4 praticamente atinge o valor inicial Co. No

    ponto C4 a coluna est praticamente saturada com contaminante. A poro da curva entre

    C3 e C4 denominada de curva de Breakthrough. Pouca adsoro acontece com um

    fluxo posterior de lquido atravs da coluna e, para propsitos prticos, atinge-se o

    equilbrio.

    Quando a concentrao de ruptura alcanada, no caso um nvel de concentrao

    de contaminante mximo, ento a operao desse sistema encerrada, segundo Cooney

    (1999), sendo muito comum industrialmente, operar esses sistemas com duas colunas de

    adsoro ligadas em srie, pois quando se chega concentrao mxima na coluna 1,

    est se iniciando a zona de adsoro na coluna 2, evitando interrupes do processo e

    contaminao dos corpos da gua.

    3.4.4 Adsorventes

    A palavra adsorvente aplica-se usualmente a um slido que mantm o soluto na

    sua superfcie pela ao de foras fsicas. Os adsorventes mais comuns incluem a slica

    gel, carvo ativado, alumina, zelitas sintticas e diversas argilas (FOUST, 1982).

    A escolha dos adsorventes muito importante. Os slidos devem ter entre outras

    caractersticas boa resistncia mecnica para suportar o manuseio. Alm disso, os

    adsorventes so seletivos quanto capacidade de adsorverem solutos especficos

    (FOUST, 1982).

    Segundo Cooney (1999), o carvo ativado tem sido cada vez mais utilizado para

    a remoo de compostos orgnicos na gua, devido a sua forte afinidade com esses

    compostos, podendo trabalhar com efluentes que apresentam altas e baixas

    concentraes de compostos orgnicos, alm de ser usado tambm no tratamento de

  • 50 gua para o consumo humano; por isso, no prximo tpico, sero apresentadas mais

    informaes sobre este adsorvente.

    3.4.4.1 Carvo Ativado

    Carvo ativado pode ser produzido de materiais carbonceos, inclusive carvo

    (betuminoso, sub-betuminoso e lignito), turfa, madeira, ou cascas de materiais vegetais

    (U.S. Army Corps of Engineers, 2001).

    O carvo ativado possui uma estrutura de poros bem desenvolvida e sua alta

    capacidade de adsoro est associada principalmente com a distribuio do tamanho

    dos poros, rea superficial e volume de poros (SOARES, 1998). Este material utilizado

    com freqncia em processos de purificao, desodorizao, descolorao,

    desintoxicao e separao.

    As propriedades adsorventes e as propriedades qumicas derivam da estrutura e a

    composio do carvo ativado. As propriedades adsorventes se devem principalmente a

    alta superfcie interna do carvo ativado, onde as molculas de gs e soluto se movem

    desde o fluido at o interior da partcula, e se unem na superfcie do carvo

    principalmente por foras de disperso, de forma que a concentrao do gs e do soluto

    na interface mais alta do que a do fluido. Como a maior parte da superfcie do carvo

    ativado reside em microporos, so estes os principais responsveis por sua capacidade de

    adsoro (RODRIGUES-REINOSO e SBIO-MOLINA, 2004). O carvo ativado

    possui uma rea superficial interna na faixa de 500 a 1500 m2.g-1 e esta grande rea faz

    deste um efetivo adsorvente (KOUYOUMDJIEV, 1992).

    A adsoro em carvo ativado um processo bem conhecido para eliminao de

    contaminantes orgnicos de efluentes lquidos, incluindo guas residurias coloridas das

    indstrias txteis. A adsoro de compostos orgnicos de solues aquosas sobre carvo

    ativado resultado das propriedades hidrofbicas do adsorvente e /ou alta afinidade dos

    compostos orgnicos pelo adsorvente (CHANG et al., 1981).

    Todos os carves ativados contm micro, meso e macroporos em sua estrutura,

    mas a proporo relativa varia consideravelmente de acordo com o precursor e processo

    de fabricao utilizado (CASTILLA, 2004). Nos microporos onde ocorre intensamente

  • 51 a adsoro; os microporos esto em forma de espaos dimensionais entre paredes de

    grafite, ou cristais dimensionalmente planos compostos por tomos de carbono.

    Os carves ativados podem ser obtidos de duas etapas bsicas: a carbonizao

    pela pirlise do precursor e a ativao propriamente dita (CLAUDINO, 2003). A

    carbonizao consiste no tratamento trmico (pirlise), do precursor em atmosfera

    inerte, temperatura superior a (200C). uma etapa de preparao do material, onde se

    removem componentes volteis e gases leves (CO, H2, CO2, CH4), produzindo uma

    massa de carbono fixo e uma estrutura porosa primria que favorece a ativao posterior.

    O produto carbonizado geralmente apresenta uma pequena capacidade de adsoro, pois

    seus interstcios livres so ocupados ou parcialmente bloqueados com carbono

    desorganizado ou outros produtos da decomposio (RODRIGUES-REINOSO e

    SBIO-MOLINA, 1998; WIGMANS, 1989). A ativao o processo subseqente

    pirlise, e consiste em submeter o material carbonizado a reaes secundrias, visando o

    aumento da rea superficial. a etapa fundamental, na qual ser promovido o aumento

    da porosidade do carvo. Deseja-se, no processo de ativao, o controle das

    caractersticas bsicas do material (distribuio de poros, rea superficial especfica,

    atividade qumica da superfcie, resistncia mecnica, etc.), de acordo com a

    configurao requerida para uma aplicao especfica (SOARES, 2001). H dois tipos

    de ativao que so: ativao qumica, que envolve a impregnao de agentes como

    cido fosfrico, hidrxido de potssio e cloreto de zinco, geralmente sobre o precursor

    carbonizado e, em seguida o reagente qumico removido, por exemplo, por extrao

    (reao com cidos, no caso do ZnCl2, e neutralizao, no caso do H3PO4), expondo a

    estrutura porosa do carvo ativado (NASRIN et al., 2000); e a ativao fsica que

    consiste na gaseificao do material carbonizado pela oxidao com vapor dgua,

    dixido de carbono, ar ou qualquer mistura desses gases, em uma faixa de temperatura

    entre 800C e 1.100C. Durante a ativao, o carbono desorganizado contido no material

    carbonizado o primeiro a reagir com os gases do processo de ativao, expondo a

    superfcie dos cristalitos elementares ao dos gases ativantes. Um maior

    desenvolvimento da porosidade depende do mecanismo de remoo de carbono atravs

    da formao de stios ativos (WIGMANS, 1989).

  • 52 3.5 Ozonizao e Adsoro

    Em tratamentos simultneos de ozonizao e adsoro em carvo ativado,

    entende-se que a superfcie qumica do carvo ativado desempenha um papel importante

    na decomposio do oznio na gua em mais espcies reativas. Alm disso, quando se

    trabalha com compostos orgnicos, o que se prev que a capacidade de adsoro do

    carvo para estes compostos tambm desempenha um papel-chave durante a ozonizao

    promovida em presena de carvo ativado. Por um lado, a adsoro concorre com a

    reao de oxidao para a remoo de contaminantes da fase aquosa. Por outro lado, a

    etapa de adsoro pode desempenhar um papel no mecanismo de ozonizao cataltica

    (FARIA et al. 2008).

    Qu et al. (2007) investigaram o efeito da fibra de carvo ativado, sobre a

    ozonizao de fenol em soluo aquosa em um reator de leito fixo e observaram que este

    processo combinado pode aumentar o rendimento do processo de oxidao

    significativamente para remoo de fenol e DQO. A eficincia da ozonizao aumentou

    com um aumento na dose de carvo ativado. Verificaram tambm que o oznio

    regenerou eficientemente o carvo, sem que fosse necessrio remover o carvo do reator.

    Atravs das titulaes de Boehm observaram que o processo de ozonizao da gua

    pode alterar significativamente a composio da superfcie do carvo contendo grupos

    oxigenados cidos, conduzindo ao aumento de cidos carboxlicos, hidroxilas e grupos

    carbonlicos, com uma ligeira diminuio de lactonas. Alm disso, verificaram que este

    processo pode tambm aumentar a rea total e volume de poros do carvo.

    Faria et al. (2008) estudaram a ozonizao de alguns cidos carboxlicos, na

    presena de carvo ativado em diferentes pH e, para fins comparativos, realizaram

    experimentos de adsoro em carvo ativado, ozonizao e ozonizao na presena de

    carvo ativado. Observaram um importante efeito sinrgico entre oznio e carvo

    ativado na oxidao do cido oxlico e o cido smico mostrou-se refratrio oxidao

    em pH 7. Por outro lado, em pH 3, a mineralizao do cido smico foi

    significativamente aumentada pela presena de carvo ativado. A presena de carvo

    ativado durante a ozonizao aumentou a taxa de degradao de ambos os cidos

    carboxlicos conduzindo-os mineralizao. Concluram ainda que, para ambos os

    casos, a eficincia da ozonizao em carvo ativado diminui com o aumento do pH.

  • 53

    O estudo da ozonizao de cido glico usando carvo ativado, realizado por

    Beltrn et al. (2006), identificou como subprodutos da ozonizao os compostos:

    perxido de hidrognio, cido ceto-malnico e oxlico. Tambm relataram que o

    processo envolve dois principais perodos de reao: o primeiro perodo, at o completo

    desaparecimento do cido glico, durante o qual as taxas de ozonizao so ligeiramente

    melhoradas pela presena de carvo ativado; o segundo, durante o qual o carvo ativado

    desempenha um importante papel como promotor, e a mineralizao total do contedo

    orgnico da gua assegurada. A remoo da matria orgnica deve-se soma das

    contribuies diretas do oznio, reaes de adsoro durante o primeiro perodo e de um

    mecanismo de provveis radicais livres na superfcie envolvendo reaes de oznio e

    perxido de hidrognio sobre a superfcie de carvo durante o segundo perodo. Existe

    um terceiro perodo de transio em que a concentrao dos subprodutos atinge valores

    mximos e a ozonizao melhorada devido a ambos os mecanismos de ozonizao

    direta e de radicais livres envolvendo oznio e adsoro.

    Segundo lvarez et al. (2005), o carvo ativado quando exposto a uma dose

    moderada de oznio, pequenas alteraes texturais, e grandes modificaes qumicas na

    superfcie deste so produzidas. Assim, um nmero de grupos cidos so formados, a

    quantidade e natureza dos mesmos so alteradas, dependendo da temperatura do

    tratamento. temperatura ambiente (ou seja, 25 C), so os cidos carboxlicos

    altamente dominantes entre os grupos cidos formados, enquanto que a 100 C, uma

    distribuio mais homognea dos diversos grupos cidos (ou seja, carboxlico, lactonas,

    carbonilas e hidroxilas) observada. Como conseqncia da oxidao do carvo ativado,

    o pHPZC diminui at valores cidos.

    Gl et al. (2007) investigaram o papel catalisador do carvo ativado granular

    sobre a degradao e mineralizao de dois corantes reativos azicos (CI Reactive Red

    194 (RR194) e CI Reactive Yellow 145 (RY145)) em soluo aquosa por tratamento

    com oznio. Avaliaram a descolorao da soluo aquosa, o desaparecimento do

    composto original e remoo de DQO e COT. A descolorao das solues aquosas

    contaminadas pelos dois corantes diazo sob investigao foi conseguida por meio do

    tratamento com as solues de oznio individualmente. No entanto, tal tratamento no

    poderia mineralizar as solues aquosas devido resistncia das estruturas aromticas

    clivagem. Por outro lado, a presena de uma tima quantidade de carvo ativado

    granulado catalisa a clivagem dos anis aromticos, devido formao de radicais

  • 54 hidroxilas, reforando assim a mineralizao das solues aquosas contaminadas. O grau

    de remoo COT foi de cerca de 25% quando nenhum carvo ativado granular havia

    sido